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ANAIS
VI CONGRESSO NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO
DELTA DO PARNAÍBA
2019
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
487 f.
ISSN: 2446-5380
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Boa leitura!
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PARNAIBA/PI, 2019
REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAIBA
Prof. Dr. Alexandro Marinho de Oliveira
COORDENADOR DO EVENTO:
Prof.(a). Simone Cristina Putrick
COMISSÃO CIENTIFÍCA:
Dr. Aguinaldo Cesar Fratucci - acfratucci@turismo.uff.br
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COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenadora Geral - Simone Cristina Putrick (UFPI)
Samantha Ribeiro (UFPI)
Denilson Damasceno Costa (UFPI)
Miguel Amorim (UFPI)
Taciana Freitas (UFPI)
Roberta Bonifácio (UFPI)
EDITORAÇÃO
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EIXOS TEMÁTICOS
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SUMARIO
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RESUMO
A relação do turismo com o modo de vida das comunidades locais motivou a produção desse
artigo, principalmente em relação a pesca artesanal e o desenvolvimento da atividade turística.
O objetivo dessa pesquisa foi analisar as relações entre o turismo e a pesca artesanal no Rio
Camurupim, no distrito de Barra Grande, no município de Cajueiro da Praia, litoral piauiense.
A metodologia utilizada foi pesquisa de campo com abordagem qualitativa, realizada com a
aplicação de questionários semiestruturados, subsidiados pela observação direta e revisões
bibliográficas de monografia, artigos e livros. Concluiu-se que a relação da pesca artesanal e
atividade turística não são harmoniosas em Barra Grande.
ABSTRACT
The relation between tourism and the way of life of local communities encouraged the
production of this article, in which the main objective is to investigate the relationship between
the preservation of the Camurupim river and the economic activities carried realized in the river,
mainly discussing the connection between artisanal fishing and tourist activity in the district of
Barra Grande, municipality of Cajueiro da Praia-PI. The methodology used was field research
with a qualitative approach, realized with the application of a semi structured quiz, supported
by direct observation and bibliographical reviews of monographs, articles and books. The
research identified that the relationship between artisanal fishing and tourism activity results in
impacts on the community.
INTRODUÇÃO
A localidade possui um relevante fluxo de turistas que procuram a mesma para a prática
de turismo de aventura, esportivo e ecoturismo. Pode-se citar, por exemplo, esportes como
Kitesurf, Stand Up Paddle, canoagem, pesca esportiva com vara e nado livre e visita a trilha do
Cavalo-Marinho, onde observa-se esta espécie no seu habitat natural. Fica visível a quantidade
de atrativos naturais existentes, sendo esse um dos pontos fortes para o turismo local. Dentro
desta perspectiva, o campo de estudo escolhido para este artigo foi o Rio Camurupim, para
avaliar como a comunidade local e o turismo se desenvolvem, levando em conta que existem
diversos impactos que afetam a área, influenciando a economia, as espécies da região e a própria
comunidade.
Pensar na quantidade de processos e agentes interagindo em um ambiente tão rico em
biodiversidade fez crescer a curiosidade de estudar esse ecossistema e suas interfaces com o
turismo, compreender tais questões é indispensável para entender como a comunidade tem se
inserido na cadeia turística. Neste sentido, surge o objetivo do trabalho, que busca analisar a
relação do turismo com a pesca artesanal no Rio Camurupim na comunidade de Barra Grande,
no município de Cajueiro da Praia, litoral do Estado do Piauí. Compreender o relacionamento
dessas atividades com a comunidade local é relevante para abranger o relacionamento do
turismo com a conservação ambiental e qualidade de vida dos envolvidos nas atividades como
moradores, pescadores, condutores e visitantes, assim como, o próprio desenvolvimento da
atividade turística com responsabilidade.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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Esse segmento do turismo é caracterizado pelo contato com ambientes naturais, pela
realização de atividades que promovam a vivência e o conhecimento da natureza e pela proteção
das áreas onde ocorre, assim fundado nos conceitos de educação, conservação e
sustentabilidade. O ecoturismo pode ser ainda entendido como atividade turística baseada na
relação sustentável com a natureza, comprometidas com a conservação e a educação ambiental.
A definição de ecoturismo segundo Molina (2001, p. 159): "Em temos gerais, entende-se que é
um turismo que tem lugar em ecossistemas, em ambientes naturais, e, por outro lado, que busca
favorecer o conhecimento e aprendizado de manifestações naturais, mediante certas interações
de baixo impacto".
No entanto, a relação entre turismo e natureza pressupõe a utilização de um instrumental
multidisciplinar, em razão da variedade de fatores envolvidos – econômicos, políticos, sociais,
biológicos, legais administrativos etc. –, e da fragilidade dos ecossistemas que são os atrativos
comercializados. Para Cebalos-Lascurátin (apud DIAS, 2003, p.104): "O ecoturismo, como
componente essencial de um desenvolvimento sustentável, requer uma abordagem
multidisciplinar, um planejamento cuidadoso (tanto físico como gerencial) e diretrizes e
regulamentos rígidos, que garantam um funcionamento estável”.
Isso leva a percepção de que o ecoturismo não é apenas publicidade e a proteção de
alguma espécie. Este oferece também o desenvolvimento sustentável para as populações
localizadas em áreas escassas de atividades produtivas, e ainda pode gerar recursos para a
população ou para a proteção de ecossistemas fragilizados.
A partir disso, desprende-se que a atividade turística trás não só retornos culturais, mas
também uma grande quantidade de capital para as comunidades envolvidas em atividades
rentáveis economicamente, tanto em termos de exploração da natureza como a partir de prática
de esportes radicais, como na própria venda de bens nas margens dos locais em questão, tendo
sempre o princípio da sustentabilidade, como dever ser o ecoturismo e seu desenvolvimento.
O RIO CURUPURIM
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região.
Figura 1: Trajetos possíveis realizados para a contemplação do cavalo-marinho durante o passeio turístico
realizado em Barra Grande, PI. Fonte: Galvão, V. - “Definição da capacidade de carga (suporte) para passeio de
contemplação do cavalo marinho da praia de Barra Grande, município de Cajueiro da Praia no interior da APA
do Delta do Parnaíba estado do Piauí, Brasil”.
O Rio Camurupim nasce na cidade de Cocal, na Serra dos Macacos com o nome de Rio
dos Campos. Este atravessa a lagoa do Alagadiço e desemboca na mesma enseada do Rio São
Miguel, só que do lado leste da Barra Grande, que divide as áreas dos municípios de Luís
Correia e Cajueiro da Praia, no Estado do Piauí (PIEMTUR, 2007). O rio ainda passa pela
comunidade que herdou seu nome, pela comunidade de Camurupim, que pertence ao munícipio
de Luís Correia.
O Rio Camurupim, em Barra Grande, faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA)
do Delta do Parnaíba. As APAs têm como objetivo proteger a diversidade biológica, disciplinar
o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Nesse
sentido, o intuito da criação da APA do Delta do Parnaíba é de preservar e conservar os recursos
naturais lá existentes e melhorar a qualidade de vida da população local.
No Rio Camurupim acontecem, por exemplo, atividades como a pesca artesanal e a
criação de ostras, que são algumas das atividades econômicas desenvolvidas nesse manancial.
Com o desenvolvimento da atividade turística na localidade surge uma nova fonte de renda para
a economia local, que lança novas alternativas socioeconômicas para as comunidades que
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trabalham direta ou indiretamente com o turismo. Entretanto, para esse segmento econômico
seja utilizado da maneira correta, é necessário que haja um planejamento adequado, de acordo
com a realidade do lugar, que vise estimular o crescimento do turismo e fazê-lo de forma
controlada, ou seja, sustentável. Sendo assim, faz-se necessário definir um modelo de
desenvolvimento que permita a exploração de atividades sem causar problemas ao ecossistema,
que no caso de Barra Grande (Rio Camurupim) é diretamente influenciado pelo ambiente de
praia (Figura 2).
meses de alta temporada no ano, sendo o segundo semestre o período com mais visitante. Com
a sazonalidade, a procura por passeios ecológicos é grande. Segundo Sousa apud. Galeno (2010,
p. 55), a sazonalidade pode ser caracterizada como a “época de alta estação mais aprazível do
ano”. É nesse momento também que os empreendimentos turísticos tentam de toda as formas
aumentar a sua produção para agradar o grande público que visita a comunidade durante o ano,
especialmente na alta temporada, que vislumbra a “exploração” da atividade turística e os bens
naturais disponíveis.
Um olhar atento para essa exploração do turismo, exercida de forma desordenada, pode
acarretar problemas não só para comunidade, mas também para o Rio Camurupim e todo seu
ecossistema, com a degradação ambiental, que nada mais é do que a perda de espécies nativas.
Por isso, o turismo deve ser avaliado como um fator de mudança social, ambiental e econômica
que deve afetar tanto o Rio Camurupim, quanto a comunidade local com o mínimo de impacto
negativo possível. Além disso, as condições e o modo de vida dos envolvidos também não
podem sofrer mudanças negativas provenientes do turismo, especialmente a pesca artesanal,
que necessita também de um ambiente equilibrado, e que posteriormente pode ser
implementado na atividade como um forte indutor do fenômeno turístico, devido sua
potencialidade, por ser baseado na experiência dos pescadores dessa comunidade. Diante disso,
é importante assinalar as características da pesca artesanal, especialmente, a desenvolvida na
comunidade de Barra Grande. Dentro dessa perspectiva:
A pesca artesanal em Barra Grande é caracterizada pelo domínio de um saber pescar
baseado na experiência e pela propriedade dos meios de produção. É realizada com
instrumentos e procedimentos simples com estratégias diferentes e complexas. Os
pescadores artesanais utilizam locais de pesca específicos (rios, mar, estuário),
variados apetrechos de captura pesqueira (caçoeira, tarrafa, grosseira, anzol, etc.) e
pescam diversos produtos (peixes, moluscos, crustáceos). Sousa (2010 p. 42).
Com o relato do autor, observou-se que a pesca artesanal tem um baixo impacto no
ecossistema, pois os pecadores artesanais investigados utilizam técnicas simples para a
realização da pesca. No período da piracema, os pecadores diminuem a pesca e complementam
sua renda com agricultura de subsistência e outras atividades. É importante frisar que o pescador
local sabe da importância do Rio Camurupim para ele e para a comunidade, por demonstrar
sempre uma consciência ambiental, que é fundamental para manutenção desse ecossistema.
Além disso, a grande maioria dos pescadores entrevistados têm registro profissional na colônia
de pescadores, fator esse que facilita na organização da classe, no desenvolvimento de
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atividades, assim como os diversos processos que podem surgir, como por exemplo, dúvidas,
denúncias, ocorrências de ordem pesqueira ou ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da análise dos 100 (cem) questionários respondidos, a maioria dos respondentes
é do sexo masculino (70%). A faixa etária dos entrevistados que predominou foi de 43 a 53
anos de idade (29%), seguido de 54 a 64 anos de idade (26%). Os demais com idade entre 32 a
42 anos (18%), com 21 a 31 anos (15%), até 20 anos (8%) e acima de 65 anos (6%). Já em
relação ao estado civil, a maioria dos entrevistados são casados (85%), os demais são solteiros
(10%) e viúvos (5%). Dos respondentes, 95% são da comunidade de Barra Grande os demais
(5%) são de Cajueiro da Praia e Parnaíba, que vem ao Rio Camurupim para praticar a pesca
esportiva. Sobre os motivos da ida ao rio, 74% que frequentam o manancial são pescadores
incluindo os que catam ostras, já 22% dos entrevistados vão apenas para o lazer e 4% ficaram
a cargo dos guias turísticos que tem o Rio Camurupim como fonte de trabalho e de comerciantes
que não frequentam o rio, mas comercializam os pescados.
Foi questionado ainda aos respondentes se estes compreendiam o Rio Camurupim como
um atrativo turístico e por quê. Nesse sentido, 90% disseram sim, sendo que a maioria das
respostas estavam atreladas ao “produto” da trilha do cavalo marinho como atrativo turístico,
além da procura de turistas ao rio para prática de esportes. Foi relatado ainda que aves
migratórias têm o rio Camurupim como rota, condição essa que proporciona um espetáculo a
ser observado tanto por turistas que visitam a comunidade quanto pelos próprios moradores,
que também tem a oportunidade de observar estas belezas naturais, que também pode vir a ser
considerado um produto turístico.
Ainda de acordo com a pesquisa foi possível identificar que diversas atividades são
realizadas no Rio Camurupim que vão desde lavagem de roupa, pesca artesanal, pesca esportiva
até a mergulho e passeios turísticos. Quanto à conservação do Rio Camurupim, 90% respondeu
que não estar boa porque quando a maré está vazando o mangue (mangue vermelho) fica seco,
situação essa que demonstra sua poluição (presença de resíduos), que pode acarretar na perda
de espécies, dessa forma, prejudicando a trilha do cavalo marinho, bem como o equilíbrio
ambiental. Os 10% restantes não souberam responder.
Além dessa problemática, foi possível também detectar, por meio das entrevistas e da
observação direta, que o Rio Camurupim, mesmo situado dentro de uma Área de Proteção
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Ambiental, vem sofrendo diversos impactos negativos, que vão desde cultivo de camarões,
extração de areia, à prática de kitesurf que afeta também direta e indiretamente o rio.
Em relação a criação de camarão, esta gera alguns impactos ambientais, desde a
instalação dos tanques que comprometem o manguezal até o acúmulo de sedimentos nestes
locais, mesmo sendo um ecossistema de conservação marítima e fluvial. Oliveira e Mattos
(2007) citam alguns dos benefícios do ecossistema de manguezal, como sendo fontes de matéria
orgânica particulada e dissolvida para as águas costeiras adjacentes, constituindo a base da
cadeia trófica com espécies de importância econômica e/ou ecológica; área de abrigo,
reprodução, desenvolvimento e alimentação de espécies marinhas, estuarinas, límnicas e
terrestres, além de pouso de aves migratórias; proteção da linha de costa contra erosão,
assoreamento dos corpos d’água adjacente, prevenção de inundações e proteção contra
tempestades; manutenção da biodiversidade da região costeira; absorção e imobilização de
produtos químicos (por exemplo, metais pesados), filtro de poluentes e sedimentos, além de
tratamento de efluentes em seus diferentes níveis; fonte de recreação e lazer, associada ao seu
apelo paisagístico e alto valor cênico; fonte de proteína e produtos diversos, associados à
subsistência de comunidades tradicionais que vivem em áreas vizinhas aos manguezais.
Toda a construção de canais e tanques implica em impactos. “Em linhas gerais, os
impactos estão relacionados às mudanças na drenagem, desvio ou impedimento do fluxo das
marés, mudanças nas características físico-químicas do substrato, entre outras.” (OLIVEIRA;
MATTOS, 2007, p. 185). Em Barra Grande, a criação de camarões teve uma baixa aceitação
por parte da comunidade. Em entrevista com os moradores, alguns falam a respeito dos viveiros,
mas conhecidos como “Firma”. Sobre esses relatos os moradores descrevem que: “Nos viveiros,
quando é feita a despesca do camarão eles limpam os tanques com alguns produtos químicos e
despejam a água suja no rio, acarretando mau cheiro na água tem casos que o pescador de
caranguejo reclama de coceiras por causa dessa água suja e fedorenta”.
Quando perguntados se estes já haviam reclamaram da situação dos viveiros com
relação à manutenção, onde há o despejo de produtos químicos no rio, para o órgão competente,
muitos dos nativos não responderam por medo de represália dos donos dos viveiros; alguns
deles têm parentes trabalhando e, para não os prejudicar, optam por não responder. Por outro
lado, os poucos que responderam relatam que: “Por causa dos viveiros o rio abaixou seu nível
em alguns pontos, trajetos que se passava com a canoa agora pode passar a pé como parte do
mangue, que era rota para trilha do cavalo marinho, que agora esperam a maré encher para fazer
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a travessia comprometendo assim a rota”, assim como a sobrevivência dessa espécie, que
necessita do ambiente ecologicamente equilibrado.
Em questionamento com um representante da associação de pescadores se já foi
reclamar sobre tal situação, ele afirma que já, mas toda vez os empresários chegam com a
autorização e licença. Assim ficam sem ter o que fazer e aceitam a posição, mesmo sabendo
dos problemas. Outro problema que atinge mais diretamente o Rio Camurupim é a extração de
areia, acarretando problemas no canal do rio. Seguindo raciocínio, Oliveira e Mello (2016, p.
374) discorrem que: “o efeito imediato e direto desta ação é a redefinição dos limites do canal,
seja pela retirada ou adição de materiais, que por sua vez pode promover uma mudança no
padrão de fluxo e de transporte de sedimentos”. Oliveira e Mello (2016, p. 374) ainda explicam
que “as modificações das condições do canal podem ser propagadas a montante e jusante, bem
como lateralmente, e por outro lado podem impactar os ecossistemas aquáticos”. Essa prática
prejudica o Rio Camurupim e seu ecossistema, o que pode trazer um problema ainda maior se
continuar extraindo de maneira desordenada.
Mesmo ocorrendo esses impactos negativos, devido a ação antrópica, que podem
interferir na dinâmica fluvial e no ecossistemas aquáticos, ainda assim é possível a extração de
areia a partir de fontes localizadas no leito ativo de rio, sem criar impactos ambientais adversos,
desde que dentro das condições naturais de regime hidráulico do sistema fluvial, e mantido as
salvaguardas e práticas apropriadas (Langer & Glanzman 1993, Kondolf 1994a, OWRRI 1995
apud Oliveira e Mello, 2016). Conforme citado acima, é possível extrair sem agredir o meio
ambiente, utilizando práticas apropriadas, apesar de não ter constatado essa informação da
retirada de areia do rio, foram obtidos apenas relatos dos moradores que contam que caminhões
vêm quase todas as semanas, retiram a areia e vão embora. Não se sabe onde eles descarregam
essa areia.
É notório que o Rio Camurupim não está tendo o devido cuidado do órgão competente, sendo
que uma vez colocado em prática a extração de areia do leito do rio, dentre outros problemas já
citados, os efeitos negativos destas ações podem ser irreversíveis. Por outro lado, os bons ventos
da região viabilizam a pratica do kitesurf no distrito de Barra Grande, esporte este praticado
com muita frequência, mas sem a certificação da ABNT ou qualquer outra regulamentação.
Apesar de ser uma área propícia para esta atividade, pode-se perceber em diálogos com os
moradores, que a prática do kitesurf influencia diretamente a presença de peixes próximo a foz
do Rio Camurupim, situação que chega a causar transtornos aos pescadores locais. Diante disso,
um fato em especial, envolvendo pescadores e kitesurfistas foi relatado onde:
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[...] Certo dia, um grupo de pescadores, cansados de voltar para casa “de mãos
vazias” por causa de kitesurfistas que, com a maré cheia, migram para o
estuário do rio Camurupim e ali passam a tarde inteira velejando, “afastando
os peixes” com a agitação e o barulho que as pranchas provocam na água,
“botaram os gringos pra correr”, com facões e remos, ameaçando danificar os
equipamentos dos kitesurfistas. Também destruíram os obstáculos construídos
com troncos de árvores pelos kitesurfistas no intuito de intensificar a
experiência de aventura. (FERREIRA, 2012, p. 02).
Esse conflito dos pescadores com os kitesurfistas pode trazer uma imagem negativa para
a comunidade e para Barra Grande como atrativo turístico. Para pensar em uma solução para
esse conflito é necessária uma intervenção que auxilie conciliação entre ambas as partes,
determinados limites para a prática desse esporte, onde estes deixariam de lado sua execução
próxima a foz do Rio Camurupim, se limitando mais a praia. Os donos de pousadas, que apoiam
a pratica do kitesurf, devem realizar palestras de sensibilização junto aos praticantes e explicar
a importância para não adentrarem na foz do Rio Camurupim e muito menos no próprio rio,
evitando assim problemas futuro.
Quando questionados se a mesma tem conhecimento sobre a água poluída provindas
dos viveiros e despejadas no Rio Camurupim, que segundo moradores acarreta, em vários
problemas, como por exemplo, mau cheiro e coceiras, como resposta a gestora disse que “não
pode afirmar tal questão porque não há um estudo e nem pesquisa na área que possa sustentar
essa informação dada pelos moradores. Ainda assim, cabe ao órgão responsável apurar com
detalhes as reclamações da comunidade de Barra Grande”. Sobre os viveiros, segundo a
representante do órgão, “os proprietários têm licença para estarem no local, mas essa licença
permite impor regras, tais como de não deixar pescadores executar a prática de pesca nas
proximidades.” Ainda assim, moradores relatam que tais proibições estão sendo feitas. É válido
ressaltar que os pescadores se mostram mais preocupados com a manutenção do ecossistema e
sua possível poluição.
Não se sabe ao certo o estado de conservação de forma precisa desse ambiente de estudo.
Como citado antes pela a representante do ICMBio, é necessário haver um estudo mais
aprofundado na região, na qual inclui o Rio Camurupim. Em contraste, é afirmado que já
deveria haver um estudo na área, porém, os responsáveis admitem que por ser uma Área de
Proteção Ambiental fica difícil, uma vez que a área é muito extensa. A atividade econômica
desenvolvida na comunidade, de acordo com a entrevistada, é apenas a criação de camarão.
Entretanto, a atividade turística desenvolvida tem uma movimentação econômica importante
dentro da comunidade, além de outras ramificações socioeconômicas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em meio a esses conflitos uma grande parte da comunidade ainda realiza a pesca
artesanal, um meio de vida simples e de subsistência. Já o turismo, apesar de ser uma atividade
econômica promissora na comunidade, de certo modo vem impactando de forma negativa o
distrito de Barra Grande, tanto nos aspectos socioeconômicos (na maioria das vezes positivos),
quanto socioambientais (principalmente na degradação ambiental). Um fato negativo,
observado pelos moradores, diz respeito aos privilégios que os empreendimentos turísticos têm,
pelo fato destes ter sempre autorização para construir seus estabelecimentos de frente para o
mar. Por outra lado, se algum morador da comunidade decidir construir nestes locais é
derrubado e impedido de edificar, fato que faz a comunidade se sentir excluída do processo de
fomentação da atividade turística, bem como, na aquisição de uma nova renda, por não
participar do fenômeno turístico em si.
Dessa forma, se faz imprescindível a construção de um planejamento estruturado em
locais com alta fragilidade ambiental, que possuem, por exemplo, animais ameaçados de
extinção ou a presença de atividades tradicionais, como é o caso do Rio Camurupim no distrito
de Barra Grande, pertencente ao município de Cajueiro da Praia.
Portanto, o trabalho permitiu observar que existem alguns conflitos e discussões na
perspectiva dos moradores, que foram firmes e consistentes as considerações aqui mencionadas.
A pesquisa também mostrou que estes problemas, caso haja um planejamento adequado, podem
ser verificados e sanados, dessa forma, promovendo atividades socioeconômicas e
socioambientais de forma sustentável, desde que haja a participação de toda a comunidade em
questão, das intuições responsáveis e da garantia que a atividade turística poderá ser fomentada
sem esquecer a população local e seus anseios ou até mesmo a inclusão de forma responsável
e definitiva da pesca artesanal, que certamente será mais uma peculiaridade desta área estudada,
por fim, espera-se que este estudo possa a vir contribuir com outros trabalhos futuros, afim de
contribuir com novas observações, que favoreçam toda a comunidade local e suas respectivas
atividades, especialmente as que envolvem os bens naturais como o Rio Camurupim.
REFERÊNCIAS
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ABSTRACT
Backpacker tourism is determined by diverse motivations caused by the search for contact with
other cultures, environments or by various forms of personal encounter. However, one of the
main characteristics of this segment is the particularity of being carried out cheaply,
individualized or in smaller groups, evidencing at this point an alternative tourism. The city of
Parnaíba, located in the state of Piauí was the object of this study, which had as general objective
to identify the profile of backpackertourists and what their motivations are in knowing the
destination in question. As for the methodological procedures, bibliographic research was
carried out on the subject, correlated with deepening of the differences between these tourists
and the other forms of travel. Finally, we conclude that the demand for backpacker tourism is
a reality that needs to be considered in the local context, mainly due to the growth it has had in
recent years. In addition to having data on the identification of the profile of tourists subject to
the research, as well as their motivations and perceptions about the city of Parnaíba.
INTRODUÇÃO
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343. Apresenta área de 435,6 km², com população de 145.705 habitantes e densidade
demográfica de 334,51 hab/km², sendo que 137.507 dessa população reside na zona urbana
(IBGE, 2018). Seus limites são: ao Norte com o Oceano Atlântico e com Ilha Grande, ao Sul
com Buriti dos Lopes e Cocal, ao Leste com a cidade de Luís Correia e ao Oeste com o Estado
do Maranhão (CEPRO, 2013).
Considerada porta de entrada para o Delta do Parnaíba, ecossistema que faz parte de
uma Unidade de Conservação (UC) na categoria Área de Proteção Ambiental (APA), criada
em 28 de agosto, de 1996, e fiscalizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMbio) (FROTA, 2017). A região da APA possui atrativos turísticos naturais
que fazem parte da Rota das Emoções, roteiro turístico que inclui áreas dos estados do Ceará,
Maranhão e Piauí. Por possuir atrativos naturais e estar localizada no litoral a cidade de Parnaíba
tem forte apelo para o turismo, predominando os segmentos mercadológicos de sol e mar e
ecoturismo. Não obstante, faz-se necessário que se mantenha os olhos para outros que vêm
despontando como o turismo backpacker ou mochileiro.
Apesar de não haver números sobre a demanda do segmento empiricamente percebe-se
o crescimento desse turista, que pratica um turismo alternativo e em grupos menores. Com isso
a cidade que antes direcionava sua estrutura de receptivo para equipamentos aos turistas de
lazer, tem ampliado a oferta de serviços de hospedagem, por exemplo, com a criação de hostels
e hospedagens alternativas. Reforçamos como uma das características do turista backpacker a
busca por serviços econômicos nas viagens. Embora esse segmento se faça presente no contexto
local é visto com pouca convicção, pois aparentemente não apresenta um rentável e imediato
retorno econômico.
Estudos de Silva (2011) e Oliveira (2005) apontam o segmento em questão como uma
forte tendência turística por outras regiões e países, principalmente, nos sul-americanos. Com
base no exposto, essa pesquisa trata de qualificar as dinâmicas do turismo backpacker em
Parnaíba para que possamos refletir sobre as influências desse, além de caracterizar esse turista
e o que estabelece sua permanência. A busca por essa compreensão surgiu por que além de
identificarmos o movimento mochileiro, não existem estudos relacionados sobre a temática na
área objeto de estudo sendo esse pioneiro.
Quanto a metodologia essa pesquisa é de natureza aplicada sendo realizado um estudo
explicativo por meio do método observacional. Quanto aos procedimentos técnicos foram feitas
pesquisa bibliográfica e de campo na perspectiva de estudo de caso, com uma abordagem
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qualitativa tendo como bases teóricas (TRIVIÑOS, 1987; GOLDENBERG, 1997; MINAYO,
2001; FONSECA, 2002 e GIL, 2007).
Os dados secundários foram coletados por meio de questionário semiestruturado com
hóspedes em dois hostels. No referente a amostra foi feita uma amostragem representativa do
universo estudado, do tipo não probabilística por conveniência ou acidental, devido ao
desconhecimento do número total de elementos que se encontra no universo tendo como critério
de escolha a disponibilidade de participar de turistas com perfil backpacker.
Ressalta-se que não definimos a nacionalidade dos sujeitos da pesquisa, pois tentou-se
averiguar se neste ciclo transitório de turistas permeiam variedades de indivíduos. Dessa
maneira participaram da coleta 16 pessoas, os quais se propuseram a responder ao questionário
sem interferência dos pesquisadores. O questionário foi apresentado entre os meses de agosto,
setembro e outubro de 2018, onde se possui um fluxo de visitantes e turistas razoável.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
na categoria de turistas autocentrados, chamado por vezes de egoturistas por assim excluir-se
das outras formas de turismo.
Segundo os estudos de Carvalho (2009), os turistas na década de 70, desenvolveram um
paradigma onde se sobrepujam em duas linhas de tipologias, sendo os turistas
institucionalizados e os não institucionalizados. A primeira divisão trata dos que praticavam o
turismo de massa, geralmente, organizados por agências, com a finalidade de evitar riscos ou
prejuízos no trajeto aos destinos e logo em seguida aqueles que não seguiam à risca
intermediadores, os drifters, chamados assim, como viajantes quase sempre jovens, sem
destinos e por impulso, e os explorers (exploradores), designados aqueles com o propósito de
investigação ou desbravamento.
Logo para Cidade (2012), o mochileiro escolhe passar por situações desconfortáveis
pela pratica mais simples ou de menos consumo do que o turista convencional. Neste momento
o mochileiro acaba sendo designado como hippie, além de haver preconceito por serem
associados as drogas e ao marginalismo, o que faz com o turista backpacker acabe sendo visto
com outros olhares pela população. Pelo menos aqui no Brasil isso ainda é presente,
diferentemente dos países europeus, onde estes adotam disponibilidade e hospitalidade a este
turista, conforme é apresentado nos estudos feitos por REBELO (2012), em Portugal, e
OLIVEIRA (2005), no Brasil. “Se antes o turismo mochileiro era visto como uma atividade
marginal, associada a drogas, aos hippies e aos aventureiros irresponsáveis, hoje, os mochileiros
da Europa, Oceania e América do Norte realizam grandes viagens” (SAWAKI, SAWAKI,
2010). Cabe a reeducação e a transparência ao acesso de informações sobre este turista, e do
modo que este segmento representa para o restante dos locais e regiões que o recebem, visando
sua importância econômica e social, além da transferência cultural gerando um mutualismo de
experiências entre o mochileiro e a população. Embora seja um segmento novo, o turismo
mochileiro deixa explícito a atual formação do turismo, em que a procura de vivenciar os
aspectos mais humanísticos é notável e presente, ou seja, existe uma transformação
generalizada na perspectiva de se fazer uma viagem, seja ela pessoal, como forma de passagem
de uma fase para outra da vida (REBELO, 2012, pag. 18), seja para se auto descobrir em meio
a sociedade, ou até de mesmo buscar novas ideias, visões e expectativas.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
A partir dos dados obtidos observou-se que 69% dos participantes são do gênero
masculino enquanto 31% são do feminino. O número maior de homens se destaca,
possivelmente, pelo estilo de vida que o turismo backpacker “exige”, como pernoitar e transitar
entres cidades ou deparar-se com riscos ao bem-estar físico, que em relação ao gênero feminino
possam ser mais dificultosos ou gerar situações desconfortantes. De acordo com Cidade (2012),
esse tipo de segmento pode apresentar alguns riscos, como roubos durante as viagens, pernoitar
em lugares de difícil acesso, além de outros fatores de constrangimento que possam acontecer.
Quanto à faixa etária (gráfico 1) houve uma grande variação tendo maior destaque as
correspondentes entre 30 a 39 anos com 43,8%, seguido de 25 a 29 anos com 31,3%, e, entre
19 a 24 anos, e, 40 a 49 anos, ambos com 12,5%. Com base nos dados concluímos que o perfil
dos pesquisados corresponde ao perfil mais jovem sugerido por Carvalho (2009), Aoqui (2005),
Oliveira (2005) e Urry (2001). Conforme Rebelo (2012) aponta em seu estudo, por exemplo,
jovens buscam formas alternativas em viajar de forma econômica e independente buscando
trocas de experiências.
Carvalho (2015) qualificam esses viajantes como ego turistas, os que planejam suas próprias
viagens. Para Oliveira (2005), este turista não está focado no consumismo, por isso busca
formas econômicas de viajar. Como reflexão consideramos que o ser ou não mochileiro está
muito ligado a ideia de vivência individualizada para a busca da integralidade maior do ser,
pois o foco não é o de consumir um serviço pronto, comum aos turistas tradicionais, mas de se
permitir a descobrir por conta própria o que é o destino e quais as experiências possíveis nesse.
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Por fim, quando questionados a respeito da opinião que tinham do destino tivemos
diversas respostas conforme quadro 1:
Com base nos dados concluímos que apesar da cidade de Parnaíba ter características
que reforçam o apelo para o turismo e por ser considerada potencialmente turística aos olhos
de quem estuda o campo epistemológico do turismo. Nas percepções dos entrevistados de um
modo geral, identificamos elementos que acusam sobre como o turista backpacker reconhece
ou reconheceu a cidade a partir de suas experiências. Dessa forma, acreditamos que pontos
como esses são relevantes e devem ser considerados pela gestão e para o planejamento turísticos
locais a fim de fomentar quais os modelos mais interessantes de turismo para atender não só a
demanda backpacker, mas de outros perfis. Repensar a cidade considerando o olhar de quem
não é daqui é relevante para o melhoramento dessa, principalmente, quando se trata de um local
que tem viés para o desenvolvimento da atividade turística.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESUMO
O Ecoturismo é uma alternativa de apreciar a natureza sendo um refúgio das atividades
rotineiras dos grandes centros. Áreas de proteção ambiental são salvaguardadas da atividade do
homem contribuindo para a preservação da biodiversidade do bioma e conservação para as
gerações futuras. Desta forma, como esses espaços são receptores de turistas, faz-se necessário
uma estrutura para recebê-los, assim, o principal objetivo do artigo é analisar a estrutura do
Parque Nacional de Sete Cidades localizado no Piauí, a partir da análise SWOT. A metodologia
empregada, foi de cunho qualitativo, bibliográfico e pesquisa de campo. Assim sendo, pode-se
concluir que o PARNA apresenta relevantes pontos fortes e oportunidades para se trabalhar o
turismo, entretanto observa-se necessárias melhorias a serem aplicadas para que se tenha um
melhor atendimento ao turista, além de investimentos em marketing atraindo, assim, mais
visitantes ao PARNA.
ABSTRACT
Ecotourism is an alternative to appreciate nature being a refuge from the routine activities of
large centers. Environmental protection areas are safeguarded from human activity contributing
to the preservation of biome biodiversity and conservation for future generations. Thus, as these
spaces are recipients of tourists, it is necessary a structure to receive them, so the main objective
of the article is to analyze the structure of the National Park of Sete Cidades located in Piauí,
from the SWOT analysis. The methodology used was qualitative, bibliographical and field
research. Therefore, it can be concluded that PARNA presents relevant strengths and
opportunities to work tourism, however it is necessary improvements to be applied in order to
have a better service to tourists, in addition to investments in marketing, thus attracting more
visitors to PARNA.
INTRODUÇÃO
O ecoturismo vem crescendo cada vez mais mediante à fuga dos grandes centros, os
quais possuem um ambiente estressante, fazendo com que as pessoas busquem um contato
maior com a natureza para fugir do ritmo das cidades, de forma consciente e sustentável.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Dito isto, o Brasil é privilegiado com uma variedade de destinos ecológicos, possuindo
cinco biomas (Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Amazônia e Pantanal). Devido à
grande quantidade de recursos naturais e uma variedade de biomas dentro do território nacional,
o Brasil é contemplado com vários tipos de ecossistemas, os quais abarcam diversas espécies
de animais e vegetais, o que proporciona, assim, a sua grande biodiversidade.
Sem embargo, 1Bohrer e Dutra (2009), afirmam que isso não advém apenas da grande
extensão territorial do país, mas também por estar localizado na zona tropical, com grandes
áreas de floresta tropical úmida, bioma que abriga uma proporção extremamente grande do total
de espécies que ocorrem no planeta
Contudo, dentro de cada bioma brasileiro, atuam as Unidades de Conservação (UC), as
quais têm como objetivo primordial a conservação desses espaços, bem como da diversidade
biológica dos ecossistemas, de forma que se preserve todo o patrimônio biológico e natural
existente nessas áreas.
Diante disto, caracterizado como UC de proteção integral, o Parque Nacional de Sete
Cidades surgiu a partir do Decreto Federal nº 50.744, de 8 de junho de 1961 e conta uma área
de 6.303,64 hectares. Localizado no Nordeste do estado do Piauí, o PARNA tem a finalidade
de preservar a biodiversidade e a cultura presentes no local, permitindo apenas atividades
planejadas e sustentáveis.
Dessa forma, o destino possibilita a visitação turística, promovendo o turismo científico,
ecoturismo e turismo de aventura, devido à grande diversidade de ecossistema presente na área,
bem como a possibilidade de realização de trilhas, a presença de cachoeira e de sítios
arqueológicos com pinturas rupestres dos índios tabajaras, cariris, e os tremembés, os quais
residiam no local há muitos anos.
Nessa perspectiva, o PARNA, possui grande potencial de atrativos turísticos para
promover a prática da atividade turística dentro do seu espaço, não obstante, faz-se necessário
que haja uma implementação de uma infraestrutura para uma recepção de qualidade e segurança
desses turistas e visitantes que buscam atividades em áreas naturais, bem como o bom manejo
desses espaços.
1
BOHRER, Claudio. DUTRA, Luiz. A Diversidade Biológica e o Ordenamento Territorial Brasileiro. In:
ALMEIDA, Flávio. SOARES, Luiz (Org.). Ordenamento Territorial: Coletânea de textos com diferentes
abordagens no contexto brasileiro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p. 117-147.
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Diante do exposto, o presente artigo tem como objetivo analisar o PARNA de Sete
Cidades através de uma análise SWOT, observando suas Strengths (Forças), Weaknesses
(Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças), para, a partir disso,
promover melhorias para fomentar o turismo com base em princípios sustentáveis e neutralizar
os pontos negativos.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
2
COUTINHO, Leopoldo. O Conceito de Bioma. Acta bot. bras, São Paulo, 14 jun. 2005. p. 13-23.
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Figura 02: Mapa do PARNA. (Picture 02: Map of the National Park)
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O mesmo possui uma área de 6.221 hectares, com alguns animais de ambos os biomas,
tais como o mocó (Kerodon rupestris), que de acordo com o que consta no Plano de Manejo de
Sete Cidades (1979, p. 28) é o “roedor mais tipicamente característico das áreas rupestres da
caatinga”; cutia (Dasyprocta punctata), jacu (Penelope ochrogaster), veado campeiro
(Ozotocerus bezoarticus), suçuarana (Felis concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis), 22
espécies de cobras catalogadas e 52 espécies de pássaros, e algumas plantas medicinais como a
copaíba (Copaifera langsdorffii).
Ademais da formação geomorfológica presente visivelmente em abundância no
PARNA, como em formatos de elefante, cachorro, tartaruga, o imperador Dom Pedro I, mapas
de países, etc. É interessante mencionar, ainda, pinturas rupestres como aspectos histórico-
culturais, além de cachoeira e piscinas naturais, as quais podem ser visitadas durante o período
chuvoso.
As 7 Cidades
A primeira cidade é conhecida como Pedra do Canhão por conter formações geológicas
que se assemelham ao instrumento utilizado para guerra, podendo ser também comparadas a
troncos de árvores petrificados devido ao seu formato, no entanto, trata-se apenas de uma
formação na rocha ocorrida ao longo do tempo, contendo substâncias químicas como o ferro.
A segunda cidade, por sua vez, é o local no qual se encontra o ponto mais alto do
PARNA, o então denominado Arco do Triunfo, uma homenagem à França, visto que dois
franceses estiveram ali antes do PARNA ser preservado e também devido à sua forma que se
assemelha ao arco francês. O local pode ser chamado ainda de Portal dos Desejos, pelos
moradores do local, que sentiam uma concentração de energia e, dessa forma, começaram a
passar pelo arco e fazer um pedido, pois acredita-se que ao passar, deve-se fazer um pedido ou
desejo. Entretanto, há três desejos os quais não se podem fazer: o casamento, beleza e riqueza.
Além disso, essa formação rochosa também pode lembrar o formato de um tamanduá ou um
elefante.
Foram visitados alguns sítios ao longo do trajeto, os quais são entendidos como as
formações rochosas que contêm pinturas rupestres em sua estrutura. Nesse aspecto, são
catalogados 26 sítios no PARNA, no entanto, apenas cinco são abertos para visitação, visto que
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os demais se encontram em uma área de reserva. Dessa forma, visitou-se um dos primeiros
sítios, conhecido como o sítio da mão de seis dedos.
No PARNA não foi feito um estudo detalhado a respeito das pinturas encontradas na
região, sendo realizada apenas uma sondagem por Conceição Lages, a qual usou o carbono 14,
para dar a datação e ter o conhecimento acerca do material que foi usado para fazer as pinturas.
Tendo isto, as pinturas encontradas do local têm entre 5 a 10 mil anos, e foi usado o dióxido
para fazer o levantamento dos materiais utilizados nas pinturas, tendo sido encontradas:
vegetais, argila e água, as quais misturadas, tinha-se a tinta.
Esse sítio é o único que conta com uma mão de 6 dedos estampado na formação rochosa.
Na parede, pode-se observar, também, pinturas de animais, pessoas, aves, pontos que
provavelmente serviam para contagem, etc. Dentro da área possui duas tradições, as quais são
as pinturas geométricas e pinturas agreste, que serviam como meio de comunicação dos povos
que ali habitaram.
Passando-se para o próximo sítio, sítio pequeno conhecido como cartório, devido à
grande quantidade de mãos estampada na parede em 3 formatos que, segundo Conceição Lages,
essa diferença servia para distinguir as tribos indígenas que fora os tabajaras, cariris, e os
tremembés, porém não há algo que comprove essa teoria. Nos sítios tem-se claramente visível
o problema do cupim, sendo necessária uma limpeza na estrutura da rocha, a qual é feita apenas
por Conceição Lages, pois não é permitido usar qualquer tipo de material químico.
A condutora relatou sobre o recente incêndio que ocorreu no PARNA em 2008, pois no
mês de outubro, novembro e dezembro, a temperatura chega a 40 graus, e a vegetação fica seca
e “toca uma na outra”, o que ocasiona o incêndio, além dos moradores que residem perto do
PARNA e fazem queimadas em suas roças, fato que pode afetar o PARNA. Após o incêndio
foi contratado 12 brigadistas que ficam durante 6 meses fiscalizando, e quando algum morador
próximo faz sua roça, eles ajudam para que não entre no parque. O incêndio danificou a
vegetação, animais, como o tamanduá, tucano, sagui, que ainda era possível ver no ano de 2007
segundo a condutora.
O outro sítio de pinturas rupestres que se visitou, chama-se A Pedra do Americano e
tem mais de 500 pinturas catalogadas. Recebe esse nome pois na década de 1950 passaram dois
norte-americanos que descobriram o sítio, os mesmos tiraram o excesso de areia e catalogaram.
Passando-se algum tempo, o PARNA foi inaugurado e, por conseguinte, eles voltaram a fim de
escavar mais, pois segundo os mesmos, ainda encontrariam mais pinturas, entretanto, não foi
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mais permitido, uma vez que, segundo os moradores, na primeira vez que escavaram, os
mesmos levaram um pedaço de pintura para o seu país, porém sem alguma veracidade.
A próxima parada do trajeto foi na rocha parecida com uma jiboia, na qual embaixo de
sua “cabeça”, assemelha-se a livros empilhados, a cavidade chamada pedra do descanso. Dessa
forma, tal rocha serve de passagem para mirante, passando-se entre o “corpo da jiboia" para se
ter acesso ao mesmo, na qual encontram-se degraus para a conexão até o topo do mirante. O
mirante é o ponto mais alto com 50 metros de altura, 220 acima do nível do mar, e do seu topo
se pode observar 70% do PARNA, do mirante podem ser observadas as “cidades” 6, 5, 4 e 3.
Finalizando a segunda cidade, visitou-se o sítio do camaleão, nome dado por conta de
uma pintura que lembra tal animal. No local, existem, também, alguns pontinhos que lembram
algarismos romanos, pode-se observar que no local havia pinturas mais nítidas, pois, tais não
sofrem tanto com os raios do sol e com a chuva.
Na entrada da terceira cidade, foi visitado outro sítio de pintura, o qual não está
catalogado nos sítios de Conceição Lages, pois foram os próprios condutores do PARNA que
descobriram ao abrir a trilha para diminuir a caminhada no sol escaldante do cerrado-caatinga.
As pinturas são apenas pinturas em formato de traços.
Caminhou-se até chegar na rocha que possui o formato semelhante a três reis magos,
sendo que o do meio se encontra de costas, e os outros dois de perfil, observando a rocha ao
lado chamada pedra do segredo, a qual se assemelha a órgão sexual feminino. A seguir pôde
observar a pedra de D. Pedro I, a qual se caracteriza com o imperador, devido à semelhança do
perfil do mesmo.
Ao lado está a pedra dedo de Deus, pois há uma rocha em formato de coluna,
assemelhando-se a um dedo e está sozinha apontando para o céu. Finalizando, por fim, a terceira
cidade, tem-se a rocha que lembra um castelo, cujo furo em sua estrutura é onde acontece o
solstício de inverno, no qual o sol nasce mais cedo e seus raios entram dentro do furo e vai
crescendo no interior da rocha, até chegar ao outro lado, esse momento acontece apenas no dia
21 de junho.
Na quarta cidade, tem-se o pequeno arco, que ao passar, de mesmo modo que o Arco
do Triunfo, pode-se fazer um pedido. Ali, encontra-se a rocha no formato do mapa do Ceará,
mais a frente temos o mapa do Brasil.
Dando continuidade, tem-se a passagem do índio, cujo nome é devido ao fato de os
moradores acreditarem que serviam para os índios, no entanto, também era usado para os
moradores passarem e deixar a metade dos seus pecados. Dessa forma, ao passar, de acordo
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
com o teste da fidelidade, não pode tocar na rocha. Ao lado temos o beijo dos lagartos, que
segundo a guia, diz a lenda que quando eles se beijassem toda região viraria mar.
Na quinta cidade, visitou-se a gruta do Catirina, um senhor rezador que chegou em 1931
com o seu filho, em busca da cura ou de esconder o seu filho Martinho Ferreira do Egito, pois
o mesmo tinha epilepsia, doença que na época era considerada contagiosa e demoníaca.
Os dois moraram na gruta por 13 anos até seu filho falecer com 52 anos no ano de 1944,
enterrado ao lado da gruta. Catirina tinha desejo de ser enterrado ao lado do filho, porém, não
foi realizado o que o mesmo desejava, pois ele saiu do local e ninguém soube do seu paradeiro
nem onde está enterrado. Na gruta contém um pilão, no qual ele fazia as ervas e pisava arroz.
Passou-se pela sétima cidade de ônibus, local no qual abriga uma rocha que se parece a
um dragão chinês; e a gruta do pajé, local que contém pinturas rupestres nas paredes e no teto
da rocha, identificados como pontinhos e riscos. Seguindo, por fim, para a última parada, a
Cachoeira do Riachão, queda d’água bem presente devido às chuvas, tendo, portanto, encerrado
o trajeto e as atividades guiadas.
3
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza:
Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto nº5.746, de 5 de abril de
2006. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006. Brasília: MMA,
2011. 76 p.
45
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Nesse contexto, o SNUC foi instituído pela Lei número 9.985, de 18 de julho de 2000,
decretada pelo Congresso Nacional, a qual estabelece critérios e normas para a criação,
implantação e gestão das UC, como consta no seu artigo 1º. Tendo pois, isto, sua criação
resultou em uma significativa ascensão na elaboração de um modelo de sistema efetivo de áreas
protegidas no país.
O mesmo, ainda conforme a Lei 9.985/2000, será gerido pelos órgãos: consultivo e
deliberativo, isto é, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA); órgão central, como
o Ministério do Meio Ambiente (MMA); e, por fim, os órgãos executores, como o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Brasileiro do meio
Ambiente (IBAMA); a fim de exercer comando e poder de administração desses espaços
territoriais (as UC).
As UC podem ser divididas em duas categorias propostas pelo SNUC. Nesse aspecto,
tem-se as unidades de conservação de proteção integral e as de uso sustentável, sendo que cada
uma se subdivide em diversas tipologias.
Dessa forma, as UC de proteção integral têm como objetivo fazer a manutenção dos
ecossistemas, visando à sua preservação, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos
naturais. Dentro dessas unidades, enquadram-se como tipologias: estação ecológica, reserva
biológica, parque nacional e monumento natural e suas respectivas definições.
As unidades de uso sustentável, por sua vez, têm como objetivo explorar o meio natural
e seus recursos ambientais renováveis de forma sustentável, socialmente justa e
economicamente viável. Nesse tipo de área protegida, estão enquadradas as categorias: Área de
Proteção Ambiental (APA), área de relevante interesse ecológico, floresta nacional (FLONA),
Reserva Extrativista (RESEX), reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável e
reserva particular do patrimônio natural e suas respectivas definições.
Sendo assim, dentro do proposto, pode-se afirmar que o Parque Nacional de Sete
Cidades está enquadrado dentro da categoria de UC de proteção integral, visto que não é
permitido dentro da área qualquer atividade de exploração como o extrativismo, agricultura ou
moradia no local. E, como já mencionado, tampouco deve ter como objetivo o alojamento de
visitantes como função de hospedagem, sendo apenas um local de passagem.
Silveira4 (2014) afirma que espaço turístico é, em outras palavras, aquele cuja criação
se deu para e/ou pelo turismo e apresenta uma dimensão real e imaginária, podendo ser mapeado
4
SILVEIRA, Marcos Aurélio Tarlombani da. Geografia aplicada ao turismo: fundamentos teórico-práticos.
Curitiba: InterSaberes, 2014.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
METODOLOGIA
5
SILVEIRA, Marcos Aurélio Tarlombani da. Geografia aplicada ao turismo: fundamentos teórico-
práticos. Curitiba: InterSaberes, 2014. 32 p.
6
SEBRAE. Caderno de atrativos turísticos. São Paulo. Disponível em:
http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/e6ab735ac11e71802d2e44c
bce6d63f4/$File/SP_cadernodeatrativosturisticoscompleto.16.pdf.pdf. Acesso em: 12 de nov. 2017. 17 p.
47
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
A análise SWOT tem as iniciais derivadas das palavras em inglês Strengths (Forças),
Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças), conhecida
também como análise FOFA, surgiu a partir da década de 1960, na administração sendo uma
ferramenta dentro do planejamento estratégico, analisado o ambiente interno e externo do local,
a fim de auxiliar na tomada de decisões para atingir o objetivo final, desenvolvendo o turismo
do destino.
7
MARCONI, Marina. de Andrade.; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
166 p.
8
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002
9
MARCONI, Marina. de Andrade.; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
169 p.
48
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
10
DANTAS, Nathallye Galvão de Souza. MELO, Rodrigo de Sousa. O método de análise SWOT como ferramenta
para promover o diagnóstico turístico de um local: o caso do município de Itabaiana / PB. Caderno Virtual de
Turismo, v.8, n.1, 2008. 118 p.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Turismo científico
Monumentos naturais
Após observar os pontos fracos e fortes presentes na análise interna do PARNA, o quadro
02 específica aspectos da análise do que se encontra dentro do ambiente externo do parque,
caracterizados como oportunidades e ameaças.
Assim, como posto dentro do quadro da análise SOWT realizada dentro do PARNA, é
possível observar alguns pontos a serem melhorados para um maior benefício tanto do Parque
como dos visitantes, podendo ser realizados a partir de estratégias
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não obstante, apesar dessa vasta riqueza, percebe-se uma fraqueza no que diz respeito
à visitação e divulgação do Parque, pois nota-se que não há um serviço de marketing
responsável pela sua divulgação. Ademais, percebe-se a falta de incentivo voltada para o
turismo no local, enfocando aqui a presença de um Hotel e um Restaurante que estão
desativados há 10 anos, o que poderia ser uma oportunidade para o desenvolvimento do turismo
no local.
Como uma UC de Proteção Integral, pôde-se notar que o PARNA de Sete Cidades está
legalizado, sendo gerido pelo ICMBio e está seguindo as normas propostas pelo Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), no que diz respeito às UC de Proteção Integral.
Dessa forma, apresenta fundamental importância na proteção de espécies tanto de animais como
vegetais da área de transição dos dois biomas, sendo necessário o controle de pessoas dentro do
PARNA devido À fragilidade do ecossistema.
O programa voluntariado é de suma importância para esse controle e na ajuda da gestão
do PARNA, podendo ser desenvolvidos incentivos voltados para o marketing e para o turismo,
corroborando para o desenvolvimento do espaço. Observou-se, do mesmo modo, que os
condutores são da região, o que é importante, pois possuem conhecimento acerca do lugar.
Assim sendo, faz-se necessário que haja mais trabalhos voltados ao marketing do
PARNA de Sete Cidades, visto que possui uma potencialidade turística considerável, fator que
poderia fomentar de sobremaneira o turismo no PARNA e na região, explorando também os
aspectos como sinalização, acessibilidade, capacitação dos condutores, etc., Diante do exposto,
pode-se concluir que os objetivos da pesquisa foram alcançados na perspectiva do turismo e, a
partir disso, espera-se obter um melhor desenvolvimento do PARNA.
REFERÊNCIAS
COUTINHO, Leopoldo. O Conceito de Bioma. Acta bot. bras, São Paulo, 14 jun. 2005. p. 13-23.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
DANTAS, Nathallye Galvão de Souza. MELO, Rodrigo de Sousa. O método de análise SWOT como
ferramenta para promover o diagnóstico turístico de um local: o caso do município de Itabaiana / PB.
Caderno Virtual de Turismo, v.8, n.1, 2008. 118 p.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MARCONI, Marina. de Andrade.; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
SILVEIRA, Marcos Aurélio Tarlombani da. Geografia aplicada ao turismo: fundamentos teórico-
práticos. Curitiba: InterSaberes, 2014.
52
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
Among the main environmental problems faced by the communities that live around the
Conservation Units are the amount of solid waste produced by people and their final destination,
of which much of the materials that would go to the dumps can be reused. The objective was to
show that materials that are discarded in nature can be transformed into handicrafts and can
generate employment and income and contribute to local sustainability through environmental
education practices. The work was carried out in the Soturno community, around the Palmares
National Forest (FLONA/Palmares). Reuse workshops were held with a focus on
environmental education with minimal materials. The participants were women and many did
some kind of reuse, but without environmental concern, without knowing the harms of the
impacts of solid waste on the environment. There was also a lack of information on the subject.
Activities related to environmental education should be motivating and stimulating that aim not
only at creativity and sensitivity, but also about the importance of daily practices in daily life
for the conservation of the local environment.
INTRODUÇÃO
53
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
A história apresenta dados e fatos de que os primeiros objetos feitos pelo ser humano
eram artesanais. Isso pode ser identificado no período neolítico (6.000 a. c) quando o humano
aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica, e descobrir a técnica de tecelagem das fichas
animais e vegetais (HOLANDA, 2009).
A partir do século XIX o artesanato ficou concentrado em espaços conhecidos como
oficinas, onde um pequeno grupo de aprendizes vivia com o mestre-artesão, detentor de todo o
conhecimento técnico. Este oferecia, em troca de mão de obra barata e fiel, conhecimentos,
vestimenta e comida (HOLANDA, 2009).
A relevância da temática “artesanato”, propriamente dita, distingue-se a se tratar de uma
atividade existente em todo o mundo, sendo uma das mais remotas entre as exercidas pelo ser
humano. Na sua essência, a forma de produzir é exclusivamente do artesão, que tem o livre-
arbítrio de deliberar seu compasso de produção, uso de matéria-prima determinando sua
criação, por meio do seu saber e da sua cultura (LIMA, 2019).
O artesanato congrega o social, o econômico e o cultural do ser humano, proporcionando
emprego e renda para as camadas mais necessitadas, sendo uma ligação de desenvolvimento
deste grupo com o seu ambiente. Na complexa relação entre meio ambiente, sociedade e
economia existente no artesanato são notáveis que a inclusão social e a sustentabilidade
aconteçam por meio do seu desenvolvimento econômico sustentável (SACHS, 2008).
Em um sentido abrangente, a noção de desenvolvimento sustentável se remete à
necessária redefinição das relações entre sociedade humana e natureza, ou seja, uma mudança
substancial do próprio processo civilizatório. Entretanto, a falta de especificidade e a pretensões
totalizadora têm tornado o conceito de desenvolvimento sustentável difícil de ser classificado
no modelo concreto. Diante disso, é possível afirmar que não se constitui um paradigma no
sentido clássico do conceito, mas em um enfoque ou perspectiva que abrange princípios
normativos (GUIMARÃES, 2001).
A noção de sustentabilidade, por sua vez, implica a prevalência da premissa de que é
preciso determinar uma limitação definida nas possibilidades de crescimento e um conjunto de
iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes
e ativos. Isso é viável por meio de práticas educativas e de um processo de diálogo informado,
o que reforça um sentimento de responsabilidade e de constituição de valores éticos
(FLORIANI, 2003).
As premissas teóricas em torno do diálogo de saberes entre educação e meio ambiente,
nas suas múltiplas dimensões e como campo teórico em construção, tem sido apropriado de
54
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
forma diferente pelos educadores ambientais, que buscam uma nova transversalidade de
saberes, um novo modo de pensar, pesquisar e elaborar conhecimento que possibilite integrar
teoria e prática (JACOBI, 2005). O principal eixo de atuação deve buscar acima de tudo, a
solidariedade, a igualdade e o respeito à diferença por meio da forma democrática de atuação
baseada em práticas integrativas e dialógicas. Entende-se que a Educação para cidadania trata
não só da capacidade do indivíduo de exercer os seus direitos na escolha e nas decisões políticas
de como ainda assegurar a sua total dignidade nas estruturas sociais (JACOBI, 2005).
Um dos grandes problemas ambientais atuais é a quantidade de resíduos sólidos
produzidos, dos quais a grande parte dos materiais que iriam para os aterros sanitários podem
ser reaproveitados. Nesse sentido, a Lei Nº 12.305 institui a Política Nacional dos Resíduos
Sólidos, dispondo sobre seus princípios e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas
à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos. São incluídos os perigos, às
responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis
(BRASIL, 2010).
