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Silva Buque Palame

Projecto de Pesquisa

Artes e Ofícios: Uma Reflexão Sobre As Suas Significativas Contribuições No Processo


Ensino e Aprendizagem; Caso Escola Primária do 1o e 2o Grau de Nampuro, Distrito De
Malema, Província de Nampula (2015 – 2019)

Licenciatura em Educação Visual

Anselmo Bernardo

Silva Buque Palame


Universidade Rovuma
Nampula
2021

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Projecto de Pesquisa

Artes e Ofícios: Uma Reflexão Sobre As Suas Significativas Contribuições No Processo


Ensino e Aprendizagem; Caso Escola Primária do 1o e 2o Grau de Nampuro, Distrito De
Malema, Província de Nampula (2015 – 2019)

Licenciatura em Educação Visual

Projecto de Pesquisa Para a Realização De Monografia


Científica a Ser Entregue ao Departamento De ESTEC
Para Obtenção do Grau Académico de Licenciatura em
Educação Visual

Supervisor: MSc Artur Senhor

Universidade Rovuma

Nampula

2021

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Índice
CAPITULO I: INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4
Tema da pesquisa ................................................................................................................................ 6
1.2. Problematização ........................................................................................................................... 6
Questões de pesquisa .......................................................................................................................... 6
1.4. Justificativa .................................................................................................................................. 7
1.5. Objectivos: ................................................................................................................................... 8
1.5.1. Objectivo Geral: ........................................................................................................................ 8
1.5.2. Objectivos Específicos: ............................................................................................................. 8
CAPÍTULO II: METODOLOGIA ..................................................................................................... 9
2.1. Tipo de pesquisa .......................................................................................................................... 9
2.3. Tipo de pesquisa quanto aos procedimentos técnicos................................................................ 10
2.4. Técnicas e Instrumento de recolha de dados.............................................................................. 10
2.4.1 Pesquisa Bibliográfica ............................................................................................................. 10
2.4.2. Entrevista ................................................................................................................................ 10
2.2.3. Análise documental ................................................................................................................. 11
2.3. Universo População ................................................................................................................... 11
CAPITULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 13
3.1. Conceito de arte ......................................................................................................................... 13
Ofícios como forma de um currículo relevante................................................................................. 14
Relação entre Ofícios e formação permanente do professor ............................................................ 15
Por quê ensinar arte e ofícios ............................................................................................................ 20
A arte e ofícios na educação ............................................................................................................. 20
Arte e ofícios na fase infantil – entender e valorizar o sonho da criança ......................................... 22
4. Cronograma de Actividades e orçamento. .................................................................................... 24
4.1. Cronograma de actividades ........................................................................................................ 24
4.2. Orçamento do Projecto. ............................................................................................................. 24
Referências bibliográficas ................................................................................................................. 25

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CAPITULO I: INTRODUÇÃO
O termo Arte vem se modificando ao longo do tempo. É através de formas perceptíveis e
prazerosas que pode compreender a Arte, pois esse conjunto de sensações possibilita maior
interação sociocultural, introduzindo novos comportamentos, novas relações e ideias dentro da
sociedade.
A investigação sobre a importância da arte na educação contribui na reconstituição do homem em
suas três dimensões: ética, estética e epistémica, dando ao ser humano um sentido mais pleno em
sua existência.
É importante reconhecer a arte como ferramenta de diálogo com a realidade e transformação do
quotidiano.
O mundo está repleto de imagens, utilizadas em diferentes contextos com os mais diversos
objectivos e sentidos. É possível passar por esses elementos estéticos sem se deter em seus
significados, no entanto, compreender sua essência é imprescindível para compreender o mundo
em que vivemos.
O ensino da arte e ofícios permite ir além do que está dado, aprender os elementos visuais do
mundo de forma mais crítica e contextualizada.
A arte e ofícios podem ser concebidos de diferentes formas de acordo com cada cultura e visão de
homem.
O desenvolvimento emocional está intimamente ligado ao processo de ensino-aprendizagem de
cada indivíduo. Dino Formaggio (1985) elaborou a seguinte definição: "arte é tudo aquilo a que
os homens chamam arte".
A arte e ofícios têm função educativa quando leva a criança á apreciar a beleza do mundo, como
também promove a confiança em suas próprias habilidades, desperta o diálogo entre a família, o
que contribui grandemente para um bom convívio familiar. Possibilita elaborar, estruturar e
compreender ideias.
Essa visão pedagógica abre espaço para um processo de ensino- aprendizagem que valoriza a
prática de um ensino dinâmico, alegre e moderno. Cada sujeito possui pontos cognitivos e
afectivos que evoluem para o crescimento harmonioso, filosófico, artístico e científico por meio
de acções culturais.
Foi desenvolvida uma análise no objectivo sobre a importância da arte e oficio no contexto
educacional, caracterizadas nas mais diversas culturas e sociedades.
Para realização deste trabalho foi utilizada pesquisa bibliográfica de autores que contribuíram
bastante para o conhecimento do mesmo e uma pesquisa de campo que foi realizada com alunos
do 2º ciclo do ensino primário concretamente nas 6ª e 7ª classes da Escola Primária do 1o e 2o
Grau de Nampuro, Distrito De Malema, Província de Nampula (2015 – 2019)
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Estruturalmente, o trabalho este organizado em 3 capítulos: A começar com a parte introdutória,
onde estão patentes a introdução, problematização, hipóteses, justificativa, objectivos e
metodologia. Já no primeiro capítulo está a revisão da literatura, onde estão patentes os conceitos
dos autores que sustentam o conteúdo abordado no trabalho.
O segundo capítulo está a descrição do local de estudo, sendo então a localização e historial tanto
da escola assim como do bairro.
O terceiro capítulo traz a metodologia aplicada para que se materializar este trabalho e
posteriormente será encontrado o orçamento e cronograma de actividades.

