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RESUMO
INTRODUÇÃO
“Os únicos objetos que parecem destituídos de fins são os objetos estéticos, por
um lado, e os homens, por outro. Deles não podemos perguntar com que finalidade? Para
que servem? Pois não servem para nada. Mas a ausência de fim da arte, tem o ‘fim’ de
fazer com que os homens se sintam em casa no mundo”.
Hannah Arendt
“Nenhum de nós poderá jamais recuperar a inocência anterior a toda teoria, quando a arte não
precisava de justificativa, quando ninguém perguntava o que uma obra de arte dizia porque sabia (ou
pensava que sabia) o que ela realizava. A partir desse momento até o fim da consciência estamos
comprometidos com a tarefa de compreender a arte”.
A fim de fugir desse vício hermenêutico e tratar a obra pelo que é, é preciso
retomar a atenção à forma, à transparência. Urge um passo em direção à erótica da arte.
IMPORTÂNCIA DA FORMA
Kant, em uma de suas passagens pela Crítica da faculdade de julgar, define o belo
como “Beleza é a forma da conformidade a fins de um objeto, na medida em que ela é
percebida sem representações de um fim”. É na sensibilidade dessa conformidade a fins
que o prazer é gerado. Nesse sentido, o juízo de gosto puro, para o filósofo, é a
representação de uma conformidade a fins sem fins na forma, longe de adornos que
fundem essa conformidade sobre o sentimento de prazer. A representação da arte não
pode levar à formulação de conceitos (determinados) para que adjetivem-na bela, dado
que o juízo reflexivo é um livre jogo entre as faculdades do entendimento e da
imaginação, logo, o belo não se pode, em nenhuma hipótese, ser atribuído como
qualidade de uma representação do objeto em função do conteúdo da obra, este que
ultrapassa as funções contemplativas do juízo reflexivo, somando conceitos determinados
à representação. Embora, para Kant, os adornos, como as cores, as molduras, os timbres
dos instrumentos, sejam um vício no juízo sobre o belo por atiçarem nosso ânimo para
com a obra de arte, a relevância da forma é ideia compartilhada por Kant e Sontag.
A distinção entre o belo e o não belo, que carece na obra de Sontag dado que
limita seu escopo às possibilidades de relação da arte com o espectador, para Kant,
remete diretamente à representação e a complacência sem interesse que
determinantemente o funde. Se, em uma determinada anteposição de sujeito e obra, não
há essa complacência, não há de se considerar esta bela. Kant, posteriormente, ainda
indica:
Por esse prisma, qualquer que seja a categoria a qual a obra filie-se, a experiência
estética conduz-se inequivocamente por meio da forma.
Sontag propõe, na sua relação erótica com a arte, uma retomada do mundo, a
maximização da experiência sensível com este “O mundo, nosso mundo, já está
suficientemente exaurido, empobrecido. Chega de imitações, até que voltemos a
experimentar de maneira mais imediata aquele que temos”. Kant, por sua vez, defende
que um homem moralmente elevado possui a capacidade de ver o belo na natureza,
portanto, deve fruir desse homem, não só uma apreciação pela natureza, como também
uma vontade de preservação do mundo.
CONCLUSÃO
O valor da arte, portanto, reside não na sua utilidade, mas sim na sua inutilidade. É
a partir da falta de fins explícitos e determinados que a arte ganha valor.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KANT, Immanuel; ROHDEN, Valerio; MARQUES, António. Critica da faculdade do
juizo.3.ed. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária, 2012.
SONTAG, S. Contra a interpretação. [s.l.] Companhia das Letras, 2020.
DELEUZE, Gilles. A filosofia crítica de Kant. Lisboa: Edições 70, 2009.
PRADILLA, Ileana; REIS, Paulo. Kant: crítica e estética na modernidade. São
Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 1999.