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Caução – função, valor e

modo de prestação

Trabalho elaborado no âmbito da licenciatura em Gestão Pública em regime E-

learning, para a unidade curricular de Direito da Contratação Pública, lecionada

pelo Doutor Jorge Braga

Trabalho elaborado por:

Ana Gomes nº 15235

Ana Araújo nº 15780

Emidio Oliveira nº 14197

Maio, 2021
Índice
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3
ENQUADRAMENTO LEGAL ........................................................................................................... 4
A EVOLUÇÃO DO REGIME DA CAUÇÃO NA CONTRATAÇÃO PÚBLICA ........................................ 7
CAUÇÃO ........................................................................................................................................ 9
Função da Caução ................................................................................................................... 10
Valor da Caução ...................................................................................................................... 12
Medidas legislativas para flexibilizar os custos para o adjudicatário no tocante ao regime
da liberação da caução ........................................................................................................... 15
Questões procedimentais relativas à liberação da caução ................................................... 16
Modo de prestação................................................................................................................. 17
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................................. 21

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Caução – função, valor e modo de prestação
INTRODUÇÃO

Um contrato público é aquele que independentemente da sua designação e


natureza, sejam celebrados pelas entidades adjudicantes referidas no Código dos
Contratos Públicos e não sejam excluídos do seu âmbito de aplicação (n.º 2 do art.º 1º
do CCP).
Rege-se pelos princípios que regulam a atividade da Administração Pública em
geral – Constituição, Tratados da União Europeia e Código do Procedimento
Administrativo, em especial, os princípios da prossecução do interesse público, da
concorrência, da publicidade e da transparência, da igualdade de tratamento e da não-
discriminação, da imparcialidade, da proporcionalidade, da boa fé, da sustentabilidade
e da responsabilidade e da tutela da confiança, entre outros, conforme o disposto no
art.º 1º A do CCP.
No que diz respeito á prestação de caução, o Capítulo IX do CCP, esclarece, a
função, valor, modo de prestação e não prestação da caução.

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Caução – função, valor e modo de prestação
ENQUADRAMENTO LEGAL

Aprovado o Código dos Contratos Públicos (CCP), pelo Decreto-Lei n.º 18/2008
de 29 de janeiro, este veio estabelecer as regras a aplicar à contratação pública bem
como o regime substantivo dos contratos públicos, dos contratos cuja natureza seja de
contrato administrativo. Ao longo dos anos, o Código dos Contratos Públicos tem sido
objeto de várias alterações:
➢ Decreto-Lei n.º 170/2019 - Diário da República n.º 233/2019, Série I de 2019-12-
04
➢ Decreto-Lei n.º 33/2018 - Diário da República n.º 93/2018, Série I de 2018-05-15
➢ Declaração de Retificação n.º 42/2017 - Diário da República n.º 231/2017, Série
I de 2017- 11-30
➢ Declaração de Retificação n.º 36-A/2017 - Diário da República n.º 209/2017, 2º
Suplemento, Série I de 2017-10-30
➢ Decreto-Lei n.º 111-B/2017 - Diário da República n.º 168/2017, 2º Suplemento,
Série I de 2017-08-31
➢ Decreto-Lei n.º 214-G/2015 - Diário da República n.º 193/2015, 3º Suplemento,
Série I de 2015-10-02
➢ Decreto-Lei n.º 149/2012 - Diário da República n.º 134/2012, Série I de 2012-07-
12
➢ Lei n.º 64-B/2011 - Diário da República n.º 250/2011, 1º Suplemento, Série I de
2011-12- 30
➢ Decreto-Lei n.º 131/2010 - Diário da República n.º 240/2010, Série I de 2010-12-
14
➢ Lei n.º 3/2010 - Diário da República n.º 81/2010, Série I de 2010-04-27
➢ Decreto-Lei n.º 278/2009 - Diário da República n.º 192/2009, Série I de 2009-10-
02
➢ Decreto-Lei n.º 223/2009 - Diário da República n.º 177/2009, Série I de 2009-09-
11
➢ Lei n.º 59/2008 - Diário da República n.º 176/2008, Série I de 2008-09-11
➢ Declaração de Retificação n.º 18-A/2008 - Diário da República n.º 62/2008, 1º
Suplemento, Série I de 2008-03-28
Inicialmente, o CCP procedeu à transposição das Diretivas nº 2004/17/CE e
2004/18/CE, ambas do Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de Março, alteradas
pela Diretiva nº 2005/51/CE, da Comissão, de 7 de Setembro, e retificadas pela Diretiva
nº 2005/75/CE, do Parlamento Europeu e da Comissão, de 16 de Novembro,
posteriormente transpôs as Diretivas Europeias nº 2014/23/UE, do Parlamento Europeu
e do Conselho, de 26 de fevereiro, 2014/24/UE, do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 26 de fevereiro, 2014/25/EU, de 26 de fevereiro, e 2014/55/UE, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 16 de abril, sobre adjudicação de contratos de concessão,
contratos públicos e também sobre a faturação eletrónica nos contratos públicos.

