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FENÔMENOS DE TRANSPORTE E

ESCOAMENTO FORÇADO
Tópicos 1 e 2 – Propriedades dos fluidos, Hidrostática, Empuxo e
Manometria

Professor: Me. Lídio Giordani


EMENTA DA DISCIPLINA

• Propriedades dos fluidos. (8h) • Escoamento dos fluidos reais – escoamento


viscoso, escoamento laminar e turbulento. (4h)
• Hidrostática, Empuxo e Manometria. (12h)
• Escoamento permanente e uniforme em
• Classificação de escoamentos. (4h)
condutos forçados. (8h)
• Cinemática dos fluidos. (12h)
• Perdas de carga – contínua e localizada. (10h)
• Equações fundamentais da fluidodinâmica –
• Sistemas hidráulicos de tubulações. (10h)
conservação da massa, da quantidade de
movimento e da energia. (14h) • Sistemas elevatórios. (8h)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÁSICA
• BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2ª ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2008.
• FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P.J.; MITCHELL, J. W. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 9ª.
Edição, LTC Editora, 2018.
• PORTO, R. M. Hidráulica Básica. 4ª edição, São Carlos: EESC/USP, 2006

COMPLEMENTAR
• ASSY, T. M. Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e Aplicações. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
• CANEDO, E. L. Fenômenos de Transporte. 1ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
• ÇENGEL, Y.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos Fluidos: fundamentos e aplicações. 3ª edição, São Paulo: AMGH
editora, 2015.
• HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física – Gravitação, Ondas e Termodinâmica.
V.2, 10ª edição, LTC editora, 2016.
TÓPICOS ABORDADOS NESTA AULA:

• Propriedades dos fluidos. (8h) • Escoamento dos fluidos reais – escoamento


viscoso, escoamento laminar e turbulento. (4h)
• Hidrostática, Empuxo e Manometria. (12h)
• Escoamento permanente e uniforme em
• Classificação de escoamentos. (4h)
condutos forçados. (8h)
• Cinemática dos fluidos. (12h)
• Perdas de carga – contínua e localizada. (10h)
• Equações fundamentais da fluidodinâmica –
• Sistemas hidráulicos de tubulações. (10h)
conservação da massa, da quantidade de
movimento e da energia. (14h) • Sistemas elevatórios. (8h)
1. ESCOPO DA MECÂNICA DOS FLUIDOS

• Estudo dos fluidos, tanto em repouso quanto em movimento.

• Tradicionalmente aplicada sistemas de canais, barragens/diques/represas, projeto de bombas,


compressores, sistemas de tubulações residenciais e industriais, aerodinâmica, etc.

• Além das aplicações tradicionais, a Mecânica dos Fluidos também engloba parte fundamental no
estudo de temas instigantes, por exemplo: contenção de derramamento de óleo, estudos de
turbinas eólicas de grande escala, geração de energia a partir das ondas oceânicas, dispersão de
poluentes na atmosfera, análise de comportamento de tsunamis e furacões, desenvolvimento de
dispositivos biomecânicos, etc.
Figuras 3, 4 e 5:
Modelagem
Figura 1: Procedimento de angioplastia com balão Fluidodinâmica
de renderização 3d com stent na veia. Computacional
de aerogeradores,
turbinas e
sistemas de
tubulações.

Figura 2: Mapa de simulação de Tsunami no Chile.


a) Sólido b) Sólido c) Fluido d) Fluido
ou fluido ou fluido

2. O QUE É UM FLUIDO? Figura 6: Diferença no comportamento de um sólido


e de um fluido devido a uma força cisalhante.

• De maneira simplista, fluido é uma • A figura 6 ilustra o comportamento de um


substância que pode escoar; sólidos sólido e um fluido, submetido a uma força de
tendem a se deformar ou dobrar. cisalhamento

• Os fluidos tomam a forma do recipiente


• Tanto sólido quanto fluido, inicialmente, sofrem
que os abrigam. uma deformação inicial; entretanto o sólido,
em determinado momento, atingirá o repouso
• Definição formal: fluido é uma substância (considerando que a força não seja
que se deforma continuamente sob a suficientemente grande para atingir seu limite
aplicação de uma tensão de elástico); já o fluido continuará se deformando
cisalhamento. enquanto a força estiver sendo aplicada.
3 . LE I DE NE WTO N DA
VIS COS IDADE – TE NS ÃO DE
CIS ALHAME N TO

• É útil, neste momento, “transformar” o


conceito de força em um “novo” conceito:
o de tensão de cisalhamento.

• Considere uma força 𝐹𝐹⃗ aplicada sobre uma


superfície de área 𝐴𝐴.
Figura 7: Decomposição vetorial de uma força F
• Podemos realizar uma decomposição agindo sobre uma área A.
vetorial desta força, de forma que temos
dois novos vetores, conforme ilustra a
figura 7: força normal e força
tangencial.
3 . LE I DE NE WTO N DA
VIS COS IDADE – TE NS ÃO DE
CIS ALHAME N TO

• Chamamos de tensão cisalhante média


o quociente entre o módulo da
componente tangencial da força e a área
sobre a qual a força está sendo aplicada.

𝐹𝐹𝑡𝑡
𝜏𝜏 =
𝐴𝐴
Figura 7: Decomposição vetorial de uma força F
agindo sobre uma área A.

• Ou seja, a tensão cisalhante média é a força


tangencial por unidade de área (N/m², no
SI).
Figura 8: Perfil de velocidade
(a), camadas de fluido
deslizando umas sobre as
outras (b) e
proporcionalidade entre
velocidade e altura y (c).