Mediante o exposto, surge a necessidade (e objetivo deste estudo) de investigar o que
as pessoas fazem com esses materiais, bem como apresentar o artesanato como uma forma de
reaproveitamento que além de contribuir para redução dos resíduos sólidos descartados, serve
como fonte de renda e geração de empregos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Junto ao grupo focal foi realizada ainda oficina de artesanato utilizando materiais
reaproveitados e exemplares da flora nativa. A oficina em questão foi realizada visando instigar,
a partir da prática, a produção de artesanato pelas mulheres da comunidade, bem como garantir
a troca de experiências.
Nessa perspectiva, a pesquisa-ação participante serviu de ferramenta de estudo. A opção
da pesquisa-ação para a condução deste estudo se deu principalmente pelo pressuposto de que
ela “é o instrumento ideal para uma pesquisa relacionada à prática” (ENGEL, 2000, p.183).
Junto ao grupo focal foi realizada uma oficina com materiais reaproveitados e
exemplares da flora nativa, a fim de não só instigar para o artesanato como também mostrar na
prática e trocar experiências e também, a pesquisa-ação participante serviu de ferramenta de
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESULTADOS E DISCUSSÃO
57
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Resíduos Sólidos e os 5 R’s (repensar, reduzir, recusar, reaproveitar e reciclar). Logo após essa
explicação elas apresentaram seus pontos de vistas acerca da temática. Seguem algumas
respostas:
Participante 1: “Eu aproveito as garrafas de refrigerante pra botar água na geladeira”.
Participante 2: “Uso as latas secas pra guardar coisas”.
Participante 3: “Uso tecido de roupa velha e saco daqueles grandes de colocar goma e arroz pra fazer
tapete”.
A partir das respostas iniciais das participantes percebeu-se que elas faziam algum tipo
de reaproveitamento, porém sem nenhuma compreensão teórica mais aprofundada sobre
reaproveitamento de resíduos sólidos ou impacto destes no meio ambiente e da importância
disso. Faziam pelo costume de reutilizar esses materiais, principalmente utilizando-os enquanto
utensílios domésticos para guardar alimentos ou água na geladeira. Entretanto, esses objetos
eram utilizados “na sua forma mais bruta”. O artesanato pouco era considerado como uma
opção de reaproveitamento ou forma de customizar tais materiais, deixando-os mais atrativos
tanto para uso próprio como também uma possibilidade de venda, viabilizando, assim, a geração
de renda extra.
Dando continuidade, outras questões foram indagadas as participantes, por exemplo, se
elas faziam ou conheciam alguém que fizesse artesanato com esses materiais ou com
exemplares da natureza (galhos, sementes, cipó). Foi proposta uma troca de experiências
daquilo que elas conheciam sobre isso. Seguem algumas respostas que se destacaram:
Participante 4: “Eu pinto e bordo, faço de tudo. Faço descanso de panela, adorno de caneta, colo
sementes num pedaço de madeira ou no vidro e faço um arranjo de parede”
Participante 5: “A minha filha cobre o CD com crochê e faz flor pra enfeitar”.
Participante 6: “Tenho uma vizinha que pega o pote de vidro enche de terra e faz um vestido de crochê
e fica uma boneca linda que serve de enfeite de mesa ou como peso de porta”
Participante 7: “Faço os tapetes de saco e tecido das roupas de malha que não uso mais”
Participante 8: “Pego o coco babaçu (muito abundante na região) verde abro, colo e faço descanso
de copo”
A partir das abordagens foi possível saber aquilo que elas já conheciam de artesanato,
as habilidades que algumas possuíam. Nesse momento as participantes conseguiram interagir e
acolheram a proposta de troca de experiências. Esse primeiro momento, baseado na
comunicação e troca de experiências, teve o intuito de investigar se os resíduos sólidos eram
reutilizados e de que forma. Em caso de resposta positiva (o que se concretizou) esse
58
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Essa empolgação foi motivada tanto pelo resultado da atividade, na qual aprenderam a
confeccionar novas peças e a incrementar as que já construíam. Neste momento, surgiu por
parte de uma das participantes a ideia de realizar uma feira de artesanato na comunidade,
animando ainda mais as praticantes que já começaram a discutir de que forma se organizariam
para tal evento.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Uma vez por mês acontece na associação de moradores uma reunião com os habitantes
para organização das coisas que acontecem na comunidade. A partir da ideia da realização da
feira ficou acertado entre as participantes que cada uma faria o que tivesse apreendido de
artesanato, e no dia da reunião levariam e montariam um lugar tanto para expor quanto para
vender as peças confeccionadas.
FIGURA 2: Espaço de realização da oficina de artesanato na Associação da comunidade Soturno
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No trajeto desse estudo, tivemos como proposta investigar o que as pessoas fazem com
materiais que seriam descartados, bem como apresentar o artesanato como uma forma de
reaproveitamento que, além de contribuir para redução dos resíduos sólidos descartados, serve
como fonte de renda e geração de empregos.
Assim, a partir da vivência na comunidade percebeu-se a carência de atividades
relacionadas à educação ambiental, bem como a receptividade positiva da execução da oficina,
podendo destacar aqui a abertura das envolvidas na oficina para construção e realização de
novas proposições, atividades similares.
Durante a realização da oficina, as mulheres solicitaram que a equipe não deixasse de
frequentar a FLONA/Palmares e de dar assistência à comunidade levando mais proposições
para educação ambiental e sustentabilidade através de oficinas e minicursos.
Desta feita, ratificamos que este estudo representa um esforço para mostrar que materiais
que são descartados na natureza, podem ser transformados em artesanatos podendo gerar
emprego e renda e contribuir com a sustentabilidade local através de práticas de educação
ambiental
Com este intuito, buscou-se com este trabalho contribuir para o conhecimento sobre o
meio ambiente e sua conservação juntamente com a oficina de artesanato sustentável
incrementado com exemplares da natureza, gerando renda e promovendo empreendedorismo
individual e coletivo na comunidade local.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Federal. nº 12. 305, de 02 de agosto de 2010. Disposições Gerais. Cap. I, art. n º
1. Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Disponível:
61
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305>. Acessado em
18/maio/2019.
ENGEL, Guido Irineu. Pesquisa e Ação. Educar. Editora da UFPR, Curitiba, n. 16, p 183,
2000.
FLORIANI, Dimas. Conhecimento, meio ambiente e globalização. Curitiba: Juruá, 2003.
GUIMARÃES, Roberto. A ética da sustentabilidade e a formulação de políticas de
desenvolvimento. In: VIANA, G. et al. (Org.) O desafio da sustentabilidade. São Paulo:
Fundação Perseu Abramo, 2001.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. História da Civilização. São Paulo, Companhia Nacional.
2009
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em:
<http://ww2.ibge.gov.br/home>. Acesso em 01 mai. 2019.
Instituto Chico Mendes de Conservação Biodiversidade – ICMbio. Unidade de Conservação.
Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/>. Acesso em 10 mai. 2019.
JACOBI, Pedro. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico,
complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, n. 2, p. 233-250, Universidade
de São Paulo. 2005
JACOBI, Pedro. Educação Ambiental e sustentabilidade. Caderno de Pesquisa Mar. São Paulo,
n. 118, p. 191. 2003
LIMA, Ricardo Gomes. Artesanato: cinco pontos para discussão. 2005. Disponível em:
<http://portal.iphan.gov.br/portal/baixarFcdanexo.do?id=569>. Acesso em 16 mar. 2019.
LOPES, Bernarda Elane Madureira. Grupo focal na pesquisa em ciências sociais e humanas.
Revista Educação e Políticas em Debates. v. 3, n. 2, p. 484, ago./dez. 2014
SACHS, Ignácio. Desenvolvimento: excludente, sustentável sustentando. Rio de Janeiro:
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SAUVÉ, Lucie. Educação Ambiental: possibilidade e limitações. Educação e Pesquisa. São
Paulo. V. 31, n. 2, p. 317-322, maio/ago. 2005
TRISTÃO, Martha. Uma abordagem filosófica da pesquisa em educação embiental. Revista
Brasileira de Educação. v. 18, n. 55, p. 855. out/dez. 2013
62
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESUMO
O presente trabalho busca uma reflexão sobre a influência do turismo nas dinâmicas
socioespaciais na paisagem da comunidade de Barra Grande-PI. O turismo se fixou como
elemento dinamizador na localidade, promovendo a comunidade de vila de pescadores a um
destino internacional para turistas. Conflitos e divergências se tornaram mais constantes e o
modo de vida da população local sofreu mudanças sociais, econômicas e culturais. O objetivo
geral do trabalho é discutir introdutoriamente as dinâmicas socioespaciais na paisagem da
comunidade de Barra Grande, em decorrência direta do turismo fixado no local nas últimas
décadas. A metodologia consiste em levantamento bibliográfico e aplicação de entrevista
semiestruturada com atores locais. Percebeu-se que o turismo é um dinamizador das relações
sociais na comunidade, alterando realidades e promovendo ressignificações.
Palavras-chave: Barra Grande; Socioespacial; Comunidade; Turismo.
ABSTRACT
The present work seeks a reflection on the influence of tourism on socio-spatial dynamics in
the landscape of the community of Barra Grande-PI. Tourism has established itself as a driving
element in the locality, promoting the fishing village community to an international destination
for tourists. Conflicts and divergences became more constant and the way of life of the local
population underwent social, economic and cultural changes. The general objective of the work
is to discuss the socio-spatial dynamics in the landscape of the community of Barra Grande, as
a direct result of the tourism fixed on the site in recent decades. The methodology consists of
bibliographic survey and application of semi-structured interviews with local actors. It was
noticed that tourism is a driver of social relations in the community, changing realities and
promoting resignifications.
Keywords: Barra Grande; Socio-spatial; Community; Tourism.
INTRODUÇÃO
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Os moradores locais indagam que a formação de Barra Grande como povoado ocorreu
no século XIX, quando pescadores começaram a ocupar as imediações. O status de colônia de
pescadores persiste associado à imagem de um local paradisíaco que oferece tranquilidade e
belezas cênicas naturais.
Este conjunto de fatores foram propulsores para que entre as décadas de 1970 e 1980
grupos de veranistas e excursionistas começassem a movimentar Barra Grande durante os
períodos de férias. Nos anos 2000 o turismo passou a ganhar mais força com o início da prática
do esporte kitesurf na praia, influenciado diretamente pelo aproveitamento de ventos alísios que
ocorrem na região.
No decorrer destas décadas o turismo fixou-se como um dinamizador das realidades da
praia e do povoado de Barra Grande. Diversos perfis de visitantes passaram a conviver com os
moradores locais apropriando-se dos espaços antes existentes apenas para interações entre a
comunidade. Pessoas de alto poder aquisitivo que anteriormente eram apenas turistas passaram
a montar seus próprios estabelecimentos e a se fixar na localidade. As pousadas são os
principais exemplos destes equipamentos turísticos que surgiram no decorrer dos anos, muitas
destas propriedades de estrangeiros.
Segundo moradores locais, a comunidade passou por uma série de mudanças nos últimos
anos. O que antes se configurava como uma pequena vila com tradições comparadas às de uma
cidade de interior, começou a se consolidar como um destino para turistas do mundo inteiro.
Essas mudanças se referem ao modo de vida desta população, que antes pacata, passou a virar
alvo destas pessoas de fora.
O presente trabalho tem como objetivo discutir introdutoriamente as dinâmicas
socioespaciais na paisagem da comunidade de Barra Grande, em decorrência direta do turismo
fixado no local nas últimas décadas. A metodologia do trabalho consiste em levantamento
bibliográfico de autores que trabalham com temas transversais a pesquisa, como dinâmicas
espaciais, paisagem, cultura, identidade, comunidade, além das relações destes conceitos com
o turismo como fenômeno social. Também foram coletados três depoimentos de moradores de
Barra Grande, uma liderança local e dois profissionais que trabalham como turismo. Os dados
foram coletados em forma de entrevista semiestruturada, que teve como ponto principal a
percepção de cada sujeito sobre a atual relação da comunidade local com o turismo.
64
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Em relação à apropriação do espaço para a reprodução das relações sociais, Carlos (1999,
p. 63) afirma que estas relações entre grupos sociais têm uma existência real enquanto
existência espacial concreta, na medida em que produzem e assim efetivamente a sociedade
produz o espaço. A autora advoga que a sociedade produz relações neste espaço e se apropria
do meio existente, da paisagem ocupada.
O geógrafo norte-americano Carl Sauer (1889-1975) contribuiu com a diferenciação
entre paisagem natural e paisagem cultural. Para ele, a paisagem natural é aquela que reflete as
formas e objetos da natureza, que existe com ou sem o homem (SAUER, 1998, p.29). O
conceito de paisagem cultural surge da interação com o meio natural:
65
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Nos locais onde a origem cultural econômica dos turistas é muito diferente da
população nativa os resultados do convívio entre os dois grupos podem ser
favoráveis, mas a mistura pode acabar sendo explosiva. O chamado ‘efeito
demonstração’ da prosperidade em meio à pobreza pode suscitar um desejo
entre a população local de trabalhar arduamente para atingir níveis superiores
de educação a fim de imitar o modo de vida dos turistas. Por outro lado, em
muitos casos, a impossibilidade dos nativos atingirem o mesmo nível de
prosperidade pode gerar um sentimento de privação e frustração capaz de
encontrar uma saída na hostilidade e até na agressão.
Mercer In Theobald (2002) oferece uma análise interessante em que mostra que as
reações da comunidade anfitriã ao afluxo de turistas e as mudanças decorrentes do turismo têm
sido bem diversas, indo de uma resistência ativa até a aceitação passiva plena e mesmo a adoção
dos padrões culturais dos turistas.
As mudanças culturais são vistas por muitos estudiosos como um fenômeno da
globalização, que influi diretamente na cultura de uma localidade. Segundo Featherstone (1997)
a cultura já não pode mais proporcionar uma explicação adequada do mundo que nos permita
construir ou ordenar a vida cotidiana.
Para fundamentar a análise sociocultural na realidade da praia de Barra Grande devem
ser utilizados os conceitos de insiders e outsiders de Waldren (1996), categorias analíticas
criadas pela autora para explicar as relações entre nativos e forasteiros, do ponto de vista dos
habitantes de Mallorca.
As duas categorias dizem respeito às relações estabelecidas com o lugar: insiders são os
residentes tradicionais da ilha, que estavam lá antes da chegada dos outsiders – turistas e
empresários de fora que se estabeleceram no local.
No início do processo, quando o número de outsiders (que utilizavam a ilha como
refúgio paradisíaco nas férias) era menor do que o de insiders, os primeiros eram bem vistos
pelos segundos. Com o aumento do número de outsiders, os insiders passaram a se incomodar
com as significativas mudanças sociais que se desenrolaram, principalmente porque os insiders
se sentiam menos favorecidos. Os conceitos de Waldren guardam algumas semelhanças com
os conceitos de estabelecidos e outsiders de Elias e Scotson (2000).
Um resultado deste choque de realidades em Barra Grande pode ser observado no
incomodo que os insiders sentem com a cultura predadora dos outsiders. A instalação de meios
de hospedagens em destinos considerados turísticos é um exemplo local já investigado por
Coriolano e Vasconcelos (2007). Os autores atestam em seus estudos que na realidade do litoral
cearense a fixação de grandes estabelecimentos como os resorts, fazem as atividades
tradicionais dos pescadores perderem lugar e representatividade.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Em seus estudos sobre a geografia do litoral, Dantas (2009) advoga que o boom turístico
na região nordeste ocorreu entre o fim da década de 1980 e o início da década de 1990. O dado
do autor remete em especial as capitais nordestinas mas não diverge da realidade de Barra
Grande, que mesmo com o status de pequeno povoado, obteve um começo de ocupação turística
no mesmo período.
O conceito de comunidade defendido por Bauman (2003) deve ser destacado para
contextualizar a situação de Barra Grande. O autor se contrapõe à visão clássica de comunidade,
uma vez que comumente tem-se por comunidade sentimentos de pertencimento, protecionismo
e segurança. Para ele, a comunidade para ser preservada precisa ser vigiada e defendida;
trincheiras e baluartes são os lugares onde os que procuram aconchego, simplicidade e
tranquilidade comunitária terão que passar a maior parte de seu tempo
Sob o olhar geográfico, é preciso compreender que o turismo é um evento que ocorre
dentro de categorias de análises espaciais, pois o mesmo é fruto da contemplação da paisagem,
estando fortemente atrelado a vertente de poder, ou seja, territorialização, e fomentando a
formação de concepções de identidade com o espaço, estando assim atrelado ao conceito de
lugar, havendo forte ligação sentimental e imaterial com o espaço.
Apesar de ser notável na paisagem, ações e padrões sociais vistos como tradicionais, em
determinados aspectos é possível se contemplar maior amplitude para o novo, os fenômenos
globalizados. Hoje as relações cotidianas ainda manteriam esta estrutura, mas em certos
momentos com uma abertura mais ampla para o novo, o globalizado. Nesse caso, o turismo é
provocador de novos diálogos, na maioria das vezes incompreendidos pela estrutura social
local.
O espaço físico de Barra Grande sofreu mais alterações ligadas a oferecer uma melhor
estrutura para a consolidação de um turismo nacional e até internacional, sem incluir
diretamente a comunidade, pois a maior parte destas melhorias são oriundas do setor privado,
fator que explica os persistentes problemas de abastecimento de água e energia, por exemplo.
O meio ambiente, a economia e a cultura local condicionaram-se ao turismo e seus
eventuais benefícios em alta estação e durantes os fins de semana. Esta adaptação tem como
intuito aproveitar positivamente oportunidades para melhorarem as condições de vida destes
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
agentes locais, o que diante de informações colhidas durante pesquisas prévias, nem sempre
ocorreu.
Os moradores que se sentem beneficiados diretamente pelo turismo são geralmente os
incluídos no seu processo de produção e ressignificação, que trabalham formal ou
informalmente com a atividade. É interessante destacar que isso não impede que muitos
envolvidos mostrem-se analíticos em relação à evolução deste turismo ao longo dos anos. Os
residentes que posicionam-se mais críticos em relação a situação da comunidade são moradores
que exercem algum papel de liderança local e mostram-se preocupados a nível de exercerem
papel de vigilantes.
Em razão das profundas relações de antítese, o novo contrapondo o tradicional, as
relações sociais em Barra Grande se assemelham aos conflitos observáveis em áreas litorâneas
brasileiras, entretanto, ambos os saberes e modos de vida possuem seus valores e significâncias
de grupo. A partir de analises geográficas levanta-se como hipótese central a coexistência dos
interesses, os quais naturalmente geram conflitos, mas que em determinados aspectos tem
favorecido o desenvolvimento socioeconômico local.
A população de Barra Grande apresenta uma resistência às pessoas de fora da localidade,
em sua maior parte, curiosamente denominadas de “italianos”. Em pesquisas preliminares
realizadas em Barra Grande constataram-se presentes nas falas dos moradores insatisfações em
relação ao turismo. A dona de casa e antiga liderança local, S. M., argumentou que o
crescimento do turismo ocorreu com o aumento na quantidade de pousadas e com a chegada de
pessoas investindo na implementação de empreendimentos turísticos.
Os turistas que vem pra cá eles poderiam olhar, por exemplo, a comunidade
melhor porque sujam muito, jogam garrafa de água na praia. Eles vêm pra cá
com um único objetivo: brincar e brincar e vão pra praia e acabou-se. Os
meninos tavam me chamando de lanterninha porque eu fiscalizava o que
acontecia aqui com umas ações minhas e da igreja. Eu acho que a gente tem
que preservar, fazer de tudo pra que isso aqui se torne um lugar melhor, um
polo turístico sustentável, que é o que não tá acontecendo no momento.11
11
Entrevista concedida por S.M, dona de casa, a Francysco Renato Antunes Lopes em novembro de 2017.
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Informações obtidas junto a F. O., integrante de uma das associações de guias locais e
ao também guia e membro de outra associação de condutores, D. S., pessoas da comunidade e
de comunidades vizinhas começaram a trabalhar nestas pousadas, mas geralmente em empregos
marginalizados. Nos discursos de todos os entrevistados um ponto em comum que chamou a
atenção foram os casos de prostituição existentes no povoado, o consumo de drogas ilícitas
como o crack e os casos de “homossexualismo”, enfatizados pela moradora S. M. Os
entrevistados atribuem estes fatos existentes a ida de turistas para região, em especial os
estrangeiros, que segundo eles, causam um fascínio na população local.
O turismo faz com que as populações nativas das áreas receptoras reinventem o seu
cotidiano e, normalmente, nesta reinvenção, a lógica da atividade turística se sobrepõe às
tradições locais e à própria identidade da comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
REFERENCIAS
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de: GlobalTourism.
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Zahar, 2003.
CARLOS, Ana Fani Alessandri. Novas contradições do espaço. IN.DAMIANI, Amelia Luisa
et al. (orgs.) O espaço no fim do século: a nova raridade. São Paulo: Contexto, 1999.
CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira; VASCONCELOS, Fabio Perdigão. O Turismo
e a relação sociedade-natureza: realidades, conflitos e resistências. Fortaleza: EDUECE,
2007.
DANTAS, Eustogio Wanderely Correia. Maritimidade nos trópicos: por uma geografia do
litoral. Fortaleza: Edições UFC, 2009.
ELIAS, Norbert. SCOTSON, John. L. Os estabelecidos e os outsiders: sociologia das relações
de poder a partir de uma pequena comunidade. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2000.
FEATHERSTONE, Mike. O desmanche da cultura: globalização, pós-modernismo e
identidade / Mike Featherstone; tradução Carlos Eugênio Marcondes de Moura. – São Paulo:
Studio Nobel: SESC, 1997. – (Coleção Megalópolis).
RUSCHMANN, Doris Van De Meene. Turismo e planejamento sustentável: A
proteção do meio ambiente. – Campinas: Papirus, 1997. – (Coleção Turismo).
SAUER, Carl Ortwin (1925/1998): A morfologia da paisagem. In: CORREA, Roberto Lobato,
ROSENDAHL, Zeny (orgs.) Paisagem, tempo e cultura. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.
WALDREN, Jacqueline. Insiders And Outsiders: Paradise and Reality in Mallorca.
Providence: Berghahn Books, 1996.
70
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Objetivou-se com esta pesquisa discutir sobre a importância do Parque Nacional Serra da
Capivara com relação a geodiversidade, destacando os aspectos do patrimônio geológico-
geomorfológico, e sua contribuição para a prática do geoturismo local e regional. A
metodologia adotada no trabalho constou primeiramente de uma pesquisa bibliográfica sobre a
temática estudada, e a realização de inspeções à campo. Este parque está localizado no Sudeste
do Estado do Piauí, inserido totalmente na região semiárida do nordeste brasileiro, estando sua
área incluída nos municípios de Brejo do Piauí, Coronel José Dias, João Costa e São Raimundo
Nonato. Portanto, o referido parque apresenta uma relevante geodiversidade, principalmente
com relação as paisagens geomorfológicas, que são importantes atrativos na região. O
patrimônio natural tem contribuído para o desenvolvimento da prática do geoturismo, pois a
variedade de sítios presentes no parque, se mostram importantes no contexto dos valores
científico, educacional, cultural e econômico, contribuindo para a ampliação do conhecimento
sobre a geodiversidade e para o desenvolvimento sustentável no estado do Piauí.
ABSTRACT
The objective of this research was to discuss the importance of the Serra da Capivara National
Park in relation to geodiversity, highlighting the aspects of geological-geomorphological
heritage, and its contribution to the practice of local and regional geotourism. The methodology
adopted in the work consisted primarily of a bibliographical research on the theme studied, and
the performance of field inspections. This park is located in the Southeast of the State of Piauí,
totally inserted in the semiarid region of northeastern Brazil, and its area is included in the
municipalities of Brejo do Piauí, Coronel José Dias, João Costa and São Raimundo Nonato.
Therefore, this park presents a relevant geodiversity, mainly in relation to geomorphological
landscapes, which are important attractions in the region. The natural heritage has contributed
to the development of the practice of geotourism, because the variety of sites present in the
park, are important in the context of scientific, educational, cultural and economic values,
contributing to the expansion of knowledge about geodiversity and sustainable development in
the state of Piauí.
INTRODUÇÃO
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As Unidades de Conservação (UCs) podem ser definidas como as áreas instituídas pelo
poder público para a proteção da fauna, flora, corpos d´água, solo, paisagens, e todos os
processos ecológicos pertinentes aos ecossistemas naturais. Estas também protegem o
patrimônio histórico-cultural, referente às práticas e o modo de vida das populações
tradicionais, permitindo o uso sustentável dos recursos naturais (BRASIL, 2000).
Desta maneira, as unidades de conservação servem para assegurar todas as diversidades
e os recursos genéticos associados. A importância dessas áreas para os seres humanos está
relacionada especialmente a regulação da quantidade e qualidade de água para consumo; e
principalmente prover a existência dos ecossistemas e condições ambientais das quais todos
necessitamos (GIANSANTI, 1998; BRASIL, 2000).
Nesse contexto, existem diversas modalidades ou categorias de Unidades de
conservação, que tem como um dos objetivos principais a proteção da natureza, como os
parques federais/estaduais/municipais, as reservas extrativistas, Áreas de Proteção Ambiental,
entre outras, que estão descritas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL,
2000).
Além de dispor e preservar a biodiversidade, muitas unidades de conservação se
destacam devido aos elementos da geodiversidade que caracterizam a paisagem, que segundo
Brilha (2005), este termo está relacionado a diversidade geológica, incluindo não somente os
testemunhos derivados de um passado geológico, como o caso dos minerais, rochas e fósseis,
mas também aqueles processos atuais que darão origem a novos testemunhos.
É relevante ressaltar que no âmbito de discussões sobre geodiversidade encontram-se os
conceitos de geoturismo, geoconservação e patrimônio geológico-geomorfológico. Nesse
contexto, o estado do Piauí se destaca quando se refere a geodiversidade, apresentando em todo
seu território uma diversidade de rochas e formas de relevo, encontradas em sua maioria na
Bacia Sedimentar do Parnaíba (SILVA; LIMA, 2018).
Portanto, entre os locais que apresentam um potencial geoturístico no território
piauiense, se destacando por sua geodiversidade cita-se o Parque Nacional Serra da Capivara.
Criado em 5 de junho de 1979, o parque encontra-se assentado sobre as estruturas geológicas
do cristalino e sedimentar, o que confere ao mesmo uma importância com relação ao patrimônio
geológico e geomorfológico (ICMBIO, 2019).
Reconhecido em âmbito internacional, o Parque Nacional Serra da Capivara tem grande
importância na preservação dos vestígios arqueológicos que são encontrados na área. Esses
vestígios seriam a mais remota ocupação humana da América do Sul, há cerca de 50 mil anos.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Devido a essas especificidades o parque foi inscrito na lista do patrimônio mundial da Unesco
em dezembro de 1991 e tombado como patrimônio nacional pelo Iphan em setembro de 1993
(IPHAN, 2019).
Diante dessa importância, o objetivo do trabalho é discutir sobre a importância do
Parque Nacional Serra da Capivara com relação a geodiversidade, destacando os aspectos do
patrimônio geológico-geomorfológico, e sua contribuição para a prática do geoturismo local e
regional.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
METODOLOGIA
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Aspectos Geológicos
Há 440 e 360 milhões de anos, a região onde se constitui o parque era coberta pelo mar
Siluriano-Devoniano, limitado ao sul pelo escudo cristalino do Pré-Cambriano, onde está
inserida a Província Sedimentar do Parnaíba. Desse modo, a geologia da área de estudo se
caracteriza por duas estruturas geológicas: as rochas do embasamento cristalino e as formações
da bacia sedimentar do Parnaíba. No embasamento cristalino datado do pré-cambriano, são
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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De acordo com Barros et. al (2012), a formação Ipu foi depositada no início do Siluriano
em ambiente fluvial anastomosado com influencia periglacial, apresenta os arenitos,
conglomerados, composto por pacotes de mais de 50 m de conglomerado grosseiro sub-
horizontal e níveis de arenito vermelho em camadas tabulares, deste ponto, Na figura 03,
observa-se uma visão panorâmica de uma extensa área de exposição da formação Ipu.
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Paisagem Geomorfológica
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os vales são mais alargados instalam-se baixões ou desfiladeiros em cujas paredes, erodidas de
forma diferenciada em resposta às características próprias de cada substrato rochoso, diferentes
formas de abrigo foram esculpidas (Ver figura 05)
O relevo homoclinal, com mergulho para o interior da bacia, está representado na forma
de cuestas, de forma dissimétrica, côncavo íngreme, fortemente erodidas, caracterizado por
escarpa erosiva (front) com cornijas, depressão ortoclinal ou vertente do vale transversal
recoberta por pedimento, reverso da cuesta ou topo de inclinação suave e morros testemunhos
(BARROS et. al., 2012) (Ver figura 06).
Figura 06: Front escarpado da cuesta composta por arenitos do Grupo Serra Grande
Ainda conforme Barros et. al., (2012) na área do Parque Nacional Serra da Capivara são
reconhecidas três unidades geomorfológicas, a saber: os planaltos areníticos, cuestas e
pedimentos (ver figura 07). Os planaltos areníticos localizam-se a oeste do Parque, e formam
chapadas do reverso da cuesta, de relevo regular e monótono cuja altitude chega a 630 m.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Aspectos pedológicos
Segundo Barros et. al, (2012), as características dos solos da área em estudo se destacam
por ser predominantemente rasos, pouco espessos, jovens, localmente pedregosos, e fortemente
influenciados pelo material de origem. Desse modo, os solos encontrados no referido parque
formaram-se a partir de alteração de gnaisses, filitos, mármores, quartzitos, xistos, arenitos,
siltitos e folhelhos.
Ainda conforme Barros et. al., (2012) predominam os latossolos, que são ricos em
alumínio e distróficos, de textura média a argilosa, e argissolos vermelho- -amarelos de textura
média a argilosa, fase pedregosa e não-pedregosa. Ainda podem ser encontrados os Neossolos
quartzarênicos, que apresentam boa profundidade, bem drenados, de baixa fertilidade,
relacionadas a áreas de ocorrência de fitofisionomias de caatinga/cerrado/floresta (Ver figura
09).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARROS, J. S.; FERREIRA, R. V.; PEDREIRA, A. J.; GUIDON, N. Geoparque Serra da
Capivara (PI). In: SCHOBBENHAUS, C. Geoparques do Brasil: propostas. Rio de Janeiro:
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BORBA, A. W. Geodiversidade e geopatrimônio como bases para estratégias de
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Estado do Rio Grande do Sul. Pesquisas em Geociências, v. 38 (1), p. 3-13, jan./abr. 2011.
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BRILHA, J.B.R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua
vertente geológica. Braga: Palimage, 2005.190 p. Disponível em:
http://www.dct.uminho.pt/docentes/pdfs/jb_livro.pdf. Acesso em: 05 mai. 2019.
BRITO, Fátima. A Formação Barra Bonita e o registro de “Retroeclogito” no limite entre a
faixa Riacho do Pontal e o domínio Pernambuco Alagoas, Província Borborema. 49º
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GIANSANTI, R. O desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atual, 1998.
GRAY, M. Geodiversity and Geoconservation: what, why, and how? Geodiversity &
Geoconservation, p. 4-12, 2005. Disponível em: < http://www.georgewright.org/223gray.pdf>.
Acesso em: maio. 2019.
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em: http://www.icmbio.gov.br/portal/visitacao1/unidades-abertas-a-visitacao/199-parque-
nacional-da-serra-da-capivara. Acesso em: 19 maio 2019.
ICMBio. Exposições e Ciclo de conferências Serra da Capivara: os brasileiros
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IPHAN. Parque Nacional Serra da Capivara. 2019. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Parque%20Nacional%20Serra%20da%2
0Capivara.pdf
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The project was carried out by students of the Federal University of Piauí, with the main
objective of sensitizing children and adolescents from the communities surrounding the
FLONA Palmares Conservation Unit, about the social, geographical, historical and cultural
importance of the biome that exists on site, through field classes with emphasis on
environmental education. Seven educational dynamics were performed, encouraging the
practice of scientific research through field investigations and observing their previous
knowledge about the biodiversity of the Palmares Forest. It could be observed that practical
activities contributed to a better understanding of those involved regarding the influence of
scientific knowledge on daily life, developing competencies that tend to assume attitudes of
critical citizenship about biodiversity and the relevance of its conservation.
INTRODUÇÃO
Aulas de Campo
É mais do que sabido que as gerações precisam se relacionar melhor com o meio
ambiente. Uma proposta para as crianças é aprender da maneira que elas mais gostam, com
aulas práticas, de forma leve e divertida, para que aprendam a respeitar a natureza e tenham de
fato acesso à educação ambiental na sua vida cotidiana.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Unidades de Conservação
A delimitação de áreas com vistas à preservação de seus atributos naturais evoluiu ao
longo da história a partir de suas raízes em atos e práticas das primeiras sociedades humanas
(MILLER, 1997, p. 134).
Educação Ambiental
A necessidade de explorar os recursos naturais sem considerar as consequências futuras
que tal ato venha a provocar, faz com que se pense em formas de alertar a população sobre esses
problemas, e a melhor forma encontrada é a educação. A educação ambiental tomou formatos
populares no Brasil, por volta da década de 80, haja vista que os problemas ambientais que
assolavam o país e o mundo precisavam ser eliminados ou minimizados (DE ALMEIDA, 2001,
p. 01).
A Educação Ambiental deve ser vista com uma visão interdisciplinar, com caráter
transformador da realidade, onde o ambiente e a sociedade devem caminhar juntos
(RUSCHEINSKY, 2009, p. 425).
Atualmente, a questão ambiental tem alcançado dimensões muito sérias. Disso decorre
a necessidade de trabalhar a Educação Ambiental em seus vários níveis, para todas as faixas
etárias, partindo da realidade local até alcançar dimensões globais e a melhor forma encontrada
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foi a instituição de discussões e conhecimentos sobre Meio Ambiente nas áreas da educação
formal e informal (DE ALMEIDA, 2001).
Partindo do pressuposto que educação ambiental é interdisciplinar e que pode ser
trabalhada em vários meios, ela se faz presente na relação sociedade e natureza, pois é
importante sensibilizar ar crianças a respeito dessa relação.
É preciso preparar os cidadãos para que sejam capazes de participar, de
alguma maneira, das decisões que se tomam nesse campo, já que, em geral,
são disposições que, mais cedo ou mais tarde, terminam por afetar a vida de
todos. Essa participação deverá ter como base o conhecimento científico
adquirido na escola e a análise pertinente das informações recebidas sobre os
avanços da ciência e da tecnologia (SANTOS, 2016, p. 1).
O principal objeto desse projeto foi sensibilizar crianças e adolescentes das
comunidades do entorno FLONA Palmares, sobre a importância social, geográfica, histórica e
cultural do bioma existente no local, através de uma aula de campo voltada para a Educação
Ambiental incentivando a prática da pesquisa científica por meio de investigações em campo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
de áreas que poderiam ser utilizados em aulas de campo. Houve a realização de uma conversa
instrutiva sobre a relevância da aula e o seu funcionamento, sendo tratados os objetivos gerais
das dinâmicas que foram realizadas dentro das trilhas.
De acordo com Micheletti, (2015, p. 01) a Dinâmica de Grupo dá-se através do
momento que temos três ou mais pessoas se comunicando e trocando informações, podemos
dizer que elas estão se movimentando, aprendendo e, se há uma interação, há dinâmica. A
dinâmica de um grupo é o seu movimento e a vida deste grupo é a inter-relação.
Para Marucci, (2015, p. 01) denomina a dinâmica como uma atividade que leva o
grupo a uma movimentação, por exemplo: como cada pessoa se comporta em grupo, como é a
comunicação, o nível de iniciativa, a liderança, o processo de pensamento, o nível de frustração
se aceita bem o fato de não ter sua ideia levada em conta, [...] é um instrumento de aproximação
de interesses.
O pressuposto aqui é que, se o aluno aprender sobre a dinâmica dos ecossistemas, ele
estará mais apto a decidir sobre os problemas ambientais e sociais de sua realidade quando for
solicitado, (MACHADO, 1982, p. 134). Antes da realização da primeira atividade lúdica foram
repassadas informações sobre segurança básica dentro de um ambiente natural, os riscos
apresentados e algumas medidas de cuidado, além do respeito com o ambiente. Nesse momento
os participantes mostraram conhecimento relatando a necessidade de se fazer silêncio ao longo
da trilha e se ter atenção durante todo o percurso, além de citarem a necessidade de se falar
apenas o necessário e andar todos sempre em grupo – sem dispersão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram feitas sete dinâmicas, dentre elas: “Rastros, Objetos e Regurgitos”, “Imagem e
Ação”, “Mimetismo”, “Quem Não se Comunica, se Trumbica”, “Analisando a Minha Trilha”,
“Jogo da Teia Alimentar” e “Caixa Surpresa”. Que serão descritas a seguir.
da exposição da luz no local será importante deixar o gesso “curtir” por tempo necessário até
que esteja apito a ser removido.
2° atividade: “Imagem e Ação”, (Trilha Cedro) foi explicado os objetivos e regras, nela
os participantes formaram duplas e um deles, dentro da dupla recebeu um cartão contendo o
nome de algum animal e o colocou na testa, este tentou adivinhar qual o nome do animal escrito
no cartão fazendo perguntas ao colega, procurando dicas e informações sobre características do
animal. Nessa atividade objetivou-se trabalhar e analisar a elaboração de perguntas
investigativas e o conhecimento da fauna local tendo por base o conhecimento prévio dos
participantes.
receberam alguns cartões contendo nomes de algumas espécies de animais típicos da caatinga.
Esses cartões são duplicados (possuíam dois cartões para cada animal) e os animais escolhidos
emitem sons característicos (macaco, pica-pau, cobra). Aos participantes foi explicado que, ao
sinal, eles deveriam imitar o som do seu respectivo animal na intenção de localizar seu parceiro.
Nessa atividade além do conhecimento local, foram trabalhados os sentidos (principalmente a
audição).
• Pica-pau
• Cancã
• Cobra Coral
• Marimbondo
• Macaco
• Tamanduá
5° atividade: “Analisando a Minha Trilha” (figura 2) nelas os participantes receberam
uma lupa e um pedaço de barbante. O barbante serviu para demarcarem um pequeno território,
a lupa ajudou a realizar uma análise minuciosa na área demarcada pelo barbante. Nessa
atividade os participantes foram tratados como pesquisadores e a eles foi dado autonomia para
escolher o local e analisar aquilo que mais lhes interessava, além de expressarem seus
conhecimentos.
Figura 1: Crianças fazendo investigação de um local
delimitado por elas.
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De acordo com Piletti (1988, p. 06), a aula prática é muito importante para
os estudos de Ciências, pois é por meio dela que o educando aprende a tirar
conclusões e a fazer generalizações sem nenhum “esforço” [...]
desenvolvendo a capacidade de explicar o meio em que vive e podendo
atuar sobre ele.
As atividades lúdicas promoveram aos participantes uma visão diferente do ambiente
percorrido. O significado da atividade lúdica na vida da criança pode ser compreendido quando
se considera a totalidade dos aspectos envolvidos: preparação para a vida, prazer de atuar
livremente, possibilidade de repetir experiências, realização simbólica de desejos (CHATEAU,
1987, p.4). Pôde-se observar a percepção dos envolvidos, citando como exemplo a perspicácia
das respostas quando questionados sobre as diferenças características das duas trilhas e o tipo
de vegetação presente nas mesmas, especificamente na atual estação chuvosa. Eles relataram
que a primeira trilha (Tuturubá) era mais aberta, enquanto a segunda trilha (Cedro) parecia ser
mais densa, fechada e úmida.
Em alguns pontos das trilhas no que se refere as dinâmicas, ficou perceptível que alguns
participantes apresentaram dificuldades em fazer perguntas de caráter investigativo.
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Situação esse que se modificou no decorrer das atividades, concluindo assim que o
objetivo de incentivar a prática de investigação científica foi atingido.
Ao longo de toda aula foram explanados alguns temas sobre o conceito de Fauna e Flora,
qual seria o processo de nascimento das plantas, o que seria equilíbrio ecológico e como os
animais e as plantas locais se relacionam em áreas naturais (a exemplo, foram citados os animais
que espalham sementes por uma área de floresta, reflorestando-a).
O planejamento foi dividido entre o pré-campo, campo e pós-campo. São fundamentais
para que os adolescentes estabeleçam relações entre a aprendizagem significativa e o senso
comum, pois segundo Carvalho, (1992, p. 09) conhecer os problemas que originaram a
construção dos conhecimentos a serem ensinados, sem o que os ditos conhecimentos aparecem
como construções arbitrárias.
Somente três adolescentes presentes disseram concordar com a dinâmica do espelho e
maioria mudou de ideia após ser explicado o quão grande é o impacto que causamos ao meio
ambiente.
Em relação à aula de campo, vincula a leitura e a observação, situações e ações que,
associadas à problematizarão e à contextualização encaminhadas pelo docente, ampliam a
construção do conhecimento pelo aluno (ZORATTO, 2014, p.04), e é perceptível que o uso de
ambientes naturais facilita no processo de ensino e aprendizagem tendo em vista a dinamicidade
que os participantes têm em relacionar conceitos e práticas. No mais, quando em contato direto
com a natureza, os alunos adotam uma visão por compartilharem o saber ao mesmo tempo em
que criam questões sobre o local vivenciado. Ademais, essa visão permite que os indivíduos
participantes de uma atividade em ambiente natural percebam a natureza como um todo e
observar que o meio ambiente é na verdade um laboratório natural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa aula de campo serviu como momento de sensibilização para a causa ambiental,
sendo repassada aos participantes a importância de se ter uma educação ambiental para que
assim sejam preservados os ambientes naturais e as relações que neles existem.
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REFERÊNCIAS
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RESUMO
As aves são o principal alvo do tráfico de animais silvestres no Brasil e correspondem a 80%
das espécies contrabandeadas no mercado negro, que movimenta em torno de três bilhões de
dólares por ano. Com o intuito de fazer o levantamento das aves de interesse econômico da
região, foi realizado o estudo a partir da análise dos Termos de Recebimento de Animais
Silvestres da Unidade do IBAMA de Parnaíba, Piauí. Os termos utilizados correspondem aos
anos de 2013 a 2016. Os dados do levantamento foram organizados em uma tabela que consta
todas as espécies que deram entrada na Unidade no período de análise. Foram analisados 172
termos de recebimento, correspondendo a 462 aves, pertencentes a 40 espécies, 18 famílias e
10 ordens. As Famílias com maior representatividade foram Psittacidae com oito espécies e
Thraupidae com seis espécies, sendo estas especificamente da subfamília Sporophillinae. As
três espécies mais abundantes foram: Dendrocygna viduata (Irerê) com 122 representantes,
seguida de Cacicus cela (Xexéu) 88 espécimes e Sporophila lineola (Bigodinho) com 84
exemplares. Registrou-se que a principal forma de entrada dos animais foi por apreensão, e a
soltura foi o método de destinação mais utilizado. No geral foram 462 aves que deram entrada
na Unidade do IBAMA de Parnaíba. Com estes dados é possível verificar as espécies mais
visadas pelo tráfico no Norte do estado do Piauí.
ABSTRACT
Birds are the main target of wildlife trafficking in Brazil and account for 80% of the species
smuggled on the black market, which moves around three billion dollars a year. In order to
survey the birds of economic interest of the region, the study was carried out based on the
analysis of the Terms of Receipt of Wild Animals of the IBAMA Unit of Parnaíba, Piauí. The
terms used correspond to the years 2013 to 2016. The survey data were organized in a table that
contains all the species that entered the Unit in the analysis period. A total of 172 terms of
receipt were analyzed, corresponding to 462 birds, belonging to 40 species, 18 families and 10
orders. The families with the highest representativeness were Psittacidae with eight species and
Thraupidae with six species, which are specifically from the subfamily Sporophillinae. The
three most abundant species were: Dendrocygna viduata (Irerê) with 122 representatives,
followed by Cacicus cela (Xexéu) 88 specimens and Sporophila lineola (Bigodinho) with 84
specimens. It was recorded that the main form of entry of the animals was by apprehension, and
the release was the most used destination method. Overall, there were 462 birds that were
admitted to the IBAMA Unit of Parnaíba. With these data it is possible to verify the species
most targeted by trafficking in the North of the state of Piauí.
95
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos países com maior diversidade de aves do mundo, possuindo um total
de 1.919 espécies registradas até o momento, distribuídas em 33 ordens e 103 famílias,
incluindo as aves que residem se reproduzem e visitam o país (PIACENTINI et al., 2015). Essa
riqueza corresponde a 21% de todas as espécies conhecidas no mundo (SICK, 1997) ou
aproximadamente 59% das aves conhecidas na América do Sul (SICK, 1997; SILVA, 2007),
no entanto, apesar de ser o país mais rico em diversidade, o Brasil é também o país com maior
número de aves globalmente ameaçadas de extinção (IBAMA, 2012).
O tráfico de animais silvestre é atualmente considerado o terceiro maior comércio ilegal
do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e armas. Neste cenário, o Brasil é um dos
principais países a comercializar e exportar patrimônio faunístico e florístico, sendo
responsável por 5% a 15% deste comércio ilegal. A maioria das espécies que abastecem este
comércio é oriunda das regiões tropicais, as quais detêm maior riqueza de aves (RENCTAS,
2001) que são o principal alvo do tráfico de animais silvestres no Brasil e correspondem a 80%
das espécies contrabandeadas no mercado negro, movimentando um valor em torno de
três bilhões de dólares (RENCTAS, 2015).
O Brasil ainda está muito longe de alcançar um estágio efetivo de combate às ilicitudes
ambientais. Falta ao país uma estratégia de fiscalização que tenha por base a inteligência e a
capacidade de efetivar um rigoroso e necessário controle sobre as atividades que direta ou
indiretamente incidem sobre o patrimônio faunístico brasileiro, pois o tráfico de animais
silvestres continua sendo uma atividade presente no país. Com o intuito de fazer o levantamento
das aves de interesse econômico da região, este estudo se deu a partir da análise dos Termos de
Recebimento de Animais Silvestres da Unidade do IBAMA de Parnaíba, Piauí.
MATERIAL E MÉTODOS
Area de estudo
O estudo foi realizado a partir da avaliação dos Termos de Recebimento de Animais
Silvestres da Unidade do IBAMA de Parnaíba, Piauí. A Unidade localiza-se na Rua Merval
Veras, 80 – Bairro Nossa Senhora do Carmo. Essa é responsável por fiscalizar e atender as
96
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
demandas de denúncias das cidades de Parnaíba, Luís Correia, Ilha Grande do Piauí, Caraúbas,
Buriti dos Lopes, Caxingó, Cocal dos Alves e Bom Princípio (Figura 1).
97
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESULTADOS E DISCUSSÃO
98
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Nome em Nome em
Táxon Status Uso N
Português Inglês
Dendrocygna autumnalis Black-bellied
Marreca-cabocla R AL 21
(Linnaeus, 1758) Whistling-Duck
Anatinae Leach, 1820
Cairina moschata
Pato-do-mato Muscovy Duck R AL 3
(Linnaeus, 1758)
Netta erythrophthalma Southern
Paturi-preta R AL 1
(Wied, 1833) Pochard
PELECANIFORMES Sharpe, 1891
Ardeidae Leach, 1820
Tigrisoma lineatum Rufescent Tiger-
Socó-boi R AL 3
(Boddaert, 1783) Heron
Bubulcus ibis (Linnaeus,
Garça-vaqueira Cattle Egret R AL 1
1758)
ACCIPITRIFORMES Bonaparte,
1831
Accipitridae Vigors, 1824
Rupornis magnirostris
Gavião-carijó Roadside Hawk R AR 3
(Gmelin, 1788)
CHARADRIIFORMES Huxley,
1867
Charadriidae Leach, 1820
Vanellus chilensis (Molina, Southern
Quero-quero R NE 1
1782) Lapwing
Rynchopidae Bonaparte, 1838
Rynchops niger Linnaeus,
Talha-mar Black Skimmer R NE 1
1758
COLUMBIFORMES Latham, 1790
Columbidae Leach, 1820
Columbina minuta Rolinha-de-asa- Plain-breasted
R AL 1
(Linnaeus, 1766) canela Ground-Dove
Columbina squammata
Fogo-apagou Scaled Dove R AL 3
(Lesson, 1831)
Columba livia Gmelin,
Pombo-doméstico Rock Pigeon R AL 1
1789
STRIGIFORMES Wagler, 1830
Tytonidae Mathews, 1912
Tyto furcata (Temminck, American Barn
Rasga mortalha R AR 16
1827) Owl
Strigidae Leach, 1820
Glaucidium brasilianum Ferruginous
Caburé R AR 3
(Gmelin, 1788) Pygmy-Owl
Athene cunicularia (Molina, Coruja-
Burrowing Owl R AR 1
1782) buraqueira
PICIFORMES Meyer & Wolf, 1810
Ramphastidae Vigors, 1825
Ramphastos toco Statius
R AR 2
Muller, 1776 Tucano Toco Toucan
FALCONIFORMES Bonaparte,
1831
99
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Nome em Nome em
Táxon Status Uso N
Português Inglês
Falconidae Leach, 1820
Caracara plancus (Miller, Southern
Carcará R AR 2
1777) Caracara
PSITTACIFORMES Wagler, 1830
Psittacidae Rafinesque, 1815
Ara chloropterus Gray, Red-and-green
Arara-vermelha R AE 2
1859 Macaw
Aratinga jandaya (Gmelin, Jandaya
R, E AE 4
1788) Jandaia Parakeet
Eupsittula aurea (Gmelin, Peach-fronted
R AE 2
1788) Periquito-rei Parakeet
Eupsittula cactorum (Kuhl, Periquito-da-
Cactus Parakeet R, E AE 7
1820) caatinga
Forpus xanthopterygius Blue-winged
Tuim R AE 2
(Spix, 1824) Parrotlet
Pionus menstruus Maitaca-de- Blue-headed
R AE 1
(Linnaeus, 1766) cabeça-azul Parrot
Amazona amazonica Orange-winged
Curica R AE 6
(Linnaeus, 1766) Parrot
Amazona aestiva (Linnaeus, Papagaio Turquoise-
R AE 7
1758) verdadeiro fronted Parrot
PASSERIFORMES Linnaeus, 1758
Tyrannidae Vigors, 1825
Fluvicolinae Swainson, 1832
Xolmis cinereus (Vieillot,
Primavera Gray Monjita R AE 2
1816)
Corvidae Leach, 1820
Cyanocorax cyanopogon
Gralha-cancã White-naped Jay R, E AE 7
(Wied, 1821)
Turdidae Rafinesque, 1815
Turdus fumigatus
Sabiá-da-mata Cocoa Thrush R AE 5
Lichtenstein, 1823
Turdus rufiventris Vieillot, Rufous-bellied
R AE 9
1818 Sabiá-laranjeira Thrush
Mimidae Bonaparte, 1853
Mimus gilvus (Vieillot, Tropical
R AE 5
1807) Sabiá-da-praia Mockingbird
Icteridae Vigors, 1825
Cacicus cela (Linnaeus, Yellow-rumped
Xexéu R AE 88
1758) Cacique
Icterus jamacaii (Gmelin,
Corrupião Campo Troupial R, E AE 6
1788)
Gnorimopsar chopi
Pássaro-preto Chopi Blackbird R AE 7
(Vieillot, 1819)
Thraupidae Cabanis, 1847
Thraupinae Cabanis, 1847
Paroaria dominicana Cardeal-do- Red-cowled
R, E AE 12
(Linnaeus, 1758) nordeste Cardinal
100
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Nome em Nome em
Táxon Status Uso N
Português Inglês
Tachyphoninae Bonaparte,
1853
Coryphospingus pileatus Tico-tico-rei-
Pileated Finch R AE 2
(Wied, 1821) cinza
Sporophilinae Ridgway, 1901
Sporophila lineola
Bigodinho Lined Seedeater R AE 84
(Linnaeus, 1758)
Sporophila plumbea (Wied, Plumbeous
Patativa R AE 1
1830) Seedeater
Sporophila caerulescens Double-collared
Coleirinho R AE 4
(Vieillot, 1823) Seedeater
Sporophila leucoptera White-bellied
R AE 1
(Vieillot, 1817) Chorão Seedeater
Cardinalidae Ridgway, 1901
Cyanoloxia brissonii Ultramarine
Azulão R AE
(Lichtenstein, 1823) Grosbeak 13
TOTAL = 40 Espécies 462
Fonte: Autores (2019)
Legenda: R= Residente, E= Endêmico, AE = Animal de Estimação, AR= Ave de Rapina, AL=Alimentação, NE=
Não especificado, N= Número de Espécimes.
As duas famílias que se destacaram com maior número de espécies foram Psittacidae
(n=8) e Thraupidae (n=6), sendo esta especificamente da subfamília Sporophilinae. A grande
representatividade dessas duas famílias também foi destacada em trabalhos realizados nos
estados do Rio Grande do Sul (FERREIRA; GLOCK, 2014; ARAÚJO et al., 2010) e em Minas
Gerais (GOGLIATH et al., 2010; SOUZA; VILELA, 2013; SOUZA; VILELA; CÂMARA,
2014). O interesse por essas famílias está relacionado principalmente à beleza das cores,
plumagens e à melodia de seus cantos, além de possuírem uma ampla distribuição geográfica e
alta diversidade (GOGLIATH et al., 2010).
A representatividade dos Psittacidae no Brasil deve-se por este ser o país mais rico do
mundo em diversidade desses animais. Desde 1500 essa riqueza foi reconhecida, sendo
designado como “Terra dos papagaios” (SICK, 1997). Os Psitacídeos são aves bonitas, fáceis
de domesticar e inteligentes, sendo capazes de imitar a voz humana, são consideradas as aves
mais populares e procuradas como animal de estimação (RENCTAS, 2001). Em papagaios
silvestres a disposição de imitar sons manifesta-se raramente, diferente dos que são criados
como animais domésticos, uma vez que estes são estimulados reincidentemente a vocalizarem
(SICK, 1997).
Os Thraupidae possuem excepcionais qualidades canoras fazendo com que estes sejam
os pássaros mais disputados e melhor conhecidos pelo país (SICK, 1997). Dentro da família
101
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Figuras 2 A-D. Aves com maior índice de exemplares depositados no IBAMA de Parnaiba
102
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
No ano de 2014 a Unidade do IBAMA de Parnaíba recebeu vários espécimes por meio
de entrega voluntária, pelo fato da iniciação do projeto de reintrodução de papagaios em uma
das cidades que a Unidade atende. A iniciativa do projeto teve repercussão na mídia local, sendo
outro fator que incentivou as entregas. Portanto, a entrega voluntária ocorre mediante alguma
pressão, por meio da fiscalização ou quando o cidadão se conscientiza que comete um ato ilícito
ao manter em cativeiro um animal silvestre.
A apreensão é o método mais utilizado para recolhimento dos animais silvestres
mantidos em cativeiro. Geralmente ocorrem por meio de atendimentos de denúncias, ou
mediante ação fiscalizatória realizada pelo IBAMA. As apreensões podem ser realizadas por
outras entidades com poder de fiscalização, dentre eles PRF e PM. Diferente da entrega
voluntária, a apreensão tem aplicação de multa.
Matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar, utilizar espécimes de fauna silvestre, nativos
ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente, ou em desacordo com a obtida: multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) por
indíviduo de espécie não constante de listas oficiais de risco ou ameaça de extinção. Multa de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por indivíduo de espécie constante de listas oficiais de fauna
brasileira ameaçada de extinção, inclusive da Convenção de Comércio Internacional das
Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção – CITES (BRASIL, 2008).
103
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
As multas são diversas e estão intimamente ligadas com o tipo de infração cometida,
com a espécie, com o fato de o exemplar estar ou não na lista dos animais com risco de extinção,
com o número de exemplares apreendidos, entre outros fatores, sendo responsabilidade do
fiscal, analisar o caso e depois aplicar a multa que mais se adeque ao tipo de infração.
Muitos dos espécimes que são apreendidos, geralmente apresentam estado debilitado,
como resultado dos maus tratos do tráfico. Gogliath et al., (2010), relatam que as aves
apreendidas muitas vezes estão em estado precário de vida, algumas são multiladas, passam
fome, sede e calor, além das que acabam vindo a óbito devido às condições inadequadas de
vida.
Entre as espécies apreendidas pelo IBAMA de Parnaíba, Dendrocygna viduata obteve
alta frequência, sendo inclusive a espécie com maior número de exemplares (n=122). Esta
espécie pertence à família Anatidae. No Piauí, os anatídeos são capturados em enormes
armadilhas colocadas nos habitats onde os bandos costumam ficar, geralmente em lagos e rios,
o que possibilita o aprisionamento de grande quantidade de espécimes. Após a captura são
vendidos para o consumo e ornamentação (DE MOURA et al., 2012).
A quantidade de espécimes registrados nesta pesquisa é superior aos encontrados por
Ferreira e Glock (2004), que registraram 63 exemplares na região do Rio Grande do Sul, visto
que, nesta região, estes animais não são tão apreciados quanto no estado do Piauí. No entanto,
foi inferior aos 344 espécimes registradas por De Moura et al., (2012) em Teresina, Piauí, já
que se trata de um estudo realizado pelo Centro de Triagem do IBAMA, que recebe exemplares
das outras unidades do estado.
As espécies que deram entrada na Unidade do IBAMA de Parnaíba podem ser
organizadas em três grupos principais, mediante a finalidade que estas espécies são utilizadas
pelos criadores.
O primeiro grupo é formado pelos Passeriformes e Psittaciformes que correspondem a
59,95% das aves do estudo. Os representantes desse grupo são, na maioria das vezes, utilizados
como animais de estimação. A criação de aves silvestres como animal de estimação está
presente na vida humana há muito tempo. No Brasil os índios já criavam e utilizavam os animais
como adorno e ornamentação, portanto, a criação de aves faz parte da cultura brasileira antes
mesmo do seu descobrimento (RENCTAS, 2001; CAMARGO; CAMARGO; SUEIRO, 2010).
Os Psittacidae são destaque globalmente como animais de estimação por serem formosos e
possuírem a capacidade de imitar a voz humana associada com sua inteligência. Os
Passeriformes também são as aves mais comercializadas pelos traficantes devido aos belos
104
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
cantos dos seus representantes (GAMA; SASSI, 2008). Por serem tão cobiçadas, essas aves
possuem um valor econômico altíssimo (PEREIRA; BRITO, 2005).
