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ESCOLA VIVENCIAL DO GED DE PIRACICABA -2022

A VIDA TERRENA DE JESUS


31/Outubro/2022

O que é um ser humano? -: a condição humana reúne uma longa série de propriedades
e condições que não podem ser nem alteradas e nem descartadas da própria existência.
Nenhum ser humano está livre de sofrer as condições que a natureza impõe sobre ele.
Todos nascemos de mulher, todos crescemos, vivemos a vida e um dia iremos ter um fim.
Ninguém escapa disso. Essa verdade imutável está escrita na condição humana sem a
mínima possibilidade de mudança. Tendo em vista essa premissa, como analisar a
presença de um Deus feito homem entre nós? Estaria Ele sujeito às mesmas leis que regem
a natureza humana?

Meditando sobre essas perguntas -: a vida terrestre de Jesus foi realmente humana?
Para tentar responder, a nossa fonte de investigação são os Evangelhos. Segundo eles,
Jesus era capaz de emoções até mesmo fortes, como ao expulsar os vendilhões do Templo.
Também angustiou-se ao pressentir que sua hora de enfrentar a morte havia chegado.
Chorou junto ao túmulo de Lázaro e também chorou quando entrou, pela última vez, em
Jerusalém, a cidade que não reconheceu a sua mensagem de salvação.
E mais: fatigou-se em caminhadas, teve fome e sede, conheceu a tentação do
demônio. Experimentou a dificuldade de obedecer à vontade de Deus Pai. Teve alegrias,
amizades, surpresas, compaixão diante da miséria humana, e até mesmo o sentimento de
uma suprema desolação, no alto da cruz.
Como se vê, o que mais faltou a Jesus para que se possa considerá-lo como um
perfeito ser humano?

A “kenosis” de Cristo -: a palavra “kenosis” vem do grego “kenoo”, que significa,


literalmente, “esvaziar-se”. Por “kenosis” de Cristo entende-se o seu completo
esvaziamento das vantagens que sua natureza divina poderia lhe proporcionar, para
tornar-se um ser humano em tudo semelhante a nós. No entanto, as propriedades divinas
poderiam ser usadas em benefício de outras pessoas, como de fato aconteceram nos
episódios de curas e milagres que o Cristo realizou.
Jesus não teve pecado (Hb 4, 15), pois isso seria impossível à Encarnação de Deus.
Essa é a única diferença humana entre Jesus e os outros seres humanos. Quanto ao resto,
a sua condição divina não devia impedir que sua vida humana o levasse à cruz, como um
cordeiro levado ao matadouro.

Algumas heresias -: mesmo nas eras mais primitivas do cristianismo, houve doutrinas
heréticas que tentaram negar que Jesus fosse um ser humano completo. Exaltavam a
natureza divina de Jesus a ponto de negar que Ele fosse também humano. Isso foi tão
sério, que provocou a realização do Concílio de Calcedônia, na Anatólia (Turquia) no ano
de 451, onde foram definidas as questões sobre as duas naturezas de Cristo.
O Reino de Jesus não era deste mundo, como Ele próprio afirmou tantas vezes. O
segredo de sua natureza divina não devia ser divulgado ao mundo até que fosse
necessário, o que sucedeu após a Ressurreição.

Mas e a natureza divina? -: o fato de Jesus ter sido um ser humano completo não deve,
contudo, diminuir a noção de que, mesmo na vida terrena, o aspecto divino da natureza
de Jesus não tenha se manifestado de maneira relevante. Isso pode ser compreendido
quando se nota os sinais sobrenaturais de Jesus, os sinais de sua glória, sua familiaridade
com o mundo divino, o poder que Ele possuía, a autoridade com que ensinava. É de todo
impossível negar os traços evangélicos em que Jesus aparece aliando a sua humildade à
majestade divina, mesmo antes de sua Ressurreição: em Caná da Galiléia, em Cafarnaum,
no Templo, no Cenáculo e inclusive, no caminho do Calvário e no alto da Cruz. E a sua
natureza divina, mesmo na vida terrena, se manifesta de maneira mais alta na
Ressurreição.

Em resumo -: se os Profetas, homens como nós, possuíam dons sobrenaturais evidentes


– como virtudes de um poder superior – como não os teria o Filho, o supremo Revelador
de Deus Pai? Se em muitos santos aconteceu que, sem deixarem de ser apenas homens,
se manifestaram, por vezes, poderes sobrenaturais, como se poderia negar da vida de
Jesus tais poderes e sinais apresentados pelos Evangelhos?
Muitos documentos do Magistério da Igreja, através dos tempos, afirmam que
Jesus Cristo, durante sua vida terrestre, manifestou, de diversos modos, com palavras e
obras, o mistério duplo de sua natureza. Isso foi reiterado pela Congregação para a
Doutrina da Fé, de uma vez por todas, em um documento de 1972.
Tudo isso nos conduz a uma verdade única e inegável: Jesus, como Ele mesmo
disse, é, ao mesmo tempo, homem e Deus, por isso mesmo convertendo-se, para nós, no
Caminho, na Verdade e na Vida. Assim seja.

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