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CRISTOLOGIA
1. NATUREZA DE CRISTO...............................................................................................................................02
9. O SERVO SOFREDOR.................................................................................................................................56
TRINDADE
A TRINDADE NA IASD.....................................................................................................................................90
Bíblia
Sagrada
CRISTOLOGIA
A NATUREZA HUMANA DE
CRISTO E DA HUMANIDADE
DE ADÃO: DIFERENÇAS E
SEMELHANÇAS
Demóstenes Neves da Silva
1 INTRODUÇÃO
A compreensão de qual natureza Jesus possuía tem-se revestido de importância crescente,
especialmente nos últimos anos. A Bíblia declara que “o Verbo se fez carne” (Jo 1:14), mas que
tipo de carne? Até que ponto foi o comprometimento da natureza humana de Jesus com o pe-
cado? Até que ponto foi semelhante ou dessemelhante dos seres humanos?
Vários artigos e livros têm sido publicados abordando a questão de qual natureza humana
Jesus possuía quando esteve na terra, evidenciando o interesse atual pelo tema.
Além disso, é importante rever o ensino bíblico sobre essa questão e quais implicações para
a fé cristã de se aceitar uma determinada compreensão sobre o tema.
A abordagem neste trabalho será feita investigando-se os significados de expressões bíbli-
cas referentes à natureza humana de Cristo, sua missão e a relação com o pecado enquanto ato,
experiência e presença na vida de Jesus. Este trabalho será dividido em três partes principais:
na primeira será discutida a extensão da semelhança da natureza humana de Jesus com a da
humanidade após o pecado e sua importância para a missão redentora do Salvador. Também
serão retomadas algumas definições bíblicas de pecado, dentro dos limites que interessam a
este trabalho de modo a ajudar na compreensão da natureza humana de Jesus e sua relação
com o fenômeno da Queda.
Na segunda parte se procurará entender as características da humanidade de Jesus, que, se-
gundo a Escritura, seriam necessárias para que ele pudesse ser sacrifício e sacerdote aceitáveis.
A NATUREZA HUMANA DE CRISTO E DA HUMANIDADE DE ADÃO ... | 3
O enfoque será identificar o testemunho bíblico que declara que a natureza de Cristo era diferente
da do ser humano após a Queda. Finalmente, na terceira e última parte, serão discutidos os resul-
tados de se adotar como referencial para a vida religiosa cada uma das interpretações apresentadas.
não estava infectada em nada pelo pecado. Ele veio “em semelhança de carne pecaminosa”. A
expressão “em semelhança” (homoiómati) indica a diferença em determinado aspecto, o pe-
cado, sobre o qual se discutirá adiante um pouco mais.
Caso Jesus viesse em carne pecaminosa igual a nós (retirando-se a Palavra “semelhança”),
então, ou ele precisaria de um salvador, estando irremediavelmente perdido (por trazer ine-
rentemente na carne a pecaminosidade comum à humanidade), ou então sua morte teria sido
um sacrifício desnecessário, pois a providência que o fez obediente, sendo igual à humanida-
de, poderia tê-la feito também fiel, sem a graça que vem do Calvário.
Se for argumentado que Jesus foi mais “dedicado” do que os seres humanos ao orar e co-
mungar com o Pai, embora tão frágil para pecar quanto qualquer outro, de onde teria vindo
tal dedicação e santidade? Dele mesmo? Se a resposta for sim, sua natureza não teria sido
igual a da humanidade em tudo, como alguns defendem, pois esta não possui inerentemente
tal dedicação e santidade. Então ele tinha algo que ninguém teve. Salvou-se por seus próprios
méritos, daí, por que a humanidade não pode, com dedicação, salvar-se por seus próprios mé-
ritos, como ensinava Pelágio3 e tantos têm tentado, em vão? Coloque-se a seguinte hipótese
como se fosse verdadeira: Jesus era totalmente igual a nós em sua natureza interior e não pre-
cisou de Salvador algum para agradar a Deus. Por que um ser humano, com natureza igual à
de Jesus, não pode fazer o mesmo sem um salvador (sem Jesus)? O Evangelho, porém, declara,
repetidamente, que a salvação é concedida gratuitamente sem as obras da lei. Ninguém pode
salvar-se por si próprio devido a estar morto em ofensas e pecados. Jesus foi diferente por não
ter pecado algum e não somente por não cometer pecado. Assim, a carne pecaminosa de Jesus
é “semelhante” à nossa, não é igual.
Além do mais, se houvesse a intenção da Escritura em demonstrar a igualdade pecaminosa
em natureza e propensão para o pecado, a palavra apropriada seria outra. Em lugar de “semelhan-
ça” a Escritura registraria “igual” (ísos) como ocorre em João 5:18 ao destacar a igualdade de Jesus
com o Pai ou em Filipenses 2:6, 7 onde a palavra “igual” (ísos) é utilizada na comparação entre Jesus
e Deus (v. 6) e a expressão “em semelhança” (homoiómati) é usada para a comparação entre Jesus e
o resto da humanidade (v. 7). Era, portanto, obrigatória a semelhança com a humanidade pecadora
mas isso não significava igualdade.4
Ainda sobre o pecado como condição e propensão depravada para pecar, confessa o pró-
prio apóstolo, em Romanos 7:14-25, declarando: “eu sou carnal” (v. 14). O termo grego para
“carnal” é sarkinós que significa estar “sujeito à propensão da carne”,7 demonstrando que a
propensão para pecar é, em si, evidência de pecado como condição. Essa propensão carnal
é contrária à lei de Deus que é “santa, justa e boa” (v. 12) e espiritual (v. 14). Os verso 13-25
explanam sarkinós como uma condição que está presente, um drama ainda por ser resolvido
na vida do apóstolo. Não cabe aqui especular que Paulo não era convertido ou coisa parecida.
Além disso, o apóstolo fala do “pecado na minha carne”, pecado “que habita (oikoúsa = mora-
da familiar, que permanece)8 em mim”. Como está explícito, o pecado ao qual se refere não é o
que ele está fazendo, aqui é algo que “está” nele e dele faz parte.
Aliás, a própria palavra “pecado” (hamartia) em Romanos 7 tem o sentido de “princípio
ou causa do pecado”.9 Nos versos 17 e 20 o sentido explícito é de “inclinação para pecar, pro-
pensão pecaminosa”.10 Mesmo convertido, salvo em Cristo, o apóstolo, reconhecia-se como
pecador por causa dessa propensão carnal que nele habitava. Não um praticante contumaz do
pecado, mas alguém cuja natureza pecaminosa, corrompida, ainda não havia sido retirada, o
que ocorreria apenas por ocasião da ressurreição dos justos na volta do Senhor (1Co 15:49-54;
1Ts 4:13-17).
O pecado também não é tratado como atos individuais em Gálatas 3:22. Sem escolha por
parte das pessoas, o evangelho encerrou (sunekleisen = prender junto como peixes numa rede,
“fechar junto,cercar”) 11 toda a humanidade (panta = “todas as pessoas”)12 debaixo (hupó = “sob,
nas mãos de”) do pecado. Assim, todos os que nascem neste mundo são pecadores.
Por que, então, Cristo Jesus não era pecador? Mesmo que, por um milagre divino, Jesus
não cometesse nenhum pecado enquanto ato, seria pecador pelo simples fato de ter propensão
para pecar (ainda que refreada pelo poder do Alto). Teria o pecado da depravação natural por
ser igual a nós. Depravação inerente não é o mesmo que assumir o nosso pecado na cruz. Ali
ele foi feito pecado como substituto. Se tivesse propensão para o mal o pecado estaria em sua
carne. Por outro lado, somente seria totalmente igual a nós, enquanto pecadores, se possuísse
tal propensão ou depravação natural para pecar. Isso é negado no Evangelho quando o Salva-
dor declara que “o príncipe deste mundo nada tem em mim” (Jo 14:30). Ele não tinha pecado
algum, de espécie alguma. Ele não era igual a nós, mas “semelhante” ou em outras palavras:
era igual a nós em tudo, mas diferente em uma coisa - o pecado como ato e condição que se
manifesta na propensão para o pecado. Portanto, Jesus não tinha pecado, assim também não
tinha propensão para pecar, pois a propensão, em si, já implica numa condição pecaminosa.
(tekna = filhinhos), termo carinhoso para os irmãos na fé. Não é feita nenhuma exceção à
possibilidade de pecar: “Se alguém” (tis = pronome indefinido)15, isto é, qualquer um pecar,
temos Advogado. Aqui os pecados de duas classes estão em pauta: (a) os nossos (da igreja, da
irmandade) e (b) os do mundo todo (os de fora da igreja). Portanto, o pecado ato e condição
ainda que controlados pelo Espírito continuam presentes na realidade da igreja que é santifi-
cada pela intercessão do Senhor até que Ele volte.
Lamentavelmente alguns têm usado o texto de 1 João 3:6 onde a expressão “não peca”, que
aparece em algumas traduções, tem sido entendida como querendo dizer que o cristão não
comete pecado algum, o que, como vimos, contraria o ensino básico da Escritura e conduz ao
pensamento antibíblico do perfeccionismo. Trata-se de um problema de tradução. A expres-
são “não peca”, conforme a gramática grega (ouk hamartanei = não vive pecando) encontra-se
na terceira pessoa do singular do presente do indicativo ativo (indica uma ação continuada).16
Portanto a tradução correta de 3:16 “não vive pecando” se harmoniza perfeitamente com 1:8,
10 e 2:1-2, bem como com o restante da Bíblia. A tradução “não peca” é uma base falsa para os
que alegam a perfeição sem pecado para os convertidos.
O mesmo ocorre com 1 João 3:9: (hamartian ou poiei = não vive pecando) onde o verbo
“poiei” está na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo ativo – que também indica uma
ação continuada).17
Tradução correta: “Não vive na prática do pecado”, traduzido erroneamente por “não peca”.
O apóstolo não deixa dúvidas e insiste em 1 João 5:16 que se alguém vir seu irmão cometer
pecado que não é para a morte, peça pelo seu irmão.
Mesmo os cristãos são vulneráveis à prática do pecado, mas essa prática é apenas o sintoma,
a doença, realmente, é a mórbida propensão para pecar, a qual caracteriza a condição pecami-
nosa. Alegar que Jesus não pecou, mas tinha propensão para o pecado é, segundo o Evangelho,
defendê-lo dos sintomas mas atribuir-lhe a doença. Sua santidade seria apenas uma aparência,
um verniz de superfície. A Bíblia nega tal pensamento. A Escritura declara que nele, diferente
dos outros seres humanos e mesmo dos crentes, quando em carne nesta Terra, não havia peca-
do algum que o separasse da glória do Pai (João 1:14). Mas da humanidade é dito em Romanos
3:23 que todos pecaram e carecem da glória de Deus.
alguma para o pecado porque não era pecador. Ele era semelhante em tudo, mas diferente de
nós quanto à presença do pecado em sua humanidade.
Ser recebido no céu, sem precisar de sacrifício por si mesmo (27) é mais uma confirmação
de ser ele o Salvador adequado (além de ser santo, inculpável e sem mácula). Além do mais, a
palavra “separado” tem o sentido de alguém que se mantém afastado e não participa de certas
coisas por se achar ou ser superior.28 Em decorrência disso, duas interpretações se tornam
possíveis: (a) separado por ser retirado do convívio dos pecadores para perto do Pai, o que lhe
favorece o ofício e (b) por não compartilhar da natureza dos pecadores o que o torna aceitável
diante de Deus. As duas idéias estão presentes.29 De qualquer forma, ele somente teria se tor-
nado sacerdote e sacrifício aceitável se não tivesse necessidade de oferecer sacrifícios “por seus
próprios pecados” (Hb 7:27). Assim Jesus não partilhou da condição de pecado uma vez que
era “conveniente” (v. 26) que fosse “santo” e separado dos pecadores.
4 CONCLUSÃO
Conforme o testemunho das Escrituras, pecado não é somente uma ação má, contrária à
vontade de Deus. A queda do homem trouxe a compreensão de mais uma dimensão do peca-
do como separação provocada pela condição pecaminosa herdada. Essa condição caída e que
exige um Salvador, se manifesta através das propensões pecaminosas.
Assim, Jesus possuía uma natureza humana semelhante à do homem caído, mas sem pe-
cado em todas as suas dimensões. Isso implica em dizer que Sua natureza não pode ser exa-
tamente classificada nem como pré-lapsariana41 e nem pós-lapsariana.42 Sua natureza era
única, apropriada para ser Salvador.
Jesus herdou tudo que nós herdamos menos o pecado. Ele não recebeu a herança do peca-
do através da presença daquele em sua vida (1Jo 3:5), nem pela experiência (2Co 5:21) e nem
sequer pelo ato pecaminoso (1Pe 2:22).
Ele deveria ser igual a nós para ser nosso exemplo, e isso era obrigado, indispensável (Hb
2:17). Por outro lado, era conveniente, para ser um salvador adequado, apropriado, que fosse
diferente: santo, sem mácula e sem culpa (Hb 7:26-28). O significado dos termos usados para
a impecabilidade de Jesus e o contexto da epístola aos Hebreus não deixam dúvida sobre a
ausência de propensão pecaminosa nele.
Assim, quanto à natureza humana de Jesus, temos duas exigências bíblicas preenchidas:
(1) deveria ser semelhante a nós em tudo enquanto ser humano, mas (2) diferente em não
possuir dimensão alguma do pecado. Essa diferença não se refere apenas ao pecado como ato.
Diz respeito, especialmente, à condição pecaminosa, a qual se manifesta na propensão para
o pecado, que ele nunca possuiu. Somente preenchendo essas duas condições Ele poderia ser
nosso Salvador.
A NATUREZA HUMANA DE CRISTO E DA HUMANIDADE DE ADÃO ... | 11
REFERÊNCIAS
LEXICON, The analytical Greek. Michigan, USA: Zondervan Publishing House, 1977. pp. 296, 288.
CAMBRIDGE Dictionary of American English. Reino Unido: Cambridge University Press., 2000. p. 800.
BETTENSON, Henry. Documentos da igreja cristã. São Paulo: ASTE, 1963. pp. 87-90.
SCHAFF, Philip. History of the Christian Church. Michigan: Eerdmans Publishing Company, 1960.
v. 3, pp. 783-815.
VINE, W. E. A Comprhensive Dictionary of the Original Greek Words with their Precise Meanings for the
English Readers. Virginia: MacDonald Publishing Company., s/d. pp. 682-685.
BUSHELL, Michael S. Bible Work for Windows. USA, 1996.
LANE, Willian L. Word Biblical Commentary. Dallas: Word Books Publishers, 1991. v. 47b, pp. 114, 115.
THE Seventh-day Adventist Bible Commentary. Washington: Review and Herald Publishing Asso-
ciation,1957. v. 7, p. 442.
_________________________
1
The analytical Greek Lexicon (doravante Léxico). Zondervan Publishing House. Michigan, USA,
1977 296, 288.
2
Cambridge Dictionary of American English. Cambridge University Press. UK, 2000. 800. (grifos
nossos)
3
Pelágio foi um monge inglês, possivelmente de origem irlandesa. Esteve em Roma no ano 400
AD. Sua doutrina consistia em que Deus dá ao homem, como igualmente dera a Adão, poder natural
para viver sem cometer pecado algum, bastaria às pessoas exercerem esse poder. Esse ensino levaria
ao perfeccionismo e ao conflito com os ensinos diretos da Escritura sobre a salvação pela graça. Ver
BETTENSON, Henry. Documentos da igreja cristã. ASTE, São Paulo, 1963. 87-90. Para uma abordagem
histórica da controvérsia sobre as crenças de Pelágio ver: SCHAFF, Philip. History of the Christian Chur-
ch. Vol. III. Grand Rapids, Michigan, USA. WM. B. Eerdmans Publishing Company, 1960. 783-815
4
Para uma abordagem concisa sobre a palavra “semelhança” em grego e sua correspondência em
inglês leia-se VINE, W. E. A Comprhensive Dictionary of the Original Greek Words with their Precise Mea-
nings for the English Readers. MacDonald Publishing Company. Virginia, USA, s/d. 682-685.
5
O significado das palavras hebraicas avon e hEtha no Salmo 51:5 e Exôdo 20:5 foi retirado de
BUSHELL, Michael S. Bible Work for Windows, USA, 1996.
6
Léxico, 417.
7
Ibidem, 364.
8
Ibidem, 285.
9
Ibidem, 17.
10
Ibidem
11
Aoristo de sugklei,w. Ibidem, 388,380.
12
Ibidem, 311
13
O termo e;comen encontra-se na 1a. pessoa do plural do presente do indicativo do verbo e;cw. = ékw =
ter, ser afetado por, sujeito a‖ Ibidem, 179,180. A conclusão, no contexto da passagem, é que nin-
guém escapou de ter pecado. Em I João 1:8 está escrito: Ea.n ei;pwmen o[ti a`marti,an ouvk e;comen (―Se
dissermos que não temos pecado nenhum‖). A frase, em sua continuação afirma que ninguém pode sugerir
que não tem pecado sob pena de estar enganando a si mesmo e ser mentiroso
14
Ibidem, 187. Em 1 João 1:10 está escrito: “Se dissermos que nãotemos cometi do pecado”. A palavra
hemartékamen (não temos cometido pecado) está na primeira pessoa do plural do perfeito do indicativo,
indicando todos os crentes, entre os quais inclui-se o próprio apóstolo.
15
Ibidem, 406.
16
Ibidem, 17.
17
Ibidem, 332.
12 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
18
Ibidem, 440, 441
19
LANE, Willian L. Word Biblical Commentary (WBC). Vol. 47b. Word Books Publishers, Dallas,
Texas, USA, 1991. 114, 115.
20
Infinitivo aoristico de “compadecer”. Léxico, 383.
21
WBC, Vol. 47a. 115.
22
éprepen = convinha) – 3ª. Pessoa do singular do imperfeito do verbo prépei = convir “ser próprio,
adequado, ser correto”. Léxico, 164, 340.
23
Léxico, 3
24
Ibidem, 293. Essa palavra tem também o sentido de devotado, fiel e na LXX descreve os que são
fiéis ao concerto. Jesus é o modelo dessa fidelidade quando na Terra. WBC, Vol. 47b. 191.
25
WBC, Vol. 47b, 191.
26
Ibidem, 191, 192.
27
Ibidem.
28
Léxico, 441.
29
The Seventh-day Adventist Bible Commentary. Review and Herald Publishing Association, Wa-
shington, D.C. USA,1957. Vol. 7. 442. WBC, 192.
30
Léxico, 78, 79.
31
Ibidem, 420, 421.
32
Ibidem, 55.
33
WBC, Vol. 47ba 194.
34
Léxico, 400.
35
Ibidem, 401.
36
WBC, Vol. 47a, 195.
37
Nesse contexto o termo astheneia, “fraqueza” é praticamente igual a “pecado”. WBC, Vol.
47b.195.
38
A perfeição do seu sacrifício definitivo foi conseqüência da perfeição espiritual e moral de sua
vida. WBC, Vol. 47a, 197.
39
WBC, Vol. 47ª. 57, 58. As passagens na Septuaginta (LXX) nas quais “aperfeiçoar” (teleiosai) é
usado em sentido de consagração do sacerdote ao seu ofício são: Êxodo 29:9,29, 33, 35; Lévítico 4:5;
8:33; 16:32; 21:10; Números 3:3).
40
A palavra emoluntesan é a 3ª. Pessoa do plural do indicativo passivo do aoristo 1 do verbo molino
= sujar, corromper, profanar. Léxico, 135, 272. Essa contaminação não é uma referência a intercurso
sexual com mulheres literais, mas ao comprometimento dos crentes em geral, e não apenas aos do
sexo masculino, com a “prostituta e suas filhas” referidas no Apocalipse - uma alusão aos enganos dos
últimos dias.
41
A natureza de Adão antes da entrada do pecado no mundo.
42
A natureza do homem propensa ao pecado após a entrada do pecado no mundo.
CAPÍTULO [ 2 ]
Bíblia
Sagrada
SEMINÁRIO:
A HUMANIDADE DE
CRISTO, O SEGUNDO ADÃO
Ozeas Caldas Moura
1 SEMINÁRIO
2) Jo 14:30: “Aí vem o príncipe deste mundo; e ele nada [oudén] tem em mim”. Se Jesus ti-
vesse qualquer tendência ao pecado, jamais poderia falar as palavras deste verso. Do contrário,
estaria mentindo. Este “nada” é absoluto: Jesus não condescendeu com o pecado nem em atos,
nem em inclinação.
3) Rm 8:3: “isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecami-
nosa”. A expressão grifada é, no grego: en homoiômati sarkós hamartías. A palavra-chave da
expressão é homoiômati (de homóiôma) = similar, semelhança, similaridade). Se fosse “igual”
à nossa, seria isótêti (de ísos = igual, mesma). Jesus era semelhante a nós? Como? Nos aspectos
físicos (estatura, força física sentia fome, sede, cansaço, etc.), mental (ficava triste, sentia-se
angustiado, abandonado, etc.), mas não nos aspectos moral e espiritual. Diferente de nós, que
já nascemos inclinados ao mal (Ef 2:3), Jesus era totalmente puro quanto à tendência ou incli-
nação ao mal, pois o diabo “nada tinha nele” (cf. Jo 14:30).
14 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
4) 2Co 5:21: “Ele [Deus] o fez [a Jesus] pecado por nós”. O contexto onde o verso está in-
serido não está tratando da natureza humana ou divina de Jesus, mas do fato de Deus fazer
(apontar, designar) Jesus como o “Portador” de nossos pecados. Se Deus permitiu Jesus nascer
com tendência pecaminosa, então Jesus não poderia jamais ter dito as palavras de Jo 8:46 e as
de 14:30. Se Paulo quisesse dizer que Jesus foi feito pecado, no sentido de ter natureza pecami-
nosa, teria empregado o verbo guínomai (ser criado, gerado, produzido) e não poiéo (fazer),
como está no texto grego. E ainda: poderia um ser com tendência pecaminosa salvar outro
com o mesmo problema?
6) Hb 2:17: “Convinha que, em todas coisas, se tornasse semelhante aos irmãos...”. “Seme-
lhante”, aqui, é homoiôthênai (Infinitivo, 1º Aoristo, Passivo, da raiz homoióô = “tornar-se
semelhante”). Era “semelhante”, mas não igual (isótêti). O autor de Hebreus quer enfatizar que
Jesus não era um ser docético (que parecia ou fingia ser homem), mas que era um ser humano
real e normal (com exceção de praticar pecados ou ter inclinação para o mal).
7) Hb 4:15: “...foi ele tentado em todas coisas, à nossa semelhança [homoiótêta] mas sem
pecado [hamartía]”. “Semelhança”, aqui, é homoiótêta = semelhança, similitude, e não igual-
dade absoluta (isótêti). A expressão “sem pecado”, indica que nem em atos nem em inclinação
Jesus compactuou com o mal. O autor de Hebreus deseja que o leitor entenda que as tentações
de Jesus foram tão reais quanto às nossas (tentado quanto ao apetite, a se orgulhar, a ser auto-
suficiente de Deus, etc.), que poderia cair como nós caímos, que dependia do Pai para vencer
as tentações, como nós devemos depender, mas não que também tivesse propensão ao mal,
como nós temos.
1 Pe 2:22: “O qual não cometeu pecado [hamartía], nem dolo algum se achou em sua boca”.
Se Jesus não cometeu pecado, então Ele foi totalmente isento quanto ao mal, uma vez que
“pecado” (hamartía) tem a ver com atos pecaminosos e até mesmo com a inclinaçaão ou ten-
dência para o mal.
2 CONCLUSÃO
Graças a Deus que temos um Salvador totalmente isento do mal. Nem em atos, nem em
inclinação Jesus compactuou com o pecado. Ele é em tudo semelhante ou mesmo igual a nós,
exceto no pecado (ato ou tendência). E ele deveria ser assim mesmo: humano para nos com-
preender, e divino para nos salvar.
CAPÍTULO [ 3 ]
Bíblia
Sagrada
A NATUREZA DE
CRISTO DURANTE
A ENCARNAÇÃO
Citações e Conselhos do Espírito de Profecia
1 INTRODUÇÃO
Ele tomou nossa natureza humana; não nossa propensão para o pecado; nosso pecado
culpa, e castigo Lhe foram todos imputados, mas não eram Seus.
e crucifixão do Filho de Deus, Majestade do Céu. Depois que o plano da salvação foi ideado,
Satanás não podia ter base sobre que fundamentar a sua sugestão de que Deus, por ser tão ele-
vado, não podia importunar-Se com uma criatura tão insignificante quanto o homem.” – The
Signs of the Times, 20 de janeiro de 1890.
4. JESUS NÃO ERA COMO AS DEMAIS CRIANÇAS. – “Ao contemplar a aparência infan-
til resplandecente de animação, ninguém podia dizer que Cristo fosse igual às demais crianças.
