Você está na página 1de 28

AMANDA SOARES DE SOUSA

TUTORIA DE PARES NA INCLUSÃO ESCOLAR:


Revisão Bibliográfica da Literatura
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CÂMPUS INHUMAS
PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA E
PROFISSIONAL

TUTORIA DE PARES NA INCLUSÃO ESCOLAR:


Revisão Bibliográfica da Literatura

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Especialização


em Docência na Educação Básica e Profissional do Instituto Federal de
Goiás – Campus Inhumas como requisito parcial para conclusão do
curso, sob orientação da Profa. Dra. Maria Angélica Peixoto.

INHUMAS
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Sousa, Amanda Soares de


S725 Tutoria de pares na inclusão escolar: revisão bibliográfica da literatura
[manuscrito]. / Amanda Soares de Sousa – Inhumas: IFG, 2021.
25 f.
Bibliografia.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Angélica Peixoto

Trabalho de conclusão de curso de Especialização em Docência na


Educação Básica e Profissional – IFG/Câmpus Inhumas, 2021.

1. Educação Especial 2. Metodologias de Ensino 3. Necessidades


Educativas Especiais 4. Peixoto, Maria Angélica (orientadora). I. Título.

CDD 371.9

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária


Larissa Stefane Rodrigues de Lima - CRB/1-3424
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Câmpus Inhumas – Biblioteca Atena
4
5
RESUMO

A Educação Especial promove a inclusão de pessoas com Necessidades Educativas Especiais na rede regular de
ensino, contudo, o professor deve utilizar-se de várias estratégias para garantir o aprendizado destes estudantes,
entre elas encontra-se a tutoria de pares, tema central do presente trabalho. A problematização se centrou na
seguinte questão: qual é o papel da tutoria de pares no processo de educação de pessoas com Necessidades
Educativas Especiais, segundo a literatura existente hoje? Deste modo, foi estabelecido para a pesquisa o objetivo
de analisar três plataformas para identificar os trabalhos relevantes acerca da tutoria de pares no âmbito
educacional. Para tanto, a revisão bibliográfica da literatura foi utilizada para investigar sobre o papel da tutoria
de pares, sendo esta o meio adotado para efetivar a pesquisa. Após um processo de análise e seleção, foram
incluídos na discussão quatro trabalhos científicos. Pode-se compreender por meio dos dados obtidos com as
análises que a tutoria de pares é uma estratégia de ensino inclusiva para estudantes com Necessidade Educativas
Especiais, e que possibilita a aprendizagem, proporciona a sintonia, autoconfiança, potencializa a comunicação e
contextualização de novas informações proporcionando um ambiente de aprendizagem mais descontraído entre
duplas. Portanto, espera-se que esta pesquisa possa trazer novas reflexões sobre o tema e novos olhares para
práticas futuras, em relação à tutoria de pares.

Palavras-chave: Educação Especial; Metodologias de Ensino; Necessidades Educativas Especiais; Revisão


bibliográfica; Tutoria de pares.

6
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

NEE – Necessidades Educativas Especiais

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

SCIELO – Scientific Electronic Library Online

7
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Busca de artigos nos bancos de dados para análise...............................................19

Tabela 02 – Resultado dos artigos selecionados referente tutoria de pares..............................20


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 10

2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................................. 13

3. PERCURSO HISTÓRICO DA INCLUSÃO E A IMPORTÂNCIA DA TUTORIA DE PARES ..... 16

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................................... 19

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 25

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 27

9
1 INTRODUÇÃO

O presente artigo discute a questão relacionada à tutoria de pares visto como estratégia
metodológica nos processos de inclusão, uma vez que, trata-se de evidenciar esta prática
pedagógica em sala de aula. É notório a diversidade de pessoas existentes neste ambiente que
apresentam particularidades diferentes e, o professor deve buscar práticas que o auxilie e
contribua para aprendizagem dos educandos.

Nota-se que, a inclusão tem sido um tema recentemente debatido a fim de proporcionar
a inserção integral da pessoa com Necessidades Educativas Especiais (NEE) nos ambientes
sociais e educacionais. No entanto, os avanços atuais se deram a partir de diversos movimentos
de lutas e tentativas de mudanças e melhorias. Nesse sentido, a escola exerce um papel
primordial de reflexão da realidade e o professor deve ser um agente capaz de educar para a
promoção de sujeitos inclusivos, reflexivos e críticos.

Desse modo, na visão das estratégias de inclusão deve-se propiciar um ambiente


participativo, no qual os educandos possam colaborar para a aprendizagem e desenvolvimento
do outro, por meio da tutoria de pares. Antes de continuar, é necessário esclarecer o que
significa “tutoria de pares”. Ela pode ser assim definida:

Conceitualmente, a tutoria de pares, em geral, pode ser pensada como um sistema de


ensino em que os alunos ajudam-se mutuamente no processo de aprendizagem dos
conteúdos acadêmicos. Bowman-Perrott acrescentam que, na tutoria entre pares, os
alunos auxiliam uns aos outros a aprender o conteúdo por meio da repetição de
conceitos-chave. A tutoria de pares pode, ainda, ser definida como uma série de
práticas e estratégias que colocam os pares executando o papel de 'professores' em
uma relação do tipo face-a-face, para fornecer particularmente a instrução, a prática,
a repetição e o esclarecimento dos conceitos (FERNANDES; COSTA, 2015, p. 40).