O segundo grupo é formado pelos Anseriformes e Columbiformes, correspondendo a
33,77% dos espécimes que deram entrada no IBAMA. Os representantes desse grupo são
apreciados como fontes de alimentação. Os anatídeos caracterizam-se como importante reserva
econômica para o país, visto que estes são utilizados como fonte de alimentação e também de
renda resultante do comércio ligado à cinegética (SICK, 1997). Bezerra, Araújo e Alves (2011)
ressaltam seis famílias utilizadas como fonte alimentar. Dentre elas se destaca a família
Columbidae, que de acordo com os autores, os representantes dessa família apresentam uma
carne saborosa e rica em proteína, assim como ocorre com as outras famílias. No trabalho os
autores enfatizam que o consumo alimentar de aves faz parte da cultura Nordestina.
O terceiro grupo é composto pelos Strigiformes (corujas) e Falconiformes (carcará) que
correspondem a 5,84% das aves do estudo. Os representantes dessas ordens são conhecidos
como as aves de rapina. Normalmente não são criadas como animais domésticos, na realidade
elas provocam medo na sociedade, visto que associam algumas aves de rapina, em especial as
corujas, como sinal de azar e os Falconiformes, como perigosos (SICK, 1997). A entrada dessas
aves na Unidade do IBAMA ocorreu por captura, mediante solicitação da sociedade. Pagano et
al. (2009) e Santos et al. (2011), também obtiveram resultados semelhantes quanto a
representatividade dessas ordens na procedência captura.
Das espécies que deram entrada na Unidade do IBAMA durante os anos de 2013 a 2016,
a maioria, cerca de 94,6%, foram soltas em fazendas cadastradas. Os espécimes que estavam
muito debilitados ou que precisavam de cuidados eram encaminhados para o CETAS de
Teresina, em especial os da família Psittacidae porque eles eram os principais alvos dos maus
tratos do tráfico. Um espécime de Ramphastos toco da família Ramphastidae também foi
encaminhado ao CETAS por precisar de atendimentos médicos.
O método de soltura é o mais utilizado para destinação das aves que foram apreendidas.
A predominância da soltura também foi observada no trabalho de Destro et al., (2012) e Ferreira
e Glock (2004). Embora a soltura seja a destinação mais simples e bem vista, em alguns casos,
ela pode não ser a decisão mais responsável e correta a ser tomada (SILVEIRA, 2016). Na
maioria das vezes, as solturas ocorrem sem seguir um critério científico, apenas liberando no
mesmo local da apreensão. As solturas realizadas de forma irregular podem trazer grandes
riscos ecológicos (RENCTAS, 2001). Faz-se necessário a ampliação de pesquisas nesse tema,
pois são pouquíssimos os protocolos de reintrodução na natureza disponível para aves
105
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
CONSIDERAÇÕES FINAIS
106
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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108
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
Protected natural areas are extremely important for the maintenance of biological diversity,
besides being very rich environments in life enabling the teacher to tie its contents through
educational experiences in the field, providing encouragement, logical reasoning, curiosity and
interaction with its students, favoring a more meaningful learning. The objective of this work
was to characterize protected natural areas for activities in science teaching as practical field
classes in an interdisciplinary perspective. It was developed in the Conservation Units: National
Forest (Flona) of Palmares; Integral Protection Area (APA), Parnaíba Delta and National Park
(PARNA) Serra da Capivara between March and May 2019, through photographic records,
notebooks and field records in order to identify the places visited and perceptions of those
involved, in view of a qualitative approach. All the places visited were selected in relevance,
their historical, cultural and environmental importance in which it allows to improve the quality
of learning within the teaching of sciences in non-formal environments. In view of the analysis
of the data collected during the practical field classes, a broader description and characterization
can be made about the importance of protected areas for the development of educational
activities. This work provides technical-scientific support for teachers, since it has the entire
109
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
INTRODUÇÃO
110
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Ao passar dos tempos educadores perceberam que esses espaços são grande atrativo
natural que poderiam ser grandes escolas ao céu aberto, principalmente envolvendo a área de
ciências, justamente por reunir em um único espaço toda diversidade ecológica. Mas como
atrelar ao ensino de ciências dentro dessas áreas protegidas? Possuímos a necessidade
imprescindível de melhorar o ensino básico no Brasil, em particular, o ensino de ciências. O
ensino correto de ciências encoraja o raciocínio lógico e a curiosidade, ajuda a formar cidadãos
mais aptos a enfrentar os desafios da sociedade e fortalece a democracia, dando à população
em geral melhores condições para participar dos debates cada vez mais sobre temas que afetam
nosso cotidiano (ABC, 2008).
Infelizmente o que tem ocorrido nas escolas é só mera transmissão de conhecimento,
fazendo com que o ensino se torne cada vez mais tradicional, ocasionando insatisfação por parte
dos alunos. Segundo Freire (2005), a educação deveria ir muito além da repetição, constituindo-
se em um instrumento de libertação, de superação das condições sociais vigentes. Isto quer
dizer que a educação precisa ser problematizadora e reflexiva fazendo com que o aluno busque
soluções para os problemas cotidianos. Por isso a importância de se trabalhar os conceitos
ambientais em sala de aula, para que os alunos solucionem problemas do dia-a-dia se
sensibilizem em relação às questões ambientais. Uma maneira de se conseguir desenvolver está
capacidade no aluno é trabalhando a Educação Ambiental nas escolas.
De acordo com a lei 9.975/99, educação ambiental consiste em processos por meio do
qual o individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, essencial á sadia
qualidade de vida e sua sustentabilidade. Além disso, é um componente essencial e permanente
da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal. (BRASIL, 1999).
O professor poderá atrelar o conceito de Educação ambiental (teoria) com a prática,
propondo aulas práticas de campo em áreas protegidas para os alunos, criando roteiros com o
intuito de que os alunos se tornem pessoas capazes de refletir, questionar e propor soluções
eficazes.
A Aula de Campo é uma ferramenta didática que auxilia na superação de vários desafios
e atua como sendo uma facilitador da aprendizagem, De acordo com Lima e Assis (2005, p.
112), “o trabalho de campo se configura como um recurso para o aluno compreender o lugar e
o mundo, articulando a teoria à prática, através da observação e da análise do espaço vivido e
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Caracterização da Área
Os locais onde o trabalho foi desenvolvido foram os seguintes municípios: Altos,
Parnaíba e Coronel José Dias, todos pertencentes ao estado do Piauí. A escolha ocorreu devido
aos três municípios citados, fornecerem subsídios suficientes e diversificados como dados para
a produção do trabalho, além de serem locais bem acessíveis e que se conciliam ao tema
trabalhado.
Área de Trabalho.
O trabalho foi desenvolvido nas seguintes Unidades de Conservação: Floresta Nacional
(Flona) Palmares, Área de Proteção Integral (APA) Delta do Parnaíba e Parque Nacional
(PARNA) Serra da Capivara (Figura 01).
A Floresta (FLONA) de Palmares está localizada no município de Altos-PI. Trata-se de
uma unidade de conservação (UC) federal de uso sustentável criada em fevereiro de 2005, com
extensão de 170 hectares. É uma área de transição entre os biomas da Caatinga e Cerrado, e ou
Caatinga e Matas dos Cocais, sendo caracterizada como área de tensão ecológica sobforma de
enclave ecótono (Território ou trato de terra de um país, encerrado no território de outro
contendo mistura florística entre outros tipos de vegetação (ICMBIO, 2008).
A segunda, Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba foi criada em agosto
de 1996, possuindo uma área de 307.590,51 hectares e abrange três estados do Nordeste, Piauí,
Maranhão e Ceará, percorrendo todo litoral Piauiense.
O Parque Nacional (PARNA) da Serra da Capivara foi criado através do Decreto de nº
83.548 de 5 de junho de 1979, com área de 100.000 hectares. A proteção ao Parque foi ampliada
pelo Decreto de nº 99.143 de 12 de março de 1990 com a criação de Áreas de Preservação
Permanentes adjacentes com total de 35.000 hectares. (ICMBIO, 2018).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Diante das análises dos dados coletados durante as visitas em campo, pode-se fazer uma
descrição e caracterização mais ampla sobre a importância das áreas protegidas para o
desenvolvimento de atividades educativas de forma interdisciplinar, além de possibilitar a
preservação e conservação da biodiversidade local, propiciando o contato direito dos alunos
com todo contexto social, cultural, histórico e ambiental do ambiente visitado. Nesse contexto,
segundo VALENTI; OLIVEIRA; DODONOV E SILVA (2012. p.268) afirmam que a
conservação da biodiversidade é um dos importantíssimos componentes para a sustentabilidade
dentro das suas dimensões ecológicas, econômicas e sociocultural, na qual as áreas protegidas,
ou unidades de conservação assumem o principal papel de conservação biológica junto à
diversidade cultural associada a ela.
Dentre os diferentes ambientes o educador pode abordar diversas temáticas dentro do
ensino de ciências. Na figura 2, apresentamos os assuntos possíveis a serem trabalhados na
Flona Palmares:
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Fonte: própria
Nesta área percebe-se uma grande variedade de flora e fauna, podendo ser enfatizados temas
da biodiversidade e sua importância para o meio ambiente (Figura 03).
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Fonte: própria
Devido a sua relevância e suas características naturais, o Delta do Parnaíba, possui uma
variedade de espécies tanto de flora e fauna. O local é um bioma onde se encontram os mangues
e são de suma importância preservá-lo e conservá-lo para as gerações futuras. O educador
poderá abordar questões socioambientais (Figura 05) aliadas à práticas de educação ambiental.
Fonte: própria
Diante das observações e anotações a Serra da Capivara possui um grande acervo a céu
aberto com grande relevância para humanidade. Nesse quadro há diversos assuntos que o
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podem ser abordados em aulas práticas de campo, dos quais destacamos: variedade do solo,
clima, relevo, fauna e flora, além dos aspectos históricos e antropológicos do lugar, com
exuberante beleza cênica, de riquezas culturais e patrimoniais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
biodiversidades são locais bem propícios à aprendizagem, já que possibilita o contato direto
entre os aprendizes e a natureza, estimulando-os a uma aprendizagem significativa através das
práticas educativas.
Este trabalho demonstra que as aulas de campo podem ser consideradas ferramentas
eficazes e efetivas, favorece aos educandos construção de atitudes e valores de conservação e
preservação da natureza, podendo destacar a formação de pessoas mais sensíveis e críticas
quanto aos cuidados com a mesma, além de ser momentos oportunos e privilegiados à
aprendizagem.
Por tanto, é de grande relevância colocar em uso todo conhecimento construído
durante esses momentos, e a busca de novas alternativas de envolvimento aos discentes com
aquilo que aprendam, que seja de estrema importância para nossa sobrevivência e bem estar do
planeta como o cuidado da biodiversidade, oferecendo oportunidade de interagir, criticar e
buscar soluções para os problemas enfrentados. Nesse sentido é que o mesmo possa fazer
grande diferença no âmbito do ensino de Ciências Naturais, na temática da Biodiversidade das
áreas protegidas.
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ABSTRACT
Regarded as one of the segments of tourism, ecotourism combines the principles of
environmental conservation with the involvement of local communities, being embraced by the
concept of sustainability and making use of natural and cultural heritage, combining them with
the promotion of the well-being of populations and adopting as an intermediary the incentive
to preserve natural environments. Currently, ecotourism is one of the priority segments for the
development of tourism in Brazil. In this sense, it is important to have studies carried out in
Conservation Units with the objective of raising the potentialities and improving the points that
need attention for the proper implementation of ecotourism in these areas. Within this area, the
present work aims to produce a strategic environmental diagnosis for the Palmares National
Forest, in Altos - PI, starting from the study of its current difficulties and potentialities. For the
preparation of the study, we started from the literature review and direct observations, in loco.
From the perspective of objectives, this work is considered exploratory. Research was done in
journals, dissertations, books and articles that addressed topics related to ecotourism, the
Palmares National Forest and problems and solutions related to conservation units. For the
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survey and evaluation of the difficulties and possibilities for the implementation of ecotourism
at FLONA Palmares, we used, through the volunteers working at the UC, the SWOT Matrix,
which pointed out as potential of FLONA its rich fauna and flora, trails and openness to
teaching and research activities. On the other hand, the matrix demonstrated that the Unit lacks
better management and more security. With the analysis of the SWOT Matrix of the Palmares
National Forest, it was perceived that the Unit has potential for the development of Activities
related to ecotourism, but needs solutions to be established to solve its current difficulties.
INTRODUÇÃO
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PROCEDIMENTOS METÓDOLOGICOS
A Floresta Nacional de Palmares é uma Unidade de Conservação Federal de Uso
Sustentável localizada no município de Altos, no Estado do Piauí. Legalmente instituída por
intermédio do Decreto Presidencial de 21 de fevereiro de 2005, a FLONA Palmares é
considerada a Primeira e única Floresta Nacional em território Piauiense. Possuindo uma área
aproximada de 170 hectares, ela é tida como um espaço que abriga uma rica e variada Flora e
Fauna, com exemplos de espécies botânicas da Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia, além de
espécies de animais silvestres, entre mamíferos, répteis e aves. Por conta do desordenado
crescimento urbano, ações antrópicas e uma insuficiente gestão administrativa, a FLONA
Palmares encontra-se prejudicada e com um funcionamento chegando às raias do desfecho.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base na literatura e nas respostas dadas pelos voluntários, propomos uma
sistematização dos atuais problemas que dificultam a implantação do ecoturismo na Floresta
Nacional de Palmares, além das possibilidades que a UC possui para realização desse segmento
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No contexto da FLONA, as trilhas podem ser utilizadas como via de condução para o
ambiente natural que a UC em questão possui, para contemplação da natureza, além da
possibilidade de serem praticados esportes radicais, a recreação e o ecoturismo (GUALTIERI-
PINTO et al., 2008). Decerto, as trilhas da FLONA têm um grande potencial pois são ricas em
pontos interpretativos e possuem uma estrutura física, biofísica, paisagística e ecológica
apropriada para a recepção de pessoas dos mais variados públicos (FEITOSA et al, 2013).
Outro grande potencial que a Unidade possui é a abertura para a realização de aulas e
atividades práticas de campo. Para Fernandes (2007), a aula de campo seria toda aquela que
contempla a locomoção e a mudança dos discentes para um ambiente dissemelhante aos espaços
de estudo contidos em ambientes formais de ensino. A FLONA Palmares, por ser uma Unidade
de Conservação de Uso sustentável, possibilita com certa flexibilidade a realização de
atividades práticas, já que elas apresentam menores restrições de uso pois seu objetivo básico é
justamente compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela de seus
recursos naturais (ARAÚJO, 2007).
Sobre os pontos fracos da FLONA, 66,6% das respostas foram atribuídas à falta de
sinalização e placas indicativas ao longo das trilhas. Já 58,3% das respostas relataram que a UC
conta com uma pequena quantidade de profissionais qualificados para trabalharem em uma
Unidade de Conservação, sendo destacada a falta de pessoal para a atuação como guias nas
trilhas. 41,6% das respostas destacaram a pouca divulgação e segurança que o local possui e
33,3% mencionaram a má gestão da parte administrativa como fator que inibe o desempenho
da FLONA. 25% das repostas descreveram a pouca quantidade de recursos que o local possui
e outros 16,6% das respostas destacaram a falta do pano de manejo.
Apesar de possuir um número expressivo e com uma boa estrutura biofísica e
paisagística, as trilhas da FLONA Palmares são limitadas no quesito sinalização. Ao longo delas
faltam placas contendo informes sobre distância a ser percorrida ao longo de cada trilha, o grau
de dificuldade que elas possuem, as indicações de direções para se chegar a locais específicos,
além dos animais e plantas que podem ser encontrados ao longo do caminho. As poucas placas
que a FLONA possui indicam apenas os nomes das trilhas e são encontradas no início de cada
uma, não trazendo mais informações. Para Ikemoto (2008), a presença das placas ao longo das
trilhas possibilita a visita autoguiada, agrega atratividade às trilhas, além de sinalizarem
informações importantes para o visitante sobre conteúdo ou orientação.
Outro ponto que requer atenção em relação às fraquezas da FLONA é a quantidade de
profissionais que fazem parte do atual quadro administrativo. Tal precariedade pode encontrar
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respaldo no fato de a UC não possuir um Plano de manejo (ROCHA et al, 2015), o que facilitaria
o manejo em si e a gestão adequada da Unidade. No mais, tal insuficiência administrativa é
central em relação a outros problemas encontrados na FLONA já que essa insuficiência
influencia na gestão de modo geral. Para se ter sucesso em relação às UCs, é preciso mais que
um rico patrimônio natural, é necessário que seja adotada uma gestão que busque articulações
com outras instituições e faça da UC um espaço para diálogo, aliando-se com a comunidade,
aproximando o conhecimento tradicional com o conhecimento científico, adotando, assim, uma
gestão integrada e participativa (BRASIL, 2018).
Em relação às oportunidades, 41,6% das respostas destacaram o ecoturismo e o
turismo como alternativas oportunas à FLONA Palmares. 25% das respostas descreveram a
necessidade de ser dar visibilidade à Unidade por meio de divulgação em mídias e outros 25%
relataram a necessidade de atrações e eventos envolvendo a UC. 16% das respostas afirmaram
que o local necessita de pesquisas por parte da comunidade acadêmica e outros 16%
descreveram a necessidade de articulações políticas ou com entidades que possam subsidiar
ações na FLONA.
O ecoturismo é tido atualmente como um dos segmentos do turismo que mais ganha
força, além de ser portador de um grande potencial por ser um instrumento com capacidade de
incrementar a renda das comunidades tradicionais no contexto das áreas naturais (PORTO;
CARDOSO; SILVA, 2014). Na conjuntura das Unidades de Conservação, é importante que se
perceba os valores ambientais e culturais que essas áreas possuem, valores que podem se
converter em atrativos de ecoturismo, integrando o circuito de turismo da região onde a UC se
encontra (BRASIL, 2018).
De acordo com Coelho (2006), o ecoturismo prima pelo baixo impacto causado na
natureza por conta da quantidade de pessoas que participam de suas atividades e pela proposta
de usufruir de forma sustentável o espaço turístico. Para tal é relevante que esse segmento seja
realizado de modo planejado e assim não acabe se tornando mais uma forma de apropriação do
espaço natural. No entanto, tal potencialidade não tem sido reconhecida na FLONA Palmares
devido à falta de recursos para nutrir atividades e serviços dirigidos a visitante e por ela possuir
um insuficiente número de pessoas atuando no local, o que dificulta a realização de atividades
relacionadas ao segmento ecoturismo.
No quesito visibilidade à UC, é percebível a falta de divulgação nos mais diversos
meios de comunicação sobre as atividades e atrativos que a FLONA Palmares possui. Sendo
assim, a parcela de público que realiza visitas à FLONA é circunscrita a estudantes e
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pesquisadores que vão ao local para estudos e afins. Dentro desse contexto, a Educomunicação,
segundo Menezes (2015), seria uma alternativa de associar a Comunicação com a Educação
Ambiental no intuito de contribuir com os objetivos da comunicação. Na FLONA Palmares,
essa associação mobilizaria uma gestão participativa da UC, trazendo atores sociais que podem
compartilhar informações da Unidade. Assim, a população de modo geral teria a oportunidade
de reconhecer a área, o papel desse local e sua importância.
Outro ponto que merece destaque é a necessidade de pesquisas no meio acadêmico, o
que viria a contribuir com a própria divulgação de informações para a comunidade científica a
respeito da FLONA Palmares. A WWF-Brasil (2008) preceitua que a pesquisa científica
relacionada tanto à biodiversidade da UC quanto a gestão, serve de subsídio na formulação de
políticas públicas para a Unidade, além de ser aporte para o manejo adequado da área natural.
No tocante às ameaças, 50% das respostas relataram o fator segurança como sendo
motivo que prejudica a execução dos objetivos da FLONA. Outros 50% destacaram como
ameaças as ações antrópicas como elementos externos e inibidores que prejudicam a atuação
da UC. 33,3% das respostas descreveram a Construção civil e a urbanização como sendo motivo
que ameaçam a Unidade em questão. Já 16,6% das respostas destacaram a falta de verba e
recursos e outros 16,6% apontaram o próprio risco de fechamento.
Em verdade, a FLONA Palmares encontra-se situada ao lado da Colônia Agrícola
Penal Major César Oliveira, uma unidade penitenciária pertencente à Secretaria de Justiça do
Estado do Piauí. Tal fator acaba levando um status de insegurança para a UC já que a alguns
apenados da Penitenciária têm como rota de fuga as áreas no entorno da FLONA e, como dito
preteritamente, a FLONA conta com um número muito limitado de funcionários, dentre estes
os próprios seguranças do local. Tal limitação impede um monitoramento adequado da Floresta
e do seu entorno.
Quanto às ações antrópicas, muitas vezes as áreas protegidas são ilhas isoladas de
remanescentes naturais, imersas em uma matriz de paisagem antrópica (LIMA; DORNFELD,
2014). De acordo com informações prestadas pela Administração da FLONA, essas ações vêm
ocorrendo de modo mais pontual e em menor quantidade, isso por conta da sensibilização que
as comunidades no entorno têm sobre a Unidade. Para Feitosa et al. (2014), a presença da UC
proporcionou a essas comunidades uma mudança no comportamento já que antes as ações como
a caça e as queimadas eram mais constantes na região.
No quesito da construção civil e urbanização, a UC vem sofrendo perdas com o
desordenado crescimento urbano. Ao lado oeste da flona, como dito anteriormente, encontra-
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESUMO
O artigo discute o princípio responsabilidade de Hans Jonas e a educação ambiental a partir de
uma única perspectiva: a vida no planeta Terra. Em sua obra O princípio responsabilidade:
ensaio de uma ética para a civilização tecnológica (1979), o filósofo apresenta os fundamentos
éticos para o meio ambiente e critica a técnica moderna a qual é uma ameaça a biodiversidade.
Essa postura filosófica reflete um novo paradigma no campo da ética levando o homem a pensar
nos direitos de cada ser vivo. Assim, a discussão sobre o tema pretende defender a tese de que
a responsabilidade ambiental e essencial para a preservação dos seres vivos.
ABSTRACT
The article discusses hans jonas' responsibility principle and environmental education from a
single perspective: life on planet Earth. In his work The principle of responsibility: essay of
an ethics for technological civilization (1979), the philosopher presents the ethical
foundations for the environment and criticizes the modern technique which is a threat to
biodiversity. This philosophical posture reflects a new paradigm in the field of ethics leading
man to think about the rights of each living being. Thus, the discussion on the subject intends
to defend the thesis that environmental responsibility is essential for the preservation of living
beings.
O texto tem como tema a ética ambiental e pretende questionar as posturas do homem
moderno em relação à natureza. É oriundo de pesquisas bibliográficas e está fundamentado na
filosofia de Hans Jonas.
Hans Jonas, filósofo alemão, publicou em 1979 a obra “O princípio responsabilidade:
ensaio de uma ética para a civilização tecnológica”i. Tratá-se de uma crítica a técnica moderna
e aos filósofos antropocêntricos. Nesta perspectiva, é possível investigar com o tratado os
fundamentos éticos que equivalem à preservação do meio ambiente. Pensa-se assim, porque
propõe o princípio responsabilidade um imperativo fundamental para a vida no planeta Terra.
Tratando-se de uma filosofia, pensou-se que a sua teoria pudesse contribuir para a tríplice
retomar\debater\aplicar com a possibilidade de uma responsabilidade segura para a existência
da vida no planeta.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
consegue dar uma evolução aos instrumentos que eram usados para a produção de alimentos.
Nem a pedra lascada, nem a pedra polida podem ser consideradas um mal para os homens.
Lidavam com a techné de modo simples e em nenhum momento poderiam ser pensadas como
um problema para os seres vivos. No entanto, o perigo não estava nas engenharias das cavernas
e em sua evolução.
O povo grego, no período clássico, desenvolveu um sistema fechado de sociedade. É
possível encontrar nessa sociedade uma preocupação com a formação do cidadão grego. A pólis
para os gregos, neste espaço de tempo, era o centro em que os filósofos, Platão e Aristóteles,
especificamente, se preocupavam. Eles escreveram tratados referentes ao bem viver: Platão
escreveu n‘A República a cidade ideal e Aristóteles na Política sua concepção de estado.
Até aqui, foi preferido apresentar duas realidades que tem um significado para a
exposição da temática. Pode-se dizer que a evolução da técnica e o modo de pensar
antropocêntrico, em especial, dos gregos são conduzidos ao grande risco que, ante o momento
da evolução do saber científico, o homo sapiens vai aos poucos desenvolvendo. O problema da
técnica pode melhor ser entendida com o seguinte argumento:
Hans Jonas cita o coral da Antígona, de Sófocles (2006, p. 31) para melhor expressar a relação
desastrosa entre a antiga técnica e a moderna.
Na pólis a responsabilidade dizia respeito ao agir eticamente diante de outro ser
humano. Virtuoso é o nome dado por Aristóteles àqueles que se apresentassem medianos. Na
Ética a Nicômaco é possível perceber as características antropocêntricas que correspondem a
um bom cidadão.
Os antigos que desenvolveram uma técnica para melhor lidar com os desafios da
natureza e mais tarde em beneficio aos povos nômades não eram prejudiciais aos mesmos, pois
a terra tinha capacidade de se auto-renovar, o trabalho exercido sob o meio ambiente era
insuficiente para um desastre ecológico.
que a todos mais supera, na sua eternidade, ele a corta com suas charruas,
que, de ano em ano, vão e vêm, fertilizando o solo, graças à força das
alimárias! Os bandos de pássaros ligeiros; as hordas de animais selvagens e
peixes que habitam as águas do mar, a todos eles o homem engenhoso captura
e prende nas malhas de suas redes. Com seu engenho ele amansa, igualmente,
o animal agreste que corre livre pelos montes, bem como o dócil cavalo, em
cuja nuca ele assentará o jugo, e o infatigável touro das montanhas. E a língua,
e o pensamento alado, e os sentimentos de onde emergem as cidades, tudo
isso ele ensinou a si mesmo! E também a abrigar-se das intempéries e dos
rigores da natureza! Fecundo em recursos, previne-se sempre contra os
imprevistos. Só contra a morte ele é impotente, embora já tenha sido capaz
de descobrir remédio para muitas doenças, contra as quais nada se podia fazer
outrora. Dotado de inteligência e de talentos extraordinários, ora caminha em
direção ao bem, ora ao mal... Quando honra as leis da terra e a justiça divina
ao qual jurou respeitar, ele pode alçar-se bem alto em sua cidade, mas
excluído de sua cidade será ele, caso se deixe desencaminhar pelo Mal.
No canto é possível notar que o homem lhe dá com a natureza, ainda, de forma
equilibrada, embora use de artimanha para se autobeneficiar. Mesmo assim, não se pode dizer
que este seria um problema para a humanidade, para a biodiversidade. Porém, notam-se as
possibilidades de avanços, especificamente, nos instrumentos confeccionados pela inteligência
humana. Ele evolui e desenvolve técnicas cada vez mais sofisticadas e que melhor corresponda
aos seus desejos.
Hans Jonas, com o texto citado, apresenta a ideia de que o homem pertence à natureza.
Por isso, deve ser compreendido como o mais habilidoso, porém não o mais importante. A
habilidade, característica do homem, é compreendida como a forma/modo de lhe dá com as
coisas que lhe rodeiam. Cabe a ele usar essa capacidade para perpetuar a vida no planeta. A
cidade do homem não é apenas um espaço geográfico, mas a Terra. Então, a sua racionalidade
deve contribuir para o bem de todos os seres vivos. Este equilíbrio contradiz a destruição, o pôr
em risco algo que não tem dono.
A notícia que chegou aos leitores do G1, a seguir, Centenas de animais marinhos surgem
mortos em praias de São Paulo, mostra o problema da evolução da técnica. Ei-la:
mais de 200 animais marinhos foram encontrados mortos nas areias das praias
da Baixada Santista e Litoral Sul de São Paulo entre sexta-feira (16) e sábado
(17). Só neste sábado foram encontrados mais de 120 pinguins, três tartarugas
e outras cinco aves marinhas em Peruíbe. Outros 22 animais foram achados
mortos em Praia Grande. Técnicos investigam a causa da mortandade, que
pode estar ligada à frente fria associadas a correntes marítimas. Um dia antes,
56 pinguins, três tartarugas e um golfinho foram recolhidos sem vida em Praia
Grande. Apenas uma tartaruga sobreviveu e foi encaminhada para o Aquário
de Santos. Em Iguape, no Litoral Sul, os que conseguem sobreviver recebem
o atendimento da Polícia Ambiental. Biólogos e técnicos fizeram o
reconhecimento das espécies. Os pesquisadores vão encaminhar alguns
140
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
animais para a Universidade de São Paulo, onde serão feitos estudos para
identificar a causa do número elevado de mortesv.
Hans Jonas (2006, p. 32) diz que “a violação da natureza e a civilização do homem
caminham de mãos dadas” pode-se dizer que este caminho é o espaço entre a preocupação com
o seu desenvolvimento na pólis até os dias atuais. A natureza está perdendo para a
irracionalidade humana, o seu espaço. Ela está sendo menosprezada pela civilização
antropocêntrica. “Antes de nossos tempos as interferências do homem na natureza, tal como ele
próprio as via, eram essencialmente superficiais e impotentes para prejudicar um equilíbrio
firmemente assentado” (idem).
Contrário a isso, com o desenvolvimento das técnicas do homem, o perigoso problema
compromete a preservação do meio ambiente. Da técnica o homem passa ao homo faber e é a
esse que o Princípio Responsabilidade se apresenta com maior significado e é urgente. Por isso,
da ética do agora, Hans Jonas apresenta e propõe a ética do agora e do futuro. É preciso cuidar
responsavelmente dos bens que é de toda a humanidade e ela é responsável por cuidar e procurar
meios para que outros possam apreciar e ter os mesmos cuidados. É preciso, portanto, agir
responsavelmente para com o patrimônio da humanidade.
Desse modo, a Educação Ambiental e o Princípio Responsabilidade de Hans Jonas
andam juntos, sendo que, este procura dar fundamentos para uma educação consciente e
libertadora de campanhas de consumo levando às ações concretas.
Sobre a responsabilidade, Hans Jonas entende como algo que está inebriado às questões
valorativas. “[...] é o cuidado reconhecido como obrigação em relação a um outro ser, que se
torna ‘preocupação’ quando há uma ameaça à sua vulnerabilidade” (idem, p. 352). Não se trata
de algo que é um bem para o ego, mas um bem comum. No entanto, é preciso entender que:
nenhuma teoria voluntarista ou sensualista, que define o bem como aquilo que
desejamos, é capaz de dar conta desse fenômeno primordial da existência, pois
a responsabilidade de lidar com a reivindicação de um deve-se imperativo, o
fundamento psicológico da capacidade de influenciar a vontade, isso é o
fundamento racional do dever. A responsabilidade para Hans Jonas tem um
aspecto objetivo (o da razão) e um subjetivo (o da emoção). (idem, p. 157).
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ameaçado e é a ele que a responsabilidade deve se voltar. Isso acontece quando existe a culpa,
o medo que possa corresponder aos crimes cometidos a um bem.
Diante disso, Peter Singer (2002, p. 296) diz que: “nossa posição traça os limites das
considerações morais que dizem respeito a todas as criaturas sencientes, mas deixa os outros
seres fora desses limites”. É perguntado “tenho o direito?” Por isso, é necessário compreender
que a ameaça poderá privar as futuras gerações de conhecer e apreciar a diversidade natural que
está ao seu redor.
A posição de Hans Jonas é a conclusão pertinente a qual estas discussões se dirigem:
“um patrimônio degradado degradaria igualmente os seus herdeiros” (2006, p. 353). Logo, a
defesa de um Princípio Responsabilidade como fundamento para a Educação Ambiental torna
o direito à vida um patrimônio exclusivo de cada ser vivo. É preciso pensar nas situações
ecológicas de nossos tempos e também a posterior. Reciclar, cuidar, pensar, amar, desapego...
são algumas medidas que o homem moderno deveria realizar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Martin Claret,
2007. (Coleção a obra prima de cada autor).
BOFF, Leonardo. Ética e eco-espiritualidade. Campinas, SP: Versus, 2003.
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização
tecnológica. Tradução do original alemão Marine Lisboa, Luiz Barros Montez. Rio de Janeiro:
Contraponto PUC-RIO, 2006.
ZIRBEL, Ilze. Pensando uma ética aplicável ao campo da técnica: Hans Jonas e a Ética da
Responsabilidade. Socitec e-prints. Florianópolis. V. 1, n. 2, p. 3-11, jul-dez, 2005. Disponível
em: <http://www.socitec.pro.br/e-
prints_vol.1_n.2_pensando_uma_etica_aplicavel_ao_campo_da_tecnica.pdf>. Acesso em: 18
de abr. de 2011.
SINGER, Peter. O meio Ambiente. In: __. Ética Prática. Tradução de Jefferson Luiz
Camargo. 3º ed. São Paulo: Martins Fontes, p. 279-304, 2002.
<*>. Trabalho desenvolvido a partir do projeto de Extensão Fundamentos Éticos para o Meio
Ambiente cadastrado na PROEAC – UEPB.
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i. Tradução do original alemão Marine Lisboa, Luiz Barros Montez. Rio de Janeiro: Contraponto PUC-
RIO, 2006.
ii.
As ações ilegais dos humanos contradizem essa luta. Foi apresentado no veiculo de comunicação
“Do globo natureza” que Garimpos ilegais podem aumentar desmatamento da Amazônia em MT.
Disponível em: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/08/garimpos-ilegais-podem-aumentar-
desmatamento-da-amazonia-em-mt.html. Acesso em: 14 de agosto de 2011.
iii. São gases resultantes das atividades do ser humano. O CO2 é responsável por 64% do efeito
estufa. Seus responsáveis são: o petróleo, gás natural, carvão e a desflorestação. O CFC corresponde
a 10% no processo de efeito estufa. São usados em sprays, motores de avião, plásticos, e solventes
usados em indústria de eletrônica. O CH2 por 19%. É produzido por campos de arroz, por gado e pelas
lixeiras. O HNO3 por 6 % e surgem da combustão da madeira e de combustíveis fósseis, também, pela
decomposição de fertilizantes químicos e por micróbios. Esses dados podem ser conferidos no Manual
da CF de 2010. Edições CNBB, no capítulo VER: As atividades do ser humano que mudaram o planeta.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
This article arose through a research that had as object of study the stories and /or oral reports
of the community of Canarias, located in the Canary Island, Delta of the Parnaíba River, Middle
North of Brazil. Aiming to identify the meaning of their objects and knowledge for themselves,
and that from this perspective can generate a reflection in the inhabitants themselves about the
past, the social memory that hangs there, the understanding of the present and the reflection of
the near future, that is, reflect on a sustainable local development formed by local actors,
members of the community. The qualitative methodology was used for this research based on
bibliographies and ethnographic methods. It was a work accompanied for two years that it was
possible to perceive an area with significant tourist potential and singular ancestral knowledge,
however, are rapidly lost with the arrival of globalization, and that arises from this problem the
opportunity of tourism to intervene through interdisciplinary planning.
Keywords: Cultural Tourism. Heritage. Memory. Parnaíba River Delta. Canary Island.
INTRODUÇÃO
O artigo aqui proposto foi parte do projeto “Paisagens da Ilha: patrimônio, museus e
sustentabilidade”v desenvolvido durante os anos de 2014-2016. O território eleito para a
pesquisa está situado no Delta do Parnaíba, Meio Norte do Brasil, especificamente a
comunidade de Canárias, uma das cinco comunidades da Ilha das Canáriasv5, parte da RESEX
(Reserva Extrativista Delta do Rio Parnaíba), sob a gestão do ICMBio (Instituto Chico
144
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
dentro desta pesquisa, que será discutido logo mais utilizando a base teórica de Hurgues de
Varine (2012).
Como já mensurado, voltando ao patrimônio cultural, este parte da vida das pessoas,
é um conjunto de bens culturais que se quer transmitir as próximas gerações,tem importância
não somente para um individuo, mas para um grupo/comunidade. O patrimônio cultural é um
objeto de ligação entre esses indivíduos e está presente na vida cotidiana de cada um.
Percebemos que com todos esses processos de “evolução” que o mundo vem passando,
algumas coisas vêm se perdendo com o passar do tempo, algumas muito importantes que
deveriam ser mantidas, como um dos bens mais preciosos que temos: a memória, na qual
temos guardadas lembranças, aprendizados, histórias, etc.; podendo ser consideradas como
referências patrimoniais.
Um monumento ou prédio dificilmente será de um ato de vandalismo, por exemplo,
por parte de alguém que conhece seu significado, que conhece o que ele representa para sua
própria história como cidadão, simplesmente porque se identificará com aquele monumento
ou prédio. (BARRETTO, 2000, p. 47). A partir dessa afirmativa de Barreto, se faz notar a
importância da valorização do patrimônio cultural dentro de uma comunidade como peça
fundamental para que haja a preservação de seus bens, sejam eles materiais ou imateriais.
DESENVOLVIMENTO
consagração daquilo que é comum para determinada comunidade, vale ressaltar as três
categorias citadas por Tomaz (2010):
[...] a primeira engloba os elementos pertencentes à natureza, ao meio
ambiente; a segunda refere-se ao conhecimento, às técnicas, ao saber e ao
saber-fazer; e a terceira trata mais objetivamente do patrimônio histórico,
que reúne em si toda a sorte de coisas, artefatos e construções resultantes
da relação entre o homem e o meio ambiente e do saber-fazer humano [...]
(TOMAZ, 2010, p. 03)8
Dentre essas três categorias trabalhou-se mais a fundo a segunda, pois se trata
especificamente do conhecimento, dos saberes, e é exatamente isto que se deseja nesta
pesquisa. Desta forma, pode-se afirmar que ao longo do tempo o patrimônio foi e ainda é um
instrumento para o desenvolvimento. Segundo Varine (2012), o desenvolvimento depende
dos habitantes locais:
O desenvolvimento local, mesmo considerado em sua dimensão
econômica, é antes de tudo um assunto de atores, e, sobretudo, de atores
locais: políticos e funcionários, trabalhadores, quadros e dirigentes de
empresas são membros de uma comunidade de vida e de cultura da qual
compartilham – mesmo quando chegamos há pouco ou quando são
„veranistas‟, ou residentes temporários – o patrimônio humano, cultural,
natural. (VARINE, 2012, p. 18).
Acredita-se que para a comunidade local um inventário não é necessário, pois esta
não reconhece as riquezas que têm por está tão imersa na rotina; não se apercebe do
patrimônio que vive e produz todos os dias, não nota, pois ainda é um patrimônio vivo. Mas
para nós, pesquisadores da área do turismo, o inventário é indispensável, mesmo sendo
exaustivo e renovável. De acordo com Varine (2012) existem alguns tipos de inventários, são
eles: “o inventário tecnocrático, é o mais frequente, faz uso de diagnósticos diretos e frios,
apenas como quantitativo; inventário científico, neste é feito levantamento de dados de
proprietários e coletividade local para coleta de informações, sem a participação da
população; inventário compartilhado, elaborado e aplicado por interesses municipais, com a
participação apenas de alguns grupos da comunidade; inventário participativo, que possui um
caráter mais difícil, é lento e requer um estudo mais aprofundado da comunidade/grupo em
questão e será neste tipo de inventário que irá se trabalhar, no qual temos a participação da
comunidade local na sua construção.”
[...] Se os elementos mais evidentes do patrimônio são recenseados sem
dificuldade, outras escolhas, menos „clássicas‟, revelam a importância que
a população dá aos lugares, objetos e documentos que balizam sua história
social e cultural, menos se não correspondem aos critérios tradicionais.
(VARINE, 2012, p. 54).
cultural (atividade planejada) a partir da motivação do turista por dado atrativo, ou seja, o
patrimônio cultural, mas poderá comportar aqui também, no caso da comunidade de
Canárias, outro atrativo, o patrimônio natural, já que se trata de uma Área de Proteção
Ambiental.
Analisando o turismo segundo o critério da motivação, aparece uma quase
infinita variedade de possibilidades, que podem ser agrupadas em duas
grandes divisões, o turismo motivado pela busca de atrativos naturais e o
turismo motivado pela busca de atrativos culturais. Assim entende-se por
„turismo cultural‟ todo turismo em que o principal atrativo não seja a
natureza, mas algum aspecto da cultura humana. Esse aspecto pode ser a
história, o cotidiano, o artesanato ou qualquer outro dos inúmeros aspectos
que o conceito de cultura abrange. (BARRETTO, 2000, p. 19)
A partir disto pode-se dá uma importância maior para os eventos, tradições e saberes
que ali acontecem, podendo assim mantê-los vivos e gerando um recurso rentável de uma
forma planejada e sustentável para a comunidade.
Pode-se criar um produto turístico cultural sem falsificações para agradar
os turistas. Basta pensar que o produto está dirigido não apenas a uma
plateia de curiosos forasteiros (estrangeiros ou não), mas também aos
primeiros cidadãos locais, que seu objetivo é mostrar às gerações jovens
qual foi o processo pelo qual sua sociedade passou para chegar ao ponto em
que se encontra. (BARRETTO, 2000, p.76- 77)
Assim, se terá a conscientização de que o patrimônio, seja ele cultural ou natural, não
pertence e não deve pertencer apenas a uma geração, ele deve ser repassado, visto,
contemplado e posto em prática por outras gerações, ele pertence ao futuro e por essa razão
tem por obrigação ser conservado pela própria comunidade detentora desse patrimônio e por
políticas públicas que o protejam.
No século XIX, a historiografia passou a ser apenas fonte subsidiária e de baixo valor
histórico, pois representaria um testemunho falível por ser influenciada por interesses
pessoais, além de apresentar mentiras e calúnias; se os documentos escritos estavam nessa
situação, quem diria os depoimentos orais, foram praticamente ignorados.
Porém, na década de 1960, em uma universidade da ilha britânica, buscava-se o
testemunho de pessoas comuns e de idosos, enquanto a história oral norte-americana estava
voltada para os homens socialmente reconhecidosv. Toma-se como referência esse tipo de
testemunho britânico, pois as histórias da comunidade, os processos pelos quais passaram
150 e
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ainda passam os costumes, os fazeres, só podem ser relatados por pessoas que ali vivem
presentes no cotidiano, realmente com “a mão na massa”, pessoas que tenham várias histórias
pra contar, de suas vidas, da comunidade, de seus antepassados, de costumes, tradições,
lendas, brincadeiras, modos de fazer, etc.
História é sinônimo de memória, havendo uma relação de fusão. Elas não se
distinguem. A história se apodera da memória coletiva e a transcreve em palavras. É nesse
momento que a história dá voz ao “povo” pela primeira vez. (FREITAS, 2002, p.59)
No Brasil, a história oral ocorreu por uma das primeiras experiências, no Museu da
Imagem e do Som – MIS/SP (1971), que se dedica à memória cultural brasileira. Porém, a
experiência mais importante tem sido a do Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil – CPDOC, fundada em 1975, ligada à Fundação Getúlio Vargas,
Rio de Janeiro. O CPDOC é o melhor exemplo da bem-sucedida experiência com história
oral no Brasil, tanto pela qualidade de seu acervo quanto pela realização de comunicações,
palestras e edições de obras sobre a teoria e metodologia da história oral.
Destaca-se a utilização da metodologia para estudos sociológicos pelo Centro de
Estudos Rurais e Urbanos, Ceru – Universidade de São Paulo, desde meados dos anos 1970.
Como é o nosso caso, o método também vem sendo bastante aplicado em projetos de diversas
áreas de estudo, afirmando-se assim uma metodologia de natureza interdisciplinar.
A história oral, segundo Freitas (2002), “é um método de pesquisa que utiliza a técnica
da entrevista e outros procedimentos articulados entre si, já Allan Nevis tem como Moderna
História Oral, pois faz uso de equipamentos eletrônicos, como gravadores, câmeras, etc.; ou
seja, é método, pois é utilizado por pesquisadores ou profissionais que necessitam de
depoimentos para desenvolver trabalhos e/ou matérias; é também técnica, pois necessita do
uso de alguns procedimentos para que se tenha um bom e eficaz resultado daquilo que se
quer da entrevista, e fonte por ser utilizada como referência de histórias, dados, etc.”. Na qual
é dividida em três gêneros distintos: tradição oral é aquela passada de geração em geração
por pessoas mais velhas, principalmente familiares; história de vida, como o nome já diz, são
histórias da vida das próprias pessoas que estão dando o depoimento; história temática, são
histórias que tem como objetivo um assunto especifico.
A globalização trouxe muitos benefícios para a sociedade, como a possibilidade de
conhecimento de outras culturas por meio de computadores, diálogos online com pessoas de
outros países e continentes, entre outras facilidades. Mas muitas desvantagens chegaram
junto com ela, ao mesmo tempo em que ela aproximou nações, afastou também aqueles151
que
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
se tinha mais próximo, como um simples diálogo frente-a- frente, ou sentar na calçada para
conversar.
Por isso a importância do resgate e preservação da memória de uma comunidade,
segundo Tomaz (2010):
[...] Esse preservar da memória não está ligado apenas à conservação de
relíquias antigas ou edificações, mas também à preservação de toda uma
história, todo um caminho percorrido pela sociedade, desde seus tempos
mais remotos até aos dias de hoje, interligando-os pela sua importância
nesse processo de contínuo movimento e constante transformação.
(TOMAZ, 2010, p. 04)
Assim percebemos que com todos esses processos de “evolução” que o mundo vem
passando, algumas coisas vêm se perdendo com o passar do tempo, umas muito importantes
que deveria se manter, como o patrimônio imaterial mais precioso que temos: a memória, na
qual guardamos lembranças, aprendizados, histórias, etc.
Todos nós somos e fazemos parte de um patrimônio riquíssimo, com nossos percursos
de vida, nossas memórias e histórias por consequência das vivências em sociedade, e onde
passarmos devemos deixar esse legado através da oralidade ou escrita, isso pode se ter como
uma das justificativas do porque da importância da história oral, mesmo sendo ela subjetiva.
Em história oral o entrevistado é considerado, ele próprio, um agente
histórico. Neste sentido, é importante resgatar sua visão acerca de sua
própria experiência e dos acontecimentos sociais dos quais participou. Por
outro lado a subjetividade está presente em todas as fontes históricas, sejam
elas orais, escritas ou visuais (FREITAS, 2002, p.69).
METODOLOGIA
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
O trabalho teve início por meio da pesquisa bibliográfica, que “consiste no levantamento
de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como
livros, artigos científicos, páginas de web sites” (FONSECA, 2002, p.32). Tal pesquisa serviu
de base no apanhado de informações durante o desenvolvimento teórico, dialogando sobre o
conceito de patrimônio cultural, como o turismo (atividade planejadora) poderia vir a
contribuir na preservação deste legado cultural e posteriormente fornecer estrutura para que
pudesse debater sobre o que é apresentado dentro da conceituação e o que é observado ao
final do trabalho.
Tal pesquisa, tendo como objetivo investigar o significado de patrimônio cultural dentro
de uma comunidade, fez o uso da abordagem qualitativa. “Tal abordagem parte da obtenção
de dados descritivos através de contato direto e interativo do pesquisador com a situação
objeto pesquisada; frequentemente em pesquisas como essa, o olhar do pesquisador se faz
através do olhar do participante para poder entender os fenômenos estudados” (NEVES,
1996). Foi através desta abordagem que a pesquisa ocorreu, pois durante todo o trabalho teve-
se o contato com a situação objeto para que se pudesse analisar o olhar da comunidade em
relação ao patrimônio cultural.
Tendo uma análise por meio da história oral como uma técnica, se teve a necessidade de
ir à campo. Surgiu então a necessidade da pesquisa de campo, que “caracteriza-se pela
investigação que, além da pesquisa teórica, se realizará coleta de dados descritivos”
(FONSECA, 2002).
Foi utilizado durante a pesquisa o recurso etnográfico por meio do método da história
oral. “Este método requer um período longo de estudo, pois terá que ter um contato maior
com o objeto de pesquisa, passando a desenvolver técnicas de observações, contato direto e
participação em atividades” (NEVES, 1996). A história oral, segundo Freitas (2002), é um
método de pesquisa que utiliza a técnica da entrevista e outros procedimentos articulados
entre si, como já se foi apresentado no referencial teórico deste trabalho. Nos três gêneros de
história oral que também já foram citados, a pesquisa se fez a partir do último gênero, história
temática, pois pudemos nos moldar de acordo com o que queríamos do entrevistado.13
Entretanto, a história se faz com documentos, se não houver escritos, devem e serão orais,
principalmente agora com as facilidades da tecnologia; e história oral se faz a partir de
lembranças. Para isso utilizou- se o inventário participativo juntamente com o INRC, que já
foram discutidos anteriormente, para que pudessem ajudar na realização dos registros
etnográficos desta pesquisa. 153
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Dessa forma se constata que a quantidade de entrevista não é relevante, pois o método
da história oral é representativo, a história é ligada àquele grupo e se sustenta ali. Como já
vimos, o método de história oral também funciona como exercício para o cérebro dos
entrevistados; assim, podemos visualizar que a pessoa com mais idade (3ª idade) foi a mais
apropriada para ser o sujeito desta pesquisa, por motivo de maior tempo de vivência e
experiência com o meio.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
FIGURA 01: Artesanato feito por residentes da Ilha das Canárias | matéria-prima -carnaúba.
Fonte: Autor, 2016.
O que se propõe para pôr em prática em futuros trabalhos e utilizar como produto e
serviço é um mapa cultural do território, com destaque para os espaços indicados pelos
habitantes, lugares que os representem, que sejam marcadores de identidade, de relevância
histórico cultural, espaços repletos de sentidos e significados para a comunidade, são eles: o
rio; os materiais de pesca, à exemplo a rede de pesca; o artesanato feito por eles; a igreja ; a
lagoa; os festejos, como o aniversário da comunidade, onde os moradores realização várias
atividades – como campeonato de futebol e corrida de jegue -, ect. O que se propõe
juntamente com o mapa, para se construir em próximos projetos, é uma roteirização turística
na localidade baseada no legado cultural, onde terá que obedecer a quatro requisitos básicos:
preservação do local; adoção de políticas de administração do bem, restrição ao número de
visitantes e delimitação de espaços de visitação por período do ano e temporada, em
consequência de fatores naturais, como por exemplo a existência ou não de lagoas.
A roteirização deve ser pensada com base em um planejamento sustentável, com o
intuito de integrar os habitantes nas dinâmicas locais, de forma a motivar formas de
rentabilidade, conhecimento, reconhecimento, valorização e promoção do patrimônio
cultural e natural; permitido atividades geradoras de trocas de saberes e fazeres entre
visitantes e visitados, sem afetar o meio cultural e natural do território, sempre com a
participação da comunidade, dos residentes, atores diretos do roteiro em solo: caminhadas,
passeios de charretes, visitação em ranchos, oficinas de construção de embarcações etc.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
FIGURA 02: Passagem em uma área alagada por consequência do inverno. Passeio de
charrete ofertado por nativo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESUMO
A gastronomia e o turismo estão entrelaçados, considerando que a alimentação é parte
fundamental na receptividade e na hospitalidade das pessoas, essa hospitalidade reflete
diretamente na impressão que será levada pelo indivíduo, onde a cultura torna–se presente e
será compartilhada. A partir dessa reflexão deu-se início ao presente artigo que tem como
objetivo a realização da análise de SWOT, com foco na alimentação regional oferecida dentro
dos barcos de passeio ao Delta do Parnaíba (PI), analisando os pontos positivos, negativos,
fraquezas e ameaças do cardápio apresentado aos turistas. De acordo com a pesquisa realizada
ficou claro que o Delta do Parnaíba tem uma natureza rica, podendo ser melhor explorada, para
a extração de pescados, camarões e crustáceos, identificou-se a necessidade de maiores
investimentos para a melhoria dos serviços de alimentos e bebidas, afinal os turistas tornam-se
cada dia mais exigentes no quesito gastronomia.
ABSTRACT
Gastronomy and tourism are intertwined, considering that food is a fundamental part of people's
receptivity and hospitality, this hospitality reflects directly on the impression that will be carried
by the individual, where culture becomes present and will be shared. From this reflection began
the present article that aims to perform the analysis of SWOT, focusing on the regional food
offered within the boats to the Parnaíba Delta (PI), analyzing the positives, negatives,
weaknesses and threats of the menu presented to tourists. According to the research carried out
it was clear that the Parnaíba Delta has a rich nature, and can be better exploited, for the
extraction of fish, shrimp and crustaceans, it was identified the need for greater investments to
improve food and beverage services, after all tourists become increasingly demanding in terms
of gastronomy.
INTRODUÇÃO
O ser humano sente cada vez mais necessidade de se conectar com a natureza, cultura e
a gastronomia de outros povos, a partir desse desejo, surge uma variedade de opções para o
desenvolvimento da atividade turística, assim o turismo e gastronomia passa a ser importante
atividade interligada a vida e a identidade das comunidades ribeirinhas.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
único das Américas com tal prestígio, de belezas naturais e exuberantes é abundante em
ecossistemas, tais como mangues, praias, dunas e igarapés (Silva,2016). Onde se pode banhar
em lagoas de águas cristalinas formadas nas dunas por consequência das chuvas, além do banho
de mar e de rio.
A gastronomia pode possuir grande importância na caracterização cultural desse
passeio, por tanto, tem-se como objeto de estudo o passeio tradicional dos barcos do Delta do
Parnaíba, pois possui uma relação direta com a apresentação da gastronomia local para o turista
através das refeições oferecidas a bordo.
Nesse sentido esse estudo foi motivado pelo seguinte questionamento: Qual a força,
fraqueza, oportunidade e ameaças da alimentação oferecida aos visitantes dentro dos barcos de
passeio ao Delta do Parnaíba (PI) considerando a importância da cozinha regional para os
atrativos turísticos?
O objetivo a realização da análise de SWOT, tendo como foco a alimentação regional
oferecida nos barcos de passeio ao Delta do Parnaíba (PI), além disso, as informações colhidas
podem contribuir com a melhoria do serviço e apresentação da gastronomia local,
incrementando ao passeio do Delta novas atratividades.
As refeições têm seu lugar em uma história cultural e sua instituição marca o
início das relações comunitárias de um povo, que coincidem, em maior ou
menor grau, com a constituição de uma identidade política a comensalidade é
uma das estruturas de identidade do cidadão. [s.p]
Cada local tem seus ingredientes produzidos pela natureza de acordo com seu território,
o que influência diretamente na cultura culinária de um povo, cultura essa que passa de geração
para geração. Como descrito por Fischler (1998, p. 276) “os alimentos representam a ligação
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
mais primitiva e entre a natureza e cultura, fazendo parte da raiz que liga o povo, uma
comunidade ou um grupo à sua terra e à sua alma de sua história”.
Pedraza (2004), em sua fala destaca que “não são apenas os alimentos que diferem de
uma cultura para outra; há variações em sua forma de cultivo, colheita, preparo, serviço e
ingestão”, assim, a forma como os alimentos são cultivados, colhidos, posto à mesa representam
uma forte ligação com uma cultura e a regionalidade de um povo, o que acaba por expressar o
ato de bem acolher os turistas.
A gastronomia brasileira possui uma série características, nossa culinária contém
influências dos africanos e portugueses, no entanto o que prevalece é o legado indígena e dentro
delas há formas especificas de preparar cada receita, o uso da panela de barro é o diferencial e
da toda uma particularidade, que chega a ser notado pelos visitantes. Leal (1998) acrescenta
que:
A origem de nosso povo, acrescida a fatores como a geografia do país, fez com
que a cozinha brasileira variasse bastante de um lugar para o outro, embora
existam características comuns a determinadas áreas. São esses traços
característicos que determina várias cozinhas regionais em nosso país,
cozinhas essas que estão se trocando constantemente de norte a sul, com
modificações e adaptações locais (Leal, 1998, p. 123).
Nesse contexto, cada lugar possui uma cultura diferente, a gastronomia conta a sua
história através de alimentos exóticos e ricos em detalhes e sofisticação, para alguns lugares é
certo comer carne de cachorro e de cavalo, já outros não comem carne por considera-la sagrada,
cada um com sua diferença, mas que faz disso um atrativo, tendo como base a valorização da
cozinha regional.
Dentro dessas circunstâncias, vale ressaltar que a gastronomia apresenta costumes que
a converte em identidade cultural de um povo, trazendo suas particularidades como um
elemento identificador, acrescenta-se que o modo de preparar o alimento também é um
elemento identificador.
Dentz (2011) afirma que “a identidade está diretamente ligada à memória, pode-se
entendê-la como aspetos peculiares de um determinado povo, como suas crenças, ritos e
experiências comuns”, essa memória gastronômica pode transportar o homem a lugares e
lembranças que viveram em um determinado tempo de sua vida que estão esquecidas, a cozinha
regional tem essa magia de levar a lugares que geralmente estão esquecidos.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Compreende-se que o turismo é uma das atividades mais importantes, além de gerar
renda e movimentar o mercado de trabalho ele dar destaque ao país, pessoas do mundo inteiro
vem visitar os encantos que o lugar oferece, a culinária brasileira é um ponto importante para o
turismo, pois possuem produtos exóticos e com sabores que geralmente agradam ao paladar,
cada região possui seu prato local tendo diversas formas de preparo e ingredientes específicos,
fazendo do prato um turismo gastronômico.
Em relação ao turismo Azambuja (2001, p. 74) “inúmeras cidades e regiões aproveitam-
se de suas raízes, tradições e expressão cultural traduzidas na culinária, ofertando um produto
diferenciado, muito além do simples souvenir ”, dentro dessa possibilidade as práticas culinárias
e gastronômicas cooperam essencialmente para o entendimento das características inerentes a
cada localidade visitada, apresentando referências históricas e étnicas; formas de preparação,
temperos, receitas modernas e tradicionais, saberes culinários, espaços de alimentação, entre
outros aspectos.
