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03 ABRÃO A JOSÉ:

O nascimento de Abraão

Abraão é uma figura extraordinária e é o ponto inicial do


plano de Deus para trazer ao mundo Jesus Cristo. Jesus,
como se sabe, era judeu, e como tal, era descendente de
Abraão, o patriarca da nação de Israel. Jesus bem poderia
ter nascido na Caldéia ou em qualquer outra nação já
estabelecida no mundo antigo, mas aprouve a Deus criar
um povo, para que deste povo nascesse o redentor da
humanidade.

É preciso considerar que após o dilúvio, a humanidade


retomou o mesmo destino que a havia levado à destruição.
Os homens prosseguiram pelo mesmo mau caminho de
antes praticando toda a sorte de atos ofensivos a Deus e ao
seu semelhante. O plano de Deus é separar um homem
justo e a partir deste homem criar uma nação da qual
nascerá Jesus.

Quando falamos que a humanidade em geral era má


naquele tempo, pode parecer que estamos nos referindo a
criaturas muito diferentes do homem de hoje, de nós
mesmos, mas não, trata-se da mesma matéria prima. É
este o destino do homem natural, daí o plano de Deus de
trazer Jesus ao mundo para mudar o coração do homem,
não simplesmente para que ele se torne bom, mas para
viver conforme a vontade do Criador.

Abraão, bem como seus descendentes, os judeus, são


semitas, descendentes de Sem, filho de Noé. Para nos dar a
data exata do nascimento de Abraão, a Bíblia nos relata um
a um seus ancestrais conforme vemos a seguir:

2238 AC – (Ano Mundial 1658) – nascimento de Arfaxade


Em Gn11:10 lemos que “ Sem era da idade de cem anos e
gerou a Arfaxade, dois anos depois do dilúvio”, portanto,
nos situamos no Ano Mundial 1658, resultado de (1656 +
2). Arfaxade é o primeiro homem nascido depois do
dilúvio.

2203 AC – (Ano Mundial 1693) – nascimento de Selá


Em Gn11:12 temos que “viveu Arfaxade trinta e cinco anos,
e gerou a Selá”, portanto no Ano Mundial 1693, resultado
de (1658 + 35).

2173 AC – (Ano Mundial 1723) – nascimento de Eber


“E viveu Selá trinta anos, e gerou a Éber”, conforme
Gn11:14, o que nos situa no Ano Mundial 1723, resultado
de (1693 + 30).

2139 AC – (Ano Mundial 1757) – nascimento de Pelegue


“E viveu Éber trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue”,
conforme Gn11:16, no Ano Mundial 1757, resultado de
(1723 + 34).
2109 AC – (Ano Mundial 1787) – nascimento de Reú
“E viveu Pelegue trinta anos, e gerou a Reú.”, conforme
Gn11:18, no Ano Mundial 1787, resultado de (1757 + 30).

2077 AC – (Ano Mundial 1819) – nascimento de Serugue


“E viveu Reú trinta e dois anos, e gerou a Serugue”,
conforme Gn11:20, no Ano Mundial 1819, resultado de
(1787 + 32).

2047 AC – (Ano Mundial 1849) – nascimento de Naor, avô


de Abrão
“E viveu Serugue trinta anos, e gerou a Naor”, avô de
Abraão, conforme Gn11:22, no Ano Mundial 1849,
resultado de (1819 + 30).

2018 AC – (Ano Mundial 1878) – nascimento de Tera, pai


de Abrão
“E viveu Naor vinte e nove anos, e gerou a Tera”, pai de
Abraão, conforme Gn11:24, no Ano Mundial 1878,
resultado de (1849 + 29).

1980 AC – (Ano Mundial 1916) – nascimento de Naor e


Harã
Gênesis não faz qualquer menção cronológica aos irmãos
de Abraão, mas o Livro de Jasher relata de forma precisa
não só as datas de nascimento, mas também as mortes de
ambos em duas passagens distintas.
Vejamos Jasher24:27: “E Naor, filho de Tera, irmão de
Abrão, morreu naqueles dias, no quadragésimo ano da vida
de Isaque, e todos os dias de Naor foram cento e setenta e
dois anos, e morreu, e foi enterrado em Harã”.
Quanto a Harã, Jasher12:16 no diz o seguinte: “E Tera
ficou grandemente aterrorizado na presença do rei e disse
ao rei: foi Harã, meu filho mais velho, que me aconselhou a
isto; e Harã tinha, nos dias do nascimento de Abrão, trinta
e dois anos”. Subtraindo-se 32 anos do ano de nascimento
de Abraão, temos o Ano Mundial 1.916.

Isaque, como veremos adiante, nasceu em 2.048 A.M.


Teria 40 anos em 2.088 A.M. (2048 + 40). Subtraindo-se
172, idade de Naor quando faleceu, de 2.088, data em que
Isaque teria 40 anos, temos que Naor nasceu em 1.916
A.M.

Conclui-se, desta forma, que ambos nasceram no mesmo


ano, sendo gêmeos.
Para conclusão do cálculo das datas de Naor, Harã e Ló
deve-se consultar o cálculo da data de nascimento de
Isaque mais adiante.

1949 AC – (Ano Mundial 1947) – nascimento de Ló


Quanto a Ló, Jasher24:22 diz o seguinte: “E Ló, filho de
Harã, também morreu naqueles dias, no trigésimo nono
ano da vida de Isaque, e todos os dias que Ló viveu foram
cento e quarenta anos e morreu”.
Temos, portanto, que Ló nasceu um ano antes de Abraão,
no Ano Mundial 1.947, resultado de (2048 + 39) – 140.

Para fins ilustrativos, colocamos na cronologia as datas


referentes aNaor, Harã e Ló, deixando claro que as mesmas
não impactam nem estão em desacordo com as datas
estabelecidas em Gênesis.
1948 AC – (Ano Mundial 1948) – nascimento de
AbrãoConforme Gn11:26: “E viveu Tera setenta
anos, e gerou a Abrão, a Naor, e a Harã”, , no Ano
Mundial 1948, resultado de (1978 + 70). Abrão é a
10ª geração depois de Noé, nascido 292 anos
depois do dilúvio e 48 antes dos acontecimentos
da Torre de Babel.

Curiosamente tanto a data gregoriana de seu nascimento,


quanto o Ano Mundial coincidem em 1948. É o único caso
que conseguimos observar em toda cronologia.

Isto implica que temos de Adão até Abraão 1948 anos; De


Abrão até o Ano Domini, ano 1 da nossa era, outros 1948
anos; Do ano 1 até o reestabelecimento do Estado de Israel
moderno, outros 1948.

Embora Gênesis relate na mesma data o nascimento dos


três irmãos, sabemos que o redator se refere à Abrão, pois
é ele, neste ponto da narrativa, o personagem principal de
Gênesis. Aliás, todo o relato das gerações posteriores ao
dilúvio objetiva unicamente datar o nascimento de Abraão.

1938 AC – (Ano Mundial 1958) – nascimento de Sarai


Sarai era 10 anos mais jovem que Abrão, conforme lemos
em Gn 17:17: “Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-
se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de
nascer um filho? E dará à luz Sara da idade de noventa
anos?”, portanto, nascida no Ano Mundial 1958.

A promessa de Deus a Abraão.