Era Deus na linhagem humana. Quando Seus companheiros O incitavam a proceder mal, a
divindade refulgia através da humanidade, e recusava- se com decisão. Em um instante discer-
nia entre o bem e o mal, e punha o pecado sob a luz dos mandamentos de Deus, sustendo a lei
como um espelho que lançava luz sobre o mal. Era este agudo discernimento entre o bem e o
mal que amiúde provocava a ira dos irmãos de Cristo.” – Idem, 8 de setembro de 1898.
pecado. Estava sujeito às fraquezas e enfermidades que atacam o homem, ‘para que se cumprisse
o que fôra dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e levou
as nossas doenças. ‘Foi comovido pelo sentimento de nossas doenças, e tentado em tudo, como
nós. Não obstante, ‘não cometeu pecado’. Era o Cordeiro ‘imaculado e incontaminado. ‘Se Satanás
houvesse podido, no mínimo pormenor tentar a Cristo até ao pecado, teria ferido a cabeça do Sal-
vador. Tal como aconteceu, pôde feri-Lo apenas no calcanhar. Se a cabeça de Cristo houvesse sido
tocada, haveria desaparecido a esperança da raça humana. A ira divina teria descido sobre Cristo,
assim como desceu sobre Adão. ... Não devemos abrigar dúvidas quanto à perfeita impecabilidade
da natureza humana de Cristo.” – The S. D. A. Bible Commentary, Vol. V, pág. 1.131.
desvalida. Era o Criador de todo o universo, não obstante viveu em um mundo de Sua criação,
amiúde faminto e cansado, e sem um lugar onde reclinar a cabeça. Era o Filho do homem, não
obstante era infinitamente superior aos anjos. Igual ao Pai, mas com Sua divindade vestida
de humanidade, permanecendo a cabeça da raça caída, para que os seres humanos pudessem
ser colocados em uma ‘posição vantajosa. Possuía as riquezas eternas, e viveu a vida de um
homem pobre. Um com o Pai em dignidade e poder, contudo, em Sua humanidade foi tentado
em tudo como nós somos tentados. No preciso instante de Sua agonia mortal na cruz foi um
Conquistador, ao responder ao pedido do pecador arrependido de lembrar-Se dele quando
entrasse no Seu reino.” – The Signs of the Times, 26 de abril de 1905.
os seres humanos. ...O Filho de Deus suportou a ira de Deus contra o pecado. Todo o pecado
acumulado do mundo estava posto sobre o Portador do pecado, o Ser que era inocente, o
único Ser que podia ser a propiciação pelo pecado, porque Ele mesmo era obediente. Era um
com Deus. Nem uma mancha de corrupção havia sobre Ele.” – The Signs of the Times, de 9 de
dezembro. de 1897.
2. DEUS SOFREU SOB A FORMA HUMANA. – “Deus estava em Cristo na forma huma-
na, e suportou todas as tentações com que o homem foi acossado; em nosso benefício partici-
pou do sofrimento e das provações da afligida natureza humana.” – The Watchman, de 10 de
dezembro de 1907.
22 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
8. COMO UM DE NÓS, MAS SEM PECADO. – “Por amor de nós despiu Suas vestes reais, des-
ceu do trono celestial, condescendeu em vestir Sua divindade com humanidade, e foi como um de
nós, mas sem pecado, para que Sua vida e caráter fossem um modelo que todos imitassem, e assim
pudessem ter o dom precioso da vida eterna.” – The Youth’s Instructor, de 20 de outubro de 1886.
24 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
9. NASCEU SEM UMA MANCHA DE PECADO. – “Nasceu sem mancha de pecado, mas
veio ao mundo de maneira igual à da família humana.” – Carta No 97 (1898).
16. SUA VIDA SEM PECADO ATRAIU A IRA DO MUNDO. – “Em meio da impureza,
Cristo manteve Sua pureza. Satanás não pôde manchá-Lo ou corrompê-Lo. Seu caráter reve-
lava um completo ódio ao pecado. Foi Sua santidade que excitou contra Ele toda a paixão de
um mundo corrompido; porque Sua vida perfeita constituía uma perpétua reprovação para o
A NATUREZA DE CRISTO DURANTE A ENCARNAÇÃO
| 25
mundo, e manifestava o contraste entre a transgressão e a justiça pura e sem mancha de Al-
guém que não conhecia pecado.” – The S. D. A. Bible Commentary, Vol. V, pág. 1142.
tentação. ... Jesus foi colocado num lugar em que Seu caráter devia ser provado. Era-Lhe ne-
cessário estar sempre em guarda, a fim de conservar Sua pureza. Estava sujeito a todos os con-
flitos que nós outros temos de enfrentar, para que nos pudesse servir de exemplo na infância,
na juventude, na idade varonil.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 49.
Filho se nos deu; e o principado está sobre os Seus ombros’. Deus adotou a natureza humana
na pessoa de Seu Filho, levando a mesma ao mais alto Céu.” – Idem, pág. 17.
9 CONVENCERÁ DO PECADO
1. “A lei e o evangelho, revelados na Palavra, devem ser pregados ao povo; pois a lei e o
evangelho combinados convencerão do pecado. A lei de Deus, conquanto condene o pecado,
aponta o evangelho, revelando a Jesus Cristo, em quem ‘habita corporalmente toda a plenitude
da Divindade. ‘ O esplendor do evangelho reflete sua luz sobre a era judaica, dando sentido a
toda a economia judaica de tipos e sombras. Assim, tanto a lei quanto o evangelho, estão amal-
gamados. Em nenhum sermão devem eles ser divorciados.” – Manuscrito 21, 1891.
Bíblia
Sagrada
A PROPENSÃO HUMANA
PARA O PECADO E AS
TENTAÇÕES DE CRISTO
Um breve estudo:
Demostenes Neves Da Silva
1 INTRODUÇÃO
Teriam sido as tentações de Cristo mais suaves do que as nossas?
Se o Salvador não tinha propensão para o pecado, como todos os descendentes de Adão,
como poderia Ele ter tido as mesmas provas que nós e ser nosso exemplo? Poderia ter sido
gerado em pecado como nós e, ao mesmo tempo, ser sem pecado e ainda nosso Salvador?
Diante das perguntas acima, pretendemos fazer uma abordagem, fundamentada basica-
mente na Bíblia e nos escritos de Ellen G. White, sobre a situação póslapsariana da humani-
dade e em que sua situação se assemelha à de Cristo e em que se diferencia. Procuraremos
analisar em que base se sustenta a propensão no homem caído e onde está o ponto de tensão,
que teria sido igual ou superior em Cristo, apesar da diferença de naturezas entre o pecador e o
Salvador. Finalmente, desejamos destacar pontos que demonstrem que Jesus foi mais provado
do que nós e teria experimentado mais tensões espirituais, embora sem pecado, mesmo con-
siderando nossa situação após a queda, sob o peso de atos e propensões pecaminosas.
pecaram” (Rm 5:12). Não há exceção: A declaração enfática de que “todos estão debaixo do
pecado” (Rm 3:9) leva à conclusão óbvia de que “não há um só justo” (Rm 3:10) e “ninguém
que faça o bem” (Rm 3:12).
Há Inimizade natural contra Deus e Sua lei. O ser humano, na explanação do apóstolo
é “carnal” em oposição à lei que é espiritual (Rm 7:14). Essa condição carnal leva-nos à incli-
nação contra a lei de Deus e para a morte, desagradando a Deus (Rm 8:6-8).
A inimizade vem desde o nascimento. Assim, a própria natureza humana é corrompida em
si mesma desde sua concepção (Sl 51:5), havendo no indivíduo não convertido um “enganoso
coração mais do que todas as coisas e perverso” (Jr 17:9). Daí possuíndo uma inimizade gra-
tuita contra Deus, o que o torna “por natureza filho da ira” e morto “em ofensas e pecados”
(Ef 2:3-5). Não há (e nunca houve) ser humano que viva e não peque (Pv 20:9; Sl 14:3; 143:2).
A condição pecaminosa impede todo ser humano de entender as coisas espirituais por si
mesmo. O entendimento carnal “não pode compreender as coisas do Espírito de Deus, pois
lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1Co.
2:14). Sua boas obras não servem para a Salvação (Rm 3:20) e são trapos de imundície (Is64:6).
O ser humano não pode escapar dessa situação sozinho. Finalmente, como poderia alguém
fazer o bem, ou se o fizesse, ser um bem legítimo se nele “não habita bem algum”, e mesmo
quando quer realizar o bem não consegue (Rm 7:18) “pois o mal está comigo” (v. 21)? Essa
impotência total justifica a declaração de Jesus de que “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
Nos apelos naturais para pecar, resultado do nascimento e condição de pecado, é que o ser
humano vivencia a posse da “tendência para o pecado”, situação anômala e contrária ao plano
original de Deus quando criou o homem numa situação em que “tudo era bom” (Gn 1:31). A
natureza do ser humano, pois, na presente realidade que vivemos,é estruturada (ou podería-
mos dizer “desestruturada”) para pecar. Ela deseja pecar como parte de si mesma. Como algu-
ma coisa essencial à sua satisfação e realização. O pecado é seu ambiente, o único que conhece
e entende, de onde por si próprio não pode e nem quer sair.43
Seria difícil aceitar as declarações acima como referindo-se a Jesus, considerando as des-
crições bíblicas e da igreja acerca de sua especial natureza e impecabilidade.44 Ao buscar a
solidariedade de Cristo conosco, impingido-lhe uma natureza “em pecado” (tendência e con-
dição de pecado), só encontraremos uma tensão contraditória.45 Essa solidariedade deve ser
procurada na semelhança humana e na vulnerabilidade às mesmas dores que nós, no “habitar”
conosco e superar tensões e provas iguais e superiores às nossas, mesmo sem a tendência pe-
caminosa; e no entanto, vencer como o segundo Adão, conferindo Sua vitória e poder restau-
rador a todos os que o seguem.46 É possível ver nas descrições bíblicas que as provas de Jesus
foram superiores não somente às de Adão, mas também superiores mesmo às da humanidade
caída (Hb 2:14-18; 4:15), conforme trataremos na última parte deste trabalho.
estariam em confronto com a vontade do Pai. Assim o desejar beber e comer, descansar ou
sobreviver não deveria ser satisfeito sem a completa dependência de Deus. Jesus não deveria
salvar-se a si mesmo, ainda que podendo fazê-lo. Deveria abrir mão da vida e auto-preserva-
ção. Deveria renunciar aos desejos naturais e lícitos de sua natureza sem pecado e ao fazê-lo,
estaria numa luta tão intensa contra si mesmo ao renunciar: uma renúncia tão ou mais intensa
como a de qualquer outro ser humano que renuncia a si mesmo e à força de sua própria natu-
reza pecaminosa. Precisou exercer “autodomínio mais forte do que a fome e a morte”; precisou
avançar quando sua “natureza” desejava recuar.48
Jesus renunciou a si mesmo sob pressão das necessidades físicas e emocionais de um ser
humano sem pecado. Suportou, numa natureza não caída e corpo de capacidade reduzida, a
pressão que Adão não esteve disposto a resistir num corpo e mente superior.
O homem após a queda, quando auxiliado pela graça de Deus, em dependência do poder
do Espírito Santo, pode renunciar a uma natureza caída com seus desejos. A base do conflito
é renúncia e dependência de Deus. Jesus deveria, “sozinho” e “sem haver ninguém que o aju-
dasse”,49 renunciar e depender na condição de segundo Adão, levando anatureza sem pecado,
mas ao mesmo tempo e no mesmo corpo, a fraqueza física e psicológica consequente do en-
fraquecimento da raça.
A “revanche do deserto”, onde Cristo como o segundo Adão, entrou e recuperou a batalha
perdida pelos primeiros pais “no lugar” na “mesma prova” de Adão50 foi uma vitória tão gran-
de como o fracasso do primeiro par51. Nas tentações do deserto, Jesus recupera o reino espiri-
tual (e material); vencendo pela superação de necessidades materiais, em situação extrema e
sem ajuda52 (Is 63:1-5), os mais fortes apelos que a natureza humana pode suportar e, até supe-
rando os apelos naturais da própria existência ao ponto de, ao fim do conflito, ser necessária a
assistência dos anjos, diante do eventual risco de vida e tal a severidade da prova (Mt 4:11).53
A equivalência da prova de renúncia das necessidades materiais, especialmente conside-
rando o escopo especial do combate no deserto, demonstra, sem dúvida, que a vitória espi-
ritual de Jesus está biblicamente sustentada na superação da condescendência com apetites.
Assim, o apelo do corpo e da mente, veículos para provocar a queda de Adão, mantém relação
direta e necessária com o episódio da queda e da redenção.54
É a ausência do domínio dos desejos e necessidades do corpo a base da fraqueza humana
hoje, e que somente pode ser recuperado pelo poder do Espírito (Gl 5:22) que opera nos que
receberam a justiça de Cristo. É a atribuição ao pecador do caráter perfeito dAquele que colo-
cou o Pai em primeiro lugar e acima mesmo de Suas mais vitais e naturais necessidades.
morrer renunciando todo o eu pecador e mesmo às necessidades naturais por ele dominadas.
Dessa forma, para Jesus recuperar a falha de Adão e as nossas, não significou uma luta contra
uma natureza caída que Ele não tinha e nem podia ter. Entendendo o pecado essencial que
essa tendência implica, conforme demonstramos, seria difícil imaginar Jesus admitindo
que nele “não havia bem algum” ou que “o mal” estava com Ele, ou que ao nascer era “des-
tituído da glória de Deus” como todos os demais homens. Mas Jesus, não tendo a natureza
tendente ao pecado para ser dominado por ela, poderia ser, como foi Adão (também sem ten-
dência para o pecado) no Éden, dominado pelas próprias necessidades naturais na tentativa de
leva-lo a, como fez com Adão,55 desconfiar de Deus, cobiçar o fruto e o conhecimento vedados
e finalmente pecar. Deveria, portanto, “mostrar, no conflito com Satanás, que o homem, tal
como Deus o criou, unido ao Pai e ao Filho, poderia obedecer a todo reclamo divino.”56
Limitações decorrentes de Sua missão levaram-no a renúncias equivalentese e até superio-
res às nossas.57 Assim que Jesus, tendo sido tentado “como nós” e “mais do que nós”, não pôde
defender-se e nem requerer para si mesmo o que naturalmente lhe era de direito como homem
e Deus, mas renunciou a todas as coisas e “esvaziou- se” (Ef 2:1-8) para que pudesse ser o Re-
dentor da humanidade. Uma vez que a tendência para o pecado é “natural” no ser humano
caído, é nesse plano da inclinação pecaminosa que Satanás opera seu cativeiro na humanidade.
O Adversário, não tendo em Cristo um cativo, vítima da propensão ou concupiscência do
eu para o pecado, deveria buscar outro modo de ação no qual ou através do qual, se possível,
58
pudesse ter acesso Àquele que declarou acerca de Satanás: “nada tem em mim” (Jo 14:30).
Satanás deveria buscar que Jesus decidisse desobedecer a Deus, não através de compulsão in-
terior para o mal como ocorre conosco, mas através do exercício de Seus direitos naturais que
lhe estavam vetados, a exemplo de usar a divindade transformando pedra em pães para saciar
a fome, coisa muito natural para Jesus embora sobrenatural para nós! Natural tornar pedra em
pães e natural saciar a fome! Mais do que um direito, uma necessidade! Natural para alguém,
extremamente fragilizado, buscar segurança e escapar da dor, humilhação e morte. Natural e
necessário para o corpo e a mente, em agonia, receber e aceitar a proposta de ter o reino de
volta sem a morte. Natural recuar diante de um conflito maior do que a Sua humanidade –
conflito em favor de toda a raça humana – a morte eterna em lugar de todos, e retornar para
as delícias junto ao Pai. Muito natural soprar e varrer do planeta a impiedade dos homens e
anjos maus que o desonravam e contra Ele blasfemavam, mas o tempo para esse tipo de juízo
ainda não havia chegado.
Certamente, a renúncia de Jesus abrangia também todas as satisfações da vida humana e
direito de fazer uso de poder divino para si.59 Para viver, restou-lhe apenas uma “comida e be-
bida”: “fazer a vontade do meu Pai” (Jo 4:34). A situação, portanto, poderia ser colocada assim:
a angústia física e mental de um corpo humano fragilizado (pela renúncia de Suas naturais ne-
cessidades e até do exercício do poder divino) era o caminho para que Satanás tentasse induzir
Jesus a desobedecer a Deus (situações como em Mt 4, descer da cruz entre outras).60
Conosco o plano de investida do inimigo, mesmo em pessoas convertidas, é explorar os
apelos naturais do homem caído, (Tg 1:14; 4:1, 2) aos quais nos cabe renunciar em favor da
vontade de Deus. Em nós, renuncia-se a natureza de pecado e seus apelos contrários à santi-
dade de Deus, mas, em Cristo, renuncia-se às necessidades de um corpo fragilizado, embora
possuindo natureza sem pecado, e também, o uso de Seu natural poder divino, uma vez que
qualquer dessas alternativas seria pecado ainda que “por um pensamento”, mesmo em face da
morte.61 Em resumo:
a – Os pontos de investida eram diferentes (tendência para pecar em nós x desejo para satis-
fazer necessidades naturais e inocentes em Jesus).
A PROPENSÃO HUMANA PARA O PECADO E AS TENTAÇÕES DE CRISTO | 33
b – A base de resistência era a mesma (renúncia total do eu62 em favor da vontade de Deus
e entrega total aos seus cuidados).
c – A força da tentação era a mesma (os apelos da natureza: em nós interiormente para pecar
x em Cristo os apelos exteriores para satisfazer necessidades naturais e inocentes – comida,
alívio da dor – e isto, muitas vezes, em condições extremas!).
Assim, Jesus sofreu, por outro caminho e conheceu por outro modo, as mesmas pressões
que nós que temos compulsão pecaminosa. Ele, porém, sem tal propensão para o pecado!
deixar de beber o cálice do sacrifício, livrar-se dos seus algozes, descer da cruz. Apelos que
nada significam para nós que não temos poder divino. Ele era tentado a desistir de redimir o
homem e voltar para as cortes celestiais. Esse tipo de tentação nós também não temos.
6 CONCLUSÃO
Concluímos esta abordagem entendendo que todo o homem nasce pecador e sob o do-
mínio do pecado, não, porém Jesus, que tendo nascido de forma sobrenatural nasceu santo,
sem pecado e “separado dos pecadores”. Isso era necessário para que Ele mesmo não estivesse
na condição de perdido e precisasse de Redentor. No entanto, Sua natureza sem pecado não
lhe ofereceu vantagem sobre nós devido às limitações decorrentes de Sua Missão. Ele preci-
sou renunciar às necessidades e desejos lícitos, inocentes e fundamentais de Sua humanidade
perfeita num corpo fragilizado, sentindo a dor da renúncia, dor esta que todos nós pecadores
precisamos experimentar ao renunciarmos nossa natureza caída e seus condenáveis desejos.
Tendo passado por tudo que passamos, o Salvador possuía tentações que não temos, sensi-
bilidade que desconhecemos, tornando Seu sofrimento mais agudo, pressões mais intensas e
sem limites, além de pesar-Lhe a vida do mundo e a resposta esperada pelo universo.
Premido pela impossibilidade de uma segunda chance, o Senhor não teria um advogado
caso pecasse. Daí, concluímos que a natureza sem propensão para o pecado, embora um quali-
ficativo indispensável para que fosse o novo representante da raça humana, para ser o segundo
Adão, o faz passar por uma renúncia muito maior do que a nossa, que somos convidados a
renunciar o pecado, dor e morte, mesmo considerando seus efêmeros prazeres, mas tendo o
recurso do arrependimento, enquanto Jesus, como o segundo Adão, não podia cometer qual-
quer erro.
Se nós sabemos o que é desejar o proibido por causa de nossas vis propensões e não tê-lo,
pois seria pecado; Ele também sabe o que é ser vedado de ter o que desejava (ainda que não
desejasse o errado), pois isso seria comprometer a nossa salvação e a vontade do Pai. Ele sabe
o que é renunciar a si mesmo, e o muito que tinha para nos salvar, assim como nós sabemos
o que é renunciar o pouco que temos e o que somos, em nossas tendências más, para nossa
própria salvação (e isso pela Graça).
Finalmente, sendo tentado em tudo como nós e mais do que nós, mas sem pecado, tornou-
-Se o nosso Modelo Divino, em lugar do primeiro Adão, exatamente o que Deus esperava que
o homem fosse “física e espiritualmente” quando em harmonia com a lei de Deus.67
REFERÊNCIAS
WHITE, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979.
________. O Desejado de todas as nações. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979.
________.Mensagens escolhidas. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1966. v.1.
BETTENSON, Henry (Ed). Documentos da igreja cristã. 3. ed. São Paulo: ASTE, 1998.
THE youth‘s Instructor, California: Pacific Press Publishing Association, 25 de abril de 1901.
ADAMS, Roy. The Nature of Christ: Help for a Church Denided over Perfection. Hagerstown, MD:
Review and Herald, 1994.
_________________________
43
Ellen G. White, Patriarcas e profetas (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 45, 312;
Ellen G. White, O Desejado de todas as nações (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 108
44
Esse pensamento pode ser encontrado em várias passagens da literatura da igreja primitiva as-
segurando a Sua natureza sem propensão para o pecado: 1) “...em Jesus Cristo recuperamos o que foi
perdido em Adão, ou seja, o sermos a imagem e semelhança de Deus... Irineu. Adv. Haer, em Henry
A PROPENSÃO HUMANA PARA O PECADO E AS TENTAÇÕES DE CRISTO | 35
ª
Bettenson, editor, Documentos da igreja cristã, 3 ed. (São Paulo: ASTE, 1998), 69. 2) ―Habitando
entre nós comunicou-nos a genuína incorruptibilidade...” (Ibid., 71. 3) ... “o Senhor...recapitula (resume)
em si o homem original...” (Ibid., 70. 4) Nasceu da virgem que não conheceu concupiscência por um novo
e portentoso modo, tomando dela a natureza mas não a culpa. (Ibid., 100. 5) Já Bettenson, comentando
no Credo Niceno (de Cesaréia) aperfeiçoado pelo Concílio de Nicéia em 325, o termo “alterável”, declara
que refere-se a Jesus não ser moralmente alterável o que seria anátema (atréptôs), esclarece ainda o termo
“enanthôpêsanta – tomando sobre si tudo aquilo que faz homem ao homem, alargando sarkhôthénta, fez-
se carne, ou, talvez, viveu como homem entre os homens...” Sendo assim Jesus herdou as características
humanas necessárias para ser identificado como tal, uma natureza que não foi alterada moralmente em
momento algum, segundo o Credo de Nicéia. (Ibid., 69. 6) O Tomo de Leão ou Definição de Calcedônia,
declara que Cristo não tinha em sua natureza humana as propriedades produzidas pela queda (herdadas) e
adquiridas. Sua natureza era “perfeita” de homem verdadeiro. Tinha fraquezas mas não culpa, nem mácula,
nada tinha “das propriedades que trouxe para dentro de nós o sedutor” (Ibid., 97). Atanásio (296 a 373) em
sua obra De Incarnatione, 328 AD, diz que Ele tomou corpo mortal, entretando “incorruptível” para que
a corrupção cessasse revestindo-se de sua incorrupção (apesar de, no texto, aparentemente alegar a
divindade para tal incorrupção). (Ibid., 75. 8) Nos debates contra o semipelagianismo aparece a idéia de
que a liberdade humana teria se tornado tão depravada pelo pecado que sem a graça ninguém amaria,
creria ou faria o que é reto para o que se dá várias passagens bíblicas. Se Jesus herdasse a natureza
caída do homem, certamente estaria sob o domínio do pecado e não poderia se livrar por si mesmo,
carecendo ele mesmo de um Salvador. (Ibid., 116).
45
Sua superioridade ética e espiritual é descrita, como uma condição mais do que desempenho,
de forma contundente no escritos de Ellen White e nas Escrituras que declaram que ao nascer, em
vez de em pecado (Sl 51:5), nasceria um “santo” (Lc 1:35 ); que “nele não há pecado” (1Jo 3:5) e que “o príncipe
deste mundo ‘nada’ tem em Mim” (Jo 14:30). Nele havia “perfeita ausência de pecado”, “caráter sem pecado”
conf. Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1966), 1:256, 264.
Não participou do pecado nem por “um pensamento” e não recebeu “nenhuma contaminação” ao se tornar
homem. Seu corpo foi “preparado” por Deus: O Desejado de todas as nações, 109, 244, 264, (Mt 1:20-23)).
Foi tentado em tudo “mas sem pecado” (Hb 4:15), feito sacerdote “segundo a virtude da vida incorruptível”
(Hb 7:16), “inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus”, que não
necessitou oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, que, em oposição a “homens fracos” era “Filho
perfeito para sempre” (Hb 7:26,27). Que se ofereceu “imaculado” a Deus (Hb 9:14). Seu sangue e corpo tem
poder santificador (Hb 10:10; 12:12). Seu sangue, diferente de pessoas justificadas, fala melhor do que a do
“justo” Abel (Hb 12:24; 11:4).
46
1Co 15:45-49 declara que o primeiro Adão legou-nos (após o pecado) a imagem terrena e carnal,
ao contrário do segundo Adão (Jesus) que legou-nos sua imagem espiritual. O primeiro era da Terra
mas o segundo era do Céu. Agora temos a imagem do terreno mas depois (na ressurreição, que é o
contexto deste capítulo) receberemos a imagem do celestial (sem pecado, redimida) isto é, a de Jesus.
Veja Rm 5:12-19. “Venceu Satanás com a mesma natureza sobre a qual Satanás havia obtido a vitória
no Éden.” The youth’s Instructor, 25 de abril de 1901.
47
“ambicionava” alimento, Ellen G. White, O Desejado de todas as nações, 104.
48
Ibid., 103.
49
Ellen G. White, Mensagens escolhidas, 2ª ed. (Santo Amaro, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985),
1:272.
50
Ibid., 267, 272.
51
Ibid., 288; O Desejado de todas as nações, 114.
52
Ellen G. White, Mensagens escolhidas, 1:279. “...Cristo sabia que Adão, no Éden, com sua superio-
res vantagens, poderia ter resistido às tentações de Satanás, vencendo-o. Sabia também que não era
36 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
possível ao homem, fora do Éden, separado, desde a queda, da luz e do amor de Deus resistir em suas
próprias forças às tentações de Satanás.” Da mesma forma que Adão no Éden Cristo batalhou sozinho.
Sua natureza permaneceu diferente da nossa após a queda: sem pecado. Se sua natureza fosse a mesma
após a queda Ele não poderia vencer “sozinho”. Podemos vencer como ele venceu mas pela “Sua graça”.
Uma vez que Ele venceu, aqueles que nEle crêem recebem sua vitória e o poder que santifica. Mensagens
escolhidas, 1:226. Veio para redimir “a falha de Adão” e assim toda a sua descendência. O Desejado de todas
as noções, 102
53
Ellen G. White, O Desejado de todas as nações, 115.