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Caução – função, valor e modo de prestação
O CCP aplica-se a todas as entidades adjudicantes, referidas no art.º 2 e 7º,
nomeadamente:
▪ Estado;
▪ Regiões autónomas;
▪ Autarquias Locais;
▪ Institutos Públicos;
▪ Fundações Públicas;
▪ Associações Públicas;
▪ Associações destas entidades adjudicantes;
▪ Sector Empresarial Público;
▪ Sectores especiais da água, da energia, dos transportes e dos serviços
postais.
As entidades adjudicantes, assim denominadas na fase de formação de
contratos, uma vez celebrados passam a designar-se por contraentes públicos.
Todos os contratos celebrados com qualquer uma das entidades referidas no CCP
estão sujeitas ás suas regras, independentemente do seu valor.
Estão abrangidos no regime de contratação pública, diversos tipos de contrato,
detalhadamente:
▪ Empreitada de obras públicas;
▪ Locação e aquisição de bens móveis;
▪ Aquisição de serviços;
▪ Concessão de obras públicas;
▪ Concessão de serviços públicos;
▪ Contrato de sociedade;
▪ Outros contratos submetidos à concorrência.

No entanto, estão excluídos, os:


▪ Contratos administrativos de provimento;
▪ Contratos individuais de trabalho;
▪ Contratos de doação de bens móveis a favor de uma entidade
adjudicante;
▪ Contratos de compra e venda, de doação, de permuta e de arrendamento
de bens imóveis;
▪ Outros contratos, previstos nos termos dos art.º nº 4, nº 5-A e nº 5-B do
CCP.

O CCP prevê vários tipos de procedimentos pré contratuais para que as entidades
adjudicantes possam formar contratos relativos a empreitadas de obras publicas,

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Caução – função, valor e modo de prestação
concessão de obras publicas e serviços públicos, locação ou aquisição de bens móveis e
aquisição de serviços e sociedades, respetivamente:
▪ Ajuste direto;
▪ Consulta prévia;
▪ Concurso público;
▪ Concurso limitado por prévia qualificação;
▪ Procedimento de negociação;
▪ Diálogo concorrencial;
▪ Parceria para a inovação.
A escolha do procedimento a adotar pelas entidades e caso se trate de ajuste
direto, de consulta prévia, de concurso público ou de concurso limitado por prévia
qualificação, será em regra sempre valor base do contrato a celebrar. Também devem
ser contemplados para o cálculo do valor base do contrato outros custos, previstos no
art.º 17º nomeadamente as despesas com a celebração do contrato, no caso de
empreitadas de obras públicas devem ser considerados para o cálculo os custos com a
disponibilização de bens móveis e serviços que são postos à disposição do adjudicatário
pela Entidade adjudicante, entre outros custos decorrentes do contrato a celebrar
previstos no código. O valor estipulado para o contrato deve estar devidamente
fundamentado em critérios objetivos e não pode haver fracionamento do valor.
Ao valor máximo do benefício económico, obtido pelo adjudicatário com a
execução de todas as prestações obtidas com o contrato, chamamos-lhe o valor do
contrato.
O valor do contrato, não pode ser superior ao valor permitido no CCP para o tipo
de procedimento a escolher. Podemos dizer que a escolha do procedimento é emanada
de poder discricionário balizado pelo valor do contrato.

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Caução – função, valor e modo de prestação
A EVOLUÇÃO DO REGIME DA CAUÇÃO NA CONTRATAÇÃO PÚBLICA

Na evolução do regime da caução conseguimos verificar que existem três pontos


específicos para a evolução do regime da caução, nomeadamente no aumento dos casos
de isenção de caução, alteração do valor, a liberação da caução, a competência para os
processos de contraordenação e as medidas do Programa do Governo para
descongestionar os tribunais
No aumento dos casos de isenção de caução, anteriormente, para contratos que
implicassem pagamento por parte da entidade adjudicante, quando o preço do contrato
fosse inferior a 200.000,00 euros, não era exigida garantia.
Agora, com a alteração do artigo 88º nº2 do CCP, para contratos em que o
contratante seja uma entidade especificada no art.º 2º ou no art.º 7º, nenhuma garantia
pode ser exigida; ou contratos que envolvam locação ou compra de bens móveis, ou
contrato de compra de serviços. Este requisito deve ser integralmente cumprido no
prazo máximo de 20 dias a contar da data da notificação da decisão.
A margem é fornecida por meio de depósitos em dinheiro ou títulos emitidos ou
garantidos pelo Estado, ou por meio de fianças ou depósitos bancários.
Relativamente ao valor da caução devido à nova redação do art.º 89º, os títulos
não têm mais o preço fixo de 5% do valor do contrato, mas são variáveis.
O valor deve ser determinado com base na complexidade e desempenho
financeiro do contrato correspondente, e não deve exceder 5% do preço do contrato.
Em relação á liberação da caução, o depósito de garantia para aumento de preço
será emitido gradualmente à medida que for fornecer ou entregar bens ou serviços
correspondentes ao adiantamento do empreiteiro público.
Em contratos em que não há obrigação de retificar disputas (ou seja, obrigações
de garantia), os empreiteiros públicos devem promover a liberação do depósito de
garantia integral para garantir que as obrigações contratuais sejam cumpridas com
precisão e no prazo dentro de 30 dias após a execução do contrato.
Nos contratos em que haja obrigações de correção de defeitos pelo
cocontratante, designadamente obrigações de garantia, sujeitas a um prazo igual ou
inferior a dois anos, o contraente público deve promover a liberação integral da caução
destinada a garantir o exato e pontual cumprimento das obrigações contratuais no
prazo de 30 dias após o termo do respetivo prazo.
No que respeita aos contratos em que haja obrigações de correção de defeitos
pelo cocontratante, designadamente obrigações de garantia, sujeitas a um prazo
superior a 2 anos, o art.º 295.º veio alargar para 5 anos o prazo de liberação integral da
caução, devendo o contraente público promover gradualmente a liberação da caução
nos seguintes termos:

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Caução – função, valor e modo de prestação
a) no final do primeiro ano, 30% do valor da caução;
b) no final do segundo ano, 30% do valor da caução;
c) no final do terceiro ano, 15% do valor da caução;
d) no final do quarto ano, 15% do valor da caução;
e) no final do quinto ano, os 10% restantes.

