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Organizadora
em Perspectiva
Equipe Editorial
Idioma
Português
Inclui bibliografia
ISBN: 978-65-89967-51-4
CDD 370.1523
Os trabalhos publicados foram submetidos a revisão e avaliação por pares (duplo cego), com
CNPJ: 39.865.437/0001-23
espaço de orientação dos alunos para que pudessem concluir o referido curso com sucesso.
Esse é um trabalho composto por 22 alunos que expõem suas ideias sobre temas variados
da, no curso de pós-graduação em Metodologias Ativas da Universidade Federal do Vale do São Fran-
cisco – UNIVASF. O relato contribuiu com a discussão, a troca e a proposição de ideias relacionados
ência utilizando a metodologia ativa de aprendizagem na sala de aula invertida ou flipped classroom
na educação básica, na disciplina de História com turmas dos 9º anos do Ensino Fundamental num
colégio da rede estadual da Bahia, em Juazeiro, tendo como objetivo promover um ensino de História
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A contribuição das metodologias
método ativo de ensino- aprendizagem sala de aula invertida atrelado à outras metodologias ativas,
Alex de Oliveira Silva e Marcos Vinícius Araújo da Silva, escreveram sobre OS DESA-
ENSINO SUPERIOR, onde objetivou analisar as percepções de alunos e professores a respeito dos
no ensino superior.
Ana Flávia Ferreira de Brito Oliveira, fez sua pesquisa sobre A COORDENAÇÃO PE-
metodologias ativas, objetivando discutir como a coordenação pedagógica pode consolidar a forma-
ção continuada de professores mediadas pelas metodologias ativas. Foram discutidas as potenciali-
dades das metodologias ativas na formação docente, observando como estas podem reverberar em
Ana Lívia Almeida Silva e Jaina de Souza Ribeiro, fizeram um artigo sobre ALFABE-
TIZAÇÃO E LETRAMENTO: como a gamificação pode tornar esse processo divertido e desejado?
Assim, pretendeu-se com esse estudo, demostrar que a gamificação em sala de alfabetização é uma
ção. A lógica dos games, numa intencionalidade pedagógica, promove o engajamento dos alunos e a
Andréa Nascimento Costa, fez sua pesquisa focando A FORMAÇÃO DE LEITORES AU-
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A contribuição das metodologias
onde objetivou analisar a leitura como instrumento de formação do sujeito crítico, fazendo-se neces-
sário identificar a importância dos textos no desenvolvimento da leitura, observando os fatores que
Andréa Nilma dos Santos e Simone Amestoy, organizaram um artigo sobre APRENDI-
ano do ensino fundamental. Adotou-se a sala de aula invertida como metodologia ativa para mediar as
atividades que foram desenvolvidas em diversos espaços na escola e no domicílio com o engajamento
dos pais, concluindo-se que os caminhos para alcançar aprendizagens significativas são desafiadores,
sobretudo diante do cenário pandêmico, que gerou prejuízos à alfabetização das crianças.
Antonio Marcos de Almeida Ribeiro e Ana Karen Albuquerque Soares de Lima, abor-
dologia da Problematização e o Arco de Maguerez são considerados como metodologias ativas com
proposta de uma educação colaborativa. Esse artigo teve como objetivo divulgar resultados de pes-
de ensino e aprendizagem em Ciências Humanas, onde os resultados mostram pouca inserção dessas
acentuado em cursos universitários especificamente nas Ciências da Saúde, sendo necessário essa
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A contribuição das metodologias
e o Arco de Maguerez.
metodologias ativas em espaços não formais de ensino e aprendizagem. Um exemplo disso são as ati-
vidades coletivas e atendimentos individuais realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS),
que podem ser vistos como espaços formativos para os sujeitos que ali vivenciam experiências peda-
por objetivo identificar e analisar as possíveis contribuições das metodologias ativas no processo de
formação continuada do professor. Os resultados apontaram que as metodologias ativas quando bem
implementadas nos espaços de formação, de forma relevante, mostram resultados positivos e contri-
Carlos Antônio Ferreira da Silva Barros e Jordão da Silva, escreveram sobre A FORMA-
Esse artigo apresenta os resultados de um estudo que teve como objetivo verificar a implementação
das metodologias ativas na formação de professores como ferramentas que contribuem com o proces-
REMOTO: um relato de experiência, tratando-se de um trabalho que tem como objetivo principal
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A contribuição das metodologias
lizadas no ensino remoto emergencial voltado ao atendimento de estudantes com necessidades espe-
portfólio reflexivo como uma proposta de ensino, aprendizagem e avaliação do processo educacional
na perspectiva das metodologias ativas. O trabalho teve como objetivo apresentar uma experiência
Instagram como suporte. A experiência apontou a eficácia do portfólio enquanto estratégia ativa de
literatura, de que forma as metodologias ativas com apoio da tecnologia contribuiu ou viabilizou o
dagem bibliográfica foi desenvolvido a partir da leitura reflexiva de artigos científicos acerca das
LOGIAS: um caminho pedagógico para o desenvolvimento cognitivo de crianças nos anos iniciais.
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A contribuição das metodologias
Objetivou analisar como as metodologias ativas aliadas à tecnologia nas séries iniciais podem contri-
buir para uma aprendizagem mais significativa, autônoma e crítica, bem como para o desenvolvimen-
PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, onde foi possível apontar que uma das conquistas mais
Afro- brasileira” no currículo oficial de todas as redes de ensino do pais, posteriormente alterada
pela Lei Nº 11.645, de 10 de março de 2008 que acrescenta no currículo oficial das redes de ensino
a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. A lei diz que os con-
teúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena deverão ser ministrados na esfera
de todo o currículo escolar. Em relação ao currículo de Ciências da Natureza, o estudo mostra que
muitos professores da área não aderiram a proposta estabelecida, por vários fatores, alguns alegam
a falta de formação adequada para relacionar os conteúdos com o tema em questão; outros sentem
falta de materiais didáticos adequados para auxiliar no desenvolvimento dos trabalhos. A partir des-
ses apontamentos percebeu-se que é notória a necessidade de proporcionar meios para que a Lei em
questão seja efetivada. Essa pesquisa foi pensada a partir da realidade vivida pela pesquisadora, que
atua como professora de Ciências da Educação Básica no município de Amélia Rodrigues – BA, onde
trata da Lei Nº 11.645. A autora aponta no seu artigo algumas sugestões de atividades com o uso das
Fernando Antônio de Andrade Morais e João Paulo Tavares, escreveram sobre METO-
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A contribuição das metodologias
metodologias ativas e a aprendizagem criativa no contexto escolar. Essa socialização com trocas de
ideias contribui para o ato de ensinar e aprender, pois esse diálogo na construção do conhecimento
e possibilidades, onde diz que os materiais disponíveis na internet com uso de jogos adaptados ao
ensino de química permitem reforçar os conceitos científicos básicos ministrados de maneira clara e
objetiva nas aulas dessa disciplina no ensino médio, possibilitando a atratividade dessa área do co-
nhecimento.
pectivas e entraves aplicados à sala de aula, onde buscaram descrever os embates na aplicação e
em sala de aula a fim de trazê-la como aliada ao processo de ensino-aprendizagem na escola de modo
geral.
EM SAÚDE: Diálogos, construção de saberes e inovação, onde através de uma revisão narrativa,
objetivou entender como tais metodologias têm sido inseridas em práticas de educação em saúde,
igualmente, entender como o diálogo entre as duas podem possibilitar interfaces, caminhos e saberes,
com temáticas diversas em ações desenvolvidas por profissionais da psicologia e outros, com públicos
e cenários diversos, pois as metodologias ativas como ferramentas, podem dialogar com outros cená-
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A contribuição das metodologias
Rosangela Alves Mota Coutinho, abordou o tema METODOLOGIAS ATIVAS NAS SÉ-
possíveis, onde as metodologias ativas se apresentam como uma possibilidade interventiva que per-
mite um diálogo com a educação de jovens e adultos. Essa pesquisa reflete as contribuições das meto-
dologias ativas nesse nível de ensino, permitindo dialogar em torno da ressignificação das práticas na
educação de jovens e adultos por meio da análise das potencialidades das metodologias ativas nesse
segmento educativo.
foi a resolução de questões de análise de gráficos e estatística do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem). O trabalho teve por objetivo analisar o uso do portfólio como instrumento de reflexão, avalia-
Valdete Paiva Lemos Silva e Samira Lopes Alves Pinto, colaboraram com o artigo: A IN-
onde analisam a integração da biblioteca escolar nas práticas das metodologias ativas a partir da
questão que orientou a investigação: Como a biblioteca escolar pode favorecer às práticas das meto-
dologias ativas para a construção do conhecimento no contexto escolar? Dessa forma, os resultados
apontaram que a biblioteca escolar pode viabilizar as práticas das metodologias ativas, potencializan-
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A contribuição das metodologias
Portanto, esse e-book é construído de trabalhos que demonstram muita competência, tornan-
do-se uma ferramenta importante de pesquisa para estudiosos que necessitem de teorias e práticas
nal
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Sumário de capítulos
SUMÁRIO
DISCIPLINA SALA DE AULA INVERTIDA – VIVÊNCIAS, PRÁTICAS E CONS-
TRUÇÕES
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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Apresentação
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A contribuição das metodologias
É sempre uma grande alegria e uma grande responsabilidade apresentar um novo livro, seus
autores e sua temática. Alegria grande, pois, sabemos que um livro se eternizará – ainda que seja no
formato digital – “ele viverá para sempre” – ele trará um impacto na vida de quem o ler, aperfeiço-
ando sua escrita, sua visão de mundo, e nesse caso bem específico, sua prática pedagógica/didática.
A responsabilidade de quem o apresenta é grande, pois corre o risco de se estar implicado em sua
produção – ainda que indiretamente – e de conhecer grande parte de seus autores e, quem sabe, não
gem”, é uma dessas obras que não só trará grandes contribuições, mas, também irá impactar a práxis
docente de qualquer uma das modalidades de ensino, seja fundamental, médio ou superior.
Poderíamos dizer, sem sombras de dúvidas, que o e-book aborda com precisão todos os
temas emergentes ligados às Metodologias Ativas: seu uso no ensino de ciências, saúde, história, rela-
sala de aula invertida; aplicação em sala de aula com alunos especiais; uso da biblioteca (intervenção
e formação de leitores); portifólio, entre tantos outros temas que são abordados, ora com uma aborda-
gem mais teórica, ora com uma abordagem mais prática e aplicada.
Por fim, ao terminar a apresentação dessa obra, gostaria de agradecer à Professora Dra. Zélia
Maria Melo de Lima Santos, coordenadora da disciplina de TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
Vale do São Francisco – UNIVASF – entre 2020 (final) e começo de 2022 – pela sua capacidade de
organização e condução dos trabalhos. Sem ela, sem seu esforço, muitos desses trabalhos não teriam
sido realizados e publicados. Um agradecimento especial também a todos os autores, autoras, orien-
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A contribuição das metodologias
tadores e orientadoras e todos e todas, que de maneira direta ou indireta fizeram esse livro se tornar
realidade! Que possa de fato, contribuir para a melhoria de nossas práticas pedagógicas enquanto
Viva a Ciência! Viva a Educação! Viva Paulo Freire cujo centenário de nascimento comemo-
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Capítulo
1 DISCIPLINA SALA DE AULA INVERTI-
TRUÇÕES
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DISCIPLINA SALA DE AULA INVERTIDA – VIVÊNCIAS, PRÁTICAS E
CONSTRUÇÕES
Resumo: A temática da pesquisa refere-se à Sala de Aula Invertida, para Bergmann e Sams (2018,
p.85), as salas de aula se transformam em “laboratórios de educação onde os alunos assumem res-
ponsabilidade pela própria aprendizagem.” A pesquisa teve como objetivo de expor as experiências
Invertida, no curso de Pós Gra- duação em Metodologias Ativas, fornecido pela Universidade Federal
do Vale do São Francisco – UNIVASF. Espera-se que o relato aqui exposto possa contribuir com a
de Aula Invertida.
Abstract: The theme of the research refers to the Inverted Classroom, for Bergmann and Sams (2018,
p.85), classrooms become “education laboratories where students take res- ponsibility for their own
learning”. The research aimed to expose the learning experi - ences built during the activities develo-
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A contribuição das metodologias
ped in the Inverted Classroom discipline, in the Postgraduate Course in Active Methodologies, taught
by the Federal University of São Francisco Valley - UNIVASF. It is hoped that the report presented
here can con- tribute to the discussion, the exchange and the proposition of ideas related to the use of
INTRODUÇÃO
experiência humana dentro da coletividade social. Essa nova sociedade passa a exigir um indivíduo
ativo e preparado para o desafio de protagonizar e não apenas existir. Junto com esse novo ser, que se
prepara para uma realidade caracterizada pela fluidez e imprevisibilidade, definida como socieda-
de líquida (DIESEL, BALDEZ, MARTINS, 2017), faz-se necessário a presença de profissionais pre-
dispostos a serem parceiros do processo aprendizagem e não apenas apresentadores dos conteúdos.
Emerge então necessidade de uma abordagem metodológica, dentro das escolas, que prepare
os indivíduos para o desafio da autonomia frente ao mundo. Para atender essa demanda, os estudos
que orientam para a aprendizagem ativa podem subsidiar adequadamente a ação pedagógica nos
espaços escolares. Nesse contexto, surgem as ferramentas de Metodologias Ativas que para Moran
(2018, p. 4), “são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção
Segundo Moreira (2006), a proposta não é nova, e tem base em Rousseau (1712-1778), que
preconizava uma educação com destaque na experiência em detrimento da teoria, e nos tempos mais
modernos encontra respaldo nas teorias de Vygotsky (1896-1934), John Dewey (1859-1952), Paulo
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A contribuição das metodologias
Freire (1921-1997) e Ausubel (1918-2008), autores que destacam respectivamente a interação, experi-
ência, autonomia e significância dos conteúdos como aspectos fundamentais de um ensino que pode
transcender a passividade do aluno e superar os antigos padrões tradicionais, marcados pelo autorita-
Entre as estratégias de metodologias ativas, ganhou destaque, nos últimos tempos, a propos-
ta do trabalho com a ferramenta Sala de Aula Invertida. Entre os muitos benefícios proporcionados
em sala de aula, ela proporciona a mudança na forma tradicional de ensinar. Para Bergmann e Sams
(2018, p.85), as salas de aula se transformam em “laboratórios de educação onde os alunos assumem
responsabilidade pela própria aprendizagem”. Ao passo que o professor deixa de ser o expositor de
informações, o estudante deixa de ser o ouvinte passivo assumindo o protagonismo da sua aprendiza-
Invertida, no curso de Pós Graduação em Metodologias Ativas, fornecido pela Universidade Federal
do Vale do São Francisco – UNIVASF. O texto parte do princípio de que o relato aqui exposto possa
METODOLOGIA
A metodologia da produção desse relato está centrada na explicitação dos objetivos definidos
na ementa do curso, para o ensino da disciplina, bem como na análise do que foi vivenciado em ter-
mos de leitura e atividades práticas, tendo em vista o alcance desses objetivos. A proposta de análise
seguirá o paradigma da pesquisa qualitativa, tendo em vista o enfoque interpretativista (GIL, 2021, p.
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A contribuição das metodologias
63) considerando também que o objeto de análise foi “construído socialmente pelos indivíduos” que
ciará as ponderações e reflexões sobre o uso da Sala de Aula Invertida como ferramenta de Metodo-
logia Ativa em prol da aprendizagem discente. Esta etapa exigiu dos pesquisadores o que Gil (2021)
define como “intuição criativa”, pois mantendo-se fiel ao que foi vivenciado na disciplina, o relato
procurou extrair interpretações e traçar os fenômenos que possam caracterizar a aprendizagem signi-
ficativa discente, através do uso da ferramenta Sala de Aula Invertida. A intenção é ampliar o efeito
desse relato como potencial experiência para outras realidades, estudos e vivências.
REFERENCIAL TEÓRICO
A aprendizagem significativa
vida adulta, cada ser, alcança o seu desenvolvimento enfrentando processos cognitivos gerados pelo
vez mais complexos”. Assim, estudos têm cada vez mais comprovado que a aprendizagem baseada na
cionar aos indivíduos uma compreensão mais ampla e profunda do mundo. Essas estratégias descritas
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A contribuição das metodologias
significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum
Ausubel (1918-2008). É esse autor que define os conhecimentos já existentes como subsunçores. É
importante destacar que, de acordo com sua teoria, não são os fatores externos que influenciam a
aprendizagem, mas sim os aspectos construídos internamente através das experiências que o aprendiz
subsunçores, uns já bem firmes outros ainda frágeis, mas em fase de cresci-
mento, uns muito usados outros raramente, uns com muitas “ramificações” e
Assim, os subsunçores, vão muito além do simples conhecimento prévio que um aprendiz
possa apresentar diante de alguma situação de aprendizagem. Essas estruturas cognitivas funcionam
como pontos de ancoragem para os novos conhecimentos. Uma vez ancorados, os novos conhecimen-
tos resultarão na assimilação dos conceitos ou proposições, gerando assim a aprendizagem significa-
tiva. Para Moreira (2011), a ideia é simples, no entanto há complexidade ao considerar que o processo
exige entendimento dos profissionais docentes, para que a teoria não seja minimizada apenas à ideia
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A contribuição das metodologias
das ferramentas de metodologias ativas, tendo em vista que essas são estratégias metodologicamen-
te estruturadas para a promoção de uma aprendizagem emancipadora. Moreira (2011), acredita que
experiências potencialmente significativas podem ser vivenciadas através do uso dessas ferra-
significativa. Para Cortelazzo (2018), o trabalho com Metodologias Ativas em sala de aula possibilita
diferentes tipos de interações importantes para a transformação dos espaços de aprendizagem, mu-
dança de posturas docente e discente frente aos desafios da experiência cognitiva e construção sólida
de uma aprendizagem significativa. Segundo Moran (2018, p. 4), “as Metodologias Ativas dão ênfase
ao papel protagonista do aluno, ao seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as eta-
Aliás, é importante destacar que o papel docente, ao optar pelo uso das Metodologias Ativas,
não passa a ser nulo, mas torna-se muito mais complexo, conforme afirma Moran (2018, p. 15), tendo
lacunas e necessidades a partir dos percursos realizados pelos alunos individualmente e em grupo.”
A ação docente, é antes de tudo de conhecimento dos percursos e das especificidades que cada fer-
ramenta de metodologia ativa apresentará para proporcionar experiências cognitivas que alcancem a
aprendizagem significativa.
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A contribuição das metodologias
A proposta da Sala de Aula Invertida é uma das ferramentas que vem se tornando cada vez
mais promissoras nos contextos pedagógicos que visam a superação das práticas metodológicas tra-
dicionais. Como o próprio nome deixa claro, aqui é sugerido a inversão de papéis. Nessa dinâmica
o estudante vivenciará os conceitos antes mesmo de que esses sejam abordados pelo professor na
instrumentalizar os estudantes para as discussões conceituais que irão surgir em sala. Para Cortela-
zzo (2018), “o envolvimento dos estudantes a saída de seu estado de passividade”, são benefícios que
A proposta surge a partir de uma experiência vivenciada nos Estados Unidos pelos profes-
sores Jonathan Bergmann e Aaron Sams, na qual estudantes impossibilitados de assistirem a suas
aulas passaram a receber vídeos que promoviam uma exposição aos conteúdos perdidos. Mais tarde,
os professores começaram a perceber que a exposição acessada por vídeo antes da aula, preparava o
otimizavam o tempo pedagógico, uma vez que o professor não precisaria mais incluir no seu tempo
em sala a explanação dos conteúdos, podendo priorizar apenas a resolução de exercícios ou a experi-
Para Bergmann e Sams (2018, p. 25), “a inversão da sala de aula estabelece um referencial
que oferece aos estudantes uma educação personalizada, ajustada sob medida às suas necessidades
individuais”. Assim, mais do que antecipar os conceitos a serem vivenciados na escola, a Sala de Aula
p.6), “a personalização encontra seu sentido mais profundo quando cada estudante se conhece melhor
e amplia a percepção do seu potencial em todas as dimensões.” Colaborando para a concepção de que
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A contribuição das metodologias
RELATO
A disciplina de Sala de Aula Invertida, foi a oitava disciplina ministrada no curso de Es-
nhou contribuição significativa para a nossa formação, enquanto cursistas, ao explicitar propostas
de trabalho com uma ferramenta de metodologia ativa, tendo em vista a promoção de aprendizagem
significativa. As contribuições serão destacadas nesse texto, partindo dos objetivos estabelecidos na
ementa do curso.
1. Abordar as fundamentações do “Modelo Sala de Aula Invertida”, que é a Teo- ria Cen-
vertidas;
remota.
Como introdução aos conceitos que definem a Sala de Aula Invertida, foi proposto a leitura
do livro Sala de Aula Invertida de Jonathan Bergmann e Aaron Sams. O livro apresentou de forma
objetiva e fundamentada como nasceu a proposta e que fundamentos se apresentaram durante a exe-
cução da experiência relatada pelos autores, transformando essa possibilidade de trabalho em uma
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A contribuição das metodologias
ferramenta em prol das aprendizagens significativas. Após a leitura desse material, a turma pôde
discutir e socializar compreensões através do espaço de fórum. Muito conhecimento foi trocado en-
tre os discentes e mais tarde sintetizados pelo professor e socializados em uma videoaula gravada e
disponibilizada na plataforma.
Foi possível observar que a estratégia docente significou muito para todos nós, uma vez que
acolher, apresentar e sintetizar muitas das ideias trazidos pelos estudantes, ao fórum do módulo I da
disciplina. Ainda no módulo I da disciplina foram disponibilizados textos que respaldaram a com-
preensão do conceito sobre a ferramenta. Grande parte do material concentrou artigos científicos
que a sua atualidade destaca-se também a linguagem clara e objetiva que procurou fundamentar os
princípios que sustentam a proposta da Sala de Aula Invertida, contemplando assim os objetivos 1, 2
e 3 estabelecidos na disciplina.
Se no módulo 1 foi possível nos deparar com a teoria, no módulo 2, a experiência em grupo
colocou em prática o que foi previsto para aprendizagem no objetivo 4 e 5. Pois aqui vivenciamos
uma atividade em grupo que nos ajudou a refletir de maneira prática sobre as condições para imple-
mentação da Sala de Aula Invertida. O professor nos trouxe a proposta de uma investigação de como
profissionais docentes para que sondássemos o nível de conhecimento sobre a ferramenta bem como
Destacaremos nesse relato, algumas das concepções construídas no grupo, durante a ativi-
que 40% desses tinham menos de 10 anos de docência, 36,6% apresentavam até 20 anos de docência e
24,4% apresentava até 30 anos de docência. 97,8% dos profissionais que responderam ao questionário
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A contribuição das metodologias
atuavam na rede pública de ensino o restante na rede privada. O questionário atingiu profissionais de
Através dessa atividade foi possível visualizar que uma parte significativa de professores co-
nhecem e acreditam na eficácia da Sala de Aula Invertida, 66,7% deixaram isso em evidência quando
foram questionados a respeito. É importante destacar que ainda nessa questão 22,2% responderam
que não sabiam do que se tratava a utilização dessa ferramenta. Um percentual expressivo, tendo em
vista que porcentagens menores que 10% concentraram os docentes que diziam conhecer e não fazer
Outros aspectos foram identificados ainda através do questionário, um exemplo é que 80%
dos professores questionados fazem uso e vídeos em sala de aula, mas nem todos consideram essa
etapa da atividade como o ponto de partida de ensino, como propõe a proposta de trabalho com a
inversão da sala de aula, pois um percentual 4,4% ainda acredita que o vídeo representaria a finali-
zação do contato que o estudante deveria ter com o conteúdo. Em um outro questionamento, 48,9%
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A contribuição das metodologias
dos professores entrevistado revelaram que o vídeo serve para reforçar um conteúdo já trabalhado.
Fugindo assim, da real proposta de trabalho na Sala de Aula Invertida que seria colocar o vídeo como
O relato dessa experiência não pretende trazer para o texto todos os achados da pesquisa,
citamos algumas das informações para explicitar a que concepções sobre o uso da ferramenta chega-
remos. Nesse sentido, destacaremos ainda o que os professores acreditam ser o grande entrave para a
É possível observar que a maioria dos professores consideram entraves para a aplicação da
ferramenta questões relacionadas à postura discente, pois 57,8% relatam dificuldade de acessos, por
parte dos estudantes, aos vídeos propostos pelos professores, seguidos de 46,7% que relatam que o
entrave se concentra na passividade dos estudantes após terem tido acesso aos vídeos.
Como contínuo dessa mesma atividade em grupo, o professor da disciplina no curso de es-
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A contribuição das metodologias
pecialização, promoveu um momento virtual de conversa entre os cursistas, no qual todas os achados
foram socializados. As reflexões sobre a proposta de trabalho com a ferramenta de Sala de Aula In-
vertida trouxeram outros questionamentos, ampliando as possibilidades, mas foi possível identificar
uma visão positiva sobre a ferramenta tanto em termos de aceitação, como em termos de benefícios
cognitivo construído, surgiu a ideia de propagação dos achados e da divulgação da ferramenta para os
profissionais docentes interessados. Foi então organizada uma live através do canal do You Tube, na
qual profissionais docentes que já atuavam com a proposta de Sala de Aula Invertida puderam com-
partilhar suas experiências, destacando os caminhos possíveis e os êxitos alcançados nesse processo,
Nesse momento, ficou evidente que as contribuições do uso da Sala de Aula Invertida refle-
zação do tempo de aula e ainda um aproveitamento da realidade tecnológica, vivenciada através das
da disciplina, que era o de discutir os Modelos de Sala de Aula Invertida no contexto da pandemia e
na atividade remota.
gens Significativas. A obra apresenta planos de aula que exemplificam a aplicação de ferramentas de
Metodologias Ativas em turmas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio) e turmas do ensino superior. Os planos são roteiros, teoricamente fundamentados que podem
servir de aporte teórico aos profissionais que queiram fazer usos dos modelos prontos ou transforma-
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A contribuição das metodologias
trutural dentro das nossas escolas, no entanto a experiência na disciplina, nos mostrou que a imple-
mentação da Sala de Aula Invertida tem ganhado cada vez mais espaço e isso parece ser um caminho
sem volta, tendo em vista que ela destaca um protagonismo dos sujeitos que também irão atuar e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
mentos adquiridos foram estruturados através das leituras proporcionadas, das experiências trocadas
entre discentes e docente, das estratégias metodológicas selecionadas pelo professor. Essas, explicita-
a proposta nos mostrou como a ferramenta Sala de Aula Invertida pode ser potencializada através
dos recursos tecnológicos disponíveis. Para Cortelazzo (2011), “a inversão da sala de aula quando
realizada de maneira estruturada, utilizando diversos recursos de multimídia [...] potencializam o de-
sempenho do estudante entre 20 e 50%”. Atualmente vivemos em uma sociedade tecnológica, na qual
inúmeras possibilidades se tornam reais. A favor das aprendizagens discentes, a tecnologia se torna
foi possível não só conhecer a realidade em que a Sala de Aula Invertida tenta emergir e proporcio-
nar aprendizagens significativas, compreendemos também que assim como qualquer outra estratégia
sustenta. Mergulhar no universo das metodologias ativas é também modificar posturas, descontruir
conceitos baseados no ensino tradicional e explorar a criatividade docente para que a condução do
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A contribuição das metodologias
A socialização das aprendizagens identificadas através da live, mostrou que cada vez mais
a proposta de Sala de Aula Invertida está sendo implementada também nas salas de aula da educação
básica. Este momento evidenciou os benefícios que a proposta apresenta e também o quanto os pro-
fissionais docentes estão buscando aprender sobre as possibilidades em prol de uma aprendizagem
ativa. Sabemos que muitos dos profissionais que atuam nas salas de aula, conseguem buscar, através
Para Machado (2021), “a autoformação, diz respeito aos processos buscados pelo professor
de forma intencional, que colaboram para ampliar tanto os conhecimentos teóricos, quanto práticos.
A autoformação acontece no fazer pedagógico, na própria atuação docente diária. A necessidade pelo
conhecimento encontra caminhos possíveis de aprendizagem tanto nos espaços físicos (bibliotecas),
destacou que o mundo tecnológico tem viabilizado inúmeros espaços para a autoformação docente.
Espaços de acesso a livros digitais, ou artigos científicos publicados em periódicos digitais e espaços
digitais como plataformas de aprendizagem, textos audiovisuais, vídeos do YouTube, entre outros. O
docente está cercado por possibilidades de autoformação e é a sua autonomia e vontade que permitirá
Assim, concluímos que a experiência vivenciada durante a disciplina, abrangeu todos os as-
pectos importantes para a compreensão do conceito, da aplicabilidade e dos benefícios trazidos para
o processo de ensino aprendizagem através do uso da Sala de Aula Invertida. Compreendemos que
o caminho ainda é longo para que essas ferramentas dominem os espaços educacionais, no entanto a
medida em que o universo docente passa a colocar em prática as possibilidades de uso e isso reflete
um desenvolvimento de aprendizagem discente, caminhos satisfatórios serão cada vez mais buscados
34
A contribuição das metodologias
REFERÊNCIAS
BERGMANN, Jonathan; SAMS, Aaron. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendiza-
CORTELAZZO, A. L. (et al.). Metodologias ativas e personalizadas de aprendiza- gem: para refinar
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35
A contribuição das metodologias
MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa: a teoria e texto complementares. São Paulo: Editora
SANTOS. D. (Org.) (et. al.). Metodologias (INOV) ativas: coletânea de planos de aulas com possibili-
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Capítulo
2 A SALA DE AULA INVERTIDA E O ENSI-
37
A SALA DE AULA INVERTIDA E O ENSINO DE HISTÓRIA NO ENSINO
FUNDAMENTAL (ANOS FINAIS)
Resumo: O uso das metodologias ativas em sala de aula possibilita um ensino cujo centro do processo
seja o aluno, promove a autonomia e o protagonismo do estudante e valoriza todo o processo de apren-
dizagem. Este trabalho apresenta o relato de experiência utilizando a metodologia ativa de aprendi-
zagem sala de aula invertida ou flipped classroom na educação básica, na disciplina de História, com
turmas do 9º ano do Ensino Fundamental - anos finais, num colégio da rede estadual da Bahia, em
Juazeiro. Com o objetivo de promover um ensino de História que estimule o desenvolvimento do pen-
sala de aula invertida atrelado a outras metodologias ativas, como a gamificação, buscando observar
as vantagens e os desafios ao inverter a sala de aula. Conclui-se que inverter a sala de aula é mais do
que disponibilizar os conteúdos com antecedência para os alunos: envolve estímulo a uma postura
ativa em seu processo de aprender visto que quando os conteúdos são incorporados a elementos dos
Palavras-chave: Sala de Aula Invertida. Ensino de História. Ensino Fundamental Anos Finais.
38
A contribuição das metodologias
Abstract: The use of active methodologies in the classroom enables teaching whose center of the
process is the student, promotes student autonomy and protagonism and values the entire learning
process. This work presents the experience report using the active methodology of learning inverted
classroom or flipped classroom in basic education, in the discipline of History, with classes of the 9th
year of Elementary School - final years, in a college of the state network of Bahia, in Juazeiro. With
the objective of promoting a teaching of History that stimulates the development of the students’ cri-
tical-reflexive thinking, the active teaching-learning method was experimented with in the inverted
classroom linked to other active methodologies, such as gamification, seeking to observe the advanta-
ges and the challenges of flipping the classroom. It is concluded that reversing the classroom is more
than making content available in advance to students: it involves encouraging an active posture in
their learning process, since when content is incorporated into game elements, there is greater enga-
gement.
INTRODUÇÃO
A educação brasileira passou por diversas fases e tendências pedagógicas, desde a imple-
mentação das escolas jesuíticas aos movimentos da Escola Nova e as tendências progressistas. Con-
comitantemente o processo de ensino-aprendizagem foi sendo influenciado por cada perspectiva pe-
dagógica.
que trazia a perspectiva do professor como mediador do conhecimento e uma educação voltada para
39
A contribuição das metodologias
temáticas sociopolíticas, com ênfase no aluno como sujeito ativo no seu processo de aprendizagem.
Concepção esta defendida por Paulo Freire (1996, p. 47) ao analisar a necessidade da autonomia e
afirmar que “saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria
No entanto, apesar das críticas à forma como o ensino vem sendo desenvolvido no Brasil,
adentramos no século XXI e a educação brasileira ainda mescla características tradicionais no proces-
so de ensino e aprendizagem, com aulas centradas no professor, que detém as verdades absolutas, sen-
do o aluno ainda visto como receptor passivo desse conhecimento, conforme Camargo e Daros (2018).
A partir desse entendimento, o uso das metodologias ativas em sala de aula possibilita um
ensino cujo centro do processo seja o aluno. Entende-se que, para isso, é necessário mudar as atitudes
e práticas dos profissionais de educação, que muitas vezes resistem ao uso das tecnologias informação
e comunicação (TIC). Cabe, entretanto, uma ressalva: o simples fato de utilizar TIC na sala de aula
não significa, necessariamente, que se esteja fazendo uso de metodologias ativas, uma vez que o aluno
que o aluno seja proativo, é preciso considerar que falta habilidade por parte dos professores para usar
novas tecnologias. Miranda (2007, p. 44) entende que uma das razões:
grande parte dos professores não está disponível para fazer. Alterar estes as-
40
A contribuição das metodologias
gum software ligados à Internet nas salas de aula que os alunos vão aprender
As tecnologias não são obrigatórias para usar as metodologias ativas, claro que quando usa-
das, elas dão um maior suporte na aplicação. Ao utilizar a sala de aula invertida ou flipped class-
room, por exemplo, o professor assume o papel de orientador ou mediador, ele antecipa o conteúdo
através da solicitação da leitura de um capítulo do livro ou artigo disponibilizado para turma e pode
enriquecer esse estudo por meio de pesquisa num laboratório de informática, usando hipertextos e
vídeos disponíveis na internet. Os alunos vão para sala no momento posterior para debater o assunto
previamente estudado, quando esclarecem suas dúvidas e compartilham seu ponto de vista acerca do
ral do Vale do São Francisco (UNIVASF), cada disciplina estudada gerava uma inquietação e moti-
vação para usar as metodologias ativas de forma mais efetiva no Ensino Fundamental anos finais, nas
disciplinas de Ciências Humanas, especialmente nas aulas de História tendo em vista que a pesquisa-
As turmas do 9º ano foram escolhidas porque são turmas de transição entre o Ensino Fun-
damental e Ensino Médio. Em relação ao ensino de História alinhado à Base Nacional Comum Cur-
ricular (doravante BNCC) (2017), espera-se que os alunos desenvolvam o pensamento crítico, que
assumam a posição de sujeitos ativos no processo de ensino e aprendizagem, que relacionem os fatos
Logo, faz-se necessário o estudo das metodologias ativas e uma reflexão de como podem ser
inseridas nas salas de aula do Ensino Fundamental anos finais para torná-las atrativas e interessantes
para os alunos. Especificamente nas aulas de História que costumam ser aulas predominantemente
expositivas, centradas na figura do professor e que não costumam atrair os alunos, quando esses não
41
A contribuição das metodologias
conseguem relacionar o que estudam com suas vivências e realidade social, o uso de metodologias
gica. O objetivo foi analisar como a metodologia ativa (sala de aula invertida) pode contribuir para o
sala de aula invertida para alunos do Ensino Fundamental anos finais, partindo do pressuposto de
que a sala de aula invertida torna o processo de ensino-aprendizagem de História mais autônomo e
interessante.
METODOLOGIA
ensino de História e metodologias ativas com foco na sala de aula invertida, durante o ano letivo de
2021. Conforme Gil (2002, p. 42): “as pesquisas descritivas são, juntamente com as exploratórias, as
que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com sua atuação prática”.
A coleta dos dados foi realizada em uma instituição de ensino pública da rede estadual, lo-
calizada em Juazeiro-BA, que atende alunos do Ensino Fundamental anos finais e Ensino Médio. O
trabalho foi realizado nessa escola porque a pesquisadora trabalha no referido colégio e tem utilizado
metodologias ativas de aprendizagem para estimular uma aprendizagem mais significativa na disci-
O trabalho foi de observação de duas turmas do 9º ano do Ensino Fundamental anos finais,
nas aulas de História, nas quais a professora-pesquisadora utilizou a metodologia ativa, sala de aula
invertida ou flipedd classroom. Como recurso tecnológico para pesquisa, foi utilizada a plataforma
Google Classroom na qual foram postados os vídeos e outros materiais de estudo que possibilitaram
42
A contribuição das metodologias
As atividades escolares da rede estadual baiana foram suspensas dia 18 de março de 2020
em decorrência da pandemia por coronavírus e retomadas em março de 2021. Foi publicada no Diário
continuum 2020/2021, período em que os alunos matriculados na rede estadual cursaram duas séries
no ano civil de 2021, ou seja, complementaram a carga horária e dias letivos não cursados em 2020.
O retorno às aulas no estado foi organizado em três fases considerando o contexto pandê-
mico: remota, híbrida e presencial com 6 unidades letivas e atividades curriculares complementares,
organizadas por áreas do conhecimento. Durante a fase remota, as aulas eram transmitidas de forma
foram inseridos nas turmas on-line. Nessa fase o número de alunos nas turmas on-line era limitado,
pois nem todos tinham acesso à internet ou a aparelhos tecnológicos para participar de forma síncrona
nas aulas. Para minimizar esses problemas, esses discentes receberam os materiais impressos para
estudar em casa.
Durante a fase híbrida, os alunos retornaram ao espaço físico da escola alternando os dias
em que podiam estar na escola ou em casa com atividades. Nessa fase, cada turma foi dividida em
duas (A e B). Nas fases híbrida e presencial do retorno às aulas, na rede estadual, foi possível expe-
rimentar a inversão da sala de aula junto com outras propostas ativas de aprendizagem nas aulas de
também nas aulas remotas ou elementos dos games. O número de alunos nas aulas remotas, entretan-
to, era menor e nem todos que estavam nas salas através do Meet tinham uma participação efetiva nas
aulas. A maioria dos alunos interagia através do chat, sala de conversa disponível no aplicativo e só
43
A contribuição das metodologias
Apesar do enfoque recebido nos últimos anos em cursos de graduação principalmente, vale
ressaltar que a discussão sobre as metodologias ativas não é recente Estudiosos e pesquisadores, entre
eles, Bacich, Mattar e Moran, discutem sobre métodos ativos de ensino-aprendizagem há alguns anos,
A metodologia ativa (sala de aula invertida) foi criada pelos professores norte-americanos,
Jonathan Bergman e Aaron Sams, em 2007. As peculiaridades de lecionar numa escola na área rural
e as dificuldades dos discentes em acompanhar as disciplinas por causa das atividades esportivas e
outras atividades que realizavam motivaram os dois professores a buscar alternativas para esses alu-
para que os alunos assistissem em casa. Posteriormente, no momento sala de aula, os alunos podiam
tirar dúvidas, ou serem esclarecidos acerca de conceitos que não compreenderam. Essa nova dinâmi-
ca de aula, resultou em níveis de aprendizagem significativa para todos os alunos da unidade escolar
É interessante que os criadores da metodologia (sala de aula invertida) não apresentam regras
44
A contribuição das metodologias
ou fórmulas rígidas que devam ser seguidas, mas discutem sobre a necessidade de personalização da
educação, ou seja, cada professor(a) deve usar as metodologias e propostas que melhor se aplicam às
da educação, visto que o modelo de aula apenas oral e escrito tem deixado muitas lacunas e promovi-
dos. [...] Quando mudam, ganham uma nova roupagem por meio da utilização
conteúdo passivamente e cada vez mais esperam tudo produzido pelos pro-
fessores.
Logo, percebe-se que o simples fato de usar tecnologias na educação não significa que se
esteja utilizando métodos ativos, porque, mesmo usando tais recursos, ainda pode ser um ensino tra-
dicional, já que “inverter a sala de aula tem mais a ver com certa mentalidade: a de deslocar a atenção
A sala de aula invertida é uma metodologia ativa acessível a todos os níveis da educação,
45
A contribuição das metodologias
pois permite que o aluno tenha mais autonomia e acesse os materiais ou conteúdo da aula com ante-
cedência. Como próprio nome sugere, trata-se de realizar em casa o que é geralmente é feito na escola
e vice-versa.
O aluno pode ter acesso a esses materiais por meio de vídeos disponibilizados pelo professor
ou material impresso. O tempo sala de aula é mais bem aproveitado para que os alunos tirem suas
dúvidas, realizem atividades práticas em sala de aula, laboratório ou outras atividades que também
teração dos alunos. Ainda que o professor não use o game ou jogo eletrônico propriamente dito, ele
pode incorporar elementos dos jogos nas aulas com algum tipo de competição e recompensa, uma
vez que:
Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos estão cada vez mais
para qualquer idade. O professor pode usar cartas, bloquinhos de papel ou slides com perguntas,
níveis de dificuldade e premiações, além da avaliação qualitativa e quantitativa. Vale ressaltar que
“como se trata de um jogo em grupo, de caráter competitivo, observa-se que a estratégia garante en-
gajamento e a motivação dos estudantes para o aprendizado” (CAMARGO e DAROS, 2018, p. 46).
Práticas educativas gamificadas promovem uma aprendizagem ligada ao universo dos jovens
e exige dos professores conhecimento sobre novas estratégias didáticas que facilitem o engajamento
46
A contribuição das metodologias
O ENSINO DE HISTÓRIA
Não é incomum que alunos do Ensino Fundamental questionem professores de História so-
bre o porquê de estudarem os conteúdos da disciplina que antecedem seu nascimento e qual a rele-
vância da disciplina.
transformações ao longo do século XXI. No Brasil, especificamente nas últimas décadas pós-regime
civil-militar, as disciplinas de História e Geografia foram excluídas do currículo escolar durante esse
período.
Os conteúdos das disciplinas foram fundidos dando origem aos Estudos Sociais com uma
evitando-se a análise crítica da sociedade brasileira. Em outras palavras: um ensino de História que
de História de forma autônoma, além da reformulação dos currículos e inserção de novas concepções
direitos educacionais.
Apesar dos avanços no ensino de História, alguns alunos da educação básica não compre-
endem o seu papel como sujeitos históricos. Nesse contexto, os professores de História podem usar
estratégias didáticas que favoreçam o desenvolvimento das competências propostas pela BNCC de
2017para o ensino de História, estratégias para que os estudantes desenvolvam o pensamento crítico,
2 A Escola dos Annales fundada pelos historiadores franceses Lucien Febrve e Marc Bloch am-
pliou as fontes e as temáticas dos estudos históricos ao longo do século XX. Os historiadores herdeiros
da Escola dos Annales deram continuidade aos estudos da primeira geração, entre eles Jacques Le
Golf, abriram espaço para a história do cotidiano, das minorias e ampliação das fontes de pesquisa.
(DIAS, GRINBERG, PELLEGRINI, 2018).
47
A contribuição das metodologias
assumam a posição de sujeitos ativos no processo de ensino e aprendizagem, para que relacionem
cidadãos críticos e autônomos que percebam seu lugar no tempo e no espaço, que compreendam que
nossa sociedade é formada a partir de continuidades e rupturas e que eles são sujeitos responsáveis
pelo seu processo de aprendizagem, pois, conforme Silva, Bieging e Busarello (2017, p. 32),
As competências gerais e especificas para o ensino de História nos anos finais do Ensino
Fundamental exigem do discente uma compreensão do mundo a sua volta, que analise e reflita sobre
48
A contribuição das metodologias
escrita. E, mais relevante ainda, que tenha uma visão de mundo crítica.
despertar os estudantes para o seu papel como sujeitos históricos e para que estejam preparados para
os desafios do século XXI. Quanto às habilidades específicas para 9º ano na disciplina de História,
aprendizagem para o desenvolvimento proativo dos alunos, desenvolveu-se uma sequência didática
Quadro 1.
Percebe-se que ensinar História exige do professor competências que vão além do domínio
49
A contribuição das metodologias
habilidades exige que os docentes busquem diversas estratégias e recursos didáticos que potenciali-
zem o processo de ensino-aprendizagem e que os alunos sejam proativos e engajados no seu processo
de aprendizagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
contudo elas ficaram mais evidentes considerando que a Secretaria de Educação da Bahia aprovou em
2020 todos os alunos matriculados na rede estadual, para séries subsequentes e denominou de curri-
culum continuum o ano letivo de 2021, para cumprir os dias letivos e a carga horária previstos da Lei
de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB) que não foram cumpridos quando as aulas foram
Consideraram-se, nesta pesquisa, dois momentos do ano letivo de 2021 na rede pública de
educação da Bahia: a fase híbrida e a presencial. A Secretaria de Educação (SEC) da Bahia, devido à
pandemia por Covid-19, dividiu o retorno das aulas da rede pública do estado em três fases: remota,
híbrida e presencial.
Durante a fase remota, a sala de aula google ou Classroom foi utilizada como recurso tecno-
lógico para aulas síncronas e assíncronas. Também foi possível utilizar vídeos e jogos on-line e outros
recursos tecnológicos que enriqueceram as aulas, tornando-as mais dinâmicas. Entretanto nem todos
os alunos tinham acesso à internet, a aparelhos celulares, tabletes ou computadores para que acompa-
A segunda fase foi híbrida ou semipresencial. As turmas foram divididas em dois grupos,
3 Portaria n° 637/2021, que dispõe sobre a reorganização das atividades letivas nas escolas
da rede estadual de ensino, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB
9394/96).
50
A contribuição das metodologias
por ordem alfabética, que revezavam a presença na escola, de segunda a sábado. No momento casa, os
alunos deveriam receber os materiais ou conteúdo que estivessem sendo trabalhados em sala de aula.
Poderiam também receber o material impresso, livro didático, classroom, whatsapp ou qualquer outro
A terceira fase do retorno às aulas configurou-se em cem por cento (100%) presencial dos
alunos. Utilizar os métodos ativos de ensino, nas duas últimas fases, considerando as restrições im-
postas pelos protocolos de biossegurança4 , constituiu um desafio, visto que os alunos não podiam
compartilhar materiais entre eles, era necessário manter uma distância entre as carteiras dos alunos,
não havia livros de história suficientes para as duas turmas do 9º ano, sendo que se optasse por usar
o livro numa turma, era preciso esperar alguns dias para utilizá-lo com a outra turma. Além disso,
Nesse contexto, buscou-se utilizar como recurso didático o método flipped classroom ou sala
de aula invertida para as turmas do 9º ano do Ensino Fundamental na disciplina de História e observar
A sala de aula invertida é uma metodologia que não se limita apenas ao uso de recursos tec-
nológicos ou material impresso. O ponto principal é que os alunos estudem e pesquisem previamente
os conteúdos. Assim, o docente dá mais autonomia ao aluno. Os autores Bacich e Moran (2018, p. 56)
constatam que
A aula invertida tem sido vista de uma forma reducionista como assistir ví-
deos antes e realizar atividades presenciais depois. Essa é uma das formas de
atividades supervisionadas.
51
A contribuição das metodologias
antecedência para que pudessem acessar os materiais (fig.1). Considerando que alguns estudantes não
tinham acesso à internet em casa, a escola disponibilizou internet para os alunos acessarem esses
materiais, podendo baixá-los se desejassem em seus aparelhos móveis ou acessá-los durante a aula. A
figura 1 demonstra os materiais postados a partir da fase híbrida das aulas, quando os alunos voltaram
Além dos materiais que eram disponibilizados na sala para que os discentes pudessem es-
tudá-los em casa ou assistir aos vídeos de apoio ao conteúdo, também foram realizadas atividades
avaliativas utilizando o Google Forms e avaliações qualitativas com base nos debates e nas discus-
52
A contribuição das metodologias
sões pós-leituras. Fica claro que metodologias ativas de aprendizagem “podem e devem ser utilizadas
Principalmente no ensino História, espera-se o docente aja como mediador e ajude os discen-
tes a refletirem sobre como os conteúdos disciplinares se relacionam com a sua realidade, consideran-
para vida.
Além da sala de aula invertida como recurso didático para promover a autonomia do es-
tudante, é relevante usar outros métodos ativos de ensino associados com avaliações diagnósticas,
mento dos estudantes nas discussões depois da leitura do material postado na plataforma virtual, e
Em relação ao número de estudantes das duas turmas que responderam a uma atividade
proposta na sala de aula Google, 27 alunos responderam à atividade que deveria ter sido respondida a
partir do estudo prévio do tema indicado. Cada turma do 9º ano tinha 32 alunos matriculados, entre-
53
A contribuição das metodologias
Entre os objetos de conhecimento previstos para o 9º ano estudados estão a Primeira Guerra
Mundial e a Emergência do fascismo e do nazismo, conteúdos que também foram postados na plata-
forma virtual. Sobre a formação de governos totalitários na Europa no século XX, foi feita uma breve
Na sequência, a turma deveria assistir ao filme O Grande Ditador5 , de Charles Chaplin, e fazer uma
resenha crítica. A explanação e os modelos sobre resenhas críticas foram postados na sala virtual.
Essa atividade era individual e deveria ser escrita à mão numa folha de papel pautado, para
que pudesse analisar as habilidades de escrita dos estudantes e a capacidade de compreensão dos
eventos históricos e desenvolvimento de sua criticidade. Os estudantes foram orientados a fazer ou-
tras pesquisas caso considerassem necessário, mas que não poderiam fazer cópias de outros trabalhos.
Dos estudantes que retornaram na fase presencial das turmas do 9º ano A e B, 90% rea-
lizaram a resenha crítica, mas a maioria dos trabalhos eram cópias parciais e até totais da internet.
Quando debatemos sobre suas percepções do filme, foi possível perceber que alguns não assistiram
A partir desse fato, é possível afirmar que os estudantes não estão habituados com esse
protagonismo, com a participação mais ativa. Nesse sentido, Bacich e Moran (2018) destacam uma
mudança cultural para aceitação de novas propostas pedagógicas, principalmente da sala de aula
invertida. Fica claro que “[...] alguns carecem de formação adequada quanto ao material, não têm
interesse pelo assunto ou simplesmente não se sentem motivados pelo atual modelo educacional”
Como última fase da experiência foi realizada uma atividade gamificada, através de um quiz
(jogo com perguntas e respostas) sobre o nazifascismo. As perguntas foram projetadas num data show
na sala de aula, os alunos foram divididos em equipes e deveriam participar coletivamente. A equipe
5 O Grande Ditador é um filme do gênero comédia dramática e sátira crítica, escrito, protagoni-
zado e dirigido por Charles Chaplin. É uma sátira ao nazifascismo e seus líderes Hitler e Mussolini.
54
A contribuição das metodologias
decidia qual a resposta correta para pergunta, sendo que havia perguntas objetivas e abertas. A cada
acerto, os alunos recebiam premiações. Nessa atividade também foi possível dar um feedback para os
Pode-se dizer que romper com o modelo, que centraliza na figura do professor a responsa-
bilidade pela aprendizagem do discente, não é uma tarefa fácil. Mesmo diante de uma aula-show, os
Nesse sentido, Bergmann e Sams (2020, p. 21) constataram sobre a experiência que tiveram
quando decidiram mudar o modelo de aula tradicional para aula invertida de aprendizagem que “mes-
mo os melhores expositores e apresentadores têm alunos que ficam para trás e não compreendem todo
o conteúdo. Quando invertemos a sala de aula, transferimos o controle remoto para os alunos”.
Foi possível constatar, fazendo essas observações e inferências nas turmas do 9º dos anos
finais do Ensino Fundamental de uma escola estadual de Juazeiro/BA que falta conhecimento básico
aos nossos alunos, que houve desinteresse por parte de alguns e problemas pessoais que interferiram
zado.
conta própria, compreendendo a importância do estudo prévio do conteúdo para seu engajamento e
domínio durante as aulas e para que se sinta responsável pela própria aprendizagem.
Ao inverter a sala de aula, a docente e pesquisadora não explicou à turma que estava usando
uma metodologia ativa de aprendizagem, não houve uma sensibilização sobre o método, para obser-
var como as turmas iriam se engajar. Entretanto, foram explicados os recursos tecnológicos e como
Todavia, como aspectos positivos em relação à metodologia ativa (sala de aula invertida),
associada a outros recursos didáticos, foi possível perceber a otimização do tempo, pois os alunos que
55
A contribuição das metodologias
gostam de ler se engajaram nas discussões e debates porque tinham disponível o material na platafor-
ma e podiam acessá-lo através do celular, além de terem a liberdade para consultar outros materiais
A interação/o envolvimento da turma é maior quando o professor faz uso de jogos ou desa-
fios na sala de aula, visto que os alunos gostam de competir e ganhar prêmios, o que oportuniza o
A sala de aula invertida também muda o processo avaliativo que deixa de focar apenas nos
aspectos quantitativos (teste e provas) para avaliar todo o processo de aprendizagem e principalmente
os aspectos qualitativos a partir do envolvimento e engajamento dos estudantes nas atividades pro-
postas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observamos, com este relato de experiência, a necessidade de mudanças na práxis dos pro-
fessores, especialmente nas aulas de História, que costumam ser expositivas e centradas no professor.
É necessário criar momentos e espações para que os, alunos abandonem o papel passivo e de receptor
a que estão acostumados e que possam se tornar responsáveis por sua aprendizagem, de forma mais
ativa e autônoma.
Romper com o ensino e as práticas tradicionais, entretanto, não é fácil, uma vez que alunos,
pais e outros docentes resistem a inovações e novas metodologias. A sala de aula invertida permite
uma maior flexibilização na forma de trabalho, facilita o estudo daqueles alunos que trabalham e per-
mite que os alunos consultem os materiais o número de vezes que acharem necessário.
Ler e pesquisar um conteúdo ou mesmo assistir previamente a esse conteúdo são usuais na
sala de aula invertida, pois permitem que o aluno se envolva com mais propriedade nas discussões em
sala de aula. Com a sala de aula invertida, atrelada a outros métodos ativos, é possível transformar o
56
A contribuição das metodologias
REFERÊNCIAS
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BACICH, Lilian; TANZI NETO; Adolfo; TREVISAN, Fernando de Mello. Ensino híbrido: persona-
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DIAS, Adriana Machado; GRINBERG, Keila; PELEGRINNI, Marco César. Vontade de Saber: histó-
ria: 9º ano: ensino fundamental: anos finais.1. ed. — São Paulo: Quinteto Editorial, 2018.
CAMARGO, Fausto; DAROS, Thuine. A sala de aula inovadora: Estratégias para fomentar o apren-
57
A contribuição das metodologias
as possibilidades de uso da plataforma professor online no domínio das escolas públicas estaduais
do Ceará. Experiências em Ensino de Ciências V.13, No.5 Instituto Federal do Ceará (IFCE), 2018.
FADEL, Luciane Maria; ULBRICHT, Vania Ribas; Claudia Regina BATISTA; VANZIN, Tarcísio,
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
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LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional. – 2. ed. – Brasília: Senado Federal, Coordenação
LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão. Campinas, SP Editora da UNI-
CAMP, 1990.
MIRANDA, Guilhermina Lobato. Limites e possibilidades das TIC na educação. Sísifo/ Revista de
Associados, 2011.
58
A contribuição das metodologias
SILVA. Andreza R L da; BIEGING, Patrícia; BUSARELLO, Raul Inácio. (Org). Metodologia ativa na
SILVEIRA JUNIOR, Carlos Roberto da. Sala de aula invertida: por onde começar? Instituto Federal
de Goiás. (IFG).2020.
59
OS DESAFIOS E AS POSSIBILIDADES
Capítulo
3 DO PORTFÓLIO COMO INSTRUMENTO
DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
NO ENSINO SUPERIOR
60
OS DESAFIOS E AS POSSIBILIDADES DO PORTFÓLIO COMO INSTRU-
MENTO DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR
Resumo: Este artigo tem como objetivo analisar as percepções de alunos e professores a respeito dos
estabelecimento de categorias para estudo e análise. Foram realizadas pesquisas de artigos nas bases
de dados da Scientific Electronic Library Online - SciELO, Portal de Periódicos Capes, entre outros
repositórios de periódicos e anais, que tratam da temática do uso do portfólio no ensino superior.
Conclui-se que a utilização do portfólio como instrumento de avaliação, parte de uma concepção
de avaliação formativa na qual é possível tanto o aluno quanto o professor acompanhar todo o de-
autoavaliação, desenvolvendo uma reflexão crítica sobre o processo, ao tempo que permite aos alunos
61
A contribuição das metodologias
Abstract: This article aims to analyze the perceptions of students and professors regarding the chal-
lenges and possibilities of using the portfolio as a tool for evaluating learning in higher education. A
qualitative approach of the bibliographic research type was used, based on the establishment of cate-
gories for study and analysis. Searches for articles were carried out in the databases of the Scientific
Electronic Library Online - SciELO, Portal de Periódicos Capes, among other repositories of perio-
dicals and annals, which deal with the theme of the use of the portfolio in higher education. It is con-
cluded that the use of the portfolio as an assessment instrument, starts from a formative assessment
concept in which it is possible for both the student and the teacher to follow the entire development of
the teaching-learning process, allowing both parties to carry out self-assessment, developing a critical
reflection on the process, while allowing students to develop essential skills and abilities in today’s
society.
INTRODUÇÃO
nicação (TDICs), têm exigido um perfil de profissionais para o desempenho laboral, bem diferente
do que era exigido a décadas atrás. Faz-se necessário a formação de profissionais com uma visão
sistêmica, capaz de pensar de forma estratégica, crítica, reflexiva, criativa, ao tempo que esteja apto
ao trabalho em equipe e liderança de forma produtiva. No entanto, a formação acadêmica desses pro-
fissionais, tanto à nível básico, quanto a nível superior, ainda está atrelada a metodologias e currículos
tradicionais, que pouco favorecem para o desenvolvimento das habilidades e competências exigidas
pela sociedade.
A utilização dessas práticas educacionais, com suas salas de aulas padronizadas, onde o
62
A contribuição das metodologias
sária crítica e reflexão, já não são suficientes para suprir as necessidades que a sociedade atual exige
(PANTELIADES, 2015).
uma formação orientada ao conhecimento, desenvolvendo processos formativos que dotem nossos
estudantes daquelas competências que melhorem sua preparação para o exercício profissional e para
Nesta perspectiva, a utilização das Metodologias Ativas, têm ganhando grande ênfase ao
seu aprendizado, ao tempo que (re)significa o papel do professor, o qual passa a atuar como mediador
Para Morán (2015), a aprendizagem se torna mais significativa quando os alunos passam
a reconhecer a importância do que está sendo ensinado, quando seus interesses são consultados,
quando se engajam em projetos em que trazem contribuições, quando há diálogo sobre as atividades
e a forma de realizá-las. Ainda segundo o autor, as metodologias ativas trazem avanços nas ciências
em Problemas ou Problem Based Learning – PBL, Aprendizagem Baseada em Projetos, Sala de Aula
cionam aulas mais interativas com os alunos como protagonistas no processo de construção do seu
conhecimento, isso faz com que eles fiquem mais motivados para aprender e para frequentar as aulas.
As Metodologias Ativas centradas no aluno como protagonistas, têm feito surgir novas expe-
riências na forma de avaliar o aprendizado. Com um currículo voltado às competências e baseado nos
63
A contribuição das metodologias
quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender ser, e aprender a conviver,
os professores adeptos dessas metodologias são incentivados a refletir, discutir e buscar novas formas
de avaliação, (re) significando a compreensão de avaliação, não mais como um mero instrumento de
verificação e classificação do aprendizado, mas como um processo formativo que possibilita a auto
avaliação do progresso ao longo da formação, através da reflexão, tanto do aluno como do professor.
Silva, Menezes e Fagundes (2017), argumentam que o processo avaliativo não pode ser ape-
nas realizado através de provas de conteúdo específicos, pois não há estimulação de senso crítico,
criatividade e autonomia na resolução dos problemas, não permitindo que haja envolvimento do estu-
efetivos das dificuldades de aprendizagem e apontando estratégias para ajustes, de modo a permitir
que o aluno reflita e compreenda o porquê dos erros e acertos, tendo oportunidade de corrigir os ru-
Não muito diferente dos outros níveis de ensino, o Ensino Superior requer um processo
avaliativo contínuo e cumulativo, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos,
que permita ao professor identificar e interpretar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alu-
nos, pois é do conhecimento que muitos alunos chegam ao ensino superior com uma deficiência no
BATZ, 2017).
Além disso, o processo avaliativo no ensino superior, precisa ser atrativo e claro, para que
o discente consiga entender o objetivo e a importância da avaliação para o seu processo de ensino-
-aprendizagem. Para Chaves (2004), faz-se necessário um processo de renovação na prática avaliati-
va, superando o modelo de avaliação como verificação de aprendizagem do aluno, para um processo
que considere as causas e consequências e não apenas os resultados, articulando a prática pedagógica
64
A contribuição das metodologias
Para tanto, faz-se necessário criar instrumentos que possibilitem realizar o acompanhamento
avaliação da aprendizagem devem estar adequados aos tipos de conduta, habilidades e conteúdos con-
siderados essenciais, aos quais o professor estará avaliando, além de permitir uma linguagem clara e
precisa, para que não reste dúvida ao aluno do que está sendo solicitado. Um instrumento inadequado
Para uma prática de avaliação satisfatória, busca-se o uso de bons instrumentos de avaliação
da aprendizagem. Dentre as diversas possibilidades que podem ser utilizados no ensino superior,
podemos destacar o uso do portfólio como sendo um instrumento que possibilita a realização de uma
avaliação visando todo processo de ensino-aprendizagem, permitindo aos alunos e professores uma
reflexão crítica do processo, possibilitando uma formação centrada no aluno, ao tempo que permite
Partindo desta explanação, este trabalho levanta o seguinte problema: Quais percepções dos
professores e alunos a respeito das vantagens e fragilidades do uso do portfólio como instrumento de
Ensino Superior, permeada pelo uso de instrumentos avaliativos que permitam aos alunos e profes-
sores irem além dos parâmetros quantitativos e classificatórios. Assim, o objetivo geral do estudo
visa analisar as percepções de alunos e professores a respeito das vantagens e fragilidades do uso do
REFERENCIAL TEÓRICO
Avaliação da aprendizagem
65
A contribuição das metodologias
gógico, que deve ser muito bem construído, planejado a fim de verificar o que se espera com as ações
Constitui-se em uma tarefa didática essencial e permanente do trabalho docente, que deve
sultados que são obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e alunos são comparados com
O ato de avaliar requer coleta, análise e síntese dos dados que configuram o objeto da ava-
liação, sendo acrescido de uma atribuição de valor ou qualidade, que se estabelece a partir da compa-
ração entre o objeto avaliado com um respectivo padrão de qualidade previamente definido. A ava-
liação, portanto, envolve uma ação que ultrapassa apenas a obtenção de uma configuração do objeto,
exigindo a tomada de decisão do que fazer antes ou com ele (LUCKESI, 2011).
Segundo Hoffmann (2019, p. 15), a maior polêmica criada hoje “em relação a mudanças em
avaliação diz respeito à questão de evoluirmos ou não em termos da melhoria da qualidade da educa-
ção e à constituição de uma escola inclusiva.” Nesse sentido, diversos fatores dificultam a superação
do elas: Avaliação diagnóstica, Avaliação formativa e Avaliação Somativa, cada uma com suas pecu-
66
A contribuição das metodologias
Avaliação Diagnóstica
Para Hadji (1994), a avaliação diagnóstica é aquela realizada no início de um curso, ano le-
tivo, ou unidade de ensino, cuja função é verificar o domínio ou não, de conhecimentos já existentes,
necessários como pré-requisitos para a aquisição de outros conhecimentos. Esse tipo de avaliação
pode ser utilizada também, com um pré-requisito para um posterior planejamento pedagógico do
professor. Ao analisar as facilidades e fragilidades que os alunos apresentam, o professor pode voltar
sua atenção para um planejamento de atividades que busquem suprir essa defasagem.
Avaliação Formativa
A avaliação formativa é uma prática de avaliação contínua que ocorre durante todo o proces-
com fins de aprovação ou reclusão, mas uma avaliação que consiste em avaliar todos os momentos do
cotidiano de sala de aula, desde as dificuldades detectadas em realizar as tarefas, até os exemplos de
Outro fator importante na avaliação formativa, é a exigência de que tanto o professor quanto
o aluno sejam sujeitos ativos durante todo o processo de avaliação, tomando consciência de seus erros,
Bloom (1993), argumenta que nesse tipo de avaliação o aluno pode contar com um feedback
informativo durante o processo de aprendizagem o que possibilita que ele reflita e compreenda suas
dificuldades visando aperfeiçoar o processo. Além disso, a avaliação formativa proporciona a utiliza-
ção de instrumentos de avaliação que permitem ao professor perceber o quão adequadamente cada
unidade está sendo aprendida, e quando necessário, modificar seus métodos e materiais de ensino
67
A contribuição das metodologias
Avaliação Somativa
Ainda Hadji (1994), agora sobre a avaliação somativa, conceitua essa modalidade avaliati-
va como sendo uma avaliação final que serve para medir o nível de aprendizagem dos alunos com
função classificatória. A avaliação somativa recebe diversas críticas por não permitir a regulação da
aprendizagem, uma vez que apenas comunica resultados. No entanto, a autora argumenta que para
modalidades de avaliação (diagnóstica, formativa e somativa), pois possuem funções importantes que
se complementam.
Sendo assim, faz-se necessário o professor pensar em instrumentos avaliativos que poderão
utilizar em cada modalidade de avaliação, seja ela diagnóstica, formativa ou somativa, a fim contri-
No que diz respeito ao processo avaliativo no Ensino Superior, Chaves (2004) revela que a
prática avaliativa e permeada de rituais e atitudes discriminatórias, e que, apesar de ser um processo
que ocorre de adulto para adulto, existe uma menor preocupação em compreender o seu papel seus
Ainda para a autora, na grande maioria das vezes, os professores universitários utilizam
práticas e instrumentos avaliativos, da maneira como foram avaliados em sua trajetória escolar, pra-
ticando uma avaliação tradicional basicamente utilizando provas escritas para verificar a retenção
dos conhecimentos repassados, os quais muitas vezes, são apenas memorizados para a avaliação e
68
A contribuição das metodologias
(CHAVES, 2004).
A Lei nº 9.394/1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, em seu Art.
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano ci-
Portanto, é dever das instituições de ensino superior, respeitando a legislação vigente, divul-
gar e publicar, em meios acessíveis à comunidade acadêmica, as normas relacionadas aos planos de
ção Básica destacam que a avaliação dos licenciandos deve ocorrer de forma contínua, diversificada,
adequada às etapas e às atividades do curso e ser organizada como um reforço ao aprendizado e de-
área da saúde, indicam que a avaliação deve estar baseada na verificação da aquisição de compe-
69
A contribuição das metodologias
Souza et al. (2018), destacam que discutir e analisar as práticas avaliativas no ensino supe-
rior não é tarefa fácil, pois na maioria das vezes, configuram-se como uma reprodução dos modelos
vividos pelos professores ao longo de sua escolaridade e, dessa forma, alguns mitos são perpetuados,
e, ao término do semestre ou período, somam as notas, tiram as médias e, em poucos casos, aprovei-
tam também a participação dos estudantes como elemento de avaliação (SOUZA et al. 2018).
deu e o que ele não aprendeu, para que seja providenciado os meios para que ele aprenda, visando
a continuidade dos estudos. A avaliação, nesse contexto, é vista como uma grande aliada do aluno
e professor. Não se avalia para atribuição de nota, conceito ou menção. Avalia-se para promoção da
Faz-se necessário que o professor seja reflexivo, de modo a preparar os seus alunos para uma
aprendizagem reflexiva, acolhendo descobertas, anseios, dúvidas para novos direcionamentos e per-
cursos ao longo do processo formativo. Nesse sentido, “a avaliação formativa parece estar ganhando
terreno, pois delineia-se no ensino superior, provocando uma ruptura com o paradigma tradicional de
avaliação reproduzido ao longo do tempo’’ (SOUZA et al. 2018, p. 64). A avaliação formativa informa
A palavra portfólio deriva do latim “portare” (transportar) e “foglio” (folhas), dando origem
ao termo portafoglio – pasta onde se guarda as folhas soltas (ZANELLATO, 2008). Sendo bastante
utilizado nos campos das artes visuais, marketing e arquitetura, a fim de reunir e demonstrar os prin-
70
A contribuição das metodologias
dizagem visa proporcionar aprendizagens significativas pautadas nas competências, atitudes, habili-
dades e vivências reais, preparando o aluno para o exercício profissional e para a formação ao longo
No que tange ao uso do portfólio como instrumento de avaliação, ele visa romper com as for-
de final de curso, com objetivos de promoção e exclusão. Sua principal característica é a avaliação
formativa reflexiva, que ocorre durante todo o processo de formação do aluno, estimulando a reflexão
e auto avaliação.
Seu processo é baseado nas competências: Aprender a aprender, Aprender a ser, Aprender
profissional.
(AMBRÓSIO, 2013, p. 24). Nesse contexto, promove a reflexão sobre aprendizagem, possibilitando o
O uso do portfólio, tem evidenciado um bom exemplo dos efeitos reais, possíveis de concre-
tizar a avaliação de forma processual, sendo, de fato, formativa. Assim, pode ser definido como uma
coleção de trabalhos realizados pelo aluno que permite acompanhar o seu desenvolvimento através
Seldin (2004) apud Ambrósio (2013) destaca que as oportunidades formativas criadas pelo
uso de portfólios vêm garantindo sua presença por mais de 20 anos, em aproximadamente 500 univer-
sidades nos Estados Unidos, com sua extensão para instituições de ensino superior em todo o mundo.
71
A contribuição das metodologias
Rangel (2003) consolida em seu trabalho uma reflexão sobre o sentido da avaliação do pro-
cesso de aprendizagem, por meio de uma experiência acerca da utilização do portfólio como uma
alternativa de instrumento avaliativo no ensino superior. Os resultados apresentados pelo autor de-
monstram a apropriação das múltiplas linguagens, além da científica, própria da disciplina; a ade-
quação da prática de leitura, escrita e pesquisa englobando estratégias de revisão e reflexão sobre as
estudante em elaborar o portfólio demonstrativo, nitidamente reflexivo; bem como a ênfase no pro-
Ainda Rangel (2003) conclui que alguns entraves precisam ser superados, sobretudo, na mu-
dança da concepção de avaliação como quantificação, que atravessa o pensamento dos professores e
alunos, sendo necessária a inserção de outras disciplinas que possam compartilhar desta prática para
Segundo Danielson e Abrutyn, (1997) apud Seiffert (2001), a construção do portfólio avalia-
A coleção das atividades deve ser realizada seguindo os objetivos de aprendizagem ao qual
se deseja alcançar. O aluno irá documentar o que aprendeu e seu nível de aprendizagem durante a
realização das atividades. Na seleção, o aluno irá examinar o que ele produziu, identificando quais ati-
passo muito importante na confecção do portfólio, nele o aluno irá apreciar cada trabalho selecionado
ções encontrados no percurso. Por fim, a projeção configura o momento do aluno indicar possíveis
Durante todo o processo de produção do portfólio faz-se presente a auto reflexão, tanto do
aluno quanto do professor, permitindo que o aluno passe a reconhecer-se como sujeito ativo na cons-
trução do seu aprendizado, e o professor tem a possibilidade de rever os caminhos de sua prática e
72
A contribuição das metodologias
cam que o instrumento pode abarcar materiais de fontes diversas: provas, trabalhos escolares, auto-
avaliações, listas de livros lidos, projetos, resenhas das leituras, relatórios de trabalhos em grupos,
redações, poemas, pinturas, comentários, gravações, monografias, reflexões pessoais, dentre outras.
O portfólio pode conter ainda gravações e vídeos nos quais são registrados os desempenhos dos es-
tudantes.
ção do aluno, registros de avaliação, relatórios médicos e psicológicos, planos e relatórios pedagógi-
cos, programa educativo individual (educação especial), documentação do percurso escolar e relatos
(HADJI, 2001 apud RANGEL, 2003). Nesse contexto, o conhecimento percorre várias direções e os
estudantes assumem um lugar significativo na aprendizagem, visto que oferecem feedback, interação,
Villas Boas (2012) destaca que o trabalho com portfólio nos cursos de nível superior pode
parecer mais fácil, mas o professor depara-se com alunos que passaram cerca de 11 anos em escolas
com experiências nem sempre positivas, sendo acostumados a receber tudo pronto, sem o preparo
para ler, pensar e tomar decisões. Nesse sentido, os estudantes oferecem resistência ao processo que
gogia, a autora ouviu dos alunos que o instrumento é válido, mas apresenta dificuldades, já que não
estão acostumados a escrever, a formular objetivos e critérios de avaliação, a avaliar suas produções,
A autora ainda destaca o importante papel do professor como mediador e orientador na pro-
73
A contribuição das metodologias
dução dos portfólios, pois como os alunos estão acostumados a entregar trabalhos periodicamente e
fazer provas previamente definidas pelo professor, eles sentem muita dificuldade de realizar as tarefas
sem um direcionamento, falta autonomia, segurança e familiaridade com esse tipo de trabalho. Outra
dificuldade encontrada, é a tendência dos alunos utilizarem os portfólios como coletâneas para reunir
textos e relatos sem reflexão, fugindo do principal papel do portfólio como instrumento avaliativo que
alunos não se sentiram seguros para a concretização da estrutura do portfólio, apontando como difi-
-aprendizagem; resistência dos alunos com relação à diversidade de técnicas de avaliação; em poucos
casos, observou-se ainda o não entendimento do portfólio como um espaço de registrar aprendiza-
gens.
no superior.
METODOLOGIA
Esse estudo adotou uma abordagem qualitativa do tipo pesquisa bibliográfica. Foram rea-
lizadas pesquisas de artigos nas bases de dados da SciELO – Scientific Electronic Library Online
(Biblioteca Científica Eletrônica On-line), Periódicos Capes, entre outros repositórios de periódicos e
anais, que tratavam da temática do uso do portfólio como instrumento de avaliação da aprendizagem
no ensino superior. Para um melhor delineamento da pesquisa, optou-se por delimitar a escolha dos
artigos, para apenas aqueles publicados nos últimos 5 (cinco) anos (2017-2021), os quais foram sele-
74
A contribuição das metodologias
cionados 2 (dois) artigos de cada ano, totalizando 10 (dez) artigos para a discussão nesta pesquisa, os
Após a leitura desses artigos, foram estabelecidas 3 (três) categorias para análise e discussão,
a saber:
75
A contribuição das metodologias
de vista docente;
RESULTADOS E DISCUSSÃO
vista do discente.
para a aprendizagem. Para esses discentes, o portfólio é considerado como um ótimo instrumento
motivador, que visa estimular os estudantes na busca do seu conhecimento, principalmente após o
feedback do professor, pelo qual é possível refletirem sobre seus erros e posteriormente corrigi- los.
mo ano do curso de bacharelado e licenciatura em Enfermagem, sob o critério de que esse público
vivenciou o maior número de disciplinas cujas avaliações formativas envolveram o portfólio reflexivo.