54
Ellen G. White, Mensagens escolhidas, 1:271, 272
55
Ellen G. White, O Desejado de todas as nações, 104.
56
Ellen G. White, Mensagens escolhidas,1:253.
57
Deus lhe vedou o caminho suave: “é necessário que o Filho do homem padeça...” Era o “Homem
de dores” (Is 53:3). Apesar de ser parte de Sua pessoa, Jesus não deveria usar a divindade para be-
nefício próprio pois o homem não poderia fazê-lo, além disso o Seu caminho deveria ser de renúncia
daquilo que todos os homens neste mundo têm como natural para a própria vida: não possuía projetos
pessoais para este mundo. Deveria renunciar ao conforto e privilégios, até mesmo à comida e à vida e
até mesmo ao exercício de Sua Eterna Divindade para cumprir sua Missão. A Redenção impedia-o de
pensar no “bem-estar” do Filho do homem. Sua vida deveria ser de “tristeza, dificuldades e conflitos”
e Satanás faria sua vida o “mais amarga possível”. Ibid., 286. Sua prova foi “mais cerrada e mais severa
do que as que jamais seriam impostas ao homem.” Ibid., 289.
58
A possibilidade de pecado em Cristo era tão real como o foi em Adão. Ellen G. White, O Desejado
de todas as nações, 41, 103, 115, 660.
59
Ellen G. White, Mensagens escolhidas, 1: 276.
60
Ellen G. White, O Desejado de todas as nações, 106.
61
Ellen G. White, Mensagens escolhidas, 1:211, 220.
62
“Meu Pai: se possível, passe de mim este cálice! Todavia não seja como eu quero, e, sim, como tu
queres” (Mt 26:39). “Se alguém quer vir após mim a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.”
63
(Mt 16:24-26).Roy Adams, The Nature of Christ: Help for a Church Denided over Perfection. (Ha-
gerstown, MD: Review and Herald, 1994), 73-85. Discute acerca da suposta vantagem de Cristo sobre
nós. Sua posição é que Jesus sofreu a força total da tentação enquanto nós recebemos apenas uma
parte. Usando o que ele chama de “Escala Richter de Tentação”, adaptando a que é usada para terre-
motos, Adams, representa graficamente a declaração de 1Co 10:13. Concordamos com a ilustração
considerando que não foi a cruz que matou a Cristo afinal, mas a tensão da prova que lhe rompeu o
coração (Ellen G. White, O Desejado de todas as nações, 741). Assim, não foi a tensão total (conteúdo)
que um homem suportaria, foi maior, a ponto de romper o continente. Quebrou-se a escala. O abalo
foi mais forte do que o suportável. A dor estava além da capacidade humana. Nesse caso a intensidade
não veio sob medida, não pode ser avaliada. Foi “infinita” (Ibid., 743).
64
Ellen G. White, O Desejado de todas as nações, 102.
65
Ellen G. White, Mensagens escolhidas,1:254.
66
Ellen G. White, O Desejado de todas as nações, 101.
67
Se nosso alvo é a estatura de Cristo (Ef 4:13), nosso Modelo (Ellen G. White, Mensagens escolhi-
das, 1:338), como poderíamos vê-lo como alguém com as mesmas tendências mórbidas para o pecado
que nós? A parte dos momentos de conflito em que sua aparência foi desfigurada (Is 53; Ellen G.
White, O Desejado de todas as nações, 103) e dos efeitos redutores de sua capacidade física devido aos
fatores hereditários, Jesus era sem defeito “físico ou espiritual” (Ibid., 42).
Anotações
CAPÍTULO [ 5 ]
Bíblia
Sagrada
CRISTO NOSSA
CERTEZA E NOSSA
SEGURANÇA
INTRODUÇÃO
Cristo nossa certeza e nossa segurança.
Para quem Paulo escreveu o livro “HEBREUS”?
RESPOSTA:
Para os cristãos que estavam passando pelos seguintes problemas
JESUS
1- AUTOR DA SALVAÇÃO.
2 - SUMO SACERDOTE.
3 - PRECURSOR NOSSO.
4 - AUTOR E CONSUMADOR DE NOSSA FÉ.
CRISTO NOSSA CERTEZA E NOSSA SEGURANÇA | 39
1. O Sacerdote levítico tinha que ser humano. (5:1) Superior. Além de humano era divino
também.
3. O Sumo Sacerdote tinha que simpatizar-se com os pecadores ignorantes. (5:2), Tinha
que se controlar.
Superior. Ele foi tentado em tudo, mas sem pecado.
CONCLUSÃO
“Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre
para interceder por eles.” (Heb.7:25)
“Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça a fim de recebermos
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.” (Heb.4:16).
Tarefas?
1. Quais são as incertezas e dúvidas de hoje?
2. O que muda em sua vida ao saber que Jesus intercede no Céu por você?
3. Leia Heb.6:6, e então responda: O que significa crucificar Jesus outra vez?
4. Que sentimento tinha um israelita ao pecar e matar um animal inocente?
E hoje, que sentimos?
CAPÍTULO [ 6 ]
Bíblia
Sagrada
1 INTRODUÇÃO
Um número crescente de pessoas em algumas comunidades cristãs têm questionado e se
oposto ao uso do nome Jesus para designar o Filho de Deus, o Redentor encarnado, cuja vida,
ministério, morte e ressurreição são claramente apresentados nas páginas do Novo Testamen-
to. Tal oposição tem sido fundamentada na crença de que o nome Jesus é de origem pagã, e
oculta em si uma blasfêmia e difamação do nome sagrado do Redentor, o qual seria Yehôshua
(em hebraico).
Quais são as bases do raciocínio dessas pessoas? Estão elas certas? Pode um crente no Sal-
vador da Humanidade chamá-Lo de Jesus ou constitue isto uma blasfêmia e difamação de Sua
pessoa e do Seu nome?
Na seqüência abaixo, analisaremos primeiro os argumentos levantados por essas pessoas
contra o uso do nome Jesus. Depois, será abordada a argumentação apresentada por elas a
favor do uso do nome Yehôshua – como sendo o único que pode ser utilizado em referência
ao Redentor. Por último, consideraremos estes argumentos à luz das evidências das Sagradas
Escrituras, da história da transmissão do texto bíblico, das línguas bíblicas (hebraico e grego)
e do que se tem de conhecimento das crenças religiosas do mundo greco-romano.
aparecido na Bíblia Vulgata, quando o Bispo Jerônimo, a pedido do papa Dâmaso, traduziu as
Escrituras do grego para o latim.
Para eles, o objetivo de Jerônimo e do Papa ao introduzir o nome Jesus na Vulgata era o de
agradar os pagãos e atraí-los à “Igreja de Roma”. Para tal, foi composto um nome para o Re-
dentor a partir de nomes de divindades gregas e romanas:
1. J (de Júpiter) e ESUS (deus das florestas da Gália antiga, o qual fazia parte de uma trinda-
de divina — ESUS-TEUTATES-TARANIS — deuses aos quais se ofereciam sacrifícios huma-
nos). Este Esus era um deus romano, considerado o terrível Esus, por ser o deus dos trovões,
do raio e da tempestade.
2. Antigamente o nome não era Jesus Cristo e sim ZESVS CRISTVS, tendo ligação com
Zeus, ou Júpiter para os romanos.
3. Os gregos escreveram o nome IESOUS, que também foi formado por duas divindades
pagãs: IO (a amada de Zeus) e Zeus.
Além do mais, para estas pessoas, o nome Jesus quando escrito em hebraico daria Yesus o
qual teria um significado blasfemo: Je = Ye = Deus e a palavra SUS = “cavalo”. Assim, o signifi-
cado do nome Jesus em hebraico seria: “Deus é cavalo”. Portanto, os bispos romanos ao intro-
duzirem o nome Jesus na Vulgata não estavam somente tentando agradar e atrair os pagãos,
como descrito acima, mas também estavam difamando e blasfemando contra o Nome do Re-
dentor e contra Deus. Eles estariam assim, cumprindo o que está escrito em Apocalipse 13:5-6:
“Foi-lhe dada boca que proferia arrogâncias e blasfêmias... e abriu a boca... para lhe difamar o
Nome...”. Segundo a profecia bíblica, esta “besta” que fala blasfêmias e difama o Nome Sagrado
do Redentor seria adorada por “todos os que habitam sobre a terra” (Ap 13:8). E isso tem se
cumprido pelo fato de que todos, tanto católicos-romanos como evangélicos, espíritas, pente-
costais, umbandistas, etc. tem adorado o nome Jesus. Todos têm adorado assim os nomes dos
deuses pagãos e a blasfêmia católico-romana contida no nome Jesus.
O nome Jesus para eles, portanto, não tem nenhum valor dentro das Sagradas Escrituras.
Consequentemente, os verdadeiros filhos de Deus são aqueles que crêem no NOME VER-
DADEIRO do Redentor, e não naquele outro nome QUE APARECE nas Bíblias de origem
ROMANA (a Vulgata). Hoje, os verdadeiros filhos de Deus têm a oportunidade de conhecer e
invocar o Nome Sagrado, e sobre eles se poderá cumprir o mesmo que foi dito à Igreja de Éfeso
em Apocalipse 2:3 – “e tens perseverança, e suportaste provas por causa DO MEU NOME, e
não desfaleceste.”
I = I
H = e
S = s
Ou = u70
S = s
Quanto ao nome grego Iesoûs , ele representa a transliteração grega comum do nome he-
braico Yehôshua = Josué, ou de sua forma abreviada Yeshua = Jesus). Assim, na Septuaginta
(tradução do Antigo Testamento hebraico para a língua grega), Josué é sempre referido como
Iesous), o mesmo acontecendo com o nome de Cristo no Novo Testamento grego71.
A Septuaginta representa a primeira tradução feita do Antigo Testamento. Rabinos judeus,
no 3º século a.C., traduziram os escritos do Antigo Testamento (escrito originalmente em he-
braico, com algumas porções em aramaico) para a língua internacional mais falada do mundo
de então, o grego. Os escritos bíblicos assim tornaram-se acessíveis não só aos judeus da Di-
áspora, que em sua grande maioria não falava nem entendia o hebraico nem o aramaico, mas
também a todo cidadão do mundo greco-romano de então 72.
Os livros do Novo Testamento foram escritos no 1º século A.D., na sua maioria pelos pró-
prios apóstolos de Cristo, ou por pessoas que estavam intimamente ligadas a eles. Ainda que
Jesus tenha falado e pregado em aramaico, lido as escrituras em hebraico, e seus discípulos
falassem maiormente o aramaico, a história dos Evangelhos, do livros de Atos, as cartas de
Paulo, Tiago, Pedro, Judas, o Apocalipse de João, foram todos escritos em grego73, e todos esses
escritos se referem a Cristo como Iesous.
Em vista da origem e uso do nome grego Iesous, tanto na Septuaginta como no Novo Testa-
mento, é inaceitável, e mesmo um absurdo, a argumentação de que o nome Jesus reflete nomes
de deuses pagãos (Júpiter + Esus, para os latinos; Io + Zeus, para os gregos). O autor deste tipo
de argumentação desconhece a história da tradução e transmissão do texto bíblico do Antigo
Testamento e da composição do texto do Novo Testamento. Foram rabinos judeus, para o
Antigo Testamento, e os próprios apóstolos de Cristo, no Novo Testamento, que registraram
o nome Iesous no texto bíblico, seguindo as normas lingüísticas comuns de transliteração de
um nome hebraico para o vernáculo grego. Quando se lê o Novo Testamento em sua língua
original, pode-se ver claramente que Paulo, por exemplo, pregava a Palavra de Deus em grego
através de boa parte do império romano de então, proclamando a salvação, tanto a judeus
ERA O SEU NOME YEHÔSHUA
| 43
como a gentios, em nome de Iesous. Seria um absurdo acreditar que Paulo não sabia o que ele
estava fazendo, ou que intencionalmente ele estaria referindo-se a deusa Io e a Zeus, blasfe-
mando assim do Messías de Israel e Redentor do mundo.
A etimologia forçada do nome de Jesus, ligando-O a deuses pagãos, não só representa falta
de conhecimento da parte daqueles que a formularam, mas aparenta ser o resultado de um
esforço preconcebido, deliberado, de encontrar nomes da antiga mitologia greco-romana que
pudessem ser combinados, de qualquer jeito, para dar a impressão de que o nome Jesus tem
uma origem pagã. Os erros e o modo forçado como os argumentos são apresentados chegam
a ser aberrantes. Por exemplo: Por que J representaria Júpiter? Porque desconectar o J da vogal
“e” que o segue? Aparentemente para poder ter o nome Esus, o nome de um deus da mitologia
celta. Este nome parece ser particularmente atraente pelo fato de ser citado na literatura roma-
na, pelo poeta Lucano, em ligação com dois outros deuses celtas (Teutates e Taranis) dando a
impressão de um trindade pagã.
No entanto, um estudo sobre a religião celta e seu relacionamento com a religião e mitolo-
gia romanas mostra a fragilidade dessa argumentação. Primeiro, os três deuses celtas citados
acima, eram alguns dos mais importantes deuses da religião celta, mas não eram os únicos. O
maior e mais importante deus era Lugus e no panteão celta aparece referência a cerca de 400
nomes de diferentes deuses. Assim, a noção de uma trindade pagã adorada pelos celtas e aceita
posteriormente pelos romanos é uma idéia que não tem fundamento. Segundo, à medida que
os romanos conquistavam novos territórios, eles identificavam seus deuses com os deuses
locais, facilitando assim o sincretismo religioso e a aceitação da religião romana pelos povos
conquistados. É muito discutível, no entanto, o quanto a crença em Esus, um dos deuses dos
celtas, influenciou a mitologia romana. Em verdade, só se sabe que alguns escritores romanos
o identificaram com Mercúrio, mas não se pode afirmar que em Roma Esus assou a ser ado-
rado como um deus. Terceiro, a identificação de Esus com Mercúrio (que segundo a mitologia
greco-romana era o mensageiro dos deuses, o deus do comércio e da eloqüência) não dá apoio
algum à argumentação de que Esus era considerado pelos romanos como “o terrível Esus”, o
deus dos trovões, do raio e da tempestade. Essas características pertenciam a Júpiter (ou Zeus
para os gregos) e não a Mercúrio, e o poeta romano Lucano identificou o deus celta Taranis
com Júpiter e não com Esus74.
Sem fundamento são as sugestões de que o nome Iesous provém da fusão do nome da deusa Io
(a amada de Zeus) com o nome de Zeus, por parte dos gregos, ou que o nome Jesus corresponde-
ria ao hebraico Ye = Deus + Sus = cavalo, e que teria sido criado pelos bispos romanos para blas-
femar o nome do redentor e o nome de Deus. Como visto acima, o nome Iesous é a transliteração
grega normal do nome hebraico Yehôshua = Josué, ou de sua forma abreviada Yeshua = Jesus. O
som de “sh” da letra hebraica shin é sempre transliterado em grego por um s (sigma). Assim, por
exemplo, o hebraico “Moshê” é transliterado em grego por Moysés, de onde vem a forma latina
Moisés. O sigma no final do nome Iesous é uma característica natural de certos nomes masculinos
em grego (indicando o caso nominativo, a forma básica do nome; o mesmo ocorre com o nome
Moisés). Dizer que Yesus é o correspondente hebraico de Jesus é desconhecer as línguas bíblicas e
a maneira como nomes hebraicos foram traduzidos para o grego na antiguidade.
Além disso, os argumentos usados contra o nome Jesus demonstram ignorância do fato de
que esse nome aparece abundantemente na literatura judaica desde o 3º século a.C. até a época
de Cristo e dos apóstolos. O historiador judeu Flávio Josefo (35-100 A.D.), por exemplo, faz
referência a pelo menos 19 personagens judeus que em sua época tinham o nome Iesous75.
Assim, o nome Jesus nada tem a ver com uma criação dos bispos de Roma, por volta do 4º
século A.D., misturando nomes de deuses romanos, celtas, gregos, ou adicionando a palavra
44 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
hebraica para cavalo ao nome de Deus, a fim de blasfemar contra Redentor e contra Deus. Este
nome já existia há pelo menos 600 anos no meio judaico quando Jerônimo (347-420 A.D.)
preparou sua tradução da Bíblia para latim, conhecida como a Vulgata.
Ademais, pode-se perguntar se o nome hebraico, ou aramaico, de Jesus teria sido Yehôshua,
se Ele teria sido chamado pela forma abreviada Yeshua. As duas formas são totalmente plausí-
veis, no texto da Septuaginta tanto a forma Yehôshua (que quer dizer YHWH é salvação) como
Yeshua (que simplesmente significa “salvação”) são transliteradas como Iesous. No entanto,
deve-se notar que a forma abreviada Yeshua parece ter-se tornado a forma mais comum do
nome após o exílio babilônico. Já no texto bíblico, por exemplo em Neemias 8:17, o nome de
Josué aparece como Yeshua em vez de Yehôshua. Referência é feita a um certo Yeshua, filho de
Jozadaque, em Esdras 5:2. A forma abreviada Yeshua é abundantemente atestada nos ossuários
judaicos do 1º século A.D. encontrados nos arredores de Jerusalém, e em Leontópolis e Tel
el-Yehudieh, no Egito76.
Tudo isso parece indicar que, nos dias de Jesus, a forma mais usada e popular do nome seria
Yeshua, e que este teria sido o nome de Jesus, em vez da forma mais arcaica Yehoshua.77 O texto
do Novo Testamento parece indicar isso também, especialmente através do jogo de palavras
que aparece nos textos da anunciação e dos cânticos registrados por Lucas, no seu evange-
lho. Se o anjo Gabriel anunciou a Maria que o nome do Redentor, que estava para nascer,
seria Yeshua (Lc 1:31), que quer dizer “Salvação” esse nome então aparece repetidas vezes nos
cânticos registrados nos primeiros capítulos de Lucas. Assim, por exemplo, quando Zacarias
canta em Lucas 1:68-79, nos versos 76-77, ele teria pronunciado o nome de Jesus ao dizer: “Tu,
menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-Lhe os
caminhos, para dar ao Seu povo o conhecimento de Yeshua (Salvação), no redimi-lo dos seus
pecados.” Simeão, também, ao tomar Jesus nos braços, teria dito: “Agora, Senhor, despedes em
paz teu servo, segundo Tua palavra; porque meus olhos já viram o Teu Yeshua (Salvação), o
qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu
povo de Israel” (Lc 2:29-32). O mesmo jogo de palavras parece estar por detrás do texto de
Mateus 1:21, onde o anjo do Senhor disse a José: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome
de Yeshua (Salvação), porque Ele salvará o seu povo dos pecados deles.”
2 CONCLUSÃO
Assim, ao contrário da opinião daqueles que se opõem ao uso do nome Jesus para o Re-
dentor da humanidade, esse nome tem todo o valor dentro das Sagradas Escrituras e na vida e
história do povo de Deus. Na época do Novo Testamento, o nome do Messías que era procla-
mado entre os crentes de fala hebraica/aramaica parece ter sido Yeshua. Quando os apóstolos,
e os outros crentes da Igreja Primitiva, no entanto, anunciavam a Cristo entre os judeus da
Diáspora e entre as multidões das nações, eles pregavam e batizavam em nome de
Iesous, a forma grega do nome de Cristo, de onde vem a forma latina Jesus na nossa língua.
Ora, se isso era correto e apropriado para aqueles que foram diretamente comissionados por
Cristo para levar o Evangelho a todo o mundo, e se eles assim o fizeram sob a direção contínua
e poderosa do Espírito Santo, seria isso hoje incorreto para os verdadeiros filhos de Deus?
Finalmente, fica claro, pelo estudo do texto do Novo Testamento, que quando se diz em
proclamar o NOME, ou de que só existe salvação em seu NOME, ou ainda mais de que não há
nenhum outro NOME pelo qual importa que sejamos salvos, o autor bíblico está referindo-se
à pessoa de Jesus e não à forma como o Seu Nome é pronunciado (seja em hebraico/aramai-
co, grego, ou qualquer outra língua). Não existe poder especial, ou qualquer fórmula mágica
de redenção em pronunciar o nome de Cristo de um jeito ou de outro. O poder está nEle, na
ERA O SEU NOME YEHÔSHUA
| 45
pessoa de Jesus Cristo. A fidelidade do verdadeiro filho de Deus não está em pronunciar o
nome do Redentor em uma língua ou outra mas em fazer a vontade de Deus, como revelada
nas Escrituras. A fidelidade cristã está em entregar, por meio de Cristo, sua vida totalmente a
Deus e produzir, em Cristo, os frutos do Espírito, guardando os mandamentos de Deus. Isto é
o que o próprio Jesus deixou bem claro ao dizer em Mateus 7:21-23:
Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de Meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia hão de dizer-Me: Senhor, Senhor!
porventura, não temos nós profetizado em Teu Nome, e em Teu Nome não expelimos demô-
nios, e em Teu Nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos
conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade.
REFERÊNCIA
_________________________
68
As informações aqui apresentadas foram extraídas de um folheto anônimo de 4 páginas publi-
cado na cidade de Curitiba. Neste folheto nenhuma informação é dada quanto a sua origem, nome
do autor, autores, ou grupo religioso que o publicou, a não ser dois números de telefone e o seguinte
endereço: Rua Pantanal, 470 - Bairro Moradias Cajurú - Vila Oficinas, Curitiba, Paraná.
69
Ibid.
70
O ditongo “ou” em grego forma um só fonema com som “u”, ver Abílio Alves Perfeito, Gramática de
Grego, 6ª ed. (Porto: Porto Editora, 1988), 10; Guillermo H. Davis, Gramática elemental del Griego del Nuevo
Testamento (Buenos Aires: Casa Bautista de Publicaciones, s.d.), 4; e Ray Summers, Essentials of New Testa-
ment Greek (Nashville, TN: Broadman, 1950), 2-3.
71
Veja-se o livro de Josué em Alfred Rahlfs, ed. Septuaginta, id est Vetus Testamentum graece iuxtaLX
interpretes, 2 volumes em um (Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1979) e o uso Ihsouj para Cristo
no Novo Testamento grego em Kurt Aland e outros, eds. The Greek New Testament, 3ª ed. corrigida
(Stuttgart: United Bible Societies, 1983).
72
Ver a discussão sobre as origens da Septuaginta em Ernst Würthwein, The Texto f the Old Testament
(Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans, 1992), 49-55; e Emanuel Tov, Textual Criticism of the Hebrew
Bible (Minneapolis: Fortress Press, 1992), 134-137.
73
Ver Robert H. Gundr, Panorama do Novo Testamento (São Paulo: Vda Nova, 1991), xix-xix,23;e Eve-
rett F. Harrison, Introduction to the New Testament (Grand Rapids, MI: William B, Eerdmans 1964), 49-55.
74
Ver o estudo da religião celta em Jan Filip, “Celtic Religion”, The New Encyclopædia Britannica:
Macropædia, 15ª ed. (Chicago: Encyclopædia Britannica, 1983), 3:1069-1070; e “Esus”, The New Ency-
clopædia Britannica: Micropædia, 15th ed. (Chicago: Encyclopædia Britannica, 1983), 3:973.
75
Ver a discussão em K. H. Rengstorf, “Iesous, Jesus”, The New International Dictionary of New Tes-
tament Theology, ed. Colin Brown (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1988), 2:331; G.
Schneider, “Iesous, Jesus”, Exegetical Dictionary of the New Testament, ed. Horst Balz e Gerhard
Schneider (Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans, 1991), 2:180-181; e Ben F. Mayer, “Jesus”, The
Anchor Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), 3:773.
76
Ver os Artigos, citaos anteriormente, de Rengstorf, Schneider e Mayer.
77
O uso de uma forma mais abreviada de um nome em vez de sua forma mais longa e antiga é um
fenômeno comum na maioria das línguas. Em português, por exemplo, se pode encontrar muito mais pes-
soas com o nome Manuel, uma forma abreviada, do que com o original mais longo Emanuel. Em inglês, por
exemplo, se encontra mais Betty do que Elizabeth.
CAPÍTULO [ 7 ]
Bíblia
Sagrada
A MANIFESTAÇÃO
DA GRAÇA DE DEUS
Yvson Paulo Nascimento Ferreira
1 INTRODUÇÃO
A doutrina da graça está amplamente revelada na Bíblia, e esta demonstra o incomensurá-
vel amor de Deus pelos seres humanos. A graça divina foi manifestada desde o princípio, de
forma mais contundente, através da maneira como Deus tratou o homem antes e depois da
queda. Em sua perspectiva veterotestamentária, a graça é revelada a partir dos conceitos de
eleição e de aliança. Esta perspectiva é ampliada no Novo Testamento, sobretudo pela contri-
buição do apóstolo Paulo, o qual conseguiu captar na vida de Jesus a autodoação de Deus. A
primeira parte deste artigo traz informações referentes as primeiras revelações desta dádiva
divina. Tais informações são complementadas e ampliadas na segunda parte com a descrição
da renovação que recebeu esta doutrina nos escritos neotestamentários. A terceira parte pro-
cura mostrar como a graça se manifestou de forma plena em, e por Jesus.
