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ESCOAMENTO FORÇADO
Tópicos 1 e 2 – Propriedades dos fluidos, Hidrostática, Empuxo e
Manometria
BÁSICA
• BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. 2ª ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2008.
• FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P.J.; MITCHELL, J. W. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 9ª.
Edição, LTC Editora, 2018.
• PORTO, R. M. Hidráulica Básica. 4ª edição, São Carlos: EESC/USP, 2006
COMPLEMENTAR
• ASSY, T. M. Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e Aplicações. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
• CANEDO, E. L. Fenômenos de Transporte. 1ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
• ÇENGEL, Y.; CIMBALA, J. M. Mecânica dos Fluidos: fundamentos e aplicações. 3ª edição, São Paulo: AMGH
editora, 2015.
• HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física – Gravitação, Ondas e Termodinâmica.
V.2, 10ª edição, LTC editora, 2016.
TÓPICOS ABORDADOS NESTA AULA:
• Além das aplicações tradicionais, a Mecânica dos Fluidos também engloba parte fundamental no
estudo de temas instigantes, por exemplo: contenção de derramamento de óleo, estudos de
turbinas eólicas de grande escala, geração de energia a partir das ondas oceânicas, dispersão de
poluentes na atmosfera, análise de comportamento de tsunamis e furacões, desenvolvimento de
dispositivos biomecânicos, etc.
Figuras 3, 4 e 5:
Modelagem
Figura 1: Procedimento de angioplastia com balão Fluidodinâmica
de renderização 3d com stent na veia. Computacional
de aerogeradores,
turbinas e
sistemas de
tubulações.
𝐹𝐹𝑡𝑡
𝜏𝜏 =
𝐴𝐴
Figura 7: Decomposição vetorial de uma força F
agindo sobre uma área A.
• Ainda nesse âmbito, vamos considerar o experimento descrito na figura 6, que consiste em um fluido
escoando entre duas placas.
• A placa superior é inicialmente acelerada pela força 𝐹𝐹𝑡𝑡 , o que é evidente, já que a placa sai de uma
velocidade nula para uma velocidade não nula (figura 8.a).
• Entretanto, a partir de certo momento, a placa superior adquire um velocidade constante. Isso indica que
a força externa 𝐹𝐹𝑡𝑡 foi equilibrada por alguma coisa. Essa coisa são as forças internas do fluido
(equilíbrio dinâmico).
Figura 8: Perfil de velocidade
(a), camadas de fluido
deslizando umas sobre as
outras (b) e
proporcionalidade entre
velocidade e altura y (c).
• Essas forças estão representadas na figura 8.b, na forma de tensões de cisalhamento entre as camadas
de fluido.
• O que ocorre se explica pelo princípio da aderência: a camada mais superior de fluido move-se com a
mesma velocidade que a placa superior; a camada mais inferior de fluido, por sua vez, fica parada, tal como
a placa inferior; dessa forma, as camadas intermediárias variam de velocidade, de 𝑣𝑣0 até 0.
• Newton (mais uma vez ele) descobriu que, em vários fluidos, a tensão de cisalhamento é diretamente
proporcional ao gradiente de velocidade (gradiente de velocidade é o limite da razão ∆𝑣𝑣/∆𝑦𝑦).
• Ou seja:
𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜏𝜏 𝛼𝛼
𝑑𝑑𝑑𝑑
• Então, a esses fluidos que obedecem a esse fato observado damos o nome de fluidos newtonianos.
• Uma relação de proporção possui sempre uma constante de proporcionalidade. Nesse caso, a
constante de proporcionalidade é o que chamamos de viscosidade dinâmica, denotada por 𝜇𝜇.
𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜏𝜏 = 𝜇𝜇
𝑑𝑑𝑑𝑑
• Essa grandeza é uma propriedade de cada fluido (podendo variar com a pressão, com a temperatura, etc.)
• Podemos entender a viscosidade dinâmica como a propriedade que indica a maior ou menor
resistência do fluido ao escoamento.
• Pergunta 2: Imagine que você espalme sua mão para cima e coloque alguns mililitros de água na sua mão
esquerda e alguns mililitros de óleo na sua mão direita. Agora, inclinando a mão para baixo, responda: qual
mão você acha que vai ficar limpa primeiro?