• Ainda nesse âmbito, vamos considerar o experimento descrito na figura 6, que consiste em um fluido
escoando entre duas placas.

• A placa superior é inicialmente acelerada pela força 𝐹𝐹𝑡𝑡 , o que é evidente, já que a placa sai de uma
velocidade nula para uma velocidade não nula (figura 8.a).

• Entretanto, a partir de certo momento, a placa superior adquire um velocidade constante. Isso indica que
a força externa 𝐹𝐹𝑡𝑡 foi equilibrada por alguma coisa. Essa coisa são as forças internas do fluido
(equilíbrio dinâmico).
Figura 8: Perfil de velocidade
(a), camadas de fluido
deslizando umas sobre as
outras (b) e
proporcionalidade entre
velocidade e altura y (c).

• Essas forças estão representadas na figura 8.b, na forma de tensões de cisalhamento entre as camadas
de fluido.

• O que ocorre se explica pelo princípio da aderência: a camada mais superior de fluido move-se com a
mesma velocidade que a placa superior; a camada mais inferior de fluido, por sua vez, fica parada, tal como
a placa inferior; dessa forma, as camadas intermediárias variam de velocidade, de 𝑣𝑣0 até 0.

• O deslizamento entre as camadas é que gera as tensões de cisalhamento “intercamadas”; multiplicando


essas tensões pelo valor de área em que atuam, gera-se uma força interna no fluido. É essa força que
equilibra 𝐹𝐹𝑡𝑡 .
Figura 8: Perfil de velocidade
(a), camadas de fluido
deslizando umas sobre as
outras (b) e
proporcionalidade entre
velocidade e altura y (c).

• Newton (mais uma vez ele) descobriu que, em vários fluidos, a tensão de cisalhamento é diretamente
proporcional ao gradiente de velocidade (gradiente de velocidade é o limite da razão ∆𝑣𝑣/∆𝑦𝑦).

• Ou seja:

𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜏𝜏 𝛼𝛼
𝑑𝑑𝑑𝑑

• Então, a esses fluidos que obedecem a esse fato observado damos o nome de fluidos newtonianos.
• Uma relação de proporção possui sempre uma constante de proporcionalidade. Nesse caso, a
constante de proporcionalidade é o que chamamos de viscosidade dinâmica, denotada por 𝜇𝜇.

𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜏𝜏 = 𝜇𝜇
𝑑𝑑𝑑𝑑

• Essa grandeza é uma propriedade de cada fluido (podendo variar com a pressão, com a temperatura, etc.)

• Podemos entender a viscosidade dinâmica como a propriedade que indica a maior ou menor
resistência do fluido ao escoamento.

• Pergunta 1: Qual é a unidade da viscosidade dinâmica no SI?

• Pergunta 2: Imagine que você espalme sua mão para cima e coloque alguns mililitros de água na sua mão
esquerda e alguns mililitros de óleo na sua mão direita. Agora, inclinando a mão para baixo, responda: qual
mão você acha que vai ficar limpa primeiro?
UMA SIMPLIFICAÇÃO PRÁTICA PARA A
LEI DE NEWTON DA VISCOSIDADE

• Acabamos de ver que a lei de Newton da viscosidade


é dada pela equação:

𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜏𝜏 = 𝜇𝜇
𝑑𝑑𝑑𝑑

𝑑𝑑𝑑𝑑
• Basicamente, o que queremos avaliar com a razão é
𝑑𝑑𝑑𝑑
uma correspondência entre um deslocamento (∆𝑦𝑦)
na direção do eixo y e uma variação de velocidade
(∆𝑣𝑣). Figura 9: Perfil de velocidade.
• Quando a distância ε é pequena, podemos considerar, com um nível
aceitável de erro, que a variação de v com y é linear (figura 10).

• Dessa forma, através de semelhança de triângulos, temos que:

𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑣𝑣𝑜𝑜
=
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝜀𝜀

• Ou ainda:

∆𝑣𝑣 𝑣𝑣𝑜𝑜
=
∆𝑦𝑦 𝜀𝜀
Figura 10: Simplificação para um perfil de
• Portanto: velocidade, para ε pequeno o suficiente.

∆𝑣𝑣 𝑣𝑣𝑜𝑜
𝜏𝜏 = 𝜇𝜇 = 𝜇𝜇
∆𝑦𝑦 𝜀𝜀
• Para determinarmos a densidade em qualquer
ponto de um fluido, devemos isolar um pequeno
volume, ∆𝑉𝑉, e medir sua massa, ∆𝑚𝑚.
• Definimos a densidade daquela região como a
razão entre a massa total da região e o seu
4. DENSIDADE volume.
∆𝑚𝑚
𝜌𝜌 =
∆𝑉𝑉
• O conceito de densidade é muito útil • Formalmente, a densidade em qualquer ponto é
quando trabalhamos com fluidos (líquidos calculada através do limite dessa divisão, se
ou gases). fizermos o elemento de volume tender a zero.
• Na prática, supomos que a amostra do fluido é
• A densidade de um fluido relaciona as grande o suficiente para desconsiderar pequenas
grandezas massa e volume. Mas de que variações atômicas e dizemos que a densidade
forma? de um dado fluido pode ser considerada
uniforme, de forma que

𝑚𝑚
𝜌𝜌 =
𝑉𝑉
• A densidade é uma propriedade escalar e sua unidade no Sistema Internacional de medidas (SI) é o
quilograma por metro cúbico (kg/m³).

• A figura 11 mostra a densidade de algumas substâncias e as densidades médias de alguns objetos; é


interessante notar a densidade do espaço, as diferentes densidades do ar e as diferentes densidades da água.

• E, afinal, qual é a resposta para aquela antiga pergunta: o que pesa mais: um quilo de algodão ou um quilo
de chumbo?

