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ALEXIS DE TOCQUEVILLE
IGUALDADE E LIBERDADE NA DEMOCRACIA DA AMÉRICA
Maceió – AL
2020
EVANILSON KLEVERSON DA SILVA MELO
MANOEL MAX DA SILVA CORREIA
ALEXIS DE TOCQUEVILLE
IGUALDADE E LIBERDADE NA DEMOCRACIA DA AMÉRICA
Maceió – AL
2020
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Resumo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2 DEMOCRACIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4 DEMOCRACIA E LIBERDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4.5 Das duas classes que estão submetidas a tirania da maioria nos
Estados Unidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 27
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1 INTRODUÇÃO
1. DEMOCRACIA
Nos Estados Unidos, não houve reinado e nem aristocracia, pois era colônia e
não possuía escassez de terras. O que se torna um fator crucial para a formação
dos modelos democráticos idealizados na França. Além disso, o grande diferencial
dos norte-americanos para os outros países se deve a sua cultura religiosa puritana,
bem como ao catolicismo e ao imenso esclarecimento da população, principalmente
as situadas na Nova Inglaterra.
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Por ter conquistado sua independência por suas próprias forças, ademais, os
americanos conseguiram criar a noção de responsabilidade civil na imensa maioria
dos cidadãos dos Estados, pois, acreditavam que o que estava se formando
derivava de seus esforços e trabalhos. Essa responsabilidade se tornou de suma
importância para a construção de novas leis e para a atribuição de direitos de modo
igual, além da criação de uma enorme vontade política, pois os rumos do Estado,
bem como sua independência, dependiam e decorreram da ação de todos.
A democracia nasce, dessa forma, nos Estados Unidos, por meio de uma
ampla contribuição popular na sua formação e na sua estrutura. Não dependendo de
líderes supremos, pois não concordavam que depois de se tornarem livres deveriam
se sujeitar ao ímpeto de um líder soberano, tendo conhecimento de suas
consequências negativas na Europa. E não dependendo de líderes religiosos no
poder, pois sabiam limitar seu campo de atuação para a moral. Ou seja, de um povo
esclarecido, uma democracia esclarecida e resistente aos vícios se inicia na
América.
Na América, o povo nomeia aquele que faz a lei e aquele que a executa; ele
mesmo constitui o júri que pune as infrações à lei. Não apenas as instituições
são democráticas em seu princípio, mas também em todos os seus
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Como bem ressalta o autor, por mais que a população americana não
detivesse, em sua totalidade, aparatos científicos sobre o Direito ou sobre uma
política legislativa, nada a impedia de participar na criação das leis que guiariam o
seu país, como também, não encontram limites para a sua manifestação de vontade
perante seus representantes, sendo esses, desse modo, aplicadores da vontade
social, e não apenas seus líderes. Todas as decisões que fossem contrárias ao
interesse do povo, irão, por consequência, carecer de legitimidade e potencialmente
a própria sociedade derrubaria o representante de seu cargo.
um líder representante da população pobre, e ele mesmo pobre, seu interesse será
de gastar as finanças públicas sem medo que isso lhe afete, pois enxerga nisso um
ato de utilidade. Já uma pessoa rica, ao chegar no poder, trabalha com cautela,
pondera os seus ganhos e as suas perdas e toma decisões com medo de que seus
bens sejam atingidos.
patriotismo com um ato de poder que, no entanto, após sua conquista, rapidamente
desaparece.
Não obstante, ele enxerga um outro tipo de amor, dessa vez um amor
racional à pátria, no entanto, mais duradouro. Esse patriotismo racional decorreria,
por assim, da relação entre o cidadão e a lei, na interação entre vontades e direitos
que se confundem e que, desse modo, acontece quando o cidadão está em acordo
com o interesse do país e está satisfeito com suas leis, pois elas contribuem para o
seu bem-estar. Essa pessoa, acreditando ser bom desejar, desse modo, a
prosperidade do país, realiza suas funções políticas com responsabilidade e amor,
supondo, posteriormente, que a prosperidade do país será seu fruto, bem como seu
bem-estar.
