DOI: 10.

11606/9788580891638

Grupo de Pesquisa Estéticas da Memória no Século 21

coordenação de Giselle Beiguelman _ FAUUSP _ 2019
masp.etc.br
Universidade de São Paulo
Reitor_ Prof. Dr. Vahan Agopyan
Vice-reitor_ Prof. Dr. Antônio Carlos Hernandes

FAUUSP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Diretora_ Ana Lucia Duarte Lanna
Vice-diretor_ Eugenio Fernandes Queiroga

Projeto, Espaço e Cultura

Coordenadora_ Giselle Beiguelman

“É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e
autoria. Proibido qualquer uso para fins comerciais”
masp.etc.br
Masp.etc.br. / Grupo de Pesquisa Estéticas da
Memória no Século 21
coordenação Profa. Dra. Giselle Beiguelman
Textos: EMS 21 - Artur Cordeiro, Cássia
Hosni, Didiana Prata, Erica Ferrari, Giselle
Beiguelman, Giovanna Casimiro, Lucas
Bambozzi, Lucas Gervilla, Nathalia Lavigne
e Renato de Almeida Prado.
Imagens: EMS 21, oficineiros, coleta pela
hashtag #maspetcbr
Design gráfico e edição: Erica Ferrari
Preparação e apoio: Cássia Hosni
Desenho projetivo: Artur Cordeiro
Impressão: Seção Técnica de Produção
Editorial (LPG) - FAUUSP
Agradecimentos: à equipe MASP - Pedro
Andrada, Leonardo Matsuhei, Fabio Polido,
Clara Camargo - e aos participantes da Oficina.
USP - Universidade de São Paulo,
FAU - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.
São Paulo - SP - Brasil
_o projeto 13

_a av. paulista e o masp 23

_acrônimos masp
e título do projeto 37

_a oficina 47

_#maspetcbr: curadoria
por hashtags 57

_a projeção 67

_sobre o grupo estéticas

da memória do seculo 21 79

_english version 86

_ficha/créditos 95

2
 O projeto masp.etc.br foi realizado
pelo Grupo de Pesquisa Estéticas
da Memória no Século 21, a partir
de uma Oficina, feita a convite do
Masp, desenvolvida no contexto da
exposição Avenida Paulista, nos dias
6 e 7 de maio de 2017. Resultou em
uma projeção, no dia 11, no vão
livre do museu, aqui entendido como
um espaço simbólico: um campo
dos confrontos e encontros da nossa
história recente e que vai muito além
do Masp como instituição.
O desafio era propor algo que fosse
relacionado a intervenções urbanas
com projeções em grande escala,
nesse lugar em que todas as grandes

3
batalhas políticas, ideológicas,
afetivas, foram disputadas nas últimas
décadas. Nossa proposta foi realizar
uma criação multiautoral, coletiva
e polifônica. Uma ocupação do vão-
livre, com imagens projetadas no
teto, igualando todos os derivantes da
avenida pelo solo. Um cinema de todo
mundo, com todo mundo, para todo
mundo.

Para tanto, partimos de uma ampla

varredura da produção estética da
Paulista, incorporando registros,
áudio e vídeo, de seus performers,
ambulantes, artesãos, manifestantes,
monumentos, moradores de rua,
câmeras de vigilância etc. Durante
a Oficina, fizemos a captação de
imagens e criamos a indexação das
imagens que alimentaram a projeção.

No embate com a cidade e com

os territórios informacionais,
perguntamos: que narrativas podem
ser construídas a partir dos processos
de mapeamento orientado e das
filtragens de hashtags?

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 o projeto

Pensar o museu como um espaço

de constantes disputas narrativas,
propondo um diálogo com o território
onde está localizado e com o universo
colaborativo das redes sociais foi uma
das ideias iniciais do masp.etc.br,
que serviu como um laboratório para o
desenvolvimento de uma metodologia
utilizada hoje pelo grupo.

