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BÁRBARA KRISTENSEN

ANGELA PEYERL
ELOYSE DAVET

NAVEGAY E SEU LEGADO


PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO
BÁRBARA KRISTENSEN
ANGELA PEYERL
ELOYSE DAVET

NAVEGAY E SEU LEGADO


PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO

Patrocínio
Equipe Técnica do Projeto

Textos e pesquisa
Angela Peyerl, Bárbara Kristensen e Eloyse Davet

Revisão Textual
Bárbara Kristensen

Projeto Gráfico e Diagramação


Bárbara Kristensen

Design de capa
Bárbara Kristensen
Foto do acervo de Vilma de Souza

K92c Kristensen, Bárbara, 1984-


Navegay e o seu legado para o carnaval navegantino/
Bárbara Kristensen; Angela Peyerl; Eloyse Davet. –
1. Ed. – Navegantes: Ecos de Santo
Amaro, 2021.
33p.; il. fotos. PDF
978-65-994226-1-4
1. Carnaval. 2. Patrimônio cultural. 3. História.
4. História oral. 5. Memória. I. Título.

CDD: 394.25 CDU: 93


Sumário

Antes de entrar na avenida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Do festival da carne à avenida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Navegantes: das sociedades ao bloquinho . . . . . . . . . . . 16

De Santos a Navegantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Chegou a Quarta-feira de cinzas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Antes de entrar na avenida

Mesmo que sua origem esteja muito distante do Brasil, o carna-


val seguramente se consolidou como a festa mais representativa do
nosso país. E ao longo do século XX, o carnaval de Santa Catarina
foi conquistando certo espaço, com os blocos de Laguna, os con-
cursos de fantasias em São Francisco do Sul e, claro, o Navegay de
Navegantes.
Quem passou sua vida nessa cidade nas últimas décadas no
século passado não tem como esquecer o agito que sempre toma-
va conta das ruas do centro durante os festejos do Rei Momo:
enterro da tristeza, blocos e escolas cuja rivalidade esquentava a
avenida, a diversão e a expectativa das transformações que acon-
teciam no Navegay.
Neste livro, iniciamos com uma abordagem histórica sobre a
origem do carnaval, os festejos do entrudo, o começo das escolas
de samba para, nalmente, chegarmos ao carnaval de
Navegantes, sua origem com os bailes nas sociedades, o surgi-
mento dos blocos e, claro, do Navegay, o “Banho da Doroteia”, o
legado da família Souza para a cidade.
Este pequeno livro é uma singela homenagem a esse festejo, a
essas pessoas, à história desse tão aguardado evento, que inverte
os papeis, cria amizades, diverte e, acima de tudo, confere essa
sensação de liberdade, sempre tão almejada e necessária.

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Do festival da carne à avenida

O surgimento do carnaval remonta à Antiguidade Clássica. O


conceito de carnaval é oriundo do latim, “carnis levale”, e signica
“retirar a carne” ou “adeus à carne”. A festa estava atrelada a um
“festival da carne”, presente entre os povos hebreus, romanos e
gregos, sempre regado à comida e bebida, para comemorar
colheitas e louvar divindades.
O propósito de “retirar a carne” está atrelado ao jejum, pratica-
do durante o período da quaresma, que serve até a contempora-
neidade como um controle dos prazeres mundanos, sendo essa
uma tentativa da Igreja Católica de controlar os desejos dos éis.
Há pesquisas que indicam que duas festas existentes na
Babilônia originaram o que hoje conhecemos como carnaval. Uma
é as “saceias”, nas quais um preso assumia a gura do rei, vestia-
se e se portava como tal, dormia com as esposas do rei, tinha uma
alimentação digna da realeza e, ao m da semana, era chicoteado e
posteriormente enforcado.
Na Mesopotâmia, o ritual que era realizado junto ao equinócio da
primavera, no qual comemorava-se o ano novo, ocorria no templo
de Marduk. O rei despossava-se de seu poder e era surrado em frente
à estátua do deus desse templo. Esse agelo tinha como intuito
demonstrar que Marduk estava acima de tudo e que o rei não passa-
va de um mero mortal.
As festas que estão atreladas à criação do carnaval na Antiguidade
Clássica nos trazem um caráter de subversão dos papéis sociais. É
nesse contexto que podemos analisar o surgimento de uma tradição
carnavalesca que vivemos até a contemporaneidade: a tradicional
inversão de papéis em que os homens se vestem de mulheres.

