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Departamento de Engenharias. Geologia e Geotecnia Ambiental.


Ano, curso:ERNA
202
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Capitulo nº 1- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOLOGIA

Introdução

Geologia é a ciência estuda que a terra, de sua composição, de seus


processos internos e externos e da sua evolução.

Geologia é a ciência que estuda a Terra, sua origem, seus materiais e suas
transformações. Analisa os processos que operam na superfície e no interior
do planeta e examina os materiais terrestres, sua composição e aplicabilidade.
A geologia interage com diversas outras ciências como a física, a química, a
biologia, bem como as ciências econômicas e sociais, e busca a exploração
dos recursos naturais de maneira economicamente viável ambientalmente
sustentável.
Esta disciplina é fundamental para o estudo da Biologia, já que a biosfera e a
litosfera, juntamente com a atmosfera e a hidrosfera, formam sistemas
integrados que se influenciam mutuamente. O estudo da formação e evolução
da Terra e dos ambientes terrestres é a base para os estudos dos
ecossistemas e da evolução das espécies.
Neste material, vamos tentar apresentar a geologia em seus diversos aspectos,
para que possamos entender melhor o nosso ambiente natural, aprendendo a
valorizar as relações entre o ser humano e a natureza.

O campo de actividade da Geologia é, por conseguinte, a porção da terra


constituída de rochas que, por sua vez, são as fontes de informações.
Entretanto, a formação das rochas de um conjunto de factores físicos,
químicos, donde os interesses se entrecruzarem repetidamente.
É objecto da Geologia Geral o estudo dos agentes de formação e
transformação das rochas, da composição e disposição das rochas na crosta
terrestre. Dentre as disciplinas englobadas na Geologia, destacam-se:
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Estratigrafia (estudo da sucessão das rochas, sobretudo sedimentares,


utilizando dados sedimentológicos, paleontológicos, geoquímicos, etc., com
vertentes de índole cronológica e paleogeográfica).
Mineralogia é a ciência que estuda os minerais, sobretudo basea-se na
Cristalografia, e na composição química e física.
Petrologia (estudo das rochas e sua composição mineralógica e química).
Paleontologia (estudo da Vida e sua Evolução em tempos idos, através de
vestígios - os fósseis - conservados nas rochas; Paleobotânica, Paleozoologia,
Micropaleontologia, Paleoecologia são disciplinas nela contidas ou intimamente
relacionadas; tem papel muito importante em Estratigrafia).
Geologia estrutural (termo quase sinónimo de tectónica; é o estudo da
deformação das rochas, em escala centimétrica (microtectónica), regional
(geologia estrutural) e mundial (tectónica global).
Geoquímica estudo do comportamento químico dos elementos, tanto nas
rochas como nas águas e na atmosfera).
Hidrogeologia (trata da circulação das águas no subsolo, da procura de
aquíferos, captações, etc.).
Geologia Aplicada (designação abrangente, incluindo, entre outros aspectos,
a pesquisa de minérios, petróleo, carvão, etc.).

Geologia de Engenharia (estudos relacionados, no geral, com a Engenharia


Civil, em conexão com a Mecânica dos Solos e a Mecânica das Rochas,
nomeadamente).
Geologia Ambiental (estudo das componentes geológicas dos estudos
ambientais nos seus diversos aspectos - preservação de património geológico,
impacte de explorações (rochas, minérios, combustíveis fósseis, etc.) e
recuperação, riscos geológicos, etc.).
Geomorfologia (estudo do relevo, sua evolução e processos correlativos).
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Capitulo nº 2- DERIVA DOS CONTINENTES

É uma teoria criada por Alfred Wegener em 1912, segunda a qual até ao início
do Jurássico, cerca de 180 M.a., as placas encontravam reunidas num único
continente denominado PANGEA, rodeado por um oceano irregular, chamado
PANTALASSA.