Desenvolvemos, nessa ocasião, a

ideia de um mapeamento estético
da avenida, misturando registros
de seus performers, ambulantes e
manifestantes a imagens do acervo

13
do museu. O registro do material
de fotos e vídeos foi produzido por
um grupo de aproximadamente 35
pessoas durante um fim de semana
e organizado por meio de uma tag
principal (#maspetcbr), que serviu
também como uma chamada coletiva
convidando usuários a postarem no
Instagram fotos do museu ou da
avenida e marcá-las com a mesma
palavra-chave. A partir desse
conjunto, fizemos uma seleção
durante a oficina e as imagens foram
projetadas no vão livre do museu,
em uma situação de cinema deitado
na qual quem passasse pela avenida
naquele momento era convidado a
assistir.
celular. Elas revelam, como afirma
o filósofo Jacques Rancière, os
embates da partilha do sensível, a
potência da vida do “qualquer um”,
do artista anônimo, do cidadão
participante do jogo estético das
redes e de novos modos de viver e
apreender a paisagem urbana. As
tensões territoriais e as disputas
políticas e artísticas são discutidas por
meio da linguagem poética e estão
representadas por meio desse projeto
audiovisual coletivo e polifônico.

A montagem deste material explorou

a potencialidade das construções
narrativas colaborativas a partir de
banco de dados, um dos objetivos
propostos pelo grupo. Essas imagens,
produzidas, mediadas e publicadas por
dispositivos móveis, mostram muito
além da estetização do cotidiano – e
do cidadão munido de uma câmera

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 a avenida
paulista e o
masp

Localizada a menos de cinco

quilômetros do centro de São Paulo
e com quase três quilômetros de
extensão, a Avenida Paulista
configura-se como um importante
centro econômico e cultural para
a cidade. No século 19, a via era
composta pelas residências dos barões
de café - um cenário que se modificou
gradativamente no século 20, quando
os casarões foram sendo demolidos,
deixando para trás a cidade com ares
provincianos e dando espaço a prédios
modernos e arranha-céus.

23
O Museu de Arte de São Paulo (MASP),
fundado em 1947 pelo mecenas Assis
Chateaubriand, é uma instituição
privada com um acervo de mais de
10 mil obras, abrigando a coleção
de arte europeia mais importante
do Hemisfério Sul. Localizado,
inicialmente, no Centro, o MASP foi
transferido para a Avenida Paulista em
1968, quando a instituição consolidou-
se no edifício atual, projetado pela
arquiteta Lina Bo Bardi. A arquitetura
do prédio é um marco do século 20
e o vão livre funciona como uma
praça a ser ocupada pela população,
abrigando diversas manifestações
culturais e políticas.
O vão livre foi instituído por
lei, assegurando sua vocação de
espaço público aberto e de mirante
que remonta à sua configuração
original. O talude onde hoje ele se
encontra começou a ser explorado
urbanisticamente com a escavação
do Túnel Nove de julho, cortando a
barreira natural e transpondo uma
via de ligação da cidade. Na sua
24
empena, o Belvedere Trianon tomou
forma como ponto de consolidação
da Av. Paulista em lugar nobre,
espaço de encontro e lazer da elite,
configurando-se como mirante aberto
para observação do córrego saracura
e das montanhas ao redor. Assim,
mesmo com a destruição do Belvedere
e a construção do edifício do MASP, o
espaço manteve a praça livre.
A Avenida Paulista possui intensa
movimentação de pessoas que não se
restringe apenas aos dias da semana.
Em junho de 2016, a Avenida passou
a ser fechada para os automóveis nos
domingos e feriados e configurou-
se como um lugar de lazer para os
pedestres, ciclistas, skatistas, etc.
Apelidada de Paulista Aberta, a
Avenida, ao longo de sua extensão,
acolhe apresentações artísticas,
pequenos shows, comércio, entre
outras atividades culturais.
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 acrônimos
masp e título
do projeto

Um dos principais conceitos do

projeto surge a partir da ideia de
pensar novos acrônimos para a palavra
MASP (Museu de Arte de São Paulo,
originalmente), reconstruindo o
significado do nome desta instituição
por meio de possibilidades infinitas
de combinações. Um acrônimo é
uma abreviatura, feita pela junção
de partes de outras palavras, que
tem pronúncia silábica. No universo
da cultura digital, os acrônimos são
usados para formar palavras que ainda
não existem. O acrônimo MASP é um
Museu-mundo da avenida Paulista e

37
de tudo aquilo que a avenida é para
além de seus limites geográficos.
Assim como “etc.br” acrescentado ao
título, tal proposta reforça a noção de
um museu inacabado em um processo
constante de elaboração, seja por
meio de seu acervo ou narrativas de
cada época incorporadas aos objetos
ali abrigados.
sobre a relação do Masp com a
Avenida Paulista no contexto atual,
tema trazido também pela exposição
homônima, a proposta era pensar em
outros “MASPs” possíveis e formas de
dialogar com tal espaço.