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Antropologicamente falando, essas festividades, desde a sua
origem, são um ritual que se centra na reversão dos papéis sociais
e na ordem do corpo, criando a necessidade da sua liberdade,
rompendo com o organismo social comportamental.

Lupercais
Sebastiano Ricci (séc.XVIII)

Também temos referências do carnaval advindo das festas


grecorromanas: os bacanais, a saturnália e a lupercália. O primei-
ro era dedicado ao deus Baco (ou Dionísio), o deus do vinho, e
sempre marcado pelos prazeres da carne e pela embriaguez. As
festas de “saturnália” indicam o solstício de inverno e a “lupercália”
era realizada no mês de fevereiro, que, acreditavam os romanos,
era o mês das divindades infernais.

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Embora haja textos litúrgicos que marcam a presença do carna-
val no século VIII, com o intuito de demarcar o período que antece-
deria a quaresma, as festividades do Carnaval para o cristianismo
surgem efetivamente no século XI, quando introduzidas no calen-
dário cristão. Nessa época, cou instituído que três dias antes de
dar início ao período de penitência seriam realizados os festejos,
que viriam a ser chamado de godos.
Os godos eram festividades que marcavam brincadeiras, feste-
jos, troca de presentes, ocasiões nas quais as tradições religiosas
eram exaltadas. As festas que advinham desse período entendido como
carnaval eram claramente pagãs e de cunho popular. Sendo assim,
para a instituição católica, não eram festas vistas com bons olhos, dada
a necessidade de regular os corpos. Como já vimos anteriormente,
essas festas pagãs revertiam os papéis e os foliões entregavam-se aos
prazeres mundanos, o que também se entende como a inversão dos
papéis cristãos, na qual Deus abre espaço ao demônio.

A Batalha entre o Carnaval e a Quaresma


Pieter Bruegel, 1559

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Com o intuito de censurar e impor ordem, a Igreja Católica procu-
rou criar, durante a Alta Idade Média, a quaresma, esse período de
40 dias que antecede a Páscoa e que, até a contemporaneidade,
caracteriza-se com o jejum e a não prática do pecado da carne.
Durante o medievo, o período do carnaval era o momento
permitido pela Igreja Católica para as práticas pagãs sem que
houvesse punição ou recriminação. Ainda nessa época, o festejo
mais popular era “A festa dos loucos”, na qual era permitido o
consumo de bebida alcoólica, danças e músicas. Essa festa era o
único momento no qual a população tinha a liberdade de se portar
sem a regras sociais impostas pela igreja e é importante lembrar
que, nessa época, essas festividades eram celebradas na rua e,
além disso, o tribunal da Santa Inquisição instituído pelo Igreja
Católica perseguia e condenava aqueles eram contrários a ela.
Mais tarde, no período do Renascimento, surgem as máscaras e as
ruas se tornam o palco das festas, dando à commedia dell'arte o
pontapé inicial para o que entendemos como carnaval na contempo-
raneidade. Durante o século XVIII, canções foram criadas para acom-
panhar os desles e decoravam-se carros, conhecidos como os
trion. Em Roma e Veneza, a bauta, uma espécie de capa com capuz
negro que encobria ombros e cabeça, tornava-se popular.

A festa dos loucos


S/d. Disponível em: https://deguizaou.re/2020/02/

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As festividades do carnaval foram se disseminando pela Europa
em especial nos países com a presença base do catolicismo. Em
Portugal, tornou-se popular o “entrudo”. Uma das primeiras refe-
rências encontra-se datada de 1252, durante o reinado de D.
Afonso III. Os entrudos são brincadeiras como o lançamento, entre
os foliões, de farinhas, farelos, baldes de água, etc.
Essa brincadeira foi inserida no Brasil entre os séculos XVI e XVII,
trazida pelos portugueses, o que é muito relevante para pensar as
manifestações carnavalescas no litoral brasileiro e em cidades de
colonização portuguesa.
As brincadeiras poderiam ocorrer de distintas maneiras, desde
zombarias públicas até a sua forma mais tradicional, que era o
jogo, as molhadelas, que consistiam em molhar ou sujar os transe-
untes que passavam pela rua, usando balões feitos de bexigas de
cabras que podiam estar cheios de água suja de farinha ou urina.
As festividades do entrudo poderiam acontecer tanto em público
como em ambiente privado e algumas dessas brincadeiras ainda
são realizadas entre familiares no interior de suas residências, em
especial no norte de Portugal e na Galiza, na Espanha.

Entrudo ou «entroido» em 2016 na Galiza.