OTéthis formava na época uma grande Baía que separava parcialmente a


África do Eurásia.
A existência da PANGEA terminou no final do Jurássico, quando mais ou
menos ao Norte do Equador, houve rompimento do continente, dividindo-se
inicialmente em dois, formando a LAURÁSIA e o GONDWANA. Da
LAURÁSIA faziam parte a América do Norte e a Eurásia. O continente de
Gondwana era constituído pelo agrupamento da América do Sul, África,
Antártida, Austrália e Índia.

Figura:2.1 deriva dos continentes


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EVIDÊNCIAS DA DERIVA CONTINENTAL

Configuração geográfica
Há uma curiosa coincidência na configuração geográfica, principalmente entre
América e África que demonstra que os continentes se separavam.
Evidências geológicas
Nos continentes do Hemisfério Sul que formavam o continente de Gondwana,
são notáveis os depósitos de tilitos, provenientes da Glaciação Permo-
carbónica que atingiu a América do Sul, África, Austrália, Índia,
Madagáscar e Antártida, simultaneamente.

Evidências Paleontológicas

Têm a ver com as semelhanças encontradas nos fósseis que ocorrem nas
rochas dos continentes que formavam o continente GONDWANA, quando
então os continentes se separavam. Como exemplo, temos:
Flora: Género Glossopteris e Gangamopteris
·Fauna: Répteis Mesosaurus, Lystrosaurus e Cynognathus.

O mesosaurus era um réptil semelhante ao crocodilo. Fósseis deste réptil


foram nencontrados na América do Sul, Índia e em África.
Os outros fósseis como o Lystrosaurus que foi encontrado na Antártida e em
África, e o Cynognathus encontrado no Brasil e em África.
O Glossopteris é um fóssil vegetal, semelhante aos fetos. Fósseis desta planta
foram encontrados na Antártida, África, Austrália, América do Sul e Índia

Evidências Paleoclimáticas

A ocorrência de grandes depósitos de carvões na Antártida mostra que esta


região já foi coberta por abundantes plantas antes de ser coberta pelos gelos.
Noutras regiões continentais, depósitos de sal, depósitos de areias dunares e
recifes de corais permitem a reconstituição do antigo clima.
Nas largas regiões do Hemisfério sul são encontrados depósitos glaciares que
mostram que elas estavam cobertas de gelo (no Paleozóico).
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No Hemisfério Norte surgem fósseis de plantas de um clima tropical.
Estas evidências só se explicam se admitirmos que os continentes são móveis
porque as regiões climáticas são condicionadas pela latitude.

MECANISMO DA DERIVA CONTINENTAL

Acredita-se que as placas poderiam ser transportadas por correntes de


convecção do manto.

Correntes de convecção são correntes circulares de massas sólidas que


surgem porque as massas quentes do fundo do manto sobem para a litosfera,
ao mesmo tempo que as massas mais frias da parte superior descem.

Figura:2.2 Correntes de convecção

EXPANSÃO DOS FUNDOS OCEÂNICOS

Teoria proposta inicialmente por Hess, sugere que na porção central das
bacias oceânicas, verificou-se que ocorrem grandes cordilheiras centradas no
fundo e alinhadas segundo as costas dos continentes. Estas cordilheiras
encontram-se com profundas fracturas em seu sentido longitudinal, permitindo
que o material vulcânico básico, proveniente da Astenosfera, suba,
preenchendo-as. Este processo efusivo repete-se periodicamente à medida
que os continentes se afastam, fazendo com que os assoalhos dos oceanos
sofram contínua expansão por acréscimo do novo material.

Desde os últimos 200 M.a. (quando se iniciou a separação entre América e


África), este processo realiza-se periodicamente, de modo que as rochas
basálticas do fundo dos oceanos têm idades crescentes, a partir do centro das
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cordilheiras mesoceânicas, em direcção aos continentes, como revelam os
dados radiométricos.
Outra evidência da expansão do fundo dos oceanos foi a constatação de que a
distribuição magnética das rochas muda bruscamente segundo faixas
correspondentes aos derrames individuais.
A velocidade de distanciamento dos continentes está estimada em 2ccm/ano
(já foi de 6 cm/ano, há alguns M.a. atrás).
.