Seguindo uma lógica fluida e

colaborativa das redes, os acrônimos
foram criados pelo grupo e com
colaborações enviadas por uma
chamada aberta pelo Instagram,
a partir da pergunta “Qual o seu
Masp?.” Museu dos Artistas Sob
Passagem; Minha Arte Sem Palpite,
Museu dos Artistas Sem Pedágio;
Museu da Acrópole Sem Pessoas foram
algumas das dezenas de combinações
desenvolvidas coletivamente. Também
foi gravado um áudio com visitantes
pedindo para que lessem um dos
acrônimos reunidos na lista, utilizando
parte desse material na projeção
realizada sob o vão do museu.
Partindo ainda de um questionamento

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 a oficina

Realizada durante um fim de

semana, nos dias 6 e 7 de maio de
2017, a oficina contou com cerca
de 35 pessoas e foi dividida em
duas etapas. No primeiro dia, após
uma breve apresentação sobre a
proposta, os participantes saíram
para produzir imagens e vídeos
no entorno da Avenida Paulista ou
dentro do museu. Em um itinerário
mais ou menos definido, cada grupo
acompanhou um trecho da região,
enquanto um deles permaneceu no
espaço interno, fotografando obras
do acervo, detalhes da arquitetura

47
ou mesmo a própria rua vista pelas pastas específicas de cada grupo por
paredes de vidro. Naquele dia, o vão hashtags temáticas. Separados por
foi ocupado pela Marcha da Maconha, localidades diferentes no dia anterior,
o que acabou atraindo grande atenção os participantes debateram como
na cobertura e ganhando relevância foi a experiência e quais seriam as
no banco de imagens (fotos e vídeos) melhores hashtags para cada seleção:
produzidos por dispositivos móveis. #maspmuseu, #artistas_paulista,
#vaolivre, entre outras. Neste dia
O objetivo era provocar a apreensão também foi discutido qual o modo
estética do caminhante, subjetivar mais interessante para a edição que
a leitura da paisagem urbana e, por viria a ser apresentada na projeção
fim, produzir imagens representativas noturna.
dessa experiência. A partir do
mapeamento das manifestações
estéticas cotidianas da Avenida,
pretendeu-se debater a produção
contemporânea de imagens em
meios digitais, levando-se em
conta os conceitos de apropriação/
edição, categorização/tagueamento/
taxonomia e fluxo/circulação, no
contexto de produção de linguagem e
criação artística.

_edição de imagens em grupo

O segundo dia da oficina envolveu
coleta de fotos e vídeos captados
pelos participantes e organização em

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 #maspetcbr:
curadoria por
hashtag

A forma como o material foi

organizado é outra etapa fundamental
do projeto, definindo também a
metodologia adotada pelo grupo.
Todas as imagens compartilhadas
vinham acompanhadas de uma hashtag
principal (#maspetcbr) e outras
criadas por subdivisões temáticas
(#artistas_paulista,
#manifestacaopaulista, #maspmuseu,
#paulistaaberta, #vaolivre). Além
disso, as tags serviram ainda para
mapear no Instagram fotos produzidas
anteriormente que pudessem ser
incluídas nesses grupos e no banco de

57
dados principal do #maspetcbr. leitura do que pode ser entendido pela
Um recorte da interface do Instagram noção de museu.
em uma busca por essa hashtag
revela aproximações interessantes O resultado da Oficina, os links
para pensar nas confluências entre o para as fotos e vídeos produzidos,
espaço do museu e da Avenida. Fotos e o documentário do projeto estão
do acervo do museu são vistas ao disponíveis em www.masp.etc.br
lado de manifestações artísticas das
mais diversas categorias; imagens de
protesto; vendedores ambulantes;
ciclistas; detalhes de prédios ou sinais
de trânsito.