Sobre as vantagens do portfólio reflexivo declaradas pelos alunos, atribuíram o processo de reflexão
as fragilidades, alguns alunos, por meio dos grupos focais, associaram palavras ou frases sobre a pro-
dução do portfólio: obrigação, prazo, reflexão forçada, exaustão, cansativo, muito trabalhoso, exige
muito tempo, falta disposição, causa estresse, isso nos desanima, sofrimento, punidos, perseguidos e
acuar aluno.
76
A contribuição das metodologias
elaboração do portfólio contribuiu para a aprendizagem dos conceitos e das aplicações relacionadas
ao conteúdo, configurou-se como um auxiliador dos estudos diários, evidenciando o caráter investi-
discentes de um curso de formação de professores, os quais relatam a pouca experiência e por con-
curso de mestrado, os quais consideraram o uso do portfólio como uma oportunidade de desenvol-
uma síntese das experiências de dois cursos: Odontologia e Matemática. Os alunos do curso de Odon-
tologia mostraram-se favoráveis ao uso do portfólio, destacando o seu caráter avaliativo e inovador,
devendo fazê-lo em uma perspectiva mais pessoal. Evidenciaram como dificuldades a falta de conhe-
quais em sua maioria nunca tinha utilizado o portfólio como metodologia de aprendizagem. Por ser
77
A contribuição das metodologias
algo novo, a apreensão, preocupação, dúvidas, surpresa, ansiedade, desânimo, medo, curiosidade,
foram as primeiras impressões relatadas por esses discentes. Além da dificuldade de trabalhar em
equipe e aceitar a opinião dos colegas, visto que a construção do portfólio foi coletiva. No entanto, no
decorrer da atividade alguns alunos qualificaram o uso como uma possibilidade de visualizar melhor
o conteúdo por inteiro, aliando teoria e prática através da escrita e criando memórias e recordações
de todo o trajeto.
Os resultados, segundo os discentes, mostram que o uso do portfólio pode ser considera-
do como um instrumento motivador permitindo uma maior autonomia ao aluno, colocando-o como
reflexões críticas, e auto reflexões, o que torna a aprendizagem mais significativa. Essa perspectiva
vai de encontro ao pilar da educação “Aprender a Conhecer”, a qual segundo Delors (1999), esse tipo
de aprendizagem: “permite compreender melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos, favorece
o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido crítico e permite compreender o real, me-
diante a aquisição de autonomia na capacidade de discernir”. O autor ainda complementa dizendo que
toda essa compreensão é necessária para que o senhor humano consiga desenvolver as suas capacida-
contínuo e que leva muito tempo, aliados à falta de experiência e conhecimento sobre o portfólio,
justamente por ser um instrumento pouco utilizado nas universidades brasileiras, acostumados com
as metodologias de ensino mais tradicionais de reprodução do saber, a quais não exigem o mínimo de
reflexão e crítica. Além disso, a dificuldade do trabalho coletivo, e de aceitação das opiniões alheias,
foi outro empecilho apontado pelo alunos, reflexos mais uma vez do ensino tradicional individualista
e reprodutor, que não fornece espaço para as construções, discussões e reflexões coletivas, indo de
desencontro com ao que propõe o pilar “Aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros”.
78
A contribuição das metodologias
Vantagens e fragilidades do uso do portfólio como metodologia de ensino sob o ponto de vista
docente.
O artigo 03 (SEABRA, et.al, 2020), apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com
13 professores do curso de medicina do Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA), nos anos
de 2014-2015. Para esses professores, o portfólio como instrumento de avaliação, permite observar
reflexiva e crítica. Além disso, esse instrumento proporciona ao professor uma oportunidade de ava-
liar e rever sua prática diária, permitindo uma auto reflexão e um aprendizado contínuo. No entanto,
esses professores relatam que avaliar com o portfólio, requer mais tempo, paciência e conhecimento
do instrumento, para que esse não se torne mais um mero instrumento mecânico.
curso de Engenharia. O portfólio mostrou-se profícuo para proporcionar aos alunos novas oportuni-
dades de aprender, refletir e melhorar seu próprio processo de aprendizagem a partir de intervenções
do professor. Por meio da utilização do portfólio, o professor teve a oportunidade de recolher infor-
constitui-se como instrumento avaliativo que deve partir de uma reflexão crítica sobre os assuntos
abordados ao longo das atividades. Percebeu-se que os alunos apresentaram a contribuição de outras
disciplinas nas produções. Na percepção docente, os alunos também tiveram dificuldade na compre-
Os achados demonstram que o portfólio foi entendido pelos docentes como uma metodolo-
79
A contribuição das metodologias
gia que permite observar a evolução do aluno durante todo o processo de ensino, permitindo interven-
ções e gerando novas oportunidades de aprendizagens. O que vai de encontro com o pilar “Aprender
a ser”. Segundo Delors (1999), essa aprendizagem está diretamente ligada à como ensinar o aluno a
portfólio, o professor tem a oportunidade de reavaliar sua prática pedagógica diária, possibilitando
assim, quando julgar necessário, reorientar suas práticas de ensino, a fim de oportunizar aprendiza-
ao portfólio, outras 03 avaliações subjetivas durante o semestre, as quais permitiram realizar uma
análise comparativa com o portfólio avaliativo. Como resultado, foi possível perceber que o uso do
crítica, reflexiva e dialógica. Por ser um processo contínuo e gradativo, a construção do portfólio
feedbacks constantes nas dúvidas e dificuldades. Por fim, analisando o rendimento geral a partir das
notas atribuídas pelo docente para seus portfólios, foi possível observar um resultado superior ao re-
cia-se a falta de direcionamento teórico para a utilização do portfólio, para a avaliação formativa e até
mesmo para entendimento sobre o processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido, as regras impostas
pela universidade, o fator tempo que se relaciona com o cumprimento de uma estrutura curricular
80
A contribuição das metodologias
densa, com carga horária elevada, relacionados ao modo de trabalho dos professores, trazem dificul-
uso do portfólio como instrumento avaliativo, permite ao aluno ser agente ativo na construção de
sua aprendizagem, através da estrutura organizacional sistematizada e dos feedbacks realizados pelo
professor, é possível realizar auto avaliação reflexiva, repensando e reformulando determinados resul-
tados. Refletir através da escrita, expressar de forma criativa, realizar atividades coletivas e o curto
tempo de sala de aulas, são as maiores dificuldades apontadas por esses discentes. Além do fato de
refletirem e melhorarem seus processos de aprendizagem, sendo eles sujeitos que intervêm e partici-
do portfólio como instrumento de avaliação consistiu no número elevado de estudantes, turmas com
mais de 35 alunos, tornando complicado o processo de orientação por parte do docente. Esse fato
De acordo com a análise realizada é possível inferir que a utilização do portfólio no ensino
superior como instrumento avaliativo constitui-se uma importante ferramenta de avaliação forma-
tiva, proporcionando uma formação emancipadora com foco em um processo contínuo e gradativo,
reflexão, diálogo, conforme orientação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Saúde
(2001), “formar egressos críticos, reflexivos, humanistas, éticos, com formação generalista, capazes
81
A contribuição das metodologias
o último pilar da educação “Aprender a ser”, o qual diz respeito ao desenvolvimento total da pessoa,
fornecendo saberes e competências que permitam ao aluno compreender o mundo em que vive e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
avaliação é uma atividade complexa e não se resume à atribuição de notas e classificação dos alunos.
O professor, nesse contexto, deve considerar o processo avaliativo por diferentes ângulos, de forma a
ativas deve ser formativa, qualitativa e processual” (SOARES, 2021, p. 103). Prioriza-se o processo
com a finalidade de acompanhar os objetivos propostos, os pontos que devem ser melhorados e orien-
Ao longo das análises dos artigos foi possível perceber que o uso do portfólio como instru-
mento de avaliação, parte de uma concepção de avaliação formativa na qual é possível tanto o aluno
mitindo ambas as partes a realização da autoavaliação. O aluno tem a oportunidade de rever, refletir
e reconstruir seus saberes, e o professor tem a possibilidade de reavaliar e reorientar suas práticas de
portfólio para que o resultado repercuta no crescimento discente e na melhoria da qualidade da ação
82
A contribuição das metodologias
pedagógica. O conjunto de regras de coletas de itens para pesquisa e registro “faz com que os portfó-
O uso do portfólio requer planejamento para sua implantação e continuidade, bem como o
na-se participante da tomada de decisões, contribuindo com o seu processo de formulação de ideias
e escolhas. Nessa perspectiva, a avaliação deixa de ser classificatória e excludente e passa a refletir a
Espera-se com esse estudo, contribuir para que aqueles professores que ainda possuem uma
concepção do ato de avaliar como simplesmente um processo para obtenção de notas e promoção, e
perceba no uso do portfólio um instrumento que permite um avaliar contínuo e formativo dos estu-
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A contribuição das metodologias
90
Capítulo
4 A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E A
91
A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE
PROFESSORES: POSSIBILIDADES MEDIADAS PELAS METODOLO-
GIAS ATIVAS
Resumo: O objetivo deste artigo é discutir como a coordenação pedagógica pode consolidar a for-
mação continuada de professores mediadas pelas metodologias ativas. O papel da Coordenação Pe-
dagógica nas instituições de ensino é propiciar a discussões e reflexões que auxilie o professor a ser
reflexivo e crítico com a intenção de transformar as suas ações didático- pedagógicas. Neste estudo,
fessores a partir das metodologias ativas. A metodologia será uma revisão bibliográfica que pretende
discutir as potencialidades das metodologias ativas na formação docente e observar como estas po-
dem reverberar em estratégias pedagógicas de ensino na educação básica. Conclui-se que o coordena-
dor pedagógico é um agente formador e propiciar a formação continuada do corpo docente constitui
92
A contribuição das metodologias
Abstract: The objective of this article is to discuss how pedagogical coordination can consolidate
the continuing education of teachers mediated by active methodologies. The role of the Pedagogical
Coordination in educational institutions is to promote discussions and reflections that help the teacher
to be reflective and critical with the intention of transforming their didactic-pedagogical actions. In
this study, the following question was investigated: how the pedagogical coordinator can articulate the
continuing education of teachers based on active methodologies. The methodology will be a bibliogra-
phic review, where we intend to discuss the potential of active methodologies in teacher training and
how these can reverberate in pedagogical teaching strategies in basic education. It is concluded that
the pedagogical coordination is a training agent and providing the continuous training of the teaching
INTRODUÇÃO
dentre outras funções, acompanhar o processo de aprendizagem, gerir a organização do trabalho es-
colar, acompanhar a gestão das aprendizagens e potencializar as práticas dos professores por meio da
co, Almeida e Souza (2015), pode ser pensada em três dimensões: a articuladora, a transformadora e a
formadora. A dimensão articuladora perpassa pela articulação do planejamento pedagógico, das pro-
postas curriculares de ensino e das relações interpessoais com os demais atores educacionais. Como
93
A contribuição das metodologias
auxilie o professor a ser reflexivo e crítico com a intenção de transformar as suas ações. Na dimensão
formadora, a Coordenação Pedagógica atua como mediador das atividades de formação continuada,
uma escola de grande porte que atende alunos do ensino fundamental e médio sigo refletindo sobre
espaço, é válido compreender que a formação continuada de professores visa incentivar a postura
de sujeitos críticos, reflexivos e transformadores, capazes de refletir sobre suas ações, com vistas a
produzir saberes e fazeres que lhes permitam avançar em práticas pedagógicas mais significativas.
É notório que após a crise sanitária de saúde de 2020, em virtude do Coronavirus, muitas
práticas educativas foram implantadas e muitas outras ressignificadas pelos docentes, e as metodolo-
gias ativas encontraram espaços significativos para atendimento das novas demandas educacionais.
Neste viés, para consolidar a formação continuada e efetivar uma práxis pedagógica dos professores
para a utilização das metodologias ativas em sala de aula, demandará da coordenação pedagógica
uma ação intencional, colaborativa, engajada e continuada, com vista a melhoria da educação. Assim,
a questão problema que subsidia esta pesquisa, será a seguinte: qual o papel do coordenador pedagó-
professores a partir das metodologias ativas? Diante destas reflexões, empreende-se que a
formação continuada de professores, pelo viés das metodologias ativas, incentiva a postura de sujei-
tos críticos, reflexivos e transformadores capazes de refletir sobre suas ações, com vistas a produzir
saberes e fazeres que lhes permitam avançar em práticas pedagógicas mais significativas.
Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo discutir como a coordenação pedagógi-
94
A contribuição das metodologias
ca pode consolidar a formação continuada de professores mediadas pelas metodologias ativas, com
vista a refletir como esta formação pode reverberar no aprendizado do aluno. A metodologia da in-
vestigação está pautada na pesquisa bibliográfica e, para isto, buscaremos um referencial teórico que
possa viabilizar esta discussão. Assim, para compreensão da dimensão da atuação do Coordenador
Pedagógico recorremos aos autores como Franco (2008) e Pacco, Almeida e Souza (2015). No estudo
sobre a formação continuada, utilizamos Freire (1982; 2016; 2017), Novoa (2002) e sobre as metodo-
Para uma melhor organização didática, o trabalho foi organizado em seções. Na primeira
seção, está a Introdução, apresentou-se, em linhas gerais, a proposta, o referencial teórico e o objetivo
central do trabalho. Na segunda seção, coube a discussão da metodologia adotada para realização
terceira seção do trabalho é uma discussão sobre o papel do coordenador enquanto agente formador,
seção deste trabalho, e tem como objetivo central discutir as potencialidades das metodologias ativas,
mediando espaços e possibilidades para formação continuada dos docentes. Em continuidade, apre-
pelas metodologias na escola contribui para a reflexão e tomada de consciência dos professores com
METODOLOGIA
A metodologia adotada nesta pesquisa é uma revisão bibliográfica, com a finalidade de apri-
95
A contribuição das metodologias
ao tema com o fito de proporcionar maior compreensão sobre a atuação da Coordenação Pedagógica
como formador de professores, as potencialidades das metodologias ativas nas intervenções pedagó-
Por pesquisa bibliográfica entende-se um apanhado geral sobre os principais trabalhos re-
alizados que forneçam dados atuais e relevantes para embasar o estudo. Para Severino a pesquisa
bibliográfica,
quisas anteriores [...] os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisa-
dos e o pesquisador trabalha a partir das contribuições dos autores dos estu-
Desta forma, a pesquisa bibliográfica, conforme explicita Fonseca (2002) é realizada “[...] a
partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrô-
nicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites”. O autor alerta que qualquer “trabalho
científico se inicia com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se
Neste viés, para consolidar a pesquisa e as reflexões imbuídas neste trabalho, recorreremos
a autores como Franco (2008) e Pacco, Almeida e Souza (2015) para a compreensão da dimensão da
atuação do Coordenador Pedagógico nas instituições de ensino; no estudo sobre a formação continu-
Freire (1982; 2016; 2017), Nóvoa (2002); e o estudo sobre as metodologias ativas e a potencialidade
96
A contribuição das metodologias
A Coordenação pedagógica pode ser compreendida como uma assessoria permanente e con-
tinuada ao trabalho docente e tem como pressuposto acompanhar o processo de aprendizagem, gerir
a organização do trabalho escolar e melhorar as práticas dos professores por meio da formação conti-
nuada da escola. Desta forma, a coordenação pedagógica atua nos processos educacionais, no plane-
Para Libâneo (2001), o coordenador pedagógico é aquele que responde pela viabilização, integração
pais.
Na contramão desse entendimento, há, historicamente, por parte dos profissionais que atuam
na coordenação pedagógica uma dificuldade em compreender o seu papel nas escolas, seja pela falta
de identidade do coordenador pedagógico (FRANCO, 2008) ou pelos atravessamentos que a sua fun-
ção ocupa nas instituições de ensino. Sobre esta análise contextual e crítica das necessidades sentidas
que, na maioria das vezes, caminha sem projetos, sem estrutura, apenas im-
grandes demandas pedagógicas onde o planejamento e a formação continuada ficam suprimidas pelas
ensino. Neste processo, cabe ao coordenador pedagógico compreender quais são os elementos fun-
97
A contribuição das metodologias
damentais, como nos lembra Silva (2018), presentes na coordenação pedagógica da escola que contri-
buem para que os sujeitos nela envolvidos possam adquirir saberes, numa perspectiva de aprimorar,
alterar ou aprofundar o que se pretende alcançar, para melhor organização do trabalho pedagógico na
Essa tarefa de coordenar o pedagógico não é uma tarefa fácil. É muito com-
soais e administrativos. Como toda ação pedagógica, esta é uma ação política,
De acordo com o Art. 25 do Regimento Escolar das unidades escolares integrantes do Siste-
ma Público Estadual de Ensino da Bahia, a coordenação pedagógica tem por finalidade o acompanha-
mento da dinâmica pedagógica da unidade escolar, bem como o aperfeiçoamento dos seus processos
de ensino e de aprendizagem (BAHIA, p. 16). No documento normativo, que regula a atuação dos
coordenadores pedagógicos da rede estadual, é possível verificar as suas atribuições, quais sejam:
que ocupam os espaços escolares, é organizar na escola espaços, tempos e processos que propiciem
um ambiente formador, possibilitando ações voltadas à transformação da práxis docente. Neste viés,
98
A contribuição das metodologias
caberá, segundo Franco (2008, p. 121), “à tarefa pedagógica na escola funcionar como a interlocutora
interpretativa das teorias implícitas na práxis, e ser a mediadora de sua transformação, para fins cada
vez mais emancipatórios”. A autora segue discutindo o papel identitário do coordenador na organiza-
ção e construção de sua profissionalidade. Embora reconhecido e identificado como o profissional que
tem como tarefa viabilizar a gestão das aprendizagens dos alunos e propiciar a formação continuada
gico ainda esbarra no desafio de conquistar e consolidar o seu espaço de atuação. Freire (1982, p. 95)
relação educador/educando.
A discussão aqui proposta é que o coordenador compreenda o seu papel como um educador,
3 Na época em que o texto foi escrito, o termo supervisor era o profissional que acompanhava a
supervisão e coordenação das ações escolares.
99
A contribuição das metodologias
e mais que isto, um educador que forma educadores, ajudando os professores na compreensão de sua
práxis educativa. Sendo assim, uma das principais funções prioritárias da coordenação pedagógica é
o processo formativo dos docentes, produzindo impacto produtivo e atingindo as necessidades pre-
sentes na escola.
Placco, Souza e Almeida (2011) consideram que o trabalho do coordenador pedagógico está
dor das instituições escolares, capaz de contribuir significativamente para o desenvolvimento das
ações na escola, partindo do pressuposto que o papel central do coordenador pedagógico é a formação
texto educacional por meio do estímulo ao questionamento crítico, à prática reflexiva, à criatividade
docente.
A formação de professor se constrói, como bem elucida Nóvoa (2002), por meio de um traba-
lho de reflexividade crítica sobre as práticas de reconstrução permanente de uma identidade pessoal.
Assim, o docente em busca de uma formação e de novos saberes para a sua profissão, procura conhe-
cer novas teorias, e este processo faz parte da construção profissional, mas não bastam, se estas não
possibilitam ao professor relacioná-las com seu conhecimento prático construído no seu dia a dia, e
como formador de professores e este papel se consolida como essencial para a ação-reflexão da orga-
nização do trabalho docente, uma vez que possibilita processos de mudança, o que contribui para a
100
A contribuição das metodologias
As práticas pedagógicas tradicionais dos professores, ainda presentes e executadas nas esco-
las, requerem transformações para atender as demandas atuais. Freire (2017) destaca a importância
de superar a educação bancária tradicional e focar a aprendizagem no aluno. Em sua obra Pedagogia
do Oprimido, o professor define a educação bancária como “[...] um ato de depositar, em que os edu-
candos são os depositários e o educador, o depositante” (FREIRE, 2017, p. 80). Nesta concepção de
ensino, definida como bancária, o saber se constitui como uma transmissão de conhecimento, em que
os alunos recebem o depósito do conteúdo. Neste processo, não há reflexão sobre o processo educati-
Com o fito de superar a educação bancária, Freire defendia uma educação problematizadora
e dialógica, que favorecesse a troca mútua de conhecimento, reconhecendo que “[...] o educador já
não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que,
ao ser educado, também educa” (FREIRE, 2017, p. 96). Desta forma, na educação problematizadora e
Vale pontuar que estas discussões conduzem ao avanço na profissionalização docente, obser-
vando que o professor não é o único detentor do conhecimento, assumindo assim, o papel de media-
Neste propósito, a escola requer do professor não apenas o domínio teórico dos conteúdos
curriculares, mas o desenvolvimento de estratégias que possam ser ensinadas de modo assertivo para
os alunos, consolidado um aprendizado crítico e significativo. Deste modo, um dos grandes desafios
nas práticas educativas docentes é a busca por metodologias inovadoras que possibilitem uma práxis
101
A contribuição das metodologias
É neste lugar de busca, ação e construção permanente que o coordenador pedagógico assume
um papel fulcral para consolidar a formação contínua do corpo docente, evidenciando metodologias
que contemplem aprendizagens significativas (AUSUBEL, 2003) dos estudantes. Neste cenário, as
metodologias ativas têm encontrado um caminho promissor para o trabalho docente. ALMEIDA
Essa concepção surgiu muito antes do advento das TDIC, com o movimento
chamado Escola Nova, cujos pensadores, como William James, John Dewey
As ideias da Escola Nova, que se traduz em um movimento pedagógico, cujo objetivo era dar
(2018) explica que o “pensamento da Escola Nova converge com as ideias de Freire (1982) sobre a
102
A contribuição das metodologias
dos estudantes, colocando-os no centro do processo” (DIESEL et al., 2017, p. 273). Assim, a aborda-
gem que está no centro da discussão perpassa sobre o uso das metodologias ativas de ensino como
zagem, reconhecendo que esta prática permeia a autonomia, a realidade contextualizada e o protago-
nismo do aluno.
colocam o foco do processo de ensino e de aprendizagem no estudante, assumindo assim, uma pos-
tura mais ativa e participativa, sendo capaz de resolver problemas, desenvolver projetos e, com isso,
mediada pelos coordenadores pedagógicos, com vista a explorar o potencial das metodologias deve
centrar no aprendizado do aluno, buscando mediar ações que possibilitem desenvolver habilidades
prática.
preender os princípios fundantes que as constitui, a saber: o aluno como centro do processo de apren-
como mediador, facilitador (DIESEL et al., 2017) para consolidação do planejamento que contemple
Aqui cabe também a reflexão de que, para o coordenador pedagógico mediar espaços for-
mativos com os professores e colocar em prática o conceito defendido pelas metodologias ativas é
importante conhecê-las, para que seu uso em sala de aula seja adequado, eficaz e intencional.
103
A contribuição das metodologias
por meio de processos formativos que emergem das práticas cotidianas e na relação com seus pares.
Assim, ao mediar a formação dos professores, é viável ao coordenador pedagógico articular os espa-
ços e tempos destinados às atividades complementares (AC) que, conforme explicita Oliveira (2007,
p.60), “se constitui como um espaço e um momento de reflexão e construção permanentemente, ine-
de suas atividades]”.
A proposta deste trabalho, que se propôs discutir como a Coordenação Pedagógica pode
consolidar a formação continuada de professores a partir das metodologias ativas, nos permite com-
preender que as ações desenvolvidas pela coordenação devem ser articuladas com e para os docentes,
percebendo as necessidades internas da escola, a partir de uma análise do currículo escolar, das estra-
tégias docente a fim de efetivar uma práxis docente mais refletida e comprometida, contribuindo para
CONSIDERAÇÕES FINAIS
e aprendizagem, buscando alternativas para melhorar o desempenho escolar, e assume, como papel
central, a formação continuada de professores. Autores como Freire e Nóvoa apresentam a formação
no espaço escolar: articular, formar e transformar. Enquanto agente articulador é responsável pela
articulação da prática educativa. Como agente transformador, compreende que a prática pedagógica
está aberta a transformar-se continuamente, a partir das reflexões e intervenções mediadas. Como for-
mador, o coordenador pedagógico é o agente responsável pela formação continuada dos professores.
104
A contribuição das metodologias
Através de uma revisão bibliográfica, o presente trabalho propôs uma discussão com vista
nuada dos professores e propor uma formação a partir das metodologias ativas. Neste contexto, per-
cebeu-se que as metodologias ativas têm como objetivo primordial incentivar os estudantes para que
nuada de professores a partir das metodologias ativas? Compreendemos que este profissional assume
o papel central de formador de professores. Desta forma, empreendemos que a formação continuada,
a partir das metodologias ativas, possibilita ao coordenador pedagógico criar um cenário de forma-
ção que favoreça a reflexão sobre as estratégias didáticas de ensino. Os resultados apontaram que o
trabalho desenvolvido pela Coordenação pedagógica na escola contribui para a reflexão e tomada de
No entanto, como qualquer inovação didática que seja capaz de transformar a realidade em
sala de aula e a prática docente, o trabalho com as metodologias ativas demanda intencionalidade
pedagógica, comprometimento e dedicação. Assim, as reflexões mediadas pela formação devem pos-
sibilitar ao docente superar o desafio de adequar as metodologias ativas ao currículo escolar, aos re-
cursos e meios empregados, as estratégias pedagógicas e as avaliações escolares, para assim, efetivar
REFERÊNCIA
105
A contribuição das metodologias
ALMEIDA. E. B. Apresentação. In: BACICH, L; MORAN, J. Metodologias ativas para uma educa-
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A contribuição das metodologias
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TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002
108
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO:
Capítulo
5 COMO A GAMIFICAÇÃO PODE TOR-
DESEJADO?
109
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: COMO A GAMIFICAÇÃO PODE
TORNAR ESSE PROCESSO DIVERTIDO E DESEJADO?
Resumo: Este artigo pretende demostrar que a gamificação em sala de alfabetização é uma estratégia
dos games, numa intencionalidade pedagógica, promoverá o engajamento dos alunos e a superação
preensão e produção textual. A partir dessa hipótese, com a finalidade de entender a contribuição
da gamificação para a alfabetização e o letramento, foi realizada uma investigação, com base numa
abordagem qualitativa e com cunho bibliográfico, visando o levantamento de artigos científicos, li-
vros e periódicos que trataram da temática sobre o uso da gamificação no processo de aprendizagem.
Através dos resultados obtidos, percebeu-se que o ambiente lúdico contribui de forma significativa
para a motivação dos alunos, deixando-os mais interessados em aprender a ler e a escrever, pois as
atividades adaptadas a linguagem dos games, permitem aos estudantes imaginar, criar, cooperar,
denciou também que as pesquisas envolvendo os games e a alfabetização ainda são bastante escassas
1 Pós-graduandas-UNIVASF
2 Pós-graduandas-UNIVASF
110
A contribuição das metodologias
Abstract: This article intends to demonstrate that gamification in the literacy classroom is a possible
and engaging strategy for the learning process of children in the literacy phase. The logic of games,
in a pedagogical intention, will promote student engagement and overcoming obstacles, interaction,
concentration and consolidation of learning such as the development of phonological and phonemic
awareness, the understanding of the alphabetic principle and textual comprehension and production
skills. From this hypothesis, in order to understand the contribution of gamification to literacy and
literacy, an investigation was carried out, based on a qualitative approach and with a bibliographic
nature, aiming at the survey of scientific articles, books and periodicals that dealt with the theme. on
the use of gamification in the learning process. Through the results obtained, it was noticed that the
playful environment contributes significantly to the students’ motivation, making them more inte-
rested in learning to read and write, as activities adapted to the language of games allow students to
imagine, create , cooperate, explore, win, get excited and engage in the learning process itself. The
research also showed that research involving games and literacy is still quite scarce and that greater
INTRODUÇÃO
111
A contribuição das metodologias
bientes virtuais de aprendizagem ou não. Trata-se de uma educação centrada no aluno, despertando-
-lhe o pensamento crítico e de incentivo à elaboração de conteúdos autorais. Nesse sentido, rompe
com o formato tradicional de aulas expositivas, nas quais os alunos são seres passivos e que apenas
gamificação como uma ferramenta bastante inovadora e eficaz para o engajamento dos estudantes no
processo de aprendizagem.
Autores como ALVES (2015), BOLLER; KAPP (2018), EUGENIO (2020), SIQUEIRA
(2022) defendem que o uso da gamificação em sala de aula é uma das formas mais eficientes de apren-
dizagem. Os jogos são excelentes estratégias para motivar e encantar as crianças para uma aprendi-
zagem mais rápida e próxima da vida real. Os pesquisadores anteriormente citados demonstraram a
eficácia dessa ferramenta usada para tornar o ensino mais significativo para os alunos, todavia, pouco
Sabe-se que a alfabetização de crianças no Brasil é um processo desafiador, visto que dados
da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA, 2016) apontaram graves falhas neste processo, pois
um número significativo de crianças não conseguiu alcançar os níveis de competência leitora espera-
dos até o terceiro ano do ensino fundamental. A pandemia pelo novo coronavírus, iniciada em 2020,
só veio contribuir para agravar ainda mais os problemas inerentes à alfabetização, deixando os alunos
Sendo assim, essa pesquisa investigou como a gamificação pode tornar o processo de alfabetização e
Partiu-se da seguinte hipótese de pesquisa: o uso de metodologias ativas tem sido empregue
em turmas em que os alunos já são leitores, visto que pressupõe por parte do estudante o mínimo de
autonomia. Contudo, através desta pesquisa, pretende-se apontar como determinados aspectos dessa
forma de ensinar, como por exemplo, o uso de gamificação, pode tornar o processo de aquisição da
112
A contribuição das metodologias
leitura e da escrita mais significativo e atrativo para as crianças em fase de alfabetização. Aprender
o alfabeto, as sílabas, as palavras, os textos podem ser um processo mecânico e sem sentido para a
criança, mas se for bem contextualizado e inserido em meio a muitos desafios, torna-se lúdico e pra-
zeroso.
Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo geral analisar de que forma a gami-
ficação pode auxiliar e potencializar a motivação dos alunos quando aplicada ao processo de alfa-
formas inovadoras de ensinar; conceituar gamificação e relacionar seus elementos com o processo de
aprendizagem; descrever como a gamificação pode atuar na motivação das crianças no processo de
alfabetização e letramento; explicitar de que maneira a gamificação pode contribuir com a aquisição
temática. Além disso, aprofundou-se os termos alfabetização e letramento e como o uso da gamifica-
ção pode contribuir para que esse processo seja mais significativo para os estudantes.
Com base nas contribuições de autores conceituados dentro da temática em estudo, além de
uma análise minuciosa de materiais já publicados na literatura pertinente, como livros, revistas cien-
tíficas, bem como trabalhos publicados no meio eletrônico fez-se um aprofundamento dessa metodo-
logia, a qual poderá servir de subsídio tanto para pesquisadores, universitários da área pedagógica,
METODOLOGIA
A abordagem utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa foi de cunho qualitativo, pois
não tem a intenção de enumerar ou medir os eventos estudados e nem fará uso de elementos estatís-
113
A contribuição das metodologias
rado, principalmente de livros e artigos científicos sobre as metodologias ativas, de modo particular
tem o foco na investigação de materiais já publicados sobre o assunto e, segundo Lakatos e Marconi
(2010) seu propósito é explorar diretamente o acervo de trabalhos e pesquisas, tendo como base os
mais variados tipos de registros, possibilitando maiores informações sobre o tema. Em geral, esse tipo
de pesquisa é bastante usada por pesquisadores que possuem pouco ou nenhuma pesquisa publicada
De acordo com Gil (1991), a pesquisa bibliográfica é o tipo de pesquisa desenvolvida a par-
tir de algum material já elaborado, tendo principalmente como base artigos científicos e livros. Essa
pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo
Sendo assim, para realizar o atual estudo utilizaremos o método da pesquisa bibliográfica,
trilhas já traçadas por pesquisadores da área, tanto da gamificação como da alfabetização e letramen-
to. As perspectivas teóricas aqui abordadas possuem o intuito de demonstrar que os elementos da
114
A contribuição das metodologias
motivação e aprendizagem.
A partir do pensamento pedagógico John Dewey (1859–1952), iniciou uma forma de educar
com uma busca ativa de conhecimento por parte do aluno, pois na concepção do autor a criança de-
veria ser preparada para a vida, assumindo uma postura ativa, participativa e responsável, a partir
Na década de 1980 as metodologias ativas foram ganhando espaço e sendo mais vistas pelos
profissionais da área de educação, pois diversos pensadores discutiam os modelos de ensino destacan-
Nesses dois últimos anos, com a pandemia causada pelo covid-19, provocando a suspensão
das aulas presencias, o uso das tecnologias e a introdução do ensino remoto foi de extrema impor-
tância para que as aulas tivessem continuidade e a educação não fosse interrompida totalmente. Per-
cebe-se então, principalmente, nesse momento, o uso da tecnologia na educação e a importância das
aluno é incentivado a assumir uma postura ativa e responsável em seu processo de aprender, buscando
vem métodos e técnicas que estimulam a interação aluno-professor, aluno-aluno e aluno- materiais/
115
A contribuição das metodologias
Segundo Moran; Bacich (2018), a palavra ativa precisa estar relacionada à aprendizagem
tionamentos, experimentação e criação. A sala de aula pode ser esse espaço de cocriação em que se
aprende fazendo e de buscas de soluções para desafios atuais, através de desafios, jogos, experiências,
Existem diversas possibilidades de uso das metodologias ativas, a saber: o Estudo de caso,
Métodos de projetos, Sala de aula invertida (flipped classroom), Google Classroom, Aprendizagem
estudo tem como foco central analisar de que forma a gamificação pode auxiliar e potencializar a
eficazes para o ensino. O pesquisador Pieter Wouters e colegas (2003, apud BOLLER; KAPP, 2018),
em estudo comparativo, conseguiu provas consistentes de que jogos promovem muito mais aprendi-
Então, o que vem a ser um jogo? É possível definir jogo como uma atividade composta por
um objetivo, um desafio, interatividade (com outros jogadores e/ou com o ambiente do jogo), com re-
gras claras e com feedbacks sobre os resultados. O fato de atingir ou não o alvo, de ganhar ou perder
É importante ter presente que embora o brincar faça parte do jogo, pois possuem em comum
o elemento da diversão, possuem elementos de construção bem diferentes. Brincar se distingue do jo-
gar, pois trata-se de fazer algo por pura diversão, sem competição e sem preocupação com resultados.
Quando observamos crianças pequenas correndo num campo, estão apenas brincando. A partir do
116
A contribuição das metodologias
momento que uma delas convida o grupo para fazer uma corrida com regras e visando ver quem che-
ga primeiro num determinado ponto, passa a ser um jogo. Os autores Boller e kapp (2018) apresentam
versão pela diversão; enquanto que os jogos de aprendizagem, que também levam o nome de “jogos
sérios” ou “jogos instrucionais” são programados para reforçar conhecimentos já existentes ou para
modo a garantir uma aprendizagem a partir de uma experiência interativa dentro de um ambiente
realista e controlado.
gógicas com o uso de elementos de jogos digitais, pode ser inovadora ou não. Isso quer dizer, que,
mesmo um simples caça ao tesouro, poderá ser caracterizado como uma atividade gamificada, a de-
pender da forma de utilização dada pelo professor. Quando se quer alcançar um resultado, todas as
ferramentas de aprendizagem interativa são úteis, embora tenham propósitos e focos diferentes:
aprendizagem podem ser produzidos em ambientes on-line quanto em formatos físicos. É possível,
na sala de aula de alfabetização, que o professor possa utilizar distintivos ou pontos para motivar os
alunos. Em geral, não são necessários gastos, pois um simples jogo de cartas pode se revelar um jeito
117
A contribuição das metodologias
Em primeiro lugar, é preciso fazer a distinção entre aprendizagem baseada em jogos e gami-
ficação. Nesse sentido, os estudos de Eugênio (2020) corroboram para essa diferenciação, visto que,
segundo esse autor, na aprendizagem baseada em jogos os alunos aprendem enquanto brincam, tor-
desenvolvimento cognitivo do aluno. Os jogos podem ser combinados com aulas tradicionais, visando
de jogos em atividades não relacionadas a jogos, visando maior motivação dos participantes. A gami-
ficação educacional insere o uso de sistemas de regras similares a jogos, experiências de jogadores e
a fazer parte dos processos educacionais. Um game é um sistema em que os jogadores, de forma
voluntária, engajam-se em um desafio dotado de aspectos da realidade que são transportados para
a fantasia a fim de atingir objetivos, seguindo regras pré-estabelecidas, tendo ao longo do percurso
Assim, diversos são o s motivos para usar a gamificação nas aulas de alfabetização e le-
tramento, pois a linguagem dos jogos proporciona maior engajamento do aluno no nível cognitivo e
possível identificar:
118
A contribuição das metodologias
conteúdo elementos da gamificação como a mecânica e estética dos games são usados para alterar
o conteúdo, tornando-o mais parecido com um jogo. Adiciona-se assim itens de narrativa, desafio,
mistério e avatares, que transformam o conteúdo e o aproxima mais de um game. É possível citar, por
exemplo, o uso de aplicativos cuja finalidade consiste em um jogo de perguntas e respostas, como o
Kahoot ou Socrative.
Contudo, não apenas através de recursos tecnológicos o professor poderá gamificar sua aula,
pois o professor que não tenha acesso a internet em sala de aula, poderá usar a gamificação analógica,
ou seja, usar materiais concretos como cartões com perguntas e respostas, sendo ele o responsável por
validar se estão corretas ou não, também pode criar uma gincana em sala de aula e motivar os alunos
através do conteúdo, sem alterá-lo. Um exemplo comum desse tipo de gamificação é o uso de elemen-
tos como pontos, badges, níveis e ranking no contexto educacional.” (EUGÊNIO, 2020, p. 90). É mais
adequada para ser usada dentro de uma unidade, bimestre, trimestre, semestre ou ano todo. Ela é mais
por professores mais tradicionais, visto que não modifica o conteúdo. O professor apenas estrutura
com pontos, medalhas, ou então, motivá-los por meio de competição e/ou colaboração. À medida que
os alunos progridem no conteúdo, os pontos obtidos com a resposta correta às perguntas são mostra-
dos em uma espécie de tabela de classificação, permitindo, inclusive, que outros alunos visualizem
o progresso. Assim, cria-se um gráfico social de desempenho, forçando uma competição entre os
119
A contribuição das metodologias
alunos. Em produtos digitais, a gamificação estruturada é o tipo mais comum, pois é relativamente
Antes de mais nada, é preciso diferenciar os termos alfabetização e letramento, visto que
gráfico brasileiro de 1940, por exemplo, o conceito de pessoa alfabetizada que vigorava era o que era
interpretado como capacidade de escrever o próprio nome. Porém, a partir do censo de 1950, alfabeti-
zado passa a ser aquele capaz de ler e escrever um bilhete simples, ou seja, capaz de não só saber ler
e escrever, mas de exercer uma prática de leitura e escrita, ainda que bastante trivial.
Em 1970, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNES-
CO) propôs que as avaliações internacionais, sobre o domínio de competências de leitura e de escrita,
A partir de meados de 1980, surge o termo letramento (do inglês “literacy”), a partir da ne-
cessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais avançadas e complexas
Magda Soares (2002) aponta que nas últimas três décadas ocorreram mudanças de paradig-
mas teóricos no campo da alfabetização: de 1960 a 1970, tivemos o paradigma behaviorista; de 1980
a 1990 o paradigma construtivista; deste segundo avançou para o paradigma sociocultural. Assim
como aconteceu nos Estados Unidos, também no Brasil entre os anos de 1980 e 1990 ocorreu o domí-
A autora citada acima defende que alfabetização como processo de aquisição do sistema
convencional de uma escrita alfabética e ortográfica, foi de certa forma obscurecida pelo letramento,
120
A contribuição das metodologias
porque este acabou frequentemente prevalecendo sobre aquela, que, como consequência, perdeu sua
especificidade. Atualmente, o que se percebe nas escolas é uma dissociação dos dois processos. La-
mentavelmente, a percepção de que as crianças, ao serem letradas nas escolas não são alfabetizadas,
têm conduzido a um processo retrógrado do retorno à alfabetização como processo autônomo, dei-
e das normas ortográficas e que esse processo envolve habilidades motoras de uso dos instrumentais
de escrita (como o lápis), assim como a direção correta da escrita e a manipulação correta e adequada
dos suportes como livro, revista, jornal e papel. Enquanto que o letramento é a capacidade de uso da
escrita para inserir-se nas práticas sociais e pessoais que dependem do uso da escrita. Nessa perspecti-
va, a autora defende que a alfabetização e o letramento são processos interdependentes e inseparáveis,
pois, a alfabetização se desenvolve no contexto de e por meio de práticas sócias de leitura e escrita; o
um.
Seja na oralidade ou na escrita, a língua possui a mesma função, que é sociointerativa e essa
função se concretiza por meio de textos. Quando interagimos por meio de uma língua, o fazemos
por meio de textos que falamos, ouvimos, escrevemos e lemos. Desta maneira, o texto deve ser o
eixo central do processo de interação. Por isso, o ponto de partida para as aulas de alfabetização deve
ser sempre o texto, eis a importância das literaturas nas aulas de alfabetização. Através dos textos
As pesquisadoras Costa e Vieira (2021), realizaram uma pesquisa participante com crian-
121
A contribuição das metodologias
protagonismo dos alunos, durante a aplicação de jogos educacionais para o ensino aprendizagem do
sistema de escrita alfabética, em duas turmas do 2º ano do Ensino Fundamental de uma escola muni-
cipal do sul de Minas Gerais. O resultado da pesquisa participante demonstrou que o uso de jogos e da
autonomia, satisfação dos estudantes e melhora o aprendizado. Essa pesquisa, entre outros elementos,
aponta que
O jogo torna-se aqui um motivador por ser tão natural da criança, ser presente
em sua realidade infantil. Por meio do jogo, do brincar, a criança acaba sendo
to, pois o jogo faz parte do letramento infantil, é capaz de dar a criança moti-
vos para realizar atividades também escolares. (COSTA; VIEIRA, 2021, p.4)
é necessário que haja um planejamento voltado para o desenvolvimento destas habilidades. Neste
sentido, o professor é o principal agente da aprendizagem de seus alunos, pois é ele quem decide o
que deve ser ensinado, quais os materiais que se deve usar, a organização do trabalho e da atividade,
a forma de avaliação, dentre outros. (CAGLIARE, 2009). Portanto, se o professor tem o poder de es-
colher o que vai ser ensinado e como vai ser ensinado, a opção pelos jogos poderá contribuir para que
O professor de uma escola pública que não possui aparatos tecnológicos poderá pensar:
como vou inserir a gamificação no meu planejamento se a escola que trabalho não possui computa-
dores com acesso à internet? Todavia essa questão foi tratada na dissertação de Siqueira (2019), ao
122
A contribuição das metodologias
enfatizar que, quando o professor for planejar um processo de gamificação é preciso estar ciente de
que esta metodologia não envolve necessariamente atividades com jogos eletrônicos, e sim a lógica
Nesse sentido, gamificar uma atividade prática não significa simplesmente criar um jogo ou
jogar, nem tão pouco apenas adicionar prêmios e estímulos, visto que quando inserida no campo da
aprendizagem, essa atividade não será uma atividade totalmente voluntária. O professor pode utilizar-
se de jogos analógicos, utilizando cartas, tabuleiros ou dinâmicas presenciais para obter resultados
concretos. Não é apenas uma ação de entretenimento, e sim algo que terá impactos positivos na vida
Desta forma, destaca-se que o professor vai motivar muito mais os alunos para a leitura e a
escrita quando ele conseguir transformar simples conteúdos de alfabetização, a exemplos de letras e
fere à reflexão sobre o sistema de escrita, uma vez que potencializam a explo-
O professor pode propor algumas atividades lúdicas, através de jogos, objetivando conduzir
os alunos a refletirem sobre a relação entre letras e sons, sobre sílabas e palavras, entre outros. Além
disso, pode montar jogos com base em alguma história infantil, a exemplo da história “Sete Cachorros
Amarelos”, da editora Brinque-Book. Através dessa narrativa é possível desenvolver uma sequência
123
A contribuição das metodologias
com a modalidade
EXEMPLO escrita da língua.
DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA COM CONTEÚDOS GAMIFICADOS ANALÓGICOS
EM SALA DE ALFABETIZAÇÃO
✔ Interpretação da história “Os Sete Cachorros Amarelos” (Autora: Silvana Rando).
No primeiro momento, a professora fará a contação da história através do livro impresso. Após a exposição
oral, fará questionamentos, tais como: Quem escreveu a história? Do que trata? Quais os personagens? O
que eles fazem? O que você mais gostou? Quais animais aparecem? Alguém tem animal de animação
cachorro em casa? (Momento de diálogo sobre a narrativa).
✔ Realização do jogo: “Deu a louca no canil” para formação de novas sílabas e nomes.
As crianças, divididas em pequenos grupos, receberão uma ficha com a imagem e o nome dos cachorros
com as letras móveis. O desafio será formar novas palavras a partir de nomes embaralhados recebidos.
Depois, os grupos vão apresentar para os colegas e professora os nomes que descobriram.
Conforme lembra Carvalho (2015), o ato de ouvir histórias é algo agradável e prazeroso para
as crianças - ainda que não haja compreensão das palavras e frases da forma convencional - permite
sonhar, pensar, imaginar, seguir o fio condutor da história, relacionar com o cotidiano, interpretar
oralmente, etc. Fazendo com que, ao ouvir a leitura da professora, as crianças vão se familiarizando
com as características da língua escrita, cuja estrutura e cujo léxico não são os mesmos da língua oral.
Além disso, existem diversos sites e aplicativos com jogos digitais, que não precisam da criação do
professor, mas que estão disponíveis gratuitamente e que podem ser usados no processo de formata-
ção das aulas, dentre eles podemos citar: Escola games, wordwall.net, jogos educativos Hvirtua.com,
aplicativo ler e contar, etc. que sugerem vários jogos com elementos alfabetizadores. Porém, mesmo
que as ferramentas já se encontrem prontas, vale salientar o papel do educador, enquanto mediador,
na condução dessas atividades, visto que nem tudo se aprende e se consolida durante o jogo. É preciso
criar situações em que “os alunos possam sistematizar aprendizagens” (BRASIL, 2009, p.14).
Curricular (BRASIL, 2018), são o uso de jogos como meio para o desenvolvimento da aprendizagem,
entretanto, cabe ao professor pesquisar e selecionar os jogos e identificar de que modo o recurso de-
petências. Sendo assim, os educadores também precisam estar abertos ao novo e dispostos a aprender
125
A contribuição das metodologias
RESULTADOS E DISCUSSÃO
em que os alunos sejam proativos, comunicativos, motivados e que desenvolvam o raciocínio lógico
e crítico.
A primeira assertiva trazida por Bolleer e Kapp (2018) é de que os jogos podem promover
mais aprendizado do que a metodologia tradicional das aulas teóricas e expositivas. Os jogos que
nos interessam neste estudo são jogos de aprendizagem, em especial a gamificação. Segundo Alves
(2015), esse termo é originado da palavra inglesa Gamification, que mescla o design de games com a
ideia de trabalhar princípios utilizados nos jogos para criar engajamento em diversos contextos, entre
Com Eugênio (2020, p.59), aprendemos que “gamificação é uma estratégia que usa elemen-
tos, o pensamento e a estética dos jogos no mundo real, visando a modificação do comportamento das
pessoas.” Esse tipo de metodologia ativa, ajuda a promover o protagonismo, o engajamento, a curiosi-
dade e a motivação do estudante. O professor que está em classes de alfabetização, como no primeiro
e segundo ano do ensino fundamental, poderá usar esse recurso de modo a promover o interesse pela
leitura e pela escrita, além de promover atividades que possibilitam o desenvolvimento da consciência
Para organizar o seu planejamento, é importante que o docente saiba diferenciar os dois tipos
de gamificação da aprendizagem:
126
A contribuição das metodologias
GAMIFICAÇÃO
DE CONTEÚDO ESTRUTURADA
É mais adequado para usar dentro da aula. Um É mais adequada para ser usada dentro de uma
exemplo bastante comum é o uso de aplicativos unidade, bimestre, trimestre, semestre ou ano
com perguntas e respostas como o Kahoot ou todo. Ela é mais processual e corre em paralelo às
Socrative. práticas dos professores.
Os dois formatos podem ser usados simultaneamente. A única condição para essa utilização
é um planejamento minucioso por parte do professor, pois somente assim, poderá obter os resultados
esperados.
o docente precisa planejar atividades que contemplem ambas as esferas. Magda Soares (2002) define
a alfabetização como o aprendizado do código propriamente dito, enquanto que o letramento é a com-
preensão da funcionalidade da escrita nos diferentes contextos sociais. Portanto, é importante que o
professor traga propostas de atividades gamificadas com jogos, desenhos animados, filmes e histórias
depende, não só da habilidade do docente, mas também de uma sondagem prévia para saber o que a
criança precisa desenvolver naquele momento de modo a planejar jogos que contemplem essas neces-
sidades. Como sugestão prática apontada pelos diversos autores estudados, entre eles Costa (2021),
pode-se organizar um roteiro com a estrutura do jogo, desde o seu início, até as atividades práticas.
Por exemplo, caso o professor tenha escolhido um conto para trabalhar com os estudantes, poderá
fazer a leitura, vídeos, reconto da história e depois produzir um tabuleiro com um formato de trilha.
Divide-se a sala em duas equipes e vai chamando representantes de cada grupo à frente para jogar o
127
A contribuição das metodologias
dado. Ao cair em determinada casa, o jogador deverá responder perguntas sobre a história ou resolver
capacidade do docente para programar as atividades com objetivos e regras claras de modo a engajar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora o tema gamificação seja relativamente novo, nos últimos dez anos, muitos estudos,
como o artigo de Costa (2021), a dissertação de Siqueira (2019) e livros como os de Alves (2015);
Bolleer e Kapp (2018), Eugênio (2020) e Pinho (2020) têm sido difundidos a esse respeito. Contudo,
Pesquisas sobre o uso de jogos em sala de aula são bastante comuns, mas sobre a aplicação
da gamificação em contextos alfabetizadores são bastante escassas. O motivo dessa carência pode es-
tar associado ao termo gamification, que no senso comum, costuma ser bastante associado aos games
e jogos de entretenimento. Contudo, através de Alves (2015), Eugênio (2020) e Pinho (2020) ficou
claro que a gamificação é justamente a apropriação das mecânicas e sistemáticas dos jogos aplicadas
em outras situações que não sejam jogos, como empresas e salas de aula.
alunos quando jogam para aprender ficam muito mais engajados e motivados para participarem das
atividades propostas pelos professores e esse engajamento garante mais êxito na aprendizagem.
128
A contribuição das metodologias
participante para, desta forma, unir teoria e prática, e assim verificar, com mais precisão, se o profes-
sor que aplica sequências didáticas em que elementos da gamificação são associados a conteúdos de
alfabetização e letramento obterão mais sucesso em relação aos avanços de seus alunos.
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A FORMAÇÃO DE LEITORES AUTÔNO-
Capítulo
6 MOS, CRÍTICOS E AGENTES SOCIAIS
VAS
133
A FORMAÇÃO DE LEITORES AUTÔNOMOS, CRÍTICOS E AGENTES
SOCIAIS POR MEIO DAS METODOLOGIAS ATIVAS
Resumo: Este artigo tem como tema a formação de leitores autônomos, críticos e agentes sociais
por meio das metodologias ativas, isso analisando alternativas para um trabalho com enfoque no
desenvolvimento crítico do sujeito e na importância da leitura em sua vida. Tem como objetivo geral
analisar a leitura como instrumento de formação do sujeito crítico. Para alcançar este objetivo se fez
que dificultam a formação do leitor competente. É um estudo teórico, através do método indutivo e
sirva como base para a formação do sujeito crítico. Contou-se com o suporte teórico de autores como:
Antunes (2003); Silva (2000); Capello (2010); Delmanto (2009); Freire (1994); Martins (1994) entre
outros. Este estudo surgiu a par-tir das discussões realizadas na Universidade, em cursos e no âm-
bito profissional, onde foram e são observadas tais situações cotidianamente, buscando-se possíveis
alternativas para um trabalho com enfoque no desenvolvimento crítico do sujeito leitor. Acredita-se
134
A contribuição das metodologias
que este estudo poderá contribuir para a compreensão da importância da leitura para a vida do sujeito
enquan-to cidadão crítico e participativo, sua participação crítica e efetiva enquanto cidadão propon-
do ao profissional um repensar das práticas e atitudes em sala de aula. Não se tem pretensão, aqui,
esgotar o estudo, de certo contribuir para ele, considerando a complexidade que o en-volve.
Abstract: This article has as its theme the formation of autonomous readers, critics and social agents
through active methodologies, analyzing alternatives for a work focused on the critical development
of the subject and the importance of reading in his life. Its general objective is to analyze reading as
an instrument for the formation of the critical subject. To achieve this objective, it was necessary to:
identify the importance of texts in the development of reading; to identify the factors that hinder the
formation of the competent reader. It is a theoretical study, through the inductive method and a qua-
litative approach. A bibliographic study, which helps in understanding the phenomenon studied and
in the search for concepts, emphasizing the importance of reflective work, in which reading serves
as a basis for the formation of the critical subject. We had the theoretical support of authors such as:
Antunes (2003); Silva (2000); Capello (2010); Delmanto (2009); Freire (1994); Martins (1994) among
others. This study emerged from discussions held at the University, in courses and in the professional
scope, where such situations were and are observed daily, seeking possible alternatives for a work
focused on the critical development of the reader. It is believed that this study may contribute to the
understanding of the importance of reading for the life of the subject as a critical and participative
citizen, his critical and effective participation as a citizen, proposing to the professional a rethinking
of practices and attitudes in the classroom. It is not intended here to exhaust the study, certainly to
135
A contribuição das metodologias
INTRODUÇÃO
seu desenvolvimento histórico, social, político e cultural. É também um processo abrangente e com-
plexo que precisa ser reflexivo e elaborado visando uma maior interação do sujeito.
decodificação de signos e se transforma em produto da interação entre o sujeito e o leitor, pois quando
lemos, associamos as informações lidas à grande bagagem de conhecimentos que temos armazenado
A escola tem um papel fundamental nesta relação e deve promover estratégias e condições
competências, o estímulo pela leitura, a necessidade da busca de novos saberes, oferencendo subsídios
que possam aguçar o desejo de conhecer o novo e assim ampliar seu vocabulário, descobrir novos
Devido a sua importância na vida do homem essa prática deve ser desenvolvida desde cedo
e, principalmente, no âmbito escolar, mas é necessário esclarecer que a escola não é o único local
responsável por desenvolver esta prática, é preciso que a família também esteja interligada neste pro-
Apesar das dificuldades apresentadas por muitas escolas públicas como a falta de livros e
acesso descontrolado desses meios é inegável a importância da leitura e seu poder na construção da
consciência crítica do sujeito, contudo é necessário que a escola forneça aos estudantes instrumentos
necessário para que ele consiga buscar, analisar, selecionar e organizar informações complexas do
136
A contribuição das metodologias
mundo contemporâneo.
A leitura é também uma forma de lazer que pode proporcionar uma aprendizagem significa-
tiva. Colaborando com esta ideia Cunha (1994) ressalta que a leitura é uma atividade de lazer que em
vez de proporcionar repouso e alienação exige um grau maior de consciência, atenção e participação
do sujeito. Com relação à prática de leitura, vários debates são realizados quanto a importância da lei-
tura para a formação de leitores bem como em sua prática no ensino da língua portuguesa e podemos
perceber que tem sido defendido o espaço da leitura em sala de aula, contudo o que vemos na prática
é que outras atividades tem sido priorizadas e a leitura tem se tornado algo cada vez mais distante.
No contexto atual, onde tivemos um avanço significativo das TICs e acesso a internet, de-
vido ao enfrentamento da pandemia por Covid-19, infelizmente, ainda percebemos a leitura sendo
desenvolvida a partir do modelo e concepção tradicional de ensino, onde muitos professores se encon-
sala de aula não enfatiza a leitura como forma de melhorar a forma-ção do sujeito e de um olhar crí-
tico à sua realidade possibilitando formar uma socie-dade consciente. Por isso, faz-se necessário criar
estratégias eficazes que venham a contribuir para despertá-lo da curiosidade do leitor e o conduza a
-ção de ideias firmes e objetivas. E para se tornar um bom leitor é importante segun-do Barbosa, et
al. (2013, p. 47): A leitura de textos é uma atividade na qual se levam em conta as experiências e os
conhecimentos do leitor, além de que exige dele bem mais que o conhecimento do código linguístico,
Para Kleiman (2004), a aprendizagem da criança no âmbito escolar está ba-seada, funda-
mentalmente, na escola e, por essa razão, a leitura deve proporcionar uma interação entre o interlo-
cutor e o autor do texto, ou seja, é necessário que se ensine a criança a compreender o texto escrito.
É necessário que o professor adote métodos e crie situações que possibilitem seus alunos a
137
A contribuição das metodologias
desenvolverem diferentes capacidades de leitura. Sobre isso, Delman-to (2009) considera que deve-
mos ensinar, além da decodificação, a compreensão, apreciação do texto, assim como a relação do
leitor com o texto. Assim os educado-res devem propor atividades em que os alunos sejam capazes
não apenas de locali-zar informações, mas de relacionar e integrar as partes do texto, de refletir sobre
os seus sentidos – captando as intenções, informações implícitas, de perceber relações com outros
contextos, assim como de gerar mais sentidos para o texto e de valorar os que leem de acordo com
Portanto a prática da leitura em sala de aula deve ser vista como um processo de construção
de significados, por isso a escola deve oferecer possibilidades de trans-formação, objetivando a for-
na parede das cavernas como uma forma de se comunicar. Esses desenhos, chamados de pinturas
rupestres, consistiam na transmissão de ideias desses povos, pois representavam seus desejos e ne-
cessidades. A arte rupestre, obviamente, não se trata de um tipo de escrita, uma vez que não havia
uma padro-nização e uma organização, contudo, foi o início da comunicação entre os seres humanos.
de forma independente, em períodos distintos, por civilizações diferentes, entre elas a Mesopotâmia,
Assim como as línguas, o processo da escrita está sempre a mudar. A prova disso é que os
textos produzidos a cem anos atrás, por exemplo, provavelmente possuem palavras que não são mais
Todo o desenrolar da história da escrita foi um passo importante para a hu-manidade, não
138
A contribuição das metodologias
somente por ser um recurso que comprova os registros históricos, mas também por representar uma
A mudança da escrita é tão clara que atualmente, em vista da evolução da tecnologia, a ca-
ligrafia que tinha tanta relevância, acabou perdendo o primor por conta do acesso aos computadores.
O uso de aparelhos tecnológicos acaba por fa-cilitar o uso de letras digitais e, além disso, a internet
tem possibilitado uma escrita cada vez menos rica, principalmente por conta do uso do encurtamento
Acredita-se que a leitura surgiu há aproximadamente 40.000 anos, quando o homem pintava
nas paredes das cavernas cujo registro é denominado pictografia. Neste contexto, a leitura surge antes
conhecimento era transmi-tido oralmente. Por isso, a arte da oratória era à base dos ensinamentos, e
aconte-cia por meio do diálogo entre professores e aprendizes. Em função das dificuldades de publicar
e divulgar as obras escritas, o leitor era um ouvinte e não tinha mais con-tato com o texto físico, que
eram escritos em volumes, rolos de papiros, um dos primeiros meios de registrar os pensamentos.
“A leitura não é apenas uma operação: ela é o uso do corpo, inscrição dentro de um espaço,
Martins (1988) a conceitua como um processo de compreensão abrangente que envolve as-
pectos sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômi-
cos e políticos. Trata-se da correspondência entre os sons e sinais gráficos através da decifração do
código e a compreensão do conceito. Para ele, tanto quanto a fala, a leitura não é um comportamento
natural, mas um processo adquirido em longo prazo, e certas circunstâncias de vida determina o su-
criminação visual dos símbolos impressos e a associação entre a impressa e o som: “para a criança
aprender a ler, ela precisa aprender que a linguagem falada consiste de palavras e sentenças separadas
139
A contribuição das metodologias
e por sua vez as palavras e as senten-ças escritas correspondem a essas unidades da fala”(NUNES,
2001, p. 8).
Com isso, não basta apenas compreender a língua e seus códigos escritos, é preciso com-
preender o contexto em que cada mensagem está sendo veiculada para que se possa, a partir desse
reconhecimento, atribuir sentido ao que se possa lê. Isso porque, ao adquirir novos conhecimentos e
organizá-los de acordo às situações que são vivenciadas, estabelecem-se as relações entre as experi-
disso, aprender a ler significa também aprender a ler o mundo, dar sentido a ele e a nós próprios:
çada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o
A compreensão de um texto é fácil quando a leitura da palavra é feita a partir da visão que
o indivíduo possui em seu contexto de experiências vividas. O ser hu-mano constrói suas hipóteses,
cuja cultura é letrada, as possibilidades são maiores dele se tornar um bom leitor. Como disse Freire
(2001): “Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se edu-
Isto quer dizer que a leitura depende de si mesma e da convivência com os outros e com o
mundo, trata-se de um aprendizado complexo. Certamente, apren-demos a ler a partir do nosso con-
140
A contribuição das metodologias
texto pessoal e cultural quando começamos a or-ganizar os conhecimentos adquiridos a partir das
Freinet (2001) critica as escolas tradicionais, por acreditar que elas não dão oportunidade
para a criança se expressar, criar, mostrar seus potenciais, e fazer parte de tudo que acontece na esco-
la. Para ele, a criança só aprende quando inte-rage de forma objetiva, dando suas opiniões e fazendo
questionamentos. Sabe-se que aprender a ler a palavra tem uma relação íntima com aprender a ler o
o ato de ler sempre estará ligado a essas condições (MARTINS, 1993, p. 34).
É sabido que a primeira leitura que a criança aprende é a das relações famili-ares, quando ler
se dá a partir da interação do sujeito com o mundo. Através da sua interação com o outro se dá a
leitura dos educandos. Silva (1998) preconiza a importân-cia da formação de leitores críticos como
141
A contribuição das metodologias
uma forma de promover a transformação da sociedade. Isso significa dizer que o leitor precisa ser
autônomo, capaz de refle-tir, questionar, tirar suas próprias conclusões, reconstruindo e estabelecendo
oferecidas [...] propicia dizer que o nosso professor não está traba-lhando a
do que está procurando nele, do conhecimento prévio, do autor e do que se sabe a respeito da língua.
Não se podem extrair informações do texto escrito decodificando letra por letra, palavra por palavra.
A leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido, seja escrito, sonoro, seja um
gesto, uma imagem, um acontecimento, onde esse diálogo é refe-renciado por um tempo e um espaço,
que é desenvolvido de acordo com os desafi-os propostos: “A leitura é um processo de interação entre
o leitor e o texto, neste processo tenta-se satisfazer os objetivos que guiam sua leitura”(SOLÉ,1987, p.
21). Assim, configura-se como uma forma de aquisição do que se passa ao seu redor tendo, portanto,
É fato que dentre outras possibilidades a leitura pode sim auxiliar o indivíduo a buscar novas
alternativas/soluções para os problemas que estão a nossa volta. Só através da educação pode-se alme-
jar degraus mais altos, e os primeiros degraus passam pelo simples ato de entender o que se escreve.
Cabe ao educador dentro de suas ações pedagógicas, estimular e orientar seus alunos. Corroborando
com essa ideia, Aranha (1989) discorre que: “A verdadeira educação deve dissolver a assimetria entre
o educador e o educando, pois, se há inicialmente uma desigualda-de, esta deve desaparecer à medida
Segundo Yunes e Pondé (1988) ler não é somente atribuir significados é tam-bém a relação
142
A contribuição das metodologias
estabelecida entre o leitor, a leitura e suas experiências. Já para Lef-fa (1996): “(…) ler é, na sua es-
sência, olhar para uma coisa e ver outra” (LEFFA, 1996, p. 10). Com isso pode-se afirmar que nesse
processo complexo que é a aprendizagem da leitura e suas inferências sobre a mesma e sua realidade,
sões formais e simbólicas, não importando por meio de que lingua-gem. As-
sim, percebe-se que o ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto a outros
caracteriza como uma necessidade vital. É ainda indispensável para cumprir, organizar e estabelecer
as tarefas do dia a dia e assim compreender o ser e o estar no mundo, atribuir significados diante da
realidade bem como transformá-la. Há, contudo, uma necessidade de compreender que a aquisição da
leitura está muito além da compreensão dos códigos, e que o leitor não deve estar aprisionado a uma
A leitura é e sempre será fator preponderante para o processo de construção do sujeito bem
como da sociedade na qual está inserido. Primeiramente, através da aquisição da sua língua materna
que lhe é ensinada todos os dias desde o nasci-mento através do grupo familiar e, posteriormente,
143
A contribuição das metodologias
em todos os grupos em que vai sendo gradualmente inserido, construindo práticas, experiências e a
vo e capaz de atuar na sua realidade, atribuindo-lhes os seus valores éticos, morais e sociais. Com isso
a prática pedagógica deve preconizar além da aquisição dos conteúdos programáticos, uma formação
que dê aos jovens criticida-de, discernimento, atuação crítico-social no mundo de forma autônoma e
segura.
Cabe ressaltar, e essa é uma das maiores dificuldades enfrentadas na escola hoje quanto ao
desenvolvimento da leitura, que a tarefa de formar leitores não cabe apenas ao professor de Língua
Portuguesa, já que a leitura não é instrumento de ação unicamente desta área, e sim uma ferramenta
que permite o ato de aprender a aprender e esta deve ser uma habilidade buscada por todas as áreas
-aprendizagem que contextualizem os conhecimentos que eles já trazem quando chegam à escola e os
É notório que estudantes oriundos de um universo não letrado, sem contato com uma diver-
sificada gama de gêneros textuais, nunca leram um livro ou sequer ouvem rádio ou assistem televisão,
apresentem dificuldades em relação ao ato de ler e compreender determinados textos, que outros es-
tudantes, que fazem parte de um ambiente, que mesmo sem muita intencionalidade, circulam jornais,
compreensão do que foi lido, devido ao fato de que as estratégias de leitura desenvolvidas buscam
apenas reconhecer aspectos superficiais do texto sem que alcancem as suas estruturas profundas, sem
a preocupação com a compreen-são significativa, que permita com que o leitor possa refletir e fazer
inferências sobre o mesmo. Corroborando com essa ideia, Silva (1991) afirma queser leitor é compre-
144
A contribuição das metodologias
-ender situações para a formação cultural do indivíduo, ou seja, “[…] é condição para a verdadeira
ação cultural que deve ser implementada nas escolas” (SILVA, 1991, p. 79-80).
qual visa apenas o sentido primeiro das palavras, mas sim uma leitura que abra lacunas, que oportuni-
ze ao leitor, criar e recriar a partir do que foi lido. Assim, o trabalho com esse tipo de leitura pressupõe
a formação de um leitor crítico, reflexivo, capaz de agir e interagir em sociedade, sensibilizados dos
seus direitos e deveres e preparado para intervir no seu meio quando for necessário.
Porém, só um professor caracterizado como leitor crítico pode e tem condições de fazer um
trabalho que objetive e concretize a formação desses sujeitos em leitores críticos, pois como pode um
professor que não lê, que não se posiciona de forma crítica e transformadora, propor e cobrar uma
atitude dessas de seus alunos? O professor deve ser um modelo, mostrando-se ativo, crítico, compre-
É sabido que o ato de ler é algo complexo e que se realiza de forma gradual, é um conheci-
ticais, capacidade de interação com o texto. Por isso, entende-se essa tarefa como algo difícil, pois
envolve inúmeras capacidades humanas que, por vários motivos, podem não ter sido despertadas no
indivíduo. Trazer à tona esse querer, desejar, requer tempo, paciência, estratégias significativas, atra-
sidades apresentadas e utilizar todas as formas de leitura que são vivenciadas por seus discentes em
casa, na rua, com os amigos, apresentar-lhes outros gêneros, mas também, tirar o melhor proveito
Um gênero não pode ser considerado melhor do que o outro, nem mais nem menos importan-
145
A contribuição das metodologias
te, todo texto deve ser entendido como algo inacabado assim como nós, que tem uma estrutura fixa,
porém necessita de acabamento, tem lacunas e diferentes formas de compreensão, sendo necessário
atribuir-lhe caráter significativo e crítico. Brandão (1998) ressalta que “todo texto tem em si a caracte-
rística da incompletude. Assim, percebe-se que só pode ser completado no ato de ler, mas não aquela
leitura passiva, mas aquela em que há interação leitor-texto” (BRANDÃO, 1998, p. 18).
É fato que o uso dos gêneros que fazem parte do cotidiano do aluno não descarta o livro
didático, ele é fator importante na aprendizagem, desde que seja usado de forma sábia pelo professor,
que ele não sirva de um momento de fuga para que os alunos apenas copiem, não seja uma forma
de ocupar os alunos. Lembrando também que na maioria das vezes este material é a única forma
de leitura conhecida por alguns alunos, por isso a necessidade de ser cada tipo bem aproveitado e de
reconhecer a realidade do aluno, esse conhecer mais sobre o outro permite que o professor e, conse-
quentemente, a escola possam utilizar seja qual for o recurso de leitura que tenham à disposição, de
forma mais significativa, abordando tudo que o aluno possa extrair criticamente de tal contexto.
Portanto, a falta de contato do aluno com inúmeras formas de gêneros que circulam na so-
ciedade, por diversos motivos, sejam econômicos, sociais, ou pelo fato de que sua comunidade/escola
não disponha de uma biblioteca, não deve ser fator imprescindível no acesso e desenvolvimento do
A leitura deve ser encarada como uma necessidade, um prazer, um ato cotidiano, para assim
sujeito. Por isso, reafirma-se a necessidade de haver uma relação dialógica entre os gêneros usados
Com isso tem-se a necessidade emergente de a escola rever suas estruturas pedagógicas e
refletir sobre o tipo de leitor que busca formar a partir das práticas que utiliza em seu dia a dia, e assim
permitir-se a seguinte indagação: Que tipo de leitor deseja-se formar? Assim propor de forma coletiva
uma adequação, se necessário das práticas utilizadas, buscando daí por diante o desenvolvimento e
146
A contribuição das metodologias
A partir da informação de Kleiman (1998), percebe-se que o ensino da leitura só pode ser
construtivo se for planejado e tiver objetivos bem definidos para o público ao qual se atende. Com isso,
retoma-se a ideia da necessidade de formação do professor, uma formação teórica que se relacione
cotidianamente com a pratica. O que se busca não é ler e analisar as estruturas do texto, mas que esse
aluno possa levar essa atitude leitora para a sua realidade de forma crítica, colocando-se como agente
transformador, reflexivo e não um mero receptáculo de informações, que compreenda e interaja com
o texto, criando e recriando sentido a partir do que leu, configurando, assim, fator essencial tanto para
o uso da língua materna como para os conhecimentos tangentes à vida social, política e cultural.
Enfatizando ainda sobre a leitura em sala de aula Os Parâmetros Curriculares Nacionais para
o ensino de Língua Portuguesa preconiza o desenvolvimento do aluno e seu potencial crítico, sua
percepção das múltiplas possibilidades de expressão linguística, sua capacitação como leitor efetivo
dos mais diversos textos representativos de nossa cultura (BRASIL, 2002, p. 55).
Fica, portanto, evidente que o ponto central para o desenvolvimento de uma leitura signifi-
cativa é a formação do leitor crítico, sensibilizado da sua responsabilidade diante do ato de ler e da
realização de uma leitura compreensiva, mais criteriosa diante da formação do cidadão para agir e
interagir em seu meio social entende-se que o valor da leitura é primordial, principalmente diante dos
números cada vez mais crescentes que mostram uma realidade dura em que a compreensão do que é
lido nem sempre acompanha o que está sendo lido, considerando, também, que a leitura está intima-
147
A contribuição das metodologias
mente relacionada com as questões sociais, culturais e econômicas nas quais o leitor está inserido.
E, para tanto, pede-se que os professores em sala de aula desenvolvam um trabalho que
garanta ao aluno leitor, situações de aprendizagem, que lhe desperte a consciência sobre o que leu,
distanciando-o daquele velho hábito de memorização, fórmulas decoradas. O que se busca, verdadei-
Esse efeito se dá a partir da adoção de posturas e práticas que permitam ao educando usar
seus conhecimentos na vida fora do âmbito escolar: “tão importante quanto aprender a compreender
é utilizar essa compreensão para se tornar uma pessoa apta a exercer sua cidadania e a fazer parte do
gêneros textuais escritos em diferentes formas e modalidades da língua. É preciso dar significados
aos símbolos e aos signos dando-lhes sentido e permitindo estabelecer relações com o texto escrito/
lido promovendo uma leitura crítica. Esse modelo foge de uma concepção tradicional de ensino onde
zir significados e atuar sobre eles, este busca uma leitura com compreensão, inferências, posiciona-
mento diante do que é lido e através dele, enfim, busca-se a transformação do sujeito, portanto, con-
duz o leitor à produção e construção de sentidos, a promover a participação efetiva na sua realidade
bem como interferências na realidade social. Com isso, conclui-se que a leitura de um texto qualquer
não pode ficar nos limites dela mesma, mas promover a percepção, conhecimento e análise das ações
diante de si e do outro.
poder de estímulo, flexibilidade. É fator de fundamental importância e que faz toda diferença entre os
sujeitos sociais, essa diferença é perceptível através da exposição da consciência crítica onde o sujeito
se faz capaz de expor a própria opinião com praticidade e objetividade, onde com ela e através dela
aos poucos sur-ge o aprimoramento e amadurecimento do leitor, que só é possível a partir da aqui-si-
148
A contribuição das metodologias
ção do hábito de ler. A leitura deve ter uma regularidade, pois só se aprende a ler lendo. Quanto mais
O leitor crítico tem assim uma facilidade para compreender e atribuir signifi-cados sobre o
texto, a partir de sua aptidão e da bagagem que o permite encarar os desafios propostos pela leitura
Além de prazer nos dá sabedoria e amplia as nossas capacidades e habilidades. Isso o torna
cada vez mais apto para enfrentar e agir sobre os desafios da sociedade, tem sua própria opinião e
outro sofrem mudanças significativas dentro contexto educacional. Surgem assim, as metodologias
ativas, que tem como principal objetivo tornar o estudante, principal responsável por seu desenvol-
das autonomia e criticidade. O professor, por sua vez, outrora ocupante dessa posição, efetua-se como
mediador/facilitador da aprendizagem.
onde ressalta a importância de aprender fazendo e a falência da aprendizagem apenas pelo método
da memorização. De acordo aos seus estudos chegou à conclusão que estudantes expostos a metodo-
logias ativas, se desenvolveriam a aprenderiam melhor, com isso, construiu a pirâmide da aprendi-
zagem. Estando organizada a aprendizagem do sujeito da seguinte forma: 10% lendo, 20% ouvindo,
30% observando, 50% vendo e ouvindo, 70% discutindo com o outro, 80% fazendo e 95% ensinando,
As Metodologias Ativas emergem como uma tendência do século XXI, para o ensino, que
indica a característica central da educação com o deslocamento do enfoque individual para o enfoque
social, político e ideológico. Em suma, uma educação ocorre durante a vida inteira, constituindo um
149
A contribuição das metodologias
processo não mais considerado neutro, mas participante e produtivo (MOURA, 2014; PAIVA, et al.,
2016).