1878 AC – (Anno Mundi 2018) – promessa de Deus
a Abrão
Abrão nasceu na caldéia, provavelmente na cidade de Ur.
Tinha, conforme vimos, dois irmãos, Harã e Naor. Harã
veio a falecer aos oitenta e dois anos de idade e
provavelmente por este motivo, Tera, seu pai, tomou sua
família decidido a mudar-se para Canaã, conforme
Gn11:31-32: “E tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló, filho
de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de
seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à
terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali. E foram
os dias de Tera duzentos e cinco anos, e morreu Tera em
Harã”.
Naor, irmão de Abrão, permaneceu em seu país, onde
provavelmente nesta época já vivia em Padã-Arã, cidade
onde no futuro Jacó se casará e viverá por vinte anos. Naor
será avô de Rebeca, que virá a ser esposa de Isaque, filho
de Abrão. Foram na viagem com Tera seu filho Abrão
juntamente com sua esposa Sarai e seu sobrinho, Ló, filho
de Harã, o irmão falecido.
Por alguma razão Tera não seguiu para Canaã, conforme
planejado, vindo a se estabelecer no meio do caminho, na
cidade de Harã, onde permaneceu sessenta anos até sua
morte no Anno Mundi 2083. A leitura de Gn 12:1, logo a
seguir o final do capítulo 11 (31-32) dá-nos a impressão que
Abrão deixou Harã em conseqüência da morte de seu pai.
Vejamos o texto: “E tomou Tera a Abrão seu filho, e a Ló,
filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher
de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para
ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali. E
foram os dias de Tera duzentos e cinco anos, e morreu Tera
em Harã. Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra,
da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te
mostrarei”.
Estevão, o primeiro mártir cristão, teve também este
entendimento. Em At 7:2-4 lemos: “E ele disse: Homens,
irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai
Abraão, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em
Harã, E disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela,
e dirige-te à terra que eu te mostrar. Então saiu da terra
dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai
faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais
agora”.
No entanto, Tera viveu em Harã por mais 60 anos após a
partida de Abraão para Canaã, conforme confirmam suas
datas de nascimento e morte. Mas, atentando-se bem a Gn
12:1, percebe-se claramente que Tera estava vivo quando
Deus chama por Abraão, pois lhe ordena que saia da casa
de seu pai, o que não faria sentido se Tera houvesse
falecido.
Gênesis 12:4 nos informa que Abrão tinha 75 anos de idade
quando deixou Harã e seguiu para Canaã.
Tomando-se o nascimento de Abrão somado à sua idade na
ocasião, (1948 + 75), concluímos que o chamamento de
Abrão para seguir para Canaã deu-se no Anno Mundi
2023. O Livro de Gênesis nos dá esta data com absoluta
precisão. Abrão deixou seu pai vivo em Harã e seguiu para
Canaã juntamente com seu sobrinho Ló e respectivas
famílias.
Neste mesmo ano Abrão chega a Siquem, local onde no
futuro será construída uma cidade com este mesmo nome
pelo rei Jeroboão, primeiro rei de Israel no tempo do reino
dividido. Sabemos, portanto, que Abrão partiu para Canaã
no Anno Mundi 2023. No entanto, não podemos concluir
que seja esta a data da promessa de Deus a Abraão.

Abraão e os anjos - Rembrandt


A data da promessa de Deus a Abrão é muito importante
ser determinada com acuidade, pois dela depende a data
do Êxodo de Israel, que veio a ocorrer depois de
quatrocentos e trinta anos. Desta forma, para definirmos
com precisão a data da promessa de Deus a Abrão,
devemos analisar todo o contexto desde os primórdios de
Abrão até o Êxodo.
Atribui-se comumente quatrocentos anos como sendo o
tempo da escravidão dos hebreus no Egito, um erro
comum, visto que os textos bíblicos se referem a este
tempo com certa insistência, associando estes anos à
escravidão e maltrato do povo de Israel, conforme veremos
a seguir. Diga-se de passagem, que ao ser questionado
sobre quanto tempo os hebreus foram escravos no Egito, a
maioria dos cristãos responde sem pestanejar que foram
quatrocentos anos.
No entanto, os quatrocentos anos se referem ao tempo
total transcorrido entre o nascimento de Isaque e o Êxodo,
assim como os quatrocentos e trinta anos englobam a este
período os trinta anos entre a chamada de Abraão e o
nascimento de Isaque.
Desta forma, conforme veremos adiante, os quatrocentos e
trinta anos se dividem da seguinte forma: duzentos e vinte
anos desde a chamada de Abraão até a entrada de Jacó no
Egito, mais, duzentos e dez anos desde a entrada no Egito
até o Êxodo. A escravidão propriamente dita teria durado
entre oitenta e seis e cento e dez anos, conforme veremos
ao tratarmos do Êxodo. Vejamos alguns textos que se
referem a este tempo:
“Disse (Deus) a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será
a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à
escravidão, e será afligida por quatrocentos anos”. (Gn
15:13)
“E falou Deus assim: Que a sua descendência seria
peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão, e a
maltratariam por quatrocentos anos” (At 7:6)
Os dois textos são ambíguos quando lidos desatentamente,
possibilitando que o leitor conclua que Israel esteve
escravizado no Egito por quatrocentos anos, no entanto,
nenhum deles afirma isto. `Ao contrário, os textos dizem
duas coisas distintas, tanto um como o outro, que a
descendência de Abrão seria peregrina em Canaã, terra de
outros povos e que seria sujeita a maus tratos e a
escravidão por quatrocentos anos, entre o tempo de
peregrinação por Canaã e o fim da escravidão no Egito.
Já no contexto do Êxodo de Israel, Ex 12:40-41 nos diz o
seguinte: “O tempo que os filhos de Israel habitaram no
Egito foi de quatrocentos e trinta anos. E aconteceu que,
passados os quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo
dia, todos os exércitos do Senhor saíram da terra do Egito”.
Temos, portanto, dois tempos distintos, quatrocentos, e
quatrocentos e trinta anos. De que trata esta diferença de
trinta anos? Trata-se da diferença do tempo compreendido
entre a data da promessa de Deus a Abrão o nascimento de
Isaque, herdeiro da promessa feita por Deus a Abrão.
Gn 15: 18 nos afirma que Isaque é herdeiro da promessa
feita por Deus a Abrão. Vejamos o texto: “Naquele mesmo
dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo: À tua
descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito
até ao grande rio Eufrates”.
Vejamos ainda Gn 17:19: “E disse Deus: Na verdade, Sara,
tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome
Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança, por aliança
perpétua para a sua descendência depois dele”.
Vejamos ainda Gn 21:12: “Porém Deus disse a Abraão: Não
te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua
serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em
Isaque será chamada a tua descendência”.
Isaque é o descendente de Abrão, herdeiro da promessa de
Deus. É a descendência de Isaque que será primeiramente
peregrina em terra alheia, e depois, sujeita à escravidão no
Egito. Desta forma, entre o nascimento de Isaque até o
Êxodo de Israel se contarão quatrocentos anos, da mesma
maneira que da promessa de Deus a Abrão até o Êxodo, se
contarão quatrocentos e trinta anos. Como sabemos,
Isaque nasceu quando Abraão tinha cem anos de idade,
conforme Gn 21:5: “E era Abraão da idade de cem anos,
quando lhe nasceu Isaque seu filho”.
Passaram-se, portanto, vinte e cinco anos entre o tempo
que Abrão chegou a Canaã, com 75 anos de idade, e o
tempo do nascimento de Isaque, quando Abraão tinha cem
anos de idade. Desta forma, concluímos que a promessa foi
feita a Abrão no Anno Mundi 2018, cinco anos antes dele
chegar a Canaã. Entre Ex 12:1-3, que trata da promessa
feita a Abrão, e o verso 4, que anuncia a partida de Abrão
para Canaã, passaram-se cinco anos. Mais detalhes sobre o
tempo de escravidão no Egito serão vistos no contexto do
Êxodo.

O nascimento de Ismael.