Assim, segundo Antonini (2004) a gastronomia de um local se apresenta como uma
forma de aumentar a oferta turística e como um produto agregado ao turismo cultural vem
indicando a gastronomia como muito mais que uma simples arte culinária, mas como
importante veículo da cultura popular pela forma como vivem os habitantes de cada região em
determinada época.
A alimentação é um ato importante, que vai muito além do simples comer, está ligada a
identificação de um povo, sua maneira de viver em grupo, na preparação do alimento, sua
simbologia, de ser aceito pelos outros e até mesmo de se relacionar com o mundo. Para Schluter
(2003) “é uma construção simbólica, uma forma de classificação que cria um sentimento de
pertencimento”. Acredita-se que a identidade cria elo com o indivíduo e o torna parte de um
grupo social. O autor acrescenta que: 162
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio dessa observação constatou-se que os serviços oferecidos pelos barcos são
parecidos e com poucas alterações entre os cardápios. Na compra do voucher o cliente/turista
tem inclusa a alimentação básica: frutas, almoço e caranguejada, caso consuma bebidas,
petiscos e almoço devem pagar por seu consumo.
Percebe-se pouca opção e variedade disponível de consumo, os seis barcos só
comercializam uma única marca de cerveja, limitando os gostos dos visitantes, percebeu-se que
os itens extras do cardápio não são suficientes para o consumo, como os tira gostos que são
apenas dois tipos de proteínas os mesmos servidos no almoço, mudando só a forma preparo.
A coleta de dados foi feita através de questionários, entrevistas e observação direta para
sugestão de melhorias, realizou-se assim a aplicação de dois tipos de questionários, um para os
funcionários e outro para os turistas, com perguntas semiestruturadas que permite uma
espontaneidade abrindo espaço para que outras questões sejam abordadas no decorrer da
aplicação, aproximando o entrevistado e o aplicador.
Desta forma, foram realizadas 60 entrevistas nos barcos de passeio com o destino ao
Delta do Parnaíba (PI), onde os entrevistados eram de localidades diferentes e com idades
variadas, de acordo com a pesquisa notou-se que mais de 44% dos visitantes vieram do Ceará
em excursão. No que se refere a gênero, 70% do público era feminino, em relação a faixa etária
dos entrevistados varia de 10 a 80 anos, 53 dos 60 entrevistados visitavam o Delta do Parnaíba
pela primeira vez, percebe-se que o público maior é de familiares dos quais procuram conhecer
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
o lugar visitado, a pesquisa também mostrou que 56% dos entrevistados ficam sabendo do
passeio por recomendações de amigos ou excursões.
O foco principal da entrevista era saber qual a opinião dos turistas em relação ao que é
oferecido e se representa tal regionalidade, os 60 entrevistados concordaram que os pratos que
compõem o cardápio oferecidos nos barcos tem sim sua regionalidade. Os dados coletados
mostram que os entrevistados revelaram estar satisfeitos com o passeio, e que fariam o
novamente, exceto um entrevistado que afirmou que não faria o passeio novamente, sua
justificativa deu-se pelo fato da paisagem não se modificar, sempre irá continuar igual.
A pesquisa confirmou a satisfação dos turistas quanto ao ambiente do barco e que os
pratos servidos são compatíveis, mas que pode ser adaptado e inserido outros pratos regionais,
pois alguns esperavam uma maior variedade de bebidas, petiscos e sobremesas e não se
opunham a pagar o valor estabelecido pelas empresas o que iria a aumentar o entusiasmo e a
bagagem gastronômica de alguns turistas que querem sair do tradicional, lembrando que a
gastronomia pode ser utilizada como um fator de identidade regional, uma vez que em um
mesmo país podem haver uma cultura gastronômica característica de cada região, moldando-se
como um elemento diferencial de cada povo.
Segundo todos os entrevistados peixes e frutos do mar são os alimentos do cardápio que
identificam o passeio com sua região. a alimentação. Porém a pesquisa procurava saber dos
entrevistados quais pratos poderiam ser adicionados para aumentar essa aproximação da
alimentação oferecida com o local.
O Quadro 1 reúne a opinião dos entrevistados quanto a sugestões de pratos a serem
oferecidos para o aprimoramento dos serviços ofertados nos barcos A e B.
A partir dessa experiência constatou-se que a regionalidade está presente nas refeições
e as pesquisadoras tiveram um maior contato pessoal com os clientes, podendo assim ouvir um
pouco de suas expectativas e necessidades quanto a gastronomia piauiense.
Com base nas informações coletadas através da aplicação dos questionários e com a
observação direta montou-se um quadro estrutural para o melhor entendimento dos pontos
abordados.
Facilitando a compreensão e a melhoria dos serviços oferecidos nos barcos.
Apresentando assim visão mais ampla e clara aos empresários e a sociedade em geral a respeito
do que se pode oferecer aos turistas de acordo com suas necessidades e desejos. Como mostra
no Quadro 2.
FORÇAS FRAQUEZAS
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
• Baixo custo para a obtenção de peixes e • Concorrência de outros Estados da
crustáceos a serem servidos a bordo; Rota das emoções;
• Geração de renda para a comunidade; • Degradação do ambiente natural;
• Oferta de emprego. • Cardápio rotineiro, para o paladar do
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consumidor;
• Clientes mais exigentes a procura de
sabores diferenciados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a pesquisa realizada, ficou claro que o Delta do Parnaíba tem uma
natureza rica composta por vários rios, mangues e igarapés e acaba por desaguar em mar aberto
o que torna muito variada sua fonte gastronômica, podendo ser melhor explorada, afinal pode-
se extrair desses biomas os pescados e camarões de agua doce e salgada, além de crustáceos
como siri, caranguejo, ostras, sururu etc.
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Observa-se com essa análise que é esse tipo de alimentação que vem ao imaginário do
turista ao pensar em Delta do Parnaíba, porém as empresas estão deixando ainda a desejar nesse
tipo de satisfação, pois a variedade ofertada é pouca, porém vimos na prática que as cozinhas
são pequenas e talvez não consigam suportar essa demanda, o que acaba sendo um obstáculo
para a melhoria do serviço, além do pequeno número de funcionários da cozinha.
Esse estudo mostrou ainda que precisa - se investir mais para a melhoria desse desejo
dos visitantes, afinal os turistas tornam-se cada dia mais exigentes no quesito gastronomia, as
pessoas têm um paladar bem mais apurando, o ser humano alimenta-se não só por necessidade
e sim por prazer.
A partir desse estudo fica aberto novos questionamentos e ideias a serem desenvolvidas
no setor de turismo gastronômico no Delta do Parnaíba. Levando em consideração que objetivo
da pesquisa foi alcançado onde através dos dados coletados pudemos desenvolver um quadro
com análise SWOT, mostrando seus pontos fortes e fracos, suas oportunidades e ameaças na
alimentação oferecida aos visitantes dentro dos barcos de passeio ao Delta do Parnaíba (PI)
considerando a importância da cozinha regional para os atrativos turísticos.
As cozinheiras dos barcos são pertencentes as comunidades do Delta do Parnaíba o que
acaba por preservar essa culinária tradicional, afinal uma boa apresentação da gastronomia local
pode ser uma forma de sensibilizar os visitantes sobre a conservação da biodiversidade, da
gastronomia e das culturas locais, além de torna-se parte da sua memória afetiva, levando assim
boas informações dos atrativos para o público que venha a ser tornar o nosso futuro visitante.
REFERÊNCIAS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Na grande amplitude do processo educacional a educação ambiental é uma ferramenta
indispensável no combate de problemáticas ambientais dentro do contexto da educação,
mecanismo este, capaz de contribuir com transformações de hábitos do meio social, como
destaca o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA (BRASIL, 1999).
O caminho da educação ambiental na legislação do Brasil prima pela universalização da
prática educativa presente em todas as esferas da sociedade, desde de 1973, com o Decreto
n°73.030, que criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente explicitando, entre suas
atribuições, a promoção do esclarecimento e educação do povo brasileiro para o uso adequado
dos recursos naturais, tendo em vista a conservação do meio ambiente (LIPAI, 2010).
Morin (2008), defende a ideia que as premissas da educação ambiental devem está
diretamente associadas ao ensino básico, no entanto para que isso ocorra é necessário a
integração das formas de conhecimento de maneira dinâmica, buscando a construção de valores
múltiplos sem a fragmentação do conhecimento.
Segundo Morin (2008),
A fragmentação do saber impede o enfretamento de realidades cada vez mais
caracterizadas como polidisciplinares, transversais e globais. A partir desse
contexto, a inserção da Educação Ambiental como campo interdisciplinar de
construção de sujeitos cidadãos objetiva desenvolver nos indivíduos a
formação de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências, como ressaltado no artigo 1° da lei n° 9.795/99 (MORIN, p. 7,
2008).
Atualmente existe uma grande preocupação com problemas ambientais atuais e futuros
em decorrência, principalmente, de práticas antrópicas desenfreadas. Diante dessa problemática
surgiram vários debates com o objetivo de sancionar medidas para a minimização desses
impactos presentes em uma espera global, através de projetos de curto, médio e longo prazo.
Entre esses debates alguns projetos tiveram proporções históricas de nível mundial, como a
conferência de Estocolmo (1972) e a conferência Rio de 1992 (Rio Eco 92) (LANG, 2009).
No decorrer dos citados debates o termo sustentabilidade parece ter se constituído em um
ambiente de grandes repercussões entre o meio acadêmico, empresarial e governamental, tanto
no Brasil como nas demais nações do mundo, o que pode ser observado a partir da importância
que passou a ser dada às questões socioambientais após a década de 1970 (LANG, 2009).
A sensibilização da comunidade escolar pode fornecer um passo inicial que transcende o
ambiente escolar, atingindo todo o meio ao qual a escola está situada, desde o bairro no qual
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
está localizada até mesmo as comunidades mais afastadas, das quais os discentes são oriundos,
assim como professores e funcionários, formando assim potenciais multiplicadores de
informações e atitudes diretamente relacionadas às práticas de educação ambiental construídas
na escola (RUY, 2006).
O conjunto constituído pela família, escola e sociedade têm a responsabilidade na
construção de hábitos saudáveis, por parte dos estudantes, para que os mesmos, futuramente,
sejam capazes de encontrar um equilíbrio alimentar e consequentemente uma boa qualidade de
vida, para gerar “frutos” positivos na adolescência e na vida adulta e os pais tem um papel
indispensável nas práticas alimentares, estabelecendo os alimentos, o local e o momento
adequado para seu consumo, mas ao mesmo tempo fazendo com que suas crianças utilize seus
próprios recursos e desenvolva respeito pelo meio ambiente (PAIVA, 2010).
Atividades escolares ligadas a conservação do meio ambiente são indispensáveis para que
os estudantes desenvolvam uma consciência ambiental saudável, práticas como hortas na escola
auxiliam no incentivo ao consumo de hortaliças, na maioria das vezes, percebidas por eles como
“não aceitáveis” ou “de gosto ruim”, como alface, repolho, couve, cebolinha, cenoura, tomate
entre outras. Em meio ao desenvolvimento de atividades práticas como a supracitada vai se
demonstrando, de maneira descontraída, as contribuições que tais alimentos podem trazer para
um bom desempenho escolar, possibilitado pelo acesso à alimentação necessária nesta fase de
desenvolvimento. O desenvolvimento de uma horta na escola pode servir como fonte de
alimentação e atividades didáticas, oferecendo grandes vantagens às comunidades envolvidas
(NOGUEIRA, 2005).
Para Morgado (2006),
A horta inserida no ambiente escolar pode ser um laboratório vivo que
possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em
educação ambiental e alimentar unindo teoria e prática de forma
contextualizada, auxiliando no processo de ensino aprendizagem e
estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e
cooperado entre os agentes sociais envolvidos (MORGADO, p. 4,
2006).
Embora uma alimentação saudável nas escolas seja amplamente discutida e preconiza o
Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE que dispõe da gestão da alimentação
escolar, do Conselho de Alimentação Escolar, das cantinas e cozinhas nas escolas e o trabalho
dos nutricionistas e da educadora na escola (BRASIL, 2010).
A grande maioria das instituições de ensino, principalmente públicas, não apresenta
grandes mudanças em suas cantinas, de forma geral pode ser observado uma prática repleta,
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho foi desenvolvido na Unidade Escolar Polivalente Lima Rebelo, CETI
situada no município de Parnaíba, PI com 20 alunos do 1º e 2º ano do ensino médio.
Inicialmente foi desenvolvido um projeto, que foi executado pelos os bolsistas do PIBID com
o auxílio da supervisora sob orientação da coordenadora do programa. Logo após a elaboração
173
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESULTADOS E DISCUSSÕES
(ARVANITI; ZAMPELAS, 2003). Desta forma, parece importante lembrar o papel da escola,
colaborando para construção e desenvolvimento da consciência crítica dos pais e dos próprios
alunos acerca de suas preferências e escolhas alimentares (COSTA; SCHMITZ, 2005).
No transcorrer da entrevista busca-se inferir se os respondentes consideravam importante
ter uma horta orgânica na escola. As respostas foram positivas, pois percebeu-se que a maioria
dos entrevistados, cerca de 14 alunos (70%), afirmaram reconhecer a importância da mesma
contrapondo a 6 (30%) que não consideraram importante a implantação de uma horta orgânica
na intuição. Jardzwski (2005) afirma em seu trabalho que,
A horta na escola oferece benefícios para todo corpo escolar, através da
diminuição de gastos com a alimentação, permite a colaboração dos
alunos, enriquecendo o conhecimento deles, estimula o interesse dos
alunos pelos temas desenvolvidos com a horta, além de fornecer
vitaminas e sais minerais importantes à saúde dos alunos
(JARDZWSKI p. 4, 2005).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
Contact with the natural environment is salutary for the life of the human being, allowing new
learning and experiences. The trails provide possibilities for interpretation, awareness and
environmental education practices. Based on this context, the present work aims to catalog
Interpretive Points in trails belonging to the Conservation Unit (UC) Floresta Nacional
(FLONA) Palmares, Altos - Piauí, in addition to mapping area. Data were collected on April 5
and 6, 2019, using the Interpretive Point Attractiveness Indicators (IAPI) method. This method
contributes to the transmission of knowledge and sensitization in natural areas. Seven trails of
the conservation unit were covered in order to examine and demarcate the interpretative points,
allowing a greater connection between nature and the human being.
INTRODUÇÃO
As trilhas são rotas definidas pelo manejo da vegetação e do pisoteio dos visitantes em
uma determinada área, aspirando à preservação, conservação e delimitação do impacto
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ambiental, sendo excelentes espaços para que haja interação e aproximação entre humano e a
natureza, uma vez que ambos são pertencentes entre si (Mendonça, 2011) afirma que é
necessário o ser humano se entender como parte da natureza, devendo existir uma reciprocidade
por parte do humano e não só vê a natureza com distanciamento e de forma utilitária.
A Unidade de Conservação (UCs) são áreas naturais passíveis de proteção cujo
propósito é a conservação do habitat e do ecossistema natural. Divididas em duas categorias:
UC de uso sustentável, que possibilitam a extração dos recursos naturais de forma equilibrada
propiciando o desenvolvimento de atividades econômicas, sociais e ambientais, e UC é de
proteção integral objetiva a proteção da natureza por isso o acesso é exclusivo, as regras e
normas restritas, por exemplo, não é permitindo a coleta ou danos aos recursos naturais. As
categorias de uso sustentável são: área de relevante interesse ecológico, floresta nacional,
reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável, reserva extrativista, Área de Proteção
Ambiental (APA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Já as categorias de
proteção integral são: estação ecológica, reserva biológica, parque, monumento natural e
refúgio de vida silvestre. (ICMBio 2019)
Diante das diversas ameaças antrópicas que afetam a biodiversidade, até mesmo em
áreas protegidas, o desenvolvimento de práticas ambientais é indispensável para a preservação
das espécies locais. Diante disso, a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, estabeleceu o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), visando à conservação da variedade de
espécies biológicas e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais, a
proteção das espécies ameaçadas de extinção e a valorização econômica e social da diversidade
biológica.
Perante a situação da biodiversidade brasileira o Ministério do Meio Ambiente (MMA)
acompanhado de perto pela Comissão Nacional da Biodiversidade (CONABIO), que tem papel
relevante na discussão e implantação das políticas sobre a biodiversidade, bem como identificar
e propor áreas e ações prioritárias para pesquisa, conservação e uso sustentável dos
componentes da biodiversidade. Uma das grandes preocupações é com as espécies brasileiras
ameaçadas de extinção, sobre exploração - exploração excessiva, não-sustentável, em com
consequências negativas que, cedo ou tarde, serão prejudiciais do ponto de vista
físico/quantitativo, qualitativo, econômico, social ou ambiental, requerendo políticas
específicas de recuperação tanto de fauna terrestre e aquática como de flora. Ocorre que o
processo de extinção está relacionado ao desaparecimento de espécies ou grupos de espécies
em um determinado ambiente ou ecossistema. (MMA, 2019) 181
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
(CARVALHO, 2004). Por isso, é necessário não só oferecer informações, como também propor
experiências que reconstruam a conexão entre o ser humano e a natureza (TOMAZELLO;
FERREIRA, 2001).
Uma boa interpretação depende de uma boa escolha de pontos interpretativos, dos
atrativos, dos temas e assuntos que serão abordados, e das atividades que serão desenvolvidas
durante o percurso (TEXEIRA; NAPOLIS, 2018).
Portando objetivo desse trabalho foi catalogar Pontos Interpretativos nas Trilhas
pertencente à Unidade de Conservação (UC) Floresta Nacional (FLONA) Palmares, Altos -
Piauí, além de mapear área. Contudo, para que haja efetividade nos Pontos Interpretativos é
necessário um planejamento bem elaborado, contendo etapas, ações e investigação para resultar
em cooperação melhor entre o ser humano e a natureza.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Área de estudo
A pesquisa foi desenvolvida na Unidade de Conservação Floresta Nacional Palmares-
FLONA Palmares, localizada no município de Altos, no Estado do Piauí. A mesma se encontra
a cerca de 20 km da capital Teresina, na BR 343, no km 327. É oficializada pelo diploma legal
de criação: Decreto Presidencial s/nº de 21 de fevereiro de 2005 e gerenciada por um chefe,
analistas, estagiários, voluntários do ICMbio, guias e seguranças terceirizados. De acordo com
ICMbio a FLONA Palmares está inserida em uma zona de transição entre os biomas Caatinga
e Cerrado, caracterizada como área de tensão ecológica sob forma de enclave ecótono. Tem
como objetivos: promover o manejo e uso múltiplo dos recursos florestais, a pesquisa científica,
a manutenção das espécies nativas e a proteção dos recursos naturais, além da recuperação de
áreas degradadas e a educação ambiental. (MMA, 2019).
Essa Floresta é uma Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável. É uma
floresta estacional semi-decidual, formada por vegetação típica do Cerrado com espécies
botânicas da Caatinga. Segundo levantamento florístico (LIMA, 2013), feito em maio de 2004
e publicado em 2013, foram feitas 20 parcelas permanentes de 1.000m², totalizando uma área
amostral de 02 hectares, no qual foram identificados 1.435 indivíduos arbóreos entre 87
espécies diferentes. Em referência à fauna da área, é possível observar várias espécies de
animais mamíferos, insetos, aves, répteis e anfíbios, sobre os indivíduos arbóreos das quais
podemos citar: Caneleiro (Cenostigma macrophyllum), Tuturubá (Pouteria macrophlylla),
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Durante o percurso nas trilhas foi possível observar primatas, espécies conhecidas
popularmente de Bugio (Alouatta sp.) e macaco-prego (Sapajus sp.) e observar árvores de
grande porte, pegadas de pequenos animais, variedades de insetos. FLONA apresenta vegetação
florestal semelhante mata atlântica e arvores nativa do cerrado e da caatinga, a maioria do
terreno apresenta-se plano, solo arenoso argiloso e rochoso, alguns pontos apresenta elevações
bem acentuadas e presença de pedras soltas, animais que podem ser encontrados como: cervos,
cotia, paca, gambá, cobras, primatas e avifauna, indicativos de queimadas, cantos de pássaros,
pele de cobra e outros, assegurado da grande diversidade da fauna e flora desta Unidade de
Conservação.
O quadro abaixo demonstra a duração, tamanho e o grau de dificuldade de cada trilha
interpretada. Afirmando que o tempo gasto nos percursos das trilhas dependerá das condições
reais dos envolvidos.
Quadro 02: Aponta o tempo de duração, tamanho e o grau de dificuldade de cada trilha interpretada.
Nomes Tamanho Tempo de percurso Grau de dificuldade
Trilha Aroeira 1.575 m 1h e 45min. Moderada
186
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Durante as caminhadas nas sete trilhas, constituídas: Trilha Aroeira, Trilha do Babaçu,
Trilha Cedro, Trilha do Ipê, Trilha Jatobá, Trilha Tuturubá e Trilha LTS, foram selecionados
46 pontos principais, possível de atratividade, em que foram feitas anotações e marcações em
cada ponto escolhido. No quadro 03 mostra os 46 pontos marcados.
189
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Ponto 03 X X 3 3 2 8
Ponto 04 X 3 3 2 8
Ponto 05 X 2 3 2 7
Ponto 06 X 2 3 2 7
Ponto 07 X X 2 2 2 6
Ponto 08 X X 3 2 2 7
Ponto 09 X 3 2 2 7
Ponto 10 X 3 2 2 7
Ponto 11 X X 2 3 2 7
Ponto 12 2 3 2 7
Ponto 13 X X 2 3 3 8
Ponto 14 X 2 3 3 8
Fonte: Elaboração própria 2019.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
190
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
REFERÊNCIAS
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07/04/2019.
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191
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
192
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
Conservation Units are natural areas of paramount importance for the conservation of the
environment, because they are legally protected spaces by law, they become ideal places for
the practice of non-formal environmental education activities, because in addition to having
wealth in biodiversity, making people have a direct contact with nature, issues related to culture
can also be addressed , to the history of the peoples who have lived in these areas, among others.
The objective of this work was to survey sites in four Conservation Units: National Forest
(Flona) Palmares; Environmental Preservation Area (APA) Parnaíba Delta; National Park
(PARNA) of Ubajara and PARNA Serra da Capivara for Environmental Education actions. The
collections took place between March and May 2019. Through visits in locu field records.
Twenty points were collected and chosen for planning and practical actions of Environmental
Education. You can see that there are numerous locations in UC's to approach environmental
education. The surveys are necessary, because it can be planned and suggested mitigating
measures, being a form of contribution for protected natural areas to remain preserved through
environmental education practices.
Keywords: Conservation Unit, Environmental Education, Non-Formal Education and
Biodiversity.
193
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
INTRODUÇÃO
De acordo com lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999 “Entende-se por educação ambiental
não formal as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as
questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio
ambiente’’ (BRASIL, 1999).
Para LIBÂNEO (1985) entende-se por educação não formal aquela estruturada fora do
sistema escolar convencional, podendo referir-se tanto a trabalhos em escolas, em atividades
extracurriculares como à comunidade em geral.
A educação ambiental não formal, por ser desenvolvida fora do ambiente escolar, torna-
se responsabilidade de toda a sociedade. Portanto como ela pode ser aplicada fora das escolas,
qualquer espaço pode ser trabalhado EA como praças, parques, museus e etc. Outro local
estratégico para a prática de ações de EA são as unidades de conservação, por serem locais de
conservação do meio ambiente, possuem uma rica biodiversidade. De acordo com OLIVEIRA
et al (2017) os espaços que geralmente são proporcionados estes tipos de programas educativos
são no interior das UC’s, que por sua vez estão voltadas para o uso público, com gestão
participativa, sendo um espaço peculiar em promover ações sociais.
Segundo Torres (2008), as UC’s recebem um público bastante diversificado, como
turistas, pesquisadores, estudantes e os moradores do entorno, porém o público alvo das ações
de EA para a sensibilização ambiental nas UC’s, geralmente são os estudantes. De acordo com
VALENTI ET et al (2012) Nos trabalhos de educação ambiental que seguem uma linha
pedagógica conservadora e comportamental, é muito comum a priorização do público infantil
com a justificativa de que as crianças é que terão o papel de mudar o futuro do planeta. Observa-
se que as ações de EA nas UC’s na maioria das vezes ficam restritas apenas com
crianças/estudantes. Esse artigo teve como objetivo realizar um levantamento de Unidades de
Conservação que tenham potencial para o desenvolvimento de atividades de Educação
Ambiental.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Sendo assim, faz-se necessária uma Educação Ambiental crítica e emancipatória para que os
indivíduos e a coletividade, bem como as questões sociais e ambientais, sejam refletidos em
unidade. (MMA, 2019)
De forma mais geral, as atividades em educação ambiental nessas áreas têm como
objetivo a mudança de atitude dos indivíduos que vivem no entorno de cada UC em relação ao
lugar protegido para a formação de novos entendimentos e valores indispensáveis para a
conservação da biodiversidade e o desenvolvimento socioambiental da região. Muitas das
comunidades do entorno de algumas UC desconhecem sua existência e seus propósitos, não
sabem que aquela área é uma área protegida, onde muitos caçam, fazem retirada ilegal de
madeira. E este tipo de situação muitas das vezes não é levado por isso nesse contexto à
educação ambiental surge como uma ferramenta poderosa para a solução desses conflitos da
sociedade e UC.
A análise de propostas de desenvolvimento visando à conservação em unidades de
conservação pode contribuir para a identificação de elementos que questionem a
funcionalidade, as contradições e os limites do desenvolvimento sustentável, envolvendo, em
última instância, a reflexão sobre a relação entre a sociedade e o ambiente (TEIXEIRA, 2005).
BIODIVERSIDADE
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Caracterização da Área
Este levantamento foi realizado nos municípios de Altos/PI - Floresta Nacional (Flona)
Palmares; Parnaíba/PI - Área de Preservação Ambiental (APA) Delta do Parnaíba, Ubajara/CE
- Parque Nacional (PARNA) de Ubajara e São Raimundo Nonato /PI- PARNA Serra da
Capivara (Figura 01).
Figura ¡Error! solo el documento principal. : Mapa de Localização das UCs envolvidas (Fonte própria)
197
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Paulino Neves, Araioses e Água Doce no Maranhão, Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e
Cajueiro da Praia no Piauí, Chaval, Barroquinha no Ceará (ICMBio, 1996).
O Parque Nacional de Ubajara, no Ceará, Unidade de Conservação Federal de Proteção
Integral, localizado nos municípios de Ubajara, Tianguá e Frecheirinha, está aberto à visitação,
onde dispõe de alguns atrativos tais como: trilhas, mirantes, grutas e cachoeiras. (ICMBio,
2002).
O Parque Nacional (Parna) da Serra da Capivara foi criado através do Decreto de nº
83.548 de 5 de junho de 1979, com área de 100.000 hectares. Localizado no semiárido
nordestino, fronteira entre duas formações geológicas, com serras, vales e planície, o parque
abriga fauna e flora específicas da Caatinga. O parque está situado no município de Coronel
José Dias, (ICMBIO, 1979). De acordo com o instituto brasileiro de geografia e estatística
(IBGE, 2018), o município possui uma população aproximadamente de 4.678 habitantes.
O trabalho foi desenvolvido nos meses de março a maio de 2019, o levantamento foi
realizado através de registros fotográficos e registro de campo. Trata-se de um de um estudo
qualitativo adotando como aporte a pesquisa de observação (VIANA, 2003; TEIXEIRA, 2015)
e a pesquisa de campo (FONSECA, 2002) na composição dos resultados. Nesse sentido temos
que a pesquisa de observação, sendo adotada como uma técnica científica e como método de
coleta de dados é uma importante fonte de informação nas pesquisas em educação. Ela deve ser
tratada com muito cuidado, pois exige técnicas específicas para ter valor científico e ser capaz
de alcançar os objetivos definidos pelo pesquisador (TEIXEIRA, 2015). No mais, pressupõe-
se que a realização de uma pesquisa de observação deve ter objetivos criteriosamente traçados,
um planejamento oportuno, além de um registro sistemático dos dados e a verificação da
validade de todo o desenrolar do seu processo e da confiabilidade dos resultados (VIANA,
2003).
Nesse sentido, VIANA (2003) defende que a observação casual é diferente da
observação de cunho científico. Para o autor a observação científica tem o objetivo de coletar
dados que sejam pertinentes, válidos, confiáveis e convenientes com as finalidades da pesquisa
sendo que essa coleta roga a imersão do pesquisador no campo de trabalho. No mais, um estudo
adotando como subsídio a observação requer além de um bom planejamento, um sustentáculo
teórico-científico para que o estudo venha a possuir uma acepção científica. No mais, é
importante destacar que na pesquisa de observação o pesquisador deve minimizar ao máximo
sua influência durante as análises já que, por evidente, é impossível eliminá-lo do local já que
a sua presença é indispensável para tal pesquisa (VALLADARES, 2007). 198
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Ao mesmo tempo, a Pesquisa de Campo é defendida por VIANA (2003) como sendo a
observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente. Ela tem o objetivo de
obter informações e/ou conhecimentos a respeito de um problema, para o qual se procura uma
resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos
ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem
espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se
presumem relevantes, para analisá-los (LAKATOS; MARKONI, 2003, p. 186).
As fases da pesquisa de campo podem ser sintetizadas em: realização de uma pesquisa
bibliográfica sobre o tema em questão; de acordo com a natureza da pesquisa, devem-se
determinar as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na determinação da amostra;
antes que se realize a coleta de dados é preciso estabelecer tanto as técnicas de registro desses
dados como as técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior (LAKATOS; MARKONI,
2003, p. 186).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos dados coletados em campo, foi feito um quadro de proposições de
atividades de educação ambiental, a serem desenvolvidas nas unidades de conservação, foi
elaborado um quadro com temas geradores, em locais que podem ser trabalhados nas UCs, são
assuntos que podem ser usados estimular ações, pesquisas e desenvolvimento de projetos de
conservação da biodiversidade do local.
· Flora Local
Biodiversidade
· Relações Ecológicas
· Bioma Cerrado
199
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
· Manguezal
· Ecoturismo
·Recursos Hídricos
Conservação
· Tipos de Solos
· Arte Rupestre
200
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
contemplados suas plantas, animais e fungos. A Educação ambiental sempre esteve relacionada
a conservação da biodiversidade, da ecologia seus sistemas de vida (Sato, 2002).
201
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
de 50 mil anos’’.
202
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Figura 9: Pintura rupestre da Serra da Capivara Figura 10: Vista Panorâmica da Serra da Capivara
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Ambiental deve permear pelas mais diversas áreas. No âmbito das
Unidades de Conservação, estas são detentoras de um grande potencial para se trabalhar
metodologias embasadas na educação frente o meio ambiente.
O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou uma análise das áreas visitadas sendo
adotado um olhar clínico para a elaboração de propostas de atividades de EA para essas
unidades de conservação. E pode se trabalhar de forma bem ampla diversos temas em cada UC
que foi visitada.
Pôde-se observar que nas quatros UC´s as atividades de EA são incipientes. Porém por
meio do levantamento realizado foi constatado que as UC´s possuem grande potencial para a
realização de ações de EA, por essa razão foi apontado sugestões por meio de eixos temáticos
em ambientes não formal
Tento em vista o quão as UC são carentes de atividades em EA, pode se observar durante
cada visita que o levantamento de atividades em Educação Ambiental não só é importante como
muito necessário em cada uma, pois através de cada atividade pode se trabalhar a preservação,
conservação do local e da biodiversidade através de atividades educativas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
205
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
This study investigated the levels of pre-competitive anxiety in 25 students, with a mean age
between 05 and 12 years, 20 males and 05 females, during an experimental class of Krav Maga
– Israeli Personal Defense, carried out by the Palmares Environmental Socio-Educational
Project, developed at the Conservation Unit in the Floresta dos Palmares National Park in the
city of Altos PI in June 2019. After being explained according to resolution 196/96 of the
National Health Council and with the authorization of the guardian, the students answered the
pre-competitive anxiety questionnaire (CSAI-2) 15 minutes before the experimental class. The
test revealed that more than half of the students, regardless of gender, consider the proposed
activity as a challenge with a high level of importance, considering that cognitive anxiety levels
reach 54.28% and somatic 56.7, a difference of (3.14%) when compared to males in cognitive
and (3.64%) in the summative, which assures us that the between genders, the female came to
the most anxious class, even in smaller numbers in the study. However, regarding self-
confidence, it was noticed that the male gender obtained a higher value, being the difference
presented of (13.21%), a fact attributed to this gender being more prone to the activities of
(L/AM/MEC). This work contributes to a reflection on anxiety provoked in new situations,
created by the implementation of practical activities in Social Projects with children, thus
making it possible to know how the states of anxiety and self-confidence vary in a new
206
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
experience, knowing that anxiety may positively or negatively affect the students' later income,
and should be a reason for attention to coordinators, teachers, technicians, psychologists and
scholars in the area.
INTRODUÇÃO
período em que os alunos estão em fase de formação física, psíquica e na busca da sua própria
identidade.
Relacionando a ansiedade-estado competitiva com outros fatores no esporte como a
atividade física saudável propostas pelo Projeto Socioeducativo Ambiental Palmares e o estado
emocional dos alunos observado na aula de Krav Maga, buscou-se investigar os níveis de
ansiedade pré-competitiva, em relação ao desempenho obtido por eles.
METODOLOGIA
Amostra
Para a composição dos participantes utilizou-se uma amostra intencional constituída de 25
alunos, com média de idade entre 05 a 12 anos, sendo 20 do sexo masculino e 05 do sexo
feminino matriculados no Projeto Socioeducativo Ambiental Palmares, desenvolvido na
Unidade de Conservação no Parque Nacional Floresta dos Palmares na cidade de Altos PI.
Todos os sujeitos participaram livre e espontaneamente do estudo conforme preconiza a
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e com autorização do responsável.
O Parque (FLONA) é uma Unidade de Conservação federal com 170 hectares e grande
diversidade na fauna e flora, localizado em uma área de transição entre caatinga e cerrado.
Sendo hoje uma área de proteção ambiental pertencente ao Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio/MMA) que tem o objetivo de proteger os recursos
naturais, manutenção das espécies nativas, promoção de pesquisas científicas e uma opção para
quem busca relaxar nas grandes sombras das árvores
208
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
média de (19 a 27 pontos) e alta de (28 a 36 pontos). O questionário foi aplicado 15 min antes
da aula no dia 18 de junho de 2019. (Foto 1)
Os dados foram tratados por meio de estatística descritiva (média e desvio padrão). Uma
planilha foi construída por meio do software Excel XP.
RESULTADO E DISCUSSÃO
3.1 Resultado
Tabela 1 – Distribuição percentual, média da ansiedade-estado cognitiva somática e
autoconfiança antes da aula.
Grupos N Ansiedade Cognitiva Ansiedade Somática Autoconfiança
Gêneros
Masculino 16 (64%) 25,57 26,53 32,94
Feminino 09 (36%) 28,71 30,17 19,73
Os dados obtidos através do questionário CSAI-2 mostram de forma básica que mais da
metade dos alunos, independente de gênero consideram a atividade proposta como um desafio
com alto nível de importância, considerando que os níveis de ansiedade cognitiva chegam a
54,28% e a somática 56,7.
O gênero feminino apresentou uma diferença de (3,14%) quando comparado ao
masculino na cognitiva e de (3,64%) na somativa, o que nos assegura que o entre os gêneros, o
feminino chegou a aula mais ansioso, mesmo em menor número no estudo.
No entanto, no tocante a autoconfiança, percebeu-se que o gênero masculino obteve um
maior valor, sendo a diferença apresentada de (13,21%), fato este atribuído ser este gênero mais
propenso as atividade de (L/AM/MEC).
DISCUSSÃO
No estudo de Silva (2012) é demonstrado que o nível de ansiedade é mais alto em
alunos/atletas jovens, em particular os pré-adolescentes, que em outras faixas etárias. Os jovens
alunos/atletas, com pouca experiência como nesta faixa etária de 05 e 12 anos de idade, por não
apresentar uma estabilidade emocional, por estarem conscientes do que está em jogo, e
manifestarem uma ansiedade de estado competitiva mais alta que os esportistas de mais idade,
ou com mais experiência.
A ansiedade é uma forma de expressão, diante dos efeitos da ação e vivência dos
processos, diante dos efeitos da ação e vivência dos processos emocionais. Nesse sentido
209
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
participar dos eventos esportivos/novas atividades nesta fase maturacional leva o indivíduo a
adquirir essa vivencia.
Para Cratty (1984) e Machado (1997), afirmam que estudos sobre ansiedade estado
revelam a presença desta e momentos que antecedem, durante e após as competições.
A ansiedade ocorre sempre por um “medo” do futuro, de algo que estará por vir, que já
acontece ou de situações outros que adivinhão em destes. Segundo Machado, (1997) é sabido
que o aluno/atleta entra em estado de ansiedade por não saber o que acontecerá na
competição/aula. Em seu decorrer, esta ansiedade se transforma , dando lugar a certo
relaxamento e após o término seu nível volta a oscilar pela expectativa da repercussão do
resultado. Futuramente, este estado final voltará a interferir no evento, uma vez que será o ponto
de partida para nova preparação, podendo alterar o desempenho de aluno/atleta, tanto positiva
como negativamente.
A ansiedade de estado acima do percentil de 33,78 é considerada normal nesta faixa
etária de 11 e 12 anos de idade, pois é considerada pelos autores que é impossível diminuir os
níveis de ansiedade, pois ela é vista como positiva.Para Martens citado por Rubio, (2003)
observa-se que o nível de ansiedade e mais alto em alunos/atletas jovens, em particular os pré-
adolescentes, que em outras idades.
Os jovens alunos/atletas com pouca experiência como nesta faixa etária 05 e 12 anos de
idade, por não apresentarem uma estabilidade emocional a suportar este tipo de pressão em uma
nova atividade, por estarem conscientes do que está em jogo, manifestam uma ansiedade -
estado competitiva mais alto que os esportistas de mais idade ou com mais experiência.
Assim sendo, buscam-se meios para atingir níveis ideais de ansiedade para cada aluno-
atleta desempenhar da melhor forma passível, visando principalmente o seu bem estar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho contribui para uma reflexão sobre da ansiedade provocada em novas
situações, criadas pela implantação de atividades práticas em Projetos Sociais com crianças,
possibilitando assim, conhecer como variam os estados de ansiedade e de autoconfiança em
uma nova experiencia, sabendo que a ansiedade poderá afetar positivamente ou negativamente
no rendimento posterior dos alunos, devendo ser motivo de atenção aos coordenadores,
professores, técnicos, psicólogos e estudiosos da área.
REFERÊNCIAS 210
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ANDRADE NETO. João Batista de. Defesa Pessoal e Bastão Tonfa. Campinas, SP, Editora
Gril, 2009.
_________________. Ensinando Lutas na Escola. Campinas, SP, Editora Gril, 2011.
211
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
The Delta do Parnaíba Environmental Protection Area, located at the mouth of the Parnaíba
River, state of Piauí, house marine ecosystems where endemic diseases and high biodiversity
occur, but with a bird fauna still little known. The objective of this work was to record and
expand the distribution of two bird species occurring in this area: Anas bahamensis (marreca-
toicinho), Gampsonyx swainsonii (hawk), both recorded in the municipality of Parnaíba in two
distinct points. The first, with a greater distribution extension, was G. swainsonii, in which the
closest occurrence is located in the Serra da Capivara/PI National Park, about 600 km. A.
bahamensis, which presented a distribution extension of approximately 176 km, equivalent
distance between Santo Amaro/MA, in the Lençóis Maranhenses Park and this record. These
piauiense occurrences allow to compose specific mappings of the avifauna of the Parnaíba
Delta, encouraging the application of future conservation plans in this area of protection, given
their relevance to these and other species of birds that use this area for reproduction, feeding
and rest.
INTRODUÇÃO
O Brasil é apontado como um dos países onde ocorre uma das maiores diversidades
biológicas de aves no mundo, totalizando mais de 1.919 espécies, segundo o Comitê Brasileiro
212
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
de Registros Ornitológicos (PIACENTINI et al., 2015). Toda essa riqueza representa 17% de
todas as espécies já registradas, o que corresponde a aproximadamente 57% das espécies de
aves catalogadas em toda América do Sul (SICK, 1997). Cerca de 92% da avifauna do país é
composta por espécies residentes, sendo o restante das espécies (8%) classificadas como
migrantes (SICK, 1993).
Apesar de toda essa diversidade, o Brasil apresenta o maior índice de espécies
ameaçadas em todo Neotrópico (COLLAR, 1997) e um dos maiores em aves ameaçadas no
mundo, segundo levantamento da BirdLife International (CHNG et al., 2015), em que a
destruição e a fragmentação de habitats são apontadas como as causas mais relevantes para o
aumento destes números (MARINI; GARCIA, 2005). Esses e outros fatores elevam o país para
um nível considerável de prioridade em aplicações de investimentos em conservação (SICK,
1997).
A Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba, localizada na zona costeira
dos estados do Ceará, Maranhão e Piauí, caracteriza-se por seus ecossistemas marinhos de
mangue e uma fauna e flora fortemente particularizadas (BRASIL, 2002). Situado na foz do
Rio Parnaíba, o Delta do Parnaíba é considerado o único em mar aberto das Américas e, de um
ponto de vista ecológico, determina a presença de endemismos e expressiva biodiversidade para
a região (MATTOS; IRVING, 2003).
Observando outros estudos realizados na região a diversidade e riqueza são semelhantes,
224 espécies foram amostradas na região norte do Piauí (CARDOSO et al., 2013; GUZZI et al.
2015; SANTOS, 2017; SANTOS, 2018; NASCIMENTO, 2018) e no Delta do Parnaíba 139
espécies diferentes de aves, das quais 113 foram consideradas residentes, 8 endêmicas do Brasil
e 17 visitantes do Hemisfério Norte (GUZZI et al., 2012).
O Delta do Parnaíba é apontado como uma área de concentração de aves no Brasil, e
destacado como área importante para sua conservação, que está diretamente relacionada com a
identificação de sítios de alimentação, repouso e reprodução, a perda de um sítio pode acarretar
na diminuição e até mesmo na extinção local de alguma espécie. Por isso, trabalhos de
monitoramento de populações são fundamentais para conhecimento e conservação das espécies
presente na área (TELINO-JUNIOR; AZEVEDO-JUNIOR; LYRA-NEVES, 2003; OLIVEIRA
et al., 2016). Nesse sentindo objetivou-se relatar o registro Anas bahamensis e Gampsonyx
swainsonii e ampliar suas distribuições para a Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do
Parnaíba.
213
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
MATERIAL E MÉTODOS
ÁREA DE ESTUDO
O Delta do Parnaíba é uma região constituída por uma tensão ecológica, a qual abrange
a sudoeste, Cerrados, a leste, Caatinga e ao norte, ecossistemas marinhos, tornando tal área
como de importância ímpar para o litoral brasileiro (BRASIL, 2002). Visando, entre outros
objetivos, proteger as riquezas biológicas da fauna e flora da região, foi criada pelo Decreto
Federal de 28 de agosto de 1996, a Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Parnaíba, a
qual engloba uma área de 313.809 hectares.
A APA possui porções territoriais tanto na orla marítima quanto na plataforma
continental, abrangendo três estados, sendo eles: Ceará, nos municípios de Barroquinha e
Chaval; Maranhão, nos municípios de Água Doce, Araioses, Paulino Neves e Tutóia; e Piauí,
nos municípios de Cajueiro da Praia, Ilha Grande, Luís Correia e Parnaíba. A região ainda
interliga pontos turísticos importantes, como Jericoacoara, no Ceará, com os Lençóis
Maranhenses, no Maranhão (BRASIL, 1996).
A região em que esta APA se insere, caracteriza-se pelas vastas planícies flúvio-
marinhas entremeadas por uma rede de canais, os quais constituem as ilhas do delta. Neste
ambiente também predominam formações de mangues, que se desenvolvem graças aos
processos de acumulação flúvio-marinha, e dunas móveis no seu interior (ANDRADE et al.,
2012). São observadas cinco unidades geomorfológicas nesta área de proteção: faixa de praia e
dunas; planície flúvio-marinha; planície fluvial; tabuleiros costeiros; e maciços residuais dos
granitos de Chaval/CE (CHAVES et al., 2009).
Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é do tipo tropical quente e úmido
(Aw), onde há um alto índice de pluviosidade demarcado pela influência da massa Equatorial
Atlântica ao longo dos meses de janeiro a junho (BASTOS, 2011). Como resultado das
variações que constituem o solo e da profundidade do lençol freático, a vegetação do delta
adquire características particulares, ocorrendo vegetação pioneira de dunas; vegetação de
Tabuleiros formada por mata seca, caatinga, cerrado e cerradão; vegetação de Mangues,
localizados nas proximidades dos fluxos de água; vegetação de Restinga; e de Caatinga
(CHAVES et al., 2009).
Anas bahamensis
O registro de A. bahamensis ocorreu no dia 26 de abril de 2015 durante uma amostragem na
forma de transecto linear em uma área próxima a uma lagoa temporária no município de
Parnaíba, nas proximidades da Usina Eólica da Pedra do Sal (02°50'22.81"S, 41°41'56.46"O),
localizada na praia da Pedra do Sal. Os espécimes foram registrados com uma câmera digital
Nikon Coolpix P520 e identificados com auxílio de guia de campo.
Gampsonyx swainsonii
G. swainsonii foi registrado na região de Parnaíba, nas proximidades do rio Igaraçú
(03°01'32"S, 41°45'56"O), durante a realização de um transecto linear realizado entre os dias
30 de novembro de 2015 e 04 de dezembro de 2015. O espécime foi fotografado com câmera
digital Nikon Coolpix P520 e identificado com auxílio de guia de campo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Anas bahamensis
Foram registrados espécimes adultos (Figura 1) e filhotes (Figura 2) de Anas
bahamensis em uma área próxima à uma lagoa temporária, em área de restinga. A mesma
espécie também foi registrada por Almeida et al. (2012) em remanescentes de restinga (cordões
de dunas, lagoas e áreas de drenagens e formações arbustivas) ao longo da zona de expansão
urbana de Aracaju, Sergipe, ambiente semelhante ao do presente registro.
215
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Figura 1. Casal de marrecas-toicinho (Anas bahamensis) próximo à uma lagoa temporária, em Parnaíba/PI
(Couple of mallards (Anas bahamensis) next to a temporary pond in Parnaíba / PI)
Figura 2. Espécime adulto de marreca-toicinho (Anas bahamensis) registrado com filhotes nadando na lagoa
(Adult specimen of mallard-toothed (Anas bahamensis) registered with cubs swimming in the lagoon).
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Gampsonyx swainsonii
Foi registrado um espécime de Gampsonyx swainsonii nas proximidades do rio Igaraçú
(Figura 3). Roos et al. (2006) também registraram no Lago de Sobradinho, Bahia, esta espécie
que habitava caatinga arbórea, formação vegetal predominante no local do atual registro em
Parnaíba. E Roda e Pereira (2006), em estudos no Centro Pernambuco, Nordeste do Brasil, a
consideraram rara, com apenas dois registros em toda a área amostral.
218
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
em sua maioria, encontram-se ameaçados por fatores antrópicos, principalmente pela destruição
de seus habitats e sua caça indiscriminada. O que para Roda e Pereira (2006) torna a inclusão
do grupo indispensável nas políticas de conservação regionais.
O novo registro de G. swainsonii no município de Parnaíba ampliou a distribuição desta
espécie, uma vez que o mais próximo desta região era, segundo Olmos e Albano (2012), para
o Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, distante 600 km, aproximadamente, desta
ocorrência. Godoi et al. (2012) afirmam a importância de registros pontuais de aves de rapina,
sobretudo das consideradas raras e ameaçadas, e em áreas ainda pouco estudadas, uma vez que,
dada sua relevância para a natureza, aumenta-se o conhecimento e conservação da
biodiversidade nestas áreas.
As informações obtidas neste trabalho demonstram que a distribuição de S. leucogaster
na área de estudo foi a maior, com aproximadamente 865 km de extensão, em que o registro
mais próximo localiza-se no Atol das Rocas/RN. Seguida por G. swainsonii, com cerca de 600
km, onde a ocorrência mais aproximada está no Parque Nacional Serra da Capivara/PI. E por
último, A. bahamensis, com 176 km, distância equivalente entre Santo Amaro/MA, no Parque
dos Lençóis Maranhenses e este registro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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223
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RESUMO
Este artigo tem como objetivo principal mostrar como a Praça da Graça, localizada na cidade
de Parnaíba, litoral do Piauí, se desenvolve em termos sociais, geográficos e turísticos. Para
isso, este estudo buscou apresentar os elementos que constituem o espaço da Praça da Graça,
com uma reflexão acerca do homem enquanto transformador e ator do cenário. Para chegar
neste objetivo, realizou-se um levantamento geográfico e aplicado nas atividades turísticas que
rodeiam o locus de estudo, a partir das discussão de autores que norteiam a geografia e aplicada
ao turismo sendo Milton Santos e Adyr Apparecida Balastreri Rodrigues, e o comportamento
do ser humano analisado por Iving Goffman, foi utilizado o método de pesquisa observação
participante para análise de dados da pesquisa. Com isso, entendeu-se que a Praça da Graça é
um dos principais espaços diversificados, que atende tanto os moradores locais quanto os
turistas.
ABSTRACT
This article aims to show how Praça da Graça, located in the city of Parnaíba, coast of Piauí,
develops in social, geographical and tourist terms. For this, this study sought to present the
elements that constitute the space of Praça da Graça, with a reflection about man as transformer
and actor of the scenario. To reach this goal, a geographic survey was carried out and applied
in the tourist activities surrounding the study locus, based on the discussions of authors who
guide geography and applied to tourism being Milton Santos and Adyr Apparecida Balastreri
Rodrigues, and the behavior of the human being analyzed by Iving Goffman, the participant
observation research method was used for analysis of research data. With this, it was understood
that Praça da Graça is one of the main diversified spaces, which serves both locals and tourists.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho surge pela necessidade de compreender a caracterização da Praça
da Graça como elemento constitutivo e, de certa forma reflexo, do espaço geográfico central da
cidade de Parnaíba – Piauí. Fazendo jus a organização deste lugar, sendo as praças partes
presentes nos centros urbanos, logo pretende-se apresentar como as mesmas se transformam a
partir dos elementos constituintes e “atuantes” neste espaço. Atentai bem, essa palavra servirá
de norte para a compreensão do ser “homem” e transformador, e sua influência na construção
224
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
A Praça da Graça, principal objeto de estudo dessa pesquisa, foi fundada em 1917 pelo
intendente Nestor Veras, na cidade de Parnaíba no Piauí, antes de sua fundação era conhecida
como “Lagoa da Onça” nos tempos de feitorias, posteriormente recebeu o nome de “Largo da
Matriz, assim como foi o local onde foi dado o grito de independência do Brasil” (IBGE, 2019).
Esta nasceu de um local onde apenas existia uma grande área quadrada coberta por terra e
cercada por vegetação nativa. Foi por anos um dos principais pontos de sociabilização da
comunidade parnaibana após a saída do cinema, no não mais existente, Cine Teatro Éden.
Atualmente o local é composto por diversos elementos que caracterizam a praça e há
um fluxo diário de pessoa nas dependências da praça, e abriga importantes objetos de valor
histórico para a cidade, dentre eles: O monumento da independência, o marco zero, a igreja de
Nossa Senhora da Graça e a igreja do Rosário. “Os espaços livres existentes nas cidades e
marcados pelas aglomerações humanas estavam, em geral, relacionados à existência de
mercados populares (comércio) ou ao entorno de igrejas e catedrais” (VIEIRO E BARBOSA,
2009, p. 1/3). Além disso, costuma ser palco de alguns eventos da cidade, principalmente
226 de
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
cunho religioso, devida à presença das duas igrejas sendo a Igreja Nossa Senhora das Graças, e
a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
A praça passou por várias transformações ao decorrer dos anos, desde sua fundação, até
o período atual. A proficuidade diária na praça deve-se à grande concentração de equipamentos
ali dispostos, e nas suas proximidades, que atendem as necessidades de cada um. Através das
transformações pelas quais a praça passou, foram implantados bancos, lotéricas, correios, lojas,
bancas de revistas, além da presença constante dos vendedores ambulantes. Conforme esses
novos equipamentos foram adicionados à praça, o lugar foi ganhando uma nova forma, até
atingir o seu atual estado.
Para se chegar nesta reflexão do homem enquanto ator nos cenários, é importa destacar
as formas de comunicação que Goffman (1985) aborda, por meio das expressões transmitidas
e pelas expressões emitidas. As transmitidas equivalem ao conjunto de formas verbais, ou seja,
a forma de veiculação das informações contidas neste tipo se caracterizam mais com a fala. Já
as expressões emitidas são tidas como informações transmitidas de forma não verbal, portanto,
o homem emite informações de acordo com o contexto em que está no momento, de forma
teatral.
Este comportamento é acompanhado de algumas configurações, utilizadas pelo homem,
como por exemplo: o cenário e a fachada. Estas duas características são descritas por Goffman
(1985, p.31). A primeira são as partes cênicas de equipamento expressivo que compõem um
dado espaço, e a segunda é “relativo aos outros itens de equipamento expressivo, aqueles que
do modo mais íntimo identificamos com o próprio ator, e que naturalmente esperamos que o
sigam onde quer que vá”.
Portanto, ao relacionar este tipo de comportamento por meio da forma de comunicação
de expressão emitida com o cenário que a Praça da Graça evoca, tem-se que cada pessoa que
se encontra no lugar desempenha algum papel cênico e deseja que a sua atuação seja aceita pela
“plateia”, ou seja, as pessoas que ali observam. É o que Goffman (1985, p.25) relata ao enfatizar
que “quando um indivíduo desempenha um papel, implicitamente solicita de seus observadores
que levem a sério a impressão sustentada perante eles".
Levando esta análise em consideração, pode-se observar que o homem, enquanto
elemento constitutivo do espaço (SANTOS, 1988) atua nos demais elementos, os quais pode-
se caracterizar aqui como “territórios”, que de acordo com Goffman (1975), são espaços
limitados por barreiras de percepção. Todavia, podem existir territórios separadas por
interações verbais, ou seja, podem existir diversas atuações em uma mesma região ou lugar,
mas estas atuações são separadas por grupos. O mesmo espaço pode abrigar diferentes
territorialidades ao longo do dia, pois pode ser um ponto comercial e de encontros religiosos
pelo dia e de noite se transformar em pontos de encontro para atividades marginais. Nesse ponto
as teorias de Goffman (1985) e Santos (1988) se entrelaçam: Os cenários e os atores trazem
uma representação análoga ao que Santos estabelece como fixos e fluxos.
Enquanto lugar, a Praça da Graça possui estas características. É um espaço onde vários
grupos se constituem, e, uma mesma pessoa, pode transitar por estes grupos e tentar manter um
padrão de comportamento, visto que este padrão se caracteriza como uma “região de fachada”
(GOFFMAN, 1975). A exemplo disso, pode-se citar aqui os vendedores ambulantes
228que
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
utilizam a Praça da Graça. A sua “região de fachada” é a Praça. Estas pessoas tentam manter
um padrão de comportamento e encenação no espaço.
Ao atrelar estas ideias à atividade turística, tem-se que o turista, ao visitar outros
espaços, ou seja, outros cenários, cria então uma fachada para que seu comportamento enquanto
viajante possa seguir um padrão. Mais ainda, o indivíduo cria uma “região de fachada”, que
pode ser entendida como os espaços que são visitados. Todavia, apesar de criar estas regiões, o
seu comportamento será diferente, em todos estes lugares visitados. A “região de fachada” do
ponto “A” é diferente do ponto “B”.
Como já explicitado anteriormente, não só os turistas ou visitantes atuam em diferentes
cenários, mas também os próprios moradores locais. As pessoas que visitam a Praça da Graça
mantêm guardados um padrão para seguir nos momentos em que estão na própria Praça. O
vendedor ambulante costuma parar as pessoas que por ali transitam, para vender o seu produto.
Sua atuação é feita e sua expressão é transmitida a partir do padrão da “região de fachada”. A
mensagem é recebida, entendida e aceita por aquele ou aqueles que o ouvem, ou seja, a sua
plateia.
A plateia, então, analisará a sua expressão emitida, e só a partir daí terá uma resposta.
Dependendo da resposta, o vendedor continuará a sua encenação com o seu padrão, definido
pela sua “região de fachada”, a Praça. E a plateia também seguirá com este padrão. Portanto, é
assim que se dá a configuração do homem, enquanto ser atuante, no cenário da Praça da Graça.
negócio mundial, e que vai além disso, o turismo proporciona as vivências com pessoas, troca
de culturas, ambientes, etnias e perspectivas diferenciadas. As praças como espaços que
proporcionam lazer, e essa troca de culturas e reconhecimento do outro, não está fora disso.
As praças tem um papel fundamental na vida urbana, principalmente por serem espaços
de lazer e recreação que estão atreladas ao turismo, além das manifestações culturais e
atividades que podem ser exercidas nelas, sendo “Os espaços públicos de lazer, ou seja, praças
e parques são fundamentais para a qualidade de vida de uma cidade, pois permitem inter-
relações entre as pessoas, consequentemente entre moradores e visitantes (DENARDIN E
SILVA, p.01. 2011). O lazer é a fonte principal desses espaços, mesmo que para descansar, ou
visitar em um determinado horário um atrativo, neste caso as praças proporcionam essa troca
de culturas e vivencias assim como o turismo. “Os espaços públicos de lazer são utilizados de
diversas maneiras com as funções de integrar e sociabilizar a população, da mesma forma que
ajudam a desenvolver e fortalecer o sentimento comunitário” (DENARDIN E SILVA, p.02.
2011).