Figura 11: Algumas densidades interessantes.


DENSIDADE X MASSA ESPECÍFICA

• Imagine colocar uma viga de metal numa piscina. O que você acha que vai acontecer?

• E um navio, construído do mesmo material da viga, ao ser lançado ao mar, como se comporta?

Figura 12: Vigas de metal. Figura 13: Navio sendo colocado na água.
DENSIDADE X MASSA ESPECÍFICA

• Essas perguntas podem ser respondidas através da diferenciação entre os conceitos de densidade e massa
específica.

• Costuma-se falar dessas duas propriedades como se fossem iguais (isso porque ambas são definidas pela razão
entre massa e volume). No entanto, a rigor, elas representam conceitos distintos.

• Densidade se refere a um objeto, a um elemento com alguma forma definida e um dado volume; se
esse volume muda, a densidade do corpo também muda.

• Massa específica se refere a uma substância, ou seja, é uma propriedade e, essencialmente, não se altera.
5. PESO ESPECÍFICO

• Não muito diferente do conceito de densidade/massa específica, o peso específico é simplesmente uma
relação direta entre o peso de fluido por unidade de volume.

𝑃𝑃 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝛾𝛾 = = = 𝜌𝜌𝜌𝜌
𝑉𝑉 𝑉𝑉

• Pode-se considerar como se nem fosse uma nova propriedade, dado que a única diferença é uma multiplicação
da massa específica pela aceleração da gravidade.

• Em alguns casos, pode ser pedido ou fornecido o peso específico em detrimento da densidade/massa
específica.
6. VISCOSIDADE CINEMÁTICA

• Em mecânica dos fluidos, a razão entre a viscosidade dinâmica (ou absoluta) 𝜇𝜇 e a massa específica 𝜌𝜌 surge
com frequência.

• Por esse motivo, não é raro trabalharmos com o que chamamos de viscosidade cinemática, representada
pelo símbolo 𝜈𝜈.

• Definindo: viscosidade cinemática é a razão entre viscosidade dinâmica e massa específica:

𝜇𝜇
𝜈𝜈 =
𝜌𝜌

• Quais são as unidades para a viscosidade cinemática?


EXERCÍCIOS

1. A viscosidade cinemática de um óleo é 0,028 m²/s e seu peso específico


relativo é 0,85. Determine a viscosidade dinâmica no SI.
EXERCÍCIOS

𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘.𝑠𝑠
2. A viscosidade dinâmica de um óleo é 5 𝑥𝑥 10−4 e o peso específico
𝑚𝑚2
relativo é 0,82. Determinar a viscosidade cinemática do óleo no SI.

OBS.: kgf é a unidade chamada de quilograma-força. É uma alternativa à unidade newton (N).

1 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 = 9,81 𝑁𝑁
EXERCÍCIOS

3. O peso de 3 L de uma substância é 23,5 N. A viscosidade cinemática é


𝑚𝑚2
10−5 . Considere g =10 m/s² e calcule a viscosidade dinâmica da substância no SI.
𝑠𝑠
EXERCÍCIOS

4. Considere duas placas planas paralelas distantes 2 mm entre si. A placa


superior se move com velocidade de 4 m/s e a inferior é fixa. Dado que o espaço entre
elas é preenchido por um fluido de viscosidade cinemática 0,1 St e densidade 830 kg/m³,
determine a tensão de cisalhamento que agirá sobre o fluido.

OBS.: Stoke é uma unidade especial para viscosidade cinemática, homenagem ao matemático e
físico irlandês George Gabriel Stokes.

𝑐𝑐𝑚𝑚2 𝑚𝑚 2
1 𝑆𝑆𝑆𝑆 = 1 = 10−4
𝑠𝑠 𝑠𝑠
EXERCÍCIOS

5. Dada uma placa plana quadrada de 1,0


m de lado e 2 kg que desliza sobre um plano
inclinado de 30º sobre uma película de óleo. A
velocidade da placa é constante e vale 2 m/s.
Determine a viscosidade dinâmica do óleo se a
espessura da película é 2 mm.

Figura 14: Esquema da questão 5.


EXERCÍCIOS

6. A placa da figura tem uma área de 4 m² e


espessura desprezível. Entre a placa e o solo, existe um
fluido que escoa, formando um diagrama de velocidade
dado por
𝑣𝑣 = 20𝑦𝑦 𝑣𝑣𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 1 − 5𝑦𝑦 .
𝑁𝑁.𝑠𝑠
A viscosidade dinâmica do fluido é 10−2 e a
𝑚𝑚
velocidade máxima do escoamento é 4 m/s. Encontre:
a) O gradiente de velocidade junto ao solo, junto à
placa e em y = 10 cm.
Figura 15: Esquema da questão 6.
b) A força necessária para manter a placa em
equilíbrio.
EXERCÍCIOS

7. Um fluido escoa sobre uma


placa de acordo com a figura 16.
Encontre:
a) O perfil de velocidade, 𝑣𝑣 = 𝑓𝑓(𝑦𝑦).
b) A tensão de cisalhamento junto à
placa.

Figura 16: Esquema da questão 7.


7. PRESSÃO

• O conceito de pressão é fundamental no


estudo dos fluidos, pois basicamente
apresenta uma nova maneira de abordar o
conceito de força, mas sem a complexidade
de trabalhar vetorialmente.

• Consideremos um sensor de pressão


(figura 17) que esteja suspenso em um
determinado ambiente; este ambiente está
preenchido com um fluido. Figura 17: (a) Um ambiente fechado, preenchido com um fluido
contendo um sensor de pressão; (b) Vista mais detalhada do
sensor de pressão. A pressão é medida pela posição relativa do
pistão móvel do sensor.
• O sensor é um pistão com área ∆𝐴𝐴 que
repousa sobre uma mola e pode deslizar
dentro de um cilindro fechado.