Os eventos ocorridos entre 2023 A.M, época da partida de


Abrão para o Egito, e 2034 A.M., ano de nascimento de seu
filho Ismael, não podem ser datados com precisão, pois
não há relato de suas datas no Gênesis. Faremos, portanto,
apenas o registro dos acontecimentos deste intervalo de
tempo de 11 anos.
De Siquém Abrão segue para Betel onde edifica um altar ao
Senhor e depois disto vai para Neguebe. Havia escassez de
comida na região naquela época, o que obriga Abrão a se
dirigir ao Egito em busca de alimentos para sua família.
Sarai era uma mulher extremamente bonita, e por esta
razão, o rei do Egito vem a desejá-la e de fato chega a
tomá-la de Abrão pelo fato deste haver mentido sobre a sua
condição de sua esposa, dizendo que se tratava de sua
irmã.
Sarai, no conceito de família praticado na época, seria de
fato irmã de Abrão, conforme ele mesmo se explica em Gn
20:12: “E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de
meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha
mulher”.Sarai era filha de Harã, o irmão falecido de Abrão.
Era, portanto, irmã de Ló, e assim, de fato, sobrinha de
Abrão. Como era solteira no tempo em que seu pai faleceu,
Terá, pai de Abraão a tomou como filha até que se casasse,
sendo, por esta razão, considerada irmã de Abrão.
Mas Deus não permitiu que o rei a tocasse e puniu-o
severamente, de maneira que Faraó a devolveu a Abrão,
queixando-se a este, que por causa da mentira sobre Sarai,
fora causado este mal entendido a todos.
Faraó despede Abrão dando a ele e a Sarai muitos
presentes. Segundo o relato livro apócrifo de Jasher, entre
os presentes recebidos estava Agar, filha de Faraó com
uma de suas concubinas, que foi dada por serva a Sarai.
Como se sabe, Agar será mãe de Ismael, primeiro filho de
Abrão.
Abrão retorna ao sul de Canaã, a Neguebe, local situado
entre Gaza e o Mar Morto. Ali, por conta de uma contenda
entre seus pastores, os de Ló e alguns cananeus, ambos
resolvem estabelecer-se em regiões diferentes: Ló escolhe
as campinas férteis do Rio Jordão, perto de Sodoma e
Abrão segue para o local onde será um dia construída a
cidade de Hebrom.
A escolha egoísta de Ló não foi favorecida pelos
acontecimentos, pois um pacto entre quatro reis da caldéia,
a saber, Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar,
Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim, colocam a
região de Sodoma em perigo eminente, pois os reinos ali
estabelecidos foram por 12 anos tributários de
Quedorlaomer, rei de Elão, e nesta ocasião haviam se
rebelado e não pagavam mais os tributos devidos.
Segundo a tradição judaica, Quedorlaomer, rei de Elão,
havia recentemente derrotado Ninrode, personagem
mencionado no Gênesis (Gn 10:8-9) como sendo um
homem poderoso na terra naqueles tempos.
Estes quatro reis fazem, portanto, guerra aos cinco reis da
região de Sodoma e os vencem, terminando por saquear
suas cidades e levar consigo muito reféns como escravos,
entre os quais, Ló, sobrinho de Abrão.
Abrão, quando informado que seu sobrinho havia sido
levado, arma seus homens e parte atrás dos invasores,
vindo a libertar os cativos e tomando de volta todos os bens
pilhados. No caminho de volta a Canaã, Abrão tem um
encontro com Melquisedeque, rei de Salém, que era
sacerdote de Deus, a quem Abrão pagou o dízimo de tudo
que havia recuperado.

Abraão e Melquisedeque - Pierre-Paul Rubens


O Capítulo 7 do Livro de Hebreus (Hb 7:1) assim registra
este encontro: “Porque este Melquisedeque, que era rei de
Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro
de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o
abençoou; A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e
primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois
também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe,
sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de
vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus,
permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão
grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os
dízimos dos despojos”.
Tão grande era Melquisedeque, que no livro de Hebreus,
Jesus é chamado de sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque e não segundo a ordem do levita de Arão.
Antes do nascimento de Ismael, conforme Gn 15:13-16,
Deus diz a Abrão que seu povo será escravo por 400 anos e
que a quarta geração voltará a Terra Prometida. Estejamos
atentos a isto.
1862 AC – (Anno Mundi 2034) – nascimento de
Ismael
Conforme Gn 16:16, Abrão tinha 86 anos de idade na época
do nascimento de Ismael, portanto, no Anno Mundi de
2034 (1948 + 86).
De Ismael descendem os povos árabes, meio-irmãos,
portanto, dos judeus. Por Gn 21:21 sabemos que Ismael
virá habitar na região do deserto de Parã; e que sua mãe
tomar-lhe-á mulher da sua terra, o Egito, como esposa.
1849 AC – (Anno Mundi 2047) – Deus muda os
nomes de Abrão e Sarai
Treze anos depois do nascimento de Ismael, conforme Gn
17:1 e Gn 17:5, quando Abrão tinha 99 anos de idade, Deus
muda o nome de Abrão para Abraão, cujo significado é “pai
de muitas nações”. Estamos no Anno Mundi 2047,
resultado de (1948 + 99). Muda também o nome de Sarai
para Sara, cujo significado é “mãe de nações”.
1849 AC – (Anno Mundi 2047) – circuncisão da
casa de Abraão
No mesmo ano Abraão, Ismael e todos os homens de sua
casa tiveram a carne do prepúcio circuncidada, conforme
Gn 17:24-27 iniciando assim o costume de circuncidar
entre os descendentes de Abraão todos os homens nascidos
em sua casa.

Sodoma e Gomorra.
1848 AC – (Anno Mundi 2048) – destruição de
Sodoma e Gomorra
Foi por volta desta época, entre a circuncisão de Abraão e o
nascimento de Isaque, que Deus destruiu as cidades de
Sodoma e Gomorra.
Ló, sobrinho de Abraão habitava em Sodoma e por
concessão de Deus, ele e sua família foram evacuados da
cidade indo buscar refúgio em Zoar, isto por volta do Anno
Mundi de 2048.

Ló passou a habitar nas regiões altas de Zoar. Sua esposa,


como se sabe, transformou-se numa estátua de sal ao
desobedecer as ordens de Deus quando voltou-se para ver
o que sucedia nas cidades.
Ló vivia com suas filhas que não haviam produzido
descendentes de seus maridos. Consideraram estas, que
em sua família não havia homens que sucedessem a seu
pai, e resolvem embriagar Ló para gerarem elas próprias
filhos de seu pai: “E a primogênita deu à luz um filho, e
chamou-lhe Moabe; este é o pai dos moabitas até ao dia de
hoje. E a menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe
Ben-Ami; este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje.
(Gn 19:37-38)
De Ló, portanto, procederam estas duas nações, a saber, os
amonitas e os moabitas, cuja relação com Israel virá a ser
bastante tempestuosa a ponto de Moisés escrever uma lei
no Deuteronômio proibindo que amonitas e moabitas
pudessem entrar na congregação do Senhor (Dt 23:3) ao
mesmo tempo em que sabemos que o grande rei Davi é
neto de Rute, uma moabita.
No Livro de Jasher há um comentário interessante a
respeito da atitude das filhas de Ló: diz Jasher que ao
saírem de Sodoma vieram a se refugiar em uma caverna.
Nos dias que se seguiram, vendo que as cidades haviam
sido destruídas, imaginaram que todo o mundo o fora
também, e que, portanto, haviam restado somente eles e
desta forma, a continuidade de sua espécie dependeria da
procriação com o próprio pai.

O nascimento de Isaque e a
expulsão de Ismael.