2 A GRAÇA VEROTESTAMENTÁRIA
Não consta nos escritos veterotestamentários um termo próprio para assinalar a palavra
graça como atualmente entendida pelos cristãos,78 entretanto, esta doutrina “figura [por todo
o] Antigo Testamento [AT]”,79 em forma de uma “promessa e como uma esperança”.80 A
Graça divina é manifestada desde o princípio, sobretudo, pela maneira como Deus tratou
o homem antes e depois da queda81 (Gn 2:8-22; 3:8-15).82 Deus não se deixou abater
pela situação pecaminosa do homem, antes, por Sua iniciativa gratuita suscitou “no homem
um movimento de conversão... [que] exercesse-a do nada, como se havia exercido [em] Sua
iniciativa criadora”.83 A graça divina é ainda igualmente revelada “ao longo da experiência
religiosa do povo [de Israel], a partir dos conceitos de eleição e de aliança”.84 “A eleição do povo
A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS | 47
de Israel se baseou exclusivamente sobre a vontade de Deus”,85 sendo assim “um gesto absolu-
tamente gracioso”.86 No AT os termos que melhor exprimem o sentido teológico da graça são:
hen e hesed.87 “O substantivo hen designa uma qualidade que incita ao favor”,88 expressando
que “o mais forte... vem ao socorro do mais fraco que precisa de socorro por causa das suas
circunstâncias ou da sua fraqueza natural”.89 Neste sentido “a graça de Deus [é] misericórdia
inclinada sobre a miséria”.90
O termo hebraico hesed expressa a fidelidade prestimosa de Deus manifestada na alian-
ça91 que permeia o AT. Apesar da fidelidade de Deus, o homem por várias vezes quebrou esta
aliança92 (Os 4:1; Is 1:4; Jr 9:4; 6:7; Ez 16:20).93 Devido a fraqueza do homem, Deus decide fazer
aquilo que ele é “radicalmente incapaz”94 de fazer por si. Em Sua infinita graça, Deus oferece
ao homem, através da obra de Seu espírito, a possibilidade de mudar-lhe o coração (Jr 31:33;
Ez 36:24- 27), apagar-lhe os pecados (Sl 51:3) e renovar-lhe o interior.95
Em suma, através do quadro apresentado pela eleição gratuita e aliança estabelecida por
Deus, é apresentado o conceito veterotestamentário da graça, que compreende o amor divino
que possibilita ao homem pecador, receber salvação completa, total cancelamento do pecado e
o restabelecimento da relação interpessoal com o Criador.96 Assim sendo, “a teologia da graça
está... virtualmente revelada”97 no AT.
3 A GRAÇA NEOTESTAMENTÁRIA
A graça de Deus está intrinsecamente fundamenta na própria mensagem do Novo Testa-
mento (NT). Ela permeia “todo o Evangelho, que é a boa nova da graça de Deus (At 20.24), a
palavra da Sua graça (At 13.43; 14.3; 2Co 6.1; Cl 1.6)”.98
“A doutrina a respeito da graça já está contida nos Evangelhos sinóticos, mas foi desenvol-
vida, sobretudo por Paulo e pelos escritos joaninos”,99 “só que Paulo partia da morte-ressurrei-
ção de Jesus Cristo para elaborar sua teologia da cháris (Gl 2,19; Rom 3,21-26; Cor 15,1-20),
João extrai do próprio fato da encarnação”100 (Jo 1:4,14,16,17; 14:6). Assim charis “se tornou
um dos conceitos centrais da teologia do NT”, 101 estando “íntima e fundamentalmente identi-
ficada com o evangelho inteiro”.102
Devido a “potencialidade única que possuía a palavra no mundo grego, que ela pôde ser
usada tanto para exprimir a intenção, a mentalidade, como também o dom que daí procede”.103
·Charis “é o dom por excelência, aquele que resume toda a ação de Deus e tudo aquilo que
podemos augurar a nossos irmãos”.104 Vê-se “claramente que a idéia de dom, absolutamente
gratuito e imerecido, é essencial à profunda compreensão de cháris (Ef 2.8 s.)”.105 Este dom está
repleto de generosidade e envolve o próprio doador. “É o segredo maior da redenção, experi-
ência de vida, de união com Deus, acompanhado de paz e alegria”.106 A graça de Deus habilita
o homem a ouvir o Evangelho, acreditar nele e tornar-se um com Jesus. “Esta é a justificação
operada pela graça (Rm 3,23s): o podermos ser diante de Deus exatamente o que [Ele] espera
de nós, filhos diante de seu Pai (Rm 8,14-17; 1J 3,1s)”.107
Diante dessas explanações, fica manifesto o conceito neotestamenário da graça, que se re-
sume como a “atividade salvífica de Deus, que decidida desde toda a eternidade, se tornou
manifesta e eficaz na obra redentora de Cristo em favor de nós, e que continua e consuma em
nós e no mundo a obra redentora”.108
como Espírito Santo... numa superabundância inesperada de Amor... e se chamando Jesus Cris-
to”.111 “A graça divina não se separa de Deus”,112 pois “Deus não tem graça. É graça”.113 E este
atributo divino expressa “o evento essencial de que testemunha o NT: a vinda de Deus em Jesus
Cristo”,114 “o plano feito antes de todos os tempos... (2 Tim 1:9)”.115 “A vinda de Jesus Cristo mos-
tra até onde pode ir a generosidade divina: a ponto de nos dar o seu próprio Filho (Rm 8,32)”.116
“Na pessoa de Cristo vieram-nos a graça e a verdade (Jo 1,17), nós as vimos (1,14), e, com
isso, temos conhecido a Deus no seu Filho único (1,18)... assim, ao ver Jesus Cristo, conhece-
mos que sua ação é graça (Tt 2,11; cf. 3,4)”,117 e esta ação, “rompe o domínio de Satanás (Mc
3,27) e inaugura o Reino de Deus que está chegando (Lc 11,20 par.)”.118 Cristo é “a revelação
da vida (1Jo 1,2), pois o Pai concedeu ao Filho ter a vida em si mesmo‘ (Jo 5,26), porque Ele é
a vida (11,25; 14,16), e dá a vida aos crentes (5,21.24; 10,10.28)”.119 “O trecho de Rom. 5:15,17,
tem a graça em oposição à morte. Ela é a medida que transmite vida, resultado da missão,
da expiação e da ressurreição de Cristo”.120 “A graça de Cristo é o dom da vida (Jo 5,26; 6,33;
17,2)”,121 que “conduz Seus discípulos a uma viva união consigo mesmo e com o Pai”.122
“Pela graça de Deus, Jesus padeceu a morte por todos ( Hb 2,9)”,123 mas devido ao Seu
gracioso sacrifício é que a “escravidão medrosa, motivada pela culpa, foi substituída por
uma nova motivação para [segui-Lo] em verdade, simplesmente por devoção e prazer”,124
tornando assim a religião estéril e rígida em um relacionamento orientado pela graça “a graça
libertadora”,125 que “é sumariada no nome Jesus Cristo... Jesus Cristo é Deus por nós”,126 e Sua
“graça instaura um mundo só, onde os opostos se encontram: Deus-Homem; Criado-Criador.
Graça é a unidade e a reconciliação”,127 a qual é revelada de forma plena em Jesus.
Em suma, as exposições apresentadas neste artigo coadunam-se na seguinte expressão: a
manifestação suprema da graça divina é a autodoação de Deus em Jesus Cristo.
5 CONCLUSÃO
A presente pesquisa procurou apresentar, de forma sucinta, a graça de Deus como Ele a
revelou em Sua palavra, e pode ser resumida na seguinte ordem: a primeira parte se propôs
a apresentar que a graça veterotestamentária compreende o amor divino que possibilita ao
homem pecador, receber salvação completa, total cancelamento do pecado e o restabeleci-
mento da relação interpessoal com o Criador. A segunda parte enfatizou a visão neotestamen-
tária deste dom, que se resume como a atividade salvífica de Deus, que decidida desde toda a
eternidade, se tornou manifesta na obra redentora de Cristo em favor do ser humano, e que
continua e se consuma em seus filhos e no mundo. A terceira parte complementa o que antes
foi dito expressando que, o próprio Deus se entregou na pessoa de Jesus para resgatar a huma-
nidade, esta ação salvífica exposta de maneira clara na vida, morte e ressurreição de Cristo se
consuma como a manifestação suprema da graça divina.
Em suma, pode ser dito que a religião da Bíblia é uma religião de graça, na qual Deus mos-
tra que escolheu o homem e proveu os meios, para que este possa ser semelhante a Ele, mesmo
que não mereça.
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BORN A.V. D. ,”Graça”, Dicionário enciclopédico da Bíblia (DEB), ed. Frederico Vier (Petrópolis, RJ:
Vozes, 1971), 649.
CHAMPLIN, Russell N. e João M. Bentes, “Graça”, Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia (EBTF) (São
Paulo: Candeia, 1995), 2:955
CHAMPLIN,Russel N. O Antigo Testamento interpretado (ATI), 7 vols, (São Paulo: Candeia, 2000),
1:23-28, 34-36.
Dicionário enciclopédico das religiões (DER), ed. 1995, ver “Graça”.
F. Michaeli, ―Eleger‖, Vocabulário bíblico (VB), ed. Jean J. V. Allmen (São Paulo: Associação de
Seminários Teológicos Evangélicos, 1972), 1:114-116.
H. H. Esser, “Graça”, Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento (DITNT), eds. C. Brown e
L. Coenen (São Paulo: Vida Nova, 2000), 2:908.
H. Rondet, La gracia de Cristo, Barcelona, 1966, 29, citado em Peña, “Graça”, DCFC, 320.
_________________________
78
J. Schildenberger, Graça, Dicionário de teologia bíblica (DTB), ed. Johannes B. Bauer (São Paulo:
Edições Loyola, 1988), 1:446.
79
Jacques Giblet, Graça, Vocabulário de teologia bíblica (VTB), ed. Xavier L. Dufour (Petrópolis, RJ:
Vozes, 1970), 386.
80
Ibid.
81
Schildenberger, Graça, DTB, 447.
82
Para uma melhor noção da revelação da graça antes e depois do pecado original do homem, ver: Rus-
sel N. Champlin, O Antigo Testamento interpretado (ATI), 7 vols, (São Paulo: Candeia, 2000), 1:23-28, 34-36.
83
J. L. R. de la Peña, Graça, Dicionário de conceitos fundamentais do cristianismo (DCFC), ed. Cassiano
F. Samanes e J. J. T. Acosta (São Paulo: Paulus, 1999), 319.
84
Ibid.
85
Russell N. Champlin e João M. Bentes, “Graça”, Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia (EBTF)
(São Paulo: Candeia, 1995), 2:955. Para uma melhor noção da manifestação da graça na eleição de
Deus, ver: F. Michaeli, “Eleger”, Vocabulário bíblico (VB), ed. Jean J. V. Allmen (São Paulo: Associação de
Seminários Teológicos Evangélicos, 1972), 1:114-116.
86
Peña, “Graça”, DCFC, 319.
87
A.V. D. Born , “Graça”, Dicionário enciclopédico da Bíblia (DEB), ed. Frederico Vier (Petrópolis, RJ:
Vozes, 1971), 649. Para uma melhor noção do termo hen, ver: Edwin Yamauchi, “hen. Favor, graça, en-
canto”, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento (DITAT), eds. R. Laird Harris, Gleason L.
Archer e Bruce K. Waltke (São Paulo: Vida Nova, reimpressão 1999), 495-496.
88
John L. Mckenzie, “Graça”, Dicionário bíblico (DB) (São Paulo: Paulus, 1984), 391.
89
H. H. Esser, “Graça”, Dicionário internacional de teologia do Novo Testamento (DITNT), eds. C. Brown
e L. Coenen (São Paulo: Vida Nova, 2000), 2:908.
50 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
90
Giblet, “Graça”, VTB, 386.
91
Born ,”Graça”, DEB, 649.
92
Para uma melhor noção do termo aliança, ver: G. Pidoux, “Aliança”, VB, 1:21-23.]
93
Giblet, “Graça”, VTB, 387.
94
Ibid.
95
Ibid.
96
Peña, “Graça”, DCFC, 320. Ver também: P. E. Hughes, “Graça”, Enciclopédia histórico-teológica da
igreja cristã (EHTIC), ed. Walter A. Elwile (São Paulo: Vida Nova, 1992), 2:216-220.
97
H. Rondet, La gracia de Cristo, Barcelona, 1966, 29, citado em Peña, “Graça”, DCFC, 320.
98
F. Baudraz, “Graça”, VB, 1:158. Para se ter uma melhor noção sobre a graça no Evangelho, ver:
Valdir Steverdagel, ed., No princípio era o Verbo (Curitiba, PR: Encontrão Editora, 1994), 25-31. Ver tam-
bém: Frank Stagg, O livro dos atos dos apóstolos (Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1958), 306;
F. de L. Calle, A teologia de Marcos (São Paulo: Edições Paulinas, 1984), 38-41, 129- 140.
99
Born , “Graça”, DEB, 650. Para uma melhor noção da doutrina da Graça nos escritos paulinos, ver:
C. J. Allen, O Evangelho segundo Paulo (Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1961), 82-110. Ver
também: James Stalker, O apóstolo Paulo (São Paulo: Imprensa Metodista, 1948), 55-72; Daniel Patte,
Paulo, sua fé e a força do Evangelho (São Paulo: Edições Paulinas, 1987), 250-260, 285-287;
J. M. González, O Evangelho de Paulo (São Paulo: Edições Paulinas, 1980), 120, 134-148, 278.
100
Peña, “Graça”, DCFC, 320-321. Para uma melhor noção da doutrina da Graça nos escritos de
João, ver: Francisco de Lacalle, A teologia do quarto Evangelho (São Paulo: Edições Paulinas, 1985), 118-
126.
101
G. Trenkler, “Graça”, DTB, 450.
102
Mckenzie, “Graça”, DB, 392.
103
G. Trenkler, “Graça”, DTB, 451. Para uma melhor noção do termo grego charis, ver: Kenneth S.
Wvest, Jóias do Novo Testamento grego (São Paulo: Imprensa Bastista Regular, 1986), 77-79.
104
Giblet, “Graça”, VTB, 388.
105
Alan Richardson, Introdução a teologia do Novo Testamento (São Paulo: Associação de Seminários
Teológicos Evangélicos, 1966), 282.
106
Dicionário enciclopédico das religiões (DER), ed. 1995, ver “Graça”.
107
Giblet, “Graça”, VTB, 390.
108
G. Trenkler, “Graça”, DTB, 453.
109
G. Trenkler, “Graça”, DTB, 450. “O Apóstolo [Paulo usa] o termo cháris para nomear a condensa-
ção de todos os gestos e etapas da iniciativa salvífica divina, e de seus efeitos concretos, através da
pessoa de Cristo. Assim, pois, a cháris paulina não é algo, mas alguém; o dom gracioso que Deus nos
faz é a entrega de seu Filho (Rm 8,31-39)”. Peña, “Graça”, DCFC, 320.
110
G. Trenkler, “Graça”, DTB, 451.
111
Leonardo Boff, Graça e experiência humana (Petrópolis, RJ: Vozes, 1998), 16.
112
F. Baudraz, “Graça”, VB, 1:158.
113
Ibid.
114
Ibid.
115
G. Trenkler, “Graça”, DTB, 451.
116
Giblet, “Graça”, VTB, 388.
117
Ibid.
118
Born, “Graça”, DEB, 650. “O Reino de Deus se revela então como Reino de filhos, no qual os peca-
dores são os preferidos (Lc 15,7.10), os menores são os maiores (Lc 9,48) e os últimos são os primeiros
(Mt 19,30). É, em suma, o Reino do qual Paulo designará com o termo graça”. Peña,
“Graça”, DCFC, 320.
A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS | 51
119
Born, “Graça”, DEB, 652.
120
Champlim e Bentes,“Graça”, EBTF, 2:956. Para uma melhor noção da graça em Rm 5:15-17, ver:
“Graça” [Rm 5:15-17], Comentario biblico adventista del séptimo día (CBASD), ed. Tucio N. Peverini
(Boise, ID: Publicaciones Interamericanas, 1988), 6:528-530.
121
Giblet, “Graça”, VTB, 390.
122
SDA Bible Commentary, vol. 5:1148, citado em Beatrice S. Neall, ―As Grandes Orações da Bíblia‖,
Lição da Escola Sabatina, janeiro-março de 2001, 132. ―Com efeito, crer em Cristo é “permanecer nele‘
como os sarmentos na videira (Jo 15,1-6), isto é, receber do Filho seu dinamismo vital, da mesma forma
que o Filho o recebe do Pai (Jo 17,23)”. Peña, “Graça”, DCFC, 321. Para uma melhor noção dos resultados
práticos da graça na vida do crente, ver: Charles R. Swindoll, O despertar da graça (São Paulo: Bompastor,
1994), 15-17.
123
Mckenzie, “Graça”, DB, 392.
124
Swindoll, 9.
125
Ibid.
126
Champlim e Bentes,“Graça”, EBTF, 2:955.
127
Boff, 17.
Anotações
CAPÍTULO [ 8 ]
Bíblia
Sagrada
JESUS CRISTO É
NOSSO SALVADOR
INTRODUÇÃO
João 8:36 Se, pois o Filho vos libertar;verdadeiramente, sereis livres Jesus promete liber-
tação. Afirma que esta libertação é real “O QUE JESUS É, DÁ VALIDADE AO QUE ELE
OFERECE.”
“E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo e a virtude do Altíssimo
te cobrirá com Sua sombra; pelo que também o Santo, de ti há de nascer, será chamado Filho
de Deus.” Lc 1:35.
Em Cristo todos os atributos da divindade estão presentes “Porque nEle habita corporal-
mente toda a plenitude da divindade.” Cl 2:9.
O ser humano não tem este direito porque ele mesmo é um devedor.
Como Deus, Ele nada deve à Lei, portanto, pode obedecer a lei em lugar de outro.
Como Deus, Ele pode dar vida por outro.
O ser humano não tem este direito porque a vida não lhe pertence. -1Co 6:19.
CONCLUSÃO
Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.
1Tm 2:5.
Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nEle fôssemos feitos
justiça de Deus. 2Co 5:21.
Quem tem o filho tem a vida
REFERÊNCIAS
Estudo baseado no artigo de I.C.S. Roouen
CAPÍTULO [ 1 ]
Bíblia
Sagrada
O SERVO
SOFREDOR
INTRODUÇÃO
Jesus de boa vontade sofreu a penalidade de nossos pecados para que pudéssemos receber
como um dom de Deus a Sua justiça, e assim obter a salvação.
Muitas pessoas se sacrificam para servir os outros. Mas nenhuma pode ser comparada ao
Servo Sofredor, de Isaías 53.
O Novo Testamento revela que o Servo Sofredor é Jesus Cristo.
O Salvador necessário - Apesar de terem sido criados perfeitos e gozando de um relacio-
namento muito íntimo com Deus, Adão e Eva pecaram e fizeram com que a humanidade se
separasse de Deus.
Como Isaías 53:5 e 6 descreve a condição humana?
Sem a intervenção de Deus, a humanidade estaria eternamente perdida. É preciso um poder
que opere interiormente, uma nova vida que proceda do alto, antes que os homens possam
substituir o pecado pela santidade.
Nossa tendência natural é negar nossa pecaminosidade. Não podemos confiar em nosso
poder, recursos ou habilidades naturais para resolver o problema da nossa natureza pecaminosa.
O maravilhoso resultado do amor de Cristo por nós é que, se antes estávamos como uma
ovelha perdida, agora estamos novamente com o Pastor. Martinho Lutero resumiu muito bem
o exemplo de Cristo ao escrever: “Quando penso em minhas cruzes, dificuldades e tentações,
eu quase morro de vergonha ao pensar no que representam em comparação com os sofrimen-
tos do meu bendito Salvador Jesus Cristo”.
Como Jesus seria recebido, ao vir para nos salvar? (Is 53:1-3). Examinando as evidências
que Jesus deu quanto a Sua identidade, fica difícil para nós entender como o Seu povo não
O reconheceu como o Messias. Em seu evangelho, João aplica essa profecia de Isaías a Jesus,
O SERVO SOFREDOR | 57
quando diz que muitos, inclusive os dirigentes, creram em Jesus, mas temeram admitir que
criam (João 12:43 e 37-42).
Através de toda a vida, Jesus enfrentou oposição a Sua obra e mensagem. Até mesmo os
discípulos não compreendiam a obra que Ele viera fazer. Os judeus não esperavam por alguém
que se sujeitasse a servir.
Os judeus do tempo de Jesus conheciam bem o sentido de Isaías 53, mas por causa dos
longos anos de dominação estrangeira, viam-se como os servos sofredores, que suportavam a
opressão. Eles não identificavam o Servo Sofredor com o Messias.
Dois Servos: Dois servos aparecem no livro de Isaías. Um, é de fato, o próprio Israel. Israel
é chamado um servo do Senhor (Is 41:9) no sentido de sua relação de dependência da Trinda-
de. A palavra hebraica aí usada para servo, tem o sentido de relação voluntária que combina
adoração e serviço. É diferente da relação escrava que em geral vem á nossa mente. As pessoas
do tempo de Jesus não percebiam essa diferença: elas sempre pensavam no sofrimento e não
na relação de concerto.
O Segundo Servo é uma pessoa, o Messias, que sofreu pela humanidade. 8, 11 e 12).
Leia sobre a natureza substitutiva do sacrifício de Jesus (Isa.53:4-6, Cristo foi tratado como
nós merecíamos, para que pudéssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi con-
denado pelos nossos pecados, nos quais não tinha participação, para que fôssemos justificados
por Sua justiça, na qual não tínhamos parte.
A expiação: Na cruz, Jesus expiou o pecado humano, tornando possível o perdão e a puri-
ficação.
Ao pensar na cruz, nossa tendência é avaliar a tortura física, a angústia e a morte. Só que
a expiação, envolve um conflito cósmico para restabelecer o direito de Deus de governar o
Universo que Ele criou.
Jesus veio cumprir o papel do cordeiro, sem mancha nem defeito, que era sacrificado nos
serviços do Santuário. Cada oferta apontava para a morte de Jesus Cristo na cruz pelos peca-
dos do mundo.
A maior necessidade das pessoas é de justiça. Não fosse a vida perfeita, a morte e a ressur-
reição de Jesus, tudo estaria perdido. Mas Deus anteviu a necessidade e providenciou a Jesus
“o cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap13:8).
CAPÍTULO [ 9 ]
Bíblia
Sagrada
O NOME DE JESUS
E A CALÚNIA DA
ONOLATRIA
1 INTRODUÇÃO
O artigo abaixo demonstra que o nome de Jesus nada tem que ver com a adoração de ani-
mais. Ele remete-nos a algumas conclusões como a de que apenas os inimigos do cristianismo
procuraram fazer ligação entre a adoração a Jesus e a adoração a um jumento (não a um cavalo).
Muito ao contrário da idéia daqueles que fazem ligação entre o hebraico sus, cavalo, e a ter-
minação do nome Jesus em grego (Iesus), essa é uma semelhança meramente aparente e sem
nenhuma relação lingüística. Mesmo sem tentar fazer essa ligação entre a palavra sus (cavalo
em hebraico) e o nome de Jesus, os pagãos, e não cristãos fiéis, é que tentaram desmoralizar o
cristianismo, aludindo à morte do Salvador na cruz como evidência de fraqueza, e a entrada
humilde do Salvador em Jerusalém montado em um jumento como desculpas para blasfemar
do Redentor. Talvez esteja aí a origem de um desenho feito no período romano, retratando o
Senhor Jesus como um jumento crucificado.
Ao contrário do que alguns têm tentado provar através de argumentos desprovidos de fun-
damentação séria, nunca, em nenhuma época, os cristãos entenderam ou declararam que a
pronúncia do nome (Iesus), se referisse a qualquer deus-cavalo ou deus-jumento ou tivesse
qualquer origem na palavra “sus” (cavalo).
Em português a ligação de sus (cavalo em hebraico) e o nome Jesus é mais absurda ainda.
Porque a última sílaba do nome Jesus começa com som de “Z” e além de não ter nenhum
vínculo linguístico com a palavra “sus” (cavalo no hebraico) esta última tem som de “S”, não
havendo entre as duas nem mesmo semelhança fonética.
O NOME DE JESUS E A CALÚNIA DA ONOLATRIA | 59
Toda essa analogia e interpretação que liga o nome de Jesus com a adoração de um deus-
-cavalo revela a sua origem da parte de curiosos, que manipulam de forma inconsequente
e fanática dados históricos e lingüísticos alémde sua competência, o que serve apenas para
iludir e desviar incautos.
2.1 RESUMO
Este artigo traça a história etimológica do nome de Jesus e procura demonstrar, através das
evidências literárias e arqueológicas, que não existe conexão alguma entre a etimologia do
nome e a calúnia dirigida, na Antigüidade, contra os cristãos de que seriam eles adeptos da
onolatria, a adoração de um asno.
Nos evangelhos, Jesus é chamado apenas de Cristo em quase trezentas passagens, pelo
nome de Jesus Cristo ou Cristo Jesus em menos de cem passagens, e pelo nome de Senhor
Jesus Cristo menos de cinquenta vezes. Antes de Sua ressurreição Ele é geralmente chamado
de Jesus Cristo, mas após a mesma recebe, preferencialmente, a designação de Cristo Jesus.
Nosso Senhor não é o único personagem bíblico a receber o nome de [Iesous]. Na genealogia
do evangelho de Lucas, aparece Jesus, filho de Eliezer (3:29). Jesus, chamado Justo, era tam-
bém o nome de um dos companheiros de Paulo mencionados em Colossenses 4:11. Josué é
chamado de [Iesous] em Atos 7:45 e Hebreus 4:8. Além disso, Barrabás é chamado de Jesus em
Mateus 27:16, enquanto que o feiticeiro de Chipre é identificado como filho de Jesus em Atos
13:6 (Barjesus).
Após o séc. II depois de Cristo, o nome Jesus desaparece como nome próprio, exceto entre
os rabinos. Com efeito, o nome Jesus como nome próprio não é encontrado nem mesmo nas
abundantes inscrições oriundas das catacumbas romanas.131 Nos escritos rabínicos, Jesus de
Nazaré é quase sempre chamado de wvy [Ieshu] e o Talmude usa este nome apenas em refe-
rência a Ele.132 Este desaparecimento tanto da forma grega [Iesous] quanto da hebraica
[Ieshuah] como nome próprio sugere duas coisas: os cristãos estariam evitando o nome por
respeito à pessoa de Jesus Cristo e os judeus o estariam evitando a fim de não demonstrarem
qualquer simpatia ou identificação com Ele.