Diante do exposto compreende-se que para haver uma aprendizagem com novos significados
é preciso que o aluno se torne um indivíduo ativo e que haja a interação com o meio, num processo
de troca e cooperação.
2018, p. 2).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As metodologias ativas têm como objetivo trabalhar o que está dentro do contexto do es-
tudante, problemas e situações reais, de forma diferenciada e que coloque o sujeito como centro do
150
A contribuição das metodologias
processo ensino-aprendizagem. Usando estratégias ativas como: rodas de conversas, jogos, brincadei-
ras, estudos dirigidos em grupo, sala de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos, aprendi-
zagem baseada em problemas, gamificação, estudo der caso. Por fim, o uso das metodologias ativas
no processo de formação crítica e social do sujeito permitirá autonomia, confiança, habilidades para
retê-las passivamente.
Ao final da investigação, percebe-se, ainda nos dias atuais, em uma sociedade em que as
novas tecnologias estão inseridas cada vez mais na vida do indivíduo, que uma parcela do alunado
ainda tem dificuldade no processo de leitura, (devido a falta de acesso, seja em casa ou na escola), e
especialmente que estes não a usam de forma crítica. Com isso, cresce a necessidade de reflexão e
transformação da prática docente, buscando desenvolver aquelas que ajudem na formação crítica do
indivíduo.
Formar um leitor crítico é uma necessidade de transformação social. Só assim Seremos cida-
dãos que lutam e buscam seus espaços, respeitando o direito do outro e cumpridores dos seus deveres
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154
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: UM
Capítulo
7 RELATO DE EXPERIÊNCIA DE SALA
DE TEMPO INTEGRAL
155
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
DE SALA DE AULA INVERTIDA EM UMA ESCOLA DE TEMPO INTE-
GRAL
Resumo: Este texto apresenta um relato de experiência sobre a aplicabilidade das metodologias ativas
Padilha da Luz. Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo relato de experiência. As vivências ocor-
sala de aula invertida como metodologia ativa para mediar as atividades, que foram desenvolvidas em
diversos espaços na escola e também no domicílio, contando com o engajamento dos pais. Concluí-
mos que os caminhos para alcançar aprendizagens significativas são desafiadores, sobretudo diante
do cenário pandêmico, que gerou prejuízos à alfabetização de crianças. Deste modo, angariamos
esforços em aproximar à criança ao mundo lúdico, e a partir daí possibilitar novas construções do
conhecimento.
Palavras-chave: aprendizagem significativa; metodologias ativas; sala de aula invertida; escola inte-
gral.
156
A contribuição das metodologias
Abstract: This text presents an experience report on the applicability of active methodologies and the
promotion of significant learning in the School full-time Monsenhor Bernardino Padilha da Luz. This
is a qualitative research of the experience report type. The experiences took place together with the
literacy process of children in the 1st year of elementary school. The inverted classroom was adopted
as an active methodology to mediate activities, which were developed in different spaces at school
and also at home, with the involvement of parents. We conclude that the paths to achieve meaningful
learning are challenging, especially in the face of the pandemic scenario, which has generated dama-
ge to children’s literacy. In this way, we raise thinking about minimizing such damages, we seek to
raise efforts to bring the child closer to the playful world, and from there enable new constructions of
knowledge.
INTRODUÇÃO
A educação no mundo em que estamos inseridos está em constante movimento e passa por
frequentes mudanças, não comportando mais uma educação descontextualizada com a realidade do
aprendente. Assegurar uma educação para além da dimensão cognitiva formando jovens autônomos,
competentes e solidários é uma prática da Educação Integral e, por essa razão, precisamos estar
atentas ao despertar de novas oportunidades que contribuam com uma nova visão de educação que
aponte para a formação do estudante enquanto protagonista. Frente ao exposto, destacamos a Escola
de Tempo Integral como uma possibilidade de fortalecer o processo de ensino- aprendizagem na edu-
cação fundamental.
157
A contribuição das metodologias
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Deste modo, estes pilares
Aprendizagem significativa é uma vertente teórica defendida por David Ausubel a partir da
década de 1960. Consiste na interação entre conhecimentos prévios e conhecimentos novos, haja vista
que essa interação é não-literal e não- arbitrária, ou seja, não ocorre ao pé da letra e não é imposto,
haja vista que busca retratar um significado relevante para o ator cognoscente. Nesse sentido, os novos
conhecimentos ganham significado para o sujeito e os conhecimentos prévios adquirem novos signi-
dora, porque requer além da valorização do conhecimento prévio do estudante, duas outras condi-
ções imprescindíveis, a primeira engloba o material de aprendizagem que deve ser potencialmente
significativo e a segunda diz respeito ao aprendiz deve apresentar uma predisposição para aprender,
logias ativas, como ferramentas mediadoras que contribuem para a formação do estudante de forma
Destaca-se com base em Morán (2015 p.19) que “nas metodologias ativas de aprendizagem,
Mas afinal, como promover aprendizagens significativas em uma escola de tempo integral
por meio do uso de metodologias ativas? Com base no exposto acima e com as provocações emergi-
158
A contribuição das metodologias
meira seção, apresentamos a discussão sobre este artigo; logo após, na segunda, apresentamos uma
breve descrição do que é um relato de experiência; a terceira tem o intuito de descrever a experiência,
apresentando a aplicabilidade das metodologias ativas na escola de tempo integral. Ainda nesta seção,
por meio de metodologias ativas; e por último, apresentamos algumas contribuições deste relato, que
sinalizam para a importância das metodologias ativas como ferramentas para o alcance da aprendiza-
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo relato de experiência. Para Creswell (2014), a
pesquisa qualitativa inicia com a criação de pressupostos e o uso de estruturas teóricas que informam
tigar uma realidade que não pode ser quantificada e aprofundar-se em um universo subjetivo envolto
por significados, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes. Estes fenômenos abrangem par-
te da realidade social, em que um indivíduo se diferencia dos demais por buscar pensar sobre suas
ações e interpretá-las dentro e a partir da realidade vivida e compartilhada com seus semelhantes
(MINAYO, 2010).
159
A contribuição das metodologias
maneira objetiva e rica, o cenário, os atores e as técnicas adotadas, de acordo com o contexto dos
envolvidos.
Padilha da Luz, que fica localizada em Petrolina, no Estado de Pernambuco. Trata-se de uma Escola
possuía em 2021 360 estudantes matriculados. As atividades desenvolvidas envolveram duas pro-
crianças possuíam entre 6 e 7 anos de idade, do 1º ano, “Turma A” da Escola Municipal Integral Mon-
pandêmico, fez-se necessário implementar um projeto de intervenção remoto, pois nos deparávamos
com crianças prejudicadas por não terem acompanhado as aulas durante o ano.
A grande maioria dos estudantes precisava de estímulos para aprender a aprender e colocar
formar estudantes autônomos, competentes e solidários. Com vistas a facilitar a aprendizagem das
crianças, optamos pela metodologia ativa Sala de Aula Invertida13, para que a obra de apoio pudesse
ser explorada junto aos estudantes e adotamos o livro do autor Amir Piedade “O aniversário do Seu
DESCREVENDO A EXPERIÊNCIA
3 Conforme Silveira Júnior (2020) a sala de aula invertida consiste em uma concepção metodo-
lógica, que integra o ensino híbrido, em que o estudante aprende por intermédio da articulação entre
espaços e tempos on-line, que podem ser síncronos e assíncronos, e os momentos presenciais.
160
A contribuição das metodologias
formando por meio dos séculos, alcançando situações de aprendizagens significativas entre as crian-
ças.
mana seguinte desenvolvia as atividades em casa com o auxílio dos pais ou responsáveis – em forma
de rodízio. A primeira apresentação foi em sala de aula por intermédio de um vídeo, com o objetivo
introduzir o conteúdo que seria abordado e leitura do livro com a presença do Seu Alfabeto4.
diversos recursos, como o “Seu Alfabeto” com material em E.V.A no tamanho grande e as letras “con-
vidadas para a festa de aniversário” em palitos de churrasco. Cada criança, por vez, subia no palco
falava o nome da letra convidada e o presente que tinha levado para Seu Alfabeto que inicia com a
própria letra. Nesse momento, já se encontrava no palco um estudante vestido de Seu alfabeto.
A partir daí, o projeto foi desenvolvido em sala de aula5. O Seu Alfabeto e as letras passaram
a fazer parte das aulas. A partir da leitura do alfabeto, eram destacados fonemas, grafemas, consoan-
tes, vogais, família silábica e letras estrangeiras - estas três letras entraram oficialmente no alfabeto
Seu Alfabeto já se fazia presente na turma, desde a roda de conversa estimulando as discus-
sões em grupo. As crianças eram instigadas a usar o imaginário aguçando a curiosidade em conhecer
mais o universo das letras, sílabas e palavras. Cada criança ficava com uma ou duas letras e iam para
frente da turma quando solicitada a letra chamada ou para formação de palavras. Nesse momento era
destacada a letra, a sílaba e a palavra, como também o fonema favorecendo a autonomia do estudante
4 Seu Alfabeto: personagem criado pelo Autor do Livro de Amir Piedade, interpretado por um
estudante.
5 Preservando o distanciamento social e as medidas de biossegurança adotadas contra o Coro-
navírus.
161
A contribuição das metodologias
Após essa etapa, buscamos instigar as crianças a fazer uma releitura, para que as mesmas
pudessem observar e encontrar os possíveis erros da formação da palavra, como uma forma cons-
trutiva de produção do conhecimento. Ainda era trabalhado o som das letras fazendo eco, tornando
um momento de brincadeira e aprendizagem para auxiliar no desenvolvimento. Essa prática foi bem
A partir desse momento, era proposto o ditado das sílabas e palavras trabalhadas com as
letras convidadas para o aniversário do Seu Alfabeto. A correção do ditado na lousa era feita aleato-
riamente pelos estudantes que escreviam a palavra solicitada do ditado. Se houvesse alguns desvios
de escrita, as crianças realizavam releitura e, muitas vezes, eram auxiliados pelos próprios colegas de
turma.
Outra atividade era trabalhar, junto com os estudantes, os nomes dos presentes que Seu Al-
fabeto ganhou de cada letra foi abordada a letra inicial de cada presente relacionado com a inicial dos
nomes das crianças e outras palavras eram acrescentadas no banco de palavras da semana. Por meio
que não faziam parte do convívio das crianças como zéfiro, ipê amarelo - que não relacionavam o
nome à árvore distribuída na cidade. Outros presentes também foram pensados pelas crianças, como
fixação e observação da aprendizagem com um olhar diagnóstico em relação à prática. Além das dis-
cussões trazendo problemas e questionamentos para serem resolvidos acerca do Seu Alfabeto e seu
aniversário, como por exemplo: por que as letras K, W e Y não foram convidadas e sim contratadas
para fazerem a segurança da festa? As crianças eram desafiadas a desenvolver a autonomia e a supe-
Os gêneros textuais foram trabalhados com riqueza de detalhes. Para tanto, construímos
162
A contribuição das metodologias
coletivamente um convite gigante para o aniversário de Seu Alfabeto, e a partir daí, cada um dos es-
tudantes confeccionou o seu convite. Em outra ocasião, também receberam o convite individual para
a festa de aniversário do Seu Alfabeto, que seria surpresa e foi enviado pela esposa do Seu Alfabeto
- tudo num clima de suspense e muita imaginação. O gênero “lista” também fez parte do projeto, ao
passo que os próprios estudantes fizeram a sua lista de convidados, lista do que precisava na festa,
além das bebidas e alimentos. Foi trabalhado o gênero textual “receita” a partir de cartazes, colocando
enriquecendo a prática pedagógica. Diante do Ensino Híbrido, os estudantes frequentavam uma se-
aula invertida. As atividades propostas foram construídas mediante o uso de ferramentas digitais,
como: vídeos, links, Wordwall, Padlet, as quais contribuíram para consolidar o conhecimento e insti-
Podemos sinalizar vários pontos positivos nessa experiência, dentre eles: as crianças de-
aprender.
alguns estudantes. Vale ressaltar a importância dos pais e responsáveis no desenvolvimento das ati-
vidades acerca da sala de aula invertida e o compromisso na assiduidade. No entanto, mesmo com as
A culminância do projeto foi além das expectativas, ao ver o envolvimento das crianças com
a proposta. Foi solicitado no convite levar um presente para o Seu Alfabeto que iniciasse com a letra
163
A contribuição das metodologias
requerida que poderia ser um brinquedo, um objeto ou um desenho. Cada estudante recebeu uma
letra gigante que foi colocada no pescoço como um colar e uma viseira com o tema do projeto. Aos
animados foram recepcionadas pelas letras K, W e Y com um caloroso “Seja bem-vindo, sou a letra
Assim que a turma adentrava o salão, os olhos brilhavam com a decoração, logo após esse
momento de recepção, cada criança era chamada para falar sobre seu presente e entregar a Seu Al-
fabeto. Também não faltaram na atividade, o cardápio oferecido por seu alfabeto, composto por bolo
decorado, brigadeiro, pão de queijo, bala, pirulito, cachorro quente, suco. Podemos dizer que foi um
momento singular, ao passo que além de oportunizar aprendizado, gerou diversão e engajamento das
crianças.
De acordo com Agostinho (2019), desde o surgimento dos primeiros projetos, as escolas de
tempo integral foram sendo ampliadas e atingiram todas as regiões brasileiras. Destaca-se, ainda, que
a escola de tempo integral ofertada pela rede pública de ensino de hoje é aquela que se destina à ca-
mada de baixa renda da população, geralmente com família constituída por pessoas desempregadas,
que necessitam de auxílios do governo ou por membros que trabalham no setor informal, sendo de
É balizada nos quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a
conviver e aprender a ser (DELORS, 1988). Pilares, estes que são as âncoras fundamentais a Pedago-
164
A contribuição das metodologias
Cabe mencionar que o carro chefe da Escola de Tempo Integral tem como princípio o prota-
gonismo, que está presente em todos os âmbitos da escola como práticas e vivências e metodologia de
sendo responsáveis pela sua aprendizagem e dos resultados por meio de suas escolhas. A ludicidade
traz o aprender brincando para o convívio do estudante desenvolvendo os pontos afetivos, emocio-
promover a constituição do ser pró-social, um ser que tem como base beneficiar o outro. O estudante
Os quatro pilares da educação atuam diante das aprendizagens fundamentais para o estu-
o aprender a aprender, nas bases dos aprender a fazer colocando em prática o que aprendeu, a fazer
escolhas baseadas no pensamento crítico sendo parte da solução. Aprender a conviver desenvolvendo
as competências socioemocionais tão em alta hoje dia tempos pandêmicos, o aprender a conviver
com próximo estimulando as relações interpessoais e aprender a ser de se portar diante do mundo de
meios de uma modalidade de ação educativa, com a finalidade de fomentar concepções emancipado-
ras, por intermédio da articulação do seu arcabouço teórico com propostas concretas de organização
vida do estudante. É muito mais que a simples presença é está presente nas vivências e práticas através
165
A contribuição das metodologias
estudantes, pais e responsáveis, haja vista que foi notório o maior aproveitamento das crianças que se
fizeram ativamente presentes e que tiveram o engajamento da família na construção das atividades
no domicílio.
Uma das referências desse princípio está na Lei de Diretrizes e Bases Nacionais, no art.
2º, que preconiza que a educação é dever da família e do Estado, sendo inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tendo por escopo o desenvolvimento do educando,
seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996). A Educação Interdi-
mensional oferece uma formação plena aguçando as potencialidades do estudante criando condições,
A Escola de Tempo Integral oferece uma Educação Integral plena para o estudante, auxi-
liando no seu projeto de vida assegurando uma educação para além do cognitivo, fortalecendo uma
educadoras desenvolveram as práticas educativas junto as crianças desde a acolhida no pátio, por
zação após os intervalos, hora do cuidar antes das refeições e ritos de passagens marcando momentos
A Educação de Tempo Integral oferece uma aprendizagem além da sala de aula, e a estraté-
gia metodológica de sala de aula invertida, possibilitou aos estudantes ingressar no Mundo do Seu Al-
elaboração de um convite, a escolha de um presente com a letra do alfabeto, assim como as atividades
lúdicas e práticas, como as aulas de culinária, as apresentações para o coletivo, fizeram com que as
166
A contribuição das metodologias
brinquedoteca, ateliê criativo, quadra poliesportiva, abrindo espaços para discussões na troca do co-
mento social, tudo isso regado a muita afetividade, escuta, atenção na formação do ser pró-social.
expressas simbolicamente que interagem de forma substantiva e não-arbitrária com aquilo que o
aprendiz já sabe. Deste modo, substantiva quer dizer não-literal, ou seja, não ao pé-da-letra, e não-ar-
bitrária significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas a partir de algum conhecimen-
Um dos conceitos abordados por Ausubel é a estrutura cognitiva que representa o conteú-
(MOREIRA, 2012).
estrutura cognitiva, assim como o conteúdo a ser aprendido, os quais desencadeiam no processo de
assimilação. Entre suas vantagens está a retenção do conhecimento por mais tempo, aspecto que
se distancia da aprendizagem mecânica em que o aluno memoriza o conteúdo, muitas vezes, para
a realização de uma prova e após, facilmente, o esquece. Assim, o professor precisa considerar os
conhecimentos que o aluno traz consigo, com vistas a oportunizar uma aprendizagem que realmente
seja significativa.
Para fomentar aprendizagens significativas Moreira (2006) chama atenção para a necessi-
dade de aprender/ensinar perguntas em vez de respostas, aprender por meio de diversos materiais
167
A contribuição das metodologias
educativos, aprender que somos preceptores e representadores do mundo e aprender que a linguagem
finalmente, aprender que o significado está nas pessoas e não nas palavras.
O ser humano é único em sua maneira de aprender. Cada um aprende o que é mais signi-
ficativo, o que é mais importante na sua vivência, o que vai e como vai colocar em prática para a
solução de problemas. Instigar o estudante extraindo dele o potencial que carrega, despertando a sua
curiosidade e criatividade é um dos desafios dos discentes da atualidade, pois o aluno não aceita mais
ser depósito de teorias que não trazem um significado, uma relevância na prática. A educação não
comporta mais um ensino onde o professor é o transmissor do saber. No contexto atual, a socialização
meras combinações de aprendizagem para alcançar seu público. Uma dessas facetas é o trabalho co-
laborativo mediado pela tecnologia através das ferramentas digitais, disponibilizadas na sua grande
maioria de forma gratuita propicia ao discente uma postura ativa, sendo autor da sua própria apren-
dizagem.
Quanto aos caminhos para uma aprendizagem significativa, podemos dizer que a escolha
pela metodologia ativa mais adequada à proposta é essencial, haja vista que possibilita maior aproxi-
Como estávamos experienciado o ensino híbrido e os desafios da pandemia, tudo era novo
e desafiador, por isso ao optar pela sala de aula invertida para trabalhar o alfabeto com as crianças,
também precisávamos contar com o apoio dos pais. Este fato, fez com que buscássemos, cada vez
mais, novas estratégias e atividades que pudessem ser atrativas para os estudantes, em virtude do
cenário vivenciado.
Portanto, caminhar pelo mundo da aprendizagem significativa, nos faz querer inovar e con-
tribuir para que as crianças possam assumir seu papel de agente do conhecimento, instigando-as à
168
A contribuição das metodologias
CONSIDERAÇÕES FINAIS
cativas na Escola de Tempo Integral Monsenhor Bernardino Padilha da Luz, a partir de metodologias
ativas. Conforme já citado, a experiência partiu da escolha da sala de aula invertida, enquanto me-
abrangendo os diversos espaços dentro da escola e estendendo- se ao mundo real, em seu domicílio e
O caminhar para a aprendizagem significativa foi desafiador, pois a pandemia já havia afeta-
do as crianças, que não tiveram acesso à escola no ano anterior, assim como tinham dificuldades de
acesso à internet. Pensando em minimizar tais prejuízos, investimos esforços em aproximar a criança
ao mundo lúdico, e a partir daí possibilitar novas construções do conhecimento, por intermédio da
Portanto, ressaltar a aprendizagem das crianças “não teve preço”, e são esses valiosos retor-
nos que nos instigam e nos impulsionam a buscar fomentar a aprendizagem significativa na Escola de
Tempo Integral em questão. Podemos dizer que foi e está sendo desafiador, mas o retorno evidenciado
pelo aprendizado das crianças, nos motiva a trilhar novas possibilidades de ensino e aprendizagem, a
REFERÊNCIAS
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169
A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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171
METODOLOGIA DA PROBLEMATIZA-
Capítulo
8 ÇÃO E O ARCO DE MAGUEREZ COMO
172
METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO E O ARCO DE MAGUEREZ
COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM EM CIÊNCIAS
HUMANAS
dologias ativas com proposta de uma educação colaborativa. O presente artigo teve como objetivo
Maguerez como estratégia de ensino e aprendizagem em Ciências Humanas, assim tratamos a respei-
to de discussões, reflexões e relatos de experiência dessas temáticas. Após análise realizada por meio
da ferramenta digital Google Acadêmico, obtivemos um conjunto de dez artigos no qual contatamos
estarem ancorados teoricamente e metodologicamente em Berbel (2014, 2012a. 2012b, 1999, 1988);
Berbel e Gamboa (2011); Colombo e Berbel (2007); Bordenave e Pereira (1982); Freire (1998, 1980)
dentre outros autores que abalizam a discussão das metodologias ativas. Os resultados mostram ainda
1 Mestre em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), pro-
fessor de História da rede básica de ensino da Secretaria Estadual de Educação – SEC/BA.
2 Especialista em Ensino de Geografia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), pro-
fessora de Geografia da rede básica de ensino da Secretaria Estadual de Educação – SEC/BA.
3 Doutora em Biotecnologia pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), professora
Adjunta II no curso de Farmácia na Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
173
A contribuição das metodologias
pouca inserção das metodologias na educação básica, principalmente nas Ciências Humanas e um
abordagem bibliográfica e qualitativa do trabalho não está fechada, mas como preâmbulo para futuras
pesquisas e outras discussões mais aprofundadas. Percebemos cenários com outras possibilidades de
reflexões que tocam a formação docente em Ciências Humanas com ênfase na Metodologia da Pro-
blematização e o Arco de Maguerez. Dessa maneira, o trabalho oportuniza mais estudos para ampliar
ção.
Abstract: The Problematization Methodology and the Arch of Maguerez are considered as active
methodologies with a proposal for a collaborative education. This article aimed to disseminate the re-
sults of bibliographic research on the Methodology of Problematization and the Arch of Maguerez as
a teaching and learning strategy in the Human Sciences, so we deal with discussions, reflections and
experience reports on these themes. After analysis carried out using the Google Scholar digital tool,
we obtained a set of ten articles in which we found them to be theoretically and methodologically an-
chored in Berbel (2014, 2012a. 2012b, 1999, 1988); Berbel and Gamboa (2011); Columbus and Berbel
(2007); Bordenave and Pereira (1982); Freire (1998, 1980) among other authors that guide the discus-
sion of active methodologies. The results still show little insertion of the methodologies in basic edu-
cation, mainly in the Human Sciences and a very accentuated use in university courses specifically
in the Health Sciences. The bibliographic and qualitative approach of the work is not closed, but as a
preamble for future research and further discussions. We perceive scenarios with other possibilities of
reflection that touch the teaching formation in Human Sciences with emphasis on the Methodology of
Problematization and the Arch of Maguerez. In this way, the work provides opportunities for further
174
A contribuição das metodologias
INTRODUÇÃO
método tradicional de transmissão de informações dentro das escolas, enquanto esse vê o professor
como figura central na operacionalidade educativa, ao contrário, nas metodologias ativas o discente
ocupa uma função de protagonista em suas ações corroborando para construções colaborativas (AR-
As metodologias ativas não são exclusivamente apenas uma proposta, mas um conjunto de
métodos cada uma com seu direcionamento, seu método próprio com origem e aplicação exclusiva
que pode ser utilizado de forma única ou em conjunto com outra metodologia ativa. Para tanto, den-
tro de suas tipologias existe a Gamificação, a Sala de aula invertida, a Aprendizagem Baseada em
Maguerez dentre outras. Diante da complexidade das sociedades atuais, a demanda por metodologias
mais eficazes requerem mediação pedagógicas mais coerentes de método ativo para a construção do
O Arco de Maguerez foi desenvolvido nos anos de 1960 sendo utilizado até os momentos
175
A contribuição das metodologias
pouco apropriada pela educação brasileira na década de 1970. O livro de Bordenave e Pereira (1982)
foi a única referência a respeito do Arco de Maguerez e sua inserção ocorreu com mais evidência nas
últimas décadas do século XX, isso sendo amplamente divulgada, a metodologia, nas áreas da saúde
e timidamente na área de educação. O Arco de Maguerez funciona por meio de etapas mobilizadoras,
por sua peculiaridade processual possui um ponto de partida e outro de chegada, do abstrato ao prá-
tico, para com isso, direcionar a transformação da realidade por essa metodologia de ordem prática
Dessa maneira, o artigo traz a lume discussões sobre realidades teóricas educacionais quan-
to ao uso e contribuições que essas metodologias possam oferecer, seus desafios e possibilidades o
que favorece para o fomento de estudos educacionais sobre metodologias ativas. Assim, o presente
artigo visa discutir sobre a Metodologia da Problematização e o Arco de Maguerez em seus aspectos
teóricos referente à sua estratégia de ensino e aprendizagem em Ciências Humanas. A Nossa reflexão
está respaldada em revisão de literatura considerando as duas metodologias, elas propõem compe-
lir o discente a ter um senso crítico quanto à sua realidade, o que visa superar o ensino tradicional
seu aprendizado. Para tanto, o processo educativo torna-se ativo levando o aluno à promoção de seu
desenvolvimento educativo.
METODOLOGIA
alidade, o artigo tem como orientação metodológica de ser de cunho qualitativo, buscando a compre-
uma reflexão acerca das discussões sobre a teoria da problematização operando por meio de descri-
176
A contribuição das metodologias
ção, compreensão e explicação que ao assunto suscita. Contudo, não iremos esgotar completamente o
tema, por questão de espaço e tempo que requer um levantamento de maior envergadura, mas utilizar
Dessa maneira, o artigo possui caráter de revisão bibliográfica, constituindo de fontes anco-
radas em artigos e livros publicados em várias épocas desde o surgimento da Metodologia da Proble-
Dessa forma, a proposta dessa discussão parte de uma seleção de textos no qual utilizamos
como ferramenta a base de dados do Google Scholar ou Google Acadêmico em português. Para isso
foi realizada a combinação dos seguintes descritores “Metodologia da Problematização com o Arco
possui uma filtragem baseada nos descritores que seleciona textos dos mais atuais aos mais antigos,
desde o aparecimento do tema ao momento atual. Sobre os critérios de inclusão e exclusão dos textos
as escolhas obedeceram a um processo de seleção de análise temática e de conteúdo dos mais citados
em língua portuguesa. Essas buscas foram realizadas entre os meses de janeiro e fevereiro de 2022
e optamos em pesquisar os principais dez textos em língua portuguesa que apareceram na busca. A
escolha de dez textos estava em consonância com às intenções do artigo em promover uma pesquisa
de revisão bibliográfica trazendo a fundamentação das bases epistemológicas e reflexões sobre as di-
com o Arco de Maguerez, para tanto, houve uma análise tematica para se observar os aspectos rele-
vantes trazidos em cada texto, mas também houve a necessidade de limitarmos a quantidade de textos
para não extrapolar a quatidade máxima de páginas do artigo. Além disso, a busca pela temática já
estava saturando por informações repetitivas quanto ao tema. Por isso, dez textos foram suficientes
177
A contribuição das metodologias
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados e discussões têm por base as análises realizadas pela ferramenta digital Google
Acadêmico, com um conjunto de dez artigos no qual pudemos observar que os estudos estão ancora-
dos teoricamente e metodologicamente em Berbel (2014, 2012a. 2012b, 1999, 1988); Berbel e Gamboa
(2011); Colombo e Berbel (2007); Bordenave e Pereira (1982); Freire (1998, 1980). Desses textos se-
ensino das Ciências Humanas: A Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez e sua
relação com os saberes dos professores Colombo e Berbel (2007), Metodologia da problematização:
respostas de lições extraídas da prática Berbel (2014), Uso da Metodologia da Problematização com
o Arco de Maguerez para o ensino de Química de Monteiro e Marcelino (2018), embora esse último
trate do ensino de Química, ao longo do texto é apontado que o uso dessas metodologias pode ser
179
Fonte: Organizado pelos autores.
Arco de Maguerez: uma Resenha/opinião –
reflexão teórico- Revista de enfermagem
epistemológica-resenha. da UFPI (REUFPI).
Além desses textos selecionados, estudos foram utilizados para abalizar a discussão teórica
sobre a temática. De cunho mais epistemológico reforçavam a teoria e orientavam quanto à metodolo-
gia em sua operacionalidade, mas especificando seu uso no ensino acadêmico. Outro dado importante
é sobre os autores, a professora Neusi Aparecida Navas Berbel é a que mais aparece na busca e a
quantidade de textos da autora configura em 40% dos textos analisados, ou seja, a maior divulgadora
das metodologias sendo a mais citada e referenciada em 100% dos textos que abordam sobre o tema.
experiência e outro uma resenha/opinião. Isso demostra em como os conhecimentos são dissemina-
dos de forma mais rápida por meio de artigos. A maioria dos veículos de publicação são revistas em
sua maioria eletrônicas hospedados em seus devidos sites. As publicações abragem um período que
vai de 2007 a 2021 totalizando 14 anos da primeira publicação à última. Além disso, em todas as
publicações se evoca metodologia da problematização mais o Arco de Maguerez sendo uma palavra-
Iremos a seguir apresentar algumas reflexões sobre como essas propostas metodológicas se
180
A contribuição das metodologias
Diante da complexidade de uma sociedade cada dia mais competitiva que exige do cidadão
várias ordens como educacional, profissional, econômicas, políticas etc. a escola visa contribuir para
que essa inserção seja de forma a desenvolver habilidades e competências influenciando em mudan-
ças qualitativas para concepção do aluno como sujeito ativo dessa sociedade (ARRUDA, 2015).
Como afirmam Arruda Teo, Borsoi e Ferretti (2019), o conhecimento não possui um sentido
em si próprio, necessita ter uma relação direta com a sociedade e com isso, uma perspectiva de ação
transformadora da realidade. Dessa maneira, a educação tradicional não favorece nesse sentido, pois é
restrito a uma memorização mecânica dos conteúdos trabalhados no ambiente escolar, o que compro-
mete sua ação transformadora. Para tanto, uma educação pautada nas mudanças sociais necessárias
dades com temas relevantes direcionados para capacidade de análise, reflexão e crítica que qualifique
o educando para atuar no mundo de forma responsável quanto ao seu papel de cidadão.
zagem consiste em ser capaz de estimular saberes, contribuir no processo de construção de um aluno
precisam se autoformar em uma perspectiva crítico-reflexiva de sua própria prática pedagógica e para
que isso aconteça, a formação continuada precisa ser parte integrante da práxis do professor, condu-
pela atitude e valores que introduzem, para fazer emergir outra cultura de educação científica” (RO-
181
A contribuição das metodologias
Ser professor na atualidade demanda não apenas o domínio teórico dos con-
formação integral. Nesse contexto, surgem as metodologias ativas de aprendizagem, cujo objetivo é
um papel importante nas atividades de ensino por proporcionarem aos alunos oportunidades signifi-
como é concebido no ensino tradicional, e passa a ser mediador das aprendizagens. O discente toma
para si responsabilidade e comprometimento por seu percurso educacional. Essa interação condiciona
a uma dinâmica de autonomia por postura interativa, o que favorece o salto qualitativo nas aprendiza-
182
A contribuição das metodologias
gens. Essa confluência dá uma formação ética e humanística, o que permite o exercício de múltiplas
aprendizagens para a construção de uma cidadania mais atuante e participativa na sociedade em bus-
zagem que torne o aluno um aprendiz autônomo, crítico e formador de opiniões e o professor tendo
o papel de mediador do processo. Dentro do escopo das metodologias ativas, a Metodologia da Pro-
blematização com o Arco de Maguerez são um conjunto de métodos que são organizados em etapas
partindo da realidade do educando, identificando o problema em busca de soluções factíveis e que têm
como objetivo inspirar os alunos a desenvolverem pensamentos e reflexões a partir de questões coloca-
das em seu cotidiano com o intuito de problematizar e intervir em sua realidade social, reconstruindo
promovendo discussões quanto às possíveis soluções práticas que podem ser aplicadas ao contexto
que fora problematizado. Perante essas demandas, os aprendizes refletem sobre as informações e
produzem conhecimentos para sanar suas dúvidas e aplicá-las à realidade, promovendo seu próprio
A Metodologia da Problematização com o Arco de Maguerez que “[...] tem como ponto de
partida a realidade que, observada sob diversos ângulos, permite ao estudante ou pesquisador extrair
e identificar os problemas ali existentes” (COLOMBO e BERBEL, 2007). Suas propostas evidenciam
a participação protagonista dos discentes estimulando uma prática educativa compatível com a com-
autonomia dos alunos para desenvolver a consciência crítica, trabalhando concomitantemente teoria e
183
A contribuição das metodologias
prática de forma dialética para problematizar a realidade ao entorno em busca de soluções exequíveis.
Dalla, Moura & Bergamaschi (2015 apud Silva et al. 2021) afirmam a necessidade de utilizar
que a Metodologia da Problematização visa preparar os educandos para observar a realidade ao seu
entorno e conseguir conduzir uma possível resolução dos problemas, contribuindo para as melhorias
SUA CONCEITUAÇÃO
O Arco de Maguerez tem seu marco de implementação quando Charles Maguerez, na déca-
da de 1970, trabalhou com imigrantes africanos em solo francês. O seu objetivo enquanto professor
era introduzir os alunos nas questões culturais, da língua e do novo trabalho desses imigrantes na
agricultura e indústrias daquele país. As aulas expositivas não surtiam efeito, pois os alunos não
compreendiam bem o idioma e assim nem podia solicitar pesquisas, pois os alunos eram analfabetos,
contudo, Maguerez elaborou uma metodologia ancorada na resolução de problemas voltados para
contexto de formação profissional de analfabetos com elementos direcionados para uma pedagogia de
massa na assistência técnica agrícola. Maguerez acreditava que a progressão do saber perpassa pelas
etapas concebidas na metodologia do Arco, com os seguintes passos: observação do real, observação
de uma maquete simbolizando o real, discussão de conteúdos, execução sobre a maquete e execução
184
A contribuição das metodologias
lução viável. Com isso, a metodologia do Arco estava sendo criada, mas ainda não estava completa.
Bordenave e Pereira (1982) aperfeiçoaram a metodologia alinhando com uma pedagogia baseada na
para a formação de professores. Na década de 1990 a epistemologia do Arco de Maguerez seria con-
As contribuições de Juan Díaz Bordenave e Adair Martins Pereira na década de 1970 foram
da segunda versão do Arco de Maguerez foi uma proposta de formação de professores seguindo as
etapas de: observação da realidade (problema), pontos-chaves, teorização, hipóteses de solução, apli-
cação à realidade (prática). Apoiando-se em uma base epistemológica com uma visão de educação
conscientes de seu papel, atentos aos seus direitos e deveres na sociedade. Bordenave e Pereira (1982)
se amparam em autores como Paulo Freire, Jean Piaget, David Ausubel, estabelecendo ligações para
Com Berbel (2012b) houve uma consolidação do método sendo utilizado e com publicações
sobre o uso dessa metodologia na educação superior. Dessa maneira, a perspectiva de Berbel (1999)
sobre a metodologia do Arco de Maguerez também engloba cinco etapas (figura 1):
185
A contribuição das metodologias
4. Hipóteses de solução: A base dessa etapa se estabelece por procurar soluções viáveis
ção, possibilitando um continuum desenvolvimento dessa proposta metodológica, dizendo que “[...]
186
A contribuição das metodologias
se Bordenave e Pereira deram um sentido novo para o Arco [...] também nós realizamos um processo
Berbel (2012a) procurou desenvolver uma fundamentação para o Arco de Maguerez, anco-
rando-se em autores como Dermeval Saviani para responder sobre qual pedagogia estaria associada
à Metodologia da Problematização. Após observar as três versões do Arco, Berbel destaca que a pri-
meira versão é uma junção de diversas pedagogias de viés tradicional, bem como pedagogias novas
ou renovadas; a segunda versão, construída por Bordenave e Pereira (1982), também se apresenta
como mista, mas apenas das pedagogias novas ou renovadas; a terceira versão criada pela autora do
livro também traria elementos das pedagogias novas ou renovadas, porém com mais destaque em
A autora destaca que, as duas primeiras versões não ressaltam a pesquisa como atividade
Charles Maguerez para a terceira versão, mesmo tendo a versão original como fonte inspiradora. Ob-
serva-se que a terceira versão sugere a Metodologia da Problematização como metodologia de ensino,
nhecido em suas cinco etapas direcionam para uma aprendizagem significativa. Do ponto um ao
ponto cinco forma-se um arco de 180º graus que levam da observação à solução de um problema espe-
cífico. Essa dinâmica modifica as relações professor-aluno no sentido freireano de que o professor não
é detentor de todo saber e o aluno não é uma tábua rasa, a relação professor-aluno é mediada conside-
rando a leitura de mundo do aluno e seus conhecimentos prévios (FREIRE, 1998). Para tanto, o ponto
187
A contribuição das metodologias
de saída do Arco até o ponto de chegada principia pela participação ativa do aluno (BERBEL, 1998).
Os ciclos do Arco de Maguerez são bem definidos e a problemática proposta deve seguir
critérios que levem as soluções práticas, portanto, as articulações das atividades devem ser baseadas
em problemas conectados com a realidade concreta, de fato para tencionar uma solução viável e assim
o aprendizado ser relevante. Logo, os processos teóricos devem estar ligados à prática com reflexões
e solução cabíveis oportunizando uma práxis operativa de um plano de trabalho significativo para os
Para se encontrar a solução em uma problemática, o diálogo é fundamental, com uma base
norteadora da metodologia problematizadora como apontou Freire (1998). A educação nesse sentido
se faz por possibilidades para sua construção estimuladora da abordagem crítica e reflexiva do co-
e intervir sobre ela com novos saberes em relações significativas de aprendizagem (FREIRE, 1998).
Segundo Arruda (2015), o educador que se envereda nas práticas das metodologias ativas,
desses elementos ainda temos a interação, pois as resoluções são realizadas em equipes em diálogo
constante com o objeto de estudo, o que proporciona o exercício da criticidade aos desafios de nossa
complexa sociedade.
Embora sendo apresentados alguns dos aspectos significantes e justificativos para considerar
Neto et al (2018) apresentam uma outra visão entendendo que a Metodologia da Problematização e
o Arco de Maguerez é uma metodologia ativa exclusivamente brasileira, ou seja, foi desenvolvida e
188
A contribuição das metodologias
aplicada somente no Brasil sem ter outras experiências fora do país. Além disso, o questionamento
sobre a nomenclatura “problematização” que não faz parte do léxico da língua portuguesa, sendo
importada do Francês amplamente divulgada pela Organização das Nações Unidas para Educação
Rodrigues Neto et al. (2018) consideram o próprio Charles Maguerez uma figura não pública,
pois os autores com buscas incessantes não encontraram praticamente nenhuma informação direta
sobre o próprio Maguerez. A própria Berbel também teve dificuldades ao buscar informações sobre
a experiência de Maguerez. Tudo que é tratado sobre o criador do Arco advém de outros teóricos
que creditam ao francês como precursor da teoria do Arco. E colocam como mérito a associação que
ele fez de ensino profissional com alfabetização e o que comumente se atribuiu ao Arco. Contudo,
esse tipo de abordagem é uma aprendizagem já conhecida como apprentissage alternante (Técnica
Alternante: Estudo e treinamento durante o trabalho) que remonta os anos de 1940 durante a Segunda
Guerra Mundial.
sua linguagem se apresenta semelhante a uma metodologia já muito utilizada na época ao redor do
guês) ou simplificando PBL. Com isso, Rodrigues Neto et al., (2018) coloca a “problematização” e o
Arco como não sendo uma metodologia ativa sendo sem “[...] importância para o cenário educacional
mundial” (RODRIGUES NETO et al., p. 68) e respalda a teoria de que a Metodologia da Problema-
tização e o Arco de Maguerez são derivações, outros desdobramentos da PBL, com uma roupagem
Contudo, Berbel (1998) ressalta que nas duas propostas metodológicas o ensino e a apren-
189
A contribuição das metodologias
dizagem acontecem a partir da resolução de problemas, mas também explica que na Metodologia
da Problematização esse problema parte de um recorte da realidade observada pelo aluno. Destaca
que a Metodologia da Problematização está imbricada nas etapas do Arco de Maguerez sendo vista
como uma metodologia de ensino, estudo e de trabalho para ser relacionada com temas interligados
com a vida em sociedade estando ligada à concepção de educação Histórico-Crítica. Enquanto que
uma comissão de especialistas visando garantir o cumprimento dos conteúdos do currículo, estando
De acordo a Sakai e Lima (1996 apud Berbel, 1998, p. 145) no que se refere à Aprendizagem
Baseada em Problemas:
Berbel (1998) afirma que as duas propostas metodológicas são distintas, pois a Metodologia
da Problematização pode ser aplicada em temas bem definidos de uma disciplina, porém nem sempre
adequada para todos os conteúdos, além de ficar sob o encargo do professor, exigindo uma mudança
190
A contribuição das metodologias
de postura do docente e dos estudantes para uma visão crítica-reflexiva sobre os temas. Já a Aprendi-
zagem Baseada em Problemas (PBL), é entendida como uma metodologia que deve ser compreendida
de modo integrada, pois irá orientar e guiar a organização curricular como um todo, sendo uma deci-
Maguerez mostram uma discussão não fechada que carece de aprofundamento quanto aos seus aspec-
tos metodológicos e teóricos. Isso demostra em como o debate científico ao redor da temática suscita
contestação de um lado e enaltecimento de outro, assim, buscamos por meio deste trabalho apresentar
juntamente com o Arco de Maguerez possui sua aplicabilidade, em sua maior parte, no campo do en-
sino e da pesquisa acadêmica, haja vista, a série de artigos no campo da saúde, sendo bem maior que
os da educação. Isso revela que a Metodologia da Problematização é mais utilizada como metodologia
ativa nas Ciências da Saúde do que nas áreas da educação, especificamente nas Ciências Humanas.
Outro ponto é o revisionismo constante das metodologias com destaque para o livro de
Bordenave e Pereira (1982) sendo indicado como precursor da metodologia no país. É explicado por
Berbel (2012a) que a metodologia passou por três momentos: a versão do próprio Charles Maguerez,
a segunda versão proposta por Bordenave e Pereira e o terceiro momento por Berbel. Na primeira
191
A contribuição das metodologias
versão analisada, a proposta estava mais centrada nos executores do que nos discentes. Na segunda
versão do Arco, ideias de autores clássicos da pedagogia como Paulo Freire, Jean Piaget, Lev Vy-
gotsky e David Ausubel são evocadas para abalizar melhor a metodologia, ou seja, a educação de
viés problematizadora encontra respaldo no pensamento dialético. Com isso, uma nova consistência
teórica, a terceira versão do Arco, tem apoio em Berbel (2012b). Berbel (2012b) realizou uma reinter-
matização com o Arco de Maguerez, desvendando as raízes epistemológicas de sua formação e trans-
formação através do tempo por influências de outras bases teóricas. Sobre a aplicação pedagógica
no ensino superior, essa proposta vem sendo disseminada pela própria Berbel desde 1992 como uma
metodologia ativa pelo potencial educativo que se oferece. O que constatamos é que uma metodologia
que antes fora aplicada em situações de instrução técnica migra para uma reformulação didática para
atender estudantes e professores em formação. Em suma, convém ressaltar que o Arco de Maguerez
nasceu de uma proposta de Agronomia, foi reelaborado por Bordenave e Pereira; Berbel direcionou
para profissionais de Saúde e agora se volta para estudantes de ensino médio pelas propostas de cursos
O leitor pode estar perguntando a essa altura das discussões onde está às reflexões a respeito
Humanas? O mesmo vazio de discussões que o leitor encontrou aqui, nós autores também encon-
tramos ao explorar vários textos sobre a temática das metodologias ativas ligadas a Metodologia
192
A contribuição das metodologias
da Problematização e o Arco de Maguerez, o que suscita uma reflexão específica sobre o porquê a
pouca ou nenhuma inserção das Metodologias em Ciências Humanas. O que constatamos na base de
referências consultadas é que as Ciências da Saúde e outras poucas áreas acadêmicas são as que mais
utilizam as metodologias ativas de acordo com a análise presente mesmo com um número pequeno
de textos, ao todo dez. E há também uma pouca inserção no ensino básico, principalmente no ensino
público. Existem poucas ações apesar de ser previsto em alguns projetos pedagógicos nessa área edu-
à educação básica em Monteiro e Marcelino (2018) que fizeram uma verificação junto aos alunos
por transformações e novas práticas educativas, contudo, muitas vezes não conseguimos definir o
inovação de práticas educativas. Desse modo, o caminho pela transformação das práticas educativas
tornou-se um grande desafio, sabendo que “[...] o ensino tem-se limitado a um processo de memo-
rização de vocábulos, sistemas classificatórios e fórmulas em que os estudantes não são capazes de
extrair o significado de sua linguagem” (SANTOS, 2007, p. 484). De acordo com Franzoni, Cruz e
memorização e repetição. O que nos faz inferir que essa atual configuração
193
A contribuição das metodologias
Freire (1980 apud Franzoni, Cruz e Quartieri, 2019, p. 192) ressalta que, o professor deve
ambiente escolar, valorizando os conhecimentos dos alunos a por uma estratégia de ensino voltado
para aulas mais dinâmicas. Evidencia-se que os docentes devem repensar a sua práxis pedagógica sob
uma nova óptica educativa visando colocar o aluno como protagonista de sua aprendizagem. Nesse
sentido, “[...] o papel predominante do professor deixa de ser o de ensinar e passa a ser o de ajudar o
aluno a aprender. Educar deixa de ser a arte de introduzir ideias na cabeça das pessoas, mas de fazer
Sob esses aspectos a inserção das metodologias ativas em especial a Metodologia da Proble-
matização e o Arco de Maguerez nas Ciências Humanas deveria receber uma atenção particular por
parte dos profissionais e autoridades da educação básica, onde hoje só existem aplicações pontuais de
de de ensino ou um foco maior, e isso inclui as Ciências Humanas, logo, o recorte realizado poderá
ser problematizado desenvolvendo uma postura crítica ante o objeto de estudo. As autoras Colombo
e Berbel (2007) deixam evidente que esse processo de reflexão exige esforços por ser multifacetado e
pela complexidade conforme a natureza de cada etapa do processo. O potencial da metodologia está
nível científico não se baseando em apenas retenção memorística. A diferença entre outras metodolo-
gias ativas está no fato que a Metodologia da Problematização e o Arco de Maguerez lida diretamente
194
A contribuição das metodologias
com a realidade, suas propostas são oriundas de informações e conhecimentos que permitam em
a “acomodação” saindo de sua zona de conforto. As suas bases epistemológicas possuem influência
freiriana quando propõe a dialogicidade e a prática libertadora. Coloca como potencialmente viá-
2007, p. 138), ou seja, em várias instâncias pode ser aplicado para discentes e docentes. No caso para
discentes o professor pode sugerir o tema ou os próprios alunos podem elencar propostas. Dois pontos
análise das aquisições importantes que possibilita novos saberes a partir de mobilização das infor-
mações e esse saber não fica circunscrito apenas em um direcionamento disciplinar, mas perpassa
Com isso, temos uma visão a respeito da temática com as seguintes conjecturas: a) A Meto-
dologia da Problematização e o Arco de Maguerez estão mais presentes nos meios acadêmicos princi-
palmente nas Ciências da Saúde; b) Sua inserção na educação básica ainda é preambular com poucas
ações e inserção tímida nos currículos; c) Necessitamos de mais elementos teóricos e metodológicos
195
A contribuição das metodologias
que permitam uma constatação melhor à respeito de nosso objeto de estudo. Diante disso, podemos
ponderar que dentro das Ciências Humanas deveria haver maior divulgação e formação para conhe-
cimento e aplicação de metodologias ativas seja durante a formação docente, formação continuada, e/
Para tanto, nosso trabalho não é conclusivo, mas um apontamento dos desafios e possibi-
lidades que as metodologias ativas podem oferecer, especialmente quanto a Metodologia da Pro-
blematização e o Arco de Maguerez, tornam-se inconcludente por carecer de mais pesquisas para
respaldar essas ponderações, pesquisa com os professores da educação básica ou universitária sobre
essas metodologias no sentido de fornecer dados sobre qual se utiliza ou conhece a respeito dessas
temáticas. Com pesquisas bem específicas poderemos ampliar o debate sobre sua inserção nas Ciên-
cias Humanas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Arco de Maguerez dentro da área de Ciências Humanas. Apesar de não encontrarmos nenhum artigo
ou texto que apontassem uma experiência com as disciplinas de Ciências Humanas, especificamen-
te, seja na educação básica ou acadêmica, os artigos são unânimes em apontar que as metodologias
são executáveis e que atingem os objetivos propostos dentro de um planejamento, que dinamizam as
aulas. Contribuiu também para a percepção de como a educação brasileira está considerando essa
196
A contribuição das metodologias
O trabalho não é de todo fechado e conclusivo, mas como preâmbulo para futuras pesquisas
e outras discussões mais aprofundadas. Percebemos cenários com outras possibilidades, percebe-se
também que o assunto não se esgota por aqui e reflexões que tocam à formação docente em Ciências
Humanas pela Metodologia da Problematização e o Arco de Maguerez se faz necessário. Cabe por
meio do trabalho e outras pesquisas que vierem suscitar o diálogo direcionado às mudanças de para-
digmas tão necessárias à educação para alcançarmos excelência e qualidade para todos.
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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200
A contribuição das metodologias
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201
Capítulo
9 EXPERIÊNCIAS DE METODOLOGIAS
202
EXPERIÊNCIAS DE METODOLOGIAS ATIVAS EM ESPAÇOS NÃO ESCO-
LARES
Resumo: As metodologias ativas vêm sendo majoritariamente aplicadas no âmbito escolar, contudo, é
perceptível que o seu potencial extrapola os limites da sala de aula e que vem sendo também utilizada
em espaços não formais de ensino e aprendizagem. Um exemplo disso são as atividades coletivas e
atendimentos individuais realizados nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que podem ser
conduzidos como espaços formativos para os sujeitos que ali vivenciam, através do uso das meto-
dologias ativas que facilitam a aprendizagem de conteúdos e fomentam a autonomia dos sujeitos,
favorecendo a produção de cuidado dos usuários. Diante disso, o presente trabalho propõe identifi-
car artigos científicos que relatam experiências com o uso de metodologias ativas com usuários nos
CAPS, através de uma revisão de literatura, classificando-os e refletindo sobre suas potencialidades.
Abstract: Active methodologies have been mostly applied in the school environment, however, it is
noticeable that their potential goes beyond the limits of the classroom and that it has also been used
in non-formal teaching and learning spaces. An example of this are the collective activities and indi-
vidual consultations carried out in the Psychosocial Care Centers (CAPS), which can be conducted
as training spaces for the subjects who experience there, through the use of active methodologies that
facilitate the learning of contents. and foster the autonomy of subjects, favoring the production of care
for users. Therefore, the present article proposes to identify scientific articles that report experiences
with the use of active methodologies with users in CAPS, through a literature review, classifying them
INTRODUÇÃO
As metodologias ativas podem ser adotadas em diferentes espaços, formais e não formais,
destinadas a fomentar uma participação ativa dos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem.
Nesse sentido, este trabalho teve por objetivo refletir sobre as potencialidades do uso das metodo-
logias ativas com usuários do CAPS, através de uma revisão de literatura desenvolvida a partir da
social. Entretanto, tem se observado que o modelo de ensino tradicional vem se distanciando das ne-
cessidades para uma aprendizagem efetiva nos diferentes espaços de ensino. Este modelo bancário,
como foi denominado por Freire (1970), reduz as possibilidades de trocas de conhecimentos que pro-
204
A contribuição das metodologias
movam uma construção coletiva, ativa e participativa, e pelo contrário, promove uma postura passiva
do aprendiz, deixando de desenvolver a autonomia e uma postura crítica-reflexiva dos sujeitos frente
dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber (FREIRE, 1970, p. 57).
Nessa lógica em que o foco deixa de ser o modelo de ensino, mas sim a aprendizagem efetiva
dos estudantes, se faz necessário sucessivas aproximações aos conteúdos que tenham sentidos e sig-
nificados para os sujeitos participantes para que ativamente possam construir coletivamente um novo
educar, é notório que este processo contínuo se desenvolve também em espaços não formais.
De acordo com Jacobucci (2008), os espaços não formais são aqueles que diferem do am-
biente escolar, mas onde é possível ocorrer ações educativas e são comumente caracterizados pelo uso
também possam ocasionalmente ser observadas. A autora aprofunda esta definição propondo duas
Locais que são Instituições e locais que não são Instituições. Na categoria Ins-
tituições, podem ser incluídos os espaços que são regulamentados e que pos-
205
A contribuição das metodologias
possível classificá-los como espaços institucionais de educação não formal. De modo semelhante aos
espaços institucionais de educação formal, é notória a necessidade de mudança da postura dos profis-
sionais que atuam no campo da saúde, a exemplo do CAPS. Há uma compreensão de que as forma-
ções mais técnicas, com saberes centrados no campo biológico, estão mais distanciadas de uma ação
assertiva na produção do cuidado em saúde necessária para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS).
Entretanto, como destacado por Fernandes (2018), mostra-se que, para atuarem nos mais diversos
cenários do SUS, as instituições de ensino têm como desafio formar profissionais críticos e reflexivos
capazes de compreender as diferentes demandas dos usuários, famílias e comunidades, bem como de
No caso dos Centros de Atenção Psicossocial — compostos por uma equipe multiprofissio-
nal que “atua sobre a ótica interdisciplinar” (BRASIL, 2022) — são realizados diferentes espaços for-
mativos, com destaque para os atendimentos individuais e atividades grupais para pessoas que estão
em sofrimento psíquico ou sofrem de transtorno mental. Como aponta Silva (2010), a atuação no SUS
requer profissionais que tenham competências e habilidades para o exercício de práticas e saberes que
a autonomia do usuário.
Nesse sentido, o uso das metodologias ativas por seu princípio de promoção da autonomia
no processo de aprendizagem se mostra uma forte aliada para a condução dos espaços formativos dos
CAPS. Há um crescente número de estudos que remontam boas práticas e experiências realizadas
com os usuários dos serviços, no qual são apontadas o uso das metodologias ativas na produção do
206
A contribuição das metodologias
RESGATE HISTÓRICO
numa reprodução de conteúdo onde o professor / mediador assume o protagonismo da ação e, por
outro lado, os cidadãos que acompanham o momento, assumem um comportamento passivo no qual
a participação ativa deixa de existir, como Behrens (2005) nos diz, assumem um papel de mero ex-
Neste sentido, problematizar a práxis pedagógica exercida ao longo desses tempos é fun-
damental. Questioná-la a partir de ideais que respeitem o conjunto de saberes presente na realidade
dos sujeitos, trazendo sentido e significados durante a ação, permite uma gama de possiblidades de
Podemos destacar que as primeiras mudanças estruturais no cenário nacional em busca des-
sa transformação na formação dos futuros profissionais se deu com o surgimento da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional – LDBEN de n° 9.394/96 onde em seu texto, é apontado alguns obje-
tivos e finalidades a serem aplicados no ensino superior, dentre eles o estímulo ao conhecimento dos
problemas atuais, em âmbito nacional e regional, somado a uma prestação de serviço para a popula-
Por outro lado, nesse mesmo período histórico, houve mudanças na compreensão da con-
cepção de saúde e a organização das ofertas dos serviços. O modelo biomédico centrado na doença,
onde os serviços eram reduzidos a hospitais, numa construção de caráter individualista, passou a ser
questionado e modificado num processo que foi reconhecido como Reforma Sanitária Brasileira3, no
3 Foi um movimento de trabalhadores e usuários pela democratização da saúde que tomou cor-
po no Brasil durante a segunda metade da década de setenta, sustentado por uma base conceitual e por
uma produção teórico crítica. Sua importância é fundamental para questionar a concepção de saúde
restrita à dimensão biológica e individual, além de apontar diversas relações entre a organização dos
serviços de saúde e a estrutura social (PAIM, 1997).
207
A contribuição das metodologias
qual resultou na construção do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988 e que, mais tarde, com a luta
de trabalhadores e usuários resultou na formulação da Lei 10.216 ou como ficou mais conhecida, a
Lei da Reforma Psiquiátrica4, no qual um dos seus frutos foi a criação de serviços como os Centros
de Apoio Psicossocial – CAPS5 – no qual o cuidado é centrado no sujeito com vistas a sua autonomia.
Além disso, o uso dos meios de comunicação estão cada vez mais acessíveis com novas
tecnologias que transformam a percepção de mundo, permitindo a criação de grandes redes onde a
transformação é constante. Com isso, vem sendo discutido a mudança das formações ofertadas no
ensino superior (MITRE et al., 2008), especialmente nos cursos da área da saúde, buscando dar uma
maior ênfase as questões sociais dos diferentes cenários regionais e nacionais, com destaque para a
Diante dessa necessidade de mudanças para atender as atuais carências no campo da saúde
pública, em especial da atuação na atenção básica e especializada, foi demandado uma reavaliação
frente aos currículos formativos do campo da saúde, no qual as metodologias ativas, alicerçadas em
um princípio em comum com a saúde – a autonomia – passa a ser incluído e tem uma aproximação
Essa mesma autonomia, aparece como um pilar fundamental nas produções de Freire (2006),
quando ele nos indica que para uma maior efetividade do processo de ensino-aprendizagem, precisa-
-se respeitar o contexto cultural no qual é trazido na bagagem desse sujeito, assim como seus saberes
construídos durante a sua experiência em comunidade. Nesse sentido, podemos afirmar que Freire já
apontava a necessidade de uma formação que fizesse uso de metodologias ativas, com uma educação
208
A contribuição das metodologias
Baseado em Mitre et al. (2008) a problematização pode ser utilizada também como estraté-
gias no ensino aprendizagem, para ajudar a alcançar determinados objetivos e motivar os profissionais
Reis (2019) onde a utilização das metodologias ativas vem sendo amplamente difundidas por enxer-
garem como um método inovador e que, portanto, contribui para a construção do conhecimento.
Frente a isso, Berbel (2011) nos apontam que há inúmeras formas do uso das metodologias
ativas que colaboram para o desenvolvimento das competências e habilidades para que os educandos
há alguns parâmetros que são avaliados para que tais métodos sejam considerados assertivos para o
Característica Descrição
Construtivista Baseia-se numa aprendizagem significativa.
Colaborativo Busca favorecer a construção do conhecimento em grupos.
InterdisciplinarBusca proporcionar atividades integradas a outras disciplinas.
Buscando meios para permitir que aquele que vivencia, entenda a aplicação do
Contextualizado
conhecimento dentro da sua realidade.
Reflexivo Ratificando os princípios éticos e morais.
Incentiva o educando o aprofundamento a partir de bases teóricas a modo que possa
Crítico
compreender e avançar nas informações frente aos limites que se apresentam.
Busca provocar a curiosidade a ponto que possibilite o educando a vivência do
Investigativo
aprender a aprender de forma autônoma.
Humanista Promova reflexões com o coletivo e com o contexto social qual está integrado.
Motivador Espaços que promovem o trabalho e a valorização dos aspectos emocionais.
Propõem dificuldades para que os educandos utilizem a criatividade em busca de
Desafiador
soluções.
Fonte: BERBEL, 2011, p.12.
tiplas e segundo Moreira e Lopes (2019) quando são utilizadas experiências reais ou em simulação
209
A contribuição das metodologias
com o objetivo de proporcionar desafios frente as atividades do cotidiano, tendem a proporcionar uma
prática profissional e o pensar sobre esse fazer, num movimento duplo em que
Com isso, é possível perceber que há possibilidades reais no uso das metodologias ativas em
espaços formativos informais (JACOBUCCI, 2008), como nos espaços promovidos nos Centros de
Apoio Psicossocial, objeto de estudo deste trabalho. Compreende-se que o objetivo final dessas duas
esferas é a autonomia dos educandos, o que, portanto, estabelece um elo que permite a construção
METODOLOGIA
Este trabalho baseia-se em uma revisão de literatura de trabalhos científicos que relatam
o uso de metodologias ativas nas experiências de espaços formativos com os usuários do serviço
CAPS. Foram mapeados através do Google acadêmico os artigos, monografias e dissertações dessa
vas”, “CAPS” e “Centro de Apoio Psicossocial”. Destaca-se que também foram incluídos resumos
expandidos de Anais de Eventos que se enquadravam ao critério temático delimitado para a pesquisa,
o que coincidiu com resumos contidos nos Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida e do
A partir da análise dos trabalhos acadêmicos contendo relatos de experiências sobre o CAPS
210
A contribuição das metodologias
como espaço não formal de aprendizagem, foram identificadas e tabuladas as descrições das diferen-
tes práticas utilizadas, associando-as à diferentes categorias de metodologias ativas existentes. Nota-
-se que alguns relatos de experiência apenas denominavam a prática como “metodologias ativas” sem
O Quadro 2 se apresenta como espinha dorsal do desenvolvimento das análises que serão
apresentadas ao longo deste trabalho e cujos dados serão mencionados a partir da referência das
legendas alfabéticas utilizadas. Cabe registrar que foram localizados 5 artigos que se enquadravam
dentro dos objetivos propostos por esta pesquisa, disponíveis no Google Acadêmico – ferramenta de
anteriormente mencionada e aqui entendida como um dado de análise a ser melhor explorado no de-
211
A contribuição das metodologias
Cada vez mais o mundo se encontra globalizado e o avanço sobre o uso da comunicação
por meio de tecnologias digitais são assumidas como parte do cotidiano, a ponto de produzir novas
Com os usuários dos serviços de saúde pública, em particular nos CAPS, não é diferente.
Mesmo diante das problemáticas de saúde de distintas ordens psiquícas e por vezes econômicas, com
permitem aos usuários passar horas em frente as telas, sendo bombardeados de informações que
mais impactante, o distanciamento dos encontros com o outro, reduzindo a possibilidade de troca de
Diante deste cenário, e somado às contribuições históricas de autores que pensaram diferen-
tes estratégias metodológicas, como Jhon Dewey (1859-1952), Lev Vygotsky (1896-1934), Jean Piaget
(1896-1934), Paulo Freire (1921-1997) e outros mais, as metodologias ativas ganham fôlego entre os
pesquisadores e passam a ser discutidas na educação formal e não formal, e pensadas nas diferentes
No estado da arte, há diferentes autores que definem as metodologias ativas e aqui serão
apresentados alguns conceitos a fim de demonstrar pontos em comum que caracterizam as metodo-
logias ativas, objetivando uma aproximação com a realidade ao qual este trabalho se debruça. Suhr
212
A contribuição das metodologias
Tal ideia é complementada com a compreensão de Valente (2018) quando define as metodo-
É possível observar que ambos os conceitos supracitados estão ligados a definições reconhe-
cidas historicamente, como a de Bastos (2006, p. 01), quem afirma que as metodologias ativas são
coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema”. Nota-se uma preservação da
essência do conceito apresentado por Bastos (2006) nas definições mais atuais de metodologias ativas
Diante disso, também se observa que os conceitos de metodologias ativas, em sua maioria,
estão mais explicitados para a sua execução no seio de uma educação formal, pensada dentro do âm-
bito escolar ou de ensino superior. Por outro lado, temos conceitos mais abrangentes, como o apresen-
tado por Berbel (2011, p. 29) que aponta o uso de metodologias ativas como “formas de desenvolver o
processo de aprender, por meio de experiências reais ou simuladas, com o objetivo de solucionar, com
sucesso, os desafios característicos das atividades essenciais da prática social em diversos cenários”.
Há uma gama de autores que conceituam sobre as metodologias ativas, mas que essencial-
213
A contribuição das metodologias
mente apresentam pontos em comum entre todos eles, como o rompimento em parte ou total com o
método tradicional de ensino ou a busca para que o aluno ou usuário do serviço, assuma um papel
ativo, deixando de ser mero receptor (DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017) compromentendo-se
diretamente com o seu aprendizado e desenvolvendo aspectos críticos e criativos para a resolução
tratarmos sobre metodologia ativa é fundamental que não se perca de vistas o desenvolvimento da
Por outro lado, a discussão sobre o uso das metodologias ativas na formação dos profissio-
nais de saúde vem tendo cada vez mais espaço. E segundo, Colares e Oliveira (2018) as abordagens
que mais tendem a ser utilizadas são: Apredizagem Baseada em Problemas (ABP), Teoria da proble-
matização utilizando o Arco de Mangarez e Aprendizagem baseada em equipes (ABE). Por defini-
ção, a ABP se baseia na elaboração de situações propostas aos alunos, que deverão analisar, refletir e
A Teoria do Arco de Mangarez, por sua vez, se baseia no atendimento de cinco etapas: Ob-
lisando o problema e formulando hipóteses para a construção de uma proposição que altere a realida-
de estudada (FUJITA, et al., 2016). Por fim, a ABE se baseia na introdução de conceitos e estímulo ao
trabalho em equipe para o desenvolvimento de tarefas previamente apresentadas, seguindo três etapas
214
A contribuição das metodologias
A partir desse cenário de aprendizagem sobre o uso das metodologias ativas durante a for-
mação dos futuros profissionais de saúde se imagina uma maior prevalência do uso de tais abordagens
nas experiências relatadas nos trabalhos científicos. No entanto, existem diversas outras aplicáveis em
cenários como dos CAPS, tendo como objetivo, a promoção à saúde com base em uma construção
coletiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
mentados através dos artigos apresentados no Quadro 02, proporcionam o reconhecimento de alguns
para novas práticas nos espaços formativos conduzidos pelo CAPS. A modalidade “relato de experi-
última palavra, mas que tem caráter de síntese provisória, aberta à análise e
2019, p. 235).
O relato do artigo A, por exemplo, evidencia a relevância das metodologias ativas baseadas
cioculturais no processo terapêutico. Enquanto nos ambientes escolares compete ao professor o papel
de facilitador da aprendizagem, no referido relato foi atribuído aos acadêmicos, que deram o “suporte
215
A contribuição das metodologias
necessário por meio de dicas e auxílio mínimo à medida que também confeccionavam seus trajes”
(SOARES, et al., 2018, p. 01), o que também pode ser atribuído aos demais profissionais do CAPS que
em outras oportunidades desempenham esta função. Neste sentido, destaca-se que as abordagens ba-
tos também almejados no tratamento com os usuários. O estabelecimento de vínculos entre usuário
e profissional é essencial à adesão ao tratamento (AMORIM; ABREU, 2020, p. 617), de modo que
Dessa forma, é possível pressupor que o uso das metodologias ativas nos espaços formativos
do CAPS contribui para um maior envolvimento e consequente adesão ao tratamento. De acordo com
volvimento e manutenção de capacidades cognitivas e a memória”, promovendo ainda uma maior in-
teração e integração social, assim como o desenvolvimento da linguagem e expressão, o que ameniza
os “sentimentos de solidão e isolamento pela livre interação em grupo” (SOARES, et al., 2018, p. 01).
aprendizado mútuo, tradicionalmente projetado sobre o lugar do aluno, cabe observar que a experiên-
cia com o carimbó também proporcionou uma aprendizagem significativa aos facilitadores do espaço,
216
A contribuição das metodologias
De outro modo, os artigos B e C relatam uma experiência com a execução de oficinas de ar-
tesanato, conceituando-as enquanto “metodologias ativas”. Entretanto, cabe observar que “oficina de
artesanato” não é conceituada enquanto uma metodologia ativa, ainda que possa ser considerada uma
ferramenta lúdica benéfica ao estímulo à participação. Mas a noção de metodologias ativas exige um
processo metodológico bem estabelecido o qual não foi evidenciado em ambos os relatos. Por outro
lado, no artigo B foi relatada uma experiência que, de modo não intencional, se aproxima da metodo-
Foi visualizado que uma usuária possuía habilidades para artes, apresentando
misse o grupo de terapia ocupacional por uma tarde, na qual, ensinaria aos
Apesar da similaridade com a sala de aula invertida, no sentido de atribuir um lugar de faci-
litador do espaço formativo àquele que inicialmente teria sido um dos demais participantes, por outra
série de razões não podemos classificá-la dentro deste conceito. Em primeiro lugar, a própria noção
espacial de “sala de aula” não ocorre nos espaços de ensino não formais. Ademais, a não intencio-
evidencia o seu não planejamento e, portanto, o não atendimento a parâmetros metodológicos que
217
A contribuição das metodologias
caracterizam a referida metodologia ativa. Assim, em linhas gerais, cabe aqui reconhecer a relevân-
cia da ação enquanto prática lúdica e de grande contribuição ao seu envolvimento, ainda que ela não
poderando um usuário, irá ajudar todos os demais. (...) Sendo assim, pode-se
frutaram de uma ação que não está relacionado com a sua patologia e suas
Como pôde ser observado neste último relato bem como na oficina de Carimbó, a utilização
de ferramentas lúdicas e artísticas potencializam o processo de tratamento dos usuários. Nota-se que
a identificação e aproveitamento dos conhecimentos prévios dos usuários para a condução das ativi-
dades, fomenta a sua participação e continuidade, além de contribuir para o envolvimento e aprendi-
zado mútuo.
dois relatos que na prática a referida metodologia foi utilizada no processo de diagnóstico realizado
pelos acadêmicos, autores dos artigos, não tendo sido aplicada junto aos usuários. No relato C foi
observada a realização de oficinas terapêuticas que, por sua ludicidade e fomento à participação ati-
va, podem se aproximar de algumas abordagens ativas, porém, em termos de metodologia, não foi
possível enquadrar a experiência como tal. Ademais, apesar dos autores evidenciarem a potência da
experiência empreendedora, neste aspecto o artigo não apresentou dados práticos sobre a sua eficá-
218
A contribuição das metodologias
cia, desenvolvido apenas no campo hipotético, não sendo possível estabelecer uma análise sobre tal.
Ainda que o relato D fomente o uso das metodologias ativas, e que o processo realizado pelos autores
tenha envolvido a problematização do Arco de Manguerez, a atividade com os usuários foi caracte-
rizada como palestra seguida de elaboração de desenhos e discussão sobre o setembro amarelo. O
artigo ainda evidencia que no dia da ação houve um “baixo quantitativo de participantes, tendo em
Este relato provoca uma reflexão quanto a eficácia do modelo tradicional de aprendizagem,
visto que o formato palestra se destacou em relação às experiências que utilizaram metodologias
ativas com os usuários, por seu baixo desempenho em envolver os participantes, o que pode estar
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso de metodologias ativas em espaços formativos do CAPS se mostra como uma alterna-
tiva interessante para a produção de saúde, buscando objetivar os usuários a retomada de sua autono-
mia frente as suas possibilidades durante e pós tratamento. De acordo com estudos identificados, os
219
A contribuição das metodologias
Contudo, foi observado que apesar de haver uma intencionalidade para a adoção de algu-
mas metodologias ativas, é possível levantar a hipótese de que há uma carência na formação técnica
dos profissionais envolvidos, que, por vezes, executam as ações de modo empírico, e, somente, são
pensadas nos espaços de atividades coletivas, reduzindo as possibilidade do uso, que, por vezes, não
conseguem trazer na escrita uma clareza necessária para identificação dos elementos da metodologia
utilizada. Ademais, destaca-se que a escassez de documentação de experiências com o uso de meto-
dologias ativas em espaços do serviço CAPS, limitada aos cinco artigos e/ou resumos encontrados, se
mostra como um dado que evidencia o estágio ainda inicial da adoção das metodologias ativas nestes
espaços.
É possível levantar possibilidades de que se houvessem uma maior incidência do uso das
metodologias ativas nos currículos de formação dos profissionais de saúde junto a uma adequada
formação continuada dos profissionais que estão na ponta dos serviços, podendo fazer o uso das
metodologias ativas, poderiamos observar uma maior quantidade de experiências publicadas como
trabalho científico.
Com isso, pensar e agir através do uso das Metodologias Ativas nos espaços da assistência à
saúde pública é, acima de tudo, permitir a ampliação das possibilidades na oferta do cuidado aos usu-
ários, mas também, um fortalecimento diário a consolidação dos princípios da Reforma Psiquiátrica
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224
A contribuição das metodologias
Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem téorico-prática [recurso eletrôni-
acerca das metodologias ativas no processo de ensino aprendizagem. Pesquisas e Práticas Psicosso-
225
Capítulo AS CONTRIBUIÇÕES DAS METODOLO-
NUADA DO PROFESSOR
226
AS CONTRIBUIÇÕES DAS METODOLOGIAS ATIVAS NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DO PROFESSOR
Resumo: O presente artigo tem por objetivo identificar e analisar as possíveis contribuições das me-
todologias ativas no processo de formação continuada do professor. Este estudo trata-se de uma pes-
quisa exploratória, bibliográfica, de abordagem qualitativa. Para coleta dos dados foram utilizados
artigos, que apresentavam no título as palavras metodologias ativas e formação continuada de profes-
Nível Superior, no período de 2018 a 2021. Os resultados apontam que as metodologias ativas quando
bem implementadas nos espaços de formação, de forma relevante, mostram resultados positivos e
Abstract: This article entitled “The contributions of active methodologies in the continuing education
of teachers” aims to identify and analyze the possible contributions of active methodologies in the
1 Licenciatura em Pedagogia - Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. Professora
de Educação Básica
2 Pedagogia (UNEB); Mestranda em Ciências Ambientais (IF-Baiano); Professora da Educação
Básica
227
A contribuição das metodologias
process of continuing teacher education. The methodology used was the qualitative approach. The
method used was the bibliographic survey, which consists of valuing the knowledge produced. For
data collection, articles were used, which had the words active methodologies and continuing teacher
training in the title, and published on the CAPES portal - Coordination for the Improvement of Higher
Education Personnel, from 2018 to 2021. The results indicate that the active methodologies, when well
implemented in training spaces, in a relevant way, show positive results and contribute significantly to
INTRODUÇÃO
para a elaboração de propostas pedagógicas em que o aluno é o centro do conhecimento deve ser
Desta forma, pensando em modificar a maneira como esse ensino é mediado nos espaços
educativos, surgem as metodologias ativas como estratégias de ensino, com o intuito de incentivar os
As metodologias ativas como instrumento para melhorar a prática de ensino, que permita a
ao aluno ser o protagonista do seu próprio aprendizado. Para Moran (2018) as metodologias ativas se
caracterizam como métodos de ensino que têm como ponto central a participação efetiva dos estudan-
228
A contribuição das metodologias
É importante que o professor crie espaço para que os conteúdos utilizados sejam abordados
de forma que possibilite o desenvolvimento do aluno, de uma maneira que objetive tirar o estudante
Partindo do pressuposto de que o professor é importante e sua atuação precisa ser contex-
próprio conhecimento, este trabalho se concentra nas possíveis contribuições das metodologias ativas
das metodologias ativas no processo de formação continuada do professor, a partir de uma pesquisa
bibliográfica.