Abraão e Isaque - Jan Lievens


1848 AC – (Anno Mundi 2048) – nascimento de
Isaque
Através de Gn 21:5 nos localizamos com absoluta certeza
no Anno Mundi 2048, pois ali é registrado o nascimento de
Isaque. “Era Abraão da idade de cem anos, quando lhe
nasceu Isaque seu filho”, resultado de (1948 + 100). Isaque
veio a nascer 14 anos depois de Ismael e Abraão habitava
em Canaã já havia 25 anos.
1847 AC – (Anno Mundi 2049) – morte de Serugue
Gênesis relata a morte de Serugue, bisavô de Abraão, no
Anno Mundi 2049, aos duzentos e trinta anos de idade,
duzentos anos depois de haver gerado Naor, pai de Abraão
(1849 + 200).
1843 AC – (Anno Mundi 2053) – expulsão de Agar
e Ismael
Conforme Gn 21:8, quando Isaque foi desmamado, cerca
de cinco anos depois de seu nascimento, por conta de
conflitos entre suas duas mulheres, mães de seus dois
filhos, Sara pede a Abraão que expulse Agar e Ismael de
seu convívio.
Este pedido pareceu mal a Abraão, mas Deus o orientou a
fazer conforme Sara lhe pedira, pois a aliança feita entre
Deus e Abraão teria continuidade com Isaque, e não com
Ismael, de maneira que “se levantou Abraão pela manhã de
madrugada, e tomou pão e um odre de água e os deu a
Agar, pondo-os sobre o seu ombro; também lhe deu o
menino e despediu-a; e ela partiu, andando errante no
deserto de Berseba”. (Gn 21:14).
Há, no capítulo 21 de Jasher, alguns relatos interessantes
sobre Ismael. Segundo Jasher, Ismael tornou-se arqueiro e
habitou no deserto, tendo sido abençoado por Deus com
muito gado, por consideração a Abraão, seu pai.
Jasher explica, por exemplo, que o pedido de Sara a Abraão
para que expulsasse Agar e seu filho deveu-se a ela ter
presenciado uma cena, quando Ismael tinha dezenove anos
e Isaque cinco, em que Ismael chegou a entesar o arco e
colocar nele uma fecha para atingir Isaque. Desta forma
Sara não teve alternativa senão a de fazer o que fez.
Jasher relata outro fato interessante, que no tempo
apropriado, Agar, mãe de Ismael, tomou-lhe uma esposa
egípcia que lhe deu quatro filhos e duas filhas. Passado
muito tempo, certo dia Abraão resolveu visitar Ismael no
deserto encontrando por fim sua tenda. Não estavam nem
Ismael nem Agar, mas somente a esposa egípcia de Ismael
e seus filhos.
Como Abraão houvesse prometido a Sara que não desceria
de seu camelo, pediu à nora, sem dizer quem era, um
pouco de água, ao que ela respondeu que não havia nem
água nem pão para lhe oferecer. Abraão permaneceu por
um pouco tempo à espera de seu filho, e assim, pode
perceber que a mulher, já dentro da tenda, batia nos filhos
e amaldiçoava Ismael.
Abraão chamou então a mulher para fora e deu-lhe a
seguinte instrução: “quando chegar Ismael, diz-lhe que
esteve aqui à sua procura um homem muito velho com tal
aparência, que veio da terra dos filisteus, mas não disse
quem era. Diz também a ele que jogue fora o prego que ele
colocou dentro de sua tenda e arranje outro melhor”.
Quando Ismael retornou, a mulher lhe disse tal e qual
Abraão lhe instruíra, de tal forma que Ismael entendeu que
se tratava de seu pai, e que sua esposa o tratara com
desonra. Despediu então a mulher e tempos depois se
casou com outra.
Anos depois a estória se repete, desta vez com a nova
esposa. Esta, porém, com um procedimento muito
diferente da primeira, ofereceu a Abraão, sem saber que se
tratava de seu sogro, água e pão para que este se
reconfortasse da longa viagem, de maneira que na hora da
despedida, Abraão pede também a ela que transmita um
recado a Ismael: “Diz a Ismael que passou à sua procura
um homem muito velho, vindo da terra dos filisteus, que
não disse quem era. Dei-lhe pão e água para que se
reconfortasse da viagem e ele lhe deixou um recado: que o
novo prego que puseste na tenda é muito bom e que você
nunca o jogue fora”.
Tempos depois, ainda conforme Jasher, Ismael visitou seu
pai na terra dos filisteus, trazendo a nova esposa e os filhos
e permaneceu com Abraão por muitos anos.
1843 AC a 1822 AC – (2053 A.M. a 2074 A.M.)
Conforme Gn 11:23, Abraão peregrinou pela terra dos
filisteus por muitos anos, vindo depois disto a mudar-se
para Berseba, no sul de Israel, e depois para Hebrom.
1822 AC – (Anno Mundi 2074) – nascimento de
Rebeca
Esta informação não está na Bíblia, mas é bastante
consistente. Gênesis omite as datas de nascimento e morte
de Rebeca. De acordo com Jasher, Rebeca teria nascido no
Anno Mundi 2074.
Chega-se a esta data da seguinte maneira: de acordo com
Jasher 36:3-6, Rebeca teria falecido quando Jacó tinha
noventa e nove anos de idade, portanto, no Anno Mundi
2.207.
Ainda de acordo com Jasher, Rebeca teria cento e trinta e
três anos quando faleceu. Desta forma, subtraindo-se 133
de 2.207, temos o ano de seu nascimento em 2.074 A.M.
1813 AC – (Anno Mundi 2083) – morte de Tera, pai
de Abraão
No Anno Mundi 2083, morreu na cidade de Harã, Tera, pai
de Abraão, aos 205 anos de idade. Abraão tinha então 135
anos, e já se havia passado precisamente 60 anos depois de
haver Abraão e sua família terem deixado Tera vivo em
Harã para seguir viagem para a Palestina, conforme a
ordem de Deus.
Sabemos que Tera morreu no Anno Mundi 2083 (Gn
11:32) somando sua idade ao ano de seu nascimento (1878
+ 205), tendo vivido, portanto, até que Isaque tivesse
completado 35 anos de idade.

O sacrifício de Isaque.

1811 AC – (Anno Mundi 2085) – sacrifício de


Isaque
Não há, em Gênesis (Gn 22:2), nenhuma indicação sobre a
data em que Deus pede a Abraão a vida de Isaque em
sacrifício, mas foi próximo à morte de Sara.