Sob esta ótica, a tutoria de pares é vista como uma interação entre os alunos no seu
processo de ensino e aprendizagem, uma vez que, um dos alunos estará agindo como
professores no sentido de auxiliar no compartilhamento do conhecimento e solucionamento de
dúvidas promovendo assim ajuda mútua entre seus pares.

Para melhor compreensão, cabe acrescentar que a questão da inclusão e da Educação


Especial são objetos de reflexão, de propostas políticas, ações governamentais e hoje são
hegemonizadas pela concepção neoliberal. Conforme expõe Mendes (2006), o Estado
neoliberal visa diminuir os gastos estatais e realizar políticas segmentares (para determinados
segmentos sociais) ao invés de políticas universais (como era na época do Estado de Bem-Estar
Social).

Nesse contexto, surge-se em 1996 a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDB) pela Lei nº 9.394, entre outras disposições, que expõe a Modalidade de Ensino
à Educação Especial para as pessoas com deficiências das quais devem ser ofertadas,
preferencialmente, na rede regular de ensino. Nesse sentido, a Educação Especial deixa de ser
especializada, ou seja, deixa as escolas especiais e assim, busca-se incluir as pessoas com
necessidades específicas nas escolas regulares e isso gera problemas devido a imposição de
vários obstáculos, a começar pela formação dos professores. Nessa perspectiva, como o Estado
neoliberal visa diminuir os gastos estatais com políticas sociais e outros processos, ele efetiva
uma responsabilização da sociedade civil e dos indivíduos por elementos que antes eram sua
responsabilidade.

No caso da Educação Especial, a responsabilidade maior foi direcionada para o


professor, pois a estrutura das escolas não se alterou de forma suficiente para resolver os
problemas gerados pelas novas demandas de pessoas com necessidades específicas. A partir
disto, a tutoria de pares é uma das estratégias utilizadas para compensar tais dificuldades.
Portanto, é importante saber qual é o papel da tutoria de pares nesse caso.

Assim, levantamos, como problema de pesquisa, a seguinte questão: qual é o papel da


tutoria de pares no processo de educação de pessoas com NEE, segundo a literatura existente
atualmente? Para tanto, a revisão bibliográfica da literatura foi utilizada para investigar sobre o
papel da tutoria de pares, sendo esta o meio adotado para efetivar a pesquisa.

No que tange a revisão a literatura, Echer (2001) expõe que esta é uma parte importante
do processo de investigação que envolve uma análise bibliográfica referente aos trabalhos já
publicados sobre o tema. A revisão da literatura envolve encontrar, analisar, sintetizar e
interpretar a investigação prévia de artigos, revistas cientificas, livros, relacionada com a área
de estudo. A autora esclarece que:

As buscas de textos de literatura são necessárias para apoiar decisões do estudo,


investigar dúvidas, verificar a posição de autores sobre uma questão, atualizar
conhecimentos, reorientar o enunciado de um problema, ou ainda, encontrar novas
metodologias que enriqueçam o projeto de pesquisa. Para reconhecer a unidade e a
diversidade interpretativa existente no eixo temático em que se insere o problema em
estudo, para ampliar, ramificar a análise interpretativa, bem como para compor as
abstrações e sínteses que qualquer pesquisa requer colaborando para a coerência, nas
argumentações do pesquisador (ECHER, 2001, p. 7).

11
Com essa forma de investigação, levantou-se como hipótese que o papel da tutoria de
pares é fundamental para a superação dos obstáculos existentes no processo de educação de
estudantes com NEE. Sob esta ótica, como objetivo central a pesquisa buscou avaliar a literatura
existente sobre tutoria de pares, e, como objetivos específicos, foram definidos, analisar a
literatura sobre tutoria de pares, identificar a existência de posições divergentes, se houver,
entre os autores que tratam dessa temática e por fim, analisar os argumentos a respeito do
trabalho com tutoria de pares na Educação Especial.

Desse modo, o trabalho apresenta aspectos da pesquisa qualitativa referente a revisão


bibliográfica, explicitando sobre os métodos, os procedimentos para a busca dos artigos nos
periódicos confiáveis, discorrendo sobre a análise crítica destes artigos, bem como os seus
resultados e discussões. Por fim, na parte direcionada à conclusão busca-se retomar os
principais pontos abordados nos tópicos, procurando refletir acerca do que foi analisado de
modo que possa contribuir com o avanço da discussão acerca da tutoria de pares.

12
2 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa consistiu em um trabalho de revisão bibliográfica cujo objetivo propôs


analisar a bibliografia existente sobre a tutoria de pares em sua relação com a Educação Especial
dando ênfase para as produções científicas brasileiras. À luz destes pressupostos, as revisões
são necessárias para pesquisadores iniciantes em uma determinada área do conhecimento. Esses
estudos podem conter análises destinadas a comparar pesquisas sobre temas semelhantes ou
relacionados, apontar a evolução das teorias, dos aportes teórico metodológicos e sua
compreensão em diferentes contextos, indicar as tendências e procedimentos metodológicos
utilizadas na área, apontar tendências das abordagens das práticas educativas (VOSGERAU;
ROMANOWSKI, 2014, p.168).

O procedimento metodológico seguiu os seguintes passos: inicialmente se definiu a


forma de levantamento de material informativo, ou seja, tal levantamento efetivou-se com a
busca por bibliografias que tratam da temática pesquisada por meio de bancos de dados
confiáveis. O segundo passo baseou-se em leituras das obras selecionadas. O terceiro passo
efetivou-se com a seleção daqueles considerados mais relevantes e fundamentadas, de modo
que foi separado os que apresentavam as características pertinentes com a busca e por fim,
consistiu-se a análise das produções selecionadas, realizando fichamentos e posteriormente a
escrita do artigo tendo em vista os procedimentos e os resultados encontrados.