Em relação á competência para os processos de contraordenação, nos termos do


artigo 461.º, a instauração e arquivamento dos processos, bem como a aplicação de
coimas e sanções acessórias, cabem ao IMPIC, devendo as entidades adjudicantes
participar-lhe quaisquer fatos suscetíveis de constituírem contraordenações.
Trata-se de uma alteração face ao regime anterior, em que o IMPIC tinha apenas
competência para as infrações relacionadas com os contratos de empreitada ou de
concessão de obras públicas, enquanto a Autoridade de Segurança Alimentar e
Económica (ASAE) tinha competência para as infrações relativas aos contratos de
fornecimento de bens e serviços.
Nas medidas do programa do Governo para descongestionar os tribunais,
promove-se o recurso à arbitragem. A arbitragem é uma forma simples, rápida e barata
de resolver um conflito sem recorrer aos tribunais.

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Caução – função, valor e modo de prestação
CAUÇÃO

Em todo e qualquer procedimento administrativo, para a elaboração de um


contrato público, existem duas partes envolvidas no processo, as quais designamos de
entidade adjudicatária e entidade adjudicante. De um lado, temos as entidades
adjudicantes, cujo artigo 2.º do CCP define quem são, sendo estas as responsáveis pela
condução das variadas decisões em todo o processo de formação do contrato público.
De outro lado, temos a entidade adjudicatária, que corresponde à entidade portadora
da proposta vencedora do procedimento e com a qual a entidade adjudicante irá
celebrar um contrato público.
A elaboração de um contrato público é, como foi possível perceber ao longo
deste relatório, um procedimento que não é simples, com muita burocracia associada,
etapas e questões associadas, entre as quais podemos destacar a quase obrigação da
existência da caução. De uma forma geral, quando esteja em causa um procedimento
para a formação de contratos públicos, deve, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do CCP,
em princípio, “ser exigida ao adjudicatário a prestação de uma caução”.
De facto, todo e qualquer contrato (público ou não) entre duas ou mais partes
que envolva obrigações futuras precisa de alguma forma de garantia, sendo que uma
das formas mais utilizadas para assegurar financeiramente a parte que concede o
produto, bem ou serviço em adiantamento é a caução.
De uma forma geral, a caução pode ser entendida como a entrega feita por uma
das partes (a que irá usufruir do produto, bem ou serviço) à outra parte (a que irá
conceder o produto, bem ou serviço). A caução pode ser designada, então, pela entrega
de certa quantidade ou quantia de coisas móveis (fungíveis e não fungíveis) para
garantia da cobertura do dano proveniente do não cumprimento de determinada
obrigação. No seu sentido legal, a caução tem um objeto mais amplo, pois abrange
também a hipoteca e a fiança, seja bancária ou não bancária.
Como se sabe, nos procedimentos pré-contratuais de Direito Público, é comum
a celebração do contrato ser antecedida da prévia prestação de caução. Assim sendo,
de forma mais restrita, no caso concreto da elaboração de um contrato público, a caução
é a entrega de certa quantia por parte da entidade adjudicatária à entidade adjudicante
e cujo objetivo é o de “garantir a sua celebração, bem como o exato e pontual
cumprimento de todas as obrigações legais e contratuais que assume com essa
celebração”, conforme o define o n.º 1 do artigo 88.º do CCP.
Um bom exemplo da exigência da caução é o de uma situação de um contrato
de arrendamento. Além de a lei não prever uma obrigatoriedade de prestação da
caução, no caso destes tipos de contrato em particular, a caução é um depósito que o
arrendatário entrega ao senhorio como garantia para o caso de incumprimento de
alguma das rendas do contrato. Também pode servir de garantia para eventuais danos
no imóvel que possam ser provocados pelo arrendatário.

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Caução – função, valor e modo de prestação
Contudo, a caução se restringe apenas à garantia entregue em dinheiro. O
depósito caução, como é chamada a modalidade na qual o credor deposita determinada
quantia em dinheiro em uma conta bancária aberta apenas para esse fim, é muito
comum na locação de imóveis. Contudo, não apenas desse tipo de depósito vive a
caução.
Podemos, então, entender a caução sob duas perspetivas: a caução real e a
caução fidejussória.
A caução real inclui todas as formas de garantia real. Aqui, o devedor estabelece
um bem específico para servir de indenização ao credor caso ele deixe de cumprir com
a obrigação assumida. Neste caso, o depósito caução das obrigações locatárias está
incluído, mas não é a única forma de garantia real. A hipoteca (cuja garantia é um
imóvel) e o penhor (cuja garantia é um bem móvel, como as tradicionais joias, por
exemplo) são alguns dos tipos de garantia real, e, portanto, itens convertidos em caução
real, mais conhecidos.
Além destes, existe ainda o cheque caução, que pode ser entendido como um
cheque entregue ao credor, que somente poderá descontá-lo em caso de
descumprimento do acordo. Por exemplo, no caso do contrato de arrendamento,
existindo eventuais danos no imóvel que tenham sido provocados pelo arrendatário, o
credor poderá utilizar este cheque caução. Esta é, no entanto, uma das modalidades
menos utilizadas nos dias que correm, justamente por conta da evolução do sistema
financeiro e do cheque estar caindo em desuso.
A caução fidejussória é o que comumente designados por fiança, isto é, refere-
se ao caso em que uma terceira pessoa (fiador) se responsabiliza pela dívida, aceitando
assumi-la no caso do devedor deixar de cumprir com a obrigação que assumiu.