• A compressão da mola, basicamente, indica


o módulo da força ∆𝐹𝐹 que atua sobre o
pistão.

• Assim sendo, definimos a pressão desse


fluido sobre o pistão como

∆𝐹𝐹
𝑝𝑝 =
∆𝐴𝐴

• A pressão em qualquer ponto do fluido é o


limite dessa razão, quando a área do
pistão tende a zero.

• Se considerarmos uma força uniforme Figura 17: (a) Um ambiente fechado, preenchido com um fluido
𝐹𝐹 em uma superfície plana de área 𝐴𝐴 , contendo um sensor de pressão; (b) Vista mais detalhada do
sensor de pressão. A pressão é medida pela posição relativa do
temos que pistão móvel do sensor.
𝐹𝐹
𝑝𝑝 =
𝐴𝐴
• A unidade de pressão no SI é newton por metro quadrado (N/m²), e muitas vezes aparece como pascal
(Pa), em homenagem ao cientista francês Blaise Pascal.

• Entretanto é muito comum encontrar outras unidades de pressão:

𝑁𝑁 𝑙𝑙𝑙𝑙
1 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 1,01 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏 = 1,01 . 105 = 1,01. 10 5
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 760 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 = 760 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 14,7 = 14,7 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
𝑚𝑚2 𝑖𝑖𝑛𝑛2

• Para refletir: qual é a explicação para um faquir conseguir se


deitar em uma cama de pregos e não se machucar?

Figura 18: Faquir é o nome dado a um religioso muçulmano ou hindu que associa a religião a uma vida de
privações e práticas de sofrimento físico, sob a justificativa de buscar evolução espiritual. Na figura ao lado,
um faquir sentado sobre uma cama de pregos.
PRESSÃO E A CARGA DE PRESSÃO

• Será visto na próxima sessão que o conceito de pressão está intimamente relacionado com a quantidade de
fluido existente ou, por outra ótica, com o peso de fluido.

• Fazendo um raciocínio simplista, podemos pensar que, por exemplo, “pessoas mais altas são mais pesadas”;
então, em certa medida, o peso tem a ver com a altura.

• Então, para muitas aplicações em Engenharia, é comum expressar a pressão de certo fluido (no nosso caso,
quase sempre água), por uma altura de fluido.

• Podemos então introduzir o conceito de carga de pressão, tal que:

𝑝𝑝
=ℎ
𝛾𝛾
PRESSÃO E A CARGA DE PRESSÃO

• A razão entre a pressão atuante em um dado ponto e o peso específico do fluido em questão é o que
chamamos de carga de pressão.

• Vendo de outra forma, a altura da coluna de líquido sobre determinado ponto é a carga de pressão atuante
naquele ponto.

• No SI, carga de pressão tem unidade de comprimento (metro).

• Oportunamente, trabalharemos bastante com o conceito de carga de pressão.


EXERCÍCIO

8. Uma janela de uma casa possui 3,4 m de comprimento e 2,1 m de altura. Em


determinado dia, ocorreu uma tempestade que fez com que a pressão do ar no exterior
da casa caísse para 0,96 atm. No interior da casa a pressão permaneceu 1,0 atm. Que
força resulta dessa diferença de pressão? Essa força é de dentro para fora ou de fora
para dentro?
EXERCÍCIOS

9. É comum o motorista precisar fazer a calibração dos pneus de seu carro. Para
carros de passeio, uma pressão razoável é 28 psi. Suponha que você calibrou os pneus
do seu carro com essa pressão e, em seguida, pediu sua pressão sanguínea, obtendo uma
leitura de 120/80 em mmHg. Converta as duas pressões para kPa:
a) A pressão nos pneus do seu carro.
b) A sua pressão sanguínea.
8. HIDROSTÁTICA: TEOREMA DE STEVIN

• A hidrostática, como o nome sugere, é o ramo da Física que estuda os fluidos em


repouso.

• Este tópico, ainda que simples, é de fundamental importância para o entendimento


geral de Mecânica dos Fluidos.

• A melhor maneira de introduzir a hidrostática é apresentando a lei fundamental


da Hidrostática, também conhecido como teorema de Stevin.

• Os conceitos essenciais utilizados para o desenvolvimento desse teorema são o de


densidade e o de pressão, já apresentados anteriormente.
• Um bom mergulhador sabe que, quanto
mais profundo ele for, maior a pressão
sentida por ele; da mesma forma, um
alpinista experiente também sabe que,
quanto mais alto ele chega, menor a
pressão do ar, ou seja, mais o ar se torna
rarefeito e as dificuldades para respirar
ficam mais aparentes.
Figura 19: Tanque de água aberto para a atmosfera, com um eixo y de
referência. Ao centro, indicado por um retângulo tracejado, um cilindro
• Então, para fluidos ditos “em repouso”, imaginário a partir do qual serão avaliadas as forças em questão.
parece haver uma relação entre pressão
e altura/profundidade.

• A lei fundamental da hidrostática, portanto,


busca encontrar uma relação matemática
entre pressão e altura/profundidade.

• Dessa forma, considere um tanque de água


aberto para a atmosfera (figura 19). Vamos
imaginar uma porção de água limitada
Figura 20: Diagrama de corpo livre para o cilindro, com as forças
dentro desse tanque, basicamente um atuantes indicadas através dos vetores F1, F2 e mg.
cilindro imaginário de água.
• Considere, para esta situação, a água em
equilíbrio estático, ou seja, ela está em
repouso e as forças sobre ela estão em
equilibradas.