A partir disto, inicialmente realizou-se a busca na plataforma do Scielo e no Portal de


Periódicos da Capes, base de dados considerados confiáveis para a busca de produções
científicas, e assim foi seguido os mesmos critérios de seleção e exclusão para ambas. No
entanto, percebendo-se a quantidade mínima de dados encontrados, tornou-se pertinente a
necessidade de buscar mais bibliografias por meio do Google Acadêmico. Desse modo, foram
definidos critérios de busca e seleção do material para ser analisado. Como critério de seleção
foram escolhidas as publicações que fossem artigos tutoria de pares como uma forma de
intervenção pedagógica no âmbito escolar voltada para a Educação Especial, desde o Ensino
Fundamental até a universidade.

Nesse sentido, nas Plataformas Scielo foi utilizado o descritor “tutoria de pares”. Na
Capes, por sua vez, foram utilizados os descritores “tutoria de pares” e “Inclusão”. A
delimitação temporal abarcou o período entre 2015 a 2020. Por meio da minuciosa pesquisa em
tais plataformas, notou-se que o único artigo que foi selecionado no banco de dados do Scielo
de acordo com os critérios estabelecidos foi encontrado também no banco de dados da Capes.

O recorte foi feito a partir de 2015 a 2020, tal recorte deu-se pelo fato de a tutoria de
pares ser um tema pouco abordado e recente nos meios acadêmicos. Além disso, após a década
de 90, com a instituição de políticas públicas em inclusão voltadas para a inserção de estudantes
com NEE no ensino regular, iniciou-se um processo, ainda que lento, que impulsionou a
definição de estratégias e metodologias pedagógicas. Mas somente, em meados de 2015 é que
surgem, no Brasil os primeiros estudos que apresentam como proposta a tutoria de pares,
embora haja traços da tutoria desde a antiguidade.

Desta forma, foi considerada apenas a plataforma da Capes, visto que, trata-se do mesmo
trabalho encontrado e tal plataforma possuiu maior número de trabalhos que discorrem sobre a
tutoria de pares. No Google Acadêmico, por sua vez, foram utilizados os termos “Tutoria de
pares”, “Educação Especial” e “práticas pedagógicas”. Assim, foram encontrados 46
resultados, tornando-se preciso afunilar a pesquisa com os critérios de inclusão e exclusão para
encontrar os dados necessários. Além disso, foram considerados apenas os trabalhos que
abarcam o período de 2016 a 2020 e que foram publicados no idioma português.

Como critérios de exclusão foram retirados da seleção os dados que apresentavam outro
idioma como o inglês e o espanhol, além dos que possuíam assuntos voltados para a tutoria em
relação à educação à distância bem como aos direcionados à área da saúde. Não sendo também,
considerados materiais que apenas citavam a tutoria de pares, bem como os ebooks,
monografias, projetos e relatório de estágio, por se tratar de material bibliográfico cujo foco
colocava a questão da tutoria de pares de forma periférica e sem relação com a inclusão escolar.

A seleção e exclusão do material foi realizada detalhadamente, a qual afunilou-se a


pesquisa por meio dos anos escolhidos, dos idiomas e por conseguinte, as publicações que
surgiram foram todas visualizadas de modo que, em primeiro momento, foi lido o resumo para
dar um norte do que o trabalho tratava, tendo em vista se direcionava para o centro desta
pesquisa. Foram observados os resumos que destacavam sobre a temática, das quais eram lidos
posteriormente os trabalhos completos para ser feito uma análise e escolha criteriosa e objetiva.

Portanto, vale reforçar que o intuito é evidenciar a novidade da produção científica que
pouco a pouco vem surgindo no Brasil, onde fica evidente que há um compromisso na definição
de estratégias/intervenções metodológicas que permitem maior inserção do estudante com

14
necessidade específica. Desta forma, após reunir esse material bibliográfico, foi efetivado
leitura e fichamento, visando identificar os textos mais importantes, as possíveis diferenças de
concepção, entre outros aspectos. Por fim, foi efetivada análise do conjunto de material
encontrados. Nesse processo, foi realizada a análise de textos, via processo comparativo e
releitura visando aprofundar a compreensão dos principais artigos.

15
3 PERCURSO HISTÓRICO DA INCLUSÃO E A IMPORTÂNCIA DA TUTORIA
DE PARES

Considerando que a inclusão tem se desenvolvido lentamente, torna-se importante


promover meios para alavancar este processo. Inicialmente é fundamental compreender o
percurso histórico que as pessoas com NEE tiveram, uma vez que, tempos atrás, as pessoas que
possuíam tais limitações enfrentavam outros contextos, onde a educação era restrita e, quando
existia, possuía caráter assistencialista. Mendes (2006) enfatiza que a Educação Especial
começou a ser vista no século XVI, em que alguns médicos e pedagogos partindo ao contrário
dos ideais vigentes da época, acreditaram nas possibilidades de mudança para as pessoas ditas
“anormais”. No entanto, como a educação era restrita a poucos, tais médicos e pedagogos eram
os responsáveis em desenvolver os seus trabalhos para estes indivíduos.