Função da Caução

A crescente importância da contratação pública, tem sido acompanhada de uma


maior atenção legislativa sobre as regras a aplicar nesta matéria, procurando garantir
que a escolha da entidade adjudicante se apresente transparente e respeite os
princípios da igualdade e da concorrência, permitindo melhores decisões relativas à
utilização de fundos públicos e incrementando a eficiência económica.
A caução é, como vimos, o nome dado a um tipo específico de garantia, que tem
como objetivo principal proteger o credor e assegurá-lo financeiramente de que a dívida
assumida pelo devedor será mesmo paga.
A caução constitui o instrumento jurídico através do qual a entidade
adjudicatária de um contrato público garante a sua celebração, bem como o exato e
pontual cumprimento de todas as obrigações legais e contratuais que assume com essa
celebração. Esta é a principal função da caução em matéria de contratação pública.
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Caução – função, valor e modo de prestação
De acordo com o n.º 2 do artigo 90.º do CCP, a caução pode ser prestada através
de uma das seguintes formas:

• Depósito em dinheiro;
• Títulos emitidos ou garantidos pelo Estado;
• Garantia bancária;
• Seguro-caução;
Sempre que o preço contratual seja igual ou superior a 500.000 euros, é
obrigatória a prestação de caução. No entanto, além da lei prever a prestação da caução
na elaboração de um contrato público, a lei não consagra a obrigatoriedade da sua
existência. Assim sendo, existem situações em que a caução não é obrigatória. A
prestação de caução apenas não é obrigatória nas seguintes situações:

1) Caso o contrato a celebrar não implique o pagamento de um preço por parte


da entidade adjudicante.
Nestes casos, conforme consagrado no n.º 3 do artigo 89.º do CCP, a entidade
adjudicante pode exigir a prestação de caução, mas o seu montante “não pode ser
superior a 2% do montante correspondente à utilidade económica imediata do contrato
para a entidade adjudicante”. Nestes casos, o valor da caução a prestar tem de estar
previsto, ou no programa do concurso público (conforme alínea p), do n.º 1, do artigo
132.º do CCP), ou no convite à apresentação de proposta (conforme alínea i), do n.º 1,
do artigo 115.º do CCP – para o ajuste direto; conforme alínea i), do n.º 1, do artigo 189.º
do CCP – para o concurso limitado por prévia qualificação – aplicável ao procedimento
de negociação e ao diálogo concorrencial por força da remissão dos artigos 199.º e do
n.º 2 do artigo 217.º do CCP, respetivamente).

2) Caso o preço do contrato a celebrar seja inferior a 500.000 euros.


Esta cláusula de exclusão encontra-se consagrada na alínea a) do artigo 88.º do
CCP. Conforme dito anteriormente, salvo se a lei previr o contrário, sempre que o preço
contratual seja igual ou superior a 500.000 euros, é obrigatória a prestação de caução.

3) Pode não ser exigida a prestação de caução quando o adjudicatário


apresente seguro da execução do contrato.
Nos termos do n.º 4 do artigo 88.º do CCP, “pode não ser exigida a prestação de
caução, nos termos previstos no programa do procedimento ou no convite, quando o
adjudicatário apresente seguro da execução do contrato a celebrar, emitido por
entidade seguradora, que cubra o respetivo preço contratual, ou declaração de assunção
de responsabilidade solidária com o adjudicatário, pelo mesmo montante, emitida por
entidade bancária, desde que essa entidade apresente documento comprovativo de que
possui sede ou sucursal em Estado membro da União Europeia, emitido pela entidade
que nesse Estado exerça a supervisão seguradora ou bancária, respetivamente.”

4) Quando se trate de contratos em que o adjudicatário seja uma entidade


prevista no artigo 2.º ou artigo 7.º do CCP.
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Caução – função, valor e modo de prestação
Esta cláusula de exclusão encontra-se consagrada na alínea b) do artigo 88.º do
CCP e designa a dispensa da prestação da caução sempre que o contrato seja celebrado,
por exemplo, entre duas entidades públicas.

5) Quando se trate dos contratos previstos na alínea c) do n.º 1 do artigo 95.º


do CCP, ainda que exista contrato escrito.
Esta cláusula de exclusão encontra-se consagrada na alínea c) do artigo 88.º do
CCP.
Nos termos do n.º 2 do artigo 156.º do CCP, a estes casos em que a prestação da
caução não é obrigatória por lei (mas pode ser exigida pela entidade adjudicante),
acrescente-se ainda um caso em que é a própria lei que estabelece não haver lugar à
prestação de caução: os casos em que é adotado um concurso público urgente.
De sublinhar que estamos perante uma fase decisiva do procedimento pré-
contratual, pois a não prestação regular da caução (quando a mesma seja exigida)
constitui um requisito que afeta a subsistência do ato de adjudicação e dificulta a
celebração do contrato.