Conforme mencionado acima, o nome de Jesus não aparece como nome próprio nas cata-
cumbas romanas e tal era o respeito dos cristãos primitivos pelo nome que as inscrições dos
primeiros séculos da era cristã são igualmente omissas quanto a ele mesmo em referência à
pessoa de Jesus. Enquanto o nome Cristo é plenamente atestado nelas, o nome Jesus é bastante
raro. Uma inscrição funerária encontrada na Via Salária Nova e agora guardada no Museu
Laterano, em Roma, traz os dizeres “Que Regina viva em Jesus” em latim. Uma outra inscrição
encontrada no antigo cemitério de Salona, na Dalmácia, traz os dizeres “Saudações em Jesus
Deus” em grego: en theo Iesos cherete.
Uma outra inscrição do cemitério de Domitila lê-se: “Secundiano, que cria em Jesus Cristo,
terá vida no Pai, no Filho e no Espírito Santo” (em latim: Secundianus qui redidit in Cristum
Iesum vivet in Patre et Filio et Ispirito Sancto). Apesar dessa ausência conspícua de referên-
cias a [Iesous] na epigrafia cristã, não se pode dizer que a omissão tenha tido a intenção de
rechaçar o nome já que o símbolo do peixe (ichthus, em grego) interpretado como um acrós-
tico para “Jesus Cristo, Filho de Deus, Redentor” é encontrado, com muita freqüência, nas
inscrições mais antigas da cristandade, conforme o afirma o Professor Orazio Marucchi, que
ensinou arqueologia cristã por muito tempo na Universidade Real de Roma.133 Às vezes o
próprio acróstico aparece em vez do símbolo, como acontece com inscrições dos cemitérios
de Calisto, do Vaticano e de Ciríaca, agora guardadas no Museu Laterano ou no Museu Kir-
cheriano, em Roma.
O testemunho textual favorável ao nome [Iesous] é inquestionável. Assim grafam o nome
de Jesus todos os mais antigos e confiáveis manuscritos da Bíblia. De fato, o nome [Iesous]
aparece desde os mais antigos manuscritos cristãos. O assim-chamado Papiro Egerton 2, que
é, juntamente com o Papiro Rylands 457, o mais antigo manuscrito da tradição evangélica,
confirma tal fato. Apenas dois pequenos fragmentos deste papiro pertencente aos primeiros
anos após a morte de João foram conservados. Apesar de conter apenas umas poucas linhas, o
papiro usa o nome [Iesous] três vezes.
que ela pertencia ao terceiro século depois de Cristo.137 A despeito de seu caráter blasfemo, o
“graffito” assume grande importância, portanto, por ser a mais antiga representação da crucifi-
xão de Cristo. Nas demais câmaras foram também encontrados outros “graffiti” de teor jocoso
escritos, provavelmente, por alunos da escola imperial, reclamando de trabalhos excessivos ou
gabando-se de terem concluído seu curso de estudos. No início do ano de 1870, o arqueólogo
italiano L. C. Visconti descobriu, numa outra parte do palácio, um “graffito” com as palavras
Alexamenos fidelis, “Alexamenos é fiel”. O termo “fiel” seria, com muita probabilidade, incom-
preensível a um pagão e, por isso, conjectura-se que o próprio Alexamenos tenha sido quem o
escreveu como uma resposta às provocações de seus colegas.
Outra situação arqueológica que sugere a calúnia da onolatria vem de Pompéia, a famosa
cidade italiana destruída pelo Vesúvio em 79 A.D., época contemporânea ao início da prega-
ção do evangelho pelos cristãos. Um “graffito” encontrado, em 1862, pelo arqueólogo alemão
Alfred Kiessling, em uma das casas da assim-chamada Rua da Sacada (Vico del Balcone Pen-
sile), faz uma advertência aos transeuntes de que aquele não era um lugar para os ociosos.
É interessante, contudo, que outros dois “graffiti” ali existentes sugerem que a casa era um
local de reunião dos cristãos. Um “graffito” com os dizeres audi christianos (ouçam os cris-
tãos) pode ser, exceto o Novo Testamento, a mais antiga referência aos cristãos.138 O outro
“graffito” escrito numa caligrafia diferente pode ser uma reprovação ao trabalho dos cristãos
na casa: “aqui, uma mula dá instruções às moscas”. Se o contexto é mesmo cristão, o graffito”
confirmaria a difusão da calúnia para além dos limites da metrópole romana.
Entre as provas literárias de que os cristãos foram, de fato, caluniados com a acusação da
onolatria está a referência de Tertuliano, em sua Apologia 16, de que, em seu tempo, estava
circulando, em Roma, um quadro que retratava um asno, vestido com a toga e segurando um
livro, em pé, como se ensinasse, acompanhado da inscrição “o deus dos cristãos onokoietes”.
Ninguém sabe exatamente o que significa a palavra onokoietes.
O mais renomado dicionário do grego antigo (Liddell & Scott) atribui- lhe o significado
de “aquele que permanece no estábulo dos asnos”. Contudo, outros especialistas têm proposto
interpretações alternativas, incluindo “aquele que tem patas de asno”, “aquele que foi gerado
por um asno”, “aquele que tem a cabeça de um asno”, etc.139 Essa declaração é corroborada
por uma gema antiga, cuja origem se desconhece, que apareceu no séc. XVII na coleção do
antiquário de P. Stephanonio Vicentino, e que também retrata um asno no ato de ensinar. Da
mesma forma, Minúcio Félix, o primeiro apologista do Cristianismo, reconhece, em seu Oc-
tavio 9, que a calúnia já estava em circulação tão cedo quanto o fim do séc. II. Finalmente, nós
sabemos, por intermédio de João Crisóstomo (Ad illum. Catech., Homil. ii in fin.) que havia
cristãos, em seus dias, que usavam medalhas de Alexandre, o Grande, atadas a sua fronte ou
pés, às quais consideravam como poderosos amuletos. Algumas dessas medalhas chegaram
até nós e geralmente apresentam, no anverso, o busto do conquistar vestido como Hércules,
e, no verso, o desenho de um asno com a epígrafe DN IHY XRS DEI FILIVS, isto é, “Nosso
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus”. A explicação desse costume pode ser o fato de que durante
certo momento do reinado do imperador romano Alexandre Severo, entre 231 e 235, os cris-
tãos viram sua boa índole como uma esperança de maior liberdade religiosa e, por isso, podem
ter tentado lisonjeá-lo, cunhando uma moeda que o comparava a seu homônimo mais famoso
e associando-o, também, com a humildade do Rei dos reis que adentrara Jerusalém montado
em tão humilde montaria.
Assim, ao que parece, a calúnia da onolatria originou-se na interpretação que Tácito fez
de um episódio do livro de Êxodo, em referência específica aos judeus. Com efeito, Epifânio,
em sua obra Contra as Heresias dos Gnósticos (C. Gnost. Haeres. 26), afirma que os judeus
O NOME DE JESUS E A CALÚNIA DA ONOLATRIA | 63
adoravam um deus chamado Sabaote que era metade homem e metade asno. Desconhece-se,
contudo, a razão por que esta calúnia foi extrapolada aos cristãos. Talvez isso se deva às cir-
cunstâncias do nascimento de Jesus e às representações sob a forma de presépio que colocam
o bebê Jesus numa manjedoura com um boi e um asno. Outra possibilidade é que a associação
com o asno se deva à sua entrada triunfal em Jerusalém montado em um desses animais (cf.
Mt 21:5; Zc 9:9).
4 CONCLUSÃO
Nunca existiu qualquer ligação entre o nome [Iesous] e a onolatria. Nenhum escritor antigo
sugere isso. Se os antigos cristãos, muitos dos quais falavam aramaico, hebraico, latim e grego,
jamais perceberam qualquer ligação entre o final da palavra Jesus e o termo hebraico para
cavalo, como é possível que alguns cristãos modernos que não falam qualquer uma dessas lín-
guas possam insistir em tal conexão. Sugerir, com base em mera semelhança acústica, que as
letras finais do nome de Jesus se relacionem com a palavra hebraica seria o mesmo que dizer
que a etimologia da palavra portuguesa “vendedor” seria “aquele que vende dor” uma vez que
existe semelhança acústica entre o sufixo –dor e a palavra “dor”.
O nome de [Iesous] é aquele com o qual Ele mesmo se apresenta a Paulo (cf. Atos 9:5; 22:8;
26:15). É também o nome que os próprios anjos usam em referência a Ele por ocasião de sua as-
censão aos céus (Atos 1:11) e é um anjo que ordena a Maria que seja dado ao Salvador (cf. Mateus
1:21). O nome não é, portanto, nenhum acidente. Infelizmente, a tradução portuguesa de Atos
11:20 obscurece um pouco o significado da expressão grega euaggelizomenoi ton kurion Iesou,
que não significa “anunciando o evangelho do Senhor Jesus”, mas “anunciando que o Senhor Jesus
é a boa nova”. Além disso, Filipenses 2:10 declara que ao nome de [Iesous] se dobram todos os jo-
elhos, nos céus, na terra e embaixo da terra. A força do nome [Iesous] aparece, assim, plenamente
declarada no Novo Testamento. Anunciar o evangelho é, com efeito, anunciar o nome de [Iesous].
A hipótese de que o nome de Jesus deva ser pronunciado [Ieshuah] por terem sido os evan-
gelhos supostamente escritos em hebraico é por demais forçada para que receba qualquer
consideração séria. Se fosse verdade que os evangelhos tivessem sido escritos originalmente
em hebraico, como é que se poderia explicar o fato de que hoje existam, em diversos museus
e bibliotecas espalhados pelo mundo, cinco mil e quinhentos manuscritos gregos antigos
(completos ou fragmentários) do Novo Testamento, treze mil manuscritos em outras línguas
antigas para as quais foram desde cedo traduzidos, vários milhares de citações dos pais da igre-
ja em latim e grego,140 mas nem sequer um único manuscrito de um evangelho em hebraico?
Não há nenhuma justificativa histórica ou linguística para qualquer rejeição do nome [Ie-
sous] como tendo sido, de fato, o nome empregado por Cristo. Tanto os melhores e mais
antigos manucritos assim grafam Seu nome, quanto é impossível de contradizer o esmagador
testemunho literário a seu favor. Além disso, apesar de o nome não ser freqüentemente ates-
tado nas primeiras inscrições cristãs, isso se deve, sem dúvida, ao respeito que o nome gozava
na comunidade cristã primitiva.
REFERÊNCIA
_________________________
128
Contudo, a forma longa do nome aparece em referência ao sumo-sacerdote Josué nos livros de
Ageu e Zacarias.
129
Segundo o Dicionário de Oxford, um obra publicada em inglês acerca dos principais documentos
da igreja cristã, a Epístola de Aristeas foi escrita originalmente em grego, provavelmente entre 200 a.C.
e 33 A.D.
64 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
130
A coleção de Oxyrhynchus inclui milhares de fragmentos de papiro encontrados em 1897 em
um vilarejo egípcio cerca de 15 km a oeste do Nilo perto da cidade de Behnesa.
131
Apenas as formas latinas Gesua (no masculino) e Gesue (no feminino) são encontradas como
nomes próprios nas catacumbas e isto apenas no séc. VI A.D. e apenas na Catacumba de Venúsia.
132
O Talmude é uma coleção de várias tradições judaicas e explicações orais do Antigo Testamento
escrita a partir do séc. II A.D. Em qualquer caso, a formação de) Ihsouv [Iesous] a partir de [Ieshuah] é
séculos mais antiga do que o período cristão. Os primeiros cristãos simplesmente adotaram a forma
grega corrente equivalente ao nome hebraico [Ieshuah]. Eles fizeram isso de forma natural e sem
nenhuma política deliberada de escolher nomes gregos que tivessem um significado equivalente e
inteligível...
133
Orazio Marucchi, Christian Epigraphy: An Elementary Treatise with a Collection of Ancient Chris-
tian Inscriptions Mainly of Roman Origin (Cambridge: University Press, 1912), p. 96, 99.
134
De acordo com o historiador, primum correpti qui fatebantur, deinde indicio eorum multitudo
ingens haud perinde in crimine incendii quam odio humani generis convicti sunt, “primeiramente, os
número deles era condenado, não tanto por causa do incêndio, mas pelo crime de odiarem a raça hu-
mana.”
135
De acordo com Tácito, effigiem animalis, quo monstrante errorem sitimque depulerant, “eles dedica-
ram, em um altar, uma estátua do animal que os ajudara a acabar com sua peregrinação e sede.”
136
É comum a terminação –ete em lugar de –etai nas inscrições antigas.
137
Cf. J. Spencer Northcote & W. R. Brownlow, Roma Sotterranea (London: Longmans, Green & Co.,
1879), v. 2, p. 345-352.
138
Paul Berry, The Christian Inscription at Pompeii (Lewiston: Edwin Mellen, 1995).
139
Cf. Northcote & Brownlow, p. 347.
140
Cf. Wilson Paroschi, Crítica Textual do Novo Testamento (São Paulo: Vida Nova, 1993).
Anotações
CAPÍTULO [ 10 ]
Bíblia
Sagrada
TRINDADE
A DOUTRINA
DA TRINDADE
REAFIRMADA
1 INTRODUÇÃO
As seguintes questões foram levantadas por um internauta que enviou a este site discordân-
cias em relação a algumas partes do artigo A Trindade e o Espírito Santo. Como o internauta,
saindo do escopo do artigo, se utilizou de aspectos históricos denominacionais, citando inclu-
sive textos de Ellen White para alicerçar sua argumentação, abordaremos seus questionamen-
tos e declarações utilizando também aspectos da história denominacional e citações de Ellen
White, renomada escritora, pioneira e representante mais importante da visão doutrinária da
Igreja Adventista do Sétimo Dia em sua época.
Não é propósito deste site, aceitar provocação ou manter clima de debate, que são contrá-
rios à orientação das Escrituras. Para maior proveito dos leitores foram retiradas dos comen-
tários do internauta as principais questões levantadas. Estamos certos de que as respostas aqui
apresentada serão um auxílio àqueles que seguem a verdade sem contenda e em amor.
1. Está claro no Novo Testamento que as declarações sobre o Espírito Santo e sobre o Filho
(apresentados simultaneamente e atribuindo-lhes características e prerrogativas divinas) são
mais numerosas e muito mais esclarecedoras do que as que se encontram no Antigo Testamento.
Thomas L. Gilmer em sua Concordância Bíblica Exaustiva (Editora Vida, 1999), demonstra
isso em apenas um exemplo: em 904 capítulos no AT as referências a “espírito” consideradas
como sendo ao Espírito Santo são apenas cerca de 67 (apenas uma citação a cada 13, 5 capí-
tulos). Já no NT são 236 citações em apenas 260 capítulos (o que significa praticamente uma
citação sobre o Espírito Santo em cada capítulo no NT). Ou seja, o AT, que possui mais do
triplo de capítulos que o NT, refere-se ao Espírito Santo três vezes menos. Por outro lado, as
referências ao Messias e Sua obra no NT, em relação ao AT, são incomparáveis, não somente
em termos de quantidade como de qualidade. Portanto muito mais luz sobre o assunto que
não era conhecida antes.
2. A presença de Jesus trouxe novas revelações sobre Deus e sobre o Messias que antes eram
vislumbres apenas. Qualquer comentário bíblico popular de bom nível poderá demonstrar
isso. Ver Ellen G. White, Parábolas de Jesus, 127-129.
3. Um exemplo clássico são as profecias de Daniel que ele não entendeu e nós entendemos
em grande medida (e ele era sábio e falava com Deus em sonhos e visões). Para o profeta as
palavras estavam “cerradas e seladas até ao tempo do fim” (Daniel 12:9).
4. O pensamento abaixo de Ellen White, entre outros, é esclarecedor:
“Nenhuma verdade é mais claramente ensinada na Escritura do que aquela segundo a
qual Deus, pelo Seu Espírito Santo, dirige de maneira especial Seus servos sobre a Terra, nos
grandes movimentos que têm por objetivo promover a obra da salvação. Os homens são ins-
trumentos nas mãos de Deus, por Ele empregados para cumprirem Seus propósitos de graça e
misericórdia. Cada um tem a sua parte a desempenhar; a cada qual é concedida uma porção
de luz, adaptada às necessidades de seu tempo, e suficiente para habilitá-lo a efetuar a obra
que Deus lhe deu a fazer. Nenhum homem, porém, ainda que honrada pelo céu, já chegou a
compreender completamente o grande plano da redenção ou mesmo a aquilatar perfeita-
mente o propósito divino na obra para o seu próprio tempo. Os homens não compreendem
plenamente o que Deus deseja cumprir pela missão que lhes confia: Não abrangem, em todos
os aspectos a mensagem que proclamam em Seu nome. ‘Porventura alcançarás os caminhos
de Deus ou chegarás à perfeição do Todo-poderoso?’ Jó 11:7” (grifo nosso) Grande Conflito,
343, 344. (1888) (também Caminho a Cristo, 112).
5. Não esqueçamos que: “Em cada época há um novo desenvolvimento da verdade, uma men-
sagem de Deus para o povo daquela geração” (1900) Parábolas de Jesus, 127, 128. (grifos nossos).
Estavam ausentes de declaração de crenças de 1872 formulada por U. Smith: modéstia cris-
tã; vida cristã - divertimentos; temperança; mordomia - dízimo; Santa Ceia; família e casa-
mento; organização eclesiástica. Deveríamos nós ainda comer carne de porco e usar fumo,
usar joias, frequentar lugares impróprios e nem mesmo ter a Santa Ceia como ordenança ofi-
cial somente porque não consta na “declaração” de U. Smith? A verdade é que algumas crenças
não estavam codificadas ainda e outras ainda estavam por serem claramente formuladas. Uma
delas foi à doutrina da Trindade. (A Trindade, CPB, 2003, capítulos 13 e 14).
Na declaração de 1889 três pontos doutrinários foram acrescidos: modéstia, conduta cristã
e dízimo. (P. G. Damsteegt, “Adventist Doctrines and Progressive Revelation” (Journal of the
Adventist Theologial Society, Vol. 2, n° 1, 1991, p. 80). Portanto, uma verdade progressiva
como “a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Prov. 4:18).
Voltando aos pioneiros. Já nas primeiras décadas do movimento adventista Ellen White de-
clarou que os pioneiros possuíam luz clara sobre a verdade presente. Textos que comprovariam:
“Mediante cuidado e labor incessantes e esmagadora ansiedade, tem a obra ido avante, até que
agora a verdade presente está clara, sua evidência não é posta em dúvida pelos sinceros... A ver-
dade agora é tornada tão clara que todos a podem ver, e abraçar, se quiserem; mas foi necessário
muito trabalho para trazê-la à luz como está, e tão árduo labor jamais terá de ser realizado outra
vez para tornar a verdade clara” - E. G. White MS 2, 1855 (26 de agosto de 1855).
“Nossa posição parece muito clara; sabemos que possuímos a verdade” Ellen G. White,
Carta de março de 1849. Record Book I, pág. 72.
Mensagens Escolhidas, Vol. I, 401. E ainda, na mesma época, ela preveniu contra a noção
estática da compreensão doutrinária. “Jamais alcançaremos um período em que não haja para
nós acréscimo de luz” (ibidem, 404).
6. Entre as várias doutrinas nas quais se anunciava mais conhecimento a partir de 1890 es-
tavam: a justiça de Cristo (MS, 9, 1890 e Parábolas de Jesus, 128, 129, datado de 1896); o livro
do Apocalipse (Testimonies, Vol. 2, 692, 693) e o caráter de Deus: “É nosso privilégio atingir
cada vez maiores alturas por mais claras revelações do caráter de Deus” (grifos nossos). Minis-
try of Healing, 464, escrito em 1905.
Portanto, nenhum homem em nenhuma época, por mais honrado que tenha sido por Deus,
compreendeu tudo. Cada um recebeu mais uma “porção de luz” para o seu tempo.
As passagens citadas sobre Deus ser um mistério não estão tratando do assunto no seu con-
texto original e nem da Trindade e o Salmo 139:2-6 nem mesmo fala acerca de Deus, mas de seu
conhecimento do homem. Não seria uso incorreto dos textos? Eis os textos: “Porventura desven-
dará os arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo-Poderoso?” (Jó 11:7).
“Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atin-
gir” (SI 139:6).
“Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado; a Sua grandeza é insondável” (SI 145:3).
“Não se pode esquadrinhar o Seu entendimento” (Is 40.28).
“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão in-
sondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos” (Rm 11:33). (grifos nossos).
2. OUTRA ANÁLISE DA PALAVRA - Outra razão para o uso dos versículos citados é que
a idéia de que Deus é um mistério não está apenas no sentido do português das palavras
usadas na Bíblia conforme um bom dicionário.
Na seção específica do estudo da “forma, estrutura e contexto” do Salmo 139 verso 6 a
análise das palavras indica, segundo o autor, que: “Usando a forma de uma queixa individual
o salmista descreve Deus como essencialmente cheio de mistério e intensamente pessoal em
sua relação com o homem” (Word Biblical Commentary, Vol. 21,259). (grifo nosso).
70 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
3. MAIS ANÁLISE DA PALAVRA - Keil-Delitzsch que é um comentário de análise gra-
matical do sentido das palavras hebraicas, analisa o Salmo 139:1-6 declarando que o sentido
hebraico das palavras é a “transcendência”, e a condição “inatingível” e “incompreensível” (si-
nônimo de mistério, segundo o dicionário de português) da onisciência e onipresença de
Deus. Essa ação (não o mero conhecimento de Deus acerca do homem) ocorre pelo Espírito.
(Keil-Delitzsch, Commentary on the Old Tesíament Vol. 6, 348). (grifo nosso)
“A verdade como é em Jesus, pode ser experimentada mas nunca explicada” Ibid, 129
(grifo nosso). Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela Palavra de Deus. O
entendimento, neste caso, não nasce da razão. Apesar de todos os argumentos que possamos
apresentar, no final, a forma de aceitar Deus como criador de tudo é pela fé (Hebreus 11.3).
Portanto, a crença e pregação não devem ocorrer somente quando podemos entender a
revelação bíblica. Há muitas verdades que são pregadas sem serem entendidas. O cristão ver-
dadeiro as aceita pela fé.
foi martirizado exatamente em Roma que ainda era pagã. Pelikan and Hotchkiss, Creeds and
Confession qf Faith in the Christian Tradition, Yale University Press, New Haven and London,
vol. 1,2003, p. 43.
4. Provas de que a igreja cristã professava a Trindade sem interrupção desde os dias dos
apóstolos podem ser encontradas também na obra de Bettenson: Documentos da Igreja Cristã,
(ASTE, s/d) que é uma obra bem divulgada ou qualquer outra obra técnica de documentos
da igreja cristã como Pelikan and Hotchkiss, Creeds and Confession of Faith in the Christian
Tradition, Yale University Press, New Haven and London, vol. I, 2003, 38-81.
Além do mais, o fato de uma igreja qualquer crer numa verdade bíblica não faz dessa ver-
dade uma mentira. Portanto, a alegação de alguns de que a doutrina da Trindade é invenção
católico-romana ou que o termo teria sido inventado durante o quarto século é mais um erro
histórico que indica a falta de fundamentação dos que combatem a doutrina da Trindade.
Seria importante a parte filosófica e histórica que trata da origem da doutrina da Trindade?
Resposta: E importante lembrar que aqueles que tentam demonstrar que a doutrina da
Trindade foi inventada pelos pagãos cometem erro conceitual (não sabem a definição real
de Trindade) e histórico (alegam fatos inverídicos).
Os fatos históricos dizem que o unitarismo exacerbado defendido por alguns é que tem
origem pagã, um desvio da Bíblia que até rabinos convertidos pelo estudo sincero da Bíblia
reconhecem (conforme o artigo A Trindade e o Espírito Santo demonstra). O unitarismo é que
é pagão na origem, pois leva ao biteísmo (idolatria) de adorar dois deuses: um grande e um
menor, ou um que teria surgido primeiro e outro que teria sido criado depois.
É anti-bíblico. pois contraria Isaías 43:10 quando Jeová diz: “...antes de mim Deus nenhum se
formou e depois de mim nenhum haverá.” (grifo nosso) A passagem de Mateus 28:19 não estaria
se referindo a 3 pessoas:
“Quando uma ação é realizada em nome de uma entidade, esta entidade não precisa ser
necessariamente um ser pessoal. Um exemplo: Um policial pode prender alguém em nome do Es-
tado, em nome da Lei e em nome do Governador. Uma declaração desta natureza proferida pela
autoridade policial não deve levar o interlocutor a crer que o Estado, a Lei e o Governador sejam
pessoas (embora este último o seja). Ao dizer que Mateus 28:19 apresenta 3 pessoas, o autor do
artigo utiliza-se de um conceito trinitariano preconcebido. Mateus 28:19 não diz que o Espírito
Santo é uma pessoa simplesmente por citar “em nome de”.
Resposta: Mateus 28:19 trata de 3 pessoas iguais pelas seguintes razões:
Destacamos que a analogia com figuras do mundo moderno na Questão acima, apesar de
imaginativa, apresenta alguns problemas: a) a “delegação” - quem está “delegando” é (o nome
- um só, singular) e esse nome (singular) pertence aos Três (plural). Não se refere ao Espírito
Santo como sendo “delegado” pelo Pai e o Filho, mas aos apóstolos e demais discípulos que
são delegados pelos três no único nome deles. Essa conclusão não decorre de preferência in-
terpretativa, mas de sentido literal da frase. Algumas razões mais podem ser adicionadas para
demonstrar que não há fundamentação séria na afirmação de o Espírito Santo em Mateus
28:19 não ser igual ao Pai e ao Filho:
1. Segundo os bons comentários bíblicos da passagem, se o Espírito Santo não fosse uma
pessoa nessa passagem, também não o seriam nem o Pai e nem o Filho.