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Tema da pesquisa
Artes e Ofícios: Uma Reflexão Sobre As Suas Significativas Contribuições No Processo Ensino e
Aprendizagem; Caso Escola Primária do 1o e 2o Grau de Nampuro, Distrito De Malema,
Província de Nampula (2015 – 2019)

1.2. Problematização
A investigação sobre a importância da arte e ofícios na educação contribui na reconstituição do
homem em suas três dimensões: ética, estética e epistémica, dando ao ser humano um sentido
mais pleno em sua existência.
Arte e ofícios é a actividade ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de
percepção, emoções e ideias, com objectivo de estimular esse interesse de consciência em um ou
mais espectadores, e ressaltar que cada obra de arte possui um significado único e diferente
(COLI, 1998).
Conforme aponta Justino (2000), é muito difícil obter um consenso sobre artes e ofícios, e são
constantemente criadas acompanhando as mudanças da sociedade e suas novas concepções acerca
de homem e de mundo. Esse é outro elemento importante: a arte deve ser entendida como arte do
seu tempo, ou seja, dentro de determinado contexto e fazendo parte de possibilidades e situações
tornadas reais devido aos elementos que se integram em dado momento. Como por exemplo, não
há como dissociar ou separar a arte e ofícios da tecnologia.
Diante de certas constatações analisadas pelo pesquisador, a arte e ofícios não é vista como arte
da realidade, às vezes não é também analisada como reflexão dos aspectos da actualidade, e não é
avaliada como crítica às situações mais diversas. É possível perceber, que em alguns momentos
da história da arte, ela esteve vinculada aos detentores do poder. Diante das constatações acima
identificadas o autor levanta a seguinte questão de pesquisa:
 Até que ponto a disciplina de arte e ofícios Contribui significativamente No Processo
Ensino e Aprendizagem na Caso Escola Primária do 1o e 2o Grau de Nampuro, Distrito
De Malema, Província de Nampula?

Questões de pesquisa
Segundo Gil (2006:50), um problema de pesquisa ou questão de pesquisa é definido como uma
área de preocupação que requer uma compreensão significativa de um tópico específico, uma
condição, uma contradição ou uma dificuldade. Constitui como questões desta pesquisa as
seguintes:

 Quais são as significativas Contribuições da disciplina de artes ofícios No Processo Ensino


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e Aprendizagem nas escolas do ensino primário ou seja, do ensino básico?
 Que saberes são desenvolvidos na escola de modo que a arte e ofícios seja uma disciplina
desejada e de rendimento para a transmissão dos conteúdos nela planificada?
 Que competências são definidas no currículo do ensino básico de modo que a arte e
ofícios seja uma disciplina de interesse para os alunos, pais e ou encarregados de
educação?
 Como é que a escola envolve a comunidade escolar na definição de conteúdos e na gestão
da disciplina de artes e ofícios?

1.4. Justificativa
As palavras arte e ofícios foram aos poucos me envolvendo, me contaminando, me laçando de tal
maneira que mal percebi. Esta pesquisa que ora apresento, é resultado do intercruzamento de
paixões e convicções, em uma teia de significados múltiplos que me proponho a desvendar
através das palavras que ouvi de professores, colegas meus que trabalharam comigo na escola de
Nampuro, de diversos autores e de mim mesmo, como professor e pesquisador. Como os
professores que se propõem a transformar materiais, redimensionando espaços, cristalizando
ideias e sentimentos através de imagens, penso ser possível, através destas palavras e reflexões,
produzir um novo olhar fazendo uma reflexão sobre as suas significativas contribuições de arte e
ofícios no processo ensino e aprendizagem na Escola Primária do 1o e 2o Grau de Nampuro,
Distrito De Malema, Província de Nampula.
A escolha do tema deve-se à sua pertinência na sociedade educativa em geral e particular na
Escola Primária do 1o e 2o Grau de Nampuro, Distrito De Malema, Província de Nampula.
Uma outra razão para a preferência em estudar este tema deve-se igualmente ao interesse do
investigador relativamente ao processo das significativas contribuições da disciplina de arte e
ofícios no processo de ensino e aprendizagem no ensino primário nalgumas escolas do país e em
particular as de Nampula principalmente da Escola primaria do 1º e 2º grau de Nampuro, distrito
de Malema

A elaboração do presente estudo tem como ponto de partida a nossa experiência em sala de aula,
tanto no ensino primário, este com maior tempo de serviço e bem como no ensino secundário.

Além disso, o facto da escolha recai concretamente sobre artes e ofícios no processo de ensino e
aprendizagem ou seja, da transmissão de conteúdos. E ainda pelo facto de possibilitar-nos analisar
com mais precisão a actuação dos professores e alunos neste cenário, pois permite ter acesso e dar
voz o processo educativo e pessoas envolvidas na transmissão, motivação e assimilação ma
matéria tanto nova como repetida.
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1.5. Objectivos:
Os objectivos indicam o que se pretende conhecer, medir ou provar no processo da pesquisa, ou
seja, as metas que se desejam alcançar, (IVALA, 2007:119).

1.5.1. Objectivo Geral:


 Analisar as significativas contribuições da arte e ofícios no processo ensino e
aprendizagem do ensino Primário

1.5.2. Objectivos Específicos:


 Descrever as significativas contribuições de artes ofícios no processo de ensino e
aprendizagem no ensino primário;
 Identificar os factores que influenciam para que a arte e ofícios seja significativa no
processo de ensino e aprendizagem na escola de Nampuro;
 Propor metodologias de contribuição de artes ofícios no ensino básico.

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CAPÍTULO II: METODOLOGIA
Este capítulo tem como objectivo apresentar a metodologia que será usada para a presente
pesquisa, no que se refere às estratégias de recolha de dados durante a investigação, a população
donde se retirou a amostra, a forma de análise e interpretação dos resultados.
Assim, o desenvolvimento do trabalho seguiu os procedimentos metodológicos da pesquisa
qualitativa.

