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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS


CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇU
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ESTUDO DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA EM SISTEMAS


ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

GUILHERME AUGUSTO MORELLO CAGNINI

FOZ DO IGUAÇU - PR
2018
GUILHERME AUGUSTO MORELLO CAGNINI

ESTUDO DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA EM SISTEMAS


ELÉTRICOS DE POTÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Elétrica da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
como parte dos requisitos para a obtenção do
título de Engenheiro Eletricista.

Orientador: Prof. M. Sc. Robson Almir de


Oliveira

FOZ DO IGUAÇU - PR
2018
RESUMO
CAGNINI, G. A. M. (2018). ESTUDO DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA EM
SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTÊNCIA. Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação) – Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual do Oeste do Paraná –
UNIOESTE, Foz do Iguaçu, 2018.

Neste trabalho serão discutidos inicialmente, o problema de estabilidade e suas classificações.


Como o tema é amplo e complexo, o problema será limitado ao estudo de estabilidade
transitória. Desta forma serão apresentados os modelos e métodos matemáticos para análise de
estabilidade transitória em sistemas elétricos de potência. Uma breve comparação entre esses
métodos será realizada a fim de determinar qual o método mais adequado na resolução do
problema de estabilidade.
Com a consolidação do conhecimento do problema, dos modelos e dos métodos numéricos será
formulado um fluxograma expondo o funcionamento do algoritmo a ser implementado. Este
algoritmo será desenvolvido a partir da plataforma MATLAB e tem por objetivo determinar a
estabilidade transitória em sistemas elétricos de potência (SEP).
A partir do programa elaborado, será estudada a estabilidade transitória com base em
simulações de eventos para diferentes sistemas e cenários. Essas análises permitirão determinar
se o sistema é estável ou instável e também determinar o tempo crítico de abertura, caso exista.

Palavras-chave: Estabilidade transitória; Métodos numéricos; Tempo crítico de abertura.


ABSTRACT
CAGNINI, G. A. M. (2018). STUDY OF TRANSIT STABILITY IN ELECTRICAL
POWER SYSTEMS. End of Course Paper (Graduation) – Course of Electrical Engineering,
State University of Western Parana – UNIOESTE, Foz do Iguaçu, 2018.

In this work the stability problem and its classifications will be discussed initially. As the theme
is broad and complex, the problem will be limited to the study of transient stability. In this way
will be presented the mathematical models and methods for analysis of transient stability in
electrical power systems. A brief comparison between these methods will be performed to
determine the most appropriate method for solving the stability problem.
With the consolidation of the knowledge of the problem, the models and the numerical methods
will be formulated a flow chart exposing the operation of the algorithm to be implemented. This
algorithm will be developed from the MATLAB platform and aims to determine the transient
stability in electrical power systems (EPS).
From the developed program, the transient stability will be studied based on event simulations
for different systems and scenarios. These analyzes will determine whether the system is stable
or unstable and also determine the critical opening time, if any.

Keywords: Transient stability; Numerical methods; Critical opening time.


Lista de Abreviaturas e Siglas

CAI Critério das Áreas Iguais

E’ Força eletromotriz da máquina

EDO Equação diferencial ordinária

ESP Electrical Power System

H Relação entre a energia cinética armazenada em megajoule na velocidade


síncrona pela potência nominal da máquina em MVA
I Corrente elétrica fornecida pela máquina

J Momento de inércia total das massas do rotor, em kg.m2

M Constante de inércia

p. u Por unidade

Pa Potência de aceleração

Pe Potência elétrica no entreferro

Pm Potência de entrada do eixo da máquina menos perdas rotacionais

SEP Sistema elétrico de potência

T Tempo em segundos

Ta Torque de aceleração resultante, em N.m

TCA Tempo crítico de abertura

Te Torque elétrico ou eletromagnético, em N.m

Tm Torque do eixo ou torque mecânico, em N.m

𝑉𝑡
Tensão nos terminais da máquina

𝑋𝑑′ Reatância transitória de eixo direto

Z Impedância característica da linha

γ Constante de propagação

δm Deslocamento angular do rotor, em radianos mecânicos.


θm Medida absoluta do ângulo do rotor que cresce com o tempo, em radianos
mecânicos
ωsm Velocidade síncrona da máquina
Lista de Figuras

Figura 2.1 – Classificação do problema de estabilidade. ................................................ 17


Figura 2.2 – Sistema máquina-barra infinita. .................................................................. 22
Figura 2.3 – Características da curva ângulo-potência ................................................... 23
Figura 2.4 – Representação do modelo clássico do gerador síncrono ............................ 24
Figura 2.5 – Modelo da carga para o fluxo de potência. ................................................. 26
Figura 2.6 – Modelo da carga de impedância constante. ................................................ 26
Figura 2.7 – Modelo de linha curta. ................................................................................ 27
Figura 2.8 – Modelo de linha média. .............................................................................. 28
Figura 2.9 – Modelo de linha longa. ............................................................................... 28
Figura 2.10 – Solução do sistema particionada. .............................................................. 30
Figura 2.11 – Representação gráfica do método de Euler .............................................. 33
Figura 2.12 – Curva das equações preditora e corretora ................................................. 35
Figura 2.13 - Inclinações usadas pelo método de Runge-Kutta de quarta ordem ........... 38
Figura 2.14 – Exemplo de matriz jacobiana.................................................................... 41
Figura 3.1 – Representação do SEP para análise de estabilidade transitória. ................. 43
Figura 3.2 – Sistema em condições normais de operação ............................................... 45
Figura 3.3 – Sistema de potência com falta no meio da linha......................................... 45
Figura 3.4 – Abertura dos disjuntores e remoção da linha .............................................. 46
Figura 3.5 – Fluxograma do algoritmo de estabilidade transitória. ................................ 49
Figura 4.1 – Sistema teste seis barras, duas máquinas e barra infinita ........................... 51
Figura 4.2 – Ângulos dos rotores em valores absolutos para falta na barra 1 sem o
desligamento de linha. .............................................................................................................. 53
Figura 4.3 – Ângulos dos rotores em valores absolutos para falta na barra 2 com o
desligamento da linha 2 – 4. ..................................................................................................... 54
Figura 4.4 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta no meio da linha 1 – 6 com o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1.1s....... 55
Figura 4.5 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta no meio da linha 1 – 6 com o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1.2s....... 56
Figura 4.6 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta no meio da linha 1 – 6 sem o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1.1s. ...... 57
Figura 4.7 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta no meio da linha 1 – 6 sem o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1.2s. ...... 57
Figura 4.8 – Sistema teste sete barras, três máquinas e barra infinita ............................. 59
Lista de Tabelas

Tabela 4.1 – Dados de carga ........................................................................................... 51


Tabela 4.2 – Dados de linha incluindo os transformadores ............................................ 51
Tabela 4.3 – Dados de gerador ........................................................................................ 52
Tabela 4.4 – Resultados do fluxo de carga ..................................................................... 52
Tabela 4.5 – Tempos de abertura para diferentes cenários ............................................. 58
Tabela 4.6 – Dados de carga ........................................................................................... 60
Tabela 4.7 – Dados de linha incluindo os transformadores ............................................ 60
Tabela 4.8 – Dados de gerador ........................................................................................ 60
Tabela 4.9 – Resultados do fluxo de carga ..................................................................... 61
Tabela 4.10 – Tempos de abertura para diferentes cenários ........................................... 61
SUMÁRIO
Capitulo 1 – Introdução ............................................................................................................ 12

1.1 Objetivos ............................................................................................................... 13


1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................. 13
1.1.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 13
1.2 Justificativa da necessidade de estudos de estabilidade transitória ....................... 14
1.3 Estrutura do trabalho ............................................................................................. 15

Capítulo 2 – Fundamentação Teórica ....................................................................................... 16

2.1 Introdução ............................................................................................................. 16


2.2 O problema de estabilidade em sistemas elétricos de potência............................. 16
2.2.1 Classificação da Estabilidade ......................................................................... 17
2.2.2 Estabilidade Angular ...................................................................................... 19
2.3 Modelagem matemática dos componentes necessários ao estudo de estabilidade
transitória e fluxo de carga ................................................................................................... 24
2.3.1 Máquina síncrona ........................................................................................... 24
2.3.2 Carga .............................................................................................................. 25
2.3.3 Linhas de Transmissão ................................................................................... 27
2.3.4 Transformadores ............................................................................................ 29
2.4 Modelagem da rede reduzida ................................................................................ 29
2.5 Métodos numéricos de soluções de equações diferenciais ................................... 31
2.5.1 Método de Euler ............................................................................................. 32
2.5.2 Método de Heun ............................................................................................. 33
2.5.3 Método de Runge-Kutta de quarta ordem ...................................................... 35
2.5.4 Comparação dos métodos .............................................................................. 39
2.6 Fluxo de Potência .................................................................................................. 39

Capítulo 3 – Estruturação do problema e sistemática do algoritmo ......................................... 42

3.1 Resolução do Fluxo de potência ........................................................................... 42


3.2 Determinação da Estabilidade do SEP .................................................................. 46

Capítulo 4 – Estudo de caso ..................................................................................................... 50

4.1 Introdução ............................................................................................................. 50


4.2 Configuração do sistema teste ............................................................................... 50
4.3 – Eventos simulados .............................................................................................. 52
4.3.1 Curto-circuito na barra 1 sem abertura de linha ................................................. 53
4.3.2 Curto-circuito na barra 2 com o desligamento da linha 2 – 4 ............................ 54
4.3.3 Curto-circuito no meio da linha 1 – 6 com desligamento da linha 1 – 6 ........... 55
4.3.4 Curto-circuito no meio da linha 1 – 6 sem o desligamento da linha 1 – 6 ......... 56
4.3.5 Resumo das simulações realizadas..................................................................... 58
4.4 Consequências da adição de um gerador ao sistema ........................................... 59

Capítulo 5 – Conclusões ........................................................................................................... 63

5.1 Trabalhos futuros .................................................................................................. 64

Referências ............................................................................................................................... 65

Anexos ...................................................................................................................................... 69
Capitulo 1 – Introdução

Em Sistemas Elétricos de Potência (SEP) de grande porte, como o sistema elétrico


brasileiro, a operação é efetuada para que o atendimento às cargas ocorra de forma econômica
e segura, respeitando as diversas restrições elétricas que possam existir. As restrições referem-
se a limites físicos em equipamentos e limites de segurança dinâmicos para intercâmbio entre
regiões (SILVA, 2009).

Para o atendimento a essas restrições, é necessário que o sistema elétrico seja


constantemente avaliado por meio de resultados de simulações, uma vez que está
constantemente sujeito às ocorrências que causam perturbações no seu estado normal. Estas
perturbações alteram as grandezas elétricas (corrente, tensão e frequência), provocando
violações nas restrições operativas. As perturbações mais comuns e também as mais severas
são os curtos-circuitos (geralmente chamados de defeitos ou faltas), que ocorrem em
decorrência da ruptura da isolação entre as fases ou entre a fase e terra (FREITAS, DIAS, et
al., 2012).

A propriedade do sistema que permite as máquinas síncronas do sistema responder a um


distúrbio (falta), a partir de uma condição normal de operação, de tal maneira a retomarem uma
condição de operação novamente normal é caracterizada como estabilidade de sistema de
potência. Estudos de estabilidade são usualmente classificados em três tipos, dependendo da
natureza e ordem de grandeza do distúrbio. Estes estudos são chamados estudo de estabilidade
transitória, dinâmica e em regime permanente (COSTA, 2010).

Conforme será abordado no capítulo 2, a análise de estabilidade do sistema elétrico de


potência constitui-se de um estudo muito amplo e complexo, portanto este trabalho procurou se
limitar ao estudo da estabilidade do sistema elétrico em relação à variação do ângulo do rotor
dos geradores síncronos a grandes perturbações, também denominada análise de estabilidade
transitória.

O estudo de estabilidade transitória consiste nos casos envolvendo variações grandes e


bruscas (impactos) de gerações e/ou cargas, as quais podem provocar perdas de sincronismo
entre as máquinas síncronas ligadas no sistema (LOPES e SILVA, 2012).

12
13

1.1 Objetivos

Dentro do contexto apresentado na subseção anterior, são apresentados nesta subseção,


os objetivos gerais e específicos deste trabalho.

1.1.1 Objetivo geral

Este trabalho tem por objetivo verificar o comportamento do ângulo do rotor da máquina
síncrona, de maneira que após uma contingência do sistema de potência possa se determinar a
estabilidade ou instabilidade dele. Para isso, será estudado o problema de estabilidade
transitória de ângulo do rotor e desenvolvido um algoritmo na plataforma MATLAB apto a
realizar esta análise. Através dos resultados será determinado o tempo crítico de abertura, tempo
máximo para que a proteção (disjuntores das linhas) atue sem levar as máquinas conectadas ao
SEP a instabilidade.

1.1.2 Objetivos específicos

Para a análise de estabilidade de ângulo do rotor será necessária a resolução da equação


swing das máquinas síncronas, a qual define o comportamento do ângulo do rotor (SILVA,
2009). Para tal, apresenta-se neste trabalho três métodos numéricos. Baseando-se na literatura
será efetuada uma breve comparação entre esses métodos e determinado qual o método mais
adequado. Sendo os métodos estudados: Euler, Heun e Runge-Kutta de quarta ordem.

Além disso, independentemente do método adotado para a resolução da equação da barra


swing, algumas informações para seu desenvolvimento serão necessárias, como por exemplo,
o conhecimento da força eletromotriz (f.e.m) do gerador e a potência ativa fornecida por ele.
Para determinar estes parâmetros, a partir da plataforma MATLAB será desenvolvido um
algoritmo para a obtenção dos dados de fluxo de carga. Sendo que o objetivo do fluxo de
potência é encontrar as magnitudes e fases das tensões de cada barra em um sistema a partir dos
dados de cargas ativas e reativas, da tensão dos geradores e das potências ativas dos geradores
(MATOS, 2012), através de equacionamentos matemáticos, como será demonstrado no capítulo
14

3, se torna possível determinar as f.e.ms dos geradores. Já a potência mecânica é diretamente


determinada pelo fluxo de carga, pois é igual a potência ativa fornecida pelos geradores.

Por fim, será escolhido um sistema no qual serão realizadas simulações e análises para
validar o método designado para a solução da equação da barra swing e do algoritmo de fluxo
de carga, assim como, proposta uma solução para o problema.

1.2 Justificativa da necessidade de estudos de estabilidade


transitória

Conforme DIAS E PILONO (2010), segundo BRETAS e ALBERTO (2000), um sistema


elétrico de potência é formado basicamente por geradores síncronos e cargas interligados por
linhas de transmissão. O fluxo de potência ativa nas linhas está relacionado às diferenças entre
os ângulos de fase dos geradores. Em condições normais de operação os alternadores estão na
velocidade síncrona e existe um balanceamento entre a potência elétrica e a potência mecânica
proveniente das fontes primárias. Ou seja, o sistema opera em regime permanente, mantendo
assim as diferenças entre os ângulos de fases constantes para que o fluxo de potência também
seja constante.