Contudo, o cuidado custodial e assistencialista prevaleceu durante muito tempo, sendo


a fase conhecida como segregação, isto é, “justificada pela crença de que a pessoa diferente
seria mais bem cuidada e protegida se confinada em ambiente separado [...]” (MENDES, 2006,
p. 387). Desse modo, acreditava-se que seriam favorecidos se fossem ensinados em lugares
separados dos demais, sendo ainda, um caminho para não aproximar estes indivíduos dos ditos
“normais”.

Nessa percepção, no século XIX surge-se a escolarização obrigatória, a qual criam-se


as classes especiais nas escolas regulares. Nesse contexto, os estudantes com alguma NEE eram
encaminhados, sendo denominado este processo de integração. Mendes (2006) aborda que a
integração escolar não era vista como uma “questão de tudo ou nada, mas sim como um
processo com vários níveis, através dos quais o sistema educacional proveria os meios mais
adequados para atender as necessidades dos alunos” (MENDES, p. 391). Desse modo, os
indivíduos frequentavam as escolas, mas não participavam de forma integral. Essa concepção
foi reforçada pelas mudanças sociais, como a adoção de políticas neoliberais, pois isso
promoveria economia para os cofres públicos, segundo Mendes (2006).

Em relação à inclusão, Mendes (2006) enfatiza que:

No contexto mundial, o princípio da inclusão passa então a ser definido como uma
proposta da aplicação prática ao campo da educação de um movimento mundial,
denominado inclusão social, que implicaria a construção de um processo bilateral no
qual as pessoas excluídas e a sociedade buscam, em parceria, efetivar a equiparação
de oportunidades para todos, construindo uma sociedade democrática na qual todos
conquistariam sua cidadania, na qual a diversidade seria respeitada e haveria aceitação
e reconhecimento político das diferenças (MENDES, 2006, p. 395).
16
Ao longo dos anos, surgiram diversos movimentos e leis para fundamentar a inclusão.
A partir de 1990, com a Declaração Mundial de Educação para todos e com a Declaração de
Salamanca em 1994, passou-se a ter uma maior preocupação com essa temática em todo âmbito
internacional. Outro documento importante é a Constituição Federal de 1988 e as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 que destaca a Educação como um direito de
todos. Do mesmo modo, tem-se a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) a qual define condições de igualdade, do
direito e liberdades fundamentais. Além disso, existem outros respaldos e marcos legais, e todos
eles são importantes referenciais que sustentam a ideia de inclusão no meio social e
educacional.
No entanto, ao mesmo tempo em que recebe apoio e legislação ao seu favor, a educação
inclusiva encontra inúmeros obstáculos. Desta forma, é bastante comum várias áreas colocarem
as dificuldades e problemas da inclusão escolar. Contudo, é importante que as barreiras
encontradas sejam superadas para que seja um dos fatores promissores das leis que explicitam
sobre a educação de qualidade para todos. Nesse contexto, é fundamental discutir sobre a tutoria
de pares tendo em vista a importância das relações entre os pares sendo uma prática que no
ambiente escolar tem como pressuposto auxiliar o trabalho do professor bem como a
participação e aprendizagem do aluno.

Conforme corrobora Lourenço (2012), atualmente as escolas anglo saxônicas têm uma
forma de acompanhamento diferente aos estudantes, conhecido como “Tutoring” ou
“Supervising”, da qual tem-se a finalidade de orientar nas atividades escolares, o que garante o
acompanhamento de tais estudantes no seu ambiente escolar. Do mesmo modo, nos Estados
Unidos, surgiu-se a necessidade de utilizar a tutoria de pares no século XX, uma vez que, no
percorrer deste século ocorreu a imigração de negros no ensino superior que possuíam culturas
e linguagens diferentes, e geravam por sua vez, heterogeneidade na sala de aula, cabendo aos
tutores, portanto, fazerem a ligação entre as culturas e a integração escolar destes estudantes.

Além disso, Lourenço (2012) destaca que o modelo de tutoria surgiu nos países da
América Latina tendo como pressuposto resolver os problemas que diz respeito a desinserção,
abandono escolar, às repetências, o atraso nas aprendizagens e a baixa conclusão dos estudos.
No Brasil, por sua vez, tal “aprendizagem vai ocorrer na efetiva participação dos estudantes; o
tutor aprende ao interagir com o tutorando, que também aprende em um trabalho coletivo,
promovendo sucesso nas aprendizagens acadêmicas” (FRISON, 2012, p. 3). No entanto,

17
percebe-se que esta é uma ação com pouca efetividade no Brasil (FERNANDES E COSTA,
2015).

Na sala de aula, o professor sendo o agente facilitador do processo, deve conduzir as


aulas de tal forma que os colegas possam interagir por meio de trabalhos grupais e cooperativos,
uma vez que, conforme expõe Kelman e Amparo (2015), acredita-se que seguindo as premissas
da Pedagogia Histórico-Cultural “as leis do desenvolvimento são as mesmas para todas as
crianças: o que mudam são os caminhos para alcançar esse desenvolvimento” (KELMAN;
AMPARO, 2015, p. 28).

Desse modo, entende-se que as leis que regem o desenvolvimento de todas as crianças,
independente de suas particularidades, são as mesmas, e o que muda e interfere neste processo
são os caminhos e os modelos de interação que os indivíduos participam. Sem dúvida, Vygotsky
entende que as crianças com problemas mais sérios possuem especificidades e, por conseguinte,
abordagens metodológicas que visam colaborar com a superação desse processo através da
compensação (COSTA, 2006).