Valor da Caução

Desde a vigência do Decreto-Lei n.º 59/99, de 2 de março, e do Decreto-Lei n.º


197/99, de 8 de junho, até aos dias de hoje, ao abrigo do Código dos Contratos Públicos
(CCP), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de janeiro, nos procedimentos pré-
contratuais de Direito Público, é comum a celebração do contrato ser antecedida da
prévia prestação de caução por parte do adjudicatário. Neste sentido, quando esteja em
causa um procedimento para a formação de contratos públicos, deve, em princípio, ser
exigida ao adjudicatário a prestação de uma caução. Como resulta da lei, a caução a
prestar pelo adjudicatário destina-se a garantir, por um lado, a sua celebração e, por
outro, o cumprimento de todas as obrigações legais e contratuais que o adjudicatário
assume com essa celebração (Decreto-Lei nº 18/2008, Capítulo IX, nº 1 do artigo 88º:
“No caso de contratos que impliquem o pagamento de um preço pela entidade
adjudicante, deve ser exigida ao adjudicatário a prestação de uma caução destinada a
garantir a sua celebração, bem como o exato e pontual cumprimento de todas as
obrigações legais e contratuais que assume com essa celebração”).
O objetivo primordial da existência da caução é salvaguardar os interesses
públicos subjacentes ao contrato, face a um eventual incumprimento pelo adjudicatário,
sendo, por isso, uma garantia para a entidade adjudicante.
Nos trabalhos preparatórios da Revisão de 2017, concluiu-se que os custos
financeiros envolvidos na obtenção e manutenção de cauções podiam mostrar-se
excessivos em momentos de crise económica, podendo o valor da caução não
compensar todo o trabalho e burocracias envolvidas. Posto isto, o legislador de 2017
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Caução – função, valor e modo de prestação
teve de encontrar o ponto de equilíbrio entre as necessidades de manutenção de
garantias financeiras que possam ser rapidamente acionadas pelos contraentes públicos
no caso de lesão contratual causada por incumprimento dos adjudicatários, e as
necessidades de diminuição do esforço financeiro que é requerido aos operadores
privados para acederem aos contratos públicos. Como resultado, foram aprovadas
medidas inovadoras que procuram diminuir as exigências financeiras impostas aos
adjudicatários de contratos públicos. Assim, a lei passa a determinar que o critério que
era tradicionalmente usado para a definição do respetivo valor de 5% do preço
contratual – deixa de constituir um montante fixo para se tornar apenas num montante
máximo ao qual a entidade adjudicante tem de respeitar (nº1 do artigo 89º.). A caução
passa a ser fixada em 5% do preço contratual em todos os casos em que a entidade
adjudicante não determine expressamente a fixação de um valor inferior (nº6 do artigo
89º.).
Caso a entidade adjudicante opte por fixar um valor inferior a 5%, deverá
fundamentar a escolha do montante aplicável (nº1 do artigo 89º.). Mas,
independentemente de o valor da caução ser ou não alterado, a mesma deve destinar-
se, como referido anteriormente, a assegurar “o exato e pontual cumprimento de todas
as obrigações legais e contratuais”.
Salvo raras exceções (previstas no nº2 do artigo 88º), comummente, o valor da
caução corresponde a 5% do preço contratual. Como definido no artigo
supramencionado, a prestação da caução poderá não ser exigida quando:
a) “Quando o preço contratual for inferior a 200.000 €”
b) “Quando se trate de contratos em que o adjudicatório seja uma entidade
prevista nos artigos 2.º ou 7.º”
c) “Quando se trate dos contratos previstos na alínea c) do n.º 1 do artigo 95.º,
ainda que exista contrato escrito”
Quando, nestes casos excecionais, não tenha sido exigida a prestação de caução,
a entidade adjudicante pode proceder à retenção de até 10% do valor dos pagamentos
a efetuar, desde que tal seja previsto no caderno de encargos. No entanto, este ponto é
de natureza facultativa e não obrigatória. Normalmente, ocorre quando o valor do
contrato é bastante baixo.
Concisamente, o nº2 do artigo 89º determina que, quando o preço total da
proposta adjudicada tenha sido considerado anormalmente baixo, o limite máximo do
montante da caução a fixar pela entidade adjudicante é aumentado para 10% do preço
contratual. Uma vez mais, no caso de silêncio do programa ou do convite, esses 10%,
tornam-se no valor definitivo da caução (nº6 do artigo 89º.).
A teleologia desta solução legal para a fixação do valor da caução é óbvia: se a
entidade adjudicante não pode, ou não deve, escolher discricionariamente se exige ou
não uma caução, também não deverá escolher arbitrariamente o valor da mesma.

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Caução – função, valor e modo de prestação
A lei prevê que a entidade adjudicante continue a retirar uma utilidade
económica imediata do contrato. É esta utilidade que deve ser atendida para o efeito de
determinação do valor da caução, fazendo-se apelo, em especial, ao cálculo do preço
contratual que seria fixado se o esquema remuneratório escolhido tivesse consistido
num modelo clássico de pagamento direto pela entidade adjudicante.
É na sequência deste cálculo que a lei fixa o valor máximo da caução a prestar
pelo adjudicatário em 2% da utilidade económica imediata do contrato (nº3 do artigo
89º.).
Ainda no contexto do mesmo, a Revisão de 2017 fixou medidas adicionais para
diminuir esse esforço financeiro:
a) Artigo 97ª.: Preço contratual:
1. Para efeitos do presente Código, entende-se por preço contratual o preço a
pagar, pela entidade adjudicante, em resultado da proposta adjudicada, pela
execução de todas as prestações que constituem o objeto do contrato.
2. Está incluído no preço contratual, nomeadamente, o preço a pagar pela
execução das prestações objeto do contrato na sequência de qualquer
prorrogação contratualmente prevista, expressa ou tácita, do respetivo
prazo.
3. Não está incluído no preço contratual o acréscimo de preço a pagar em
resultado de: a) Modificação objetiva do contrato; b) Reposição do equilíbrio
financeiro prevista na lei ou no contrato; c) Prémios por antecipação do
cumprimento das prestações objeto do contrato.
O artigo 97º do CCP determina o preço contratual que inclui todas as prestações
que resultem de prorrogações expressas ou tácitas decorrentes do contrato.
Assim, o nº4 do artigo 89º passa a esclarecer que o preço contratual que serve
de referência para o cálculo do valor da caução é apenas o preço referente ao período
contratual inicial, excluindo quaisquer prorrogações. Portanto, ainda que o preço
contratual previsto no artigo 97º continue a incluir os períodos futuros de vigência do
contrato respeitantes a prorrogações, estas deixam de ser contabilizadas para o efeito
do cálculo do valor da caução. Deste modo, quando forem previstas prorrogações no
contrato, o valor da caução tem de ser definido com referência ao preço do seu período
de vigência inicial.
Ademais, quando o contrato tiver um período de vigência superior a 5 anos, a lei
reconhece que o esforço financeiro requerido ao adjudicatário para manter a caução é
superior, pelo que circunscreve que o valor de referência do cálculo da caução é
determinado em função do primeiro terço de duração do contrato (nº. 5 do artigo 89º.:
No caso de contratos de execução duradoura superior a cinco anos, o valor de referência
para a aplicação das percentagens referidas nos n.ºs 1 e 2 limita-se ao primeiro terço da
duração do contrato.)

