Você está na página 1de 65

TERMOGRAFIA

Introdução
• A manutenção é hoje em dia uma função estratégica
para o resultado das organizações.
• Num mercado global e extremamente
competitivo é imprescindível que as empresas
maximizem a eficiência dos seus sistemas produtivos e
implementem sistemas de gestão da manutenção que
conduzam ao aumento da produtividade.
• Por outro lado, às tarefas habituais da
manutenção vieram juntar-se agora as tarefas
associadas a critérios de segurança, à qualidade, à
preservação do meio ambiente, à economia
energética, à eficácia, à optimização dos processos
industriais e à formação dos recursos humanos.

2
Técnicas de medição da temperatura
Termometria: Baseia-se na transmissão de calor por condução
Termografia: Baseia-se na transmissão de calor por radiação
A introdução no mercado do primeiro sistema de termografia por infravermelhos,
capaz de produzir uma imagem térmica em tempo real, ocorreu em 1966

Por contacto Sem contacto


Existe contacto com o objecto  Não existe contacto com o objecto
a medir a medir

Difícil medir a temperatura em  Mede com facilidade a temperatura


objectos móveis. em objectos móveis.

Tempo de resposta da ordem  Tempo de resposta da ordem dos


dos segundos. Não é indicado microsegundos. Indicado para
para medições em fenómenos medição de temperatura em
transitórios. situações não estacionárias.

3
Termografia infravermelha
• Todos os corpos, pelo facto de estarem a uma temperatura
superior ao zero absoluto emitem radiação térmica.
• Os sistemas de termografia infravermelha captam essa
radiação e convertem-na numa imagem que representa a
distribuição da temperatura superficial do objecto
observado.

4
Termografia
• É uma técnica não destrutiva que utiliza os raios
infravermelhos, para medir temperaturas ou
observar padrões diferenciais de distribuição de
temperatura.

5
Radiação Térmica - Conceitos Gerais
• Transmissão de energia na forma de onda electromagnética,
caracterizada por um comprimento de onda;
• Espectro electromagnético dividido em bandas, delimitadas
em função do comprimento de onda, traduzindo as
características físicas das fontes emissoras
• O espectro infravermelho I.V. é a zona de trabalho da
termografia – onde é produzida a radiação térmica dos
objectos nas temperaturas na superfície da terra.
• O I.V. estende-se desde o limite visível até à banda das
microondas.
Raios X U. V. Visível I.V. Microondas Ondas de rádio
1,E-06 1,E-04 1,E-02 1 100 1,E+04 1,E+06 l, mm

Radiação Térmica

6
Corpo Negro e Corpo Real
Corpo Negro
Um objecto capaz de absorver toda a radiação que
incide sobre ele em qualquer comprimento de onda.
Nenhuma superfície emite mais radiação infravermelha
que um corpo negro à mesma temperatura.

Corpo Real
As superfícies só são capazes de emitir uma
determinada porção da energia que emitiria um corpo
negro.
O parâmetro que determina a capacidade de emissão
é a emissividade 
7
Leis da radiação
A radiação total emitida por um corpo em condições
ideais, é função da temperatura

Lei de Stefan-Boltzmann:

W=s T4

W : radiação total emitida [ W / m2 ]


s : constante de Boltzman [ 5.8 x 10-8 W m-2 K-4 ]
 : emissividade
T : temperatura [ K ]
A emissividade representa a capacidade de emissão dos corpos reais
(0 <  < 1)

8
Emissividade I

Emissividades típicas consideradas em termografia:

Materiais Materiais Temperatura (ºC) Emissividade Emissividade


Temperatura (ºC)
bre Cobre 100 100 0.05 0.05
Aço 100 100 0.07 0.07
pel branco Papel branco 20 20 0.07 – 0.9 0.07 – 0.9
e humana Pele humana 32 32 0.98 0.98
deira Madeira 20 20 0.9 0.9

9
Emissividade II
• Deve-se ter em conta que  é função de l, de T e do
ângulo de incidência
Variação com l:
A emissividade toma valores
muito distintos em função da
região espectral considerada

Variação com T:
Não - Metais Metais

 diminui com o aumento de T  aumenta com o aumento de T 10


Emissividade III
Variação com ângulo de incidência:

A partir de certo ângulo a emissividade baixa rapidamente


sendo nula para um ângulo de incidência de 90º

11
Absorção, Reflexão e Transmissão

12
Radiação dos corpos reais

Eo : energia emitida
Er : energia reflectida
Et : energia transmitida
 : emissividade
r : coef. de reflexão
t : coef. transmissibilidade
Condição de equilíbrio:
Eo + Er + Et = Ei

+r+t=1
13
Absorção, Reflexão e Transmissão
• Num corpo não negro, uma parte da radiação total
incidente é absorvida e, por conservação de energia, o
restante é reflectido (r) na superfície e transmitido (t)
através do corpo.
  r t  1
Corpo negro: Espelho perfeito: Corpo transparente:
  1, r  t  0 r  1,   t  0 t  1,   r  0
No campo de aplicação da termografia as superfícies são na
maioria das vezes opacas ao infravermelho t=0 e a sua
capacidade emissiva é constante (para T e l considerados) e
menor que 1, assim temos:
Corpo cinzento:   r 1
14
Transmissão Espectral da Atmosfera
Na maior parte das aplicações da termografia a radiação
atravessa a atmosfera antes de chegar ao elemento
sensor.
A atmosfera não é transparente à radiação infravermelha e
as suas características de transmissão dependem, entre
outros, do comprimento de onda
Pode-se observar 2
regiões do I.V. onde a
transmissão é mais
elevada.
• Onda curta SWB – 3
a 5 mm
• Onda larga LWB – 8
a 13 mm

15
Transmissão Espectral da Atmosfera
• A escolha da banda afim de seleccionar o equipamento mais adequado pode
ser simplificando considerando:
• Onda larga  Temperatura baixa
• Onda curta  Temperatura alta
Tendo apenas em conta a distribuição espectral da energia

16
Leis da Radiação
Lei de Planck, Lei de Wien

Corpo Negro

Onda curta Onda larga

17
Sistemas de Medida de Radiação Térmica
• Medidores pontuais ou pirómetros de I.V.
Valor de temperatura de uma pequena área

• Scanners de linha
Perfil de temperatura ao longo de uma linha

• Câmaras termográficas
Imagens térmicas representando, em escalas
de cores, a distribuição de temperaturas

18
Medidores pontuais ou pirómetros de I.V.
• Fornecem o valor médio de temperatura de uma
pequena área
• A área em questão depende da resolução óptica do
aparelho e da distância a que a leitura é efectuada
• Funcionam normalmente na banda de onda larga (8-
13 mm)
• Constituídos por uma óptica de entrada, um detector
de radiação térmica e por electrónica associada
para condicionamento de sinal
• Elemento sensor tipo termopilha sem refrigeração

19
Medidores pontuais ou pirómetros de I.V.

Pirómetro com fibra óptica

Pirómetros para
indústria
electroquímica

20
Scanners de linha
• Fornecem o perfil de temperatura ao longo de uma linha
através de um sistema de varrimento óptico linear, ou
uma imagem quando instalados num suporte com
deslocamento
• Utilizam detectores MCT (Mercúrio-Cádmio-Telúrio) com
refrigeração termoeléctrica (efeito de Peltier)
• Existem scanners de linha para ambas as bandas, de
onda curta (3 - 5 mm) ou de onda larga (8 - 13 mm)
• Adequados para funções de monitorização e controlo de
processos
21
Scanners de linha

Scanner para a produção de


vidro

O scanner de infravermelhos
permite medir a temperatura na
amplitude de uma banda de vidro
plano para controlar a sua
refrigeração, minimizando assim
os riscos de tensão interna do
vidro e os resíduos durante o
corte.

22
Câmaras Termográficas
• Fornecem imagens térmicas em escalas de cores ou níveis de
cinzento, permitindo também efectuar medidas e análise sobre a
própria imagem.
• Existem dois sistemas distintos para a formação da imagem:
• Sistema de varrimento - constituído por um único sensor e por
um sistema de varrimento óptico
• Sistema FPA (Focal Plane Array) - em que o detector é
constituído por uma matriz bidimensional de sensores
• Existem câmaras que trabalham em cada uma das bandas, com
refrigeração dos detectores