Diante do exposto, este artigo torna-se relevante para a formação continuada de professores
quanto à formação e aplicação do uso das metodologias ativas como estratégias de ensino para con-
METODOLOGIA
Para Gil (2008), a pesquisa exploratória proporciona maior familiaridade com o problema
Segundo Lakatos e Marconi (1996) a pesquisa bibliográfica tem como finalidade colocar o
pesquisador em contato direto com o que já foi pesquisado, pois permite não apenas resolver proble-
mas já conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não foram resolvi-
dos.
229
A contribuição das metodologias
nuada do professor, esta pesquisa permite ter uma visão de que forma tem se discutido as possíveis
O contexto escolhido para coleta dos dados foi o portal de periódicos da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), visto que este espaço dispõe acesso ao acer-
O processo de construção do estudo aqui apresentado foi desenvolvido por meio de material
seleção dos artigos se deu por meio de busca de registros por título do artigo, em que apresentavam as
As produções foram analisadas com base na abordagem qualitativa e, para além de um sim-
ples levantamento de dados, esta pesquisa busca analisar a partir da leitura dos artigos encontrados,
visto que, é por meio da ação educativa desenvolvida pelo professor que o aluno estabelece relações
REVISÃO DE LITERATURA
METODOLOGIAS ATIVAS
As metodologias ativas surgem como uma possibilidade de romper com as práticas voltadas
bilitam ao aluno, conforme Moran (2018), experimentar inúmeras possibilidades no seu processo
230
A contribuição das metodologias
de aprendizagem, visto que, essas estratégias buscam romper com o ensino tradicional, como uma
proposta de ensino menos centrado no professor, e colocar o aluno como agente ativo deste processo.
Ainda nesse contexto, na visão de Valente (2018) as metodologias ativas são estratégias pe-
dagógicas de ensino diverso do ensino tradicional, uma vez que, as estratégias utilizadas através das
metodologias ativas possibilitam o aluno ser um agente ativo e participativo, capaz de dialogar, resol-
Moran (2015) define metodologias ativas como diretrizes que orientam os processos de ensi-
ficas, diferenciadas. Essas metodologias, quando utilizadas pelos professores em sua prática docente,
ensejam apoio ao aluno na realização das atividades, estimulando assim a participação e contemplan-
Nesse contexto da aprendizagem ativa, Mill (2021) destaca que, estratégias pedagógicas da
aprendizagem ativa devem partir da realidade do estudante, levando sempre em consideração os seus
conhecimentos prévios. Consideração importante no percurso educativo do aluno, visto que, a ação
educativa desenvolvida permite-o estabelecer suas vivências sociais com novas experiências e assim,
Com a expansão das novas tecnologias, o aluno chega ao espaço escolar carregado de conhe-
cimentos sociais e, concordando com Moran (2018) sente mais motivado quando encontra sentido na
ensino, onde seja possível promover para esses alunos um espaço de aprendizagem.
A utilização das metodologias ativas como recursos integrativos de ensino provém implanta-
ção de diversas estratégias, tais como: a sala de aula invertida, a aprendizagem baseada em projetos,
231
A contribuição das metodologias
reais.
um ensino flexível com um maior engajamento e articulação, podendo responder as recentes exigên-
cias sociais, transformando assim os conceitos pedagógicos e o modo de ensinar, levando os docentes
a modificarem suas práticas pedagógicas e passar a ter uma consciência social transformada.
Diante das novas transformações do ensino, os principais desafios enfrentados pelos docen-
tes em seu fazer pedagógico são atrair o interesse do aluno e assegurar sua motivação para aprender.
Nesse sentido, é importante pensar o fazer pedagógico numa perspectiva inovadora e transformadora,
que possibilite ao educando conforme Moran (2015), uma aprendizagem ativa, e centrada no aluno.
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61
Essa necessidade de uma formação contínua, advém das mudanças sociais e dos avanços na
difusão do conhecimento cada vez mais acelerado. E, tem por finalidade garantir a todos os profissio-
232
A contribuição das metodologias
ao aluno uma aprendizagem ativa, tem se expandido cada vez mais no contexto da educação básica,
o que exige qualificação docente, inovação no currículo escolar e metodologia de ensino centrada na
autonomia do aluno
Segundo Perrenoud (2000), o professor precisa estar preparado para as necessidades de cada
momento, visto que por meio da ação educativa desenvolvida, o aluno estabelece relações com novas
Nesse sentido, é importante destacar a necessidade de uma formação continuada que pro-
aprendizagem.
É sabido que o professor precisa ter a preocupação constante de atualização e reflexão sobre
a sua atuação, proposta pedagógica e sobre a sua formação, a fim de possibilitar aprendizagens sig-
nificativas para o alunado. Sabe-se que é um processo complexo e difícil, pois quando sua proposta
pedagógica ainda é tradicional, muitas vezes, é visto como alguém avesso às mudanças, sente dificul-
dade em abrir espaços para dialogar/indagar os conteúdos, gerando assim dúvidas na construção do
conhecimento do aluno, sendo construída uma imagem de que o fracasso educacional é fruto de sua
incapacidade ou de sua má formação. Costa (2009) traz que a má formação do professor tem grande
importância neste contexto, só que esta questão, não pode ser pensada de forma isolada, até porque
sobre a ação no processo ensino-aprendizagem na escola. Sendo assim, o modelo educacional con-
Neste contexto, compreende-se que a formação continuada precisa ser pensada com o objeti-
vo de formar professores que gerem conhecimentos capazes de estimular sua criticidade e autonomia,
possibilitando reflexões e mudanças na sua prática, e transforme todo o âmbito escolar. Sugerindo
233
A contribuição das metodologias
PRÁTICA DOCENTE
sua efetivação demanda do comprometimento de todos os participantes. Nesse sentido, Bacich (2018)
defende o equilíbrio nas abordagens didáticas, as quais devem ser inseridas com base nos objetivos
almejados.
Nesse contexto, as metodologias pedagógicas direcionam o fazer docente, assim surge a ne-
cessidade da inserção de estratégias inovadoras no contexto da sala de aula, conforme aborda Moran
(2015, p. 17)
que tenham que tomar decisões e avaliar os resultados, com apoio de mate-
significativa, assim, o processo de construção de conhecimento mediado pela ação do professor pre-
cisa ser flexível e inovador, atribuída com a aprendizagem. O professor precisa aprender a dinamizar
aula.
nar ao aluno uma aprendizagem ativa e romper com o tradicional processo de ensino. Assim, Freire
234
A contribuição das metodologias
Neste sentido deve-se pensar em metodologias que desafiem o docente a sair da prática de
O uso das metodologias ativas na prática pedagógica, por meio de uma aprendizagem sig-
nificativa é o caminho que o professor precisa trilhar para busca do crescimento. O professor precisa
ter vontade de buscar utilizar essas novas estratégias de ensino, que oportunizem ao aluno o desejo
de aprender.
Sendo assim, Bacich e Moran (2018), trazem que o professor precisa estar aberto a conhecer
outras ferramentas além daquelas que ele já utiliza – muitas vezes, os próprios estudantes têm refe-
Desta forma o professor precisa utilizar novas técnicas, recursos e estratégias que colaborem
É importante ressaltar que a prática docente está atinente com a formação de indivíduos
As formas que as aulas são planejadas também contribuem ou não para a aprendizagem do
indivíduo. Diante disso é importante pensar nos aspectos individuais e subjetivos. Nas metodologias
ativas o aluno ocupa a posição de protagonista, sendo o responsável pelo o processo de construção
do seu próprio conhecimento. Neste viés as aulas são pensadas/planejadas não só no grupo, mas em
cada componente, pois a forma de compreensão dos conteúdos não acontece da mesma forma pelos
estudantes.
Moreira e Ribeiro (2016, p.98) trazem que “pensar em utilizar metodologias ativas em sala
de aula implica, invariavelmente, em ter objetivos claros e definidos e o porquê de sua utilização”. Ao
utilizar essas estratégias o professor precisa entender a importância da aplicação e os resultados, com
235
A contribuição das metodologias
Neste sentido, Morais e Sousa (2020) trazem que a utilização de metodologias ativas exige
do docente um ensino mais flexível e com maior habilidade de articulação, pois elas são ferramentas
para transformarem os indivíduos e eles transformarem o contexto à sua volta. Desta forma a inser-
ção das metodologias ativas na prática docente, torna o professor mais reflexivo e dialógico sobre sua
práxis, possibilitando uma visão ampla dos vários contextos que está inserido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados quatro artigos que discutiram a temática sobre as metodologias ativas na
formação
TABELAcontinuada do professor,
01: Quantidade comopor
de artigos mostra
ano eatitulação
tabela 01.encontrados no Portal Capes.
Número de
Ano Título Autores
artigos por ano
educação básica aparece em maior frequência nos artigos, mais especificamente em três. E, a mesma
temática no contexto do ensino profissional, tecnológico, e superior, apenas um artigo foi encontrado.
a formação continuada no âmbito da educação básica é uma das temáticas que mais tem sido discu-
tida, especialmente no fazer pedagógico com a utilização de metodologias ativas. Peripolli, Bemme
qual apontam a necessidade de apresentar as metodologias ativas aos professores, de forma esclarece-
dora, para que os professores possam perceber o potencial dessas metodologias no desenvolvimento
Partilhando a pesquisa realizada por Silva et al (2019), os depoimentos por parte dos pro-
fessores são que a maioria chega à sala de aula sem o suporte de uma formação continuada e que as
estratégias pedagógicas apresentadas com a utilização das metodologias ativas foram bem recebidas
pelos professores.
237
A contribuição das metodologias
Peripolli, Bemme e Isaia (2021) defendem uma formação continuada que transforme as prá-
ticas consagradas e os hábitos enraizados. Uma vez que, o professor não deve ficar restrito às práticas
consolidadas de ensino, mas refletir constantemente sobre sua prática pedagógica, englobando com
Nesse contexto atual, é importante pensar em uma formação continuada que proporcione ao
professor refletir sobre sua prática pedagógica e ressignificá-las, criando estratégias significativas de
o que o mobiliza mais para aprender, os percursos mais adequados para sua
Nesse mesmo sentido, Martins, Batista e Pereira (2021) apontam em seus estudos o enrique-
cimento do fazer pedagógico quando o professor propõe no seu planejamento metodologias pedagó-
Dentro dessa perspectiva, a Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018) assegura que
a aprendizagem é essencial em cada etapa da Educação Básica, a qual se consolida por meio de um
conjunto de ações, entre elas, a permanente formação docente que possibilitem contínuo avanço no
processo de ensino e aprendizagem. Visto que a formação continuada é fundamental para o professor
Segundo os estudos realizados por Silva et al (2019), muitos professores não tiveram contato
com práticas educativas durante a graduação, e as habilidades do fazer pedagógico somente foram
adquiridas após anos de experiência docente. No entanto, é importante que a formação continuada
238
A contribuição das metodologias
Para contribuir com essa discussão, Moran (2015) traz uma colaboração importante ao colo-
car que com as inúmeras mudanças sociais, o professor hoje carrega um papel amplo e importante na
mediação da aprendizagem. Visto que, o professor orienta todo o processo de aprendizagem do aluno.
ativas, traz grandes avanços e significados para uma melhoria de qualidade na educação. Sendo as-
sim, inserir estratégias de ensino na formação continuada possibilita mudanças e reflexões na prática
pedagógica em todas as modalidades e níveis de ensino. Diante desse contexto trago Souza e Morais
Entretanto, para que de fato essa formação seja contínua deve-se ter como
propósito uma metodologia interativa, que tenha como objetivo uma constru-
A pesquisa dos autores Blaka e Machado (2021) consiste na importância do professor viven-
ciar situações que promovam a partilha de experiências e conhecimentos, através de atividades sig-
nificativas, que façam refletir sobre sua prática docente e a maneira que é explorada em sala de aula.
Mediante a essas atividades percebe-se que quando essas estratégias são apresentadas/desenvolvidas
de maneira relevante, há uma grande aceitação por parte dos professores em programas de formação
continuada.
Desta forma, é possível notar que o uso de atividades envolvendo metodologias ativas traz
auxílio de forma significativa para a aprendizagem de professores, e sua prática pedagógica na Edu-
Ainda, de acordo com Blaka e Machado (2021, p.34), as metodologias abordadas nos progra-
239
A contribuição das metodologias
mas de formação, especialmente as metodologias ativas, estão sendo empregadas em suas práticas de
ensino. Sendo assim, nota-se a abrangência das metodologias ativas, as quais estão sendo utilizadas
em diferentes etapas do contexto educacional, buscando assim uma aprendizagem significativa para
p. 26)
O que se percebe que a formação continuada quando pensada com o intuito de provocar no
professor reflexões acerca das suas ações desenvolvidas em sala de aula, possibilita a construção de
dos professores sobre o uso das metodologias ativas, pois, direciona de forma significativa a mudança
da postura docente. Neste sentido é importante buscar alternativas e meios de formações que tragam
para o professor conhecimentos e aperfeiçoamento em sua prática de ensino que seja usado em vários
As diversas formas de uso das estratégias de ensino no processo de formação dos professores
seja por meio de aplicativos e plataforma especificamente pelo Mentimeter3 favorece a interação entre
os professores, pois oferece uma dimensão de recursos e funcionalidades, no que diz a respeito à inte-
e Machado (2021, p. 30) trazem “Esses aplicativos possibilitaram interação entre os formadores e os
3 O Mentimeter é uma plataforma online que permite criar e compartilhar apresentações inte-
rativas.
240
A contribuição das metodologias
professores participantes de forma positiva.” Desta forma aplicativos e plataformas como estratégias
forma potencializada com feedbacks imediata torna o curso mais interessante, atrativo e relevante,
faz-se necessário a realização de formações que possibilite o professor a melhorar/modificar sua prá-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização desta pesquisa foi de grande relevância, pois possibilitou uma discussão sobre
especificidade para a utilização das metodologias ativas como estratégias inovadoras de ensino. O que
serviu como alerta para a necessidade de aprofundamento da temática, que é bastante significativa e
a carga horária curricular proporcionada pelos cursos de formação inicial não é suficiente para dar
conta.
Foi possível evidenciar que a temática das metodologias ativas e formação continuada pre-
cisa ganhar espaço no meio educacional, foram encontrados apenas quatro artigos que discutiram
sobre essa temática, dentro da plataforma pesquisada. Os objetivos traçados foram alcançados no
decorrer da pesquisa, mas vale ressaltar que a intenção da mesma não foi emitir juízo de valor aos
artigos publicados, mas de conhecer e evidenciar como a temática das metodologias ativas e formação
Vale destacar também, a importância das discussões presentes nos artigos, pois a maioria
241
A contribuição das metodologias
aponta a necessidade de ampliação dos estudos sobre metodologias ativas e formação continuada de
professores. Assim, esta pesquisa se constitui como importante documento e pode contribuir de for-
ma significativa para a ampliação de novos estudos no campo sobre metodologias ativas e formação
continuada de professores.
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245
A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PRO-
Capítulo
11 FESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM
246
A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁ-
SICA EM METODOLOGIAS ATIVAS COMO ESTRATÉGIA FACILITA-
DORA DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Jordão da Silva2
Resumo: Este artigo apresenta os resultados de um estudo que teve como objetivo verificar a im-
plementação das metodologias ativas na formação de professores como ferramentas que contribuem
reflexões trazidas têm como fundamento a Base Nacional Comum Curricular, Diretrizes Curricula-
res Nacionais para a Base Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da
Educação Básica e obras de referência no escopo da temática abordada como Moran (2018) e Candau
(1997). Foi realizada uma pesquisa de campo utilizando abordagem qualitativa, e como instrumentos
de coleta de dados, a aplicação de questionário online com professores que atuam na educação básica
e aprendizagem, no entanto, nota-se que ainda é preciso serem feitas melhorias na formação dos pro-
247
A contribuição das metodologias
fessores, diante do baixo índice de aplicabilidade das metodologias ativas em sala de aula.
Abstract: This article presents the results of a study that aimed to verify the implementation of ac-
tive methodologies in teacher training as tools that contribute to the teaching and learning process,
enabling the formation of protagonist students. The reflections brought are based on the National
Curricular Common Base, National Curricular Guidelines for the Common National Base for the
Initial and Continuing Training of Basic Education Teachers and reference works in the scope of the
theme addressed as Moran (2018) and Candau (1997). A qualitative approach was adopted, and as
data collection instruments, the conduction of an online questionnaire with teachers who work in ba-
sic education in the municipalities of Bodocó-PE and Juazeiro do Norte-CE. The results showed that
there is certain knowledge and acceptance of the teachers interviewed about active methodologies in
continuing education and the teaching and learning process. low applicability index presented.
INTRODUÇÃO
tiveram um grande impacto na vida das pessoas, nas relações que formam, no mundo do trabalho e
nas escolas. Dada a solidez histórica de sua estrutura, essa última pode ser a que mais tem sofrido
questionamentos, exigindo-se mudanças, como: evoluir para tornar-se relevante e conseguir que todos
aprendam a conhecer, a construir seus projetos de vida e a conviver com os demais (BRASIL,1998).
248
A contribuição das metodologias
de professores, e defendidas por pesquisadores da área da educação. Tais estudiosos têm procurado
Entre as alternativas estão as metodologias ativas, nas quais, o aprendiz tem participação na
construção do conhecimento. Ele deixa de ser um simples espectador e se torna um ator que busca
conhecimentos relevantes aos problemas e objetivos da aprendizagem. É uma iniciativa que desperta
curiosidade científica, espírito crítico reflexivo, autoavaliação, trabalho em equipe, ética e sensibili-
e aprendizagem.
professor, pois é através do estudo, da pesquisa, da reflexão, do constante contato com novas concep-
Fica mais difícil de o professor mudar seu modo de pensar o fazer pedagógico se ele não
tiver a oportunidade de vivenciar novas experiências, novas pesquisas, novas formas de ver e pensar
a escola. Segundo Imbernón (2010, p. 19), “a formação continuada nasce com a intenção de adequar
os professores aos tempos atuais, facilitando um constante aperfeiçoamento de sua prática educativa
de práticas diferenciadas de ensino que sejam significativas para a realidade dos professores e dos
A partir das mudanças ocorridas no campo educacional com relação ao processo de ensino e
249
A contribuição das metodologias
recursos didáticos e tecnológicos para tornar as aulas mais dinâmicas e produtivas, bem como, formar
estudantes protagonistas.
repensar a formação docente, partindo da diversidade de saberes críticos para sua prática, valorizando
sores.
Diante dessa situação, uma das formas possíveis de garantir essa realidade de intervenção
é dar aos professores a oportunidade de refletir sobre suas práticas, para que possam estabelecer um
o olhar do professor (ensino) para o aluno (aprendizagem), o que Freire (2015) já sustentava que a edu-
cação era um processo, não realizado por outros, nem pelo próprio sujeito, mas ocorria na interação
Com base nessa ideia, infere-se que, embora o método tradicional priorize a transferência de
tal proposta coloca o foco no sujeito: o aluno constitui-se como protagonista de suas aprendizagens. O
indivíduo assume compromisso e responsabilidade com sua educação e formação, uma postura mais
250
A contribuição das metodologias
Mitre et al. (2008) consideram que as metodologias ativas utilizam a problematização como
problema, ele se detém, examina, reflete, relaciona a sua história e passa a ressignificar suas descober-
to, através de uma combinação de práticas, atividades, jogos, problemas e projetos, tendo os alunos
Com base nesse entendimento, a metodologia ativa é uma ferramenta que visa estimular a
autoaprendizagem e a busca por novos métodos de ensino que tem sido amplamente pesquisada e
aplicada em diferentes etapas do processo educacional com vistas a tornar os alunos descobridores de
Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo verificar a implementação das
metodologias ativas na formação de professores como ferramentas que contribuem com o processo de
METODOLOGIA
251
A contribuição das metodologias
ela possibilita a articulação entre conteúdos, pensamentos e existência. Inclui as concepções teóricas
fessores como ferramentas que contribuem com o processo de ensino e aprendizagem, realizamos
uma pesquisa de campo utilizando a abordagem qualitativa, a qual “tem como objetivo primordial a
Conforme Gerhardt et al (2009), os instrumentos que geram dados em uma pesquisa são
os coletados pelo pesquisador. A coleta de dados compreende o conjunto de operações por meio das
Para esta pesquisa a coleta de informações para caracterizar o perfil e dados sobre a utili-
zação das metodologias ativas na formação continuada de professores se deu a partir da aplicação de
um questionário online. Para Gil (2014), pode-se definir questionário como a técnica de investigação
composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter infor-
mações. Goldenberg (2011) entende que ao estruturar questionários, é preciso ter em mente que cada
O questionário elaborado para este estudo foi realizado utilizando a plataforma Google for-
a um grupo de 36 professores da educação básica que lecionam nas escolas públicas dos municípios
de Bodocó-PE e Juazeiro do Norte-CE. Para preservar a identidade dos professores, nos resultados,
desses dois municípios como local da amostragem se deu por conveniência por se tratarem dos locais
252
A contribuição das metodologias
objetivo de traçar um perfil dos professores com perguntas sobre a formação e tempo de atuação. Na
consequente aplicação no processo de ensino e aprendizagem como ferramenta que contribui para
esteQuadro
processo.1 - Questionário
Há quanto tempo atua em sala de aula? Se a sua resposta à pergunta anterior foi
( ) 1 a 5 anos sim, o que você entende por
( ) 6 a 10 anos metodologias ativas?
( ) 11 a 15 anos Se já participou de formação continuada
( ) 16 a 20 anos com foco nas metodologias ativas, você
( ) 21 a 25 anos acredita que esta formação contribuiu
( ) 26 a 30 anos para a sua prática pedagógica?
( ) 31 ou mais ( ) Sim
( ) Não
Em que cidade você atua?
( ) Bodocó-PE Após a formação você conseguiu aplicar
( ) Juazeiro do Norte-CE alguma das metodologias ativas em
suas aulas? Se sim, quais?
( ) Não apliquei
( ) Sala de aula invertida
( ) Aprendizagem baseada em
problemas
( ) Aprendizagem baseada em projetos
( ) Gamificação
( ) Rotação por estações
( ) Outros
Neste estudo, a análise dos dados foi realizada a partir da tabulação das respostas obtidas
através do questionário, os resultados foram confrontados com a bibliografia que versa sobre a temá-
tica objeto desta pesquisa. Após segunda análise, o material coletado foi categorizado e discutido.
ação, portanto uma ação que se presta a dar continuidade a algo que se teve início, ao menos ao nível
dos fundamentos e das bases teóricas e metodológicas gerais para a área ou nível de ensino que se pre-
tende atuar/formar. O próprio conceito de formação continuada remete a essa ideia de continuidade
pedagógico com as mudanças que ocorreram na sociedade brasileira ao longo dos últimos dois sé-
culos. Conforme o autor, uma maior ênfase na discussão sobre a formação de professores teve início
na década de 1980, quando também foram intensificados os debates em torno do papel da instituição
escola. Todavia, foi nos anos 90 que a referida discussão tomou corpo no Brasil.
254
A contribuição das metodologias
teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que
mento profissional contínuo dos professores, interligado entre sua formação inicial, correspondente à
Este contexto tem implicações na formação docente e na construção da sua identidade, pois
superar os modelos teóricos que a orientam há décadas, e “deve propor dispositivos variados e com-
trabalho do professor sobre suas próprias práticas e experiências” (ALTET, 2001, p.34).
Segundo Gadotti (1998), uma sociedade que consolidará os saberes construídos, precisa se
proteger contra os fatores internos e externos que exploram as classes trabalhadoras, bem como,
contribuir para a organização de uma coletividade mais justa, menos excludente, e realmente de-
mocrática. Lembra, no entanto, que não se pode esperar que essa transformação ocorra de forma
espontânea. Ela depende muito da educação que caminha lado a lado com a prática política do povo.
na formação escolar.
255
A contribuição das metodologias
de ampliar e redefinir de maneira crítica, a própria prática docente. É a partir dessas mudanças e da
autorreflexão sistemática do próprio fazer pedagógico, que o mesmo poderá entender e modificar o
ensino, que desenvolve a reflexão crítica da docência e esteja sempre buscando qualificação através da
formação continuada, um dos pré- requisitos para a qualificação do professor, considerando que é no
estudo, na pesquisa, na reflexão e no contato com novas concepções pedagógicas, proporcionado por
de uma boa formação inicial. Segundo Nascimento (2007), ao considerar as propostas de formação
dos docentes é possível observar lacunas, a citar: a ênfase excessiva em aspectos normativos; a des-
Para o autor, tais lacunas nos programas de formação têm gerado desinteresse e a reações de
indiferença por parte dos docentes, por entenderem que muitas práticas que ora é exposta como de
formação, muitas vezes pouco contribuem para o aperfeiçoamento profissional. Como consequência,
as práticas docentes continuam as mesmas. Há sensação de inércia nos processos de formação con-
tinuada.
possui dimensões que transpõem a elaboração e a execução de documentos normativos, bem como
subsídios de alto custo por entes governamentais ou entidades não governamentais. Tais autoras aler-
tam que, para a concretização da formação continuada de professores de forma efetiva, é necessário,
256
A contribuição das metodologias
Nesse contexto, cabe destacar que formação continuada de professores é entendida, confor-
assim como orientadores de seus educandos nos caminhos da aprendizagem, afim de que haja a cons-
Segundo Candau (1997), três aspectos são fundamentais para o processo de formação conti-
nuada de professores: a escola, como lócus privilegiado de formação; a valorização do saber docente;
e o ciclo de vida dos professores. A formação continuada deverá iniciar a partir das necessidades reais
do professor; em seguida, valorizar o saber docente (o saber curricular e/ou disciplinar e a experiên-
Atualmente o sistema educacional exige que o professor tenha capacidade de lidar com ex-
cesso de informação diariamente, transformando-a em conhecimento. O professor não deve ter ape-
nas uma formação inicial, visto que é preciso atualização à medida que o surgimento e disseminação
Um dos grandes desafios das redes de ensino atualmente é fazer o professor mudar seu modo
de pensar, o fazer pedagógico a partir das novas necessidades impostas pelo sistema educacional,
quando ele não vivenciou as novas experiências, novos campos de pesquisas, novas formas de ver e
repensar a educação.
257
A contribuição das metodologias
prática educacional diária, proporcionando o desenvolvimento na totalidade, para ele conseguir com-
De acordo com Bastos (2006), o conceito de metodologias ativas se define como “processos
finalidade de encontrar soluções para um problema”. O autor acrescenta que o docente deverá ser
sempre um facilitador no processo de ensino e aprendizagem, para que os estudantes reflitam e deci-
objetivando alcançar e motivar os estudantes a examinar, refletir, relacionar a sua história, pois diante
do problema, eles passam a ressignificar suas descobertas a partir da produção do conhecimento real,
As metodologias ativas buscam romper com a educação bancaria, criticada por Paulo Freire
(1970), onde o professor é o centro do processo educativo e o aluno apenas um receptor, para dar es-
Nesta perspectiva, as metodologias ativas não preconizam nada de muito novo, visto que,
possuem o mesmo preceito já defendido décadas atrás por Freire e outros teóricos, em que o aluno é
258
A contribuição das metodologias
o centro do processo educativo e o professor age como um mediador instigando o discente a explorar,
O que se pode chamar de novo são as formas em que se pode trabalhar a autonomia e a cen-
leque de possibilidades.
Os métodos ativos buscam romper com a educação puramente conteudista que visa a prepa-
ração do indivíduo apenas para a realização de testes avaliativos, propondo uma educação mais sig-
nificativa e condizente com as demandas da sociedade do século XXI, repleta de tecnologias digitais
metodologias ativas como, por exemplo, a sala de aula invertida, porém há métodos que não recorrem
ao uso da tecnologia, o que poderia facilitar sua aplicação no ambiente escolar. No entanto, aulas pu-
ramente de transmissão de conteúdo ainda são muito comuns nas salas de aulas brasileiras.
Segundo Camargo e Daros (2018, p. 7), o processo de mudança da prática de ensino tradicio-
nal ainda existe em algumas escolas e a aplicação exige um mecanismo de conversão sincronizado.
Trata-se de uma mudança pedagógica e epistemológica, e para alcançá-la é preciso ampliar o conhe-
A Metodologia Ativa é uma nova forma de repensar o ensino tradicional. Isso porque é um
dos princípios da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017) que deve nortear todos os currí-
culos da educação básica brasileira e promover os estudantes como protagonistas de seu processo de
ensino. Portanto, a abordagem ativa é uma alternativa para que os alunos possam orientar seu desen-
volvimento educacional.
Neste sentindo, aulas que priorizam a transmissão de informações por parte do professor ou
259
A contribuição das metodologias
até mesmo aulas aparelhadas com ferramentas digitais, mas que não possuem uso para além da trans-
missão do conteúdo não promovem uma aprendizagem ativa. Segundo Barbosa e Moura (2013, p. 55):
Vale salientar que aulas expositivas também promovem aprendizagem, no entanto, não é
uma aprendizagem duradoura, dado que o discente não teve uma experiência mais ativa com relação
Existem várias formas de trabalhar com métodos ativos, desde atividades mais simples, que
não mudam muito a dinâmica de sala de aula já conhecida por professores e alunos, aos modelos
mais disruptivos que alteram em alguns casos até o ambiente físico da sala de aula. Cabe ao docente
uma reflexão sobre as ferramentas disponíveis e qual o perfil de aluno pretende-se formar. Conforme
260
A contribuição das metodologias
para o desenvolvimento de competências dos alunos, como para quebrar com o conceito tradicional
do que é ensinar. Desta forma, as metodologias ativas precisam dialogar com o projeto politico pe-
vislumbre a formação integral do indivíduo. Abaixo apresentam-se algumas metodologias que são
para resolver problemas ou desenvolver projetos que tenham ligação com a sua vida no ambiente ex-
traclasse. No processo, eles se envolvem com questões interdisciplinares, tomando decisões e agindo
individualmente e em equipe. Através dos projetos são trabalhados também suas habilidades de pen-
samento critico e criativo, e a percepção de que podem existir várias formas de se realizar uma tarefa
261
A contribuição das metodologias
aprendizagem ativa através da resolução de problemas que tenham relevância e significado para os
alunos. Bastante similar ao método anterior o que diferencia a ABP é o seu produto final, consistindo
apenas na apresentação de uma ou possíveis soluções para o problema apresentado pelo professor.
aula é disponibilizado em plataformas digitais em formato de vídeo ou texto, após produção ou cura-
doria do professor. O aluno tem controle sobre o ambiente de estudo e o horário que fará a leitura dos
textos e assistirá aos vídeos. Em sala de aula, presencialmente, ele poderá realizar atividades práticas
Design Thinking
thinking é uma abordagem inspirada na forma como os designers atuam para resolver problemas ba-
seados nas necessidades das pessoas e nos contextos, tendo um olhar sistêmico. (Rocha. 2018, p.156)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados apresentados retratam o perfil de 36 professores que lecionam nas escolas públicas
262
A contribuição das metodologias
municipais dos municípios de Bodocó-PE e Juazeiro do Norte- CE. Quanto à formação acadêmica,
observou-se que, dentre os respondentes 69,4% possuem o nível de especialista em alguma área, 25%
Nota-se que os professores entendem a importância da formação para a sua prática docente,
uma vez que buscam cursos de pós-graduação ampliando os conhecimentos adquiridos na formação
inicial e na prática cotidiana no exercício do magistério. Neste sentido, é possível identificar o enten-
dimento da formação contínua como forma de estar em constante aperfeiçoamento, em sintonia com
no magistério, visto que ambos contribuem imensamente para a elaboração de políticas públicas de
formação continuada.
lham entre a faixa de 6 e 10 anos; 19,4% entre 11 e 15 anos; 13,9% entre 1 e 5 anos e 8,3% entre 16 e
263
A contribuição das metodologias
Quanto ao tempo de atuação docente Gimeno Sacristán (1999) discute que a cultura acumu-
lada, ou a experiência na docência, adquire um papel fundamental, uma vez que ao considerar que a
história vivida marca as ações e as decisões do professor, entende também que as relações culturais,
dologias ativas, verificamos que metade (50%) dos respondentes participaram de algum curso com a
temática, em algum momento. É importante ressaltar que o uso de metodologias ativas na formação
continuada é um dos cinco princípios apresentados nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Base
Nacional Comum para a Formação Inicial e Continuada de Professores da Educação Básica (BRA-
SIL, 2019).
Dentre os docentes que participaram de formação em metodologias ativas, grande parte con-
protagonismo estudantil quando citam isto na definição do que seriam ou quais as finalidades de tais
métodos.
264
A contribuição das metodologias
Que essa metodologia visa dar mais autonomia aos alunos no processo de
É possível estabelecer uma ligação entre estas falas e a discussão acerca dos objetivos das
metodologias ativas com base em Borges e Alencar (2014). Segundo os autores, as metodologias ati-
Uma observação considerada pertinente refere-se ao fato de que, embora 50% dos profes-
conseguiram aplicar os métodos ativos em suas aulas. Este índice pode ter respaldo em Nascimento
(2007) quando considera que as propostas de formação dos docentes dão ênfase excessiva em aspec-
tos normativos; a desvinculação entre teoria e prática e a falta de projetos coletivos e/ou institucionais.
Ainda em Camargo e Daros (2018, p. 7) é possível respaldar a baixa aplicação das meto-
265
A contribuição das metodologias
dologias ativas. Segundo os autores o processo de mudança da prática de ensino tradicional existe
Cabe destacar que a totalidade dos professores acredita que a utilização de metodologias
necessária. Neste sentido, percebe-se a abertura dos docentes quanto a utilização e a formação con-
tinuada em metodologias ativas, sendo talvez, a baixa aplicabilidade um problema na forma como
as formações são aplicadas pelas escolas e pelas secretárias municipais de educação dos munícipios
pesquisados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se a partir dos dados obtidos, que há conhecimento e aceitação dos docentes en-
aprendizagem. Dessa forma, podemos enfatizar a importância de inserir nas práticas educativas as
metodologias ativas como recurso para inovar e deixar para trás práticas tradicionais que nada contri-
diante do baixo índice de aplicabilidade apresentada nos resultados e considerando uma geração de
nativos digitais é inadmissível que as práticas educativas ainda estejam ligadas aos padrões tradicio-
266
A contribuição das metodologias
Dentre os dados identificados nos questionários que merecem destaque, é possível citar a
compreensão dos docentes quanto a utilização e contribuição das metodologias ativas para o processo
formação continuada como um processo que visa atualizar os conhecimentos e práticas pedagógicas
É importante ressaltar que o estudo possui algumas limitações, dentre as quais podemos
grande relevância é pertinente em estudos futuros trazer uma amostra maior, visando uma análise e
delineamento de cenário mais amplo da formação continuada em metodologias ativas e seu impacto
Concluímos que é importante gerir práticas educativas que garantam satisfação e aprendi-
zagem significativa dentro de um sistema inovador de ensino que permita o aluno ser protagonista
de sua própria aprendizagem. Desta forma, é imprescindível repensar a formação continuada de pro-
fessores abrindo novos horizontes para além das abordagens tradicionais de ensino, percebendo as
dificuldades enfrentadas diariamente, bem como, os problemas com infraestrutura inadequada, falta
REFERÊNCIAS
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267
A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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às práticas em distintos níveis de ensino. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 17, n. 52, abr./jun. 2018, p.
455-478.
271
Capítulo
12 O PROCESSO DE ENSINO E APRENDI-
272
O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM PARA ALUNOS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS NO ENSINO REMOTO: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Resumo: Trata-se de um texto, um relato de experiência, que tem como objetivo principal contribuir
sino remoto emergencial voltado ao atendimento de estudantes com necessidades especiais durante a
pandemia no ano de 2020. Durante o ensino remoto - mais do que nunca, as famílias desempenharam
Assim como os professores, a família precisou se disponibilizar, participar junto, receber orientações,
aplicar as atividades, tirar dúvidas e dar feedback. Faz parte da concepção das metodologias ativas
que tenhamos um olhar sensível às necessidades dos alunos, colocando-o como centro do processo de
ensino e aprendizagem, respeitando o tempo, o ritmo e as especificidades de cada aluno. E isso acon-
teceu durante todo o trabalho relatado neste texto, que descreve atividades e metodologias utilizadas
da participação das famílias nesse processo. As atividades aqui relatadas foram desenvolvidas com
doze estudantes matriculados na sala de Atendimento Educacional Especializado, numa escola públi-
273
A contribuição das metodologias
todologias ativas.
Abstract: This is a text, an experience report, whose main objective is to contribute to the dissemi-
nation of didactic-pedagogical knowledge, resulting from practices carried out in emergency remote
teaching aimed at serving students with special needs during the pandemic in 2020. During remote
learning - more than ever, families played a fundamental and indispensable role in the development of
children in the pandemic period. Like the teachers, the family needed to make themselves available,
participate together, receive guidance, apply the activities, ask questions and give feedback. It is part
of the design of active methodologies that we have a sensitive look at the needs of students, placing
them at the center of the teaching and learning process, respecting the time, rhythm and specifici-
ties of each student. And this happened throughout the work reported in this text, which describes
activities and methodologies used to encourage students to develop skills and abilities, in addition to
portraying the importance of families’ participation in this process. The activities reported here were
developed with twelve students enrolled in the Specialized Educational Service room, in a municipal
Keywords: remote teaching; pedagogical practices; specialized educational service; active methodo-
logies.
INTRODUÇÃO
Antes de iniciar o percurso reflexivo por meio da escrita, faz-se necessário apresentar uma
274
A contribuição das metodologias
breve síntese da minha carreira profissional e assim, situar o leitor quanto ao contexto apresentado.
Sou residente da cidade de Salgueiro, município no Sertão Central de Pernambuco, mais especifi-
camente na zona rural. Atuo como professora da rede estadual de Pernambuco e municipal há treze
anos, trabalhando atualmente com a Educação de Jovens e Adultos do Campo e Atendimento Edu-
Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses quefazeres se en-
co. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar
Desta forma, no início de 2020 assumi a sala de AEE da escola municipal Maria Dalva Gon-
çalves de Barros, situada na comunidade de Umãs (3º distrito), que oferta Educação Infantil (desde
a creche) ao Ensino Fundamental (5º ano). O público escolar é composto essencialmente por filhos
de agricultores de vinte comunidades rurais de Salgueiro e Terra Nova, ambas cidades do Sertão de
Pernambuco.
dantes matriculados na escola Municipal Maria Dalva Gonçalves de Barros, conforme já explicitado,
sendo um com paralisia cerebral; um com paralisia cerebral e autismo; três com Transtorno do Déficit
de Atenção com Hiperatividade (TDAH); duas estudantes com Deficiência Mental; uma com TDAH,
275
A contribuição das metodologias
epilepsia focal e transtorno de coordenação; dois com autismo; e dois estudantes sem diagnóstico.
Após iniciar o trabalho remoto com esses estudantes, busquei estudos voltados para a in-
clusão das pessoas com necessidades especiais neste tipo de ensino e percebi a carência de trabalhos
sobre o tema. Além disso, pude reconhecer as metodologias aplicadas durante o Ensino Remoto
Emergencial (ERE) como Metodologias Ativas, compartilhando da visão de Almeida (2018, p. 18-19),
Assim, considerando pertinência e a necessidade do tema, optei por dar publicidade ao traba-
lho realizado em 2020 por meio de um relato de experiência, que tem como objetivo principal contri-
no ensino remoto emergencial voltado ao atendimento de estudantes com necessidades especiais du-
Didaticamente, o texto está dividido em três partes: inicialmente discutimos sobre as di-
metodologias utilizadas nas aulas de Atendimento Educacional Especializado; e por último, tecemos
algumas considerações sobre como essas práticas contribuíram para a aprendizagem dos estudantes
Além disso, as atividades relatadas foram divididas em tópicos de acordo com o tipo de
transtorno/deficiência do estudante, todavia, ressalto que esta divisão foi feita exclusivamente para
que o leitor possa ter uma experiência mais proveitosa, tendo em vista que a individualidade do estu-
276
A contribuição das metodologias
Desse modo, apresentamos a seguir, uma discussão sedimentada em estudos e práticas sobre
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho, trata-se de uma pesquisa descritiva, qualitativa, do tipo relato de experi-
ência. Para Larossa (2002, p. 25) “a palavra experiência vem do latim experiri, provar (experimentar).
A experiência é em primeiro lugar um encontro ou uma relação com algo que se experimenta, que se
prova”. No ato de experimentar, algo novo é descoberto, é aprendido. Somos então tocados e modifi-
Ainda sobre este tema, Larossa (2002, p. 21) aduz que “a experiência é o que nos passa, o
que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia
se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece.” Assim, posso afirmar
com veemência, que mais de uma década de trabalho docente, poucas experiências foram tão enri-
Sendo assim, o estudo consiste na descrição de uma experiência que integra os conhecimen-
tos teóricos adquiridos por uma professora durante a pandemia e as práticas pedagógicas aplicadas
no ensino remoto emergencial em uma escola pública municipal de Salgueiro (PE), aos discentes com
As vivências aqui relatadas, constituem parte do trabalho realizado no ano de 2020, com
doze alunos matriculados no AEE da escola Municipal Maria Dalva Gonçalves de Barros. Durante
esse período o AEE passou a acontecer de forma remota com aulas síncronas e assíncronas, individu-
ais e/ou em duplas/grupos, uma vez por semana com duração de quarenta minutos a uma hora.
277
A contribuição das metodologias
enquanto as aulas assíncronas foram realizadas a partir de atividades enviadas para casa dos estu-
sagens.
Trabalhar na docência, de forma geral, exige uma busca incessante por conhecimento. É
preciso aprender a lidar e a se adaptar rapidamente às mais adversas situações e dificuldades que apa-
matriculados na escola Municipal Maria Dalva Gonçalves de Barros, conforme já explicitado, aqui
utilizarei nomes fictícios para facilitar o entendimento do leitor: Antônio (8 anos), paralisia cerebral;
Victor (12 anos), paralisia cerebral e autismo; Lucas, Tarcísio e João (9, 9 e 10 anos), Transtorno do
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH); Eduarda e Marta (ambas com 12 anos), Deficiência
Mental; uma com TDAH, Ingrid (10 anos) epilepsia focal e transtorno de coordenação; Ítalo e Daniel
Pouco foi o tempo em que o trabalho aconteceu de forma presencial, pois em março de 2020
foi decretado em todo o Brasil o fechamento de diversos estabelecimentos públicos e privados, dentre
eles, as escolas. O objetivo era não provocar aglomerações e estabelecer o distanciamento físico entre
O novo coronavírus torna a escola um dos espaços mais temidos pelo risco da
278
A contribuição das metodologias
aqueles que são menos propensos aos sintomas graves da doença (jovens) a
todos os demais que podem ser até mortalmente propensos. Crianças e jo-
maneira geral.
Nesse momento, o medo de contrair uma doença, que, apesar de ter baixa letalidade era/é
ainda desconhecida, e a incerteza sobre o fim do isolamento, se tornaram minhas principais preocu-
pações.
nais foi imediatamente ratificado no âmbito municipal, datado de 16/03/2020 e publicado no Diário
Oficial do Estado (DOE) no dia seguinte sob o número 48.810, trazia a seguinte redação no seu artigo
de Pernambuco.”
Não havia data definida para retorno presencial e novos decretos surgiam quinzenalmente
ao longo dos meses seguintes. Assim, o comércio precisou se reinventar para realizar suas atividades
pela internet, porém, as escolas permaneceram fechadas. Os dias foram se passando e a obrigatorie-
dade de se manter distante fisicamente uns dos outros foi modificando as formas de comunicação e
interação social.
As redes sociais se tornaram mais úteis, além do principal meio de comunicação, passaram
a ser utilizadas para fins comerciais e educacionais. A situação no país parecia cada vez mais caótica
e sem previsão de retorno às atividades normais. Começou-se a pensar em um Ensino Remoto Emer-
279
A contribuição das metodologias
Em meio a tantas incertezas, uma coisa era certa: a educação não podia continuar parada. Foi
ampliada a discussão sobre o termo Ensino Remoto Emergencial e Educação à Distância, que, inclu-
sive, muitas vezes foram confundidos e usados como sinônimos, conforme explica Behar (2020, S/P.)
O planejamento para o ano letivo de 2020 não podia ser simplesmente engavetado, precisa-
va ser refeito e ressignificado. Surge então, a primeira indagação: “Como a escola pode funcionar à
distância sem planejamento e estrutura das redes de ensino?” Apesar de tantas dúvidas e questiona-
mentos, não foi oferecida formação aos professores da rede municipal de Salgueiro-PE, no sentido de
Mesmo sem apoio, era necessário iniciar o trabalho. Então, muitas outras dúvidas surgiram:
que ferramentas tecnológicas posso utilizar? E como utilizá-las? São acessíveis e compatíveis com as
dificuldades dos meus alunos? O que ensinar? O que devo priorizar? Como avaliar?
conhecimento sobre a utilização das tecnologias digitais de forma gratuita (ou não). Comecei então,
a minha jornada formativa sobre esta área. Abaixo, descrição de algumas ações formativas que par-
280
A contribuição das metodologias
‑ Oficina: criação de sequências didáticas e Rotação por estação usando Google Forms;
lúdica;
lives e assisti muitos tutoriais no Youtube, Facebook e Instagram para aprender a utilizar ferramentas
tecnológicas. Fiz diversos cursos sobre metodologias ativas (MA) e transtornos de aprendizagem para
traçar o melhor plano de trabalho remoto, pois acreditava que com uso de MA a aprendizagem desses
estudantes seria mais eficaz. “Metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação
Essa busca por novos conhecimentos me fez refletir sobre como a educação necessitava de
mudanças urgentes, afinal, uma nova realidade (chamada por alguns de “novo normal”) surgia. O
retorno às escolas poderia ser de forma presencial ou híbrida, mas jamais seria igual a antes.
Em meio a todo sentimento de medo e ansiedade, para mim, estudar foi uma “válvula de
escape”. Então, passei a me preocupar se meus alunos estavam preparados emocionalmente para par-
281
A contribuição das metodologias
Realizei uma consulta com os pais e/ou responsáveis dos estudantes através de um formu-
lário digital do Google Formulários, e após a análise do resultado, iniciei o trabalho. No primeiro
contato com as famílias, houve muita resistência. Alguns alunos não estavam participando das aulas
da turma regular, pois as famílias diziam que a criança “não tinha paciência”, que “não adiantava, ela
não ia aprender”, ou até mesmo que “essas aulas remotas não serviam para nada”. Então, o primeiro
Essa rejeição não aconteceu somente na escola Maria Dalva, conforme mostra uma pes-
quisa realizada pela empresa Code7 e divulgada pela Associação Brasileira de Marketing de Dados
Cerca de 85,5% dos pais brasileiros não acreditam (ou acreditam parcialmen-
te) que as escolas estão, de fato, preparadas para atender e ensinar seus filhos
vírus. [...] De acordo com a pesquisa – que ouviu 647 pessoas, sendo 450 pais
privadas (44,56%).
Em relação à organização das aulas de forma remota, foram necessárias muitas conversas
para saciar as dúvidas e ajustar os horários das aulas com as famílias. Analisando a realidade do pú-
blico escolar, surge aquela que talvez tenha sido a maior dificuldade enfrentada pelas escolas de todo
Foram muitos problemas enfrentados na fase inicial. Por exemplo, uma família não dispunha
de aparelho celular nem internet. As demais dispunham de aparelho celular, porém, alguns perten-
ciam a outros membros da família que não estariam disponíveis no horário da aula. Em outro caso,
um mesmo aparelho precisava ser utilizado por mais de um estudante no mesmo horário e devido a
esta situação, o horário ficou bastante flexível. A seguir, descrição de como se processou o atendimen-
282
A contribuição das metodologias
to, que, didaticamente, preferi dividir conforme o tipo de necessidade específica do aluno.
diagnóstico de autismo: Ítalo, Daniel e Victor. Antes de tudo, faz-se necessário esclarecer que, de
acordo com a Classificação Internacional de Doenças na sua 11ª revisão (CID-11) (OMS, 2022, s/ p.)
Apesar das características do autismo não serem iguais para todos os indivíduos, pode-se
afirmar que a maioria apresenta alterações nas relações sociais e no comportamento. Algumas des-
sas características contribuíram para aumentar as dificuldades dos estudantes em relação ao ensino
remoto.
A CID-11 traz diversos padrões de comportamento que podem ser considerados típicos do
283
A contribuição das metodologias
ciado, que pode ser evocado por mudanças triviais em um ambiente familiar ou em resposta a eventos
imprevistos.
● Adesão inflexível a rotinas particulares; por exemplo, eles podem ser geográficos,
como seguir rotas familiares, ou podem exigir horários precisos, como refeições ou transporte.
ocupação em alinhar ou classificar objetos de uma maneira particular) que não servem a nenhum
(por exemplo, balançar), marcha atípica (por exemplo, andar na ponta dos pés), movimentos incomuns
das mãos ou dedos e postura. Esses comportamentos são particularmente comuns durante a primeira
A falta de adaptabilidade a novas experiências, muito comum em pessoas com autismo, pro-
voca uma rigidez comportamental. Algumas, por exemplo, são ligadas em uma rotina que, quando
alterada, pode causar desconforto, podendo até desencadear uma crise. Os estudantes Victor e Ítalo
apresentavam essa característica e ao terem sua rotina modificada por estarem impedidos de ir à es-
cola, sua participação nas aulas foi muito comprometida. Além disso, a falta das psicoterapias, devido
pois, para realizar o atendimento de forma virtual, era necessária a interação entre professora e alu-
nos. As estereotipias (repetição de movimentos como girar o corpo ou objetos, balançar as mãos ou
284
A contribuição das metodologias
o corpo etc.) impediam a concentração do estudante na aula. Quanto a esta questão, não foi possível
realizar atividades para o desenvolvimento dessas habilidades, tendo em vista que o atendimento atra-
vés de uma tela limitava a interação, impedindo o contato físico e visual. A criança autista necessita
da interação com outras pessoas para se desenvolver, assim como toda criança. Entretanto, para elas,
quando essa interação não acontece, os danos são maiores, como por exemplo, o desenvolvimento da
fala.
Enquanto professora, a maior dificuldade enfrentada nesse processo, foi em relação ao estu-
dante com paralisia cerebral e autismo, Vitor (12 anos), que conseguia ler e escrever de forma muito
limitada, mas não conseguia falar e a única pessoa responsável por auxiliar nas atividades, não era
alfabetizada. A solução encontrada foi elaborar um caderno de atividades impressas. Então, durante
a aula síncrona, a atividade era compartilhada na tela do aplicativo Google Meet e o estudante era
orientado oralmente a responder. Uma forma de inverter a dinâmica normal da aula. Sobre isso, Mo-
ran (2018, p. 57) diz que “há muitas formas de inverter o processo de aprendizagem. Pode-se começar
por projetos, pesquisa, leituras prévias e produções dos alunos e depois promover aprofundamentos
em classe com a orientação do professor. Neste caso, foram utilizadas as leituras prévias.
p. 6)
A estratégia utilizada nesses casos, foi desenvolver atividades práticas, com materiais di-
285
A contribuição das metodologias
versos. Montei uma caixa contendo materiais que os estudantes poderiam utilizar em atividades para
trabalhar a praxia fina, elaborei tarefas para utilização desses materiais. A práxis fina é considerada os
movimentos precisos do corpo, feito pelas mãos (cortar papel, pegar em uma pinça etc.). (OLIVEIRA;
ALMEIDA; PAES, 2020). Foram realizadas atividades com alinhavo, pinça, recorte, punção (figura
1), pintura a dedo, pintura com pincel e colagem com materiais diversos.
em forma de fotos e/ou vídeos. As imagens eram importantes, pois algumas vezes eu podia orientá-los
Na figura 1 o estudante realiza uma atividade de punção, utilizando uma imagem impressa
com um desenho pontilhado, sobreposta a um pedaço de isopor grosso. Usando um palito de churras-
286
A contribuição das metodologias
consequências.
Posto isto, compreende-se que durante as aulas remotas, a pessoa com TDAH precisava de
muito mais esforço e estímulo para conseguir aprender. A aula presencial permite que o(a) profes-
sor(a) chame a atenção do estudante durante um momento de distração, mas na aula virtual síncrona,
onde o aluno pode manter a câmera desligada, essa interação se torna mais difícil.
A CID11 (OMS, 2022, s/p.) destaca ainda que alguns dos sintomas observáveis na pessoa
com TDAH é “não completar tarefas”, “excesso de atividade motora”, “tem dificuldade em ficar pa-
Essa dificuldade de começar e terminar uma atividade, fazia com que os estudantes cons-
287
A contribuição das metodologias
tantemente mudassem de assunto ou precisassem se movimentar durante a aula. Então, era preciso
Além disso, a tela (do celular ou computador), apresenta muitos estímulos visuais e sonoros,
que podem fazer com que o aluno se distraia, perca o foco, ou até inicie outra atividade alheia à aula,
Os estudantes Tarcísio, Lucas e João tinham diagnóstico de TDAH. A estratégia foi oferecer
momentos de aprendizagem lúdicos com uso de jogos educativos utilizando os aplicativos Wordwall,
Kahoot, e Power Point, procurando trazer sempre um assunto que lhes despertasse interesse, asso-
frentar desafios, fases, dificuldades, a lidar com fracassos e correr riscos com
A estudante Ingrid (10 anos), além de ter TDAH, tinha comorbidades com Epilepsia focal e
Transtorno de coordenação. Relvas (2015, p. 80) afirma que a epilepsia é uma das patologias associa-
das às dificuldades de aprendizagem e afirma que é “O nome dado aos sintomas dos diversos proble-
mas do sistema nervoso. Provém de palavra grega, que significa “tomar-se de surpresa”, pois ocorre
Aluna do quinto ano do ensino fundamental, assistida por equipe multiprofissional extraes-
colar, apresentava notável avanço em relação a sua aprendizagem. Conseguia ler com fluência e se
288
A contribuição das metodologias
expressar oralmente com facilidade. Devido ao caráter remoto das aulas, as dificuldades motoras não
poderiam ser trabalhadas, sendo assim, a estratégia utilizada nesse caso foi reforçar as habilidades de
tante utilizar narrativas, histórias, simulações, imersões e contos de fantasia sempre que possível, com
Neste caso, as ferramentas tecnológicas foram fundamentais. Elas foram utilizadas para: de-
senvolver atividades de produção de texto, como a escrita de um diário on-line usando o Google Do-
cumentos ou produções escritas a partir de imagens usando o Jamboard e o Google Slides; a produção
de vídeos, áudios e textos na construção de painel do Padlet; resolução de atividades com questões
Assim, foi possível garantir o desenvolvimento das habilidades ao invés de focar o trabalho
fala. Isso dificultava o trabalho, sobretudo quando não havia disponibilidade da família para acom-
panhar o atendimento.
289
A contribuição das metodologias
A responsável por acompanhar o estudante Victor (12 anos) durante as atividades remotas,
não foi alfabetizada, como já relatado anteriormente. Isso limitava ainda mais minhas possibilidades
de acompanhamento. A família do aluno Antônio nem sempre se dispunha a participar. Com poucos
movimentos e com as possibilidades de comunicação oral ainda mais limitadas, era difícil realizar as
em fase de alfabetização. Sua forma de comunicação era bem peculiar, através de sons e olhares que
exigiam uma certa convivência entre ele e o interlocutor para haver compreensão. Ele apreciava his-
tórias, principalmente fábulas e contos infantis, e demonstrava compreender um texto lido por leitor
experiente. Isso era aproveitado nas atividades que sempre sucediam uma leitura ou apresentação da
Sobre a importância de realizar atividades relacionadas aos gostos da criança, Relvas (2015,
As atividades com esse estudante precisavam ser acompanhadas por um membro da famí-
lia devido a sua condição. A estratégia, então, foi utilizar os momentos síncronos para contação de
histórias e enviar as atividades de forma assíncrona, para que pudessem ser realizadas quando os
290
A contribuição das metodologias
Eram utilizadas ferramentas que me permitiam fazer perguntas claras e objetivas, com duas
ou (no máximo) três alternativas, como por exemplo o Kahoot e o Google Formulários. Os respon-
sáveis eram orientados a ler as perguntas e alternativas enquanto mostravam na tela, ou apenas ler
as perguntas e mostrar as alternativas. E assim, o aluno sinalizava qual das alternativas gostaria de
marcar.
A atividade mostrada nas figuras abaixo (Figura 2), foi realizada pelo Google Formulários,
sobre a história “Os três porquinhos”, que foi apresentada de duas formas: escrita e ilustrada com
imagens, em slides do Power Point e contada durante aula síncrona, e através de vídeo inserido no
próprio formulário.
Foi dividida em duas partes: a primeira continha perguntas sobre a compreensão da história
291
Fonte: Google Forms - adaptado pela autora
A contribuição das metodologias
Antônio de forma remota e garantir que não perdesse o contato com a leitura e a escrita durante o
292
A contribuição das metodologias
Em 2020 vigorava a Classificação Internacional de Doenças 10ª edição, que trazia o código
referente a Retardo mental, termo que foi substituído na 11ª revisão do documento por Transtornos
anos e alunas do 5º ano do ensino fundamental. A família de Marta não dispunha de equipamentos
tecnológicos para possibilitar o atendimento dela de forma remota. Por esse motivo, elaborei um ca-
derno com atividades impressas para que ela não perdesse o contato com as atividades escolares. Po-
rém, não houve retorno e após alguma insistência, a família alegou que a estudante não se sentia bem
293
A contribuição das metodologias
mento adotado foi o mesmo: elaborar um caderno de atividades. O caderno foi devolvido pela família
à escola, porém com algumas atividades por fazer. A família informou que não conseguia ajudá-la e
que providenciaria um aparelho de celular para que ela acompanhasse as aulas. Assim foi feito - ela
Algumas vezes o atendimento era realizado em dupla ou grupos, onde alunos da mesma sé-
rie e idades compatíveis se juntavam para compartilhar conhecimentos. “É cada vez mais importante
a comunicação entre pares, entre iguais, dos alunos entre si, trocando informações, participando de
Eduarda, por exemplo, participava - ora com Ingrid, ora com Maria, proporcionando assim,
barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas”. (Brasil,
2009, p.1). Por conseguinte, qualquer estudante que apresente necessidades educacionais especiais
pode ser matriculado na sala de AEE, desde que a escola faça uma avaliação e verifique a necessida-
É importante ressaltar que o termo diagnosticar é somente utilizado para a área médica,
294
A contribuição das metodologias
não sendo correto usar em Educação. (Relvas, 2015, p. 52). Os estudantes Jonas e Maria não tinham
diagnóstico, mas apresentavam algumas dificuldades. Maria tinha dificuldades ligadas à linguagem,
e utilizavam principalmente jogos educativos, storytelling e aprendizagem por pares, tais como jogos
utilizando aplicativos como Kahoot, Wordwall, Power Point, atividades com perguntas para respon-
der em áudio pelo aplicativo de mensagens Whatsapp, gravação de áudios e vídeos para socialização
em painel do Padlet.
Já o aluno Jonas (8 anos), sabia ler e escrever, porém apresentava problemas quanto à socia-
lização. O isolamento era um grande agravante para essa situação. Para amenizar os efeitos do dis-
tanciamento físico, foram elaboradas atividades que tinham como principal objetivo fazê-lo interagir
com outras crianças, mesmo sendo on- line. Por exemplo, foi planejada uma aula interativa em que
João convidou seus primos para participarem; também teve jogo de perguntas e respostas no Wor-
dwall sobre as referências. Após, ele compartilhou no grupo da turma para que os colegas respondes-
Outras atividades tinham como objetivo desenvolver a oralidade e permitir interação entre
João e a professora, como por exemplo: criação de história oral a partir de uma imagem; apresentação
de desenhos sobre uma história; atividades com jogo da memória no Wordwall, entre outras.
Uma atividade bem significativa foi a elaboração e apresentação de um livreto, escrito e ilus-
trado por João. Após trabalhar uma sequência didática a partir do livro, “Cada um com seu jeito, cada
jeito é de um!” (Lucimar Rosa Dias), que fala sobre identidade, valorização étnica, família e diferen-
ças físicas e emocionais, João foi incentivado a criar o seu próprio livro, dentro da mesma temática.
Na figura 5 João apresenta seu livro na aula síncrona, usando a câmera do celular.
295
A contribuição das metodologias
acham sentido nas atividades que propomos, quando consultamos suas motivações profundas, quan-
do se engajam em projetos para os quais trazem contribuições, quando há diálogo sobre as atividades
e a forma de realizá-las. Para isso, é fundamental conhecê-los, perguntar, mapear o perfil de cada
verso deles, de como eles enxergam o mundo, do que eles valorizam, partindo de onde eles estão para
ajudá-los a ampliar sua percepção, a enxergar outros pontos de vista, a aceitar desafios criativos e
Através dessa atividade, João pode exercitar sua comunicação através da escrita, do desenho
e da oralidade. Interagindo com seus familiares durante a produção do livro e com a professora du-
rante a apresentação. O livreto foi entregue junto com o caderno de atividades da sala de aula regular.
palavras de Moran (2018, p. 38) ao afirmar que “As pesquisas atuais da neurociência comprovam que
296
A contribuição das metodologias
o processo de aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, e que cada pessoa aprende o
que é mais relevante e o que faz sentido para si, o que gera conexões cognitivas e emocionais.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
mento de um olhar singular sobre a individualidade e as diferentes formas de aprender de cada estu-
dante.
Como podemos observar no relato das atividades aqui descritas, que durante o ensino re-
moto - mais do que nunca, as famílias desempenharam um papel fundamental e indispensável para o
desenvolvimento das crianças no período pandêmico. Assim como os professores, a família precisou
se disponibilizar, participar junto, receber orientações, aplicar as atividades, tirar dúvidas e dar fee-
dback.
Além disso, foi possível perceber que mesmo em meio a tantas dificuldades é possível re-
aprendizagem significativa.
Faz parte da concepção das metodologias ativas que tenhamos um olhar sensível às necessi-
dades dos alunos, colocando-o como centro do processo de ensino e aprendizagem, respeitando seu
tempo, seu ritmo e suas especificidades. E isso aconteceu durante todo o trabalho aqui relatado.
É neste sentido que este trabalho teve por objetivo relatar parte das experiências adquiridas
no trabalho com AEE durante o ensino remoto emergencial em 2020, com intuito de contribuir com
297
A contribuição das metodologias
das no ensino remoto com crianças com necessidades educativas especiais, considerando suas neces-
Por fim, acredita-se que a aprendizagem acontece e se torna significativa quando se utiliza
práticas engajadoras e metodologias que oportunizem ao aluno a construção de saberes de forma ati-
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Apresentação. In: BACICH, Lilian; MORAN, José
(org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Ale-
BEHAR, Patricia Alejandra. O Ensino Remoto Emergencial e a Educação a Distância. 2020. Dispo-
BUSARELLO, Raul Inácio et al. A gamificação e a sistemática de jogo:: conceitos sobre a gamifica-
298
A contribuição das metodologias
ção como recurso motivacional. In: FADEL, Luciane Maria et al (org.). Gamificação na educação. São
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 65. ed. Rio de Ja-
LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Edu-
24782002000100003.
MORÁN, José. Mudando a educação com metodologias ativas. Coleção Mídias Contemporâneas.
MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian;
MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-
OLIVEIRA, Nataly Lorena do Nascimento; ALMEIDA, Viviane Maria de; PAES, Elisa Ayane San-
299
A contribuição das metodologias
Cristóvão. Anais Educon 2020. São Cristóvão: Educon, 2020. v. 14, p. 3-16.
Organização Mundial da Saúde. CID-11 para estatística de mortalidade e morbidade. Versão: feve-
reiro de 2022. Genebra: OMS. 2022. Disponível em: https://icd.who.int/browse11/l-m/en. |Acesso em:
10 mar. 2022.
uma educação inclusiva. 6. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015. 144 p.
VIANNA, Ysmar et al. Gamification, Inc: como reinventar empresas a partir de jogos. Rio de Janeiro:
300
Capítulo
13 O PROCESSO DE ENSINO E APRENDI-
301
PORTFÓLIO REFLEXIVO: RECORTES DE UMA VIVÊNCIA SIGNIFI-
CATIVA EM UM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO
Resumo: As discussões acerca das metodologias ativas de ensino e aprendizagem tem ganhado es-
paço no âmbito acadêmico. Nesse contexto, tem surgido experiências na implementação de tais es-
tratégias ativas. O portfólio reflexivo se configura como uma proposta de ensino, aprendizagem e
avaliação do processo educacional na perspectiva das metodologias ativas. O presente trabalho tem
como objetivo apresentar uma experiência de construção coletiva de um portfólio reflexivo, no âmbito
zagem, envolvendo o uso da rede social instagram como suporte. Assim, este estudo consiste em um
relato de experiência sobre a construção coletiva de um portfólio reflexivo envolvendo seis sujeitos de
significativo, uma vez que a proposta foi contextualizada a partir das vivências individuais de cada
1 Especialista em Tecnologias Digitais Aplicadas à Educação (IFSertãoPE). Licenciado em Peda-
gogia (UFRPE). Professor dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental na rede municipal de Petrolina-
-PE.
2 Especialista em Coordenação Pedagógica (UCAM). Especialista em Psicopedagogia Institu-
cional (UNIFAN). Licenciado em Pedagogia (FAFIBE). Licenciado em Letras (UNOPAR). Professor
dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental na rede municipal de Petrolina-PE.
302
A contribuição das metodologias
um. Cabe ressaltar que a estrutura da proposta, de forma coletiva e na rede social, potencializou ainda
Abstract: Discussions about active teaching and learning methodologies have gained space in the
academic environment. In this context, experiences have emerged in the implementation of such acti-
ve strategies. The reflective portfolio is configured as a proposal for teaching, learning and evaluation
of the educational process from the active methodology’s perspective. The present work´s objective
is to present an experience of collective construction of a reflective portfolio, within the ambit of the
Reflective Portfolio discipline, of the specialization in Active Teaching and Learning Methodologies,
involving the use of Instagram social network as support. Thereby, this study consists of an expe-
rience report on the collective construction of a reflective portfolio involving six individuals from a
postgraduate course in the distance learning modality, considering the experiences of two students.
The experience showed the effectiveness of the portfolio as an active teaching and learning strategy
since the proposal was contextualized from the individual experiences of each one. It should be noted
that the structure of the proposal, collectively and on the social network, further enhanced the strategy
INTRODUÇÃO
303
A contribuição das metodologias
outras épocas. Tais avanços podem ser observados no que tange à formação docente, qualidade do
cas, dentre outros aspectos. Com o advento desses avanços, sobretudo no que diz respeito às mu-
danças que têm ocorrido na sociedade em decorrência da popularização das Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação, faz-se necessária uma ruptura com os moldes tradicionais de educação,
em que o docente atuava como detentor do conhecimento e as metodologias adotadas no âmbito aca-
para sua desmotivação e desinteresse, pois estarão diante de experiências que exigem deles uma pos-
tura passiva, apresentando conhecimentos desconectados de sua realidade, ou seja, pouco significati-
vos e que não contribuem de forma efetiva para o desenvolvimento de sua aprendizagem.
Diante desse contexto, emergem diversas discussões acerca da adoção de metodologias ati-
vas de ensino e aprendizagem, por meio das quais o estudante assume o papel de protagonista, com
participação ativa no processo de construção do seu conhecimento. Um ensino pautado nas metodo-
logias ativas permite ao estudante experimentar, criar, pensar e conceituar aquilo que faz, além de
promover a capacidade de reflexão sobre as ações realizadas e permitir a aprendizagem por meio da
mais significativa.
304
A contribuição das metodologias
estas apresentam aos seus estudantes, diante das particularidades de cada contexto educativo, buscan-
Para que a aprendizagem significativa aconteça, Moreira (2006, p. 19) nos diz que é im-
portante “que o material a ser aprendido seja relacionável (ou incorporável) à estrutura cognitiva do
aprendiz de maneira não arbitrária e não literal”. Nesse tipo de situação, o estudante exercita sua au-
tonomia, potencializa sua criticidade, desenvolve estratégias para a resolução de problemas, relaciona
o objeto do conhecimento que está sendo estudado à sua vivência, e assim, gera significado para sua
aprendizagem.
É importante salientar que para se alcançar o que se pretende com na educação contemporâ-
nea, faz-se necessário lançar mão de métodos tradicionais de ensino, que privilegiam memorização de
conteúdos de forma passiva e arbitrária, sem conexão com a realidade do estudante. Entendemos que
esse é um processo bem mais abrangente, que vai ao encontro do que propõem as metodologias ativas
ação, reflexão, experimentação e análise, no qual o docente tem o papel de mediador e/ou tutor entre
o estudante e a aprendizagem.
Dentre as diversas metodologias ativas de ensino e aprendizagem que possam dar conta do
tfólio que, no campo educacional, configura- se como uma espécie de diário, cuja função é registrar
o desenvolvimento de ações realizadas em classe por docentes e discentes num determinado espaço
305
A contribuição das metodologias
Tão importante quanto o registro das ações no portfólio é a avaliação constante que ele per-
mite ser feita. Essa avaliação permite uma reflexão sobre as ações desenvolvidas e permite um (re)
arbitrário.
O portfólio não é um instrumento novo e, apesar de ser oriundo do campo das artes, cuja
finalidade era facilitar a apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos artistas, bem como docu-
mentar sua trajetória profissional, cabe perfeitamente no campo educacional como instrumento de
avaliação dinâmica e eficiente, desde que o seu uso seja direcionado da maneira correta. Em relação
a esse uso, é importante que o docente consiga estabelecer uma relação lógica entre o que pretende
ensinar e como o objeto a ser ensinado deve ser aprendido pelos estudantes que, por sua vez, deverão
Nessa perspectiva, valemo-nos das palavras de Moran (2015, p. 04) quando o autor diz que
“desafios e atividades podem ser dosados, planejados e avaliados com apoio de tecnologias”. Percebe-
mos nessa fala a importância do planejamento docente, bem como da importância de se pensar ativi-
dades que mobilizem a criticidade dos estudantes. O autor diz ainda que “os desafios bem planejados
cacionais” e, entendemos que o portfólio é um instrumento que possibilita essa análise sistemática de
atividades desenvolvidas, uma vez que dá visibilidade ao conhecimento apreendido, que possibilita a
Partindo dessa premissa, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma experiência
Federal do Vale do São Francisco - SEaD/Univasf, utilizando como suporte a rede social instagram.
Para isso, exporemos as impressões iniciais e expectativas em relação à disciplina Portfólio Reflexivo;
306
A contribuição das metodologias
O termo portfólio tem ganhado força no âmbito acadêmico nos últimos tempos, mas é co-
mum que ainda tenhamos dificuldade em compreender o real significado de tal expressão. Na tenta-
tiva de elucidar essa dúvida, é importante compreender que o termo em questão tem suas origens na
palavra latina portafoglio, cuja tradução pode ser compreendida como uma pasta em que se guardam
O portfólio começou a ser utilizado no campo das artes, pois artistas faziam uso de uma
pasta para guardarem amostras de seus trabalhos, cujo manuseio era simples e fácil, a qual possibi-
litava uma amostragem rápida do potencial do artista, podendo ser levada a qualquer lugar e, por ser
um documento físico, não dependia de recursos digitais para ser divulgado. Com o passar dos anos
o portfólio foi ganhando diversas formas e distintas nomenclaturas, dependendo do propósito que se
pretende alcançar e do meio no/para o qual foi criado. Dentre as muitas nomenclaturas atribuídas ao
portfólio, podemos destacar alguns termos que são utilizados em diferentes lugares, como porta-fó-
tistas e perpassou por outras áreas como finanças, economia e marketing, por exemplo. Contudo con-
sideramos que foi ao ser utilizado no campo da educação, nosso foco aqui, e da saúde que o conceito
de portfólio sofreu mudanças significativas, quando passou a ser compreendido como instrumento de
307
A contribuição das metodologias
crítica, avaliação, reflexão e que contribui substancialmente com o processo de ensino e aprendiza-
gem.
campo educacional está para além de simples registros e assume o papel de uma ferramenta poten-
amente, uma vez que permite a ambos uma apropriação crítico-reflexiva do processo de construção
fizer necessário.
tipos que são muito importantes e que precisam ser destacados, a saber: portfólio de aprendizagem ou
re, esse tipo de portfólio permite aos sujeitos envolvidos no processo análise e reflexão das práticas
desenvolvidas uma vez que condensa uma “seleção de trabalhos sobre um tema contendo reflexões
críticas, que podem ser revistas e discutidas com colegas e mentores, com a finalidade de formação,
308
A contribuição das metodologias
avaliação e feedback” (COTTA; COSTA, 2016, p.21), atividades que são extremamente em um pro-
cesso formativo.
O portfólio de avaliação por sua vez gera conhecimento acerca de características e critérios
do objeto de estudo, uma vez que compila um conjunto “de e atividades, destacando o melhor traba-
lho, permitindo que o aluno demonstre aspectos de profissionalismo como a capacidade de refletir e
autoavaliar o seu trabalho” (COTTA; COSTA, 2016, p.21), e assim poder (re)direcionar práticas futu-
que esse tipo de portfólio recebe na literatura, uma vez que “concilia aprendizagem e avaliação, com
preocupação com a sua qualidade, considerando que os estudantes podem não destinar-lhe a atenção
necessária.
No que se refere a portfólio demonstrativo, as autoras apresentam uma definição bem direta,
enfatizando sua utilidade ao destacarem que esse tipo de portfólio “tem como objetivo o arquivamento
pelos profissionais e, ou, estudantes de seus principais trabalhos, visando demonstrar suas produções
e, ou, criações” (COTTA; COSTA, 2016, p.22). Desse modo, compreendemos que, como o próprio
nome já sugere, o portfólio demonstrativo serve como suporte para a apresentação de um trabalho,
mas a depender do objetivo que se pretende alcançar ele pode permitir e desencadear outras ações.
Outro tipo de portfólio apresentado por Cotta e Costa (2016) é o narrativo, o qual conside-
formativo, ele o faz com grandes marcas/impressões do autor, uma vez que é
309
A contribuição das metodologias
p.22-23).
As palavras das autoras nos permitem pensar no último tipo de portfólio apresentado pode
elas: o portfólio reflexivo, que compreendemos como uma metodologia ativa de ensino e aprendiza-
gem em que o caminho metodológico se baseia numa relação dialógica entre os diferentes sujeitos
Quando observamos as palavras das autoras, percebemos que esse tipo de portfólio é o mais
completo, razão pela qual ele será foco do nosso relato. É perceptível a completude do portfólio em
questão, pois além de apresentar recortes de um percurso formativo, apresenta também marcas pes-
soais e subjetivas do autor, além de possibilitar uma constante avaliação da prática. Ampliando ainda
mais esse pensamento, Cesário et al. Afirmam que o portfólio reflexivo “possibilita ao estudante as-
reflexiva, de modo que possa agir de forma ativa na construção do conhecimento em sala de aula”
(2016, p.357).