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Caução – função, valor e modo de prestação
No caso de não ser possível isolar o preço contratual imputável ao primeiro terço
do período de vigência do contrato, a única alternativa da entidade adjudicante será
dividir o preço contratual em três partes, calculando o montante da caução em função
do valor correspondente a um terço do preço contratual total.

Medidas legislativas para flexibilizar os custos para o adjudicatário no


tocante ao regime da liberação da caução

Na manifestação do reforço da autonomia contratual que o legislador pretendeu


conferir às partes, o CCP remete a definição do concreto regime da liberação da caução
para o próprio contrato. Este regime deverá, em princípio, manter-se imodificável
durante a execução do contrato, não podendo as partes acordar num regime diverso,
salvo se existir fundamento de modificação do contrato que justifique uma alteração do
regime de liberação das cauções – sendo certo que, mesmo neste caso, deverão ser
respeitados os limites previstos no nº1 e 2 do artigo 295º do CCP:
1. O regime de liberação das cauções prestadas pelo cocontratante deve ser
estabelecido no contrato, não podendo as partes acordar em regime diverso
durante a fase de execução contratual, salvo havendo fundamento de
modificação do contrato que justifique uma alteração do regime de liberação das
cauções e desde que sejam respeitados os limites previstos no presente Código.
2. A caução para garantia de adiantamentos de preço é progressivamente liberada
à medida que forem prestados ou entregues os bens ou serviços correspondentes
ao pagamento adiantado que tenha sido efetuado pelo contraente público.

Tais limites apresentam diversas variações, que podem sinteticamente


esquematizadas do seguinte modo:
i. Caso a caução tenha sido prestada para garantia de adiantamentos do preço, a
mesma deverá ser progressivamente libertada à medida que forem prestados ou
entregues os bens ou serviços correspondentes ao adiantamento efetuado pelo
contraente público;
ii. Quando o contrato não contenha obrigações de correção de defeitos pelo
cocontratante (nomeadamente, obrigações de garantia), a caução deverá ser
integralmente liberada no prazo de 30 dias após o cumprimento de todas as
obrigações contratuais pelo cocontratante;
iii. Quando o contrato contenha obrigações de correção de defeitos pelo
cocontratante (incluindo obrigações de garantia), o regime de liberação da
caução é distinto consoante o prazo destas obrigações.

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Caução – função, valor e modo de prestação
O principal objetivo destas medidas é acelerar a devolução das cauções,
principalmente no caso de contratos de longa duração em que o esforço de manutenção
da caução seria mais vexatório.
Caso o contraente público não respeite os prazos previstos para a liberação da
caução, o cocontratante poderá notificar o contraente público para tal efeito, sob pena
de, caso este não o faça no prazo de 15 dias, o cocontratante ficar autorizado a
promover a liberação total ou parcial da caução, isto sem prejuízo do seu direito a ser
indemnizado pelos custos adicionais suportados por força da manutenção da caução por
um período superior ao que seria devido.
Quando o adjudicatário já tenha satisfeito as obrigações principais que
constituíam o objeto central do contrato e apenas esteja incumbido da satisfação de
obrigações acessórias de garantia e correção de defeitos, a lei considera que o risco de
lesão do interesse publico é menor em virtude de apenas subsistirem obrigações
acessórias e, portanto, também o montante da caução que se mantém retido deve ser
reduzido de modo proporcional à diminuição desse risco.

Questões procedimentais relativas à liberação da caução

Para libertar os adjudicatórios de obrigações excessivas na manutenção de


cauções, a lei prevê um regime minucioso e meticuloso para assegurar a rapidez das
entidades adjudicantes na libertação das cauções. Este regime procura responder à
experiência prática que tem indicado a existência de uma grave inércia dos serviços das
entidades adjudicantes na tramitação das diligências necessárias à liberação da caução.
Por este motivo, a lei determina automatismo na liberação da caução: uma vez
decorridos os prazos estipulados em lei, a entidade adjudicante fica forçada à sua
liberação imediata, independentemente de qualquer notificação do adjudicatário para
esse efeito.
Como precaução da possível lentidão ou possíveis atrasos das entidades
adjudicantes, o nº9 do artigo 295º do CCP permite que o adjudicatário tome a iniciativa
de notificar o contraente publico acerca da sua obrigação de liberação da caução e que
o mesmo tome a iniciativa de fazer cessar a caução no prazo de 15 dias após a
notificação:
9 - Decorrido o prazo previsto nos números anteriores para a liberação da caução
sem que esta tenha ocorrido, o cocontratante pode notificar o contraente público para
que este cumpra a obrigação de liberação da caução, ficando autorizado a promovê-la,
a título parcial ou integral, se, 15 dias após a notificação, o contraente público não tiver
dado cumprimento à referida obrigação.