UMA SIMPLIFICAÇÃO PRÁTICA PARA A
LEI DE NEWTON DA VISCOSIDADE
𝑑𝑑𝑑𝑑
𝜏𝜏 = 𝜇𝜇
𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑑𝑑𝑑𝑑
• Basicamente, o que queremos avaliar com a razão é
𝑑𝑑𝑑𝑑
uma correspondência entre um deslocamento (∆𝑦𝑦)
na direção do eixo y e uma variação de velocidade
(∆𝑣𝑣). Figura 9: Perfil de velocidade.
• Quando a distância ε é pequena, podemos considerar, com um nível
aceitável de erro, que a variação de v com y é linear (figura 10).
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑣𝑣𝑜𝑜
=
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝜀𝜀
• Ou ainda:
∆𝑣𝑣 𝑣𝑣𝑜𝑜
=
∆𝑦𝑦 𝜀𝜀
Figura 10: Simplificação para um perfil de
• Portanto: velocidade, para ε pequeno o suficiente.
∆𝑣𝑣 𝑣𝑣𝑜𝑜
𝜏𝜏 = 𝜇𝜇 = 𝜇𝜇
∆𝑦𝑦 𝜀𝜀
• Para determinarmos a densidade em qualquer
ponto de um fluido, devemos isolar um pequeno
volume, ∆𝑉𝑉, e medir sua massa, ∆𝑚𝑚.
• Definimos a densidade daquela região como a
razão entre a massa total da região e o seu
4. DENSIDADE volume.
∆𝑚𝑚
𝜌𝜌 =
∆𝑉𝑉
• O conceito de densidade é muito útil • Formalmente, a densidade em qualquer ponto é
quando trabalhamos com fluidos (líquidos calculada através do limite dessa divisão, se
ou gases). fizermos o elemento de volume tender a zero.
• Na prática, supomos que a amostra do fluido é
• A densidade de um fluido relaciona as grande o suficiente para desconsiderar pequenas
grandezas massa e volume. Mas de que variações atômicas e dizemos que a densidade
forma? de um dado fluido pode ser considerada
uniforme, de forma que
𝑚𝑚
𝜌𝜌 =
𝑉𝑉
• A densidade é uma propriedade escalar e sua unidade no Sistema Internacional de medidas (SI) é o
quilograma por metro cúbico (kg/m³).
• E, afinal, qual é a resposta para aquela antiga pergunta: o que pesa mais: um quilo de algodão ou um quilo
de chumbo?
• Imagine colocar uma viga de metal numa piscina. O que você acha que vai acontecer?
• E um navio, construído do mesmo material da viga, ao ser lançado ao mar, como se comporta?
Figura 12: Vigas de metal. Figura 13: Navio sendo colocado na água.
DENSIDADE X MASSA ESPECÍFICA
• Essas perguntas podem ser respondidas através da diferenciação entre os conceitos de densidade e massa
específica.
• Costuma-se falar dessas duas propriedades como se fossem iguais (isso porque ambas são definidas pela razão
entre massa e volume). No entanto, a rigor, elas representam conceitos distintos.
• Densidade se refere a um objeto, a um elemento com alguma forma definida e um dado volume; se
esse volume muda, a densidade do corpo também muda.
• Massa específica se refere a uma substância, ou seja, é uma propriedade e, essencialmente, não se altera.
5. PESO ESPECÍFICO
• Não muito diferente do conceito de densidade/massa específica, o peso específico é simplesmente uma
relação direta entre o peso de fluido por unidade de volume.
𝑃𝑃 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝛾𝛾 = = = 𝜌𝜌𝜌𝜌
𝑉𝑉 𝑉𝑉
• Pode-se considerar como se nem fosse uma nova propriedade, dado que a única diferença é uma multiplicação
da massa específica pela aceleração da gravidade.
• Em alguns casos, pode ser pedido ou fornecido o peso específico em detrimento da densidade/massa
específica.
6. VISCOSIDADE CINEMÁTICA
• Em mecânica dos fluidos, a razão entre a viscosidade dinâmica (ou absoluta) 𝜇𝜇 e a massa específica 𝜌𝜌 surge
com frequência.