Note as bexigas levadas pelos foliões

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No Brasil, o entrudo ganhou notoriedade porque até mesmo a
família real o festejava. Entretanto, havia sempre uma preocupa-
ção da elite branca brasileira, dada a imoralidade que havia na
brincadeira, chegando a haver diversos decretos contra o festejo,
visto que algumas das práticas eram ofensivas e poderia se trans-
formar em uma discussão acalorada. Entre os negros escravizados,
o entrudo fazia sucesso. Muitos saíam às ruas com seus rostos pinta-
dos, jogando farinha e bolinhas de água de cheiro nas pessoas.
Durante o século XIX, iniciou-se uma campanha contra esse
festejo condizente com os ares de mudança no Brasil, que almejava
uma transição da Monarquia para a República. Além disso, o
Estado tinha seus poderes e o processo de mudança das cidades se
iniciou com os traçados urbanos e a política de gentricação, que
começou a entrar em vigor, o que potencializou a repressão a
manifestações populares, que passaram a perder forças.

Scéne de Carnaval
Jean-Baptiste Debret (1768-1848)

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Nesse panorama, a elite brasileira, em especial a do Rio de
Janeiro, inicia uma prática carnavalesca para dar m ao entrudo,
utilizando-se da imprensa, que criou uma campanha pelo m dos
festejos. Se durante o período colonial a festa não era legalizada,
mas também não era proibida, a partir
de 1840, ela passa a ser censurada e
reprimida, especialmente após a
campanha lançada pelas principais
famílias da elite carioca, que iniciou um
processo de higienização do carnaval.
Esse processo também se deu à
medida que o país foi tomando ares
republicanos. Conforme as cidades se
expandiam, era possível não ter mais
contato com esse jogo “pernicioso e
imoral”. Nesse momento, o carnaval
no Brasil passa a ter um cunho higie-
nista e elitizado.
No Rio de Janeiro, surgiram algu-
mas sociedades, sendo o “Congresso
das Summidades Carnavalescas” a
primeira delas, instituída em 1855 e
tendo como um dos principais funda-
dores José de Alencar. Com a cidade
já higienizada, a elite carioca poderia
sair pelas ruas.

Jornal da Bahia
14 /02/1861

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Do “Congresso”, para a “Sociedade Veneziana” ao “Democráti-
co”, essa tradição de baile mascarado, de sair pelas ruas festejan-
do, é uma repetição que vem sendo construída desde a
Antiguidade Clássica.
Nesse contexto do m do século XIX, em 1899 Chiquinha
Gonzaga cria as marchinhas, despontando com a tão popular “Ó
abre alas”, quase duas décadas antes de o carnaval ter suas músi-
cas próprias.

Banda da Casa Edison


Clique na foto para ouvir a gravação
de «Ó abre alas», de 1913

Os carros alegóricos, usados no Brasil pela primeira vez em


1854, nas primeiras décadas do novo século tomavam conta das
ruas. Com a intenção de «civilizar» a festa, eles eram preparados
para os desles das grandes sociedades. Puxados por tração
animal, havia uma preocupação estética na concepção das alego-
rias, inspiradas nos carnavais de Paris e de Veneza, algo que, de
certa maneira, se repete até a contemporaneidade quando nos
remetemos a agremiações ou desles carnavalescos.

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Carro Alegórico do clube Tenentes do Diabo:
«Dragão Alado» carnaval de 1915, em Minas Gerais

Das marchinhas, foi um passo até chegar o samba, cuja primei-


ra gravação ocorreu em 1916, com o controverso “Pelo Telefone”,
de Donga e Mauro de Almeida, despontando-se como representa-
ção dos carnavais. Nesse mesmo período, surgem os carros con-
versíveis que deslavam pela Avenida Central no Rio de Janeiro.
E é nesse ponto de virada que tem início o então carnaval cario-
ca. As escolas de samba começam a surgir a partir da “Deixa
Falar”, que deu origem ao que hoje conhecemos como “Escola de
samba Estácio de Sá” e a “Vai como Pode” transformou-se na “Porte-
la”. Em 1929, as escolas disputaram o carnaval pela primeira vez,
tendo marchinhas e sambas. Na década posterior, novas regras
foram impostas dado o regime autoritarista de Getúlio Vargas.
Um dos maiores expoentes da identidade cultural brasileira e
provavelmente a manifestação cultural mais genuína do nosso
país, o carnaval fez parte da nossa cultura brasileira desde o perío-
do colonial, transformando-se e adaptando-se a cada região.

