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O que é um ser humano? -: a condição humana reúne uma longa série de propriedades
e condições que não podem ser nem alteradas e nem descartadas da própria existência.
Nenhum ser humano está livre de sofrer as condições que a natureza impõe sobre ele.
Todos nascemos de mulher, todos crescemos, vivemos a vida e um dia iremos ter um fim.
Ninguém escapa disso. Essa verdade imutável está escrita na condição humana sem a
mínima possibilidade de mudança. Tendo em vista essa premissa, como analisar a
presença de um Deus feito homem entre nós? Estaria Ele sujeito às mesmas leis que regem
a natureza humana?
Meditando sobre essas perguntas -: a vida terrestre de Jesus foi realmente humana?
Para tentar responder, a nossa fonte de investigação são os Evangelhos. Segundo eles,
Jesus era capaz de emoções até mesmo fortes, como ao expulsar os vendilhões do Templo.
Também angustiou-se ao pressentir que sua hora de enfrentar a morte havia chegado.
Chorou junto ao túmulo de Lázaro e também chorou quando entrou, pela última vez, em
Jerusalém, a cidade que não reconheceu a sua mensagem de salvação.
E mais: fatigou-se em caminhadas, teve fome e sede, conheceu a tentação do
demônio. Experimentou a dificuldade de obedecer à vontade de Deus Pai. Teve alegrias,
amizades, surpresas, compaixão diante da miséria humana, e até mesmo o sentimento de
uma suprema desolação, no alto da cruz.
Como se vê, o que mais faltou a Jesus para que se possa considerá-lo como um
perfeito ser humano?
Algumas heresias -: mesmo nas eras mais primitivas do cristianismo, houve doutrinas
heréticas que tentaram negar que Jesus fosse um ser humano completo. Exaltavam a
natureza divina de Jesus a ponto de negar que Ele fosse também humano. Isso foi tão
sério, que provocou a realização do Concílio de Calcedônia, na Anatólia (Turquia) no ano
de 451, onde foram definidas as questões sobre as duas naturezas de Cristo.
O Reino de Jesus não era deste mundo, como Ele próprio afirmou tantas vezes. O
segredo de sua natureza divina não devia ser divulgado ao mundo até que fosse
necessário, o que sucedeu após a Ressurreição.
Mas e a natureza divina? -: o fato de Jesus ter sido um ser humano completo não deve,
contudo, diminuir a noção de que, mesmo na vida terrena, o aspecto divino da natureza
de Jesus não tenha se manifestado de maneira relevante. Isso pode ser compreendido
quando se nota os sinais sobrenaturais de Jesus, os sinais de sua glória, sua familiaridade
com o mundo divino, o poder que Ele possuía, a autoridade com que ensinava. É de todo
impossível negar os traços evangélicos em que Jesus aparece aliando a sua humildade à
majestade divina, mesmo antes de sua Ressurreição: em Caná da Galiléia, em Cafarnaum,
no Templo, no Cenáculo e inclusive, no caminho do Calvário e no alto da Cruz. E a sua
natureza divina, mesmo na vida terrena, se manifesta de maneira mais alta na
Ressurreição.