• Por esse motivo, não é raro trabalharmos com o que chamamos de viscosidade cinemática, representada
pelo símbolo 𝜈𝜈.
𝜇𝜇
𝜈𝜈 =
𝜌𝜌
𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘.𝑠𝑠
2. A viscosidade dinâmica de um óleo é 5 𝑥𝑥 10−4 e o peso específico
𝑚𝑚2
relativo é 0,82. Determinar a viscosidade cinemática do óleo no SI.
OBS.: kgf é a unidade chamada de quilograma-força. É uma alternativa à unidade newton (N).
1 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 = 9,81 𝑁𝑁
EXERCÍCIOS
OBS.: Stoke é uma unidade especial para viscosidade cinemática, homenagem ao matemático e
físico irlandês George Gabriel Stokes.
𝑐𝑐𝑚𝑚2 𝑚𝑚 2
1 𝑆𝑆𝑆𝑆 = 1 = 10−4
𝑠𝑠 𝑠𝑠
EXERCÍCIOS
∆𝐹𝐹
𝑝𝑝 =
∆𝐴𝐴
• Se considerarmos uma força uniforme Figura 17: (a) Um ambiente fechado, preenchido com um fluido
𝐹𝐹 em uma superfície plana de área 𝐴𝐴 , contendo um sensor de pressão; (b) Vista mais detalhada do
sensor de pressão. A pressão é medida pela posição relativa do
temos que pistão móvel do sensor.
𝐹𝐹
𝑝𝑝 =
𝐴𝐴
• A unidade de pressão no SI é newton por metro quadrado (N/m²), e muitas vezes aparece como pascal
(Pa), em homenagem ao cientista francês Blaise Pascal.
𝑁𝑁 𝑙𝑙𝑙𝑙
1 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = 1,01 𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏𝑏 = 1,01 . 105 = 1,01. 10 5
𝑃𝑃𝑃𝑃 = 760 𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 = 760 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = 14,7 = 14,7 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝
𝑚𝑚2 𝑖𝑖𝑛𝑛2
Figura 18: Faquir é o nome dado a um religioso muçulmano ou hindu que associa a religião a uma vida de
privações e práticas de sofrimento físico, sob a justificativa de buscar evolução espiritual. Na figura ao lado,
um faquir sentado sobre uma cama de pregos.
PRESSÃO E A CARGA DE PRESSÃO
• Será visto na próxima sessão que o conceito de pressão está intimamente relacionado com a quantidade de
fluido existente ou, por outra ótica, com o peso de fluido.
• Fazendo um raciocínio simplista, podemos pensar que, por exemplo, “pessoas mais altas são mais pesadas”;
então, em certa medida, o peso tem a ver com a altura.
• Então, para muitas aplicações em Engenharia, é comum expressar a pressão de certo fluido (no nosso caso,
quase sempre água), por uma altura de fluido.
𝑝𝑝
=ℎ
𝛾𝛾
PRESSÃO E A CARGA DE PRESSÃO
• A razão entre a pressão atuante em um dado ponto e o peso específico do fluido em questão é o que
chamamos de carga de pressão.
• Vendo de outra forma, a altura da coluna de líquido sobre determinado ponto é a carga de pressão atuante
naquele ponto.
9. É comum o motorista precisar fazer a calibração dos pneus de seu carro. Para
carros de passeio, uma pressão razoável é 28 psi. Suponha que você calibrou os pneus
do seu carro com essa pressão e, em seguida, pediu sua pressão sanguínea, obtendo uma
leitura de 120/80 em mmHg. Converta as duas pressões para kPa:
a) A pressão nos pneus do seu carro.
b) A sua pressão sanguínea.
8. HIDROSTÁTICA: TEOREMA DE STEVIN
𝐹𝐹1 = 𝑝𝑝1 𝐴𝐴
𝐹𝐹2 = 𝑝𝑝2 𝐴𝐴
𝑚𝑚 = 𝜌𝜌𝜌𝜌
𝑚𝑚𝑚𝑚 = 𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌𝜌
• Portanto, temos:
• Simplificando a equação:
Figura 19: Tanque de água aberto para a atmosfera, com um eixo y de
𝒑𝒑𝟐𝟐 = 𝒑𝒑𝟏𝟏 + 𝝆𝝆(𝒚𝒚𝟏𝟏 − 𝒚𝒚𝟐𝟐 )𝒈𝒈 referência. Ao centro, indicado por um retângulo tracejado, um cilindro
imaginário a partir do qual serão avaliadas as forças em questão.