Figura:2.3 Ilustra a velocidade de separação entre as placas

A expansão do assoalho oceânico leva consigo os continentes que pertencem


a cada placa móvel, produzindo a deriva. Como consequência disto enquanto
duas placas se afastam por acréscimo do assoalho, na outra margem de uma
delas poderá processarse a colisão por aproximação com a placa adjacente.
Quando duas placas colidem, uma delas poderá mergulhar por baixo da outra
até penetrar na Astenosfera, onde será consumida. Este fenómeno chama-se
subdução

TECTÓNICA DE PLACAS

A Teoria das Placas Tectónicas é um modelo da Terra no qual a frágil e


quebradiça litosfera flutua na quente e plástica astenosfera.
A tectónica de placas é o estudo do movimento das placas litosféricas e as
consequências desses movimentos.
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A litosfera está dividida em sete grandes placas e outras mais pequenas,
segundo o estudo das dorsais oceânicas e da distribuição sísmica e vulcânica:
Norte-Americana – compreende a América do Norte e a metade ocidental do
oceano Atlântico Norte, até à sua dorsal.
· Sul-Americana – compreende a América do Sul e a metade ocidental do
oceano Atlântico Sul, até à sua dorsal.
· Pacífica – é a única que é exclusivamente oceânica, compreendendo quase
todo o oceano Pacífico, entre a dorsal existente e o Pacífico oriental.
· Eurasiática – encontra-se com a placa norte-americana no meio do Atlântico.
O seu rebordo sul corresponde a uma falha que atravessa o Mediterrâneo e se
prolonga para leste através da Turquia e dos Himalaias.
· Africana - compreende o continente africano e uma grande extensão do
fundo oceânico, limitado pela dorsal meso-atlântica.
· Indo-Australiana - compreende a Arábia, a Índia, a metade oriental do
oceano
Índico e a Austrália.
Antárctica – ocupa o Pólo Sul com o continente Antárctico.
A este conjunto juntam-se seis placas mais pequenas e menos conhecidas: as
de Nazca, de Cocos, das Caraíbas, das Filipinas, e as placas Egeia e Arábica.
O limite entre as placas é uma falha que separa uma placa da outra.
As placas movem-se na superfície terrestre, cada uma com direcção diferente
da sua placa adjacente. Deslizam lentamente sobre a astenosfera a
velocidades que não ultrapassam 1 a 18 cm por ano.
Como as placas se deslocam em diferentes direcções, embatem e alteram os
seus limites.
Tectónica é o estudo da deformação, em larga escala, das estruturas da
camada exterior da Terra.
Quando duas placas se encontram, devido às forças geradas nos seus limites,
ocorre a formação de montanhas, erupções vulcânicas e sismos.
Em contraste com o que acontece nos limites, as porções interiores das placas
litosféricas são zonas tectonicamente estáveis – cratões –, porque se
encontram longe das zonas onde elas interagem.
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As placas podem deslocar-se relativamente às adjacentes de três maneiras
possíveis
(20), sendo por isso designadas entre si por:
 Placas divergentes – as placas deslocam-se afastando-se uma da outra.
 Placas convergentes – as placas ç1eslocam-se na direcção uma da
outra e colidem.
 Placas transformantes – as placas deslocam-se horizontalmente uma
em relação à outra.

PLACAS DIVERGENTES

O limite divergente das placas é também chamado centro de expansão ou rifte.