Assim como a lógica de um museu

sem fim (etc.br) sugere a ideia de
um processo contínuo na definição
desse espaço, a curadoria por meio de
hashtags também acontece como um
processo permanente. Embora haja
um critério seletivo - imagens feitas
no perímetro da Avenida ou no museu
- não havia outro limite possível: nem
de quantidade nem de como cada
um entende suas representações. A
curadoria colaborativa por hashtags
se dá pelo excesso e pela miscelânea
- quase uma anti-curadoria, na
realidade - ampliando ao máximo a

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 a projeção

A oficina masp.etc.br envolveu

processos integradas entre todos
os envolvidos, aproximando os
condutores/proponentes dos
participantes inscritos, em
processos tanto conceituais como
técnicos. Sendo uma atividade que
priorizou o entendimento das várias
características da Avenida Paulista,
o uso de elementos classificatórios
foi mesmo decisivo para que pontos
de vista distintos pudessem confluir
no próprio Instagram como uma
plataforma unificadora por hashtags.
A forma mais direta de se definir

67
hashtags é compará-las à gavetas para
organização de materiais avulsos. Foi
nesse momento ainda alheio à escolha
de um sistema de edição que se
iniciou a montagem do material.
Após os dois dias de oficina, foi
feito o download de mais de 800
fotografias, cerca de 150 vídeos e
algumas horas de áudio. A lista de
acrônimos criados pelos participantes
chegou a 60 possibilidades diferentes.
Depois de assistir a todo o material,
escolhemos alguns acrônimos da lista
e começamos a separar os vídeos de
acordo com os temas.
Tendo a projeção em mente,
pensamos que o conjunto de fotos
e vídeos de cada hashtag deveria
ser transformado em um vídeo
associado aos vários acrônimos, em
uma duração que não ultrapassasse
cerca de três minutos, de forma
a compor uma espécie de playlist
diversificada. Isso refletiria os
hastags utilizados pelos usuários mas
também explicitariam o conceito
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inerente à ideia dos acrônimos, que
promovem uma forma de apropriação
de ideias, ressignificando motivações
originais - no caso, atribuídas a um
conjunto de imagens. Outras questões
surgiram nesse processo, associadas
à migração entre meios. Como o
objetivo era realizar uma projeção
de grande escala, no teto do Masp
a partir do vão livre, houve uma
atenção particular em preservar a
qualidade e inteligibilidade tanto das
imagens quanto do áudio original.
Em alguns poucos casos, onde o
som direto estava com a qualidade
comprometida, muito indefinido
ou de difícil compreensão, foi feita
uma substituição por áudios de igual
teor, a partir de sons captados pelos
participantes.
Ao longo do processo, procuramos
interferir o mínimo possível nas
imagens gravadas pelos participantes.
Efetivamente, o que ocorreu foi um
trabalho de montagem (de compor
no sentido de “pôr junto”) do que de
edição ou manipulação de imagens.
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De forma análoga, a ideia de
composição por atratores de
similaridade, ou afinidade estética
(e de hashtags), foi aplicada às
fotografias: atribuindo uma duração a
cada imagem, criamos sequências de
slide-show, que foram sonorizadas e
convertidas em sequências de vídeo,
com distintas atribuições de ritmo,
cores, lugares, ações dos personagens,
composição estética, etc.
_exibição audiovisual/cinema
deitado
A preparação para a projeção
seguiu uma lógica similar à da
montagem: finalizamos cerca de
catorze sequências avulsas, em
consonância com os acrônimos, com
cerca de três minutos cada - além
de cerca de cinco sequências curtas
na forma de vinhetas, animações
de títulos, intertítulos e acrônimos
para serem acionadas em momentos
distintos da projeção, conforme a
conveniência ou necessidade. Assim,
ao invés de buscarmos uma edição
72
final com começo, meio e fim, que
leva quase que necessariamente à
elaboração de um discurso ideológico
mais cristalizado, optamos por criar
uma playlist utilizando o software
Modul8. Obedecendo uma coerência
interna, as sequências poderiam ser
encadeadas de forma a compor uma
ordenação passível de mudanças no
contexto da exibição, permitindo
refletir possíveis acontecimentos ainda
durante o ato da projeção. Assim
como o projeto produziu provocações
acerca da rigidez das museologias,
ao apontar dinâmicas que escapam
às categorizações da arte, o próprio
processo do vídeo de alguma forma
pontuou que não se fazia necessário
incorrer num discurso estanque,
não há a ‘moral da história’, não há
conclusões definitivas, mas várias
possibilidades.
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 sobre o grupo
estéticas da
memória do
século 21