𝒑𝒑 = 𝒑𝒑𝟎𝟎 + 𝝆𝝆𝒉𝒉𝒈𝒈
12. Para sugar um suco de densidade 1000 kg/m³ para cima, por um canudo de
altura 4 cm, qual a pressão manométrica mínima (em atm) que você deve produzir em
seus pulmões?
EXERCÍCIOS
Figura 25: Tubo de pasta de dente. Como a pasta sai pelo orifício principal?
9. PRINCÍPIO DE PASCAL
Figura 28: Qual é a explicação para você fazer um leve movimento no seu
pé direito e com isso conseguir parar um carro de uma tonelada em
poucos segundos?
Figura 27: Elevador hidráulico. Será que esse nome é à toa? Como um
carro tão pesado é erguido tão facilmente?
9. PRINCÍPIO DE PASCAL
• O princípio de Pascal foi enunciado com clareza em 1652 por Blaise Pascal.
• Àquela época ele disse “une variation de pression appliquée en un point dans
un fluide en milieu fermé est répartie uniformément dans toutes les
directions”. Quoi?
• Com isso, ele quis dizer que “uma variação de pressão aplicada em um ponto
de um fluido confinado é distribuída uniformemente em todas as direções”.
∆𝑝𝑝𝑖𝑖 = ∆𝑝𝑝0
𝐹𝐹𝑖𝑖 𝐹𝐹0
=
𝐴𝐴𝑖𝑖 𝐴𝐴0 Figura 29: Um arranjo hidráulico através do qual pode-se gerar um
aumento de força, através do princípio de Pascal.
𝐴𝐴0
𝐹𝐹0 = 𝐹𝐹
𝐴𝐴𝑖𝑖 𝑖𝑖
EXERCÍCIOS
• Perceba a importância do índice “f” acompanhando os parâmetros acima. Ele serve para indicar que estamos
falando da massa do fluido deslocado ou da densidade do fluido deslocado ou do volume do fluido
deslocado.
16. Três crianças, cada uma pesando 356 N, fazem uma jangada com toras de
madeira de 0,30 m de diâmetro e 1,80 m de comprimento. Quantas toras são
necessárias para mantê-las flutuando em água doce? (Dado: densidade relativa da
madeira = 0,8)
EXERCÍCIOS
pressão?
• Passos para o procedimento de medição:
• Pelo princípio dos vasos comunicantes, a pressão em dois pontos de mesma altura de um mesmo
fluido em repouso deve ser a mesma.
• Logo, a pressão no fundo do ramo esquerdo tem que ser igual à pressão no fundo do ramo direito;
então:
OBS.: Qualquer outra equação para esse sistema e sistemas semelhantes, nada mais é do que um
rearranjo algébrico.A base conceitual é sempre a mesma: teorema de stevin.
EXERCÍCIOS
20. Qual é a coluna de mercúrio (𝑆𝑆𝑆𝑆𝐻𝐻𝐻𝐻 = 13,6) equivalente a uma coluna de água
de 5 m?
EXERCÍCIOS
𝑁𝑁
Dados: 𝛾𝛾 = 27.000 ; 𝑎𝑎 = 100 𝑐𝑐𝑐𝑐; 𝑏𝑏 =
𝑚𝑚3
𝐴𝐴𝐻𝐻 1 𝑁𝑁
80 𝑐𝑐𝑐𝑐; = ; 𝛼𝛼 = 30°; 𝛾𝛾𝐻𝐻𝐻𝐻 = 136.000
𝐴𝐴1 2 𝑚𝑚3
• BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluidos. 2ª ed. São Paulo. Pearson Prentice Hall, 2008.
• FOX, Robert W.; PRITCHARD, Philip J.; MCDONALD, Alan T. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 7ª ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2012.
• HALLIDAY, D.; RESNICK, R.;WALKER, J. Fundamentos de física. 9.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. v. 2.