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Índice

Introdução ....................................................................................................................................... 4

Objectivos ....................................................................................................................................... 4

Metodologias................................................................................................................................... 4

Estrutura do trabalho ....................................................................................................................... 4

Modalidades do regime Excepcional .............................................................................................. 5

Quadro legal para regulamentar a contratação de obras publicas e o fornecimento de bens e


prestação de serviços ao Estado ...................................................................................................... 7

Descentralização e descentração do Procuramento na administração publica Moçambicana dos


órgãos .............................................................................................................................................. 9

Conclusão...................................................................................................................................... 15

Bibliografia ................................................................................................................................... 16

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Introdução

Em Moçambique o procurement público é das áreas onde mais casos de corrupção ocorrem. A
corrupção na contratação pública está presente em todo o Sector Público e ocorre através da sobre-
facturação na contratação dos serviços e aquisição de bens pelo Estado, conflito de interesses,
tráfico de influências, pagamento de subornos a funcionários, dentre outras formas. Os grandes
esquemas de corrupção que nas duas últimas décadas lesaram gravemente o Estado - desde o caso
LAM-EMBRAER às Dividas Ocultas - estão relacionados directamente com a contratação ou
aquisição de bens e serviços por entidades públicas.

Objectivos

• Analisar as Modalidades do regime Excepcional

Metodologias

Esta pesquisa foi classificada inicialmente como pesquisa bibliográfica porque foram realizadas
através de livros, dissertações, publicações periódicas, artigos publicados sobre o assunto e
Internet.

Estrutura do trabalho

Introdução, Objectivos, Metodologias, Modalidades do regime Excepcional, Quadro legal para


regulamentar a contratação de obras publicas e o fornecimento de bens e prestação de serviços ao
Estado, Descentralização e descentração do Procurment na administração publica Moçambicana
dos órgãos, Conclusão e Bibliografia

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Modalidades do regime Excepcional

A aplicação do regime excepcional para compra de bens e serviços e contratação de empreitadas


pelo Estado, o ajuste- directo, para responder às necessidades de aquisição de bens e serviços
urgente, aumenta os riscos de corrupção na contratação pública. O abandono do concurso público
como regime regra de contratação pública, mesmo em actividades que não sejam necessariamente
de emergência, representa um enfraquecimento dos mecanismos de controlo.

Após a decisão de adjudicar o contrato, o PDUL deverá prontamente e simultaneamente fornecer,


pelo meio mais rápido disponível, e conforme especificado no pedido de concurso /documento de
solicitação de propostas, a notificação por escrito da intenção do Mutuário de adjudicar o contrato
ao concorrente / proponente vencedor (Notificação de Intenção de Adjudicação). Tal notificação
deverá ser enviada a cada concorrente / proponente que apresentou uma proposta (a menos que o
concorrente / proponente tenha recebido previamente notificação de exclusão do processo em uma
etapa intermediária do processo de aquisição).

Para contratos sujeitos à revisão prévia pelo Banco, o PDUL deve transmitir a Notificação de
Intenção de Adjudicação, somente após receber a não objecção do Banco Mundial ao relatório de
avaliação, conforme exigido no parágrafo 7.1 do Anexo II, do Regulamento de Aquisições.

A Notificação de Intenção de Adjudicação do PDUL deve fornecer a cada concorrente, no mínimo,


as seguintes informações, conforme aplicável ao método de selecção, e conforme especificado no
documento de solicitação de concurso / solicitação de propostas: i. o nome e endereço do (s)
concorrente (s) / Proponente (s) que enviaram a Proposta / Proposta bem-sucedida;

ii. o preço do contrato, ou quando a Proposta / Proposta bem-sucedida foi determinada com base
em critérios avaliados (onde o preço e os factores técnicos são avaliados), o preço do contrato e a
pontuação total combinada da Proposta / Proposta bem-sucedida;

iii. os nomes de todos os concorrentes / Proponentes que enviaram propostas e seus preços de
concurso/ Propostas lidas e avaliados; iv. uma declaração da (s) razão (ões) pelas quais a proposta
do destinatário não foi bem-sucedida, a menos que as informações de preço de acordo com o
parágrafo 5.74 c. já revela o motivo. O PDUL não divulgará quaisquer informações confidenciais
ou de propriedade de qualquer outro concorrente / proponente, como: detalhe de custos, segredos

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comerciais, processos e técnicas de fabricação ou outras informações comerciais ou financeiras
confidenciais; v. instruções sobre como solicitar esclarecimentos e / ou apresentar uma
reclamação durante o período suspensivo, conforme estabelecido no documento de solicitação de
concurso / solicitação de propostas e de acordo com os requisitos, Reclamações Relacionadas a
Compras; e vi. a data em que o período de suspensão está previsto para terminar.