O grupo de pesquisa CNPq/FAUUSP

Estéticas da Memória no Século 21
desenvolve projetos de curadoria,
intervenções artísticas e pesquisas
que investigam as estéticas da
memória na contemporaneidade.
Entre os temas de interesse estão
a produção (social, biopolítica e
técnica) do esquecimento no espaço
urbano e no espaço informacional;
a obsolescência tecnológica, ruínas
urbanas e glitch; as estéticas dos
bancos de dados; as noções de
contramonumentos e monumentos
horizontais; museus de arte mídia e

79
arte e arquivo; os impactos da cultura
digital na memória; tecnologias
aplicadas à educação patrimonial
e museus (Realidade Aumentada,
Realidade Virtual e impressão digital),
entre outros.
Os membros do grupo participam com
regularidade de congressos, seminários
e eventos científicos no Brasil e no
exterior. Atuam conjuntamente em
exposições, publicações em livros,
revistas e web sites como artistas,
curadores, designers e arquitetos.
Além disso, atuam mantém páginas
em redes sociais relacionadas aos seus
projetos.
Grupo Estéticas da Memória no
Século 21 - coordenação Profa. Dra.
Giselle Beiguelman - Integrantes: Ana
Ottoni, Andre Deak, Artur Cordeiro,
Cássia Hosni, Didiana Prata, Erica
Ferrari, Giovanna Casimiro, Lucas
Bambozzi, Lucas Gervilla, Nathalia
Lavigne, Renato de Almeida Prado,
Rodrigo Terra.
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Participaram das oficinas do masp.
etc.br e atuaram na produção de
imagens:
Adriana Mancini, Alice Jardim, André
Luiz Silveira Moura, Beatriz Pereira
Simões, Cristiano Ferreira, Diego
Ramos Barbosa, Eduarda Rodrigues,
Gustavo Balducci, Janice Colino,
Jaques Faing e João Pedro Nogueira,
Lígia Gimenes, Paschoal, Lívia Gianini
Victoria, Lucas Gaspar, Luciana Regina
de Aguiar, Manuela Pereira Barretto S.
Lourenço, Pedro Henrique Fernandes
Ramos Renato Furquim Vry, Ricardo
Augusto da Costa Severino, Ricardo
Coelho Almeida, Rose Steimentz,
Tatiana Tosi, Tiago Rodrigues Faustino,
Vidal Madria Guitar, Tiago Rodrigues
Faustino, Vidal Madria Guitar.
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The project masp.etc.br was realized by
Grupo de Pesquisa Estéticas da Memória no
Século 21 [“The Research Group Aesthetic
of Memory in the 21st Century”] based on a
workshop held on invitation from Masp (Museu
de Arte de São Paulo, Museum of Art of São
Paulo) and developed in the context of the
exhibition Avenida Paulista on May 6th and
7th, 2017. It gave way to a projection on the
11th in the famous museum void, understood
here as a symbolic space: the venue for the
confrontations and gatherings of our recent
history and which goes way beyond Masp as
an institution. The challenge was to propose
something related to urban interventions with
large-scale projections in the place where
all the great political, ideological, affective
and emotional battles were fought in recent
decades. Our proposal was to realize a
collective, polyphonic creation with multiple
authors. An occupation of the open space with
images projected on the ceiling, evening out
all the avenue’s outgrowths at street level.
A movie for everyone, with everyone, for
everyone.
As such, we embarked on a thorough scan of
Paulista’s aesthetic production, incorporating
audio and video recordings of the avenue’s
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performers, street vendors, artisans,
demonstrators, monuments, homeless people,
security cameras, etc. During the Workshop,
we recorded images and indexed the images
that would fuel the projection.
In the clash between the city and the
informational territories, we asked: what
narratives can be constructed out of processes
of directed surveying and a filtering of
hashtags?
__________________
Seeing the museum as a space of constant
narrative disputes, proposing a dialogue with
the territory in which it’s located and the
collaborative world of social media was one of
the initial ideas of masp.etc.br, which served
as a laboratory for the development of a
methodology that is used by the group today.
On that occasion, we developed an aesthetic
survey of the avenue, blending registers of its
performers, street vendors and demonstrators
with images of the museum’s collection.
The recorded photo and video material was
produced by a group of approximately 35
people over the duration of one weekend and
organized by a main hashtag (#maspetcbr),
which also served as a collective call that
invited users to post photos of the museum or
the avenue on Instagram and mark them with
the same keyword. Of this set, we made a
selection during the workshop and the images
were projected in the open space underneath
the museum like a horizontal movie screen
which anyone walking by on the avenue at that
