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ODISSEIA

HOMERO

Edmar: "Ciclope, se a ti algum homem mortal


interpelar sobre o ultrajante cegamento do olho,
afirma que Odisseu te cegou,
o filho de Laerte, que tem sua casa em Ítaca". [...]

Anitta: Assim falei, e ele então ao senhor Poseidon rezou,


estendendo os braços ao páramo estrelado:

Edmar: "Ouve-me, Poseidon [...].


Se deveras sou teu, e meu pai proclamas ser,
dá-me que Odisseu à casa não volte,
o filho de Laerte, que tem sua casa em Ítaca.
Mas se é seu quinhão ver os seus e alcançar
a casa bem-construída e a sua terra pátria,
chegue tarde, mal, após perder todo companheiro,
e em nau alheia, e encontre desgraças em casa".

Anitta: Assim falou, rezando [...].


E ele, de novo, rocha muito maior tendo erguido,
girou-a e lançou, e aplicou força incomensurável.
E tombou atrás da nau [...],
por pouco, e falhou em atingir a ponta do leme.
E o mar agitou-se por causa da rocha que caiu.
ODISSEIA – CANTO XXI

Lucas: e, levando o arco pela casa, o porcariço


o pôs nas mãos do atilado Odisseu, parado ao lado.
E após chamá-la para si, disse à ama Euricleia:

Pedro: “Telêmaco te pede, bem-ajuizada Euricleia,


que cerres as portas do salão, compactas, justas;
se alguma criada, dentro, ouvir gemido ou ruído
de varões no nosso cercado, que pelas portas
não saia, mas fique lá mesmo atenta na lida”.

Lucas: Assim ele falou, e para ela o discurso foi plumado,


e trancou as portas do palácio bom para morar.
Em silêncio, da casa saltou Filoitio porta afora,
e trancou então as portas do pátio bem-murado.
Jazia, sob a colunata, um cabo de nau ambicurva,
de papiro, com o qual prendeu as portas e entrou.

Marjory: Então sentou-se na banqueta de onde se erguera,


olhando para Odisseu. Esse já brandia o arco,
virando-o para todo lado, testando aqui e ali
se vermes teriam comido os chifres, ausente o senhor.
E assim falavam, fitando quem estava ao lado:

Murillo: “Por certo era algum conhecedor de arcos;


talvez alhures ele tenha um assim em casa
ou intencione fazer um, do modo como, nas mãos,
aciona-o aqui e ali, vagabundo calejado em vilania”.

Marjory: Por sua vez, dizia outro dos jovens arrogantes:

Murillo: “Tomara um dia tope com o sucesso num grau


tal quanto for sua capacidade de armar o arco”.

Caio: Isso diziam os pretendentes; e Odisseu muita-astúcia,


logo após manusear o grande arco e olhá-lo inteiro,
como quando um varão, hábil na lira e no canto,
fácil retesa em torno do novo pino a corda,
e prende nos dois lados a bem-trançada tripa de ovelha –
assim, sem esforço, ao grande arco vergou Odisseu.

Marcela: Tendo-a pegado com a mão direita, testou a corda;


em sua mão, cantou belamente, igual a andorinha no canto.
Grande angústia se apossou dos pretendentes, e sua cor
mudou. E Zeus ribombou forte, revelando sinais.
Então alegrou-se o muita-tenência, divino Odisseu,
pois prodígio enviou-lhe o filho de Crono curva-astúcia.
Caio: Pegou uma flecha rápida, que ao seu lado estava na mesa,
nua; no interior da cava aljava estavam as outras,
das quais logo iriam os aqueus experimentar.
Pondo-a contra o braço do arco, puxou corda e fendas
de lá mesmo, da banqueta, sentado, e lançou a flecha,
mirando em frente, e acertou o topo do cabo
de todos os machados: cruzou toda a extensão porta afora
a flecha pesada de bronze. E a Telêmaco disse:

Pedro: “Telêmaco, esse hóspede sentado em teu palácio


não te denigre, e não errei o alvo nem me cansei
vergando o arco; meu ímpeto ainda é firme,
não aquele que, com desonra, depreciaram os pretendentes.
Chegou a hora de também preparar o jantar dos aqueus,
à luz do dia, e depois, além disso, divertir-se
com música e lira, essas, o suplemento do banquete”.

Marcela: Falou e com as celhas sinalizou; e embainhou aguda espada


Telêmaco, o caro filho do divino Odisseu,
em torno da lança pôs a cara mão e, perto do outro,
junto à poltrona, se pôs, armado com bronze fulgente.

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