2. A palavra “nome” (gr. onoma) nessa passagem refere-se a um único nome para os três
e, na índole da língua grega, consequentemente, os iguala. Na verdade Mateus 28:19 diz que
os três tem um único nome e autoridade. O nome e autoridade que é do Pai o são do Filho e
também do Espírito Santo.
A DOUTRINA DA TRINDADE REAFIRMADA | 73
3. Nem na tradução em português se pode concluir em Mateus 28:19 que o Pai e o Filho são
pessoas e que o Espírito Santo não o seja. O texto é desagradável para os que se tornaram
inimigos da verdade, mas, apesar disso, deve ser lido como foi escrito e não como se “ima-
gina”. Theological Dictionary ofthe New Testament, (TDNT), vol. V, 274-278 “onoma”.
4. Alguns não podendo refutar o sentido trinitário do texto (Mat. 28:19) têm usado o ar-
gumento de que o texto seria falso. O texto é autêntico como as pesquisas têm demonstrado.
(Veja a monografa sobre Mateus 28:19 neste site www.doutrinaadventista.com.br ).
5. Ellen White (observe os textos em inglês sobre Deus em três pessoas e sua tradução em
português) também menciona o tríplice nome de Mateus 28:19 em vários lugares como
sendo de três pessoas distintas. Note que os textos foram produzidos por ela em anos dife-
rentes. Vários divulgados na mídia adventista da época, sendo assim uma idéia pública do
que ela cria e do que a denominação professava:
a) “Sin could be resisted and overcome only through the mighty agency of the Third Per-
son of the Godhead, who would come with no modified energy, but in the fullness of divine
power” 1(escrito em 1898).
Tradução:
• “Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira
pessoa da Trindade, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino
poder.”2
Se há uma Terceira Pessoa na Divindade (com a plenitude do poder divino), certamente não
é um sozinho e nem uma dupla e nem um quarteto. Godhead, segundo vários dicionários, in-
clusive o Webster Enciclopédico é sinônimo de God e Trinity. O terceiro da Godhead é melhor
traduzido aqui como terceiro da Trindade. Mas mesmo que não se usasse Trindade - o texto
diz em límpido português, que a Divindade tem uma terceira pessoa. Mesmo que se substitua
pessoa por personalidade dá no mesmo, são palavras sinônimas e o texto seria lido: a terceira
personalidade da Divindade mostrando que há outras duas personalidades, igualando-as.
b) “When you gave yourself to Christ, you made a pledge in the presence of the Father, the
Son, and the Holy Spirit - the three great personal Dignitaries of heaven. ‘Hold fàst’ to this
pledge.”3 (escrito em 1901)
Tradução:
• Quando você se entregou a Cristo você fez uma promessa na presença do Pai, do Filho
e o Espírito Santo — os três grandes Dignitários pessoais do céu. ‘Sê fiel’ a essa promessa”.
(grifo nosso)
1
Ellen G. White, Desire Of Ages, (Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, 1970),
593. A primeira edição pública do livro é de 1898. grifo nosso.
2
White, O desejado de todas as nações, (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 646.
grifo nosso
3
Manuscrito 92 de 1901, citado em Francis D. Nichol, ed., Seventh-Day Adventist Bible Commen-
tary (SDABC), (Washington: Review and Herald Publishing Association, 1957), 7:961. grifo nosso.
74 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
three great powers in heaven are witnesses; they are invisible but present.”4 (escrito em 1900)
Tradução:
• “No nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo o homem é colocado em sua sepultura
líquida, sepultado com Cristo no batismo, e ressuscitado da água para viver a nova vida
de lealdade a Deus. Os três grandes poderes no céu são testemunhas; eles estão invisíveis,
mas presentes”. (grifo nosso).
Há UM rei celestial que é apresentado como TRÊS pessoas que têm AUTORIDADE.
“Those who are baptized in the threefold name of the Father. the Son. and the Holy Ghost
at the very entrance of their Christian life declare publicly that they have accepted the invita-
tion, ‘Come out from among them, and be ye separate, said the Lord, and touch not the un-
clean thing; and I will receive you, and will be a Father unto you, and ye shall be my sons and
daughters, said the Lord Almighty”7 (1900).
Tradução:
• “Aqueles que são batizados no tríplice nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, no
momento de sua entrada na vida cristã declaram publicamente que aceitaram o convite,
‘Saí do meio deles, separai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo; e Eu voz recebe-
rei, e serei um Pai para vós, e vós sereis meus filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”.
(grifo nosso).
4
Manuscrito 57 de 1900. Citado em SDABC, 6:1074. Grifo nosso.
5
Ibid. Grifo nosso.
6
‘’Manuscrito 27de 1900. Citado em SDABC, 6:1075. Grifo nosso.
7
Ibid. Grifo nosso.
A DOUTRINA DA TRINDADE REAFIRMADA | 75
Tradução:
• “O Pai, o Filho e o Espírito Santo, poderes infinitos e oniscientes, recebem aqueles que
verdadeiramente entram em relações de concerto com Deus”. (grifo nosso).
Deus = Pai, Filho e Espírito Santo que são infinitos e oniscientes.
• Ellen White refere-se à Divindade (Godhead) em seus escritos publicados para a irman-
dades em geral e a liderança da igreja como sendo, TRÊS, TRIO, TRÍPLICE. Pessoas onipo-
tentes e oniscientes e que chamamos de DEUS no singular, embora sendo TRÊS PESSOAS
(Citações em português com o mesmo ensino podem ser concentradas no livro Evangelismo
páginas 614-617).
Portanto, Mateus 28:19 apresenta os três de forma simultânea, com o mesmo nome e autorida-
de, igualando-os. Os especialistas em gramática e sintaxe grega ao analisarem a passagem assim
entendem. Ellen White, sem usar linguagem teológica, entende o mesmo. A passagem é trinitária.
Com relação à igualdade em autoridade, a Bíblia é clara quando diz que o Pai concedeu toda
a autoridade ao Filho. Isso significa que por concessão do Pai, Jesus Cristo tem autoridade com-
parável à do Pai. E com esta autoridade recebida do Pai, Jesus submeterá todas as coisas sob seus
pés. E quando tudo estiver submetido a Cristo (inclusive a morte), Cristo submeter-se-á ao Pai
(isso após o extermínio da morte e do mal). Logo, é possível biblicamente concluir que a conces-
são de autoridade do Pai para o Filho e a final submissão do Filho ao Pai mostram que a tese do
“co-iguais” com mesma autoridade é apenas parcialmente verdadeira. Exemplo: O Presidente da
República pode publicamente conceder a um cidadão comum todos os seus poderes. Isso signifi-
caria que este cidadão é tão poderoso quanto o próprio presidente? (Leia I Cor. 15:25-28 - Neste
verso está claro que Cristo irá se submeter ao Pai após a aniquilação do mal e da morte).
Resposta: A explicação encontra-se no Plano da Redenção:
1. Jesus era igual a Deus desde a eternidade, mas “esvaziou-se”:
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsis-
tindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se
esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhe-
cido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte
de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de
todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da
terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses
2:5-11 RA), (grifo nosso)
2. Ao se tornar homem Jesus tornou-se, a partir de então, menor não apenas do que o
Pai. Ele se tornou menor do que os anjos:
“Vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus,
por causa do sofrimento da morte, foi coroado de glória e de honra, para que, pela graça de
Deus, provasse a morte por todo homem(Hebreus 2:9 RA).
Toda a exaltação dirigida a Cristo pelo Pai é correta no contexto de Sua humilhação para
redimir a humanidade. A Bíblia declara que Jesus era “igual” a Deus (e isso não era uma usur-
pação) e se humilhou não considerando que devesse se apegar a essa igualdade (ver João 1:1-3;
8
Ibid. Também Review and HeraId, 17 de maio de 1907. Grifo nosso
76 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
Colossenses 2:9). Após o fim do pecado Ele recebe de volta Sua glória original, mas ao mesmo
tempo, assume o papel de Segundo Adão, cabeça da humanidade, que se submete a Deus em
contraposição ao primeiro Adão que se rebelou contra Deus. Isso não afeta a igualdade Pai e
Filho, apenas chama a atenção para mais um “mistério” bíblico – o plano da Redenção. Ellen
White apresenta muitas passagens como as citadas anteriormente sobre Sua divindade e igual-
dade com o Pai. Ele é Deus pleno, igual ao Pai e é um homem verdadeiro, cabeça da humani-
dade redimida, submisso ao Pai por causa de sua encarnação.
Recomendamos leitura dos textos de Ellen White citados em A Trindade, páginas 235-247
e os artigos sobre Cristologia neste site: www.doutrinaadventista.com.br.
Não há nenhuma dificuldade com a citação de 1 Coríntios 15:25-28 uma vez que junta-
mente com as demais passagens do mesmo apóstolo se entende melhor a questão da humi-
lhação e exaltação de Cristo.
A igreja primitiva aceitou esta tríplice aprovação? Por que então na história da igreja primitiva
são citados vários batismos realizados em nome de Jesus e nenhum em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo? A história apostólica não demonstra tal aceitação por parte dos cristãos primitivos.
Resposta:
1. Como já foi demonstrado até aqui a passagem de Mateus 28:19 é autêntica e trinitária.
2. A pergunta é outra: porque os discípulos não obedeceram rigorosamente à ordem do
Mestre dada antes de Sua ascensão?
Segundo Ellen White o batismo no nome do Pai, Filho e Espírito Santo foi a ordem de Jesus
e que o batismo em “nome de Jesus” era o cumprimento dessa ordem. A razão de aparecerem os
apóstolos batizando em nome de Jesus é abordada por ela com normalidade e sem apontar ne-
nhuma discrepância, pois eles faziam do nome de Jesus sua “a senha, a insígnia” (Atos dos Apósto-
los, 28, 30 e 282, 283). O nome de Jesus é o representante da Divindade entre os homens (Fil. 2:9);
3. A fórmula trinitária, dada pelo Senhor Jesus, não havia ainda sido praticada de forma
homogênea pelos discípulos como outras práticas e crenças cristãs (Por exemplo: a existência
do Espírito Santo em Atos 19:1-3; costumes alimentares como em Atos 15; racismo, como no
caso de Pedro, e até a mais fundamental doutrina como a Justificação pela Fé tão mal entendi-
da e praticada nos dias apostólicos). Algumas doutrinas e práticas cristãs dadas por Jesus não
foram totalmente assimiladas de imediato.
4. A ênfase no nome de Jesus também se deveu ao fato de que os primeiros batismos eram
realizados especialmente entre judeus e prosélitos ou cristãos batizados no batismo de João. O
nome de Jesus devia ser enfatizado como a verdade que “faltava”. No entanto, para pregar a
todos os povos a ordem de Jesus era clara em Mateus 28:19.
5. Por outro lado, o termo “igreja primitiva” envolve não somente o período dos apóstolos,
mas a vida da igreja nos primeiros séculos (70-150 é chamado período dos “pais apostóli-
cos”) por terem vivido com contemporâneos ou com os próprios apóstolos. Há documentos
históricos dos séculos I e II que demonstram que a igreja cristã primitiva (não somente ca-
tólica no sentido da igreja de Roma) usava as duas fórmulas durante algum tempo até que a
ordem bíblica dada por Jesus prevaleceu na sua forma original.
Para saber um pouco mais indicamos, para início da pesquisa sobre o assunto, a mono-
grafia de um estudante de teologia que se intitula: A Fórmula batismal de acordo com Mateus
28:19 também neste site www.doutrinaadventista.com.br.
O que faz o Pai e o Filho serem um é o fato de compartilharem o mesmo Espírito. Assim como
o homem e a mulher são uma só carne (uma unidade carnal), Deus e seu Filho são uma unidade
A DOUTRINA DA TRINDADE REAFIRMADA | 77
espiritual, pois compartilham o mesmo Espírito. Quando o ser humano recebe o Espírito de Deus
é dito que ele tornou-se (espiritualmente falando) um com Cristo e com Deus.
Resposta:
1. O significado da palavra neutra “um” (gr. hen) no original usada para definir a unidade
de Jesus e o Pai indica união de natureza. A opção pelo neutro é indicativa de uma unidade
especial entre o Pai e o Filho. Romanos 12:5 usa a mesma palavra ao dizer que: “assim também
nós, conquanto muitos, somos um (gr. hen) só corpo em Cristo e membros uns dos outros,
(Romanos 12:5 RA).
2. O Espírito Santo não é mencionado porque Ele não é o foco da passagem. João 10 é uma
disputa entre Jesus e os judeus, os quais contestam a autoridade do Salvador. Quando Jesus
disse que “era um com o Pai” os judeus entenderam que Jesus falou que era “igual a Deus”
(João 10:30, 33). Jesus declara que Ele não só vem do Pai, mas é Deus como o Pai é Deus. Essa
unidade é o tema de abertura desse mesmo evangelho: “o verbo estava com Deus e o Verbo
era Deus” (João 1:1-3). Unidade na essência divina.
3. A união em “um ser” não depende sempre do Espírito Santo.
Exemplo: a união de alguém com uma “meretriz” (veja 1Co 6:16) torna os dois em uma
carne. Isso ocorre devido a que dois seres iguais quiseram ser “um”. Nesse caso se tornam “um”
sem a ação do Espírito Santo.
4. Porque somos pecadores somente nos tornamos “um” quando como irmãos (pessoas
iguais) nos unimos no mesmo pensamento e propósito. No aspecto espiritual, para nós pe-
cadores, a unidade é produzida pelo Espírito Santo, como na bênção trinitária de 2 Coríntios
13:13, nos tornando participantes da mesma natureza espiritual Mas no caso de Jesus e o Pai
ocorre por serem iguais em natureza e atributos.
5. Por outro lado, a Bíblia, também no Antigo Testamento, usa a palavra para unidade no
sentido de igualdade de natureza: a cortina do templo tinha duas partes separadas (tinham
a mesma natureza e material), mas é chamada de “uma”; a parte clara e a escura do dia (mesma
natureza = tempo) são distintas, mas formam “um” dia; o homem e a mulher são dois distin-
tos e iguais em natureza, mas se tornam ao se unir, carnalmente “um”. A unidade é devido à
natureza de igualdade essencial das partes; a mesma palavra é usada para Deus que é “um”,
uma unidade de três pessoas.
6. Como a Bíblia apresenta as três pessoas: a) usa pronomepessoal, masculino e singular
para o Espírito Santo; b) lhe confere características pessoais interagindo com a igreja, o Pai e
o Filho; c) declara que o Espírito veio “substituir” Jesus, e que; d) Ele é o autor da comunhão
e também; e) o chama de Deus, fica claro que essa união Pai e Filho é de natureza e igualdade
o que inclui o Espírito Santo. Ellen White diz que Pai , Filho e Espírito Santo são poderes
iguais como citado anteriormente e ainda declara sobre a unidade que estamos tratado:
• “O Pai, o Filho e o Espírito Santo, poderes infinitos e oniscientes, recebem aqueles que
verdadeiramente entram em relações de concerto com Deus”. (grifo nosso).
Deus = Pai, Filho e Espírito Santo que são infinitos e oniscientes.
“A unidade que existe entre Cristo e Seus discípulos não anula a personalidade de nenhum.
São um em desígnio, mente, e em caráter, mas não em pessoa. É assim que Deus e Cristo são
um.” (A Ciência do Bom Viver, p. 422.) (grifo nosso)
ser Deus a partir daquele momento. Note que o contexto é a entrada do pecado e a contestação
da divindade do Filho e da justiça do Pai. Acompanhemos alguns parágrafos do capítulo 1 na
sequência: Quem era Cristo de acordo com o livro nos seguintes parágrafos?
§ 4º Falando de Jesus ela cita João 1:1,2 “..e o verbo era Deus.” “
Cristo, o Verbo, o Unigênito de Deus, era um com o eterno Pai — um em natureza, cará-
ter, propósito...” (grifo nosso).
Vemos que Jesus já era plenamente Deus antes da convocação
mencionada adiante. O próximo texto diz que o Pai “conferiu” uma prerrogativa que já era
de Cristo.
§ 8º “Pouco a pouco Lúcifer veio a condescender com o desejo de exaltação própria.” [...]
“E, cobiçando a glória que o infinito Pai conferira a Seu Filho, este príncipe dos anjos aspirou
ao poder que era prerrogativa de Cristo apenas” (grifo nosso).
O pai conferira no sentido de esclarecer a questão da igualdade com o Filho dita ante-
riormente e que será mais esclarecida no final da sequência das citações. O poder já era uma
prerrogativa de Cristo. A próxima citação diz que não foi para conferir algo novo, mas para
“apresentar a verdadeira posição” de Cristo:
§ 11º “O Rei do universo convocou os exércitos celestiais perante ele, para, em sua presença,
apresentar a verdadeira posição de Seu filho, e mostrar a relação que Este mantinha para com
todos os seres criados. O Filho de Deus partilhava do trono do Pai, e a glória do Ser eterno,
existente por Si mesmo, rodeava a ambos” (grifo nosso).
Não era uma novidade, era o anúncio da verdadeira posição. O relato a seguir não diz que
Cristo “passou a ser”, mas que era “um em poder e autoridade com o Pai”:
§ 12°, última parte: “Contudo, o filho de Deus era mais exaltado do que ele [Lúcifer] sendo
um em poder e autoridade com Pai. Partilhava dos conselhos do Pai, enquanto Lúcifer não
penetrava assim nos propósitos de Deus”(grifo nosso).
Antes mesmo da “exaltação” o poder do Pai e do Filho era “um”. O parágrafo seguinte mos-
tra a forma distorcida como Lúcifer entendeu o que o Pai fez na “convocação”:
§ 13° Deixando seu lugar na presença imediata do Pai, Lúcifer saiu a difundir o espírito de
descontentamento entre os anjos. (...) A exaltação do filho de Deus à igualdade com o Pai, foi
representada como sendo uma injustiça a Lúcifer, o qual se pretendia tinha também direito à
reverência e à honra. (...) Agora, porém, mesmo a liberdade que eles [Lúcifer e os anjos] até ali
haviam gozado, tinha chegado a seu fim; [1], pois lhes havia sido designado um governador
absoluto, e [2] todos deveriam prestar homenagem à sua autoridade. “Tais foram os erros
sutis que por meio dos ardis de Lúcifer estavam a propagar-se rapidamente nos passos celes-
tiais” (grifos e chave supridos).
A “exaltação” de Cristo foi apenas uma confirmação perante os anjos do que Cristo tinha
sempre sido em autoridade e poder com o Pai. Lúcifer, porém, entendeu diferente. Segundo
sua interpretação diabólica, a partir daquele momento, duas coisas novas ocorreram em relação
a Cristo e os anjos a) “havia sido designado um governador absoluto” e b) a partir dali “todos
deveriam prestar homenagem” a Cristo como se esse não tivesse sido sempre Seu direito.
A interpretação de que Jesus passou a ser Divino a partir da convocação feita pelo Pai não
é a mensagem do capítulo 1 de Patriarcas e Profetas. Essa é a doutrina de Lúcifer que ele
espalhou no céu. Está no centro da origem do pecado e o diabo se encarregará de continuar
tentando convencer disso o maior número possível até hoje.
A confirmação de que a “convocação” no céu para “exaltar” e “conferir” glória a Cristo não al-
terou em nada a Sua natureza divina - não passou apenas de uma “declaração” para “esclarecer”
os anjos - encontra-se no parágrafo da sequência que Lúcifer e seus adeptos não apreciam citar:
80 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
§ 14° “Não tinha havido mudança alguma na posição ou autoridade de Cristo. A inveja
e falsa representação de Lúcifer, bem como sua pretensão à igualdade com Cristo, tornaram
necessária uma declaração a respeito da verdadeira posição do filho de Deus; mas esta havia
sido a mesma desde o princípio. Muitos anjos, contudo, ficaram cegos pelos enganos de Lúci-
fer” (grifo nosso). Portanto “conferir” autoridade ou a “exaltação” de Cristo eram apenas “uma
declaração” sobre Cristo cuja posição e autoridade não mudou em nada.
5. Infelizmente, a doutrina de Lúcifer, segundo o relato do livro, era a mesma que ainda hoje
é defendida pelos que diminuem a divindade de Jesus ou dizem que ela teve um início. Lúcifer
divulgava que Jesus era um ser criado e exaltado posteriormente naquela “convocação dos
exércitos celestiais” e que era injusta sua participação na divindade enquanto ele (Lúcifer)
ficava de fora.
A interpretação de alguns é a mesma de Lúcifer: Jesus passou a ser divino a partir daquele
momento da exaltação. Passou a ser o que não era. Assim, enciumado, Lúcifer criou sua rebelião:
§ 13° Deixando seu lugar na presença imediata do Pai, Lúcifer saiu a difundir o espírito de
descontentamento entre os anjos. (...) A exaltação do filho de Deus à igualdade com o Pai, foi
representada como sendo uma injustiça a Lúcifer, o qual se pretendia tinha também direito à
reverência e à honra. (...) Agora, porém, mesmo a liberdade que eles [Lúcifer e os anjos] até ali
haviam gozado, tinha chegado a seu fim; [1] pois lhes havia sido designado um governador
absoluto, e [2] todos deveriam prestar homenagem à sua autoridade. “Tais foram os erros
sutis que por meio dos ardis de Lúcifer estavam a propagar-se rapidamente nos passos celes-
tiais” (grifos e chave supridos).
Lamentavelmente, alguns inconformados e magoados como Lúcifer, dão continuidade à
mesma ideia “luciferina” aqui na Terra.
Pentateuco para Jeová que leva Israel sobre as Sua asas como de águia e vigia sobre Seu povo
como uma águia que estende as suas asas. Declara o comentário: “Ruach Elohim [Espírito de
Deus] não é um sopro de vento provocado por Deus (Theodoreto, etc), pois o verbo não
comporta esse significado, mas o Espírito de Deus, o princípio de toda a vida (Sl 33:6) o qual
operou sobre a massa disforme e sem vida, separando, tocando e preparando as formas vivas,
as quais foram chamadas à existência pela palavra criadora que se seguiu” (grifo nosso).
5. Apesar de uma parte dos comentaristas modernos entenderem como sendo um “vento”
comum, de acordo com quase todos os comentaristas tradicionais, inclusive os da IASD, o
“vento” ou “sopro” de Deus não se refere a um vento comum, mas ao Espírito Santo que ope-
rou na unidade da Divindade para a criação.
Assim, preferimos o entendimento mantido historicamente pelos cristãos e a maioria dos
comentaristas acerca do assunto.
2. Interpretação do texto de Gênesis 1:2 por Ellen White.
Segue citação do livro Educação, 134:
“’No princípio... Deus.’ Gn 1:1. Aqui somente poderá o espírito, em suas ávidas interro-
gações, encontrar repouso, voando como a pomba para a arca. Acima, abaixo, além - habita
o Amor infinito, criando todas as coisas para cumprirem o ‘desejo da Sua bondade’. 2Ts 1:11”.
(...) E continua:
‘Quando vier aquele Espírito da verdade. Ele vos guiará em toda a verdade. ‘ João 16:13.
Exclusivamente pelo auxílio daquele Espírito que no princípio ‘Se movia sobre a face das
águas’ (Gn 1:2), pelo auxílio daquela Palavra pela qual ‘todas as coisas foram feitas’ (Jo 1:3),
e daquela ‘luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo’ (Jo 1:9), pode o
testemunho da ciência ser corretamente interpretado. Apenas sob sua orientação se podem
discernir suas mais profundas verdades.
“Unicamente sob a direção do Onisciente, habilitar-nos-emos a meditar segundo os Seus
pensamentos, no estudo de Suas obras” (grifo nosso).
• O texto acima de Ellen White diz que o Espírito que “pairava sobre as águas” em Gênesis
1:2 é uma pessoa, isto é, o Espírito Santo que Jesus menciona em João 16:13 como Seu SUBS-
TITUTO tratado por Jesus nessa passagem com pronome pessoal, masculino e singular. Não
pode ser um vento ou energia impessoal.
• Não são (o Espírito e Jesus) a mesma pessoa - ela se refere a dois seres.
• Segundo Ellen White ainda, o Espírito Santo (que se movia sobre as águas e que é o
mesmo de João 16:13) e (outro personagem) Jesus (a Palavra pela qual todas as coisas foram
feitas e a luz verdadeira que alumia a todo homem que vem ao mundo) os quais estavam com
Deus (Elohim = plural) em Gênesis 1 :l-3.
“Apenas sob sua [their, plural no original inglês, ou seja, os dois personagens citados além
de Deus] se pode discernir suas mais profundas verdades”. Na soma dos Personagens dá três.
• Curiosamente a citação final declara que ELES, os que revelam os segredos da natureza (o
Espírito e Jesus) são dois, mas são tratados como o ONISCIENTE (singular). Declara primeiro
a onisciência do Espírito Santo, depois, que Ele não é Jesus e ainda, adicionalmente, indica a
unidade de ambos numa só Divindade onisciente.
Conclusão: O Espírito Santo é Criador, um ser pessoal, Ele não é Jesus, mas com Cristo faz
parte da Divindade onisciente.
Além do Pai, Ellen White também envolve o Espírito Santo na criação que com Deus
(Elohim) - (note a conjunção aditiva no português “e” na frase “e o Espírito de Deus paira-
va...”) operou na criação, demonstrando que o Espírito é o segundo personagem, e, finalmente,
a terceira pessoa “a Palavra” que criou tudo.
82 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
A questão não é se o Espírito Santo existe ou não (comentando Atos 19:1-5). Todos sabemos
que ele existe. A questão é se ele é uma Pessoa distinta do Pai e do Filho ou é o próprio Espírito
de Deus (parte integrante do Deus Todo Poderoso). O fato da Bíblia dizer que o Espírito Santo
existe (gr. estin) não significa muito a respeito dele ser ou não uma pessoa. Este verso é utilizado
no Novo Testamento para muitos elementos que não são pessoas (e mesmo assim existem). Um
exemplo: “Os olhos são (estin) a lâmpada do corpo” (Mt 6:22). Outro exemplo, agora em Atos.