A paisagem é um fatores que influenciam na escolha de um destino, mesmo sendo em
uma rede social ou presencialmente, e “A praça também desempenha uma função estética ligada
ao embelezamento das cidades ao diversificar a paisagem tornando-a agradável aos olhos de
quem a vê, além da função social promovendo o convívio entre as pessoas” (FERNANDES E
COSTA, p. 911, 2015), Nesse sentido Yokoo (2009) diz que a paisagem é amplia a conexão
homem, natureza e lazer, sendo a mesmo criando uma harmonia entre os elementos presentes.
Nessa perspectiva é possível afirmar que “A paisagem representa diferentes momentos do
desenvolvimento de uma sociedade, compreendendo os elementos que atendem às necessidades
desta nova estrutura social” (DENARDIN E SILVA, p.04. 2011). No que diz respeito ao lazer
e turismo “As praças são importantes espaços públicos de socialização e lazer urbano utilizadas
pela população, principalmente em cidades onde não existem variadas opções de lazer”
(FERNANDES E COSTA, p. 916, 2015).
O turismo nas praças é voltado mais as atividades de lazer e recreação com o intuito de
se apropriar desses espaços e utiliza-los ao viés econômico e social, e nesses espaços sempre
ocorreram as transformações ambientais e antrópicas, “A paisagem de ontem não é a mesma de
hoje, e amanhã, provavelmente será diferente dessas. Em se tratando de cidades, isto ocorre
ainda com maior intensidade e velocidade, uma vez que esta é mais dinâmica que a paisagem
rural” (YOKOO, 2009p.10), As praças se transformam a todo momento tendo como principais
230
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
HOMEM
O homem como o ser transformador do espaço, ou seja, realizador de todas as atividades
que transformam o meio em que está inserido, é o principal objeto para o desenvolvimento das
atividades que alavancarão a construção de todo este meio, seja na forma de demanda ou oferta
de serviços, “Os homens são componentes do espaço, seja na qualidade de fornecedores de
trabalho, seja na de candidatos a isso” (SANTOS, 1988, p. 06). A Figura 1 mostra a atividade
do homem na Praça da Graça.
Os homens, ou seja, homens e mulheres, como seres individuais e sociais,
correspondem, no turismo, à demanda turística, à população residente e a todos os indivíduos
responsáveis pelo funcionamento de outros elementos, tais como os representantes das firmas,
as instituições etc. (RODRIGUES, 1996, p. 66).
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Figura 1: mostra atividade antrópica, ou seja, o homem como transformador do espaço na Praça da Graça.
Fonte: Costa e Silva (2017)
O fluxo das atividades se concentra nessa localidade da cidade por conter uma
quantidade de equipamentos que se utilizam no dia-a-dia como banco, lotéricas, lojas,
lanchonetes, áreas informativas (posto de informações turística e informações históricas da
praça). Pode ser observado vendedores ambulantes, de salada de fruta, agua de coco,
vendedores de artesanato (hippies), pipoqueiro, vendedor de picolé, porém estas pessoas com
tais características não são as únicas a transformar este meio, também há aquelas que usufruem
de todos os equipamentos do entorno da praça, como moradores, visitantes ou até mesmo uma
simples pessoa ao passar pela praça.
Estes componentes do espaço na análise do turismo, pode-se dizer que são fluxos, pois
eles interagem entre diversos pontos em que podem desenvolver suas atividades, que tem como
principal definição: “Desloca-se em volumosos fluxos para lugares distintos de seu domicilio
habitual, dirigindo para núcleos receptores, onde interage com a população anfitriã, elemento
não menos importante do espaço do turismo, que somente na última década tem sido
comtemplado nos estudos geográficos do fenômeno” (RODRIGUES, 1996, p. 66). Nessa
perspectiva a interação do homem e o meio em diferentes locais é sempre mantendo o contato
com a população nativa, sendo assim ofertando seus serviços, não somente em um lugar estável,
mas se locomovendo em diversos ambientes da cidade, ou locais próximos a praça.
FIRMAS
Firmas em uma análise geográfica é a prestadora de bens e serviços, ofertam elementos
que iram satisfazer a necessidade e os anseios do homem, para Milton Santos (1985) destaca-
se com o mesmo de que Firmas têm como principal funcionalidade a produção de bens e de
232
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
serviço. Um exemplo para representar firma são as lojas, no entorno da Praça da Graça é
perceptível à presença de lojas que tem essa principal função.
INSTITUIÇÕES
No que diz respeito às instituições, podem ser definidas como à supra estrutura.
Produzem métodos ou “normas, ordens e legitimações”. Delas emanam ações racionais,
pragmáticas, ditadas pelas forças da economia hegemônica e ao serviço do Estado”
(RODRIGUES, 1996, p. 67). Ou seja, as igrejas que se encontram na praça são consideradas
233
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Instituições por conta das mesmas, criarem suas normas para os praticantes da religião. Figuras
3 e 4.
À esquerda - figura 3. Igreja Nossa Senhora da Graça. Á direita - Figura 4. Igreja Nossa Senhora do Rosário dos
Pretos. Costa e Silva (2017)
A Igreja Nossa Senhora da Graça foi umas das primeiras praças a serem construídas na cidade
de Parnaíba, a partir dela foi criada a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no século
XVIII sem data ao certo de sua inauguração, foi construída exclusivamente para os escravos,
mantendo-os afastados da classe alta, na época. Um fato importante sobre as igrejas é que elas
são as únicas setecentistas localizadas em quadras residenciais (IPHAN,2014). Na praça
ocorrem eventos tradicionais que as igrejas organizam, deste modo atraindo visitantes e
proporcionando certa demanda ao local, beneficiando o turismo e a comunidade.
INFRAESTRUTURA
Caracteriza-se por todos os equipamentos que estão presentes na praça como suporte
para toda a comunidade e visitantes, como rede elétrica, água, informativos, acessibilidade, rede
de esgoto, estacionamento entre outros que se pode usufruir.
As infraestruturas são importantes elementos do espaço do turismo. Além da infraestrutura de
acesso, representada pela rede de transportes e de comunicações, costuma-se nos trabalhos de
diagnósticos turísticos, inventariar a infraestrutura urbana, tais como rede de água, de energia,
de abastecimento, de saneamento básico, de coleta de lixo e de esgoto (RODRIGUES, 1996, p.
68).
Na praça é perceptível que há a presença dos seguintes equipamentos que compõem a
infraestrutura: como coletores de lixo, saneamento básico por parte da prefeitura municipal, a
acessibilidade no entorno da praça como rampas de acesso e piso tátil (Figura 5).
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
À esquerda - Figura. 6. Antigo mapa informativo dos pontos turísticos da cidade. À direita - Figura.7. Atual
mapa informativo dos pontos turísticos da cidade. Fonte: Costa e Silva (2017)
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
importância no turismo o, pois é onde o turista coletará informações sobre o lugar onde se
encontra.
MEIO ECOLÓGICO
Como último dos elementos temos o meio ecológico, que segundo Rodrigues (1996) ao
citar Milton Santos (1985) é compreendido como o “conjunto de complexos territoriais a base
física do trabalho humano”. Rodrigues afirma também que esse elemento abrange muito mais
que somente os objetos naturais, mas que o meio ecológico é também a parte física não
ambiental, podendo ser as placas de sinalização de cunho ecológico (Figura 8).
Nos limites internos da praça podemos observar como meio ecológico: as árvores, os
arbustos, e toda a vegetação inclusa. Recentemente, com a nova gestão da cidade, outros
elementos foram inseridos no local, tais como: placas trazendo informações à população sobre
a preservação e cuidados com o meio-ambiente e a fonte de água restaurada. Na atualidade, as
árvores oferecem um ambiente mais ameno e sombreado às pessoas que circulam o local, além
de servirem como adorno para a praça. Podemos definir o meio ecológico como um elemento
fixo, já que se mantém inerte no local.
FORMA
A forma é a primeira das quatro categorias de análise geográfica, representada dentro
da geografia como a paisagem do local, e a forma com a qual ela se caracteriza. Entretanto, para
a análise turística, a paisagem é um importante recurso empregado principalmente para vender
a imagem do local. “A paisagem é um notável recurso turístico, desvelando alguns objetos e
desvelando outros, por meio da posição do observador, quando pretende encantar e seduzir”
(RODRIGUES, 1996, p. 72). A imagem serve como um fator principal na escolha de um
destino.
Na Figura 9 está sendo representada a paisagem da praça em sua forma estética, ou seja,
como os equipamentos que estão na praça se articulam, e formam a imagem da mesma, e como
sevem de porte para à sua promoção e atrativo apenas com a utilização da imagem.
FUNÇÃO
Essa categoria aborda o papel de cada elemento separadamente, ou seja, implica dizer
que um espaço especifico vai ter sua própria tarefa ou papel desempenhado separadamente.
Pode-se também entender a função dos objetos que compõe o espaço, ou seja, compreender as
formas. “[...] função é ação, a interação supõe interdependência funcional entre os elementos”
(SANTOS, 1985, p. 7). Um elemento não exerce necessariamente somente uma função,237
o seu
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
objetivo vai depender das necessidades das pessoas ao redor, essas que vão mudando no
decorrer do tempo.
Pode-se observar o Banco do Brasil (Figura 10), como um objeto que tem sua própria
função ofertando suporte em questão ao fornecimento de atividades financeiras, é possível
perceber o fluxo constante de pessoas que passam pelo local para utilizar os seus serviços. O
prédio está em um local bem localizado da praça, desta forma sendo de fácil acesso. Para o
turismo a função que o banco exerce é de colaborar para com as pessoas que estão utilizando
dos equipamentos que se localiza no perímetro da praça.
ESTRUTURA
A praça apresenta um espaço livre para circulação e área verde, um lago artificial
iluminado com placas de concreto e uma passarela sobre o mesmo e os demais caminhos
pavimentados com pedra portuguesa. Além dos monumentos presentes como, Marco Zero,
Monumento da Independência, o Coreto.
O monumento da Independência, antes ponto focal do lugar, passou a se encontrar num
espaço estreito entre dois amplos jardins cujo paisagismo não favoreceu sua contemplação,
retirando-lhe assim, a função primordial de marco de convergência, algo que frequentemente
ocorria em remodelações de espaços públicos (CULLEN, 2004, 29). Segue as figuras 11 e 12.
238
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
PROCESSO
A última categoria de analise geográfica segundo Rodrigues (1996), corresponde às
interações entre todas as outras categorias, forma, função e estrutura. Nessa categoria O tempo
tem função fundamental para a percepção do processo de mudança do espaço, recursos que são
consideradas naturais com o tempo podem também se tornarem recursos históricos, ou seja, é
um processo continuo, com isso são formados os objetos e os espaços turísticos.
239
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Pode ser visualizado na (figura 13) um conjunto de ações sendo realizadas ao mesmo
tempo, a forma como a praça está organizada e constituída para que possa chamar a atenção do
turista e visitantes, é possível notar também a estrutura que compõe o espaço. Ainda
possibilitando ver objetos que exercem papeis de função, como o Banco do Brasil e os Correios.
Para o turismo todas essas ações e elementos que formam esse espaço ajudam a configurar o
local adequadamente para que a atividades possam de fato acontecer.
CONSIDERAÇÃOES FINAIS
A praça da Graça enquanto potencial turístico, vem sendo aprimorada de acordo com os
gestores de cada período. Conforme o passar dos anos, com a introdução de equipamentos que
vão favorecer ao homem, pois todos os componentes que estão em seu entorno são em função
do e para o homem.
Com base na observação participantes percebe-se que cada elementos estará
desenvolvendo suas atividades para que ocorra de fato o funcionamento da praça. A abordagem
dos elementos constitutivos do espaço e as categorias de analise geográfica aplicada ao
Turismo, são de suma importância para compreender a função de cada um com base no meio
em que estão inseridos. Tanto os elementos, quanto as categorias também possuem a sua
importância para o turismo, a inserção de cada um que está no perímetro da praça possibilita às
pessoas que circulam pelo espaço poder de usufruir de suas funcionalidades, servindo tanto para
o turista como para a própria população da cidade.
240
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Deve-se ainda ressaltar a importância de estudos como este que possam proporcionar
posteriores pesquisas e possíveis projetos aplicáveis nesses espaços, para que sempre aprimore
o planejamento e organização dos espaços de forma sensibilizada aos possíveis impactos.
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241
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
242
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
This research proposes an introductory discussion about the concept of landscape and the
production of the tourist phenomenon as an aggregating element of social, economic and
cultural values for society. The general objective of this work is to present theoretical basis on
the relevance of the landscape for society to the production of tourism as a social element. The
methodology of the work consists of a bibliographic survey of authors who work with
discussions about landscape and tourism. It was noticed that the landscape and tourism derived
in it are fundamental points of dynamism in a society and in the spatial reconfiguration led by
man, adding value to a locality.
INTRODUÇÃO
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Hoje se sabe que, a paisagem como uma categoria do espaço sofre influência direta do
tempo e da história com suas dimensões transformadoras. As investigações sobre o tema
constituem estudos de autores distintos que construíram uma teia de informações acerca do
tema paisagem.
Na Alemanha do século XVIII, Humboldt fez referência à paisagem demonstrando seu
interesse pela fisionomia e aspecto da vegetação, pelo clima, sua influência sobre os seres e o
aspecto geral da paisagem, variável conforme a natureza do solo e sua cobertura vegetal
(ROUGERIE; BEROUTCHATCHVILI, 1991). O alemão Humboldt foi pioneiro na construção
dos significados acerca da paisagem e o seu enfoque na vegetação demonstra a influência
positivista que influenciava a geografia na época.
Friedrich Ratzel ao final do século XIX e Ferdinand Von Richtofen (discípulo de
Humboldt) já no século XX, também foram dois estudiosos que desenvolveram teorias com
abordagens racionais, respectivamente sobre relações de causa que interagem na natureza e
sobre a superfície terrestre e a inter-relação da litosfera, atmosfera, biosfera e hidrosfera
(MOURA; SIMÔES, 2010).
No século XX novos elementos surgiram através da colaboração de pensadores de áreas
diversas. Passarge (1931) defende o clima como fator preponderante na distribuição da vida na
terra; E. Neef e J. Haase (1973) abordam que a troca de informação cria um elo entre o homem
e o meio; e Schuluter (1920) afirmou a visão que o homem tem da natureza através da percepção
e como influências psicológicas influenciam esta formação (MOURA; SIMÔES, 2010).
Das contribuições, é necessário destacar Carl Troll que em 1966 apresentou a paisagem
a partir de um conceito ecológico, ou seja, dos elementos naturais, apresentando o conceito
funcional como resultado de todos os geofatores, inclusive a economia e a cultura,
caracterizando assim, a paisagem cultural (MOURA; SIMÔES, 2010).
Os elementos e fatores que constroem a paisagem se figuram a partir de processos
relacionais e é relevante resgatar a afirmação de que as paisagens refletem transformações
espaço-temporais e conservam testemunhos do passado. Ab’Saber (2001) defende a ideia de
que a paisagem é sempre uma herança que começou em tempos pré-históricos e é dinâmica e
operante até o presente.
Mesquira e Brandão (1995, p. 69) confirmam esses processos espaço-temporais nas
relações humanas, ao dizer que “tiempo y espacio confluyemenlo cotidiano”. Estebanez (1990)
advoga que na geografia humana, sendo uma introspecção crítica reflexiva necessária, a
paisagem tem que ser algo mais do que as paisagens de tempo, terrenos e casas. Devem
245ser
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
incluídos os sentimentos, conceitos e teorias que o homem construiu para a sua dinâmica social
ao longo do tempo. Para ele a paisagem é definida como um ambiente físico e simbólico criado
em um processo dialético, fruto das relações culturais desenvolvidas pelas sociedades que nele
habitam.
Neste painel das ações culturais humanas que constroem a paisagem, que é solidificada
pelo trabalho e percepção do homem, um agente provocador e realizador de feitos. Para Collot
(1990) as definições de paisagem remetem a três elementos essenciais: a ideia de ponto de vista,
a de parte e a de unidade.
No primeiro elemento, a paisagem é definida de acordo com o ponto de vista de onde é
observada. Ela não é um objeto independente em face do qual o sujeito se situaria em uma
relação de exterioridade. Ela se revela numa experiência em que sujeito e objeto são
inseparáveis, especialmente porque o sujeito se acha envolvido pelo espaço que é mensurado a
partir dele mesmo.
No segundo elemento, a paisagem oferece a quem observa apenas parte de uma area.
Essa limitação se liga a dois fatores: a posição do observador, que determina a extensão de seu
campo visual e ao relevo da área observada. As lacunas decorrentes dessa restrição são
observáveis de dois modos: pela circunscrição da paisagem dentro de uma linha, além da qual
nada é visível (horizonte externo) e pela existência no interior do campo, de partes não visíveis
(horizonte interno).
Na convivência entre o olhar e a paisagem, essas lacunas não devem ser tomadas como
aspectos negativos, pois elas são preenchidas pela percepção que ultrapassa o simples dado
sensorial e complementa as lacunas. Deste modo, a parte observável de uma área desta
paisagem nunca deve ser vista isoladamente, pois cabe agregar a ela os valores culturais
(conceitual e simbólico).
Por fim, é necessário atentar que esta limitação do espaço visível acaba assegurando a
unidade da paisagem. Isto é, por não se deixar observar totalmente é que a paisagem se constitui
como totalidade coerente. Um conjunto não se define senão pela exclusão de certo número de
elementos heterogêneos e é essa convergência que torna a paisagem apta a significar: "ela fala
a quem olha" (COLLOT 1990, p. 24).
Para Collot (1990) a paisagem é definida como o espaço ao alcance do olhar e a
disposição do corpo, se revestindo de significados vinculados aos comportamentos possíveis.
246
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Denominar a paisagem é uma investigação que vai além do ato de se ver o horizonte. A
paisagem é a união da interação do homem com a natureza e dela surgem novos valores,
significados e símbolos que regem a vida humana e social. Interpretar a paisagem nem sempre
é fácil e exige esforço e sensibilidade para perceber, sentir pontos que ultrapassam o visual,
mas que moldam vidas e culturas distintas, importantes fontes de pesquisa para a geografia.
O turismo é uma prática social agregada ao mercado e os aspectos comerciais não devem
ser esquecidos nas discussões envolvendo cultura e paisagem. Os valores atribuídos dependem
248
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
da experiência do visitante, dos anseios serem ou não atendidos. O turista tem grande
responsabilidade na construção dos atributos socioculturais do local em que visita, tanto na
divulgação quanto na percepção que a comunidade visitada pode ter durante um contato, que
posteriormente pode fazer com que ela incorpore novos atributos para esta “venda” ou
mantenha os já trabalhados.
REFERENCIAS
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249
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
Environmental degradation, and consequently soil, is due to the fact that the causative agents
do not understand that the environment is an instrument, where several components
complement each other to function harmoniously. Considering that people have little
knowledge and sensitivity in relation to the soil, which allows a degradation on a larger scale
with factors, such as pollution, erosion and loss of plant biodiversity, actions aimed at education
for its conservation have been proposed. Within this context, the objective was to sensitize
elementary school students (1st to 9th grade) about the importance of soil for the maintenance
of biodiversity in the municipality of Ilha Grande, located in the Environmental Protection Area
of the Parnaíba Delta. Thus, AS activities were carried out in four classes of basic education, in
the Community Of Atus, Ilha Grande, PI, in order to promote this awareness. In total, four
lectures were held with the central theme "soils", whose approaches included: uses, soil types
and the relationship with conservation, flora of coastal environments, such as restinga and
mangroves, their characteristics and best practices, such as the proper destination of the various
250
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
types of waste, participation in the classroom was also widely explored at various times ,
including making a compost using pet bottles. Activities such as these enable teachers and
students to raise awareness of issues associated with soil and garbage through recycling as a
method of teaching and learning.
INTRODUÇÃO
O manguezal é um ecossistema de transição entre os ambientes terrestre e marinho, onde
ocorre, no geral, o encontro das águas de rios com as águas do mar, sendo típico de regiões
tropicais e subtropicais (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995) recobrindo uma área estimada de
25.000 km² de extensão, distribuída em 7.408 km² de linha costeira do país.
O solo é um importante componente na construção da biodiversidade deste ecossistema,
sendo essencial na produção de alimentos desde o crescente fértil e para a vida no planeta. Além
disso, é um dos conteúdos programáticos do 6° ano do ensino fundamental, tendo grande
importância para a humanidade e sua evolução. Várias atribuições relacionadas ao mesmo vêm
sendo discutidas nas ultimas décadas, dando ênfase principalmente as que estão diretamente
relacionadas ao funcionamento dos ecossistemas e condições ambientais (WEBER; VIEIRA,
2018). Embora estejam havendo uma ampliação nas discussões sobre as temáticas ligadas as
questões ambientais em escolas, universidades e veículos de comunicação, pouco se debate
sobre o solo e a degradação causada por agentes poluidores e erosões naturais ou provocadas
pela ação humana (COSTA et al., 2012).
A degradação ambiental, e consequentemente, do solo é atribuída aos agentes poluidores
que não compreendem o meio ambiente como uma “engrenagem”, onde vários componentes
se complementam para funcionar perfeitamente. Com o solo a mesma problemática se repete,
onde a maioria das pessoas desconhecem sua importância ecológica e suas interações com os
componentes importantes ao funcionamento pleno da vida na terra como as interações com a
litosfera, biosfera, atmosfera e a hidrosfera o que forma uma série de conexões, fazendo com
que a degradação ou destruição de um destes componentes ambientais promova o declínio dos
outros (BRADY et al., 2009).
Tendo em vista que a degradação do solo é um fator preocupante, sendo ocasionado pela
poluição, erosão e outros fatores, acarretando posteriormente perda da biodiversidade vegetal e
contaminação dos lençóis freáticos tem-se proposto ações voltadas à educação em solos
(MUGGLER et al., 2006). Segundo Ruellan (1988), uma das formas de integrar os
conhecimentos obtidos nas universidades através de ensino, pesquisa e extensão
251aos
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
conhecimentos ligados a comunidade externa é promover ações que unifiquem estes debates
entre professores, alunos e pesquisadores.
Para que haja maior sensibilização de crianças, jovens e adolescentes sobre este recurso
natural são necessárias ações que promovam mais discussões nas escolas sobre a qualidade do
solo, já que este recurso tem efeito profundo na saúde e na produtividade de dos ecossistemas
(BECKER, 2005). A educação sobre solos tem como objetivo sensibilizar as pessoas da
importância deste recurso para a manutenção da vida saudável na terra, bem como a
manutenção de ecossistemas dependentes do mesmo. No processo de conhecimento sobre a
temática solo o mesmo deve ser compreendido como um recurso não renovável, e por isso, sua
conservação é de importância extrema e seu uso deve ser de forma responsável e sustentável
(FELIX et al., 2019).
Dentre os vários trabalhos que tratam da relação manejo de solo e sua conservação podem
ser citados Wadt (2003), Stefanoski et al. (2013), Segnorini et al. (2018) e Schmidt et al. (2018).
Outros autores dedicaram-se a associar a temática do solo sob a perspectiva da educação
(MOLETA, 2013), que contribuem para a manutenção adequada deste recurso.
Dentro deste contexto, objetivou-se sensibilizar alunos do ensino fundamental (1° ao 9°
ano) na Escola Municipal Dom Paulo Hipolito de Souza Libori, localizado no município de Ilha
Grande, PI sobre a importância do solo para a manutenção da biodiversidade na Área de
Proteção Ambiental do Delta do Parnaíba e de como reduzir os resíduos sólidos utilizando a
coleta seletiva e composteiras como métodos de ensino-aprendizagem.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
As intervenções foram realizadas na Escola Municipal Dom Paulo Hipolito de Souza
Libori localizada em Ilha Grande-PI. Este município foi elevado à categoria de cidade em 26
de janeiro de 1994, desmembrando-se de Parnaíba. Ainda é importante frisar que o município
de Ilha Grande localiza-se na maior ilha da APA do Delta do Parnaíba (ICMBIO, 2019).
A Escola Municipal Dom Paulo Hipolito de Souza Libori oferece Educação Infantil e
Ensino Fundamental (1° ao 9° ano) na comunidade Tatus, que durante a palestra contou com a
participação de aproximadamente 50 alunos. Obedecendo aos aspectos legais, este trabalho foi
aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí (UFPI) sob o n°
91754118.2.0000.5214 e parecer consubstanciado n° 2.725.597.
252
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Coleta de dados
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dinâmicas temáticas
No total foram quatro palestras proferidas tendo como tema central “solos”, sendo
abordados nas vertentes, usos e importância para agricultura, tipos de solos, práticas para
conservação, flora de ambientes costeiros, como restinga e manguezais, suas características e
práticas para a conservação
253
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
possíveis malefícios da disposição irregular dos resíduos sólidos no meio ambiente, onde
relataram que não se deve “jogar lixo no chão, na rua ou no quintal de casa”, já que pode trazer
diversos transtornos ao ambiente natural e, consequentemente, a comunidade local, como a
poluição do próprio solo, dos mananciais (rios, lagos, igarapés, aquíferos, etc.), dentre outros
que foram relatados pelos alunos. Estes também tomaram conhecimento da existência da Lei
nº12.305/2010 que trata da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que busca ordenar
e regular a forma como o país, assim como o municípios de Ilha Grande, deve lidar com estes
resíduos, especialmente, quanto ao seu armazenamento, coleta, transporte e destinação final.
No decorrer da palestra os alunos ainda foram indagados sobre os diferentes tipos de
resíduos que podem ser gerados pela sociedade, que de acordo com suas percepções iniciais
expuseram conhecer como “lixo” apenas papéis, garrafas de plásticos, carteiras danificadas e
resto de comida. Estes relatos aconteceram de acordo com a realidade local e sua proximidade
com esses produtos descartados. Por outro lado, foi apresentado aos alunos a existência de
outros poluentes do solo e do meio ambiente, como por exemplo, fertilizantes, pesticidas e
inseticidas, que são utilizados em plantações de diversos grãos e frutas. Além desses, foram
apresentados ainda produtos químicos como gasolina, material de limpeza, metais pesados e o
chorume, que surge com a decomposição de material orgânico.
Com o intuito de reverter esses problemas decorrentes da disposição irregular de
resíduos sólidos no ambiente, foi explanado aos alunos as possíveis soluções, como por
exemplo, a utilização de pesticidas, fertilizantes e inseticidas naturais, bem como, os cuidados
ao descartar o lixo, principalmente os resíduos químicos, por serem os principais ativos de
poluição de solos e mananciais, além da utilização da coleta seletiva. Este último é uma das
etapas mais importantes da reciclagem, já que separa os resíduos descartados que ainda poderão
ser reaproveitados, dessa forma, contribuindo para a redução desse material descartado no meio
ambiente. Esta etapa da palestra também foi bastante lúdica e pedagógica, especialmente, pelo
conhecimento das principais cores utilizadas no sistema de armazenamento dos resíduos sólidos
antes da possível coleta para a reciclagem, onde o vermelho é correspondente ao
condicionamento do plástico, a cor azul direcionada ao papel, amarelo ao metal, verde e marrom
aos vidros e orgânicos respectivamente.
Complementando e contextualizando, trabalhou-se também a importância da flora para
conservação dos solos, destacando a importância da coleção botânica localizada na
Universidade Federal do Piauí. Na ocasião, durante a palestra intitulada de “Herbário HDELTA
e a conservação da flora regional” foram apresentados aos alunos exemplares tombados
255 no
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
acervo didático da coleção e espécies cultivadas no Horto de Plantas alimentícias Prof. Dr.
Afrânio Fernandes. Diante da mostra dos exemplares foi discutido com o público sobre
importância das plantas para o meio ambiente e como a contaminação do solo afeta as plantas,
bem como acerca das espécies botânicas dos mais diversos ecossistemas ocorrentes na
comunidade.
Para finalizar esse tema, a turma, dividida em grupos, deveria propor um projeto
alternativo viável, importante em termos socioeconômicos e ambientais para essas áreas,
através de uma propaganda.
Alguns termos são de difícil assimilação pelos alunos, por isso, gincanas foram usadas
para relembrem às novas palavras e conceitos vistos ao longo das palestras, auxiliando a
aprendizagem (MARTINS, et al., 2011).
A participação em sala de aula também foi amplamente explorada em vários momentos,
incluindo a confecção de uma composteira utilizando garrafas pet. A composteira é uma
maneira sustentável, fácil e de baixo custo, cujos benefícios são: aumento do teor de matéria
orgânica para o solo, auxilia na melhoria da qualidade desse recurso natural, aumentando assim
a produtividade das plantas e ainda contribui para a mitigação de gases de efeito estufa.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, foi possível sensibilizar alunos do ensino fundamental (1° ao 9° ano)
sobre a importância do solo e seus diversos usos, especialmente pela agricultura, assim como,
reduzir os resíduos sólidos no ambiente utilizando composteiras como método de ensino-
aprendizagem na Escola Dom Paulo como uma alternativa plausível para este tipo de problema,
no caso o lixo orgânico. Além de possibilitar mudanças de hábitos dos alunos com atividades
práticas e recreativas interdisciplinares de reciclagem de resíduos sólidos, através da coleta
seletiva. Atividades como estas possibilitam aos professores e alunos ampliar o leque de
conhecimento e trabalhar a problemática do solo e do lixo por meio da reciclagem como método
de educação sobre solos e seus diversos usos.
Por causa da sua biodiversidade e fragilidade, as áreas de mangue e restinga faz-se
necessário trabalhar conjuntamente a EA em prol do conhecimento relacionados a estes
ecossistemas, possibilitando que a sociedade tenha acesso a estudos e pesquisas que
demonstrem a importância da conservação para a manutenção destes ambientes. E nada mais
assertivo de começar estas ações por meio de crianças e adolescentes, que naturalmente estão
mais abertos ao conhecimento e sua propagação. 256
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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257
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
This research started from the observation of how the community relates to nature, for this, it
is of fundamental importance to understand a group that remains characterizing pedra do Sal,
artisanal fishermen, the objective is to conduct a brief reflection on the contribution of artisanal
fishermen of Pedra do Sal to the environmental conservation of the Environmental Protection
Area Delta do Parnaíba , area where the community is inserted. Studying the importance of
traditional peoples is important to justify the protection of their territories, reflecting on the
disordered and unsustainable process of economic exploitation of these sites. The research had
a qualitative approach and used bibliographic research, direct observation and semi-structured
interviews with community residents to weave reflections on the subject. Fishing goes beyond
the sense of profession, it is a way of life with free work and commonly presents collective
regime. Artisanal fishermen have a traditional way of life, their way of dealing with nature is
passed down through the generations, showing an identity based on ancestry. In this sense, the
spiritual and mystical connection of traditional communities with nature suggests a relationship
of care and respect.
INTRODUÇÃO
A Pedra do Sal está dentro de uma Unidade de Conservação – UC, a APA Delta do
Parnaíba, que foi criada através do Decreto S/N de 28 de agosto de 1996, compreendendo um
perímetro de 460.812 metros e uma área de aproximadamente 313.800 ha.
259
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
A APA Delta do Parnaíba abrange os municípios: Luís Correia, Ilha Grande e Parnaíba,
no estado do Piauí; Araioses e Tutóia, no estado Maranhão; Chaval e Barroquinha, no estado
do Ceará, além de águas jurisdicionais. Os principais objetivos desta UC são: proteger os deltas
dos rios Parnaíba, Timonha e Ubatuba, com sua fauna, flora e complexo dunar; proteger
remanescentes de mata aluvial; proteger os recursos hídricos; melhorar a qualidade de vida das
populações residentes, mediante orientação e disciplina das atividades econômicas locais;
fomentar o turismo ecológico e a educação ambiental; e preservar as culturas e as tradições
locais (BRASIL, 1996).
Os moradores da Comunidade Pedra do Sal enfrentam muitas intervenções em seu
território, de uma forma geral, historicamente, essas intervenções são percebidas ao longo de
todo o litoral brasileiro. Gradualmente, o que antes eram comunidades voltadas para a pesca
artesanal, vão se transformando com os efeitos da modernidade. O que se observa é a lógica de
mercado e a competição se instalando na proporção em que novos valores são estabelecidos e
a lenta expulsão esses pescadores de seus locais de moradia principalmente devido à
especulação imobiliária.
A presente pesquisa partiu da observação do modo como a comunidade se relaciona
com a natureza, para isso, é de fundamental importância a compreensão de um grupo que
permanece caracterizando a Pedra do Sal, os pescadores artesanais para entender o seguinte
questionamento: Qual a contribuição dos pescadores artesanais da Pedra do Sal para a
conservação ambiental da APA Delta do Parnaíba?
O objetivo deste artigo é realizar breve reflexão sobre a contribuição dos pescadores
artesanais da Pedra do Sal para a conservação ambiental da APA Delta do Parnaíba. Estudar a
importância de povos tradicionais é importante para justificar a proteção de seus territórios,
refletindo sobre o processo desordenado e insustentável de exploração econômica desses locais.
A pesquisa teve abordagem qualitativa e utilizou a pesquisa bibliográfica, a observação direta
e entrevistas semiestruturadas com moradores da comunidade para tecer reflexões sobre o tema.
Para Diegues (2001) esses sistemas tradicionais de manejo não se tratam somente de
exploração econômica dos recursos, eles revelam “a existência de um complexo de
conhecimentos adquiridos pela tradição herdada dos mais velhos, de mitos e símbolos que
levam à manutenção e ao uso sustentado dos ecossistemas naturais” (DIEGUES, 2001, p. 85),
portanto, a comunidade tradicional exerce um papel importante na conservação desse ambiente,
funciona como uma troca, pois o conhecimento empírico da natureza marca a criação de
sistemas de manejo desses recursos naturais, a existência do respeito aos ciclos naturais permite
tempo para a capacidade de recuperação das espécies de animais e plantas utilizadas.
Segundo Dias Neto e Dornelles (1996) um dos principais problemas no litoral brasileiro
é a sobrepesca, trata-se da captura acima das quotas estabelecidas pelos órgãos ambientais para
garantir a manutenção dos estoques pesqueiros; soma-se a isso uma série de problemas
associados à ação antrópica que leva um declínio dos estoques de pesca, agravando um estado
de crise da atividade pesqueira na costa do país.
Esses problemas se agravam gradativamente, forçando, muitas vezes, práticas proibidas
de pesca. As comunidades pesqueiras que praticam a pesca artesanal, geralmente, demonstram
maior preocupação com a sustentabilidade dos recursos, pelo respeito à natureza como fonte de
alimento e reprodução social.
Para Diegues (1995), a característica da subsistência tem desaparecido do litoral
brasileiro, sendo mais praticada em comunidades ribeirinhas e indígenas, e é exercida
simultaneamente com a caça e a lavoura; e ainda utiliza o comércio por economia de trocas.
Essa característica também é encontrada na comunidade em estudo, a Pedra do Sal, que hoje
não apresenta mais uma característica de produção apenas de subsistência, mas sim uma
diversificação de atividades inclusive com fins comerciais, como são discutidos nos estudos
dos espaços rurais.
Ao sugerir uma diversificação dos usos dos espaços rurais, Carneiro (2012) explica que
houve uma ampliação considerável do leque de atividades exercidas no meio rural, entretanto,
essas atividades mesmo sendo atividades econômicas devem considerar as relações sociais e os
atores sociais envolvidos.
Assim, é necessário ressaltar que a categoria “pescador artesanal” diz respeito não só a
profissão exercida, por trazer um debate importante sobre as populações tradicionais e a sua
defesa na permanência e reprodução territorial em seus locais de origem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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ABSTRACT
This article aimed to identify the perception about leisure of users of Mandu Ladino Square,
located in the city of Parnaíba, through an applied research that sought to produce knowledge
about the object under study, raising variables about the social and patrimonial relationships
they developed in their environment, in which it has an important role in socialization and
connection with nature. Taking into account what can be adapted for better use, through leisure
equipment and event achievements that develops the multiple functions of leisure and tourism.
And the results obtained by the subjects, was a good acceptance of the Square, but the
investigated point out the need for a more structured space for recreational moments, and
incentives to culture and sports among our aspects regarding tourism, such as more events.
INTRODUÇÃO
266
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
compreender a percepção dos sujeitos pesquisados e como estes valoram a área objeto do
estudo.
Por fim, a análise dos dados foi feita por meio do programa Excel (2010), de modo que
foram elaborados gráficos que expressassem as respostas dos sujeitos pesquisados. Para tanto,
foi feita análise de conteúdo dos questionários aplicados, que segundo Bardin (2011, p.15), “a
análise do conteúdo é um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em constante
aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdos e continentes)”.
A Praça Mandu Ladino fica localizada em uma área bem urbanizada da cidade de
Parnaíba possibilitando aos usuários em geral opções de lazer e cultura. Legalmente, esse
espaço foi institucionalizado pela Lei Municipal n° 2.475, de 17 de abril de 2009, sancionada
pelo então prefeito José Hamilton Furtado Castello Branco. O nome dado é em homenagem a
um guerreiro indígena nascido em São Miguel do Tapuio (Altos - PI), pertencente a tribo Arani
e que em meados de 1717 lutou para evitar que seu povo fosse dizimado (NOVE, 2016).
Foi construída em uma área que pertencia à antiga REFFSA (Rede Ferroviária Federal
Sociedade Anônima), extinta estrada de Ferro, entre a Rua Santos Dumont e a Avenida Padre
José Raimundo Vieira, no Bairro de Fátima, zona norte da cidade de Parnaíba. Situada em uma
área denominada de Esplanada da Estação e favorecida por um local com elementos históricos.
Sua arquitetura simples é composta por canteiros ajardinados, quadra de esportes e dois palcos
para shows; seu piso é de blocos de tijolos ecológicos, que facilitam a drenagem da água para
o solo, além de bancos com estrutura de madeira, lixeiras e placas educativas e de identificação
(DADOS DA PESQUISA, 2016).
Foi inaugurada na noite do dia 22 de junho de 2007, durante a abertura do VII Arraial
de São João da Parnaíba e o I Encontro Regional de Folguedos do Norte do Piauí, Ceará e
Maranhão, o evento durou 20 dias (NOVE, 2016). Portanto, mesmo que recente tem se notado
que a praça tem tido um valor muito grande para a população, principalmente, sua contribuição
em receber as manifestações culturais que ganham um estímulo a mais nas festividades do São
João da Parnaíba, desde o ano de 2007, quando passou a ser realizada na Praça Mandu Ladino,
e que inicialmente recebeu o nome “quadrilhódromo”, referência a grupos de dança juninas as
quadrilhas, devido ser o primeiro evento a ser realizado na praça antes mesmo da conclusão
das obras, que durou três meses (DADOS DA PESQUISA, 2016). 267
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Percebe-se que a praça tem atraído centenas de pessoas que vem ver as competições
das quadrilhas e do bumba-meu-boi, esses públicos são tanto da cidade de Parnaíba como as
circunvizinhas. Fazendo com que os eventos realizados em seu recinto atraíssem vendedores
ambulantes, onde muitos aproveitam para comercializar alguns produtos artesanais, gêneros
alimentícios como - comidas típicas da região e bebidas, ou seja, a praça de certa maneira
influência no fator socioeconômico de seus frequentadores seja por interesse no lazer como
comercial (DADOS DA PESQUISA, 2016).
No quesito ambiente (figura 1) a área é um exemplo de beleza e cuidado com a
natureza possuindo um jardim amplo com muitas arvores, grama verde e conservada, uso
sustentável de materiais reciclados, bancos de madeira trazendo uma imagem mais rústica e
atraente aos frequentadores, visto que existe toda uma preocupação paisagística. Sua maior
parte é totalmente coberta por vegetação, tornando-a mais aconchegante para quem frequenta
com a finalidade do descanso, folga e esporte, entre outras atividades que podem ser
desenvolvidas, na quadra para futsal, campo e aparelhos para ginástica (DADOS DA
PESQUISA, 2016).
Figura 1 - Localização da praça Mandu Ladino
269
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Amigos
Pais
50%
1%
Filhos
19%
12%
51%
37%
Gráfico 3 - Aumentaria a frequência a praça Mandu Ladino se tivesse mais incentivo para práticas esportivas
Concorda Discorca Nem concorda e nem discorda
3% 15%
82%
271
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
8% Até 1 hora
8% 24%
De 2 à 3 horas
De 4 à 5 horas
60%
Mais de 5 horas
Perguntamos aos participantes o que implicaria para eles não frequentarem a praça
(gráfico 5), nesse caso foram apresentadas muitas categorias de situações e condições que
envolviam estrutura, além de ter sido dada a opção de apontar três alternativas. Levando em
conta os dados coletados e considerando as categorias mais representativas: 30% alegou
ausência de policiamento, 17% disse ser iluminação inadequada, 11% falta de manutenção e
limpeza, e 6%, respectivamente, pela falta de espaços para práticas esportivas e também para
brincadeiras, bem como falta de realização de eventos.
Com base no exposto, podemos relacionar que a ausência de policiamento se destacou
por conta do sentimento de insegurança devido ao aumento da criminalidade na cidade de
Parnaíba. Apesar da ausência de números recentes sobre isso, empiricamente, enquanto
moradores sabemos que os casos de violência e crimes aumentaram nos últimos anos e como
um dos fatores relacionável é o crescimento populacional.
Em relação a iluminação e falta de manutenção e limpeza, elementos que fazem parte
da infraestrutura básica, acuramos que a praça se encontra bem iluminada, limpa e
aparentemente existe uma regularidade da gestão pública local com a manutenção da área. Por
fim, destacamos que o dado sobre a baixa realização de eventos é muito relevante, uma vez que
estes contribuem para aumentar a atratividade turística da praça Mandu Ladino. Cidades que
planejam o turismo e acreditam na organização de eventos para atrair visitantes possuem
calendário anual de eventos organizados.
272
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
vem de uma combinação de fatores, que podem ser desde a infraestrutura adequada como
iluminação, manutenção e limpeza, espaços para a prática de esportes, brinquedos, espaço para
sentar, policiamento e até pelo movimento de pessoas.
outras: espaço
confortável,
equipamentos
Pela reputação do
culturais , espaço
lugar Pela realização de
que traz recordação
1% eventos
7%
3%
Inluminaçao
Pelo movimento de
14%
pessoas pelo local
7% Policiamento
Espaço para sentar 8%
(bancos) Manutenção/limpeza
7% 8%
Espaço para a prática
de esportes Visual do lugar
11% Brinquedos
(playground) 19%
5%
Arborização
10%
A Praça Mandu Ladino apresenta elementos que podem contribuir positivamente para
a aparência, como arborização, jardins floridos e com gramas, bancos, espaço confortável que
trazem recordações, e equipamentos culturais como área para shows com palco. Além do
potencial turístico que representa para a cidade.
Em relevância a isso, os indivíduos avaliaram a Praça Mandu Ladino um atrativo
turístico (80%), visto que, ela está situada em um lugar em que ao seu lado contempla um
castelo, considerado patrimônio histórico da cidade de Parnaíba, o Castelo do Tó, apresentando
charme ao ambiente das imediações.
Pois o que se percebe nas cidades é uma imagem construída a partir do contraste de
suas áreas verdes, proporcionando uma agradabilidade estética quando bem distribuídos e
cuidados, o mais importante, frequentados pela população. Fazendo com que as expressões
culturais desses espaços se tornem produto da própria comunidade, contribuindo em sua
totalidade para o bem-estar dos mesmos, nas várias possibilidades de atividades que podem ser
usufruídas e oferecidas nesses lugares ao ar livre.
Os principais resultados obtidos a partir dessa investigação, das quais trazem variáveis
que afetam a percepção sobre o lazer dos usuários da Praça Mandu Ladino e a intensidade de
uso dos espaços públicos com fins de recreação, trouxe o entendimento de que esses
usufrutuários mesmo que não entendendo de fato o significado da palavra “lazer”, que o mesmo
pode ser compreendido de várias formas, usufrui desse espaço urbano, ou desse lugar em estudo
com intuito da confraternização, entretenimento, fuga do cotidiano e a busca pela saúde física
e mental por meio do esporte e entretenimento.
Ressaltando assim, a importância tanto material como imaterial dessa praça para essas
pessoas, pois se tornou um lugar onde elas podem ir e encontrar na paisagem conforto, paz de
espirito, além de boas recordações. Pois, não se voltaria nesse lugar ou não frequentaria se não
atendesse suas necessidades mesmo que primarias, como uma estrutura relativamente boa
considerando seus amplos espaços e sua conservação estrutural.
Mesmo existindo ressalvas, para a estrutura física da praça algumas até bastante
gritantes como a falta de banheiros públicos, bebedouros, atentando ainda a melhoria na
iluminação, manutenção e limpeza, e investimentos em equipamentos, assinalados pelos
usuários durante a pesquisa neste lugar, e que poderia fazer o momento de descontração dessas
pessoas mais agradável.
É interessante notar, conforme foi abordado durante a pesquisa desse trabalho um
conjunto de ações que se deve realizar de modo continuo, em que se possam visar resultados
que interessem aos atores urbanos implicando mudanças no espaço como produto de um todo.
E para isso, é importante o incentivo na transformação e revitalização dos espaços de lazer
como produto especial por meio da imagem agregada ao lugar, onde o turismo possa explorar
tanto pelo o valor cultural e histórico que acarreta no processo de desenvolvimento das cidades.
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ABSTRACT
This article aimed to identify the perception about leisure of users of Mandu Ladino Square,
located in the city of Parnaíba, through an applied research that sought to produce knowledge
about the object under study, raising variables about the social and patrimonial relationships
they developed in their environment, in which it has an important role in socialization and
connection with nature. Taking into account what can be adapted for better use, through leisure
equipment and event achievements that develops the multiple functions of leisure and tourism.
And the results obtained by the subjects, was a good acceptance of the Square, but the
investigated point out the need for a more structured space for recreational moments, and
incentives to culture and sports among our aspects regarding tourism, such as more events.
INTRODUÇÃO
De acordo com Ministério do Turismo, ecoturismo é um segmento que, ao utilizar o
patrimônio natural e cultural, tem que estabelecer mecanismos que busquem ao máximo a
sustentabilidade dos locais, a diferença desse segmento entre outras formas de turismo, é que
ele incentiva a conservação desses espaços e busca a formação de uma consciência
ambientalista nos visitantes por meio da interpretação do ambiente, e com isso, busca a
promoção do bem-estar das populações (Brasil, 2010).
Neste contexto, o ecoturismo surge como alternativa de uma atividade menos
impactante ao meio ambiente, ele pode proporcionar um crescimento econômico, ajudar no
desenvolvimento de regiões menos favorecidas pelas políticas de desenvolvimento, e aliados a
278
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Nota-se que as fases pelas quais o turismo passou trouxeram fatores positivos e negativos,
principalmente no relacionamento do turismo com o meio ambiente, pois em muitos locais a
intensidade da atividade turística, despertam diversos conflitos inclusive pela fragilidade desses
ambientes. Ainda de acordo com Ruschmann:
Portanto, a relação entre a atividade turística e o meio ambiente requer atenção, pois
este é essencial para que ocorra o turismo, o meio ambiente se torna um importante alicerce,
possui um conceito amplo e tem muitos elementos e variáveis a serem considerados como:
clima, temperatura, água, solos, flora, fauna e etc.
Nesse sentido, uma ponderação faz-se necessária para continuar este percurso de
levantamento bibliográfico, o conceito de meio ambiente que está sendo tratado neste artigo é
o de meio ambiente natural, pois ele tem relação direta, tanto com o tema proposto, como com
as especificidades do ecoturismo, ao qual se propõe ser explorado na pesquisa. Em geral o meio
ambiente é definido como um conjunto de condições que permite, abriga e rege a vida, como
está disposto na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei Nº 6.938/81 (Brasil, 1981).
Vale ressaltar, porém, que o homem, enquanto indivíduo e/ou sociedade, está inserido
dentro de um conjunto de elementos físico-químicos e ecossistemas naturais, interferindo
diretamente nele, essa interação não pode ser desconsiderada.
Ruschmann (2010) enfatiza que é imprescindível estimular o desenvolvimento
harmonioso e coordenado do turismo, pois, o desequilíbrio do meio ambiente compromete a
280
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
atividade turística, desta forma, constata-se que o turismo quando devidamente planejado deve
inserir mecanismos de conservação desses espaços naturais. E nesse sentido, a conservação
ambiental contribui para a qualidade: dos espaços naturais, da vida da comunidade local e da
exploração econômica do turismo.
ECOTURISMO E PLANEJAMENTO
Nos últimos anos houve um crescimento grande com a preocupação social com relação
aos danos que o desenvolvimento vem causando ao meio ambiente. No Brasil, os primeiros
estudos sobre Ecoturismo remetem à década de 1980. Em 1985 a EMBRATUR deu início ao
“Projeto Turismo Ecológico” criando posteriormente a Comissão Técnica Nacional constituída
conjuntamente com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) primeira iniciativa a ordenar o segmento (Brasil, 2010).
As políticas públicas de turismo no Brasil são orientadas pelos princípios da
sustentabilidade e fundamentadas na Constituição Brasileira que reserva a todos direitos ao
meio ambiente, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo
as futuras gerações.
O turismo é uma prática econômica, social e ambiental e tem apresentado crescimento
tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, a preocupação nesse sentido é
que em muitos casos, a atividade turística não tem tido preocupação ambiental nem social, se
restringindo apenas na exploração econômica de um determinado local até sua exaustão. É
nesse contexto que o ecoturismo se insere, buscando a promoção de uma nova forma de turismo
se tornando uma
viagem responsável que conserva o ambiente natural e mantém o bem estar da
população local. É praticado em pequenos grupos que não deixam indícios de
terem visitado uma área. Eles procuram compreender as relações existentes
nos ecossistemas, respeitá-las e mantê-las o mais intacta possível, em
harmonia com as populações locais. O ecoturismo pode ser entendido como o
turismo sustentável em áreas naturais (Dias, 2003, p. 107).
Apesar de não existe um consenso de uma definição fixa para ecoturismo como afirma
Wearing e Neil (2014), o conceito desse segmento envolve viagens para áreas naturais com
objetivos de aprender e vivenciar esses locais, sempre pensando em conserva-los, afinal o
ecoturismo surge também como “uma viagem responsável, em que se conservam os ambientes
e se sustenta o bem estar da população local” (Wearing e Neil, 2014, p. 269).
Para complementar o posicionamento teórico deste artigo, é importante utilizar a
281
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
observação de Lindberg e Hawkins (2002, p. 103 apud SANTOS, 2012, p. 23) onde afirmam
que fazer ecoturismo é “provocar e satisfazer o desejo que temos de estar em contato com a
natureza é explorar o potencial turístico visando à conservação e ao desenvolvimento, é evitar
o impacto negativo sobre a ecologia, cultura e a estética”.
Quanto a impactos causados, define-se que são os efeitos (positivos e negativos) que a
atividade turística exerce sobre esses locais, não podemos esquecer é que a influencia desses
impactos está diretamente ligado ao planejamento aplicado, como afirma Dias (2003, p. 79), o
que acontece muitas vezes a nível local, é que “o turismo apresenta-se como uma atividade de
crescimento rápido, e de modo geral as prefeituras não conseguem em tempo suficiente
dimensionar seus impactos”.
Portanto, como “toda atividade humana, o ecoturismo oferece grandes possibilidades de
desenvolvimento, mas também envolvem riscos” (Brasil, 2002, p.22), e como explicado, podem
definir se esses impactos são positivos ou negativos, é a profundidade do planejamento dessas
áreas.
O Planejamento permite produzir o cenário que se deseja, evitando situações
indesejáveis e adaptando-se ao inesperado (Brasil, 2002). Para transformar os atrativos em
produtos do ecoturismo o primeiro ponto é pensar no planejamento, levantando informações,
analisando o que a comunidade tem para oferecer e quais os pontos fortes e fracos, entendendo
se esta comunidade aceita a realidade do turismo.
É importante entender que a noção de impacto ambiental, econômico e social está ligada
a um julgamento de valores, cada grupo interessado pode dar diferente importância a cada um
deles, para isso, é necessário observar indicadores-chave da sustentabilidade citados por Dias
(2003), são eles: proteção do lugar, número de turistas que visitam o lugar, intensidade de uso,
relação entre turistas e residentes, controles de desenvolvimento, gestão de resíduos, plano de
uso e número de espécies, esses indicadores são importantes para garantir tanto a satisfação do
turista quanto da população local.
Nesse sentido é importante também entender que o “tipo de turista” que visita um
determinado local é importante para delimitar o ecoturista. O perfil do turista que busca um
produto rotulado de ecoturismo são pessoas que tem interesse pela natureza e questões
ambientais. Rodrigues (2003) classifica esses turistas em subgrupos adaptada do WTI (Word
Ressources Institut – 1991):
O PERCURSO METODOLÓGICO
283
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Já aqueles que foram chamados de entrevistados, são os sujeitos que utilizam o local
com certa frequência, estes foram convidados a responder um breve questionário
semiestruturado, em sua maioria, são pessoas que residem na cidade de Luís Correia que
conhecem e utilizam a área em estudo, para lazer, caça e pesca.
Nesse ponto é importante ressaltar que embora a Ilha de Bom Jesus faça parte do
município de Parnaíba - PI, o melhor acesso para ela é pelo município vizinho, Luís Correa -
PI, portanto os moradores de Luís Correa são aqueles que mais utilizam essa área, essa
localização será melhor abordada mais a frente no texto. Desta forma, foram realizadas 10
entrevistas, todos residentes da cidade de Luís correia, com idade superior a 18 anos de acordo
com o quadro 06.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Ilha de Bom Jesus encontra-se dentro de uma Unidade de Conservação definida como
Área de Proteção Ambiental, APA Delta do Parnaíba. Criada pelo Decreto Federal de 28 de
agosto de 1996, envolvendo as áreas dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará. Em um total de
313.809 há e perfazendo um perímetro de 460.812m de extensão, incluindo a área marítima. A
parte correspondente ao Maranhão abrange terras dos municípios de Tutóia, Araioses, Água
Doce e Paulino Neves. No Piauí, inclui parte do território de Parnaíba, de Luis Correia, de Ilha
Grande de Santa Isabel e Cajueiro da Praia. No Ceará, parte dos municípios de Chaval e
Barroquinha (ICMBIO, 2016).
De acordo com a pesquisa, a Ilha de Bom Jesus é usada para lazer, caça e pesca
realizadas por pessoas que conhecem o local que é uma área de rios, mangues e dunas, o mesmo
desemborca no mar. Sua duna conhecida como “Mirante” tem uma vista panorâmica do entorno
da Ilha de Bom Jesus. Com isso se vê a preservação desta região, por isso é que há grande
necessidade de ferramentas do turismo, o ecoturismo é uma das modalidades que vem num
crescente desenvolvimento.
De acordo com os Informantes 1 e 2 a Ilha de Bom já foi habitada por várias famílias
entre os anos de 1960 a 1990, onde viviam basicamente da caça, pesca e criações de animais,
com o desenvolvimento da área urbana de Luís Correia, as famílias se deslocaram para a área
urbana da cidade, pois de acordo com o Informante 1, “surgia a necessidade de colocar os filhos
na escola e cuidar melhor de sua saúde”, percebe-se que o pequeno povoado não possuía
condições de comodidades para essas famílias. Atualmente não há moradores na localidade,
suas casas foram enterradas pelas dunas através da ação da natureza. 285
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
O terceiro e ultimo ponto abordado era sobre a atratividade do local pela percepção
deles, assim, se observou que 100% dos entrevistados relataram que a Ilha de Bom Jesus, tem
grande potencial turístico a ser explorado principalmente no que se diz respeito a prática do
ecoturismo. Com base nas entrevistas foi abordada a opinião sobre os possíveis atrativos que
poderiam ser desenvolvidos no local, sendo eles: trilhas ecoturísticas citada por seis pessoas,
como alternativa para o desenvolvimento do ecoturismo. Outras abordagens foram referentes a
Passeios nos manguezais, passeios de barco nos igarapés, canoagem, banhos de rio e
acampamento para contemplação e interação com a natureza do local.
Durante a visita ao local, foram realizados registros fotográficos, que confirmaram as
indicações dos moradores, As fotografias escolhidas para compor a Figura 02, apontam uma
visão geral do atrativo, porém, muitos itens foram observados durante a vista. Os itens mais
observados com possibilidade de compor o atrativo foram: A vegetação que apresenta mata
ciliar e manguezais, as dunas que se encerram nos rios, animais como caranguejos, peixes e
aves, a usina eólica, enfim, esses componentes formam uma paisagem interessante a ser
explorada, como apresentado na Figura 02.
287
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Como indicado durante o artigo, a Ilha de Bom Jesus possui características ideias para a
prática do ecoturismo. O indicado é que se utilize em todos os casos o turismo alternativo.
Segundo Wearing e Neil (2014) o turismo alternativo se contrapõe ao turismo de massa, ou
seja, essa forma de turismo deve ser uma “alternativa” contrária ao que é visto como negativo
ou prejudicial do turismo convencional.
Assim, em seu sentido mais geral, o turismo alternativo pode ser definido
como formas de turismo que demonstram ser coerentes com os valores natural,
social e comunitário e permitem que tanto hospedeiros quanto hóspedes
desfrutem uma interação positiva e conveniente, e compartilhem experiências
(Wearing e Neil, 2014, p.5).
Nesse contexto, deve-se uma preocupação com a rotulação do Ecoturismo apenas para
marketing, contemplando suas verdadeiras diretrizes. Portanto, deve haver um controle dos
indicadores de sustentabilidade, como afirma Swarbroke (2002), “é preciso, também, que os
governos controlem ao mesmo tempo e de maneira eficaz o ecoturismo de baixa qualidade
incentivando ativamente o ecoturismo sustentável de boa qualidade” (p.67). O surgimento de
um ecoturismo de “fachada” está associado ao pensamento do ecoturismo apenas com fins
mercadológicos e não como mecanismo de conservação ambiental e cultural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Palavras-chave: Litoral Sul Sergipano; Turismo de Sol e Praia; Turismo de Base Comunitária;
Dimensões de Sustentabilidade.