Aí as duas placas deslocam-se separando-se horizontalmente.
O magma ascende através da fractura que constitui o rifte e, arrefecendo,
forma nova crosta continental. Os riftes ocorrem na crosta oceânica e na crosta
continental.
Placas divergentes na crosta oceânica – Rifte médio-oceânico
O rifte médio--oceânico situa-se nos limites divergentes das placas que se
afastam
O magma basáltico ascende e forma crosta oceânica -limites construtiva.
No rifte a nova litosfera apresenta temperatura elevada, acumulando-se nos
dois lados do rifte. Ocasionalmente, a crista montanhosa que se forma atinge a
superfície do mar, originando ilhas.
Placas divergentes na crosta continental - Rifte continental
Um continente também pode ser separado pela formação de placas
divergentes.

As depressões alongadas, denominadas rift valleys formam-se ao longo dos


riftes continentais, porque a crosta continental, à medida que as placas se
afastam, é fracturada e torna--se cada vez mais fina.
Tal como acontece nos riftes oceânicos, o magma ascende e forma-se nova
crosta - limites construtivos.
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Figura:2.4 Imagem de placas divergentes

PLACAS CONVERGENTES

A convergência de placas ocorre quando duas placas se deslocam na direcção


uma da outra, acabando por colidir.
As colisões podem ocorrer entre:
 uma placa oceânica e uma placa continental;
 duas placas oceânicas;
 duas placas continentais;
 uma placa mista e uma placa continental.

Convergência entre uma placa oceânica e uma placa continental


A crosta oceânica é mais densa que a crosta continental. A diferença de
densidade determina os fenómenos que ocorrem na colisão.
Quando uma placa continental colide com uma placa oceânica, a placa
oceânica, que é mais densa, mergulha no manto por baixo da placa
continental. Este processo denomina-se subdução. A zona de subdução é
longa e a velocidade com que mergulha é idêntica à velocidade de formação da
nova crosta a partir do rifte. Por este processo é mantido o equilíbrio entre a
formação da nova crosta e a destruição da litosfera mais antiga – limite
destrutivo.
Encontram-se placas em subdução na América do Sul e na costa norte-
americana.
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As actividades sísmicas e vulcânicas, assim como a formação de montanhas,
caracterizam estas regiões.
Convergência de duas placas oceânicas
A subdução também ocorre quando duas placas oceânicas colidem. Quando
tal acontece, a mais antiga, que é mais densa, mergulha no manto por baixo de
placa lais nova. Pode formar-se magma como na colisão de uma placa
oceânica com uma continental. Este magma pode originar vulcões submarinos
que, quando atingem a superfície, podem dar origem arcos-ilhas ao longo da
zona de subdução. As ilhas Aleútes e muitas ilhas do Pacífico são arcos-ilhas.
Convergência de duas placas continentais
Quando duas placas continentais colidem, pode não ocorrer subdução, pois a
crosta continental é demasiado leve para mergulhar no manto. Nestas
condições, da colisão resultam enrugamentos que podem originar cadeias
montanhosas na zona de colisão.
Os Himalaias, os Alpes e os Apalaches formaram-se em consequência de
colisões continentais.
Convergência de uma placa mista com uma placa continental

Quando uma placa mista, parte oceânica e parte continental, colide com uma
placa continental, a parte oceânica submerge sob a placa continental, até que
ocorra a subdução total da parte oceânica da placa. Em consequência as
porções continentais colidem, o que pressupõe o fim da subdução.

Não podendo nenhum dos blocos submergir debaixo do outro, o choque origina
a interpenetração das duas massas continentais – obdução.
Os bordos oceânicos com subdução e obdução são os de maior actividade
sísmica.
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Figura:2.5 Imagem de placas convergentes

PLACAS TRANSFORMANTES

Se duas placas deslizam horizontalmente uma em relação à outra (20C),


denominamse placas transformantes. A falha de Saint Andrea é uma falha
transformante das duas maiores placas litosféricas, a norte-americana e a
pacífica.

Figura:2.6 Imagem de placas transformantes

O Docente

Lourenço Zinga- Geofísico

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