2.1. Tipo de pesquisa


Será uma pesquisa de estudo de caso, como uma pesquisa exploratória, e indutiva, utilizando
diversos tipos de colecta de dados: análise de documentos, livros, artigos, um questionário.
A pesquisa quanto a sua abordagem é qualitativa, pois tem como característica fundamental a
compreensão dos significados apresentados pelos entrevistados (Alunos).
A investigação de cariz qualitativo é segundo RICHARDSON (1999: 90),“ tentativa de uma
compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos
entrevistados em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou
comportamentos.”.
Já VILELAS (2009:55), diz que “existe uma dinâmica entre o mundo real e o sujeito e dá um
vínculo inseparável entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números”.
Nesta pesquisa a abordagem qualitativa será materializada através de um estudo de caso que, de
acordo com LUCK e ANDRÉ (1986:54), “possibilita a descoberta de aspectos novos ou poucos
conhecidos do problema estudado”. Nesse contexto, a partir de conversas com a população-alvo
do estudo, vai se tornar possível a inferência analítica sobre Artes e Ofícios: Uma Reflexão Sobre
As Suas Significativas Contribuições No Processo Ensino e Aprendizagem; Caso Escola Primária
do 1o e 2o Grau de Nampuro, Distrito De Malema, Província de Nampula (2015 – 2019)
2.2. Tipos de pesquisa quanto aos objectivos
Na procura do alcance dos objectivos, vais se optar pela pesquisa descritivo-interpretativa, pois na
visão de, TRIVINOS (1987:87), “a pesquisa descritiva exige do investigador uma série de
informações sobre o que deseja pesquisar”. Um estudo que descreve os factos e fenómenos de
uma determinada realidade.
Na opinião de FONSECA (2002:33), a perspectiva interpretativa procura compreender como é o
mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática que visa simplesmente
apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objecto de
estudo do ponto de vista do investigador.

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2.3. Tipo de pesquisa quanto aos procedimentos técnicos
Este projecto será de pesquisa experimental. Permitirá a testagem das questões de pesquisas
levantadas durante a mesma. Que de acordo com GIL (1989:53), “a pesquisa experimental
consiste em determinar um objecto de estudo, seleccionar as variáveis que seriam capazes de
influencia-lo, definir as formas de controlo e de observação dos efeitos que a variável produz no
objecto”.

2.4. Técnicas e Instrumento de recolha de dados


A recolha de dados neste estudo será exclusivamente feita pelo investigador e no contexto escolar.
Tratando-se de um estudo qualitativo, as técnicas e os instrumentos de recolha de dados serão
concebidos de tal forma que coincidem com questões ligadas às práticas, percepções e atitudes
tipicamente de uma pesquisa qualitativa. Assim, a pesquisa bibliográfica, a entrevistas,
observação e análise documental serão as técnicas empreendidas na pesquisa. Guiões de
entrevistas, bloco de anotações e esferográfica, serão também os instrumentos usados para o
presente estudo.

2.4.1 Pesquisa Bibliográfica


Para que seja possível o estudo vais se privilegiar a revisão bibliográfica, ou seja a procura de
autores, obras que tratam sobre o assunto em estudo.

2.4.2. Entrevista
De acordo com CANO e SAMPAIO (2007:11) as entrevistas têm em vista a recolher as
percepções sobre a temática em análise numa modalidade profunda. Pois uma das vantagens do
uso desta técnica é o facto de elas permitirem uma expressão profunda do que sente em relação ao
tema em abordagem.
CERVO e BERVIAN (2002:46), é uma técnica de recolha de dados que possibilita a obtenção de
dados referente aos mais diversos aspectos em torno do tema e é eficiente para a obtenção de
dados mais profundos, porque o entrevistado é livre de se expressar.
O recurso a entrevista estruturada, é segundo LODI (1974:89), citado por MARCONI e
LAKATOS (2002:91), para obter dos entrevistados respostas às mesmas perguntas, permitindo
que todas sejam comparadas com o mesmo conjunto de perguntas, e que as diferenças possam
reflectir diferenças entre os respondentes e não diferenças nas perguntas.
Portanto, para tal, serão elaborados guiões de entrevistas para cada grupo-alvo (alunos,
professores, técnicos de educação, representantes da comunidade e pedagógica).

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2.4.3. Observação
Esta metodologia servirá para visualizar o ambiente geográfico da escola primária do 1º e 2º Grau
de Nampuro, localizada no bairro com o mesmo nome, distrito de Malema, província de
Nampula.

2.2.3. Análise documental


A análise Documental vai consistir na leitura, análise de documentos, registos e posterior
compilação de dados adquiridos em livros, relatórios e estudos anteriores sobre Currículo local
em Moçambique.
Os dados processados serão analisados qualitativamente procurando aferir as opiniões pessoais e
as conclusões parciais com as quais, o pesquisador apresentará a síntese final em forma de
propostas de solução do problema.
Antes da análise e interpretação dos dados, será feita uma selecção dos depoimentos de modo a
retirar informações incompletas; depois, separamos informações completas e codificamos. Tendo
já os dados manipulados, passar-se-á para a análise e interpretação destes. Numa perspectiva
descritiva – interpretativa a análise implicará cruzar a informação tida da análise documental com
o contacto directo com os protagonistas para perceber o que tem sido feito para a ligação entre a
teoria (políticas) e a prática, bem como para compreender a percepção dos actores sobre o seu
contributo para as mudanças na escola no contexto das significativas contribuições de artes e
ofícios no processo educativo.