Nesse sentido, nossa proposta de pesquisa aponta para uma pesquisa bibliográfica sobre
a inclusão e a tutoria de pares partindo da reflexão que colabora para as práticas pedagógicas
na sala de aula. Desse modo, acredita-se que a inclusão ainda não é efetivada completamente
como é assegurada em leis. Contudo a tutoria surge decorrente da necessidade de promover
meios para que possam minimizar os obstáculos presente no meio educacional e possibilitar a
interação e o convívio por meio da aceitação e da colaboração independente de suas
particularidades, evidenciando ainda, a importância dos professores aprofundarem os seus
conhecimentos e buscarem formação contínua e, por conseguinte favorecer a interação das
crianças na sala de aula.

18
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Educação Especial é um tema que vem se modificando de acordo com o seu percurso
histórico tornando-se um assunto que necessita ser discutido por meio de estudos teóricos e
práticos de modo que aponte os caminhos para a inclusão dos indivíduos. É percebido que ainda
no século XXI encontra-se algumas lacunas quando se trata da reflexão se de fato é efetivado
meios para promover a inclusão de todos e para todos. Nesse sentido, a coleta de dados no que
tange ao processo de pesquisa nas plataformas podem ser verificadas de forma sucinta na Tabela
01.

Tabela 01 – Busca de artigos nos bancos de dados para análise

BANCO DE DADOS RESULTADO DA ARTIGOS SELECIONADOS


PESQUISADA PESQUISA APÓS CRITÉRIOS DE
EXCLUSÃO E INCLUSÃO
Scielo 27 01
Capes 233 02
Google Acadêmico 46 02
Fonte: Elaboração da autora (2021).

No banco de dados do SCIELO, com a utilização da palavra-chave “Tutoria de pares”,


foram encontrados 27 trabalhos acadêmicos. No entanto, ao analisar os textos encontrados,
foram excluídos aqueles que não correspondiam aos objetivos desta pesquisa. Parte deste
material apresentava o idioma em inglês com 5 trabalhos e em espanhol possuindo 19 trabalhos,
motivo pelo qual foram excluídos.

Por fim, apenas 3 trabalhos apresentavam o idioma português. Foram selecionados para
análise aqueles que apresentavam como temática a tutoria de pares como uma estratégia
pedagógica voltada para a Educação Especial, desde o Ensino Fundamental, ensino médio, e
permeando ainda a universidade. Assim, analisando os 3 trabalhos em português, 2 abordavam
a tutoria relacionada a graduação de enfermagem ligados à área da saúde, sendo, portanto,
critérios de exclusão.

Desse modo, tornou-se pertinente considerar apenas um artigo para a análise que
engloba a tutoria de pares como uma estratégia pedagógica que modifica a dinâmica escolar e
torna-se eficaz para o tutor e tutorando (FERNANDES; COSTA, 2015). Vale acrescentar que
tal artigo está incluído no Portal de periódicos da Capes, uma vez que, foi encontrado também
no SCIELO.

Na CAPES, conforme delimitação, foram refinados por data de publicação entre 2015
a 2020, foram encontrados no total encontrados 233 artigos. No entanto, foi perceptível a
relevância no tocante ao assunto em apenas 2 artigos, de modo que foram excluídos os trabalhos
que não contemplavam os períodos estabelecidos, que não fossem artigos, os que apresentavam
outros idiomas bem como aqueles vinculados a questões distantes do foco da pesquisa. Tais
trabalhos selecionados discorriam a respeito da importância das adaptações no ambiente escolar
por meio de práticas pedagógicas que auxiliem os educandos no processo de inclusão, dos
autores anteriormente citados, Fernandes e Costa (2015) e outro sobre os efeitos da tutoria na
inclusão de estudantes com NEE nas aulas de educação física, de autoria de Schuller e outros,
publicado em 2016.

A busca no Google Acadêmico mostrou-se 46 resultados. Seguindo aos critérios de


exclusão foi retirado da análise os trabalhos que não fossem artigos, que apresentassem outros
idiomas, devendo-se apresentar o idioma português e ser do ano de 2016 a 2020. Contudo,
foram selecionados como relevantes apenas 2 artigos, uma vez que, foi percebido várias
dissertações, ebooks, trabalhos de conclusão de curso e trabalhos que apenas citavam a tutoria
como uma prática pedagógica para a inclusão, porém, não a abordava mais profundamente,
sendo percebido, portanto, que os trabalhos excluídos não discorrem especificamente a questão
da tutoria de pares em si, mas abrange a inclusão em forma mais ampla. Assim, ambos
trabalhos selecionados descrevem sobre a tutoria na educação física como um meio que
favorece a inclusão.

Desse modo, a coleta de dados no que concerne a estudos referente a prática pedagógica,
especificamente sobre a tutoria de pares limitou-se aos 4 artigos encontrados dos quais serão
representados pela Tabela 02:

Tabela 02 – Resultado dos artigos selecionados referente tutoria de pares.

BANCO DE BIBLIOGRAFIAS AUTORIA ANO DE


DADOS ENCONTRADAS PUBLICAÇÃO
PESQUISADA
Possibilidades da Tutoria de Pares FERNANDES;
Periódico do para Estudantes com Deficiência COSTA 2015
Scielo Visual no Ensino Técnico e
Superior.

