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Universidade de Brasília
Faculdade do Gama
Gestão Ambiental
Professor Fernando de Paiva Scardua

Cadeia Produtiva
Energia Eólica

Daniel Moreira Carreira – 15/0122438


Gabriella Karine de Sousa Neves – 15/0127405

Brasília, 11 de agosto de 2021


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3

2 CUSTO................................................................................................................. 7

3 CADEIA PRODUTIVA .......................................................................................... 8

4 CONSUMIDOR FINAL ....................................................................................... 15

5 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 15
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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas foi levantada uma preocupação com o meio ambiente e
com as futuras gerações. De que maneira o planeta iria aguentar a mesma exploração
e emissão de gás carbônico por mais 50 anos? Dentre as inúmeras áreas industriais
foi levantado a preocupação de estabelecer novas maneiras de produzir energia. A
matriz elétrica brasileira é exemplo de energias renováveis há muito tempo. De acordo
com a EPE, em 2019, a fonte hidráulica de energia representa 64,9% da matriz total
elétrica do Brasil, seja por grandes usinas ou pequenas centrais hidrelétricas, também
conhecidas como PCHs. No Brasil, a energia hidrelétrica é altamente usada e, de
certa forma, está saturada. Conseguimos observar isso mais facilmente com a ligação
das termelétricas para ajudar o abastecimento de energia durante o período da seca,
que prejudica bastante a produção das hidrelétricas.

Energias alternativas e limpas, estão cada vez mais entrando em cena para um
aumento considerável de energia eficiente, limpa e barata no mercado. Uma
alternativa que se mostrou extremamente eficaz é a energia eólica. O Brasil está hoje
em 7° lugar no Ranking Mundial de capacidade instalada de energia eólica. Em 2012,
éramos o 15° colocado (Dados internacionais - GWEC), e a evolução da capacidade
instalada no país, em MW, é de aumentar cada vez mais. O cenário atual do país
conta com a indústria de 19,1 GW de capacidade instalada, atualmente com 726
parques eólicos, 8.585 aerogeradores em operação em 12 estados diferentes, sendo
80% desses parques no Nordeste, por ser a região que contém os melhores ventos
do mundo para a produção da energia eólica. Essa quantidade de energia representa
até o momento cerca de 8,6% da matriz elétrica brasileira. A previsão é que o Brasil
terá mais de 30 GW de capacidade eólica instalada até 2024, sendo considerado um
mercado com muita potência de crescimento e investimento.
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Figura 1 – Visão genérica Energia Eólica

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ENERGIA EÓLICA

A energia eólica utiliza da força do vento para gerar energia, de maneira que,
para um parque eólico ser erguido, diversos fatores devem ser considerados, entre
eles, os mais importantes são: a força do vento e sua constância ao longo do ano.
Essas duas características essenciais da localização para um parque eólico
distinguem uma boa de uma má região para essa fonte de energia.

O Brasil possui um território bastante extenso, mas a região Nordeste se


destaca nessas necessidades tendo ventos fortes o ano todo, por isso recebe
aproximadamente 80% dos empreendimentos de energia eólica.

O funcionamento de uma usina eólica ou aerogerador pode ser bem


complexo, mas para fins didáticos, serão explicadas como funcionam, e não os
cálculos envolvidos.

A parte que chama mais atenção de um aerogerador são as pás,


desenvolvidas para otimizar a rotação e captar a quantidade de vento necessária para
gerar o máximo de energia. As pás podem atingir um comprimento de até 70 metros
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a depender do projeto e da quantidade de força que se deseja aproveitar. Elas que


serão as principais responsáveis por fazer o eixo girar e assim, gerar energia.

Figura 2 - Formato das pás

A rotação das pás não é em alta velocidade e nem deve ser por diversos motivos
mecânicos, mas para um gerador elétrico produzir energia, é necessária uma rotação
numa velocidade bem superior à das pás, por isso o eixo na velocidade das pás irá
passar por um multiplicador de rotação, um conjunto de engrenagens responsáveis
por aumentar a velocidade do eixo ao chegar no gerador. Ele se localiza logo atrás do
rotor e viabiliza a geração de energia. Essa energia irá ser transmitida por dentro da
torre através de cabos, em média tensão, para as subestações onde será convertida
a alta tensão e assim ser transmitida e imersa no SIN (Sistema Interligado Nacional).