Isso posto, consideramos o portfólio reflexivo como uma potencial metodologia ativa de
ensino e aprendizagem, por meio da qual por meio da qual o sujeito em formação pode construir co-
310
A contribuição das metodologias
nhecimentos, desenvolver atitude e habilidades de tal modo que possa assumir o protagonismo nesse
Este estudo consiste em um relato de experiência acerca das vivências, enquanto discente,
São Francisco – SEaD/Univasf, na modalidade à distância. O presente relato traz uma experiência co-
letiva sob a ótica de dois discentes, que participaram da construção de um de um portfólio em equipe,
A disciplina Portfólio Reflexivo foi vivenciada no semestre letivo 2021.1, ministrada pela
professora formadora e acompanhada pela tutora virtual do polo EaD e organizada em três módulos,
cada um deles composto por três temáticas, as quais eram sequenciais e complementares, de modo
que a sistematização do conhecimento começava por abordagens mais teóricas, avançava para situa-
ções de cunho reflexivo e culminava com questões práticas, como a construção coletiva do portfólio
reflexivo no instagram.
taforma Moodle) com orientações gerais da disciplina e de cada módulo, leituras, vídeos, envios de
atividades, discussões e esclarecimento de dúvidas nos fóruns, ao mesmo tempo em que as dúvidas
podiam ser esclarecidas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp com a tutora virtual do polo. Na
construção coletiva do portfólio, no módulo III, o WhatsApp também serviu de suporte para as dis-
No primeiro módulo, foram tratadas questões introdutórias como a origem, conceitos, tipos e
311
A contribuição das metodologias
mento no campo educacional. Este módulo era composto com duas atividades de acompanhamento:
um quizz voltado a questões conceituais, no qual foi possível avaliar a compreensão acerca das bases
conceituais que norteavam o uso do portfólio no âmbito educacional; a produção de uma narrativa re-
flexiva, que tinha como ponto de partida uma imagem disparadora, possibilitando de forma autônoma
tfólio, enfatizando as possibilidades de produção utilizando suportes digitais, momento no qual foi
possível discutir sobre a reflexão proporcionada ao processo de ensino e aprendizagem por meio da
construção do portfólio. Foi desenvolvida uma atividade de busca e síntese de produções acadêmicas,
como artigos, relatos de experiência, vídeos entre outras, envolvendo o portfólio nas diferentes áreas
do conhecimento. Nesse momento, caso o estudante já tivesse vivenciado alguma experiência com
a construção de portfólio, poderia optar pela escrita ou apresentação em vídeo de um relato pessoal.
Por fim, o último módulo possibilitou a discussão sobre o processo de avaliação e autoavalia-
através de suportes digitais. O módulo III teve como atividade o desenvolvimento de um portfólio
em nós expectativas muito positivas em relação à disciplina, contudo, ao analisar o plano da discipli-
na, imaginamos que não fôssemos vivenciar experiências tão significativas e que o que nos aguardava
312
A contribuição das metodologias
eram práticas que traziam em sua essência “mais do mesmo”, impressão que foi desconstruída duran-
reflexão sobre a nossa prática, bem como sobre as nossas vivências enquanto estudantes, fosse na
educação superior ou não, o que por si, já se torna uma experiência significativa, uma vez que nos
conhecendo alguns tipos, conceitos, formatos, características e finalidades, foi possível avaliar a com-
preensão que tivemos sobre tais questões a partir de um quizz que tratava das questões teóricas de
forma leve e agradável. Fortalecendo ainda mais a articulação entre a teoria e prática, de forma in-
dividual, fomos produzimos uma narrativa reflexiva, tendo como suporte imagens disparadoras que
nos permitiam trazer nossas impressões sobre experiências vividas e de que forma elas se articulavam
eficiente, uma vez que nos fez refletir sobre nossa prática, trazendo elementos que foram frutos de
experiências significativas, sem cobranças ou simplesmente para cumprir prazos com atividades bu-
rocráticas. Nela, cada discente pode buscar recordações nos seus conhecimentos mais significativos,
escrever um pequeno texto reflexivo acerca das possibilidades de aprendizagem que os cenários de
formação e metodologias utilizadas oferecem, estabelecendo relação das imagens com as suas expe-
Um ponto que também merece destaque nas abordagens teóricas que vivenciamos, é o fato
de todas elas serem feitas pensando em construir narrativas de aprendizagem em diferentes espaços,
considerando, principalmente, os espaços virtuais, os quais se destacaram ainda mais durante a pan-
demia provocada pelo novo Coronavírus, com o advento das aulas on-line, por exemplo, em diferentes
313
A contribuição das metodologias
esferas da educação. Assim, considerando o registro como uma ferramenta indissociável do portfólio,
a disciplina nos permitiu compartilhar alguma experiência com o uso de portfólios, caso tivéssemos,
cuja apresentação foi feita da maneira mais confortável para cada estudante, valorizando sempre a
A experiência apresentada por cada discente foi articulada às diversas fontes teóricas, e o
fizemos com tranquilidade por meio de pesquisas em diferentes fontes como artigos, relatos de ex-
periência, vídeos ou demais produções, na qual apresentamos tipos de portfólios em diferentes áreas
de conhecimento e níveis de ensino, enfatizando assim a natureza diversa do portfólio. Nessa pers-
de um portfólio mediado pelas tecnologias digitais, que fosse também uma ferramenta de reflexão e
Portfólio Reflexivo, entendemos que, de fato o portfólio reflexivo coletivo se configura como uma me-
todologia ativa de ensino e aprendizagem, uma vez que construímos conhecimento significativo, mo-
bilizamos diferentes estratégias cognitivas, dialogamos com diferentes pessoas por diferentes meios e
nos tornarmos atores principais de todo o processo (FERRARINI, et. al. 2019).
A partir das discussões feitas, dos objetivos propostos pela disciplina desde o início e das
reflexões teóricas levantadas, a disciplina nos permitiu aprender a partir da experiência de construção
importância e, sem dúvidas, contribuíram substancialmente para que pudéssemos chegar a esse mo-
314
A contribuição das metodologias
go de todo o percurso formativo da disciplina. A docente responsável pela disciplina elencou alguns
jetória de cada estudante; 2) relato e reflexão da (s) experiência (s) de ensino e aprendizagem, enquan-
to docente e/ou discente, levando em conta as vivências do período de pandemia, ocasionada pelo
Novo Coronavírus (Covid-19); 3) Uso da criatividade por meio da exploração de diferentes recursos
construção do portfólio.
mento no processo de aprendizagem visto que: houve uma delimitação clara da estrutura pela do-
cente, com objetivos e tópicos q contemplados, sem tornar o instrumento inflexível; e compreensão
A atividade foi desenvolvida por um grupo composto por seis membros, estudantes do polo
de Juazeiro – BA. O desenvolvimento do portfólio ocorreu no instagram, rede social na qual foi
exclusiva de publicações de tópicos específicos que, por fim, levaram à construção do portfólio. O
acesso da página foi compartilhado entre todos os membros da equipe, de modo que cada um tinha
autonomia para editar a página e fazer publicações. Além disso, a plataforma Canva foi utilizada para
a edição das postagens que compuseram o portfólio. O documento na referida plataforma também foi
por meio deste. Conforme nos traz Santos (2019, p.33), o contexto das tecnologias digitais no qual
315
A contribuição das metodologias
tos comuns ao nosso meio, nos permitiu avançar para questões reflexivas mais profundas uma vez
que o domínio de ferramentas tecnológicas não representou uma preocupação, pois tais ferramentas
ma para realizar as publicações de modo que a construção do portfólio não fosse algo feito de uma só
vez, com várias postagens ao mesmo tempo, mas sim um processo gradativo, possibilitando reflexões,
feedbacks e troca de experiências no decorrer desse percurso. E assim, optamos por seguir a ordem
tal perfil, apresentando também os estudantes envolvidos na atividade como também a professora da
Uma vez começada a construção coletiva, cada membro do grupo pode escolher experiências
316
A contribuição das metodologias
por meio de texto, imagens, vídeos, músicas e outros recursos. O primeiro momento da construção
do portfólio, consistiu na reflexão acerca da trajetória de cada discente, cuja criatividade de explorar
diferentes recursos para apresentar e refletir sobre essa experiência deveria ser posta em prática, o que
nossos relatos podem ser encontrados na íntegra na página do instagram, como também podem ser
Esse foi um momento muito significativo para mim. Revisitar minha trajetória,
selecionar aspectos relevantes e redigir isso para ser publicado em uma rede
social, de forma compreensível ao outro, é um exercício que exige reflexão
sobre o eu, de onde vim e quais caminhos me trouxeram até aqui, quais
experiências me constituíram enquanto ser e profissional. E essa é uma
experiência importante ao nosso ser professor, mas muitas vezes em nosso
cotidiano não nos permitimos refletir sobre. (Relato do participante Daniel
Alencar).
Cabe ressaltar que a rede social impulsionou tais reflexões uma vez que a publicação de tal
experiência foi realizada em um espaço aberto e interativo, permitindo comentários e feedbacks entre
colegas de atividade, professora e demais usuários presentes na rede que tivessem acesso à página,
enriquecendo assim esse processo reflexivo, prolongando-o para além da reflexão inicial ao criar a
317
A contribuição das metodologias
Por não ser uma pessoa de muitos posts nas redes sociais, confesso que
fiquei incomodado com a proposta de falar sobre minha trajetória no
Instagram. Como não costumo escrever muito sobre mim, imaginei que essa
não seria uma tarefa fácil, no entanto, ao começar escrever, pensar na minha
trajetória, resgatar minhas memórias, vestir-me com uma nostalgia boa,
comecei a escrever tanto que tive dificuldade para adequar o post a uma rede
social. Esse exercício de olhar para trás e perceber como tenho me
constituído enquanto profissional e a interação de amigos, colegas e ex-
colegas de trabalho, pessoas que sequer imaginava que em algum momento
tinham observado o meu trabalho, provocaram em mim muitas reflexões
importantes para que eu possa pensar no profissional que quero me tornar.
(Relato do participante Gilmario Amorim).
Essa abordagem sobre a trajetória de cada discente nos permitiu refletir sobre alguns pon-
tos (quem sou eu, de onde vim, como cheguei aqui, e para onde pretendo ir), cujas reflexões muito
contribuíram para o nosso processo de formação acadêmica. Já nesta primeira etapa ficou evidente o
espírito de coletividade e colaboração da equipe, que optou por construir um template que serviu de
base para a postagem dos seis membros da equipe, bem como por uma estrutura a ser seguida no texto
de apresentação. Isso não aconteceu como uma forma de engessar a produção, e sim de atribuir-lhe
uma unidade de sentido e coerência, já que cada membro teve autonomia para escrever e falar sobre
si mesmo.
A realização desta atividade aconteceu de forma bem dinâmica, leve e extremamente signi-
318
A contribuição das metodologias
ficativa, haja vista que a cada dúvida que surgia ao longo do processo, os membros da equipe sempre
sempre com a pontual e precisa colaboração da professora da disciplina, que esteve sempre presente,
nos dando feedbacks e direcionando nossas ações à luz das discussões teóricas levantadas ao longo
do período de vivência da disciplina, bem como nos permitindo relacioná-las às nossas experiências
nificativo.
Deste modo, entendemos este processo educacional como autêntico de acordo com o que diz
Freire “a educação autêntica não faz de ‘A’ para ‘B’ ou de ‘A’ sobre ‘B’, mas de ‘A’ com ‘B’ mediatiza-
dos pelo mundo”. Mundo esse que podemos dizer é conectado em rede, permeado pela cultura digital
que fomenta o processo de autoria e co-criação. Corroborando com essa ideia, destacamos o que nos
traz Santos (2019, p.53), ao discutir o papel docente em meio à aprendizagem no contexto digital,
enfatizando que “o papel do professor deve ser o de mediador da ampliação dos repertórios culturais
em rede, com professores e alunos aprendendo juntos”, num processo mútuo a partir do qual o co-
aprendizagem pela prática, mediada por um processo de colaboração e interação constantes, mais
uma vez foi possível exercer a criatividade e autonomia ao falar das aprendizagens com as experi-
ências acadêmicas e profissionais durante a pandemia da Covid-19, com o ensino e trabalho remoto,
319
A contribuição das metodologias
A articulação da construção do portfólio com o nosso fazer docente, permeado por ferra-
mentas tecnológicas com quais estão em contato frequente, transformou e deu significado ao nosso
processo de formação continuada, pois remeteu a nossa práxis, fugindo da dicotomia teoria-prática.
A reflexão das vivências nos possibilitou ressignificá-las, resgatando e selecionando aquelas que se
destacaram positivamente.
320
A contribuição das metodologias
vivenciados ao longo da disciplina aqui discutida. Por meio destes e de outros elementos, como o
suporte utilizado para o desenvolvimento das atividades, por exemplo, o qual se tornou um material
incorporável às nossas necessidades e exequível neste tempo de pandemia, pudemos refletir sobre
estratégias de articulação entre teoria e prática de forma leve e não arbitrária, compreendendo o por-
tfólio reflexivo como um importante instrumento de avaliação e reflexão que, como metodologia ativa
CONSIDERAÇÕES FINAIS
321
A contribuição das metodologias
O presente trabalho se configurou como um relato de experiência, feito a partir das vivências
Aprendizagem, da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf, a partir do qual trouxe-
A partir das experiências que tivemos, ficou perceptível que o desenvolvimento de um por-
tfólio reflexivo, através de um suporte digital, contribuiu para a formação docente na aquisição de
concepções acerca de uma metodologia ativa de ensino e aprendizagem – o portfólio – uma vez que,
embora não seja um instrumento novo, o meio pelo qual foi produzido é perfeitamente incorporável
aos anseios da sociedade atual, e fez com que as nossas concepções em relação a tal instrumentos
No tocante aos objetivos a que nos propusemos, que foram satisfatoriamente alcançados a
refutação dessas impressões. Ademais, o presente relato ainda descreve o percurso formativo da disci-
plina, considerando a articulação teoria-prática e traz uma breve discussão acerca das possibilidades
pela prática, colocando em destaque as impressões e concepções acerca de uma metodologia ativa de
Tal experiência nos permitiu uma reflexão acerca do processo de formação continuada de
professores, o qual deve ser permanente e constante, nos levando à busca pelo aperfeiçoamento dos
saberes necessários às atividades que desenvolvemos. A nossa formação, nessa perspectiva, serve
como alicerce para construir cidadãos e profissionais mais competentes, éticos, humanos e reflexivos,
322
A contribuição das metodologias
elementos que se fizeram presentes durante todo o percurso formativo aqui relatado.
A bibliografia que seguimos para referenciar este trabalho ratifica as nossas impressões fi-
nais e endossam a natureza do portfólio reflexivo como metodologia ativa de ensino e aprendizagem,
uma vez que nos permitiu refletir sobre a autonomia discente e docente, práticas que fomentam uma
Uma vez que o portfólio reflexivo se mostrou eficaz enquanto método de ensino, apren-
REFERÊNCIAS
CESÁRIO, Juleandrea Bido; RIBEIRO, Mara Regina Rosa; DIAS, Renon Bruno Fernandes; ROTHE-
BARTH, Alexandra de Paula; LIMA, Luciana Portes de Souza. Portfólio reflexivo como estratégia de
avaliação formativa. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v.30, n.1, p.356-364, jan./mar., 2016.
COTTA, Rosângela Minardi Mitre; COSTA, Glauce Dias da. Portfólio reflexivo: método de ensino,
FERRARINI, Rosilei; SAHEB, Daniele; TORRES, Patricia Lupion. Metodologias ativas e tecnolo-
gias digitais: aproximações e distinções. Revista Educação em Questão, Natal, v.57, n.52, p.1-30, abr./
jun., 2019.
323
A contribuição das metodologias
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MORAN, José Manuel. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, Carlos Alberto;
Ofélia Elisa Torres Morales (orgs). Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações
jovens. Coleção Mídias Contemporâneas v.2. Ponta Grossa: UEPG/PROEX, 2015, p.15-34.
VIEIRA, Vânia Maria de Oliveira. Portfólio: uma proposta de avaliação como reconstrução do pro-
324
AS CONTRIBUIÇÕES DAS METODOLO-
Capítulo
14 GIAS ATIVAS E DAS TDIC’S NO PRO-
DEMIA DA COVID-19
325
AS CONTRIBUIÇÕES DAS METODOLOGIAS ATIVAS E DAS TDIC’S
NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DOS EDUCANDOS/AS NO
PERÍODO DA PANDEMIA DA COVID-19
Darlean de Sá Ramos1
Resumo: O artigo aborda contribuições das metodologias ativas e das TDIC’s no processo de ensi-
necessitaram se adaptar à nova realidade para não haver o apagão na educação, uma vez que por
questão do distanciamento social não era possível que o processo educacional de diversos educandos
acontecesse de modo presencial. Então, foi necessário inserir o uso das TDIC’s como forma de dá
a escola por causa da pandemia da COVID-19, que afetava o mundo como um todo, e em especial a
educação. Nessa perspectiva, o presente estudo tem por objetivo investigar, por meio da revisão de
literatura, de que forma as metodologias ativas, com apoio da tecnologia, contribuiu ou viabilizou o
dagem bibliográfica, foi desenvolvido a partir da leitura reflexiva de artigos científicos acerca das
contribuições das metodologias ativas e das TDIC’s no processo ensino-aprendizagem dos educan-
dos/as no período da pandemia da COVID-19. Foram selecionados cinco artigos, buscados no portal
326
A contribuição das metodologias
“TDIC’s”, tendo como recorte temporal os anos de 2000 a 2021. A partir das análises reflexivas acer-
ca da temática em estudo foi perceptível que a inserção das metodologias ativas como também das
TDIC’s contribui de modo significativo para que o processo de ensino-aprendizagem dos educandos
fosse dado continuidade através desses aparatos tecnológicos, uma vez que ao mesmo tempo que os
educadores estavam se familiarizando com essas ferramentas, já estavam também ministrando aulas
para diversos educandos. Portanto, tanto as TDIC’s quanto as metodologias ativas foram primordiais
para que a educação tivesse continuidade, onde os educandos não tivessem o seu ciclo em formação
interrompido, por falta de políticas públicas para subsidiar o período da pandemia da COVID-19 que
Abstract: The article addresses some contributions of active methodologies and TDIC’s in the te-
aching-learning process of students, in the period of the COVID-19 pandemic. School institutions
needed to adapt to the new reality so that there was no blackout in education, since, due to social
distancing, it was not possible for the educational process of several students to take place in person.
So, it was necessary to insert the use of TDIC’s as a way to continue the teaching-learning process of
students who were prevented from entering school because of the COVID-19 pandemic, which affec-
ted the world as a whole, and in especially education. From this perspective, the present study aims
to investigate, through a literature review, how active methodologies, with the support of technology,
contributed to or enabled the teaching-learning process during the pandemic caused by COVID-19.
The work of a bibliographic approach was developed from the reflective reading of scientific articles
about the contributions of active methodologies and TDIC’s in the teaching-learning process of stu-
327
A contribuição das metodologias
dents in the period of the CO-VID-19 pandemic. Five articles were selected, searched on the journals
portal of the Co-ordination for the Improvement of Higher Education Personnel -CAPES, using as
a search term the words “Active Methodologies”, “Pandemic”, “Education”, “COVID19”, “TDIC’s ”,
taking the years from 2000 to 2021 as a time frame. From the reflective analyzes on the subject under
study, it was noticeable that the insertion of active methodologies as well as TDIC’s contributed sig-
nificantly to the teaching-learning process of students being continuity was given through these tech-
nological devices, since at the same time that the educators were becoming familiar with these tools,
they were also teaching classes to several students. Therefore, both TDIC’s and active methodologies
were essential for education to continue, where students did not have their training cycle interrupted,
due to the lack of public policies to subsidize the period of the COVID-19 pandemic that caused social
distancing.
INTRODUÇÃO
Durante o período da pandemia da Covid-19, provocada pelo novo coronavírus, foi possível
perceber o quanto o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – TDIC’s foram es-
senciais para que o processo de ensino-aprendizagem não fosse interrompido. As unidades escolares,
professores, assim como também os gestores precisaram refletirem e ao mesmo tempo adaptando-se
no que foi para muitos chamado de “novo” dentro da área educacional, tornando esse espaço propício
para continuar com o processo educativo. Para isso, tudo necessitou ser articulado de forma muito
rápida.
No entanto, já a algum tempo vem sendo discutido a necessidade de inserir os recursos tec-
328
A contribuição das metodologias
muitos professores, alunos e até gestores não tinham o domínio destas ferramentas. Fato que ganhou
maior visibilidade exatamente no período da pandemia, momento em que, de uma hora para outra,
o elemento mais viável para o processo educativo passou a ser justamente o uso das tecnologias, via
internet, uma vez que os profissionais da educação precisavam estabelecer uma relação de conexão,
mas sem contato físico devido a necessidade de um distanciamento, ou seja, do isolamento social.
É nesse contexto de pandemia que o uso das TDIC’s, através das metodologias ativas, se
tornou, mais do que nunca a metodologia que se mostrou adequada, uma vez que, está já traz consigo
o caráter de possibilitar e, ao mesmo tempo, exigindo do educando uma autonomia, que é necessária
A tarefa da docência é uma profissão desafiadora. Muitos são os obstáculos enfrentados pelo
professor durante o exercício de sua profissão como salários baixos, escolas desestruturadas, dentre
outros problemas que envolvem o processo educativo no Brasil e que afetam diretamente o processo
de ensino-aprendizagem. Por outro lado, a ética profissional, a responsabilidade com a profissão exige
do professor que, mesmo em meio a tantos desafios, preze por uma pratica pedagógica que vise uma
transformação no quadro educacional se utilizando dos recursos que estão disponíveis dentro da ins-
tituição escolar.
Muitas vezes um professor que não dispõe de uma boa estrutura escolar e acesso aos mais
variados tipos de recursos tecnológicos avançados, mas conseguem criar métodos de ensino e apren-
dizagem simples, que fazem toda uma diferença no contexto da sala de aula na qual assume. Do mes-
mo modo, existem professores em situação contraria, que não se interessam em usar metodologias
inovadoras e criativas pensando em exercer sua profissão de forma plena. Alguns ainda preferem usar
metodologias tradicionais, nas quais o professor é visto como transmissor do conhecimento e o aluno
um mero receptáculo.
Não pretendo aqui apontar a educação tradicional como uma vilã, até porque não existe
329
A contribuição das metodologias
pratica que parta do nada. A educação tradicional deixou seu legado e marcas na educação moderna
como um todo. O que acontece é que o mundo vem se transformando com o tempo, novas formas de
ensino vão surgindo para atender as novas demandas sociais, culturais e até mesmo a novas formas de
pensar. Para Bacich e Moran, (2018.p.37) “O que constatamos, cada vez mais, é que a aprendizagem
sivas é que surgiram as metodologias ativas. As metodologias ativas retiram o professor do centro do
processo educativo e o desloca, o seu papel agora, é de mediador. Não menos importante que o papel
do professor de antes, a função dele continua sendo a de ensinar. O que muda é a forma utilizada, em
que o professor não transmite o conhecimento, mas aponta o caminho, ele mostra ao aluno como se
chega até o conhecimento, ele permite que o aluno descubra, crie e desenvolva suas próprias estraté-
gias de aprendizagem.
O aluno com ajuda do professor passa a ser protagonista da sua própria trajetória escolar.
Para Bacich e Moran, (2018.p.40) “O professor orientador ou mentor ganha relevância. O seu papel é
ajudar os alunos irem além do que conseguiriam ir sozinhos, motivando, questionando e orientando”.
Neste período em que a pandemia se instalou no mundo e afetou de maneira direta a educa-
ção, as metodologias ativas, juntamente com os novos recursos tecnológicos, as TDIC’s foram fun-
damentais para que os impactos negativos do isolamento social fossem atenuados a partir do ensino
remoto.
A necessidade de isolamento social retirou milhões de alunos das salas de aula. Foi um
desafio enorme, pois as escolas precisaram se adaptar ao ensino a distância, algumas já tinham estru-
tura para encarar a nova realidade, outras, não. A escola pública e seus alunos, por exemplo, sofreram
bastante com falta de estrutura, falta de aparelhos tecnológicos, falta de professores preparados para
o uso das plataformas. Para muitos alunos a situação tornou o acesso à educação inviável, alguns não
330
A contribuição das metodologias
A situação acentuou ainda mais o problema da desigualdade e exclusão social, bem como
METODOLOGIA
tação e reflexão dos elementos obtidos através do levantamento bibliográfico realizado (OLIVEIRA
& PICCININI, 2009). Portanto, a pesquisa acima descrita requer que o pesquisador faça análise mi-
nuciosa a partir da leitura dos artigos selecionados para que possa obter dados que contribua com a
temática em estudo.
Também, para embasamento do estudo, optei por utilizar escritos de Bacich e Moran (2018),
tendo em vista a vasta produção que os autores vêm fazendo ao longo dos anos sobre a tema em estu-
do. Assim como também, os mesmos autores fazem uma relação direta entre o uso das metodologias
ativas e as tecnologias, o que contribuiu para o estudo acerca dos dois elementos na pesquisa e, con-
gem em tempos de pandemia publicado por (SANTOS JÚNIOR & MONTEIRO, 2020), encontramos
uma abordagem relevante sobre o uso da tecnologia aplicada à educação no período da pandemia. O
escolhi para análise pois, acredito na relevância de como o autor apresentou e discorreu sobre emba-
samento da temática abordada e também por ser um artigo atual que dialoga com a proposta desse
alunos (MIRANDA; LIMA; OLIVEIRA &TELLES, 2020), as autoras abordam questão relaciona-
das aos desafios como também as percepções tanto de educadores/as, mas também de educandos/as
acerca aulas mediadas pelos aparatos tecnológicos que contribuíram de maneira significativa para o
331
A contribuição das metodologias
avanço na área educacional no período pandêmico. Corroborando também com a temática em estudo,
as autoras (SOUSA; COSTA et al, 2021), mencionam importantes reflexões que permearam o ensino
remoto durante a pandemia da COVID-19, relatando que muitos educadores tiveram que readaptar
Ainda dialogando sobre a proposta de estudo deste trabalho, em análise ao artigo Reflexões
sobre o ensino na pandemia (SOUSA; COSTA et al, 2021), as autoras relatam os impactos que TDIC’s
tecnológicas para instigarem os educandos por meio tecnológicos continuarem seus estudos devido
ao isolamento social causado pela pandemia da COVID-19. Em seu artigo A metodologia ativa e seus
discutiram questões relacionadas aos benefícios das metodologias ativas como ferramenta mediadora
do processo de ensino-aprendizagem dos educandos/as no período pandêmico, sendo que essas fer-
ramentas contribuíram de modo significativo para não só para o processo formativo dos educandos/
as, mas também dos educadores que estavam formando e ao mesmo tempo se formando. Portanto,
qual é proposta neste estudo, refletindo o quão importante foi o uso das metodologias ativas como
METODOLOGIAS ATIVAS
qual o aluno participa de forma ativa no processo de ensino-aprendizagem. Esse tipo de metodologia
estimula a autonomia do educando, além de contribuir para o desenvolvimento das competências so-
332
A contribuição das metodologias
cioemocionais, uma vez que as metodologias ativas menciona a necessidade de uma atenção especial
interagir com o grupo, dentre outros processos que perpassam o campo emocional, como empatia e
o desenvolvimento da capacidade de enfrentar e superar desafios, estes que ficaram mais evidenciado
educacional.
de sua aprendizagem mediado pelo diálogo permanente. Isto poderia ser feito
A partir das metodologias ativas acontece a aplicação de algumas técnicas utilizadas como
estímulo em sala de aula, tais como, ludicidade, protagonismo, debates, estudo de caso, pesquisa de
rando que o grande desafio atual é a crescente busca por métodos de ensinos
333
A contribuição das metodologias
com as metodologias ativas exigem de o educador/a criar um ambiente no qual os jogos das relações
sejam importantes, até porque esse profissional precisa entender e conhecer o aluno, uma vez que nas
metodologias ativas em determinado momento são criadas estratégias para um ensino individual e
personalizado, ou seja, o educando não é visto numa perspectiva homogênea, mas heterogênea dotado
de conhecimento.
A partir das inferências destes estudiosos, podemos constatar, como também observar e
trabalhar o quão importante são os sentimentos e as emoções neste período pandêmico, refletindo
em suas aulas o uso das metodologias ativas como ferramenta que auxilia os educandos/as durante a
aprendizagem.
que o aluno fique estacionado em zona de conforto, aguardando apenas que o educador/a traga o con-
teúdo prontos para uma decodificação, ao invés disso o aluno é instigado a buscar o conhecimento.
Para o professor também não é uma tarefa fácil, pois este também precisa inovar e criar novas formas
de aplicar os conteúdos de acordo com o contexto escolar e com a realidade da escola e do aluno.
Para o professor dominar as metodologias ativas é preciso que ele esteja aberto a mudanças e
busque estar sempre atualizando-se, conectado com as transformações e inovações que vem aconte-
cendo na atualidade. Apesar de que incentivos a uma concepção de metodologia ativa, ainda que não
fosse nomeada dessa forma, já havia sido pensada a algum tempo atrás como aponta. Bacich e Moran
334
A contribuição das metodologias
cessidade de uma pratica pedagógica transformadora, contextualizada e que prezasse pelo protagonis-
mo do educando, mas que também exortava o professor para uma mudança de atitude, e o invocava
a uma responsabilidade e compromisso para com a prática pedagógica reflexiva, de acordo com o
tos que não está no centro do processo. Quem está no centro, nessa concep-
ção, são o aluno e as relações que ele estabelece com o educador, com os pares
Para que as metodologias ativas de fato aconteçam é preciso que o professor reflita sobre sua
prática pedagógica, e entenda também que o seu papel não deixou de ser mais importante por ele não
ser mais o centro do processo de ensino-aprendizagem, muito pelo contrário, seu papel ainda é o de
protagonista, no sentido de ser o tutor, o mediador, o responsável para que encontre o caminho do
aprendizado. É o professor o responsável por aplicar as novas metodologias, é ele quem vai elaborar
técnicas e estratégias que levem o aluno a protagonizar seu próprio aprendizado e se tornar autônomo.
335
A contribuição das metodologias
Bacich e Moran, (2018) classificam alguns tipos de aprendizagens dentro das metodologias
é o movimento de construção de trilhas que façam sentido para cada um, que
Dessa forma é perceptível de que forma está organizado os modos de aprendizagem no inte-
336
A contribuição das metodologias
rior das metodologias ativas. Cada movimento como nomeia os autores são interligados e ordenados.
vida, visando entender a trajetória do aluno sua história, pensando num aprendizado contextualizado,
o que pode ser de suma importância, pois pode dá ao professor parâmetros para entender possíveis di-
ficuldades e habilidades de cada aluno. Além dos tipos de aprendizagens apresentadas a cima Bacich
desafios que visam resolver problemas ou a criação de um projeto que envolva algo da vivência do alu-
o desfio de levantar e resolver problemas sob a orientação do professor; Aprendizagem por histórias e
jogos; atividades como leituras sempre foram aliadas eficazes no processo de ensino-aprendizagem,
e segundo os autores os jogos também são de suma importância, pois trabalham o equilíbrio, e o
enfrentamento de desafios ainda ajuda aos educandos a lidarem com situações de fracassos e riscos
As metodologias ativas tornaram-se imprescindíveis nos dias atuais, pois surgiram justa-
mente pela necessidade de acompanhar as mudanças e avanços que veem ocorrendo no mundo con-
temporâneo no qual todos os setores se modernizaram para dar conta do mundo atualizado e capita-
lista. Na educação também foi necessário que transformações ocorressem para alcançar o caminhar
e o desenvolver da sociedade na atualidade, a final que não avança fica estagnado. As metodologias
ativas foram fundamentais para a educação, desde sempre e neste período de pandemia que estamos
vivenciando, juntamente com os recursos tecnológicos foram responsáveis por viabilizar a conti-
nuação do processo educativo de ensino- aprendizagem, pois a tecnologia por si só sem preparo do
professor e estratégia de ensino, não funcionariam como metodologias ativas, visto que estas para
337
A contribuição das metodologias
Metodologias ativas em sua origem não é algo novo, pois a conceituação e investigações
voltadas para o tema é que se potencializaram na década de 90. O mesmo podemos falar sobre tec-
nologias. Estas também antigas, que existe desde os primórdios da humanidade e está ligada a cada
objeto criado pelo homem com o intuito de adaptar ou facilitar sua vivencia, manutenção do trabalho
e até mesmo cultura. As metodologias ativas e avanços tecnológicos de certo modo, sempre estiveram
ambiente escolar por meio da internet, se deu a partir dos anos 90. Segundo Vergna e Silva (2018,
p.106) no Brasil:
A princípio, foi necessário implantar projetos para capacitar professores, ou mesmo contra-
tação de técnicos de informática para atuarem como professores. A ideia era de que estes laboratórios
fossem utilizados por professores e alunos como ferramentas de ensino- aprendizagem, mas de início
338
A contribuição das metodologias
cacionais para o uso didático- pedagógico dessas tecnologias nas escolas, jun-
pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Públi-
digital.
A pesar dessas ações promovidas naquele período e de os avanços tecnológicos hoje em dia
alcançarem um patamar bem mais alto devido ao investimento em tecnologias digitais, no Brasil, as
escolas, professores e alunos, em sua maioria, não estavam preparados para a educação à distância.
Muitos professores precisaram aprender a lidar com as plataformas digitais; muitas escolas
não tinham estruturas para dar suporte técnico aos professores. Em sua maioria precisaram dar aula
de seus lares, com aparelhos e planos de internet próprios, e muitos alunos não tinham acesso a ne-
nhum tipo de aparelho para assistir aulas, muito menos internet. O que prova que o sistema educacio-
Todo este contexto social no qual a tecnologia tem dominado, é necessário se pensar em
inseri-las de forma mais ampla também no contexto educacional. Não há como se pensar em uma
educação que não seja baseada no uso das TDIC’s, pois elas estão inseridas em todos os ambientes.
Além de conectar pessoas de diversos lugares do mundo, elas são formas inovadoras e rápidas para
339
A contribuição das metodologias
As metodologias ativas são meios pelos quais podem ser usados como ferramentas para uma
prática pedagógica de excelência, uma vez que o conhecimento pode ser acessado em tempo real ou
não, a depender da estratégia utilizada pelo professor naquele momento. Fazendo uma conexão entre
inseparáveis quando se pensa no processo de ensino- aprendizagem, seja em qualquer grau de ensino,
No período de pandemia que estamos enfrentando atualmente foi possível observar como
essa junção metodologias ativas/tecnologia foram e estão sendo importantes para atenuar os impactos
negativos sofridos no processo educativo. Os impactos na educação ocorreram numa escala mundial,
pois para manter a distância entre as pessoas, as escolas que tiveram suas aulas totalmente interrom-
pidas, e logo precisaram se adaptar e adotar o ensino remoto, e em seguida o ensino hibrida.
A pandemia da Covid 19, chegou no Brasil no ano de 2020. Para enfrentar essa crise sanitária
340
A contribuição das metodologias
muitos protocolos foram adotados na tentativa de evitar a propagação do vírus causador da doença.
Um dos procedimentos adotados devido a facilidade de transmissão deste vírus foi a adoção de iso-
lamento social.
Muitas empresas optaram pelo modelo de trabalho home office. O mundo precisou reinventar
um novo modelo de trabalho, para que o prejuízo não fosse ainda maior. Na educação também não foi
diferente, foi adotado a forma de ensino remoto. Nesse modelo, professores e alunos se mantinham
conectados por meio da Internet utilizando plataformas digitas para que as aulas acontecessem.
foi o meio utilizado para ministrar aulas. Por meio delas, professores estavam conectados, unidos em
tempo real, mas cada qual em seu lar ou ambiente de estudo. Muitos professores que não utilizavam
de plataformas digitais e outras ferramentas, precisaram aprender a usá-las. Eles aprenderam junta-
mente com os alunos a utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem, o Classrooom, o Google Meet,
dentre outros recursos que poderiam ser acessados por meio de recursos tecnológicos como compu-
tador, celular e tablete, ferramentas que contribui para o processo de ensino-aprendizagem através da
Este novo modelo de ensinar, como também de geri a aprendizagem, precisava de um tipo
de metodologia que dinamizasse as aulas, as tornasse atrativas e ao mesmo tempo alcançasse o seu
principal objetivo, um aprendizado tão eficiente quanto o que ocorre nas aulas presenciais. Foi nesse
cenário que as metodologias ativas foram, ou continuaram sendo adotadas. Aqueles professores que
de certo modo já utilizavam das tecnologias em suas aulas não tiveram muitas dificuldades, mas o
que se constatou é que muitos professores precisaram aprender a manuseá-las. Uns porque não tinham
acesso, outros porque não faziam questão de usá-las em seus planos de aula.
Vale salientar que o ensino remoto se assemelha a educação a distância apenas pelos meios
usados para a transmissão, pois no ensino remoto durante a pandemia, as aulas eram no mesmo mo-
delo das aulas presenciais, todas on-line e cumprindo seus horários normais e acontecendo em tempo
341
A contribuição das metodologias
Como exposto a cima, as metodologias ativas usadas no período da pandemia não surgiram
por acaso, podemos constatar na fala dos estudiosos que a proposta de um ensino hibrido acoplado
ao ensino presencial já havia sido elaborado e proposto antes da pandemia, o que significa dizer que
as metodologias ativas foram adotadas durante o ensino remoto. Dentro das técnicas utilizadas em
metodologias ativas apresentadas por Bacich e Moran 2018, o uso de tecnologias é uma das principais.
ativas são: atividades avaliativas por meio do Google forms. Nelas os estudantes acessavam o link,
eram responsáveis por responder e enviar o formulário respondido sob orientação do professor; da
Gamificação: O professor orienta o aluno a baixar o aplicativo de jogos e orienta ao aluno como criar
jogos, formar equipes e inserir cada membro da equipe na criação compartilhada dos jogos. Depois o
jogo é utilizado na sala como competição entre os colegas, usando assuntos da disciplina. O incentivo
aos alunos a buscarem temas da disciplina em sites de pesquisa e compartilhar em sala de aula para
debate; Apresentação de seminários quais os alunos se reuniam em grupos de Whatzapp para dividir
os temas da apresentação, fazer pesquisas, criar slides no pawer point. E apresentar para a turma. Isso
aconteceu muito em classes do 1º ao 5º ano, não só com os graus mais elevados; Apresentação de ví-
342
A contribuição das metodologias
deos com experiências de biologia, por exemplo, no qual o aluno escolhia o material a experimentar;
Esses são alguns exemplos de recursos que podem ser utilizados por meio das metodologias
ativas como caminhos para elaboração de atividades por professores durante a pandemia. Embora
muitos professores já utilizassem das metodologias ativas sem obter sucesso, na pandemia com o
uso das TDIC’s, mesmo estes de certo modo acabaram por dar certa autonomia ao estudante, pois
ele precisou se organizar para se adequar aos estudos, e o professor não dispunha de outro meio para
aplicar a atividade, sendo assim, mesmo que o professor não adotasse a postura de mediador, o aluno
precisou dispor de certa autonomia para acessar as aulas, as avaliações e os conteúdos o que exigiu
Por outro lado, no Brasil, principalmente em algumas escolas públicas, muitos alunos fica-
ram prejudicados, pois não têm acesso a internet, muito menos aparelhos para conectá-la, nesse caso,
o professor não pôde fazer seu papel de mediador da forma como deveria.
No modo presencial, mesmo sem muita estrutura o professor ainda pode aplicar metodo-
logias ativas, por meio de jogos, leituras, socialização de atividades através de notebook, celular,
utilização da redes sociais (instagram, facebook), dentre outros recursos como o quadro e o giz, uma
vez que metodologia ativa, não necessariamente é sinônima de uso de tecnologia, ela está ligada a
métodos inovadores de ensino que leve o educando a ser o protagonista da sua própria aprendizagem,
sobretudo porque a maioria dos estudiosos deve haver um equilíbrio entre o uso de tecnologias e o uso
de práticas tradicionais que não precisam ser banidas, só não pode ser a única forma de ensino, já que
precisam também acompanhar essas transformações para que no processo ensino-aprendizagem se-
jam inseridos aos essas mudanças. Para os alunos que não tinham acesso a internet as escolas estavam
343
A contribuição das metodologias
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir das leituras realizadas por meio de artigos no portal de periódicos da CAPES foi
possível constatar estudos que já haviam feito referências e investigações minuciosas sobre a impor-
tância do uso das metodologias ativas e das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem. Muitos
deles até criaram modelos de metodologias e projetos bem elaborados que dão aos professores um
digitais na educação e a própria BNCC versa sobre isso, porém, vários fatores se apresentam como
empecilho para que as escolas, principalmente as públicas no Brasil, tivessem sido pegas de forma
despreparada na pandemia, pois foi possível perceber muitas dificuldades para que o ensino remoto
acontecesse e mesmo acontecendo após um longo período de tempo, não contemplou a todo alunado
em questão.
Algo que poderia ser recebido de maneira natural, pois o investimento em tecnologias digi-
tais nas escolas e na formação do professor quanto ao uso das mesmas já deveria ser uma realidade
muito antes da crise sanitária, ou seja, da COVID 19. Por outro lado, sabemos que existe resistência
por parte de alguns professores em inovar, transformar e encarar novos desafios, convergindo com a
Na atualidade, em que trabalhar o processo de ensino- aprendizagem tendo como base me-
todologias ativas por meio das tecnologias digitais, se faz necessário que o professor reflita o papel
de mediador visando cada vez mais o protagonismo do aluno. Isso não significa dizer que o papel
do professor tenha diminuído a sua importância, e sim, que ao invés de transmitir o conhecimento,
passa a existir uma parceria, uma troca, pois o conhecimento passa a ser compartilhado e o professor
ainda continua a ser o responsável por nortear o aluno, com a diferença que o aluno também ajuda a
344
A contribuição das metodologias
desenvolver e produzir seu próprio conhecimento, assumindo autonomia diante do próprio processo
de ensino-aprendizagem.
Diante dos artigos analisados, socializo algumas ideias dos materiais bibliográficos analisa-
dos esta pesquisa, e que de alguma maneira converge com os objetivos e coadunam com a nossa linha
de pesquisas e com as principais ideias que busco refletir, como também discutir acerca do tema em
estudo. No artigo Impactos do uso das tecnologias digitais da informação e comunicação durante a
pandemia: relatos em um curso de pedagogia, de Assaí, Junior et al (2021), os autores fizeram suas
investigações por meio de pesquisa na qual compararam através de questionários o uso das TDIC’s
antes e pós pandemia, e descobriram que em alguns casos se usava pouco estes recursos durante as
gias nas aulas dos professores que ministravam disciplinas no primeiro curso
acessar outros tipos de tecnologias digitais nas aulas, pois no questionário fi-
aplicativos de edição de vídeo, bem como destacaram que o uso destes recur-
345
A contribuição das metodologias
Como podemos perceber na fala dos autores, a pandemia, de certo modo, forçou o sistema
educacional a se adequar a sua realidade de forma rápida. A Covid 19, com seu surgimento inespe-
rado, fez com que as escolas repensassem seus projetos e que os professores transformassem suas
práticas pedagógicas, pois a situação vivida não deixou muitas opções para que o processo de ensino-
pos de Pandemia, os autores Santos Junior e Monteiro, (2020, p. 14). Apresentam ferramentas digitais
usadas no período da pandemia, tais como o Google clasroom e o Zoom ressaltando para a impor-
dado que o contexto pandêmico que se vive não pode interromper o processo
uma sociedade que busca saídas para as diversas crises enfrentados por todos.
346
A contribuição das metodologias
Os autores evidenciam a importância do uso das TDIC’s para o processo de ensino e apren-
dizagem, sem os quais talvez não fosse possível fomentar o processo educativo, uma vez que a pan-
demia exigia o distanciamento físico entre as pessoas, o que impossibilitaria o diálogo síncrono sem
a mediação dos recursos tecnológicos atuais. Em Reflexões sobre o ensino remoto em Tempos de
Pandemia, escrito por Sousa, Costa et al (2021, p. 6), por meio de investigações e reflexões acerca do
exaustiva dos professores foi outro fator muito debatido entre os autores. Pre-
com tantas demandas que têm contribuído para o seu adoecimento. Contudo,
zagens e aberto a mente para novas possibilidades que podem mudar de forma
347
A contribuição das metodologias
des encontradas por professores e alunos no processo de ensino- aprendizagem durante a pandemia.
Eles apontam também em outro ponto de sua investigação a importância de colocar estas questões
em pauta nas discussões e que haja uma maior atenção voltada para estes problemas enfrentados
durante a pandemia, além de outros já pré-existentes, que justamente contribuíram para aumentar os
alunos, escrito por Miranda, Lima et al (2020.p.9) os autores também trazem à baila as dificuldades
enfrentadas por professores e alunos durante o ensino remoto, eles afirmam que:
Nesse cenário, o desafio assumido pelos docentes e alunos é grande, são inú-
desinteresse dos alunos, falta de equipamentos e de apoio dos pais e das ins-
ET AL 2020.p.9).
Diante dos pressupostos apresentados pelos autores sobre as dificuldades enfrentadas por
discentes e docentes, percebemos que a necessidade de criatividade são pontos chaves para que se
consiga um processo educativo satisfatório. Não necessariamente é obrigatório o uso das tecnologias
digitais para que o professor possa fazer uso de metodologia ativa, isso olhando por uma perspectiva
de aulas presenciais, mas no contexto de uma pandemia tal qual tem sido a da COVID 19, o uso da
internet e das tecnologias digitais foram a solução emergente e viável , uma vez que se tratava de lidar
348
A contribuição das metodologias
Souza, Vilaça e Teixeira (2020), trata de maneira específica sobre a inserção de metodologias ativas
digitas nas escolas, e, isso já faz parte das deliberações contidas na BNCC, e a muito já deveriam
estar sendo utilizadas no contexto escolar, porém não há uma homogeneidade neste uso, pois existem
escolas que não dispõem de recursos, alunos que não tem acesso a internet.
Há também a falta de uma gestão escolar que priorize a utilização desse local – laboratórios
inovador e de qualidade. Entretanto, tratando sobre metodologia ativa Souza, Vilaça e Teixeira (2020),
afirmam que existe um movimento contrário aos de alguns professores que pretendem manter sua
prática pedagógica estacionada no passado com a visão ultrapassada de professor transmissor, e evi-
dencia a postura de alguns professores comprometidos com uma boa prática pedagógica e:
Por isso que com o passar dos anos, os professores buscam aperfeiçoamento
para suprir essas necessidades com a nova forma de aprendizagem. Não basta
349
A contribuição das metodologias
A partir da concepção destes autores é possível afirmar que as metodologias ativas podem ser
usadas como estratégias de ensino- aprendizagens adequadas para acompanhar as novas tendências
educacionais, tendo em vista que desde os anos noventa que vários movimentos vinham acontecendo
to. Hoje não cabe mais a ideia do docente como o centro do conhecimento, hoje o conhecimento é
O Professor da atualidade está aberto a ouvir, mediar, mostrar o caminho, orientar e aprender
com sua prática pedagógica refletindo sobre a mesma. Além disso, o professor mediador dá suporte
para o aluno ser protagonista de sua própria história. Um professor transmissor jamais conseguirá
elaborar um plano de aula fazendo o uso de metodologias ativas, mesmo que ele tente aplicar se não
houver uma abertura para um novo olhar sobre seu aluno e sobre sua forma de ensinar, as metodolo-
aprendizagem no período da pandemia causada pela Covid19, tendo em vista que o ensino remoto seja
vivenciado a partir do modelo presencial, ou no modelo EAD, já exige do estudante um perfil ativo
e autônomo, por isso as metodologias ativas foram o tipo de metodologia de ensino mais apropriada
para o contexto. A pandemia transformou o mundo em um caos, porém serviu de alerta para o inves-
a ideia de cada vez mais exigir dos governantes escolas estruturadas e alunos assistidos por políticas
públicas que olhem pelos mais carentes, pois se os alunos que tiveram acesso ao ensino via internet
foram prejudicados, consequências piores ainda sofreram aqueles que ficaram desassistidos por não
350
A contribuição das metodologias
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das análises realizadas, pode-se perceber o quanto a educação está com sua organi-
zação fragilizadas em todos os níveis, etapas e modalidades e, em especial a rede pública de ensino.
No entanto, as metodologias ativas juntamente com a inserção das TDIC’s, contribuíram de modo
significativo para o processo ensino-aprendizagem durante a pandemia da Covid 19. Sobretudo, du-
rante esse período o ensino se deu por meio da tecnologia como a internet, tendo como instrumento
as tecnologias de comunicação.
As estratégias e técnicas usadas nas metodologias ativas são compatíveis com o uso das
tecnologias digitais durante a prática pedagógica, porque o manuseio das ferramentas tecnológicas
tempo, horário e espaço apropriado para que possa ter um aproveitamento e desempenho melhor para
com o processo em formação. Inversa ao ensino tradicional, nas metodologias ativas o estudante é o
protagonista do seu próprio processo de aprendizagem, não menos importante o papel do professor e
de mediador, ele é quem monitora, instiga e estimula por meio das metodologias ativas ao seu aluno
Apesar de haver esse deslocamento do professor, ele está todo tempo orientando o estudante
e mostrando por meio de sua prática pedagógica o caminho a que o estudante deverá trilhar para
alcançar o patamar de um ser crítico, autônomo e problematizador. Com essa atitude o professor con-
tribui para uma transformação tão necessária para uma mudança significativa na educação, não só no
REFERÊNCIAS
351
A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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monografias.brasilescola.uol.com.br/educacao/o-computador-na-sala-aula-u ma-pesquisa-03-escolas-
354
METODOLOGIAS ATIVAS E AS TECNO-
Capítulo
15 LOGIAS: UM CAMINHO PEDAGÓGICO
CIAIS
355
METODOLOGIAS ATIVAS E AS TECNOLOGIAS: UM CAMINHO PE-
DAGÓGICO PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE CRIAN-
ÇAS NOS ANOS INICIAIS
Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar como as metodologias ativas aliadas à tecnologia nas
séries iniciais podem contribuir para uma aprendizagem mais significativa, autônoma e crítica, bem
como para um desenvolvimento cognitivo nas crianças dos anos iniciais. Trata-se de uma pesquisa
com uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório onde foram utilizados como procedimento a
revisão bibliográfica. Como resultados observamos que a educação precisa adequar-se às mudanças
da sociedade, ofertando aos alunos conhecimento que permitam refletir sobre os diversos assuntos
e correlacioná-los ao cotidiano, nesse aspecto a utilização das metodologias ativas são indispensá-
veis para as transformações que a educação vem vivenciando nas últimas décadas e a formação
dos professores torna-se necessária para uma prática docente mais coerente com a realidade. Sendo
assim, as discussões que permearam o trabalho permitem concluir que, quando estas utilizadas de
forma coerente e com intencionalidade, podem se transformar em um excelente meio para melhorar o
aprendizado das crianças nos anos iniciais, alcançando as competências e habilidades necessária para
a formação de cidadãos críticos e autônomos. Portanto, conclui-se que são necessários mais estudos
356
A contribuição das metodologias
sobre a temática Metodologias Ativas e as Tecnologias. Afinal, aprender depende de motivação e este
novo jeito de ensinar pode ser a chave para o sucesso na consolidação do conhecimento.
Abstract: This article aims to analyze how active methodologies combined with technology in the
early grades can contribute to a more meaningful, autonomous and critical learning, as well as to a
cognitive development in children in the early years. This is a research with a qualitative approach, of
an exploratory nature, where the bibliographic review was used as a procedure. Therefore, education
needs to adapt to the changes in society, offering students knowledge that allows them to reflect on
the various subjects and correlate them to daily life, in this aspect the use of active methodologies
are indispensable for the transformations that education has been experiencing in decades and the
training of teachers becomes necessary for a teaching practice more coherent with reality. Thus, the
discussions that permeated the work allow us to conclude that, when used in a coherent and inten-
tional way, they can become an excellent means to improve children’s learning in the early years,
achieving the skills and abilities necessary for the formation of teachers. critical and autonomous
citizens. Therefore, it is concluded that more studies are needed on the topic of Active Methodologies
and Technologies. After all, learning depends on motivation and this new way of teaching can be the
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas a sociedade vem passando por grandes transformações tecnológicas
357
A contribuição das metodologias
aprendizagem também sofre essa influência de acordo com o contexto histórico, (VILAÇA; ARAÚ-
JO, 2016).
pessoas e, naturalmente, a educação precisa adequar-se a ela, haja vista, que essas novas tecnologias
Os pesquisadores Oliveira e Zaluski (2018) concordam também, quando dizem que a tecno-
logia na educação tem sido cada vez mais utilizada nas salas de aulas, pois compreende- se que as
metodologias tradicionais de ensino não são mais suficientes para atenderem às práticas pedagógicas
atuais. Por isso, é necessário ao educador utilizar outras ferramentas ampliando as possibilidades de
vêm sendo frequentemente questionadas por não atenderem mais a essa realidade tecnológica que se
apresenta, e assim a sociedade passou a buscar novas metodologias de ensino e aprendizagem visan-
do atender as demandas de ensino que possibilitem maior interação com a realidade dos alunos e a
Santos (2019) as metodologias ativas contribuem com o ensino de forma que permitem ao aluno ser
agente ativo no percurso do aprender, uma vez que poderá ter autonomia para pesquisar, observar e
fazer.
tanto no cotidiano como no ambiente escolar (LIMA, 2017). É a partir destas constatações acima que
358
A contribuição das metodologias
o pensamento lógico ou operacional. Nessa fase ocorre uma mudança interna, a criança sai da fase
do egocentrismo e passa para a fase da razão (LIMA, 2017). Corroborando com isso temos Papalia
ver problemas concretos (reais). As crianças são então capazes de pensar com
Vale pontuar ainda que de acordo com os estudos de Piaget (2013), existe uma ligação muito
adaptação, acomodação e assimilação de acordo com as interações entre o indivíduo e o meio em que
vive. Esses processos considerados internos, vão se acomodando, considerando as influências exter-
nas, passam por etapas para que seja possível ocorrer uma compreensão, e, à medida que as crianças
interagem com o mundo ao seu redor, vão adicionando novos conhecimentos, baseando-se no que já
conhecem e adaptando ideias anteriores. Sobre esse estágio chamado de operatório concreto, Souza
sete aos onze anos, e é caracterizado como sendo uma fase de transição entre
a ação e as estruturas lógicas mais gerais. Neste período, temos duas ordens
ticas, que foram denominadas por Piaget como sendo “agrupamentos” (SOU-
359
A contribuição das metodologias
Sendo assim, o desenvolvimento cognitivo seria uma reorganização progressiva dos proces-
sos mentais, que evolui de acordo com a maturação biológica e a experiência ambiental, tendo como
desenvolvimento das crianças, e que o uso adequado das metodologias ativas de trabalho é uma
ferramenta que pode auxiliar no processo de formação, cabe ao professor tirar proveito desses co-
uma aprendizagem mais significativa, considerando os processos internos da criança e sua interação
(LIMA, 2017).
Nessa perspectiva, esse trabalho tem como objetivo pesquisar e discutir brevemente as con-
tribuições das metodologias ativas aliadas às tecnologias como forma de promover o desenvolvimento
cognitivo das crianças nos anos iniciais, considerando a vivência da criança em um mundo digital e
METODOLOGIA
As metodologias ativas e o uso de novas tecnologias se apresentam como uma solução para
um aprendizado mais significativo e contextualizado, dessa forma, estão presentes nas discussões
que permeiam as práticas educacionais e motivaram a realização do presente estudo de caráter explo-
ratório, através de leituras e fichamentos, que embasaram a investigação através de obras, artigos e
360
A contribuição das metodologias
autores: Bacich e Moran (2008); Castagnaro (2021), Ferreira (2014), Kensky (2012), Levy (1993), Lima
(2017), Lucietti (2018), Moran (2018), Moreira (2018), Oliveira (2018), Peixoto (2016), Piaget (2013),
Trata-se de uma pesquisa com uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório onde fo-
ram utilizados como procedimento a revisão bibliográfica. O material utilizado na pesquisa teve como
dida em que o aluno é o principal agente responsável pela construção de seu conhecimento. Segundo
Moran (MORAN, apud FERRARINI, 2019) O conceito de metodologias, apresenta-se como “[...]
Sendo assim, o processo educacional ao longo da sua história foi marcado pela adoção de
inúmeras metodologias educacionais, com diferentes características determinadas pelo seu contexto
histórico e cultural e que à sua época eram consideradas adequadas, influenciando de alguma forma
Com o passar do tempo, houve uma preocupação cada vez maior de atender de forma signi-
ficativa as expectativas de ensino-aprendizagem, houve uma necessidade cada vez maior de se bus-
car novos mecanismos que possibilitassem uma melhor aprendizagem, mais significativa (BACICH;
MORAN, 2008).
Surge dessa forma, os estudos com as metodologias ativas, com o intuito de adotar práticas
educacionais, onde os estudantes deixassem de ser passivos, parando de apenas ouvir e passem a ser
361
A contribuição das metodologias
membros ativos no processo de aprendizagem, por meio de estratégias que estimulem suas compe-
tências e habilidades. Sobre essa necessidade Moran (MORAN, apud FERRARINI, 2019), diz que
as metodologias ativas “[...] dão ênfase ao papel de protagonista do aluno, ao seu envolvimento dire-
to, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo”. Destarte, para Moran (MORAN, apud
FERRARINI, 2019), o ser humano aprende ativamente desde o nascimento em processos diversos a
partir de situações concretas, ampliando-se e generalizando-se ao longo da sua vida. Nesse sentido,
Muitos pesquisadores defendem o uso das metodologias ativas nas escolas. Segundo Souza;
Teixeira; Vilaça (2021) com a utilização desse método de trabalho o aluno deixa de ser passivo no pro-
portante papel na educação, haja vista, que o processo de ensino tradicional não atende totalmente
as necessidades do aluno, e essa nova metodologia pode servir para formar um novo ciclo que seja
Assim, as metodologias ativas podem se apresentar como práticas pedagógicas nos espaços
escolares, fortalecendo o trabalho dos professores e ajudando os alunos. Para Castagnaro (2021) as
362
A contribuição das metodologias
Ainda, segundo Ferrarini (2019) aprender de forma ativa envolve a atitude e a capacidade
mental do aluno de buscar, processar, entender, pensar, elaborar e anunciar, de modo personalizado,
Enfim, as metodologias ativas têm como função principal, tornar o aluno o protagonista
do seu aprendizado, considerando sua individualidade e personalidade, respeitando seu tempo e seu
espaço, utilizando para tal estratégias que possam ativar seu mecanismo cognitivo, promovendo sua
criticidade e autonomia.
Didaticamente podemos pontuar que metodologia ativa de ensino pode ser considerada uma
maneira eficiente de aprender sobre os mais diversos assuntos, de forma autônoma e participativa. No
cotidiano da escola, isso possui uma importância fundamental, pois, através de sua correta utilização
podem ser sanadas algumas das dificuldades mais comuns do processo de ensino e aprendizagem,
buscando mais prazer e participação significativa dos alunos das séries iniciais (BACICH; MORAN,
2008).
de forma adequada podem trazer para a sala de aula reflexões e discussões não possíveis quando se
fala em processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento de forma
tradicionais, logo sua importância, pois, através das metodologias ativas é possível propor soluções,
conexões, conhecimentos, trocas de informações, que dificilmente acorreria com uma metodologia
Nos anos iniciais, e especificamente na fase operatória concreta, segundo estudos de Piaget
363
A contribuição das metodologias
(2013) as crianças estão em busca de sua autonomia e o uso de uma técnica capaz de reunir diferentes
linguagens e temas podem possibilitar um aprendizado mais significativo, respeitando seus interesses
e habilidades.
Diante do exposto, cabe ao mediador, no caso o professor, propiciar esse diálogo interativo,
capaz de aprimorar as capacidades cognitivas e socioemocionais dos educandos. Sobre isso, Moran
(2007) diz que: “O currículo precisa estar ligado à vida, ao cotidiano, fazer sentido, ter significado,
ser contextualizado”.
Existem muitas possibilidades para o uso de algumas metodologias ativas e que são bastante
importantes a depender dos objetivos propostos. Podemos elencar algumas, tais como: sala de aula
invertida, que é uma variação do ensino híbrido, a aprendizagem é baseada em problemas e a apren-
Um outro exemplo fantástico, dentro deste corpo de possibilidades ativas, está a gamifica-
ção, que traz para a sala de aula os jogos em um contexto de atividades direcionadas ao aprendizado
do aluno, propiciando um aprendizado mais prazeroso, valendo dizer que como os jogos já fazem
parte do cotidiano do aluno, torna-se mais fácil seu percurso didático (IENH, 2018).
É indiscutível que a aprendizagem por problemas também pode ser considerada uma meto-
dologia ativa; esta tem o propósito de problematizar determinado conteúdo e dessa forma desafiar os
grupo, buscando a cooperação entre eles, em que o professor atua como mediador das discussões
(IENH, 2018).
Também, o estudo de caso pode ser realizado de forma grupal e busca a investigação para a
Por fim, diante dos desafios impostos pela sociedade em um novo contexto social e cultural
364
A contribuição das metodologias
e das mudanças interpostas à educação, é essencial a busca por novas metodologias, por novas possi-
Segundo afirmação de Kensky (2012), as tecnologias são tão antigas quanto a espécie hu-
mana. Para a autora, “[...] foi a engenhosidade humana, em todos os tempos, que deu origem às mais
variadas tecnologias. O uso do raciocínio tem garantido ao homem um processo crescente de inova-
Sendo assim, quando se trata de educação, podemos citar como metodologias utilizadas
como material didático, os livros, lápis, canetas, cadernos, projetor de multimídia, quadros sejam eles
digitais ou não, computadores ou tabletes, entre outros, podem ser considerados suportes pedagógi-
cos, ferramentas que possuem seu valor, independente do tempo e do espaço. Recursos e produtos
tradicionalmente criados em momentos históricos diferentes, com finalidades diversas, sejam elas
pedagógicas ou não, dependendo dos objetivos e intencionalidades a eles atrelados, (KENSKY, 2012).
Dessa forma, as tecnologias educacionais também podem ser utilizadas como metodologias
e processos avaliativos, quando não se constituem em produtos palpáveis, mas delimitam um modo
de agir e de produzir conhecimento. Por isso, devem ser consideradas nas análises sobre tecnologias
em educação que acabam sendo reconhecidas como os produtos, instrumentos e equipamentos que
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), preceitua que o aluno precisa desenvolver
competências e habilidades, adquirindo conhecimentos, de modo que seja uma ferramenta para ler,
365
A contribuição das metodologias
compreender, transformar a realidade, resolver e elaborar problemas incluindo o uso das tecnologias
dos avanços tecnológicos, seu uso na educação têm sido cada vez mais frequente. Segundo Peixoto
(PEIXOTO, 2016) algumas estratégias que ainda são utilizadas, revelam-se ultrapassadas devido às
mudanças ocorridas no mundo globalizado e não cabem mais serem utilizadas no contexto educacio-
nal atual. Então, é necessário inserir nas salas de aula metodologias que estejam condizentes com a
Todavia, o uso de determinada tecnologia não substitui o professor, mas pode funcionar
como uma forte aliada. Com a modernização novas tecnologias, há hoje, diversos recursos à disposi-
ção dos professores que perpassam pelas diversas áreas do saber. Assim, reforça Levy (1993) quando
afirma:
algumas das suas funções. A tarefa de passar informações pode ser deixada
Sendo assim, o uso dessas novas tecnologias pode ser usada como uma ferramenta de con-
teúdo interativo, onde o aluno passa a exercer seu protagonismo de forma crítica e participativa em
366
A contribuição das metodologias
todo o processo de ensino aprendizagem e onde o professor possa exercer seu papel de mediador desse
Dessa forma, as novas tecnologias podem ser consideradas metodologias ativas, pois, as fer-
ramentas tecnológicas permitem diversificar as metodologias de ensino e abrir caminho para infinitas
te, novas relações entre professor e aluno. Existe hoje grande preocupação
zagem dos seus alunos. Estar informado é um dos fatores primordiais nesse
Portanto, as escolas precisam estar atentas, considerando essas mudanças não como amea-
ças, mas, como formas de potencializar suas possibilidades de fornecer aos alunos, novas oportunida-
des de aprendizado, vinculado à sua vivência e ao seu cotidiano dentro e fora da escola, tornando seu
aprendizado mais significativo, (FERREIRA, 2014). Para tal, será necessário também um envolvi-
mento maior do professor com sua formação e um cuidado redobrado com o planejamento das aulas.
Segundo Barros (2019), “É dever do educador planejar e desenvolver a melhor maneira de adequar
esta tecnologia aos seus métodos de ensino”, por esse motivo Moran (MORAN, apud BARROS, 2019)
define que:
Cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as vá-
367
A contribuição das metodologias
2009, p.32).
Assim, o planejamento e execução das aulas devem estar em consonância com as necessi-
professor ao usar determinada metodologia e/ou tecnologia em detrimento de outras. Dessa forma, o
professor é considerado o mediador entre o conhecimento e o aluno, sendo sua formação e compro-
metimento fator primordial para o sucesso de suas aulas e para o alcance de seus objetivos didáticos
indivíduos, na qual é possível conhecer e ter contato com outras culturas, perceber a importância da
tecnologia na sociedade, formar-se e qualificar-se para o mercado de trabalho, porém, esta precisa
voltar a ser valorizada pelos alunos como um local importante para proporcionar-lhes uma melhor
qualidade de vida e contribuir positivamente para a família do aluno, (ESTEVES; MOURÃO, 2013).
A escola deve ofertar a educação básica, responsável por preparar os educandos para a vida
social, afetiva e profissional. No Brasil, a educação básica é dividida em educação infantil, ensino
fundamental e ensino médio. O ensino fundamental passou a ser assim designado a partir da atual
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96 e é subdivido em anos iniciais e anos
e, desde 2006, o início da escolarização, aos 6 anos (ALMEIDA; et al 2013) e vai até a idade de 9 ou
10 anos. Essa etapa da educação caracteriza-se por atender as crianças e desenvolver seus cognitivos,
368
A contribuição das metodologias
motor, afetivo e social, uma vez que estão passando por mudanças e estas devem ser consideradas no
processo de aprendizagem.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2020) Nessa fase
da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento que
repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo. Dessa forma, os alunos
devem desenvolver competências específicas nas disciplinas. Segundo a BNCC – Base Nacional Co-
em avaliação, através de provas, para verificar o nível de conhecimento dos alunos, principalmente no
que tange à leitura, escrita, compreensão e cálculo. São muitos os alunos que ainda têm dificuldade
com a leitura, por isso é importante que haja avaliações nacionais para saber o nível de aprendizagem
das crianças e, a partir dos dados, implantar políticas públicas que busquem reduzir e solucionar o
Os anos iniciais é uma das fases mais importantes na vida escolar das crianças, e, na fase
das operações concretas, descobrem que podem fazer determinadas coisas sozinhas, sem a ajuda dos
pais, estão buscando a autonomia do corpo e da vontade. Segundo Piaget, a criança começa a incluir
conteúdos e atividades que sejam interessantes para as crianças, que façam parte de seus interesses,
369
A contribuição das metodologias
suas vivências, para que possam ampliar seu conhecimento de mundo, poder expressar-se promoven-
Portanto, o uso adequado das metodologias ativas aliada ao aparato tecnológico disponível
para uso pelo professor, constituem-se em uma ferramenta de extrema importância para tornar o
aprendizado mais significativo e mais próximo do cotidiano das crianças, de suas vivências, tornan-
(CASTAGNARO, 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa nos mostra que os anos iniciais do ensino fundamental é uma importante etapa
da educação básica, e cabe à escola a responsabilidade de formar cidadãos críticos e reflexivos, con-
tribuindo para o desenvolvimento integral do educando, entendido dessa forma, não apenas o desen-
volvimento intelectual, mas também o desenvolvimento físico, motor, cognitivo, afetivo e social e que
o uso das metodologias ativas deve ser realizada em conformidade ao processo de desenvolvimento
infantil, obedecendo à fase na qual a criança está passando, para promover o bom desempenho cogni-
tivo, melhorando sua percepção e atitude em relação ao conhecimento e sua interação com o mundo.
Os resultados obtidos pela pesquisa dentro do contexto educacional da atualidade, nos evi-
gias ativas aliadas as novas tecnologias estão presentes em várias discussões no meio acadêmico e
educacional e surge como uma solução viável, propiciando um melhor desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem.
Mesmo diante de tantas discussões sobre o tema, a aplicação das metodologias ativas, ainda
encontra alguns entraves na sua aplicação, visto que, alguns professores ainda não conseguem colocar
em prática tais metodologias, necessitando, portanto, de uma formação específica para o uso correto
370
A contribuição das metodologias
de tais metodologias.
processo de construção, portanto, ainda estamos aprendendo a lidar com o novo, e nessa perspectiva,
precisamos começar usando o tradicional aliado a novas tecnologias e metodologias ativas, para que
ocorra a transição entre os processos, pois, alguns alunos ainda não se encontram preparados para
A partir desse contexto, pode-se concluir que as metodologias ativas quando bem planejadas
e com intencionalidade, vislumbra-se como uma solução para um aprendizado mais dinâmico e signi-
ficativo, pois, podem conduzir a um maior estímulo do cognitivo e do raciocínio lógico, responsáveis
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375
Capítulo
16 ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO
376
ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-
-RACIAIS
Resumo: A luta contra o racismo no Brasil acontece desde o instante que pessoas negras foram
submetidas a escravidão, as formações dos quilombos são provas das resistências desses povos. Na
atualidade, uma das conquistas mais importante do Movimento Negro brasileiro, no âmbito da edu-
cação, foi a aprovação da Lei Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira” no currículo oficial de todas as redes de ensino do país,
posterior- mente alterada pela Lei Nº 11.645, de 10 de março de 2008 que acrescenta no currículo
oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indíge-
na”. A lei diz que os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena deverão ser
algumas pesquisas mostram que muitos professores da área não aderiram a proposta estabelecida,
por vários fatores, alguns alegam a falta de formação adequada para relacionar os conteúdos da área
com o tema em questão; outros sentem falta de materiais didáticos adequados para auxiliar o desen-
volvimento dos trabalhos, entre outras dificuldades. A partir desses apontamentos percebe-se que é
notória a neces- sidade de proporcionar meios para que a lei em questão seja efetivada. Essa pesquisa
foi pensada a partir da realidade vivida pela pesquisadora, que atua como professora de Ciências da
377
A contribuição das metodologias
Educação Bá- sica no município de Amélia Rodrigues – BA, onde ainda carece de implementação e
educação básica no referido município. Para isso foi realizada uma busca de referências bibliográficas
de práticas pedagó- gicas que relacionam o Ensino de Ciências com as relações étnico-raciais, com
o objetivo de disponi- bilizar esse material de forma mais acessivo para os professores, além de tra-
zer um aporte teórico sobre a importância de realizar uma educação para as relações étnico-raciais.
Também foi feita uma análise no Referencial Curricular do Município, considerando as abordagens da
temática étnico-raciais presente no referido documento, pretendia-se analisar também o Projeto Políti-
co Pedagógico (PPP) da escola que a pesquisadora atua, porém, o documento não foi disponibilizado.
Abstract: The fight against racism in Brazil takes place from the moment black people were subjected
to slavery, the formation of quilombos is evidence of the resistance of these peoples. Currently, one of
the most important achievements of the Brazilian Black Movement, in the field of education, was the
approval of Law No. official curriculum of all education networks in the country, later amended by
Law No. 11,645, of March 10, 2008, which adds to the official curriculum of education networks the
mandatory theme “Afro-Brazilian and Indigenous History and Culture”. The law says that contents
related to Afro-Brazilian and Indigenous History and Culture must be taught within the entire school
curriculum. In relation to the Curriculum of Natural Sciences, some research shows that many tea-
chers in the area did not adhere to the established proposal, due to several factors, some allege the lack
of adequate training to relate the contents of the area with the theme in question; others feel a lack of
adequate teaching materials to help with the development of the work, among other difficulties. From
these notes, it is clear that the need to provide means for the law in question to be implemented is no-
torious. This research was designed based on the reality experienced by the researcher, who works as
378
A contribuição das metodologias
a teacher of Basic Education Scien- ces in the municipality of Amélia Rodrigues - BA, where it still
lacks implementation and problematiza- tion. In this sense, it aimed to subsidize the effective imple-
mentation in the curricula of basic education in that municipality. For this, a search for bibliographic
references of pedagogical practices that relate Science Teaching with ethnic-racial relations was car-
ried out, with the objective of making this material available in a more accessible way for teachers,
in addition to bringing a theoretical contribution about the importance of carrying out an education
for ethnic-racial relations. An analysis was also carried out in the Municipal Curriculum Reference,
considering the approaches of the ethnic-racial theme present in that document, it was also intended
to analyze the Pedagogical Political Project (PPP) of the school where the researcher works, however,
INTRODUÇÃO
O combate ao racismo no Brasil existe desde o primeiro momento que os eu- ropeus come-
çaram a escravizar os corpos negros em território brasileiro, o surgimento dos quilombos são marcos
importantes da luta do povo negro por respeito e dignidade humana. Porém, se passaram muitos anos
para se obter o reconhecimento da exis- tência do racismo na sociedade brasileira e perceber suas
necessi- dade de adotar políticas de ações afirmativas como uma forma de reparação social por tantos
anos de exploração e exclusão. Oliveira Júnior e Matos (2020, p.20) nos informam que:
Foi somente no início do século XXI, ao ser realizado a III Conferência contra
do Sul - que foi reconhecido de fato à existência do racismo e suas conse- qu-
379
A contribuição das metodologias
vas. Esse marco foi um passo inicial, mas importante para começar a discutir
e dialogar acerca da temática das relações raciais nas Escolas Brasi- leiras.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), lei maior que rege o sistema educacional
brasileiro (BRASIL, 1996), foi alterada pela Lei Nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece
escolas do país (BRASIL, 2003), posteriormente foi complementada pela Lei Nº 11.645, de 10 de
março de 2008 que acrescenta no currículo oficial das redes de ensino a obrigatoriedade da temá-
tica “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”(BRASIL, 2008). Essa modificação na LDB foi
reinvindicações do Movimento Negro brasileiro (PEREIRA, 2016). No entanto, essa conquista tão
formidável pode não ter relevância alguma se os sistemas de ensino não aderirem a proposta, desse
modo, fica evidente que o maior desafio é realmente fazer cumprir a lei, já que é de livre adesão. Após
19 anos de sua aprovação ainda existe uma lacuna muito grande em relação ao que está escrito e sua
implementação.
A lei estabelece que os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos
indígenas brasileiros sejam ministrados em todo currículo escolar, isso inclui também o currículo de
Ciências da Natureza. Entretanto, alguns estudos indicam que muitos professores e professoras da
área de Ciências da Natureza não aplicam as Lei Nº 10.639/2003 e Lei Nº 11.645/2008 nas suas prá-
ticas pedagógicas, como citado por Verrangia e Silva (2010, p. 711). Entre os principais argumentos
está o fato de não conseguirem relacionar os conteúdos da área com o tema em questão; a falta de
formação adequada para conduzir essa temática; além da carência de materiais didáticos adequados
Esse fato está presente nas escolas da rede municipal de ensino na cidade de Amélia Rodri-
380
A contribuição das metodologias
gues – BA, onde a pesquisadora atua como professora de Ciências da Natureza nos anos finais do
Ensino Fundamental, e vivencia essa realidade. Alguns professores desenvolvem algumas práticas
pedagógicas relacionadas a essa temá- tica, porém, são atividades pontuais que, na maioria das vezes,
se restringem as co- memorações do 20 de novembro. Muitos argumentam que não se sentem capaci-
tados para estabelecer o diálogo entre o ensino de ciências com as referidas leis. Ademais, o Referen-
cial Curricular do Município que está em vigor, datado do ano 2016, não contempla as leis em questão.