Entretanto, ainda conforme DIAS E PILONO (2010), em situações decorrentes de uma


grande perturbação, como: curto-circuito, abertura de uma linha de transmissão, perda de
geração, ou uma combinação desses eventos, o equilíbrio entre a potência elétrica gerada e a
potência mecânica de entrada é drasticamente rompido, principalmente nos geradores mais
próximos ao defeito. Em consequência os rotores das máquinas sofrem diferentes acelerações,
levando eventualmente algumas delas a perda do sincronismo com o resto do sistema.

De acordo com PINHEIRO, SILVA, et al (2017), durante uma condição de perda de


sincronismo há uma grande variação na corrente e na tensão com relação à frequência da
máquina afetada. A amplitude de corrente e a frequência de operação acima do valor nominal
podem resultar em stress dos enrolamentos e torques pulsantes, consequentemente provocando
vibrações mecânicas que podem ser prejudiciais ao gerador.

Já as consequências ao SEP, segundo PINHEIRO, SILVA, et al (2017), estão ligadas com


a sua perda de estabilidade pela perda de sincronismo do gerador com o sistema. Quando o SEP
15

não volta ao seu ponto de equilíbrio é dito que ele está instável e esse estado do sistema precisa
ser mitigado rapidamente para evitar possíveis faltas de energia e danos aos seus equipamentos.

Logo, o estudo de estabilidade transitória é de grande importância prática, pois aborda


fenômenos de grande impacto para o sistema elétrico. Possibilitando a previsão do seu
comportamento, após a condição atípica ao qual ele foi submetido. Podendo dessa forma,
antecipar as devidas mudanças que devem ser efetuadas na rede para que ocorrida uma falta o
sistema seja capaz de se recuperar e alcançar uma condição estável de equilíbrio (SILVA,
2017).

1.3 Estrutura do trabalho

No capítulo 2 é apresentada a classificação do problema de estabilidade, a modelagem


matemática dos componentes do sistema elétrico de potência, o cálculo do fluxo de carga, teoria
fundamental para as condições iniciais do SEP e o comportamento dinâmico da máquina
síncrona e sua representação nos estudos de estabilidade transitória, com atenção para o ângulo
do rotor. Por fim, os métodos numéricos para a resolução das equações diferenciais no domínio
do tempo provenientes do problema de estabilidade transitória.

No capítulo 3 são expostas a sistemática e modelagem envolvidas no desenvolvimento


do algoritmo de análise de estabilidade transitória.

No capítulo 4 são apresentados os resultados e simulações utilizando os modelos e


metodologias apresentados nos capítulos 2 e 3.

Por último, no capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas ao longo deste trabalho,
assim como sugestões para trabalhos futuros.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica

2.1 Introdução

De acordo com STOTT (1979), a análise de estabilidade é uma das três mais comuns
efetuadas em sistemas elétricos de potência (SEP), sendo as outras duas, a do fluxo de potência
e de curto-circuito. Todavia, a análise de estabilidade, em termos de modelagem e de processo
de solução, é a mais complexa. Por conseguinte, neste capítulo, foram estudados os tipos de
estabilidade existentes nos SEPs, dando destaque à estabilidade transitória.

Para a obtenção de variáveis de interesse na solução do problema de estabilidade, como


o módulo e ângulo da força eletromotriz dos geradores, assim como a potência mecânica
fornecida por eles, também é realizada uma breve revisão sobre o fluxo de potência e o método
para resolve-lo.

Além disso, devido à grande variedade de elementos existentes nos sistemas elétricos de
potência, também foi realizado um estudo mais detalhado nas formas de modelagem e
princípios de funcionamento dos principais elementos constituintes do sistema, dados por:
geradores, transformadores de potência, linhas de transmissão e cargas (LUZ, 2015).

2.2 O problema de estabilidade em sistemas elétricos de potência

Estabilidade de um sistema elétrico de potência pode ser definida como uma propriedade
que o mesmo apresenta em se manter operacionalmente em equilíbrio sob condições normais e
após perturbações. A estabilidade depende das condições iniciais do sistema e da severidade da
perturbação. De acordo com IEEE/CIGRE (2004): a estabilidade de um sistema elétrico de
potência é a habilidade do sistema, para uma determinada condição de operação, de atingir um
estado de equilíbrio após estar sujeito a alguma perturbação física com a maioria de suas
variáveis limitadas, isto é, dentro de limites operacionais, de tal forma que praticamente todo o
sistema permaneça intacto (SOHN, 2014).

Quando o sistema não retorna ao seu ponto de equilíbrio na ocorrência de um distúrbio,


ele é dito instável. Instabilidades devem ser mitigadas durante a operação, evitando, assim,
períodos de falta de energia e, também, danos aos equipamentos do Sistema Elétrico

16
17

(BORDEIRA, 2011). Exemplos críticos de falta de energia ocasionados por problemas de


instabilidade são os blecautes dos EUA e Europa (Inglaterra, Países Nórdicos e Itália) em 2003,
citados em (BARBOSA, 2013).

2.2.1 Classificação da Estabilidade

O estudo de estabilidade de um SEP se divide em três classes: Estabilidade de ângulo de


rotor, Estabilidade de frequência e Estabilidade de tensão. Segundo BARBOSA (2013), esta
classificação tem por base os seguintes fatores: o fenômeno que caracteriza o tipo de
instabilidade e as causas físicas que conduzem à sua ocorrência.

A Figura 2.1 indica que além dessas três classes o problema de estabilidade de sistemas
elétricos de potência pode ser dividido em diferentes subproblemas.

Fonte: (SOHN, 2014).


Figura 2.1 – Classificação do problema de estabilidade.

As diferentes divisões de estabilidade mostradas na Figura 2.1, são classificadas segundo


três vertentes:
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Curto prazo
1 – Tempo {Médio prazo
Longo prazo

Ângulo
2 – Variáveis de interesse { Tensão
Frequência

Grandes Perturbações
3 – Tipos de perturbação { Pequenas Perturbações
Variações lentas e previsíveis de carga

A estabilidade de frequência refere-se à capacidade de um SEP manter a frequência após


a ocorrência de um incidente severo, resultando no desequilíbrio entre a produção e a carga e
dependerá da capacidade do sistema para manter/restaurar o equilíbrio entre a produção e a
carga, com o mínimo de desligamento de cargas (BARBOSA, 2013).

Já a estabilidade de tensão consiste da capacidade do SEP de manter as tensões nas barras


em torno de seus valores nominais durante operação em regime permanente e também durante
ocorrência de distúrbios. Para a caracterização de uma condição de instabilidade de tensão, o
distúrbio deve ser capaz de reduzir progressivamente a magnitude da tensão em pelo menos
uma das barras do sistema, de forma que não seja possível controlar esse parâmetro
(BORDEIRA, 2011).

Enfim, a estabilidade angular, também conhecida como estabilidade rotórica, é a


capacidade da máquina síncrona de um SEP interligado se manter em sincronismo após a
ocorrência de uma perturbação. Conforme BORDEIRA (2011), para a caracterização de uma
condição de instabilidade angular, o ângulo do rotor de pelo menos uma das máquinas do
sistema aumenta indefinidamente em relação aos demais sem que seja possível controlá-lo.

Como exposto, o problema de análise de estabilidade de um SEP é bem abrangente, pois


engloba a análise de características distintas em diferentes amplitudes e tempos.

Por conseguinte, como o objetivo deste trabalho consiste em verificar o comportamento


do ângulo do rotor da máquina síncrona, esta monografia se limita a análise de estabilidade
transitória referente a grandes perturbações.
19

2.2.2 Estabilidade Angular

Há dois tipos de estabilidade angular, sendo eles: “Estabilidade angular para Pequenas
perturbações” e “Estabilidade angular para Grandes perturbações”, ou “Transitória”.

O primeiro, de acordo com BORDEIRA (2011), se refere ao estudo de pequenas


alterações (como a entrada de uma pequena carga) nos parâmetros do sistema durante a
operação em regime permanente. Para ser enquadrada nesse conceito, a análise pode ser feita
através da linearização das equações.

O segundo tipo, ainda conforme BORDEIRA (2011), refere-se à capacidade dos


geradores síncronos de permanecerem em sincronismo, após a ocorrência de grandes
perturbações. Ao analisar a estabilidade a grandes perturbações deseja-se investigar a
capacidade do sistema elétrico em absorver grandes impactos causados por modificações
estruturais sensíveis, como a ocorrência de curto-circuito, chaveamento de linhas ou entrada de
um grande bloco de carga (WALANTUS, 2014). Nesses casos, no entanto, a linearização das
equações não permite realizar a análise da operação, já que, as não-linearidades inerentes ao
SEP não podem ser desprezadas. A resposta resultante do sistema envolve grandes excursões
dos ângulos dos geradores e é influenciada pela relação não linear entre potência e ângulo
(KUNDUR, 1994).

Para determinar se um sistema é estável transitoriamente, é necessário que este esteja


convenientemente descrito através de equações matemáticas. As equações diferenciais que
descrevem o comportamento dinâmico do sistema podem ser obtidas através de um balanço de
potência em cada máquina do sistema. A máquina é movimentada por um elemento primário
que lhe fornece potência mecânica. Parte dessa energia mecânica é convertida em energia
elétrica, que por sua vez é entregue a rede. A parte que não é convertida em potência elétrica
transforma-se em potência de aceleração do rotor da máquina (WALANTUS, 2014).

A equação que descreve o movimento do rotor de uma máquina síncrona está baseada
no princípio elementar da dinâmica que diz ser o torque da aceleração igual ao produto do
momento de inércia do rotor pela sua aceleração angular (STEVENSON, 1982), ou seja:

𝑑2 𝜃𝑚 Eq.(2.1)
𝐽 = 𝑇𝑎 = 𝑇𝑚 − 𝑇𝑒 𝑁. 𝑚
𝑑𝑡 2

O torque mecânico tem origem no agente motor (água em hidrelétricas, vapor em


termelétricas, por exemplo), e a potência elétrica exigida pelas cargas gera torques elétricos
20

através dos campos magnéticos (BRETAS e ALBERTO, 2000). O torque mecânico Tm é


considerado positivo para o gerador síncrono, ou seja, atua no sentido de acelerar o rotor do
gerador. Já o torque elétrico Te atua no sentido contrário. Isto signigica que Ta é o torque
resultante do eixo do gerador, que tende a acelerar o rotor no sentido positivo da rotação de θm,
quando o torque mecânico for maior que o elétrico e tende a desacelerar o rotor quando o torque
mecânico for menor que o elétrico.

Como θm é medido com respeito a um eixo de referência estacionária sobre o rotor,


constitui-se em uma medida absoluta do ângulo do rotor. Consequentemente, cresce
continuamente com o tempo, embora ainda em velocidade síncrona constante. Simplificando,
o ângulo 𝜃𝑚 é variável no tempo e representa desvios do deslocamento angular do rotor em
relação a posição angular síncrona. Como a velocidade do rotor relativa à síncrona é de
interesse, é mais conveniente medir a posição angular do rotor com respeito a um eixo de
referência que gira em velocidade síncrona (STEVENSON, 1982). Portanto, definimos a
posição angular do rotor pela seguinte equação:

𝜃𝑚 = 𝜔𝑠𝑚 + 𝛿𝑚 Eq.(2.2)

Na qual ωsm é velocidade síncrona da máquina e δm é o deslocamento angular do rotor,


em radianos mecânicos, a partir do eixo de referência da rotação síncrona. As derivadas da
Equação (2.2) com respeito ao tempo são:

𝑑𝜃𝑚 𝑑𝛿𝑚 Eq.(2.3)


= 𝜔𝑠𝑚 +
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑 2 𝜃𝑚 𝑑2 𝛿𝑚 Eq.(2.4)
=
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 2

Realizando uma substituição de equações e lembrando da dinâmica elementar que


potência é igual ao torque vezes a velocidade angular, temos:

𝑑 2 𝛿𝑚 Eq.(2.5)
𝐽𝜔𝑠𝑚 = 𝑃𝑎 = 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒
𝑑𝑡 2

Em que, Pm é a potência de entrada do eixo da máquina menos perdas rotacionais, Pe é a


potência elétrica no entreferro e Pa é a potência de aceleração que leva em conta qualquer
desequilibrio entre essas duas quantidades.

Sabendo que 𝐽𝜔𝑠𝑚 é o momento angular do rotor e que na velocidade síncrona é


representado por M, chamado de constante de inércia, sendo M:
21

2𝐻 Eq.(2.6)
𝑀= 𝑆
𝜔𝑠𝑚 𝑚𝑎𝑞

Em que: Smaq é a potência mecânica nominal da máquina em MVA e H é a relação entre


a energia cinética armazenada em megajoule na velocidade síncrona pela potência nominal da
máquina em MVA. Logo temos:

2H d2 δm Eq.(2.7)
= Pa = Pm − Pe
ωsm dt 2

Para um sistema com uma frequência elétrica de f Hz, sendo ωsm = 2𝜋𝑓 , a equação
anterior torna-se:

𝐻 𝑑 2 𝛿𝑚 Eq.(2.8)
= 𝑃𝑎 = 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒
𝜋𝑓 𝑑𝑡 2

Conforme STEVENSON (1982), a Equação (2.8), chamada de equação de oscilação da


máquina, é a equação fundamental que governa as dinâmicas rotacionais das máquinas
síncronas em estudos de estabilidade. Notamos que esta equação é diferencial de segunda ordem
e que pode ser escrita como duas equações diferenciais de primeira ordem:

2𝐻 𝑑𝜔 Eq.(2.9)
= 𝑃𝑚 − 𝑃𝑒
𝜔𝑠𝑚 𝑑𝑡

𝑑𝛿 Eq.(2.10)
= 𝜔 − 𝜔𝑠𝑚
𝑑𝑡

Segundo MASIERO, GURSKI e CASTRO (2016), as Equações (2.9) e (2.10) são


utilizadas para descrever o comportamento dinâmico do sistema em estudo e, por apresentarem
a equação de oscilação através de duas equações de primeira ordem, trazem maior facilidade
quanto à implementação de métodos numéricos de solução. Observa-se que a primeira equação
do sistema, Eq. (2.9), apresenta a primeira derivada do termo ω, ou a primeira derivada do
desvio de velocidade do rotor, que representa a aceleração angular do rotor. Esse
equacionamento então possibilita uma avaliação rápida do comportamento da máquina em
decorrência das potências elétrica e mecânica, da seguinte forma:

i) Para 𝑃𝑚 > 𝑃𝑒 , o gerador acelera;


ii) Para 𝑃𝑚 < 𝑃𝑒 , o gerador desacelera.
22

2.1.2.1 Critério das Áreas Iguais

De acordo com FANG e JI-LAI (2009), o critério das áreas iguais (CAI) pode ser usado
para classificar rapidamente a estabilidade transitória, calcular rapidamente o tempo crítico de
eliminação de falhas e o grau de estabilidade. A vantagem deste método é que ele evita a divisão
de grupos de máquinas, a equivalência e a redução de rede, e precisa de menos informações,
menos tempo de computação e tem a mesma precisão que a simulação no domínio do tempo na
avaliação da estabilidade transitória.

Combinando a curva característica do ângulo de potência relativo do par de geradores, o


CAI é aplicado diretamente ao par de geradores para avaliar a estabilidade rapidamente.