23
Sistemas de varrimento

Sistema infra-vermelho de
varrimento em processo de
tempera de vidro

Sistema para inspecção on-line


da carcaça de fornos rotativos

24
Câmaras Termográficas
Sistema de varrimento Sistema FPA
Um elevado número de sensores
A imagem é formada linha a linha por
captam simultaneamente todos os
um conjunto de espelhos giratórios
pontos da imagem
Tempo de integração bastante curto (5
Tempo de integração elevado (15 ms)
ms)

O varrimento óptico implica uma Os sistemas electrónicos substituem


grande complexidade mecânica os sistemas mecânicos

Sensores do tipo MCT (Mercúrio- Sensores compostos tipicamente por


Cádmio-telúrio) PtSi e InSb

Constituição de uma
câmara termográfica
de varrimento

25
Câmaras Termográficas
• Mecanismos de refrigeração
• aumentam a sensibilidade do sensor
• minimizam a emissão do próprio sensor

• Azoto líquido: método simples mas em desuso


• Termoeléctrico (Efeito de Peltier): podem-se atingir

temperaturas na ordem dos -70 ºC

• Ciclo de Stirling fechado: onde se alcançam temperaturas de cerca

de -196 ºC

• Outros tipos de sensores de elevada sensibilidade:


• Microbolómetros (não refrigerados), QWIP (Quantum Well Infrared
Photodetector)
26
Caracterização de um sistema de termografia

Sensibilidade
Representa a menor diferença de temperatura que pode ser medida

ou detectada, sendo especificada por:


• NETD (Noise Equivalent Temperature Difference)
• MDT (Minimum Detectable Temperature)

Resolução geométrica
Indica a dimensão do objecto mais pequeno que o sistema é capaz
de reconhecer, sendo especificada por:
• SRF (Slit Response Function)
• MRTD (Minimum Resolvable Temperature Difference)

27
Condicionantes (externos ao sistema)

Emissividade da superficie Temperatura ambiente


• Capacidade do corpo para radiar • Proporção da radiação vinda do
energia na banda infravermelha exterior que é reflectida na superficie
Absorção atmosférica
• Redução da radiação que chega à
lente ao atravessar a atmosfera

28
Factores que influenciam a medição da temperatura

• Factores externos

Nestas condições a energia, I, que alcança o “scanner” é dada por:

I  tI p  t 1   I a  1  t I at
Ip – energia que seria emitida pela superfície considerada como um corpo
negro
Ia – energia emitida pelo meio envolvente
Iat – energia emitida pela atmosfera
 - factor de emissividade da superfície
t - coeficiente de transmissividade da atmosfera 29
Factores que influenciam a medição da temperatura

• Os factores externos devem ser introduzidos pelo


utilizador do equipamento.

• Emissividade

• Distância

• Temperatura ambiente

• Humidade relativa

30
Factores que influenciam a medição da temperatura

O valor da temperatura
obtido é função da
emissividade considerada

31
Factores que influenciam a medição da temperatura
• Factores internos:
• A principal fonte interna de erro corresponde à
radiação emitida pelo próprio sistema.

• Os vários elementos presentes no “caminho óptico” ,


lentes e espelhos, provocam alguma atenuação da
radiação emitida pelo corpo cuja temperatura se
pretende medir.

32
Factores que influenciam a medição da temperatura

Correcção:
• É necessário compensar a radiação interna emitida pelo
sistema.
A fórmula empregue para a compensação é:

I det  t 1t 2t 3 ...t n I p  t 2t 3 ...t n 1  t 1 I 1  t 3 ...t n 1  t 2 I 2  ...  1  t n I n

Idet – radiação incidente no detector.


Ip – Radiação teórica do objecto considerado como corpo negro
In – Radiação teórica do n-ésimo elemento óptico considerado como corpo negro
t n - Transmissão (ou reflexão, em caso de espelhos) do n-ésimo elemento óptico

33
Aplicações da termografia

• Sector industrial
Empregam-se principalmente em sistema portáteis, com capacidade de
medida e análise, e com capacidade de correcção dos parâmetros que
afectam a medida (emissividade, temperatura ambiente, distância, ...)