ABSTRACT
The coast of Sergipe is relatively small, however, it presents landscape scenarios and natural
attractions with tourist potential. The south coast is composed of the municipalities of São
Cristóvão, Itaporanga D'Ajuda, Estancia, Santa Luzia do Itanhy and Indiaroba, totaling an area
of 2,480 km². In it tourism becomes an economic alternative whose practice has been possible
for more than thirty years, with influences in the organization of space from the installation of
equipment for tourist uses and with the generation of new flows of people with tourist purpose,
although it remains addicted to the exploitation of the sun and beach segment, with an audience
that seeks the different , the new, not only in terms of landscapes, but essentially in search of
new experiences. Thus, the article proposed to present the South Coast of Sergipe and a
theoretical reflection on the practices of Community-Based Tourism-TBC against the point of
The Sun and Beach Tourism historically practiced throughout the Northeast of Brazil. The
research was described and qualitative, with the participant direct observation as a resource for
data collection and photographic record to illustrate the questions pointed out during the
reflection. We understand as a concluding basis that the TBC to be a viable reality for a
participatory management model based on the sustainability of the sustainability dimensions
presented here.
291
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Keywords: South Coast Sergipano; Sun and Beach Tourism; Community-based tourism;
Sustainability Dimensions.
INTRODUÇÃO
O litoral sergipano é relativamente pequeno, entretanto, apresenta cenários
paisagísticos e atrativos naturais com potencial turístico. Em termos geomorfológicos, registra-
se em seus ambientes físicos a presença da formação barreiras e, principalmente, da planície
costeira que recebe influência direta dos estuários (do rio São Francisco, do rio Japaratuba, do
rio Sergipe, do rio Vaza-Barris, do complexo Piauí-Real) e do Oceano Atlântico. Em função
dessa base territorial, a maior parte do litoral sergipano é ambientalmente frágil e por isso
necessita de uma ocupação ordenada (FONSECA, VILAR e SANTOS, 2010).
O litoral sul está composto pelos municípios de São Cristóvão, Itaporanga D’Ajuda,
Estância, Santa Luzia do Itanhy e Indiaroba, totalizando uma área de 2.480 km², apresentando
uma elevada fragilidade ambiental, acentuada pela presença de lagoas encaixadas entre cordões
litorâneos e os atrativos naturais são ampliados pela presença de uma elevada densidade de rede
hidrográfica e pela diversidade geomorfológica, que, aliados ao acesso rodoviário, facilitam a
utilização do espaço como área de segunda residência para o veraneio e o turismo (Figura 02)
(FONSECA, VILAR e SANTOS, 2010).
O relevo caracteriza-se por altitudes modestas e se eleva à medida que se caminha para
o interior. Classifica-se em planície litorânea e tabuleiros costeiros. A primeira estende-se de
norte a sul ao longo de toda a faixa costeira e é formada por praias, manguezais, restingas,
campos de dunas, as duas últimas com alturas de até 30 metros. A segunda, após a planície
costeira, em direção ao interior forma morros e colinas com altura de até 100 metros. Há
variedade de solos, dentre eles se destacam: arenoso do litoral (podzol, areias, quartzosas), “são
solos ácidos, profundos, de baixa fertilidade. Drenam com rapidez toda a água que cai e, devido
à salinização, dificultam o uso agrícola”. No entanto, os coqueiros adaptam-se a esse tipo de
solo; arenoso argiloso dos tabuleiros (podzóicos e latossolos) é de cor avermelhada pela
liberação de ferro existente na rocha, além de pobre em nutrientes; e devido à alta acidez,
necessita de corretivos: adubação orgânica e fertilizante. “A textura arenosa desses solos facilita
as ações erosivas, sobretudo quando o relevo é ondulado. A retirada da Mata Atlântica e a
exposição desse solo às chuvas, somadas aos processos de lixiviação e de escoamento
superficial, facilitando a degradação” (BRASIL, 2005, p. 52 apud SANTOS, 2009, p.77).
292
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Nele o turismo passa a ser uma alternativa econômica cuja prática se viabiliza há mais
de trinta anos, com influências na organização do espaço a partir da instalação de equipamentos
de usos turísticos e com a geração de novos fluxos de pessoas com finalidade turística, embora
permaneça viciado na exploração do segmento de sol e praia, com um público que busca o
diferente, o novo, não apenas em termos de paisagens, mas essencialmente em busca de novas
experiências.
Assim, cabe ressaltar que o presente trabalho propôs apresentar o Litoral Sul de
Sergipe e uma reflexão teórica sobre as práticas do Turismo de Base Comunitária-TBC em
contra ponto ao Turismo de Sol e Praia historicamente praticado em todo o
Nordeste do Brasil. A pesquisa foi descrita e qualitativa, tendo com a observação
direta participante como recurso para a coleta dos dados e registro fotográfico para ilustrar as
questões apontadas ao longo da reflexão.
O planejamento regional do turismo era gerido pela Secretaria Estadual de Turismo
(SETUR) e Empresa Sergipana de Turismo (EMSETUR) com eventual participação do setor
privado e terceiro setor por meio do Fórum Estadual de Turismo (FORTUR), as regiões/polos
de desenvolvimento turístico são representadas no Fórum que está organizado num modelo
293
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
tripartite na expectativa de reunir o poder público, setor privado e terceiro setor, ligando os
municípios ao estado para discutir e deliberar sobre o desenvolvimento integrado e sustentável
da atividade (SERGIPE, 2009).
Este planejamento atendeu as Diretrizes do Programa de Regionalização do Turismo
criado pelo Ministério do Turismo (Mtur) em 2004 (BRASIL, 2004), surtindo efeito em Sergipe
no ano de 2005, com uma divisão que contemplou cinco regiões/polos de desenvolvimento do
turismo: Costa dos Coqueirais, Velho Chico, Serras Sergipanas, Tabuleiros e Sertão das Águas.
Do Polo Costa dos Coqueirais é extraída a região objeto deste estudo, Litoral Sul de
Sergipe, abrangendo os municípios de Estância, Itaporanga D’Ajuda, Santa Luzia do Itanhy e
Indiaroba (Figura 02).
comunidades próximas que apresentam grande potencial turístico, a exemplo de São Cristóvão.
Fazem parte os municípios: Brejo Grande, Pacatuba, Pirambu, Santo Amaro das Brotas, Barra
dos Coqueiros, Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Laranjeiras, São Cristóvão, Itaporanga
D’Ajuda, Estância, Santa Luzia do Itanhy e Indiaroba, com cerca de 720 mil pessoas e o melhor
que o Estado proporciona em termos de atrações, com uma infinidade de opções entre praias,
muitas ainda primitivas, alvas dunas, rios, mangues, coqueirais, estuário e o acervo histórico de
São Cristóvão, quarta cidade mais antiga do Brasil (Figura 03) (ALEXANDRE, 2003).
295
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
296
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Isso faz com que os litorais em questão, tenham vários símbolos e significados no
imaginário do turista, seja nacional ou internacional e nesse momento, as cidades litorâneas
inseridas em roteiros turísticos nos Estados, tendem a receber, de forma planejada ou não,
incentivos para que o “turismo de praia e sol” seja tratado como estratégia de desenvolvimento
local, em que, teoricamente, as comunidades, agentes e atores locais, estejam envolvidos.
Assim, Gomes (2015) apresenta uma reflexão sobre um novo olhar para o turismo
sobre esse viés, o Turismo de Base Comunitária - TBC:
O TBC surge em duplo contexto mundial: por meio das ações que promovem
formas e um turismo responsável e sustentável; pelos esforços de conservação
e administração de áreas naturais protegidas, que vinculam a conservação da
biodiversidade e o desenvolvimento local comunitário (GOMES, 2015 apud
Hiwasaki, 2006, p.51). 297
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Ainda reforçando esta ideia, Tucum (2008) apud SANSOLO (2009) afirmam que:
O turismo de base comunitária é aquele no qual as populações locais possuem
o controle efetivo sobre o seu desenvolvimento e gestão, e está baseado na
gestão comunitária ou familiar das infraestruturas e serviços turísticos, no
respeito ao meio ambiente, na valorização da cultura local e na economia
solidária (TUCUM, 2008 apud SANSOLO, 2009, p. 45).
298
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Por fim, discute-se a prática do turismo de base comunitária, mostrando que a atividade
turística pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades receptoras,
desde que o foco de seu planejamento esteja na geração de oportunidades e benefícios reais
para essas populações (BARTHOLO et al, 2009).
Pensar as atividades turísticas como promotoras do desenvolvimento na região onde
se estabelecem requer, então, conceber modelos que busquem a superação das privações de
liberdades que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas e comunidades que têm seus
modos de vida situacionalmente afetados pela implantação dessas novas práticas. Isto implica
pensar uma política de turismo integrada a uma política de desenvolvimento mais ampla, cujo
foco deve estar na inclusão social por meio da afirmação da identidade cultural e da cidadania
como suporte da ampliação do exercício efetivo de liberdades substantivas.
Assim, o turismo de base comunitária busca contrapor-se a uma perspectiva
apresentada pelo turismo de massa, em que o pensamento permeia as questões econômicas,
onde o volume de turistas justifica os investimentos e a criação de empresas para atender a essa
demanda, em sua grande maioria, de pessoas de fora, de “estrangeiros” como reforçam os
locais. O TBC que aqui se propõe estudar é voltado para a diferenciação dessa relação
massificada, voltada para as questões sociais, onde os sujeitos sociais interagem como maior
capacidade de ação, pois estão fazendo parte diretamente do processo e se empoderam das
ferramentas que este tipo de turismo agrega.
Esse turismo respeita as heranças culturais e tradições locais, podendo servir de
veículo para revigorá-las e mesmo resgatá-las. Tem centralidade em sua estruturação o
estabelecimento de uma relação dialogal e interativa entre visitantes e visitados. Nesse modo
relacional, nem os anfitriões são submissos aos turistas, nem os turistas fazem dos hospedeiros
meros objetos de instrumentalização consumista.
Cabe ressaltar aqui, quatro campos de forças que incorporam uma complexa rede de
interações: a sociedade e sua escala de valores (subsistema sociocultural), a economia e sua
estrutura (subsistema econômico), o meio ambiente e seus recursos (subsistema ecológico),
assim como o Estado e sua política (subsistema político). A reunião desses sistemas parciais
constitui de certa forma, o ambiente no qual se desenrola a nossa vida (KRIPPENDORF, 2000).
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
O sistema não funciona tão harmoniosamente como o quadro que se apresenta nos
fazer crer. Na realidade, os elementos não tem o mesmo peso. As diversas áreas não são
equivalentes, as influências que exercem não são comparáveis, como podemos perceber na
Figura 5.
300
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
O Sistur não se caracteriza por estruturas e funções estáticas. Justamente por ser aberto,
mantem um processo contínuo de relações dialéticas de conflito e colaboração com o meio
circundante.
O turismo, enquanto atividade que ocorre em um determinado espaço, com
características socioculturais e econômicas singulares, determina um tipo de ocupação e de
impactos que necessitam ser administrados de forma eficiente, sob o risco de ser altamente
danoso ao ambiente em que se desenvolve. O desafio da sustentabilidade surge como fator
organizacional básico dos recursos e produtos do destino turístico e da sobrevivência deste no
longo prazo, enquanto sistema localizado de produção, enquanto sistema social complexo de
vivências e de usufruto de experiências e enquanto sistema vivo que exige formas de
governança e liderança próprias (SILVA e FLORES, 2006).
São quatro as dimensões de sustentabilidade na opinião de RITCHIE e CROUCH
(2003): a sustentabilidade ecológica – o respeito pelos processos ecológicos e pelos recursos e
diversidades biológicos; a Sustentabilidade Social e Cultural – o respeito pela identidade,
cultura e valores das comunidades onde se inserem os produtos turísticos; a Sustentabilidade
Econômica – que garanta a rentabilidade econômica dos produtos, a qualidade de vida e o bem-
estar para os residentes dessas comunidades e a Sustentabilidade Política – a capacidade para
aceitar e implementar de um modo partilhado pelos vários stakeholders do destino as outras
três dimensões (Figura 7) (SILVA e FLORES, 2006).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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ABSTRACT
This article discusses the transformation of geographic space showing the impacts that can be
caused by the use of tourist space and the transformations that have occurred over the years.
For a greater understanding of the subject, lagoa do Portinho was approached as an object of
study, a tourist attraction that has already figured as one of the most visited of the coast of Piauí,
with a unique offer for leisure and tourism. This is a qualitative and descriptive review research.
The aim of this research was to analyze the transformations that occur in the geographic space
being used in the use of activities, and the consequences were derived from the activities of the
use of equipment in the application of tourism. Since this transformation affects the population
that frequents daily, as well as tourists who use the equipment, being the geographical space
the most impaired, where they often use the existing natural means of the locality, being a means
of survival, as a consequence of this their waters ended up being diverted, causing it to be
gradually emptied by total, just as the dunes were moving is covering what is still left of the
lagoon. The results showed that many of these factors are derived from the lack of preservation
of the lagoon, both from the state and from the population itself when using the environment
without the proper concern of its durability, harming the population that used the locality for
its survival through fishing, as well as the tourist flow that generated a strong economy for the
locality.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
INTRODUÇÃO
O estudo aborda a forma como agentes públicos e privados tratam a Lagoa do Portinho
enquanto produto ou recurso turístico, levando-se em consideração que, enquanto atrativo
turístico, este já presenciou períodos de grande fluxo turístico (décadas de 1990 e 2000), e que,
com o passar dos anos e da existência de vários fatores e impactos, tais como: interrupções
climáticas, desvios de água e barragens ao longo dos riachos que a abastecem, além da gestão
pública ineficiente, a Lagoa do Portinho entrou na fase de declínio em seu ciclo de vida turístico.
A Lagoa da Portinho já foi por muito tempo utilizada pelo turismo de massa, mas sem o devido
planejamento turístico, foi perdendo sua atratividade pela ausência de investimentos e de
atenção do poder público, que não modernizou o lugar, causando, inclusive, retenção de suas
águas por agentes privados para criação de peixes, agravando o seu abastecimento, situação que
se complicou com o enfrentamento de graves crises hídricas, sobretudo nos últimos cinco anos.
Os espaços turísticos são utilizados, em grande medida, de forma inapropriada, sobretudo por
agentes privados. Como consequência, não se reflete muito sobre o uso e a durabilidade a longo
prazo dos recursos, destinos e atrativos turísticos. Nesse sentido, argumenta Lefebvre (2008, p.
49): “os espaços de lazeres são dissociados da produção, de tal maneira que parecem, em um
primeiro momento, como espaços independentes do trabalho e, portanto, livres”. Dessa
maneira, quando não são livres e independentes, os espaços geográficos pertencem a um local
específico, mesmo não sendo utilizados para gerar o fluxo de pessoas na cidade; esses espaços
pertencem à cidade e merecem o seu cuidado para que possa se manter vitalício.
Este artigo discute o ambiente socioespacial da Lagoa do Portinho e sua transformação
em torno das práticas do turismo. As transformações do espaço geográfico da referida lagoa
passaram por vários processos e decorrentes de ações ambientais e antrópicas, cujas entidades
do turismo não a levaram para uma prática sustentável. Neste contexto, o estudo da geografia
apresenta a Lagoa do Portinho como um produto para o turismo e para o desenvolvimento local.
Sobre o lugar e objeto de estudo, a lagoa do Portinho possui área de cerca de 5 km², se
estendendo por 9 km de comprimento no sentido Norte-Sul com a extremidade norte nas
coordenadas 02 55' 43, 24728’’ S e 41 40' 30, 71580’’ W. Gr. (MENDES JUNIOR, 2012, p.
44), tendo suas águas abastecidas pelos riachos Portinho e Brandão, sendo o Riacho Portinho
que denomina o canal de conexão que rompe o campo das dunas e chega até o rio Igaraçu, que
309
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
deságua no Oceano Atlântico, na região do Delta do Rio Parnaíba, no Norte do estado do Piauí,
conforme a Figura 01:
Sendo pode se analisar que muitas vezes, a cidade possui lugares de excepcional beleza
cênica que podem ser utilizados como locais de cultura e de atratividade para o lazer e turismo,
apesar de muitos governos não se aterem a esse fato. a partir disso, empresas acabam por
investir na localidade, já que o turismo condiciona uma divulgação para que possa gerar fluxo
de pessoas. Diante disso, “o turismo se apropria de elementos contidos no espaço e lhe atribui
um valor que será transformando em produto turístico e será (re) organizado e inserido dentro
de uma tipologia do Turismo rural, cultural, entre outros, para finalmente tornar-se o produto
final para ser comercializado” (TORRES et al., 2016, p. 5). Nesse sentido, o lugar o turismo
pode contribuir na geração de empregos como também um giro de capital presente na
comercialização do destino escolhido.
Podendo ser “uma atividade indutora de profundas transformações no espaço
geográfico, pois esse constitui da localidade para o turismo, ao se apropriar dominar o espaço
311
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numa relação de poder imposta pelo capital” (TORRES; BECKER; SILVÉRIO, 2016, p. 4).
Nessa atividade, o espaço acaba sendo utilizado como meio de geração de renda para que possa
ser usufruído como meio de comercialização pelo turismo, em que muitas vezes não ficam
preocupados com a sua preservação, mas na divulgação.
O turismo pode ser um eficiente meio para promover uma região, seus valores
naturais, sociais e culturais, além de abrir novas perspectivas para o
desenvolvimento social, econômico e cultural de uma região, além de promover
a melhoria da infraestrutura local, podendo ser um instrumento norteador para
o crescimento da localidade, inserindo-a no contexto global (CARNEIRO;
GONÇALVES, 2012, p. 28).
Sendo assim, o turismo é o fenômeno em que o turista tem acesso a diversas atividades
decorrentes de uma localidade, permitindo que o visitante fique longe do seu cotidiano. O
turismo pode ser considerado “uma atividade transformadora do espaço, uma que necessita da
existência de uma organização interna do setor que promove as viagens e beneficia os locais
receptores, pelos meios de resultados que produz” (BARBOSA, 2005, p. 108). A prática do
turismo ocorre nos mais diferentes lugares, como em campos, praias, serras, montanhas, lagos,
rios, com objetivo de proporcionar um acontecimento no tempo livre. Sobre isso, Dias (2003)
adota o conceito de turismo da Organização Mundial do Turismo [OMT], (2001):
Sendo assim, a ideia mais comum sobre o turismo se refere à “visita temporária em
busca de entretenimento, lazer e descanso, ou a ideia de milhares de pessoas se deslocando de
um lugar para outro, motivados pela busca de atividades que fujam da rotina diária de suas
vidas” (TADINI; MELQUIADES, 2010, p. 106). O turismo pode se configurar como a
multiplicação de renda para a população local, tanto na ampliação de empregos entre as
empresas que conseguem levar seus negócios com o uso do turismo, fazendo com que a
arrecadação de impostos e sua captação de recursos sejam um investimento na infraestrutura e
equipamentos.
Para que o turismo possa acontecer, necessita-se que as localidades possam usufruir
dessa maior geração de fluxos de pessoas e ao mesmo tempo uma geração de renda; com isso,
a preocupação fica mais intensiva no uso do espaço para sua comercialização, esquecendo-se
da preservação, para que a sua durabilidade se torne um bem maior, podendo ser aproveitado
futuramente por outras pessoas.
Carneiro e Gonçalves (2012) relatam que o turismo, por ser uma atividade econômica,
requer vários serviços e atrativos para sua realização. Com isso, gera alguns impactos
socioambientais nas áreas que se instalam. Essa transformação nos espaços geográficos realiza
a reorganização de territórios, pois o consumidor se desloca para consumir o produto ou serviço
turístico, indo à procura de um lugar para que possa ficar por determinado período de tempo,
de forma que retorne à sua residência, pois o turismo uma atividade rotativa.
Quanto aos impactos eles podem variar desde a alteração do processo produtivo
do artesanato para suprir a demanda, modificação na apresentação das
manifestações folclóricas ou religiosas para despertar o interesse de turistas, até
a descaracterização de bens patrimoniais imóveis, como por exemplo: em
função de adequações necessárias para atender aos requisitos de conforto,
segurança e acessibilidade para o turismo. Outros impactos menos visíveis do
que estes também podem acontecer como, por exemplo, a modificação de
hábitos de vida pela influência dos visitantes ocasionando problemas sociais e
psicológicos na população que recebem turistas e assim por diante (SOUZA et
al., 2013, p. 318).
Entre estes efeitos, merecem ser mencionadas, pela frequência com que
aparecem, a destruição e a remoção da cobertura vegetal, em virtude da
proliferação de loteamentos, construção de alojamentos e equipamentos, tráfego
de pedestres ou de veículos, ação do fogo e coleta de espécies” (TULIK, 2013,
p. 65).
Esses impactos podem ser mais graves quando afetam as regiões litorâneas como
também, as ilhas e montanhas, onde o desenvolvimento turístico ocorre em áreas
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
particularmente onde pode provocar impactos que repercutem no espaço geográfico. Nesse
âmbito, Silva (2008, p. 02) explica:
Tais medidas causam, assim, mudanças no espaço, assim que a atividade turística
ocorre, o ambiente é inevitavelmente modificado, seja para facilitar o turismo, seja através do
processo de produção do turismo. A natureza é essencial para o desenvolvimento da atividade
turística, e sem dúvida desperta fascínio nas pessoas, que buscam no contato com a mesma,
recuperar suas energias e aliviar as tensões do dia a dia, Como Castrogiovanni (2000) assevera:
O espaço deve ser visto como um fator da evolução social, portanto, produzido
e reproduzido constantemente. O movimento histórico é que constrói o espaço,
que é uma instância da sociedade, portanto, como instância, contém e é contido
pelas demais instâncias. As cidades são partes representativas da complexidade
que é o espaço geográfico. As instâncias móveis das cidades, ou seja, os fluxos,
são importantes, pois são eles que dão vida aos fixos. Os turistas, papel que
assumimos quando estamos em movimento no espaço, fazem parte dos fluxos.
Eles não são meros observadores deste espetáculo de interações, mas parte dele.
Os fluxos também interagem, formam resistências, aceleram mudanças, criam
expectativas, desconstroem o aparentemente rígido cenário urbano.
(CASTROGIOVANNI, 2000, p. 24).
Gerando assim mudanças constantes, sendo feitas da forma que for necessária para a
comodidade do fluxo de turismo. Como Murta (2008, p. 12) “os espaços em turistificação
representam uma interferência na linha histórica descrita pelas áreas de intervenção, criando
ambientes que são comercialmente propícios para a prática do turismo, mas nem sempre
coerentes com o contexto em que se inserem”. Essas transformações do espaço podem ocorrer
em praias, sítios como também em lagoas, sendo que muitas das vezes essa transformação não
é realizada de modo que se preserve o ambiente.
Essa transformação no espaço geográfico pode ser causada pelo impacto do turismo em
uma região ou localidade, podendo afetar também o impacto social, onde se torna menos
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
perceptível visualmente do que o impacto ambiental. Quando ocorre o encontro entre turistas e
visitantes, no primeiro caso, em lugares diferentes acontecem mudanças principalmente na
cultura, pois a população local começa a adotar hábitos e costumes dos visitantes, para melhor
se integrar socialmente e também para ser aceita por turistas (CARNEIRO GONÇALVES,
2012). Essa transformação é resultado da chegado do turismo convencional na localidade,
havendo assim uma adaptação da comunidade para o público turístico.
Outra transformação que se pode citar está relacionada com a economia, já que, com o
advento do turismo, as atividades produtivas tradicionais que eram baseadas na pesca, no
extrativismo e na agricultura, comercializadas para população da localidade, passam por
profundas transformações, denunciando, inclusive, o seu fim. No turismo ocorrem mudanças
significativas, sendo direcionadas à maior produtividade em razão do fluxo maior de pessoas,
fazendo movimentar a economia local (CARNEIRO GONÇALVES, 2012). Com essas
mudanças, o turismo pode acarretar às localidades ameaças quanto ao seu futuro, pois pode
prejudicar pessoas que se beneficiavam dessa atividade do turismo.
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De acordo com Butler (1980), todo destino turístico passa por um processo de vida, que
vai desde a etapa de exploração, quando as primeiras pessoas começam a viajar para
determinado espaço ou lugar com a finalidade de lazer, recreação ou até mesmo atividades
turísticas. Diante disso, o espaço ou lugar consegue maiores envolvimentos das pessoas, tanto
em razão do marketing boca a boca quanto de ações mercadológicas que dão publicidade ao
lugar. Após isso, o lugar ou espaço percebe dos poderes público e privado ações de
transformação com vistas a tornar o lugar ou espaço com certa infraestrutura, capaz de receber
uma maior demanda de pessoas, até chegar à etapa de consolidação, quando o número de
visitantes passa a ser regular e com fluxo contínuo, prevendo apenas as baixas comuns da
sazonalidade que praticamente assola a maior parte dos destinos turísticos.
Durante cerca de vinte anos (de 1990 a 2010), a Lagoa do Portinho figurou como um
dos principais atrativos do turismo no litoral piauiense, recebendo fluxo regular de pessoas de
vários lugares, em busca da beleza e das águas propícias ao banho, conforme a Figura 03:
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Segundo publicação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) [2013] acerca das lagoas
do Piauí, considera a Lagoa do Portinho um espaço de lazer e entretenimento, apresenta uma
infraestrutura receptiva oferecendo bares e opções de hospedagem, alimentação, restaurantes,
espaços para shows, estacionamentos e atracadouros para pequenas embarcações. Para que
fosse possível a realização dessa movimentação turística, foi necessário que o espaço fosse
adequado e modificado, como é o caso das construções de bares às margens da lagoa, onde é
realizada a retirada de árvores e outros agravos ambientais.
Nessa perspectiva, as mudanças que ocorridas nas margens da lagoa foram proporcionas
tanto para as comunidades locais quanto por outros investimentos em pousadas e clubes público
e privado. Para Leite et al. (2015), “essas interferências podem acarretar consequências
benéficas ou maléficas do ponto de vista político, econômico, social e cultural e o estudo dessas
consequências deve ser analisado de forma que sejam considerados a maneira que essa
sociedade se apropria dos recursos naturais da região”, se utilizando de espaços que sejam de
moradores antigos da área como também de espaços nunca usados antes.
Com isso, áreas próximas à Lagoa do Portinho foram sendo modificadas para melhor
receptividade dos turistas, até mesmo com a derrubada de árvores próximas à lagoa para a
construção de bares e restaurantes, causando, assim, a transformação no espaço natural pela
necessidade de expansão do turismo. Nesse ensejo, Brasil (1998) afirma que “os recursos
turísticos são todos os bens e serviços que, por intermédio da atividade do homem e dos meios
com que ele conta, tornam possível a atividade turística e satisfazem as necessidades da
demanda”. À criação de espaços usufruídos pelos turistas, gera-se a demanda do grande fluxo
de visitantes, assim como a criação de parceiros que possam contribuir nesse processo,
conforme Cirino (2006) retrata.
Nesse âmbito, tal movimento pode ser aplicado na Lagoa do Portinho, onde se encontra
impactos decorrentes da transformação do espaço, ocorridos de maneira avançada ao longo dos
anos pelo uso turístico. Muito dos impactos estão relacionados com a gestão deficitária do poder
público, que pouco se preocupou com o ambiente, assim como da população local que fez
usufruto do espaço, mas sem a preocupação das consequências dos impactos. Nesse sentido,
Cruz (2002, p. 108) assinala que “as paisagens são reflexo dos espaços, toda transformação no
espaço representa simultaneamente alguma transformação na paisagem”. Assim sendo,
inexistindo a devida preservação, pode acontecer consequências ao meio ambiente presente na
localidade.
Com esse aumento da produção para o turismo, a paisagem antes natural acaba sendo
transformada em atração turística agregada de valor para ser consumida por turistas. Em relação
à seca das águas da Lagoa do Portinho, tanto ocorreu pelos períodos de estiagem, como pelo
movimento das dunas e da retirada da vegetação, como também por desvios do curso d’água
para sítios próximos e, de forma mais grave, para represas e criações de peixes e derivados,
conforme a Figura 05:
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Figura 06: Lagoa do Portinho com o leito seco em virtude do desvio das águas e da estiagem.
Arquivo: Tarcys (2016).
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Figuras 07 e 08: Avanço das dunas sobre a rodovia que dá acesso à Lagoa do Portinho.
Fonte: Francisco Renan de Morais Ramos, novembro de 2018.
Nas Figuras 07 e 08, nota-se o avanço das dunas, fato que ocorreu de maneira gradativa
e que tem causado bastante transtorno com relação ao acesso à lagoa. Não se teve intervenção
dos setores responsáveis pela tomada de decisão acerca da liberação desta importante via de
acesso. Com o tempo, foi se tornando cada vez mais complicado o acesso tanto das pessoas que
visitam a localidade, como também a população por essa via que tem como acesso o município
de Luís Correia, ficando apenas disponível por um determinado tempo, a estrada de acesso à
Parnaíba. Sendo assim, sem a devida precação dos governantes, a população acabou buscando
meios de conseguir ter acesso, por meio de atalhos ao lado das dunas.
Nas Figuras 09 e 10, pode-se atestar o abandono de bares que ficavam à margem da
lagoa, e que têm suas estruturas destruídas pela ação do tempo e salitre da praia, além da ação
de vândalos. Essas estruturas foram abandonadas à medida que a lagoa perdia suas águas,
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derivados das consequências da degradação da lagoa. Assim, sem a exuberância de suas águas,
o fluxo regular de turistas deixou de existir, afetando a econômica turística do local.
Nas figuras 11 e 12, pode ser observar os atracadouros das embarcações, mas que servia
como acesso para turistas, tanto para registros fotográficos, como dos pescadores em períodos
de cheias da lagoa. Com a falta de manutenção e cuidados, a ação do tempo destruiu toda a
estrutura, que hoje se encontra em ruínas. Sendo assim, aos poucos foram acontecendo à
diminuição na rotatividade de turistas, onde poucos bares e pousadas que conseguiram conviver
junto à problemática.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Dessa forma, sem a devida vigilância, vândalos destroem as estruturas abandonadas pelos
poderes público e privado; nisso, percebe-se a negligência em torno da Lagoa do Portinho
acerca do uso do espaço como recurso turístico ou mesmo de sobrevivência da comunidade
local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sendo assim, averiguamos que o turismo se torna importante na Lagoa do Portinho,
assim como em outros destinos que seja operacionalizado, porque contribui na geração de renda
emprego em localidades que não tiveram muito acesso as oportunidades de conseguir ter seu
próprio negócio. Com o fluxo de pessoas oriundas do turismo, pequenos negócios
experimentam crescimento, se tornando em um meio de sobrevivência. Para isso, se torna
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REFERÊNCIAS
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Rodrigues. ROCHA, Jefferson Almeida; SILVA, Jurandy Do Nascimento; OLIVEIRA, Stefan
Vilges De. Lagoa do portinho em Parnaíba, Piauí, Brasil: avaliação da infraestrutura e
atrativos turísticos,2014.
BALLABIO, Sati Albuquerque. O conceito de cultura no turismo: o aporte antropológico,
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BARBOSA, Fábia Fonseca. O turismo como um fator de desenvolvimento local e/ ou
regionali. Caminhos de Geografia 10(14)107-114, Fev/2005.
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ABSTRACT
Religious tourism is the fastest growing segment in the tourist scene of Parnaíba. However, this
research aims to perform an analysis of the tourist potential of the Casa de Iemanjá Illê Asé
Omo Ni Ejá Sabaá Odê Kwe Sinfa, focused on the development of Afro-religious tourism, a
subsegment that consists of visiting cultural and religious attractions of African matrix. As well
as investigating the infrastructure of the house, identify and systematize the activities carried
out by the house and investigate the interest of members on the development of religious
tourism in the yard. The research presents the qualitative approach, having as methods of
analysis, the descriptive and explanatory. For the construction of the literature review, a
bibliographic research was used to consult books and articles. The data collection occurred
through field research, as well as data collection through semi-structured interviews directed to
the leadership of the yard and some children of saint. It was concluded that the terreiro has
tourist potential to be an Afro religious attraction, being necessary for this, improvements in
infrastructure and planning of activities to be developed by tourists.
INTRODUÇÃO
O turismo religioso movimenta pessoas pela fé e tem sido um dos segmentos que mais
cresce no século XXI e, apesar de crises econômicas enfrentadas em nível mudial, tem
movimentado mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. (BARBOSA, 2015). No
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CANDOMBLÉ – FÉ E TURISMO
A cultura é elemento essencial para o desenvolvimento humano, Tylor a entende como
“[...]todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer
outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo o homem como membro de uma sociedade”
(LARAIA, 1932, p. 25). Tylor aborda em seu conceito a cultura atrelada aos feitos humanos e
sua estreita ligação com sua vivência comunitária que, segundo Geertz (1989) propicia a criação
de símbolos e significados para os mais diversos aspectos da vida.
Um dos aspectos da cultura é a espiritualidade. Nela a fé é considerada a base de todas
as religiões e corresponde ao ato de um indivíduo ser firme, acreditar e ser fiel a algo ou alguém
(ARBOITH, 2008). A fidelidade pode se referir a algo transcendental ou não.
A fé remete a experiência com o sagrado que, de acordo com (BORAU, 2008, apud
COUTINHO, 2012), consiste na ponte entre divindade e homem. As crenças são resultados das
expressões religiosas existentes, que são exprimidas através da arte e da literatura, como
exemplo as escrituras sagradas, credos, doutrinas ou mitos (GAARDER et al, 2001).
A palavra religião, de acordo com a etimologia, é derivada do latim religare com o
significado de religar, reler ou reeleger, ou seja, liga o homem com algo transcedental
(COUTINHO, 2012).
De forma adicional, para Tiele (s.d.,s.p.), o conceito de religião:
significa a relação entre o homem e o poder sobre-humano no qual ele acredita
ou do qual se sente dependente. Essa relação se expressa em emoções
especiais (confiança, medo), conceitos (crença) e ações (culto e ética) (apud
GAARDER et al, 2001, s.p.).
A religião é uma das diretrizes que norteiam os caminhos do ser humano a religião surge
de uma necessidade inerente do ser humano de dar sentido a sua existência finita (GÓIS, 330
2013).
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
No que diz respeito ao campo religioso brasileiro, deve-se levar em consideração todo o seu
processo histórico. É importante ressalvar sobre a definição de religiões afro-brasileiras que
segundo Capellari (2001, p. 65, apud JÚNIOR, 2010, p.1) são: “[...] o conjunto das práticas
religiosas desenvolvidas a partir do contato entre civilizações de origem europeia, africana e
americana em solo brasileiro”, onde é válido salientar o hibrismo de características culturais do
branco, negro e do indígena, tendo como predominância nessas religiões, a representação do
negro.
Uma das religiões afro-brasileiras mais representativas é candomblé. O Candomblé foi
a religião pioneira no que condiz a representação da identidade religiosa do negro. Conforme
Júnior (2010), o candomblé é considerado a religião mais próxima das origens africanas, ou
seja, tendo mais fidelidade com as tradições da África. Lang (2008, p. 173, apud JÚNIOR,
2010, p. 9) salienta sobre o candomblé:
É uma religião originária da África, trazida ao Brasil por escravos. Oxalá é a
divindade da criação. Cultuam os Orixás, de origem totêmica, que
representam as forças que controlam a natureza e seus fenômenos, tais como
as águas, o vento, as florestas, os raios. Ritos e cerimônias realizam-se em
casa ou terreiros, de linhagem matriarcal uns e patriarcal outros quanto à
direção.
De forma complementar, Santos (2010, p. 30, apud GÓIS, 2013, p. 323) afirma que “o
candomblé é uma síntese de tradições religiosas da África Ocidental, especificamente da
Nigéria, Benin e Togo além das influências de outras tradições religiosas”. Perante isso, nota-
se que o candomblé é a religião que sofre influência de várias regiões da África.
Vale ressaltar que as práticas e identidade espiritual dos negros no Brasil tem direta
relação com a origem étnica dos negros na África. Ou seja, o local originário de etnias
específicas na África é fator determinante na construção de suas manifestações culturais,
sobretudo religiosa.
De acordo com a história do negro do Brasil, existiram duas etnias predominantes, no
processo de escravidão dos africanos trazidos para o Brasil colônia: os bantos e os sudaneses
(NASCIMENTO, 2010). Ainda segundo esse autor, os bantos que representam os angolas,
caçanjes e bengalas, foram distribuídos para as regiões que hoje se conhece pelo o ciclo do
Ouro, como Minas Gerais e Goiás. Já os sudaneses representando os povos iorubás ou nagôs,
jejes, fanti-achanti, haussás e mandigas-islamizados, foram disseminados mais na região do
Nordeste, onde na época a atividade econômica predominante era o açúcar, principalmente nos
estados da Bahia e Pernambuco.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Oriundo da Bahia, o candomblé das nações Ketu (iorubá) e angola (banto) foram os que
mais se propagaram por todo o território brasileiro, sendo visto praticamente em todas as
regiões do país (JÚNIOR, 2010).
Os espaços de culto do candomblé são chamados terreiros ou casas, onde cada um
estabelece suas próprias normas e regras de boa conduta, sempre dependendo do sacerdote
responsável pelo o espaço (JÚNIOR, 2010). A fundação de um terreiro de candomblé é gerada
a partir de uma série de procedimentos ritualísticos e é necessário legalizar o espaço de culto
por meio do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) (EVANGELISTA, 2015).
De acordo com Santos (apud EVANGELISTA, 2015), o terreiro divide-se em dois
recintos. O primeiro é composto pelas instalações de uso público e privado, como os quartos
consagrados aos orixás, o quarto para recolhimento de noviços, banheiros, cozinha e o salão
onde ocorrem as festas públicas ou internas do terreiro. O segundo refere-se a natureza,
reservado para o pequeno cultivo de árvores, plantas e ervas de uso ritual podendo até existir
pequenas fontes e córregos de água limpa.
Uma casa de candomblé é liderada por uma mãe ou pai de santo, que tem a
responsabilidade por seus filhos humanos como também pela as entidades (orixás, erês, exus,
caboclos, eguns) ali reunidas (RABELO, 2015). Ainda de acordo com a mesma autora, o
critério categórico para os adeptos exercer funções específicas nos terreiros é o ato de
possessão. A possessão também conhecida como transe, é uma prática ritual que traz seres
sobrenaturais em um indivíduo, onde a pessoa necessita ter qualidades suficientes para permitir
o estado alterado de consciência (JORGE, 2013). Portanto, aquelas pessoas que as entidades se
manifestam, isto é, que viram no santo, são chamados de rodantes (RABELO, 2015).
Aquelas pessoas que não vivenciam a possessão, são titulados como equedes (para as
mulheres) ou ogãs (para os homens), onde ambos assumem cargos específicos no terreiro, as
equedes são encarregadas de cuidar do Orixá e zelar pela a pessoa que está o incorporando,
como também vestir o Santo com suas roupas ritualísticas e guiá-lo na dança ao som do adijá
(atabaque). Já aos ogãs são distribuídas várias tarefas, dentre elas, tocar o “couro” ou atabaque,
cantar para o Orixá como invocação para o corpo do médium (GÓIS, 2013). No candomblé,
as equedes e os ogãs já “nascem” velhos, ou seja, já possuem maturidade espiritual e com isso
não tem a necessidade de passar por longos processos de iniciação, como os iâos necessitam.
Outro processo que faz parte da hierarquia de um terreiro de candomblé, é fazer o santo
ou feitura de um indivíduo. Esse processo consiste em um firmamento da relação entre o ser
humano e o orixá, entidade que é dono da sua cabeça (RABELO, 2015), todavia é importante
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
destacar que além dos orixás, a cabeça de um indivíduo é composta por outras divindades que
fazem parte da vida dos adeptos como eguns, exus, caboclos e erês (OPIRARI, 2009, apud
EVANGELISTA, 2015).
A feitura do santo é considerada por Goldman (1984, apud EVANGELISTA, 2015) o
nascimento e/ou construção da pessoa no candomblé. De forma específica, Rabelo (2015)
salienta que a iniciação ocorre quando o noviço se torna iaô de uma casa, e não só estabelece
uma aliança com as entidades que compõem sua cabeça, mas sim o conduz a uma jornada
gradual a ser seguida pelo novo iniciado.
Com o processo de fazer o santo além de cada vez mais estreitar as relações com as
entidades que compõem a cabeça do indivíduo, é possível avançar na hierarquia e assim ganhar
mais autonomia dentro da casa de candomblé.
Em relação à hierarquia da casa, o fator etário, definido por idade de iniciação dentro
do candomblé, refere-se aos grupos que incorporam que, porém, ainda não sejam iniciados, mas
que já participam das atividades do terreiro, chamados abiãs. Como também há aqueles que já
são iniciados, porém não cumpriram a obrigação de sete anos de iniciação, chamados iaôs.
Ainda tem aqueles que já cumpriram a obrigação de sete anos e já ingressam no grupo dos
“mais velhos”, denominados ebomis (RABELO, 2015).
Vale ressaltar que a idade de iniciação é fator determinante no que se refere em
obediência de cada filho. Quem for “mais velho”, ou seja, aquele que tem cumprido a feitura
de sete anos, deve ser mais respeitado. Entretanto os ebomis não podem estar acima do pai ou
mãe de santo, pois estes sacerdotes possuem a maior autoridade deferida pelas entidades.
De acordo com Góis (2013) são cerca de dezesseis orixás que são cultuados no Brasil:
Exu, Ogum, Oxossi, Obaluaê, Xangô, Oxumarê, Logum Edé, Ossaim, Oxalá, Iansã, Oxum,
Iemanjá, Nanã, Ewa, Obá e Iroco.
A primeira experiência de um individuo com o candomblé, é o jogo de búzios. É uma
espécie de oráculo que o pai ou mãe de santo consulta os orixás com o objetivo de identificar
as causas de possíveis enfermidades que afligem o indíviduo que solicita o jogo. Nesse jogo
também é possível descobrir quais são os orixás que regem a vida da pessoa que joga (SANSI,
2009). Quando o indivíduo recorre ao jogo de búzios, ele possui o intuito de resolver seus
problemas sejam eles afetivos, sexuais, financeiros, saúde, etc (PRANDI apud JÚNIOR, 2010).
Observa-se que as casas de candomblé no Brasil recebem filhos de santo, assim como
turistas interessados em conhecer os aspectos culturais. O turismo cultural consiste nas viagens
motivadas pelo interesse em conhecer culturas, ou seja, “as atividades turísticas relacionadas
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Conforme Camargo e Cruz (2009), além dos turistas essencialmente culturais, existem
também turistas culturais ocasionais. Este corresponde aos turistas que possuem motivações
diversas para visitação ao destino, como por exemplo o turismo de sol e mar, porém incluem
em seus roteiros de forma fortuita, alguns atrativos culturais.
O turismo religioso surge como um subsegmento do turismo cultural e consiste no
deslocamento de pessoas com motivação turística religiosa. Segundo Oliveira (2004, p. 1) o
turismo religioso “trata-se de um fazer turístico capaz de manifestar algum dado de
religiosidade”.
De acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2010, p. 19) entende-se por turismo
religioso as “atividades turísticas decorrentes da busca espiritual e da prática religiosa em
espaços e eventos relacionados às religiões institucionalizadas, independentemente da origem
étnica ou do credo”. Há uma pluralidade religiosa que se enquadra na atividade turística
desenvolvida em tais espaços e/ou eventos de cunho religioso.
Ainda de acordo com Abreu e Coriolano (2003, apud ARAGÃO; MACEDO, 2011), o
lócus do turismo religioso tem se caracterizado pelas festas religiosas, no que diz respeito a
cultura brasileira por sua significativa quantidade e diversidade de celebrações religiosas, isto
é, as festas religiosas são manifestações culturais brasileiras que trazem um sentido de
identidade cultural sobretudo religiosa.
Silveira (2007) afirma que o deslocamento realizado para locais considerados sagrados
com a utilização de meios de hospedagem constitui o conceito de turismo religioso. Entretanto
esse conceito não abrange esse segmento turístico em sua totalidade, tornando-se uma definição
um tanto ultrapassada.
Já o turismo religioso afro tem ligação com o conceito de turismo étnico que, segundo
Avila e Coppieters (2009) afirmam que essa tipologia de turismo possui duas vertentes, onde a
motivação do turista pode ser no “nativo” ou no “ambiente diferenciado”. Diante disso, pode-
334
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
se afirmar que o turismo religioso afro consiste no deslocamento de pessoas com o intuito de
visitar atrativos culturais e religiosos de matriz africana.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho possui a abordagem qualitativa, que de acordo com Godoy (1995),
consiste na melhor compreensão do fenômeno a ser estudado através das perspectivas das
pessoas que nele estão envolvidas. Quanto aos objetivos, caracteriza-se por ser uma pesquisa
descritiva, pois busca descrever a realidade estudada da Casa de Iemanjá Illê Asé Omo Ni Ejá
Sabaá Odê Kwe Sinfa, como também é de caráter explicativo, pois procura entender se o
terreiro de candomblé possui potencial para o desenvolvimento da atividade turística (GIL,
1991).
Como procedimentos técnicos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, através da consulta
a artigos científicos e livros (GIL, 2008). O presente trabalho consiste em ser um estudo de
caso, pois é um estudo de uma realidade específica tendo como objeto de estudo a Casa de
Iemanjá Illê Asé Omo Ni Ejá Sabaá Odê Kwe Sinfa.
O levantamento de dados foi realizado por meio de pesquisa de campo, através de visitas
ao terreiro, seguindo um roteiro de observação. Foram realizadas, também, entrevistas semi-
estruturadas durante a segunda quinzena do mês de novembro de 2018, com a liderança do
terreiro de candomblé e com alguns filhos da casa. Com os filhos de santo, a entrevista foi feita
online, sendo eles, três residentes em Parnaíba e seis que residem em Teresina, totalizando nove
entrevistas realizadas.
RESULTADOS
A história da casa de Iemanjá Illê Asé Omo Ni Ejá Sabaá Odê Kwe Sinfa é vinculada
com a trajetória religiosa do sacerdote principal da casa: o pai de santo. De origem judaica, o
sacerdote também se tornou Frade Carmelita pela igreja católica. O começo de sua
familiaridade com a religião de origem africana ocorreu durante seu mestrado na área de
antropologia, no qual seu orientador determinou que seria estudada a liturgia afro-brasileira. A
aproximação com a religião despertou uma paixão, resultando em sua iniciação no Candomblé.
Na época, como abiã, residia em Teresina, capital do Piauí e em uma das suas obrigações
espirituais prometeu as suas entidades que lhe daria de presente uma casa na praia. Porém, de
forma imprevista, em uma de suas passagens pela cidade de Parnaíba, apaixonou-se por
residente do local, decidindo, então, mudar-se para esta cidade. 335
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Conforme o atual pai de santo da Casa de Iemanjá Illê Asé Omo Ni Ejá Sabaá Odê Kwe
Sinfa evoluía espiritualmente no candomblé, isso lhe permitia realizar atendimentos e, em um
desses atendimentos um cliente doou um terreno, no qual posteriormente viria a ser o seu
terreiro de candomblé. Ao longo de sua permanência na cidade, o pai de santo construiu sua
figura representativa envolvendo-se em questões sociais com enfoque na área cultural,
sobretudo religiosa. A construção do terreiro deu-se de forma conjunta e contínua com os filhos
e o pai de santo da casa, como também foi financiada pelos mesmos e através de doações
advindas dos atendimentos de cunho espiritual, que o sacerdote ofertava.
A Casa de Iemanjá Illê Asé Omo Ni Ejá Sabaá Odê Kwe Sinfa é localizada no bairro
João XXIII em Parnaíba-PI, com população de aproximadamente de 7.180 habitantes no bairro,
sendo um dos bairros mais populosos da cidade (IBGE, 2010).
Parnaíba possui uma rodoviária que possui linhas estaduais e interestaduais, como também um
aeroporto que possui um voo semanal interestadual, Localiza-se a cerca de 207 km do aeroporto
de Jericoacoara, importante ponto turístico integrante da Rotas das Emoções, assim como fica
em torno de 346 km do aeroporto de Teresina. Isso possibilita que haja um maior fluxo de
turistas nacionais como internacionais, podendo assim facilitar o acesso de turistas ao terreiro.
Um dos acessos ao terreiro de candomblé é a Avenida São Sebastião, uma das principais
da cidade, interligando-se à Avenida do Contorno, onde a pavimentação não é de boa qualidade.
Foi observado que adentrando ao bairro onde é localizado o terreiro, o acesso é difícil, poucas
ruas pavimentadas como também a inexistência de sinalização tanto básica como turística, o
que pode ser um empecilho na visitação ao terreiro.
Entretanto, próximo ao terreiro existe a circulação de quatro linhas de transporte
coletivo. Enquanto a estrutura da casa, foi observado que o terreiro não possui espaço para
estacionamento externo, entretanto é possível estacionar em um ambiente dentro da casa, alguns
meios de transporte de pequeno porte, como por exemplo motos e bicicletas.
Importante ressaltar que, em Parnaíba possui frotas de táxi, moto táxi e o uso de
aplicativos de carona e serviços de locomoção como o Ubiz Car, que facilitam o deslocamento
de pessoas para o terreiro de candomblé.
Os espaços edificados da casa estão distribuídos da seguinte maneira: o salão principal,
onde ocorre as festas religiosas, o roncó, espaço destinado para o recolhimento dos iaôs, áreas
de culto de Iemanjá, de Oxalá, de Oxossi, de Iansã, da família Gi e de Exú. Desses espaços
somente o salão principal é aberto ao público. Importante ressaltar que nem todos os membros
da casa são permitidos entrar em todos os espaços de culto. Além dos espaços edificados,336
existe
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
o ambiente de natureza, onde os locais em torno dos espaços de culto são arborizados, o que
deixa o terreiro arejado.
O terreiro possui dois banheiros, masculino e feminino, ambos com a estruturação
básica para utilização. O terreiro não comercializa alimentos e bebidas para visitantes, porém
nas festividades da casa são oferecidos banquetes para aqueles que participam da festa, sejam
eles membros ou visitantes.
Os visitantes do terreiro são recebidos, geralmente, por um ogã designado pelo o próprio
pai de santo, o que não impede que os demais membros também os recebam. Foi observado que
a casa preza pela hospitalidade, que se configura em um dos princípios da própria religião.
Enquanto a infraestrutura física da casa, observa-se a necessidade de uma melhoria, em
casos de uma demanda maior de visitantes ao local. No tocante à limpeza, foi observado que o
terreiro aprecia muito esse aspecto, pois nas visitas realizadas ao espaço estava sempre limpo.
Em espaços reservados do terreiro são realizadas atividades ritualísticas conforme o
ritual e orixá específico de cada espaço. Além dessas atividades ritualísticas, existem também
as festividades dos orixás, nas quais a festa mais conhecida é a de Iemanjá, realizada no próprio
terreiro, como também na praia no mês de agosto. Entretanto, outra festa bem conhecida é o
Acarajé de Iansã, que ocorre no mês de dezembro, na qual também atrai muitas pessoas de
outras localidades.
Para a divulgação das festividades ou atividades ritualísticas realizadas no terreiro, um
dos filhos de santo é responsável por fazer toda a parte gráfica e de marketing da casa, cabendo
aos demais membros divulgar.
Em relação à realização de atividades externas, segundo a entrevista feita com a
liderança do terreiro, a casa esporadicamente executa uma ação solidária por meio do
fornecimento de sopa para pessoas carentes, como também promove atividades de cultura afro
na cidade, como palestras. Na entrevista, o pai de santo afirma que a casa está organizando-se
estruturalmente para receber mais atividades que incentivem a cultura afro, como a capoeira,
que antes era realizada no espaço interno do terreiro, porém, foi interrompida por conta das
práticas ritualísticas da casa de candomblé.
Conforme as respostas obtidas pela a entrevista online, pode entender-se que das nove
pessoas que foram entrevistadas, 3 residem em Parnaíba e 6 residem em Teresina. Das 6 pessoas
entrevistadas que moram em Teresina, 4 são do sexo masculino e o restante do sexo feminino,
sendo 2 homens com faixa etária de 30 a 39 anos, 2 homens e 1 mulher com 19 a 30 anos e 1
337
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
mulher sendo menor de 19 anos. Todos os entrevistados afirmaram realizar algum ritual
referente à doutrina do terreiro.
No que tange a frequência de visitas ao terreiro, observou-se que os que moram em
Parnaíba, visitam a casa com mais frequência, mas dos 6 que residem na capital piauiense, 3
deles o visitam a cada 30 dias, 2 o visitam de 3 de 6 meses e 1 o visita de forma esporádica. O
pai de santo possui vários filhos que residem em Teresina. Diante disto, observa-se que há um
fluxo turístico destas pessoas, pois elas, ao se deslocar, gastam seja com transporte ou outras
atividades. O gasto médio dos 6 entrevistados que residem em Teresina, quando vêm a Parnaíba
é cerca de 212 reais.
Em relação ao meio de transporte utilizado para chegar em Parnaíba, dos 6
entrevistados, 4 utilizam o carro. O meio de hospedagem optado por unanimidade dos
entrevistados quando ficam em Parnaíba, é o próprio terreiro. Atualmente o local não possui
uma estrutura de hospedagem conforme os padrões requisitados nos meios de hospedagens
convencionais. Porém, este fato demonstra a potencialidade do local para o recebimento de
mais turistas religiosos, podendo configurar uma fonte de receita para o local.
Sobre o tempo médio de estadia na cidade, dois afirmaram ficarem de 1 a 3 dias, outros
dois de 4 a 7 dias, e o restante em tempos distintos.
Desses entrevistados, três deles viajam com amigos. Ainda assim, quatro deles
afirmaram não realizar outra atividade em Parnaíba além da visita a casa de candomblé,
enquanto aos demais já realizam. Com isso, observa-se a motivação religiosa da visita, porém
possuindo abertura para que estes turistas possam desfrutar de outros atrativos turísticos e
serviços e contribuir com os benefícios financeiros advindos do turismo através do consumo.
No tocante a infraestrutura do terreiro, a qualidade e facilidade nas vias de acesso a casa
foi avaliada por quatro entrevistados como regular; em relação a limpeza, quatro qualificaram
como ótima; a sinalização foi avaliada por três como regular; segurança, quatro avaliaram
como regular; os banheiros do terreiro, dois consideraram regular e outros dois como ótimo; os
meios de transporte que dão acesso a casa, onde três avaliaram como sendo regular e por fim a
estrutura física do terreiro, onde quatro classificaram como sendo ótimo.
Diante disso, no que tange a qualidade e facilidade de acesso a casa é detectável diante
das respostas dos entrevistados a necessidade de investir em infraestrutura de mobilidade
urbana, o que a torna deficitária, sendo um problema estrutural no tocante à cidade de Parnaíba
como um todo. Em relação a limpeza do terreiro, o local é considerado limpo, assim como os
banheiros do mesmo rotulados como ótimos. Sobre a estrutura física da casa de candomblé
338
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
conforme as respostas, é classificada como ótima, com isso possibilita a recepção de pessoas
com o objetivo de visitar o terreiro.
Em referência aos meios de transporte que dão acesso ao terreiro, observou-se um
descontentamento. A mobilidade urbana em Parnaíba é considerada defectiva, principalmente
em relação ao transporte público, com poucas linhas de ônibus em toda a cidade, especialmente
no bairro onde o terreiro se localiza. Sobre a segurança, verificou-se a precisão de maior
segurança na localidade, por conta do aumento do índice de criminalidade naquele território.
Um dos objetivos da presente pesquisa, no qual procura saber se as pessoas sondadas
achavam interessante o terreiro ser aberto para visitação turística. Foi observado que houve uma
dualidade nas respostas dos entrevistados que residem em Teresina, pois três responderam que
são a favor e outros três responderam que são contra a abertura do terreiro para visitação
turística.
Também foi perguntado de forma poderia ser feita a visitação turística para aqueles que
fossem a favor, e de acordo com as respostas, foi sugerido que as visitas fossem ocorridas em
dias de festa da casa, assim com o devido acompanhamento de alguém de dentro da casa, um
filho de santo, durante as visitas dos turistas. Para aqueles que não eram a favor da visitação,
foi questionado a razão pela qual não concordavam em abrir o terreiro para a atividade turística.
Foi expresso que o terreiro se trata de um local sagrado e que não convém transformá-lo em um
ponto turístico.
Foi notado também a aprovação do próprio pai de santo da casa, segundo dados
coletados através da entrevista realizada com o sacerdote. Quando perguntado se havia interesse
da parte dele em abrir sua casa de candomblé para visitação turística, foi possível constatar que
também era de sua vontade, transformar seu terreiro em local de visitação, sendo assim abrindo
portas para o turismo afro-religioso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados expostos na presente pesquisa, com o próposito de obter respostas
diante do questionamento dado pela a problemática do estudo, analisar se existe potencial
turístico da Casa de Iemanjá Illê Asé Omo Ni Ejá Sabaá Odê Kwe Sinfa voltado para o
desenvolvimento do turismo religioso de Parnaíba-PI, desfecha-se com importantes
considerações.
339
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Através das observações durante as visitas ao terreiro, observou-se que o espaço possui
potencial para ser aberto para visitação turística. Porém, para tanto, faz-se necessário o
ordenamento de uma infraestrutura básica e turística, onde não só a casa de candomblé deve se
ater, mas também o poder público.
No que tange a infraestrutura básica, a gestão pública poderia contribuir para o
desenvolvimento do turismo afro-religioso voltado para o terreiro, através da elaboração de
políticas públicas focadas nos elementos básicos para o progresso da atividade turística, como
fornecendo melhorias nas vias de acesso não só para o terreiro, bem como para toda a
comunidade que habita aquela localidade. Outro ponto é a questão da segurança, onde tanto no
período diurno e principalmente no noturno possui pouca movimentação de pessoas, além de
haver pouca iluminação pública, o que traz insegurança para aqueles que são visitantes ou até
mesmo membros da casa de candomblé.
Juntamente com a evolução de infraestrutura básica e turística, deve-se considerar que
para o desenvolvimento turístico da Casa de Iemanjá Illê Asé Omo Ni Ejá Sabaá Odê Kwe
Sinfa ocorrer, é recomendado que os princípios sustentáveis sejam adotados, como forma de
preservação da cultura de matriz africana e que possa trazer benefícios em todos os âmbitos,
social, econômico e ambiental.