O sistema máquina-barra infinita e suas características de ângulo de potência são


mostrados nas Figuras (2.2) e (2.3). Nele, 𝛿0 é o ângulo de equilíbrio inicial do rotor, 𝛿1 é o
ângulo de equilíbrio do rotor após a falta, 𝛿𝑚á𝑥 é o ângulo do rotor pós-falta no ponto de
equilíbrio instável e 𝛿𝑐𝑟𝑖𝑡 é o ângulo máximo para se liberar a falta sem que haja a perda de
sincronismo. As curvas de potência elétrica durante os períodos pré-falta, pós-falta e durante a
falta são representadas de acordo com a legenda multicor na Figura 2.3.

Fonte: (FANG e JI-LAI, 2009).


Figura 2.2 – Sistema máquina-barra infinita.
23

Fonte: Adaptado de (LOTERO, 2012).


Figura 2.3 – Características da curva ângulo-potência

As áreas A e B mostradas na Figura 2.3 são computadas da seguinte forma:

𝛿𝑐𝑟𝑖𝑡 Eq.(2.11)
𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
𝐴=∫ (𝑃𝑚 − 𝑃𝑒 )𝑑𝛿
𝛿0

𝛿𝑚á𝑥 Eq.(2.12)
𝑝ó𝑠−𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
𝐵=∫ (𝑃𝑒 − 𝑃𝑚 )𝑑𝛿
𝛿𝑐𝑟𝑖𝑡

O CAI expressa que: se 𝐴 < 𝐵, o sistema máquina barra infinita é estável, se 𝐴 > 𝐵 o
sistema é instável e se 𝐴 = 𝐵 o sistema é criticamente estável.

As áreas A e B também podem ser caracterizadas por áreas de aceleração e frenagem,


respectivamente. No momento em que a potência mecânica é maior que a potência elétrica a
máquina está acelerando e quando é menor a máquina está desacelerando.
24

2.3 Modelagem matemática dos componentes necessários ao


estudo de estabilidade transitória e fluxo de carga

Neste item se abordará como os elementos da rede de um SEP são descritos


matematicamente para a solução do problema de estabilidade.

2.3.1 Máquina síncrona

Para a representação da máquina síncrona no estudo de estabilidade transitória será


adotado, neste trabalho, o denominado “modelo clássico”, no qual a máquina é modelada
através de uma fonte de tensão atrás da reatância transitória. Essa tensão é constante em módulo,
porém varia sua posição angular (SILVA, 2009). O modelo de gerador pode ser simplificado
através da representação deste por uma fonte de tensão interna de amplitude constante (𝐸𝑔 )
conectado em série com a reatância transitória de eixo direto (𝑋𝑑 ′), conforme a Figura 2.4
(GLOVER, SARMA e OVERBYE, 2011).

Para um sistema de potência realístico, esse modelo é válido quando o tempo de


simulação é pequeno e o regulador de tensão lento. Ainda assim, este modelo é bastante
utilizado, devido sua facilidade de implementação e economia de tempo de processamento.
Além disto, segundo (SILVA, 2009), os resultados obtidos podem ser considerados coerentes,
de forma qualitativa, com os obtidos com modelos mais completos.

Fonte: Adaptado de (GLOVER, SARMA e OVERBYE, 2011)


Figura 2.4 – Representação do modelo clássico do gerador síncrono
25

𝐸 ′ = 𝑉𝑡 + 𝑗𝑋𝑑′ 𝐼 Eq.(2.13)

Em que:

𝐸 ′ – Força eletromotriz da máquina

𝑉𝑡 – Tensão nos terminais da máquina

𝑋𝑑′ – Reatância transitória de eixo direto do enrolamento do estator

𝐼 – Corrente elétrica fornecida pela máquina

δg – É o ângulo de carga do gerador, este é a defasagem entre a tensão interna (𝐸 ′ ) e a


tensão terminal (Vt) do gerador

Esta representação é obtida através das hipóteses simplificadoras listadas a seguir:

i) A máquina opera sob condições de carga trifásica balanceada em sequência


positiva;

ii) Não há variação na excitação da máquina, ou seja, a amplitude de 𝐸 ′ é constante


durante o período transitório;

iii) Parâmetros como perdas, saliência dos polos e saturação na máquina são
desprezados.

2.3.2 Carga

De acordo com MATOS (2012) a curva de carga de um dado barramento de distribuição


decorre de hábitos de consumo, temperatura, nível de renda, forma de tarifação, etc. Em vista
disso, dentre os vários parâmetros de um sistema elétrico de potência, a carga dos consumidores
é o de determinação mais difícil.

A representação da carga depende muito do tipo de estudo realizado. A carga pode ser
representada por potência constante, corrente constante ou impedância constante. É importante
que se conheça a variação das potências ativas e reativas com a variação da tensão, pois embora
seja exato considerar as características PV e QV de cada tipo de carga para simulação de fluxo
de carga e estabilidade, o tratamento analítico é muito complicado (BORGES, 2005). Para os
cálculos envolvidos, existem maneiras tradicionais para representação de carga, as quais serão
apresentadas nesta seção.
26

2.3.2.1 Representação da carga para o fluxo de potência

Para o algoritmo de fluxo de potência a carga foi definida como uma carga de potência
constante, pois este modelo é invariante com a tensão e permite representar cargas que
apresentam variação desprezível de potência.

A Figura 2.5 mostra a representação da carga como potência ativa e reativa constantes.

Fonte: (MATOS, 2012).


Figura 2.5 – Modelo da carga para o fluxo de potência.

𝑆𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 𝑃𝐿 + 𝑗𝑄𝐿 Eq.(2.14)

2.3.2.2 Representação da carga para o estudo de estabilidade

O problema mais crítico na análise de estabilidade transitória é quando a falta está


próxima a barra do gerador, em razão da impedância vista do gerador diminuir com a
proximidade da falta em relação a ele. Consequentemente, se torna interessante representar a
carga como uma parte do sistema, ou seja, como uma impedância constante, uma vez que o
problema de estabilidade está relacionado com a impedância “vista” dos geradores.

A Figura 2.6 indica a representação do tipo impedância constante.

Fonte: (MATOS, 2012).


Figura 2.6 – Modelo da carga de impedância constante.
27

2.3.3 Linhas de Transmissão

Simplificadamente, as linhas de transmissão são os elementos que tem por função


interligar os centros geradores aos centros consumidores (LUZ, 2015).

Podemos classificar as linhas de transmissão como linhas curtas, médias ou longas. As


linhas de transmissão curtas são aquelas de até 80 quilômetros, as linhas médias são aquelas
que possuem de 80 a 240 quilômetros e as linhas longas são as maiores de 240 quilômetros
(JÚNIOR e ROCHA, 2012).

2.3.3.1 Linha Curta

As linhas de transmissão são classificadas curtas quando a capacitância em derivação é


tão pequena que pode ser inteiramente desprezada sem perda apreciável de precisão e é
suficiente considerar apenas a resistência e a indutância em série (JÚNIOR e ROCHA, 2012).
A Figura 2.7 representa seu modelo.

Fonte: (MATOS, 2012).


Figura 2.7 – Modelo de linha curta.

2.3.3.2 Linha Média

Já o modelo de linha média é composto diretamente por uma impedância série e uma
admitância shunt total da linha, que é dividida em duas partes iguais colocadas junto às barras
emissoras e receptoras, conforme Figura 2.8. Este circuito recebe o nome de π-nominal.
28

Fonte: Adaptado de (MATOS, 2012).


Figura 2.8 – Modelo de linha média.

2.3.3.3 Linha Longa

Por fim, as linhas longas possuem uma modelagem considerando a indutância e a


capacitância distribuídas uniformemente ao longo da linha de transmissão e podem ser
representadas pela Figura 2.9, que apresenta os parâmetros de linha longa adaptados para o
modelo π-nominal.

Fonte: (MATOS, 2012).


Figura 2.9 – Modelo de linha longa.

Para a obtenção dos parâmetros de linha longa adaptados, as seguintes expressões podem
ser utilizadas (MATOS, 2012):

𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾 × 𝑙)
𝑍𝑒𝑞 = 𝑍 × Eq.(2.15)
𝛾×𝑙
29

𝑡𝑎𝑛ℎ(𝛾 × 𝑙⁄2) Eq.(2.16)


𝑦𝑒𝑞 = 𝑌 ×
(𝛾 × 𝑙⁄2)
Em que:

𝛾 = √𝑧 × 𝑦 Eq.(2.17)

𝑍 =𝑧×𝑙 Eq.(2.18)

𝑌 =𝑦×𝑙 Eq.(2.19)

Em que: Z é a impedância característica da linha e γ é a constante de propagação. Ambas


γ e Z são quantidades complexas (WALANTUS, 2014).

Como exposto, é feita uma correção do modelo π-nominal, de forma a se obter um modelo
com parâmetros concentrados, mas que pode ser utilizado para linhas longas quando se tem o
interesse somente nos valores de tensão e correntes nas extremidades da linha.

Este modelo pode ser utilizado para representar linhas curtas, médias e longas. Devido a
consideração da distribuição uniforme de seus parâmetros ele é mais exato para representa-las,
portanto, foi o modelo adotado tanto para a o desenvolvimento do algoritmo do fluxo de carga
como para a análise de estabilidade.

2.3.4 Transformadores

Cada gerador possui um transformador elevador associado, cujo modelo simplificado é


apenas uma reatância série indutiva (𝑋𝑡 ).

2.4 Modelagem da rede reduzida

A matriz das impedâncias de barra e admitância de barra de um sistema elétrico real são
muito grandes e tem dimensão da ordem de milhares de linhas. Nos estudos não é necessário
se conhecer a tensão em todas as barras do sistema. Logo, seguem técnicas para reduzir a
dimensão da rede, eliminando-se trechos não prioritários da rede para o estudo em questão
(BORGES, 2005).
30

Particiona-se a matriz e ordenam-se as equações de tal forma que todas as barras sem
fonte fiquem juntas e na parte inferior da matriz, conforme Figura 2.10 a seguir.

Fonte: (BORGES, 2005).


Figura 2.10 – Solução do sistema particionada.

Supondo-se que 𝐼𝑏 = 0 vem:

𝐼 𝑌𝐴𝐴 𝑌𝐴𝐵 𝑉
[ 𝐴] = [ 𝑡 ] × [ 𝐴] Eq.(2.20)
𝐼𝐵 𝑌𝐴𝐵 𝑌𝐵𝐵 𝑉𝐵

𝐼𝐴 = 𝑌𝐴𝐴 × 𝑉𝐴 + 𝑌𝐴𝐵 × 𝑉𝐵 , Eq.(2.21)

𝑡 −1 𝑡
𝐼𝐵 = 𝑌𝐴𝐵 × 𝑉𝐴 + 𝑌𝐵𝐵 × 𝑉𝐵 = 0 → 𝑉𝐵 = 𝑌𝐵𝐵 × 𝑌𝐴𝐵 × 𝑉𝐴 Eq.(2.22)

Substituindo-se o valor de 𝑉𝐵 na equação de 𝐼𝐴 vem:

−1 𝑡
𝐼𝐴 = 𝑌𝐴𝐴 × 𝑉𝐴 − 𝑌𝐴𝐵 × 𝑌𝐵𝐵 × 𝑌𝐴𝐵 × 𝑉𝐴 Eq.(2.23)

Agrupando-se em termos vem:

−1 𝑡 ⌉
𝐼𝐴 = ⌈𝑌𝐴𝐴 × 𝑉𝐴 − 𝑌𝐴𝐵 × 𝑌𝐵𝐵 × 𝑌𝐴𝐵 × 𝑉𝐴 = [𝑌𝐴 × 𝑉𝐴 ] Eq.(2.24)

A ordem da matriz 𝑌𝐴 neste exemplo é a do número de barras com fonte de corrente.

Colocando-se de forma escalar, tem-se que a eliminação da barra n é:

𝑌𝑖𝑗 × 𝑌𝑛𝑗
𝑌𝑖𝑗′ = 𝑌𝑖𝑗 − Eq.(2.25)
𝑌𝑛𝑛

Que é chamada de eliminação de Kron.

Para maior eficiência computacional deve-se evitar a inversão da matriz 𝑌𝐵𝐵 . O


procedimento é então o de eliminar uma barra por vez, aplicando-se a eliminação de Kron tantas
31

vezes quanto o número de barras a serem eliminadas (BORGES, 2005). Para o problema de
estabilidade essa metodologia é aplicada k vezes, na qual k representa o número de barras de
carga. Isso acontece porque na análise de estabilidade a dinâmica do sistema está relacionada
aos geradores síncronos.

2.5 Métodos numéricos de soluções de equações diferenciais

Para determinar se um sistema é estável transitoriamente, primeiramente é necessária a


modelagem matemática do mesmo em todos os momentos da ocorrência da falta (LUZ, 2015),
uma vez que a dinâmica deste se modifica de acordo com a alteração da configuração da rede,
durante a falta e após a atuação da proteção (MASIERO, GURSKI e CASTRO, 2016).

Como a configuração da rede muda pela ação do curto-circuito, a potência fornecida, que
está relacionada com a configuração da rede, também muda. Durante esse tempo, o
comportamento do sistema é descrito pelas suas equações diferencias ordinárias (EDOs).

Chama-se equação diferencial uma equação em que a incógnita é uma função e apresenta
uma relação com as derivadas desta função. As equações diferenciais são utilizadas na
resolução de problemas de modelagem matemática e quando a função desconhecida depende
de uma única variável independente, são chamadas de equações diferenciais ordinárias (SILVA,
2017).

Há várias maneiras de se resolver analiticamente uma EDO, entretanto, cabe ressaltar que
nem toda EDO pode ser resolvida analiticamente, pois os métodos analíticos são aplicáveis
apenas a certas formas especiais de funções, mas toda EDO pode ser resolvida através da
utilização de métodos numéricos (BRITO e AMARAL, 2012).

Resumidamente, métodos numéricos são conjuntos detalhados e operações sequenciadas


que nos levam a uma estimativa do problema. Quando estes são utilizados com o auxílio de
computadores propiciam uma melhor agilidade no estudo das equações diferenciais, pois
produzem tabelas e gráficos que possibilitam fazer um estudo mais detalhado dos dados obtidos
na resolução.

Na seção 2.1.2 foram desenvolvidas as equações de oscilação da barra swing,


caracterizadas como EDOs. A solução formal de tais equações não pode ser explicitamente
encontrada. Mesmo no caso de uma simples máquina oscilando com respeito a um barramento
32

infinito é bastante difícil obter soluções na forma literal e, portanto, métodos usando
computação digital são normalmente usados.

Para resolver a equação diferencial do problema proposto neste trabalho (estabilidade


transitória), determinados métodos numéricos serão estudados. Além disso, será realizada uma
comparação, baseada na literatura, entre esses métodos numéricos a fim de identificar o melhor
artifício para a solução do problema.

Além dos métodos numéricos para a solução do problema de estabilidade também será
apresentado o método de Newton-Raphson para a determinação do fluxo de carga.

2.5.1 Método de Euler

Segundo LEITE (2006), o método de Euler é um procedimento numérico para aproximar


a solução da equação diferencial:

𝑥 ′ = 𝑓(𝑡, 𝑥) Eq.(2.26)

que satisfaz a condição inicial 𝑥(𝑡0 ) = 𝑦0 . (Admite-se que a equação é suficientemente bem-
comportada, de forma a garantir a existência de uma única solução num intervalo que contenha
o ponto 𝑡0 e os pontos 𝑡𝑖 usados na construção seguinte.)