O Sacrifício de Isaque - Rembrandt


Jasher 22:53 indica que teria sido no ano 37 da vida de
Isaque, poucos dias antes da morte de Sara. Faz também
um interessante comentário sobre o fato de que Isaque
tinha conhecimento de que ele próprio seria sacrificado
por Abraão.
1811 AC – (Anno Mundi 2085) – morte de Sara
Depois de Berseba, sabemos que Abraão se deslocou para
Hebrom, pois foi ali que morreu Sara, aos 127 anos de
idade, no Anno Mundi 2085 (1958 + 127). “E foi a vida de
Sara cento e vinte e sete anos; estes foram os anos da vida
de Sara. E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom,
na terra de Canaã; e veio Abraão lamentar Sara e chorar
por ela”. Gn 23:1-2
1809 AC – (Anno Mundi 2087) – Abraão manda
buscar esposa para Isaque
Depois da morte de Sara, Abraão, preocupado com a
possibilidade de Isaque vir a se casar com uma mulher de
Canaã, cujos costumes eram diferentes dos seus, manda
Eliézer, homem nascido em Damasco, seu empregado de
mais confiança, à terra de seu nascimento, Ur, na caldéia,
buscar uma mulher para seu filho.
Abraão já sabia que poderia buscar uma esposa para
Isaque junto à descendência de Naor, seu irmão.
Vejamos Gn 22:20-24: “E sucedeu depois destas coisas,
que anunciaram a Abraão, dizendo: Eis que também Milca
deu filhos a Naor teu irmão. Uz o seu primogênito, e Buz
seu irmão, e Quemuel, pai de Arã, E Quésede, e Hazo, e
Pildas, e Jidlafe, e Betuel. E Betuel gerou Rebeca. Estes
oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão. E a sua
concubina, cujo nome era Reumá, ela lhe deu também a
Tebá, Gaã, Taás e Maaca”.
Guiado pela mão de Deus, Eliezer vai ter justamente com
Rebeca, que era filha de Betuel, filho de Naor, o irmão de
Abraão que não acompanhara a família quando esta
decidiu sair da caldéia. Rebeca tinha um irmão de nome
Labão, que no futuro será o sogro de Jacó. É razoável se
datar por estimativa este acontecimento como tendo
acontecido um ano antes do casamento de Isaque com
Rebeca, no Anno Mundi 2087.
1809 AC – (Anno Mundi 2087) – morte de Ló
Gênesis não faz menção a esta data, mas Jasher 24:22
menciona o fato da seguinte maneira: “E Ló, filho de Harã,
também morreu naqueles dias, no trigésimo nono ano da
vida de Isaque, e todos os dias da vida de Ló foram 140
anos e morreu”.
Desta forma, Ló teria nascido em 1947 A.M., um ano antes
que Abraão, e falecido em 2087 A.M.
1808 AC – (Anno Mundi 2088) – morte de Naor
Gênesis igualmente não faz referência a este
acontecimento, mas Jasher 24:27 menciona o fato da
seguinte maneira: “E Naor, filho de Tera, irmão de Abraão,
morreu naqueles dias, no quadragésimo ano da vida de
Isaque, e todos os dias de Naor foram cento e setenta e dois
anos, e morreu e foi sepultado em Harã”.
Naor e seu irmão gêmeo, Harã, pai de Ló, teriam nascido
em 1916 A.M.

O CASAMENTO DE ISAQUE.

Rebeca e Isaque - Claude Lorrain


1808 AC – (Anno Mundi 2088) – casamento de
Isaque
Isaque casou-se com Rebeca quando tinha 40 anos de
idade, portanto, no Anno Mundi 2088, somados seu
nascimento à sua idade na ocasião (2048 + 40). “E era
Isaque da idade de quarenta anos, quando tomou por
mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã,
irmã de Labão, arameu”. Gn 25:20
1806 AC – (Anno Mundi 2090) – Abraão casa com
Quetura
Cerca de cinco anos depois da morte de Sara, Abraão toma
Quetura por mulhar, que vem a ser mãe de seus outros seis
filhos, a saber, Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá.
Acerca destes filhos, a Bíblia nos dá notícia de Midiã,
quando muito no futuro, Moisés, fugindo do Egito, se
refugia em terras com este nome, conforme relatado em Ex
2:15: “Ouvindo, pois, Faraó este caso, procurou matar a
Moisés; mas Moisés fugiu de diante da face de Faraó, e
habitou na terra de Midiã, e assentou-se junto a um poço”.
De resto, os midianitas se tornaram inimigos de Israel, a
tal ponto, que a última ordem dada por Deus a Moisés,
antes de sua morte, foi dar combate a este povo, conforme
Nm 31:2: “Vinga os filhos de Israel dos midianitas; depois
recolhido serás ao teu povo”.
Os nascimentos de Jacó e Esaú.

1788 AC – (Anno Mundi 2018) – nascimentos de


Jacó e Esáu
No Anno Mundi 2108, resultado de (2048 + 60), nasceram
Esaú e Jacó. Isaque tinha na ocasião 60 anos de idade e
Abraão, 160 anos. As três gerações de patriarcas, Abraão,
Isaque e Jacó conviverão ainda 15 anos, até a morte de
Abraão.

Nascimento de Jacó e Esau - Benjamin West


Gn 25:24-26 – “E cumprindo-se os seus dias para dar à luz,
eis gêmeos no seu ventre. E saiu o primeiro ruivo e todo
como um vestido de pêlo; por isso chamaram o seu nome
Esaú. E depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao
calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome Jacó. E
era Isaque da idade de sessenta anos quando os gerou”.
1773 AC – (Anno Mundi 2123) – morte de Abraão
Quinze anos após o nascimento de Jacó faleceu Abraão,
aos 175 anos de idade, no Anno Mundi 2123, resultado da
soma de seu nascimento com seus anos de vida (1948 +
175).
1770 AC – (Anno Mundi 2126) – morte de Selá
No Anno Mundi 2126 morreu Selá, aos 435 anos de idade,
30 anos depois da morte de seu pai, Arfaxade, o primeiro
nascido depois do dilúvio. Conforme Gn 11:15: “Viveu Selá,
depois que gerou a Éber, quatrocentos e três anos, e gerou
filhos e filhas”. (1723 + 403)
1768 AC – (Anno Mundi 2128) – Esaú vende sua
primogenitura
Gênesis não relata a data em que Esaú vendeu sua
primogenitura a Jacó, no entanto, é possível supor que
Jacó e Esaú estivessem com cerca de 20 anos de idade
(2128 A.M.), baseado em Gn 25:27 que nos diz que
“cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça,
homem do campo; mas Jacó era homem simples,
habitando em tendas”.
Já não eram mais meninos e o conceito de adulto nos
obriga a pensar que teriam cerca de vinte anos ou pouco
mais, a idade em que segundo o costume dos Israelitas, um
homem poderia ir à guerra.
1768 AC a 1748 AC – (2128 A.M. a 2148 A.M.)
Este foi um tempo de peregrinações para Isaque, que
andou por Gerar, fugindo da escassez de alimentos naquela
época, e depois para Berseba. Foi neste tempo que o rei de
Gerar procurou Isaque para fazer com este um pacto de
não agressão.
1748 AC – (Anno Mundi 2148) – Esaú se casa
Esaú casou-se aos 40 anos de idade, conforme Gn 26:34,
com duas mulheres hetéias: “Ora, sendo Esaú da idade de
quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de Beeri,
heteu, e a Basemate, filha de Elom, heteu”.
Este fato trouxe muitas preocupações para seus pais que
não desejavam que seus filhos convivessem com mulheres
de religiões pagãs, pois sabia que fatalmente elas
desviariam seus filhos da religião de seu pai. Foi no Anno
Mundi 2148 (2108 + 40).
1738 AC – (Anno Mundi 2158) – morte de Sem
Sem, filho de Noé, faleceu no Anno Mundi de 2158 aos 600
anos de idade, conforme Gn 11:11: “E viveu Sem, depois
que gerou a Arfaxade, quinhentos anos, e gerou filhos e
filhas”, resultado de (1658 + 500).
1733 AC – (Anno Mundi 2163) – nascimento de
Leia e Raquel
Gênesis não registra as datas de nascimento ou morte de
Leia e Raquel. No entanto, Jasher 36:1-11 dá conta de que
Raquel morreu aos quarenta e cinco anos de idade, quando
Jacó teria cem anos.
Teria morrido, portanto, no Anno Mundi 2.208.
Subtraindo-se seus quarenta e cinco anos vividos, temos o
Anno Mundi 2163 como ano de seu nascimento. Da mesma
forma, Jasher (41:2) afirma que ano cento e seis da vida de
Jacó, décimo ano desde sua saída de Padã-Arã, Leia veio a
falecer aos 51 anos de idade. Os dois cálculos nos remetem
ao Anno Mundi 2163. Eram, portanto, gêmeas, sendo Leia
a mais velha.
1725 AC – (Anno Mundi 2171) – morte de Ismael
Ismael faleceu com 137 anos de idade, 48 anos depois da
morte de seu pai Abraão. Conforme Gn 25:17: “E estes são
os anos da vida de Ismael, cento e trinta e sete anos, e ele
expirou e, morrendo, foi congregado ao seu povo” – no
Anno Mundi 2171, resultado de (2034 + 137).