• Note-se que existem três forças no


sistema: Figura 19: Tanque de água aberto para a atmosfera, com um eixo y de
referência. Ao centro, indicado por um retângulo tracejado, um cilindro
- a força 𝐹𝐹1 , atuando no topo do cilindro; imaginário a partir do qual serão avaliadas as forças em questão.
- a força 𝐹𝐹2 , atuando na base do cilindro;
- a força gravitacional, 𝑚𝑚𝑔𝑔⃗ , atuando no
centro do cilindro.

• Considerando o diagrama de corpo livre


(figura 20) e a situação de equilíbrio
estático, devemos ter:

𝐹𝐹2 = 𝐹𝐹1 + 𝑚𝑚𝑚𝑚


Figura 20: Diagrama de corpo livre para o cilindro, com as forças
atuantes indicadas através dos vetores F1, F2 e mg.
• Usando o conceito de pressão apresentado
anteriormente, temos que

𝐹𝐹1 = 𝑝𝑝1 𝐴𝐴
𝐹𝐹2 = 𝑝𝑝2 𝐴𝐴

• Além disso, usando o conceito de


densidade, também apresentado Figura 19: Tanque de água aberto para a atmosfera, com um eixo y de
anteriormente, podemos escrever referência. Ao centro, indicado por um retângulo tracejado, um cilindro
imaginário a partir do qual serão avaliadas as forças em questão.

𝑚𝑚 = 𝜌𝜌𝜌𝜌
𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌

• Portanto, temos:

𝐹𝐹2 = 𝐹𝐹1 + 𝑚𝑚𝑚𝑚 ↔ 𝑝𝑝2 𝐴𝐴 = 𝑝𝑝1 𝐴𝐴 + 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌

• Ainda, podemos reescrever o volume 𝑉𝑉


como o produto da área da base pela
altura do cilindro. Note que a área da base Figura 20: Diagrama de corpo livre para o cilindro, com as forças
em questão é exatamente 𝐴𝐴. atuantes indicadas através dos vetores F1, F2 e mg.
• Dessa forma, vem:

𝑝𝑝2 𝐴𝐴 = 𝑝𝑝1 𝐴𝐴 + 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌

𝑝𝑝2 𝐴𝐴 = 𝑝𝑝1 𝐴𝐴 + 𝜌𝜌𝐴𝐴(𝑦𝑦1 − 𝑦𝑦2 )𝑔𝑔

• Simplificando a equação:
Figura 19: Tanque de água aberto para a atmosfera, com um eixo y de
𝒑𝒑𝟐𝟐 = 𝒑𝒑𝟏𝟏 + 𝝆𝝆(𝒚𝒚𝟏𝟏 − 𝒚𝒚𝟐𝟐 )𝒈𝒈 referência. Ao centro, indicado por um retângulo tracejado, um cilindro
imaginário a partir do qual serão avaliadas as forças em questão.

• Essa é a lei fundamental da


hidrostática (ou teorema de Stevin); esse
resultado pode ser utilizado para
determinar pressão estática tanto em
líquidos quanto em gases.

• Note que o passo “simplificando”,


supramencionado, consistiu em eliminar o
termo 𝐴𝐴 de todos os membros da equação.
O que isso indica? Figura 20: Diagrama de corpo livre para o cilindro, com as forças
atuantes indicadas através dos vetores F1, F2 e mg.
• Uma outra forma de visualizar o mesmo
problema é “mexer” na posição do cilindro
imaginário, de forma que ele fique rente à
superfície livre da água, como ilustrado na
figura 21.

• Nesse caso, a equação tem o mesmo


formato, mas podemos interpretá-la de
Figura 21: Mesmo tanque da situação anterior, mas estamos avaliando as
uma maneira peculiar.Veja: pressões com o nível 1 posicionado em 𝑦𝑦 = 0.

𝒑𝒑 = 𝒑𝒑𝟎𝟎 + 𝝆𝝆𝒉𝒉𝒈𝒈

• Chamamos a pressão 𝑝𝑝 de pressão total


ou absoluta; a pressão 𝑝𝑝0 chamamos de
pressão atmosférica, pois ela representa
exatamente a pressão na superfície livre; o
termo 𝝆𝝆𝝆𝝆𝝆𝝆 é exatamente a diferença entre
a pressão absoluta e a pressão atmosférica,
e a ele é dado o nome de pressão
manométrica.
• Desafio: coloque em ordem crescente as pressões atuantes nos pontos A, B, C,
D e E, pertencentes à linha horizontal tracejada.

Figura 22: Desenho esquemático de vasos comunicantes.


EXERCÍCIOS

10. O tubo de plástico da figura possui área de seção


transversal de 5 cm². Este tubo é preenchido com água até
que o lado menor (comprimento d = 80 cm) esteja cheio.
Em seguida, este lado e tampado e continua-se a derramar
água pelo outro lado do tubo. Considerando que a tampa
colocada no lado menor é disparada quando uma força
sobre ela excede 9,8 N, qual é a altura total da coluna de
água do lado maior que faz com que a tampa esteja na
iminência do disparo?

Figura 23: Esquema da questão 10.