Sabe-se que o gráfico da solução passa pelo ponto (𝑡0 , 𝑥0 ) com inclinação igual a 𝑥 ′ (𝑡0 )
(ou seja, com inclinação igual a 𝑓(𝑡0 , 𝑥0 )). Isto serve de ponto de partida para achar uma
aproximação da solução.

Começando pelo ponto (𝑡0 , 𝑥0 ), seguindo na direção dada pela inclinação. Usando um
pequeno passo h, segue-se ao longo da reta tangente até chegar ao ponto (𝑡1 , 𝑥1 ), em que:

𝑡1 = 𝑡0 + ℎ 𝑒 𝑥1 = 𝑥0 + ℎ𝑓(𝑡0 , 𝑥0 ) Eq.(2.27)

O método de Euler consiste na repetição deste processo e gera a sucessão de pontos:

𝑡𝑖+1 = 𝑡𝑖 + ℎ 𝑒 𝑥𝑖+1 = 𝑥𝑖 + ℎ𝑓(𝑡𝑖 , 𝑥𝑖 ) 𝑖 = 0,1,2 … Eq.(2.28)

Como este método considera apenas a primeira derivada de 𝑥, este é referido como
método de primeira ordem.

Uma representação do método de Euler é dada na Figura 2.11.

Do desenvolvimento da série de Taylor tem-se um erro local como sendo:


33

(ℎ)2 ′′
𝜀ℎ ≅ 𝑥 Eq.(2.29)
2
Já o erro global vai se acumulando até que 𝜀 ≅ ℎ. Esta relação mostra que o erro tende
a zero conforme h → 0 e, portanto, o método é convergente. De forma geral, um dado método
é convergente quando:

𝜀𝑖+1 = (ℎ)𝑝 𝑝>0 Eq.(2.30)

Neste caso, o método possui ordem p, portanto, o método de Euler é um método de


primeira ordem. Métodos de ordem superior convergem mais rapidamente para a solução exata
(não exigem passos tão pequenos), sendo por isso mais indicados que os métodos de primeira
ordem.

A utilização de um passo muito pequeno (tendendo a zero) é impraticável, pois exigiria


um tempo computacional demasiadamente alto, além de fazer com que os erros de
arredondamento aumentassem rapidamente (FONTANA, 2018).

Figura 2.11 – Representação gráfica do método de Euler

2.5.2 Método Euler aprimorado (Fórmula de Heun)

Este método faz parte da categoria de passos múltiplos, onde os valores da derivada em
mais de um ponto são utilizados para determinar o próximo ponto (FONTANA, 2018).
34

O método de Euler possui uma velocidade de convergência baixa porque utiliza a


derivada do início do intervalo como média para o intervalo todo. Para melhorar a estimativa
da inclinação, o método de Heun determina duas derivadas para o intervalo. A primeira derivada
é tomada no início do intervalo e equivale àquela usada no método de Euler. A segunda é
tomada no ponto final do intervalo. A partir dessas duas derivadas, utiliza-se a média delas para
obter uma estimativa melhorada da inclinação no intervalo (GARCIA, 2012).

Do método de Euler, tínhamos que:

𝑑𝑥 Eq.(2.31)
𝑥𝑖′ = = 𝑓(𝑡𝑖 , 𝑥𝑖 )
𝑑𝑡

era a inclinação do início do intervalo. A fórmula de Heun é uma modificação simples do


método de Euler e consiste em uma abordagem preditiva-corretiva. O passo inicial consiste
determinar um valor preditor com base no método de Euler (FONTANA, 2018):

0
𝑥𝑖+1 = 𝑥𝑖 + 𝑓(𝑡𝑖 , 𝑥𝑖 )ℎ Eq.(2.32)

No método de Euler, essa equação é a usada para solucionar o problema das EDOs.
Contudo, no método de Heun, esta estimativa é usada como aproximação inicial do valor,
chamado de “predita”. Assim, essa equação é chamada de equação preditora, pois ela fornece
uma estimativa de 𝑥𝑖+1 que permite o cálculo da inclinação na extremidade final do intervalo.

A partir do valor obtido da Equação (2.32), é calculada a etapa corretora com base no
0
valor médio da função avaliada em 𝑥𝑖 e no valor preditor 𝑥𝑖+1 :

0
𝑥𝑖′ + 𝑥𝑖+1

𝑓(𝑡𝑖 , 𝑥𝑖 ) + 𝑓(𝑡𝑖+1 , 𝑥𝑖+1 ) Eq.(2.33)
𝑥̅ ′ = = ℎ
2 2

Essa inclinação média é então usada para extrapolar a fórmula de Euler:

ℎ 0 Eq.(2.34)
𝑥𝑖+1 = 𝑥𝑖 + (𝑓(𝑡𝑖 , 𝑥𝑖 ) + 𝑓(𝑡𝑖+1 , 𝑥𝑖+1 ))
2
0
Esta fórmula representa uma correção do valor estimado anteriormente 𝑥𝑖+1 .

Esta abordagem de Heun é chamada do tipo preditor-corretor e é apresentada na Figura


2.12.
35

Fonte: Adaptado de (GARCIA, 2012).


Figura 2.12 – .Curva das equações preditora e corretora

2.5.3 Método de Runge-Kutta de quarta ordem

O método de Runge-Kutta é provavelmente um dos métodos mais populares e o de quarta


ordem é um dos mais utilizados para obter soluções aproximadas de valor inicial. Cada método
de Runge-Kutta consiste em comparar um polinômio de Taylor apropriado para eliminar o
cálculo das derivadas, fazendo-se várias avaliações da função a cada passo. O método de
Runge-Kutta pode ser entendido como um aperfeiçoamento do método de Euler, com uma
melhor estimativa da derivada da função. No método de Euler a estimativa do valor de 𝑡𝑖+1 é
realizado com o valor de 𝑡𝑖 e com a derivada no ponto 𝑥𝑖 . No método de Runge-Kutta, busca-
se uma melhor estimativa da derivada com a avaliação da função em mais pontos no intervalo
[𝑥𝑖 , 𝑥𝑖+1 ] (STERZA e BRANDI, 2016).

O método de Runge-Kutta, do mesmo modo que o método de Euler, pode ser obtido a
partir da Série de Taylor. Entretanto, no caso do Método de Euler consideram-se apenas os dois
primeiros termos da série. Já, nos Métodos de Runge-Kutta, considera-se uma quantidade maior
36

de termos da série. Por esse motivo, em geral, quando aplicados, estes últimos levam a
resultados mais precisos (RISO e NOTARE, 2011).

Polinômio de Taylor:

(𝑥 − 𝑎)1 (𝑥 − 𝑎)2 (𝑥 − 𝑎)𝑛


𝑝(𝑥) = 𝑓(𝑎) + 𝑓 ′ (𝑎) + 𝑓 ′′ (𝑎) + ⋯ + 𝑓 𝑛 (𝑎) Eq.(2.35)
1! 2! 𝑛!

De modo geral, o método de Runge-Kutta é dado por:

𝑡𝑖+1 = 𝑡𝑖 + ℎ(𝑖𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎çã𝑜) Eq.(2.36)

em que a i𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎cã𝑜 é uma constante que é obtida através do cálculo da inclinação em vários
pontos no interior do subintervalo. A ordem do método indica o número de pontos usado em
um subintervalo para determinar o valor da i𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛𝑎cã𝑜, isto é, o método de Runge-Kutta de
segunda ordem utiliza a inclinação em dois pontos, o método de terceira ordem utiliza três
pontos, e assim por diante (STERZA e BRANDI, 2016).

O procedimento de Runge-Kutta de quarta ordem consiste em encontrar constantes


apropriadas de tal forma que:

𝑡𝑖+1 = 𝑡𝑖 + ℎ(𝑐1 𝐾1 + 𝑐2 𝐾2 + 𝑐3 𝐾3 + 𝑐4 𝐾4 ) Eq.(2.37)

sendo 𝑐1, 𝑐2 , 𝑐3 e 𝑐4 constantes a serem determinadas e

𝑘1 = 𝑓(𝑥𝑖 , 𝑡𝑖 ) Eq.(2.38)
𝑘2 = 𝑓(𝑥𝑖 + 𝛼1 ℎ, 𝑡𝑖 + 𝛽1 ℎ𝑘1 ) Eq.(2.39)
𝑘3 = 𝑓(𝑥𝑖 + 𝛼2 ℎ, 𝑡𝑖 + 𝛽2 ℎ𝑘1 + 𝛽3 ℎ𝑘2 ) Eq.(2.40)
𝑘4 = 𝑓(𝑥𝑖 + 𝛼3 ℎ, 𝑡𝑖 + 𝛽4 ℎ𝑘1 + 𝛽5 ℎ𝑘2 + 𝛽6 ℎ𝑘3 ) Eq.(2.41)

Igualando a Equação (2.34) com o polinômio de Taylor de grau 4, resultará um sistema


não-linear de 11 equações e 13 incógnitas, ou seja, haverá infinitas soluções, onde as 13
incógnitas são 𝑐1, 𝑐2 , 𝑐3 , 𝑐4 , 𝛼1 , 𝛼2 , 𝛼3 , 𝛽1, 𝛽2, 𝛽3, 𝛽4 , 𝛽5 e 𝛽6 (STERZA e BRANDI, 2016).

No entanto há uma solução, em particular, que é muito utilizada, fazendo:

𝑐1 = 𝑐4 = 1⁄6 ; 𝛼3 = 𝛽6 = 1;

𝑐2 = 𝑐3 = 1⁄3 ; 𝛼1 = 𝛼2 = 𝛽1 = 𝛽3 = 1⁄2 ;

𝛽2 = 𝛽4 = 𝛽5 = 0;
37

Dessa forma a solução de x para o método de Runge-Kutta de quarta ordem é calculada


através da seguinte equação:

1
𝑥𝑖+1 = 𝑥𝑖 + (𝑘1 + 2𝑘2 + 2𝑘3 + 𝑘4 ) Eq.(2.42)
6

Em que 𝑥𝑖+1 é a aproximação de 𝑥(𝑡𝑖+1 ) e

𝑘1 = 𝑓(𝑥𝑖 , 𝑡𝑖 ) Eq.(2.43)
1 1 Eq.(2.44)
𝑘2 = 𝑓 (𝑥𝑖 + ℎ, 𝑡𝑖 + ℎ𝑘1 )
2 2
1 1 Eq.(2.45)
𝑘3 = 𝑓 (𝑥𝑖 + + ℎ, 𝑡𝑖 + + ℎ𝑘2 )
2 2
𝑘4 = 𝑓(𝑥𝑖 + ℎ, 𝑡𝑖 + ℎ𝑘3 ) Eq.(2.46)

Em conformidade com KUNDUR (1994), a interpretação física dessas soluções é:

 𝑘1 – (Inclinação no início da etapa)

 𝑘2 – (Primeira aproximação da inclinação na etapa intermediária, usando a inclinação


𝑘1 para determinar o valor de x no ponto 𝑡𝑖 + ℎ/2)

 𝑘3 – (Segunda aproximação da inclinação na etapa intermediária, usando a inclinação


𝑘2 para determinar o valor de x no ponto 𝑡𝑖 + ℎ)

 𝑘4 – (Inclinação no final da etapa)

Na qual ℎ é o valor incremental de x, dado pela média ponderada das estimativas baseadas
nas inclinações, no início, meio e fim, do intervalo de tempo (DIAS e PILONI, 2010), conforme
Figura 2.13.
38

Inclinações usadas pelo método de Runge-Kutta de quarta ordem

No método de Runge-Kutta os incrementos nos valores das variáveis dependentes são


calculados a partir de um conjunto de fórmulas expressas, em termos das derivadas calculadas
num conjunto de pontos pré-fixados. Uma vez que cada valor de 𝑥 é determinado pelas fórmulas
de uma maneira unívoca, este método não requer repetidas aproximações. O seu principal
inconveniente é o tempo que demora a calcular várias vezes a lª derivada, sobretudo se a sua
expressão for complexa. Outro inconveniente é não se poder saber, ao longo do cálculo, os
valores dos erros. A principal vantagem reside em que é suficiente conhecer o valor da função
num único ponto (o ponto inicial), para se poder determinar os seus valores nos pontos seguintes
(BARBOSA, 2013).
39

2.5.4 Comparação dos métodos

O método de Euler tem uma aplicação bastante restrita devido à sua pequena precisão,
isto é, normalmente precisamos escolher um passo h muito pequeno para obter soluções de boa
qualidade, o que implica um número elevado de passos e, consequentemente, alto custo
computacional (JUSTO, SAUTER, et al., 2018).

O método de Heun é também simples de aplicar e tem a vantagem de se poder controlar


o grau de aproximação das sucessivas aproximações obtidas para 𝑥. Tem, contudo, também
uma precisão limitada e exige pequenos intervalos h para a variável independente (BARBOSA,
2013).

O método de Runge-Kutta (4ª ordem) exige um elevado número de operações


aritméticas, mas os resultados em geral são mais precisos, pois são utilizados mais elementos
da Série de Taylor na sua implementação. Portanto, é o método adotado para este trabalho.

2.6 Fluxo de Potência

O cálculo de fluxo de potência em uma rede de energia elétrica consiste essencialmente


na determinação do estado da rede, da distribuição dos fluxos e de algumas outras grandezas de
interesse (MONTICELLI, 1983).

Os estudos de fluxo de carga possuem grande importância no planejamento da expansão


futura de sistemas de potência como também na determinação da melhor operação de sistemas
existentes. Este trabalho utiliza o fluxo de carga para encontrar as condições pré-falta do
sistema. A principal informação obtida do estudo de fluxo de carga é o módulo e o ângulo de
fase da tensão em cada barra e as potências ativa e reativa que circulam em cada linha
(STEVENSON, 1986).

O objetivo do fluxo de potência é encontrar as magnitudes e fases das tensões de cada


barra em um sistema a partir dos dados de cargas ativas e reativas, da tensão dos geradores e
das potências ativas dos geradores (MATOS, 2012).

A solução para o problema de fluxo de potência começa com a identificação das variáveis
conhecidas e desconhecidas no sistema, isto depende da definição do tipo de barramento. Uma
barra sem geradores conectados a ela é chamada de barra de carga (barra PQ). Barras com pelo
menos um gerador conectado são chamadas de barras de geração (barra PV). Para que o
conjunto de equações que resolvem esse sistema tenha solução, é necessário arbitrar a um
40

barramento módulo e ângulo da tensão para ser a referência do sistema (barra Vθ), este
barramento deve possuir um gerador e é chamado de barra de referência (MATOS, 2012).

Para cada barra de carga, tanto a magnitude da tensão e ângulo são desconhecidas e devem
ser encontrados. Para cada barra geradora, o ângulo de tensão deve ser encontrado.

Há diversos métodos computacionais para a determinação do fluxo de potência,


entretanto neste trabalho se optou pelo método de Newton-Raphson, Anexo D.