A benção de Jacó.
1725 AC – (Anno Mundi 2171) – a benção de Jacó
1711 AC – (Anno Mundi 2185) – a partida para
Padã-Arã
Provavelmente, motivado pela morte de seu irmão Ismael,
Isaque passou a imaginar que também a sua própria morte
poderia estar próxima, por isto decidiu que era a hora de
dar a sua benção ao filho que o sucederia na herança da
promessa de Deus a Abraão. Não se pode afirmar com
certeza a data em que Isaque teria dado sua benção a Jacó,
pois Gênesis não é claro quanto a isto.

Isaque abençoa Jacó - Gioachino Assereto


O livro de Jasher, em seu capítulo 29 afirma que após
receber a benção da primogenitura, Jacó, para fugir à ira
de seu irmão buscou refúgio na casa de Eber, pai de
Pelegue, onde permaneceu por catorze anos (Jasher
29:20). Com isto, estão de acordo o Talmude Babilônico e a
Seder Olam Rabbah. Neste caso, a benção teria sido dada
no mesmo ano em que faleceu Ismael, o que em termos
cronológicos é bastante possível.
Entre a morte de Ismael e a partida de Jacó para Padã-Arã
passaram-se catorze anos e é natural, pela leitura bíblica,
que se conclua que a benção de Jacó e sua partida para
Padã-Arã sejam eventos consecutivos, tendo, portanto,
acontecido no mesmo ano. Sabemos, no entanto, com
precisão, a data em que Jacó seguiu para Padã-Arã. Vamos
aos cálculos:
Jacó nasceu no Anno Mundi 2108 e faleceu no Anno
Mundi 2255 aos 147 anos de idade: (2108 + 147 = 2255).
De acordo com Gênesis, Jacó viveu seus 17 últimos anos de
vida no Egito: “Jacó viveu na terra do Egito dezessete anos,
de sorte que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram
cento e quarenta e sete anos” (Gn 47:28). Temos, portanto,
que Jacó encontrou-se com José seu filho, na ocasião,
governador do Egito, no Anno Mundi 2238, resultado de
(2255-17).
Sabemos que Jacó e seus filhos se mudaram para o Egito
no mesmo ano em que José se revelou a seus irmãos e
sabemos que quando isto aconteceu, José mencionou que
já haviam se passado dois anos e fome e que mais cinco
anos ainda restavam, aconselhando desta forma que seus
irmãos trouxessem Jacó e o restante da família para
estarem seguros no Egito, conforme o relato de Gn 45:6:
“Porque já houve dois anos de fome no meio da terra, e
ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem
sega”.
Temos, portanto, que o início do período de fome se iniciou
no Anno Mundi 2236, e ainda que 7 anos antes disto, no
Anno Mundi 2229, iniciou-se o período de 7 anos de
fartura. José foi nomeado governador do Egito nesta
ocasião, portanto, em 2229 A.M;
De acordo com Gn 41:46, José teria na ocasião, 30 anos de
idade. “E José era da idade de trinta anos quando se
apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da presença
de Faraó e passou por toda a terra do Egito”, de onde se
conclui que José nasceu no Anno Mundi 2199, resultado de
(2229 – 30).
Quando José nasceu, Jacó relembra seu sogro que já havia
trabalhado 14 anos para pagar pelo dote de suas duas
esposas e que desejava voltar para sua terra. Na verdade
Jacó fica em Parã-Arã mais 6 anos antes de voltar. Todavia,
se subtrairmos do ano de nascimento de José os 14 anos
mencionados, teremos a data em que Jacó chegou a Padã-
Arã, 2185 A.M. (2199 – 14).
Ismael faleceu no Anno Mundi 2171 (1725 AC), mesmo ano
em que Isaque viria pouco tempo depois dar a sua benção a
Jacó. Segue-se à benção um período de 14 anos de silêncio,
de onde se conclui que Jacó esteve submetido a uma
espécie de exilo durante este tempo.
Só depois destes 14 anos anos Jacó se põe a caminho de
Padâ-Harã, no Anno Mundi 2185 (1711 AC), de onde se
conclui que tinha na ocasião 77 anos de idade enquanto seu
pai Isaque, 137 anos. Normalmente costumamos pensar
que Jacó seria bem mais jovem na ocasião.
1709 AC – (Anno Mundi 2187) – morte de Eber
Conforme Gn 11:17, Eber faleceu aos 464 anos de idade: “E
viveu Éber, depois que gerou a Pelegue, quatrocentos e
trinta anos, e gerou filhos e filhas”, (1757 + 430).

O nascimento dos filhos de Jacó.

1704 AC – (Anno Mundi 2192) – os casamentos de


Jacó
Logo que chegou a Padâ-Harã Jacó conheceu Raquel, filha
de seu tio Labão, irmão de Rebeca, sua mãe, por quem se
apaixonou de imediato. Fez então um acordo com Labão de
trabalhar pela mão de Raquel por 7 anos.