moment was invited to watch.
The assembly of this material explored
the potentiality of collaborative narrative
constructions from databases, one of the
objectives proposed by the group. These
images, produced, mediated and published
by mobile devices, demonstrate much more
than the aestheticization of the everyday
– and the citizen armed with a smartphone
camera. They reveal, as philosopher Jacques
Rancière affirms, the conflicts in redistribute
the sensible, the potential of the everyday of
the aesthetics, of the anonymous artist, of the
citizen participant in the interplay of social
networks and new ways of living and learning
the urban landscape. Territorial tensions and
the political and artistic disputes are discussed
in poetic language and represented through
this collective and polyphonic project.
__________________
Located less than five kilometers from São
Paulo City Center and just under three
87
kilometers in length, Avenida Paulista stands as
an important economic and cultural center for
the city. In the 19th century, the thoroughfare
was lined with the homes of coffee barons – a
scenario which changed gradually throughout
the 20th century, when the mansions were
demolished, leaving behind the city with
provincial airs and making room for modern
buildings and skyscrapers.
Founded in 1947 by art patron Assis
Chateaubriand, the Museum of Art of São
Paulo (Masp) is a private institution that
owns over 10,000 works, housing the most
important collection of European art in the
southern hemisphere. Originally located in
the City Center, MASP was transferred to
Avenida Paulista in 1968 when the institution
was consolidated in its current headquarters,
designed by architect Lina Bo Bardi. The
building’s architecture is a 20th century
milestone and the open space beneath it, its
internationally known void, functions as a
city square to be occupied by the population,
hosting numerous cultural and political
manifestations.
The open space was instituted by law,
assuring its vocation as an outdoor public
space and overlook which harks back to its
original configuration. The slope upon which
it stands today began to be explored in the
sense of urban planning with excavation of
the Nove de Julho Tunnel, cutting through
the natural barrier and transposing one of the
city’s connecting roadways. With its gables,
the Trianon Belvedere played a role in Av.
Paulista’s consolidation as a grand place, a
space of encounter and leisure for the elite,
establishing itself as an outdoor overlook
for observing the Saracura River and the
surrounding mountains. As such, even with
the destruction of the Belvedere and the
construction of the Masp building, the space
retains the city square area.
Avenida Paulista is a place with intense
circulation, not limited to just weekdays. In
June of 2016, the avenue began to be closed
off to automobiles on Sundays and holidays,
turning into a place of leisure for pedestrians,
cyclists, skateboarders, etc. Nicknamed
Paulista Aberta [literally “Open Paulista”],
the entire avenue, from one end to the other,
hosts artistic performances, small concerts,
commerce and other cultural activities.
__________________
One of the project’s main concepts comes
88
from the idea of thinking of new acronyms for
the word Masp (originally Museum of Art of
São Paulo), reconstructing the meaning of the
name of this institution through the infinite
possible combinations. An acronym is an
abbreviation comprised of the amalgamation
of parts of other words, which has a syllabic
pronunciation. In the world of digital culture,
acronyms are used to form words that don’t
yet exist. The acronym Masp is a museum-
world of Avenida Paulista and of all that the
avenue is, beyond its geographical limits.
Much like the “etc.br” added to the title, this
proposal reinforces the notion of an unfinished
museum in a process of constant development,
whether through its collection or the narratives
of each era incorporated in the objects stored
there.
Following the fluid and collaborative logic
of social media, acronyms were created by
the group and through collaborations sent
through an open call issued on Instagram,
based on the question, “What’s your Masp?”
Museu dos Artistas Sob Passagem [“Museum
of Artists Simply in Passage”] Minha Arte Sem
Palpite [“My Art Sans Premonition”], Museu dos
Artistas Sem Pedágio [“Museum of Artists Sans
Payment”] and Museu da Acrópole Sem Pessoas
[“Museum of the Acropolis Sans People”]
are a few of the dozens of the combinations
developed collectively. Recordings were also
made of visitors asking people to read one
of the acronyms on the list and some of this