2.3. Universo População


Para o presente estudo, será definida como população-alvo exclusivamente os alunos da Escola
Primária do 1º e 2º Grau de Nampuro, no bairro de mesmo nome onde está localizada a escola em
estudo.
A presente investigação decorrerá na Escola Primária do 1º e 2º Grau de Nampuro, cita no bairro
do mesmo nome, município e vila de Malema.
Nesta perspectiva, a amostra foi constituída por 100 alunos descriminados em 50 6ª Classe dos
quais 25 homens e 25 mulheres e 50 da 7ª Classe, dentre eles 25 homens e 25 mulheres como
mostra, em forma detalhada a tabela abaixo:

Nome da Quantidade 6ª Classe 7ª Classe Técnica de


Amostra recolha de dados
Masc. Fem. Masc. Femin. Entrevista
11
Alunos 100 25 25 25 25
Tabela 1: Definição da amostra por sexo
Fonte (Autor) Adaptado

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CAPITULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Conceito de arte


A palavra "arte é amplamente utilizada sob os mais diferentes sentidos e objectivos". A sociedade
pós-moderna tem exagerado em seu uso, mostrando que ao mesmo tempo coloca a arte em um
pedestal, como nos exemplos "A arte de viver"; "A arte de ser feliz", sendo que a arte nesses
casos representa algo quase inatingível, de difícil realização, que dependeria de certa técnica e de
talvez um pouco de sorte, advinda do talento individual. No entanto, essa sociedade também
valoriza e coloca a arte em um espaço privilegiado, como a arte para poucos e a arte como algo
caro, inundado pela lógica da sociedade de consumo e pelas regras de mercado. Por outro lado,
possivelmente as pessoas em geral parecem não valorizar a arte como algo essencial à
sobrevivência ou à vida humana, e esses elementos são escancarados na realidade escolar. A arte
na escola é muitas vezes deixada como elemento secundário, menos necessário que as outras
disciplinas. (PAREYSON, 1989).
Arte é a actividade ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de
percepção, emoções e ideias, com objectivo de estimular esse interesse de consciência em um ou
mais espectadores, e ressaltar que cada obra de arte possui um significado único e diferente
(COLI, 1998).
Conforme aponta Justino (2000), é muito difícil obter um consenso sobre uma definição de arte, e
várias definições foram e são constantemente criadas acompanhando as mudanças da sociedade e
suas novas concepções acerca de homem e de mundo. Esse é outro elemento importante: a arte
deve ser entendida como arte do seu tempo, ou seja, dentro de determinado contexto e fazendo
parte de possibilidades e situações tornadas reais devido aos elementos que se integram em dado
momento.
Como por exemplo, não há como dissociar ou separar a arte da tecnologia. Será que a arte foi
influenciada pela descoberta dos processos fotográficos de fixação de imagens? Sim, a descoberta
atribuída ora por Nièpce ora por Flourens da fixação de registos luminosos através da queima de
sais de prata, chamada fotografia (escrita com a luz) causou uma verdadeira revolução no campo
da arte, nos seus sentidos e paradigmas. Para que representar o real em desenhos, esculturas e
pinturas, deixando as pessoas posando horas a fio, se em instantes têm uma fotografia, retrato fiel
da realidade. Dessa forma, podemos então dizer que o conceito de arte e seus sentidos se
modificam ao longo do tempo. A área artística sempre envolve o novo, o inusitado,
experimentações e possibilidades criativas. Por isso, ao mesmo tempo em que o campo da arte se
auto referências continuamente (um artista influenciando o outro), inova a cada novo trabalho.

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Ofícios como forma de um currículo relevante

A disciplina de Ofícios enquadra-se na área de actividades práticas e tecnológicas do novo


currículo do ensino básico com objectivo de desenvolver no aluno habilidades e
competências operacionais (INDE, 2008). O novo currículo do ensino básico moçambicano,
apresenta uma particularidade na dimensão estrutural dos conteúdos que estão arrumados de
modo a permitir uma abordagem verdadeiramente integrada. As disciplinas definidas nesse
currículo, apresentam-se em diferentes áreas de forma bem estruturada e ordenada, pautando
no desenvolvimento de habilidades e competências dos educandos.

Estruturalmente, os conteúdos estão arrumados em três áreas fundamentais e cada área está
constituída por um grupo de disciplinas notadamente: Comunicação e Ciências Sociais,
Matemática e Ciências Naturais e por fim Actividades Praticas e Tecnológicas. Recordar que
a disciplina de Ofícios, versa-se muito mais naquilo que se chama actividades práticas que
colocam o aluno, em termos de competências, na dimensão saber fazer (Perrenoud, 2004).

No antigo currículo, a área designada por Actividades Práticas e Tecnológicas foi


denominada por Educação Visual e tecnológica subdividindo-se em disciplinas de Ofícios,
Educação Visual e Educação Física. Neste estudo, o que nos interessa mais é a área
designada por Actividades Práticas e Tecnológicas na qual a disciplina de Ofícios é
considerada como forma de currículo relevante.

Considera-se a disciplina de Ofícios relevante porque por si só cobre 75% de tudo o que foi
definido como currículo local na dimensão escultura, jardinagem, artesanato, costura,
cozinha, bordado, plantio de árvores, realização de actividades agro-pecuárias e piscatórias,
com objectivo de conectar as actividades laborais da comunidade com a escola, respondendo
as verdadeiras necessidades básicas de aprendizagem. Deste modo a disciplina de Ofícios
apresenta-se como a verdadeira incarnação do carácter profissionalizante do Ensino Básico.

De acordo com a Declaração Mundial de Educação para Todos (2000), o currículo relevante
abrange dum lado, as ferramentas essenciais para a aprendizagem como por exemplo a leitura, a
escrita, a expressão oral, calculo e a solução de problemas e de outro, os conteúdos da
aprendizagem básicas que são conhecimentos não só teóricos mas também práticos, valores e
atitudes necessários para que os seres humanos possam sobreviver e desenvolver plenamente as
suas capacidades.