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Desde a década de 60, com o desenvolvimento das escolas de
samba do Rio de Janeiro, o Brasil passa a ser internacionalmente
reconhecido pelo festejo, e o carnaval se torna, além de uma
tradição, uma indústria de entretenimento que movimenta milhões
de reais para a economia e apresenta todos os anos (excetuando-
se no período da pandemia) verdadeiros espetáculos na avenida.
Na contemporaneidade, quem participa de blocos de rua, do
“enterro da tristeza”, ou até mesmo assiste às escolas de samba na
passarela talvez não imagine que essa festividade tem uma tradi-
ção que remonta à antiguidade, aos antigos romanos, à Babilônia,
à Idade Média. Talvez também não imagine o quanto as tradições
foram se (re)inventando durante os séculos, buscando, acima de
tudo, divertir os humanos.

Carnaval de rua no Rio de Janeiro, 1960.


Fonte: Arquivo Nacional.

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Navegantes: das sociedades ao bloquinho

O carnaval é um misto de folguedo, festa e espetáculo popular.


Ao lado do futebol, é a maior manifestação de cultura popular do
país. Chegou ao Brasil com o nome de entrudo, o “Introito da
Quaresma”, trazido pelos portugueses como maneira alegre de
brincar. Essa forma hoje inusitada de diversão também era prática
em Navegantes, onde as pessoas jogavam baldes d'água e os
chamados “limões de cheiro” ou “limões de cera”, misturado com
farinha de trigo e, às vezes, com cal.
Esses limões tinham uma maneira especial de serem feitos.
Inicialmente, eram cobertos por uma leve camada de sabão,
depois jogados em cera derretida e, dali, eram colocados na água
fria. Era necessário habilidade para desgrudar a cera do limão - ou
da laranja - que havia tomado o formato da fruta.
Recompondo-a, novamente, enchiam-na com água, farinha, trigo,
cuidando para fechar a abertura com cera. Eles eram carregados nas
costas, protegidos com barba de velho. Nos lugares onde não eram
usados, a guerra fria era com esguichos, bisnagas, gomo de bambu ou
muitas vezes verdadeiras tempestades de balde de água.
O jornalista que se radicou em Itajaí, Juventino Linhares, no livro
“O que a Memória Guardou”, coletânea de suas crônicas publica-
das no jornal “O Popular” (a partir de março de 1958) e no “Jornal
do Povo” (de 1962 a 1963), fala sobre os carros de carnaval em
Itajaí, uma arrojada novidade daqueles tempos. Bernardo e
Manoel Gaya, irmãos de João Gaya, eram proprietários da
passagem de Navegantes que era muito morosa, o que levava
os passageiros a dizer “quem tem pressa que espere sentado”.

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Num carnaval, quando a passagem ainda pertencia aos dois
irmãos Gaya, os foliões de Itajaí, para mexer com os navegantinos,
montaram um carro alegórico.
Vários carros foram feitos para ridicularizar ou criticar os costu-
mes da época e, entre eles, um se propunha a ridicularizar a demo-
ra da passagem de Navegantes. Tal carro levava uma barcaça que
dizia: “Quem tiver pressa que espere”.
Em Navegantes, especicamente, os festejos de carnaval como
conhecemos hoje começaram nos salões. O «Clube 1º de Janeiro» foi o
primeiro clube de dança da cidade, precursor dos grandes bailes e
considerado o clube dos ricos, onde só dançavam os sócios (quem não
era associado, cava só espiando do lado de fora), além disso, o clube
atraía os moços de Itajaí , que vinham para o outro lado do rio.
Os principais carnavais de salão da cidade eram os bailes da
“Sociedade Recreativa Sul América” e da “Sociedade Recreativa
Almirante Tamandaré”, fundada em 1932, cujas cores eram ver-
melho, preto e branco. Conta-se que que existia uma rixa entre as
moças que frequentavam os clubes e, por parte dos presidentes,
essa rivalidade também se mantinha.
Esses dois clubes, durante o período carnavalesco, abrigavam
boa parte da elite navegantina. Ambos eram clubes respeitados e
tradicionais na cidade e seus bailes, fossem eles de carnaval ou
não, eram esperados por todos.
Outro clube que despontou no cenário navegantino foi o “Vera
Cruz”, criado por João Martins do Santos (o João Carolino). Os fre-
quentadores desse salão, localizado no bairro São Pedro, o Pontal,
eram as famílias dos pescadores e o local também era utilizado como
uma escola para os lhos dos pecadores, uma espécie de “Colônia
Escolar”, que era mantida pela sua cooperativa. Segundo Elvira
Machado, em relato feito a Didymea no seu livro “Navegantes que eu
conto”, ela teria sido a primeira professora daquele lugar.