Dado o interesse por parte do líder do terreiro, em abrir a casa de candomblé para
visitação turística, é notório o intuito do sacerdote em mostrar a importância da atividade
religiosa afro para o âmbito cultural bem como também para o cenário turístico municipal.
Contudo, é necessário averiguar com cautela se toda a comunidade receptora, os filhos de santo
da casa, estão de acordo com a realização desta atividade turística.
Tal atividade turística requer planejamento, assim como a definição de que tipos de
atividades religiosas tais turistas possam participar. Além disso, é necessário que haja pessoas
preparadas para lidar com as eventuais necessidades desses visitantes. Vale ressaltar que tal
atividade turística deve ser executada de maneira ordenada para que não interfira de modo
negativo no cotidiano da casa.
O terreiro já recebe filhos de outras cidades que se deslocam para Parnaíba, hospedando-
se no terreiro. Este dado já confere um fluxo turístico. Neste sentido, o terreiro pode estruturar
melhor a hospedaria para que possa receber os filhos e também turistas religiosos que não sejam
filiados à casa. A casa também pode se beneficiar de venda de alimentos e bebidas integrado à
realidade religiosa em festividaes. Devido à exclusividade do terreiro à religião candomblé na
340
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
INTRODUÇÃO
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
que segundo o Ministério do Turismo (2008, p.16) é conceituada como: “uma das atividades
turísticas relacionadas à recreação, entretenimento ou descanso em praias, em função da
presença conjunta de água, sol e calor”.
Por ser um país com um extenso litoral de aproximadamente 7.367 km banhado a
leste pelo oceano atlântico, movimenta muitas pessoas principalmente nos feriados nacionais,
porém há uma preocupação relacionado ao impacto socioambiental, por conta do número de
indivíduos frequentando um mesmo local, pois nem sempre está apto para usufruir de forma
que não gere danos para o espaço de lazer onde se mantem em descanso. Pensando em mudar
essa situação e para diminuir os riscos foi desenvolvido o turismo sustentável que exige do
visitante a incorporação de princípios e valores éticos, uma nova forma de pensar a
democratização de oportunidades e benefícios, e um novo modelo de implementação de
projetos, centrado em parceria, corresponsabilidade e participação (IRVING, 2002).
Desenvolvendo essa ideia a Organização Mundial do Turismo – OMT (2005, p. 3)
conceitua como:
Com esse fator a pratica do turismo dentro desses ambientes muda completamente,
é apresentado então um outro setor o Ecoturismo, introduzido no Brasil no final dos anos de
1980 e que visa a apreciação sem a degradação de ambientes naturais e culturais. Ele acaba
compondo todos os setores do turismo relacionados a natureza, seu conceito conforme a
EMBRATUR e Ministério do Meio Ambiente citado por Barros II e La Penha (1994, p.19)
seus primeiros passos em território nacional. Para que se consolidem como atividade econômica
viável, dependem de políticas públicas que valorizem os conhecimentos, saberes e tradições
das comunidades, e estimulem o empreendedorismo social no processo de transformação da
rica sócio biodiversidade em produtos eco turísticos com a “cara” do Brasil.
Em geral o turismo de base comunitária abrange os meios: ecológico, social e
cultural e apesar de não ser especificado com um conceito único conforme o Laboratório de
Tecnologia e Desenvolvimento Social (LTDS), da COPPE/UFRJ (2011, p. 07):
Dentro desse meio para o turista que está disposto a aprender mais a fundo sobre
tal assunto necessita do apoio e serviços do guia de turismo, um profissional que atua como
mediador entre o visitante e o destino escolhido. De acordo com a Embratur é considerado guia
de turismo o profissional que, é devidamente cadastrado na Embratur – Instituto Brasileiro de
turismo, [...]exerça as atividades de acompanhamento, orientação e transmissão de informações
347
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
de turismo e o condutor ambiental não devem ser vistos como concorrentes, mas como
profissionais que se complementam e que diversificam roteiros turísticos. Uma pessoa local
autorizada para mostrar o meio faz toda diferença conforme MacCannell (1976 apud ARAÚJO,
2001) os turistas buscam penetrar mais profundamente do que é oferecido a eles nos lugares já
visitados, não ficam satisfeito com informações superficiais – querem adentrar nos bastidores
dos lugares por onde andam. Uma das formas de acessar os bastidores locais é ter acesso ao
etnoconhecimento local, especialmente aquele que reflete uma identidade cultural do território.
Dentro dessa visão, o turismo deve ser encarado como importante vetor de
desenvolvimento de base local, contemplando principalmente as potencialidades endógenas,
sendo pensado e estruturado para contribuir para a melhoria de vida da comunidade receptora,
assim como para a conservação dos recursos naturais locais – ou seja, para uma sustentabilidade
socioambiental local (MELLO, 2007). Na corrida em busca do conhecimento e dos saberes das
populações tradicionais, o espaço é fator de singularidade. Cada lugar é portador de uma
identidade própria, conhecida e interpretada à luz das experiências de seus habitantes
(SANTOS; PEREIRA; ANDRADE, 2007).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
a serem recebidos. Assim o salário vai de 250 reais para os condutores novatos, ficando entre
600 a 800 reais em média geral aos mais experientes.
Para ampliar ainda mais a quantidade de turistas na procura dos passeios, os
condutores possuem algumas parcerias com as pousadas locais, dessa forma eles buscam os
turistas nesses ambientes, em horários apropriados para atrai-los. Muitos deles ainda se utilizam
de outros trabalhos fora da associação para complementar a renda, ocupando-se com artesanato,
criação de ostras, luminárias e até mesmo trabalhando com a revenda desses materiais.
Realizado esse levantamento prévio do perfil dos trabalhadores, elaborou-se sete
perguntas para os condutores de turismo da associação BARRATUR. A primeira pergunta quis-
se saber qual a maior dificuldade que você pode citar da profissão?
Condutor 1: Boa, é porque tem pessoas que tu pega que são gente boa aí vai
aquele papo produtivo e tal, mas tem pessoas que tu pega que é, tem aquelas
pessoas chatas, tem aquelas pessoas legal mas aquela pessoa que tu viu assim
que oh ela ali parece chata mas quando tu vai no decorrer do passeio e tu vai
vendo aquela pessoa, vai conhecendo ai tu tem uma visão totalmente errada,
né. Eles tratam a gente bem e principalmente a gente é que tem que tratar eles.
Condutor 2: Relações boas e ruins.
Condutor 3: Boa, na maioria das vezes.
Condutor 4: Bem.
Condutor 5: Mais ou menos, tem vezes que é boa e tem vez que é ruim, na
maioria bom (não tem muito contato com ele porque ainda está na fase de
adaptação de condução).
Condutor 6: É de boa, tranquilo alguns são chatos, mas a maioria é de boa.
Condutor 7: Ah é tipo assim, a gente faz o máximo pra agradar mas tem que
ter experiência, você tem que falar sempre sorrindo, no início eles davam uma
crítica construtiva, hoje em dia eles dizem: cara, parabéns.
Condutor 8: Tratam bem e são bem recebidos.
Os turistas são sempre bem recebidos, os condutores fazem o máximo para entregar
a melhor experiência possível aos turistas, sendo integro, sincero e educado com todos eles, que
por sua vez se relacionam bem com os condutores, gerando assim um melhor dialogo e passeios
mais produtivos evitando dessa forma certos tipos de constrangimentos e situações
desnecessárias. É claro que existem aqueles turistas que são difíceis de se lidar, principalmente
aqueles que tendem a esbanjar superioridade a outras pessoas pelo motivo de possuir bastante
dinheiro.
É importante citar que a relação varia muito dependendo do perfil e da localidade
do turista, onde, por exemplo, os estrangeiros são mais cuidadosos e atenciosos do que os
turistas brasileiros. Existe também um grande cuidado e controle do condutor em relação aos
turistas com deficiências físicas, onde eles procuram atender da melhor maneira possível nessas
situações. Percebe-se que apesar das dificuldades, os associados conseguem demostrar
capacidade para entregar uma experiência no turismo comunitário de acordo com o seu
conceito.
Dessa forma fica clara a importância desses atores sociais no processo de
desenvolvimento da atividade, uma vez que “estudos recentes continuam a detectar que a relação
dos turistas com as comunidades locais é superficial quando não se trata do setor desta comunidade
que presta os serviços turísticos.” (BARRETO, 2004, p.5)
Buscou-se identificar se em relação ao turista, houve algum tipo de
constrangimento, preconceito ou passou por uma situação curiosa nesse sentido?
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Com base na unanimidade das respostas e na relação dos condutores com os turistas
já antes mencionados, percebe-se que constrangimentos, preconceitos e demais situações
curiosas são predominantemente inexistentes ou quase nunca ocorridas no ambiente analisado
isso é algo bom pois algumas vezes os turistas vão acompanhados por guias de turismo e não
há indiferenças por conta da profissão de acordo com Ferreira e Coutinho (2010) e contrapondo
a Franco (2003) em relação aos conflitos. Dessa forma, o nexo entre condutores, turistas e guias
é mais uma vez vista como harmoniosa e acima de tudo respeitosa, prevalecendo o bem-estar
como destaque principal no contato entre ambos e gerando parcerias.
Outro ponto buscou entender como ocorre a organização comunitária da
BARRATUR identificando o perfil geral da associação em relação a estrutura, funcionamento
e membros?
sem trabalhar. Por esse motivo muitos desistiram de seguir na profissão. Com certo tempo a
associação passou a ter parcerias com ONGs e com os cursos oferecidos pelo Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), e isso foi responsável por impulsionar o
serviço turístico da mesma. Atualmente, a BARRATUR conta com 12 condutores e sua
organização interna é bem demarcada, e segundo os mesmos reuniões são realizadas até duas
vezes por mês para tratar sobre diversos assuntos, dentre eles a forma de administrar melhor o
trabalho e o dinheiro geral ganho por mês.
O cumprimento correto aos horários de chegada e de saída do trabalho é muito
importante, para assim respeitar as escalas de passeios que são pré-estabelecidas aos condutores
semanalmente, ou seja, regras de organização de passeio, limpeza e divisões de tarefas em geral.
Eles devem estar na associação todos os dias da semana, entretanto possuem direito a duas
folgas por mês, e quando isso acontecer o aviso prévio tem que ser feito. Penalizações são
aplicadas caso os horários não sejam respeitados, fazendo com que o condutor fique sem
trabalhar em uma escala de passeio determinada por exemplo.
Os condutores tem suas funções bem definidas, cada um tem sua habilidade e seu
forte dentro da associação e isso ajuda bastante no desenvolvimento da mesma, já que
infelizmente a ajuda de órgãos da prefeitura e do Estado aos mesmos na comunidade de Barra
Grande é praticamente inexistente. Eles sempre se ajudam em situações que coloquem em risco
o bem-estar da associação, principalmente relacionado a Trilha do Cavalo Marinho (Figura 01).
Figura 01: Trilha do Cavalo Marinho.
clientes para atender essas variedades de viagens, como pacotes especiais para estudantes e
grupos com grande número de pessoas. Geralmente, o preço da excursão é normalmente de
cinquenta reais por pessoa.
A relação entre os moradores de Barra Grande e a associação foi outro ponto
levantado dentro de nossa investigação que buscava identificar se há apoio da comunidade.
Condutor 1: Apoiam, mas aí tem uns que falam que nós que mandar no rio,
por conta que a gente faz o passeio e aí dizem que queremos mandar, porque
a gente faz uma limpezinha e tal ai acham que a gente quer mandar.
Condutor 2: Muitos apoiam e alguns são contra.
Condutor 3: Apoiam, eles ficam de boa mesmo.
Condutor 4: Boa.
Condutor 5: Não, apoiam. tem uns que são contra, mas a maioria apoia.
Condutor 6: Rapaz, tem uns que apoiam, mas é dividido. A maioria apoia.
Condutor 7: Rapaz tem uns que apoiam sim, mas não vou mentir tem uns que
mete uns cortes, elas julgam muito principalmente no início.
Condutor 8: Alguns são de acordo e outros não são.
Condutor 1: Olha quando é tipo agora final de ano vem muita gente aí como
eles vem não alugam casa aí eles voltam, a divulgação é presencial todo dia
os meninos vão nas pousadas pra saber que vai fazer o passeio, eles também
ligam pra gente e assim é divulgado, tem a página no Facebook mas tá
desatualizada.
Condutor 2: A associação tem uma quantidade de pessoas específicas; não
jogam lixo no braço do rio; a associação tem cuidado de fazer limpeza duas
vezes no dia da semana.
Condutor 3: A gente tem sempre um controle de turistas por dia, a gente faz
no máximo 30 a 70 se tiver maré de manhã e de tarde, mas se só tiver de manhã
35 no máximo que nós atendemos, se tiver turista mas que não vai isso tudo.
A gente fala pra eles que uma área de APA e que não pode fazer isso nem
aquilo, o lixo a gente recolhe e falamos que eles não podem jogar no meio.
Condutor 4: As placas para não circular veículos na praia.
Condutor 5: É controlado, nós tem cinco canoa, tem vez que nós leva até de
35 pessoas.
Condutor 6: É, só quem entra na trilha é nós. É a gente que limpa lá, que
preserva. Temos muito cuidado.
Condutor 7: Nós controlamos no passeio, e com o termo de conduta vai ter
mais regras.
Condutor 8: Quantidade certa de pessoas; não pode em algumas áreas;
cuidado para não jogarem lixo; avisamos os turistas que é proibido a passagem
de carro na área da praia.
Esse cuidado é levado como umas das prioridades da associação. Existe o controle
de pessoas limite por passeio, que dependendo de fatores climáticos, esse limite chega à média
355
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
de 30 pessoas. Para que seja feito um turismo sustentável de acordo com as normas, e conforme
Vieira (2005, p.348).
No nível macroeconômico, as políticas de ecodesenvolvimento podem ser
abordadas como uma tentativa de restabelecer a harmonia perdida entre
desenvolvimento e meio ambiente, onde o Estado se torna responsável pela
implantação de um conjunto coerente de medidas capazes de orientar e
articular as iniciativas que emergem no nível local.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além disso, é nítido também que esses profissionais, apesar dos esforços e do
comprometimento com a sua profissão, não possuem condições técnicas de formação
adequadas ao seu dispor, impedindo assim o maior aperfeiçoamento do trabalho, e obrigando-
os a optar por outros métodos para solucionar esse problema. Percebe-se então a vontade dos
mesmos em conseguir maior assistência, cursos a disposição e o devido apoio da prefeitura
local a sua associação.
Espera-se que a realidade dos condutores tenha sido compartilhada, e a sua visão
em relação ao cenário turístico seja mais bem entendida, algo que é pouco explorado nos dias
de hoje. É importante promover essa ideia, para que tanto o condutor quanto o próprio turista
tenham esse entendimento acerca desse contexto. Por fim, almeja-se que este escrito seja usado
para estudos futuros por diferentes grupos, meios e instituições, e que a partir disso,
investigações complementares e o acréscimo de novos dados relevantes ao tema sejam
adicionados e explorados. Espera-se então que com essa abordagem os problemas mostrados
na vida de trabalho dos condutores tenham sido apresentados.
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358
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
INTRODUÇÃO
A praia de Barra Grande e a comunidade que leva o mesmo nome estão localizadas no
município de Cajueiro da Praia, situado na região Norte do estado do Piauí. A comunidade
“possui uma área urbana de 78 hectares e uma faixa de praia com 4 Km de extensão e possui
cerca de 1.500 habitantes” (MACÊDO, 2011, p. 98). O município tem 6.122 habitantes, sendo
que 4.464 destes habitam na zona rural. Cajueiro da praia faz parte do Território da Planície
Litorânea e fica a 402 km da capital do estado, Teresina. (IGBE, 2010).
A comunidade Barra Grande é um destino turístico do litoral piauiense contemplado
pela Região Turística Polo Costa do Delta, composto pelos municípios de Parnaíba, Ilha
Grande, Buriti dos Lopes e Cajueiro da Praia. Segundo Macêdo e Ramos (2012), a atividade
turística acontece na comunidade desde a década de 80 do século XX, onde a praia era
frequentada para fins de veraneio, por pessoas do estado do Piauí e do Ceará, mas foi partir do
ano de 2005, com a exploração do kitesurf, que a Praia de Barra Grande foi reconhecida como
359
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
destino turístico, tanto nacional como internacional, sendo procurada por praticantes do esporte
do mundo inteiro, surgindo assim os primeiros empreendimentos hoteleiros na comunidade.
No ano de 2010 existia cerca de 13 empreendimentos hoteleiros na comunidade, mais
atualmente, no ano de 2017, segundo moradores nativos, existe cerca de 40 negócios, contando
com hotéis, pousadas, hosteis, etc.. Esse aumento aconteceu a partir do ano de 2013, quando o
potencial turístico da comunidade foi visto por empreendedores como uma oportunidade de
negócios, atraindo empresários de várias partes do Brasil e do mundo.
Ciente dos vários tipos de impactos que o turismo pode causar, buscou-se compreender
a visão que moradores nativos da comunidade têm acerca do crescimento do turismo na
comunidade, buscando a partir da história oral entender a realidade daqueles que vivenciaram
todo esse processo de turistificação dos anos 1980 até a atualidade.
Através de estudos bibliográficos sobre os impactos e benefícios ocasionados pelo
turismo, além de estudos sobre memória individual e coletiva, procurou-se, através do método
de pesquisa da história oral, compreender melhor os processos em curso no tempo e no espaço
da comunidade Barra Grand. Para compreender a versão dos moradores nativos, foram feitas
entrevistas não estruturadas em profundidade com moradores nativos, ouvindo suas histórias e
vivências. Segundo Alberti (1989, p. 01), a história oral pode ser entendida como “um método
de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica, etc.) que privilegia a realização de entrevistas
com pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas, visões,
como forma de se aproximar do objeto de estudo”.
360
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Figura 01 – Mapa ilustrativo da APA Delta do Parnaíba. Fonte: Google imagens, 2017.
A comunidade de Barra Grande vem se destacando nos últimos 20 anos devido ao forte
potencial turístico em segmentos ligados à natureza, como o ecoturismo, mas o destaque se dá
ao turismo de sol e praia, acarretando no crescimento da atividade do turismo da comunidade.
Nesse relevo, o turismo é definido por De La Torre (1997, p. 19) como:
Um fenômeno que consiste no deslocamento voluntário e temporário
de indivíduos ou grupo de pessoas que, fundamentalmente por motivos
de recreação, descanso, cultural ou saúde, saem do seu local de
residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade
lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de
importância social, econômica e cultural.
A atividade turística teve início, na comunidade, por volta da década de 1970, onde
veranistas vindos de cidades próximas e mais distantes, como Teresina, ou até mesmo de outros
estados, visitavam a comunidade durante as férias. Uma década depois começa a aparecer os
excursionistas, contribuindo para a consolidação do turismo na comunidade, que só veio a se
profissionalizar e atingir seu ápice no início dos anos 2000, muito embora tenha sido a partir de
2010 que a comunidade experimentou muitos investimentos estrangeiros nos setores de meios
de hospedagem e de alimentos e bebidas (CUNHA, 2018).
O turismo vem se desenvolvendo na comunidade pelo seu potencial para a pratica de
esportes como Kitesurf. Pereira, Silva e Dantas (2016) falam que o kitesurf é um dos esportes
que mais cresce atualmente em todo o mundo. Apesar de ser um esporte considera do novo,
tendo sua criação na França no ano de 1985, já é possível encontrar praticantes em diversas
partes do mundo, de todas as idades e classes sociais, os mesmos se deslocam para diversos
361
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
locais do mundo em busca de ventos fortes e outras condições naturais que propiciam a prática.
Essas condições são facilmente encontradas no nordeste brasileiro, o que acontece no caso da
comunidade de Barra Grande, que vem chamando a atenção mundial exatamente por suas
condições favoráveis para a pratica do esporte, sendo o mesmo responsável pela movimentação
turística dentro da comunidade.
Além do Kitesurf a comunidade oferece também outros atrativos turísticos, voltados
para o ecoturismo, sendo atividades de caminhada e canoagem, passeios às Ilhas das Garças,
das Cabras, do Camaleão e a trilha do Cavalo Marinho, que são desenvolvidas pela Associação
de Condutores de Turismo de Barra Grande (BARRATUR). A BARRATUR foi criada no ano
de 2005 por moradores nativos da comunidade, que viram no turismo uma oportunidade para o
aumento da renda de suas famílias. A principal trilha desenvolvida atualmente é a Cavalo
Marinho. Nisso, Barborsa e Perinotto (2010, p. 01) explicam que a referida trilha “trata-se de
um passeio ecológico, no qual são trabalhados, simultaneamente, o turismo, a sustentabilidade
e a educação ambiental”, aliando sempre atividades preservacionistas visando a continuidade
da atividade turística ecológica no destino.
Como se sabe a atividade turística desenvolvida de forma desordenada pode vir a causar
diversos impactos sociais, econômicos e ambientais. Assim, na comunidade Barra grande não
é diferente. O turismo não foi uma atividade planejada para acontecer na comunidade, tendo
surgida de forma espontânea. Pela inexistência de planejamento, é notório alguns impactos, os
quais causam transformações na ordem social, econômica, ambiental e cultural na comunidade.
O turismo trouxe um aumento no fluxo pessoas, aumentando também a população da
comunidade. Muitas pessoas se direcionam à Barra Grande na busca de trabalho ou para
empreender um próprio negócio, como bares, restaurantes e atividades comerciais variadas. Os
empreendimentos de grande porte são em sua maioria, de pessoas de fora da comunidade, que
encontraram condições propícias e oportunidade de futuro promissor e rentável com o turismo
na região. Os comércios menores, por sua vez, são de moradores que nasceram na comunidade.
As razões pelas quais a população não aproveita as oportunidades que o turismo pode
proporcionar, em geral, são as baixas condições financeiras, o baixo nível de escolaridade, e a
pouca visão empreendedora.
362
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Apesar de não ter nascido na comunidade, seu Mualem frequenta há muito tempo o
lugar, tanto que reside há mais de 30 anos. Ele fala que a comunidade o aceitou como morador
local. A sua fala também é relevante pois fica explícito que os proprietários das pousadas são
de fora da comunidade.
363
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Na fala do morador José Hernando, 40 anos, é notória essa divisão entre a população
local e os visitantes, quando especulado sobre o turismo o mesmo fala: “Pra mim mesmo aqui
não depende do turismo não, só depende do turismo mais a região mais pra praia, a região de
bar e restaurante, aqui eu dependo mesmo é de Deus e da população mesmo, local”.
Nisso, Macêdo (2011, p. 137) traz a fala da moradora H.J, 42 anos, que relata sobre essa
divisão da comunidade:
Através da fala dos dois moradores, é notória a divisão ocasionada pelo turismo na
comunidade. Apesar de oferecer benefícios para a comunidade, os principais contemplados não
são os moradores locais, mesmo com a geração de empregos, como fala o seu Hodgi Mualem,
66 anos, afirmando que são subempregos e em sua maioria apenas na alta temporada.
Aqui o fluxo de turistas é mais por temporada, né, fora de temporada é
o pinga, pinga que a gente chama, agora na temporada é casa cheia.
Hoje tem muita gente trabalhando em pousadas, não deixa de ser uma
coisa benéfica, né, mas a comunidade tem que aceitar, de qualquer
forma eles ganham dinheiro também, trabalho também. Tem serviço
pra todo mundo quando chega a temporada.
O senhor Wellington Oliveira, 33 anos, em uma de suas falas, ele ressalta que a renda
gerada pela atividade turística fica dentro da comunidade, sendo um aspecto positivo da
atividade turística, que, apesar de disponibilizar subempregos para os moradores, movimenta a
economia local, ajudando da renda familiar de muitos moradores locais e de regiões próximas.
No envolvimento com o turismo de 100% da população 40%, não só de Barra
Grande, do município todinho. Como Barra Grande é o principal ponto
turístico de Cajueiro da Praia, vem muita gente trabalhar aqui, do Cajueiro
da Praia, Barrinha, Morro Branco e daqui também, nas pousadas, então
gerou muita renda. O turismo tá gerando renda aqui, né, não só nas pousadas,
o dinheiro fica aqui na comunidade né. Nós trabalhamos com turismo
também, todo ano a gente faz o levantamento dos nossos passeios, a gente
gera mais de 100 mil por ano, e esse dinheiro fica todo aqui na comunidade.
Além da gente ter nossos condutores, a gente contrata as charretes, já
gerando renda para outras famílias.
364
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
O turismo impacta no meio ambiente, e à medida que cresce o fluxo de turistas, aumenta
a preocupação, pois inevitavelmente o crescimento do fluxo turístico reflete no meio ambiente.
Um impacto percebido foi a devastação e erosão do rio Camurupim. Atualmente a BARRATUR
trabalha no controle de visitantes, para evitar maior agravamento. Impacto ambiental
preocupante também é a migração dos peixes de Barra Grande, que estão se deslocando para
alto mar, impacto esse gerado pelos praticantes do esporte Kitesurf, pois os mesmo se utilizam
da beira mar para a prática do esporte, onde antes era lugar de pesca.
Outro grave problema encontrado no local é comentado por Soares (2006, p. 82 apud
MACÊDO, 2011, p. 156):
No que diz respeito a cobertura vegetal como fator básico para proteção do
solo, observa-se a redução da vegetação nativa na área da praia, em
decorrência da sua retirada para construções de segundas residências e o
desmatamento próximo aos cursos d’água, na forma de queimadas,
provocando a exposição do solo e seu carreamento pela precipitação pluvial.
A comunidade Barra Grande faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do
Parnaíba, que é uma unidade de conservação ambiental. Os condutores da BARRATUR têm
noção da importância de pertencer e estar nesse espaço. Sendo assim, as ações são pensadas
para manter o ambiente conservado.
Manter um ambiente conservado significa preservar todos os seus
componentes em boas condições, ou seja, ecossistemas, comunidades e
espécies. Um meio ambiente equilibrado oferece uma grande variedade
de serviços ambientais que podem ser consumidos, direta ou
365
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Para compreender a visão dos moradores sobre turismo, é necessário conhecer a história
do desenvolvimento da atividade na comunidade. Para isso, a melhor maneira de se conhecer a
história é através da memória dos moradores. Assim, foi desenvolvido o método de pesquisa de
história oral, que segundo Paulo Knauss (2016).
História oral é o fruto da renovação da pesquisa histórica
contemporânea. É resultado do compromisso com a renovação das
fontes históricas e da intenção de afirmar abordagem alternativas, assim
como revelar novos sujeitos sociais. Seu desenvolvimento tem como
base a realização de entrevistas e a coleta de depoimentos orais com o
objetivo de relevar outras dimensões da experiencia histórica que não
são registradas nas tradicionais fontes históricas.
Através dos relatos orais dos moradores nativos da comunidade, é possível conhecer a
memória acerca do desenvolvimento do turismo local. Sobre a memória, Pollack (1989, p. 09)
argumenta:
Operação coletiva dos acontecimentos e das interpretações do passado que se
quer salvaguardar, se integra [...] em tentativas mais ou menos conscientes de
definir e de reforçar sentimentos de pertencimento e fronteiras sociais entre
coletividades de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos, igrejas, aldeias,
regiões, clãs, famílias, nações etc. A referência ao passado serve para manter
a coesão dos grupos e das instituições que compõem uma sociedade, para
definir seu lugar respectivo, sua complementariedade, mas também as
oposições irredutíveis.
esse monte de pousada aqui hoje, por que foi eu que alavanquei, dei um
passo pra frente, passo principal, que trouxe tudo nas costas foi eu, eles
mesmo dizem isso, por que eu acreditei no desenvolvimento do turismo.
Quando eu fiz começar a bombar, né? Tinha só eu mesmo, aí os outros
vieram e procuraram também, aí tem pousada sofisticada, bonita de
gringo e paulista.
Seu Mualem relata o início do turismo dentro da comunidade, mostrando seu lado como
o primeiro empreendedor a acreditar na atividade turística, considerando-se como nativo em
razão dos anos que reside e pela imersão na comunidade.
Mais ainda, Macêdo (2011, p. 1080 fala dos atrativos naturais existentes na comunidade
e traz também a fala de Marcos Cazuza, ex-presidente BARRATUR:
Até 1990 aqui não era feito nenhum passeio, só tinha a praia mesmo.
Os passeios só passaram mesmo com a criação da nossa associação.
Quando nós iniciamos o único roteiro era a Ilha do Camaleão, que hoje
não existe mais por que realmente não desperta mais interesse, já que
a ideia era levar o turista num barco que a gente mesmo remava e
quando chegava em frente da praia de Macapá a gente ficava
mostrando um monte de galho seco e pedindo para o turista imaginar
forma de figuras. Hoje isso perdeu o sentido. Após uma pesquisa sobre
o cavalo marinho que uma estudante veio fazer, foi criado o roteiro do
Cavalo Marinho, que até hoje faz mais sucesso. Além do cavalo
marinho, nós também oferecemos o passeio da Ilha das Garças, a trilha
das ostras e o Fraldão.
CONSIDERAÇOES FINAIS
Por meio desse trabalho, foi possível perceber a visão dos moradores da comunidade
em relação crescimento do turismo e os impactos gerados, sendo impactos sociais, ambientais,
culturais e econômicos.
Os moradores vêm perdendo espaço na praia, sendo ocupado por empresários, donos de
bares, restaurantes e pousadas. É preciso intervenção no que diz respeito à interação da
comunidade com a atividade turística, por meio da educação, do diálogo, motivando, assim, a
participação da comunidade com o turismo em forte crescimento.
A BARRATUR, sobre o meio ambiente e a conservação ecológica, realiza passeios
usando barcos a remo, respeitando o tempo e os horários da natureza, como comentou Gilmaci.
As atividades desenvolvidas pela BARRATUR são pensadas em consideração à natureza, para
que permaneça preservada.
Ficou compreendido que a comunidade, apesar de vivenciar a prática do turismo, não
se tem uma interação direta e harmônica entre comunidade e as atividades turísticas, pois os
maiores beneficiados não são os moradores nativos, mas empresários de fora.
É de suma importância as informações aqui encontradas, servindo como pesquisa para
outras produções, tendo em vista que a memória da comunidade é uma maneira eficaz de
conhecer sua história, suas vivencias apontando os aspectos positivos e negativos do turismo
que vem se intensificando dentro da mesma.
REFERÊNCIAS
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POLLAK, Michael. Memória, esquecimento e Silêncio. In. Estudos Históricos. 1989/3. São
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369
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
This work addresses Pedagogical Tourism as an educational activity with the aim of conducting
visits to the Aquaculture Station for students, civil society and partners in search of promoting
the transfer of information and exchange of knowledge on sustainable aquaculture. Visits
already coordinated by the author and students of the fishing engineering course at the
Aquaculture Station of the Federal University of Piauí, located in the municipality of Parnaíba,
on the coast of Piauí, were analyzed. The groups analyzed were composed of high school
students from the municipality of Ilha Grande, students of the undergraduate course at UESPI
of Biology, Zootechnics and Agronomy from the municipality of Bom Jesus and Teresina. It
was confirmed, through the analysis of the data obtained through research after the visitation,
that the direct contact with the technologies used in the Station and the themes, the set of themes
covered, provided the visiting students with stimulating experiences and the practice of
experiments. The students were able to question themselves and seek answers to the various
situations experienced outside the school's limits. Therefore, it is necessary to elaborate a
visitation protocol and a new vision that values the activities of Pedagogical Tourism at the
Station.
370
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
INTRODUÇÃO
O turismo pedagógico por envolver diversas áreas do conhecimento vem sendo
considerado como um instrumento importante na aprendizagem, uma vez que pode ser um
diferencial na vida escolar dos educandos, por ser um misto de profissionais engajados neste
trabalho. (SCREMIN; JUNQUEIRA, 2012. P.27). No intuito de fortalecer no corpo docente a
ideia de uma nova proposta de cunho interdisciplinar, e nos estudantes de turismo gerar
habilidades cognitivas, esse tipo de vivência prática oferece ao aluno a oportunidade de
perceber e analisar determinadas realidades externas à sala de aula que somente se constroem
no âmbito do convívio e interação com o seu entorno. (FALCÃO, E. C. 2010.). A ampliação
das experiências de alunos e professores por meio do acesso a outras formas de aprendizagem
e de relação com a cultura e o meio ambiente tornou-se parte de propostas curriculares oficiais.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, elaborada pelo Ministério da
Educação (Brasil, 1996), reforça a importância do turismo através dos seus marcos
regulamentares e dispõe sobre as atividades extraclasse como complementares ao processo de
formação educacional, que permitem e estimulam a flexibilidade das grades curriculares e
respectivos conteúdos programáticos. Desta forma, a exploração de recursos externos à escola,
como diferentes equipamentos culturais, visitas dedicadas ao meio rural, entre outros, são
elementos eficientes e complementares à educação formal, dos quais o turismo se apropria e
pode, com legitimidade, respaldar os educadores quanto à elaboração de suas atividades
extraclasse (Scremin & Junqueira, 2012).
Por envolver diferentes áreas do conhecimento, esta proposta é inerentemente
interdisciplinar e, através de atividades práticas numa perspectiva de articulação interativa entre
as diversas disciplinas, pode enriquecê-las promovendo relações dialógicas entre os métodos e
conteúdo que as constituem (Araújo, 2000). Assim, esta modalidade, que associa o processo de
ensino aprendizagem ao turismo, possibilita a aplicação dos conceitos e conteúdos relativos que
integram formalmente o currículo escolar, uma vez que podem ser observados e experienciados
durante as atividades práticas propostas.
Esta forma de turismo pode ser entendida como elemento importante para a criação de
produtos, como instrumento de promoção da cidadania, de inserção social, de incentivo à
valorização da cultura, do meio ambiente e, fundamentalmente, como fator que privilegia uma
educação crítica (Bittencourt et al., 2010; Gomes et al., 2012). Segundo Beni (1998), a
mobilidade proporcionada pelo turismo põe em contato muitas pessoas, amplia e enriquece
371 as
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
maneiras de pensar e de atuar, expandindo o acervo cultural. Essa viagem através do turismo
educacional proporciona diversas formas de obter novos conhecimentos. O turismo
pedagógico, contribui para o desenvolvimento não só da escola, mas para que as atividades
extra escolares ocorram com qualidade, para que os alunos se sintam motivados a explorar o
espaço de maneira adequada enriquecendo o próprio conhecimento.
A Estação de Aquicultura do Campus Ministro Reis Velloso da Universidade Federal
do Piauí (UFPI), em Parnaíba, consiste em um espaço para a realização de aulas teóricas e
práticas do curso de Engenharia de Pesca. O espaço também é utilizado para a produção de
estudos, pesquisas e projetos de extensão ligados ao fortalecimento da aquicultura no estado.
A Unidade de Aquicultura foi construída por meio de convênio entre a Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) e a Prefeitura
Municipal de Parnaíba (Convênio nº 7.93.05.000/00 de 15/06/2005 – Implantação; e Convênio
nº 7.93.05.0064/00 de 28/12/2005 - Conclusão). A Unidade foi instalada em uma área de 25
hectares, sendo composta por adutoras de água, fábrica de gelo, sistema de drenagem, sistema
de bombeamento, laboratório portátil, e uma série de outros equipamentos destinados à
aquicultura.
A unidade aquícola dispõe três prédios, distribuídos em escritório, laboratórios, salas
de aula e banheiros. Também constam 22 viveiros escavados, todos com sistema de
abastecimento e drenagem. O Centro de Saberes Delta Ecocais vinculado a Estação de
Aquicultura desenvolveu vários projetos, onde foram construídos um quintal agroecológico e
um galpão de reprodução de peixes.
Nesse sentido, a estação de aquicultura recebe solicitações para a realização de visitas
orientadas por parte de parceiros e instituições de ensino superior, escolas do ensino médio e
alunos de outras universidades que vem desenvolver suas teses de mestrado e doutorado. Uma
das alternativas moderna para atender essa demanda é o desenvolvimento do turismo
pedagógico, um dos segmentos do turismo que proporciona viagens educativas, colocando em
pratica e ampliando o que foi discutido em sala de aula. Além disso, o turismo pedagógico tem
como intuito promover relações com o ambiente, objetivando a geração de novos
conhecimentos, de forma dinâmica e participativa (Farias, et al 2012). O ensino por meio do
turismo pedagógico propõe atividades diferenciadas das convencionais, sugerindo aos alunos,
maior vontade de aprender, tornado assim o processo de ensino mais agradável, despertando o
interesse dos alunos e motivando os professores, além de demonstrar a realidade de uma região.
(Barreto, 2001) 372
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
TURISMO PEDAGOGICO
Historicamente, o desenvolvimento do conceito de turismo está muito relacionado à
questão do deslocamento, uma vez que implica em um “movimento” para fora do lugar de
residência habitual. Pode-se notar isso numa das primeiras definições oficiais, apresentada por
Burkart e Medlik (1981 apud OMT - Organização Mundial do Turismo - 2001), quando
afirmaram representar o turismo “[...] deslocamentos curtos e temporais (sic) das pessoas para
destinos fora do lugar de residência e de trabalho e atividades empreendidas durante a estada
nesses destinos”.
Atualmente permanece muito aceita a definição que passou a ser adotada pela OMT em
1994, onde continua enfatizando a questão da necessidade do deslocamento; amplia, porém,
seu conceito, como segue: “o turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante
suas viagens e estadas em lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período
consecutivo inferior a um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outras” (OMT, 2001, p.21).
Essa definição traz consigo um importante aspecto que diz respeito à contemplação dos
possíveis elementos motivadores da viagem: o lazer, os negócios, educação ou outros.
Apesar da existência de uma diversidade de definições e conceitos, o crescimento da
atividade turística tem feito surgir novas modalidades e nichos de mercado, dentro das mais
variadas áreas. De acordo com Spínola da Hora e Cavalcanti (2003, p.223), isso não poderia
ser diferente em relação à educação, pois como o turismo é um fenômeno social de caráter
bastante dinâmico, “não seria estranho conceber uma modalidade cuja principal característica
fosse não apenas a satisfação da curiosidade por novos lugares e culturas, mas também o ensino
formal propriamente dito”. Para os mesmos autores é a capacidade de promover o
desenvolvimento humano, social e educacional que baliza a utilização do turismo como
atividade que serve ao ensino. 373
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM
Sobre esta temática são muitos os conceitos existentes e diversos os autores que
abordam, tais como Durkheim (1962), afirmando que a educação é o processo por meio do qual
os adultos preparam os jovens para a vida na sociedade, com o objetivo de suscitar e
desenvolver um conjunto de atitudes exigidas pelo meio social a que a criança se destina. Outra
definição referente ao assunto é a de Paro (1998), para o qual a educação é uma prática social
que se apropria do saber historicamente produzido e consiste na atualização cultural e histórica
do homem que, na produção de sua existência e na construção de sua história, é capaz de
produzir conhecimentos, técnicas, atitudes, valores e comportamentos.
As formas de educação são classificadas em três grandes grupos por Libedinsky (1997):
informal, não formal e formal. Segundo a autora, a educação informal é o processo pelo qual
todos os indivíduos, ao longo da vida, adquirem atitudes, valores, aptidões e conhecimentos a
partir da experiência cotidiana e das influências que procedem do meio social: a família, o
trabalho, os meios de comunicação, etc. A educação não formal inclui as atividades que se
organizam fora do sistema educacional, e é dirigida a um público determinado, com fins
específicos de aprendizagem, como, por exemplo, cursos de idiomas e informática. Por fim, a
educação formal é sinônimo de sistema escolar ou sistema educacional, e abrange desde o
maternal até a pós-graduação universitária.
As instituições possuem um papel de introduzir um novo olhar sobre as propostas
teórico-metodológicas em desenvolvimento. Desse modo, serão capazes de estimular a reflexão
sobre as práticas pedagógicas na escola como um todo, tornando-as mais compatíveis com as
exigências do contexto social em que vivemos e o turismo é uma maneira de inovação dessas
práticas.
DIVERGÊNCIAS CONCEITUAIS
O turismo e a educação são duas áreas distintas, contudo apresentam semelhanças, como
a interdisciplinaridade (que permeia cada um desses campos), a correlação
374
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
objetivos a serem atingidos, os conteúdos a serem trabalhados e as atividades que poderiam ser
desenvolvidas posteriormente. Entretanto, no planejamento de suas aulas, sempre havia um
espaço em aberto para atividades inesperadas, que pudessem proporcionar aos alunos adquirir
conhecimentos em diversas áreas, surgindo então a interdisciplinaridade. De acordo com Borba
e Luz (2002, p.79), o Estudo do Meio cria condições para o contato do aluno com a realidade,
propicia a aquisição de conhecimentos de forma direta, por meio da experiência vivida, e
desenvolve habilidades de observação, pesquisa, coleta de dados, organização, análise e síntese
das informações, elaboração e comunicação de conclusões. O Estudo do Meio é, nesse caso, a
“mola propulsora” do Turismo Pedagógico. Dito de outra forma, é a atividade que leva o aluno
a assimilar melhor o conteúdo selecionado no currículo escolar por meio da realização de
passeios, excursões e viagens. Em decorrência disso, Spínola da Hora e Cavalcanti (2003,
p.224) sustentam que “os alunos passam a assumir a condição temporária de turistas,
deslocando-se de seu lugar de origem em busca de algo novo. Há, então, numa aula, o elemento
dinâmico (a viagem) e o sujeito do turismo (o turista)”.
376
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QUINTAL AGROECOLOGICO
O Quintal Agroecológico é um sistema que integra os saberes das pessoas, produz
alimentos de base ecológica em 10% de um hectare, aproveita resíduos e sobras de uma
atividade para outras, reduz custos de produção, interage a produção animal com vegetal.
Aproveita área e (re)circula água; promove a rotatividade de produção; aproveita a energia de
uma cultura para outra; diminui externalidades (uso do que é de fora); agrega valores aos
produtos; transforma resíduos em fertilizantes naturais; fortalece a subsistência, produz
excedentes para a comercialização em mercado de ciclo curto para promoção da transição
agroecológica. O Quintal é composto por tanques em sistema de circulação de água (Figura 3),
com uso de filtros mecânico e biológico para reduzir o consumo de água, melhorar a qualidade
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GALPÃO DE REPRODUÇÃO
Possui o objetivo de constituir estratégias de propagação artificial e induzida de peixes
com ênfase no tambaqui, tilápias, carpas, curimatã, piau, e contribuir com o processo de
melhoramento genético das matrizes e reprodutores da Estação de Aquicultura da UFPI.
O Galpão é dividido em: um depósito para guardar materiais/equipamentos; um
laboratório de cultivo de microalgas e produção de zooplâncton; um corredor para permitir
acesso aos laboratórios Circular Aquicultura e LABCAMDELTA, assim como ao depósito. O
espaço permite o fluxo de atividades de recepção, pesagem, biometria, anestesia, dosagem
hormonal, acompanhamento de hora grau, desova das matrizes e reprodutores. Também realizar
o processo de incubação e monitoramento do desenvolvimento de ovos e consequente eclosão
das larvas, para posterior transferência para o setor de berçário,
A (Figura 5) mostra uma visão geral do Setor de reprodução após a reforma.
381
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
LABORATÓRIOS
LABORATÓRIO CIRCULAR AQUICULTURA
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LABCAMDELTA
METODOLOGIA
Ao organizar as atividades da visitação foi importante ressaltar algumas etapas para a
sua execução de acordo com analises de grupos de estudantes que passaram na Estação.
384De
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
início as visitas eram combinadas diretamente com o coordenador da estação e assim uns
bolsistas eram preparados para receber e apresentar as tecnologias lá desenvolvidas. A partir
disso, foi percebido a necessidade da proposta de Turismo Pedagógico na Estação de
Aquicultura com finalidade de ser apresentado para análise nas escolas públicas e privadas de
ensino médio, assim, é fundamental ocorrer a aprovação da proposta pelos professores no início
do semestre letivo, em seguida, o agendamento, a definição dos responsáveis e dos participantes
da visita para conhecer as demandas e necessidades de cada e que venha contribuir com as ações
que estão sendo desenvolvidas na estação de aquicultura. Os cursos de graduação e os cursos
técnicos são diferentes, portanto, as visitas ocorrem de acordo com os objetivos de cada curso
específico.
Baseando-se nisso, as visitas foram coordenadas com o apoio de estudantes do curso de
engenharia de pesca e jovens envolvidos nos projetos que estão sendo executados na estação
para receber os grupos. Para a elaboração do projeto foi observado um dia de visita dos alunos
de ensino médio e ensino superior, onde primeiramente foram recebidos no auditório e ocorreu
a exibição de uma apresentação que narra as ações da estação de acordo com cada atividade,
seguidamente sendo realizado o momento para tirar dúvidas e esclarecimentos sobre as ações.
Com relação aos grupos de estudantes de ensino superior são desenvolvida a mesma
metodologia, mas também são realizadas aulas práticas para conhecer a utilização de alguns
equipamentos, práticas de manejo, analise de dados, elaboração de relatórios e apoio ao
desenvolvimento dos projetos desenvolvidos na estação, para que todos possam entender e
dinâmica de funcionamento da estação e dos projetos, perceber a importância das boas práticas
de manejo, manuseio de forma adequada dos equipamentos, desenvolver pesquisas e produção
de artigos.
As visitas com alunos do ensino médio terão uma abordagem diferenciada para que
possam entender o funcionamento da estação, utilizando uma linguagem que será adaptada para
um bom entendimento de todos e seguindo por todo o processo citado acima. Será solicitado
que as escolas do ensino médio possam depois repassar um relatório com as impressões dos
alunos sobre a visita realizada para a coordenação da estação de aquicultura, de maneira que
torne uma ferramenta de avaliação e fortalecimento de parcerias.
Os materiais que são utilizados para as visitas são de responsabilidade da Estação de
Aquicultura, como pinceis, tarjetas, data show, computadores, câmeras fotográficas, lista de
presenças e os equipamentos que compõem cada espaço. De acordo com público recebido a
metodologia se diferencia/adequa para que possa atender as necessidades de cada um. 385
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
RESULTADO E DISCUSSÃO
A Estação de Aquicultura do Campus Ministro Reis Veloso da Universidade Federal do
Piauí, localizada no município de Parnaíba é um espaço dedicado a realização de aulas práticas
e teóricas do curso de engenharia de pesca, desenvolvimento de pesquisa e extensão. Também
sendo estruturando para desenvolver o turismo pedagógico propondo atividades diferenciadas
das convencionais, sugerindo aos alunos, maior vontade de aprender, tornado assim o processo
de ensino mais agradável, despertando o interesse dos alunos e motivando os professores, além
de demonstrar a realidade de uma região. As visitas são direcionadas para alunos, parceiros,
produtores locais e pessoas interessadas em conhecer as experiências desenvolvidas na estação
de aquicultura, gerando com isso a divulgação dos projetos, fortalecimento das parcerias e a
disseminação de conhecimentos sobre agroecologia, implantação de tecnologias
socioambientais e outros temas ligados ao desenvolvimento sustentável.
Todas as visitas seguiram o mesmo roteiro, dando início na sala “A” com uma
apresentação (Figura 9) da estação de aquicultura e do quintal agroecológico realizadas pela
coordenação e estudantes do curso de engenharia de pesca, através de apresentação em slides,
em seguida os visitantes seguiram para conhecer as instalações da estação. No quintal
agroecológico as visitas tinham acesso as tecnologias socioambientais galinheiro móvel, o bolo
de noiva, os tanques de concreto e lona, o canteiro econômico e o pomar e todas as dúvidas
foram esclarecidas ao longo do passeio. Ao sair do quintal, os estudantes eram direcionados
para o berçário e o galpão de reprodução, em seguida para os laboratórios de microalgas e do
cavalo marinho, em seguida os viveiros, havendo a explicação do uso da ração e das espécies,
realizando a alimentação delas (Tabela 1 e 2).
Por fim, as visitas foram finalizadas dentro da sala “A” para uma avaliação, onde diziam
qual das tecnologias eles levariam para a casa e comunidade, encerrando com agradecimentos
e fotos. Com a turma de biologia, por exemplo, foi feita uma pratica no final da visita, onde foi
feita uma coleta da agua dos viveiros e utilizaram o laboratório para análise e descoberta de fito
plâncton (Figura 10). Com a turma de ensino médio de Ilha Grande, foi feita uma coleta da agua
para analisar o ph da agua.
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Tabela 1. Visita da turma de Biologia de Picos no Quintal Agroecológico. Fonte: Fotos tiradas pela
autora, 2017. Table 1. Visit of the Biology class of Picos in the Agroecological Backyard. Source:
Photos taken by the author, 2017.
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Tabela 2. Atividades realizadas durante a visita de alunos na estação de Aquicultura da UFPI, 2017.
Table 2. Activities carried out during the visit of students at the UFPI Aquaculture Station, 2017.
Figura 10: Atividades realizadas em sala depois da visitação. Fonte: Foto tirada pela autora,
2017. Figure 10: Activities performed in the room after visitation. Source: Photo taken by the
author, 2017.
CONCLUSÃO
A partir da análise das visitas realizadas, foi possível idealizar novas e interessantes
perspectivas, as quais contribuem para ampliar a discussão sobre a temática em questão.
389Boa
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parte dos alunos de ambos os grupos responderam às perguntas feitas na dinâmica pós passeio
e houve algumas respostas interessantes como a importância de desenvolver tecnologias
sustentáveis e fáceis de construção para serem expandidas em terreno próprio e no quintal de
casa, muitos buscaram saber detalhes da estruturação e orçamentos, elevaram a importância da
visita em si para adquirir conhecimento e promover as atividades exercidas na estação de
aquicultura para a população e comunidades rurais. Em vista disto, as visitas serão realizadas
de acordo com o protocolo que tem o objetivo de conduzir as visitas com segurança,
preservando a rotina e os bens imóveis da estação de aquicultura.
Deste modo, o turismo pedagógico oportuniza uma verdadeira construção do
conhecimento, interligando a teoria com a prática. É importante que os alunos permitam e
analisem diferentes lugares de vivências, o turismo pedagógico contribui para que a
aprendizagem se transforme em algo prazeroso e inovador. O pedagogo e o turismólogo são
profissionais importantes para que esse diferencial seja cada vez mais trabalhado e inserido nos
contextos escolares, para que a aprendizagem se transforme com um objeto de estudo,
oferecendo aos alunos novas informações em ambientes variados.
REFERENCIAL
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RESUMO
O presente artigo tem como objetivo geral identificar nas agências de turismo cadastradas no
Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos - Cadastur da cidade de Parnaíba, Piauí, se
existem profissionais habilitados linguisticamente para atendimento no idioma inglês. Acredita-
se ser requisito básico para quem trabalha na área e também por ser importante ponto no
desenvolvimento do turismo local em relação aos turistas estrangeiros, possibilitando o
crescimento do chamado turismo internacional. No referente a metodologia esse trabalho é de
natureza aplicada, abordagem qualitativa e quantos aos objetivos é exploratório, sendo
utilizados os procedimentos de pesquisa de campo, bibliográfico, documental e a técnica de
análise de conteúdo. Diante dos resultados viu-se que as empresas e os agentes de viagens não
estão devidamente qualificados em comunicação no idioma inglês, observou-se ainda que não
se realizam capacitações para melhorar esse serviço.
ABSTRACT
The general objective of this article is to identify in the tourist agencies registered in the Register
of Tourist Service Providers - Cadastur of the city of Parnaíba, Piauí, if there are professionals
qualified linguistically for assistance in the English language. It is believed to be a basic
requirement for those working in the area and also because it is an important point in the
development of local tourism in relation to foreign tourists, enabling the growth of so-called
international tourism. Regarding the methodology, this work is of an applied nature, qualitative
approach and how many of the objectives is exploratory, using the procedures of field research,
bibliographic, documentary and the content analysis technique. In view of the results, it was
seen that companies and travel agents are not properly qualified in communication in the
English language, it was also observed that there are no training courses to improve this service.
INTRODUÇÃO
O Turismo é o ato de se deslocar do seu local de moradia por um período menor que um
ano para fins de lazer. Existem formas de turismo que são definidas de acordo com o destino
dos viajantes sendo elas: doméstico, receptivo, emissivo, interior, nacional e internacional, que
engloba tanto o turismo receptivo como o emissivo. Conforme as formas de turismo citadas, foi
enfoque nesse trabalho o turismo receptivo internacional no Brasil, denominado por aquele que
recebe turistas que residem em outros países.
393
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sempre lidando com pessoas de várias nacionalidades. Sendo, portanto, importante que se tenha
profissionais capacitados na comunicação em outros idiomas.
A cidade de Parnaíba, lugar que foi realizado a pesquisa por meio das agências de
turismo que ali estão, está situada no norte do Piauí, onde se encontra o Delta do Parnaíba, o
único em mar aberto das Américas e o terceiro maior do mundo, com um conjunto de mais de
70 ilhas, sendo também, um dos principais pontos turísticos do município. Com área total de
434.229 KM² e população estimada de 150.547 habitantes, é a segunda maior cidade do estado,
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017). Parnaíba possui uma variedade de
riquezas naturais, culturais e históricas e o turismo no local é movido por essas características.
Considerando o exposto, a presente pesquisa foi motivada para entender variáveis
como: a existência de turistas estrangeiros que vieram a Parnaíba e buscaram as agências locais
para aquisição de serviços e identificar como se dá essa relação de negociação entre os
profissionais do setor de agenciamento e os turistas, considerando o atendimento no idioma
inglês, e qual o grau de relevância que esses profissionais atribuem para o conhecimento em
idiomas. Além do mais, esse tema é pouco explorado na literatura científica e por essa razão
também decidiu-se estudar a referida temática, tendo em vista a dificuldade de encontrar
estudos.
Para tanto, o objetivo geral foi identificar nas agências de turismo cadastradas no
Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos - Cadastur, da cidade de Parnaíba, Piauí, se
existem profissionais habilitados linguisticamente para atendimento no idioma inglês.
Quanto as bases teóricas para metodologia utilizou-se - Vergara (1998), Minayo (2001)
e Gil (2008), a abordagem do presente trabalho é qualitativo, no referente aos objetivos esse
estudo é de natureza exploratória, tendo sido realizada pesquisa bibliográfica. A investigação
documental foi efetivada por meio do site CADASTUR, através do levantamento dos cadastros
atualizados das agências de turismo emissivas e receptivas de Parnaíba, consistindo ao todo em
14 agências.
A coleta de dados secundários em campo foi realizada entre os dias 25 de abril a 16 de
maio de 2018, em datas intervaladas em decorrência da disponibilidade dos profissionais ou
das empresas participantes. Foram feitas entrevistas semiestruturas e aplicados os termos de
cessão oral com quatro gestores das agências, no caso dos agentes de turismo foram aplicados
questionários a um total de sete profissionais respondentes. Por fim, para análise de dados
realizamos a técnica de análise de conteúdo, em que foi feita a transcrição das entrevistas e
questionários aplicados. 395
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
A língua inglesa é atualmente a mais falada no mundo. Isso se deve a alguns fatores que
Figueiredo e Marzari (2012) descrevem como a grande economia da Inglaterra no século XIX
devidos à alguns eventos ocorridos nesse período, à força político-militar dos Estados Unidos,
posteriormente a II Guerra Mundial e pelo peso cultural que esses países representavam. Em
virtude a todas essas influências e por ser capaz de atingir grande parte da humanidade foi
elegido de certa forma a língua inglesa como mundial.
Mesmo a China com cerca de 1,42 bilhões de habitantes sendo o idioma oficial o
mandarim, seja o país com maior quantidade de pessoas falando a mesma língua, o inglês é o
que está mais espalhado pelo mundo, como oficial ou segunda de algum país. Isso se deve ao
fato das grandes potências como Inglaterra, Estados Unidos, utilizarem a língua inglesa para
fins políticos, sociais, econômicos e culturais. É como destaca Cabral (2014):
Desde o final da década de 1990, viu-se que para seguir o crescimento globalizado e se
manter atualizado, falar a língua inglesa é determinante, antes algo que era diferencial agora é
algo quase que obrigatório para diminuir os riscos e aumentar as oportunidades seja no ramo
político, econômico, social ou cultural. De acordo com Marques (2013), “A Língua Inglesa está
nos principais meios de comunicação, ela é o “idioma” da internet, da informática, do turismo,
do comércio internacional, ou seja, onde quer que você vá ela estará presente” (p. 8).
O turismo enquanto atividade econômica e social que permite a quebra de fronteiras
entre os países, engloba esses aspectos, fazendo o uso da língua inglesa extremamente
importante, já que o turista quando viaja para outros países sem ser o seu de origem quer chegar
e não encontrar dificuldades que possam atrapalhar o momento de lazer, locomoção e a
comunicação de maneira geral. O conhecimento da língua inglesa facilita muito na precaução
das possíveis dificuldades, além de melhorar e acrescentar na qualidade da prestação de serviço
turístico, por exemplo, no momento da venda de um produto ou serviço a um estrangeiro ou o
próprio guia de turismo.
396
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
No Brasil, observa-se que o número de pessoas que falam a língua inglesa de acordo
com o Índice de Proficiência em Inglês feita anualmente pela Education First, empresa de
educação internacional especializada em intercâmbio cultural, em 2017, o país ficou na 41º
posição entre 80 países, na pesquisa realizada para saber o domínio do inglês. Posição
considerada a baixo da média afirmando o quanto a língua inglesa deve ser estimulada e
trabalhada no país. No quadro 1, constam as posições de alguns dos 80 países utilizados na
pesquisa.
• 2º) Suécia 10º) Áustria • 23º) Grécia 37º) Japão • 59º) Catar
• 3º) Dinamarca 11º) Polônia • 24º) Lituânia 38º) Rússia • 60º) Marrocos
• 4º) Noruega 12º) Bélgica • 25º) 39º) Indonésia • 61º) Sri Lanka
Argentina
• 7º) Luxemburgo 15º) Filipinas • 28º) Espanha 42º) Macau • 64º) Azerbaijão
comunicação na língua inglesa, por ser uma área que trabalha com pessoas de diversos países
a qualidade no atendimento é um dos pontos observados pelos turistas, dentre eles também é
notável a hospitalidade e agilidade no serviço.