Salientar que não existe uma versão de currículo relevante que possa ser imitado, plagiado ou
usado eficazmente em qualquer escola do mundo. Um currículo verdadeiramente relevante deverá
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estar focalizado em seu próprio contexto local de modo a atender as necessidades básicas dos
alunos. Levará em conta as exigências nacionais e as expectativas universais contextualizando-as
localmente.

Nesta perspectiva, o aprendizado será não só real, excitante e inspirador mas também
desenvolverá de forma integral, isto é, de maneira intelectual, estética, física, emocional,
espiritual e social. Vai estimular a imaginação e a curiosidade, elevando as aspirações e alargar os
horizontes. Vai permitir que cada educando deixe a escola com confiança, capacidade assim
como o desejo de tornar melhor o seu meio social. É realmente isso que constitui os desafios de
um currículo relevante.

Relação entre Ofícios e formação permanente do professor

As críticas que se têm sido direccionadas à educação escolar não se encontram apenas fora das
instituições educativas mas também dentro das mesmas instituições, pois é praticamente a própria
escola que muitas vezes, se questiona sobre a eficácia da teorização de suas práticas pedagógicas
e educativas. Os próprios educadores, em seu quotidiano, questionam os objectivos educacionais,
seu alcance e o distanciamento entre teoria e prática.

Na disciplina de Ofícios, o foco na prática, constitui o fundamento educativo para evitar o que
Freire (2008) chamou de educação bancária. Este autor afirma que todo aquele que se propõe a
educar precisa optar pelo tipo de educação que irá assumir. Nesta ordem de ideia, Mazula (2012
p. 83) “afirma que temos dois tipos de ensino e aprendizagem: um é o ensino cumulativo ou
bancário e outro, ensino performativo”.

No ensino cumulativo ou bancário, a preocupação do sistema dos currículos dos programas e do


professor é de transmitir ao máximo possível muitos conhecimentos ao aluno. O pressuposto é
que quanto mais conhecimento se transmite, a pessoa sabe mais. É um ensino centrado no aluno
com muitos saberes, independentemente da sua utilidade social e muitas vezes saberes não
ligados entre si. Neste tipo de ensino, avaliação centra-se na quantidade dos saberes acumulados
(Mazula 2012).

No sistema de ensino acumulativo, Mazula afirma que cada conhecimento é um saber isolado,
cada disciplina organiza-se separadamente das restantes disciplinas, cada faculdade também
constitui um mundo fechado às restantes faculdades, porque se considera uma esfera
especializada e inacessível ao não especializado na sua área do saber. Cada universidade se
constitui um astro fora do espaço comum da sociedade, numa luz de conhecimentos sem

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orientação clara para a sociedade porque se considera uma instituição iluminada.

De acordo com Mazula (2012), a consequência desse tipo de ensino é que,

Cada professor caminha sozinho, com um ensino monológico, isto é, o professor


fala sozinho, discursa para si mesmo; preocupando em exibir o que pensa que sabe
reduzindo os alunos a meros ouvintes e simples admiradores dos conhecimentos
acumulados, contentando-se com cabeças bem cheias de conhecimentos e não
cabeças bem-feitas. O aluno não tem outra alternativa senão decorar e armazenar
na sua cabeça muitos fardos de conhecimentos que recebe (pp.84).

No processo de aprendizagem, o aluno sente-se aborrecido com esse tipo de ensino e não é muito
entusiasmado, não tem outra alternativa do que memorizar a matéria e responder às perguntas do
professor na aula, às questões dos testes e dos exames, literalmente como ele ditou os seus
apontamentos. Praticamente, é um ensino sujeito à cábula em que facilmente, o aluno estuda para
responder às questões de avaliação e depois se esquece quando a pressão avaliativa termina. Na
vida prática, o aprendente não consegue reutilizar os conhecimentos para resolver os problemas
práticos.

Por outro lado, o ensino performativo, não se preocupa com a acumulação de sabres, mas com o
desenvolvimento de competências, habilidades, atitudes, valores e princípios que articulam e
explicam os conhecimentos. Amplia uma aptidão que permite à pessoa ao longo da sua vida,
expor e resolver os problemas e ao mesmo tempo, “fornece-lhe princípios organizadores que
permitam ligar os saberes e lhes dar sentido” (Morin, 2002, p.21).

O ensino performativo tem um carácter libertador na medida em que capacita a saber identificar e
colocar os problemas e a resolvê-los. Incide mais no despertar da curiosidade de saber, no debate
e na problematização, na arte da argumentação e da discussão, na ligação dos saberes, na
capacitação para solução dos problemas com princípios organizadores.

Mazula (2012) afirma que o ensino performativo liberta as mentes tendo em vista que incide na
criação de capacidades e na arte de transformar detalhes, aparentemente insignificantes como se
pode pensar, mas este aspecto reveste-se de muita importância visto que muitas vezes pensamos
que só coisas grandes criam igualmente coisas grandes e coisas pequenas só podem criar coisas
pequenas.

Quanto a isso, Prigogine (1996) anunciou a lei da complexidade, que muitas vezes é evocada por
Morin (1995) na qual diz o contrário demonstrando que coisas pequenas podem gerar coisas
grandes assim como, nem sempre coisas grandes criam coisas grandes. O ensino tem por missão,
capacitar o aluno a saber na sua vida transformar coisas pequenas em coisas grandes (Tardif,
16
2014).

Esta filosofia educativa de capacitação do aluno a saber transformar coisas pequenas em coisas
grandes no seu quotidiano, corresponde a quilo que é o fundamento da disciplina de Ofícios que
consiste em colocar o aluno no centro da resolução dos seus próprios problemas, incutindo nele o
espírito empreendedor atribuindo ao professor a tarefa dinamizadora com missão de ligar o
conhecimento teórico da escola com a vida prática dos educandos.