20
Periódico da
Capes
Tutoria nas aulas de educação
Periódico da
física inclusiva: uma revisão SCHULLER et
Capes 2016
sistemática. al.
Motivação de graduandos em SCHULLER et
Google Educação Física para capacitação al. 2020
Acadêmico e tutoria em natação adaptada

Programa de formação de colegas SOUZA et al.


tutores: a tutoria no processo de 2017
Google Acadêmico inclusão escolar nas aulas de
Educação Física

Fonte: Elaboração da autora (2021).

No que tange a pesquisa de Fernandes e Costa (2015) buscou-se inicialmente realizar


um estudo para identificar trabalhos nacionais que enfatizasse sobre a tutoria de pares,
especificamente, em relação as pessoas com deficiência visual. Tais autores evidenciaram que
foi feito buscas na base do SCIELO, periódico CAPES e no Scholar Google, porém notou-se
como resultado apenas três trabalhos relevantes, percebendo-se uma escassez de trabalhos
publicados com a temática que discorre sobre tutoria de pares.

Portanto, a partir disso, foi analisado por Fernandes e Costa (2015) a percepção de
estudantes com deficiência visual e dos estudantes sem deficiência por meio de entrevistas
semiestruturadas realizadas com sete estudantes com deficiência visual como tutorados e seis
participantes sem deficiência, todos visto como tutores no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do interior do Nordeste Brasileiro. Assim, diante dos resultados,
destacamos que os tutores, no caso, pessoas com bolsas da instituição possuem formação inicial
e continuada, bem como auxílio da coordenação do Núcleo de Atendimento às Pessoas com
Necessidades Específicas (NAPNE).

A pesquisa realizada por Schuller et al (., 2016) teve como objetivo discorrer sobre uma
revisão sistemática da literatura em relação aos efeitos da tutoria na inclusão de estudantes com
deficiência nas aulas de educação física. A sua pesquisa foi realizada em dois bancos de dados,
sendo estes, o periódico da Capes e periódico Web of Knowledge, na qual em sua busca
encontrou-se um total de 84 artigos na Capes e 34 artigos pela Web of Knowledge. Porém,
seguindo aos seus critérios de inclusão e exclusão tornou relevante a análise apenas de 4 artigos
em apenas um dos bancos de dados que atenderam aos critérios desta pesquisa.

21
Schuller et al. (2016), por meio da sua análise, destacou que a tutoria de pares é uma
estratégia eficiente da qual contribui de forma positiva na aprendizagem dos estudantes. Desse
modo, o autor destaca que a tutoria é uma prática na sala de aula em que o professor deve
preparar um colega da mesma sala para auxiliar o aluno com NEE nas atividades, considerando
que tais atitudes induzem para a inclusão e contribui para a participação de todos os estudantes
nas aulas de educação física reconhecendo, portanto, a diversidade presente no ambiente
educacional.

Schuller et al. (2020) aborda em seu artigo a motivação de graduandos em Educação


Física para capacitação e tutoria em natação adaptada. Este estudo direcionou-se em um
processo de análise em acadêmicos de educação física de uma Universidade particular do
interior do Estado de São Paulo que participaram de um curso teórico de capacitação em natação
adaptada e após esta participação tiveram a proposta de atuarem como tutores em um
treinamento de natação adaptada a pessoas com NEE. Contudo, o autor expõe que 11
acadêmicos participaram do curso de extensão universitária e desses nove resolveram atuar na
tutoria. Desse modo, o estudo buscou compreender o que motivou e desmotivou os acadêmicos
a participarem do curso teórico e da tutoria por meio de entrevistas semidirigidas.

O autor acredita que um desafio enfrentado pelo professor seja o fato de proporcionar
a motivação para os estudantes, uma vez que, “para que obtenha sucesso no processo de
compreensão e domínio das novas habilidades, o esforço e a utilização de estratégias adequadas
são necessárias” (SCHULLER et al., 2020, p. 78). Desta forma, analisar a motivação e
desmotivação dos acadêmicos quanto ao aluno com NEE por meio da tutoria foi vista como
uma estratégia fundamental para observar e compreender tais processos.

A pesquisa de Souza et al. (2017), por sua vez, é intitulada Programa de formação de
colegas tutores: a tutoria no processo de inclusão escolar nas aulas de Educação Física, teve
como objetivo discorrer sobre a efetividade da tutoria entre a relação do colega tutor com o
aluno tutorando (estudante com deficiência intelectual associada ao transtorno do espectro
autista) na aula de Educação Física. Tal pesquisa foi realizada em uma Escola Municipal de
Ensino no interior do Estado da Bahia. O autor utilizou para a coleta de dados a observação
sistemática ou estruturada e filmagens para analisar a participação do aluno com NEE antes e
depois da tutoria e como o treinamento dos tutores pode contribuir para esta atuação.

Os artigos de Schuller et al. (2020) e de Souza et al. (2017) abordavam a tutoria no


campo do Ensino Superior. Os estudos de Schuller et al. (2020) tendo como foco a análise da
22
motivação e desmotivação dos acadêmicos de educação física em relação a tutoria de um aluno
com NEE nas aulas de educação física, releva quais os fatores que levaram os estudantes a
aceitarem a atuação da tutoria. Segundo o autor, o motivo mais predominante foi a questão de
adquirir o conhecimento. Outro acadêmico, por sua vez, entende a relevância desta experiência
para a sua atuação profissional compreendendo que o trabalho com pessoas com NEE é o seu
fator de interesse, o que contribuiu para desenvolver as suas habilidades. Foi percebido ainda,
a preocupação de um acadêmico em relação a tutoria de pares como exigência de cumprimento
de horas extras que são atividades fundamentais nos cursos de ensino superior.

