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TEMA 1 - AMBIENTE FÍSICO E FATORES LIMITANTES

O ambiente físico é um componente fundamental da ecologia, pois é composto


por fatores abióticos que influenciam diretamente a sobrevivência, crescimento e
reprodução dos organismos em um ecossistema. Entre os fatores físicos mais
importantes em ecologia estão a temperatura, a luz, a umidade, a pressão atmosférica, a
disponibilidade de água e nutrientes, a topografia do terreno, a geologia e o clima. Cada
um desses fatores físicos pode ter um efeito significativo na distribuição, abundância e
diversidade de organismos em um ecossistema. A relação entre o ambiente físico e o
fator limitante é complexa e pode ter efeitos significativos na ecologia de um
ecossistema, uma vez que, o ambiente físico pode afetar a presença e a distribuição de
fatores limitantes em um ecossistema.
Fator limitante refere-se a qualquer um dos fatores (variáveis) em um ambiente
capaz de limitar um processo, como crescimento, abundância ou distribuição de uma
população de organismos em um ecossistema. Fatores limitantes podem ser dependentes
da densidade ou independentes da densidade. Aqueles que dependem da densidade
tendem a limitar o crescimento, abundância ou distribuição de uma população,
dependendo da densidade da população. Por outro lado, um fator limitante independente
da densidade é capaz de limitar o crescimento, abundância ou distribuição da população,
independentemente de densidade populacional.
Os fatores limitantes também podem ser limitantes simples (únicos), ou seja,
quando apenas um fator limita o sistema. Quando um fator causa um efeito restritivo
indireto ou aumenta o efeito de um fator limitante direto, ele é denominado fator co-
limitante. Exemplos de fatores limitantes que podem limitar o tamanho de uma
população são alimentos, nutrientes, abrigo e acasalamento. Esses recursos são
limitados no ecossistema e, como resultado, podem levar os seres vivos a competir por
eles.
Os princípios ou leis que ajudam a explicar os fatores limitantes em um
ecossistema são a lei do mínimo de Liebig, a lei do fator limitante de Blackman e a lei
da tolerância de Shelford.

Lei de Liebig
A Lei do mínimo foi originalmente desenvolvida por Carl Sprengel e
posteriormente popularizada por Justus von Liebig. Esta lei estabelece que o
crescimento é regulado por um fator limitante, ou seja, o recurso mais escasso, e não
pelo total de recursos disponíveis. Em biologia e ecologia, isso significa que o
crescimento de uma população é restringido pelos fatores que são mais escassos e não
pelos fatores que são abundantes. Isto foi baseado na observação do crescimento da
cultura. Assim, a adição de nutrientes em abundância não resultou em aumento do
crescimento. Por outro lado, a adição de nutrientes escassos, que neste caso é o fator
limitante, levou ao aumento do crescimento das culturas. Isso significa que, mesmo que
alguns dos nutrientes no solo sejam abundantes, mas se os outros nutrientes forem
limitantes ou relativamente menores, o crescimento da cultura não aumentará.
Aqui estão alguns exemplos na natureza que ilustram a Lei de Liebig:
Fósforo em ecossistemas aquáticos: Em ecossistemas aquáticos, como lagos e
rios, o fósforo é frequentemente um nutriente limitante. A disponibilidade de fósforo
pode limitar a produção primária de algas e plantas aquáticas, uma vez que é um
componente essencial do DNA, RNA e ATP, que são necessários para o crescimento e
reprodução das plantas. Mesmo que outros nutrientes, como nitrogênio e potássio,
estejam disponíveis em quantidades adequadas, a falta de fósforo pode limitar o
crescimento desses organismos.
Nitrogênio em ecossistemas terrestres: Em muitos ecossistemas terrestres, o
nitrogênio é frequentemente um nutriente limitante. O nitrogênio é um componente
essencial de aminoácidos, que são os blocos de construção das proteínas, e é necessário
para o crescimento e desenvolvimento das plantas. A falta de nitrogênio pode limitar a
produção primária de plantas terrestres, mesmo que outros nutrientes, como fósforo e
potássio, estejam disponíveis em quantidades adequadas.
Um exemplo da Lei de Liebig pode ser observado na cultura do milho. O milho
precisa de uma variedade de nutrientes para crescer, incluindo nitrogênio, fósforo e
potássio. Se o solo não tiver uma quantidade adequada de um desses nutrientes, o
crescimento da planta será limitado. Por exemplo, se houver uma deficiência de
nitrogênio, as folhas do milho ficarão amarelas e a planta não crescerá tão rapidamente
quanto deveria, mesmo que haja quantidades suficientes de fósforo e potássio no solo.
Outro exemplo pode ser visto na agricultura de frutas cítricas. A árvore de
laranja precisa de uma variedade de nutrientes para crescer, incluindo nitrogênio,
fósforo, potássio, magnésio e cálcio. Se houver uma deficiência de magnésio no solo, as
folhas da árvore ficarão amareladas e a árvore não produzirá tantas laranjas quanto
deveria, mesmo que os outros nutrientes estejam disponíveis em quantidades
suficientes.
Lei de fator limitante de Blackman