Esse tipo de ensino performativo, baseado na actividade prática não fica tão preocupado com a
acumulação de saberes, mas sim com a criação e o desenvolvimento de competências,
habilidades, atitudes valores e princípios capazes de organizar e de explicar os conhecimentos
desenvolvendo uma grande aptidão que permite a recolocação dos problemas quotidianos (Silva,
2010).

Na perspectiva de Mazula (2012), o ensino performativo é dialógico porque:

Incide nos valores humanos e um dos quais é o da convivência social, a capacidade


de diálogo e a cultura de trabalho árduo, cooperativo e produtivo. Assim sendo, o
seu principal dinamizador passa a ser necessariamente o professor. Porém, a
necessidade e a exigência da sua formação nesse sentido e o desfio para as
instituições de formação de professores (pp.84).

A escola que não incute no aluno a cultura de trabalho árduo, cooperativo e produtivo, realiza o
ensino na visão de Mazula (2012) um ensino monológico, isto é, pensa sozinha. E’ uma escola
fechada em si mesma. Não vai ao encontro do povo, em contra partida pede ao povo para que
venha a si, considerando-se o único espaço de conhecimentos científicos validos. A sua pretensão
de validade centra-se nos conhecimentos acumulados que lê nos livros sem nada de prática e
criativo.

É uma escola que se aproxima do povo duma forma estimulativa sem nenhuma estratégia
comunicativa para o verdadeiro diálogo. Ouve mas não tem estratégias dialógicas nem sequer é
solidária, consequentemente, acaba tomando decisões unilaterais. Esse procedimento educativo
não liberta o aluno no sentido de orientá-lo ao saber fazer, mas mergulha-o num saber de arranjos,
de desenrascar-se perante os desafios do seu quotidiano (Vasconcelos, 2005).

A escola performativa realiza o ensino inovador e permanece solidária não só com a sociedade
mas também com a prática. É uma escola dialógica que ensina o aluno a saber dialogar com a
sociedade e com a natureza incutindo nele a consciência ecológica a fim de preservar o ambiente
na perspectiva da melhoria da qualidade de vida aplicando o método de resolução de problemas.
Identifica as matérias-primas ensinando a usar correctamente os utensílios de ofícios. Desenvolve
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aptidões manuais e técnicas, usando recursos disponíveis de forma criativa.

Em adição, é um ensino que orienta o aluno a adquirir hábitos de higiene no trabalho, participar e
colaborar com os outros em tarefas colectivas, com abertura e sentido crítico; dialogar com as
comunidades para aprender os saberes locais permutando conhecimentos transformadores da vida
comunitária para o seu bem-estar progressivo; compilar os conhecimentos universais com os
locais de modo a tirar proveito e comunicar-se com o mundo.

A escola performativa prepara o aluno a identificar as armadilhas da globalização mas ao mesmo


tempo saber extrair dela vantagens para o seu proveito e o da sociedade na qual está inserido
(Martin & Schumann, 1998). A pobreza do povo constitui a preocupação primordial da escola
performativa, assumindo a democracia como seu estatuto de estar na sociedade e desta maneira
educa o aluno, no valor natural da diversidade cultural. Ensina a saber viver e o aluno aprende a
saber viver.

Na tentativa de transformar o ensino básico num ensino profissionalizante, a disciplina de Ofícios


encarna o sentido inovador e performativo do ensino sendo capaz de formar o capital humano
com o perfil criativo e, no seu ideal, capaz de provocar com eficácia o desenvolvimento das
competências. Assim, o professor deve ser capital humano na medida em que vale mais para a
sociedade.

Contudo, o ensino que persistir na forma cumulativa no seu processo de ensino e aprendizagem
não só facilitará a marginalização dos seus formandos mas também contribuirá para falta de sua
identidade própria, contrariamente ao ensino performativo, que terá sempre implicações na
formação do seu professor. Ser professor é ao mesmo tempo, uma tarefa, uma vocação, uma
profissão e, sobretudo, uma missão (Foucault, 1997). As quatros dimensões do ser professor
jogam uma relação de interdependência articulando-se entre si.

De acordo com Coménio (2006), professor na dimensão tarefa,

Deve realizar acções que são traçadas pelas políticas educativas sem alterar os
conteúdos dos programas de ensino. Deve cumprir essa tarefa com
responsabilidade preocupando-se com a assimilação da matéria pelos alunos. Ser
professor é uma profissão especial cuja função é educar com consciência. Ensinar
é uma arte e responsabilidade (pp.45).

O ser professor é acima de tudo uma missão na qual Sócrates descobre o ensinar aos cidadãos
uma missão nobre confiada pelos deuses (Platão, 2006). É uma missão de transmissão de
conhecimentos, de ensinar não só a saber ser, saber estar, saber fazer, mas também saber pensar.
Considera-se a verdadeira missão nobre porque a tarefa de ensinar exige dedicação, amor e
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consagração da vida.

As comunidades locais contentam-se com um professor revestido de vocação e que realiza com
amor e dedicação a sua tarefa, ensinando a viver e a saber pensar, transmitindo sabiamente os
conhecimentos e ensinar a saber transformar esses conhecimentos para o bem da sociedade e
saber incorporá-los em si ao longo de toda a vida. É exactamente isso que Fortunato e Silveira
(2011) chamaram de ofício do professor como educador.

Para esses autores, ofício de educador é um modo de vida, é uma profissão na qual as pessoas
possam desenvolver suas habilidades naturais dentro das suas responsabilidades. Não podemos
ensinar responsabilidades ao aluno sem libertamo-nos a nós mesmo. O que importa realmente, ao
ajudar-se, o homem é ajudá-lo a ajudar-se. É fazê-lo agente de sua própria recuperação. É pô-lo
numa postura conscientemente crítica diante de seus problemas.

Freire (2008) explica as sociedades de acordo com seu nível de consciência demonstrando que a
educação propicia que os sujeitos compreendam seu papel social. Esta compreensão se dá em
vários graus: intransitiva, na qual há uma limitação na esfera de apreensão, transitiva ingénua, em
que se interpretam os problemas de forma simples, e transitiva critica, em que se busca
desprender dos conceitos para interpretar a realidade.