EXERCÍCIOS

11. A profundidade máxima (𝑑𝑑𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 ) que um mergulhador pode descer se estiver


usando um snorkel (tubo de respiração bucal) é determinada pela densidade da água e
pelo fato de os pulmões humanos aguentarem uma diferença de pressão de no máximo
5% de 1 atm. Qual é o valor da diferença 𝑑𝑑𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−1 − 𝑑𝑑𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚−2 , sendo
1 – água pura
𝑘𝑘𝑘𝑘
2 – mar morto (𝜌𝜌 = 1,5 . 103 )
𝑚𝑚3
EXERCÍCIOS

12. Para sugar um suco de densidade 1000 kg/m³ para cima, por um canudo de
altura 4 cm, qual a pressão manométrica mínima (em atm) que você deve produzir em
seus pulmões?
EXERCÍCIOS

13. Na análise de algumas características geológicas, por


vezes é razoável supor que a pressão em um dado nível de
compensação horizontal, a uma grande profundidade, é a mesma
ao longo de uma vasta região e é igual à pressão devida à força
gravitacional sobre o material que está acima deste nível. Então,
pode-se estimar a pressão sobre o nível de compensação através
das equações da hidrostática para pressões em fluidos. Esse
modelo requer, por exemplo, que as montanhas tenham “raízes”
de rochas continentais se estendendo para dentro do manto mais
denso, conforme ilustra a figura 24. (...)

Figura 24: Esquema da questão 13.


EXERCÍCIOS

13. (...) Considere uma montanha de altura H = 6 km sobre


um continente de espessura T = 32 km. As densidades estão
explícitas na figura. Determine a profundidade D da raiz.

Dica: iguale as pressões em dois pontos distintos pertencentes ao nível


de compensação.

Figura 24: Esquema da questão 13.


9. PRINCÍPIO DE PASCAL

Figura 25: Tubo de pasta de dente. Como a pasta sai pelo orifício principal?
9. PRINCÍPIO DE PASCAL

Figura 26: A manobra de Heimlich é uma técnica de primeiros socorros


utilizada em casos de emergência por asfixia. O que basicamente ocorre
após a execução deste procedimento?
9. PRINCÍPIO DE PASCAL

Figura 28: Qual é a explicação para você fazer um leve movimento no seu
pé direito e com isso conseguir parar um carro de uma tonelada em
poucos segundos?
Figura 27: Elevador hidráulico. Será que esse nome é à toa? Como um
carro tão pesado é erguido tão facilmente?
9. PRINCÍPIO DE PASCAL

• O princípio de Pascal foi enunciado com clareza em 1652 por Blaise Pascal.

• Àquela época ele disse “une variation de pression appliquée en un point dans
un fluide en milieu fermé est répartie uniformément dans toutes les
directions”. Quoi?

• Com isso, ele quis dizer que “uma variação de pressão aplicada em um ponto
de um fluido confinado é distribuída uniformemente em todas as direções”.

• É importante dizer que o fluido deve ser incompressível. Por quê?


• Segundo o princípio de Pascal, uma
variação de pressão, ∆𝑝𝑝 , aplicada a um
fluido deve ser transmitida integralmente
para todos os pontos do fluido.

• Ou seja, todos os pontos do fluido


experimentam uma mesma pressão.

• Então ∆𝑝𝑝𝑖𝑖 = ∆𝑝𝑝0 (ou ∆𝑝𝑝1 = ∆𝑝𝑝2 )

• Usando a definição de pressão, temos:

∆𝑝𝑝𝑖𝑖 = ∆𝑝𝑝0

𝐹𝐹𝑖𝑖 𝐹𝐹0
=
𝐴𝐴𝑖𝑖 𝐴𝐴0 Figura 29: Um arranjo hidráulico através do qual pode-se gerar um
aumento de força, através do princípio de Pascal.

𝐴𝐴0
𝐹𝐹0 = 𝐹𝐹
𝐴𝐴𝑖𝑖 𝑖𝑖
EXERCÍCIOS

14. Um pistão de seção transversal de área 𝑎𝑎 é


usado em uma prensa hidráulica para exercer uma força
𝑓𝑓 sobre um fluido confinado. Uma tubulação de
conexão conduz o fluido para uma seção transversal
maior, de área 𝐴𝐴.
a) Qual o módulo da força 𝐹𝐹 sobre o pistão maior que
fará com que ele fique em repouso?
b) Se os diâmetros dos pistões são 3,80 cm e 0,53 m,
qual é o valor da força 𝑓𝑓 que equilibraria uma força
𝐹𝐹 de 20 kN?

Figura 30: Esquema da questão 14.


10. PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES
(EMPUXO)

• Imagine uma pessoa em uma piscina, manuseando um saco plástico de


espessura muito pequena (por espessura muito pequena, queremos deixar
claro que iremos considerar a massa do saco plástico como desprezível. Por
quê?)
• Dentro deste saco, considere que existe água, a mesma água da piscina.
• A pessoa observa que o saco está em equilíbrio estático, ou seja, não se
move.
• Fisicamente, podemos dizer então que a força gravitacional (peso) para baixo
sobre a água contida no saco deve estar sendo equilibrada por alguma força
que aponta para cima.
• Esta força é chamada de empuxo.
• O empuxo existe devido ao resultado do
teorema de Stevin. Como assim?

• Lá, foi demonstrado que a pressão


aumenta com a profundidade.

• Na figura 32, vê-se a imagem representativa


Figura 31: Saco plástico em equilíbrio estático
do saco (que foi omitido, sendo na piscina. Por que o saco não afunda?
representado por uma cavidade vazia); note
que as setas na parte inferior são
maiores que as setas da parte
superior.

• O tamanho das setas não é por acaso:


quando estudamos vetores, indicamos
forças maiores por setas maiores, e vice
versa. As forças de pressão na parte
inferior do saco superam as forças de
pressão na parte superior do saco.
Figura 32: Forças de pressão agindo no
• Somando e subtraindo vetorialmente todas espaço ocupado pelo saco plástico.

essas forças, temos a resultante: empuxo.