A lei do fator limitante foi proposta em 1905 pelo fisiologista vegetal britânico
Frederick Frost Blackman. De acordo com esta lei, um processo que depende de
múltiplos fatores terá uma velocidade limitada pelo ritmo do fator mais lento.
A fotossíntese, por exemplo, é um processo biológico que depende de múltiplos
fatores. A reação química geral da fotossíntese é
6CO2+12H2O+energia=C6H12O6+6O2+6H2O. Com base nessa equação, CO2, H2O e
energia luminosa (luz solar) são os fatores limitantes dessa reação. Se algum deles se
tornar acessível em um ritmo mais lento ou inferior ao normal, espera-se que a taxa de
fotossíntese se torne lenta com base no ritmo do fator mais lento. Por exemplo, se a
concentração de CO2 se tornar escassa (por exemplo, devido ao fechamento das
aberturas estomáticas em resposta a temperaturas elevadas no ambiente), a taxa de
fotossíntese torna-se lenta mesmo se os níveis de H2O e energia luminosa estiverem
amplamente disponíveis.
O mesmo resultado ocorrerá se a energia luminosa se tornar menos disponível ou
menos intensa, a taxa de fotossíntese será mais lenta apesar da abundância de CO 2 e
H2O. A luz torna-se um fator limitante da fotossíntese quando a planta não consegue
captar luz, por exemplo, devido à sombra resultante da densa população de plantas.
Outro exemplo é o Dióxido de carbono (CO2) em plantas aquáticas: Em
ecossistemas aquáticos, como lagos e oceanos, o dióxido de carbono é muitas vezes um
fator limitante para a fotossíntese de plantas aquáticas, como algas e plantas submersas.
O CO2 é um dos principais substratos utilizados pelas plantas na fotossíntese, e a sua
disponibilidade pode ser limitada em águas com baixa concentração de CO2 dissolvido.
Mesmo que outros fatores, como a luz e os nutrientes, estejam presentes em quantidades
adequadas, a falta de CO2 pode limitar a taxa de fotossíntese das plantas aquáticas.

Lei da Tolerância de Shelford

A lei da tolerância foi desenvolvida em 1913 pelo zoólogo americano Victor


Ernest Shelford. Afirma que o sucesso de um organismo depende de um conjunto
complexo de condições ambientais (fatores ambientais). E esse organismo teria os
fatores ambientais mínimos, máximos e ótimos definidos que determinam o sucesso.
Significam o limite de tolerância daquele organismo. No entanto, os intervalos de
tolerância podem variar dentro do mesmo organismo, por exemplo, dependendo do
estágio de vida (larval vs. adulto).
Aqui estão alguns exemplos na natureza que ilustram a Lei da Tolerância de
Shelford:
Temperatura em organismos ectotérmicos: Organismos ectotérmicos, como
répteis e muitos insetos, dependem da temperatura do ambiente para regular sua
temperatura corporal. A temperatura é um fator crítico para esses organismos, pois afeta
sua taxa metabólica, atividade e capacidade de se reproduzir. A Lei da Tolerância de
Shelford afirma que organismos ectotérmicos têm uma faixa de tolerância à
temperatura, e quando as temperaturas ficam fora dessa faixa, seja muito alta ou muito
baixa, os organismos podem sofrer estresse térmico e ter sua sobrevivência e
reprodução comprometidas.
Salinidade em organismos marinhos: A salinidade é um fator importante para os
organismos marinhos, pois afeta sua osmorregulação, balanço hídrico e função
fisiológica. Organismos marinhos têm uma faixa de tolerância à salinidade, e quando a
salinidade do ambiente em que vivem fica fora dessa faixa, seja muito alta ou muito
baixa, os organismos podem enfrentar problemas de osmorregulação, desidratação ou
intoxicação por excesso de salinidade, afetando sua sobrevivência e reprodução.