Para Tocqueville, a ideia de direitos aos povos nasce não de uma obrigação
imposta violentamente, mas de uma sucessão de meios dos quais eles se
identifiquem e utilizem os mesmos como princípios de manutenção e de
reivindicação. O direito político, exemplificando, tornar-se-á um dos mais
importantes, uma vez que o exercício do mesmo contribui não só na construção da
sociedade, como também na relação social que existirá dentro dessas mediações.
Vemos como isso funciona com as crianças, que são homens, ressalvadas a
força e a experiência. Quando a criança começa a se mexer no meio dos
objetos externos, o instinto leva-a naturalmente a dispor de tudo o que
encontra à sua mão; ela não tem a idéia da propriedade dos outros, nem
mesmo a da existência; porém, à medida que aprende o valor das coisas e
que descobre que, por sua vez, pode ser despojada das suas, toma-se mais
circunspecta e acaba respeitando em seus semelhantes o que deseja que
respeitem nela. (Tocqueville, 2005, p.278)
de cada pessoa se torna incerto, não existe mais estagnação social e não existe
riqueza hereditária. E, desse modo, a preocupação social se volta para a
consolidação do seu bem-estar.
Uma das cidades norte-americanas que mais lhe chamaram a atenção foi a
Nova Inglaterra, segundo Tocqueville, nela as pessoas estão tão próximas dos
assuntos públicos que elas mesmas se sentem parte dos rumos da cidade e
reconhecem a importância de suas opiniões para a fomentação dos avanços
públicos.
No sul do país, por outro lado, predomina a religião católica, mas não menos
diferente, ela incute as mesmas pretensões que na religião cristã puritana,
ressalvadas as pretensões materiais de acúmulo de riquezas, e longe do que se
temia na Europa, que a igreja católica incorresse em risco para a democracia, na
América, ela consegue se manter cuidadosamente distante do poder político,
exercendo sua influência apenas sobre a moral social.
3. DEMOCRACIA E LIBERDADE
Há pessoas que não temeram dizer que um povo, nos objetos que só
interessavam a ele mesmo, não podia sair inteiramente dos limites da justiça
e da razão e que, assim, não se devia temer dar todo o poder à maioria que o
representa. Mas é, esta, uma linguagem de escravos. (Tocqueville, 2005,
p.294)
Considera ainda que, aquele que se coloca contra a vontade da maioria, que
tudo pode, fica sujeito à violência, mas não a violência física, e sim o pior tipo de
pena que se poderia dar a um cidadão: que é ignorá-lo, ridicularizá-lo, e o manter
afastado de todos, como se um mal para a sociedade fosse.
Por conseguinte, aquele que pertence à minoria, nada consegue fazer, pois
encontra diante de si todo um sistema construído com base na vontade da maioria, e
desse modo, se torna um estranho em seu próprio país. Não consegue, dessa
maneira, se queixar às autoridades judiciárias pois são frutos da maioria, não
consegue ser ouvido, pois não tem quem lhe dê atenção.