• Investigação e Desenvolvimento
Empregam-se em sistemas desenhados para trabalho em laboratório
associados a sistemas informáticos

• Segurança e Vigilância
Trata-se habitualmente de sistemas de visão nocturna e em outras
situações de visibilidade reduzida, não sendo relevante a medida da
temperatura

34
Aplicações. Construção civil

Localização de fugas caloríficas

Estudo de perdas energéticas através de paredes

Detecção de problemas de isolamento

 Localização de humidades internas

35
Sector industrial
Fornalha Industrial
A termografia:

• Permite um controlo da
temperatura para optimização
da queima de hidrocarbonetos.

• Proporciona um método visual


para determinar a presença de
tubos obstruídos e de formação
excessiva de carvão

36
Sector industrial

Termografia aplicada à manutenção de instalações (fornos


rotativos, fornalhas industriais, etc)

37
Aplicações. Fornos e Refractários

Estudo da espessura das paredes do refractário

Controlo de temperatura em fornos

Localização de fugas de calor

Estudo do funcionamento dos queimadores

38
Aplicações. Indústria Automóvel

Análise das características térmicas de motores

Estudo do aquecimento dos travões

Controlo dos sistemas de descongelação

Análise de aquecimento dos faróis

Verificação de temperaturas em pneus

39
Aplicações. Electrónica

2 2

2 2

2 0

Distribuição de temperatura em circuitos impressos


1 8

Inspecção e controlo de qualidade de placas 1 6

1 4

Análise térmica de placas de circuito impresso


1 3

Detecção e localização de curto-circuitos

Controlo de especificações na recepção de componentes

40
Sector industrial

Desenvolvimento de um produto
(controlo do processo)
Através da termografia podem conhecer-se, em
cada fase de fabrico as propriedades térmicas
de um circuito integrado.

Inspecção mecânica
Detecta sobreaquecimentos em ligações
entre os constituintes, por exemplo, de um
motor. Permite detectar veios desalinhados

41
Aplicações. Dispositivos Mecânicos

Análise de aquecimento em chumaceiras

Detecção de aquecimento por fricção

Estudo de aquecimento de escovas

Determinação do estado de bobinas

42
Aplicações. Instalações Eléctricas

Localização de sobre-aquecimentos nos contactos e conexões dos


interruptores.

Detecção de aquecimentos nos bornes de transformadores

Estudo dos radiadores de refrigeração dos transformadores para


localização de obstruções

Detecção de conexões mal apertadas

43
Aplicações. Indústria de Processo

Controlo de qualidade dos produtos

Monitorização térmica do processo

Medida de temperatura dos produtos em cada fase

Ajustes de maquinaria de produção

44
Aplicações. Medicina

3
3

Determinação de problemas circulatórios 3

Localização de infecções ocultas 3

3
3

Análise de danos musculares

Estudo de problemas de locomoção

Medicina veterinária

45
Aplicações. Aeronáutica

Estudos de estructuras tipo sandwich ou ninho de abelha

Análise do comportamento térmico de pás

Caracterização térmica de reactores

•Localização de infiltrações de água

•Estudos em túnel de vento

46
Investigação e Desenvolvimento

Biologia
A termografia oferece um meio de
diagnóstico a biólogos sem necessidade de
contacto com o animal em estudo

Medicina
Permite a visualização da corrente
sanguínea e metabolismos em órgãos
afectados

47
Aplicações. Vigilância e Segurança

Visão nocturna

Vigilância aérea

Combate a incêndios

Controlo de tráfego marítimo

Visão através de fumo e nevoeiro

48
Termografia
Técnicas de medição da temperatura

Vantagens da termografia por infra-vermelhos


• A medida da temperatura realiza-se sem contacto.

• Não interfere com o processo

• Tempo de resposta rápido; permite o estudo de regimes transitórios

• Possibilita o estudo de distribuições térmicas temporais e espaciais.

• Recolhe grande quantidade de dados em pouco tempo.

• Permite a medição de temperaturas em atmosferas perigosas ou


adversas.

• Grande precisão de medida.

49
Inspecção Dinâmica

99,3°C

80

60

40

20

- 8,0°C

Atrito
Lubrificação deficiente
Desalinhamento

50
Inspecção Dinâmica
2 2 2 ,7 °C

200

150

100

50

3 3 ,3 °C

6 2 ,8 °C

60

40

20

0
- 2 ,7 °C

51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
Termografia, Introdução

62
Termografia, o que é?

63
Termografia, supervisão de sistemas
eléctricos

64
Termografia, manutenção preditiva

65

Você também pode gostar