O município de Amélia Rodrigues está situado no recôncavo baiano, cujo a história é mar-
cada pela produção de açúcar com base na mão de obra escravista. A cultura afro-brasileira está
presente no município, com a presença dos terreiros de candomblé, as festividades ligadas as religiões
de matriz africana, a culinária, etc. A cultura indígena é menos marcante, mas, ainda assim se faz
presente, por exemplo, o cultivo e consumo da mandioca. Inclusive é realizada a Feira do Aipim que
está indo para a oitava edição, a sétima edição da Feira do Aipim de Amélia Rodrigues ocorreu ente
16 a 20 de outubro de 2019 (7ª Feira do Aipim, Amélia Rodrigues. 2019). Em 2020 e 2021 não ocorreu
Junto desse rico cenário, observa-se que o currículo escolar não contempla a diversidade cul-
tural do município, o que reflete diretamente nas relações interpessoais dentro da escola. É recorrente
as práticas racistas nas instituições de ensino, e pen- sando no ambiente escolar como uma extensão
da sociedade podemos acreditar que esse cenário de preconceitos também se repete em outros lugares
fora dos muros da escola. Outrossim, sabemos que o racismo existe, retira direitos e marginaliza os
su- jeitos, além de provocar danos psicológicos que deixam traumas para o resto da vida, para superar
esse senário é necessário pensar a educação como meio de transfor- mação social, por isso é muito
importante inserir a temática das questões étnico-raci- ais nas práticas pedagógicas da Educação Bá-
Nesse sentido, essa pesquisa teve como objetivos analisar o Referencial Cur- ricular do Mu-
nicípio de Amélia Rodrigues e o Projeto Político Pedagógico da escola que a pesquisadora atua, levan-
381
A contribuição das metodologias
do em consideração as abordagens das temáticas ét- nico-raciais presentes nos referidos documentos;
além de pesquisar referências bibli- ográficas de práticas pedagógicas que relacionam o Ensino de
Ciências com as rela- ções étnico-raciais; criar uma curadoria de conteúdos que possam auxiliar os
para uma Educação Antirracista; incentivar o uso das Metodolo- gias Ativas.
Catu e na Mesorregião Metropolitana de Salvador. Sua localização está às margens da BR-324, mais
precisamente a 80 quilômetros da capital Salvador. Seu território faz limite com Conceição do Jacu-
ípe (Norte), São Sebastião do Passé (Sul), Terra Nova (Leste) e Santo Amaro (Oeste e Sul). Faz parte
do Território de Identidade Portal do Sertão, cujo município sede é Feira de Santana (BRUNO,2019).
REVISÃO TEÓRICA
existência de uma raça superior. O eurocentrismo se apropriou da teo- ria evolucionista desenvolvida
por Darwin no século XIX para subjugar determinados povos e justificar o racismo. Qualquer cultura
diferente da europeia era vista como inferior e, portanto, não teria valor. Diante dessa compreensão
muitos povos foram explorados, escravizados ou até mesmo exterminados, dessa maneira o eurocen-
trismo foi se consolidando ao longo do tempo. Felizmente, a biologia por meio de es- tudos genéticos
desmistificou a ideia da existência de raça humana biologicamente distinta, independente das carac-
terísticas físicas e culturais não há razão para tal clas- sificação. Para Francisco Junior (2008, p.401),
382
A contribuição das metodologias
fenômeno social.
O racismo surge na perspectiva de um grupo de indivíduos que se sentem su- periores, ex-
plorar outros grupos, que por serem diferentes, e serem mais desprovidos tecnicamente, são taxados
como inferiores. Sant’ana (2005, apud FRANCISCO JUNIOR, 2008, p. 399) traz a seguinte informa-
ção:
tó- teles, ao justificar que alguns povos estariam destinados ao trabalho duro
e forçado por nascerem mais fortes, enquanto outros, mais débeis e capaci-
pri- meiros (...) Tal ideia foi utilizada a partir do século XV para justificar a
No Brasil, durante o processo de colonização no século XV a princípio de sé- culo XIX, esse
entendimento de raça superior e inferior trouxe consequências desas- trosas para os povos indígenas
que aqui habitavam muito antes da chegada dos eu- ropeus, assim como para a população negra que
foi trazida para servir de mão de obra escrava. O racismo estruturou as bases da sociedade brasileira
e suas conse- quências foram e são desumanas para a população negra e indígena. Desde a priva- ção
do acesso a determinados cargos e espaços, a negação de oportunidades e di- reitos, além de estarem
No Brasil a população negra possui renda média per capita menor do que a população bran-
ca; são maioria entre os brasileiros localizados abaixo da “linha de indigência”; maioria da população
que constitui as favelas brasileiras; a média de anos de estudo da população negra e inferior a branca.
Esses dados revelam a realidade do racismo no Brasil, fruto de um processo histórico de exclusão e
383
A contribuição das metodologias
marginalização. Uma das maneiras de reverter essa realidade é por meio da educação. Porém, sabe-
mos que a educação em vigor não contempla a diversidade da população brasileira, dessa forma, é ne-
Para Francisco Junior (2008, p.404), “não problematizar o racismo na escola é reproduzir a
fruto da colonialidade, o autor lista alguns pontos neces- sários para a construção de uma educação
antirracista, a saber:
tes gru- pos na construção de nosso país; buscar materiais que contemplem
Na maioria das vezes o que se ensina na escola sobre a população afrodes- cendente são
narrativas construídas a partir do ponto de vista do colonizador quase sempre colocando-os em uma
384
A contribuição das metodologias
posição de inferioridade, fazendo com que neguem suas próprias identidades e ancestralidade. Um
exemplo muito comum é dizer que a população afro-brasileira veio dos “escravos”, como se essa con-
dição fosse inerente a esses povos, quando na verdade essas pessoas foram forçadas a estarem nessa
situação. Por isso é fundamental o debate sobre as relações étnico-raciais nas escolas de Educação
conhecimento eurocêntrico construído até então, mostrando para os indivíduos que existem outras
2019, p. 334).
Pinheiro (2019, p.331) nos lembra que a história dos povos africanos na maioria das vezes
é reduzida ao trágico evento da diáspora, para mudar essa perspectiva é necessário descolonizar os
Ainda em Pinheiro (2019) podemos refletir como a população negra teve suas histórias apa-
gadas ou contadas a partir do ponto de vista da branquitude, onde se colocam como superioridade ao
mesmo tempo que reduzem o povo negro a um lugar de submissão, destituído de humanidade. Como
consequência desse projeto de invi- sibilidade, hoje temos uma população que não tem o devido co-
“Criou-se não só a noção de raça negra como aquela atrasada, isenta de ca-
385
A contribuição das metodologias
Mesmo enfrentando inúmeras dificuldades ao longo do tempo o povo negro tem produzido
conhecimento em diversas áreas, em diferentes épocas e diferentes espa- ços. Porém, o projeto eu-
rocêntrico de nação não oferece visibilidade a estes e estas cientistas negros e negras. Como afirma
Pinheiro (2019, p. 336) “se levarmos em con- sideração que a humanidade surgiu na África e, com
ela, as primeiras civilizações, é extremamente plausível se pensar que foram estes primeiros humanos
que desenvol- veram formas de produção e reprodução de conhecimento”. Entretanto, o racismo in-
A luta do povo negro aqui no Brasil por respeito e dignidade humana acontece desde quando
os primeiros indivíduos foram forçados a deixarem suas terras para serem escravizados. Os povos
indígenas também não foram passivos diante de todo esse período de exploração e genocídio de seu
povo. Muitas conquistas foram alcan- çadas, entre elas a provação da Lei Nº. 10.639/2003 e a Lei Nº.
11.645/2008. Essas leis representam uma oportunidade de promover a igualdade étnico-racial por
meio da educação, valorizando a diversidade e permitindo que a história do Brasil seja con- tada por
meio de outras narrativas. A recomendação é que o estudo desses povos ocorra no ambiente escolar,
de forma sistemática e contextualizada, perpassando to- das as disciplinas, fazendo uma abordagem
positiva da história desses povos e do legado que deixaram (ALVES-BRITO; BOOTZ; MASSONI,
2018).
NICO-RACIAIS
humanidade, o Ensino de Ciências da Natureza deve contribuir com a for- mação humana dos sujei-
386
A contribuição das metodologias
Verrangia e Silva (2010, p.710), traz uma explicação sobre o conceito de edu- cação para as
ver práticas sociais livres de discriminação e contribuam para que elas com-
processo educativo que favoreça que negros e não negros construam uma
identidade étnico-racial positiva. Para tanto, é preciso que a história dos afro-
brasileira.
da educação brasileira, no sentido de torna-la mais democrática e re- presentativa, é necessário con-
siderar também que essa área de conhecimento no passado foi utilizada para justificar e sustentar
práticas racistas, agora há uma opor- tunidade de fazer essa reparação. Pode não ser uma tarefa fácil,
uma vez que os cursos de licenciatura em Ciências Biológicas em sua maioria não formam profissio-
nais para atuarem com essa vertente, mas, certamente é uma temática necessária e urgente. Francisco
Junior (2008, p. 406) aponta o desafio que é para os professores introduzirem o tema do racismo nas
aulas, nas palavras do autor, “o professor deve estar convicto de suas posições e bem fundamentado
teoricamente sobre a origem do problema, suas consequências e dados estatísticos das desigualdades
sociais”. Diante dessa realidade é esperado que os docentes busquem trabalhar com os estu- dantes o
387
A contribuição das metodologias
princípio da equidade, uma vez que a desigualdade social no brasil é fruto de um processo histórico e
Francisco Junior (2008, p. 408) fala da necessidade dos professores “buscarem na História
da Ciência e na História Africana, episódios ou práticas sociais e/ou cien- tíficas passíveis de serem
explorados em sala de aula”, e que esse conhecimento seja articulado ao conteúdo curricular, ainda
segundo o autor, não existe uma receita pronta para isso, porém, se faz necessário uma reorientação
curricular.
É importante destacar que existe a necessidade de uma formação inicial e con- tinuada que
permita aos professores de Ciências da Natureza ampliarem seus conhe- cimentos sobre a História
METODOLOGIA
Quanto a abordagem, essa é uma pesquisa classificada como qualitativa, uma vez que não
se preocupa com representatividade numérica, sua atenção está voltada para o aprofundamento da
compreensão de um grupo social. Em relação a natureza da pesquisa, está classificada como pesquisa
aplicada, já que seu objetivo é gerar conhecimentos para aplicação prática. Quanto aos objetivos, está
classificada como pesquisa descritiva do tipo Análise Documental. Quanto aos procedimentos é uma
pesquisa com duas classificações, é uma Pesquisa Documental e também bibliográ- fica, uma vez que
foi realizado uma análise documental e também uma busca de pu- blicações (SILVEIRA; CÓRDO-
VA, 2009).
388
A contribuição das metodologias
não sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes
drigues que está em vigor e a nova proposta curricular que se encontra em fase de homologação, o
Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola não foi anali- sado, uma vez que não foi disponibilizado.
Foram consideradas as abordagens das temáticas étnico-raciais presentes nos referidos documentos.
Em relação à pesquisa bibliográfica, segundo Fonseca (2002, p. 32, apud, SILVEIRA; CÓR-
Buscou-se na literatura especializada, com base em periódicos científicos, obras que discor-
ram sobre o Ensino de Ciências nas Relações Étnico-raciais. A partir dessa busca foi realizada uma
389
A contribuição das metodologias
síntese de práticas pedagógicas, com a finalidade de disponibilizar de forma mais acessível para os
professores.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O atual Referencial Curricular do município está em vigor desde o ano de 2016. Após ana-
lisar todo o documento foi encontrado apenas uma menção à Lei Nº 10.639/2003, contida no texto
introdutório da disciplina de História. Porém, não foi observado nenhum objeto de aprendizagem que
contemple a Lei Nº 10.639/2003 nem a Lei Nº 11.645/2008. Desse modo, não há uma abordagem da
temática étnico-racial no documento em questão, a referida lei foi apenas mencionada, sem nenhuma
Vale ressaltar ainda que, com a aprovação da lei n.10.639/03, mais um passo
Somente no ano de 2020, com a reelaboração do Referencial Curricular Muni- cipal foi in-
município de Amélia Rodrigues foi realizada por meio do Programa de Elaboração e Reelaboração
dos Referencias Curriculares nos Municí- pios Baianos, uma exigência da Base Nacional Comum
390
A contribuição das metodologias
Curricular (BNCC), esse Pro- grama foi estruturado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais
de Educação – Undime, e teve como objetivo a formação dos sujeitos curriculantes, para que pudes-
O programa teve início no dia 04 de maio de 2020, cada município foi convidado a criar uma
Governança tinham a função de formar e orientar as equipes que estavam à frente das ações curricu-
lantes nos municípios, essas equipes por sua vez tinham a responsabilidade de mobilizar os professo-
res e formar os Grupos de Estudos e Aprendizagens – GEAs, para a produção dos Referenciais Cur-
riculares. Em Amélia Rodrigues os GEAs inicialmente foram organizados por área de conhecimento,
depois foi modificado e passou a ser agrupado por disciplina, cada grupo era coorde- nado por um
docente da referida disciplina, por exemplo, o GEA de Ciências era co- ordenado por uma professora
de Ciências, desse modo os professores tiveram auto- nomia para construírem os currículos de suas
respectivas disciplinas.
A nova proposta curricular se encontra em fase de homologação, diante disso, será abordado
aqui apenas uma perspectiva da Área de Ciências da Natureza. A re- ferida área traz uma abordagem
referente as relações étnico-raciais, porém, há pou- cas sugestões de atividades diante das várias pos-
sibilidades que existem. No texto introdutório tem uma justificativa para assegurar a necessidade de
391
A contribuição das metodologias
DE HOMOLOGAÇÃO).
e expectativas de aprendizagem, as sugestões para trabalhar estão separadas por unidade temática,
Quadro 3.1. Abordagens das temá�cas étnico-raciais presentes na nova proposta curricular do
município de Amélia Rodrigues
392
A contribuição das metodologias
A partir da busca na literatura especializada foi selecionado alguns artigos ci- entíficos dos
quais foram extraídas algumas práticas pedagógicas com ênfase no En- sino de Ciências nas Relações
Étnico-raciais, essa ação teve a finalidade de disponi- bilizar de forma mais acessível um material
didático que irá auxiliar os professores nas atividades com a temáticas étnico-raciais no ensino de
Ciências da Natureza, há tam- bém algumas sugestões de objeto de conhecimento onde podem ser
p.712
A contribuição das metodologias
Silva (2010, consideração o contexto histórico em que as teorias foram produzidas. Por
a exemplo, a fundamentação do chamado “racismo científico”.
716) Analisar criticamente a história do conceito biológico de raças humanas, es-
clarecer o ressignificado do conceito de raças humanas como é utilizado pela
sociologia contemporânea e pelos movimentos sociais.
Ao trabalhar evolução e genética trazer uma abordagem da evolução hu-
mana para esclarecer a formação dos grupos étnico-raciais, a origem afri-
cana da humanidade e a evolução de caracteres como a cor da pele, etc.
Fazer uma análise crítica da utilização dos conhecimentos científicos pela
mídia na discussão, por exemplo, sobre políticas públicas, como as ações
afirmativas. Para tanto, podem ser promovidas atividades que identifiquem e
avaliem a veiculação de conhecimentos do campo da genética molecular,
marcadores gênicos, no contexto de discussões sobre as “cotas raciais”.
Formular atividades que debatam o determinismo reducionista biológico do
comportamento social. Para isso, pode-se analisar a veiculação pela mídia
de informações que, amparadas fragilmente em conhecimentos da biologia
evolutiva, desconsideram o papel da cultura e da aprendizagem sobre o com-
portamento humano.
Elaborar atividades que abordem, sob a ótica cultural das populações tradi-
cionais africanas e afro-brasileiras, o estudo: da vida; dos fenômenos natu-
rais; dos animais; das plantas; das relações entre formas vivas e não vivas;
da saúde; da produção de alimentos; entre outros, com a intenção de valo-
rizá-los enquanto patrimônio cultural mundial. Para isso, podem ser apresen-
tados aos estudantes fábulas, mitos, lendas e provérbios de matriz africana
e afrodescendente que abordem esses elementos e outros que sejam estu-
dados pelas Ciências Naturais.
Falar da importância dos conhecimentos de comunidades tradicionais afro-
brasileiras e ameríndias sobre ervas e plantas medicinais para a descoberta
de princípios ativos e medicamentos, no contexto científico contemporâneo.
Alves-Brito, A presente proposta apresenta alternativas para: a) propiciar um estudo sis-
Bootz e temático das constelações e do céu de povos indígenas e africanos que es-
Massoni tão disponíveis no objeto virtual de aprendizagem Stellarium, como ferra-
(2018, menta tecnológica voltada ao ensino-aprendizagem; b) fomentar as discus-
p.923,924) sões relevantes para as ciências exatas da contemporaneidade, principal-
mente aquelas associadas a relações étnico-raciais e a Astronomia Cultural.
Flávio Para conhecer o Objeto Virtual de Aprendizagem, Stellarium, possui uma sé-
(2022) rie de vídeos disponíveis no youtube, a exemplo do “Aprenda a utilizar o Stel-
larium”, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=AdsLpzI8FAo.
Fonte: Quadro elaborado pela pesquisadora.
Tem-se a seguir sugestões de prática pedagógica com o uso das Metodologias Ativas, Sala
de Aula Invertida e Portfólio Reflexivo, elas estão relacionadas com as unidades temáticas propostas
pela BNCC (quadro 3.3). As Metodologias Ativas são modelos de ensino que rompem com o modo
tradicional e estabelece uma pedagogia problematizadora, onde o estudante é protagonista do seu pro-
cesso de aprendiza- gem, desse modo o professor deixa de ser aquela pessoa detentora e transmissora
do saber e passa a ser um colaborador, tornando a aprendizagem significativa (PAIVA et al., 2016).
394
A contribuição das metodologias
Por isso, as Metodologias Ativas são aliadas no desenvolvimento do Ensino de Ciências na Educação
Além da Sala de Aula Invertida e do Portfólio Reflexivo são inúmeras as possi- bilidades de
desenvolver os métodos ativos de aprendizagem. Paiva et al. (2016) des- taca alguns exemplo, como:
aprendizagem baseada em equipe (TBL); círculo de cultura; seminários; trabalho em pequenos gru-
deba- tes temáticos; oficinas; leitura comentada; apresentação de filmes; interpretações mu- sicais;
dramatizações; dinâmicas lúdico-pedagógicas; portfólio; avaliação oral; entre outros. Cabe aos pro-
apropriadas para desenvolver o Ensino de Ciên- cias nas Relações Étnico-raciais, dentro de cada
contexto.
Quadro 3.3. Sugestões de Prá�cas Pedagógicas para o Ensino de Ciências nas Re- lações Étnico-raciais,
com o uso das Metodologias A�vas
Unidade Temática Sugestões de Práticas Pedagógicas Metodologias Ativas
Matéria e energia O município de Amélia Rodrigues Metodologia: Sala de Aula In-
está localizado no recôncavo baiano, vertida
é um local de história colonial mar- Para desenvolver esses te-
cado pela produção açucareira es- mas sugere-se que os alunos,
cravista, com a presença marcante com a orientação do profes-
do catolicismo e da religiosidade de sor, façam uma pesquisa em
matriz africana, como citado por relação ao tema que será tra-
Bruno (2019). Nesse contexto, ao en- balhado. Após realizar a pes-
sinar botânica, pode-se falar sobre a quisa e fazer o estudo do
cana-de-açúcar e abordar a impor- tema o aluno estará prepa-
tância dessa cultura para o desenvol- rado para compartilhar com
vimento econômico do município, os colegas os conhecimentos
deixar claro a grande contribuição adquiridos.
dos povos afrodescendentes nesse Em sala, organizados em
processo, de modo que enalteça es- grupo, os alunos comparti-
ses povos. lham com os colegas o que
Ao ensina sobre alimentação e nutri- aprenderam.
ção pode-se fazer referência a culi- por fim, o professor deve pro-
nária local, que traz vários pratos de mover o debate e trazer infor-
origem afrodescendentes e indígena, mações complementares, os
como por exemplo o caruru, vatapá, estudantes irão expor o que
acarajé, aipim e seus derivados, fei- aprenderam e também fazer
joada, etc. os questionamentos que por
Sugere-se também abordar395 a relação ventura venham a surgir.
das religiões de matriz africanas com
a alimentação que vai para além da
Bruno (2019). Nesse contexto, ao en- balhado. Após realizar a pes-
sinar botânica, pode-se falar sobre a quisa e fazer o estudo do
cana-de-açúcar e abordar a impor- tema o aluno estará prepa-
tância dessa cultura para o desenvol- rado para compartilhar com
A contribuição das metodologias
vimento econômico do município,
deixar claro a grande contribuição
os colegas os conhecimentos
adquiridos.
dos povos afrodescendentes nesse Em sala, organizados em
processo, de modo que enalteça es- grupo, os alunos comparti-
ses povos. lham com os colegas o que
Ao ensina sobre alimentação e nutri- aprenderam.
ção pode-se fazer referência a culi- por fim, o professor deve pro-
nária local, que traz vários pratos de mover o debate e trazer infor-
origem afrodescendentes e indígena, mações complementares, os
como por exemplo o caruru, vatapá, estudantes irão expor o que
acarajé, aipim e seus derivados, fei- aprenderam e também fazer
joada, etc. os questionamentos que por
Sugere-se também abordar a relação ventura venham a surgir.
das religiões de matriz africanas com
a alimentação que vai para além da
nutrição do corpo físico.
No município de Amelia Rodrigues é
realizada anualmente a Feira do Ai-
pim, sugere-se que use o momento
desse evento na cidade para abordar
a relação dos povos indígenas com a
alimentação. Reconhecer o forte con-
sumo do aipim na região como um le-
gado indígena e refletir sobre a im-
portância social e econômica que
esse alimento tem para os muníci-
pes.
Vida e evolução As religiões de matriz africana são Metodologia: portfólio refle-
bem marcantes no município, no con- xivo
texto da religiosidade pode-se traba- Nessa atividade o professor
lhar a intima relação que as religiões pode organizar rodas de con-
de matriz africana têm com a natu- versa e convidar griôs da co-
reza, fato que contribui com a preser- munidade para dialogar com
vação do meio ambiente, tanto em os estudantes sobre o tema
escolhido.
relação a biodiversidade como tam- Após cada encontro os estu-
bém em relação aos recursos mine- dantes devem registrar o que
rais, como os mananciais por exem- aprenderam, em forma de
plo. Sempre fazer referência as co- textos, poesias, desenhos,
munidades locais a fim de valorizar a pinturas, etc. todos os regis-
cultura regional. tros devem ser organizados
É possível também trabalhar em sala em um portfólio. Esse portfó-
de aula o uso das plantas medicinais lio pode ser com os registros
pela população local, herança indí- no papel, ou pode ser feito um
gena e afrodescendente presente no portfólio online, usando o Ins-
município. tagram por exemplo.
Terra e Universo Sugere-se que faça uma abordagem Metodologia: Sala de Aula In-
em relação aos conhecimentos da vertida
astronomia dos povos africanos e/ou Para desenvolver esse tema
indígenas do Brasil. sugere-se que os alunos fa-
çam uma pesquisa em rela-
ção a Astronomia Indígena e
Africana, essa pesquisa deve
ser realizada extraclasse, e o
estudo do material pesqui-
sado deve ser feito antes do
momento em sala de aula
com o professor.
Em sala os estudantes devem
se organizar em grupo e soci-
396
alizar o que aprenderam com
a pesquisa.
Após a socialização o profes-
município. tagram por exemplo.
Terra e Universo Sugere-se que faça uma abordagem Metodologia: Sala de Aula In-
em relação aos conhecimentos da vertida
astronomia dos povos africanos e/ou Para desenvolver esse tema
indígenas do Brasil. A contribuição das metodologias
sugere-se que os alunos fa-
çam uma pesquisa em rela-
ção a Astronomia Indígena e
Africana, essa pesquisa deve
ser realizada extraclasse, e o
estudo do material pesqui-
sado deve ser feito antes do
momento em sala de aula
com o professor.
Em sala os estudantes devem
se organizar em grupo e soci-
alizar o que aprenderam com
a pesquisa.
Após a socialização o profes-
sor abre o debate para que os
estudantes exponham o que
aprenderam e façam questio-
namentos.
O professor deve fomentar o
debate e trazer informações
complementares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se passaram 19 anos desde a aprovação da Lei Nº. 10.639/2003 e ainda não há resultados sa-
tisfatórios quanto ao seu cumprimento. É fundamental que os Refe- renciais Curriculares dos Estados
e Municípios incluam em seus documentos a Lei Nº. 10.639/2003 e a Lei Nº 11.645/2008. Porém, o
fato de existir a temática no currí- culo não significa que os docentes estejam aptos para trabalhar o
tema, é fundamental haver uma formação específica para garantir um resultado de excelência, além
do acesso a material didático apropriado para auxiliar os docentes nessa necessária ta- refa de inclu-
são.
Infelizmente, a maioria dos cursos de graduação em Ciências Biológicas não oferecem uma
formação que habilite o professor para realizar o ensino com um olhar para a diversidade étnico-ra-
ciais, com isso, o profissional deve buscar essa capacita- ção de forma consciente e autônoma.
Com essa pesquisa foi possível identificar que ainda há um déficit de publica- ções com essa
temática em língua portuguesa, a maioria dos artigos que contemplam a abordagem das temáticas
397
A contribuição das metodologias
étnico-raciais no ensino de Ciências da Natureza estão publicados em língua inglesa e francesa, como
inglesa e francesa, lacuna que pode ser preenchida por trabalhos de pesqui-
Na- turais.
Contudo, ainda que sejam poucas, existem na literatura excelentes publicações com essa
abordagem disponíveis em língua portuguesa, que servirá de ferramenta de estudo para os profes-
sores de ciências se aprofundarem no tema. Neste artigo há um compilado de algumas dessas refe-
rências. Lembrando que essa é uma pesquisa bi- bliografia com o objetivo de tornar o conteúdo mais
acessível para os docentes, sendo assim, é indispensável a leitura completa, dos artigos referenciados,
para um melhor entendimento do conteúdo. A segui há algumas referências que trazem contribuições
Aprovados: cursi- nho pré-vestibular e população negra. São Paulo: Selo Negro, 2002, p. 119-132.
BOATENG, F. African traditional education: a tool for intergerational communication. In: ASANTE,
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398
A contribuição das metodologias
122.
DIOP, C. A. Civilization or barbarism: for an authentic anthropology. Chicago: Lawrence Hill Books,
1991.
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DOMINGUES, M. B.; SÁ, M. R.; GLICK, T. (Orgs.) A recepção do darwinismo no Brasil. Rio de
DOMINGUES, M. B.; SÁ, M. R.; GLICK, T. (Orgs.) A recepção do darwinismo no Brasil. Rio de
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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401
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403
A contribuição das metodologias
e educação: desafios e potencialidades do ensino de Ciências. Educa- ção e Pesquisa, São Paulo, v. 36,
n. 3, p. 705-718, 2010.
404
Capítulo
17 METODOLOGIAS ATIVAS E A APREN-
405
METODOLOGIAS ATIVAS E A APRENDIZAGEM CRIATIVA NA ES-
COLA
Resumo: As escolas precisam superar a simples transmissão do saber, muito evidente nas salas de
aula tradicionais. Diante disto, é necessário dar significado ao conteúdo, no qual, muitos professores
têm inserido em suas aulas métodos ativos de uma pedagogia que enfatiza o despertar da criatividade,
vância da aprendizagem criativa, alinhada ao uso de metodologias ativas no contexto escolar, a partir
de revisão da literatura. Para tanto, procedesse a metodologia utilizada por meio do levantamento
bibliográfico de obras que abordam as temáticas principais do estudo, através da pesquisa bibliográ-
fica. Os resultados obtidos na discussão, constatou-se que o ensino e aprendizado é eficaz quando o
gem criativa no contexto escolar, pois socializa entre os colegas as trocas de ideias, em que existe o
se engajam ainda mais nos projetos o que proporciona melhorias. O que nos permite concluir que a
aprendizagem criativa e os métodos ativos possuem uma interconexão positiva, um desperta a apren-
dizagem de modo lúdico, criativo e dinâmico, o outro pode ser agregado nessas mesmas vertentes a
406
A contribuição das metodologias
Abstract: Schools need to overcome the simple transmission of knowledge, very evident in traditio-
nal classrooms. In view of this, it is necessary to give meaning to the content, in which many teachers
have inserted in their classes active methods of a pedagogy that emphasizes the awakening of creati-
vity, participation, interaction, and student protagonism. This study aims to understand the relevance
of creative learning, aligned to the use of active methodologies in the school context, based on a lite-
rature review. To this end, the methodology used was a bibliographic survey of works that address the
main themes of the study, by means of bibliographic research. The results obtained in the discussion
showed that teaching and learning is effective when the cognitive is awakened to learning, and the ac-
tive methodologies and creative learning are fundamental in the school context, because it socializes
the exchange of ideas among classmates, in which there is the act of teaching and learning, because
when there is a dialogue in the construction of knowledge, students engage even more in the projects,
which provides improvements. Which allows us to conclude that creative learning and active methods
have a positive interconnection; one awakens learning in a playful, creative and dynamic way, and the
other can be added to these same aspects depending on which method is employed.
INTRODUÇÃO
O contexto social atual exige que as instituições de ensino atendam à demanda de uma rea-
lidade que contempla alunos participativos, críticos e atuantes. As escolas precisam superar a simples
transmissão do saber muito evidente nas salas de aula tradicionais. É necessário dar significado ao
407
A contribuição das metodologias
em conhecimento. Neste intento, a escola, principalmente a sala de aula, deve buscar ser espaço dinâ-
Discussões a respeito desta temática se mostram relevantes, haja visto que estudiosos da área
educacional defendem há décadas um novo modelo de educação, onde o aluno seja protagonista, de
forma autônoma, numa perspectiva de educação construtivista de modo que “aprenda a aprender”
e tome gosto pelo aprendizado. Ou seja, que enxergue o mundo e a educação de forma libertadora,
Porém, é notável que a maior parte das instituições brasileiras persistem no modelo tradicio-
os alunos só ouvem, anotam, estudam, realizam exercícios e encontram soluções básicas para possí-
É certo que a busca constante por uma educação inovadora, com alunos ativos em seu pro-
cesso de ensino e aprendizagem, de modo criativo, que contribua para o seu desenvolvimento escolar,
e por consequência, sejam protagonistas do próprio aprendizado tem sido foco de vários profissionais
da educação. Pois a necessidade de métodos de ensino que rompam e que transformem as estruturas
inflexíveis do modelo de ensino tradicional, na mera transmissão dos conteúdos, foi bastante discu-
tida por grandes pensadores e pesquisadores como Dewey (1959), Freire (2002), Mizukami (1986),
Saviane (1991).
Para tanto, muitos professores têm inserido em suas aulas métodos ativos de uma pedagogia
nados ao contexto sociocultural real (CAMARGO; DAROS, 2018). É importante pensar na educação
com o seu poder de transformação social que muda o contexto e a realidade de muitos estudantes.
Para que isso aconteça os professores precisam adotar uma nova postura e métodos que visem tais
408
A contribuição das metodologias
transformações, tal como aponta Gemignani (2012), que para uma educação transformadora se faz
necessário mudanças didáticas nos currículos, pois, as competências dos profissionais de educação
precisam ir além do conhecimento específico, e isso exige uma maior colaboração, inovação nos mé-
ensino e aprendizagem, onde se concretizam nas estratégias adotadas pelo professor com suas abor-
Para Ausubel (1963, p. 58), “a aprendizagem significativa é o mecanismo humano, por exce-
lência, para adquirir e armazenar a vasta quantidade de ideias e informações representadas em qual-
quer campo de conhecimento”. Sendo assim, para ativar o mecanismo, é necessário que o aprendiz
tenha algum conhecimento prévio sobre o que esteja em pauta, ou seja, já deve existir uma estrutura
Elaborada por Mitjáns Martínez (2002, 2008, 2012), a aprendizagem criativa se refere a um
do aprendente frente ao confronto com os dados a partir de perspectivas e pontos de vistas próprios,
geração de novas ideias e conhecimentos que transcendem o que inicialmente foi posto; os quais dife-
renciam-se de outras abordagens de ensino, consideradas mais simples, mecânicas e/ou reprodutivas.
No entanto, reconhece-se que esse tipo de aprendizagem é ainda pouco pesquisada, compre-
endida e/ou estimulada nos contextos educacionais diversos, em especial no contexto escolar (AMA-
RAL; MITJÁNS MARTÍNEZ, 2009). Para Mitjáns Martínez (2009), essa abordagem de aprendi-
zagem deveria ser priorizada nos espaços educativos por dadas razões: ela promove a estabilidade
do que se é aprendido e as possibilidades de sua “transferência” para novos contextos; bem como, o
em alguma atividade que o aprendiz desenvolva (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012). Acredita-se que
409
A contribuição das metodologias
teórico através de algumas pesquisas até então desenvolvidas (MITJÁNS MARTÍNEZ, 2012; AMA-
RAL, 2011; OLIVEIRA, 2010). Para dar continuidade e avançar na compreensão sobre esse modo de
aprender e ensinar, o presente estudo buscará analisar a aprendizagem criativa em contexto formal de
contexto escolar?
Assim, no intento de permitir um melhor entendimento este estudo, tem por objetivo geral
texto escolar, a partir de revisão da literatura. Já, em relação aos objetivos específicos, levantar uma
breve discussão sobre o contexto histórico das metodologias ativas; compreender a aprendizagem
criativa nas escolas, buscando as possíveis semelhanças e relação na aplicabilidade de ambas, visando
compreendê-las ainda no contexto escolar e quais os desafios e possibilidades que podem ser empre-
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
bibliográfico de obras que abordam as temáticas principais do estudo, aprendizagem criativa e meto-
dologias ativas. Fonseca indica que “[...] a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos” (FONSECA, 2002,
p. 32). É um tipo de pesquisa que corrobora para o conhecimento outrora estudado, como e sob que
tigos, livros, dissertações, documentos impressos, publicações entre outros como defende Severino
410
A contribuição das metodologias
(2007) ...
A pesquisa bibliográfica de acordo com Macedo (1994, p. 13): “Trata-se do primeiro passo
em qualquer tipo de pesquisa científica, com o fim de revisar a literatura existente e não redundar o
tema de estudo ou experimentação”. Ainda nesse contexto para Lakatos e Marconi (2003, p. 183): “[...]
a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas
propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”.
O levantamento das obras investigadas ocorreram em bases de dados consideradas meios re-
levantes da divulgação da produção científica no Brasil, como: Scielo, Portal de periódicos da Capes,
Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, entre outros periódicos nas áreas de educação e
ensino.
A partir daí, foram discutidas pesquisas relacionadas a temática do presente artigo, analisan-
do sua importância e contribuição para a educação. O método da análise será descritivo (LAKATOS;
a respeito do tema explorado na pesquisa, de maneira que permita compreender a relação da apren-
dizagem criativa com as metodologias ativas, levando em conta as possíveis estratégias adotadas por
411
A contribuição das metodologias
centraram apenas no ensino, na perspectiva dos professores como figuras de poder para os alunos
(Nagai & Izeki, 2013; Áries, 2006). O processo de ensino tratava o conhecimento efetivo aquele o que
o professor ministrava, e o que o aluno deveria memorizar (Ariès, 2006). No ensino tradicional, os
professores devem ensinar, usar aspectos comportamentais, tais como: entender, aplicar, criar, anali-
sar e avaliar, tendo como principal metodologia o uso de aulas expositivas (Mizukami, 1986).
Por essa perspectiva e anseios de uma educação evolucionária, abriu-se espaço para a busca
que vem sendo trabalhado por anos, sendo evidenciado, haja visto a sua significativa contribuição na
aprendizagem dos envolvidos neste processo, sendo considerado um modelo de educação libertadora.
De acordo com Abreu (2009), a essência dos métodos ativos não é novidade. Para este autor,
os primeiros indícios de métodos ativos foram encontrados na obra Emílio de Jean Jacques Rousseau
(1712-1778), a obra é considerada o primeiro tratado sobre filosofia e educação no mundo ocidental,
século XIX até as primeiras décadas do século XX, com fundamentos auto-
zagem; de outro, como sujeito (aluno) que promoveria a sua própria aprendi-
412
A contribuição das metodologias
Freire (1987) aborda sobre o papel do educador revolucionário que deve estimular a confian-
ça na capacidade produtiva humana. Assim nos orientando a problematizar a educação, que por sinal
Sua ação, identificando-se desde logo, com a dos educandos, deve orientar-se
crença nos homens. Crença no seu poder criador (FREIRE, 1987, p.62).
Nesta perspectiva e explanação inicial, pode-se pressupor que a metodologia ativa se refe-
re à ação pedagógica e aos diferentes significados a ela relacionados, onde existem os sujeitos que
promovem a própria aprendizagem (alunos), sendo mediados pelos professores, de modo autônomo,
aprendizagem. Essa concepção surgiu muito antes do advento das TDIC, com
413
A contribuição das metodologias
Corroborando com isso, pode-se dizer que as metodologias ativas podem ser geridas com o
dos alunos, pois requer um senso de organização e colaboração (DIESEL, et.al 2017). Como disse
Zannon, et. al (2015), a utilização de metodologias ativas refere-se às ações dos alunos na aprendiza-
gem, permitindo que os professores atuem como mediadores e orientadores na construção do conhe-
cimento. O maior desafio, no entanto, é fazer com que os profissionais de ensino busquem adotar essas
abordagens ativas em vez das aulas expositivas tradicionais e conscientizar os alunos sobre seu papel
Existe ainda muita resistência dos profissionais da educação na adoção de métodos com-
preendidos como inovadores, dentro das escolas. Alguns ainda preferem o emprego de metodologias
deve ser um processo reconstrutivo, pois permite o estabelecimento de diferentes tipos de relações
entre fatos e objetos, desencadeia ressignificações/reconstruções e facilita seu uso em diferentes con-
Para melhor compreender o conceito de metodologias e seu contexto, vale destacar que...
Percebe-se pelo pensamento de Houaiss (2009), que toda metodologia empregada no ensino
tem uma intencionalidade em seus resultados, e que isto se obtenha em curto prazo. Para tal, é ne-
cessário traçar quais objetivos pretende atingir com o método utilizado, bem como as vias para sua
414
A contribuição das metodologias
melhor condução.
Ao que tange o entendimento a respeito das metodologias ativas, segundo Valente (2018, p.
27), estas “constituem alternativas pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e de apren-
problemas”.
Nessa perspectiva, compreende-se a relevância dos métodos ativos na educação, pois rompe
barreiras estruturais e tecnológicas, ganhando cada vez mais espaço nas escolas, valorizando o apren-
dizado, que também pode ser construído em ambientes externos de uma instituição.
modo colaborativo, para aprender e assim desenvolver-se cognitivamente, o que é significativo neste
processo. Assim como também para os profissionais da educação, que vislumbram a autonomia na
novas habilidades dos educandos é desafiador. Todavia, este mesmo caminho torna os professores
ainda mais reflexivos e proativos, ao explorar meios que se adequem as possibilidade de trabalho de
seus conteúdos.
É preciso experimentar, desafiar-se, e nesse contexto, avançar junto com os alunos, a medida
em que eles se integram no processo, compreendem-se como participantes e se envolvem com ativida-
415
A contribuição das metodologias
des mais complexas, rompendo barreiras que antes eram consideradas impossíveis, reconhecendo nos
métodos adotados, formas diferentes de adquirirem conhecimento, o que é importante para eles na
aquisição do conhecimento, bem como para os professores, como retorno de suas práticas educativas.
novas demandas educacionais, elas podem gerar resistência, estresse, desconforto e insegurança para
muitos professores. Portanto, todo processo de implementação deve ter como pilares de sucesso pro-
gramas de formação e apoio das escolas. Para tal, a sensibilização, conscientização e treinamento dos
professores é fundamental para a implementação bem- sucedida dessas metodologias (CECY et al.,
2003).
A categoria aprendizagem criativa foi elaborada por Mitjáns Martínez (2002; 2008; 2012), a
partir dos seus estudos sobre a criatividade como processo da subjetividade e a dimensão subjetiva
enquanto artifício para a produção de algo novo e pertinente para o aprender, no processo de apro-
priação de conhecimento do sujeito. A autora tomou como eixo norteador de suas compreensões de
criatividade, a concepção de homem que está na base do enfoque histórico-cultural desenvolvido por
Gonzáles Rey (2003). Isto a permitiu entender a constituição social do indivíduo, definindo a criati-
vidade como um processo complexo da subjetividade humana que se expressa na produção de algo
que é considerado ao mesmo tempo novo e valioso em um determinado campo da ação humana. Em
outras palavras,
416
A contribuição das metodologias
É possível perceber que a perspectiva adotada por Mitjáns (2003) se diferencia na produção
científica brasileira, no campo da criatividade, ao realizar um sistema teórico amplo que contempla
importantes precedentes para tal; a saber a aprendizagem significativa em Ausubel (1982) e em Rogers
(com a matriz humanista. De acordo com Mitjáns, essas concepções se aproximam da aprendizagem
criativa ao considerarem no processo de aprendizagem o sujeito como aquele ser central, envolvido
2008). Tendo em vista esse processo complexo da subjetividade humana que está implicado na cria-
questiona-se: o que poderia vir a ser esse produto em termos de aprendizagem na escola? Como res-
personalizadas pelo aluno, aos trabalhos diferenciados que ele constrói, a pro-
ele realiza, as soluções inusitadas que ele encontra para os problemas, etc.
Deste modo, na escola, durante as vivências de aprendizado, este novo é expresso através da
personificação que o aluno realiza sobre as informações que recebe neste contexto. A partir da sua
singularidade, ele transforma o conteúdo apresentado, na medida que se apropria dele. Tais informa-
ções, conteúdos captados, ganham um sentido original e próprio que se associam aos conhecimentos
417
A contribuição das metodologias
anteriormente construídos, os quais são convertidos numa nova produção que reflete um movimento
particular do aluno. E, exatamente neste aspecto, que resulta e reside o valor da aprendizagem criati-
va, enquanto mola propulsora para os processos de aprendizagem, aquisição de conhecimento, com
A escola, então, além de um ambiente para formação educacional, se torna também um dos
principais ambientes de formação integral, cidadã crítica e reflexiva. Sendo assim, é preciso repensar
as práticas pedagógicas adotadas, e como consequência disto, fazer emergir novos modelos de ensino
que possam atender aos desafios da atualidade e ao público alvo e diversificado de discentes (MOREI-
RA; SIMÕES, 2017). Vale enfatizar o quanto o estar em sala de aula no processo formativo pode ser
timular a criatividade de cada um, a percepção que todos podem evoluir como
Para aguçar e amadurecer o senso criativo dos discentes, o docente pode e deve tomar pro-
veito dos novos modelos educacionais, dos novos meios de ensinar: estes que buscam deixar de lado
textualizado com base nas vivências reais do aluno, que alcança papel de protagonista no percurso
418
A contribuição das metodologias
educacional pela mediação e incentivo do docente. Para Moreira e Simões (2017), é preciso criar
cenários para aplicação de metodologias ativas, traçando estratégias, elaborando planejamentos com
subsídio de novas abordagens e técnicas concretas específicas e diferenciadas, que sejam capazes de
Diesel, Baldez e Martins (2017), corroboram com este pensamento, quando evidenciam que
ao possibilitar um maior dinamismo no aprendizado que ocorre com estes estudantes no centro do
processo. De acordo ainda com estas autoras, “[...] com a utilização de metodologias ativas o aprendiz
passa a ter mais controle e participação efetiva na sala de aula, já que exige dele ações e construções
mentais variadas, tais como leitura, pesquisa, elaboração de hipóteses, entre outras” (p. 274). A utili-
mais eficientes quando dialogam com outras premissas metodologias, recursos e métodos, como o
caso da aprendizagem criativa que estimula e provoca o confronto, a autonomia, o diálogo, o respeito
e uma formação significativa para estudantes e professores, numa relação de troca e afeto. Logo, hi-
poteticamente, considera-se que não vale a pena somente o pensar ou discutir metodologias ativas, é
necessário repensar e implementar estratégias de ensino no cotidiano da sala de aula, que provoquem
no aluno, desde a tenra idade, o interesse e o envolvimento com situações problemas do contexto real,
que o motive a indagar, criar respostas, resultados e soluções para o âmbito que está inserido.
O esgotamento do modelo tradicional de ensino (FGV, 2009; Dayrell, 2012; Unicef, 2014),
inclusive em esfera internacional (Sibilia, 2012; Khan, 2013; Exame CEO, 2015), tem requerido es-
forços na modelagem e gestão de ações que aumentem o interesse dos alunos por suas trajetórias de
formação, ampliação do desempenho escolar, e meios que facilitem a aprendizagem, e o mais impor-
419
A contribuição das metodologias
tante, “formar espíritos capazes de organizar seus conhecimentos em vez de armazená-los por uma
Integrar tecnologias digitais e métodos ativos no processo educacional significa integrá- los
ao currículo, o que implica expandir seus conceitos para além do rol de tópicos de aprendizagem
planejados e identificar o real currículo desenvolvido na prática pedagógica, que consiste em conhe-
e métodos ativos estão interconectados. A medida em que em suas práticas rompem as barreiras dos
modelos considerados engessados de uma educação tradicional que não leva o aluno ao protagonismo
da sua construção educacional, vão agregando na educação libertadora e autônoma tanto para profes-
Neste entendimento, diante das transformações ocorridas no mundo atual, a educação pra-
ticada nas escolas precisa ser dotada de flexibilidade, de modo híbrido, digital, ativo. Isso é funda-
isso ser levado em consideração no planejamento educacional, já que não existe um único caminho.
Agregar a aprendizagem com métodos ativos em que existem situações como o jogo, recompensas,
competição, colaboração, possibilita que os alunos aprendam de modo mais instigador e dinâmico,
além disso, situações como a sala de aula invertida possibilita que o aluno aprenda fazendo, de modo
É importante perceber que saber traçar o perfil do aluno é fundamental para obter melhores
resultados no processo de ensino aprendizagem, no qual conhecer o aluno, o que ele espera da escola,
da vida dele, qual o momento em que se encontra bem como as reais dificuldades enfrentadas. Desse
modo, saber sobre a vida do aluno, valorizando a sua história, traz incentivos e engajamento aos estu-
dos, e nesse sentido, as tecnologias podem ajudar nessa interação (MORAN, 2017).
Percebemos a importância em buscar uma filosofia que seja capaz de compreender o mun-
420
A contribuição das metodologias
do discente na escola. Os métodos ativos com sua gama de possibilidades e a aprendizagem criativa,
pautada na criação como forma de aprender, desenvolvem e agregam positivamente o contexto esco-
lar. Além disso é preciso criar espaços dentro das escolas para a criação, escuta e ação, pois estimula
o cognitivo, a criatividade e a relação entre os aprendentes, seja na busca de soluções para problemas
cotidianos, como também propiciar a transversalidade na busca de conhecer o mundo por uma ótica
construtivista.
direta desta com o construtivismo e a adoção de uma educação mais criativa, significativa, inovadora
(2014), é necessário que os educandos aprendam a desenvolver soluções inovadoras para os problemas
inesperados das suas vidas, de modo que desenvolvam a capacidade de pensar e agir criativamente e
utilizar estratégias concebidas para superar as dificuldades encontradas no processo de ensino. Atu-
almente, o uso de outros espaços de aprendizagem (informais) está sendo discutido e integrado, como
421
A contribuição das metodologias
museus, parques e centros de divulgação científica, pois são ambientes que estimulam o pensamento
científico, além de incitarem a investigação, aumentando a curiosidade e têm um paralelo voltado para
Por conta dessas mudanças, algumas instituições de ensino têm buscado novas abordagens
para o processo de ensino aprendizagem, com destaque na reestruturação curricular, aliando a teoria
com a prática, do ensino com o serviço, por meio de métodos ativos de aprendizagem (Marin et al.,
2010).
que advêm da interação com as culturas digitais, desde a integração das TDIC (Tecnologias Digitais
de Informação e Comunicação), dos recursos, das interfaces e linguagens midiáticas à prática pe-
dagógica, para explorar o potencial de integração entre espaços profissionais, culturais e educativos
criando contextos legítimos de aprendizagem mediados pelas tecnologias. Para aumentar o engaja-
mento dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem, diante das práticas sociais inerentes à
cultura digital, os métodos de ensino devem ser reposicionados para integrar a mídia e as TDIC no
O aprender mais próximo do cotidiano, da vida, ganha sentido, uma vez que vai superando
a concepção de educação bancária (FREIRE, 2003), tradicional, ainda tão presente nos ambientes
educativos. Ao tomar como foco o discente enquanto aprendente central do processo, envolvendo-o,
escola (RESNICK, 2014). Oportunizar ambientes em que somem as conexões de pensamentos e co-
contribuírem para o melhor emprego metodológico, onde o mediador filtra as informações e adapta
a sua condução.
Aprender de modo criativo e com métodos ativos é uma oportunidade de explorar o contexto
422
A contribuição das metodologias
social local, tanto para o estudante quanto para o mediador, levando em consideração as realidades
à formação, os alunos aprendem a enxergar de um novo modo o mundo, criando soluções para proble-
mas do dia a dia, despertando o interesse na relação de conteúdo e realidade, onde por meio de todo
parte dos alunos, onde jogos, games, e materiais de interação permite ao aprendente a compreender
conteúdos de modo dinâmico, não só deixando-o como um jogador, mas um construtor de aprendi-
zagem, com estratégias, exercícios lógicos e cognitivos, fazendo o uso de informação e comunicação.
De acordo com Murr e Gabriel (2020), a educação pode ser muito beneficiada pela utilização da ga-
mificação, servindo para a motivação dos alunos no tocante às atividades, posturas e resolução dos
problemas além do mundo dos games. Nesse sentido, está ocorrendo um processo de ensino aprendi-
aplicação de conteúdos existem o Duolingo e plugin Level Up!, Kahoot, sendo que, no Moodle,existe
o plugin módulo de atividade do jogo no Moodle 3.0. No tocante ao Duolingo, no âmbito escolar,
existe uma adaptação da referida plataforma, denominada Duolingo para escolas, direcionada aos
docentes (BARROS et al, 2018, HONORATO, 2018). Nesse contexto, os docentes têm a possibilidade
de originar uma turma e depois criar atividades dentro do ambiente virtual, permitindo o acompa-
escolar de cada discente, pontuando-se as maiores dificuldades deles, por meio de uma análise dos re-
sultados alcançados (BARROS et al, 2018). Ainda de acordo com estes autores, esse acompanhamen-
to do progresso ocorre devido ao fato de que, cada tarefa é considerada uma fase e, após a conclusão
dela, existe uma liberação para a realização da tarefa seguinte, dando prosseguimento ao processo de
aprendizagem.
423
A contribuição das metodologias
Já, em relação ao plugin Level Up!, este plugin consegue verificar a interação do aluno com
as atividades elencadas em cada disciplina e por cada uma por meio dos denominados pontos de
“experiência”, espécie de premiação pela participação nas referidas tarefas (RIZETTI, 2019, MURR,
GABRIEL, 2020).
Este puglin tem características bem peculiares, que o tornam uma gamificação útil quando
se busca a motivação do aluno, uma vez que possibilita notificações de parabenização aos aprendizes
quando estes elevam de nível, uma lista na qual são exibidos seus melhores resultados, como um
so aos níveis mais elevados, por meio do número de etapas e da experiência exigida para cada fase.
Isso se dá de modo claro com a exibição de uma exemplificação dos levéis e o que é necessário para
Por fim, no módulo de atividade de jogo, plugin que pode ser usado no Moodle 3.0, existem
diversos jogos que podem ser usados, dada a interatividade deles. Tem diversas possibilidades, como
perguntas com Quiz de respostas curtas, questionários e glossários, além de uma variedade de jogos
com metodologias diversas, dependendo do contexto do jogo a ser objeto de uso. Dentre eles, estão o
jogo da forca, palavras cruzadas, glossário, sopa de letras, Milionário, Sudoku, imagem oculta, ser-
pentes e escadas, livros e perguntas (RIZETTI, 2019). No caso, por exemplo, do jogo Milionário, que
positivamente para a construção e independência dos alunos, além de romper as fronteiras de muros
da escola, partindo para a expansão social, criando um novo olhar da relação que é possível ter entre
escola e sociedade. Embora quando fala-se em gamificação, podemos ainda relacionar os jogos que
não necessitam de tecnologia digital para a sua execução, mas que contribuem positivamente para o
desenvolvimento dos alunos, onde convém ressaltar que a gamificação pode ser realizada sem aparato
424
A contribuição das metodologias
tecnológico digital. De acordo com Murr e Gabriel (2020), os elementos de jogos podem ser vistos de
forma manual, com a utilização de cartazes, anotações, medalhas e troféus desenhados em papel, nar-
rativas, pontuações, etc. levando em consideração toda a estrutura e concepção dos games de modo
Ainda no contexto escolar, o ensino híbrido é definido como um programa educacional for-
mal, onde é mesclado momentos em que os alunos aprendem os conteúdos e recebem as instruções
usando recursos online, e outros momentos de instrução em sala de aula, com a capacidade de intera-
preensão do conteúdo destacado por Cecílio (2020), pois é um elo que permite ao aluno também estar
na condução da sua aprendizagem, sendo norteado pelo professor, onde media todo o conhecimento,
conteúdo e norteia o que deve ser seguido pelo aluno, abrindo ainda mais o entendimento, transfor-
O ensino híbrido é dinâmico, pois propicia uma maneira de trabalho que, com o auxílio da
tecnologia, o docente consegue trabalhar melhor as aprendizagens dos alunos, visando a coleta e aná-
lise de dados das instruções, em que se consiga a realização de modificações no percurso do processo
do ensino aprendizagem de modo crítico e reflexivo. Como exemplos de ensino híbrido, destacam-se
425
A contribuição das metodologias
a Sala de Aula Invertida, Laboratório Rotacional, Rotação por Estações, Rotação Individual, Flex, À
A dinâmica e adaptação que podem ser feitas ao longo do ensino híbrido e de suas ramifi-
cações metodológicas em aplicação são positivas, pois haja visto a necessidade de cada grupo que se
trabalha, onde concepções, pensamentos, modo de aprender são diferenciados, além de incorporar em
sua aplicação, características da sala de aula tradicional, como também do ensino online. Sendo um
eixo que flui no desenvolvimento, ocorrendo diálogos entre os alunos e mediadores, oportunizam um
feedback sobre o que está sendo trabalhado, ajudando a manar ainda mais o conhecimento.
Outro método a ser aplicado é a sala de aula invertida, que corresponde na inversão do que,
papel do docente e do discente, no qual os estudantes tem acesso aos conteúdos disponibilizados com
antecedência pelos professores para estudarem sozinhos, e posteriormente, em contato com eles na
sala de aula, os alunos fazem a resolução das tarefas e aplicações práticas, conseguindo esclarecer as
Como destaca Moran (2018), onde diz que do ponto de vista educacional, a proposta de sala
de aula invertida vem surgindo em um momento de grandes oportunidades, em especial com a dis-
seminação das TDIC e o fato delas estarem adentrando a sala de aula das instituições. Na abordagem
desta metodologia, o conteúdo e as instruções recebidas online são aprendidos e estudados antes que
gem. A sala de aula se torna um lugar de aprender o que já foi aprendido, realizando atividades práti-
Por fim, outra metodologia que está no contexto escolar é a aprendizagem baseada em equi-
pes (ABE), a qual é uma metodologia ativa caracterizada por ser lúdica, na qual tem como base os
conceitos de sala de aula invertida, onde os discentes têm acesso aos materiais indicados pelos do-
centes antes da ocorrência da aula presencial, contemplando a prova individual, prova em equipes
426
A contribuição das metodologias
JÚNIOR, 2021).
cas de aprendizagem, e do professor como mediador na condução dos conteúdos. Além de enriquece-
rem suas atividades e trabalhos, transformam cada vez mais o que pretende ser trabalhado, além de
que se planejados, podem associar e serem usadas de modo conjunto, oportunizando a criatividade
em formas de aprender, conhecer e transmitir o conhecimento, estando estes não só associados a res-
APRENDIZAGEM CRIATIVA
Muitos professores acreditam que toda a aprendizagem é naturalmente ativa. Eles consi-
deram que quando o aluno participa assistindo uma aula expositiva, ele está envolto ativamente. No
entanto, pesquisas em ciências cognitivas mostram que os alunos devem fazer mais do que simples-
mente ouvir para que o aprendizado seja efetivo (MEYERS & JONES, 1993).
É visto a grande necessidade de métodos inovadores que sejam ainda mais eficazes na
promoção do conhecimento e acima de tudo que torne o saber significativo e acessível ao aluno,
onde o mesmo compreenda suas potencialidades e seu papel não só com avanços em componentes
curriculares, mas como protagonistas e construtores do saber. Sendo assim, os métodos ativos e a
aprendizagem criativa, propicia caminhos não só para o emprego de novas formas de aprendizado,
Na maioria das vezes, as escolas dão foco à entrega de instruções e informações, em vez de auxiliar
427
A contribuição das metodologias
processo? Ele é visto como um parceiro dos alunos, compartilhando responsabilidades, planejando
entanto, é importante que os professores saibam quais competências e habilidades eles querem que
seus alunos desenvolvam. Se essas competências não forem claras, as atividades perdem parte de seu
O papel do professor ganha bastante relevância, pois ele atua como orientador ou mentor do
processo, tendo a premissa de ajudar os alunos a irem além de onde podem ir sozinhos, motivando-os,
questionando-os, orientando-os. Até alguns anos atrás, ainda fazia sentido o professor explicar todo
o conteúdo e o aluno anotar, pesquisar e mostrar o quanto aprendeu. Estudos mostram que quando o
docente fala menos, orienta mais e os alunos participam de forma ativa, a aprendizagem é muito mais
a real autonomia aos estudantes reinventam a arquitetura do ensino ao fazerem uso de ferramentas,
mundo cada vez mais globalizado, há uma clara necessidade de preparar os alunos para os desafios
corrobora Camargo & Daros (2018, p.521), argumentando que “[...] as metodologias ativas de aprendi-
zagem estão alicerçadas na autonomia, no protagonismo do aluno. Têm como foco o desenvolvimento
Entretanto, isso requer mudança nos aspectos curriculares, de participação dos professores,
de configuração e organização das atividades didáticas/pedagógicas, bem como dos tempos e espa-
ços do dia a dia escolar. Quando movimentos como estes acontecem, evidencia-se que as escolas têm
pensado e tem trilhado novos caminhos, centrando o processo de ensino e aprendizagem de maneira
efetiva com problemas reais, desafios lúdicos e relevantes, jogos/games, atividades e leituras com gê-
428
A contribuição das metodologias
neros textuais diversificados, a partir de combinados e projetos estruturados coletivamente, com base
Dewey (1979a) considera a educação como um processo pelo qual os alunos exploram ativa-
mente o conhecimento e exercem a própria liberdade. O propósito da educação é visto como desen-
volver alunos com competência e criatividade, capazes de administrar sua própria liberdade. Neste
entendimento, é válido destacar o pensamento pedagógico, onde ele diz que “Aprender é próprio do
aluno: só ele aprende, e por si; portanto, a iniciativa lhe cabe. O professor é um guia, um diretor; pilota
a embarcação, mas a energia propulsora deve partir dos que aprendem” (Dewey, 1979a, p.43).
Existem duas faces da moeda na adesão de metodologias inovadoras, é essencial para a apli-
cação destas que os profissionais se desprendam dos métodos engessados e tradicionais da educação
a ser aplicado. Não existe uma metodologia padrão, pois a todo momento intercorrem mudanças, bem
como adaptações necessárias a depender dos alunos que passam pelo processo. É preciso abrir-se para
que a tecnologia seja agregada ao ensino de modo complementar, e não parte fundamental ...
não podem ocultar a outra face da moeda: é absurdo educar de costas para um
Situações reais, combinadas com os fatos da realidade dos sujeitos, estimulam o pensamento
global e a ação local, tanto dos alunos quanto dos mediadores, estes em especial, por se disporem a
compreender o contexto social onde atuam, com suas variações e diferentes realidades. “Ensinar exi-
429
A contribuição das metodologias
ge a convicção de que a mudança é possível [e que] o mundo não é, o mundo está sendo” (FREIRE,
1996, p. 85).
Ao analisar o pensamento de Freire (1996), onde diz que “o mundo está sendo”, analisamos
o que diz Masetto (2010, p. 67) a respeito do desempenho do profissional de educação ao defender
dizagem precisa ser orientado pela mesma perspectiva, de modo que o conhecimento seja trabalhado
Conforme corroboram os autores, é possível dizer que a aprendizagem está sendo trans-
formada quando os alunos atendem às seguintes condições (PEARSON; SOMEKH, 2006, p. 520):
cidadãos ativos que atuam de forma autônoma, assumindo a responsabilidade por seu próprio apren-
dizado. Além de engajar de maneira intelectual com ideias poderosas fazendo uso das habilidades de
A criatividade é uma habilidade essencial que deve ser cultivada na escola para adquirir sa-
onde para o autor a aprendizagem criativa a experiência do conhecimento deve ocorrer em espiral,
A comunicação entre pares também adquire maior importância. Os aprendizes trocam in-
e avaliam uns aos outros. Isso tem acontecido em grupos de redes sociais fora das escolas, onde in-
teresses e experiências são compartilhadas (MORÁN, 2015). Essa comunicação é excepcional, pois
trocas, visões e assim, criam novos conceitos, soluções e entendimentos. Para Kelley (2014, p. 17), a
430
A contribuição das metodologias
confiança criativa é “[...] a capacidade de imaginar, ou expandir, ideias originais”. Ainda, de acordo
com eles, “o maior valor da criatividade só surge com a coragem de colocar essas ideias em prática”
e, desta maneira, é entendido como confiança criativa “a capacidade de ter novas ideias e a coragem
para testá-las”. É essa confiança e atrevimento que são necessários, pois são despertares comuns que
tiram os alunos da sua zona de conforto expandindo o conhecimento, oportunizando, inclusive, uma
Abrindo entendimento para este pensar, destacamos que a auto avaliação está mais direcio-
nada ao aluno e seu processo de aprendizagem no percurso de uma disciplina. É um importante ins-
trumento para subsidiar o professor no desenvolvimento de suas atividades, porém deve ser utilizada
como ferramenta formativa, na perspectiva de contribuição para novas formas de aprendizado e não
como forma punitiva. Nesse entendimento, destacamos o pensamento de Vilas Boas (2008), “[...] dá
a chance aos alunos de apresentarem diferentes percepções sobre seu desempenho e sobre sua forma
de compreender o processo de aprendizagem”. Sendo fundamental para que o aluno enxergue seu
desempenho e dificuldades.
A avaliação contínua quando é inclusa no processo o enriquece ainda mais. Isso porque a
“[...] avaliação mais importante para os resultados da aprendizagem é realizada ao longo do processo
do aluno corrobora para que ele supere os desafios e avance no processo. Assim, é muito importante
“[...] avaliar o processo e não apenas o produto, ou melhor, avaliar o produto no processo [...]” (VAS-
cação é eficaz para que os docentes adotem métodos inovadores, como metodologias ativas e apren-
dizagem criativa em seus projetos pedagógicos, e não se sintam somente desafiados ou incapazes em
novos processos adotados, mas confiantes de ofertarem o conhecimento com criatividade e qualidade.
Que estas formações tenham apenas diretrizes curriculares exigidas. É de suma importância também,
431
A contribuição das metodologias
que os planos de aulas elaborados sejam ajustados a nova postura, pois proporcionam maior seguran-
ça ao professor, norteando na condução e reavaliação das aulas, fazendo enxergar as necessidades dos
alunos, à medida em que incorporam mais aprendizado, sendo este de via dupla, pois ao conduzir o
aluno o docente agrega ainda mais conhecimento, o que enriquece as aulas e práticas pedagógicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
principalmente pela flexibilidade que o mesmo proporciona, permitindo ao professor realizar altera-
ções cabíveis ao processo sem grandes prejuízos, pois ao planejar suas aulas ele não somente vislum-
bra o conteúdo a ser aplicado, mas a metodologia e práticas empregadas nas aulas, garantindo maior
essa tática são necessárias porque o sistema social em que eu existo compre-
ende outros sujeitos que também planejam com objetivos distintos dos meus
cessário para que se ampliem ainda mais as políticas educacionais, assim como também o professor
junto aos alunos, acompanhando diretamente, conduzindo, corrigindo e norteando cada etapa do
processo, pois garante o avanço do conteúdo, das práticas, da comunicação e socialização. Neste
sentido, planejamento, plano de aulas e necessidades educacionais precisam andar em paralelo para o
bom aproveitamento e desenvolvimento das instituições escolares (LUCK, 2008). A medida em que
432
A contribuição das metodologias
os resultados vão sendo apresentados, é possível progredir de modo a construir conhecimento e gerar
É notável que educação atual já rompeu com os modos tradicionais de ensino. Viabilizar
alternativas inovadoras e criativas é um desafio permanente para os professores, por mais que alguns
apresentem resistência na adoção de métodos inovadores. De tal forma, torna-se impossível não pen-
sar em uma educação libertadora, sem adotar uma nova postura metodológica. Destaca-se que ser
criativo nos proporciona a capacidade de compreender a vida a partir de novas formas de perceber,
sentir, pensar e agir, por meio de uma perspectiva interativa (PUJOL, 2009). Através da criatividade,
que desenvolvem e avançam seus conhecimentos por meio do pensamento criativo no intento de re-
Por outro lado, em alguns casos, pequenas mudanças no planejamento da prática docente po-
dem desencadear situações imprevisíveis no processo educativo. É preciso estar atento e pronto para
reprogramar atividades e melhor adequar-se, de maneira racional, pois como todo método, é preciso
estar preparado com outras alternativas. Assim, o planejamento traz maior segurança no emprego das
ações docentes.
relações sociais; tudo o que acontece no meio escolar está atravessado por
433
A contribuição das metodologias
te sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos
1994, p.222)
Se faz necessário a criação de espaços além da sala de aula. Neste contexto, percebemos
relações. Encontrar soluções para problemas que fazem parte da vida cotidiana. Fato que torna funda-
mental ouvir os alunos, criar espaços na escola para que eles possam desenvolver a criatividade, ser
Conforme salientado por Resnick (2014), é necessário que as crianças aprendam a desenvol-
ver soluções inovadoras para os problemas inesperados que surgirão em suas vidas, desenvolvendo a
capacidade de pensar e agir de maneira criativa, aprendendo a usar o conhecimento com objetividade.
de ideias transformam o ambiente educacional um espaço de convivência mais agradável, onde do-
centes e estudantes aprendem de forma significativa, imaginativa e integrada (Torre e Pujol, 2013).
Nessa perspectiva, acredita-se que melhorar e desenvolver a criatividade dos aprendizes está direta-
mente relacionado à capacidade de inovação dos professores que fazem esse papel fundamental na
condução do conteúdo, direcionando o melhor caminho para o aprendizado, valorizando ainda mais
como a gamificação, o ensino híbrido com suas ramificações, por meio da aprendizagem dinâmica
onde a singularidade de um conteúdo pode o tornar plural, conforme pretenda-se trabalhar dentro de
sala de aula. Todo este processo baseado na autonomia do aluno, mas passando pelo acompanhamento
434
A contribuição das metodologias
camente ao uso das Tecnologias digitais de informação e comunicação-TDIC, porém nem todos os
métodos possíveis de serem aplicados fazem uso exclusivo de tecnologia digital. Pelo contrário, os
meios tecnológicos são suportes que contribuem para a condução favorecendo o aprendizado, e pen-
A criatividade é iniciada pelo professor, que através de sua mediação, estimula os alunos,
conteúdo, o fluxo maior de ideias e a elaboração de mapas conceituais são ferramentas poderosas,
segundo autores:
gem e quando socializado entre os colegas nas trocas de ideias ensinando e aprendendo. Quando há
um diálogo na construção do conhecimento, os estudantes se engajam ainda mais nos projetos, o que
proporciona melhorias, como destaca Morán (2018), dizendo que a aprendizagem é mais significativa
quando motivamos os alunos de perto, quando eles encontram sentido nas nossas atividades propos-
tas, quando os professores entendem suas motivações profundas, quando eles se engajam em projetos
de modo a trazerem mais contribuições, quando há conversas sobre as atividades e formas de realiza-
conteúdos, proporcionando melhorias, seja no plano de ensino, no emprego de metodologias que me-
lhor agreguem aprendizado, como também permite ao aluno reconhecer falhas durante o processo
435
A contribuição das metodologias
que podem ser revistas. Compactuando com essa ideia, compreendemos que “A auto avaliação é o
processo por excelência da regulação, dado ser um processo interno ao próprio sujeito” SANTOS
(2002, p. 02). Auto avaliar-se permite ao aluno ponderar suas responsabilidades, seu próprio compor-
tamento, atitudes, identificar pontos fortes e fracos e, principalmente, as necessidades para alcançar
os objetivos que deseja. Além disso, permite desenvolver um senso de responsabilidade pessoal e uma
apreciação pelo poder dos esforços individuais e de grupo. Atrelado a capacidade de análise contínua
onde se leva em conta “[...] o que já aprendeu, o que ainda não aprendeu, os aspectos facilitadores e os
CONSIDERAÇÕES FINAIS
aulas, demandam ousadia, parceria entre indivíduos na escola, num espaço como um todo, pois essa
docentes, o que é positivo, construtivo seja na aplicação de metodologias ativas consignando com a
aprendizagem criativa. Porém, é preciso cuidado ao adotar inovações, para que não desqualifique os
métodos antigos, que vinham sendo empregados, uma vez que estes também oferecem sua contribui-
aprender criativo desperta a ludicidade, criação, inovação e dinâmica. Estes métodos ativos podem
ser agregados nessas mesmas vertentes, a depender de qual metodologia o mediador deseje empregar
com seus alunos. São formas de envolver os estudantes, mostrando-o que ele de fato é o construtor do
próprio aprendizado, onde sala de aula e escola caminham em parceria para o seu desenvolvimento e
436
A contribuição das metodologias
qualidade educacional.
Respondendo à questão elencada para o presente estudo, verifica-se como é valioso a cons-
pensar e agir se faz tão necessário na formação dos estudantes. Assim, consegue-se que os discentes
aprendam melhor, já que existem estímulos que fomentam a geração de novas ideias, na busca de
soluções para os problemas encontrados e projetos dados, em um contexto de prática aplicada a teoria
vista.
do aluno, possibilitando uma maior interação e um papel colaborativo, no qual o aprendizado acaba
levando em consideração as experiências vivenciadas e tudo que foi construído nessas interação,
Por fim, para que ocorram os benefícios advindos da aplicação de metodologias ativas dentro
do contexto da aprendizagem criativa, deve-se haver todo um planejamento pedagógico que considere
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Capítulo
18 JOGOS NO ENSINO DE QUÍMICA: IM-
PORTÂNCIA E POSSIBILIDADES
448
JOGOS NO ENSINO DE QUÍMICA: IMPORTÂNCIA E POSSIBILIDA-
DES
disponíveis na internet se referindo a utilização de jogos no ensino de química. São muitos os desafios
na área educacional e também muitas possibilidades de inovações nas práticas pedagógicas. Quando
competir, a vencer, interagindo com seus colegas, logo o docente consegue atrair a atenção e motivá-
-los a expandir o saber. O uso de jogos adaptados ao ensino de química permite reforçar os conceitos
científicos básicos ministrados de maneira clara e objetiva, com o intuito de colaborar com as aulas
de química no ensino médio, buscando tornar a disciplina mais atraente. O objetivo do trabalho é in-
vestigar sites e jogos pedagógicos aplicáveis ao ensino de química no nível médio. Visando aspectos
propícios a aprendizagem efetiva, que de fato o aluno possa compreender os conteúdos abordados. O
trabalho investigou recursos e estratégias de ensino com o uso das tecnologias digitais voltadas para o
ensino de química, indicando jogos adaptáveis ao ensino, como os jogos de cartas, jogos digitais on-li-
ne e também software. Portanto, existem recursos digitais acessíveis e disponíveis para serem usados
449
A contribuição das metodologias
em química. O professor é indispensável no processo educacional, sua ação exige atualização contí-
nua, busca constante para conhecer os recursos tecnológicos disponíveis e estar disposto a integrar a
Palavras-chave: Recursos digitais. Jogos no ensino de química. Práticas pedagógicas. Inovação. Lin-
guagem digital.
Abstract: The digital language came to add the oral and written language, streamlining and expan-
ding the teaching and learning process. There are many challenges in the educational area and also
many possibilities for innovations in pedagogical practices. The objective of the work is to investigate
websites and pedagogical games applicable to the teaching of chemistry at the high school level. Ai-
ming at aspects conducive to effective learning, that in fact the student can understand the contents
covered. The work investigated resources and teaching strategies with the use of digital technologies
aimed at teaching chemistry, a literature review indicating games adaptable to teaching, card games,
online digital games and also software. When games are used in the construction of knowledge, the
participants of the process feel encouraged to compete, to win, interact with their colleagues, so the
teacher can attract attention and motivate them to expand their knowledge. The use of games adap-
ted to the teaching of chemistry allows reinforcing the basic scientific concepts taught in a clear and
objective way. In order to collaborate with chemistry classes in high school, seeking to make che-
mistry-related disciplines more attractive. Therefore, there are accessible and available digital resour-
ces to be used in high school, enriching and enhancing the learning of natural sciences, especially
in chemistry. The teacher is indispensable in the educational process. His action requires updating
knowledge, constant search to know the technological resources available, being willing to integrate
450
A contribuição das metodologias
Keywords: Digital Resources. Games in teaching chemistry. Pedagogical practices. Innovation. Di-
gital language.
INTRODUÇÃO
As práticas de ensino motivadoras devem ser inseridas no processo educacional para tornar
mais atrativa e significativa a aprendizagem, ajudando de maneira efetiva, sendo necessário que os
pedagógicos e proposta de ensino para aplicação em sala onde tornarão as aulas mais prazerosas.
As aulas diversificadas e dinâmicas que despertem o interesse do aluno contribui para uma
maior participação dos estudantes sobre conteúdos abordados em sala de aula, pois segundo Fialho
(2007) para estimular o intelecto sobre os assuntos propostos, é necessário aproximar-se o máximo da
A comunidade escolar vive em meio a tecnologia digital, trazer e aproximar essa tecnologia
para o ensino e aprendizagem contribui de forma efetiva, tornando as aulas mais atualizadas com
gráfico. Os envolvidos no processo educacional são instigados a conhecer e a aplicar cada vez mais os
Oliveira, Casagrande e Galerani (2016) a inserção de novas tecnologias no processo de ensino é fun-
damental para que ocorra melhorias na educação. A linguagem digital veio somar a linguagem oral e
Com isso, existe a necessidade de buscar novos métodos e recursos pedagógicos que estimu-
lem a participação dos estudantes, a interação entre professores e alunos e que promova a construção
451
A contribuição das metodologias
dem trazer mais encanto e significado para a vida pessoal e profissional dos
2018, p.4)
seres humanos conscientes e ativos na sociedade. Ainda de acordo com Felício e Soares (2018) os
professores devem saber a importância da química para as pessoas e para a sociedade e o que buscam
são mecanismos para que o entendimento se torne realidade, sendo defendido o uso do lúdico como
alternativa.
rus (COVID 19) exigiu o uso de métodos que vinham sendo acrescentados lentamente ao processo
educacional, de repente como uma urgência, através do auxílio das tecnologias digitais com acesso à
internet foi dado continuação ao processo de ensino e aprendizagem apesar da distância física.