Como descrito, o método de Newton-Raphson utiliza como base a expansão da série de


Taylor. Para solucionar o problema de fluxo de carga, as equações de potência ativa e reativa a
serem resolvidas possuem a seguinte estrutura:

𝑃𝑘𝑐𝑎𝑙𝑐 = ∑|𝑉𝑘 × 𝑉𝑚 × 𝑌𝑘𝑚 | cos(𝜃𝑘𝑚 + 𝛿𝑘 − 𝛿𝑚 )


Eq.(2.47)
𝑛=1

𝑄𝑘𝑐𝑎𝑙𝑐 = − ∑|𝑉𝑘 × 𝑉𝑚 × 𝑌𝑘𝑚 | sen(𝜃𝑘𝑚 + 𝛿𝑘 − 𝛿𝑚 )


Eq.(2.48)
𝑛=1

A barra de referência (barra 𝑉𝜃 ) é omitida da solução iterativa para determinar tensões,


pois tanto o módulo quanto o ângulo da tensão são especificados. São especificados P e Q em
todas as barras, exceto a barra 𝑉𝜃 , e será estimado o módulo e ângulo em todas as barras exceto
a barra 𝑉𝜃 . Utilizam-se estes valores estimados para calcular os valores de 𝑃𝑘𝑐𝑎𝑙𝑐 e 𝑄𝑘𝑐𝑎𝑙𝑐 , e
definem - se:

∆𝑃𝑘 = 𝑃𝑘𝑒𝑠𝑝 − 𝑃𝑘𝑐𝑎𝑙𝑐 Eq.(2.49)

∆𝑄𝑘 = 𝑄𝑒𝑠𝑝 𝑐𝑎𝑙𝑐


𝑘 − 𝑄𝑘
Eq.(2.50)

em que, 𝑃𝑘𝑒𝑠𝑝 e 𝑄𝑘𝑒𝑠𝑝 representam as potências especificas nas barras de carga e nos
geradores.

Para a solução do problema de fluxo de carga é necessária a montagem da matriz


jacobiana, que advém das derivadas parciais de P e Q em relação a cada uma das variáveis da
equação 2.47 e 2.47. A Figura 2.15 demonstra a matriz jacobiana de um sistema composto por
3 barras onde a barra 1 é a barra de oscilação, dai, os elementos da matriz representados pelos
índices 2 e 3.
41

Assim, são definidos os subsistemas 1 e 2, dos quais, o primeiro trata do cálculo da tensão
e do ângulo das barras e o segundo calcula as potências ativa e reativa na barra de referência, e
potências reativas nas barras PV. A dimensão do subsistema 1 consiste do número de barras PV
mais duas vezes o número de barras PQ. A dimensão do subsistema 2 é número de barras PV
mais 2.

Fonte: (MATOS, 2012)


Figura 2.13 – Exemplo de matriz jacobiana.

Equações que envolvem mais barras são resolvidas invertendo a jacobiana. A matriz
jacobiana representa a derivada primeira (inclinação) da Equação (2) do Anexo D. Os valores
encontrados para Δk e ∆|𝑉𝑘 | são adicionados aos valores anteriores do módulo e ângulo da
(1) (1)
tensão, de modo a se obter os novos valores para 𝑃𝑘,𝑐𝑎𝑙𝑐 e 𝑄𝑘,𝑐𝑎𝑙𝑐 , e começar a próxima iteração.
O proceso é repetido até que a precisão escolhida seja satisfeita quando aplicada a todos os
valores de cada coluna da matriz. Entretanto, para melhorar a convergência, as estimativas
iniciais da tensão devem ser razoáveis.
Capítulo 3 – Estruturação do problema e sistemática do
algoritmo

Equações de um sistema multimáquinas podem ser escritas similarmente a de um sistema


conectado a barra infinita. A fim de reduzir a complexidade da análise da estabilidade
transitória, suposições simplificadoras similares são feitas da seguinte maneira:

– Presume-se que as potências de entrada permaneçam constantes durante todo o período


de simulação;

– Usando as tensões de barramento pré-faltas, todas as cargas são convertidas em


admitância equivalentes à terra e são assumidas constantes.

3.1 Resolução do Fluxo de potência

Dadas as suposições, o primeiro passo na determinação de análise de estabilidade


transitória é resolver o fluxo de potência, para determinar as magnitudes e ângulos de fase das
tensões nas barras. Após, são determinadas as correntes dos geradores antes da perturbação,
que são calculadas a partir de:

𝑆𝑖∗ 𝑃𝑖 − 𝑗𝑄𝑖
𝐼𝑖 = = , 𝑖 = 1,2, … , 𝑚 Eq.(3.1)
𝑉𝑖∗ 𝑉𝑖∗

Em que:

– m é o número de geradores;

– V𝑖 é a tensão no terminal do i-ésimo gerador;

– 𝑃𝑖 e 𝑄𝑖 são as potências ativa e reativa do gerador.

Determinado o valor da corrente dos geradores e desprezando as resistências de armadura,


a força eletromotriz de cada gerador é obtida como consequência da equação (2.13).

Em seguida, é montada a matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 do sistema para a análise do problema de


estabilidade transitória, que é diferente da matriz utilizada no fluxo de potência, pois no tema
de estabilidade transitória os estudos são realizados baseados na f.e.m do gerador e não na
tensão do seu barramento terminal.

42
43

Os elementos diagonais da matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 são a soma das admitâncias conectadas a ele, e
os elementos não pertencentes a diagonal representam as admitâncias entre os nós. Para incluir
a força eletromotriz interna das máquinas na equação, nos nós adicionais são inclusas as
reatâncias transitórias das máquinas. Segundo SAADAT (1999), para inclui-las à solução do
problema, m barramentos são adicionadas a rede do sistema de potência de n barramentos. A
rede equivalente, já com as cargas convertidas em admitâncias é representada na Figura 3.1.

Todas as cargas são convertidas para admitância equivalentes e adicionadas a matriz


𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 , usando a relação:

𝑆𝑖∗ 𝑃𝑖 − 𝑗𝑄𝑖
𝑦𝑖0 = = Eq.(3.2)
⌊𝑉𝑖 ⌋ 2 ⌊𝑉𝑖 ⌋2

Na qual o índice i indica o número da barra.

Fonte: Adaptado de (SAADAT, 1999)

Figura 3.1 – Representação do SEP para análise de estabilidade transitória.

Os nós n+1, n+2, ..., n+m representam os barramentos internos da máquina, ou seja, os
barramentos por trás das reatâncias transitórias. A equação de tensão dos nós para este sistema,
considerando o nó zero como referência é:
44

𝐼1 𝑌11 … 𝑌1𝑛 𝑌1(𝑛+1) … 𝑌1(𝑛+𝑚) 𝑉1


𝐼2 𝑌21 … 𝑌2𝑛 𝑌2(𝑛+1) … 𝑌2(𝑛+𝑚) 𝑉2
. . … . . … . .
. . … . . … . .
. . … . . … . .
𝐼𝑛 𝑌21 … 𝑌2𝑛 𝑌2(𝑛+1) … 𝑌2(𝑛+𝑚) 𝑉𝑛 Eq.(3.3)
=
_____ __________________________________________________________ _____

𝐼𝑛+1 𝑌(𝑛+1)1 … 𝑌(𝑛+1)𝑛 𝑌(𝑛+1)(𝑛+1) … 𝑌(𝑛+1)(𝑛+𝑚) 𝐸𝑛+1
. . … . . … . .
. . … . . … . .
. . … . . … . .

[𝐼𝑛+𝑚 ] [𝑌(𝑛+𝑚)1 … 𝑌(𝑛+𝑚)𝑛 𝑌(𝑛+𝑚)(𝑛+1) … 𝑌(𝑛+𝑚)(𝑛+𝑚) ] [𝐸𝑛+𝑚 ]

ou,

𝐼𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 = 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 Eq.(3.4)

Em que 𝐼𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 é o vetor de correntes injetadas e 𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 é o vetor de tensões medidas a


partir do nó de referência.

Como citado por MASIERO, GURSKI e CASTRO (2016), para determinar se um sistema
é estável transitoriamente, primeiramente é necessária a modelagem matemática do mesmo em
todos os momentos da ocorrência da falta, uma vez que a dinâmica deste se modifica de acordo
com a alteração da configuração da rede durante a falta e após a atuação da proteção.

Desta forma, é comum dividir a análise em três períodos distintos: período pré-falta,
período em falta e período pós-falta, conforme a seguir.

3.1.1 Pré-falta

O período pré-falta é definido como o instante de operação do sistema imediatamente


antes da ocorrência de uma grande perturbação. Nesse momento o sistema opera em sua
condição nominal.

A Figura 3.2 representa um sistema em condições nominais de operação.


45

Fonte: Adaptado de (KUNDUR, 1994)


Figura 3.2 – Sistema em condições normais de operação

3.1.2 Durante a falta

O período em falta compreende desde a ocorrência de uma falta até a atuação dos
equipamentos de proteção que a isolam. Neste caso, as características do sistema se alteram de
suas condições nominais.

Esse período pode ser caracterizado por dois tipos de falta, sendo elas: falta na barra ou
falta na linha de transmissão.

De acordo com KUNDUR (1994), o estudo clássico de estabilidade transitória é baseado


na aplicação de uma falta trifásica. Uma falta trifásica sólida no barramento k na rede resulta
em 𝑉𝑘 = 0. Isso é simulado removendo-se a linha e a coluna k da matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 de pré-falta.

Diferentemente, no caso de uma falta trifásica na linha de transmissão não se resulta em


𝑉𝑘 = 0, assim, neste caso não ocorre a eliminação da linha e coluna do barramento k. Para
representar a nova matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 no momento da falta em uma linha de transmissão, é retirada
a impedância existente entre o nós das faltas da matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 pré-falta e, conforme o ponto da
falta, a impedância é distribuída entre as barras, representada como uma admitância shunt.

A Figura 3.3 representa um sistema para uma falta no meio da linha.

Fonte: Adaptado de (KUNDUR, 1994)


Figura 3.3 – Sistema de potência com falta no meio da linha
46

3.1.3 Pós-falta

No período pós-falta, a falta é eliminada com a atuação dos dispositivos de proteção e o


sistema passa a operar com novas características.

Quando a falha é eliminada, pode envolver a remoção da linha defeituosa e a matriz


𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 é recalculada para refletir a alteração nas redes. A eliminação da linha consiste em zerar
a impedância 𝑍𝑖𝑗 existente entre as barras de falta e posteriormente montar a matriz 𝑌𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎 após
a falta, conforme a Figura 3.4.

Fonte: Adaptado de (KUNDUR, 1994)


Figura 3.4 – Abertura dos disjuntores e remoção da linha

3.2 Determinação da Estabilidade do SEP

Determinadas as matrizes pré-falta, durante a falta e pós-falta é aplicada a redução de


Kron as barras de carga e as novas matrizes reduzidas são calculadas, eliminando todos os nós,
exceto os nós acoplados aos geradores. Com isso, é determinada a potência elétrica de saída de
cada máquina, para cada período (pré-falta, durante a falta e após a falta). Essa potência é
expressa em termos de suas tensões internas:

𝑆𝑒𝑖 = 𝐸𝑖′∗ 𝐼𝑖 Eq.(3.5)

ou,

𝑃𝑒𝑖 = 𝑅𝑒(𝐸𝑖′∗ 𝐼𝑖 ) Eq.(3.6)

Em que,
47

𝑚
Eq.(3.7)
𝐼𝑖 = ∑ 𝐸𝑗′ 𝑌𝑖𝑗
𝑗=1

Enfim, expressando as tensões e admitâncias na forma polar, resulta-se em:

𝑚
Eq.(3.8)
𝑃𝑒𝑖 = ∑|𝐸𝑖′ ||𝐸𝑗′ ||𝑌𝑖𝑗 |cos(𝜃𝑖𝑗 − 𝛿𝑖 − 𝛿𝑗 )
𝑗=1

Tratando as tensões de excitação dos geradores durante a falta e pós-falta como


constantes, ou seja, iguais as tensões de pré-falta, a energia elétrica do i-ésimo gerador em
termos das novas matrizes admitâncias reduzidas podem ser obtidas da equação (3.8).

Para facilitar o entendimento, consideremos o sistema da figura 3.2, com uma falta no
meio da linha, uma potência fornecida pela máquina igual a 1 p.u., a f.e.m do gerador 1,05 p.u.,
a tensão da barra infinita 1 p.u e a constante do gerador H = 5 MJ/MVA. Com esses dados têm-
se as seguintes equações de potência elétrica:
𝑝𝑟é−𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
𝑃𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 = 2,1 sin 𝛿 Eq.(3.9)
𝑑𝑢𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒−𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
𝑃𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 = 0,808 sin 𝛿 Eq.(3.10)
𝑝𝑟é−𝑓𝑎𝑙𝑡𝑎
𝑃𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜 = 1,5 sin 𝛿 Eq.(3.11)

Para determinar a estabilidade do sistema é aplicada a equação de oscilação da máquina


síncrona, Equação (2.13), equação fundamental que governa as dinâmicas rotacionais das
máquinas síncronas. Entretanto, para a solução do problema de análise transitória pelo método
de Runge-Kutta, é necessário representar essa equação por duas equações de estado para cada
gerador, de maneira a se obter a função do deslocamento angular e da velocidade angular em
função do tempo:

2𝐻 𝑑𝜔𝑖 Eq.(3.12)
= 𝑃𝑚𝑖 − 𝑃𝑒𝑖 𝑝. 𝑢.
𝜔𝑠 𝑑𝑡

𝑑𝛿𝑖 Eq.(3.13)
= 𝜔𝑖 − 𝜔𝑠
𝑑𝑡

Com as condições iniciais, para o caso da Figura 3.3.


48

𝛿(0) = 0,496 𝑟𝑎𝑑 Eq.(3.14)


{
𝜔(0) = 0 𝑟𝑎𝑑/𝑠

Tem-se as seguintes equações:

60𝜋 𝑑𝜔𝑖
= 1 − 2,1 sin 𝛿 Eq.(3.15)
5 𝑑𝑡
60𝜋 𝑑𝜔𝑖
= 1 − 0,818 sin 𝛿 Eq.(3.16)
5 𝑑𝑡
60𝜋 𝑑𝜔𝑖
= 1 − 1,5 sin 𝛿 Eq.(3.17)
5 𝑑𝑡

Agora é aplicado o método de Runge-Kutta, o qual basicamente consiste em calcular cada


ponto da função com o valor atual mais um conjunto de inclinações representadas por 𝑘1 , 𝑘2 , 𝑘3
e 𝑘4 .

No algoritmo (Anexo A) as inclinações 𝑘1 , 𝑘2 , 𝑘3 e 𝑘4 tratam-se como vetores coluna de


dimensão 2x1, sendo que os elementos das posições (i,1) representam as inclinações para a
equação de 𝛿 e os elementos da posição (i+1,1) representam as inclinações para as equações de
𝜔.

Em que, 𝑖 = 1,3,5, …

Os tempos para cada equação são discriminados, sendo que o período em que a equação
3.15 é resolvida é para quando o tempo percorrido no algoritmo é menor que o tempo de atuação
da falta. Já a equação 3.16 é solucionada quando o tempo percorrido é maior ou igual ao tempo
de falta e menor que o tempo de abertura (eliminação) da falta. Por fim, para o desenvolvimento
da equação 3.17 o tempo percorrido no algoritmo deve ser maior que o tempo de abertura.

Com isso, a simulação opera para determinar a estabilidade do sistema, até que as parcelas
revelem uma tendência definida quanto à estabilidade ou instabilidade. Normalmente, a solução
é realizada para duas oscilações para mostrar que a segunda oscilação não é maior que a
primeira. Se as diferenças de ângulo não aumentam, o sistema é estável. Se alguma das
diferenças de ângulo aumentar indefinidamente, o sistema fica instável (DUY, MINH e LOC,
2000).