Jacó e Raquel - Gerbrand van den Eeckhout


Passado este tempo, portanto, no Anno Mundi 2192, foi
feito o casamento, mas apenas no dia seguinte Jacó veio a
descobrir que se casara com Léia (ou Lia). Quando
questionou o sogro este lhe respondeu: “Não se faz assim
no nosso lugar, que a menor se dê antes da primogênita.
Cumpre a semana desta; então te daremos também a
outra, pelo serviço que ainda outros sete anos comigo
servires. E Jacó fez assim, e cumpriu a semana de Lia;
então lhe deu por mulher Raquel sua filha” (Gn 29:26-28).
Jacó casou-se, portanto, com Lia e uma semana depois
com Raquel, vindo a trabalhar pelo seu dote mais 7 anos.
Jacó teria na ocasião 84 anos de idade enquanto que Lia e
Raquel teriam 29 anos, a mesma idade, uma vez que eram
gêmeas.
Labão deu de presente a cada filha uma serva: a Leia deu
Zilpa e a Raquel, Bila. Ambas serão dadas por suas esposas
no futuro a Jacó por concubinas e gerarão filhos.
Inspirado por esta união tempestuosa, cheia de disputas
entre as esposas, Moisés editou uma lei proibindo tal tipo
de casamento: “E não tomarás uma mulher juntamente
com sua irmã, para fazê-la sua rival, descobrindo a sua
nudez diante dela em sua vida” (Lv 18:18).
Gênesis nos conta que Raquel era uma mulher bonita
enquanto Léia tinha olhos que chamavam atenção. De
acordo com Gn 29:17: “Lia tinha olhos tenros, mas Raquel
era de formoso semblante e formosa à vista”.
Existem observações preciosas da parte da tradição judaica
quanto à natureza destas duas mulheres. O Talmude diz,
por exemplo, que Leia e Raquel eram gêmeas, com o que
concorda Jasher, sendo esta a razão pela qual Jacó foi
enganado tão facilmente. Diz também que Leia tinha olhos
de uma mulher que chora constantemente, e que isto se
devia ao sofrimento causado pela possibilidade, por ser a
filha mais velha, de ter que vir a se casar com seu primo
Esaú, homem de má fama, o mais velho dos filhos de Jacó,
que por este motivo teria direitos sobre ela.
A tradição diz que Leia era uma mulher de oração,
conforme demonstrava a expressão de seus olhos, e desta
maneira conseguiu suplantar o seu destino.
Quanto ao futuro destas mulheres, Leia, além de haver
gerado ela própria seis filhos e uma filha, entre eles estão
Judá e Levi, de quem descenderão os reis e os sacerdotes
de Israel. De Raquel também descenderão reis, mas
enquanto os descendentes de Leia serão perenes, os de
Raquel serão passageiros. Israel desaparecerá do cenário
enquanto Judá, na plenitude dos tempos congregará a
judéia, terra onde nascerá Jesus.
1704 AC a 1697 AC (2192 A.M. a 2199 A.M.) – os
filhos de Jacó
Como já vimos pouco atrás, na passagem que se refere à
benção dada a Jacó, temos a data exata do nascimento de
José, em 2199 A.M., mas no período entre 2192 A.M. e
2198 A.M. não temos as datas precisas dos nascimentos
dos demais filhos, mas temos a sequência dos nascimentos
e sabemos que ocorreram todos no segundo período de 7
anos de Jacó em casa de Labão, lembrando que Jacó teve
quatro mulheres que lhe geraram filhos.
1704 AC – (Anno Mundi 2192) – nascimento de
Rubem – primogênito de Jacó, primeiro filho de Léia e
Jacó(Gn 29:32);
1703 AC – (Anno Mundi 2193) – nascimento de
Simeão – segundo filho de Léia e Jacó (Gn 29:33);
1702 AC – (Anno Mundi 2194) – nascimento de
Levi – terceiro filho de Léia e Jacó (Gn 29:34);
1701 AC – (Anno Mundi 2195) – nascimento de
Judá – quarto filho de Léia e Jacó (Gn 29:35);
1701 AC – (Anno Mundi 2195) – nascimento de Dã
– quinto filho de Jacó, primeiro de Bila, serva de Raquel
(Gn 30:4-6)
1700 AC – (Anno Mundi 2196) – nascimento de
Naftali – sexto filho de Jacó, segundo de Bila, serva de
Raquel (Gn 30:6-8);
1700 AC – (Anno Mundi 2196) – nascimento de
Gade – sétimo filho de Jacó, primeiro filho de Zilpa, serva
de Léia (Gn 30:9-10);
1699 AC – (Anno Mundi 2197) – nascimento de
Aser – oitavo filho de Jacó, segundo filho de Zilpa, serva
de Leia (Gn 30:12-13);
1699 AC – (Anno Mundi 2197) – nascimento de
Issacar – nono filho de Jacó, quinto filho de Leia (Gn
30:17-18);
1698 AC – (Anno Mundi 2198) – nascimento de
Zebulom – décimo filho de Jacó, sexto filho de Leia (Gn
30:19-20);
1697 AC – (Anno Mundi 2199) – nascimento de
Diná – primeira filha de Jacó, primeira filha de Léia
(Gn30:21);
1697 AC – (Anno Mundi 2199) – nascimento de
José – décimo primeiro filho de Jacó, primeiro filho de
Raquel (Gn 41:46).
Conforme já conferimos a exatidão da data, nasce no Anno
Mundi 2199 José, primeiro filho de Raquel, décimo
primeiro filho de Jacó, que tinha na ocasião, 91 anos de
idade. Foram estes os filhos que nasceram a Jacó durante
os 14 anos em que permaneceu em Padã Harã. Tanto o
Talmude quanto a Seder Olam Rabbah estão de acordo
com as mesmas datas.
Conforme veremos adiante, a data do nascimento de José
pode também ser confirmada, conforme os apontamentos
bíblicos, por cálculos que retrocedem desde a morte de
Jacó, que viveu seus 17 últimos anos no Egito.

A volta de Jacó a Canaã.

1697 AC – (Anno Mundi 2199) – Jacó cumpre 14


anos de trabalho
Após o nascimento de José, cumpridos os 14 anos em que
trabalhara para pagar o dote de suas duas esposas, Jacó
comunicou a seu sogro que pretendia voltar para a casa de
seus pais (Gn 30:25). Labão convence Jacó a ficar mais
tempo, seis anos, onde trabalharia agora em troca de um
salário.
1697 AC – (Anno Mundi 2199) – Jacó trabalha
mais 6 anos para Labão
E assim, Jacó fica por mais 6 anos, entre 2199 AM e 2205
AM, com a vantagem de agora poder ficar com parte do
rebanho que viesse a nascer. Assim, Deus abençoou
grandemente o trabalho de Jacó, de maneira que nestes 6
anos veio a se tornar um homem muito próspero.
Cumprido este tempo, o Senhor disse a Jacó que
retornasse a Canaã (Gn 31:3), e assim o fez.
1691 AC – (Anno Mundi 2205) – Jacó (97 anos)
retorna a Canaã
Pela prestação de contas de Jacó a Labão, temos o cálculo
do tempo que Jacó passara em Padã-Arã, conforme com
Gn 31:41: “Tenho estado agora vinte anos na tua casa;
catorze anos te servi por tuas duas filhas, e seis anos por
teu rebanho”. Seria o Anno Mundi 2205. (2185+ 20),
quando Jacó teria 97 anos de idade.
Para efeito prático, registramos aqui a idade dos filhos de
Jacó quando sairam de Padâ-Harã: Ruben, o mais velho,
13, anos, Simeão – 12 anos, Levi – 11 anos, Judá – 10 anos,
Dã – 10 anos, Naftali – 9 anos, Gade – 9 anos, Aser – 8
anos, Issacar – 8 anos, Zebulon – 7 anos, Diná – 6 anos, e
José – 6 anos.
1691 AC – (Anno Mundi 2205) – Deus muda o
nome de Jacó para Israel
A caminho de Canaã, nas cercanias de Peniel, depois de
cruzar o Rio Jaboque, Deus muda o nome de Jacó para
Israel, conforme escrito em Gn 32:28: “Então disse: Não te
chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste
com Deus e com os homens, e prevaleceste”.
É importante observar o contexto deste acontecimento
com bastante cuidado: Jacó permanecera por 20 anos sob
o teto de seu sogro e ve-se claramente que Deus usou
Labão para moldar a personalidade de Jacó. Labão era sem
dúvida um homem em condição de lidar com a esperteza
de Jacó na mesma medida em que este trapaceou seu
irmão Esaú.
Os 20 anos com Labão claramente retocaram a
personalidade de Jacó. A mudança de nome no Jaboque
significa o reconhecimento de Deus sobre o fato de que
Jacó era uma nova pessoa, passou de “suplantador”,
significado do nome Jacó, para “príncipe de Deus”,
significado do nome Israel.
O episódio nos revela dois pré-requisitos para recebermos
as bençãos de Deus: primeiro devemos admitir a verdade
sobre nosso caráter, e segundo, precisamos desejar ser
quebrados espiritualmente assim como Jacó foi quebrado
fisicamente.
Vários epsódios aconteceram neste mesmo ano, conforme
o gráfico anterior, culminando com o encontro de Jacó
com seu irmão Esaú e seu estabelecimento em Siquem,
onde viverá por cerca de dois anos.

A permanência de Jacó em Siló.

1689 AC – (Anno Mundi 2207) – Diná é violada


Gênesis não informa com precisão o tempo de
permanência de Jacó em Silo, nem por qual razão Jacó
teria acampado ali ao invés de seguir para a casa de seu pai
quando deixou Padã-Arã. Sabemos corretamente que Jacó
deixou Padã-Arã em 2.205 A.M., depois de permanecer
vinte anos com Labão.
De acordo com o Livro de Jasher, Jacó teria cem anos de
idade no Anno Mundi 2.208, quando nasceu Benjamin, já
próximo a Belém, local onde Raquel irá falecer. Conclui-se,
desta forma, que Jacó permaneceu em Siló por cerca de
dois anos, entre 2.205 A.M. e 2.207 A.M.
Vejamos a idade dos filhos de Jacó ao fim destes dois anos
de permanência em Siló: Ruben, o mais velho, teria 15
anos, Simeão – 14 anos, Levi – 13 anos, Judá – 12 anos, Dã
– 12 anos, Naftali – 11 anos, Gade – 11 anos, Aser – 10
anos, Issacar – 10 anos, Zebulon – 9 anos, Diná – 8 anos, e
José – 8 anos.
Em Gn 33:18, lemos que: “chegou Jacó salvo à cidade de
Siquém, que está na terra de Canaã, quando vinha de
Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da cidade”.
Gênesis nos relata que Diná, filha de Lia, única filha de
Jacó, foi violentada por Siquém, conforme Gn 34:2: “ E
Siquém, filho de Hamor, heveu, príncipe daquela terra,
viu-a, e tomou-a, e deitou-se com ela, e humilhou-a”.