Assim, professores e alunos utilizaram o ensino remoto, com o auxílio de ferramentas como
o WhatsApp, o Google sala de aula, o Google formulário, o Google Meet, Conetaai (plataforma da
rede estadual de ensino de Pernambuco), entre outros recursos possibilitando que a barreira da distân-
A busca por novos métodos e tecnologias de ensino chegou a um ponto inevitável, onde não
é possível voltar aos métodos tradicionais, os novos métodos de ensino chegaram para contribuir com
a construção do conhecimento.
452
A contribuição das metodologias
nas práticas pedagógicas. Nesse contexto, professores, profissionais da educação e estudantes são
convocados a está em constante aprendizado, incluindo cada vez mais o uso das tecnologias digitais
ensino de química no nível médio. Visando aspectos propícios a aprendizagem efetiva, que de fato o
aluno possa compreender os conteúdos abordados em sala de aula, proporcionando um ensino dinâ-
mico e de qualidade. O uso das tecnologias em sala de aula, programas de computadores e/ou jogos
físicos e virtuais, tais como jogo da memória, dominó, cartas do tipo baralho, tabuleiros do tipo dama,
xadrez, fubica, jogos com dados de um a seis, adaptados ao ensino de química são ótimos recursos
METODOLOGIA
O ensino de química pode ser realizado com metodologias diversificadas para a melhoria da
prática de ensino dessa disciplina, onde teoria e prática se intercalam e se relacionam ao cotidiano,
sendo necessário aproximar essa ciência a realidade do aluno. Como afirma Oliveira, Casagrande
e Galerani (2016) a tecnologia mais utilizada pela comunidade jovem têm sido a linguagem digital
com uso de smartphones, que hoje pode substituir os computadores com todas as funções associado
a maior velocidade, baseada no acesso aos computadores e seus periféricos, à internet e aos jogos
O trabalho investigou recursos e estratégias de ensino com o uso das tecnologias digitais
voltadas para o ensino de química no ensino médio. Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a
utilização de jogos no ensino de química, com o auxílio dos sites de buscas Google, Google acadê-
mico e o portal só química. Também foi realizada buscas em livros como O Ensino de Química e o
Cotidiano e Jogos no Ensino de Química e Biologia. Assim, apresentamos alguns jogos de tabuleiro
453
A contribuição das metodologias
adaptados ao ensino de química, jogos digitais on-line no portal só química e também software de
jogos adquiridos financeiramente, como propostas para serem trabalhadas em sala de aula com a dis-
A utilização dos jogos pedagógicos como proposta de ensino pode ajudar professores e estu-
O presente trabalho utilizou o método da pesquisa bibliográfica que é um apanhado geral de traba-
lhos já realizados, fornecendo dados relevantes pertinentes ao tema trabalhado (Lakatos e Marcones,
2003).
beres, o aprender segue durante toda a vida. Fernandes e Castro (2013) afirmam que os games esti-
Existem nomenclaturas próprias da ciência que precisa ser assimilada, para um melhor desempenho
tor motivacional é intrínseco ao desejo de aprender, sendo assim o professor deve motivar seus alunos.
454
A contribuição das metodologias
tigados a competir, a vencer, interagindo com seus colegas, logo o docente consegue atrair a atenção
Segundo Silva e Guerra (2016) o uso de atividades lúdicas foge das aulas tradicionais, sua
aplicação no ensino de química chama a atenção dos alunos, torna as aulas de química mais interes-
fora dela, é com a utilização de atividades lúdicas diversas, onde podemos destacar os jogos físicos
que são utilizados para revisar conceitos abordados anteriormente em sala, de forma clara e objetiva,
dentre esses jogos podemos destacar os jogos de cartas, o dominó e os jogos de tabuleiros, que dina-
Como afirma Felício e Soares (2016) a sala de aula deve ser modicada no sentido de despertar
o interesse dos estudantes para o conhecimento, eles estão inseridos em uma cultura de redes sociais
Assim, sempre que possível, deve ser utilizados recursos didáticos que chamem a atenção
e estimulem a imaginação dos alunos afirma Fernandes (2007), visto que dessa forma é possível a
obtenção de melhores resultados ao final do ciclo educacional, uma vez que os alunos foram incenti-
vados ao aprendizado de diversas formas. A seguir temos algumas propostas de atividades possíveis
455
A contribuição das metodologias
compreender melhor essa ciência, que assim como as outras tem nomenclaturas específicas e se faz
necessário assimilar. O dominó é um tipo de jogo de mesa, um dos jogos mais antigos e atraentes
que a humanidade conhece, pode ser jogado por todas as idades. A figura 1 apresenta um modelo do
dominó de química envolvendo o estudo da tabela periódica e os seus elementos químicos. O jogo
disponibilidade de material.
456
A contribuição das metodologias
O estudante pode ter uma tabela periódica a seu dispor para tirar eventuais dúvidas que
possam surgir durante a realização da tarefa. Pode ser verificado durante a realização da atividade a
melhoria na capacidade dos estudantes se relacionar em grupo. Cada dominó pode ser jogado por 4
A utilização do dominó pode ser estendida a conceitos básicos que requerem assimilação de
nomenclaturas, então o professor pode adaptar a sua realidade e ao conteúdo trabalhado no momento,
Outra proposta de jogo educacional é os pares químicos, uma adaptação do jogo do mico,
que é um tipo de jogo de cartas, tem por prática fazer o maior número de pares possíveis (FIALHO,
2007). A prática do jogo relaciona a nomenclatura de compostos orgânicos com sua fórmula estru-
tural, essa proposta de aula é uma continuação, o professor deve ter iniciado a nomenclatura dos
compostos orgânicos segundo a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC, do inglês:
International Union of Pure and Applied Chemistry) e conceitos básicos da química orgânica, com
isso os estudantes terão condições para realizar as atividades propostas, sendo portanto, uma ativida-
de de verificação de aprendizagem.
Em sala de aula formam-se grupos de 4 a 5 estudantes, cada grupo recebe as cartas do jogo
pares químicos e as orientações, a tarefa é associar os pares corretos entre os nomes dos compostos
orgânicos e suas respectivas estruturas químicas, em seguida montar um cartaz e expor na sala de
457
A contribuição das metodologias
aula. A figura 2 mostra o jogo pares químicos que são cartas aleatórias com representação de estru-
Fonte:http://www.quimica.seed.pr.gov.br/arquivos/File/AIQ_2011/livreto_quimica_4.pdf
Jogar cartas é uma atividade divertida, interessante e atrativa, possibilitando momentos pra-
zerosos e uma sociabilização muito grande. O estudante aprende brincando e sua atenção está voltada
ao jogo. Nem todas as aulas é possível e necessário os jogos, porém é um incentivo, assim sendo os
jogos são uma forma diferenciada de reforçar e revisar os conteúdos, uma alternativa, saindo da rotina
458
A contribuição das metodologias
Desenvolver um game requer uma equipe multidisciplinar, não é uma tarefa que cabe exclu-
De acordo com Silva e Guerra (2016) despertar o interesse dos alunos para a aprendizagem
vem se tornando uma tarefa cada vez mais difícil para o professor, com isso surge a necessidade de
uma diversificação no ensino, sendo a inserção das novas tecnologias uma opção para os novos mé-
todos de ensino.
A sociedade está sempre em evolução, os meios de comunicação estão cada vez mais atu-
alizados e aí se questiona, como aproximar as gerações atuais inseridas nesse meio tecnológico no
um jogo didático em química parece ser bem promissor. Diante das pesquisas realizadas será exposto
Com o intuito de colaborar com as aulas de química no ensino médio, buscando tornar os
conteúdos das áreas da química, como química orgânica, química geral, química inorgânica, mais
No portal só química se encontra o jogo Nomes e símbolos dos elementos químicos, repre-
sentado na figura 3 adiante, nele o estudante deve observar o nome do elemento químico apresentado
459
A contribuição das metodologias
e marcar a opção que corresponde ao seu símbolo. Após cada jogada é indicado se acertou, errou, e
Também se localiza no mesmo portal, o jogo Imagens e nomes dos elementos químicos,
apresentado na figura 4, neste jogo o aluno deve observar a imagem exibida e identificar qual elemen-
to químico está relacionado a ela, marcando então a opção correspondente, ele afirma se acertou ou
460
A contribuição das metodologias
com.br/jogos/ , na sessão pratique – jogos on-line, esses podem ser jogados gratuitamente.
No portal só química se encontra um Software de baixo custo financeiro que pode ser com-
prado e baixado em qualquer computador, chamado “química divertida vol.1”, essa edição contém 15
jogos para auxiliar o aprendizado de química no ensino médio, neste trabalho será apresentado alguns
Um dos jogos apresentados foi o intitulado Objetos de Laboratório sua atividade envolve
lhos e vidrarias. Para realizar a atividade proposta o participante utiliza as setas (←↑→↓) do teclado
para mover o cientista e a tecla espaço para pegar e guardar os objetos de laboratório apresentados.
A missão do estudante é colocar os objetos no seu devido lugar, sua representação está na figura 5
abaixo.
461
A contribuição das metodologias
Na figura 6 abaixo está representado outro jogo chamado Encaixando os Elementos, os estu-
dantes precisam associar os elementos químicos da tabela periódica às suas respectivas aplicações no
mundo real. Um jogo ilustrativo que apresenta dicas para descobrir os elementos mencionados, ganha
e perde pontos segundo a necessidade de novas dicas, ele também conta com a dica extra. Ganha o
Outro jogo indicado é o Quem diz a verdade? Se encontra representado na figura 7 abaixo, o
objetivo é testar os conhecimentos sobre a evolução dos modelos atômicos, associando os nomes dos
462
A contribuição das metodologias
Na sequência está o jogo Boliche das substâncias, representado na figura 8 abaixo, nele são
trabalhado as funções químicas inorgânicas, proporcionando ao jogador analisar cada composto sor-
463
A contribuição das metodologias
aborda os métodos de separação de misturas, sendo sorteado um processo de separação, são dadas
quatro alternativas a respeito do tema e uma delas não corresponde a resposta certa.
para a vida, espera-se que essas inovações contribuam ainda mais para o crescimento intelectual dos
indivíduos. Portanto, existem recursos digitais acessíveis e disponíveis para serem usados no ensino
464
A contribuição das metodologias
médio em toda e qualquer matéria, enriquecendo e aprimorando o aprendizado das ciências da natu-
O professor é indispensável no processo educacional, sua ação exige atualização dos saberes,
Segundo Fialho (2007) para fugirmos da rotina em sala de aula, não é necessário muito re-
curso, pois podemos organizar uma aula mais prazerosa e atrativa através de um jogo simples. Toda
evolução requer esforço e dedicação para ter êxito. Sendo assim o professor deve estar disposto a
CONSIDERAÇÕES FINAIS
em sala de aula. O homem convive com os avanços da tecnologia e sua melhoria na qualidade de vida
desde o começo da humanidade, elas evoluem e se adéquam as diferentes épocas. (OLIVEIRA, CA-
ou proposta pela coordenação pedagógica ou ainda por recomendação das secretarias de educação,
estadual ou municipal, ao qual o professor esteja vinculado, tecendo uma perspectiva de educar com
mediação da tecnologia digital, que implica prover aparelhos atualizados e compatíveis aos progra-
mas computadorizados, especialmente aos estudantes que não tem acesso a essa tecnologia digital.
465
A contribuição das metodologias
também por parte das instituições de ensino fornecerem apoio tecnológico necessário. Assim, tam-
bém na possibilidade de escassez de recurso, o uso da criatividade por parte de professores e alunos
é indispensável para a busca de inovações compatíveis a realidade, não se conformando com as difi-
culdades enfrentadas.
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467
Capítulo
19
GAMIFICAÇÃO: PERSPECTIVAS E EN-
468
GAMIFICAÇÃO: PERSPECTIVAS E ENTRAVES APLICADAS A SALA
DE AULA
cadas, bem como apresentar as possibilidades de gamificação em sala de aula a fim de trazê-la como
aliada no processo de ensino-aprendizagem na escola de modo geral. Um dos espaços virtuais mais
utilizados, principalmente entre a juventude em idade escolar, têm sido os jogos digitais. Por esse
motivo, no decorrer dos últimos anos o jogo digital tem se tornado um novo campo de estudo, o qual
tem como fundamento a premissa de que estes são extremamente estimulantes. Mas surge o ques-
tionamento: Por que os jogos de tabuleiro e os jogos tradicionais não estão presentes no dia a dia dos
alunos das escolas, visto que um percentual considerável de estudantes não possui acesso a internet
de qualidade ou um aparelho de celular e só falam em jogos digitais? Trata-se de uma pesquisa explo-
1 Graduado em Física (UFBA) e Tecnólogo em Manutenção Mecânica (IFBA) Discente do curso
de Especialização em Metodologias Ativas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNI-
VASF). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Pedagogia Universitá-ria e Metodologias
Ativas no Semiárido (GEPPUMAS).
2 Graduada em Letras (UNEB) e Normal Superior (UNOPAR). Discente do curso de Espe-
cialização em Metodologias Ativas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Pedagogia Universitária e Metodologias Ativas no
Semiárido (GEPPUMAS).
3 Orientador. Professor Adjunto da Universidade Federal do Vale do São Francisco. Doutor em
Educa-ção. Graduado em Pedagogia. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Pedagogia Univer-
sitá-ria e Metodologias Ativas no Semiárido (GEPPUMAS).
469
A contribuição das metodologias
ratória, qualitativa e quantitativa, através de uma revisão bibliográfica que permitirá uma exploração
mais ampla, acerca da temática, os pontos em comuns e divergentes e uma investigação a cerca do uso
da gamificação pelos professores em sala de aula como metodologia ativa de ensino e aprendizagem.
Abstract: The article seeks to describe the clashes in the application and development of gamified
activities, as well as to present the possibilities of gamification in the classroom in order to bring it
as an ally in the teaching-learning process at school in general. One of the most used virtual spaces,
especially among school-age youth, has been digital games. For this reason, over the last few years,
digital games have become a new field of study, which is based on the premise that they are extremely
stimulating. But the question arises: Why are board games and traditional games not present in the
daily lives of school students, since a considerable percentage of students do not have access to quality
internet or a cell phone and only speak in Digital games? It is an exploratory, qualitative and quanti-
tative research, through a bibliographic review that will allow a broader exploration, about the theme,
the common and divergent points and an investigation about the use of gamification by teachers in the
INTRODUÇÃO
Um dos espaços virtuais mais utilizados, principalmente entre a juventude em idade escolar,
têm sido os jogos digitais. Por esse motivo, no decorrer dos últimos anos o jogo digital tem se tornado
470
A contribuição das metodologias
um novo campo de estudo, o qual tem como fundamento a premissa de que estes são extremamente
estimulantes. Entre os autores que defendem a importância dos jogos digitais no processo de ensino
aprendizagem, Gee (2007) ressalta que os jogos apresentam duas características que lhes permitem
ser excelentes modelos para a aprendizagem, sendo elas: a distribuição da inteligência através de
criação de ferramentas inteligente e a facilitação da criação de uma afiliação transversal, isto é, uma
jogos fora do contexto dele, com a finalidade de contribuir para a resolução de algum problema. Sur-
giu com a influência, a popularidade e popularização dos jogos e da cultura digital, mas não necessita
obrigatoriamente das tecnologias digitais para ser aplicada tendo como objetivo a motivação e o en-
Os jogos assim como as tecnologias devem ser inseridos na Educação de forma a enriquecer
o processo de ensino e aprendizagem, mas o seu uso é de responsabilidade do professor que deve
utilizá-las de forma contextualizada e de forma a contribuir com o aprendizado dos alunos. Existem
muitos jogos, especialmente dedicados ao aprendizado, permitindo um elo entre o abstrato e o con-
creto, por meio destes o aluno constrói seu conhecimento de maneira ativa e dinâmica e os sujeitos
envolvidos estão geralmente mais propícios a ajuda mútua e a análise dos erros e dos acertos, pro-
porcionando uma reflexão em profundidade sobre os conceitos que estão sendo discutidos. Assim, há
inúmeros elementos de jogos que podem ser utilizados no processo de gamificação, mas os que estão
Desse modo, o objetivo geral da presente revisão bibliográfica é discutir as principais ideias
de diversos autores sobre os benefícios da gamificação em sala de aula bem como trazer à tona a
diferenciação entre uma atividade gamificada e uma atividade usando um jogo qualquer. E, como
471
A contribuição das metodologias
que promova a construção de uma nova forma de aprender; utilizar os jogos eletrônicos e os jogos
tradicionais como os de tabuleiro em sala de aula para favorecer a aprendizagem desmistificando que
METODOLOGIA
Quanto à natureza, será uma pesquisa básica com o objetivo de gerar novos conhecimentos,
quanto aos objetivos, a pesquisa será exploratória, pois irá propor-cionar uma maior familiaridade
com a gamificação, com vistas a torná-la mais explí-cita construindo hipóteses, a fim de buscar por
Dentre os tipos de pesquisa será adotada a revisão bibliográfica, que permitirá uma explora-
ção mais ampla, acerca da temática, os pontos em comuns e divergentes. Segundo Fonseca (2002), a
das por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites, permitindo
De acordo com Petersen et. al. (2008) em uma revisão bibliográfica para as análises e re-
sultados serem precisos e dá confiabilidade devem apresentar cinco passos fundamentais a serem
Sabendo que as questões de pesquisa devem identificar o objetivo da revisão e, ainda, citar o
alvo da busca, é importante destacar que este mapeamento é parte de um artigo em andamento onde
os autores investigam o uso da gamificação em salas de aula nas diversas modalidades da educação
Dessa forma, as seguintes questões foram elencadas: Questão 1: Quais as principais técnicas de ga-
mificação que favorecem no processo de ensino e aprendizagem? ; Questão 2: Quais são as diferenças
472
A contribuição das metodologias
A aprendizagem está presente, desde o início, na vida do ser humano e perpetua por muito
tempo e em todo o lugar. Uma criança, na escola, dá início a construção de seus primeiros conheci-
mentos por meio da escrita e linguagem (PIAGET, 1971). Ainda de acordo com Piaget (1971), o desen-
volvimento de uma criança ocorre com a utilização do lúdico, onde ela precisa brincar para crescer e,
e inicia seu processo de aprendizagem. É nesse contexto que se insere a gamificação na educação, que
de forma básica, se utiliza da forma de pen-sar dos estilos e das estratégias de games, assim como
dos elementos presentes no design de games como meio para promover o engajamento dos sujeitos
MER, 2014).
to social. McGonigal (2011) infere que os jogos possuem a capacida-de de mobilizar, sendo assim,
podem ser utilizados como instrumento para a trans-formação social. Sendo que essa transforma-
ção está vinculada ao cotidiano das ins-tituições educacionais, seja na educação básica ou educação
superior. A gamifica-ção também objetiva o empoderamento dos sujeitos e pode ser potencializada
quando associada a tecnologias móveis e sem fio, mídias sociais, realidade mistura-da e realidade
A prática dos jogos é produto da construção humana, a qual abarca caracte-rísticas culturais
473
A contribuição das metodologias
e sociais. Segundo Elkonin (1998), os jogos, de maneira geral, sur-giram nas sociedades como forma
de iniciar o trabalho em grupo e de explicar o uso de ferramentas e artefatos para as crianças e jovens.
Assim, os jogos serviram co-mo estratégia de introdução dos jovens em seu meio social.
Na atualidade, diversas áreas fazem uso de sistemas gamificados, seja na saúde, entreteni-
mento e na educação, nesta última visando mais uma alternativa para motivar e envolver os discentes
Segundo Dickey (2005), o jogo é dividido em três partes que são as ativida-des focadas em
vidades envolvidas nos jogos são relacionadas a metas e objetivos, visando às condições da vitória e
as dificuldades encontradas para completar a atividade. De acordo com essas definições entendemos
que o jogo está ligado ao aprendizado, pois os participantes são motivados a cumprirem ativi-dades
atingindo os diversos objetivos que lhe são propostos no percurso, o que nos comprova Glover (2013),
quando afirma que assim como num processo de aprendi-zagem de um aluno, num sistema gamifi-
cado ou num jogo é necessário acompa-nhar o progresso de um “jogador”, já que seria impossível
identificar as tarefas e metas que ainda faltam para o jogador chegar em uma condição de vitória.
Assim como no processo educacional, o feedback do jogador irá definir como o mesmo está indo, e
Johan Huizinga foi um dos primeiros estudiosos a focar sua atenção no jogo enquanto obje-
to, ele defende o jogo como um elemento produtor da cultura huma-na. Segundo Huizinga ( 2000), o
jogo é anterior à cultura porque os animais (princi-palmente os mamíferos), desde que tenham suas
necessidades básicas satisfeitas, têm como primeira atividade o brincar. Através do jogo os animais
treinavam suas habilidades intrínsecas, pois elas seriam úteis em sua vida adulta, dessa forma o
aprendizado era caracterizado como uma importante faceta do jogo e do brincar. O autor afirma anos
depois ( 2010), que o jogo é mais que um fenômeno fisioló-gico ou um reflexo psicológico, ele
474
A contribuição das metodologias
Prensky (2004), e outros pesquisadores da área da educação cita a ligação entre o jogo/
Desde as primeiras propostas de jogos que se desenvolvem, consideram-se três aspectos fun-
damentais que aparecem em quase todos os jogos de computador e que garantem o seu sucesso. Eles
são os seguintes: 1) O desafio. É sobre o joga-dor sentir-se desafiado para a concretização de objetivos
que, na realidade, não sa-be se poderá concretizar; 2) A surpresa. O jogo oferece várias alternativas;
telas para acessar, novos personagens, etc. Trata-se de criar curiosidade no jogador de forma que ele
mantenha a motivação necessária para continuar avançando e 3) Fantasia. Os jogos parecem provo-
car imagens mentais que não são imediatas para os sentidos e que geram ideias que não se ajustam à
realidade. Essas três caracte-rísticas são importantes para a criação do jogo e também são utilizadas
social. McGonigal (2011) infere que os jogos possuem a capacidade de mobilizar, sendo assim, podem
ser utilizados como instrumento para a transformação social. Sendo que essa transformação está
vinculada ao cotidiano das instituições educacionais, seja na educação básica ou educação superior.
A gamificação também objetiva o empoderamento dos sujeitos e pode ser potencializada quando
associada a tecnologias móveis e sem fio, mídias sociais, realidade misturada e realidade aumentada,
dentre outros.
digital foi apontada como a quinta competência geral fundamental para a educação do futuro, pois é
quase inviável viver sem o uso de algum tipo de tecnologia. É apontado que quem não desenvolver
to desta competência, entretanto, isso não se aplica a todos os estudantes, pois nem todos têm acesso
475
A contribuição das metodologias
A partir desta constatação, a presente pesquisa busca compreender sobre o processo de uti-
lização de jogos digitais e dos jogos de tabuleiro, trazendo os benefícios e sua história dentro do
processo educativo.
Os primeiros jogos de tabuleiro foram registrados a cerca de 7.000 anos a.C., e desde
este tempo eles já eram usados para facilitar a aprendi-zagem. “ Mancala”, foi um dos jogos
antigo mais conhecido. O jogo era composto de vários jogos praticados com sementes com uma fi-
adversá-rio. Ele é considerado o “pai de todos os jogos de tabuleiro”. Em 4.500 anos a.C ou-tro jogo
“Real de Ur”, composto por um sistema de transporte de peças, esse foi o inspirador do atual gamão e
Xadrez. Entre os índios, no Brasil o jogo de tabuleiro também deixa registro através do jogo da Onça,
origem provável dos incas. O tabu-leiro era riscado no chão, utilizava-se uma pedra ( onça ) e mais
muito a sua popularidade devido aos jogos eletrônicos que foram ga-nhando espaço com o avanço
da tecnologia, no entanto, o jogo de tabuleiro está voltando a conquistar o público visto que, um dos
principais motivos para tal é a interação entre os jogadores, o contato e exploração dos mesmos na
Vários jogos com história multimilenar são apreciados ainda hoje: Mancalas, Xadrez, Go,
Gamão, entre outros em seu formato digital, salientando que o renas-cimento dos jogos de tabuleiro
começou quando os jogos digitais já estavam pre-sentes no mercado mundial o que contribui também
tiveram que inspirar-se nos modelos lúdicos então existentes. Ainda assim, a união entre jogos de
476
A contribuição das metodologias
Portanto, os jogos digitais constituem-se como uma das consequências do avanço tecnoló-
Benefícios da Gamificação
decisão própria, resolve seus conflitos, vence desafios, descobre novas alternativas, mas necessita do
meio físico e social, onde poderá construir seu pensamento e adquirir novos conhecimentos de forma
e inicia seu processo de aprendizagem. É nesse contexto que se insere a gamificação na educação, que
de forma básica, se utiliza da forma de pen-sar dos estilos e das estratégias de games, assim como
dos elementos presentes no design de games como meio para promover o engajamento dos sujeitos
MER, 2014).
A gamificação está cada vez mais difundida nas diferentes etapas educacionais: desde a fase
infantil, passando pelo primário, até aos níveis de escolaridade pós-obrigatórios. Isso porque permite
sua motivação e participação por meio dos sistemas de pontuação-recompensa-objetivo dos jogos
(TOLOMEI, 2017).
477
A contribuição das metodologias
mais atrativo, porque é um método que utiliza a dinâmica do jogo em ambientes que, a priori, não são
de Informação e Comunicação) na sala de aula, é muito importante fazê-lo a partir desta premissa
básica; você sempre se conectará melhor com seus alunos se fizer isso enquanto joga (FONTES, 2015;
TOLOMEI, 2017).
Uma das principais vantagens das TIC’s é que a grande variedade de recur-sos permite que
seja adaptada a níveis educacionais e disciplinas muito diferentes. Portanto, eles podem ser usados
desde a fase infantil. Segundo Feliciano ( 2015 ), o papel dos professores será fundamental para se-
aluno.
Para Silva et al (2015), diante da questão social, o jogo reflete necessidades no ser humano,
exemplo do prazer e a satisfação, os quais são sentimentos impor-tantes para o entendimento do con-
No campo educacional, também são observadas suas potencialidades, tais como (BEM,
COSTA e LUCCA, 2020): permitem aprender diferentes tipos de habili-dades e estratégias; Ajudam
a dinamizar as relações entre as crianças do grupo, não só do ponto de vista da socialização, mas
Por meio dos games, pode-se dizer que as crianças desenvolvem habilidades para lidar com
ambientes multimídia, gerenciar muitas informações e uma infinidade de recursos ao implantar es-
tratégias de organização, design e planejamento. Tolo-mei ( 2017 ), afirma que há um novo tipo de
linguagem audiovisual neste campo que as crianças, graças à sua tenra idade e, portanto, com uma
capacidade muito ele-vada de compreender novas linguagens, podem adquirir de forma rápida e di-
nâmica.
478
A contribuição das metodologias
A gamificação é uma técnica que nos permite utilizar diversos recursos e fer-ramentas em
sala de aula que vão ajudar os professores a motivar os alunos, per-sonalizar as atividades e conteúdos
A prática dos jogos é produto da construção humana, a qual abarca características culturais
e sociais. Segundo Elkonin (1998), os jogos, de maneira geral, surgiram nas sociedades como forma
de iniciar o trabalho em grupo e de explicar o uso de ferramentas e artefatos para as crianças e jovens.
Assim, os jogos serviram como estratégia de introdução dos jovens em seu meio social.
Para Alves (2015), aprendizagem é o processo por meio do qual conhecimen-to, valores,
formação, raciocínio e observação. Na literatura e nas experiências diárias em sala de aula percebe-
mos que é possível a promoção de ex-periências que geram respostas emocionais por meio do uso dos
Seguindo as ideias de José (2015), a aprendizagem por meio de games não se baseia na me-
morização de fatos isolados, mas os fatos estão interligados e po-dem ser controlados, por isso, ele
diferentes áreas de uma realidade; a segunda se refere à abordagem de resolu-ção de problemas que
o videogame oferece. Este autor destaca qualidades dos ga-mes, que no contexto educacional são de
vital importância, como a possibilidade de gerar aprendizagens significativas nas crianças por meio
479
A contribuição das metodologias
Ao analisarmos as ideias de José (2015) é notório que o novo professor frente às TICs deve
possuir conhecimento do conteúdo, metodologia de ensino, sa-ber lidar com as emoções, ter compro-
misso com a produção de conhecimento por meio de pesquisas e extensões e, sobretudo, romper com
entre os alunos (nativos digitais) e os professores que não possuem fluência digital. Para Azevedo
(2012), os “Nativos digitais” é a denominação para a geração que surgiu consoante com a revolução
digital, onde os jogos eletrônicos são fonte de lazer e elemento da construção cultural. Nesse sentido
o professor precisa de atualização/formação continuada, pois a maioria é de uma época que a tecnolo-
-gia não era acessível e muito menos para a maioria da população. Estão aprenden-do com os próprios
Para Feliciano ( 2015 ) e Bem, Costa e Lucca ( 2020), o tipo de aprendizagem que esses re-
grande importância pois é a partir de situações que o usuário tem que pensar, desenvolver habilidades
Além disso, alguns autores indicam funções sociais que apoiariam a apren-dizagem. Por
exemplo, Fontes (2015), José (2015) consideram que os games po-dem promover a socialização, faci-
o trabalho em equipe.
Conforme mencionou Rodrigues (2013), é necessário que a escola proporci-one jogos e brin-
cadeira é um processo, que, por si mesmo, envolve uma variedade de comportamentos, motivações,
480
A contribuição das metodologias
Dessa forma, o objetivo principal é proporcionar aos alunos o contato com processos, práti-
cas e procedimentos da investigação científica para que eles sejam capazes de intervir na sociedade.
Neste percurso, as vivências e interesses dos es-tudantes sobre o mundo natural e tecnológico devem
didas e acessadas, sobretudo, por meios digitais, é premente que os jovens desenvolvam capacidades
gico nas diver-sas esferas da vida humana com ética e responsabilidade (FELICIANO, 2015; TOLO-
MEI, 2017).
volvimento desta competência, entretanto, isso não se aplica a todos os estudantes, pois nem todos
têm acesso a ferramentas digitais bem como a internet (PINCOLINI et al., 2021).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
vos eletrônicos para avaliar o que permitiu ser implementado para incluir uma metodologia inovadora
em sala de aula. Os resultados analisados na presente investigação mostram que os alunos se senti-
riam motivados a participar com gamificação em sala de aula e ficariam satisfeitos se a mesma fosse
Esses resultados coincidem com outros trabalhos (TOLOMEI, 2017; SILVA, VALESKA,
DUTRA, MACHADO, & ARAUJO, 2015), em que algumas vantagens da gamificação são eviden-
ciadas como resultado, como: maior participação e interação dos alunos, aprendizagem colaborativa
reforçada em construção de redes de apoio, reforça através das experiências e diversão dos usuá-
481
A contribuição das metodologias
rios-interatores a motivação para a execução das atividades e alcance dos objetivos e a ideia de que é
proveito-so vincular diversas ferramentas digitais na gamificação, pois alcançam uma apro-ximação
Por seu lado, e contrastando outros elementos da gamificação, entre eles: pontos de experi-
ência, níveis, tabelas de classificação, desafios, entre outros, rea-firmamos a importância da utilização
destes e de outros elementos da gamificação, o que torna o processo mais agradável e motiva a ação
Feliciano(2015), demonstra como a matemática está presente no nosso dia a dia, em tudo
que nos cerca encontramos números em relógios, celulares, endere-ços, tamanhos de roupas. Ao
manter contato com os números, uma série de jogos foi criada direta ou indiretamente, o que permite
desenvolver habilidades matemáti-cas para calcular, somar, fazer raciocínio lógico, adquirindo assim
aprendizados sig-nificativos em um contexto prático e divertido. O jogo, quando utilizado como re-
cur-so de aprendizagem, proporciona inúmeras vantagens, pois desperta o interesse e a motivação dos
Por outro lado, as opiniões que são expostas ao longo do trabalho (AZEVEDO, 2012; FON-
TES, 2015; JOSÉ, 2015), permitiram-nos saber que a mecâ-nica da gamificação é um elemento mo-
tivador, divertido, mas implica também traba-lhar com atividades lúdicas. Dessa forma, ao observar
suas contribuições, obteve-se uma ampla manifestação contra o tradicionalismo no ensino, a mono-
tonia e algumas outras práticas avaliativas comuns em sala de aula. Isso também nos permite pen-sar
que a motivação para a aprendizagem e a atitude que os alunos têm em relação ao seu processo edu-
Outro tema que subjaz aos resultados obtidos é poder conceber a gamificação apenas como a
de mecânicas e estratégias que busquem motivar a ação e alcançar resultados significativos , que per-
mitem ao aluno adquirir mais conhecimento. Precisamente, a pesquisa assumiu a gamificação como
482
A contribuição das metodologias
implementá-las em espaços não necessariamente lúdicos, neste caso na educação universitária, mas
Agora, a consolidação de nossa pesquisa teve como objetivo atender a as-pectos metodológi-
cos que foram trabalhados em cada uma das fases da pesquisa, a saber:
3. Consolidar uma proposta de possível aplicação da gamificação nas salas de aula que a
pretendam implementar.
a tolerância em termos de trabalho em equipe, bem como uma nova experiência para o processo de
ensino-aprendizagem. Ao mesmo tempo, pudemos verificar que a gamificação é uma técnica que
aula para mensurar seus resultados, isso eliminaria o desconhecimento por parte dos professores e a
cos para a implementação da gamificação em atividades específicas de sala de aula; trabalho prévio
com os alunos, como introdução, de forma a despertar a curiosidade e motivá-los para a realização
entre outras, até que o aluno se familiarize com a técnica; e futuramente, realizar oficinas para profes-
483
A contribuição das metodologias
sores com especialistas no assunto, nas quais são discutidos os prós e contras da gamifi-cação.
Da mesma forma, consideramos que uma das principais ameaças deve ser trabalhada, assu-
mindo a aplicação da gamificação apenas dentro de um ambiente digitalizado, para o qual se apre-
senta a necessidade de desenvolver propostas que incluam a aplicação desta tendência em ambientes
tradicionais ou convencionais.
Assim, espera-se que futuras intenções ou iniciativas sobre gamificação pro-ponham hori-
zontes amplos para continuar inovando no processo de ensino-aprendizagem, gerando outras técnicas
que estimulem a motivação, interação, tra-balho em equipe e participação. Por fim, consideramos que
a escola deve continuar a desenvolver diferentes competências nos alunos, o que implica continuar a
CONSIDERAÇÕES FINAIS
tivos da aprendizagem em sala de aula graças à sua aplicação com gru-pos reais e pessoas que não
Devido à pesquisa, pode-se mostrar que os alunos obtêm maior disposição durante as aulas,
pois as atividades propostas perfazem um meio de observar a par-ticipação ativa do grupo ao longo
de seu desenvolvimento que a metodologia, sendo diferente e criativa, potencializa a motivação para
a aprendizagem, sendo um meio inovador e atrativo para os alunos e que se consiga um equilíbrio
entre os eixos te-máticos da disciplina e o jogo na sala de aula sem afetar a sua formação, mas pelo
sua aplicação pedagógica; cujo ingrediente principal é o jogo (me-todologias e estratégias) que torna o
aprendizado da matemática divertido. Seja o jogo competitivo ou cooperativo, percebe-se que todo o
484
A contribuição das metodologias
jogo de regras promove um ambiente desafiador que exige do aluno concentração e desejo voluntário
desde competências sociais, reconhecidas na interação direta entre os jo-gadores, até absorção facili-
ferem-se à motivação do próprio usuário para jogar e continuar a atingir seus objetivos. Esse tipo de
aprendizagem vem ganhando espaço nas metodologias de treinamento devido ao seu caráter lúdico,
que facilita a internalização do conhecimento de forma mais divertida, gerando uma experiência po-
um maior comprometimento das pessoas e estimulando o espírito de melhoria. Uma série de técnicas
mecânicas e dinâmicas extrapoladas de jogos são utilizadas. A resposta curta é que a Gamificação
Aprendizagem Baseada em Jogos está usando jogos como parte do processo de ensino.
desenhar um processo contínuo que seja coerente, que seja claro so-bre as necessidades, os objetivos,
os mecanismos que vão ser utilizados e que tudo esteja bem articulado através de um trabalho moti-
vador história. A gamificação visa aumentar a motivação, fomentar a camaradagem e aplicar o con-
teúdo aprendido em qualquer outro contexto não relacionado aos jogos, tornando-se um aprendizado
significativo e valioso.
a partir de uma experiência de busca pessoal após a necessidade de ensinar os benefícios da matemá-
tica na quarta série do ensino fundamental, re-sultando na elaboração de um guia de sete passos no
485
A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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489
Capítulo
20 METODOLOGIAS ATIVAS NA EDUCA-
490
METODOLOGIAS ATIVAS NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DIÁLOGOS,
CONSTRUÇÃO DE SABERES E INOVAÇÃO
Resumo: A sociedade é atravessada por constantes evoluções, estas no domínio econômico, político,
construção de conhecimentos e saberes. Assim, a presente revisão narrativa objetivou entender como
as metodologias ativas têm sido inseridas em práticas de educação em saúde, na tentativa de aprofun-
dar e problematizar sobre o diálogo entre as duas. Os resultados apontaram para duas categorias: Na
primeira categoria aparecem as metodologias ativas presentes com públicos e cenários diversos que
dialoguem sobre saúde - através dos recursos de rodas de conversas, simulação, dinâmica de grupo,
psicodrama, filmes, recursos instrucionais, oficinas, confecção de cartazes, abordagens práticas, jo-
Aprendizado Baseado em Equipes (Team-Based Learning), entre outras. A segunda categoria de-
monstra que o diálogo entre metodologias ativas e educação em saúde possibilita muitas interfaces,
caminhos e saberes, com temáticas diversas em ações desenvolvidas por profissionais da psicologia,
enfermagem e outros, envolvendo a saúde da criança, saúde da mulher, saúde mental, Infecções Se-
xualmente Transmissíveis, entre outras, tendo como alcances, esclarecer dúvidas, disseminar conhe-
cimentos e promover a reflexão e contribuir para práticas efetivas de promoção à saúde entre os
envolvidos.O estudo provocou avanços em conhecimentos, assim como, inquietações para que outros
491
A contribuição das metodologias
estudos sejam desenvolvidos na área, já que o trabalho abre portas para problematizar e discutir sobre
o assunto, assim questionando práticas e posicionamentos que envolvam o uso de metodologias ativas
na educação em saúde.
Abstract: Society is crossed by constant evolutions in the economic, political, social, and technologi-
cal domains, which require more active and critical-reflexive positions in the search for the construc-
tion of knowledge and wisdom. Thus, this narrative review aimed to understand how active metho-
dologies have been inserted into health education practices, in an attempt to deepen and problematize
the dialogue between the two. The results pointed to two categories: In the first category appear the
active methodologies present with diverse audiences and scenarios that dialogue about health - throu-
gh the resources of conversation wheels, simulation, group dynamics, psychodrama, films, instructio-
nal resources, workshops, making posters, practical approaches, educational games, storytelling, son-
gs, role-plays, coloring Tarjetas, puppets/puppets, Team-Based Learning, among others. The second
category shows that the dialogue between active methodologies and health education enables many
interfaces, paths, and knowledge, with various themes in actions developed by psychology professio-
nals, nursing, and others, involving child health, women’s health, mental health, Sexually Transmitted
Infections, among others, having as reaches, to clarify doubts, disseminate knowledge and promote
reflection and contribute to effective practices of health promotion among those involved. The study
led to advances in knowledge, as well as concerns that other studies be developed in the area, since
the work opens doors to problematize and discuss the subject, thus questioning practices and positions
492
A contribuição das metodologias
Keywords: Active methodologies; Health education; Conversation wheel; Team-Based Learning; He-
alth promotion.
INTRODUÇÃO
econômicas, políticas, sociais e também tecnológicas. Tais transformações induzem uma sociedade
balho. Nessa perspectiva, as metodologias ativas têm ganhado cada vez mais espaço no processo de
ensino e aprendizagem, fazendo com que práticas metodológicas tradicionais e enrijecidas sejam
como na educação em saúde. Diante disso, torna-se necessário romper com ações que são dicotômi-
cas e unilaterais, centradas em único saber ou na supremacia do saber profissional, a fim de favorecer
construção deste saber coletivo uma vez que possibilita um posicionamento ativo e crítico dos atores
A motivação e interesse para desenvolver este trabalho partiram das vivências no curso de
psicologia e as formações posteriores, que permitiram a autora transitar por diversas áreas de atu-
ação e campos de conhecimento, de modo que esses processos formativos despertaram o interesse
em Saúde, que fazia parte da emenda curricular da Residência Multiprofissional em Saúde Mental
(RMSM), da Universidade Federal do Vale do São Francisco, na qual o docente usou metodologias
493
A contribuição das metodologias
Assim, desenvolvo este trabalho acreditando que as metodologias ativas são transversais, e
que poderiam estar em qualquer profissão e em lugares que profissionais diversos pudessem pensar
em rupturas com antigas práticas pedagógicas e agregassem novas estratégias ao processo vivencia-
do, inclusive estejam presentes em atividades de educação na saúde realizadas por psicólogos.
Sobre isso, Morán (2015, p. 28) traz que “podemos realizar mudanças incrementais, aos
poucos ou, quando possível, mudanças mais profundas, disruptivas, que quebrem os modelos esta-
belecidos”. Para o mesmo autor, quando há a combinação equilibrada de atividades, desafios e infor-
mação contextualizada há um melhor aprendizado. Assim sendo, unir metodologias ativas e práticas
de educação em saúde dialoga com Freire (1996, p. 52), quando ele traz que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Nesse
Pensando as metodologias ativas como ferramentas que podem dialogar com outros cenários
de práticas, não somente a sala de aula, pretende-se avançar na compreensão de como as metodologias
ativas têm sido inseridas e podem contribuir para a aprendizagem significativa em ações de educa-
ção em saúde. Por metodologias ativas, Morán (2015, p. 18) discorre que “são pontos de partida para
de meios individuais ou coletivos, como trabalho em equipes ou em grupos. Tais preceitos deslocam
o educador do lugar do suposto saber, para o papel de orientador, nesse sentido, os educandos ocupam
o centro das ações educativas, e o conhecimento é construído de forma colaborativa (DIESEL; BAL-
494
A contribuição das metodologias
Os autores acima citam os métodos ativos como sinônimos de metodologias ativas, abrindo
um parêntese para que não fique subtendido que o inquietar-se sobre o processo ensino-aprendizagem
trata-se de algo novo, ou seja, de “modismo”. Partindo desse ponto, os mesmos autores trazem que o
método ativo fundamenta-se na visão interacionista, em que o professor é facilitador para os alunos
construírem seus conhecimentos, as “principais personalidades dessa corrente teórica são Jean Pia-
get, que desenvolveu um olhar sobre as etapas do desenvolvimento cognitivo, e Lev Vygotsky, que
concebeu uma perspectiva mais social ao interativismo” (DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017, p.
280.)
Os métodos ativos também se baseiam nas concepções teóricas da aprendizagem pela ex-
periência de Dewey, onde não há separação entre vida e educação, a escola deve promover experiên-
cias similares à vida do aluno; aprendizagem significativa de Ausubel, nesta deve ser considerado o
a visão freiriana, na qual o aluno é incentivado a opinar e ouvir opiniões, desenvolvendo uma atitude
setor Saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação de vínculos entre a ação assistencial
e o pensar e fazer cotidiano da população” (BRASIL, 2007, p. 18). Como uma prática transversal que
perpassa todas as ações desenvolvidas no âmbito do SUS, ela possibilita articular todos os níveis de
gestão do sistema de saúde, representando instrumento fundamental tanto para formular política de
saúde de maneira compartilhada, como as ações que ocorrem na relação direta dos serviços com os
Para tanto, as ações de educação na saúde deverão ser desenvolvidas numa perspectiva dia-
sujeito de direitos e autor de sua própria condição saúde e doença, bem como, a autonomia dos profis-
495
A contribuição das metodologias
praticas pedagógicas que levem à superação das situações que limitam o viver
2007, p. 10).
Assim, a Educação Popular em Saúde (EPS) promove um processo voltado para a escuta e
Tal entendimento vai ao encontro da perspectiva de educação na saúde defendida por Castro Júnior,
missão de conteúdos, para uma relação entre educador/profissional de saúde/cuidador para o educan-
496
A contribuição das metodologias
de aprendizagens mais vivas e significativas, que permitem aos envolvidos compreender a própria
Partindo dessa perspectiva, almeja-se realizar uma revisão narrativa da literatura, objeti-
vando compreender o modo de inserção das metodologias ativas nas práticas de educação em saúde.
o diálogo entre as metodologias ativas e as práticas de educação em saúde, levando em conta desafios
e possibilidades de ações mais próximas das necessidades dos usuários de saúde, de forma criativa,
envolvente e significativa.
METODOLOGIA
revisão narrativa. A referida técnica permite realizar análises e interpretações críticas da literatura,
vista teórico ou contextual. Tal metodologia não é passível de reprodução, contudo, as revisões nar-
rativas podem contribuir para o debate de temáticas, com o intuito de levantar questões, colaborar na
De acordo com o autor Rother (2007), as revisões narrativas não necessitam evidenciar a
metodologia utilizada na busca das referências, nem os critérios utilizados na avaliação e seleção dos
trabalhos examinados, também não visam esgotar as fontes de informações, assim, não é necessário
estratégias de buscas complexas e exaustivas. A seleção dos estudos e a interpretação das informa-
Para contemplar o interesse da pesquisa, como ponto de partida para a análise, foi realizada
497
A contribuição das metodologias
Pessoal de Nível Superior (Capes) e Scientific Electronic Library (Scielo). Na seleção dos estudos, se
entre os anos de 2017 a 2021. Por fim, as referências selecionadas passaram por leitura e a análise
crítica, com a finalidade de alcançar os resultados, que seguem no próximo tópico. Tal escolha justi-
fica-se para dar mais credibilidade à revisão realizada e dialogar com outras referências importantes
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Metodologias ativas presentes, com seus recursos, em cenários diversos que dialoguem sobre
saúde
lidem com pessoas, já que a saúde é mais que a ausência de doenças, uma vez que é influenciada por
determinantes e condicionantes sociais em saúde, tais como, renda e trabalho, lazer, fatores biológicos
e ambientais, rede social e cultura. Destarte, nada mais plausível que essas práticas sejam inovadoras
Um relato de experiência empreendido por Da Silva, Ribeiro e Teixeira (2019) contou com
três encontros de educação em saúde para gestantes, nos quais foram utilizadas as metodologias ati-
vas rodas de conversas e simulação. Este exemplo deixa claro que as diversas estratégias utilizadas
podem tornar as experiências mais ativas e inovadoras, e trabalhar questões e temáticas que versem
nal, docente e discente sobre a prática de grupo com gestantes da Estratégia Saúde da Família (ESF),
utilizou-se de dinâmica de grupo, psicodrama, aula expositiva, filmes e roda de conversa (DA COSTA
498
A contribuição das metodologias
MOREIRA et al., 2020). Um terceiro artigo que contou com recursos instrucionais inovadores retrata
o efeito de uma intervenção educativa sobre aleitamento materno para puérperas assistidas na mater-
experiências, assim tendendo a uma aprendizagem ativa e significativa, diferentemente de uma apren-
dizagem mecânica e passiva do aprendente, na qual segundo Freire (1996, p.28) “o aprendiz funciona
muito mais como paciente da transferência do objeto ou do conteúdo do que como sujeito crítico,
Estudos realizados por Dias et al. (2018), Luna et al. (2020) e Oliveira et al. (2017) apoiaram-
-se na proposta do Círculo de Cultura de Paulo Freire. As propostas, ancoradas no Círculo de Cultura
configurar-se como metodologia ativa, favorece espaço para reflexões e discussões sobre as práticas
cotidianas dos sujeitos, a partir da valorização das culturas locais (FREIRE, 2005).
Ainda sobre os autores que utilizaram o Círculo de Cultura como metodologia ativa para
dialogar sobre saúde, Dias et al. (2018) e Luna et al. (2020) utilizaram o termo rodas de conversas, o
primeiro com ribeirinhos cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF) da ilha de Combu, no
Rodas de Conversa sobre a Saúde dos Povos Indígenas – Ações em Saúde, da Universidade Federal
de São Carlos. No terceiro artigo, Oliveira et al. (2017) usaram o termo oficinas, com idosos de um
centro de convivência.
cido, assim, tornar-se apto a decisões a partir do compartilhar de experiências e trocas de saberes. Ex-
periência que pode ser vista a partir de relato de experiência envolvendo alunos com mais de 15 anos,
499
A contribuição das metodologias
TBL). Tal atividade objetivava compartilhar a vivência desses estudantes na construção e execução
de uma atividade para o Programa Saúde na Escola (PSE), vinculado a uma das Estratégias Saúde
da Família (ESF) de um município da fronteira oeste do Rio Grande do Sul (SANTOS et al., 2019).
quando o assunto é educação em saúde, como aconteceu em uma intervenção educativa proposta
por Panelli et al. (2020) para um assentamento rural pernambucano. A intervenção foi elaborada a
partir das necessidades levantadas, e na execução foi empregada como metodologias ativas uma peça
conversa. Ações de educação em saúde, que levam em conta o contexto sociocultural das pessoas,
promovem uma formação integral, crítica e reflexiva, inclusive potencializando a capacidade de cui-
da Universidade Estadual do Piauí com adolescentes. No qual as autoras trazem que as metodologias
ativas usadas “abrangeram rodas de conversas, jogos educativos, tendas do conto, contação de histó-
Gomes et al. (2020, p.9) enfatizam que a utilização de metodologias ativas em ações
autonomia pode ser visto em projeto de extensão voltado à educação em saúde com adolescentes da
periferia. Na realização das atividades foram empregadas dinâmicas, rodas de conversas e chuvas de
As metodologias ativas estão em lugares que se faça educação em saúde, como em ambientes
500
A contribuição das metodologias
escolares, conforme estudo empreendido por Nascimento et al. (2020), com a finalidade de abordar
temáticas sobre alimentação saudável e higiene pessoal com alunos do ensino fundamental, idade de
8 a 12 anos. Nas ações foram utilizadas como metodologias ativas o quadro interativo e a gincana.
A importância da educação em saúde no ambiente escolar foi ressaltada no trabalho, tendo em vista
o incentivo a práticas mais assertivas, tanto no ambiente escolar quanto fora dele. Visando conhecer
ações de autocuidado em saúde realizada no âmbito escolar, Da Costa Mendieta et al. (2019, p.5) re-
forçam que a “escola propicia a aprendizagem do processo de educação em saúde por reunir, em um
em saúde, com base nas recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Tal fato é
retratado em estudo que utilizou técnicas de entrevista não diretiva e grupos focais, envolvendo pro-
fessores, estudantes e gestores das instituições de ensino, usuários do SUS, profissionais e gestores da
Sangioni, Patias e Pfitscher (2020) realizaram uma revisão sobre a utilização de grupos ope-
rativos, como uma ação de intervenção ampliada na Atenção Básica em Saúde, dentre os resulta-
dos encontraram a utilização de metodologias ativas, como músicas temáticas, cartazes, leitura de
histórias, encenação teatral e método não diretivo. Ressalta-se que a própria proposta de atividade
em grupo já se configura como metodologias ativas, conforme defendido pelo autor Morán (2015),
Na prerrogativa acima, salienta-se que, “assim como ocorre com as teorias, a escolha por
uma metodologia por si só não seria a solução, posto que não seja garantia de eficácia, não transforma
501
A contribuição das metodologias
o mundo ou mesmo a educação” (DIESEL; BALDEZ; MARTINS, 2017, p. 285), mesmo tratando-se
grupais e personalizadas.
Diante disso, foi possível perceber o abrir de portas para falar de saúde, através de ações na
educação em saúde dialogando com as metodologias ativas, isso se dá através da abertura para perce-
ber as necessidades individuas e coletivas, e pensar em estratégias que contemplem essas lacunas, de
O diálogo entre metodologias ativas e educação pode favorecer muitas interfaces, muitos
caminhos e saberes, vai depender do olhar, do presentificar-se dos envolvidos nas ações. Assim,
“acredita-se que toda e qualquer ação proposta com a intenção de ensinar deve ser pensada na pers-
pectiva daqueles que dela participarão, os quais deverão apreciá-la” (GOMES et al., 2020, p. 9). Num
Falar de saúde perpassa por todos os lugares, contudo, as especificidades do público envolvi-
do devem ser levadas em consideração, para que as atividades sejam atrativas e contemplem as espe-
cificidades dele. Nascimento et al. (2020) chamam a atenção para a ludicidade em atividades ligadas
público infantil. Castro Júnior, Oliveira e Silva (2019), realçam sobre a importância da interação entre
facilitador e sujeito, sem imposições, mas permitindo que o público envolvido possa direcionar de
forma mais assertiva suas práticas, principalmente quando as estratégias são direcionadas a jovens.
Outro desfecho desse diálogo foi o desvendar que profissionais de distintas especialidades
podem fazer educação em saúde agregando metodologias ativas, como estratégias criativas, que des-
502
A contribuição das metodologias
ciada nos trabalhos facilitados por profissionais de enfermagem, sendo estes: acadêmicos, docentes,
enfermeiros, residentes e pós-graduando (OLIVEIRA et al., 2017; DIAS et al., 2018; DA SILVA; DA
SILVA RIBEIRO; TEIXEIRA, 2019; CASTRO JÚNIOR; OLIVEIRA; SILVA, 2019; DA COSTA
MOREIRA et al., 2020; GOMES et al., 2020; NASCIMENTO et al., 2020; SOUZA; PINA-OLIVEI-
RA; SHIMO, 2020; DA COSTA MENDIETA et al., 2019). Ressalta-se, também, que as metodologias
ativas estão presentes em atividades de educação em saúde realizadas por profissionais da psicologia
O diálogo entre educação em saúde e metodologias ativas agrega outros saberes, quando
outros saberes no coletivo, como aconteceu no projeto de extensão de Panelli et al. (2020). Tal projeto
contou com a participação de quatro docentes, três residentes de Enfermagem e Nu¬trição e acadê-
micos da área de Enfermagem e Educação Física. O diálogo também se fez presente em estudo envol-
vendo Serviço social e a psicologia (SILVEIRA et al., 2020), bem como em ações em saúde realizadas
por profissionais de medicina, isoladamente ou em conjunto com a psicologia (SANTOS et al., 2019;
Destaca-se um trecho do trabalho de Panelli et al. (2020, p.4), no qual traz a importância de
se resguardar os saberes e especificidades inerentes de cada público, ao planejar ações de saúde, assim
moldado o plano de aula dos encontros nas áreas: Sistema Único de Saúde,
503
A contribuição das metodologias
O fragmento do texto de Panelli et al. (2020) permite observar que as ações de educação
em saúde aliadas às metodologias ativas podem ser empregadas para trabalhar e disseminar conhe-
cimentos sobre várias questões envolvendo a saúde, como também pontuado em trabalho realizado
por Oliveira et al. (2017, p. 500) que encontram em seus resultados, que “a utilização de estratégias
educativas pode favorecer a qualidade de vida dos idosos, promovendo uma visão mais positiva da
própria velhice”. Por sua vez, em encontros com gestantes foram tratadas a importância do exame
parto de cócoras.
ativas como potenciais para esclarecer dúvidas e disseminar conhecimentos, promovendo a reflexão
e contribuindo para práticas efetivas de promoção a saúde entre os envolvidos. A promoção da saúde
está entre os serviços de saúde que o Estado deve assegurar as pessoas, tendo em vista que a saúde é
um direito de todos, conforme a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Tal lei traz que a assistência
deve ser realizada tanto pela promoção da saúde como através de ações de proteção e recuperação da
saúde, com ações assistenciais e atividades preventivas, realizadas de forma integrada para as pesso-
as.
A promoção da saúde, também, foi elencada como um fim alcançado com a relação entre
metodologias ativas e educação em saúde (OLIVEIRA et al., 2017; DA COSTA MOREIRA et al.,
2020; GOMES et al., 2020; PANELLI et al., 2020; CASTRO JÚNIOR; OLIVEIRA; SILVA, 2019;
504
A contribuição das metodologias
de doenças e agravos, ao passo que o uso de metodologias ativas promove o exercício do diálogo e
autonomia dos sujeitos para identificar e discutir problemas de saúde que acometem aos envolvidos
e a população em geral (DIAS et al., 2018). Nascimento et al., (2020) também ressalta a prevenção
de doenças e agravos, bem como, alega que, além dos participantes receberem as informações, há o
potencial dos conhecimentos adquiridos serem repassados para as suas famílias e a sociedade.
Nesse sentido tais praticas devem ser valorizadas e qualificadas a fim de que
contribuam cada vez mais para a afirmação do SUS como a política publica
que tem proporcionado maior inclusão social, não somente por promover a
profissionais, acadêmicos, usuários ou outros que façam parte da ação, para o exercício do seu papel
riamente se contextualizam e ganha novos significados, a prática (SANTOS et al., 2019). Nesse entre-
laçar, em que o diálogo se presentifica, o diferente ganha forma, força e visibilidade, possibilitando
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente revisão permitiu compreender como a educação em saúde está dialogando como
as metodologias ativas, assim, em quais contextos e públicos, quais temáticas alcançadas, bem como,
o que esse diálogo indica. Um dos indicativos refere-se que, ao agregar inovações ao processo en-
como meros receptores e memorizadores de informações, para práticas que permitam desenvolver a
505
A contribuição das metodologias
autonomia, capacidade de pensar, de tomar decisões, resolver problemas e aprender de forma criativa
e prazerosa.
realização das atividades em educação na saúde, tais como: roda de conversa, simulação, dinâmica
de grupo, psicodrama, aula expositiva, filmes, oficina, , peça teatral, confecção de cartazes, cordão
rativo, gincana, grupos focais, músicas temáticas, cartazes e Aprendizado Baseado em Equipes.
saúde encontra-se presente entre ações de profissionais de distintas áreas. Contudo, ressalta-se o nú-
mero reduzido de trabalhos encontrados nas bases usadas para dialogar com a temática, tal fato,
talvez, deva-se aos critérios usados na pesquisa. Contudo, o intuito desse trabalho era, justamente,
entender até que ponto práticas e estratégias usadas na educação em saúde são vistas como metodo-
logias ativas.
Enfatiza-se, que nos trabalhos analisados a produção realizada por psicólogos foi pequena.
Provavelmente, tal resultado, se dê pelo fato de que as estratégias utilizadas nas práticas da categoria,
em educação em saúde, não tenham se atentado para a denominação “metodologias ativas”, mas com
o que é ofertado de estratégias e com o resultado, significando que não utilizem das metodologias
ativas em suas ações ou que não as valorizem como fator principal das práticas a ponto de enfatizá-la
nos trabalhos.
utilização das metodologias ativas na educação em saúde. Tal fim foi possível a partir do comparti-
lhamento e diálogo sobre as mais diversas experiências, assim possibilitando a reflexão, despertando
a curiosidade e novos olhares para o próprio cotidiano, apropriando-se do próprio saber. Este movi-
mento favorece a autonomia e estimula a tomada de decisões individuais e coletivas, assim, desen-
506
A contribuição das metodologias
volvendo habilidades para lidar com as inquietações e os atravessamentos do dia-a-dia, e tendo mais
qualidade de vida.
Diante dessas proposições, articular referências conhecidas das áreas discutidas com a imer-
são na bibliografia, a partir de uma revisão narrativa sobre trabalhos que contemplassem educação
em saúde e metodologias ativas, provocou avanços em conhecimentos para as áreas envolvidas nesta
revisão, assim como, dão suporte para que outros estudos sejam desenvolvidos na área, assim favore-
cendo atualizações sobre a temática, já que esse tipo de estudo problematiza e discute sobre o assunto,
saúde.
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A contribuição das metodologias
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511
Capítulo
21 METODOLOGIAS ATIVAS NAS SÉRIES
DESAFIOS E POSSIBILIDADES
512
METODOLOGIAS ATIVAS NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDA-
MENTAL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Resumo: A utilização de metodologias ativas tem sido tema de debates entre educadores na atualida-
listas frente a geração da conectividade, conduzem a reflexão sobre mudanças e ou adequações nos
nesse contexto. O estudo tem por objetivo entender as reais implicações do uso de estratégias direti-
uma aprendizagem significativa. Considerando que o atual contexto, não cabe mais uma educação
passiva, pois a mesma evidencia a necessidade de repensar e agregar propostas pedagógicas voltadas
à formação reflexiva e autônoma. Face a isso, a revolução digital possibilitou o (re) conhecimento da
múltiplas inteligências e saberes necessários com adequações e ou mudanças nas propostas e pro-
jetos educativos. Assim, objetivou-se pontuar a relevância da utilização das metodologias ativas na
problematização desse estudo propriciou reflexões e uma nova compreensão quanto às possibilidades
dos recursos como facilitadores na construção de saberes críticos e significativos. Buscou-se como
513
A contribuição das metodologias
aporte teórico os seguintes autores (MORIM, 2018, VALENTE 2018 e LEVI, 2004), reforçando as
utilização das metodologias ativas em linhas gerais. Por fim, a revisão sistemática veio desvelar ações
quanto ao acesso e uso de recursos tecnológicos, da formação dos esducadores frente as metodologias
ativas possibilitando a reflexão crítica e analítca a partir dos relatos de experiências exitosas com uti-
lização das metodologias ativas desde as séries iniciais até o ensino superior, fortalecendo o repensar
pedagógico.
Abstract: The use of active methodologies has been the subject of debates among educators today.
Questions regarding learning, and pedagogical practice and traditionalist attitudes towards the ge-
Consequently, there is a need to rethink pedagogical practices in this context. The study aims to
understand the real implications of the use of directive strategies that allowed the applicability of
active methodologies, enabling the development of meaningful learning. Considering that the current
context, a passive education is no longer suitable, as it highlights the need to rethink and add peda-
gogical proposals aimed at reflective and autonomous training. In view of this, the digital revolution
enabled the (re)knowledge of the existence of the virtual capacity with progressive dialogue, with a
view to the development of multiple intelligences and necessary knowledge with adjustments and/or
changes in educational proposals and projects. Thus, the objective was to point out the relevance of
the use of active methodologies in practice aligned with information and communication technolo-
gies in the perspective of development. The problematization of this study provided reflections and
a new understanding of the possibilities of resources as facilitators in the construction of critical and
514
A contribuição das metodologias
significant knowledge. The following authors were sought as a theoretical contribution (MORIM,
2018, VALENTE 2018 and LEVI, 2004), reinforcing the discussions in specific categories as well as
in other reports of experiences already published, as a way of presenting the main contributions to the
process of teaching-learning with the use of active methodologies in general terms. Finally, the sys-
tematic review revealed actions regarding the access and use of technological resources, the training
of educators in the face of active methodologies, enabling critical and analytical reflection based on
reports of successful experiences with the use of active methodologies from the initial grades to the
INTRODUÇÃO
Parte-se do presuposto de que, as mudanças aceleradas na sociedade exigem cada vez mais
indivíduos com competências e habilidade capazes de resolver situações cotidianas de forma reflexi-
ensino – aprendizagem, sendo necessário reconsiderar as práticas pedagógicas até então adotadas. Os
estudantes atuais não se adaptam as metodologias tradicionais de ensino, as quais em sua maioria,
nhecimento interativo e dinâmico, tornou imprescindível adotar novas metodologias e ações diversi-
515
A contribuição das metodologias
na contrução do conhecimento, sendo o educador um mediador que auxilia, orienta, estimula, duran-
te todo processo.
Este artigo tem por objetivo relatar algumas experiências exitosas publicadas a partir de uma
revisão sistemática da literatura como forma de apresentar a relevância das Metodologias Ativas no
to e objetivo do artigo; do referencial teórico que trata das metodologias ativas para uma aprendiza-
gem mais profunda e inovadora; da metodologia utilizada para construção do artigo; das análises dos
res assim, é necessário adequações e ou mudanças na educação formal, tornando-se relevante utili-
zação de metodologias que possibilitem a aprendizagem competente que conduza aos estudantes a
construção de projetos de vida e a conviver com os demais, sendo necessário uma revisão criteriosa
A utilização das Metodologias Ativas vem dessa necessidade sócio educacional desde o final
do século XIX com a escola antagônica em relação a escola tradicional, uma renovação do ensino
(LIMA, 2017). O movimento propunha um novo formato de ensinar-aprender com métodos mais
dinâmicos que envolviam a participação dos estudantes com um formato diferente das metodologias
tradicionais os quais o professor era o centro na sala tanto física como na fonte do conhecimento em
que o aluno como sujeito da aprendizagem limitava-se a escutar, ler, decorar e repetir (LIBÂNEO,
516
A contribuição das metodologias
2016).
que as influências e acesso ao conhecimento instantâeo reafirmam que uma inteligência é distribuída
em toda parte . Ninguém sabe tudo, todo mundo sabe alguma coisa, todo conhecimento está na hu-
de paradigmas bem como a formação docente visto que, as metodologias ativas propõem um forma-
mento, abrindo espaço para novas dinâmicas de aprendizagem, em que os sujeitos professor e aluno
são integrantes e atuantes nesse processo, que compõe tanto o ato de ensinar, quanto o ato de apren-
der, uma parceria deliberada e consciente para a construção do saber (KLEIN, 2013; LIMA, 2017).
Para que a aprendizagem seja significativa , o educador precisa criar condições em que os
com os novos e nas relações interpessoais dentro e fora da sala de aula , como ratifica Freire (2013) ao
Gouvêa et al (2017) alertam que, para evitar a aprendizagem mecânica, usualmente aplicada
na escola tradicional, é importante que os professores criem condições para que os alunos realizem
seus estudos de modo ativo. Assim, os autores reafirmam que criar possibilidades para o desnvolvi-
mento da autonomia dos estudantes é um dos pontos chaves na aprendizagem significativa, reflexiva
517
A contribuição das metodologias
Segundo Freire (1996), não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses- fazeres se
à educação para além dos ‘muros da escola’, pensar na formação dos estudantes para vida , os quais
É fator relevante, considerando os postulados, onde Valente (2018), afirmou que se torna
paradgma inovador em consonância com a formação de” novos “docentes para novos tempos. Outros-
sim, o período pandêmico possiblitou esse pensar e também evidenciou as diferenças sociais de edu-
cadores e estudantes no que diz respeito a aquisição, acesso e utilização de equipamentos atrelados à
das tecnologias e das metodologias ativas emtodas as etapas de ensino, contudo essa “aparição” da
tecnologia que, antes era uma vilã passa a ser uma alliada na aprendizagem no formato remoto.
educador deixa de ser o centro da aprendizagem e passa a ser um mediador. Nesta proposta, por sua
vez, o educador tem o papel de “incentivar” as crianças a serem ativas em relação à própria aprendi-
zagem e ao desenvolvimento da cognição” e para que isso aconteça, é necessária uma pedagogia “que
Ainda sobre esse aspecto os autores Oliveira et al. (2020), enfatizam que a interação entre
518
A contribuição das metodologias
e fora da sala de aula, como é o caso da aprendizagem colaborativa (TORRES, 2014), assim como
técnicas de aprendizagem PBL (Problem Basead Leaming e Project Based Leaming), (BEHRENS;
JOSÉ, 2001), Peer Instruction – aprendizagem por pares (MANZUR, 2015), Flipped Classorn – sala
de aula invertida (MANZUR, 2015; BERGMANN; SAMS 2016), ensino Híbrido (BACICH et al,
2015), que salientam uma abordagem pedagógica a partir do uso das TCIs e materiais de suporte
onlaine , investigam, experimentam, criam e recriam posssibilidades esta que vão se aperfeiçoando
de ensino e nos anos finais do ensino fundamental os adolescentes e jovens esperam aulas dinâmicas
que oprtunizem o envolvimento interativo, fazendo-se necessário que as metodologias ativas envol-
vam representações construídas sobre o mundo e estudadas também por meio de narrativas. Essas
representações traduzem a interface entre indivíduo e o social, e permitem uma maior conexão entre
modo de pensar e interesses das pessoas, numa determinada cultura (FERREIRA et al.2017; MOREI-
RA et al., 2017).
METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma revisão bibliográfica, que utilizou como técnicas de
poesquisa a revisão sistemática da lietratura (BACICH, MORAN, VALENTE, 2018) e leitura analíti-
finais.
Após a leitura dos resumos foram escolhidos 4 artigos que apresentavam fundamentação
teórica e prática com experiências exitosas e colaborativas sobre a utilização das metodologias ativas
519
A contribuição das metodologias
Além da revisão sistemática da literatura foram feitas inferências da autora a partir da sua
prática pedagógica como educadora e coordenadora pedagógica dos anos finais do ensino fundamen-
A revisão bibliográfica da literatura indicou que, dos 10 artigos selecionados para primeira
pesquisa analítica, 4 elucidarm e contibuiram com as experiências exitosas com a utilização de meto-
e burocrático para um que priorize um processo mais criativo, interativo em que a aprendizagem seja
significativa, além de transferir a autonomia para o aluno, assim como apontam onze dos quinze es-
tudos analisados. Destacam os desafios emergentes que precisam de amparo, como a falta de acesso
cassez de confiança que o aluno tem em aderir a uma proposta de ensino diferenciada já que sempre o
aluno foi acostumado em receber os conhecimentos de uma forma instituída. Para os professores que
pretendem aplicar a metodologia na escola, é essencial analisar com antecedência os prós e contras de
experiências relatadas a fim de prover um planejamento ideal, adequado a realidade da escola, assim
como verificar os materiais que sejam disponíveis e a abordagem propícia para determinado fim.
período pândemico nos anos iniciais do Ensino Fundamental, possibilitando a reflexão sobre a apren-
dizagem ativa e o papel docente frente aoo isolamento físico iniciado pela Covid-19 e a necessidade
Digital promulgadas pelas BNCC em todos os seus planejamentos de aula. Dessarte, sobre o Ensi-
520
A contribuição das metodologias
no Remoto é imprescindível que se tenha com muita clareza de qual abordagem ativa integrará o
currículo e o conteúdo abordado. O Ensino Remoto pode ser entendido como uma oportunidade de
refletirmos sobre o quanto ainda precisamos avançar no processo de ensino e aprendizagem nos anos
iniciais e demais etapas/ níveis da Educação. Ressaltam que é imprescindível que novos rumos sejam
tomados no período pós-pandemia, o que demanda novas políticas públicas de incentivo à formação
Ferreira e Moreira (2017), corroboram em afirmar que os alunos não se contentam apenas
com as metodologias tradicionais de ensino destacando que o avanço tecnológico tem refletido em
acadêmicos mais conectados, mais dinâmicos e mais dispostos a participar do processo. O artigo se
propôs a apresentar o relato de experiência das autoras com a aplicação do Peer Instruction em uma
instituição de ensino superior de Santa Catarina, comparando com experiências coletadas por meio
de uma revisão sistemática de literatura. Constatou-se que a metodologia PI é simples de ser aplicada
e mostra-se atraente, despertando interesse de alunos e professores. Propicia maior interação entre os
acadêmicos, que podem exercitar seu poder de argumentação e liderança, bem como amplia a efici-
discussão em equipes, podendo ser utilizado nas séries finais do ensino fundamental. Ressaltam que
as intituições que adotarem o PI como metodologia oficial de ensino é necessário que seja utilizada
em conjunto com outras metodologias ativas e tradicionais de aprendizagem, o que amplia o escopo
ensino remoto atrelado ao cenário pandêmico e isolamento social com a Covid-19 peri[íodo esse que
, o mundo teve que reiventar-se em todas as áreas sociais, criando protocolos específicos . amodali-
dade de aprendizagem remota tornou-se uma possibilidade para a continuidade do processo ensino
521
A contribuição das metodologias
rias acessíveis para que a aquisição do conteúdo seja alinhando as possibilidades reais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, faz-se necessário ajustes nas metodologias utilizadas para aproriação e
aplicação de metodologias ativas em todas as etapas de ensino considerando que os estudantes têm
toda proposta pedagógica objetivando a aprendizagem significativa e emancipatória, esta que requer
A partir das pesquisas referendadas em todo artigo, conclui-se que muitos desafios precisam
ser superados como: a melhoria da qualidade de ensino; maior integração e visão de interdisciplina-
ridade; formação continuada dos educadores para utilização das metodologias ativas com uso das
REFERÊNCIAS
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522
A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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524
Capítulo
22
METODOLOGIAS ATIVAS E EJA: DIÁ-
LOGOS POSSÍVEIS
525
METODOLOGIAS ATIVAS E EJA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS
Resumo: As metodologias ativas são uma possibilidade interventiva que permite um diálogo com a
jeitos que transitam em realidades distintas. Esta pesquisa refletirá as contribuições das metodologias
ativas na educação de jovens e adultos e se utilizará de uma pesquisa bibliográfica de natureza quali-
tativa que permitirá dialogar em torno da ressignificação das práticas na educação de jovens e adultos
por meio da análise das potencialidades das metodologias ativas nesse segmento educativo. Espera-se
que a partir da percepção dos sujeitos da EJA, assim como da importância das metodologias ativas
e da inserção destas nesse segmento se possa fortalecer as práticas e discussões teóricas em torno
Abstract: Active methodologies are an interventional possibility that enables a dialogue with the
education of young people and adults, a segment lacking significant learning practices and with sub-
jects in different realities. This research will reflect the contributions of active methodologies in the
education of young people and adults and will use a qualitative research of a bibliographic nature
526
A contribuição das metodologias
that will allow a dialogue around the resignification of practices in the education of young people and
adults through the analysis of active methodologies in this educational segment. It is hoped that from
the perception of the subjects of the EJA, as well as the importance of active methodologies and their
insertion in this segment, it is possible to strengthen the practices and theoretical discussions around
Keywords: Yae (Youth And Adult Education). Active Methodology. Significant Learning.
INTRODUÇÃO
A educação na contemporaneidade está erigida numa perspectiva que contemple uma apren-
dizagem significativa e deve estar centrada em contribuições de- sapegadas de práticas conservadoras
e tradicionais e zelar por aulas mais ricas, significativas e contextualizadas com a realidade da edu-
Não é mais concebível práticas fundadas na memorização, por exemplo. Acerca desta,
Experiências teóricas tradicionais, baseadas nestas premissas, não davam conta das especifi-
cidades do educando e de sua aprendizagem. As práticas de ensino voltadas para um ensino tradicio-
nal não valoriza assim as potencialidades dos alunos da EJA, seja pela contextualização e protagonis-
527
A contribuição das metodologias
significação da prática docente, levando em conta aspectos como a própria experiência, para que o
aprendizado tenha sentido. Desta maneira, as metodologias ativas se valem da ressignificação das
práticas educativas possibilitando que os alunos da educação de jovens e adultos sejam protagonistas
de sua aprendizagem.