O fluxograma apresentado na Figura 3.5 retrata a sistemática apresentada e assessora em


seu entendimento e define a modelagem do algoritmo.
49

Figura 3.5 – Fluxograma do algoritmo de estabilidade transitória.


Capítulo 4 – Estudo de caso

Neste capítulo serão apresentadas análises de estabilidade transitória para diferentes


cenários de simulações.

4.1 Introdução

A estabilidade é avaliada pela variação angular de cada gerador com todos os demais
geradores do sistema, de acordo com SILVA (2009). Para que o caso seja aprovado (sistema
estável) todos os geradores deverão permanecer em sincronismo e as variações angulares entre
as máquinas deverão ficar restritas a um certo limite. Segundo KUNDUR (2009), acima de um
certo limite, um aumento na separação angular entre os geradores é acompanhado de uma
diminuição na transferência de potência. Isso aumenta ainda mais a separação angular e leva a
instabilidade.

O tempo máximo para eliminar a falta de forma que o sistema continue estável é definido
como tempo crítico de abertura. Dessa forma, a eliminação do defeito antes do tempo crítico
leva a um sistema estável, e após o tempo crítico a um sistema instável (BRETAS e ALBERTO,
2000). Logo, o tempo que os equipamentos de proteção levam para extinguir uma falta é
essencial para conservar uma condição estável de operação de um sistema. Neste item serão
determinados esses tempos para diferentes cenários.

Com a abertura da proteção, o período de ocorrência da falta é na faixa de milissegundos,


dessa forma não há tempo suficiente para a atuação do regulador de frequência da máquina
primária (LUZ, 2015), portanto o regulador foi desconsiderado neste trabalho.

4.2 Configuração do sistema teste

Para realizar as simulações foi escolhido um sistema de 6 barras e 2 geradores. O


diagrama unifilar do sistema é apresentado na figura 4.1.

50
51

Fonte: Adaptado de (MISHRA e UMREDKAR, 2013)


Figura 4.1 – Sistema teste seis barras, duas máquinas e barra infinita

Para obter os dados do fluxo de potência e realizar a análise de estabilidade é necessário


se ter os dados das interligações e das barras. Tais dados são apresentados nas tabelas 4.1, 4.2
e 4.3.

Tabela 4.1 – Dados de carga


Barra Carga (MW) Carga (Mvar)
1 0 0
2 0 0
3 0 0
4 100 70
5 90 30
6 160 110
Fonte: (MISHRA e UMREDKAR, 2013)

Tabela 4.2 – Dados de linha incluindo os transformadores


De Barra Para Barra R (p.u) X (p.u) B/2 (p.u)
1 4 0,035 0,225 0,0065
1 5 0,025 0,105 0,0045
1 6 0,400 0,215 0,0055
2 4 0,000 0,035 0,0000
3 5 0,000 0,042 0,0000
4 6 0,028 0,125 0,0035
5 6 0,026 0,175 0,0300
Fonte: (MISHRA e UMREDKAR, 2013)
52

Tabela 4.3 – Dados de gerador


Barra Magnitude da Geração (MW) Impedância H
tensão (p.u) transitória (p.u) (MW.s/MVA)
1 1,06 --- --- ---
2 1,04 150 0,15 10
3 1,03 100 0,10 5
Fonte: Adaptado de (MISHRA e UMREDKAR, 2013)

A partir daí o programa NR6BARRAS desenvolvido em MATLAB e apresentado no


ANEXO B se realiza o cálculo do fluxo de carga, gerando os dados apresentados na tabela 4.4.

Tabela 4.4 – Resultados do fluxo de carga


Barra Tensão Geração Carga
Tipo Módulo Ângulo Ativo Reativo Ativo Reativo
(p.u) (graus) (p.u) (p.u) (p.u) (p.u)
1 𝑉𝜃 1,0600 0,0000 1,1202 0,7526 0,000 0,000
2 𝑃𝑉 1,0400 1,2012 1,5000 1,2734 0,000 0,000
3 𝑃𝑉 1,0300 0,3857 1,0000 0,5565 0,000 0,000
4 𝑃𝑄 0,9984 -1,8068 0,000 0,000 -1,0000 -0,7000
5 𝑃𝑄 1,0081 -2,0207 0,000 0,000 -0,9000 -0,3000
6 𝑃𝑄 0,8903 -6,3938 0,000 0,000 -1,6000 -1,1000

4.3 – Eventos simulados

Com base nos resultados do fluxo de carga se torna possível realizar a análise de
estabilidade representada pelo algoritmo no Anexo A. Para tanto foram consideradas
simulações para quatro tipos de falta:

– Curto-circuito trifásico em uma barra, havendo o desligamento permanente de uma


linha de transmissão.

– Curto-circuito trifásico em uma barra, com eliminação do curto sem a retirada de uma
linha.

– Curto-circuito na metade da linha de transmissão, havendo o desligamento permanente


de uma linha.

– Curto-circuito na metade da linha de transmissão, com eliminação do curto sem a


retirada de uma linha.
53

Os quatro tipo de simulações foram realizados para um passo de integração de 0,0025s,


um tempo de simulação de 2,5s e uma margem de teste de 100ms entre cada intervalo.

4.3.1 Curto-circuito na barra 1 sem abertura de linha

Nesta simulação, é considerado um curto-circuito trifásico próximo a barra 1 do sistema.


Essa falta ocorre em t = 1s e cessa em t = 1,1s. Não há retirada da linha de falta, logo a matriz
admitância após o periodo de falta permanece igual à do periodo atencessor a falta. A resposta
dos ângulos do rotor é mostrada na figura 4.2.

Figura 4.2 – Ângulos dos rotores em valores absolutos para falta na barra 1 sem o
desligamento de linha com tempo de abertura em 2,4s.

Percebe-se que os ângulos 𝛿 dos geradores 1 e 2 variam senoidalmente, contudo


amortecidos devido as caracteristicas resistivas existentes na linha. Tal variação não caracteriza
uma perda de sincronismo, já que se mantém dentro dos limites de estabilidade.

Foram simulados tempos de abertura da falta até 2,5s (tempo máximo de simulação), quer
dizer, a falta se manteve por mais tempo, e respostas similares a da Figura 4.2 foram obtidas.
Pode-se dessa forma perceber que a situação em estudo não apresenta um tempo crítico de
abertura. Ou seja, do ponto de vista da estabilidade transitória, qualquer tempo de abertura da
54

proteção garante o sincronismo entre as máquinas do sistema, uma vez que não há uma
divergência entre os ângulos das máquinas.

4.3.2 Curto-circuito na barra 2 com o desligamento da linha 2 – 4

Para esta simulação, é considerado um curto-circuito trifásico próximo a barra 2 do


sistema. Essa falta ocorre em t = 1s e cessa em t = 1,1s. O defeito é eliminado com o
desligamento da linha de transmissão que interliga as barras 2 e 4. Logo, para este caso a matriz
de admitância no período pós-falta é diferente da matriz pré-falta. A resposta dos ângulos do
rotor é mostrada na figura 4.3.

Figura 4.3 – Ângulos dos rotores em valores absolutos para falta na barra 2 com o
desligamento da linha 2 – 4.

O comportamento da resposta da figura 4.3 se dá devido a abertura da linha de


transmissão 2 – 4. Ao analisar a figura 4.1 percebe-se que esta linha conecta o gerador 2 ao
sistema, portanto, no momento em que são abertos os disjuntores e essa linha é desligada, é
cortada a transmissão de potência elétrica deste gerador para o sistema. Como pode ser
observado na matriz abaixo, a condutância e susceptância associadas a barra 2 possuem valores
nulos, portanto, não haverá transferência de potência elétrica de acordo com a equação 3.8.
55

1,8949 − 5,7385i 0,0000 + 0,0000i 0,2761 + 4,0052i Eq.(4.1)


𝑌𝑝ó𝑠 = [0,0000 + 0,0000i 0,0000 + 0,0000i 0,0000 + 0,0000i]
0,2761 + 4,0052i 0,0000 + 0,0000i 0,2643 − 4,5972i

Entretanto, nesse caso não há perda de estabilidade angular, pois o ângulo é relativo as
máquinas sincronizadas ao sistema e como esta máquina não está mais conectada não se pode
falar em perda de estabilidade angular. Haverá a rejeição de potência da unidade geradora e ela
fechará a admissão. Não perdera a estabilidade.

4.3.3 Curto-circuito no meio da linha 1 – 6 com desligamento da


linha 1 – 6

Nesta situação, foi simulado um curto-circuito trifásico no meio da linha de transmissão


1 – 6. Essa falta ocorre em t = 1s e é eliminada em t = 1,1s e, em outro caso em t = 1,2s. O
defeito é eliminado com o desligamento da linha 1 – 6. A resposta dos ângulos do rotor é
mostrada nas figura 4.4 e 4.5.

Figura 4.4 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
no meio da linha 1 – 6 com o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1,1s.
56

Figura 4.5 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
no meio da linha 1 – 6 com o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1,2s.

Para a falta no meio da linha 1 – 6, o sistema permanece em sincronismo, transitóriamente


estável, para o tempo de abertura 1,1s de acordo com a Figura 4.4 e perde o sincronismo para
o tempo de abertura igual a 1,2s. Como definido anteriormente o tempo crítico de abertura se
situa entre os tempos nos quais é observada a estabilidade e instabilidade das máquinas. A
eliminação do defeito antes do tempo crítico leva a um sistema estável, e após o tempo crítico
a um sistema instável. Infere-se, portanto que o tempo critico de abertura para este sistema esta
situado entre 1,1 e 1,2s.

4.3.4 Curto-circuito no meio da linha 1 – 6 sem o desligamento da


linha 1 – 6

Neste cenário foi simulado um curto-circuito trifásico no meio da linha de transmissão 1


– 6. Essa falta ocorre em t = 1s e é eliminada em t = 1,1s no primeiro caso e em t = 1,2s no
segundo caso. O defeito desaparece e não há o desligamento da linha 1 – 6. A resposta dos
ângulos do rotor é mostrada nas figura 4.6 e 4.7.
57

Figura 4.6 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
no meio da linha 1 – 6 sem o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1,1s.

Figura 4.7 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
no meio da linha 1 – 6 sem o desligamento da linha 1 – 6. Tempo de abertura 1,2s.

Similar ao caso anterior em que há a abertura da linha 1 – 6, para a falta no meio da linha
1 – 6 sem a abertura da linha, o sistema permanece em sincronismo, transitóriamente estável,
para o tempo de abertura 1,1s de acordo com a Figura 4.6. Entretanto, perde o sincronismo para
58

o tempo de abertura igual a 1,2s. Conclui-se, portanto que o tempo crítico de abertura para este
sistema ainda se encontra entre 1,1 e 1,2s.

4.3.5 Resumo das simulações realizadas

Na tabela 4.5 são apresentados os tempos de abertura para todas as situações analisadas
considerando o sistema de potência da figura 4.1.

Tabela 4.5 – Tempos de abertura para diferentes cenários


Barra Linha Linha Tempo de Tempo Diferença das Resultado
de em removida abertura crítico de características de da análise
falta falta (s) abertura (s) ângulo
4 ----- 4–6 1,30 0,30 Anexo C.1 Estável
4 ----- 4–6 1,40 0,40 Anexo C.2 Instável
5 ----- 5–6 Não existe Não existe Anexo C.3 Estável
6 ----- 5–6 Não existe Não existe Anexo C.4 Estável
----- 1–4 1–4 1,40 0,40 Anexo C.5 Estável
----- 1–4 1–4 1,50 0,50 Anexo C.6 Instável
----- 4–6 4–6 2,10 1,10 Anexo C.7 Estável
----- 4–6 4–6 2,20 1,20 Anexo C.8 Instável
----- 1–5 1–5 Não existe Não existe Anexo C.9 Estável
----- 5–6 5–6 Não existe Não existe Anexo C.10 Estável

Sendo que a falta foi aplicada em 1,0s, o tempo crítico de abertura é determinado como a
diferença entre os tempos de abertura expostos na tabela 4.5 e o tempo da falta. Ex: 𝑇𝑐 = 1,3 −
1,0 = 0,3𝑠.

As faltas com tempo de abertura inexistentes demonstradas na tabela indicam que os


curtos foram mantidos por tempos relativamentes grandes e mesmo assim o sistema se manteve
estável. Pode-se dessa forma perceber que as situações em estudo não apresentam um tempo
crítico de abertura. Porém, deve-se ressaltar que apesar de não existir um tempo crítico de
abertura, a proteção deve ser acionada o mais rápido possível, de maneira a evitar danos aos
equipamentos conectados ao SEP em decorrência das altas correntes de curto-circuito que
circularão.

Nas simulações analisadas, o curto-circuito trifásico que ocorre em uma linha localizada
entre duas barras de carga (barras 4 e 6), apresenta o maior tempo crítico de abertura, ou seja,
59

a linha 4 – 6 possui um maior intervalo de tempo para ser desconectada do sistema sem que
haja a perda de sincronismo dos geradores síncronos.

Em comparação com os demais resultados apresentados nos itens 4.3, 4.4, 4.5, 4.6 e na
tabela 4.5, com exceção dos casos nos quais não há tempo crítico de abertura, o tempo de
abertura para essa situação é o maior. Isto ocorre, pois nos cenários analisados anteriormente o
curto-circuito trifásico ocorre próximo à uma barra de geração, pior situação para os casos de
estabilidade transitória, pois quanto mais próximo a falta está do gerador síncrono, menor será
o tempo para que o sistema de proteção atue isolando a falta sem que haja a perda de
sincronismo do mesmo.

4.4 Consequências da adição de um gerador ao sistema

Para realizar as simulações considerando a adição de um gerador, o sistema apresentado


na Figura 4.1 foi modificado. Essa modificação deu origem ao seguinte sistema da Figura 4.8
a seguir.

Fonte: Adaptado de (MISHRA e UMREDKAR, 2013)


Figura 4.8 – Sistema teste sete barras, três máquinas e barra infinita
60

Os dados deste novo sistema está conforme tabelas de 4.6 a 4.8 a seguir.