Outro detalhe dos aerogeradores é a capacidade de rotação no próprio eixo


para ficar perpendicular ao vento recebido. Um sensor de velocidade e direção do
vento acoplado na parte de cima da torre envia um sinal para o sistema de guinada
onde irá rotacionar toda a parte superior para que fique de frente para o vento. Dessa
forma a turbina sempre estará alinhada com a direção do vento.
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Figura 3 - Visão interna dos componentes integrantes do aerogerador

A torre que sustenta a turbina geralmente é uma estrutura de aço, apesar de que
hoje já existem modelos feitos a partir do concreto. Essa torre é oca para a passagem
de cabos e de engenheiros e operadores caso precisem subir até o topo para
manutenção.

Essa torre fica fixada em uma base circular larga subterrânea de aço e concreto
para dar a sustentação necessária ao aerogerador.

Figura 4 - Montagem da fundação de aço para em sequência ser preenchida por concreto e assim ser enterrada.
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2 CUSTO

Como dito anteriormente, o aerogerador é um enorme projeto de engenharia e


seu custo pode ser bastante alto, diferentes partes deste aerogerador impactam no
custo total devido a diferentes demandas de sofisticação tecnológica.

O pacote de sustentação, que inclui a torre e a fundação, não exige uma


sofisticação tecnológica alta e por isso seu custo está entre 23% e 27% do custo de
todo o aerogerador.

O pacote aerodinâmico inclui as pás e o rotor e possuem uma necessidade


relativamente alta de tecnologia, mas por necessitarem de menos materiais para a
sua construção, tem a participação de 18% a 25% do custo total.

Por fim, com a maior parcela de custo, entre 45% e 65%, está o pacote de
conversão eletromecânica, que exige um alto nível de sofisticação tecnológica. Esse
pacote, quando bem desenvolvido, pode aumentar a eficiência da conversão de
energia, a capacidade de geração e ainda uma redução de peso e tamanho dos
equipamentos incluídos neste pacote.

Mas afinal, qual o custo da energia eólica?

De acordo com um estudo feito pela Câmara Comercial de Energia Elétrica


(CCEE), entre 2015 e 2019, concluiu-se que a Energia eólica é a mais barata entre as
novas fontes renováveis, entre elas, solar, PCHs e Biomassa.

Para esse estudo considerou os preços praticados nos leilões de contratação.


A faixa de preços da energia eólica ficou entre R$195/MWh e R$230,9/MWh. As
térmicas a biomassa tiveram o preço médio de R$253,5/MWh. As PCHs podem
apresentar preços reduzidos e disputar a 1ª posição junto da eólica mas por
consequência dos déficits hídricos em 2017, esse custo subiu para R$246/MWh. A
fonte de energia renovável mais cara segundo esse levantamento é a solar com um
custo de R$321/MWh.

Esse é mais um ponto que tem atraído investidores para essa fonte, uma boa
capacidade geradora a um custo inferior. Se torna mais atraente por não possuir esse
perigo apresentado pelas fontes hídricas, a falta de água. Nas regiões estudadas para
suportar um parque eólico, existem ventos fortes o tempo todo.
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3 CADEIA PRODUTIVA

A cadeia produtiva do setor eólico do país vem se desenvolvendo rapidamente,


devido a sua grande capacidade já instalada. Com mais de 19 GW em operação hoje,
o Brasil conta com uma cadeia bem estruturada, com investidores em parques e
fornecedores de produtos e serviços, sejam eles em equipamentos do topo da cadeia
até seus subcomponentes.

Figura 5 – Cadeia produtiva Investidores x Fornecedores

A segmentação da cadeia produtiva pode ser dividida da seguinte forma,


contando com a cadeia de bens e serviços, cadeia de serviços associados ao
desenvolvimento de projetos e a cadeia de serviços associados à construção e
Operação e Manutenção do parque, e dentro de cada segmento suas subatividades.

Figura 6 – Ordem da Cadeia Produtiva


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3.1 DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS

O desenvolvimento de projetos de parques eólicos pode ser dirigido inicialmente


pelos proprietários do parque, com sua equipe das empresas geradoras de energia,
ou pode ser acionada uma empresa especializada na prestação desse serviço.

Para o desenvolvimento do projeto é necessário algumas atividades e


subatividades, que são serviços essenciais para um bom funcionamento do parque.
A prospecção da área é um dos primeiros passos a ser dado, junto com o Estudo de
Viabilidade e em seguida o real Desenvolvimento do Projeto, e dentro dessas etapas,
conseguimos pontuar os trabalhos realizados dentro de cada uma.

As empresas Barlovento e Inova Energy se destacam no mercado, analisam a


viabilidade de cada projeto, seguem padrões internacionais de projetos, podem
realizar relatórios técnicos entre outras atividades que podemos observar a seguir.