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Ilva Santos, carnavalesca, também relatou, em entrevista que,
durante o período do carnaval em Navegantes, escolhiam-se as
rainhas e cada uma delas tinha um grupo, que era uma espécie de
bloco. Esse grupo representava seu clube de origem e visitava os
demais clubes. O Clube União, por exemplo, era o que abrigava a
rainha do Pontal e do Centro.
Embora os carnavais de clube zessem sucesso na cidade, foi
com as apresentações nas ruas que Navegantes se consolidou
como um dos maiores carnavais de Santa Catarina.
O primeiro bloco de carnaval de Navegantes veio do bairro
Pontal e foi o “Estrelinha do Mar”. Ele saía para deslar com
crianças aproveitando a folia. Em 1980, fundou-se a “Escola de
Samba Unidos do São Domingos” e, mais tarde, o grupo “Ciga-
nos do Amanhã” também demonstrou interesse em participar e
organizou-se para conseguir ao menos sessenta integrantes,
número obrigatório para poder fazer um desle na rua, criando
o “Bloco d’Amizade”, em 1982. Segundo a senhora Ilva Santos,
as pessoas gostavam muito de fazer carnaval. Ela desenhava as
fantasias e o pessoal levava para casa para bordar.

Bloco d’Amizade, 1991

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Com o passar dos anos o carnaval foi tomando outra caracterís-
tica e outra dimensão. Do “Bloco d’Amizade”, alguns participantes
saíram e formaram o “Bloco Cara & Coragem”, tornando os des-
les ainda mais competitivos.
O clima de rivalidade deixava a competição mais séria: as
pessoas que eram dos blocos adversários, por mais que fossem
amigas, não mostravam a fantasia do seu bloco para o outro.
Navegantes convivia com um suspense das fantasias e carros
alegóricos até o dia do desle na avenida. Muitas vezes, os blocos
enviavam espiões para descobrir o que estava sendo feito nos
barracões, mas a magia do carnaval, na maioria das vezes, conse-
guia manter escondidos os segredos.
Ao longo dessas décadas, o carnaval de rua de Navegantes
teve altos e baixos e, no começo dos anos 2000, o bloco “Lamba-
rulho”, também do bairro São Pedro, começou a fazer parte dos
desles na avenida.

Ala das baianas do Bloco Cara & Coragem

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Carnaval em Navegantes

Ainda hoje, Navegantes é conhecida por ter um dos maiores


carnavais de Santa Catarina. Na sexta feira, a programação come-
ça com o tradicional “Enterro da Tristeza”, encenação que simboliza
o m das angústias e o começo da alegria, trazida pelo carnaval.
Comumente, o cortejo sai da frente do Ferry Boat, passando pela
Avenida João Sacavém e seguindo até a Praça Manoel Evaldo Muller,
a praça da praia central de Navegantes, sempre embalado pelas
marchinhas.

Enterro da tristeza em Navegantes

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Também na sexta-feira, mas pela noite, acontece o tradicional
“Baile do Azul e Branco”, promovido pelo Clube Navemar, que tem
como regra a vestimenta nessas cores.
O sábado tradicionalmente estava dedicado aos desles dos
blocos e escolas de samba, mas a inconstância e a falta de garantia
de verbas zeram com que essa atração nunca fosse, de fato, um
evento garantido no carnaval da cidade.
No domingo, os blocos de rua passaram a tomar conta dos
festejos, tendo como um dos precursores o “Bloco Pau Doce”, que,
com irreverência, divertia os foliões e os curiosos que iam para a
rua para ver a festa.
Mas é na segunda-feira que o carnaval da cidade atinge o seu
esplendor, com o tradicional “Navegay”, considerado o maior
“bloco de sujos” do sul do país. Ininterrupta (exceto durante a
pandemia), essa festividade acontece há mais de quatro décadas e
traduz a irreverência e a magnitude do carnaval de Navegantes. As
circunstâncias aleatórias que zeram dessa festa a mais importante
da cidade veremos no próximo capítulo.