Diná - Avi Katz


Se inferirmos que Jacó demorou-se dois anos em Siquem,
Diná teria na ocasião, ao fim destes dois anos, cerca de oito
anos de idade, e Levi e Simeão, seus irmãos, filhos de Lia,
protagonistas do epsódio que se segue, teriam
respectivamente catorze e treze anos de idade.
Pelos padrões atuais, julgar a violação de uma menina de
oito anos de idade nos remete à conclusão de um crime
hediondo, e de fato foi, e a justiça que caiu sobre Siquém e
demais habitantes de Siló veio a ser rigorosa ao extremo.
No entanto, a questão central não seria a idade de Diná,
uma vez que naquele tipo de sociedade as mulheres com
esta idade eram elegíveis ao casamento. A posse de uma
mulher, no entanto, era objeto de acordo entre as famílias.
O próprio Talmude afirma que Rebeca teria cerca de dez
anos de idade quando se casou com Isaque, de onde se
conclui que mesmo numa cultura pagã como a de dos
habitantes de Siló, o ato covarde de Siquém seria
inaceitável.
1689 AC – (Anno Mundi 2207) – Levi e Simeão
vingam a honra de Diná
Conforme Gn 34:25-31, depois de convencer Hamor e
Siquém a circuncidar todos os homens da cidade para
justificar a entrega de Diná a Siquém, Simeão e Levi
entraram na cidade e mataram apela espada todos os
homens, e saquearam todo o despojo que puderam
encontrar.
1689 AC – (Anno Mundi 2207) – Jacó muda para
Betel
Conforme Gn 35:1, “Depois (dos acontecimentos descritos
acima) disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a Betel, e habita
ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu, quando
fugiste da face de Esaú teu irmão”.

O reencontro de Jacó e Isaque.

1689 AC – (Anno Mundi 2207). – mortes de


Débora, Rebeca e Labão
Gênesis omite as datas de nascimento e morte de Rebeca,
Débora, sua ama, e Labão, irmão de Rebeca. De acordo
com Jasher (36:4-7), os três teriam falecido no mesmo ano,
em 2.207 A.M., quando Jacó teria noventa e nove anos de
idade (2.108 + 99).
1688 AC – (Anno Mundi 2208) – nascimento de
Benjamin e morte de Raquel
De Betel Jacó se pos a caminho de Hebrom para o
reencontro com seu pai, mas antes disto, nas proximidades
de Efrata nasceu Benjamin. Gênesis não nos informa a
data do seu nascimento, no entanto, há em Jasher 36:8-12
um relato que menciona que Jacó teria cem anos de idade
quando nasceu Benjamin, e consequentemente morreu
Raquel, que teria segundo Jasher, quarenta e cinco anos ao
falecer (Jasher 36:8-12).
Abraão é considerado o patriarca de Israel quando nos
referimos a este termo no singular. Quando nos referimos
aos patriarcas, termo no plural, falamos de Abraão, Isaque
e Jacó. Mas, quando se trata da matriarca, o termo é
associado exclusivamente à pessoa de Raquel, a mãe que
morre após dar a luz um filho.
1687 AC – (Anno Mundi 2209) – Jacó se estabelece
nas cercanias de Belém
Conforme Gn 35:21: “ Então partiu Israel (de Belém), e
estendeu a sua tenda além de Migdal Eder”. Mais uma vez
Jacó interrompe sua viagem de reencontro com seu pai,
desta vez, para cumprir os dias de luto por Raquel, sua
esposa amada, vindo a permanecer por meses em Migdal
Eder.
1687 AC – (Anno Mundi 2209) – Ruben deita-se
com Bila
Gênesis 35:22 nos relata um acontecimento bastante
inusitado e de difícil compreenção; Ruben, pimogênito de
Jacó, deita-se com Bila, concubina de seu pai. O texto nos
relata este acontecimento da seguinte forma: “E aconteceu
que, habitando Israel naquela terra (Migdal Eder), foi
Rúben e deitou-se com Bila, concubina de seu pai; e Israel
o soube”.
Não há nenhum comentário mais esclarecedor sobre este
fato em Gênesis, a não ser do próprio Jacó, quando na
proximidade de sua morte repreende Ruben, conforme
veremos adiante.
Jasher, no entanto, comenta de forma esclarecedora o fato:
Jacó, depois da morte de Raquel, movido pela íntima
ligação que tinha com sua esposa amada, estendeu sua
tenda junto à tenda em que moravam Bila, serva de
Raquel, e seus filhos. Seria, talvez, uma forma de
minimizar sua dor, ou mesmo mostrar seu amor por
Raquel, estando próximo àquela que suscitara filhos a
Raquel.
No ponto de vista de Ruben, filho de Lia, primeira e
legítima esposa de Jacó, isto constitui uma grande ofensa
contra sua mãe. Desta forma, movido por sentimento de
vingança, maculou o leito de seu pai tomando a força Bila,
sabendo que por esta razão Jacó jamais voltaria a tocá-la.
Custou-lhe caro esta atitude. A promessa de Deus feita a
Abraão, passou por direito de sucessão a Isaque e
posteriormente a Jacó, e seria, por privilégio de
nascimento, transmitida a Ruben, primogênito de Jacó.
Diante de sua traição, perdeu seu direito à primogenitura,
direito este que passaria a Simeão, segundo filho de Jacó.
Simeão também perdeu este direito quando vingou a honra
de Diná, sua irmã, o mesmo acontecendo com Levi, o
terceiro na linha de sucessão de Jacó, pela mesma razão de
Simeão, a mortandade sobre a gente de Salém. Desta
forma, Judá, o quarto filho de Jacó, se tornou por direito, o
sucessor de seu pai à primogenitura.
Moisés, pouco antes de sua morte, dará sua benção às
tribos de Israel, conforme o capítulo 33 de Deuteronômio,
onde dentre todas as doze tribos, Simeão não é incluída na
benção. Desta forma, pode-se concluir, ou intuir, ao
menos, que tanto Levi quanto Ruben foram perdoados,
mas não Simeão. Judá será a tribo remanescente de Israel,
de cuja raiz nascerá o rei Davi, seus descentes, e por fim
nosso Senhor Jesus Cristo.
1687 AC – (Anno Mundi 2209) – Jacó vai ter com
Isaque
Conforme Gn 35:27, “Jacó veio a seu pai Isaque, a Manre, a
Quiriate-Arba (que é Hebrom), onde peregrinaram Abraão
e Isaque”, quatro anos após ter saído de Padã-Arã.
1682 AC – (Anno Mundi 2214) – morte de Léia
Conforme Gn 37:2: “Estas são as gerações de Jacó. Sendo
José de dezessete anos, apascentava as ovelhas com seus
irmãos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e
com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia
más notícias deles a seu pai”.
O texto não nomeia Léia como esposa de Jacó, de onde se
conclui que já houvesse falecido. Jasher 41:2 revela que
Léia faleceu aos 51 anos de idade, quando Jacó teria 106
anos, no décimo ano desde sua saída de Padã-Arã.

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