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Ciências Sociais Aplicadas REVISTA

Ciências Humanas
E LE T R Ô N IC A

O PROFESSOR NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: Atribuições e competên-


cias

Maria Zenilda Oliveira Alves1; Deise Cristina de Araújo2; Ana Laura da Silva Texeira3*
1 Graduanda em Pedagogia, Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS; 2 Esp. em Docência
do Ensino Superior pela de Faculdades Campos Elísios – FCE; 3 Mestre em História e Filosofia da
Educação – UNESP, docente das Faculdades Integradas de Três Lagoas – FITL/AEMS
* autor correspondente: anateixeira_ufms@yahoo.com.br

RESUMO
O presente artigo apresenta o debate entorno da importância do professor da educação especial, re-
sultado da pesquisa de conclusão de curso em andamento junto ao curso de pedagogia AEMS. É de
suma importância que o professor esteja cada vez mais preparado para receber o aluno com deficiência
na sala de aula, e estudos com esse tema, fundamental, para responder a questionamentos, tanto
práticos como teóricos, sobre as atribuições e competências do profissional da educação especial. Com
objetivo de questionar e refletir sobre o papel do professor da educação especial, a metodologia utili-
zada foi a pesquisa bibliográfica, “desenvolvida com base em material já elaborado, constituído princi-
palmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2002. p. 44). Conclui-se que a essa temática é importante
pois visa reconhecer o papel do profissional da educação especial no processo de aprendizagem dos
alunos.

PALAVRAS-CHAVE: educação especial; o papel do professor; aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO relação ao processo de ensino e apren-


dizagem dos estudantes com deficiên-
O presente estudo pauta-se na dis- cia.
cussão sobre o importante papel dos As mudanças acompanharam as
professores no que tange ao trabalho da novas demandas sociais e o legislativo
Educação especial de forma a refletir so- assegura a educação de qualidade as
bre o papel desse profissional como pessoas com deficiência e sobretudo a
agente de transformação e sobre sua im- resolução que prevê o processo de inclu-
portante função na educação. são da pessoa especial no ensino regu-
A educação especial, tem sido atu- lar.
almente um dos ramos da educação que Todavia, refletir o papel do profes-
tem ensejado vários estudos e pesqui- sor é fundamental para a adaptação do
sas, sobretudo em relação a legislação estudante especial e de inclusão, como
que oferece oportunidade para pessoas mediador social dessa criança e trans-
com deficiência na modalidade de en- missor de informações e conhecimentos,
sino. por isso cabe ao professor buscar meto-
Assim, surge a necessidade de re- dologias e recursos necessários para
flexão sobre a prática e os desafios da compor o processo de aprendizagem.
modalidade. A evolução na forma de O trabalho buscou refletir sobre o
pensar sobre a educação especial veio trabalho do professor em sala de aula e
marcada por uma história muitos precon- como este profissional pode contribuir
ceitos e exclusão. Novas leis surgiram e para a aprendizagem dos alunos com
trouxeram novas perspectivas em deficiência.