Schuller et al. (2020) identificou em seu estudo que a atuação do professor tornou outro
fator de motivação e desmotivação entre os estudantes. Vale acrescentar que alguns estudantes
aceitaram a tutoria de pares por ter conhecidos ou familiares com alguma NEE. Assim,

Uma das formas de superar as adversidades é a aquisição de conhecimento sobre como


agir frente as necessidades ocasionadas pela deficiência, não somente de seus
familiares, mas também de outras pessoas que compartilham dessa situação
(SCHULLER et al., 2020, p. 84).

O autor ainda percebe a desmotivação neste estudo por meio de um participante que
demostrou no início não querer participar da capacitação, devido não sentir suficientemente
capacitado para executar a tutoria. Tal participante em sua fala enfatiza que “[...] na verdade,
eu não queria participar (risos) porque eu tava com medo, porque eu nunca tinha tido contato
com deficiência física, sabe? Eu tava bem insegura” (T11 apud SCHULLER et al., 2020, p. 85).

Souza et al. (2017) destaca que a tutoria é uma estratégia voltado para o apoio nas aulas
de Educação Física bastante percebido nos Estados Unidos, sendo visível a necessidade de
aprofundar os estudos brasileiros. Diante disso, todos os autores abordados acreditam que a
tutoria de pares é uma ferramenta importante aos estudantes com NEE no processo de inclusão
tanto na educação básica como na superior.

Outro estudo relacionado ao Ensino Superior destaca a tutoria como uma “estratégia
promissora da inclusão social e escolar de alunos com deficiência, no campo da mediação
pedagógica” (FERNANDES; COSTA, 2015, p. 3). Os autores apontam em seus resultados e
discussões algumas visões. Na visão dos tutores acerca da tutoria percebe-se que os tutores
tiveram uma formação inicial e continuada bem como troca de práticas entre tutores mais
experientes e os novatos. A tutoria é tida como um auxílio para a realização do trabalho em sala

1
Denominação utilizada na pesquisa de Schuller et al. (2020) para manter o anonimato dos participantes
entrevistados.
23
de aula, visto como uma influência positiva. Segundo o autor, a maioria destes tutores acreditam
que a tutoria interfere pouco no desempenho dos estudantes.

No que concerne a visão dos tutorados acerca do papel da tutoria, Fernandes e Costa
(2015, p. 13) destacam o, “papel de auxiliar, adaptar materiais e esclarecer dúvidas, outras
definições em minoria são as de ajudar em sala de aula, fornecer suporte e nivelar (“igualar”) o
acesso ao conhecimento”. Do mesmo modo, revela-se que em relação as atividades os tutorados
classificaram com pontos fortes e fracos.

Com relação aos pontos fracos, apontaram a necessidade de agilidade na adaptação


do material (n=1); necessidade de auxílio durante as aulas (n=2); de maior quantidade
de tempo (n=6); necessidade de planejamento entre o professor, tutor e o Napne (n=1);
de treinamento para o tutor (n=1) e; de mais cobrança junto aos tutores (n=2). Com
relação aos aspectos positivos, indicaram a existência de tipos diferentes de recursos
tecnológicos no Napne (n=1); o fato do tutor se disponibilizar em esclarecer dúvidas
(n=2); a facilidade na negociação de horários com o tutor (n=2); a disponibilização de
material adaptado pelo tutor (n=4); a atenção recebida do tutor (n=1) e; a crença no
potencial da tutoria (n=2) (FERNANDES; COSTA, 2015, p. 13).

Contudo, na pesquisa de Fernandes e Costa (2015) evidenciou-se que a tutoria de pares


possui mais traços positivos do que negativos. Foi percebido tanto pelos tutores como pelos
tutorados que para este processo ser mais promissor seria necessário ter o planejamento
realizado em conjunto, isto é, com os professores, tutores e coordenação do Napne. Além disso,
as bolsas deveriam ser selecionadas para estudantes da mesma classe que os tutorados.

Portanto, torna-se fundamental abordar uma temática que apresenta discussões


fundamentais na sociedade, uma vez que, abrange a inclusão no âmbito educacional. Sendo
assim, os 4 artigos dialogam entre si de modo que apresentam pontos comuns no sentido de
verificar a tutoria de pares como uma possibilidade de estratégia importante para a inclusão.
Entretanto, tem-se divergências no modo como apresentam as dificuldades apresentadas em
cada pesquisa. Contudo, os estudos dos artigos é relevante para compreender a dimensão das
pesquisas direcionadas para esta área e as discussões apresentadas.

24
5 CONCLUSÃO

A Educação tem como foco proporcionar uma escola de qualidade para todos os
educandos, independentemente de suas particularidades, oferecendo equiparação de
oportunidades por meio de suportes que levem os alunos apreenderem os diferentes
conhecimentos para desenvolver suas potencialidades e superar as barreiras existentes.

Nesse sentido, o processo de aprendizagem se desenvolve de várias maneiras, e na


Educação Inclusiva não é diferente. Uma estratégia fundamental neste processo é a tutoria de
pares, que pode ser definida como um sistema de instrução composto por dois educandos (tutor
e tutorando), em que o aluno que apresenta maior conhecimento auxilia e coordena o outro que
possui NEE a realizar atividades, aprender uma estratégia, sempre com a supervisão do
professor mediando esta tutoria. Desse modo, esta técnica pode se tornar eficaz, pois os
estudantes apreendem os conteúdos escolares nessa relação de interdependência e
responsabilidade. Além disso, há o estabelecimento de uma relação de parceria e amizade,
elemento bastante positivo para o desenvolvimento tanto do aluno com NEE como dos demais.