material was utilized in the projection realized
in the the museum void. By also questioning
Masp’s relationship with Avenida Paulista
in the context of the present day, a theme
additionally addressed in the exhibition of the
same name, the proposal was to think of other
possible “MAsps” and ways of dialoging with
this space.
__________________
Realized over the course of a weekend, on
May 6th and 7th, 2017, the workshop included
the participation of about 35 people and was
divided into two phases. On the first day,
after a brief presentation on the proposal,
participants went out to produce images and
videos in the vicinity of Avenida Paulista or
inside the museum. Following a loosely defined
itinerary, each group accompanied a section of
the region, while one of them remained in the
indoor space, taking photos of the works in the
collection, details of the architecture or the
street itself viewed through the glass walls.
On that day, the open space was occupied
89
by the March for Marijuana, which ended up
attracting a lot of attention in the coverage
and taking on importance in the image bank
(photos and videos) produced by mobile
devices.
The objective was to provoke the aesthetic
apprehension of the pedestrian, render
subjective the reading of the urban landscape
and produce images that are representative
of this experience. Based on a survey of the
everyday aesthetic experience on the avenue,
the intent was to address the contemporary
production of images in digital media, taking
into account concepts of appropriation/
editing, categorization/hashtagging/taxonomy
and flow/circulation in the context of the
production of artistic language and creation.
_image editing in group
The second day of the workshop involved the
collection of photos and videos recorded by the
participants and their organization into specific
files for each group according to thematic
hashtags. Separated by different locales on
the previous day, the participants discussed
their sense of the experience and debated
which hashtags were best for each selection:
#maspmuseu [literally #maspmuseum],
#artistas_paulista [#artists_paulista], #vaolivre
[#openspace], among others. On this day it was
discussed which method was more interesting
for the edition that would be presented in the
projection that night.
__________________
The way in which the material was
organized is another fundamental stage in
the project, also defining the methodology
adopted by the group. All the images
shared were accompanied by a principal
hashtag (#maspetcbr) and others created by
thematic subdivisions (#artistas_paulista,
#manifestacaopaulista, #maspmuseu,
#paulistaaberta, #vaolivre) [#artists_paulista,
#demonstrationpaulista, #maspmuseum,
#openpaulista, #openspace]. Furthermore, the
tags also served to chart previously produced
photos on Instagram that could be included
in these groups and in the main #maspetcbr
database.
A sample of the Instagram interface in a
search for this hashtag reveals interesting
approximations for considering the confluences
between the space of the museum and that of
the avenue. Photos of the museum’s collection
are viewed alongside artistic manifestations
in the most diverse categories-- images of
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protest, street vendors, cyclists, details of
buildings and traffic lights.
Just as the logic of a museum with no end (etc.
br) suggests the idea of a continuous process
in defining this space, curatorship via hashtags
is also conducted as a permanent process.
Though there is selective criteria - images
created in the perimeter of the avenue or
the museum – there were no other possible
limits: not on quantity, nor on how each
one understands their representations. The
collaborative curatorship via hashtags accounts
for the excess and the miscellany – almost
an anti-curatorship in reality – expanding as
much as possible the reading of what can be
understood by the notion of museum.
The Workshop results, the links to the
photos and videos produced, and the project
documentary are available: www.masp.etc.br
__________________
The workshop masp.etc.br involved processes
integrated among all those involved,
approximating the conductors/proponents
of the registered participants in processes
that are as conceptual as they are technical.
Being an activity that placed priority on
understanding the various characteristics
of Avenida Paulista, the use of qualifying
elements was truly decisive so that distinct
points of view are able to converge on
Instagram as a unifying platform for hashtags.
The most direct way to define hashtags
is by comparing them to drawers for the
organization of separate materials. It was at