Cortejo do Navegay, passando pela antiga


Pizzaria Veleiros, na Avenida João Sacavém

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De Santos a Navegantes:
como uma peça de teatro transformou o carnaval da cidade

Ao longo da vida, muitas vezes escutamos que pequenas atitu-


des podem mudar o mundo. Parece demagogia, mas às vezes é
real. Quem diria que há quase cem anos, lá em Santos, há seiscen-
tos quilômetros de distância de Navegantes, uma peça de teatro
faria nascer uma história que transformou o carnaval navegantino
em uma referência nacional?
A história é tão improvável que merece a atenção. Comecemos
por Santos, no litoral paulista. “Lorde Gorila”, codinome de Luís
Vieira de Carvalho, em 1923, foi ao Teatro Guarany assistir à peça
“O 21 na Zona”. Nela, um dos personagens, o cabo 21, ca
encantado por uma banhista que, vista de costas, era muito bonita.
Ao se aproximar, galanteando a moça, o cabo dispara a cantada:
“Dona Dorotéia, vamos furar aquela onda?”. Ao virar-se, a garota
tinha uma expressão horrenda, o que fazia com que o galanteador,
frustrado, corresse desesperado, para a diversão da plateia. Essa
cena cou na cabeça de Lorde Gorila que, no mesmo ano, decidiu,
em parceria com o Clube Saldanha da Gama, fazer um desle de
fantasias, com homens vestidos de mulheres, com roupas de papel
crepom (ou não), que encerrava com um banho de mar, no píer da
Vila, no domingo anterior ao Carnaval. E como chamaram o desle?
“Dona Dorotéia, vamos furar aquela onda?”, que mais tarde passa-
ria a ser chamado, de forma simplicada, de “Banho da Doroteia”.
O desle fez muito sucesso e passou a ser uma tradição da
cidade. Tão tradicional que resistiu ao tempo e, na década de 70,
continuava divertindo a juventude santista.

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Fotograa tirada com foliões reunidos para o famoso
Banho da Dorotéia", em 1930. (Fonte: Museu da Pessoa)

Entre esses jovens estava Claudiner Pinto Dias, o Nezinho, que na


época namorava Vilma de Souza, de Navegantes. Nezinho, desde
solteiro, brincava no “Banho da Doroteia”, como conta sua esposa:

Eu morava em Santos e um domingo antes do carnaval sempre tinha


um desle na rua que se chamava “Banho da Doroteia”. Todos os
homens iam fantasiados com roupa de papel crepom. Eles iam com
sunga por baixo e dali iam para a praia no nal do desle, no Canal
5, e tomavam banho. O papel caía e terminava a festa. Todo ano
tinha esse desle e eu fui conhecer lá, porque eu namorava o
Nezinho e o Nezinho era de lá e já saía desde solteiro.

Em 1978, Nezinho e Vilma vieram de férias para Navegantes,


passar o carnaval com a família dela. Na cidade, a festa era fraca,
o que aguçou a saudade de Nezinho, num almoço de família, na
segunda-feira.

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A gente estava reunido, tinha almoçado na casa da minha mãe, e o
Nezinho falou para os rapazes: “Vamos se vestir de mulher e dar uma
volta no centro?”. E comentou que lá em Santos tinha esse bloco que era
muito gostoso. A nossa família gostou e eles se vestiram. Era ele, o
Nezinho, Ademar, Moacir, Norival, Valdir, Osair, Jair, os lhos, Betinho,
o Milton, que ia com um caminhão que levava a turma toda em cima. As
mulheres acompanhavam, íamos junto, atrás. Não íamos vestidas de
homem, mas eles iam bem engraçados, vestidos de mulher antiga. O
Moacir vestiu a roupa da minha avó, vestia lencinho na cabeça. Fomos
passear lá no centro, dar uma volta. Sempre tinha baile sábado, domin-
go, no salão, mas segunda-feira não tinha nada em Navegantes.

Acervo de Vilma de Souza

A folia foi um sucesso! Tanto que decidiram esticar o seu itinerá-


rio do bairro São Domingos ao centro com uma travessia para
Itajaí e foram até a Igreja Matriz para terminar a festa em um bar.

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No ano seguinte, a turma aumentou e foi incluindo pessoas de
fora da família Souza. Dona Vilma relembra:

Quem já gostava de se
vestir, já vinha preparado
para aquilo e já era diferen-
te, já não era mais como a
gente fez, mas ainda estava
dando para ir. A nossa
turma foi junto e ia batucan-
do, mas não quis atravessar
[para Itajaí]. Os que atra-
vessaram zeram sujeira,
quebraram coisas, então
nosso bloco resolveu não ir
mais.