Tipos de Fatores Limitantes


Definição do fator limitante dependente da densidade

O fator limitante dependente da densidade refere-se ao fator que restringe o


tamanho de uma população com base na densidade. Uma população grande e densa é
mais fortemente afetada do que uma população pequena ou menos densa. Por exemplo,
uma população densa teria maiores demandas por comida e água em comparação com
uma população pequena. Neste caso, o abastecimento de comida e água é o fator
limitante e depende da densidade. A doença como um fator também é dependente da
densidade. Ele se espalha mais rapidamente em populações densas do que em pequenas.
Um exemplo clássico de fator limitante dependente da densidade é a competição por
recursos em uma população de organismos. A densidade populacional, ou seja, o
número de indivíduos por unidade de área ou volume, pode influenciar diretamente a
disponibilidade e acesso a recursos como alimento, água, espaço e abrigo, o que pode
limitar o crescimento e a reprodução dos organismos.
Por exemplo, em uma população de plantas que compartilham um mesmo
pedaço de solo, a densidade populacional pode afetar a disponibilidade de nutrientes,
água e espaço para cada planta individualmente. À medida que a densidade
populacional aumenta, a competição por esses recursos pode se intensificar, limitando o
crescimento e desenvolvimento das plantas. Isso pode resultar em menor sobrevivência,
menor crescimento e menor reprodução das plantas, tornando a densidade populacional
um fator limitante dependente da densidade.
Outro exemplo é em populações animais, como aves que nidificam em uma
mesma área. À medida que a densidade populacional de aves aumenta em uma
determinada área de nidificação, pode haver uma competição crescente por espaço de
nidificação, alimento e recursos necessários para a reprodução, o que pode limitar o
sucesso reprodutivo das aves e a sobrevivência de suas crias.

Definição de fator limitante independente de densidade

O fator limitante independente da densidade refere-se ao fator limitante que não


depende da densidade. O fator limitante pode restringir o tamanho da população
independente de quão densa é a população. Um exemplo clássico de fator limitante
independente de densidade é a disponibilidade de luz para plantas em um ecossistema
terrestre. A quantidade de luz é uma variável ambiental que pode limitar o crescimento e
desenvolvimento das plantas, independentemente do número de plantas presentes em
uma determinada área. Por exemplo, em uma floresta densa, onde há muitas árvores
competindo por luz, a disponibilidade de luz na região do sub-bosque pode ser limitada,
mesmo que haja poucas plantas nessa área. A quantidade de luz disponível pode não ser
suficiente para o crescimento ótimo das plantas, limitando assim seu desenvolvimento,
mesmo que a densidade populacional seja baixa.
Outro exemplo é a temperatura em certas regiões árticas ou antárticas, onde o
clima frio é um fator limitante independente de densidade para a sobrevivência e
reprodução de muitos organismos. Independentemente do número de indivíduos
presentes em uma área, se as condições de temperatura forem extremamente adversas,
isso pode limitar a capacidade de sobrevivência e reprodução de muitas espécies,
independentemente da densidade populacional.
Limitação única e co-limitação

Um fator limitante único é quando há um fator que limita o sistema. Um fator


co-limitante é quando um fator afeta a população de organismos em um ecossistema
indiretamente, mas aumenta a limitação do fator que afeta diretamente a população. Um
exemplo clássico de limitação única é a disponibilidade de água para plantas em um
ambiente desértico. Em um deserto, a disponibilidade de água é frequentemente o fator
limitante único que controla o crescimento e a sobrevivência de plantas, uma vez que a
água é escassa e pode limitar a capacidade das plantas de realizar a fotossíntese e
crescer.
Por outro lado, a co-limitação ocorre quando mais de um fator limitante atua
simultaneamente para controlar o crescimento, a sobrevivência ou a reprodução de uma
população ou comunidade de organismos. Por exemplo, em um ecossistema de água
doce, as plantas aquáticas podem ser co-limitadas pela disponibilidade de nutrientes,
como nitrogênio e fósforo, bem como pela disponibilidade de luz. Se tanto os nutrientes
quanto a luz forem escassos em um determinado local, as plantas aquáticas podem ser
limitadas por ambos os fatores, atuando em conjunto para controlar seu crescimento.
Outro exemplo de co-limitação é a disponibilidade de presas e predadores em
um ecossistema. As populações de presas podem ser limitadas pela disponibilidade de
alimento, enquanto as populações de predadores podem ser limitadas pela
disponibilidade de presas. Nesse caso, tanto a disponibilidade de alimento para as presas
quanto a disponibilidade de presas para os predadores atuam em conjunto para controlar
as populações de ambos os grupos, resultando em uma co-limitação. A compreensão da
limitação única e co-limitação é importante na ecologia, pois ajuda a compreender como
os fatores do ambiente podem influenciar a estrutura e dinâmica das populações e
comunidades de organismos em ecossistemas naturais.

Considerações finais

Em resumo, compreender os fatores limitantes do ambiente físico e suas


interações é essencial para entender a ecologia dos organismos e dos ecossistemas, e
para desenvolver estratégias eficazes de conservação e manejo dos recursos naturais. As
atividades humanas também desempenham um papel importante na alteração desses
fatores, destacando a necessidade de considerar as implicações das ações humanas na
conservação e sustentabilidade dos ecossistemas. É crucial considerar a complexidade e
as interações entre os fatores limitantes, a variabilidade espacial e temporal desses
fatores, a adaptabilidade dos organismos e a influência das atividades humanas na
conservação e sustentabilidade dos ecossistemas. A pesquisa contínua nessa área é
fundamental para uma compreensão aprofundada dos processos ecológicos e para o
desenvolvimento de estratégias de manejo e conservação eficazes.

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