Neste cenário foi delimitada a seguinte problemática: Como as Metodologias Ativas podem
contribuir com as práticas na educação de jovens e adultos? Desse modo, será caracterizado previa-
mente os sujeitos da educação de jovens e adultos, detentores de direitos de aprendizagem e que tem
no professor esse elo para a res- significação dos processos de aprendizagem na escola.
Dessa maneira é interessante que se reflita, quem são os sujeitos da EJA? Qual proposta
pedagógica se pensar para a Educação de Jovens e adultos? Como as Metodologias ativas podem
Além dessa introdução, esse trabalho conterá, a saber, as seguintes partes constituintes: Me-
todologia, Caracterização da educação de jovens e adultos e dos seus sujeitos, Proposta Pedagógica
A razão que levou à construção deste trabalho acadêmico se deu pela necessidade de se re-
pensar novos olhares e práticas na educação de jovens e adultos, e onde é oportuno também entrelaçar
os saberes das metodologias ativas para que se mude/inove o olhar nesse espaço educacional, tendo
528
A contribuição das metodologias
p. 27).
Meta esta que fortalece a EJA e o papel do aluno seja redirecionado, se construindo novas
possibilidades e imersões propositivas onde o discente possa ter mais atenção metodológica e se en-
METODOLOGIA
A presente pesquisa, tipificada enquanto do tipo bibliográfica, está inserida no espaço acadê-
Gil (2002,p.44), “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constitu-
ído principalmente de livros e artigos científicos”, dessa maneira serão utilizadas algumas produções
como artigos, dissertações e livros científicos com o intuito de refletir a importância das metodolo-
uma vez que constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas.
529
A contribuição das metodologias
que contribuirá para se expandir o conhecimento acadêmico em torno das metodologias ativas na
EJA.
aspectos, trazem à tona a realidade desses sujeitos, sejam cognoscitivos, geracionais, referente à faixa
etária, classe social entre tantos outros. O segmento da EJA possui muitos desafios e ela é percebida
De forma breve e histórica pode-se perceber que a educação de jovens e adultos (EJA) é um
segmento marcado historicamente pela falta de valorização e investimento por parte dos governantes
e segundo Moura (2003, p.26), teve início com a chegada dos jesuítas em 1549.
Por meio dessa educação que perdurou séculos, os jesuítas fundaram colégios nos quais era
desenvolvida uma educação cujo objetivo inicial era formar uma elite religiosa. Com a chegada da fa-
mília real e consequente expulsão dos Jesuítas no século XVIII, a educação de adultos entra em falên-
cia, pois a responsabilidade pela educação acaba ficando às margens do império (STRELHOW, 2010).
A partir de 1934, o governo cria o Plano Nacional de Educação(PNE) que estabeleceu como
dever do Estado o ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória e extensiva para adul-
tos como direito constitucional (FRIEDRICH et.al, 2010). Anos depois surgem muitas críticas em re-
Adultos (SEA). Segundo Strelhow (2010, p.05), “a finalidade do SEA era a de reorientar e coordenar,
no geral, os trabalhos dos planos anuais do ensino supletivo para adolescentes e adultos analfabetos.”
530
A contribuição das metodologias
Na contemporaneidade, porém percebe-se que estes feitos de outrora, não dão conta do triste
verbas, fechamento de turmas e falta de apoio diverso para que este segmento cumpra com o seu papel
na sociedade brasileira.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística PNAD/IBGE (2019), a taxa de analfabetismo era de 18% entre
as pessoas que possuíam 60 anos ou mais e de 6,6% entre quem possuía 15 anos ou mais, o que nos
faz através desses dados, contemporaneizar o déficit e urgência da educação de jovens e adultos, haja
vista que se trata de um problema social e deve ser pensado de forma séria por todos os articuladores
Esta mesma pesquisa revela também que o número médio de anos de estudos aumentou de
forma tímida entre 2018/2019, saiu de 9,3% para 9,4% e que as regiões Norte e Nordeste se figuram
entre as que possuem menos tempo de estudo. Essas percepções nos elucidam a importância da aten-
[...] Uma dívida social não reparada para com os que não tiveram acesso a e
nem domínio da escrita e leitura como bens sociais na escola ou fora dela [...]
em que a ausência de escolarização não pode e nem deve justificar uma visão
p. 5).
Concordando com esta visão, percebe-se que a EJA está situada em realidades sociais adver-
sas, atendendo a situações e públicos diversos que atendam à demanda dos educandos. Em relação a
estes, Ventura (2008, p.240) pondera que na educação de jovens e adultos, o objetivo:
531
A contribuição das metodologias
tância de premissas vistas em tratados como UNESCO (1990) que traz em seu preâmbulo a assertiva
que toda pessoa tem direito à educação, sendo um direito fundamental de todos, mulheres e homens
Coaduna-se ao direito desses sujeitos o fato de que parte desses alunos vem à escola por
necessidades exigidas pelo mundo do trabalho ou por estarem fora da faixa etária.
Em relação aos sujeitos das classes de EJA, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tive-
jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,
532
A contribuição das metodologias
Percebe-se aí a direcionalidade de uma educação que inclua quem não teve acesso por aspec-
tos diversos, aliado ao fato de que os sujeitos da EJA possuem itinerários que se interseccionam, se
confundem uns com os outros e “aproximam identidades de classe, raça, gênero, trabalho, escolariza-
ção truncada” (ARROYO, 2017, p.24), que revela o quão diversa é a realidade da educação de jovens
e adul- tos, assim como são diversas as perspectivas para se atuar diante desse cenário.
Segundo Arroyo (2017, p.24), a Educação de Jovens e adultos “é um espaço-tempo desses co-
letivos, assim como o são os movimentos sociais, o trabalho, a fila, a estação, o ônibus. Espaço vivido
pelos coletivos que a vivem”. É nesse espaço, denominado EJA que transitam sujeitos que trafegam
num mundo marcado por processos de exclusão/ negação e onde além destes sujeitos poderem se en-
contrar/ lutar/ resistir às diversas formas de luta contra as diversas formas de opressão.
na escola, onde esta instituição tem o papel de transpor situações de aprendizagem contextualizadas
e adequadas à realidade desses educandos(as), pois para além da oferta e manutenção do segmento da
educação de jovens e adultos, se torna vital criar situações de aprendizagem significativas para os(as)
ra do processo educativo, e vale frisar a importância da abordagem sociocultural, onde esta parte do
viés que nas relações entre aluno e professor é notória a importância de se respeitar as experiências/
Em face dessas caracterizações, ratifico o que (OLIVEIRA, 2001) pontua acerca desses:
lação às outras engendra uma dinâmica própria do público que ela atende.
533
A contribuição das metodologias
blico particular e com características específicas: sujeitos que foram ex- cluí-
alidade vivida pelos alunos, não pode ter um caráter reducionista e atrelado à simples transmissão
de conhecimentos, corroborando com esta visão Alves e Backers (2016) argumentam que o papel do
Para tanto se faz necessário abandonar práticas fundamentadas numa edu- cação bancária,
como o centro do processo educativo e o alu- no não é tido como protagonista do processo de ensino,
Acerca dessa concepção bancária de educação (Freire, 2005, p. 68) afirma que esta “nega o
diálogo, à medida que na prática pedagógica prevalecem poucas palavras, já que o educador é o que
diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; o educador é o que disciplina; os educan-
dos, os disciplinados”
Busca-se entretanto romper com esta visão, através da concepção freiriana e sua educação
libertadora na educação de jovens e adultos visando superar essa realidade excludente, através do que
este entende como educação emancipatória. Para Freire (2011), ao descrever a educação emancipató-
ria, afirma:
534
A contribuição das metodologias
tica. E sua inserção nessa problemática. Que o advertisse dos perigos de seu
invés de ser levado e arrastado à per- dição do seu próprio “eu”, submetido às
outro. Que o pre- dispusesse a constantes revisões. À análise crítica dos seus
2011, p. 96).
transcendam os velhos moldes. Concordando com essa proposição, em abril de 2000, em Dacar, no
Senegal, a Cúpula Mundial de Educação aprovou a declaração denominada Marco de Ação de Dacar,
[...] toda criança, jovem e adulto tem direito humano de se beneficiar de uma
lhor e mais pleno sentido do termo, e que inclua aprender a aprender, a fazer,
possam melho- rar suas vidas e transformar suas sociedades [...] assegurar
A educação de jovens e adultos nesses moldes deve confluir com um ideário de sujeitos ge-
ralmente não previstos de forma prática em muitas políticas públicas, e tem na escola a possibilidade
535
A contribuição das metodologias
de uma construção pautada nos aspectos plurais, dialogando com as singularidades da pessoa jovem,
adulta ou idosa e que incorpore as especificidades e diversidades presentes no universo desses sujei-
tos.
há de buscar-se uma educação qualitativamente diferente, que tem como perspectiva uma sociedade
tolerante e igualitária, que a reconhece ao longo da vida como direito inalienável de todos (SANTOS,
2004).
Mesmo partindo do pressuposto de que se trata também de lutas e conquistas num mundo
em constante tensão e rupturas, esses direitos se veem em constante zona de expropriação, por forças
que não veem as camadas populares e a educaão de jovens e adultos como merecedora de atenção por
Conforme a resolução nº 1, de 28 de maio de 2021, que institui diretrizes ope- racionais para
a Educação de Jovens e Adultos, este segmento teve um golpe, uma vez que esta resolução indica
contraria tudo que até então existia no segmento da Educação de Jovens e adultos, rompendo e com-
A educação de jovens e adultos em sua proposta curricular deve levar em conta as vivências
e espaços de significação que endossam as diversas realidades desses sujeitos: urbanas, campesinas,
ribeirinhas, das favelas, ilhas e espaços diversos onde ecoam a necessidade de escolarização indepen-
dente de idade, cor, localização geográfica, fluindo como um direito básico de todo cidadão brasileiro.
lente aos anos iniciais da educação de jovens e adultos, este preconiza que “o ideário da Educação
Popular, referência importante na área, destaca o valor educativo do diálogo e da participação, a con-
sideração do educando como su- jeito portador de saberes, que devem ser reconhecidos.”
536
A contribuição das metodologias
Tal nuance na valorização desses saberes se dá de forma inquestionável, uma vez que estes
sujeitos possuem trajetórias e caminhos que precisam ser ressignificados, reelaborados e inclusos na
Em seu livro “Currículo: Território em Disputa”, Arroyo (2013, p.223-224), analisa a fala de
uma professora que se refere ao público da EJA, como se estes fossem “outros” num tempo marcado
por transformações históricas e cujos valores e formas de pensar mudaram com o passar dos tempos.
Essa constatação torna fecundo o campo das discussões em torno desses sujeitos e permite que os
educado- res redobrem as atenções, principalmente quanto a organização curricular na EJA, haja
Para além de uma visão estática e preconceituosa sobre esses “outros”, sujeitos da EJA, é
necessário se atentar ao que se propõe como organização curricular. Assim, concordo com Arroyo
Abrir nosso olhar para quem são na cidade, nas periferias, na sobrevivên- cia,
co ajudam a entender quem são, que lugar – ou sem lugar – lhes é reservado
Aí emana uma visão curricular amalgamada e que vá além de contextos, vivências e situ-
ações que endossem as diversas trajetórias desses alunos, não restringindo a dimensão curricular a
meros temas e ou correlacionando-os aos mesmos tempos e saberes da realidade de outros segmentos,
como os anos iniciais, por exemplo, o que pode desfigurar a realidade da educação de jovens e adultos
e de seus sujeitos, que precisam se ver nas atividades e nas diversas transposições didáticas e organi-
537
A contribuição das metodologias
EJA
ções correlacionadas à vida dos educandos: longo tempo de distanciamento da escola, cansaço físico
devido a longa jornada de trabalho diária e consequente conciliação com o estudo entre tantos outros
desafios, é notório se refletir como se dá a aprendizagem, assim como rever e analisar as metodologias
para tanto é necessário que as práticas emanadas da educação de jovens e adultos sejam redireciona-
das.
bem. Eles não são mais elementos vazios, tornam-se um ponto de partida de
prévios que o(a)s educando(a)s da educação de jovens e adultos possuem ou construíram no decorrer
de suas vidas. Conhecimentos estes, que são relevantes para que os(as) educandos(a)s possam de fato
538
A contribuição das metodologias
não é com a ideia prévia, mas sim com algum conhecimento especificamente
Esses conteúdos relevantes existentes na estrutura cognitiva dos alunos da educação de jo-
vens e adultos devem ser pensados no momento da organização das práticas direcionadas a esses
sujeitos, onde é plausível o que Albino, Batista e Mo- rais (2021, p.56) se atentam:
da aprendizagem significativa.
É notória a reinvenção de práticas que mudem a forma como a escola lida com a aprendiza-
gem na EJA. Acerca da aprendizagem, Moreira (2011, p.31-32) reforça que a que mais ocorre na escola
lístico, útil para as provas e é esquecida, apagada logo após, em miúdos é conhecida como decoreba
Tais práticas com aprendizagens mecânicas, provida de ações estéreis na educação de jovens
e adultos, coadunam com uma educação bancária, de cunho tradicional, que assim é percebida por
sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifes-
539
A contribuição das metodologias
logo, onde geralmente prevalecem as aulas expositivas e a falta de maior interação dos alunos jovens,
adultos e idosos, torna-se coerente pensar o papel da aprendizagem significativa nesse contexto, atra-
vés da valorização e inclusão das metodologias ativas ao seu processo de ensino e aprendizagem.
cas e atividades do diurno, voltadas geralmente para crianças e seu contexto, ignorando a realidade
tal acreditar em si e em sua capacidade, o que pressupõe olhar com cautela os encaminhamentos
modelo de estudante, exige um novo arranjo da educação e seus métodos. A sociedade hoje tem uma
influência do avanço tecnológico isso altera a for- ma como as pessoas aprendem, se comunicam e se
relacionam.
Segundo Silva, Silva, Silva (2021, p.218) “conhecimento não é mais exclusividade dos livros
informações pela internet, dessa maneira não é mais concebido uma postura centralizadora por parte
[...] ensinar já não e mais levar o conhecimento para a sala de aula e, sim en-
540
A contribuição das metodologias
em sala de aula e trazer outras possibilidades que as metodologias ativas podem oportunizar. Vale
reforçar que cada metodologia ativa pode oportunizar saberes e competências diferentes, cumprem
A EJA, assim como nos demais segmentos precisa ter estratégias de ensino (re) pensadas e,
positivas, atividades com cópia e que sacrificam a criatividade, de caráter reprodutivista que privam
A Project Based Learning (PBL), aprendizagem baseada em problemas, por exemplo, permi-
te que o professor crie condições para o aluno perceber-se perplexo mediante determinada questão ou
situação-problema e questionar-se com perguntas do tipo: o que? Porque? Como? (RIBEIRO, 2008).
Para Ribeiro (2008), o ensino está centrado no aluno e visa fortemente ao seu processo de
antecede a teoria, onde os estudantes buscam conhecimentos teóricos que fundamentam e explicam
O portfólio por sua vez, é uma metodologia ativa que oportuniza uma nova relação professor
x aluno, onde é possível melhorar a mediação entre o saber e o aluno, considerando este como sujeito
não passivo mas dotado de potencialidades, além desta metodologia se mostrar como uma possibili-
541
A contribuição das metodologias
através de uma forma criativa e participativa, dessa maneira, segundo Vieira (2002 , p.02), o portfólio
se configura como um instrumento que reflete a trajetória do saber construído e possibilita aos alunos
O portfólio pode se apresentar como uma opção organizativa como forma de registro das
atuações e assim como das práticas nas diversas escolas de EJA, se mostra como uma excelente ma-
neira de se ter organizadas as atividades, textos, planos e projetos didáticos para a reflexão individual
de cada profissional, para que a coordenação repense e dialogue sobre as estratégias com o professo-
rado entre tan- tas outras possibilidades que podem enriquecer a educação de jovens e adultos.
A sala de aula invertida é uma ótima oportunidade de se expandir a sala de aula na EJA.
Para Valente (2018b,p.26-44), a Sala de Aula Invertida como uma estratégia ativa em que aproxima as
interações entre o docente e o aluno e entre aluno-aluno, que engaja esses sujeitos para a realização
das atividades e com isso traz a efetividade de estarem ativos frente aos conhecimentos.
Retratando o trabalho a partir de um conto griô mediado por uma metodologia ativa na EJA,
Morais (2021), traz de forma clara o trabalho com o conto na educação de jovens utilizando a sala
de aula invertida, onde há inicialmente uma disposição do texto de forma prévia para os alunos, seja
para apreciarem ou terem conhecimento acerca do que este reserva e incitando de forma objetiva uma
Este trabalho que pode ser sistematizado com outro gênero textual pode ser utilizado com o
uso do whatsapp, onde este serve como suporte para o direcionamento e viabilidade da inversão da
sala de aula.
Segundo Morais (2021, p.92) o trabalho textual pode ser reapresentado em sala de aula de
forma escrita e realizado outras intervenções explorando a oralidade, leitura e escrita a questões per-
Este autor endossa ainda que “o uso do celular se apresenta como uma condição favorável,
haja vista que a presença deste dispositivo é cada dia mais frequente entre os alunos da EJA”.
542
A contribuição das metodologias
Desta maneira a inversão da sala de aula na educação de jovens e adultos pode ainda possi-
bilitar que além do uso do aplicativo whatsapp, se haja o acréscimo de outras tecnologias e ou apli-
cativos de forma conjunta a esta plataforma de mensagens, uma vez que esta acaba tendo um papel
de repositório e os alunos deste segmento podem acessar atividades, vídeos, textos, questionários,
Essa organização curricular na educação de jovens e adultos pode além de incluir os saberes
e vivências destes, se valer também dos artefatos e aplicativos aos quais estes sujeitos estão imbri-
cados e de forma funcional tornar o ensino neste segmento mais consistente e dialogado com suas
versos aplicativos é possível que a sala de aula invertida fortaleça os tempos de aprendizagem na
educação de jovens e adultos, assim como é possível agregar outras metodologias e possibilita que as
Aqui vale o adendo que a extensão da sala, rompe com as mazelas envolvendo principalmen-
te os tempos e as limitações impostas geralmente nas redes oficiais de ensino, onde a EJA é ofertada,
valendo lembrar que as postagens, orientações de atividades e transposições diversas dá maior auto-
nomia ao docente nessas questões, seja por superar esses tempos formais minimizados pelo tempo
escolar e também através do grupo de whatsapp , onde este se torna um espaço de mediações de
543
A contribuição das metodologias
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em face da realidade da EJA, onde se é perceptível que as redes oficiais de ensino não dão a
atenção devida, se faz necessária repensar novos procedimentos que tornem as aulas mais criativas e
agradáveis, possibilitando mais interação desses sujeitos e fortalecendo o processo de ensino apren-
dizagem.
A partir da aprendizagem significativa, é notória a partir das conclusões em torno desse tipo
EJA.
544
A contribuição das metodologias
Com um público marcado historicamente pela fuga do espaço escolar é necessário tornar
este espaço mais atrativo frente a um mundo em constante transformação. A superação de algumas
práticas tradicionais, assim como dialogar e levar à inclusão de novas metodologias possibilita que
novas perspectivas à EJA, uma vez que ainda se percebe a reprodução de práticas sem o devido diálo-
go entre os sujeitos e onde também precisa se repensar com afinco suas metodologias; que haja mais
precisão e organização, assim como empenho para que se construam aprendizagens cooperativas e se
dê mais autonomia aos diversos educandos (as) que transitam nesse segmento educacional.
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A contribuição das metodologias
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A contribuição das metodologias
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549
Capítulo
23 O APRENDIZADO DE MATEMÁTICA
EXPERIÊNCIA
550
O APRENDIZADO DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO ATRAVÉS
DA UTILIZAÇÃO DO PORTFÓLIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
de Matemática com o uso do portfólio, com alunos do 3o ano do Ensino Médio, no ensino híbrido,
cujo enfoque foi a resolução de questões de análise de gráficos e estatística do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem). O trabalho teve por objetivo analisar o uso do portfólio como instrumento
mento matemático do aluno. O relato de experiência desenvolveu-se em uma escola de Ensino Mé-
dio da Bahia e teve como principal participante uma professora de Matemática, que usa o portfólio
como ferramenta pedagógica em sua atividade docente, com uma turma de 21 alunos. Com base nos
mentos de coleta de dados os portfólios confeccionados pelos alunos; um questionário destinado aos
ofereceram importantes referenciais para o alcance dos objetivos da experiência e conduziram a três
categorias de análise, consideradas como as principais contribuições do estudo. São elas: gráficos e
551
A contribuição das metodologias
obtidos na experiência indicaram que a utilização do portfólio pode estimular o interesse pela Mate-
Abstract: This article presents an experience report of the process of teaching and learning mathe-
matics through the portfolio, with students of the 3rd year of high school in hybrid education, whose
focus was the resolution of graph analysis and statistics questions of the National High School Exam.
- AND EITHER. The objective of this work was to analyze the use of the portfolio as an instrument
of reflection, evaluation and construction of knowledge, so that it can contribute to the mathematical
development of the student. The experience report was developed in a high school in Bahia and had
as main participant a mathematics teacher, who uses the portfolio as a pedagogical tool in her tea-
ching activity, and a class of 21 students. Based on the theoretical-methodological assumptions of the
qualitative research, portfolios made by the students, a questionnaire intended for the students and the
perception/observation of the regent teacher were used as the main data collection instruments. The
information constructed by these means offered important references for reaching the objectives of
the experience and led to three categories of analysis, considered the main contributions of the study.
They are: graphs and statistics through the portfolio; Mathematics Portfolio and the Regent Teacher’s
Perception; Mathematics portfolio and student perception. The study made it possible to identify the
relevance of using the portfolio in the teaching and learning process of graph analysis and statistics.
The results obtained in this experiment indicated that the use of the portfolio can stimulate interest in
552
A contribuição das metodologias
INTRODUÇÃO
Médio por meio da utilização de portfólio. O resultado do Sistema de Avaliação Básica (Saeb)2 de
2019, do estado da Bahia, aponta que estudantes matriculados no 3o ano do Ensino Médio possuem,
em média, o nível 260,2 de proficiência em Matemática (INEP, 2019). Esse resultado mostra que os
alunos, na Bahia, estão com o desenvolvimento de habilidades em Matemática abaixo da média Bra-
sil, que é de 277,3, associada ao nível 3 de uma escala de 1 a 10. O nível 1 representa desempenho
maior ou igual a 225 e menor do que 250; o nível 2 indica desempenho maior ou igual a 250 e menor
que 275; o nível 3 mostra desempenho maior ou igual a 275 e menor do que 300; e assim, sucessiva-
mente, até o nível 10. Diferencia um nível para outro o valor de 25 no desempenho.
temática por parte dos alunos do Ensino Médio de uma escola da Bahia, cujo reflexo é o atraso no
cidos em um texto. Essa habilidade faz parte do nível 4, maior do que o nível de desempenho escolar
detectado na Bahia.
553
A contribuição das metodologias
O uso de portfólio contribui como fator motivacional para estimular a aprendizagem, per-
mitindo, segundo Cesário et al. (2016, p. 358) “o desenvolvimento de competências tanto cognitivas
quanto metacognitiva”, além de ser utilizado como estratégia de avaliação formativa, e garantir “ao
possível perceber a dificuldade para encontrar ferramentas educacionais adaptáveis a tal contexto,
Sabe-se que o meio virtual possibilita aos alunos encontrarem diversas fontes de informa-
ções e apresentá-las como objeto de construção de seus conhecimentos. Diante disso e das demais
formas avaliativas utilizadas, inicialmente, no ensino híbrido, nas aulas de Matemática, a maioria dos
adquirido.
Nesse cenário, cogitou-se a utilização do portfólio adaptado como recurso avaliativo. Essa
classificação (adaptado) dá-se em função do objetivo de utilizar o portfólio como recurso avaliativo
capaz de demonstrar o aprendizado da Matemática não só pelos cálculos, mas também por meio do
(Língua Portuguesa).
registro da aprendizagem de Matemática do estudante. Na atuação como professora regente, foi pro-
posto tal recurso avaliativo para alunos do Ensino Médio, cujo enfoque foi dado na resolução a partir
de uma escrita com linguagem pessoal para a resolução das questões de Matemática.
A partir da decisão, a seguinte pergunta foi levantada: Como é possível avaliar, através do
554
A contribuição das metodologias
Para responder à supracitada pergunta, foi planejado trabalhar com os alunos a análise de
gráficos como também a estatística e, posteriormente, apresentar, como um recurso avaliativo, o por-
tfólio.
Verificou-se, então, que os conteúdos de Matemática vistos em sala de aula foram revisados
e treinados a partir da prática vislumbrada. Assim, foi possível perceber a Matemática compreendida
pelos alunos a partir do portfólio com seus registros justificativos para cada questão proposta.
Neste artigo, é relatada uma experiência positiva, em relação aos resultados alcançados com
a utilização do portfólio como recurso avaliativo. Organizado nas seções a seguir, ressalta-se que,
contexto. O objeto de estudo – o portfólio como recurso avaliativo da Matemática – será abordado em
três contextos: o contexto histórico, com breve relato do surgimento do conceito; o contexto educacio-
nal, em que se define o portfólio, de forma mais específica, como instrumento de avaliação no âmbito
da educação; e, por fim, são apresentados aspectos do portfólio como instrumento de avaliação em
Matemática.
correr do relato de experiência. Para tanto, aponta-se a metodologia adotada na experiência com a
de coleta de dados; a metodologia adotada para a análise dos dados; e, por fim, a metodologia para a
respectiva validação.
sentação do portfólio como recurso avaliativo de Matemática até sua execução, trazendo a análise dos
dados, os principais resultados, tanto na elaboração do portfólio quanto no final da experiência. Nas
Considerações Finais, consta a resposta à pergunta inicial, assim como possíveis encaminhamentos
555
A contribuição das metodologias
Objetivos
O objetivo geral foi analisar o uso do portfólio como instrumento de reflexão, avaliação e
construção de conhecimento para análise de gráficos e estatística, de maneira a contribuir para o de-
senvolvimento matemático do aluno do Ensino Médio. Para alcançar o objetivo geral, foram definidos
da disciplina;
Público-alvo e contexto
Bahia, com o público-alvo formado especificamente por 21 alunos do 3o ano do Ensino Médio do
No que se refere ao contexto da experiência, foi projetada para ser apresentada na supracita-
da turma, em horário de aula, e desenvolvida nos domicílios dos alunos, considerando que estava em
556
A contribuição das metodologias
Portfólio
Cotta e Costa (2016) discutem, em seu livro, sobre os tipos e classificações de portfólio, suas
características, seus objetivos e as finalidades, ampliando os debates sobre os diferentes usos. Segun-
do Cotta e Costa (2016 apud TEKIAN; YUDKOWSKY, 2009), a palavra portfólio deriva do verbo
latino portare (transportar) e do substantivo foglio (folha), origem do termo portafoglio (pasta onde se
Sua concepção tem raízes no campo das artes (cinema, fotografia, design), referindo-se a
uma pasta, que arquitetos, artistas e modelos utilizam para apresentar amostras de seus trabalhos e
demonstrar suas capacidades e potencial artístico (COTTA; COSTA, 2016 apud RANGEL, 2003).
Portfólio na educação
logias Ativas, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), despertou nosso interesse
em utilizar tal recurso avaliativo nas aulas de Matemática. Esse interesse foi gerado tanto por nunca
ter estudado sobre portfólio, seja na licenciatura em Matemática e/ou outras pós-graduações na área
de Matemática, quanto por ser um novo recurso avaliativo na disciplina que é tão temida pelos alunos.
Já é sabido que o portfólio tem origem no campo das artes (cinema, fotografia, design), en-
tretanto, é possível destacar sua utilização no campo educacional. Nesse cenário educacional, nota-se
Cotta, Costa e Mendonça (2015), objetivando avaliar o portfólio como método de ensino, aprendiza-
gem e avaliação.
mento dos pensamentos compreensivo, crítico e criativo nos estudantes, viabilizando um processo
557
A contribuição das metodologias
De acordo com Gardner (apud MOULIN, 2002), o portfólio é definido como um local para
colecionar todos os passos percorridos pelo aluno, ao longo da trajetória de sua aprendizagem. Dessa
maneira, o portfólio deve ser cumulativo, o que permite à avaliação ser um processo contínuo, viven-
ciado tanto pelos alunos quanto pelo professor, perspectiva esta defendida neste relato de experiência.
Bona e Basso (2010) apontam, em seu artigo, uma parte dos resultados de pesquisa-ação
Federal do Rio Grande do Sul (PPGENSIMAT/UFRGS), numa escola pública estadual em Porto
Alegre, que teve por objetivo compreender o processo de aprendizagem do estudante em Matemática.
tecnológica natural, pelos estudantes, como estratégia e/ou forma de apresentação dos seus portfó-
lios à professora, aos colegas, e à comunidade. Apresenta-se, neste relato de experiência, o trabalho
construído e apresentado pelos estudantes do 3o ano do Ensino Médio para a comunidade, de acordo
com a responsabilidade e autonomia de construção dos próprios estudantes e segundo o que julgavam
necessário para que todos compreendessem o significado de portfólio de Matemática, como forma
de demonstrar o que aprenderam da matéria. Esse portfólio teve a geometria espacial como objeto da
Matemática.
Bona e Basso (2013) afirmam que o portfólio de Matemática, como um instrumento de ava-
Por meio do processo de construção dos portfólios de Matemática, os alunos podem usar o
contexto das tecnologias digitais como recurso que, além de favorecer a implantação de novas práticas
558
A contribuição das metodologias
Tal modelo oferece elementos para uma avaliação formativa e somativa, bem como informa-
ções que permitem a reflexão do estudante e do professor sobre o processo de aprendizagem. Consta-
tou-se que os estudantes, por meio desse instrumento, podem apresentar evidências do conhecimento
construído, das estratégias utilizadas para aprender e da disposição para continuar aprendendo.
METODOLOGIA
Esta seção está delineada da seguinte forma: inicialmente, é apresentada a metodologia ado-
tada na experiência com a utilização do portfólio como instrumento avaliativo de Matemática; em se-
guida, são descritos os instrumentos de coleta de dados; depois, a metodologia adotada para a análise;
A metodologia adotada neste relato de experiência foi composta das seguintes etapas: (I)
introdução do conceito de um portfólio; (II) apresentação de análise de gráfico por meio do registro
resolução de problemas matemáticos; (IV) incentivo tanto para o aprendizado da Matemática quanto
para o estímulo para a admiração e o gosto pelo estudo da Matemática; e (V) confecção do portfólio.
gráficos, como também da estatística. A proposta da utilização do portfólio como requisito avaliativo
foi apresentada presencialmente para metade da turma, no dia 12 de agosto de 2021, e, para a outra
metade da turma, no dia 13 de agosto de 2021, ainda no contexto pandêmico, na modalidade híbrida
559
A contribuição das metodologias
A atividade avaliativa contou com um prazo máximo de entrega de 39 dias, a partir da expli-
cação para o último grupo de alunos. A concepção dessa metodologia adotada para o desenvolvimen-
to do portfólio foi baseada no registro da linguagem materna, segundo a concepção de Duval (2012),
com os registros de representação semiótica. Para tanto, foi dividido o momento para entendimento
avaliativo. Dessa forma, para elaboração do portfólio, foi solicitado aos alunos para apresentar uma
capa e contracapa, dentro das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Para
tanto, orientou-se que a capa apresentasse a identificação do aluno, cidade, ano; na contracapa, que
constasse o nome e a natureza do trabalho. Ressalta-se que, no portfólio, não foi necessário constar a
560
A contribuição das metodologias
questão completa, mas o título e número que as referenciam no arquivo do Enem disponibilizado no
classroom. A partir da referência dada, inserir os cálculos e/ou a justificativa, com um texto explican-
mas matemáticos por meio da linguagem materna e solicitada a confecção do portfólio nos domicílios
dos estudantes, no contraturno (horário pós-aula). Desse modo, pretendeu-se consolidar o prazer pelo
A coleta de dados deu-se das seguintes formas: portfólio confeccionado pelos alunos; apli-
cação de um questionário; e observação realizada pela professora regente. Cabe salientar que tanto
(2013). As categorias estabelecidas para tabulação dos dados foram estruturadas simultaneamente
A análise dos dados foi qualitativa, segundo a perspectiva de Prodanov e Freitas (2013), por
pretender analisar o uso do portfólio como instrumento de reflexão, avaliação e construção de co-
nhecimento, para análise de gráficos e estatística, de maneira que contribua para o desenvolvimento
matemático do aluno do Ensino Médio. Ou seja, o foco principal do relato de experiência não pode
ser representado por números, pois o que interessou foi o processo de ensino e aprendizagem, o qual
levou em consideração aspectos subjetivos apresentados tanto pelos alunos quanto pela professora
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. [...] O pro-
561
A contribuição das metodologias
optou-se por analisar o que os alunos pensavam sobre tal instrumento. Para tal finalidade, foi elabo-
rado um formulário com os seguintes questionamentos: (1) Você já tinha visto um portfólio? (2) Você
já tinha feito um portfólio? (3) Caso já tenha feito um portfólio, em qual disciplina foi elaborado? (4)
Houve aprendizado na elaboração do portfólio de Matemática? (5) Você acha que o portfólio possibi-
lita o aprendizado durante a sua confecção? (6) Qual recurso avaliativo você acha que possibilita um
ção de cartazes. (7) Obtém-se mais aprendizado resolvendo as questões de Matemática apenas com o
utilizaram o portfólio como recurso avaliativo na disciplina Matemática foram discutidas ao longo do
Com o auxílio dessas análises, foi possível definir como os conteúdos de Matemática vistos
em sala de aula poderiam ser avaliados por meio do portfólio. Para orientar o planejamento dessas
análises, foram criadas algumas categorias, conforme ilustrado no Quadro 1, em que é possível enu-
merar as categorias.
562
Quadro 1 - Categorias de análise do portfólio como instrumento avaliativo de Matemática
A partir da criação das supracitadas categorias de análise, foi possível identificar alunos que
meramente copiaram as respostas dos colegas e/ou internet, pois apresentavam iguais argumentos na
RESULTADOS E DISCUSSÃO
lises efetuadas, são comentados a seguir. Depois de ter estudado o portfólio como instrumento ava-
liativo, os alunos foram assim questionados: “O que é um portfólio? Como fazer um portfólio de
Matemática?” Constatou-se que parte da turma já tinha ouvido falar sobre portfólio, mas não sabia
explicar como fazer um portfólio de Matemática, haja vista que nunca tinha feito nada semelhante.
Assim, inicialmente, introduziu-se quais partes deveriam compor tal portfólio e, posteriormente, foi
veram dificuldades, pois, para resolver algumas questões, era necessário efetuar algumas operações
tanto de multiplicação quanto de divisão. Foi feita a exposição, pela professora regente, da resolução
563
A contribuição das metodologias
Nas aulas posteriores, foram explicados alguns casos de divisões específicas como por
0,0001; 0,001; 0,01; 0,1; 1; 10; 100; 1000; 1000... Na aula subsequente, foi ensinado o conceito de al-
Depois de realizado o estudo da análise de gráficos, como também da estatística, foi feita a
apresentação do portfólio como recurso avaliativo, pela professora regente, para os alunos. A proposta
da utilização do portfólio como requisito avaliativo foi apresentada presencialmente para metade da
turma, no dia 12 de agosto de 2021, e para a outra metade da turma, no dia 13 de agosto de 2021, ainda
A turma era composta por 21 alunos. Desses, 13 alunos apresentaram a supracitada atividade
solicitada (portfólio). Comparando o instrumento avaliativo portfólio com a prova (instrumento ava-
liativo predominante na disciplina Matemática), na mesma turma investigada, foi possível perceber
um ganho significativo na construção do conhecimento pelo aluno. Embora, com a prova, todos os
alunos tenham respondido, diferentemente da entrega do portfólio, notou-se que, dentre os portfólios
Os portfólios continham capa e contracapa dentro das normas da ABNT. Na capa, consta-
vam a identificação do aluno, cidade, o ano; e, na contracapa, o nome e a natureza do trabalho. Com
a numeração das questões, foi possível analisar os cálculos e as justificativas por meio do texto que
Na primeira questão do portfólio, relatava-se que, ao acessar uma página da internet, que
trata da pesquisa de assuntos de interesse juvenil, encontra-se uma figura. Diz-se que o tipo de comu-
nicação visual, através das figuras, são comuns em páginas da internet. Segue, na Figura 2, a referida
questão.
564
A contribuição das metodologias
Uma das participantes reafirma o que a questão sinaliza, ou seja, os assuntos que mais inte-
ressam são apresentados com as maiores letras. Enquanto regente, a resposta da aluna foi rabiscada,
no portfólio pela professora regente foram apresentadas e discutidas presencialmente com os alunos
após a correção do portfólio. Essas inferências perpassam não só pela Matemática (análise de gráficos
565
A contribuição das metodologias
Figura 3.
Nas respostas apresentadas pelos alunos, como também nos seus relatos em sala de aula,
foi possível perceber que a falta de argumento justificativo para a resolução das questões existia, ora
quando não havia entendimento da questão, ora quando o estudante ficava restrito a apenas uma re-
solução.
materna. A resolução dos problemas matemáticos por registro na linguagem materna apresentava
pensamento estratégico (passo a passo) de resoluções. Entretanto, foi possível identificar que algumas
soluções continham a resposta final correta faltando a apresentação do passo a passo resolutivo. Essa
foi uma dificuldade dos alunos, na linguagem materna, ou seja, em registrar o seu pensamento reso-
lutivo de forma a concluí-lo. Uma dessas questões foi a 22, como mostrado na Figura 4.
566
A contribuição das metodologias
Para responder a essa questão, a participante registrou que primeiro devemos calcular a
média, a variância e o desvio padrão. Posteriormente, apresentou os cálculos tanto para encontrar a
média, a variância, quanto o desvio padrão, mas não interligou o resultado encontrado à alternativa
567
A contribuição das metodologias
tros elementos; informações essas que não costumam surgir nas aulas de Matemática. Isso possibilitou
O portfólio revelou-se ótima estratégia para sensibilizar os alunos quanto à correlação entre
a Matemática e a Língua Portuguesa, não só nas interpretações dos problemas de Matemática, mas
também na sua resolução, bem como para obter sinalizações sobre onde e como deveriam ser efetua-
As questões do Enem propostas para o desenvolvimento dos diversos temas também trouxe-
568
A contribuição das metodologias
ram resultados bastante animadores. Por exemplo, a técnica de resolução através da linguagem ma-
terna correlacionada com a linguagem matemática, tal como foi desenvolvida, incentivando o aluno a
construção dos conceitos relacionados à análise de gráficos e a estatística. Mesquita (2001) afirma
que, a utilização da escrita em prosa pode ser um caminho para produzir, fabricar e inventar signifi-
Além disso, Mesquita (2001) esclarece que a escrita do aluno possibilita ao professor re-
Os resultados conseguidos em cada uma das questões permitem considerar que a interação
conhecimento matemático que os alunos já traziam intuitivamente através de seus registros (passo a
passo).
Isso evidenciou a afirmação de Bona e Basso (2013) de que o portfólio de Matemática, como
569
A contribuição das metodologias
nhos, existia a possibilidade de consultar formas de resolução alternativas e, com isso, os alunos pre-
cisavam sistematizar a maneira de justificar as questões, de modo que não fosse igual às justificativas
Os resultados obtidos com a experiência indicaram que a metodologia proposta nessa inter-
venção de ensino viabilizou o suporte ao aprendizado de Matemática. Esse resultado foi constatado
por meio de depoimentos dos alunos da matéria envolvidos na experiência e, também, por resultados
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, foi relatada uma experiência do processo de ensino e aprendizado de Matemá-
tica através do emprego de portfólio por alunos do 3o ano do Ensino Médio, cujo enfoque foi a reso-
Foi possível perceber e reconhecer que o portfólio como instrumento avaliativo de Matemá-
tica nunca fora utilizado, tanto por nós quanto pelo outro professor de Matemática regente, no colégio
Ativas, julgamos pertinente tal utilização, haja vista que traz a abordagem da Matemática não só pela
representação dos símbolos matemáticos, mas também pela representação do entendimento das ques-
tões matemáticas pela linguagem materna, que é a explicação/justificativa dos cálculos matemáticos
570
A contribuição das metodologias
O processo de ensino e aprendizado com o emprego do portfólio foi fundamental para des-
crever o desenvolvimento do raciocínio lógico a partir dos seus registros, evidenciando a capacidade
portfólio pode estimular e gerar o interesse pela Matemática, além de melhorar a compreensão da
matéria.
Na análise dos resultados da aprendizagem com o portfólio, concluiu-se que a turma, em sua
maioria, teve bons resultados, pois mais de 50% dos alunos atingiram a média. Foi satisfatório, visto
que os objetivos elencados previamente foram alcançados, pois a maioria atingiu a média, e, princi-
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574
Capítulo
24 A INTERVENÇÃO DA BIBLIOTECA ES-
LOGIAS ATIVAS
575
A INTERVENÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR NAS PRÁTICAS DAS
METODOLOGIAS ATIVAS
Resumo: Este trabalho objetiva analisar a integração da biblioteca escolar nas práticas das metodo-
logias ativas a partir da questão que orientou a investigação: Como a biblioteca escolar pode favo-
recer as práticas das metodologias ativas para a construção do conhecimento no contexto escolar?
foram analisados qualitativamente por meio da análise textual, o que permitiu compreender como
a biblioteca escolar pode viabilizar as práticas das metodologias ativas, potencializando o processo
ambiente dinâmico e interativo que favorece a inclusão das metodologias ativas e juntas convergem
ao reconhecer o estudante como sujeito ativo de sua aprendizagem. Destaca- se também que o traba-
formação continuada do professor é um ensejo para oportunizar a reflexão sobre a integração das
576
A contribuição das metodologias
metodologias ativas e biblioteca escolar e assim conduzir a novas escolhas e caminhos relevantes para
Abstract: This work aims to analyze the integration of the school library in the practices of active
methodologies from the question that guided the investigation: How can the school library favor the
practices of active methodologies for the construction of knowledge in the school context? The metho-
dology used was bibliographic research and unsystematic observation. The collected data were analy-
zed qualitatively through textual analysis, which allowed us to understand how the school library can
enable the practices of active methodologies, enhancing the teaching and learning process. In this
context, it is pointed out that the library presents itself as a dynamic and interactive environment that
favors the inclusion of active methodologies and together they converge in recognizing the student as
an active subject of their learning. It is also noteworthy that the work of the librarian in interaction
with the teacher enhances the teaching-learning process, developing technological skills and informa-
tional competences. Finally, it is concluded that the teacher’s continuing education is an opportunity
to provide opportunities for reflection on the integration of active methodologies and school library
and thus lead to new choices and relevant paths for the improvement of teaching and learning.
training.
INTRODUÇÃO
577
A contribuição das metodologias
A escola é um espaço de vivência e reflexão que busca promover ensino de qualidade, de-
senvolver competências e habilidades com o intuito de preparar cidadãos capazes de viver e conviver
em um mundo globalizado. Um dos maiores desafios da escola é acompanhar as mudanças e ser mais
efetiva no desenvolvimento das capacidades cognitivas dos estudantes, abandonando a educação ban-
cária3 e tradicional, possibilitando que este seja sujeito do seu próprio conhecimento.
exemplo da educação à distância e uso acentuado da tecnologia. Como efeito da pandemia, milhares
bre novas formas de ensinar e aprender, requerendo aos professores repensarem sua forma de atuação
Nessa perspectiva é importante conhecer com mais profundidade sobre o uso das metodo-
logias ativas5 e o potencial educacional da biblioteca escolar. Enquanto a primeira sugere a interação
dos estudantes em tarefas e situações reais que os estimulam a pensar, a segunda se apresenta como
cimento.
dizagem Baseada em Projeto, Aprendizagem Baseadas em Times, Sala de Aula Invertida e Gamifica-
ção já são utilizadas em práticas pedagógicas. Contudo, a biblioteca escolar além de não ser incluída
Busca-se dentro desse paradigma, tornar a biblioteca escolar reconhecida e necessária, ca-
3 A concepção do saber da “educação bancária” é descrita por Paulo Freire como o ato de depo-
sitar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos”.
4 Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia após
vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China.
Tratava-se então de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que nunca havia sido identificado anterior-
mente em seres humanos
5 São estratégias de ensino que têm por objetivo incentivar os estudantes a aprenderem de forma
autônoma e participativa.
578
A contribuição das metodologias
paz de promover inovações significativas para que desempenhem seu papel dentro da instituição de
ensino.
É necessário refletir e repensar a educação e de como está sendo conduzido o processo edu-
cativo e romper com o conservadorismo e com as práticas pedagógicas repetitivas e acríticas para
incorporar ações significativas e relevantes que motivem os estudantes e os tornem mais criativos,
empreendedores e protagonistas.
novas práticas pedagógicas, à inclusão de novos espaços de aprendizagem e interação com outros
parceiros. Nesse sentido, acredita-se que seja um desafio a transposição de um paradigma para outro
associando a biblioteca escolar e as metodologias ativas, visto que a escola precisa promover a supe-
Diante de tal desafio cabe indagar: A biblioteca escolar pode favorecer as práticas das meto-
dologias ativas para a construção do conhecimento no contexto escolar? E para delimitar o campo de
que se configura como: A intervenção da biblioteca escolar pode favorecer as práticas das metodolo-
gias ativas, uma vez que oportuniza um ambiente interativo e colaborativo entre estudantes e profes-
Este trabalho objetiva investigar e analisar a integração da biblioteca escolar no contexto das
579
A contribuição das metodologias
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
ativas, o que se configura como uma proposta método híbrido, articulando a modalidade teórica e
tomadas de posições das autoras. O trabalho realizado é de caráter exploratório e descritivo. Bus-
cou-se informações relevantes sobre o assunto estudado, foi realizado inicialmente um levantamento
bibliográfico que segundo Marconi e Lakatos (2003, p.158), “é um apanhado geral sobre os principais
trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e rele-
vantes relacionados ao tema”. E a partir dos dados obtidos, realizou-se a análise e interpretação das
Logo na Introdução (1º capítulo) construímos uma visão sobre a escola, o uso das metodo-
O 3º capítulo apresenta reflexão sobre as metodologias ativas e sua importância para o pro-
cesso de ensino e de aprendizagem. O 4º capítulo traz a importância da biblioteca escolar como es-
professor na inserção das metodologias ativas na dinâmica ação-reflexão-ação, entendida como uma
prática reflexiva e intencional. E por fim no 6º e 7º capítulos buscamos refletir sobre a integração da
580
A contribuição das metodologias
Dessa forma, foram mapeadas produções acadêmicas registradas sob a forma de resumo
junto ao Catálogo de Teses e Dissertações, artigos científicos de acesso aberto publicados na base de
dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), estudos recentes publicados pelo Grupo de Es-
tudos em Biblioteca Escolar (GEBE)6. Após o levantamento bibliográfico realizado, levou-se em con-
sideração os autores que melhor discursam sobre a biblioteca escolar como espaço de aprendizagem
e as práticas das metodologias ativas, nomeadamente Campello (2003), Berbel (2011), Freire (2015),
Moran (2018). Observou-se ainda o visível, advindo das experiências, das dificuldades, desafios e
METODOLOGIAS ATIVAS
A palavra metodologia de acordo com Araújo (2015) apresenta seu registro em língua lusi-
tana somente no final dos anos 50. Sua composição deriva de três termos em grego: metá (atrás, em
seguida, através); hodós (caminho); e lógòs (ciência, arte, tratado, exposição cabal, tratamento siste-
mático de um tópico).
581
A contribuição das metodologias
res passivos de conhecimento, enquanto nas metodologias ativas estes participam ativamente, sendo
postura ativa e proativa no seu processo de aprendizagem, pois diante de toda a complexidade cres-
cente no mundo, não bastam as informações disponibilizadas aos estudantes pela e com a contri-
buição da escola para que possam participar integralmente e de forma efetiva na vida em sociedade.
Berbel (2011, p. 25) afirma que é “demandado o desenvolvimento de capacidades humanas de pensar,
sentir e agir de modo cada vez mais amplo e profundo, comprometido com as questões do entorno
em que se vive”.
Acredita-se que é função da escola viabilizar esse desenvolvimento através de novas apren-
dizagens, impulsionadas por estratégias pedagógicas que visam romper com o modelo tradicional de
A crítica a esse tipo de ensino vem desde o século XIX, pois daí já se defendia a centralidade
do ensino na ação dos estudantes, no entanto, no final do século XIX e início do século XX, a Escola
Nov7a vem trazendo uma inédita proposta pedagógica centrada na aprendizagem, o que significa uma
difusores dessa proposta propõem aos educadores considerarem os aspectos individuais e caracterís-
ticas pessoais, a realidade do estudante com a finalidade de propiciar uma aprendizagem reflexiva. De
acordo com Schmitt (2011, p.60) a práxis fundamentada em um processo reflexivo não é só importan-
582
A contribuição das metodologias
Por esse lado, a escola pode contribuir mudando suas práticas pedagógicas, buscando maior
proximidade com a realidade social, estimulando e motivando novas redes de aprendizagens entre
de comprometimento de suas ações. Segundo Berbel (2011, p. 28) “o professor deve adotar a perspec-
tiva do aluno, deve acolher seus pensamentos, sentimentos e ações, sempre que manifestados, e apoiar
Dessa forma, o professor estimula a reflexão crítica que pode ser promovida, através das
metodologias ativas, a exemplo as que ganharam maior notoriedade nos últimos tempos, a Aprendiza-
gem Baseada em Problemas (ABP) que como o próprio nome já diz, é a construção do conhecimento
a partir da discussão em grupo de um problema; a Sala de Aula Invertida que é um modelo de ensino
híbrido que consiste no acesso aos conteúdos em espaços e horários diferentes da aula; e a Gamifica-
ção que consiste na utilização de elementos dos jogos no processo de aprendizado buscando aumentar
engajamento e autonomia dos estudantes. Das metodologias ativas exemplificadas, a Sala de Aula
Invertida e Gamificação são facilmente possíveis para serem desenvolvidas no espaço da biblioteca
escolar.
Na visão de Berbel (2011, p.29), “as metodologias ativas baseiam-se em formas de desenvol-
ver o processo de aprender, utilizando experiências reais ou simuladas, desafios advindos das ativi-
dades essenciais da prática social, em diferentes contextos”. Isso significa envolvimento, engajamento
No Brasil, em meados dos anos 1970 e 1980 também decorreram críticas em relação ao
sobre a autonomia dos estudantes no processo de ensino e de aprendizagem, dos conteúdos acríticos
583
A contribuição das metodologias
Freire declarava que todos os indivíduos conhecem a sua realidade circundante e, portanto,
trazem saberes que podem e devem ser explorados e respeitados nas práticas pedagógicas. Todas
essas contribuições nos levam a acreditar que é possível quebrar paradigmas e buscar novas práticas
alunos são motivados intimamente, quando propomos atividades que fazem sentido”. Dessa maneira,
cita-se o ambiente escolar que se caracteriza como um espaço de troca e construção do conhecimento
e proporciona aos estudantes ingressar no tecido social para além da família e encontrar outros cos-
A adoção das metodologias ativas poderá conceder resultados positivos garantindo maior
eficácia no aprendizado dos estudantes. Porém, se faz necessário reorganizar os espaços da escola,
pois a aprendizagem se concretiza nas diferentes buscas que cada indivíduo faz a partir de seus inte-
resses e curiosidades, significa dizer que ela vai muito além da sala de aula. É importante surpreender
os estudantes, mudar a rotina, diversificar as atividades, assim como, a utilização de outros espaços
Mediante o exposto, a biblioteca escolar é um espaço de convivência que pode ser conside-
rado para o desenvolvimento da aprendizagem com a utilização das metodologias ativas, mas para
que ocorra uma adaptação com êxito é necessário que a escola tenha um projeto bem elaborado com a
participação da comunidade escolar, ou seja, é possível fazer uso do espaço da biblioteca para auxiliar
de ensino e aprendizagem.
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
584
A contribuição das metodologias
A palavra biblioteca tem sua origem nos termos gregos biblion (livro) e theka (caixa), signi-
ficando o móvel ou lugar onde se guardam os livros. Contudo, a existência da biblioteca não advém
informação Martins (2002) reitera que a existência de bibliotecas se materializou antes dos livros e até
vegetais e minerais.
Na Alta Idade Média as bibliotecas eram privilégio dos mosteiros e conventos, estes também
se dedicavam ao ensino. Estas bibliotecas possuíam coleções riquíssimas, seu acesso estava apenas
Foi a partir do século X que ocorreram o crescimento de outras bibliotecas paralelas às dos
No início do século XVII foram também abertas ao público as bibliotecas nacionais em solo
europeu, nomeadamente Berlim e Milão. Após a revolução francesa, houve um movimento muito
forte no sentido de organização de grandes bibliotecas nacionais abertas ao público. Mas foi no seio
da civilização árabe que a biblioteca escolar teve a sua história iniciada. Cada cidade tinha sua própria
Fonseca (1992) informa que a biblioteca é tudo menos coleção de livros e outros documentos
devidamente classificados e catalogados, mas sim uma assembleia de usuários da informação. Por-
tanto, a biblioteca é um espaço de aprendizagem permanente no qual está preparado para que sejam
585
A contribuição das metodologias
A origem da biblioteca escolar no Brasil ainda é um tema ainda delicado de se tratar devido
à ausência de fontes de informação bem como registros dos fatos relacionados à educação.
Moraes (2006) relata que as bibliotecas nasceram junto com a escola no Brasil, e a criação
das primeiras bibliotecas surgiram no Brasil Colonial com a chegada dos jesuítas no país.
de 1930 a biblioteca escolar tornou-se crucial para as ações no campo educacional, conquistando um
novo espaço. Mas somente na década de 50 é que se pode considerar o marco para a criação das bi-
Até a década de 1980 de modo geral, pode ser observada que há uma ausência de uma po-
lítica nacional que contemple necessariamente a biblioteca escolar, apenas se configura registro de
ações locais isoladas que acabaram por perder forças por falta de incentivo ou ações governamentais.
De fato, a biblioteca ainda não era vista como um importante ambiente para a construção e
troca de conhecimento. No entanto, em 1990, de maneira discreta, começam a ser observadas algu-
mas políticas em nível nacional para o desenvolvimento da biblioteca escolar em nosso país. Somente
com a criação da Lei nº. 9.394 que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 2ª LDB
(Brasil, 1996) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1997) a biblioteca escolar
apto para que sejam desenvolvidas as potencialidades dos estudantes. Tanto que no PCN a biblioteca
vai ganhando valia como papel fundamental para a formação de bons leitores.
586
A contribuição das metodologias
Ainda no PCN, a biblioteca escolar é vista como ambiente educacional no qual o estudante
tem a oportunidade de desenvolver práticas de cuidado e dedicação com o espaço coletivo, desenvol-
vendo valores relacionados ao “cuidado com os livros e demais materiais escritos” (BRASIL, 1997,
v. 2, p. 92).
Em 1997 foi criado o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) que se tratava de uma
política governamental que tinha por objetivo a distribuição de obras literárias e didáticas para as
No início do século XXI é sancionada a Lei n. 10.172/2001, que aprova o Plano Nacional de
Educação e divide níveis e modalidades de ensino. Neste documento a biblioteca escolar está presente
Segundo os autores Silva e Cunha (2016, p. 46), “é na biblioteca escolar que devem ser de-
biblioteca vem se transformando nos últimos tempos, principalmente com o advento das novas tec-
nologias, desse modo nada mais desafiador que unir sala de aula e biblioteca como agente facilitador
Do ponto de vista de Araújo e Frigotto (2015, p. 76), “existem práticas pedagógicas que se
mostram adequadas aos diversos contextos, devendo haver também práticas mais adequadas para o
ensino integrado, assim para promover o ensino integrado não é aceito que exista apenas um meio”.
ção das metodologias ativas para a promoção da aprendizagem, visto que oferece suporte à pesquisa,
à aprendizagem e a projetos de extensão. Ademais, a IFLA e a Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (IFLA/UNESCO, 2006) aconselha que a biblioteca escolar atenda
587
A contribuição das metodologias
estudante não tem o professor como única fonte de informação e pode dialogar com diversos mate-
Côrrea (2002) reforça a importância que a biblioteca tem ao coadjuvar com o currículo es-
colar; proporcionar aos usuários materiais distintos e serviços informacionais adequados; orientar e
organismo vivo com inúmeras atividades que motivam os passantes a utilizar a biblioteca. Sabe-se
que desde os anos iniciais até a formação superior, a pesquisa é uma das atividades indispensáveis no
do estudante como sujeito ativo de sua aprendizagem. O objetivo é formar sujeitos sociais críticos, re-
crítico. Moro e Estabel (2004, p.54) destacam alguns princípios básicos da pesquisa escolar que são:
588
A contribuição das metodologias
A pesquisa não só possibilita o conhecimento, como também, o aprender por conta própria,
que a pesquisa possibilita a aprendizagem ativa do estudante, tornando-se relevante no contexto esco-
lar. Segundo Silva (2009) um dos desafios para incorporar a biblioteca escolar nas atividades pedagó-
gicas da escola é a organização de um currículo mais flexível e voltado para projetos que possibilitem
Moran (2018, p.71) corrobora afirmando que é necessário a revisão dos processos de organi-
A biblioteca escolar trará benefícios para o contexto escolar se não for tratada
como peça decorativa, mas como um organismo vivo que emana para toda a
2009, p. 118).
teca, visto que esse ambiente possibilita a reflexão crítica, potencializando a aprendizagem e possibi-
589
A contribuição das metodologias
Se faz necessário cogitar em outras perspectivas de espaços com novas formas de interação.
Dessa forma, é importante determinar que tipos de estudantes se pretende ter nas escolas. Com o ob-
atividades relevantes que façam sentido e que estejam vinculadas ao contexto social dos estudantes.
Nesse sentido, a biblioteca escolar se introduz no contexto das metodologias ativas, trazendo novas
do o bibliotecário como um profissional que pode coadjuvar o professor no cumprimento das metodo-
logias ativas, contribuindo para a formação de cidadãos aptos para agirem na realidade social.
A biblioteca escolar dispõe de aparato legal que legitima as suas ações. A Lei nº 12.244/2010,
Lei da Universalização das Bibliotecas Escolares determina que todas as instituições de ensino do
país, públicas e privadas, deverão desenvolver esforços progressivos para constituírem bibliotecas
com acervo mínimo de um título para cada aluno matriculado, além de ampliar este acervo conforme
tecas escolares.
O papel do bibliotecário no ambiente escolar é de suma importância, visto que assim como
os professores, eles promovem elementos de transformação social, são mediadores entre pessoas e
informações. E a informação é essencial na vida das pessoas, seja propiciando a geração do conheci-
590
A contribuição das metodologias
A profissão de bibliotecário foi uma das primeiras regulamentadas no nosso país e possui
vel pelo planejamento e gestão da biblioteca escolar. Deve ser apoiado tanto
Nas escolas, percebe-se que a biblioteca escolar muitas vezes não é gerenciada por profis-
sionais capacitados. Valentim (2000) afirma que a atuação na biblioteca por vezes se dá por pessoas
não capacitadas para ocuparem nessa função, ou pior, pessoas não capacitadas em nível algum que
desempenham a “pseudo” função de bibliotecário, sem qualquer preparo para proporcionar ao usuá-
rio a satisfação de suas necessidades informacionais. São essas pessoas que, por inúmeras razões das
faltas de políticas públicas e descasos dos órgãos competentes, ocupam as bibliotecas em detrimento
dos profissionais qualificados que deveriam primar pelo prazer da frequência da comunidade escolar
à biblioteca.
591
A contribuição das metodologias
vés do incentivo à leitura por meio de oficinas, palestras, jogos e entre outras
É responsabilidade da escola fornecer meios para a atuação do bibliotecário para que este
auxilie os estudantes através de projetos e atividades que integrem a biblioteca. Segundo Campello
(2005):
programa, aproximar o aluno de uma realidade que ele vai vivenciar no seu
maneira que aprendam não apenas os conteúdos, mas o processo, que será
Martins (2017, p.75) destaca que “o ponto central dos serviços da biblioteca não são apenas
592
A contribuição das metodologias
os serviços técnicos que exploram os recursos, mas, sim, as possibilidades didáticas que o uso desses
de bibliotecários e professores faz com que os estudantes alcancem níveis mais elevados de leitura,
comunicação, ou seja, o trabalho simultâneo proporciona ganhos para o processo de busca e armaze-
namento da informação.
Para Moran (2018, p.47), sozinhos podemos aprender a avançar bastante, mas compartilhan-
do podemos conseguir chegar mais longe e, se contamos com a tutoria de pessoas mais experientes,
com demais agentes que compõem a equipe escolar. É crucial a presença de todos os segmentos da
comunidade escolar, propondo caminhos, adaptando o currículo com as metodologias ativas e com o
uso de espaços interativos e colaborativos como a biblioteca escolar para atender as necessidades dos
As metodologias ativas surgem nos novos rumos educacionais e são compreendidas como
uma forma de proporcionar o aprender a aprender, baseadas em princípios de uma pedagogia crítica,
reflexiva e interativa, o que nos leva a concluir que o conceito de aprender fazendo está pautado na
aprendizagem reflexiva nos estudantes, tornando-os construtores do seu próprio conhecimento e hoje,
593
A contribuição das metodologias
Nesse sentido, considera-se que a biblioteca escolar seja uma importante aliada, uma vez que
dispõe de recursos efetivos para a formação de sujeitos, sendo um espaço de aprendizagem e estímulo
tância enquanto espaço de aprendizagem nas suas práticas para potencializar e sustentar a sua atua-
ção, fortalecendo o vínculo dos sujeitos no ambiente escolar. É durante a formação ainda que ocorre
A biblioteca escolar deverá ser apresentada como uma extensão da sala de aula, constituin-
do-se como um espaço ativo para criar, desenvolver, envolver, oferecer tecnologias, ser acessível
e acolhedor. Assim sendo, o uso desse espaço passa a ser visto além da pesquisa, evidenciando os
recursos, produtos e serviços disponibilizados. Porém, percebe-se uma certa resistência na mudan-
ça de paradigma, o que é compreensível porque um dos maiores desafios dos docentes consiste em
Para isso, é mister pensar na formação continuada que proporcione uma atualização teó-
rica-metodológica para que o professor possa analisar, avaliar e desenvolver suas práticas de forma
consciente e fundamentada, aliando teoria e prática com vistas a viabilizar mudanças significativas
incorporando a biblioteca escolar nas práticas educativas. Para tal se exige profissionais mais bem
preparados, atualizados, valorizados e bem remunerados, mas a realidade é bem diferente. O que
existe é uma sobrecarga de atividades e de alunos que se apresentam pouco autônomos e com defici-
594
A contribuição das metodologias
De acordo com Carvalho (2005, p. 20), “a mudança só se efetivará à medida que o professor
ampliar sua consciência sobre a própria prática, visto que ‘pensar a prática’ é o ponto de partida para
alterá-la...”
Considera-se que alguns professores até tentam inovar, usando metodologias ativas. Porém,
sem as devidas orientações e embasamentos para obtenção de um resultado satisfatório. Assim, acre-
dita-se na necessidade de se buscar subsídios teóricos para orientação das práticas educativas que
ampliem as possibilidades de contribuição na formação dos educandos. Significa buscar novos conhe-
Dessa forma, a formação continuada e a pesquisa devem fazer parte, enquanto princípios pedagógi-
Schmitt (2011, p.60) ressalta a necessidade e a importância da reflexão sobre a prática, como
exercício permanente na melhora na qualidade das atividades desenvolvidas durante a ação pedagó-
gica.
Pode-se constatar que a prática reflexiva além de subsidiar a prática pedagógica, também
proporciona fundamentação ao mesmo tempo em que se constrói o fazer pedagógico. Freire (2015,
p.39) enfatiza que “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão
crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar
a próxima prática”.
fazer pedagógico, assim como do seu contexto, fortalecendo os processos de ação- reflexão-ação.
Com tal característica, a ação educativa bem estruturada imprime maior significado para o
conhecimento do educando, como também para o do educador, mas para que o conhecimento seja
significativo para o estudante é necessário que o professor ressignifique suas práticas, mediando o
conhecimento para que seja construído de forma crítica, reflexiva e compartilhada e os estudantes se
595
A contribuição das metodologias
descubram sujeitos autônomos e protagonistas e através dessa mediação possibilita que sejam também
sujeitos reflexivos. Do mesmo modo, a formação continuada se mostra pertinente por proporcionar
a reflexão crítica sobre a prática e por ser uma forma de estímulo em busca de uma nova concepção
educacional que seja centrada no estudante, como agente construtor da sua própria aprendizagem, o
que se direciona às metodologias ativas que se configura como um modelo prático-reflexivo, dinâmi-
co, capaz de promover mudanças reais no ensino e aprendizagem. Essa formação pode ser realizada
dentro da própria instituição com o coordenador pedagógico que traz na sua formação esse viés, com
profissionais mais experientes como o bibliotecário que deve ter graduação específica e assim, pro-
mover cursos sobre a importância da biblioteca e as atividades que possam ser desenvolvidas nesse
espaço. Logo, busca-se formar redes colaborativas de aprendizagem na escola. Ela também pode ter
dimensão macro, fora da instituição, proporcionada pela rede de ensino ou o próprio docente poderá
buscar outras instituições de ensino superior para ampliar seus conhecimentos e promover mudanças
Isso quer dizer que, seja qual for a fase da vida, não se deve imaginar que terminou. Sempre
haverá um caminho a percorrer, uma descoberta. Estamos sempre em movimento, sempre em trans-
formação, em um mundo que também não é estático. É nesse contexto que se insere a formação con-
tinuada, que não deve ser uma formação que acomoda, mas uma que destaca e estimula a mudança.
Ressalta-se que é essencial que o professor esteja consciente de seu papel de pesquisador,
não se conformar somente com as rotinas básicas da sala de aula, mas que acima de tudo esteja ciente
de que suas práxis inclui um comportamento de observação, reflexão crítica e reorganização de suas
ações.
REFLEXÕES E POSSIBILIDADES
Esse trabalho objetivou refletir sobre a integração da biblioteca escolar no contexto das meto-
596
A contribuição das metodologias
Com o desenvolvimento da pesquisa bibliográfica realizada com base em material já elaborado acerca
no sentido de promover leituras e reflexões sobre a problemática levantada “A biblioteca escolar pode
favorecer as práticas das metodologias ativas para a construção do conhecimento no contexto esco-
O método ativo consiste numa concepção educativa que estimula processos de ensino e
aprendizagem crítica e reflexiva, no qual o estudante tem um papel ativo e é corresponsável pela
De acordo com Medeiros (2014, p.43) o método envolve a construção de situações de ensino
para o aluno e a aprendizagem torna-se significativa. Conforme Moran (2014, p.22), “a aprendizagem
é mais significativa quando motivamos os alunos intimamente, quando eles acham sentido nas ativi-
educador e educando em sala de aula com utilização de metodologias ativas, considerando os diferen-
tes estilos de aprendizagem e aplicando as abordagens e estratégias mais adequadas para cada caso
nos leva as estratégias utilizadas pelas metodologias ativas que Medeiros (2014, p.43) coloca como
sendo “a opção por problemas que geram curiosidades e desafios, a disponibilidade de recursos para
pesquisar problemas e soluções; bem como a identificação de soluções hipotéticas mais adequadas à
e protagonismo o que evidencia a sua importância e sua aplicabilidade em diferentes cenários e am-
597
A contribuição das metodologias
Nas metodologias ativas a interação educadora e educando, dá-se pela mediação, facilitação
e problematização do conteúdo. Freire (2015, p.29) afirma que a prática educativa possui papel funda-
mental na formação humana, posto que sua essência é formadora, e como tal, de natureza ética, por
ser uma prática especificamente humana. O papel do educador é fundamental nesse processo, ensinar
a pensar e não transferir ao outro, que recebe de forma passiva, mas provocar, desafiar, proporcionar
parceiros como o bibliotecário que é um profissional capacitado e pode interagir e colaborar com as
práticas educativas. Este é o olhar do professor que utiliza nas suas práticas pedagógicas o método
ativo, porém para que o professor possa desenvolver com qualidade e satisfação suas práticas é neces-
sário que suas ações sejam conscientes com base na teoria e pautadas no conhecimento. O que mostra
Nesse estudo, comprova-se que o espaço da biblioteca como local de ampliação das possibi-
lidades metodológicas e introdução das metodologias ativas de aprendizagem, bem como, a interação
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A problemática desta pesquisa começou a partir das observações decorrentes da nossa prá-
tica profissional e pela tentativa em apreender os processos relacionados ao exercício das práticas
598
A contribuição das metodologias
tidas como básicas para o aprendizado, autonomia das decisões e desenvolvimento cultural. Neste
perceber a relevância da biblioteca escolar para o desenvolvimento social e buscar juntos alternativas
O diálogo entre bibliotecários e professores é raso, sem sustentação sólida, o que dificulta
Entende-se que a aplicação das metodologias ativas aliada ao uso da biblioteca escolar po-
derá contribuir para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes de forma permanente. Os
professores dispõem de inúmeras atividades que podem fazer uso em suas aulas, e assim, desenvolver
afetivo dos estudantes. Nesse sentido, a formação continuada amplifica os conhecimentos gerando
Apesar das escolas avançarem com relação ao Manifesto IFLA/UNESCO sobre a biblioteca
escolar, ainda precisamos percorrer um longo caminho para atingir a qualidade da educação. Se faz
necessário salientar a importância ao qual a presente pesquisa se dá porque através dela, foi possível
identificar a necessidade de adotar práticas pedagógicas inovadoras que possam facilitar o desenvol-
Vivencia-se uma realidade onde as discussões sobre o tema precisam sair da teoria e passar
para a prática no intuito de se obter entendimentos que possam contribuir para melhor compreender
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ran, José. Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora: Uma Abordagem Teórico-Prática.
Penso, 2018.
OLIVEIRA, Tarcísio Dorn de; ZALUSKI, Felipe Cavalheiro. Metodologias Ativas: Uma reflexão
teórica sobre o processo de ensino e aprendizagem. Disponível em: http:// cietenped.ufscar.br. Acesso
community: methodological issues and problems. Library Quarterly, v. 63, n. 4, p. 487-507, Oct. 1993.
SILVA, Edna; Menezes, Estera. Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação. 2001. Dispo-
SILVA, J. D. O. da, & Cunha, J. de A. (2016). O papel educativo da biblioteca escolar no contexto do
SILVA, Cirleide Ribeiro da et al. A importância da biblioteca e do bibliotecário nas escolas públicas.
604
A contribuição das metodologias
In: Encontro Universitário da UFC no Cariri, 3. 2011, Juazeiro do Norte, Ceará: UFCA, out. 2011.
SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. Perspectivas históricas da biblioteca escolar no Brasil e análise da
lei 12.244/10. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.16, n.2, p. 489-517,
jul./dez., 2011.
SILVA, Jonathas Luiz Carvalho. A biblioteca escolar em tempo de mudanças no Brasil: a contribui-
ção da biblioteconomia a partir de uma identidade de projeto. Biblos: Revista do Instituto de Ciências
SILVA, Rovilson José da. Biblioteca escolar: organização e funcionamento. In: SOUZA, Renata Jun-
queira de (Org.). Biblioteca escolar e práticas educativas: o mediador em formação. Campinas, SP:
do cotidiano educativo. Disponível em: < http://periodicos.est.edu.> Acesso em: 11 jan. de 2022.
605
Política e Escopo da Coleção de livros Humanas em
Perspectiva
a pesquisadores das áreas das ciências humanas. Nosso objetivo é servir de espaço para divulgação
de produção acadêmica temática sobre essas áreas, permitindo o livre acesso e divulgação dos escri-
tos dos autores. O nosso público-alvo para receber as produções são pós-doutores, doutores, mestres
e estudantes de pós-graduação. Dessa maneira os autores devem possuir alguma titulação citada ou
cursar algum curso de pós-graduação. Além disso, a Coleção aceitará a participação em coautoria.
A nossa política de submissão receberá artigos científicos com no mínimo de 5.000 e máxi-
mo de 8.000 palavras e resenhas críticas com no mínimo de 5 e máximo de 8 páginas. A HP irá re-
ceber também resumos expandidos entre 2.500 a 3.000 caracteres, acompanhado de título em inglês,
abstract e keywords.
O recebimento dos trabalhos se dará pelo fluxo continuo, sendo publicado por ano 10 volu-
mes dessa coleção. Os trabalhos podem ser escritos em portugês, inglês ou espanhol.
mentada e revestida de relevante valor teórico - prático, sempre dando preferência ao recebimento de
Dessa forma os artigos serão analisados através do mérito (em que se discutirá se o trabalho
606
A contribuição das metodologias
O tempo de análise de cada trabalho será em torno de dois meses após o depósito em nosso
site. O processo de avaliação do artigose dá inicialmente na submissão de artigos sem a menção do(s)
autor(es) e/ou coautor(es) em nenhum momento durante a fase de submissão eletrônica. A menção
dos dados é feita apenas ao sistema que deixa em oculto o (s) nome(s) do(s) autor(es) ou coautor(es)
é feita pelo editor de acordo com a área de formação na graduação e pós-graduação do(a) profes-
sor(a) avaliador(a) com a temática a ser abordada pelo(s) autor(es) e/ou coautor(es) do artigo avaliado.
Terminada a avaliação sem menção do(s) nome(s) do(s) autor(es) e/ou coautor(es) é enviado pelo(a)
avaliador(a) uma carta de aceite, aceite com alteração ou rejeição do artigo enviado a depender do pa-
recer do(a) avaliador(a). A etapa posterior é a elaboração da carta pelo editor com o respectivo parecer
do(a) avaliador(a) para o(s) autor(es) e/ou coautor(es). Por fim, se o trabalho for aceito ou aceito com
sugestões de modificações, o(s) autor(es) e/ou coautor(es) são comunicados dos respectivos prazos e
A nossa coleção de livros também se dedica a publicação de uma obra completa referente a
O público terá terão acesso livre imediato ao conteúdo das obras, seguindo o princípio de que
mundial do conhecimento.
607
Indice Remissivo
Aprendizagem
página 34
página 472
página 584
página 586
página 589
Educação
página 319
página 411
página 455
página 541
página 557
Escola
página 288
página 428
página 553
página 575
página 582
608
A contribuição das metodologias
Metodologias
página 190
página 203
página 342
página 370
página 506
Professor
página 229
página 266
página 459
página 479
Sala de aula
página 21
página 290
página 329
página 363
página 455
609
Poderíamos dizer, sem sombras de dúvidas, que
o e-book aborda com precisão todos os temas
emergentes ligados às Metodologias Ativas: seu
uso no ensino de ciências, saúde, história, rela-
ções étnico-raciais; a questão da gamificação,
da formação continuada de professores da rede
básica; sala de aula invertida; aplicação em sala
de aula com alunos especiais; uso da biblioteca
(intervenção e formação de leitores); portifólio,
entre tantos outros temas que são abordados,
ora com uma abordagem mais teórica, ora com
uma abordagem mais prática e aplicada.