• Como o saco de água está em equilíbrio
estático, o módulo da força de empuxo é
igual ao módulo da força gravitacional (que Figura 31: Saco plástico em equilíbrio estático
na piscina. Por que o saco não afunda?
é calculada por 𝑚𝑚𝑚𝑚), ou seja:

𝐹𝐹𝑏𝑏 = 𝐹𝐹𝐸𝐸 = 𝑚𝑚𝑓𝑓 𝑔𝑔

• Note que 𝑚𝑚𝑓𝑓 é massa do fluido.

• Agora, vamos substituir o espaço vazio da


figura 32 por outro material. O que será
que muda?

Figura 32: Forças de pressão agindo no


espaço ocupado pelo saco plástico.
• Agora, na figura 33, vemos que há uma
pedra preenchendo o espaço equivalente
ao da cavidade anterior. Aqui, dizemos que
a pedra desloca a água ou que a pedra
ocupa o espaço que seria ocupado
pela água, caso ela não estivesse ali.

• Note que o formato da cavidade não foi


alterado, então as forças atuantes no Figura 33: Para uma pedra com o mesmo
volume que a cavidade, 𝐹𝐹𝑔𝑔 > 𝐹𝐹𝐸𝐸
volume da pedra devem ser as
mesmas de quando o saco estava no
lugar.

• Entendemos assim que o mesmo


empuxo que atuava no saco de água
atua agora sobre a pedra.

• A conclusão e que o empuxo não


depende do material submerso,
apenas do fluido que o circunda. Figura 34: Para um pedaço de madeira, com o
mesmo volume que a cavidade, 𝐹𝐹𝑔𝑔 < 𝐹𝐹𝐸𝐸
• Agora, no caso da pedra, veja que não há
equilíbrio estático.

• Isso ocorre, evidentemente, porque, apesar


de ser o mesmo empuxo, o peso do
volume de pedra é maior que o peso
do volume de água, já que a densidade
Figura 33: Para uma pedra com o mesmo
da pedra é presumidamente maior que a volume que a cavidade, 𝐹𝐹𝑔𝑔 > 𝐹𝐹𝐸𝐸
da água.

• Analogamente, podemos replicar o


raciocínio, trocando a pedra por madeira.

• Assumindo o mesmo volume do corpo


submerso, concluímos que o empuxo,
novamente, é o mesmo, já que estamos
deslocando uma mesma quantidade
de água.
Figura 34: Para um pedaço de madeira, com o
mesmo volume que a cavidade, 𝐹𝐹𝑔𝑔 < 𝐹𝐹𝐸𝐸
• No caso da madeira (figura 34), veja que
também não há equilíbrio estático.

• Mas, agora, isso ocorre porque o peso do


volume de madeira é menor que o
peso do volume de água, e aqui
presumimos que a densidade da madeira
Figura 33: Para uma pedra com o mesmo
é menor que a da água (tente imaginar volume que a cavidade, 𝐹𝐹𝑔𝑔 > 𝐹𝐹𝐸𝐸
uma tábua de madeira no lago, ou um
tronco, ou um pequeno pedaço de
madeira).

• Esses resultados para o saco de água, para


a pedra e para a madeira se aplicam a
qualquer fluido e representam o princípio
de Arquimedes.

Figura 34: Para um pedaço de madeira, com o


mesmo volume que a cavidade, 𝐹𝐹𝑔𝑔 < 𝐹𝐹𝐸𝐸
• Então, diante do exposto, o módulo do empuxo pode ser calculado através da expressão:

𝐹𝐹𝐸𝐸 = 𝑚𝑚𝑓𝑓 𝑔𝑔 = 𝜌𝜌𝑓𝑓 𝑉𝑉𝑓𝑓 𝑔𝑔

• É mais comum ver expressões para o empuxo considerando densidade e volume.

• Perceba a importância do índice “f” acompanhando os parâmetros acima. Ele serve para indicar que estamos
falando da massa do fluido deslocado ou da densidade do fluido deslocado ou do volume do fluido
deslocado.

• O fluido deslocado, logicamente, é aquele no qual o objeto está imerso.


• Para refletir: por que um iceberg não afunda? É
possível calcular o empuxo nessa situação?

Figura 35: Fotografia de uma pedra de iceberg


flutuando.
EXERCÍCIOS

15. Um cubo de lado L = 0,6 m e 450 kg de


massa é suspenso por um fio em um tanque aberto
preenchido com um líquido de densidade 1030 kg/m³.
Determine:
a) A força total para baixo sobre o topo do cubo
exercida pelo líquido e pela atmosfera, supondo a
pressão atmosférica igual a 1 atm.
b) O módulo da força total para cima que atua no
fundo do cubo
c) A tensão no fio
d) O módulo do empuxo.
Figura 36: Esquema da questão 15.
EXERCÍCIOS

16. Três crianças, cada uma pesando 356 N, fazem uma jangada com toras de
madeira de 0,30 m de diâmetro e 1,80 m de comprimento. Quantas toras são
necessárias para mantê-las flutuando em água doce? (Dado: densidade relativa da
madeira = 0,8)
EXERCÍCIOS

17. Considere um iceberg flutuando no mar. Calcule, em porcentagem, a fração


visível do iceberg. Considere os dados da tabela na figura 11 desta aula.
EXERCÍCIOS

18. Considere uma bola de ferro (densidade do


ferro = tabela da figura 7 desta aula) suspensa por uma
linha de massa desprezível. Essa linha está presa em
um cilindro na posição vertical que flutua parcialmente
submerso em água. O cilindro tem uma altura de 6 cm,
área circular de 12 cm², e densidade de 0,30 g/cm³.
Sabe-se que 2 cm de sua altura estão acima da
superfície da água. Determine o raio da bola de ferro.