“Não vos perturbeis, pois a vida nele está (estin). (At 20:10). Os “olhos” e a “vida” não são pessoas,
mas parte integrantes das pessoas, mesmo assim o verbo grego stin, traduzido respectivamente
como ser e estar, foi atribuído a estes dois elementos, assim como foi atribuído ao Espírito de
Deus. Não vale procurar chifre em cabeça de cavalo para tentar provar que o Espírito Santo é
uma pessoa distinta do Pai e não o Seu próprio Espírito.
Resposta: As passagens citadas estão, respectivamente, na 3ª pessoa do plural (Mat. 6:22) e
3a do singular do presente do indicativo (At 20:10). Mas em nenhuma das passagens citadas
o verbo está no sentido de existir como em Atos 19:2.
1. Se alguém diz que “ele” existe e, ao mesmo tempo, diz que “ele” é apenas outro nome
(como um apelido) para o Pai ou o Filho, então ele acaba sendo o próprio Pai e o Filho com
outro nome, portanto ele não “existe”.
É claro que se “Ele” o Espírito Santo existe, deve ter existência de “per si”, pois se fosse ape-
nas outra designação (apelido) do Pai e do Filho, Ele, de fato, não existiria.
Primeiro há os pronomes pessoais, masculino, singular e os atributos e ações pessoais do
Espirito Santo mencionados na Bíblia e em Ellen White que é explícita em dizer que o Espírito
Santo é uma pessoa.
• Segundo, se o Pai é Criador e merece adoração, o Espírito que seria o próprio Pai (no
entender de alguns) também acaba sendo o Criador e merece ser adorado, pois, na verdade,
quem está sendo adorado, no Espírito é o próprio Pai. Por que, então combater a adoração do
Espírito?
• Quando alguém diz que é para adorar o Pai e o Filho, por exemplo, e ao mesmo tempo
diz que não é para adorar o Espírito (se o Espírito é o próprio Pai e/ou o Filho) diz algo que
não têm sentido, pois o Pai e o Filho em última instância são (no conceito de alguns) o próprio
Espírito em outra “forma”.
• Por outro lado, se alguém diz que o Espírito é somente uma energia, o poder, seja do Pai
ou do Filho, então não têm cabimento dizer que Ele (o Espírito Santo) É um dos dois, pois
seria de fato, apenas uma energia procedente dele(s), uma “ferramenta” de ambos. Isso de-
monstra como a falsa doutrina de dizer que o Espírito Santo não existe como pessoa é confusa.
2. O Contexto de Atos 19:1-5 trata de crentes que sabiam tudo sobre a divindade, mas não
sabiam que o Espírito Santo existia. Eles conheciam o Pai e o Filho (pois tinham sido bati-
zados na fé “daquele que havia de vir”). Se o Espírito fosse o Pai e o Filho não teria sentido
dizer que existia, bastava dizer que continuassem crendo como antes só que agora pode-
riam chamar o Pai ou o Filho também, algumas vezes e em certas circunstâncias, de “Espí-
rito Santo”. O contexto mostra que outro personagem (o Espírito Santo) é apresentado a eles.
3 Declara Ellen White:
a) “O Espírito Santo é uma pessoa, pois dá testemunho com o nosso espírito de que somos
filhos de Deus” (...).
b) O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espí-
rito e com nosso espírito que somos filhos de Deus.
c) “Deve ser também uma pessoa divina do contrário não poderia perscrutar os
segredos que jazem ocultos na mente de Deus”. Evangelismo, 616, 617. O texto original
A DOUTRINA DA TRINDADE REAFIRMADA | 83
encontra-se no Manuscrito 20 de 1906 citado em Spirit ofProphecy Library, vol. VI, Peace
Press, Loma Linda, EUA, s/d. (grifo nosso).
Portanto, a doutrina de que o Espírito Santo é o Pai e/ou o filho ou é uma energia proce-
dente de ambos não têm suporte na Bíblia, nem nos escritos de Ellen White e nem na lógica.
Assim como há trechos em que o Pai aparece no mesmo verso com o Filho e o Espírito também
é citado, temos outros versos que citam o Pai, o Filho e Anjos. Isto não significa que exista uma
Trindade com Anjos. Portanto, tais versos não provam a existência de uma Trindade, muito
menos a existência de um único Deus-Triúno.
Resposta:
1. Não há nenhum texto em que os anjos aparecem citados numa construção gramatical e
contexto de equiparação como ocorre com o Espírito Santo.
2. Em nenhum texto bíblico o nome “Espírito Santo” foi usado para qualquer anjo ou outra
entidade ou como sinônimo de uma mera energia ou força impessoal. (Ver Theological Dictio-
nary ofthe Old Testament, vol. 6:332, 876).
3. Jesus fez uso exclusivo desse nome para o Seu substituto, que disse Ele, viria do Pai
como Ele tinha vindo e teria seu título: Consolador.
4. Em todos os textos da Bíblia “Espírito Santo” está atrelado a uma ou todas as seguintes
condições: é um nome acompanhado de pronome demonstrativo pessoal masculino e sin-
gular; tem características pessoais; exerce ações pessoais e mantém interlocução (interação)
pessoal com outras pessoas. Também possui atributos e exerce prerrogativas divinas e é colo-
cado em orações coordenadas com Jesus e o Pai evidenciando igualdade. Isso nunca ocorre
com os anjos. Por exemplo: Mateus 28:19; Romanos 15:30; 2 Coríntios 13:13; Hebreus 10:12-
15; João 14:16,26, 27; 1 Pedro 1:2.
5. A Bíblia em Hebreus capítulo um, e em outras passagens, usa os textos que falam de Jeová
no AT aplicando-os a Jesus no NT Igualando Jesus a Jeová. O mesmo a Bíblia faz com relação ao
Espírito Santo sem confundi-lo nem com o Pai e nem com o Filho. É dito na Bíblia acerca do Es-
pírito Santo que o nome Jeová é atribuído a Ele no Novo Testamento ao citar o Antigo Testamen-
to (Atos 28:25-27; Hebreus 3:7-11). Isso também nunca ocorre referindo-se aos anjos criados.
Ora, Paulo ainda afirma no famoso capítulo 13 de 1 Coríntios que “o amor é sofredor, é be-
nigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconve-
nientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija
com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.
Verifique que todos estes atributos são atributos pessoais. Apenas de uma pessoa pode-se dizer
é benigno, regozija-se com algo, sofre, crê e espera. Seria, porventura, o amor uma pessoa? A
resposta é sim se usarmos a lógica de interpretação literal que os trinitarianos aplicam para o
Espírito. No entanto, se considerarmos a linguagem simbólica, verificaremos que nem o amor,
nem o Espírito são pessoas distintas do Pai, mas atributos do próprio Deus que muitas vezes são
confundidos com Ele mesmo quando se diz “Deus é Amor” e “Deus é Espírito”.
Resposta:
1. O amor em 1 Coríntios 13 não é uma pessoa, mas um dom, uma qualidade produzida
pelo Espírito Santo.
2. O capítulo 13 é continuação do capítulo 12, o qual trata dos dons do Espírito Santo. Isso
é mais que suficiente para perceber que, confundir o amor (o dom) com o Espírito Santo (o
doador do dom) nesse texto é um grande erro de leitura. O Espírito Santo é quem distribui os
dons “como ele quer” (uma ação própria de uma pessoa 1Co 12:7-11).
84 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
3. 1 Coríntios 13 é uma apresentação simbólica dessa qualidade (o amor) a qual não é, jamais,
na Bíblia, apresentado interagindo e agindo em ações pessoais ou descrita com pronome pessoal.
4. A passagem de 1 Coríntios 13 é uma mensagem que se refere aos irmãos de Corinto
que precisavam amar-se mais uns aos outros. Essa é a razão para a metáfora do apóstolo (1Co
12:31 a l3:l e l4:l).
Não é certo dar glória ao Espírito Santo.
Resposta: A glória ao Espírito Santo é para mostrar que já no segundo século a igreja
cristã em geral (não somente a igreja de Roma) entendia da Bíblia que o Espírito Santo era
digno de adoração junto com o Pai e o Filho.
Até mesmo Uriah Smith que era anti-Trinitariano admitiu que se somos batizados em
nome dos três o louvor deve pertencer aos três ( U. Smith, “Ïn the Question Chair”, Advent
Review and Sabbath Herald 27/10/1896).
Essa citação demonstra a falha dos que querem levar a crer que a glória ao Espírito Santo
foi “inventada” no quarto século juntamente com a Trindade.
Obs.: Nesta questão o internauta apresenta uma lista de versos bíblicos usados para demons-
trar que somente o Pai e o Filho fazem parte de uma divindade na qual o Pai teria em algum
momento, na eternidade, criado o Filho.
Resposta: Essa idéia decorre da má interpretação de alguns textos da Bíblia. Tal interpre-
tação conduz ao biteísmo (adoração de dois deuses sendo um mais graduado do que o outro
— isso é idolatria). Intercalamos explicações e alguns textos que completam o pensamento
bíblico de que a salvação é operada por um só Deus em três pessoas divinas e mais citações
de Ellen White.
a) “Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o
mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Aquele que está sentado no trono e ao Cordeiro,
seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. E os quatro seres
viventes respondiam: Amém; também os anciãos prostraram” (Apocalipse 5:13-14).
Essa visão trata da entronização de Cristo após a Sua ascensão (capítulos 4 e 5 de apoca-
lipse). Perceba que depois disso ainda muitos eventos ocorrem. O trono de Deus, segundo
a Bíblia, está no Seu templo. Já o Espírito Santo tem Seu Templo no crente e na igreja. 1Co
3:16; 6:19; João 14:16, 17 (“convosco e em vós”). O Espírito está na Terra “para sempre” (Jo
14:16, 17) e é o “penhor de nossa salvação”, uma garantia que não pode sair daqui e nem
de nós (Ef 1:13, 14). Quem procura onde não está obviamente não poderá achar o Templo
e o trono do Espírito Santo.
b) “Depois destas coisas olhei, e eis uma grande multidão, que ninguém podia contar, de todas
as nações, tribos, povos e línguas, que estavam em pé diante do trono e em presença do Cordeiro,
trajando compridas vestes brancas, e com palmas nas mãos; e clamavam com grande voz: Salvação
ao nosso Deus, que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro. E todos os anjos estavam em pé
ao redor do trono e dos anciãos e dos quatro seres viventes, e prostraram-se diante do trono sobre
seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor, e glória, e sabedoria, e ações de graças, e
honra, e poder, e força ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém” (Apocalipse 7:9-12).
Segundo a Bíblia os “sete olhos do Cordeiro” (4:6) representam o Espírito Santo “en-
viado por toda terra” (conforme João 14:16, 17). Mas o Espírito (à parte do simbolismo)
é “um só”. Ele está presente no céu, mas sua função é exaltar a Cristo e ao Pai para que se
encerre a contestação à autoridade do Pai e do Filho iniciada por Lúcifer (Patriarcas e Pro-
fetas, capítulo 1). A contestação na origem do pecado não foi dirigida à Pessoa do Espírito
Santo. Isso não nega Sua divindade. Como disse Ellen White: “Há três pessoas vivas no
trio celeste...” (Evangelismo, 315).
A DOUTRINA DA TRINDADE REAFIRMADA | 85
c) A Bíblia nos orienta CLARAMENTE a adorarmos a Deus, o Pai, e ao Seu Filho Jesus
Cristo. Em nenhuma porção da Bíblia temos ordem clara e expressa para adoramos ou louvar-
mos o Espírito Santo ou a um Deus-Trino.
A Bíblia diz para adorarmos a Deus no Espírito (Fl 3:3), ou seja, o Espírito é em quem se
dá a adoração. A Palavra diz que a igreja é o Templo do Espírito Santo (1Co 3:16; 6:19). No
Templo do Espírito Santo (a igreja) nos ajoelhamos e cantamos, e oramos, e damos ofer-
tas. Isso é adoração direta. Ali está o Espírito em Seu Templo sendo adorado. E se alguém
blasfema contra Ele (Mt 12:31,32) é pior do que todas as outras blasfêmias (não exclui o
Pai) inclusive contra Jesus (que é Deus pleno Cl 2:9). A blasfêmia contra o Espírito Santo
é uma blasfêmia imperdoável porque é contra a divindade que está na Terra pessoalmente
e é responsável pela nossa conversão, santificação, salvação (Tt 3:5) e vida eterna (Gl 6:8)
. A ênfase na adoração a Jesus e ao Pai é devido ao tema do pecado que foi um desafio ao
Pai e ao Filho (o Espírito Santo não foi desafiado no céu) e por isso a ênfase final está na
entronização das pessoas da Trindade que fora contestadas.
d) “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de
Deus” (Romanos 1:1).
Não esquecer que na mesma epístola Paulo faz súplica pelos três: “Rogo-vos, pois, ir-
mãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamen-
te comigo nas orações a Deus a meu favor.” (Rm 15:30 RA). Três personagens separados
por funções. Note o “amor do Espírito” separado de Jesus pela palavra “também”. Jesus e
o Espírito são razões para que eles orem a Deus. A triangulação não permite que sejam os
mesmos.
e) “Paulo, chamado pela vontade de Deus, para ser apóstolo de Jesus Cristo... Graça a vós
outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - 1 Coríntios 1:1 e 3.
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus... Graça a vós outros e paz da parte
de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” - 2 Coríntios 1:1 e 3.
Na mesma epístola aparece a benção dos três oferecendo, cada um, uma graça divina
diferente como na passagem anterior. “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus,
e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2Co 13:13).
f) “Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas
por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos.. Graça a vós outros e paz
da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” (Gálatas 1:1 e 3)
Ele (Paulo) lembra na mesma epístola o Terceiro personagem enviado pelo Pai e o Filho
e que está conosco na Terra: para que “andemos no Espírito” (Gl 5:25).
g) “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e
fiéis em Cristo Jesus: Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus
Cristo. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda
sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Efésios 1:1-3).
Na mesma epístola ele lembra o papel do Espírito Santo na Terra (a Terceira pessoa) em
relação ao Pai e ao Filho que estão no céu: “porque por ele [Jesus] ambos [judeus e gentios]
temos acesso ao Pai em um Espírito (Ef 2:18).
h) “Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive
bispos e diáconos, que vivem em Filipos: Graça e paz a vós outros da parte de Deus nosso Pai
e do Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 1:1-2).
Na mesma epístola o apóstolo lembra da obra do Espírito Santo e que até a adoração a
Deus tem que primeiro ocorrer nEle: “...nós que adoramos a Deus no Espírito e nos gloria-
mos em Cristo Jesus...” (Fl 3:3 = três)
86 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
i) “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo: Aos santos
e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos: Graça e paz a vós outros da parte de
Deus nosso Pai. Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando ora-
mos por vós” (Colossenses 1:1-3).
“Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus Pai e no Senhor Jesus Cris-
to: Graça e paz a vós outros.” (1 Tessalonicenses 1:1).
“Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus nosso Pai e no Senhor
Jesus Cristo. Graça e paz a vós outros da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.” (2 Tes-
salonicenses 1:1-2).
Paulo é o autor das frases acima. Ele mesmo, continuando aintrodução cortada, nesta
última e mesma epístola (2 Tessalonicenses 1:1 -6) apresenta não dois, mas três persona-
gens e a função de cada um para com os crentes: “...recordando-nos, diante do nosso [1]
Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa
esperança em nosso_____[2] Senhor Jesus Cristo, reconhecendo, irmãos, amados de Deus,
a vossa eleição, porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra,
mas, sobretudo, em poder, no [3] Espirito Santo...” (1Ts 1: 3-6 = três)
j) “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus,
nossa esperança, a Timóteo, verdadeiro filho na fé: Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus
Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor” (1 Timóteo 1:1-2).
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de conformidade com a promessa
da vida que está em Cristo Jesus, ao amado filho Timóteo: Graça, misericórdia e paz da parte
de Deus Pai e de Cristo Jesus nosso Senhor” (2 Timóteo 1:1-2). “Paulo, prisioneiro de Cristo
Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom... Graça e paz a vós outros da parte de Deus
nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” (Filemom 1 e 3). “Paulo, servo de [1] Deus, e apóstolo de
[2] Jesus Cristo... a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça e paz da parte de Deus
Pai e de Cristo Jesus nosso Salvador” (Tito 1:1 e 4).
O próprio Paulo na mesma epístola apresenta além do Pai e Jesus, a Terceira pessoa,
que está na Terra para a nossa salvação: “mediante o lavar regenerador e renovador do [3]
Espírito Santo” (Tito 3:4-6).
“Quando, porém, se manifestou a benignidade de [1] Deus, nosso Salvador, e o seu
amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua mi-
sericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do [2] Espírito Santo,
que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de [3] Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito
3:4-6 RA). Três “salvadores”: Deus salvador mediante sua misericórdia; o Espírito Santo
salva mediante o lavar regenerador e Jesus, nosso salvador.
1) “Olhei, e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele os cento e quarenta e quatro
mil tendo nas frontes escrito o seu nome e o nome de seu Pai” (Apocalipse 14:1).
E Quem vai dar um novo nome quando estivermos lá vai ser a Terceira pessoa - o Espí-
rito (Ap 2:17).
m) “Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência,
os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Apocalipse 12:17).
Esse texto está falando da perseguição movida contra a igreja.
Mas nessa guerra é o Espírito Santo a terceira pessoa que está na Terra quem promete a
árvore da vida e a proteção contra a segunda morte (Ap 2:7,11).
n) “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé
em Jesus.” (Apocalipse 14:12).
Mas é o Espírito (a terceira Pessoa na Terra) que está com a “noiva” fazendo o convite de
A DOUTRINA DA TRINDADE REAFIRMADA | 87
Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” (Efésios
4.4-6 RA).
y) “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus,
homem” (1 Timóteo 2:5).
E há um “outro” Consolador = advogado, que é também mediador, intercessor. João
14:16,17 = são três.
Mas há também o Espírito (a Terceira pessoa) que “intercede [mediador] por nós com
gemidos...” Romanos 8:26. — três. Ellen White diz que a intercessão do Espírito Santo (o
outro mediador) diante do Pai é diferente:
“Cristo”, nosso Mediador e o Espírito Santo estão constantemente intercedendo em favor
do homem, mas o Espírito não pleiteia por nós como faz Cristo, que apresenta Seu sangue,
derramado desde a fundação do mundo; o Espírito opera em nosso coração, extraindo dele
orações e penitência, louvor e ações de graças.
A gratidão que dimana de nossos lábios é resultado de tocar o Espírito as cordas da alma
em santas memórias, despertando a musica do coração.”9 Mensagens Escolhidas,vol.. I, 344.
A conjunção coordenativa aditiva “e” impede que o Espírito Santo e Jesus sejam a mesma
pessoa e a função simultânea impede que seja o Pai. A conjunção adversativa “mas” indica a
diferença na obra intercessora do Espírito Santo e de Jesus.
z) “Eu e o Pai somos um” (João 10:30).
Em um só “nome (singular) do Pai do Filho e do Espírito Santo” = São três em um só
nome (unidade). Essa unidade num só nome e na mesma autoridade é o significado gra-
matical de Mateus 28:19: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Esses rápidos exemplos mostram que na Bíblia há versos que falam somente do Pai e há ou-
tros que falam somente do Filho. Mas há muitos que falam dos três (Pai, Filho e Espírito Santo).
Como podemos ver, alguém pode fazer uma proposital omissão dos textos que se referem
ao Espírito Santo, citando apenas os que apresentam um deles ou os dois. A Bíblia precisa ser
aceita em sua totalidade.
Vale lembrar a advertência expressa por Ellen White sobre o tema da divindade plena de
Cristo, objeto de disputa nos seus dias e que está no contexto da discussão da Trindade:
“Se os homens rejeitam o testemunho das Escrituras inspiradas concernente à divindade de
Cristo, é vão arguir com eles sobre este ponto; pois nenhum argumento, por mais conclusivo,
poderia convencê-los. [1 Coríntios 2:14 é citado]. Pessoa alguma que alimente este erro pode
ter exato conceito do caráter ou missão de Cristo, nem do grande plano de Deus para a reden-
ção do homem”. O Grande Conflito, 524 (grifo nosso) (1888).
“Devemos cooperar com os três mais elevados poderes do Céu — o Pai, o Filho e o Espírito
Santo- e estes poderes operarão por nosso intermédio, tornando-nos coobreiros de Deus.”
Evangelismo, 617 (grifo nosso).
Os três são chamados de: Deus. Cooperar com os três (plural) é ser coobreiro de Deus
(singular).
Que “a graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e acomunhão do Espírito Santo seja
com todos vós.” 2 Coríntios 13:13.
(ESTE É, TAMBÉM, UM TEXTO AUTÊNTICO, PRESENTE NOS MELHORES MANUS-
CRITOS DA BÍBLIA).
Convido a consultar o aparato crítico do Novo Testamento Grego que traz a informação.
9
White, Mensagens escolhidas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira), vol 1, 344.
A DOUTRINA DA TRINDADE REAFIRMADA | 89
REFERÊNCIAS
Ages, (Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, 1970), 593. A primeira edição pública
do livro é de 1898. grifo nosso.
White, O desejado de todas as nações, (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 646.
grifo nosso
Manuscrito 92 de 1901, citado em Francis D. Nichol, ed., Seventh-Day Adventist Bible Commentary
(SDABC), (Washington: Review and Herald Publishing Association, 1957), 7:961. grifo nosso.
Manuscrito 57 de 1900. Citado em SDABC, 6:1074. Grifo nosso Ibid. Grifo nosso.
Manuscrito 27de 1900. Citado em SDABC, 6:1075. Grifo nosso.
Ibid. Grifo nosso.
Ibid. Também Review and HeraId, 17 de maio de 1907. Grifo nosso White, Mensagens escolhidas
(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira), vol 1, 344.
CAPÍTULO [ 11 ]
Bíblia
Sagrada
A TRINDADE
NA IASD
1 HISTÓRIA
2 A TRINDADE NA IASD
“No nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo o homem é colocado em sua sepultura líqui-
da, sepultado com Cristo no batismo, e ressuscitado da água para viver a nova vida de lealdade
a Deus. Os três grandes poderes no céu são testemunhas; eles estão invisíveis, mas presentes”.
[4] Manuscrito 57 de 1900. Citado em SDABC, 6:1074. Grifo nosso.
“A obra é posta diante de cada alma que reconheceu sua fé em Jesus Cristo pelo batismo e
se tornou um receptor da garantia que vem das três pessoas – o Pai, o Filho, e o Espírito Santo”.
A promessa e garantia divinas originam-se em TRÊS PESSOAS. [5] Ibid. Grifo nosso.
“Cristo tornou o batismo a entrada para Seu reino spiritual”. Ele o tornou uma positiva
condição com a qual devem concordar todos os que desejam ser reconhecidos como sob a
autoridade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
“Aqueles que recebem a ordenança do batismo fazem uma declaração pública de que re-
nunciaram ao mundo e se tornaram membros da família real, filhos do rei celestial.” [6]
Há UM rei celestial que é apresentado como TRÊS pessoas que têm AUTORIDADE.
[6] Manuscrito 27 de 1900. Citado em SDABC, 6:1075. (Grifo nosso).
“Aqueles que são batizados no tríplice nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, no mo-
mento de sua entrada na vida cristã declaram publicamente que aceitaram o convite, ‘Saí do
meio deles, separai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo; e Eu voz receberei, e serei
um Pai para vós, e vós sereis meus filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso”. (grifo nosso).
O Senhor Todo-poderoso (singular) é UM TRÍPLICE (plural) nome. Ibid.
“O Pai, o Filho e o Espírito Santo, poderes infinitos e oniscientes, recebem aqueles que ver-
dadeiramente entram em relações de concerto com Deus”. (grifo nosso). Deus = Pai, Filho e
Espírito Santo que são infinitos e oniscientes.
Citações em português com o mesmo ensino no livro Evangelismo páginas 614-617. [8]
Ibid. Também Review and Herald, 17 de maio de 1907. Grifo nosso
Ellen White refere-se à Divindade (Godhead) em seus escritos publicados para a irmanda-
des em geral e a liderança da igreja como sendo, TRÊS, TRIO, TRÍPLICE. Pessoas onipotentes
e oniscientes e que chamamos de DEUS no singular, embora sendo TRÊS PESSOAS.
3 CONCLUSÃO
Portanto, nem todos os pioneiros até 1900 eram contra a Trindade. O anti-trinitarianismo
nunca foi a posição oficial da igreja. A pesquisa bíblica ao longo do tempo fez que a posição
dos pioneiros trinitarianos prevalecesse. Ellen White, embora não usasse linguagem teológica,
era trinitariana. Em 1900 muitos escritores adventistas sustentavam a personalidade e divin-
dade do Espírito Santo juntamente com o Pai e Filho.
CAPÍTULO [ 12 ]
Bíblia
Sagrada
TRINDADE E ANTI-
TRINITARIANISMO NA
HISTÓRIA ADVENTISTA
1 INTRODUÇÃO
José Bates escreveu em 1827 – Sua conversão à Conexão Cristã.
“Com respeito à Trindade, concluí que me era impossível crer que o Senhor Jesus Cristo, o
filho do Pai, era também o Deus Todo-Poderoso, o Pai, um e o mesmo ser” (p. 216).
1869 – “Existia uma multidão de pontos de vista sobre a Trindade” (p. 216 ).
A história da doutrina da Divindade no contexto da IASD em cinco períodos:
1. 1846-1888: O período antitrinitariano.
2. 1888-1898: A insatisfação com o antitrinitarianismo 3. 1898-1915: A mudança de para-
digmas
4. 1915-1946: O declínio do antitrinitarianismo
5. 1946 até o presente: O predomínio do trinitarianismo 1.1 O PREDOMÍNIO ANTI-TRI-
NITARIANO: 1846 – 1888.
A maioria dos adventistas rejeita o conceito da Trindade.