Tabela 4.6 – Dados de carga


Barra Carga (MW) Carga (Mvar)
1 0 0
2 0 0
3 0 0
4 100 70
5 90 30
6 160 110
7 0 0
Fonte: Adaptado de (MISHRA e UMREDKAR, 2013)

Tabela 4.7 – Dados de linha incluindo os transformadores

De Barra Para Barra R (p.u) X (p.u) B/2 (p.u)


1 4 0,035 0,225 0,0065
1 5 0,025 0,105 0,0045
1 6 0,400 0,215 0,0055
2 4 0,000 0,035 0,0000
3 5 0,000 0,042 0,0000
4 6 0,028 0,125 0,0035
5 6 0,026 0,175 0,0300
6 7 0,000 0,050 0,0000
Fonte: Adaptado de (MISHRA e UMREDKAR, 2013)

Tabela 4.8 – Dados de gerador


Barra Magnitude da Geração (MW) Impedância H
tensão (p.u) transitória (p.u) (MW.s/MVA)
1 1,06 --- --- ---
2 1,04 150 0,15 10,0
3 1,03 100 0,10 5,0
7 1,02 100 0,10 7,5
Fonte: Adaptado de (MISHRA e UMREDKAR, 2013)
61

A partir daí o programa NR6BARRAS desenvolvido em MATLAB e apresentado no


ANEXO B, realiza o cálculo do fluxo de carga, gerando os dados apresentados na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Resultados do fluxo de carga


Barra Tensão Geração Carga
Tipo Módulo Ângulo Ativo Reativo Ativo Reativo
(p.u) (graus) (p.u) (p.u) (p.u) (p.u)
1 𝑉𝜃 1,0600 0,0000 0,0160 0,6246 0,0000 0,0000
2 𝑃𝑉 1,0400 4,5037 1,5000 0,7522 0,0000 0,0000
3 𝑃𝑉 1,0300 2,4156 1,0000 0,1903 0,0000 0,0000
4 𝑃𝑄 1,0159 1,6556 0,0000 0,0000 -1,0000 -0,7000
5 𝑃𝑄 1,0231 0,1313 0,0000 0,0000 -0,9000 -0,3000
6 𝑃𝑄 0,9857 -0,6810 0,0000 0,0000 -1,6000 -1,1000
7 PV 1,0200 2,1695 1,0000 0,7240 0,0000 0,0000

Com base nos resultados do fluxo de carga se torna possível realizar a análise de
estabilidade representada pelo algoritmo no Anexo A. Para tanto foram consideradas
simulações para os mesmos tipos de falta apresentados na seção anterior.

As simulações realizadas apresentaram os seguintes resultados:

Tabela 4.10 – Tempos de abertura para diferentes cenários


Barra Linha em Linha Tempo de Diferença das características Resultado
de falta falta removida abertura (s) de ângulo da análise

4 ----- 4–6 1,30 Anexo C.11 Estável


4 ----- 4–6 1,40 Anexo C.12 Instável
5 ----- 5–6 1,40 Anexo C.13 Estável
5 ----- 5–6 1,50 Anexo C.14 Instável
7 ----- 6–7 Não existe Anexo C.15 Estável
----- 1–4 1–4 1,30 Anexo C.16 Estável
----- 1–4 1–4 1,40 Anexo C.17 Instável
----- 4–6 4–6 Não existe Anexo C.18 Estável
----- 1–5 1–5 1,40 Anexo C.19 Estável
----- 1–5 1–5 1,50 Anexo C.20 Instável
----- 5–6 5–6 Não existe Anexo C.21 Estável

Tal qual pode ser observado nas tabelas 4.5 e 4.10 ao se adicionar uma máquina síncrona
ao sistema, em casos como os curtos-circuitos na barra 5, no meio das linha 1 – 4 e no meio
da linha 1 – 5, houve uma redução no tempo crítico de abertura. O tempo crítico para a linha 1
– 4 que antes se situava entre 1,4s e 1,5s passou a ser entre 1,3s e 1,4s, enquanto da barra 5 e
62

da linha 1 – 5 que eram inexistentes, ou seja, para qualquer tempo de eliminação da falta o
sistema continuava em sincronismo , passaram a ser situados entre 1,4s e 1,5s e 1,4s e 1,5s
respectivamente.

Conforme uma falta se aproxima da barra dos geradores, as potências elétrica e mecânica
passam a ser mais distintas, pois vai se diminuindo a transferência de potência elétrica, já que
a impedância equivalente vista da barra também diminui. Essa diferença entre as potências
mecânica e elétrica acarreta em uma aceleração do rotor. Sendo que essa aceleração ocorre
durante o intervalo em que a falta está sendo aplicada, se esse efeito for mantido
indefinidamente, após um determinado tempo (conhecido como tempo crítico) o gerador não
conseguirá mais retornar a um ponto de equilibrio entre potência elétrica e mecânica,
independente da situação de carregamento em que é submetido, e continuará acelerando até que
perca o sincronismo. Em vista disso, quanto maior a diferença entre as potências elétrica e
mecânica, menor o tempo crítico de abertura, portanto faltas próximas aos geradores são as que
possuem o menor tempo de abertura. Isto esclarece a redução dos tempos de abertura das linhas
1 – 4 e 1 – 5.

Contudo, pode ser constatado que também houveram aumentos nos tempos críticos de
abertura, como no cenário do curto no meio das linhas 4 – 6. Isso ocorre em razão do aumento
da inércia equivalente do sistema devido a adição da nova máquina síncrona. Com uma maior
inércia o sistema demora mais para acelerar e consequentemente há o aumento no tempo crítico
de abertura.
Capítulo 5 – Conclusões

Neste trabalho foram discutidos inicialmente, o problema de estabilidade e suas


classificações. O tema em questão foi determinado amplo e complexo, sendo assim foi limitado
ao estudo de estabilidade transitória. Desta forma foram apresentados os modelos e métodos
matemáticos para análise de estabilidade transitória em sistemas elétricos de potência. Foram
abordados e comparados os métodos de Euler, Heun e Runge-Kutta de quarta ordem. Foi visto
que o método de Runge-Kutta de quarta ordem exigia soluções exaustivas de equações
diferenciais, entretanto se demonstrou o mais adequado, pois apresentava resultados mais
precisos para intervalos de integração (h) maiores.

Com a consolidação do conhecimento do problema, dos modelos e dos métodos


numéricos foi formulada uma estruturação e apresentado um fluxograma expondo o
funcionamento do algoritmo utilizado para a análise de estabilidade transitória. Neste programa
é implementada a forma da análise por meio de um esquema de resolução simultânea de
equações algébricas e diferenciais que representam os devidos sistemas elétricos a serem
analisados, pois conforme o período analisado (pré-falta, durante a falta e após a falta) há
mudanças nas características do sistema.

A partir do programa elaborado, realizaram-se estudos de caso apresentando resultados e


simulações para diferentes cenários de falta. Essas análises permitiram determinar se o sistema
era estável ou instável e também determinar o tempo crítico de abertura para uma falta trifásica.
Foi determinado que o problema mais crítico de estabilidade é quando a falta está próxima a
barra do gerador. Também foram verificadas as consequências da inserção de um novo gerador
ao sistema, sendo possível concluir que para alguns cenários o tempo crítico de eliminação da
falta cresce, já que a inércia do sistema é aumentada e para outros cenários ele diminui, pois, a
falta fica próxima ao novo gerador adicionado.

63
64

5.1 Trabalhos futuros

O presente trabalho abre perspectivas de investigação e desenvolvimento, quer de alguns


assuntos nela abordados, quer em temas com ela relacionados. Nos pontos seguintes
apresentam-se alguns tópicos considerados interessantes para trabalhos futuros.

Uma linha de estudo que poderá dar sequência neste trabalho, será a análise de
estabilidade transitória preservando a rede de transmissão, sem reduzi-la aos barramentos
internos dos geradores. Isto possibilitará a análise das variações das tensões nas barras.

Outra sugestão é considerar outros tipos de falta como: monofásica-terra, bifásica e


bifásica-terra e comparar com os estudos apresentados.

Também será interessante a utilização de outros métodos numéricos na solução do


problema de estabilidade em sistemas amplamente conhecidos na literatura, como os sistemas
IEEE 9,14,16 e 30 barras. Dessa forma poder-se-á verificar de maneira mais significativa a
vulnerabilidade desses métodos.

Neste trabalho foi utilizado o modelo clássico para a representação da máquina síncrona.
Uma análise interessante e que pode ser futuramente abordada é a relação custo x benefício de
se detalhar melhor essa máquina, pois segundo SILVA (2009), alguns autores consideram que
a representação do fluxo no enrolamento do campo proporciona uma melhor avaliação do
fenômeno de estabilidade.
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Inserção de Fontes Renováveis, Maio 2014. Dissertação de mestrado apresentado a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Anexos

Anexo A

ALGORITMO PARA ANÁLISE DE ESTABILIDADE TRANSITÓRIA

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% GUILHERME AUGUSTO MORELLO CAGNINI %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% FOZ DO IGUAÇU - PR %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%% MÉTODO PARA A SOLUÇÃO DE EQUAÇÕES NÃO LINEARES %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% RUNGE KUTTA %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

NR6BARRAS % DETERMINA O FLUXO DE POTÊNCIA, TENSÕES E ÂNGULOS NAS BARRAS


[Vmod] = calcE(V,Pk,Qk,Thetait,dB,dG,nbarras); % CALCULA AS FEMs DOS GERADORES
[Ybarra] = montaYE(dL,dS,dB,dG,nlinhas,nshunts,nbarras,ntrafos,dT,ngeradores);% MONTA
A MATRIZ YBARRA DO SISTEMA
[Ybarra] = addCarga(Ybarra,Pk,Qk,V,Thetait,dB,nbarras); % ADICIONA AS CARGAS COMO UMA
ADMITÂNCIA SHUNT AS BARRAS DO SISTEMA
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% MATRIZ PRÉ - FALTA %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
Ypre=Ybarra;
Ypre=ReduzMatriz(Ypre,dB(:,2));
Gant=real(Ypre);
Bant=imag(Ypre);

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% MATRIZ DURANTE A FALTA %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

%%% FALTA NA BARRA


Ydur=Ybarra;
%Ydur=FALTA_NA_BARRA(Ydur,1,dB(:,2));

%%% FALTA NA LINHA


Ydur=FaltaLinha(Ydur,1,4,dL,0.9,dB(:,2));% A função informa a linha que ocorreu a
% falta no segundo e terceiro parâmetro
% e a porcentagem da linha em que essa
% falta ocorreu, sendo que essa porcentagem
% varia de bd (barra de) para bp (barra para)
% (Ex: 0.4 indica que ocorreu em 40% da LT em
% relação a bd e 60% em relação a bp).

Gdur=real(Ydur);
Bdur=imag(Ydur);

69
70

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% MATRIZ PÓS - FALTA %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


Ypos=Ybarra;
Ypos=RemoveLinha(Ypos,12,13,dB(:,2),dS,1);
Gpos=real(Ypos);
Bpos=imag(Ypos);

for i = nbarras:-1:1 % Seleciona as tensões das barras PV e Vtheta


if (dB(i,2)~=2)&&(dB(i,2)~=1) % para posteriormente aplicar no runge kutta
Vmod(i) = [];
end
end
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% CONDIÇÕES INICIAIS %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
Theta = angle(Vmod)'; % Ângulos da F.e.m dos geradores
Vmod = abs(Vmod)'; % Módulo da F.e.m dos geradores
Pm1 = 1.50; % Potência Mecânica do gerador 1
Pm2 = 1.00; % Potência Mecânica do gerador 2
M1 = pi*60/dG(1,5); % Constante de inércia do gerador 1
M2 = pi*60/dG(2,5); % Constante de inércia do gerador 2
delta1 = [];
delta2 = [];
t = [];
omega1 = [];
omega2 = [];
h = 1/400; % Passo de integração
tcr = 0.2; % Tempo crítico de abertura da falta
delta1(1) = Theta(1);
delta2(1) = Theta(2);
omega1(1) = 0;
omega2(1) = 0;
t(1) = 0;
for n=1:1000
if t <= 1.0
k1=h*[omega1(n);
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gant(1,:).*cos(delta1(n)-Theta) +
Bant(1,:).*sin(delta1(n)-Theta))));
omega2(n);
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gant(2,:).*cos(delta2(n)-Theta) +
Bant(2,:).*sin(delta2(n)-Theta))))];
k2=h*[omega1(n) + k1(2,1)/2;
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gant(1,:).*cos(delta1(n)+k1(1,1)/2-Theta) +
Bant(1,:).*sin(delta1(n)+k1(1,1)/2-Theta))));
omega2(n) + k1(4,1)/2;
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gant(2,:).*cos(delta2(n)+k1(3,1)/2-Theta) +
Bant(2,:).*sin(delta2(n)+k1(3,1)/2-Theta))));];
k3=h*[omega1(n) + k2(2,1)/2;
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gant(1,:).*cos(delta1(n)+k2(1,1)/2-Theta) +
Bant(1,:).*sin(delta1(n)+k2(1,1)/2-Theta))));
omega2(n) + k2(4,1)/2;
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gant(2,:).*cos(delta2(n)+k2(3,1)/2-Theta) +
Bant(2,:).*sin(delta2(n)+k2(3,1)/2-Theta))));];
k4=h*[omega1(n) + k3(2,1);
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gant(1,:).*cos(delta1(n)+k3(1,1)-Theta) +
Bant(1,:).*sin(delta1(n)+k3(1,1)-Theta))));
omega2(n) + k3(4,1);
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gant(2,:).*cos(delta2(n)+k3(3,1)-Theta) +
Bant(2,:).*sin(delta2(n)+k3(3,1)-Theta))));];
71

delta1(n+1) = delta1(n) + 1/6*(k1(1,1)+2*k2(1,1)+2*k3(1,1)+k4(1,1));


omega1(n+1) = omega1(n) + 1/6*(k1(2,1)+2*k2(2,1)+2*k3(2,1)+k4(2,1));
delta2(n+1) = delta2(n) + 1/6*(k1(3,1)+2*k2(3,1)+2*k3(3,1)+k4(3,1));
omega2(n+1) = omega2(n) + 1/6*(k1(4,1)+2*k2(4,1)+2*k3(4,1)+k4(4,1));

t(n+1) = t(n) + h;
end
if t(n) > 1.0 && t(n) <= 1.0 + tcr
k1=h*[omega1(n);
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gdur(1,:).*cos(delta1(n)-Theta) +
Bdur(1,:).*sin(delta1(n)-Theta))));
omega2(n);
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gdur(2,:).*cos(delta2(n)-Theta) +
Bdur(2,:).*sin(delta2(n)-Theta))))];
k2=h*[omega1(n) + k1(2,1)/2;
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gdur(1,:).*cos(delta1(n)+k1(1,1)/2-Theta) +
Bdur(1,:).*sin(delta1(n)+k1(1,1)/2-Theta))));
omega2(n) + k1(4,1)/2;
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gdur(2,:).*cos(delta2(n)+k1(3,1)/2-Theta) +
Bdur(2,:).*sin(delta2(n)+k1(3,1)/2-Theta))));];
k3=h*[omega1(n) + k2(2,1)/2;
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gdur(1,:).*cos(delta1(n)+k2(1,1)/2-Theta) +
Bdur(1,:).*sin(delta1(n)+k2(1,1)/2-Theta))));
omega2(n) + k2(4,1)/2;
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gdur(2,:).*cos(delta2(n)+k2(3,1)/2-Theta) +
Bdur(2,:).*sin(delta2(n)+k2(3,1)/2-Theta))));];
k4=h*[omega1(n) + k3(2,1);
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gdur(1,:).*cos(delta1(n)+k3(1,1)-Theta) +
Bdur(1,:).*sin(delta1(n)+k3(1,1)-Theta))));
omega2(n) + k3(4,1);
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gdur(2,:).*cos(delta2(n)+k3(3,1)-Theta) +
Bdur(2,:).*sin(delta2(n)+k3(3,1)-Theta))));];

delta1(n+1) = delta1(n) + 1/6*(k1(1,1)+2*k2(1,1)+2*k3(1,1)+k4(1,1));


omega1(n+1) = omega1(n) + 1/6*(k1(2,1)+2*k2(2,1)+2*k3(2,1)+k4(2,1));
delta2(n+1) = delta2(n) + 1/6*(k1(3,1)+2*k2(3,1)+2*k3(3,1)+k4(3,1));
omega2(n+1) = omega2(n) + 1/6*(k1(4,1)+2*k2(4,1)+2*k3(4,1)+k4(4,1));

t(n+1) = t(n) + h;
end;
if t(n) > 1.0 + tcr
k1=h*[omega1(n);
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gpos(1,:).*cos(delta1(n)-Theta) +
Bpos(1,:).*sin(delta1(n)-Theta))));
omega2(n);
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gpos(2,:).*cos(delta2(n)-Theta) +
Bpos(2,:).*sin(delta2(n)-Theta))))];
k2=h*[omega1(n) + k1(2,1)/2;
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gpos(1,:).*cos(delta1(n)+k1(1,1)/2-Theta) +
Bpos(1,:).*sin(delta1(n)+k1(1,1)/2-Theta))));
omega2(n) + k1(4,1)/2;
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gpos(2,:).*cos(delta2(n)+k1(3,1)/2-Theta) +
Bpos(2,:).*sin(delta2(n)+k1(3,1)/2-Theta))));];
k3=h*[omega1(n) + k2(2,1)/2;
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gpos(1,:).*cos(delta1(n)+k2(1,1)/2-Theta) +
Bpos(1,:).*sin(delta1(n)+k2(1,1)/2-Theta))));
omega2(n) + k2(4,1)/2;
72