As relações entre o educador e o educando tem a marca que disserta, pois os papéis são
relativamente diferentes tendo em vista que um assume-se narrador, depositante, enquanto o outro
é o depositário, ouvinte. Nelas, o educador apresenta-se como o seu verdadeiro sujeito com a
missão de encher os educandos conteúdos de sua narração; as palavras dessa narração são vazias
que alienam o educando (Zabalza, 2010).

Diante da consciência educadora, Freire ressalta a necessidade do educador estar em formação


permanente. Saul e Gouveia (2009) diferem a formação permanente dos conceitos de formação
continuada, reciclagem ou treinamento. A formação permanente implica a compreensão de que o
ser humano é inconclusivo e que está sempre com a perspectiva de ser mais. Não se destina
apenas aos educandos em situação de escolarização ou aos jovens e adultos que não tiveram
acesso à escolarização.

A formação permanente na visão de Freire (2001), passa pela opção ética dos educadores, os
quais não se permitem ensinar sem saberem e vivenciarem o que estão ensinando. O facto de que
ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo conteúdo não quer dizer de modo nenhum que o
ensinante se arrisca a ensinar sem devidas competências apropriadas. Na deve ensinar o que não
sabe. A responsabilidade ética e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se
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capacitar, de se formar.

O depoimento acima sobre a formação permanente do professor, coloca em questão a própria


formação do professor que ministra a disciplina de Ofícios. Tendo em conta que a disciplina de
Ofícios é de carácter prático, pode-se realmente questionar se o respectivo professor capacita-se
nessa área antes de iniciar sua actividade docente. Esta actividade exige que sua preparação, sua
capacitação, sua formação se tornem processos permanentes. Sua experiencia docente vai deixar
claro que ela requer uma formação permanente que se funda na análise critica de sua pratica.

Por quê ensinar arte e ofícios

Reconhecer a importância da arte no processo educativo como elemento formativo, ferramenta de


diálogo com a realidade e transformação do quotidiano. O mundo é repleto de imagens, utilizadas
em diferentes contextos com os mais diversos objectivos e sentidos. É possível passar por esses
elementos estéticos sem se deter em seus significados, no entanto, compreender sua essência é
imprescindível para se compreender o mundo em que vivemos. O ensino da arte permite, então, ir
além do que está dado, aprender os elementos visuais do mundo de forma mais crítica e
contextualizada (SIMÃO, 2008).

A arte faz parte da realidade, às vezes como reflexão dos aspectos da actualidade, às vezes como
crítica às situações mais diversas: ela representa, portanto, um diálogo com o real. É possível
perceber, que em alguns momentos da história da arte, ela esteve vinculada aos detentores do
poder, de certa forma legitimando este local de status (COLL, 2002).

A arte e ofícios na educação


A arte na educação tem como finalidade explorar e desenvolver as potencialidades do aluno, uma
vez que ela abre portas para um caminho que vai além de uma disciplina no currículo escolar. O
aluno toma-se mais sensível quando tem a arte como algo significativo em sua educação, e cabe
ao professor à tarefa de levá-lo a novas descobertas, buscar promover a conscientização e a
efectiva participação no processo de vida e, também, valorizar as relações na interacção e na
integração entre o conhecimento e as experiências do aluno. É importante ampliar seu mundo de
respostas em situações diversas de forma espontânea e criativa; cabe à escola rever seus conceitos
de ensino/aprendizagem, em que a reprodução do conhecimento ainda é prioridade. Muitas
escolas, ainda hoje, usam o desenho pronto para a criança pintar e determinam as cores a serem
usadas. Ferreira (2008,p. 50) questiona: "O que pode existir de criatividade em uma actividade

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corno essa? Por que os adultos não entendem que a actividade artística é da criança, e que ela tem
o direito de ser a única autora do seu trabalho?".
Ferreira continua em sua observação:
Ao dar um desenho pronto para a criança pintar, o professor está desrespeitando
sua personalidade, inteligência e sensibilidade. Ninguém daria um desenho pronto
para um artista. E por que fazem isso com uma criança? Aí vem a resposta de
alguns professores: "Eles não sabem desenhar". Alegam que são cobrados por pais
e coordenadores nas escolas onde trabalham a apresentar actividades prontas,
"bonitas". "Perfeitas". Inclusive para a "capinha" de seus trabalhos. Não seria mais
interessante à própria criança criar a capa de seus trabalhos (FERREIRA 2008, p.
50).

O uso de desenhos prontos em nada acrescenta ao desenvolvimento criador da criança. Seria


muito mais proveitoso estimular a percepção, o raciocínio e a criatividade, substituindo essa
prática por actividades livres e formadoras que respeitassem a-capacidade de expressão,
característica de toda criança, pois ela é naturalmente criativa e sensível, e sua criatividade é
espontânea até que consigam, por meio de práticas conservadoras e de desrespeito à arte infantil,
tomar a criança um ser incapaz de se expressar criativamente, levando-a mais tarde a dizer: "Eu
não sei desenhar".
A arte na educação deve ser baseada na liberdade de expressão e no respeito às diversidades
culturais, e é fundamental no processo de formação do aluno, por meio de seus conteúdos
cognitivos, afectivos e perceptivos, que, segundo os PCN/Arte (2000, p. 20): "A arte solicita a
visão, a escuta e os demais, sentidos como portas de entrada para uma compreensão mais
significativa das questões sociais".
Os Parâmetros Curriculares Nacionais/Arte (2000) enfatizam a necessidade de o educador dar
continuidade aos conhecimentos práticos e teóricos sobre a arte, ampliando a visão de mundo do
aluno sobre produção, apreciação e história: em música, artes visuais, dança teatro e ainda nas
artes audiovisuais. As novas tecnologias também poderão ser incluídas em sua prática artística.
Assim, o ensino da arte é obrigatório na escola fundamental e no Ensino Médio. Porém, Barbosa
(2000, p. 8) questiona: “[...] algumas escolas estão incluindo a arte apenas numa das séries de
cada um desses níveis porque a LDB não explicitou que seu ensino é obrigatório em todas as
séries. Daí a necessidade de esclarecimento e campanha em favor da arte na escola".
O fato é que a arte na educação representa espaço fundamental para o exercício da cidadania, e o
ensino da arte no contexto escolar consiste em assegurar aos alunos o pleno acesso à sua cultura,
em seu tempo histórico, social e educacional. O aluno, ao conhecer a arte de outras culturas,
poderá perceber sua realidade quotidiana, poderá fazer uma observação crítica da cultura em
geral, valorizando, assim, o modo de pensar e agir de sua cultura e de outras. A arte na educação