Ela conta que, com o cresci-


mento da festa, e com a funda-
ção da «Escola de Samba Unidos
de São Domingos», que agregou
mais pessoas ao bloco familiar,
muita gente de fora começou a
participar e a família já não se
identicava mais com a folia,
Acervo de Vilma de Souza
percebendo que a festa já tinha
saído totalmente do seu controle.
Decidiram, então, fazer um outro bloco, dessa vez para o domingo
de carnaval: O Bebezão.

Eles queriam fazer aqueles bloquinhos pequenos e não aquela multidão


que estava cando na segunda-feira e resolveram fazer “O Bebezão”.

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


Acervo de Vilma de Souza

No primeiro ano, eles foram todos de fralda com a sunga por baixo,
foi o maior sarro! Se reuniram na casa do Osair, saíram de lá e
foram no centro com a Kombi do Norival, até no campo do Estiva,
para jogar bola. Jogando bola, meu cunhado Ademar caiu de salto
alto e quebrou a clavícula. E acabou por ali a festa deles naquele dia.

Embora não reconheça mais no atual Navegay a festa que seu


marido e sua família ajudaram a criar, Dona Vilma sabe da impor-
tância da ideia saudosa de Seu Nezinho e também sabe que há
versões controversas. Sobre elas, ela reforça:

Na verdade, tudo começou aqui na nossa família, a nossa turma


que fez. Nezinho e companhia. Então, essa é a verdade. Um fala de
um jeito, outro fala de outro, mas essa foi a verdade, veio de Santos
e foi feito com a nossa família.

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


O Navegay, hoje, traz mais de cem mil
pessoas para Navegantes e coloca a cidade
como manchete nos jornais há anos.
Recentemente, a imprensa ventilou a
notícia de que a festa seria extinta, ou que
pelo menos não seria mais realizada no
formato com que foi nas últimas décadas. O
“Banho da Doroteia”, em Santos, teve um
destino semelhante há mais de 20 anos: em
1997 foi extinto pelos responsáveis, o Clube
de Regatas Saldanha da Gama, devido à
falta de segurança, em especial consideran-
do-se os eventos do ano anterior.

Acervo de Vilma de Souza

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


O futuro é incerto e, por enquanto, a pandemia da Covid-19
impediu os navegantinos de saber quais novos formatos poderá ter
o Navegay e como se renovará o evento que já colore as ruas da
cidade há quatro décadas.

Acervo de Vilma de Souza

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


Chegou a quarta-feira de cinzas

O Navegay faz parte dessa representação histórica à qual se


remonta. O carnaval foi se transformando durante os anos e não
há sequer um navegantino que não tenha ouvido falar do Navegay
ou das histórias que rondam o imaginário popular acerca dessa e
de outras festas.
Quem nunca ouviu falar da lenda do homem que tinha pés de
cabra, que na Sexta-Feira Santa aparecia para aqueles estavam
“curtindo” alguma festa pela cidade? Isso mostra que o papel
regulador que a Igreja Católica exercia na Antiguidade ainda está
presente na contemporaneidade.
A inversão dos papéis que existe também desde a Antiguidade
Clássica continua sendo um ato muito comum de liberdade.
Arriscamos dizer que o carnaval é o ato de liberdade que se espera
anualmente, é o momento legitimado de extravasar, de colocar
todos os demônios para fora. Não é à toa que essa festa tem esse
papel fundante nas sociedades: é ele que abre o precedente para a
permissividade, para a libertinagem, para o corpo sem órgão,
como diria Artaud, ele nos liberta do sistema.
O Navegay é isso, é o libertar-se do sistema, é cruzar na avenida
com pessoas que você não tem a mínima noção de onde vieram e
quem são. É tornar-se íntimo e condente de alguém que você
conheceu ali mesmo, naquela fração de segundo. E só quem viveu
a evolução do Navegay entende o quanto esse bloco é importante
para tantas gerações.

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


Como pesquisadoras, trazemos também nossos relatos autobiográ-
cos de quem vive o Navegay desde a década de 90, quando tomáva-
mos banho com a água que jogavam de cima de casas ou dos recentes
prédios na avenida principal, ou então das horas de espera e a conta-
gem regressiva para a chegada do bloco na Praça Central.
Quantas vezes tivemos que fazer o circuito, passar à frente de
todos e do trio elétrico em busca de um banheiro, de água, de
cerveja, ou de alguém que estava perdido.
Vimos a evolução da música brasileira! Aguardávamos e buscá-
vamos pelas músicas que seriam os hits daquele ano, ensaiávamos
as coreograas e, acima de tudo, esperávamos pelo momento de
inversão dos papéis sociais.