this moment, still uninvolved in the selection
of an editing system, that the assembly of the
material began.
After the two-day workshop, over 800
photos, roughly 150 videos and hours of audio
recordings were downloaded. The list of
acronyms created by participants numbered
60 different possibilities. After viewing all the
material, we choose a few acronyms from the
list and began separating videos according
to the themes. With the projection in mind,
we thought that the set of photos and videos
for each hashtag should be transformed into
a video associated with the various acronyms
with a duration of no longer than around three
minutes, so as to compose a kind of diversified
playlist. This is to reflect the hashtags
utilized by users but also to make explicit the
concept inherent in the idea of the acronyms,
promoting a form of appropriating ideas,
reassigning meaning to original motivations – in
this case, attributed to a set of images. Other
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issues emerged in this process, associated
with the migration between mediums. Since
the objective was to realize a large-scale
projection on the ceiling above the empty void
of the Museum. Particular attention was paid
to preserving the quality and intelligibility
both of the images as well as the original
audio recordings. In a few rare cases, when
the direct sound was of compromised quality,
largely undefined or difficult to understand,
they were substituted by audios of identical
content based on the sounds captured by the
participants.
All throughout the process, we sought to
interfere as little as possible in the images
recorded by participants. Effectively, what
took place was more a work of assembly (of
composing in the sense of “placing together”)
than one of editing or manipulating images.
In the same way, the idea of composition
through attractors of similarity or aesthetic
affinity (and hashtags) was applied to the
photos: attributing a duration to each image,
we created slideshow sequences which
were set to sound and converted into video
sequences with distinct attributions of rhythm,
color, places, actions of characters, aesthetic
composition, etc.
_audiovisual exhibition/horizontal movie
The preparation for the projection followed
a logic akin to that of the assembly: we
finalized about 14 individual sequences
in accordance with the acronyms, each
roughly three minutes long – in addition to
around five short sequences in the form of
vignettes, animations of titles, inter-titles
and acronyms to be activated at distinct
moments of the projection, according to
convenience or necessity. So rather than going
for a final edit with a beginning, middle and
end, which almost always necessarily leads
to the development of a more crystalized
ideological discourse, we opted to create a
playlist utilizing Modul8 software. Obeying
an internal coherence, the sequences could
be linked together in order to compose an
adequate ordering of changes in the context of
the exhibition, allowing to reflect on possible
occurrences also during the act of projection.
Just as the project produced provocations
regarding the rigidity of museologies,
by pointing to dynamics that escape the
categorizations of art, the actual process of
the video pointed out, to a certain extent,
that there was no need to fall into a stagnant
discourse. There is no ‘moral of the story.’
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There are no definitive conclusions, but there
are various possibilities.
__________________
The Research Group Estéticas da Memória no
Século 21 [“Aesthetics of Memory in the 21st
Century”] develops projects of curatorship,
art interventions and research that investigate
the aesthetics of memory in the contemporary
world. Among their themes of interest are the
(social, biopolitical and technical) production
of forgetting in urban space and informational
space, technological obsolescence, urban
ruins and glitch, the database aesthetics,
notions of counter-monuments and horizontal
monuments, museums of media art and
archives, the impacts of digital culture on
memory, technologies applied to patrimonial
education and museums (Augmented Reality,
Virtual Reality and digital fabrication), among
others.
The group’s members regularly participate in
conferences, seminars and scientific events
in Brazil and abroad. They work together on
exhibitions, publications in books, magazines
and websites as artists, curators, designers and
architects. In addition, they maintain pages on
social media that are related to their projects.
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- 2019

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