Tabela 1 – Estudo de viabilidade

Figura 8 – Inova Energy


Figura 7 – Barlovento Recursos
Naturales
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3.2 MANUFATURA

Na etapa de manufatura, ocorre a montagem dos aerogeradores, ou seja, a


montagem do cubo do rotor e da nacele. As empresas que são responsáveis por
projetar e montar os aerogeradores são geralmente conhecidas como OEMs (original
equipment manufacturers), algumas delas têm o setor eólico como seu único negócio,
como a Wobben e a Vestas. A WEG é a empresa pioneira do Brasil no setor de
aerogeradores, e outras por serem grandes corporações multinacionais acabam
oferecendo mais serviços e produtos, como a Alstom, Siemens, GAMESA e GE.

Além dos aerogeradores, têm a fabricação das torres que podem ser de
materiais diferentes, a Engebasa por exemplo é uma fabricante originalmente nacional
de torres de aço, assim como a Torrebras, já a empresa Cassol é fabricante de torres
de concreto.

As pás são os componentes de maior custo do aerogerador e também de maior


impacto em seu desempenho, aqui no Brasil temos as empresas LM Wind Power e
AERIS como as que mais se destacam no mercado.

3.3 CONSTRUÇÃO E MONTAGEM

Como visto na figura 4, a fundação é construída com bases de aço e preenchida


por concreto para toda a sustentação necessária. Deve ser um processo muito bem
projetado, pois ela deverá conter as forças de peso estático de toda a estrutura e mais
a força cinética gerada pelo vento durante a fase de operação. Uma maneira de
agregar valor à cadeia produtiva da obra é fazer as fundações diretas sem o uso de
estacas, um novo conceito de engenharia de alta tecnologia. Em um único
aerogerador, pode ser usado mais de 40 toneladas de aço e mais de 400m³ de
concreto para uma base de 19 metros de diâmetro e 2,25m de altura.
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As partes da torre, as pás e todos os componentes da nacele são construídos


em ambiente de fábrica, podendo ser terceirizados ou não, e em seguida levados até
o parque eólico para a sua montagem.

O material de construção de torres pode ser de estruturas metálicas ou de


concreto, a depender do fabricante. Quando sua estrutura é de metal, geralmente aço,
ela é composta por diversos tubos para serem montados no local, ao passo que se for
de concreto, muitas empresas escolhem produzir em fábricas volantes próximos ao
local, facilitando o transporte até o parque. A altura de uma torre pode chegar a 130
metros.

Figura 9 – Montagem da torre

A construção das pás se dá com materiais como plástico, poliéster, resina epóxi
e fibra de vidro. Requer um alto nível de desenvolvimento e podem ser comparadas a
asas de aviões, além disso, são feitas como peças únicas, por isso seu transporte não
é tão simples, como pode ser visto na figura 10.

Cada pá é feita a partir de duas conchas e uma viga no meio. Ao passar por um
forno, toda a estrutura fica presa e se torna uma lâmina firme e resistente. Todas as
pás passam por uma revisão antes de saírem para seu destino.
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Figura 10 – Caminhão transporta pá de 83 metros para aerogerador

Por fim, a nacele, o coração do aerogerador, contém a caixa de engrenagens, o


gerador, a unidade de controle e o freio. Esse conjunto é onde se encontra o maior
peso do sistema, podendo chegar a até 72 toneladas, a depender do fabricante.

A caixa de engrenagens ou caixa multiplicadora ou gearbox tem a função de


transformar as baixas rotações recebidas do eixo das hélices em altas rotações para
o gerador, em torno de 1500 rpm. O gerador em sequência irá converter essa energia
mecânica em energia elétrica.

A nacele chega pronta ao parque eólico e é erguida por meio de guindastes até
o topo da torre para ser encaixada e fixada. Logo em seguida, é encaixado o rotor que
receberá todas as 3 pás do aerogerador.

3.4 OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

Muitas vezes as ações de operação e manutenção de um parque eólico são


terceirizadas, embora a operação seja simples, e só necessitar de uma atenção maior
quando a força dos ventos é muito alta e gere a necessidade de acionar os freios dos
aerogeradores, a parte de manutenção requer um pouco mais de cuidado. Em termos
genéricos a operação e manutenção de uma usina eólica se misturam.

Dentre as manutenções feitas, pode-se classificá-las em corretiva e preventiva.


A preventiva, como já sugere o nome, é uma manutenção feita antes de algo dar
problema, esta é feita com a ajuda de drones para supervisionar a área e chegar a
alturas demasiadas das torres com maior facilidade. Outro indicador é o som,
medições acústicas podem e devem ser feitas regularmente num parque eólico. Os
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aerogeradores emitem vibrações e por isso, se não forem feitas as manutenções


adequadas, o barulho pode atrapalhar regiões próximas ou causar poluição sonora.