21
constitui, pois, meios para a construção da aprendizagem, uma vez que a abordagem
contemporânea da arte na educação está associada ao desenvolvimento cognitiva imaginação
criadora, integrando as linguagens artísticas nas actividades, como a música, as artes cénicas, as
artes visuais e a expressão corporal (BARBOSA, 2000).
O aluno deve ser incentivado a observar, a criar e a conduzir seu olhar para novas experiências
que o levem à pesquisa e ao conhecimento, e a elaborar propostas que trabalhem o pensamento
divergente, procurando sempre respeitar as experiências, as vivências e o ritmo dos alunos.
Torna-se necessário um novo olhar sobre o preparo do professor para actuar junto ao aluno de
forma consciente, sempre atento à sua prática pedagógica. É fundamental também, que o aluno
receba condições psicológicas, pedagógicas e materiais para que se expresse por meio das
linguagens artísticas.
Dessa forma, a arte deve perpassar todas as disciplinas, trabalhando-se a interdisciplinaridade,
Assim, a principal finalidade da arte-educação é formar o ser criativo que possa realizar-se como
pessoa por meio de uma educação integral. A arte como expressão pessoal e cultural é a base
necessária para o pleno desenvolvimento do aluno e deverá contribuir para uma educação
transformadora.

Arte e ofícios na fase infantil – entender e valorizar o sonho da criança


De acordo com Ferreira (2008, p. 21), o desenho é para a criança, um campo imaginário em que
ela poderá desenvolver a imaginação criadora. Considera que o professor deve compreender que,
enquanto a criança desenha, está realizando experiências importantes para seu desenvolvimento e
que a expressão artística da criança é um registo de sua personalidade.
Quanto à importância do desenho para a criança, Babin (1982, p. 106) afirma: "O desenho é um
ato de inteligência; desenhar é um ato inteligente. Isto quer dizer notadamente que, para crianças,
ele para as representa uma das maneiras fundamentais de apropriar-se do mundo e, em particular,
do espaço" (1982, p. 106).
É de fundamental importância que o professor conheça os estágios do desenvolvimento gráfico
infantil e cabe aos cursos de formação de professores a responsabilidade por esse aprendizado,
pois esse conhecimento será de grande relevância para a formação da criança.
Na Educação Infantil, os sentimentos estéticos devem merecer um, destaque especial e a tarefa do
professor é valorizar as expressões gráficas, tácteis, sensoriais, sensoriais sonoras, corporais,
desafiando, a criança com propostas criativas a partir da observação atenta e sensível de sua
própria expressão artística.

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O primeiro estágio do grafismo infantil compreende o período da rabiscação ou garatujas. Entre
um ano e meio a dois anos, a criança segura um instrumento e traça, sem intenção de escrever ou
desenhar. São experiências sinestésica, gestos instintivos que causam prazer orgânico, nos quais a
criança dá expansão às necessidades motoras. Nessa idade, mesmo sem ter a coordenação motora
desenvolvida, a criança risca em uma folha de papel formando linhas simples e curtas, passam
para espirais e depois para círculos emaranhados e múltiplos. Entre dois e três anos, a criança
passa para a rabiscação longitudinal ou ordenada. A criança começa a desenvolver controlo motor
para manejar um instrumento e começa a rabiscar: no papel, na parede, na areia, conseguindo
manter o vaivém do braço.

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4. Cronograma de Actividades e orçamento.

4.1. Cronograma de actividades


Segundo BELLO (2005:21) “Cronograma é a previsão de tempo que será gasto na realização de
trabalho de acordo com as actividades a serem cumpridas). Desta forma para a pesquisa sugere-
se a seguinte ordem de actividades:

Actividade a desenvolver Inicio das Término das actividades


actividades
Escolha do Tema 02 de Junho 07 de Junho de 2021
Entrega do Trabalho Escolhido 10 de Junho 20 de Junho de 2021
Recolha de Dados 23 de Junho 09 de Julho de 2021
Tratamento de Dados 12 de Julho 09 de Agosto de 2018
Redacção texto 15 de Agosto 13 de Setembro de 2021
Correcção do Texto 02 de Outubro 22 de Outubro de 2021
Entrega da Monografia Final 25 de Outubro 30 de Outubro de 2021
Revisão, Avaliação e Validação do trabalho 01 de Novembro 30 de Novembro de 2021
Apresentação dos resultados 08 de Dezembro 23 de Dezembro de 2021
Fonte: O autor

4.2. Orçamento do Projecto.


Orçamento para a execução desta pesquisa consta de recursos financeiros, nomeadamente,
material de consumo pessoal e de utilização durante a realização do presente trabalho científico.

Quantidade Designação Custo em Meticais Custo Total


1 Compra de Computador
1 Uso de Impressora
1 Compra de flash
1 Compra de Moden
2 Caixa de Esferográficas
200 Cópia de Questionário
2 Resma de A4
______ Transporte
Total_______________________________________________________
Fonte: O autor

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Referências bibliográficas

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