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UM DIA NA VIDA DE FREDERICO

Frederico, um menino de 12 anos, era um aluno de uma conceituada escola de 1º e


2º graus na cidade de Santa Maria/RS, onde cursava a 6ª série. Em função de uma
transferência de seu pai, um funcionário público, Frederico e sua família passaram a
residir em Porto Alegre. Os pais de Frederico, preocupados em lhe proporcionar
uma boa Educação, fizeram questão de matricular o filho em uma escola igualmente
conceituada na capital gaúcha. No seu primeiro dia de aula em Porto Alegre,
Frederico entrou em contato com várias pessoas da escola, que ao final do dia,
expressaram as seguintes impressões sobre a maneira de ser deste novo aluno:
Relato da Maria, profª. de Língua Portuguesa: A impressão que tive de Frederico
não foi das melhores. Ele me pareceu muito agitadinho, inquieto, ansioso! Já foi
perguntando sobre a matéria, dizendo que já havia estudado na outra escola, que
livro que usavam lá... Além disso, já chegou atrasado na primeira aula – e é do tipo
tagarela, aquele que tem que sentar em “fila indiana”, por que senão, colega
nenhum consegue prestar atenção na aula! Relato do João, prof. de Ciências:
Frederico me pareceu o equilíbrio perfeito entre o interesse e a concentração!
Estava atento às minhas explicações sobre a matéria, perguntava quando não
entendia e participava com significativas contribuições, o que representa uma sólida
base de conhecimento. De fato, deve de ter vindo de uma escola muito conceituada.
Relato da Ana, funcionária da Secretaria: Sinceramente, o Frederico me
decepcionou. Mostrou ser um daqueles alunos com os quais não adianta conversar.
Durante o tempo que estivemos juntos, estava apático, parecia no “mundo da lua”,
não adiantava querer conversar, ele nem respondeu às minhas perguntas direito. E
eu que pensava que os meninos do interior fossem mais gentis e educados... doce
ilusão! Relato da Teresinha, profª. de Matemática: O Frederico é um daqueles
alunos que nos deixa feliz em ser professor, em poder ensinar. É muito participativo,
dinâmico, extrovertido. Sem falar do seu bom-humor! Nas atividades em grupo,
revelou um apurado espírito de equipe, sendo cooperativo com os colegas. Além
disto, foi muito prestativo e educado: até me ajudou a levar o material para a Sala
dos Professores! Relato do José, porteiro da escola: Nossa!... Chegou um pivete
nesta escola! O guri chegou esbaforido, todo descabelado, uniforme amassado, e
queria entrar depois que a sineta tinha batido, sem ao menos apresentar a Carteira
Estudantil – afinal eu nem sabia que ele era aluno novo, né? Até ele conseguir me
falar isto, armou um “entreveiro” antes! Disseram que ele veio de Santa Maria... não
sei não! Tava mais pra ex-interno da FEBEM do que para menino do interior.
RELATO DO PRÓPRIO FREDERICO SOBRE O SEU PRIMEIRO DIA NA NOVA
ESCOLA:

Puxa... Que sufoco! Agora eu entendo porque que falam em “cidade grande”,
em “selva de pedra”... Eu tentei fazer tudo certo: acordei cedinho, na hora que o pai
e a mãe estavam saindo para trabalhar – eles me disseram para eu ficar tranqüilo,
que pontualmente às 07h30min, a Kombi escolar passaria para me pegar e me
deixaria dentro da escola: eu tinha tempo parara, antes disso, me arrumar com
calma e tomar café descansado.
Aí, eu estava saindo do banho quando o telefone tocou. Que surpresa! Eram
os meus amigos de Santa Maria que estavam ligando para desejar “boa sorte” no
meu primeiro dia de aula na capital. Eu suspeitei que iria me atrasar um pouquinho,
mas estava tão bom “matar a saudade”, que eu não tinha coragem de desligar o
telefone... tudo bem, eu não precisava tomar café, depois poderia comprar um
lanche na hora do recreio. Antes mesmo do horário combinado, eu já estava na
frente do prédio aguardando a Kombi, só que já eram 07h45mib, e nem sinal dela!!!
Comecei a ficar angustiado. Será que este povo da capital não tem relógio?
Resolvi que não ia ficar ali, plantado! Eu mais ou menos lembrava de qual ônibus eu
deveria pegar para chegar na escola, e então, fui para a parada. Só que antes de
conseguir chegar na parada de ônibus, um pivete me atacou e levou minha carteira
que estava no bolso! Fiquei sem dinheiro, sem nada... Bem, pelo menos, ele não
levou a minha mochila! Só rasgou a minha blusa, e me sujei todo, porque rolei no
chão, né?
Consegui pegar o ônibus, e o cobrador foi bem legal: ele até deixou eu passar
por baixo da roleta. Quando cheguei na frente da escola, desci do ônibus correndo,
quase fui atropelado! E pra completar, o tal do porteiro inventa de complicar a minha
vida... parecia um “gorila”: queria que eu apresentasse a Carteira Estudantil, mas eu
não tinha nada no bolso, quanto mais a tal da carteira! Eu já estava atrasado, e ele
ainda me amarrando! Por fim, o “gorila” me levou ate a Secretaria para eu ver em
que sala teria aula. Eu estava tentando me acalmar, me aquietar e tomar coragem
para “encarar” a turma e a professora, só que a moça da secretaria não ficava
quieta, me fazendo um monte de perguntas bobinhas, me tratando como se eu fosse
um “juquinha do interior”.
Então, fui para a aula de português – ih!!! Isto não é bem meu “forte”. Tentei
me inteirar, para ver se era o mesmo “esquema” do meu colégio anterior, mas a
professora parecia não gostar muito das minhas perguntas... pra dizer a verdade, ela
tinha uma cara muito séria mesmo! Eu puxei assunto com alguns colegas, por que
queria saber onde era o banheiro, que horas era o recreio, e principalmente, onde eu
poderia comer alguma coisa, porque depois de dois períodos daquela aula, eu já
estava desmaiando de fome. Até que enfim, chegou a tão esperada hora do recreio,
ou melhor, do intervalo, por que aqui na capital, “recreio” é coisa de Jardim de
Infância! Pude ir ao banheiro, consegui negociar com a tia do bar para pagar a
merenda no dia seguinte, “matei” a fome, e ainda de tempo para conhecer um pouco
dos colegas – inclusive, contei a minha “jornada do dia” para eles: contando, foi bem
divertido!
A aula que tive logo após o intervalo, estava fascinante! Era sobre ecologia,
buraco na camada de ozônio, estas coisas bem atuais, que a gente vê na TV, no
jornal... inclusive, eu tinha eu tinha visto algo sobre o assunto na NET. Ah, o
professor era meio carrancudo, mas sabia explicar muito bem. E no final das contas,
fechei meu dia com chave de ouro! A última aula foi de Matemática, e a professora
trouxe uns exercícios muito legais, que eu já conhecia, até! Foi bom porque eu pude
ajudar o pessoal, e fazer uma “média” com o grupo e com a professora. Eu estava
tão feliz que tudo terminou bem, que até ajudei a professora a levar o material para a
Sala dos Professores. Acho que me saí bem, no meu primeiro dia de aula na capital!

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