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A pesquisa se torna relevante, pois professor + educação especial – e, em
trata o papel desempenhado pelo profis- fontes indicadas pela orientação deste
sional da educação especial, apontando trabalho.
que é de suma importância que o profes-
sor esteja cada vez mais preparado para 2 EDUCAÇÃO ESPECIAL: A importân-
receber o aluno com deficiência na sala cia do profissional de educação
de aula, assim, estudos com esse tema,
são importantes, para responder a ques- Quando se fala da prática do pro-
tionamentos, tanto práticos como teóri- fessor diante do processo de aprendiza-
cos, sobre as atribuições e competên- gem é possível considerar que este pro-
cias do profissional da educação espe- fissional é parte indispensável nesse
cial. Contribuir com a reflexão sobre a processo, pois é quem irá mediar, no dia
atuação de professores no contexto da a dia, o ensino e aprendizagem junto ao
educação especial, ressaltando a impor- indivíduo com deficiência.
tância do professor e a mediação desse
na aprendizagem significativa dos estu- A profissão docente deve abando-
dantes com deficiência. nar a concepção predominante no
século XIX de mera transmissão do
O objetivo deste trabalho é refletir conhecimento acadêmico, de onde
sobre o professor da educação especial, de fato provém, e que se tornou in-
suas atribuições e competências para teiramente obsoleta para a educa-
processo de ensino e aprendizagem na ção dos futuros cidadãos em uma
modalidade. sociedade democrática: plural, par-
ticipativa, solidária, integradora [...]
Utilizamos na pesquisa fontes bibli- (IMBERNÓN, 2002, p. 7).
ográficas de artigos, trabalhos, livros
com abordagem científica sobre a temá- Sendo assim, o docente tem um
tica em estudo, por meio de fontes de papel de oferecer ao educando a quali-
pesquisas e estratégias de busca, sele- dade na prática educativa. E quando se
cionando as pesquisas por palavras cha- fala no trabalho com indivíduos com de-
ves, de forma a encontrar um direciona- ficiência a sua responsabilidade é ainda
mento do tema proposto. maior pelo fato de sua influência no pro-
cesso de ensino-aprendizagem.
A pesquisa bibliográfica é desenvol-
vida com base em material já elabo- Dessa forma, conforme aponta To-
rado, constituído principalmente de ledo e Martins (2009) a formação de edu-
livros e artigos científicos. Embora cadores diante da inclusão se torna ne-
em quase todos os estudos seja exi- cessária, porém não suficientes para ga-
gido algum tipo de trabalho dessa rantir uma escola inclusiva.
natureza, há pesquisas desenvolvi-
das exclusivamente a partir de fon- Todavia na colocação de (SCOR-
tes bibliográficas. Boa parte dos es- TEGAGNA; OLIVEIRA, 2008) é neces-
tudos exploratórios pode ser defi- sário possibilitar ao professor a capaci-
nida como pesquisas bibliográficas. dade de refletir sobre sua atuação profis-
As pesquisas sobre ideologias, bem sional, objetivando entender a forma
como aquelas que se propõem à
análise das diversas posições como se apresentam os problemas da
acerca de um problema, também prática.
costumam ser desenvolvidas quase O art. 18 Diretrizes Nacionais para
exclusivamente mediante fontes bi- Educação Especial na Educação Básica
bliográficas (GIL, 2002. p. 44). dispõe sobre os professores e sua for-
mação para atuar no contexto inclusivo
Na seleção dos artigos acadêmicos “professores capacitados e especializa-
pesquisados, utilizamos o critério das dos, conforme previsto no artigo 59 da
palavras-chave – educação especial, LDBEN [...] a Formação de Professores
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da Educação Básica, em nível superior, ocorrem no magistério” (TARDIF apud
curso de licenciatura de graduação CUNHA, 2005, p. 86).
plena” (BRASIL, 2001, p. 77). Questionar a respeito da profissio-
nalização do educador chama atenção
criar escolas inclusivas requer muito para a complexidade da profissão que
mais que boas intenções, declara- envolve saberes, valores, senso comum,
ções e documentos oficiais, requer
que a sociedade, escolas e profes- saberes cotidianos.
sores tomem consciência das ten- Admite-se que a sociedade de
sões e organizem condições para modo geral atribui a pessoa com defici-
criação de escolas inclusivas de ência a incapacidade vendo-os como
qualidade. Além disso, para este coitados, onde o indivíduo acaba por as-
autor, a preparação do professor
também se constitui condição ne- sumir essa posição de inferioridade, as-
cessária para o processo de inclu- sim surge uma das importantes funções
são dos alunos com NEE (MAR- do professor de refutar essas ideias re-
CHESI, 2004 apud TOLEDO; MAR- trógrados e provar a capacidade dessas
TINS, 2009, p. 4129). pessoas de superarem as suas limita-
ções e é no âmbito escolar que essas
Nessa perspectiva, cabe ao profes- ideias podem ser transformadas.
sor ir além do domínio dos conteúdos Essa é uma das principais caracte-
curriculares, precisa compreender e le- rísticas do profissional da educação di-
var o indivíduo a progredir em todos os ante de um aluno com deficiência, é pre-
seus aspectos humanos, não só em sua ciso tratá-lo levando em conta suas es-
formação acadêmica, mas para sua vida, pecificidades buscando antes de tudo
alicerçada em princípios de ética profis- formá-lo como cidadão ativo dentro da
sional e capacitação teórica. sociedade, buscando superar os para-
digmas em torno da deficiência.
É muito difícil avançar no sentido
das escolas inclusivas se os profes-
Desse modo, conforme nos mostra
sores em seu conjunto, e não ape- Bueno (1999), dentro das atuais condi-
nas professores especialistas em ções da educação brasileira, não há
educação especial, não adquirirem como incluir crianças com necessidades
uma competência suficiente para educativas especiais no ensino regular
ensinar todos os alunos” (MAR-
CHESI, 2004, p. 44 apud TOLEDO;
sem apoio especializado, que ofereça
MARTINS, 2009). aos professores dessas classes, orienta-
ção e assistência. Assim, a educação in-
Isso indica que o trabalho do pro- clusiva oferece um ensino adequado às
fessor precisa perceber o universo dos diferenças e às necessidades de cada
seus alunos e alunas com deficiência, e aluno e não deve ser vista lateralmente
viabilizar meios pelos quais ocorra a ou isolada, mas, como parte do sistema
construção dos conhecimentos. Com- regular. Para tanto, o quesito indispensá-
preender o contexto, as limitações e es- vel para a efetivação deste conceito é a
pecificidades, de modo que possam au- formação adequada e contínua do pro-
xiliá-los na integração na sociedade fessor (GLAT; FERNANDES, 2005;
como um todo. SANT’ANA, 2005).
O diálogo em relação a formação A formação de professores é um
do professor é pertinente e indica postu- aspecto que merece ênfase quando se
ras em relação a função do professor. aborda a inclusão. Muitos dos futuros
Nos últimos 30 anos tem havido um con- professores sentem-se inseguros e ansi-
flito de valores que “parecem ainda mais osos diante da possibilidade de receber
graves nas profissões cujos ‘objetos de uma criança com necessidades especi-
trabalho’ são seres humanos, como ais na sala de aula. Há uma queixa geral