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Caução – função, valor e modo de prestação
Adicionalmente, o nº. 10 do mesmo artigo permite ao adjudicatário um direito
de indemnização pelos custos adicionais em que incorreu com a manutenção da caução
prestada por período superior ao que seria devido:
10 - A mora na liberação, total ou parcial, da caução confere ao cocontratante o
direito de indemnização, designadamente pelos custos adicionais por este incorridos
com a manutenção da caução prestada por período superior ao que seria devido.
Como é sabido, as hipóteses de liberação da caução dependem sempre da
confirmação acerca da inexistência de defeitos das prestações exigidas ao adjudicatário.
Se a entidade adjudicante informar que a falta de liberação da caução se deve a
responsabilizar o adjudicatário por algum tipo de incumprimento contratual, este
procedimento não pode ser aplicável. No entanto, a entidade adjudicante pode
considerar que os defeitos identificados e não corrigidos são de pequena importância e
não justificam a não liberação da caução. Contudo, esta hipótese depende da apreciação
discricionária da entidade adjudicante.
Uma vez que a lei pressupõe que a caução só pode ser liberada após
confirmação, pela entidade adjudicante, de que não existem defeitos nas prestações do
adjudicatário, é habitual que o modelo de caução previstos nas peças procedimentais
para ser respeitada pelo adjudicatário (nos termos do nº5 do artigo 90º) impeça que a
caução seja emitida com uma limitação temporal, fazendo-a depender de um ato
confirmativo da entidade adjudicante junto do emitente da caução, atestando que ela
pode ser liberada.
Em geral, o modelo apresentado pelo adjudicatário trata-se a uma garantia
bancária autónoma, irrevogável, incondicional e à primeira solicitação ou,
paralelamente, a um seguro-caução que apresenta caraterísticas similares de
irrevogabilidade. Em ambas as situações, é frequente que a entidade adjudicante se
assegure de que a caução só fica cancelada quando comunicar ao emitente, por escrito,
que todas as obrigações do adjudicatário já foram satisfeitas. Sempre que tal sucede, a
lei não deixa de impor que a extinção na caução ocorra no prazo devido, mas essa
extinção dependerá formalmente sempre de um ato da entidade adjudicante. Mesmo
neste caso, o adjudicatário dispõe do direito de exigir a liberação da caução pela
entidade adjudicante, podendo notificá-la para o efeito. Contudo, poderá ficar sujeito a
um ato específico de consentimento da entidade adjudicante.

Modo de prestação

A caução deve ser prestada no prazo de 10 dias (úteis) contados a partir da data
da notificação da adjudicação, devendo o adjudicatário comprovar esse facto perante a
entidade adjudicante, no máximo até ao dia imediatamente subsequente (nº1 do artigo
90º.).

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Caução – função, valor e modo de prestação
Tal como sucede com a fixação dos casos em que a prestação de caução é
obrigatória, também os modos de prestação da caução são imperativamente
determinados pela lei, nomeadamente, no nº 2 do artigo 90º:
1 - O adjudicatário deve prestar a caução no prazo de 10 dias a contar da
notificação prevista no n.º 2 do artigo 77.º, devendo comprovar essa prestação junto da
entidade adjudicante no dia imediatamente subsequente.
2 - A caução é prestada por depósito em dinheiro ou em títulos emitidos ou
garantidos pelo Estado, ou mediante garantia bancária ou seguro-caução. 3 - O depósito
em dinheiro ou títulos é efetuado em Portugal, em qualquer instituição de crédito, à
ordem da entidade que for indicada no programa do procedimento, devendo ser
especificado o fim a que se destina.
4 - Quando o depósito for efetuado em títulos, estes são avaliados pelo respetivo
valor nominal, salvo se, nos últimos três meses, a média da cotação na bolsa de valores
ficar abaixo do par, caso em que a avaliação é feita em 90 % dessa média.
5 - O programa do procedimento deve conter os modelos referentes à caução que
venha a ser prestada por garantia bancária, por seguro-caução ou por depósito em
dinheiro ou títulos.
6 - Se o adjudicatário prestar a caução mediante garantia bancária, deve
apresentar um documento pelo qual um estabelecimento bancário legalmente
autorizado assegure, até ao limite do valor da caução, o imediato pagamento de
quaisquer importâncias exigidas pela entidade adjudicante em virtude do
incumprimento de quaisquer obrigações a que a garantia respeita.
7 - Tratando-se de seguro-caução, o programa do procedimento pode exigir a
apresentação de apólice pela qual uma entidade legalmente autorizada a realizar este
seguro assuma, até ao limite do valor da caução, o encargo de satisfazer de imediato
quaisquer importâncias exigidas pela entidade adjudicante em virtude do
incumprimento de quaisquer obrigações a que o seguro respeita.
8 - Das condições da garantia bancária ou da apólice de seguro-caução não pode,
em caso algum, resultar uma diminuição das garantias da entidade adjudicante, nos
moldes em que são asseguradas pelas outras formas admitidas de prestação da caução.
9 - Todas as despesas relativas à prestação da caução são da responsabilidade
do adjudicatário.

Resumidamente, são admissíveis as seguintes formas:

• Depósito em dinheiro;
• Depósito em títulos emitidos ou garantidos pelo Estado;
• Garantia bancária;
• Seguro-caução.