Figura 37: Esquema da questão 18.


11. MANOMETRIA

• A figura ao lado representa um


barômetro, instrumento primeiramente
concebido pelo físico italiano Evangelista
Torricelli.

• Este instrumento serve para medir pressão,


mais especificamente pressão atmosférica.

• Você conhece o funcionamento deste


dispositivo? Sabe explicar como ele mede a Figura 38: Barômetro de Torricelli

pressão?
• Passos para o procedimento de medição:

1 – Enche-se um tubo com determinado


líquido (o tubo deve ser longo e graduado);

2 – Tampa-se a extremidade aberta do tubo


com algum objeto ou com o dedo;

3 – Prepara-se um recipiente aberto, que


também é preenchido com o mesmo líquido;

4 – Vira-se o primeiro tubo de cabeça para


baixo, ainda tampado e coloca-se a
extremidade tampada dentro do líquido do Figura 39: Esquema para resolução física do problema do
recipiente; barômetro.

5 – Retira-se a vedação do tubo e verifica-se a


altura que o líquido atingiu dentro do tubo.
Figura 40: Imagens de barômetros da atualidade, analógico e digital, respectivamente.
• Na verdade, um barômetro é um tipo
especial de manômetro.

• Manômetro é o aparelho usado para


medir pressões de maneira geral; mais
comumente, mede pressões dentro de
tubulações de sistemas de fluidos.

• A manometria é o termo usado para se


referir ao estudo dos manômetros e
Figura 41: Manômetro; a diferença básica entre este equipamento
avaliação de pressões em sistemas. e os anteriores é que este necessariamente deve ser conectado a
um trecho de tubulação.
EQUAÇÃO MANOMÉTRICA

• A equação manométrica permite


determinar a pressão em um reservatório
ou a diferença de pressão entre dois
reservatórios.

• Considerando o esquema da figura 42,


vamos utilizar os conceitos do teorema de
Stevin para encontrar a equação.

Figura 42: Esquema de um manômetro diferencial, que servirá


como exemplo base da geração de uma equação manométrica.
MANOMETRIA

• A pressão no fundo do ramo esquerdo vale:

𝑝𝑝𝑒𝑒 = 𝑝𝑝𝐴𝐴 + 𝛾𝛾𝐴𝐴 ℎ1 − ℎ2 + 𝛾𝛾𝑀𝑀 ℎ2

• A pressão no fundo do ramo direito vale:

𝑝𝑝𝑑𝑑 = 𝑝𝑝𝐵𝐵 + 𝛾𝛾𝐵𝐵 ℎ4 − ℎ3 + 𝛾𝛾𝑀𝑀 ℎ3


MANOMETRIA

• Pelo princípio dos vasos comunicantes, a pressão em dois pontos de mesma altura de um mesmo
fluido em repouso deve ser a mesma.

• Logo, a pressão no fundo do ramo esquerdo tem que ser igual à pressão no fundo do ramo direito;
então:

𝑝𝑝𝐴𝐴 + 𝛾𝛾𝐴𝐴 ℎ1 − ℎ2 + 𝛾𝛾𝑀𝑀 ℎ2 = 𝑝𝑝𝐵𝐵 + 𝛾𝛾𝐵𝐵 ℎ4 − ℎ3 + 𝛾𝛾𝑀𝑀 ℎ3

OBS.: Qualquer outra equação para esse sistema e sistemas semelhantes, nada mais é do que um
rearranjo algébrico.A base conceitual é sempre a mesma: teorema de stevin.
EXERCÍCIOS

19. Considere o esquema da figura e


determine:
a) A leitura no manômetro.
b) A força que age no topo do
reservatório.

Figura 43: Esquema da questão 19.


EXERCÍCIOS

20. Qual é a coluna de mercúrio (𝑆𝑆𝑆𝑆𝐻𝐻𝐻𝐻 = 13,6) equivalente a uma coluna de água
de 5 m?
EXERCÍCIOS

21. Determine o valor da pressão 𝑝𝑝1 ,


sabendo que o fluido A é água e o fluido B é
mercúrio.

Figura 44: Esquema da questão 21.


EXERCÍCIOS

22. Baseado nas informações da


figura, determine o valor das pressões
efetivas e absolutas:
a) Na interface ar-óleo.
b) No ponto M.

Figura 45: Esquema da questão 22.


EXERCÍCIOS

23. No dispositivo da figura, a leitura do


manômetro é 30 kPa e a relação de áreas dos
𝐴𝐴
pistões é 2 = 2. A pressão atmosférica local é
𝐴𝐴1
700 mmHg. Dado que o sistema encontra-se
em equilíbrio, ache o valor da pressão 𝑝𝑝𝑏𝑏 na
escala absoluta, em mca.

𝑁𝑁
Dados: 𝛾𝛾 = 27.000 ; 𝑎𝑎 = 100 𝑐𝑐𝑐𝑐; 𝑏𝑏 =
𝑚𝑚3
𝐴𝐴𝐻𝐻 1 𝑁𝑁
80 𝑐𝑐𝑐𝑐; = ; 𝛼𝛼 = 30°; 𝛾𝛾𝐻𝐻𝐻𝐻 = 136.000
𝐴𝐴1 2 𝑚𝑚3

Figura 46: Esquema da questão 23.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos. 2ª ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2008.

• FOX, Robert W.; PRITCHARD, Philip J.; MCDONALD, Alan T. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 7ª ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2012.

• HALLIDAY, D.; RESNICK, R.;WALKER, J. Fundamentos de física. 9.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 2.

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