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de estudantes de pedagogia, de licenci- família deve ser orientada e motivada a
atura e dos professores, “não fui prepa- participar do processo de aprendizagem
rado para lidar com crianças com defici- desse indivíduo.
ência” (LIMA, 2002, p. 40). Por fim, deficientes têm os mesmos
Acredita-se que a formação do- direitos que os demais cidadãos, e por
cente e a busca da qualidade do ensino isso devemos respeitá-los. O desafio e o
para crianças com necessidades educa- comprometimento não são somente das
tivas especiais envolvem, pelo menos, instituições de ensino, que atendem pú-
dois tipos de formação profissional, pri- blico da educação especial e escolas re-
meiro os professores do ensino regular gulares, como também de todas as orga-
que contam com o conhecimento mínimo nizações sociais.
exigido, uma vez que há a possibilidade Concluímos que não temos a pre-
de lidarem com alunos com necessida- tensão de esgotar o assunto da temática
des educativas especiais e, segundo os aqui proposta, evidenciando que ainda
professores especialistas nas variadas há muito o que se discutir e pesquisar
necessidades educativas especiais que sobre este assunto da Educação Espe-
possam atender diretamente os estu- cial e Inclusiva contribuindo assim para
dantes com necessidades e/ou para au- as pesquisas acadêmicas científicas.
xiliar o professor do ensino regular em
sala de aula (BUENO, 1993). REFERÊNCIAS
A legislação brasileira prevê que to-
dos os cursos de formação de professo- BUENO, J. G. S. Educação especial bra-
res, do magistério à licenciatura, devem sileira: integração /segregação do aluno
capacitá-los para receber, em suas salas diferente. São Paulo, EDUC/PUCSP,
de aula, alunos com e sem necessidades 1993.
educacionais especiais, dentre os quais
os alunos com deficiências. Mas, no ce- BRASIL, SEESP/ SEED/ MEC, A Educa-
nário atual, os professores estão real- ção Especial na Perspectiva da Inclusão
mente preparados para garantir, na prá- Escolar: O Atendimento Educacional Es-
tica, o direito dessas pessoas? pecializado para Alunos com Deficiência
Apesar dos avanços dos ideários e Intelectual, Fascículo II, Brasília, 2006.
de projetos político-pedagógicos, muitas
instituições de ensino ainda não imple- IMBERNÓN, F. Formação docente e
mentaram ações que favoreçam a for- profissional: formar-se para a mudança e
mação de seus professores para atua- a incerteza. 5. ed. São Paulo: Cortez,
rem com a inclusão. 2002. (Coleção questões da nossa
época. v. 77)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
LIMA, P. A. Educação Inclusiva e igual-
A pesquisa mostrou que, conside- dade social. São Paulo; AVERCAMP,
rado como elemento básico na efetivi- 2002.
dade da inclusão, a formação do profes-
sor da escola especial e inclusiva. Inicial SANT’ANA, I. M. Educação inclusiva:
e continua necessita de aprofundamento concepções de professores e diretores.
em torno dos conteúdos teóricos e práti- Psicologia em Estudo, v. 10, n. 2, p. 227-
cos. 234, 2005.
Há ainda que se considerar de ex-
trema importância o papel de atuação da SCORTEGAGNA, P. A; OLIVEIRA, R. C.
família no processo educacional de uma S. A formação do professor da Educação
pessoa com necessidades especiais. A de Jovens e Adultos: um processo

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contínuo e reflexivo. Dialogia, São Paulo, TOLEDO, E. H. de; MARTINS, J. B. A
v. 7, n. 1, p. 77-84, 2008. atuação do professor diante do processo
de inclusão e as contribuições de
TARDIF, M. Saberes profissionais dos Vygotsky. IX Congresso Nacional de
professores e conhecimentos universitá- Educação. III Encontro Brasileiro de Psi-
rios. Rio de Janeiro: PUC, 1999 copedagogia. PUCPR. Out. 2009.

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