Outro fator crucial para a manutenção das bases democráticas nos Estados
Unidos se verifica pela ação cultural da sociedade. Sabemos que na América, o
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3.5 Das duas classes que estão submetidas a tirania nos Estados Unidos
Para Tocqueville, nos Estados Unidos, existem três povos diferentes e até
rivais: os brancos, os indígenas e os negros. No entanto, o homem branco, nessa
relação, se situa em uma posição de soberania, enquanto as duas outras raças se
igualam em desgraças e inferioridade. Inferioridade essa, que, desde a chegada do
europeu no novo mundo, se sustenta por uma série de medidas opressivas. No
entanto, apesar da igualdade em relação às suas desgraças, o índio e o negro
possuem importantes diferenças:
Essas duas raças infortunadas não têm em comum nem o nascimento, nem a
aparência, nem a língua, nem os costumes; somente suas desgraças se
parecem. Todas as duas ocupam uma posição igualmente inferior no país que
habitam; todas as duas sentem os efeitos da tirania; e, se suas misérias são
diferentes, podem lhes ser atribuídos os mesmos autores. (Tocqueville, 2005,
p. 374)
Tocqueville, com o intuito de nos verificar esse fato, nos apresenta uma fala
do povo indígena:
Para Tocqueville, essa fala não poderia ser mais premonitória, pois, acredita
ele que o futuro do povo indígena nos Estados Unidos, infelizmente, é o de morrer
de forma isolada, tal qual na sua formação.
O homem negro, por sua vez, está submetido a escravidão desde de seu
nascimento, e até antes dele. Não possui nenhum privilégio de humanidade, se
encontra sem família, sem saber de onde veio e sem saber o que é liberdade,
enxerga no seu amo todas as virtudes que se encontram em vantagens às suas, se
considera inferior pois é chamado de inferior desde o seu nascimento. Para o
homem negro, que sente o mais alto peso da tirania sobre seus ombros, seu corpo é
propriedade de outra pessoa. O que, nas palavras de Tocqueville, se torna
evidente:
Ao ver o que sucede no mundo, não diríamos que o europeu está para os
homens das outras raças assim como o próprio homem está para os
animais? Ele os faz servir a seu uso e, quando não os pode dobrar, os
destrói. (Tocqueville, 2005, p. 374)
Nos Estados Unidos, desse modo, a solidariedade não existe fora das
relações intereuropeias, o que existe, pelo contrário, é uma cultura do senhor e do
escravo, onde os dois se situam em planos de existenciais e biológicos distintos, o
homem negro, assim, carrega os traços semelhantes aos dos animais, sua força é
sua única característica útil, e mesmo ela, é colocada como inferior à do homem
branco.
Nessa situação, retirar a escravidão das leis se torna mais difícil que retirar da
cultura. Pois, antigamente, o escravo poderia passar a ser livre sem que fosse
possível, posteriormente verificar seu passado, pois, visualmente era igual aos
outros da cidade. Nos Estados Unidos, no entanto, identificar uma pessoa que já foi
escrava, e que, dessa forma, já foi vista como inferior, é imensamente mais fácil.
Assim o negro é livre, mas não pode compartilhar nem os direitos, nem os
prazeres, nem os trabalhos, nem as dores, nem mesmo o túmulo daquele de quem
foi declarado igual; em nenhum lugar poderia encontrar-se com este, nem na vida
nem na morte. (TOCQUEVILLE, 2005, p. 398)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Buscando uma nova forma de estudo para um novo mundo que estava
nascendo, Tocqueville, tal qual um cientista político, estuda, através de fatores
relevantes de seu tempo e do passado, um novo tipo de poder que se iniciava nos
Estados Unidos, que era o poder pleno da maioria. Diante disso ele consegue nos
mostrar uma diversidade de características que constituem os fundamentos da
soberania do povo norte-americano, se utilizando, de forma crucial e
inteligentíssima, de previsões a respeito dessa sociedade e de suas relações
internas.
Desse modo, uma democracia apenas igualitária, como vimos, terminaria por
se tornar despótica, mas sem ela, teríamos uma aristocracia. E de outro modo, não
é possível a liberdade sem a igualdade, mas, uma vez alcançada a liberdade civil,
devemos entender a necessidade de não excluirmos da vida social a liberdade
política. Para isso, desse modo, vimos, com Tocqueville, os fatores fundamentais
para que uma sociedade não abandone seus direitos políticos, e dentre eles, temos
os fatores culturais e materiais, como o hábito político e a maior liberdade e
autonomia administrativa.
5. REFERÊNCIAS