M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gpos(2,:).*cos(delta2(n)+k2(3,1)/2-Theta) +
Bpos(2,:).*sin(delta2(n)+k2(3,1)/2-Theta))));];
k4=h*[omega1(n) + k3(2,1);
M1*(Pm1 - Vmod(1)*sum(Vmod.*(Gpos(1,:).*cos(delta1(n)+k3(1,1)-Theta) +
Bpos(1,:).*sin(delta1(n)+k3(1,1)-Theta))));
omega2(n) + k3(4,1);
M2*(Pm2 - Vmod(2)*sum(Vmod.*(Gpos(2,:).*cos(delta2(n)+k3(3,1)-Theta) +
Bpos(2,:).*sin(delta2(n)+k3(3,1)-Theta))));];

delta1(n+1) = delta1(n) + 1/6*(k1(1,1)+2*k2(1,1)+2*k3(1,1)+k4(1,1));


omega1(n+1) = omega1(n) + 1/6*(k1(2,1)+2*k2(2,1)+2*k3(2,1)+k4(2,1));
delta2(n+1) = delta2(n) + 1/6*(k1(3,1)+2*k2(3,1)+2*k3(3,1)+k4(3,1));
omega2(n+1) = omega2(n) + 1/6*(k1(4,1)+2*k2(4,1)+2*k3(4,1)+k4(4,1));

t(n+1) = t(n) + h;
end;
Theta(1) = delta1(n+1);
Theta(2) = delta2(n+1);
end
delta12 = (delta1 - delta2)*180/pi;
delta1=delta1*180/pi;
delta2=delta2*180/pi;
figure(2)
plot(t,delta1,'b',t,delta2,'r','LineWidth',2);
73

ANEXO B

ALGORITMO PARA O FLUXO DE CARGA

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% GUILHERME AUGUSTO MORELLO CAGNINI %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% FOZ DO IGUAÇU - PR %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%% MÉTODO PARA A SOLUÇÃO DO FLUXO DE CARGA %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% NEWTON-RAPHSON %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Grupos Base de Tensão %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


% Grupos | Tensão Base
gV=[1 15;
2 345];

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Dados de linha %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


% Barra De | Barra Para | R1 | X1 | CIRCUITO
dL=[1 4 0.0035 0.2250 1;
1 5 0.0025 0.1050 1;
1 6 0.4000 0.2150 1;
2 4 0.0000 0.0350 1;
3 5 0.0000 0.0420 1;
4 6 0.0280 0.1250 1;
5 6 0.0026 0.1750 1;];
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Dados de elementos shunt %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Barra | G1 | B1 | CIRCUITO
dS=[1 0.0000 0.0065 1;
1 0.0000 0.0045 1;
1 0.0000 0.0055 1;
2 0.0000 0.0000 1;
3 0.0000 0.0000 1;
4 0.0000 0.0035 1;
4 0.0000 0.0065 2;
4 0.0000 0.0000 1;
5 0.0000 0.0030 1;
5 0.0000 0.0045 1;
5 0.0000 0.0000 1;
6 0.0000 0.0055 1;
6 0.0000 0.0035 1;
6 0.0000 0.0300 1;];
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Dados de barra %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% 1 - Barra de Referência | V | Theta
% 2 - Barra de Geração | P | V
% 3 - Barra de Carga | P | Q
% Barra | Tipo de Barra | P ou V | V, Q ou Theta | Grupo Base de Tensão | Número de
geradores
dB=[1 1 1.06 0 1 1;
2 2 1.50 1.04 1 1;
3 2 1.00 1.03 1 1;
4 3 -1.00 -0.70 1 0;
5 3 -0.90 -0.30 1 0;
6 3 -1.60 -1.10 1 0;]
74

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Dados de transformadores %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

dT=[];

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Dados de geradores %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

% Barra do gerador | R1 | X1 | Sg | H
dG=[2 0.0000 0.15 100 10;
3 0.0000 0.10 100 5;];
Sb = 100;

[dG] = mudaBase(dG,Sb);

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Dados de entrada do fluxo de carga (NR) %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

FatCarga = 1.00; % Fator de Carregamento


nbarras = max(dB(:,1)); % Guarda o número de barras
nlinhas = size(dL,1); % Guarda o número de linhas
ntrafos = size(dT,1); % Guarda o número de trafos
nshunts = size(dS,1); % Guarda o número de shunt
ngrupos = size(gV,1); % Grupos base de tensão
ngeradores = size(dG,1); % Guarda o número de geradores
erromax = 1e-12; % Erro máximo do método

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Aplica o fator de carregamento %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 3
dB(i,3) = FatCarga*dB(i,3);
dB(i,4) = FatCarga*dB(i,4);
end
end

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Identifica barras VTheta, PV e PQ %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


% Barras VTheta
bVT = zeros(1,nbarras);
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 1
bVT(i) = dB(i,1);
Ref = i;
end
end
% Barras PV
bPV = zeros(1,nbarras);
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 2
bPV(i) = dB(i,1);
end
end
% Barras PQ
bPQ = zeros(1,nbarras);
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 3
bPQ(i) = dB(i,1);
end
end
bP = bPV + bPQ;
75

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Determina o número de barras PV e PQ %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%


% Número de barras PV
NPV = 0;
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 2
NPV = NPV + 1;
end
end
% Número de barras PQ
NPQ = 0;
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 3
NPQ = NPQ + 1;
end
end

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Definição do vetor de tensões iniciais %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

% Define como 1 pu as tensões nas barras de carga


v0 = zeros(nbarras,1);
for i = 1:nbarras
if dB(i,2) == 3
v0(i) = 1.0;
end
end
% Montando o vetor de tensões
V = zeros(1,nbarras);
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 1
V(i) = dB(i,3);
else
if dB(i,2) == 2
V(i) = dB(i,4);
else
if dB(i,2) == 3
V(i) = v0(i);
end
end
end
end

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Definição do vetor das potências especificadas %%%%%%%%%%%%%%%%%%

% Potências ativas
Pesp = zeros(nbarras,1);
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 2 || dB(i,2) == 3
Pesp(i) = dB(i,3);
end
end
% Potências reativas
Qesp = zeros(nbarras,1);
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 3
Qesp(i) = dB(i,4);
76

end
end

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Fluxo de carga pelo método de Newton-Raphson %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

[Y,Blinha,G,B] = montamatrizes(dL,dS,nlinhas,nshunts,nbarras,ntrafos,dT);
% Monta as matrizes Ybus, B', G e B
[Theta,Theta0,Pp,Pnew] = fluxoCCperdas(Ref,nbarras,dB,FatCarga,G,Blinha); % Define
os thetas iniciais a partir do fluxo CC com perdas
Thetait = Theta0'; % Vetor dos thetas iniciais
[Pk,Qk] = calcPkQk(nbarras,G,B,bPV, bPQ, V, Thetait); % Pk e Qk calculados
Px = Pesp - Pk; % Diferença entre as potências ativas calculadas e especificadas
Qx = Qesp - Qk; % Diferença entre as potências reativas calculadas e as especificadas
for i = nbarras:-1:1
if dB(i,2) ~= 2 && dB(i,2) ~= 3
Px([i],:) = [];
end
end
for i = nbarras:-1:1
if dB(i,2) ~= 3
Qx([i],:) = [];
end
end
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% Aplicação do método de NR %%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
gx = [Px;Qx];
for it = 0:1000000
if max(abs(gx))>erromax
J = calcJ(nbarras,G,B,Pk,Qk,NPV,NPQ,bPV,bPQ,V,Thetait); calcula a Jacobiana
dx = -inv(J)*gx;

auxA = 0;
for i = 1:nbarras
if dB(i,2) == 2 || dB(i,2) == 3
Thetait(i) = Thetait(i) + dx(i - auxA);
else
Thetait(i) = dB(i,4);
auxA = auxA + 1;
end
end

auxV = 0;
for i = (1:nbarras)
if dB(i,2) == 1
V(i) = dB(i,3);
auxV = auxV + 1;
else
if dB(i,2) == 2
V(i) = dB(i,4);
auxV = auxV + 1;
else
if dB(i,2) == 3
V(i) = V(i) + dx(nbarras - 1 + i - auxV);
end
end
end
77

end

[Pk,Qk] = calcPkQk(nbarras,G,B,bPV, bPQ, V, Thetait);

Px = Pesp - Pk;
Qx = Qesp - Qk;

for i = nbarras:-1:1
if dB(i,2) ~= 2 && dB(i,2) ~= 3
Px([i],:) = [];
end
end
for i = nbarras:-1:1
if dB(i,2) ~= 3
Qx([i],:) = [];
end
end
gx = [Px;Qx];
else
break;
end
end
J = calcJ(nbarras,G,B,Pk,Qk,NPV,NPQ,bPV,bPQ,V,Thetait);

if it==1500
disp('Divergiu');
end
if it<1500
VKV = zeros(1,nbarras);
for i = 1:nbarras
for k = 1:ngrupos
if dB(i,5) == gV(k,1)
VKV(i) = V(i)*gV(k,2);
end
end
end
[Pk,Qk] = calcPkQkcomp(nbarras,G,B,bPV,bPQ,V,Thetait);
Thetag = Thetait*180/pi;
end
78

ANEXO C

Anexo C.1 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na barra 4 com o desligamento da linha 4 – 6. Tempo de abertura 1,30s.

Anexo C.2 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na barra 4 com o desligamento da linha 4 – 6. Tempo de abertura 1,40s.
79

Anexo C.3 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na barra 5 com o desligamento da linha 5 – 6. Tempo de abertura 2,4s.

Anexo C.4 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na barra 6 com o desligamento da linha 5 – 6. Tempo de abertura 2,4s.
80

Anexo C.5 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na linha 1 – 4 com o desligamento da linha 1 – 4. Tempo de abertura 1,40s.

Anexo C.6 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na linha 1 – 4 com o desligamento da linha 1 – 4. Tempo de abertura 1,50s.
81

Anexo C.7 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na linha 4 – 6 com o desligamento da linha 4 – 6. Tempo de abertura 2,10s.

Anexo C.8 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na linha 4 – 6 com o desligamento da linha 4 – 6. Tempo de abertura 2,2s.
82

Anexo C.9 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para falta
na linha 1 – 5 com o desligamento da linha 1 – 5. Tempo de abertura 2,4s.

Anexo C.10 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na linha 5 – 6 com o desligamento da linha 5 – 6. Tempo de abertura 2,4s.
83

Anexo C.11 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na barra 4 com o desligamento da linha 4 – 6. Tempo de abertura 1,30s.

Anexo C.12 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na barra 4 com o desligamento da linha 4 – 6. Tempo de abertura 1,40s.
84

Anexo C.13 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na barra 5 com o desligamento da linha 5 – 6. Tempo de abertura 1,40s.

Anexo C.14 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na barra 5 com o desligamento da linha 5 – 6. Tempo de abertura 1,50s.
85

Anexo C.15 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na barra 7 com o desligamento da linha 6 – 7. Tempo de abertura 1,10s.

Anexo C.16 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na linha 1 – 4 com o desligamento da linha 1 – 4. Tempo de abertura 1,30s.
86

Anexo C.17 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na linha 1 – 4 com o desligamento da linha 1 – 4. Tempo de abertura 1,40s.

Anexo C.18 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na linha 4 – 6 com o desligamento da linha 4 – 6. Tempo de abertura 2,4s.
87

Anexo C.19 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na linha 1 – 5 com o desligamento da linha 1 – 5. Tempo de abertura 1,40s.

Anexo C.20 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na linha 1 – 5 com o desligamento da linha 1 – 5. Tempo de abertura 1,50s.
88

Anexo C.21 – Ângulos dos rotores em valores absolutos e diferença entre os ângulos para
falta na linha 5 – 6 com o desligamento da linha 5 – 6. Tempo de abertura 2,4s.
89

Anexo D
Método de Newton-Raphson

Conforme (MIRANDA, 2018), o método de Newton Raphson baseia-se diretamente no


desenvolvimento em série de Taylor da função em torno de um ponto nas proximidades de uma
raiz:

𝑓(𝑥𝑖+1 ) = 𝑓(𝑥𝑖 ) + 𝑓 ′ (𝑥𝑖 )(𝑥𝑖+1 − 𝑥𝑖 ) + ... Eq.(1)

Impondo a condição 𝑓(𝑥𝑖+1 ) = 0, e desprezando os termos de ordem superior a primeira,


obtém-se:

𝑓(𝑥𝑖 )
𝑥𝑖+1 = 𝑥𝑖 − Eq.(2)
𝑓 ′ (𝑥𝑖 )

A expressão anterior pode então ser utilizada de forma recursiva para, a partir de uma
estimativa inicial do valor da raiz, obter aproximações sucessivamente melhores do seu valor.

Resumidamente, o método de Newton-Raphson é um esquema usado para se obter a


solução numérica de uma equação na forma 𝑓(𝑥) = 0, em que 𝑓(𝑥) é contínua e diferençável
e sua equação possui uma solução próxima a um ponto (𝑥0 ) dado (ESTEPHAN, 2013),
conforme Anexo D.1

Fonte: (ESTEPHAN, 2013)


Anexo D.1 – Escolha dos pontos para aplicação do método de Newton-Raphson.
90

O processo de solução começa com a escolha de um ponto 𝑥0 como primeira aproximação


da solução. A segunda estimativa 𝑥1 é obtida pela interseção do eixo x com a reta tangente à
𝑓(𝑥) no ponto (𝑥0 , 𝑓(𝑥0 )). A estimativa 𝑥2 seguinte é a intersecção do eixo x com a reta
tangente à 𝑓(𝑥) no ponto (𝑥1 , 𝑓(𝑥1 )) (ESTEPHAN, 2013), conforme Anexo D.2.

Fonte: Adaptado de (ESTEPHAN, 2013)


Anexo D.2 – Método de Newton-Raphson

O Anexo D.2 representa a aplicação da Equação 2 e o critério de parada é dado por


|𝑓(𝑥̅ )| < 𝜀.

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