Com base no referencial teórico levantado neste estudo, percebe-se que a tutoria de pares
não é um recurso novo, tendo em vista que vem sendo utilizada desde o final do século XX,
embora no Brasil ainda seja uma prática pouco conhecida. Tal fato evidencia a necessidade de
se ampliar as pesquisas voltadas à tutoria de pares, pois as pesquisas encontradas foram
reduzidas e voltadas para à área de Educação Física.

De acordo com a análise dos quatro artigos pode-se entender que, a tutoria de pares se
configura como uma estratégia promissora para dar apoio a inclusão de estudantes com NEE
no ambiente educacional e tem como objetivo auxiliar estes na execução das atividades,
proporcionando a inclusão tanto na educação básica como na superior. A tutoria de pares pode
proporcionar a sintonia, autoconfiança, a comunicação e contextualização de novas
informações proporcionando um ambiente de aprendizagem mais descontraído entre a dupla.
Contudo, é importante que todos os envolvidos (estudantes, professores, NAPNE), participem
do processo para que a tutoria passa de fato ser efetivada com êxito.

Portanto, nesse contexto, os professores devem ser estimulados à adoção desse tipo de
intervenção escolar, que de acordo com os nossos estudos, viabilizou o envolvimento dos
educandos nas suas próprias aprendizagens, adaptando-se às especificidades de cada um,
promovendo uma aprendizagem significativa ao mesmo tempo em que favoreça a garantia de
melhor educação e qualidade de ensino a todos.

Diante disso, vale acrescentar que como perspectiva de futuro para a presente temática,
busca-se a publicação futura do trabalho, o aprofundamento desse estudo por meio da formação
continua, observação em ambiente escolar bem como analise de obras que tratam sobre esse
assunto, tendo em vista que, necessita de mais publicações e trabalhos que abrangem essa área
como foi percebido pela pesquisa ora apresentada para que possa assim auxiliares os demais
pesquisadores e pessoas que possuem o interesse em aumentar o conhecimento e compreender
mais sobre a tutoria de pares na inclusão.

26
REFERÊNCIAS

BRASIL. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Estabelece as diretrizes e bases da


educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.
Acesso em: 20 de julho de 2021.
BRASIL. LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm . Acesso em: 19 de
julho de 2021.
Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
COSTA, Dóris Anita Freire. Superando limites: a contribuição de Vygotsky para a educação
especial. Rev. Psicopedag, São Paulo, v. 23, n.72, p. ??, 2006.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Sobre princípios, políticas e práticas na área das


necessidades educativas especiais. Salamanca – Espanha, 1994.
Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien – 1990). Unicef,
2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-
todos-conferencia-de-jomtien-1990 . Acesso em: 20 de julho de 2021.
ECHER, Isabel Cristina. A revisão de literatura na construção do trabalho científico. R. Gaúcha
Enferm. , Porto Alegre, v. 22, n 2, p. 5-20, jul. 2001.

FERNANDES, Woquiton Lima; COSTA, Carolina Severino L. Possibilidades da Tutoria de


Pares para Estudantes com Deficiência Visual no Ensino Técnico e Superior. Rev. Bras. Ed.
Esp., Marília, v. 21, n. 1, p. 39-56, jan.-mar., 2015.

FRISON, Lourdes Maria Bragagnolo. Tutoria entre estudantes: uma proposta de trabalho que
prioriza a aprendizagem. Revista Portuguesa de Educação, 2012. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/374/37425876010.pdf. Acesso em: 07 de Junho de 2021.

KELMAN, C. A.; SOUZA, M. A. Sociedade, educação e cultura. In: MACIEL, D. A.;


BARBATO, S. (orgs.). Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar. Brasília:
Editora UnB, 2015. P. 15-56.

LOURENÇO, Lucinda Fernandes. Tutoria. Um caminho possível para o sucesso escolar. 2012.
Disponível em: <https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/7586/1/ulfpie042883_tm.pdf.>
Acesso em: 08 de Junho de 2021.

MENDES, Enicéia Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil.


Revista Brasileira de Educação. v.11, n. 33, p. ?? set/dez, 2006.

SCHULLER, Juliana Aparecida de Paula; NASCIMENTO, Lilian Cristina Gomes do; SERRA,
Maysa Venturoso Gongora Buckeridge; NAZAR, Paulo de Tarso; BITTAR, Cléria Maria
Lobo; TONELLO, Maria Georgina Marques. Motivação de graduandos em Educação Física
para capacitação e tutoria em natação adaptada. Aletheia v. 53, n. 2, p.77-89, jul./dez. 2020.
______. Tutoria nas aulas de educação física inclusiva: uma revisão sistemática. v. 17, n. 3, p.
?? jun./set., 2016.

SOUZA, Joslei Viana de; MUNSTER, Mey de Abreu van; LEIBERMAN, Lauren; COSTA,
Maria da Piedade Resende da. Programa de formação de colegas tutores: a tutoria no processo
de inclusão escolar nas aulas de Educação Física. Práxis Educativa, Ponta Grossa, Ahead of
Print, v. 12, n. 2, maio/ago, 2017.

VOSGERAU, D. S. A. R; ROMANOWSKI, J. P. Estudos de revisão: implicações conceituais


e metodológicas. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 14, n. 41, p. 165-189, jan./abr.
2014.

28

Você também pode gostar