Thomas Cook and Son foi a primeira agência de viagens registrada no mundo, aparecendo
logo após Tomas Cook fretar um trem e realizar uma viagem entre Leicester e Lougborough
(Candioto, 2012). Cook é considerado o primeiro agente de viagens, sendo pioneiro nas viagens
organizadas, que começou no período de 1841 (Coello, 2012).
A expansão de empresas do ramo turístico no Brasil veio logo após o término da Segunda
Guerra Mundial na década de 1950, pois viajar tornava-se mais fácil e acessível, entretanto não
se tem registros sobre o aparecimento das primeiras agências de viagens, mas segundo Candioto
(2012) “as agências de turismo surgiram com o aperfeiçoamento de empresas que, a princípio,
dedicavam-se a prestação de serviços relacionado ao transporte e a importação e exportação”
(p. 5).
Schlüter e Winter (como citado em Rejowski, 2001) apontam que as agências têm três
funções importantes, sendo elas: canal de distribuição que consiste em mediar serviços entre
fornecedores; elaboração de viagens sob medida onde os pacotes são personalizados de acordo
com as necessidades do cliente e consultoria ao cliente que se compreende na prestação de
informações. As agências de turismo podem ser classificadas em receptivas, que recebem
turistas de outros destinos; emissivas, que mandam turistas para outros destinos, e mistas que
tem as duas finalidades (Panosso Netto, 2008).
No Brasil, antes do aparecimento do Cadastur, as agências tinham uma variedade de
nomenclaturas caracterizadas pelos serviços prestados, como as Operadoras, Distribuidoras e
as Agências, que ainda eram subdivididas de acordo com o público ao qual eram direcionadas.
Após a instituição do Cadastur, todas estas prestadoras de agenciamento tiveram a classificação
única de Agências de turismo (Candioto, 2012). Segundo a Lei nº 12.974, de 15 de Maio de
2014, que dispõe de Agências de Turismo duas categorias (Figura 1):
398
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venda comissionada ou
Agências intermediação remunerada na
de comercialização de passagens,
Viagens passeios, viagens e excursões, nas
modalidades aérea, aquaviária,
terrestre, ferroviária e conjugadas;
assessoramento, planejamento e
Agências de organização de atividades associadas
Turismo à execução de viagens turísticas ou
excursões
organização de programas, serviços,
Agências roteiros e itinerários de viagens,
de Viagens individuais ou em grupo, e
e Turismo intermediação remunerada na sua
execução e comercialização; e
Apesar das grandes mudanças geradas pela internet no setor, como a diminuição da
procura por estas, já que é possível pela internet fazer compras diretas de: passeios, transportes
e nos meios hoteleiros, entre outros serviços turísticos, as agências vem se capacitando ainda
mais para que a experiência por meio delas seja cada vez melhor. Como foi dito, a segurança
que as agências de viagens passam através dos serviços ofertados, que usuários da internet por
si só não tem acesso, facilita na procura de atrativos turísticos, transporte e informação, pois já
é incluso no pacote.
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A internet deve ser usada como um elemento, para acrescentar e aperfeiçoar o serviço
turístico, Santos e Murad Junior (2008) constatam que “O agente de viagens deve utilizar essa
ferramenta ao seu favor, para que possa conhecer melhor os produtos que vende” (p. 112). É de
suma importância o uso da internet para todos os serviços que giram em torno do turismo, pois
a internet vem como aliado para a população em geral e para todos os tipos de serviços.
Para efeito de informação é válido esclarecermos que a pesquisa foi realizada com 14
agências de turismo cadastradas no Cadastur, porém durante a ida a campo encontrou-se
problemas, como: a indisponibilidade de algumas empresas em participar, endereços inválidos
e cadastros que não entravam nos serviços de agência de turismo, no qual se tinha empresas
que diziam ser do setor, mas não eram. Portanto, foi percebido nas agências a falta de
organização por parte de algumas delas e também de receptividade, apesar dessas variáveis, o
estudo não foi prejudicado quanto a sua proposição inicial.
Das 14 agências visitadas seis responderam aos questionários, das outras, duas não eram
agências, quando foi feita a pesquisa destes locais uma era restaurante e no outro a pessoa só
fazia traslado quando solicitado. Outras duas não se disponibilizaram a responder e as quatro
restantes nunca estavam presentes nas tentativas de contato.
Objetivando traçar um perfil dos agentes de viagens pesquisados encontramos o
seguinte resultado. Dos sete agentes, três são mulheres e quatro são homens, dos quais dois
estão numa faixa etária entre 18 a 24 anos de idade, três entre 25 a 34 anos e dois entre 35 a 44
anos. Dentre o nível de escolaridade, cinco agentes possuem ensino superior, sendo três
graduados em turismo, um com pós-graduação e um que possui apenas o ensino médio.
Baseado nas perguntas relacionadas aos cursos de inglês, dos sete questionários
aplicados com os agentes de viagens, cinco deles afirmaram ter feito o curso de inglês sendo
eles quatro em nível básico e um em nível intermediário, e dois deles não fizeram curso.
Segundo Borges, Moreira e Perinotto (2014) “[...] com a amplitude dos deslocamentos
humanos, observa-se a necessidade e importância pelo estudo e conhecimento prévios da
referida língua estrangeira” (p. s/p), no qual é para o profissional um diferencial competitivo,
porém, na pesquisa viu-se a falta de conhecimento tendo como maior nível o básico e tal fato
poderia ocasionar prejuízos à empresa devido a perca de possíveis clientes.
400
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Gestor 3: “Eu acho importante sim porque é uma porta pra sua vida. O inglês
é essencial quer você queira quer não, qualquer lugar você abre as portas pra
qualquer coisa. Eu acho motivacional uma empresa chegar e ajudar também a
pessoa que trabalha a ter curso e eu acho importante sim, pra mim abriu as
portas pra várias coisas.”
Considerações finais
Tendo em vista todos os pontos evidenciados ao longo deste artigo, fica nítido que o
domínio de outros idiomas é de suma importância para o desenvolvimento profissional e o bom
funcionamento das atividades dentro das agências de turismo.
O objetivo principal do trabalho foi investigar se os profissionais das agências de
turismo são qualificados em línguas estrangeiras tendo além desta, outras informações
importantes que foram percebidas ao longo da pesquisa. A partir das análises realizadas foi
possível perceber, de acordo com os resultados obtidos, que o fluxo de turistas estrangeiros na
cidade ainda não é grande, onde percebemos uma certa displicência dos profissionais para com
a capacitação em línguas e que implica diretamente na qualidade do atendimento ao cliente.
Observou-se ainda que, nas agências de turismo utilizadas na pesquisa, a qualificação
em línguas não é priorizada. Devido a isso, muitos dos agentes de viagens conhecem apenas o
básico da língua inglesa. Para que essa realidade seja mudada e mais aprimorada é necessário
que os funcionários das áreas que atuam diretamente com o turista estrangeiro tenham uma
melhor qualificação.
Os próprios empresários podem investir na capacitação de seus funcionários para a
melhoria do atendimento, instituições como o Serviço Social do Comércio – SESC, Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC oferecem cursos gratuitos para a área
linguística, sendo essa uma boa forma de diminuir gastos e ao mesmo tempo contribuir na
capacitação. Além disso, as instituições superiores contêm em suas grades curriculares as
disciplinas de inglês para os bacharéis em Turismo, fator importante para a formação, pois é
utilizado com frequência.
Outro ponto percebido foi que a maioria dos agentes não são bacharéis em Turismo, isso
mostra a desvalorização do profissional com formação em turismo e com isso tem-se
dificuldades de conseguir oportunidades em sua área de atuação. No sentido geral da área de
turismo isso pode ser um problema, não dispor desses profissionais acarreta na perda de saberes
técnicos e científicos aprendidos ao longo da graduação que podem agregar no andamento da
empresa.
A cidade de Parnaíba tem um grande potencial turístico ao se tratar de riquezas naturais,
podendo ser citados o litoral e o Delta do Parnaíba, este que é um dos pontos turísticos mais
conhecido da cidade, o qual atrai turistas de diversos lugares do país e de fora dele. Portanto,
404 é
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
uma cidade que ao longo do seu crescimento poderá receber uma demanda maior de turistas
estrangeiros, devendo estar preparado no quesito estrutural bem como nos serviços turísticos,
para que se possa atender à esse tipo de turista com total habilidade e preparo.
Por fim, espera-se que esse estudo pioneiro na cidade de Parnaíba, possa servir como
um estímulo para que outros acadêmicos pesquisem sobre a temática e promovam novas
problematizações relacionadas a relevância dos profissionais em turismo saberem idiomas para
melhor atender os estrangeiros. Acreditamos também, que a pesquisa reforça que a fiscalização
do cadastro dos prestadores é fator necessário por parte dos órgãos competentes, como o
Ministério (MTUR), pois viu-se muitas empresas que não se enquadravam no segmento ou que
estão com seus cadastros desatualizados.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
the development of living activities in Conservation Units, thus providing subsidies for
Environmental Education for these areas. Carried out in the Palmares National Forest, in Altos
- PI, and as an exploratory-descriptive study based on the assumptions of qualitative research,
adopting as instruments of information collection the photographic records and observations
recorded in field reports, the present work evaluated the relevance of Environmental Education
activities based on the sequential learning methodology, carried out in this Conservation Unit.
It is noticeable that these activities can serve as a contribution to these legally protected areas
since these spaces have a great potential to involve individuals with nature, immersing them in
the environment that they preserve and serving as tourist-recreational activities for these spaces
natural.
INTRODUÇÃO
Atualmente tem-se em mãos uma crise socioambiental decorrente das ações humanas
sobre o meio ambiente, crise essa facilmente identificada e pontuada nas agendas das diversas
nações do século XXI, além de ser considerada abrangente, complexa e nunca vista
anteriormente na história. Diversas são as linhas de pensamento que estudam, geram hipóteses
e perfilham respostas para o atual contexto de alterações ambientais. Um desses pontos encontra
respaldo no modo antropocêntrico de se ver o ser humano.
Ganhando intensidade no período da Revolução Industrial, no século XVIII, o atual
modelo desenvolvimentista, baseado no acumulo de capital, assume um caráter de desrespeito
não só para a humanidade em si, mas também para a natureza pois origina uma exorbitância de
fatores negativos que afetam diretamente as condições de vida do planeta, estando este
chegando às raiais do absoluto descontrole. Nesse sentido, é importante uma mudança não só
de comportamentos e atitudes, mas também de valores.
É nesse contexto difamatório perante o meio ambiente que surge a Educação
Ambiental, considerada um instrumento indispensável na busca e construção de novos
conhecimentos e paradigmas, objetivando minimizar e tentando reverter o atual quadro
degradante que o meio ambiente e a sociedade como um todo se encontram. Sob essa ótica, a
Educação Ambiental almeja novas relações entre o ser humano e o meio em que ele vive.
A mera transmissão de informações sobre processos ecológicos e conceitos
relacionados aos recursos naturais torna-se um processo parco na busca de uma Educação
Ambiental crítica e transformadora já que para uma Educação eficiente perante o meio ambiente
as ações devem buscar uma mudança de atitudes, percepções e ações frente a valores
ambientais, sociais e culturais. Dentro desse ideário, as atividades de Educação Ambiental em
áreas naturais surgem como uma importante forma de se educar tendo em vista o caráter
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
reflexivo que elas possuem. No mais, as Unidades de Conservação (UCs) são tidas como
detentoras de um grande potencial para o desenvolvimento de ações relacionadas à Educação
Ambiental tendo em vista a capacidade ecopedagógica que essas áreas possuem.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
As Unidades de Conservação foram criadas para minimizar a perda do cada vez menor
meio ambiente, sendo consideradas uma das principais estratégias para a conservação da
biodiversidade (RYLANDS; BRANDON, 2005). Entretanto, somente a criação das Unidades
não atinge a conservação dos ecossistemas se não houver uma boa relação ser humano-natureza
(LUCENA, 2010). Ademais, essas áreas, além de serem tidas como ‘’ilhas’’ isoladas da
sociedade, também são carentes de condições e infraestrutura para a realização de atividades
que complementem os motivos de sua implantação (BANZATO, 2014).
É importante que se adote um olhar sobre as Unidade de Conservação que as considere
como espaços com um grande potencial para a ações e práticas de Educação Ambiental
(SAMMARCO, 2005). Nesses locais é possível a realização de diversas ações educacionais,
como trilhas interpretativas (VASCONCELLOS, 1997), aulas de campo (VIVEIRO; DINIZ,
2009), atividades de vivências com a natureza (CORNELL, 2005) e atividades contemplativas
(MARIN; OLIVEIRA; COMAR, 2003), além de práticas de eco-pedagogia (GUTIÉRREZ;
PRADO, 2002) e ecoturismo (KLEIN, 2011).
Portanto, é de suma importância que a Educação Ambiental permeie pelas UCs de
modo a criar um diálogo que favoreça a manutenção de ambientes naturais. Esse diálogo deve
ser construído adotando como principal e primeiro objetivo o de sensibilizar os indivíduos
frente o pensamento ambiental. Mendonça (2017), defende que um contato mais direto com o
ambiente natural afeta o domínio afetivo, desde que o trabalho seja direcionado ao aprendizado
e à sensibilização. Sobre a sensibilização, Sato (2002) argumenta que um dos objetivos da
Educação Ambiental é o de Sensibilização ambiental sendo este o ‘’processo de alerta,
considerado como primeiro objetivo para alcançar o pensamento sistêmico da Educação
ambiental’’ (SATO, 2002, p. 24).
Sendo assim, e no âmbito das UCs, as ações desenvolvidas nessas áreas não devem se
limitar a apresentações de conceitos e temas ecológicos (JACOBI; FLEURY; ROCHA, 2004),
bem como não devem ser restringidas a passeios sem objetivos definidos. Essas áreas têm forte
potencial para se trabalhar a Educação Ambiental e é necessário que os indivíduos adentrem
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
nesses ambientes e encontrem práticas que os façam refletir sobre a necessidade de se adotar
uma visão reflexiva perante o meio ambiente, além de fazê-los perceber que este é um conjunto
integrado que inter-relaciona as mais diversas formas de vida.
O CONTATO DIRIGIDO COM A NATUREZA: PROPOSTA PARA UMA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EFETIVA E AFETIVA
situação em estudo. Quanto aos fins, adotou-se os pressupostos da pesquisa descritiva (GIL,
1999) e aplicada (FLEURY; WERLANG, 2017). Em relação aos instrumentos de coleta de
informações, utilizaram-se registros fotográficos (GODOY, 1995) e observações registradas
em relatórios de campo.
Como aporte metodológico para a promoção da Educação Ambiental, o presente
trabalho adotou o aprendizado sequencial (CORNELL, 2005) que propõe a valorização do meio
natural como instrumento educativo. Cornell (2005) considera que:
As Ações de Educação Ambiental por meio do contato dirigido com a natureza foram
realizadas com crianças e adolescentes dentro da FLONA Palmares, por intermédio do projeto
socioeducativo intitulado ‘’Pelotão Mirim’’. Nesse projeto participam adolescentes e crianças
que residem no entorno da Unidade de Conservação e que vão para a UC aos finais de semana
para praticar atividades educacionais pautadas nos princípios da conservação.
No âmbito do presente trabalho, foram inseridas algumas outras atividades baseadas
na metodologia do aprendizado sequencial. Essas atividades deram-se por meio de vivências
ao ar livre, com a comunhão e o contato direto com a natureza para estimular nos participantes
os sentidos, as percepções, as assimilações e os saberes que eles possuíam. As atividades e suas
respectivas datas são detalhadas a seguir, bem como a quantidade de participantes em cada uma,
o modo como foram feitas, divisões de grupos e os locais de realização:
FIGURA 1: Imagem dos participantes do Pelotão Mirim da FLONA Palmares Realizando a Atividade ‘encontre
a árvore’
Ao realizarem essa atividade ficou perceptível que o contato mais direto e intenso
instiga nos participantes o sentimento de afeto (compaixão) frente à natureza, por intermédio
do vivenciar, e não apenas pelo observar. Assim, o reconhecimento desta não se limita a
aspectos físicos, mas se dá pela sinergia que pode haver entre o indivíduo e a natureza no
momento do encontro, da descoberta (BUENO; SILVA, J.; SILVA, C.; PAULA, 2015).
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FIGURA 2: Imagem dos participantes do Pelotão Mirim da FLONA Palmares Realizando a Atividade ‘predador
e presa’
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FIGURA 2: Imagem dos participantes do Pelotão Mirim da FLONA Palmares Realizando a Atividade trilha
cega’
FIGURA 2: Imagem dos participantes do Pelotão Mirim da FLONA Palmares Realizando a Atividade
‘duplicação’
Nessa atividade o fato de se atentarem aos detalhes da floresta na busca pelos objetos
naturais levou os participantes a observarem com mais atenção os detalhes que se encontram
nas entrelinhas da natureza, detalhes esses que muitas vezes passam despercebidos
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
atividades realizadas nesses ambiente já que estas, em muitos caso, não possuem objetivos pré-
definidos. No mais, tal momento permitiu aos participantes conhecerem um pouco mais da
FLONA e adotarem um olhar mais minucioso frente o ambiente natural já que, segundo
Mendonça (2017), ‘’não priorizamos o desenvolvimento do olhar sobre os outros seres vivos e
nos relacionamos com senso prático como se eles não fossem vivos. Não damos importância à
vida que flui neles’’ (MENDONÇA, 2017, p. 9).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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RESUMO
O turismo é atividade econômica que concentra riqueza para determinados lugares e pessoas,
sem benefício para núcleos turísticos inoperantes. No Nordeste e, em especial, no Piauí, a
atividade se dá de forma convencional e alternativa. A primeira voltada ao mercado e geração
de lucros. Enquanto a alternativa desenvolvida pela comunidade ao oferecer produtos culturais
em pequenos negócios para superação da pobreza. O artigo tem como objetivo apresentar
suscintamente a relação entre o território e a identidade cultural na prática da renda de bilros,
na comunidade de Morros da Mariana, localizada no município de Ilha Grande – Piauí. A
temática apresenta é relevante pelo significativo crescimento adquirido pelo turismo na
sociedade contemporânea e pela produção, consumo e organização de territórios pelo turismo.
Entre os problemas apresentados, destacamos que: O trabalho das rendeiras de bilro em Morros
da Mariana tem se apresentado como fator de identidade cultural para comunidade? No texto
apresentamos os eixos basilares dos objetivos percorridos, para isso, buscam-se, na literatura,
estudos que argumentem e destaquem os conceitos de Turismo, Região, Território, abrangendo
a perspectiva cultural e de comunidades e identidade territorial, que norteiam a teorização do
objeto de estudo. Metodologicamente pauta-se no caminho etnográfico para compreensão do
comportamento do grupo e entendimento dos saberes e fazeres de mulheres nordestinas.
Buscou-se entender os procedimentos técnicos da elaboração da renda. Avaliou-se processos e
modos de fazer a renda de bilro em Ilha Grande - Piauí. A área de estudo e Ilha Grande no
estado do Piaui, município que faz parte do Roteiro Turístico Rota das Emoções, juntamente
com mais 14 municípios que representam conjuntamente o Parque Nacional dos Lençóis
Maranhenses, Delta do Parnaíba e Parque Nacional de Jericoacoara. Conclui-se que a
identidade cultural e a valorização da renda de bilro produzida em Morros da Mariana têm
contribuído para valorizar o lugar e os moradores, além de se constituir como um produto
turístico. O trabalho das rendeiras de bilro em Morros da Mariana tem se apresentado como um
fator de identidade cultural para comunidade, ao se afirmar como pertencente ao território.
ABSTRACT
Tourism is an economic activity that concentrates wealth for certain places and people, with no
benefit for inoperative tourist centers. In the Northeast and, especially, in Piauí, the activity
takes place in a conventional and alternative way. The first focused on the market and
generating profits. As the alternative developed by the community when offering cultural
products in small businesses to overcome poverty. The article aims to briefly present the
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relationship between the territory and cultural identity in the practice of bobbin lace, in the
community of Morros da Mariana, located in the municipality of Ilha Grande - Piauí. The theme
presented is relevant for the significant growth acquired by tourism in contemporary society
and for the production, consumption and organization of territories by tourism. Among the
problems presented, we highlight that: Has the work of bobbin lace makers in Morros da
Mariana been presented as a factor of cultural identity for the community? In the text, we
present the basic axes of the objectives pursued, for that, studies are sought in the literature that
argue and highlight the concepts of Tourism, Region, Territory, covering the cultural and
community perspective and territorial identity, which guide the theorization of the study object.
Methodologically, it is guided by the ethnographic path for understanding the group's behavior
and understanding of the knowledge and practices of Northeastern women. We sought to
understand the technical procedures for preparing income. Processes and ways of making
bobbin lace in Ilha Grande - Piauí were evaluated. The study area and Ilha Grande in the state
of Piaui, a municipality that is part of the Rota das Emotions Touristic Route, together with 14
other municipalities that jointly represent the Lençóis Maranhenses National Park, the Parnaíba
Delta and the Jericoacoara National Park. It is concluded that the cultural identity and the
valorization of the bobbin lace produced in Morros da Mariana have contributed to enhance the
place and the residents, in addition to being a tourist product. The work of the bobbin
lacemakers in Morros da Mariana has been presented as a factor of cultural identity for the
community, by asserting itself as belonging to the territory.
INTRODUÇÃO
O tema do texto refere-se à identidade cultural e a valorização da renda de bilros
produzida em Morros da Mariana, localizada no município de Ilha Grande, o estado do Piauí.
Com o objetivo de apresentar os aspectos relacionados à produção da renda de bilros desta
comunidade e como pode ser relacionada à valorização cultural, e consequentemente uma
potencialidade para o turismo.
A afirmação de um grupo e seu é relevante para compreender os processos culturais de
uma comunidade. A renda de bilro produzida pelas rendeiras de Morros da Mariana em Ilha
Grande – Piauí é uma arte repassada de geração em geração que é reconhecida nacional e
internacionalmente, com participação em vários desfiles de moda. O reconhecimento para o
modo de fazer da renda é um patrimônio para a comunidade e para o território.
O texto foi organizado metodologicamente, de acordo com o problema ao utilizar o
método qualitativo para entender a dinâmica social. Para atingir o objetivo proposto foi utilizada
a descrição, ao abordar as características do grupo pesquisado. Em conformidade aos
procedimentos técnicos foi realizado o levantamento bibliográfico a cerca dos temas abordados
sobre os processos e modos de fazer a renda de bilro em Ilha Grande - Piauí.
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intelectuais e afetivas que se referem a um grupo social, e que engloba os modos de vida,
valores, tradições e crença de um grupo (CLAXTON, 1994).
Bauman (2005, p. 21-22), mostra que:
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Acredita-se que a renda de bilros tem sua origem na Itália e foi difundida em diversos
países europeus, entretanto “foi em Flandres, porém que a renda de bilros foi inventada,
segundo o historiador belga Pierre Verhaegen” (GONÇALVES; CORIOLANO, 2007, p. 264).
Calado (2003) amplia esse entendimento ao discorrer sobre o surgimento da renda na Itália, a
Flandres e a França que disputam entre si o status de berço tanto das rendas de agulha quanto
de bilros, entretanto a renda de agulhas é considerada criação da Itália (Veneza) e das rendas
de bilros a Flandres (CALADO, 2003).
Inicialmente a renda era um símbolo de distinção e nobreza. Kanitz e Vasconcelos
afirmam que:
família em família, consequentemente foi espalhada por todo o país (MENDONÇA, 1959).
Inicialmente a renda de bilros se concentrava entre as mulheres de todas as classes sociais,
entretanto, a produção, atualmente é concentrada em comunidades de artesãs, onde é necessário
que projetos sejam desenvolvidos para a valorização, visibilidade e perpetuação da atividade
(SILVA; PERRY, 2018).
A renda de bilros é uma importante fonte de renda e valor simbólico, como afirma
Wendhausen (2011, p. 9):
A renda de bilro foi trazida para o Brasil pelos colonizadores de várias regiões
litorâneas de Portugal. Em Morros da Mariana, no município de Ilha Grande
- delta do rio Parnaíba, a 340 quilômetros de Teresina -, a renda bilro chegou
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Com relação aos materiais necessários para a produção da renda, Lody e Geisel (1986,
p. 24) descrevem que:
É uma renda tecida com bilros, tendo como base um papelão picado, também
chamado de “pique”, afixado numa almofada cilíndrica por meio de alfinetes
ou espinhos. A própria forma ou imagem da renda se distingue das demais
elaboradas com agulha. Há uma ligeira diferença, sobretudo nos motivos
usado, entre as rendas de bilro produzidas no nordeste e as elaboradas em
Santa Catarina e na região sudeste.
Os materiais necessários para a produção das peças de renda são uma base de almofada,
linha, bilros, alfinetes, pique e um suporte para a almofada.
A almofada é utilizada como suporte aos bilros e ao pique, formato arredondado e são
preenchidas com palha de carnaúba. No entanto, as almofadas são produzidas de acordo com a
preferência da rendeira.
Os bilros são os instrumentos onde a linha é enrolada a linha, o material utilizado para
sua produção é de acordo com a disponibilidade encontrada na região, no caso de Ilha Grande
é usada semente do coco babaçu.
As linhas de algodão utilizadas são na produção das peças, em sua maioria, são nas cores
branca e bege, entretanto novas são usadas conforme a demanda do cliente. Os alfinetes de
cabeça colorida são usados para fixar os pontos de acordo com o desenho fixado no pique.
O pique é o molde da renda. São feitos de papelão ou outro material fácil de furar com
os alfinetes.
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Antes de ser emancipada politicamente, em 1994, Ilha Grande fazia parte do município
de Parnaíba e era conhecido como Morros da Mariana, esse nome é devido à senhora Mariana
Alexandre Viana, que se instalou as margens de um igarapé próximo ao rio Tatus no século
XVIII.
Ilha Grande faz parte do Roteiro Turístico Rota das Emoções, juntamente com mais 14
municípios que representam conjuntamente o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Delta
do Parnaíba e Parque Nacional de Jericoacoara.
Em Ilha Grande há dois espaços onde são produzidas as rendas, a Associação das
Rendeiras de Ilha Grande – Casa das Rendeiras, esta é criada em 1993, e a Cooperativa de
Rendeiras do Delta. A arte de fazer renda é passada de mãe para filha, entretanto esse saber
fazer tem se perdido devido à falta de interesse dos jovens. Alguns cursos foram financiados e
realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE), os cursos
foram relacionados ao acabamento das peças, precificação, entre outros.
Em virtude da moda sempre buscar inovação através de trabalhos artesanais, a renda de
Morros da Mariana foi descoberta do estilista Walter Rodrigues, que utilizou as peças para
agregar valor a sua coleção, que foram apresentados no São Paulo Fashion Week de 2001. O
trabalho das rendeiras ganhou valorização na mídia nacional e internacional, logo esse
reconhecimento e visibilidade proporcionou a valorização do trabalho das rendeiras e assim
houve convites para exportação de peças, bem como cursos para o aperfeiçoamento do trabalho.
De acordo com Kanitz e Vasconcelos (2017, p. 325):
A valorização dos bens e modos de fazer uma determinada arte mantem a relação do
homem com o patrimônio, a partir disso há a valorização e o reconhecimento no tempo e do
território, bem como a construção de uma memória valorativa a comunidade.
A valorização cultural pode estar atrelada a atividade turística, pois a medida que é feita
a produção artesanal da renda e a comercialização para os turistas, a comunidade percebe que
seu trabalho e modo de fazer tem sido reconhecido e valorizado, provocando o sentimento de
pertencimento ao território e a cultura.
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[...] trata-se de uma manifestação cultural e, como tal, deve ser entendida
como atividade social realizada por uma determinada coletividade. Desse
modo, ao aprendê-lo o sujeito apropria-se não somente de um fazer, mas de
toda a história e valores que o caracterizam, sendo que, ao mesmo tempo,
imprime a estes sua marca singular (ZANELLA, 2000, p. 236).
No caso das rendeiras de Ilha Grande, ao repassar o modo de fazer de geração para
geração, de mãe para filha, essa atividade passa a ser apropriada pelas jovens, estas se sentem
pertencentes à cultura e passam a fazer parte da memória coletiva da comunidade.
Dias (2006, p. 70) afirma que “o patrimônio, em termos políticos, assumiu um novo
papel simbólico, o de representar a comunidade identificada com a nação”, logo a renda de bilro
tem a função social de representar a comunidade de Morros da Mariana e de reafirmar a sua
identidade perante as várias possibilidades de viver e agir como membros ativos da sociedade.
A atividade turística na comunidade possibilitou as rendeiras uma nova forma de renda
através da comercialização das peças produzidas, seja pelas peças para o lar ou de vestuário,
além do interesse dos turistas pela arte de rendar, entretanto, “acredita-se que sem apoio,
valorização e reconhecimento por parte da comunidade acerca da importância das rendas de
bilro como um componente da identidade cultural, não se pode desenvolver de maneira
adequada a atividade turística” (KANITZ, VASCONCELOS, 2017, p. 325).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema deste artigo refere-se à identidade cultural e a valorização da renda de bilro
produzida em Morros da Mariana, localizada no município de Ilha Grande, no estado do Piauí.
Com o objetivo de apresentar suscintamente os aspectos relacionados a produção da renda de
bilros desta comunidade e como pode ser relacionada a valorização cultural.
O trabalho das rendeiras de bilro em Morros da Mariana tem se apresentado como um
fator de identidade cultural para essa comunidade, ao se afirmar como pertencente ao território,
além da valorização da produção e como uma forma de desenvolvimento do território
Entretanto, por ser uma atividade que é passada de mães para filhas, e é importante que
seja realizado um trabalho mais efetivo de pertencimento, para que esse modo de fazer não seja
perdido com o tempo. O turismo pode ser uma ferramenta que contribua para o
desenvolvimento e afirmação dessa arte, à medida que os turistas visitam, entendem o processo
de construção de peças de renda e adquirem, as rendeiras percebem que sua arte é valorizada e
passam a afirmar a sua identidade cultural.
Apesar de Morros da Mariana contar com a Associação e Cooperativas das rendeiras
onde são produzidas peças de renda, é necessário que seja melhorado a sua estrutura interna
para a visitação. Sugere-se que sejam organizados os espaços para apresentar os tipos de peças
e um pequeno museu para que os visitantes possam ver onde as peças foram fabricadas e
comercializadas. A mídia é importante como uma forma de divulgação importante para as
rendeiras, através da mídia é possível que o seu trabalho tenha maior alcance para os turistas.
REFERÊNCIAS 431
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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432
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
ABSTRACT
This work is an initial and field study in the community of Barra Grande, in Cajueiro da Praia,
Piauí. The research analyzed social dynamics in Barra Grande, especially as a result of local
tourism, an activity capable of causing significant changes wherever it develops. The work has
a qualitative nature and was based on the affective maps method, analyzing the feelings and
emotions that the community has in relation to the place where they live in view of the
development of the tourist activity, the work allowed to better understand the reality of the
residents and consequently their participation and attitudes towards tourist activity. There is a
great influence of tourism in the region, pointing in the analysis as a watershed in the
development of the community. Studies have shown that residents are proud of where they live
and with feelings of belonging and strong attachment to the region. In relation to tourism, the
research showed that the individuals surveyed approve of the development and are increasingly
organized to participate in the planning and insertion in the tourist activity with their own
undertakings and defense of their purposes for the local community.
INTRODUÇÃO
atualidade, crescem como atrativos para grupos turísticos. Comenta-se que os litorais são os
mais vislumbrados, em virtude de historicamente serem pontos turísticos.
Inserido na perspectiva mencionada, o litoral piauiense ocupa 66 km de extensão de
faixa litorânea do país. No extremo norte, está localizado o município de Cajueiro da Praia,
criado através do desmembramento do município de Luís Correia, em 1995, e que vem nos
últimos anos se destacando com o desenvolvimento do turismo.
Tomando como base a forma subjetiva de entender o desenvolvimento das comunidades
e dos indivíduos dentro do desenvolvimento turístico, buscamos a compreensão de aspectos
relevantes da afetividade dos indivíduos moradores da comunidade de Barra Grande.
Relacionando a afetividade (sentimentos e emoções) dos moradores locais com relação ao lugar
onde mora e com a maneira que se colocam frente ao desenvolvimento do turismo no local.
Não há nesse momento do estudo necessidade de detalhar minunciosamente todos os
sentimentos motivadores que nutrem os moradores locais. No entanto, nessa pesquisa
procuramos registrar e entender os sentimentos gerado nos moradores da comunidade de Barra
Grande – PI, em relação ao desenvolvimento do turismo procurando entender com a expressão
dos seus sentimentos e a maneira com que ele se coloca frente a atividade e sua aprovação em
relação a atividade turística, visto que a participação e integração desses moradores é essencial
para o sucesso da implantação da mesma.
No estudo também busca-se entender junto aos moradores o quanto eles se sentem parte
da comunidade e procurando saber o quanto se sente valorizado como ser social, formador de
opiniões e como parte da tomada de decisões sobre o futuro da sua comunidade.
É sábio que para o avanço e consolidação do turismo é essencial a participação da
comunidade, pois uma vez que integrada, esta passa a usufruir benefícios do turismo. Pode-se
aqui citar que atualmente há lugares em todo o mundo, no qual a comunidade está tão ligada ao
turismo que ela procura extrair o máximo de benefícios surgindo assim o turismo com base
comunitária, cujos turistas que procuram esse tipo de turismo detém o maior conhecimento dos
impactos que causam nas comunidades e procuram se inserir de forma saudável na vida dessa
comunidade valorizando a sua cultura e o seu cotidiano procurando o mínimo de impactos
sejam estes ambientais, culturais ou sociais.
A pesquisa foi realizada com um grupo de dez indivíduos, moradores da Barra Grande.
Os respondentes foram escolhidos de forma aleatória para a não induzir os resultados e
composto tanto do centro turístico como na parte periférica da comunidade. O município de
Cajueiro da Praia tem uma área de 271,707 km² e população de 7.375 habitantes. (IBGE 434
2013).
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Podemos dizer que a atividade do turismo por si própria já é de certa forma modificadora
do local onde ela se estabelece, principalmente em comunidades tradicionais cuja sociedade
tem que se moldar à atividade turística, pois o turismo está ligado a uma gama de serviços e
pessoas que afetam diretamente na vida dos moradores, e tudo isso afeta na vida dos mesmos,
por isso, o projeto de pesquisa iniciou-se com o seguinte questionamento : Qual a percepção da
afetividade (sentimentos e emoções) que a comunidade nutre em relação à região onde mora e
sobre o desenvolvimento da atividade turística na mesma?
O assunto é mérito de análise científica, pois busca a compreensão da afetividade que a
comunidade alimenta, quando tratamos de uma comunidade que está atualmente em
desenvolvimento e implantação do turismo. Os estudos desses sentimentos existentes se torna
importantes para satisfação da comunidade e consequentemente para a contribuição de um
planejamento turístico futuro, no qual se tenha a preocupação da qualidade de vida da
comunidade e um desenvolvimento saudável da região, contribuindo para que a mesma não se
volte contra a atividade e essa possa se desenvolver de forma positiva e aumentando a satisfação
de vida da comunidade.
Este projeto se justifica pela necessidade de um estudo mais aprofundado para alavancar
o conhecimento científico dos profissionais ligados ao turismo que trabalham com comunidades
e ressaltar a importância da conservação e respeito a seu modo de vida, salientando os possíveis
sentimentos que a comunidade nutre em relação ao desenvolvimento da atividade turística, pois
atualmente encontram-se poucos trabalhos voltados para esses tipos de estudos dentro do
turismo. Portando esse estudo buscou fundamentar um trabalho multidisciplinar que estudasse
os conceitos da psicologia social, psicologia ambiental e da geografia aplicando-os ao turismo.
A pesquisa também serve para o próprio conhecimento da comunidade em si e realçar
a importância da integração comunidade/atividade turística e principalmente para um
planejamento que vise a valorização cultural e social com ênfase na qualidade de vida nesses
destinos turísticos.
Destinos turísticos mal planejados e que não incorporem a comunidade podem ocasionar
em rejeição e ocorrer danos sócios culturais irreversíveis, além de atrapalhar o crescimento
saudável da atividade turística.
OBJETIVOS
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Geral
Levantar a relação existente entre a percepção dos moradores na comunidade de Barra
Grande, situado no município de Cajueiro da Praia - PI, a partir da afetividade (sentimentos e
emoções) em relação ao sentimento de pertencimento no local onde moram e ao
desenvolvimento da atividade turística.
Específicos
Ao estudar sobre o turismo e sua relação com a comunidade e toda sua complexidade
procuramos nesse capítulo esclarecer alguns conceitos pertinentes a pesquisa, procurando
elucidar a base fundamental para o explicação do tema proposto, visto a dificuldade de
entendimento e a sua interdisciplinaridade.
Ao estudar turismo em comunidades temos que refletir sobre a essência do conceito de
turismo e de comunidades. O turismo por sua vez se resume no ato do deslocamento e no
consumo de bens e serviços no destino escolhido, para Grünewald turismo significa:
Turismo indica movimento de pessoas que não estão a trabalho em
contextos diferentes do de origem, seja este o lar, a cidade ou o país.
Trata-se, geralmente, de visitação a lugares onde poderão ser
desempenhadas as mais variadas formas de atividades práticas e/ou
subjetivas desde que não o trabalho. A amplitude do termo parece caber
desde ao olhar visitante a um monumento na própria cidade de origem
até ao passeio em lugares totalmente desconhecidos de outros países.
Se algumas definições de turismo destacam a prática ou a estrutura do
fenômeno, acho que ambas as esferas – considerando suas dimensões
simbólicas, subjetivas e até fenomenológicas – devem caracterizar o
fenômeno na medida em que as pessoas muitas vezes se sentem, ou
não, em turismo (Grünewald, 2003, p. 02)
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Pequenos grupos de pessoas com seu modo de ser e sentir, com suas
tradições religiosas artísticas, seu passado histórico, costumes típicos,
seu “estilo” de vida familiar e social, suas atividades produtivas,
problemas e necessidades, suas aspirações, vivendo em um mesmo
lugar e tendo, sobretudo, consciência desta vida comum, tudo isso junto
forma a comunidade. (CORIOLANO,2009, P.45)
De acordo com Corionalo (2009), o indivíduo tem que participar das ações
desenvolvidas na comunidade tomando conta de sua importância dentro dela e fazendo com
que seus desejos e almejos sejam ouvidos e se tornem de certa forma valorizado, ainda de
acordo com a autora:
As pessoas tornam-se membros da comunidade não apenas por que nela
vivem, mas por que participam da vida comum do lugar, integrando
conjunto de elementos que podem ser materiais, históricos,
institucionais, psicológico, afetivos e eu fazem a vida comunitária.
Contudo, a solidariedade é o elemento principal da comunidade e nisso
está a grande diferença da sociedade moderna, que prima pelo não
reconhecimento e envolvimento com os problemas dos outros.
(CORIOLANO,2009, P.45)
Deste modo, a comunidade, além de tudo, tem que se sentir parte do lugar, colocando
suas posições em relação aos seus desejos para com o local e para seus habitantes. Segundo
Zygmunt Bauman:
A palavra “comunidade” é uma dessas. Ela sugere uma coisa boa: o que
quer que “comunidade” signifique, é bom “ter uma comunidade,” “estar
numa comunidade”. Se alguém se afasta do caminho certo,
frequentemente explicamos sua conduta reprovável dizendo que “anda
em má companhia”. Se alguém se sente miserável, sofre muito e se vê
persistentemente privado de uma vida digna, logo acusamos a
sociedade — o modo como está organizada e como funciona. As
companhias ou a sociedade podem ser más; mas não a comunidade.
Comunidade, sentimos, é sempre uma coisa boa. (BAUMAN, 2001,
P.7).
A partir destes conceitos podemos dizer que o turismo proporciona contatos entre
turistas e moradores locais de comunidades, e essa interação leva ao contato com novas formas
de agir, de ser, pensar e de comunicar, visão essa comum em diversos estudiosos como
Figueiredo e McBritton (2006) que afirmam que:
A princípio, todas as relações estabelecidas nos contatos entre turistas
e moradores de comunidade local são duais, ou seja, são trocas
comunicacionais ou imateriais entre dois grupos. No entanto, cabe
salientar que essa dualidade não é absolutamente igualitária, 438pois o
VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
O Turismo tem um fator importante nas comunidades, mas em contraste a isso a mesma
atividade que gera recursos e melhorias para a comunidade pode trazer danos irreversíveis.
Entende-se que o turismo tem um importante papel no campo
econômico, cultural e na troca social. Por esse motivo é de fundamental
importância conhecer as percepções e atitudes em localidades turísticas
acerca dos impactos gerados pelo turismo em seus lugares de
residência. (Agnol, 2012, p.2)
Desse modo o autor Agnol (2012) afirma que por esse motivo a opinião dos autóctones
sobre o turismo se faz tão importante e a satisfação da comunidade irá refletir na hospitalidade
e também na experiência do turista. Para Figueiredo e McBritton (2006), o turista é cliente e
coparticipante dessa situação de troca desigual, que “explora” os potenciais locais para seu
próprio prazer. Assim, se torna claro que o turista é modificador tanto do espaço geográfico
desses destinos turísticos como também modificador da sua cultura, pois os turistas se sentem
mais abertos e permissivos para ter comportamentos de exageros, como maior tempo de lazer,
uso de bebidas, drogas e até maior procura por sexo.
Em relação as desigualdades formadas no local com desenvolvimento do turismo,
podemos destacar também de acordo com Andrade (2013) que a terra, nos locais apreciados
pelo turismo, ganhou mais valor devido as suas potencialidades paisagísticas e a alta procura
por pessoas vindas de outros municípios e regiões, desse modo a comunidade local deve
participar efetivamente no desenvolvimento do turismo em seu espaço vivido para que haja um
crescimento saudável.
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Para Andrade (2013), conhecer a opinião da comunidade local, sobre as mudanças que
ocorrem em sua localidade, permite realizar uma forma de planejamento turístico que prioriza
a qualidade de vida da comunidade e a organização adequada de seu espaço, o que contribui
para a sua conservação.
A troca de experiência é formadora de sentimentos e emoções que se formam tanto nos
moradores como na mente do turista. Para Andrade (2013):
A imagem do turista a respeito do centro receptor é formada a partir de
suas vivencias no lugar visitado. Por isso, a conservação paisagem e da
boa qualidade da vida da população são importantes para o
desenvolvimento harmonioso do turismo, pois estão inter-relacionados.
(ANDRADE,2013, p.120)
É um trabalho difícil para os profissionais que estão inseridos nesse tipo de atividade,
pois de acordo com Elvas e Moniz (2010) frequentemente é possível observar comunidades
cada vez mais coesas e organizadas para a resolução dos seus problemas pois as comunidades
estão em busca de melhorias para si e da preservação da sua identidade. Portanto torna-se visível
a importância de se inserir e oferecer oportunidades para que a comunidade esteja inserida na
atividade turística, para que não haja conflito entre ambas, prejudicando a atividade e trazendo
consequências para os seus moradores.
Deste modo, torna-se uma discussão sobre o modo como o turismo vem sendo
desenvolvido dentro das comunidades. É preocupante que o turismo se desenvolva apenas
economicamente e não lance olhares para o local onde ele está explorando, diga-se que o
turismo para trazer benefícios para o local ele tenha que ter a preocupação de investir não
somente no desfrutável aos turistas que possuem um poder aquisitivo para usufruir, deve-se
preocupar também com os locais comuns e públicos, assim como o bem estar da população
local. Para Coriolano (2001) em sua maior parte as teorias do desenvolvimento pouco explicam
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
Essa produção de sentidos está diretamente ligada ao ser social, no qual se estabelece e
carrega consigo as possibilidades de diferenças. Trabalhando esses conceitos ligados a
atividades turísticas em comunidades podemos perceber que o morador da comunidade se dar
como um agente inserido no meio, no qual, convive e interaciona com o diferente e assim
produz um sentimento em relação a situação, pode-se discutir essa ideia dentro dos estudos o
conceito de Velho (2003):
A multiplicação e a fragmentação de domínios, associados a variáveis
econômicas, políticas, sociológicas e simbólicas, constituem um mundo
de indivíduos cuja identidade é colocada permanentemente em cheque
e sujeita a alterações drástica.
O transito intenso e frequente entre domínios diferenciados implica em
adaptações constates dos autores, produtores de e produzidos por
escalas e valores e ideologias individualistas construtivistas da vida
moderna (VELHO,2003, p.44)
Dessa forma, as comunidades que estão inseridas em destinos turísticos são sujeitas a
vivenciar com pessoas com estilos de vidas diferentes, para Giddens (2002) apud Furlani
(2007), “esses estilos de vida coloca que estes são influenciados pelos ambientes ou locais pelos
quais os indivíduos se move”, ou seja, o morador tende a trafegar e conviver com estilos de
vida diferentes do seu e o sujeito tende a agir de acordo com o ambiente em que ocupa.
Essa discussão nos abre caminho para analisar a relação entre fenômenos sociais e
psicológicos. Portanto o estudo sobre afetividade irá contribuir para refletir sobre as relações
possíveis entre as emoções e os aspectos sociais referentes ao turismo e a comunidade local,
nesse sentido podemos entender a afetividade de acordo sobre o conceito de Sawaiva (2002):
(...) as afecções do corpo pelas quais a potência de agir e para preservar
na própria substancia humana é aumentada ou diminuída, favorecida ou
entravada, assim como as ideias dessas afecções são resultados dos
afetos e paixões que se configuram no corpo e na mente, no encontro
entre homens (SAWAIVA, 2002, p.14)
Esse processo de participação dos cidadãos no estudos dos sentidos nos permite o estudo
da coletividade e da subjetividade, as cidades e comunidades são meios em que essa produção
de sentido se efetiva, para Bomfim (2010) a cidade é o lugar dos encontros, da
intersubjetividade, da formação de relações. Pois o indivíduo nunca se afeta sozinho. Os
pensamentos, as ações e os afetos não se originam na essência de cada um, mas na relação.
A cidade é essencial para a relação das pessoas, assim esses contatos e sentimentos
produzidos interferem nas decisões dos indivíduos e na produção da configuração do espaço,
Na sua pesquisa Bomfim (2010) apud Pol, dentro dos estudos destaca-se que:
A forma como a cidade configura-se, reflexo de uma estrutura social,
não facilita um processo de apropriação do espaço, que pode ser
promovido pela sensação de um lugar agradável (prazer, posse e
realidade) e dificultado pela sensação do desagrado, levando ao
alheamento. (POL, 1999 apud BOMFIM, 2010, P.79)
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Portanto, uma série de fatores interfere nesse sentimento de comunidade, para Elvas e
Moniz (2010), locais onde existe um elevado sentimento de comunidade é mais provável que
as pessoas se mobilizem no sentido de participarem nas soluções dos seus próprios problemas.
Entendendo assim que os sentimentos interferem nessa relação do morador com as atitudes dos
mesmo em relação ao desenvolvimento do turismo, para Prezza e Constatini (1998) apud Elvaz
e Moniz (2010) quando se fortalece esse sentimento de comunidade é mais provável que as
pessoas se mobilizem para um maior sentimento de identificação e uma maior autoconfiança,
facilitando as relações sociais e combatendo a solidão e o anonimato.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
As pesquisas são fundamentais para que o pesquisador familiarize-se com o seu objeto
de estudo e que busque informações e dados que permita chegar a conclusões, conforme
conceitua Fachin:
Para isso, a pesquisa foi delimitada ao campo na comunidade de Barra Grande, situada
no litoral do Estado do Piauí, pertencente ao município de Cajueiro da Praia com uma população
de 7.375 habitantes (IBGE, 2013).
Para Fulani (2009) o instrumento gerador dos mapas afetivos é composto pelos
seguintes itens: desenho, significado do desenho, sentimentos, palavras e sínteses. A autora em
sua tese destaca alguns itens para a explicação desses mapas afetivos.
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Quantidade de
Variáveis Categorias
respondentes
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Masculino 4
Sexo
Feminino 6
Entre 18 a 30 anos 5
Idade
Entre 31 a 50 anos 5
Centro da comunidade 7
Local onde mora
Periferia da comunidade 3
Sim 8
Trabalha
Não 2
Tabela ¡Error! solo el documento principal. Caracterização dos sujeitos da pesquisa.
O presente trabalho estuda a afetividade dentro da atividade turística, para isso optou
por usar o método dos mapas afetivo, método comum em estudos da psicologia ambiental, para
isso buscou-se um estudo multidisciplinar, o qual aplicasse os conceitos e métodos da
psicologia e geografia nesse estudo sobre comunidades e desenvolvimento turístico, temos
como base os estudos de BOMFIM (2010), no seu livro Cidade e Afetividade, no qual trabalha
com o método dos mapas afetivos, para a autora no seu livro:
Entendemos então que, os mapas afetivos buscam através do subjetivo as repostas para
os questionamentos procurados para responder questões sociais e culturais, através desse
método conseguimos obter respostas para questões socioculturais evolutivas, no âmbito do
turismo torna-se essencial, pois através desse método conseguimos identificar junto aos
moradores as mudanças ocorridas ao longo dos anos com o desenvolvimento da atividade
turística. Bomfim discute a estratégia, ação e avaliação do método. Para a autora:
Elas são orientadas das estratégias de ação e avaliação dos níveis de
apropriação (pertencer ou não pertencer a um lugar), apego (vinculação
incondicional a um lugar) e de identidade social urbana (conjuntos de
valores, representações, atitudes que tomam como parte da identidade
do indivíduo no lugar). Como síntese dos afetos, eles também apontam
o nível de implicação no lugar. Dado seu caractere representacional e
criativo, são recursos de acesso a dialética subjetividade/objetividade
na cidade. (BOMFIM, 2010, P.222)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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O artigo tem como objetivo fazer uma abordagem sobre o território da Transamazônica e
desenvolver um levantamento de dados das possíveis territorialidades de atrativos turísticos na
cidade de Altamira estado do Pará, bem como nas cidades que estão no seu entorno. A riqueza
natural do território amazônico proporciona ao visitante experiências distintas das encontradas
em ambientes urbanos, por isso a procura por este destino tem se encorpado no decorrer do
tempo. Desta forma, torna-se importante a investigação dos arranjos territoriais do ponto de
vista estrutural a partir de políticas públicas, buscando entender como funciona o
desenvolvimento da atividade turística no contexto da Transamazônica. A metodologia aqui
utilizada partiu de levantamento bibliográfico e documental. A pesquisa tem um viés
interdisciplinar uma vez que está estruturada nos conceitos de geografia e turismo, o que
permitiu fortalecer o aporte teórico do estudo.
Abstract
The article aims to make na approach on Transamazon territory and to develop a data survey of
the possible territorialities of tourist attractions in Altamira city- Pará state, as well as in the
cities that are in its surroundings. The natural richness of Amazon territory provides to the
visitor diferente experiences from those found in urban environments, so the search for this
destination has grown in the course of time. Therefore, it becames importante to investigate the
territorial arrangements from a structural point of view based on public policies, in order to
unsderstand how the development tourism activity Works in Transamazon context. The
methodology used here was based on a bibliographical and documentar survey. The research
has na interdisciplinary perspective since it is structured in the concepts of geography and
tourism, witch allowed us to strengthen the theoretical contribution of the study.
INTRODUÇÃO
A expansão do território amazônico brasileiro, formado por diferentes culturas a partir
de encontros territoriais estruturados por meio de fronteiras entre países, apresenta uma
diversidade natural que possibilita a existência de atrativos turísticos, que ao serem utilizados
dinamizam o fluxo de pessoas e promove o desenvolvimento econômico e social em regiões
consideradas afastadas do centro do poder.
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2. Território e Territorialidade
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território como um palco das relações de poder, com intuito de organizar o espaço. Milton
Mariani e Flavia Moura (2012) afirmam que.
Os autores entendem ainda que “sendo assim, a territorialidade atua como uma
estratégia geográfica para influenciar pessoas e coisas pelo controle de área, e estaria ligada as
relações de poder para com quem e o que é afetado e influenciado no espaço geográfico”.
A organização do espaço é um fator importante para o desenvolvimento do turismo, e a
geografia como um saber estratégico contribui para nortear tal organização pois preocupa-se
com a interconexão dos fatores históricos, econômicos e sociais. A territorialidade do turismo
na transamazônica portanto, aponta para esta conectividade pois tem como objetivo o acesso a
história local, a cultura e as relações sociais e econômicas, por meio dos fenômenos intrínsecos
do território em questão.
A territorialidade humana no contexto amazônico construída de uma relação
tridimensional, sociedade-espaço-tempo, reforça a produção do turismo a partir dos fatores
socioculturais, até mesmo em meio as intempéries do território amazônico brasileiro, no que se
refere a acessibilidade pelo meio terrestre, e a construção de infraestrutura a partir do estado.
Além destes fatores, a reinvenção do cotidiano e a tomada de novas posturas pelo
contexto social no interior do território, tendem a contribuir para viabilizar estratégias voltadas
para o desenvolvimento local por meio das atividades do turismo.
Neste contexto, Robert David Sack (1986) menciona que “a territorialidade é utilizada
em relacionamentos cotidianos e em organização complexas. É uma expressão geográfica
primária de poder social. É o meio pelo qual espaço e sociedade estão inter-relacionados”. O
autor enfatiza também que “as funções de mudanças da territorialidade nos ajudam a entender
as relações históricas entre sociedade, espaço e tempo”.
Observa-se a partir deste pensamento a importâncias das inter-relações sociais, uma vez
que o território por ser o cenário de construção da vida humana em sentido amplo, torna-se
dinâmico, e esse dinamismo apresenta vantagens a medida que há consistente ordenamento
territorial, e desvantagens à medida que o território é desfragmentado surgindo uma
desterritorialização do ponto de vista sociocultural a partir das imposições do próprio homem
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Embora muitas coisas ocorreram no que diz respeito a melhoria nas condições
estruturais e de integração da região ao centro do país, sabe-se que a construção desta rodovia
não possibilitou a resolução de todos os problemas da Amazônia. Sua extensão territorial
atrelada as intempéries climáticas e talvez a falta de “recursos” do governo brasileiro, tornou o
processo de desenvolvimento lento em relação aquilo que era esperado pela sociedade. Neste
contexto espera-se que ao longo dos anos, o estado brasileiro desenvolva estratégias voltadas
para o ordenamento territorial em sentido amplo e favoreça entre outras aspectos as atividades
turísticas na região da Transamazônica.
Os rios Iriri, Fresco e Bacajá possuem grande variedade de peixes, e por estarem
contidos dentro do território de Altamira proporcionam a pesca comercial e esportiva.
A pesca esportiva na Amazônia pela riqueza do ecossistema se destaca em relação a
outros países do mundo. O PDRS do Xingu informa que, “a região do Xingu é roteiro prioritário
no circuito de pesca esportiva do Pará, e conta com relativa estrutura privada em algumas bases
legais para o estabelecimento da atividade”.
Em Altamira destaca-se a Volta Grande do Xingu no entorno da Hidrelétrica de Belo
Monte e abrange uma área de aproximadamente 278,64 km2 definidas por duas sub-áreas para
fins de manejo.
No que diz respeito ao uso dos recursos hídricos, vale destacar a presença de cachoeiras
e cavernas situadas em Altamira e Brasil -PA que permitem a recreação tanto dos autóctones,
como dos visitantes. As imagens a seguir apresentam o potencial da cidade de Brasil Novo-PA
situada na Transamazônica com atrativos que podem ser legalmente explorados visando o
desenvolvimento econômico regional.
Imagem 1-Atrativo turístico em Brasil Novo-PA
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contatadas pelo homem “branco” por meio da Funai. As territorialidades humanas são fatores
importante para a produção do território, e nesta linha de pensamento entende-se que a inter-
relação entre pessoas de diferentes contextos sociais contribuem para o turismo por meio das
trocas culturais, econômicas e históricas.
Para Saquet (2015, p. 163), “o território vem-a-ser, acontece em sua unidade interna e
externa, numa relação entre sujeitos historicamente condicionados. O território só se efetiva
quando os indivíduos são e estão em relação com outros indivíduos”. Por tanto, esta
territorialidade se aplica inteiramente a atividade do turismo como processo de
desenvolvimento regional.
No decorrer da pesquisa observou-se que a cidade de Altamira como polo das atividades
econômicas da região, mantém os arranjos que permitem o acontecer turístico, tais como
secretaria de turismo e meio ambiente, hospitais, sistema de segurança pública, hotéis, além de
bares e restaurantes. No que diz respeito aos meios de transporte, a cidade possui agências de
turismo, serviço de taxi e moto taxi, estação rodoviárias com ônibus diariamente com destino
as cidades do entorno e outras cidades do Brasil, porto com embarcações que proporcionam
visitas as comunidades ribeirinhas do rio Xingu. Além disto, conta com aeroporto com voos
diários para outros estados.
Todavia, a falta de infraestrutura ainda é um fator ainda presente e que tende a
desacelerar o processo de desenvolvimento regional. Cabe, portanto, aos governos das esferas
municipal, estadual e federal, desenvolver estratégias que condicionem o ordenamento
territorial com vistas a implementar o turismo no contexto da Transamazônica.
5. Considerações Finais
O turismo é uma prática que permite o desenvolvimento econômico dos locais visitados.
O território amazônico brasileiro por ostentar exuberante biodiversidade atrai turistas de vários
lugares do mundo com finalidades diversas. O contexto da Transamazônica que foi o objeto de
estudo nesta pesquisa, proporciona ao visitante a oportunidade de conhecer as potencialidades
do ponto de vista social, econômico, sociocultural e as riquezas naturais.
As territorialidades humanas construídas a partir das inter-relações interpessoais
consistem no enriquecimento do território a partir das trocas culturais, econômicas e históricas,
o que impulsionam a mobilidade humana na região.
A presença de atrativos turísticos no território é de suma importância, no entanto, a falta
de infraestrutura é um fator que desacelera o desenvolvimento da região. Com isso, a
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VI Congresso Nacional de Unidades de Conservação do Delta do Parnaiba/PI - 2019
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