A limpeza das máquinas é de alta importância também e deve ser levada em


consideração para uma vida útil maior de seus aerogeradores.

A manutenção corretiva geralmente é mais cara, apesar de em alguns casos,


não puder ser evitada com a preventiva, como acidentes envolvendo animais que
podem danificar as pás ou outro componente vital para o funcionamento adequado e
causar uma substituição necessária do mesmo.

A operação de um parque eólico fica em função de análises e desempenho,


observar se tudo está de acordo com o esperado e se não estiver, encontrar a causa
do problema.

As análises podem variar de produção de energia a curvas de potência


entregues.

Em geral todas essas ações são feitas por empresas terceirizadas.

Figura 11 – Esquemático de componentes do aerogerador


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3.5 DISTRIBUIÇÃO

Como etapa final da cadeia produtiva, considera-se o estágio da distribuição da


energia elétrica, essa distribuição é regulada por resoluções da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL), as quais são orientadas pelas diretrizes definidas pelas leis
aprovadas pelo Congresso Nacional. O setor privado é responsável hoje por mais de
70% da distribuição de energia pelo país. O Mercado brasileiro de energia elétrica foi
tornando-se mais independente, com o processo de geração, transmissão,
distribuição e comercialização depois das privatizações no setor. Com essa estrutura,
identificou a necessidade de criação de um órgão regulador a ANEEL, um operador
para um sistema elétrico nacional (Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS) e
de um ambiente direcionado para tratar das transações de compra e venda de energia
elétrica (Mercado Atacadista de Energia Elétrica- MAE).

Figura 12 – Quadro explicativo de órgãos reguladores


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4 CONSUMIDOR FINAL

Feita as transações de compra e venda, o uso final dessa energia fica com as
empresas privadas, empresas públicas municipais, estaduais e federais oferecendo o
serviço de energia elétrica nas residências, comércios e indústrias de pequeno porte
de acordo com a necessidade e cada região é atendida por uma empresa, com valores
correspondentes aos estipulados.

Em 2020 foram gerados 57 TWh de energia eólica, 10% de toda essa geração
foi injetada no Sistema Interligado Nacional (SIN). Toda essa geração significa mais
de 28,8 milhões de residências abastecidas por mês e com mais de 86,4 milhões de
habitantes beneficiados, que são os consumidores finais dessa cadeia produtiva.

Figura 3 – Consumidores finais (Empresas)

5 REFERÊNCIAS

EPE, Empresa de Pesquisa Energética. Matriz energética e elétrica. Disponível em:


https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica

Webmap interativo do sistema energético brasileiro. Fonte: EPE. Disponível em:


https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/webmap-epe

“Você sabe como funciona um aerogerador”. Fonte: NEOENERGIA. Disponível em:


https://www.neoenergia.com/pt-br/te-interessa/meio-ambiente/Paginas/como-
funciona-um-aerogerador.aspx

Figura 2 – Link disponível em: https://www.portal-energia.com/ge-fabrica-pas-


aerogeradores-offshore/

Figura 3 – Link disponível em:


https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/103837/000932428.pdf?sequence=1

“Atlas eólico, Tecnologias no Brasil e Bahia” Fonte: Atlas eólico da Bahia. Disponível
em: http://www2.secti.ba.gov.br/atlasWEB/tecnologia_p2.html
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Figura 4 – Link disponível em: https://construcaocivil.info/concretagem-de-base-para-


torre-de-aerogerador-no-parque-eolico-serra-das-vacas-paranatama-pernambuco-
brasil-texto-e-foto-enviados-por-emanuelcarvalho-base-concrete-pour-of-a-wind-t/

Redação. “Custo final da energia eólica é o mais baixo entre as fontes renováveis”.
Fonte: ENGiE. Disponível em: https://www.alemdaenergia.com.br/custo-final-da-
energia-eolica-e-o-mais-baixo-entre-as-fontes-renovaveis/

“Saiba como é construída a base do aerogerador”. Fonte: CGN. Disponível em:


http://atlanticenergias.com.br/saiba-como-e-construida-a-base-do-aerogerador/

Bekaert, Belgo. “Entenda como são construídas as torres de energia eólica”. Fonte:
Belgo Bekaert Arames. Disponível em: https://blog.belgobekaert.com.br/construcao-
civil/energia-eolica/

Figura 10 – Link disponível em: https://www.tecmundo.com.br/energia-eolica/53969-


lamina-de-turbina-eolica-de-83-metros-e-transportada-por-caminhoes.htm

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