Seis razões para esta rejeição:
A. Não viam evidência bíblica para três pessoas em uma Divindade.
B. A concepção errônea de que a Trindade tornam o Pai e o Filho idênticos (a mesma pessoa).
C. A concepção errônea de que ela ensina a existência de três deuses.
D. A crença na Trindade iria diminuir o valor da expiação.
E. Jesus deveria ter uma origem mais recente que a de Deus o Pai (Ap 3.14).
TRINDADE E ANTI-TRINITARIANISMO NA HISTÓRIA ADVENTISTA | 95
F. Algumas expressões bíblicas indicavam que o Espírito Santo não poderia ser considerado
propriamente uma pessoa.
* Rom. 5:5 “ser derramado no coração”.
* Joel 2:28 “derramado sobre toda a carne”.
2 CONCLUSÃO
Embora os pioneiros tenham rejeitado a doutrina da Trindade, Deus conduziu Seu povo a
buscarem a verdade unicamente nas Escrituras até se convencerem de que o conceito de um
Deus em três pessoas, de fato está na Bíblia.
REFERÊNCIAS
Whidden, Woodrow. Moon, Jerry e Reeve Jonh W. A Trindade. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasi-
leira, 2003
CAPÍTULO [ 13 ]
Bíblia
Sagrada
O ESPÍRITO SANTO E
OS DEMAIS MEMBROS
DA TRINDADE
1 INTRODUÇÃO
Quem é o Espírito Santo?
1.1 NÃO É JESUS
O substituto (Espírito Santo) não é o substituído (Cristo).
O ausente (Espírito Santo) não é o mesmo que está presente (Cristo).
O que fala (Jesus) não é o mesmo de quem se fala (o Espírito Santo):
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro [allos] Consolador, a fim de que esteja para sem-
pre convosco.... mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse
[ekeinos] vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. (João
14:16,26-27 RA) Outro (allos) diferente em número e igual em natureza. Esse, ele - (ekeinos)
distante e ausente. TDNT.
O enviado não pode ser o mesmo que envia:
“Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da ver-
dade, que dele procede, esse dará testemunho de mim” (João 15:26 RA).
“Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não
virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei” (João 16:7 RA).
Jesus quando aparece sempre é identificado pelo Seu nome e nunca é chamado de Espírito Santo.
“Então, Ananias foi e, entrando na casa, impôs sobre ele as mãos, dizendo: Saulo, irmão, o
Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para
que recuperes a vista e fiques cheio do Espírito Santo” (Atos 9:17 RA ).
100 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
Jesus agora é humano e sempre o será – Ele nem mesmo é “espírito” mais:
“Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24:39 RA).
“Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em
carne é de Deus”. (1 João 4:2-3 RA) Jesus agora é humano e sempre o será – Ele nem mesmo
é “espírito” mais:
A plenitude da divindade está no “corpo” de Jesus. (Cl 2:9).
Nosso Mediador é Cristo “Homem” (1Tm 2:5)
Ellen White lembra que: nunca mais Jesus deixará Sua humanidade. Por estar embaraçado
pela humanidade era necessária a obra do Espírito Santo.
O representante (o Espírito Santo) não pode ser o representado (Cristo).
O limitado (Cristo) não pode ser o ilimitado (o Espírito Santo): Jesus agora é humano e
sempre o será – Ele nem mesmo é “espírito” mais: A plenitude da divindade está no “corpo”
de Jesus (Cl 2:9).
Nosso Mediador é Cristo “Homem”. (1Tm 2:5) Ellen White lembra que: nunca mais Jesus
deixará Sua humanidade. Por estar embaraçado pela humanidade era necessária a obra do
Espírito Santo.
“O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana,
e dela independente. Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em
pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu
sucessor na Terra. Ninguém poderia ter então vantagem devido a sua situação ou seu contato
pessoal com Cristo. Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido, estaria mais
perto deles do que se não subisse ao alto” (DTN, 669).
O Espírito veio exatamente porque Jesus não poderia (devido à encarnação) fazer a obra
do Espírito Santo.
O representante (o Espírito Santo) não pode ser o representado (Cristo).
O limitado (Cristo) não pode ser o ilimitado (o Espírito Santo):
“O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana,
e dela independente. Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em
pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu
sucessor na Terra. Ninguém poderia ter então vantagem devido a sua situação ou seu contato
pessoal com Cristo. Pelo Espírito, o Salvador seria acessível a todos. Nesse sentido, estaria mais
perto deles do que se não subisse ao alto” (DTN, 669).
O Espírito veio exatamente porque Jesus não poderia (devido à encarnação) fazer a obra
do Espírito Santo.
Sua humanidade é inseparável dele para sempre: “Ao tomar a nossa natureza, o Salvador
ligou-se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos estará ligado por toda a
eternidade. (...) Não o deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifício por
nós; deu-o à raça caída. Para nos assegura seu imutável conselho de paz, Deus deu Seu Filho
unigênito a fim de que se tornasse membro da família humana retendo para sempre sua na-
tureza humana. Esse é o penhor de que Deus cumprirá sua palavra” (DTN, 25. Grifo nosso).
Não há natureza humana sem corpo humano.
A blasfêmia contra Cristo não é contra o Espírito:
“Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blas-
fêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho
do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será
isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir” (Mateus 12:31-32 RA).
O ESPÍRITO SANTO E OS DEMAIS MEMBROS DA TRINDADE | 101
-Dois seres pessoais podiam estar usando Jesus: Belzebu ou o Espírito Santo.
-O Espírito já estava na Terra apenas a sua plenitude prometida em Joel 2:28 estava por vir.
2 NÃO É O PAI
O Enviado não pode ser o mesmo que envia:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convos-
co. [...] mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensi-
nará todas as coisas e vos fará lembrar-se de tudo o que vos tenho dito” (João 14:16,26-27 RA).
- O Pai dará e enviará – não é Ele, portanto.
A procedência não pode ser o mesmo procedente:
“Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da ver-
dade, que dele procede, esse dará testemunho de mim” (João 15:26 RA).
Nunca o que vem “da parte de” é o mesmo da parte de quem vem.
“Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos,
quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1 Coríntios 12:13 RA).
“há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança
da vossa vocação” (Efésios 4:4 RA).
“Como não será de maior glória o ministério do Espírito!” (2 Coríntios 3:8 RA)
“Há três pessoas vivas pertencentes à trindade celeste; em nome destes três grandes pode-
res - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e
esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova
vida em Cristo”. Special Testimonies, Série B, Nº 7, págs. 62 e 63. Citado em Evangelismo, 615.
O ESPÍRITO SANTO E OS DEMAIS MEMBROS DA TRINDADE | 103
“Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio
Deus, está andando por esses terrenos”. Evangelismo, 616.
CONCEDE – “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras lín-
guas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (Atos 2:4 RA).
ENTRA EM CONSENSO – “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor
maior encargo além destas coisas essenciais” (Atos 15:28 RA): CONTROLA PESSOAS – “E,
percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a pala-
vra na Ásia” (Atos 16:6 RA).
ASSEGURA – “senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me espe-
ram cadeias e tribulações” (Atos 20:23 RA): NOMEIA – “Atendei por vós e por todo o reba-
nho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a
qual ele comprou com o seu próprio sangue” (Atos 20:28 RA).
104 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
É SÓCIO COM PESSOAS – “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados,
e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo”, (Hebreus 6:4 RA).
A palavra grega é metokus = participar como sócio.
É TENTADO – “Tornou-lhe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do
Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles também te levarão” (Atos
5:9 RA).
PROÍBE – “defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o per-
mitiu” (Atos 16:7 RA).
ENTRISTECE – “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção”. (Efésios 4:30 RA). TEM CIÚMES – “Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É
com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?” (Tiago 4:5 RA) Ciúmes
– como Jeová no decálogo “zelo”.
LIVRO DE ATOS – “E, havendo discordância entre eles, despediram-se, dizendo Paulo
estas palavras: Bem falou o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías,
quando disse: Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo, vereis
e não percebereis. Porquanto o coração deste povo se tornou endurecido; com os ouvidos ou-
viram tardiamente e fecharam os olhos, para que jamais vejam com os olhos, nem ouçam com
os ouvidos, para que não entendam com o coração, e se convertam, e por mim sejam curados”
(Atos 28:25-27 RA).
“Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio
Deus, está andando por esses terrenos” (Evangelismo, 616).
CRIADOR: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abis-
mo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gênesis 1:2 RA). Educação, 134 diz que
é o Espírito Santo de João 15:26 “O mal se vinha acumulando por séculos e só poderia ser
restringido e resistido pelo eficaz poder do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, que
viria com não modificada energia, mas na plenitude do poder divino. Outro espírito deve ser
enfrentado; pois a essência do mal estava atuando de todas as maneiras, e era de surpreender
a submissão do homem a esse cativeiro satânico”. TMOE, 392.
CRIADOR: “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz”, (Hebreus
3:7 RA) “Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso” (Hebreus 3:11 RA conti-
nuação da fala do Espírito Santo).
“Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sé-
timo dia, de todas as obras que fizera. E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu
descanso” (Hebreus 4:4-5 RA). O apóstolo diz que o Personagem do Salmo 95 é também o
Espírito Santo. “Como diz o Espírito Santo” (Hebreus 3:7).
106 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
SALMO 95
6 “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do SENHOR, que nos criou.
7 Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão. Hoje, se ouvirdes asua voz,
8 não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá, no deserto,
9 quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhasobras.
10 Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração-
transviado, não conhece os meus caminhos.
11 Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso.”
HEBREUS 3:7-11
7 “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz,
8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto,
9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas obras porqua-
renta anos.
10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles-
também não conheceram os meus caminhos.
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.”
HEBREUS 3:10-12
“Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, 8 não endureçais o
vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação nodeserto,”
9 quando vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minha-
sobras.
10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre erram no coração; eles-
também não conheceram os meus caminhos.
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.
12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coraçãode
incredulidade que vos afaste do Deus vivo;
HEBREUS 4
“Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus,
suceda parecer que algum de vós tenha falhado.”
Obs.: Esse “descanso de Deus” é que o Espírito Santo chama de “meu descanso”.
HEBREUS 4:3
Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito: Assim, jurei na
minha ira: Não entrarão no meu descanso. Embora, certamente, as obras estivessem concluí-
das desde a fundação do mundo.
O ESPÍRITO É CRIADOR
Aquele Javé que “descansou no sétimo dia” – é o
MESMO que disse: “não entrarão no meu repouso”.
HEBREUS 4
4 Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, noséti-
mo dia, de todas as obras que fizera.
5 E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso.,
O ESPÍRITO SANTO E OS DEMAIS MEMBROS DA TRINDADE | 107
HEBREUS 4
7 de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundoantes
fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.
8 Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito deou-
tro dia.
9 Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.
10 Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou desuas
obras, como Deus das suas.
3 CONCLUSÃO
O Salmo 95 é o Salmo TAMBÉM do Espírito Santo.
a) O Apóstolo diz em Hebreus que o Espírito Santo é DE QUEM se fala naquele Salmo.
b) No Salmo 95 Javé (o Espírito Santo conforme a epístola aos Hebreus) é identificado
TAMBÉM como o Criador que deve ser adorado.
c) O Espírito Santo É EQUIVALENTE AO Deus vivo na epístola aos Hebreus de quem não
nos devemos apartar.
E mais...
Segundo o apóstolo em Hebreus 10:12-16, o Espírito Santo é também o SENHOR (Javé) do
Novo Concerto o qual escreve Sua lei em nosso coração.
Ele não é o Pai e nem é Jesus pois o Pai, Jesus e TAMBÉM (v. 15) o Espírito Santo dá teste-
munho da obra da redenção.
recebem e creem em Cristo como um Salvador pessoal. Há três pessoas vivas pertencentes à
trindade celeste; em nome destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - os
que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos
obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo” (Special Testimonies,
Série B, Nº 7, págs. 62 e 63. Ev. 615).
“Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da
verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim” (João 15:26 RA).
São três no discurso acima.
. A vinda do Espírito Santo era a “promessa” através do profeta Joel.
Esse Espírito que já estava na Terra viria para uma obra especial:
“Exaltado (Cristo), pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vedes e ouvis” (Atos 2:33 RA). Mais uma vez são três as pessoas do
discurso acima.
Três pessoas envolvidas - Jesus é ungido por Deus (Pai) com o Espírito Santo e com poder.
O Espírito traz poder mas não é uma energia:
“Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por
toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele”
(Atos 10:38 RA).
Os três estão em locais diferentes e separados no discurso:
“Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus,
que estava à sua direita” (Atos 7:55 RA). Aqui estão as três pessoas separadas pela expressão “e
também” e o amor que é do Espírito como uma razão para se dedicarem à oração intercessora:
“Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito,
que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor” (Romanos 15:30 RA).
Nesta passagem estão as três pessoas e cada uma delas oferecendo uma graça divina dife-
rente que lhe é peculiar ao tempo em que são separadas por conjunções coordenativas aditi-
vas, demonstrando serem três personagens diferentes:
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja
com todos vós” (2 Coríntios 13:13 RA). Mais uma vez os três personagens estão em lugares
diferentes e novamente apresentados pela expressão “e... também”, enfatizando a identidade e
a parte de cada um na obra da redenção:
“Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-
-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por
estrado dos seus pés. Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão
sendo santificados. E disto nos dá testemunho também o Espírito Santo; porquanto, após ter
dito” (Hebreus 10:12-15 RA).
As declarações bíblicas e do Espírito de Profecia são claras ao indicar a personalidade e
divindade do Espírito Santo numa unidade Trinitária.
CAPÍTULO [ 14 ]
Bíblia
Sagrada
É DEUS UM
SER SOLITÁRIO?
1 INTRODUÇÃO
Deus é mistério (João 1:18), não obstante, pode-se compreender esse mistério (Cl 1:26; 2:2)
na pessoa amada do Senhor Jesus cristo.
Portanto, o “mistério” que envolvia a Pessoa de Deus, já não existe mais, o “Misterioso
Deus” foi revelado, e visto por todos, na pessoa de Jesus Cristo.
Objetivo do Estudo:
O objetivo deste estudo é mostrar que Deus não é um Ser solitário nem está isolado em
alguma parte do universo; que Deus não é uma unidade absoluta (Yachid), mas uma unidade
composta (Echad).
UNITARIANISMO ARIANO
Ário nasceu em Cirenáica ou Alexandria (256 ou 280 A.D.). Em 312 ouviu o patriarca Ale-
xandre pregar sobre a Trindade. Discordou do ponto de vista e fundou a heresia conhecida
como arianismo.
Tese: Admitia uma só Pessoa divina e um só Deus. (Unitarianismo totalitário absoluto).
Afirma que:
``Deus, o Pai de quem fala a Bíblia, é Deus;
``O Filho é inferior ao Pai, mas é “deus”;
``O Espírito Santo é uma energia e não uma Pessoa.
``Representantes modernos dos arianos: Testemunhas de Jeová.
112 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
UNITARIANISMO SABELIANO.
Tese: Admitia uma Pessoa divina e só um Deus, que uma de cada vez podia manifestar-se
nas 3 formas: Pai, Filho e Espírito Santo.
TRITEÍSMO.
Tese: Admitia a existência de três pessoas e três deuses, descambando para o politeísmo.
TRINITARIANISMO OU TRINDADE.
Tese: Admitia a existência de três Pessoas Divinas e Um Só Deus.
O Pai é Uma Pessoa. O Filho é uma Pessoa. O Espírito Santo é uma Pessoa. Três pessoas =
Um só Deus
O Pai, o Filho, o Espírito Santo, são Pessoas distintas e Independentes uma das outras no
que concerne:
``Individualidade;
``Personalidade;
``Ação
``São uma, porém, em:
``Natureza;
``Substância
``Propósito.
``Assim o Grande Deus, único e indivisível, subsiste em três Pessoas: Co-iguais;
``Co-eternas;
``Consubstanciais
3.1 OS TERMOS BÍBLICOS DEMONSTRAM QUE DEUS NÃO ESTÁ SÓ: Gen. 1:26 –
“Façamos o homem conforme a nossa imagem...
Gn 11:7 – “Desçamos e confundamos...”
Is 6:8 – “...Quem há de ir por nós?”
Os nomes de Deus:
No primeiro verso da Bíblia, a palavra que aparece nomeando Deus, é Elohim. Temos no he-
braico: “Bereshit barah Elohim et rashamaim veet raaretz.” (No princípio criou Deuses os céus e
a Terra) Gn 1:1 {Conferir com Eclesiastes 12:1 Boreaka = Criadores} Elohim = Deuses. Elohim
é o plural de Eloah. Elohim tem o sentido de “Toda Força”, “Todo Poder”, “Toda Habilidade”.
Esse termo pode também designar os deuses falsos, todavia tem em toda a Bíblia 2.500
citações referindo-se ao Deus verdadeiro, ao Deus Todo – Poderoso.
Echad – Representa a Unidade no sentido de Essência. Significa uma Unidade composta.
Exemplos:
Gn 1:5 – Uma tarde e uma manhã = um dia (Echad) Gen. 2:24 – Um homem e uma mulher
= uma só carne (Echad).
Tudo isso não é mero acaso? Não, pois existe outra palavra que representa a unidade abso-
luta e a encontramos em Gn 22:2 Yachid.
Exemplo:
Toma teu filho, teu Único (Yachid) filho, a quem amas...”
Em Deut. 6:4 – o “Shema”. “Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é o único Deus. A palavra
aqui é Echad, unidade composta.
É DEUS UM SER SOLITÁRIO? | 113
Salomão cria na unidade composta quando escreveu: “Lembra-te do Teu Criador...” utili-
zando a palavra: “Boreaka” = criadores. Portanto, literalmente o versículo seria mais correta-
mente traduzido: “Lembra-te do Teu Criadores.”
Outra razão: A Bíblia diz que Deus tem companheiro. Zac. 13:7
A palavra = Deus João 1:1-3
Jesus = Verdadeiro Deus (1 João 5:20)
Espírito Santo = Deus (Gn 1:2; Jó 33:4; Atos 5:3,4)
6 CONCLUSÃO
A Trindade hoje está à serviço do homem; o centro da ação da Trindade é o homem.
Enquanto durar o tempo da Graça divina, haverá: Um Espírito Santo para: Convencer,
Restaurar e Santificar.
Um Filho para: Salvar, Interceder e justificar Um Pai para: Amar, Perdoar e Glorificar.
Tudo isto é para o tempo chamado “hoje” (Hb 3:7,8; Ap 15:8; 22:11; Is 56:6)
Após o Fechamento da Porta da Graça, as Pessoas Divina voltam a formar o mesmo quadro
inicial
É DEUS UM SER SOLITÁRIO? | 115
``Espírito Santo
``Filho
``Pai
``Deus
``YHWH
``Jeová
``Porque: Espírito Santo, Filho e Pai são UM.
CAPÍTULO [ 15 ]
Bíblia
Sagrada
A TRINDADE:
PLURALIDADE DE DEUS
1 INTRODUÇÃO
Trindade: do latim Trinitas, palavra formada por Tertuliano, na última década do II séc. d.C.
O estudo sobre Deus é complexo (devido à pequenez de nossa mente) e nunca chegaremos
a esgotar o assunto nem nesta vida nem na vida futura.
Tudo o que precisamos saber sobre Deus Ele no-lo revelou em a Natureza, na Bíblia e em Jesus
Cristo (a revelação máxima sobre Deus). O que passar disto é especulação danosa à nossa fé.
Devemos cuidar para “não ultrapassar o que está escrito” (cf. 1 Co 4:6), mas atentar ao que
foi revelado, deixando o não revelado com Deus (cf. Dt 29:29).
Como Deus é único e ainda são três pessoas?
Dt 6:4: “Ouve, Israel, Yahweh, nosso Deus é único ( ’echad = unidade composta - ver Gn 1:5
e 2:24). Diferente de único no sentido de só, sozinho, que seria yachid, como era o caso de Isa-
que, o único ( yachid) filho de Abraão e Sara (Gn 22:2). Deus é único no sentido de não haver
outro Deus fora dele (cf. Is 45:21 e 22; 1 Tm 2:5). Esse único Deus constitui-se de três pessoas
divinas (cf. Gn 1:1, onde o nome de Deus está no plural: Elohim, plural de Eloah). Estas três
pessoas divinas são chamadas de Pai, Filho e Espírito Santo (cf. Mt 28:19; 2 Co 13:13; Jo 14:16
e 17). Os nomes apontam para o papel de cada um e não denotam inferioridade ou superiori-
dade de uma pessoa divina em relação às outras.
Então, como entender a afirmação de Jesus de que “o Pai é maior do que eu” (Jo 14:28)? A
palavra “maior”, em grego, é méizōn e significa maior em quantidade, não em qualidade (que
seria kréittōn). Maior em quantidade significa que Jesus, ao tomar a natureza humana, podia
sentir fome, cansaço, estava limitado pelo tempo e espaço e podia morrer.
As três pessoas da Trindade são co-iguais e co-eternas, mas há uma subordinação voluntá-
ria entre elas:
A TRINDADE: PLURALIDADE DE DEUS | 117
O Espírito Santo se subordina ao Filho, e este se subordina ao Pai (cf. S. Jo. 3:17 e 16:5 e 7,
o Pai envia o Filho, e este envia o Espírito).
Mas, crer em três pessoas divinas não é Politeísmo? Se elas não fossem co-iguais e co-eter-
nas, sim. Mas como têm o mesmo poder, natureza, atributos e propósitos, elas não são três
deuses, mas um único Deus Triúno.
Politeísmo é crer num Deus (Pai) que teria criado um Deus menor (Jesus). Aí são dois deu-
ses: um pré-existente e outro não.
A Bíblia afirma que: Deus Pai é Deus:(cf. Jo 20:17; Ef 4:6, etc.); O Filho é Deus (cf. Jo 1:1; At
20:28; Rm 9:5; Cl 2:9; Hb 1:8; 2Pe1:1, etc.);
O Espírito Santo é Deus (cf. At 5:3 e 4).
1. Eternidade:
``O Pai: Is. 40:28; 1 Tm 1:17; Sl 90:2
``O Filho: Is 9:6; Mq 5:2; Ap 1:8 e 17; 22:13.
``O Espírito Santo: Hb 9:14
2. Onipotência:
``O Pai: Gn 28:3; Sl 91:1
``O Filho: Mt 28:18; Cl 2:9; Ap 1:8
``O Espírito Santo: Is 11:2; Mq 3:8; Lc 1:35; 4:14; At 1:8.
3. Onipresença:
``O Pai: Sl 139:5,8 -12; Pv 15:3
``O Filho: Mt 18:20; 28:20
``O Espírito Santo: Sl 139:7
4. Onisciência:
``O Pai: Sl 139:1-4, 23-24; 33:13
``O Filho: Mt 9:4; S. Jo 2:25
``O Espírito Santo: Is 40: 13 e 14; 1Co 2:10-11.
5. Poder criador:
``O Pai: Gn 1:1; Is 42:5; At 17:24
``O Filho: Jo 1:1-3; Hb 1:2 e 10
``O Espírito Santo: Gn 1:2; Jó 33:4; Sl 104:30; Ez 37:9 e14.
6. Doador de vida:
``O Pai: Gn 2:7
``O Filho: Jo 14:6
``O Espírito Santo: Jó 33:4; Ez 37:9 e 14.
7. Recriador:
``O Pai: Is 65:17
``O Filho: 2 Co 5:17
``O Espírito Santo: Jo 3:5 e 6
118 | TEMAS EM TEOLOGIA SISTEMÁTICA I
8. É Yahweh (O Eterno):
``O Pai: Is 40:28
``O Filho: Is 45:18 // S. Jo 1:1-3 Sl 102:22 e 25 // Hb 1:10-12.
``O Espírito Santo: Sl 95:7 (começando com “Hoje, se ouvirdes...”) até v. 11. Compare com
Hb 3:7-11, onde é dito que foi o Espírito Santo quem proferiu estas palavras (ver ainda Jr
31:31-33 // Hb 10:15).
9. Tem mente:
``O Pai: Rm 11:34
``O Filho: 1Co 2:16
``O Espírito Santo: Rm 8:27
10. É Presciente:
``O Pai: Is 46:10
``O Filho: Jo 14:29
``O Espírito Santo: At 1:16
6. Como o Espírito revelaria a Simeão sobre o nascimento do Cristo? Seria o próprio Cristo
revelando o nascimento dele mesmo a Simeão? (Lc 2:26-27).
7. Como podia o Espírito ungir Jesus para sua missão? O próprio Jesus se ungiria a si
mesmo? (Lc 4:18).
8. Como Jesus podia enviar “outro” (állos) Consolador? Enviaria a si próprio? (Jo 14:16; 16:7).
9. Como poderia Deus Pai enviar o Espírito, em nome de Jesus, se só existisse uma pessoa
divina? Se o Espírito Santo é Deus Pai, Ele se enviaria a si mesmo? (Jo 14:26).
10. O Espírito Santo não falaria de si mesmo, mas o que ouvira de Cristo e de Deus Pai. Se
o Espírito é Cristo ou Deus Pai, ao falar, não estaria falando de si mesmo? (Jo 16:13).
11. Como o Espírito Santo poderia glorificar o Filho? Se Ele é o Filho, glorificaria a si
mesmo? (Jo 16:14).
12. Se são a mesma pessoa, por que, então, a menção dos três nomes em 2Co 13:13? Não
bastaria apenas um? (ver ainda 1 Pe 1:2).
13. Como poderia o Espírito perscrutar (penetrar, sondar) a mente de Deus, se só existisse
uma pessoa divina? O Espírito perscrutaria sua própria mente? Isto não seria nada assombro-
so, pois nós, que somos humanos, podemos perscrutar nossa própria mente (ver 1Co 2:10-12).
14. “Ora, o Senhor é o Espírito, e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2
Co 3:17). Paulo não está, aqui, confundindo as pessoas divinas, mas enfatizando que o Es-
pírito é um Senhor (dono, proprietário) amoroso e não tirânico.