Acervo de
Angela Peyerl
2009
Acervo de
Eloyse Davet
2019

Acervo de
Bárbara Kristensen
2001

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


Referências

DE SOUZA, Vilma. Entrevista. Realizada em março de 2021.


LINHARES, Juventino. O que a Memória Guardou. Itajaí, SC: Ed.
da Univali, 1997.
OLIVEIRA, Didymea Lazzaris. O Navegantes que eu conto.
Navegantes: Papa Terra, 2012.
SANTOS, Ilva. Entrevista. Realizada em outubro de 2017

Digitais
BRASIL DE FATO. Movidos a tração animal, primeiros carros
alegóricos deslavam no Rio em 1854. Disponível em:
https://www.brasildefato.com.br/2017/02/28/movidos-a-tracao-
animal-primeiros-carros-alegoricos-deslavam-no-rio-em-1854
CARNAVAL 2016 EN GALICIA. Disponível em:
https://cvdg.avoz.es/sc/iOdAY3qLP2QU8dRfOggOdHRc4F4=/
x/2016/01/27/00121453915802925397421/Foto/O08F5050.j
pg
DIARINHO. Navegay vai ser na beira mar. Disponível em:
https://www.diarinho.net/materia/321972/navegay-vai-ser-na-
beira-mar-2
DONA DOROTÉIA, VAMOS FURAR AQUELA ONDA. Ícone do
carnaval santista. Disponível em:
http://memoriasantista.com.br/?p=413
https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/imagem/banho
-da-doroteia-76879/colecao/98419
PORTAL G1. Navegay 2020 atrai foliões para as ruas de
Navegantes. Disponível em: https://g1.globo.com/sc/santa-
catarina/carnaval/2020/noticia/2020/02/24/navegay-2020-

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


NAVEGAY. O Maior Bloco de Sujos do Sul do país. Disponível em
http://www.navegantes.sc.gov.br/noticia/9406/navegay-o-
maior-bloco-de-sujos-do-sul-do-pas-completa-37-anos
UNICAMANIA. Navegay, o maior bloco de sujos do sul do país.
Disponível em: https://unicamania.com.br/cidades/santa-
catarina/navegantes/festividades-e-eventos/120-navegay-o-
maior-bloco-de-sujos-do-sul-do-pais
VIOLÊNCIA MARCA O DESFILE DE DONA DOROTEIA. Disponível
em: http://memoriasantista.com.br/wp-
content/uploads/2017/02/violencia1996.jpg

NAVEGAY E SEU LEGADO PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO


NAVEGAY E SEU LEGADO
PARA O CARNAVAL NAVEGANTINO

O LIVRO
Quando se fala do carnaval navegantino, é impossível não mencionar a festa
que colocou a cidade no cenário nacional: o Navegay. Embora centenas de
milhares de pessoas (talvez até milhões) já tenham desfrutado esse evento na
segunda-feira de carnaval, muitos não sabem que sua origem tem mais de
quatro décadas e remonta a uma família especíca: os Souzas, do bairro São
Domingos. Este livro, na tentativa de resgatar, registrar e difundir as raízes
dessa celebração, faz um breve recorrido pela história do carnaval, as origens
da festa na cidade e culmina com os relatos de Vilma de Souza, que assistiu à
criação do Navegay, na época chamado de «Banho da Doroteia».

AS AUTORAS
Bárbara Kristensen é navegantina de coração e apaixonada pelo
carnaval da cidade desde os seis anos, quando deslou pela primeira vez
na avenida, fato que repetiu várias vezes até o começo dos anos dois mil,
quando a garagem da sua casa virou barracão do Bloco d’Amizade. Ela
também é produtora cultural, musicista e mestranda em Educação.

Angela Peyerl é apaixonada pelo carnaval, conta os dias para a chegada


do verão e da festividade que faz pulsar a alma. Desde criança tem
memórias dos blocos carnavalescos que deslavam no sábado de
carnaval e da tão espera segunda-feira para o Navegay, bloco do qual
participa anualmente desde os anos dois mil. É museóloga, produtora
cultural e mestre e doutoranda em Patrimônio Cultural e Sociedade.
«Minha carne é de carnaval, meu coração é igual».

Eloyse Davet é joinvilense de natureza, mas apaixonou-se por carnaval


em Navegantes, onde descobriu as tradições e alegrias das cidades, dos
trios elétricos, das marchinhas, dos sons às cores. Desde 2019, coloca
seu bloco na rua no Navegay. É historiadora, produtora cultural e mestre
em Patrimônio Cultural e Sociedade.

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