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Caução – função, valor e modo de prestação
A lei admite o depósito em dinheiro ou títulos emitidos ou garantidos pelo
Estado, a apresentação de garantia bancária ou subscrição de seguro-caução e no prazo
de 10 dias a contar da notificação da adjudicação, devendo o adjudicatário comprovar
essa prestação junto da entidade adjudicante no dia imediatamente subsequente. Caso
o adjudicatário, por facto que lhe seja imputável, não preste a caução exigida, no prazo
e nos demais termos legal e procedimentalmente previstos, esta circunstância
determinará a caducidade da adjudicação, a ser declarada por ato expresso e
fundamentado da entidade adjudicante.
Como supracitado, cabe ainda ao adjudicatário suportar todas as despesas
relativas à prestação da caução (nº9 do artigo 90.).
Em caso de incumprimento do referido prazo de 10 dias, deve entender-se que
a adjudicação terá caducado.
Conforme previsto no artigo 91º, caso se confirme que a não prestação da
caução é imputável ao adjudicatário e que a adjudicação deve caducar, cabe ao órgão
que praticou a decisão de contratar adjudicar a proposta ordenada no lugar
imediatamente subsequente:
1 - A adjudicação caduca se, por facto que lhe seja imputável, o adjudicatário não
prestar, em tempo e nos termos estabelecidos nos artigos anteriores, a caução que lhe
seja exigida.
2 - No caso previsto no número anterior, o órgão competente para a decisão de
contratar deve adjudicar a proposta ordenada em lugar subsequente.
3 - A não prestação da caução pelo adjudicatário, no caso de empreitadas ou de
concessões de obras públicas, deve ser imediatamente comunicada ao Instituto dos
Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção, I. P.
Caso o adjudicatário, por facto que lhe seja imputável, não preste a caução
exigida, no prazo e nos demais termos legal e procedimentalmente previstos, esta
circunstância determinará a caducidade da adjudicação, a ser declarada por ato
expresso e fundamentado da entidade adjudicante. Nestes casos, haverá
posteriormente lugar à adjudicação da proposta ordenada em lugar subsequente.
A caducidade da adjudicação é um facto objetivo que resulta da não prestação
da caução, podendo, no limite, um adjudicatório cuja conduta não é culposa perder o
direito de celebrar o contrato após a concessão de um prazo adicional para o efeito. A
hipótese de caducidade da adjudicação por facto posterior ao momento da própria
prestação da caução determina a sua perda em favor da entidade adjudicante (o que
sucede, exemplificativamente, no caso previsto nº2 do artigo 105º). É à entidade
adjudicante que cumpre liberar a caução se a caducidade da adjudicação ou qualquer
outro facto tendente à não celebração do contrato não for imputável ao adjudicatório.

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Caução – função, valor e modo de prestação
CONCLUSÃO

A Lei dos Contratos Públicos estipula que o contratante deverá deduzir o valor
do pagamento parcial prescrito do valor equivalente a 5% do pagamento, a menos que
o contrato estipule uma percentagem inferior ou renuncie à dedução do valor.
A dedução deste montante tem por objetivo reforçar a caução disponibilizada
pelo contratante na fase inicial da formação do contrato, de forma a garantir que as
cláusulas ou garantias contratuais são executadas com exatidão e as obrigações
contratuais cumpridas atempadamente. Fase, comumente chamada de pós-construção.
Embora o termo garantia seja utilizado como sinônimo de garantia em um
sentido amplo, seu significado técnico se refere a garantia que é executada por lei,
decisão judicial ou negócio jurídico com o objetivo de assegurar o cumprimento de
obrigações finais ou âmbito incerto.
A garantia bancária - um dos principais tipos de garantia prestada na celebração
de um contrato público - é uma atividade do banco para assegurar que os clientes
cumprem as suas obrigações perante terceiros. Pode assumir várias formas,
nomeadamente: cessão de crédito, garantia e autónoma garantia.
Numa garantia independente simples, o beneficiário só pode exigir do fiador o
cumprimento das suas obrigações se o beneficiário provar que o devedor não cumpriu
as suas obrigações ou provar que esta constitui as condições para a constituição do seu
crédito. fiador.
Na autogestão do primeiro pedido, o fiador se compromete a pagar uma
determinada quantia ao beneficiário, e a pagar na primeira solicitação, ou seja, o fiador
paga determinada quantia ao beneficiário quando solicitado, sem que o fiador seja
autorizado invocar o beneficiário com base no pagador. Quaisquer exceções à relação
básica com o beneficiário.
Diante de uma garantia para o primeiro pedido de pagamento ("primeiro
pedido"), o fiador - geralmente um banco e, portanto, geralmente uma garantia
bancária - é obrigado a fornecê-la imediatamente, desde que o beneficiário faça um
pedido de acordo com o anterior termos acordados, mas não O fiador está excluído da
possibilidade de abuso de direitos, intencionalmente ou maliciosos.
Portanto, em retrospeto, a menos que expressamente estipulado nas normas
para a formação de contratos de obras públicas ou de outra forma estipulado para
renúncia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Constituição da República Portuguesa (CPR) – 5ª Edição – Almedina – 2018

Código dos Contratos Públicos (CCP) – 11ª Edição – Almedina – 2020

OLIVEIRA, M. E & OLIVEIRA, R.E. (2016) “Concursos e Outros Procedimentos de


Contratação Pública”, Almedina

SÁNCHEZ, PEDRO. Vol. II (2019) “Direito da Contratação Pública”, AAFDL Editora

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