Tal como o demonstra uma avaliação exaustiva da municipalização (Anamm & BM, 2009), as
autarquias moçambicanas começaram a fazer progressos relativamente a situação anterior no
fornecimento rentável de alguns serviços básicos, apesar da notória falta de recursos (humanos,
financeiros e infraestruturais) e dos muitos desafios com que continuam a debater-se nas áreas da
capacidade técnica, uso da terra e gestão ambiental, e da justiça e governação. Estes últimos
desafios surgem muitas vezes dos riscos morais e da apropriação de recursos pela elite ligada a
economia política local, assim como de intervenções aleatórias ou politicamente tendenciosas por
parte das instituições estatais centrais de ‘tutela’ e de sectores em que, com poucas exceções, não
se nota nenhuma inclinação forte a favor da descentralização.
Em Moçambique, após a conquista da independência, várias transformações de índole política,
económica e social começaram a se registar a nível da Administração Pública, com vista a torná-
la mais eficiente e eficaz nos fornecimentos de bens e prestação de serviços ao Estado.

Porém, estas transformações sucederam-se de forma desorganizada, devido a falta de coerência


entre os diferentes órgãos que constituem o sector público em Moçambique, o qual se deparava
com o problema da baixa qualidade profissional dos seus funcionários, o que resulta na fraca
capacidade de gestão de políticas públicas, recursos humanos, financeiros e materiais. Por outro
lado, a capacidade de respostas às necessidades colectivas era reduzida, podendo destacar-se a
morosidade nos fornecimentos de bens e prestação de serviços ao Estado, falta de mecanismos de
transparência e prestação de contas e ainda, a prevalência de altos níveis de corrupção. Estas foram,
de entre outras, as razões que levaram o Governo de Moçambique a lançar, em 2001, a Estratégia
Global da Reforma do Sector Público (CIRESP, 2001).

Os instrumentos de Regulamentação do Contrato de Empreitada de Obras Públicas datavam de há


mais de 35 anos, a luz do Decreto-Lei nº48817, de 19 de Fevereiro de 1969, posto em vigor em
Moçambique pela Portaria 555/71, de 12 de Outubro, e pelo Decreto nº 42/89, de 28 de Dezembro,

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actualizado pelo Decreto nº 29/97, de 23 de Setembro, foi aprovado o Regulamento de Aquisições
e Requisição de Serviços para os órgãos do aparelho do Estado e instituições subordinadas (UFSA,
2014).

Quadro legal para regulamentar a contratação de obras publicas e o fornecimento de bens e


prestação de serviços ao Estado

Obra púbica é considerada toda construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bem
público. Ela pode ser realizada de forma direta, quando a obra é feita pelo próprio órgão ou
entidade da Administração, por seus próprios meios, ou de forma indireta, quando a obra é
contratada com terceiros por meio de licitação. Neste caso, são autorizados diversos regimes de
contratação1:

• empreitada por preço global: quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço
certo e total;
• empreitada por preço unitário: quando se contrata a execução da obra ou do serviço por
preço certo de unidades determinadas;
• tarefa: quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem
fornecimento de materiais;
• empreitada integral: quando se contrata um empreendimento em sua integralidade,
compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias.
A conclusão de obra pública é evento que depende de uma série de etapas, que se iniciam muito
antes da licitação propriamente dita e se constituem em passos fundamentais para a garantia de
sucesso do empreendimento. O cumprimento ordenado dessas etapas leva à obtenção de um
conjunto de informações precisas que refletirão em menor risco de prejuízos à Administração.
As contratações públicas podem ser definidas como sendo processos de natureza administrativa,
através dos quais se adquirem bens, serviços ou obras para a satisfação de interesse público. O
presente manual irá usar os seguintes termos considerados sinónimos: Procurement; Contratação,
Aquisição, Licitação, Compra.
No sistema jurídico moçambicano, o legislador adoptou o termo Contratação, regulado através
do Decreto N° 05/2016, 08 de Março que aprova o Regulamento de Contratação de Empreitada
de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado. O Regulamento

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estabelece o regime jurídico aplicável à Contratação de Empreitada de Obras Públicas,
Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços, incluindo os de Locação, Consultoria e
Concessões.
Os processos de procurement observam de entre outros os seguintes princípios:
• Legalidade;
• Finalidade;
• Razoabilidade;
• Proporcionalidade
• Prossecução do interesse público;
• Transparência;
• Publicidade;
• Igualdade;
• Concorrência;
• Imparcialidade;
• Boa-fé;
• Estabilidade;
• Motivação;
• Responsabilidade;
• Boa gestão financeira;
• Celeridade e os demais princípios de direito público aplicáveis.
O empreiteiro é entidade responsável pela execução de uma obra em regime de contrato de
empreitada executando a quantidade de trabalho acordado para a edificação da obra, mediante os
padrões de qualidade definidos nas especificações técnicas do projecto, mediante um preço
previamente acordado e estabelecido entre a entidade contratante e o contratado.
No caso de se tratar de obras onde intervêm diversos sub-empreiteiros, ao empreiteiro a quem é
atribuída a responsabilidade total da realização, designando-se então “Empreiteiro Geral”. Quando
lhe é atribuído também o encargo de concepção (no caso de contratos chave na Mão) este designa-
se, por vezes, “Empreiteiro Global”

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Descentralização e descentração do Procuramento na administração publica Moçambicana
dos órgãos

A nível local (municipal) para a implementação de actividades elegíveis e aprovadas a serem


financiadas através dos Subsídios de Desenvolvimento Municipal (SDM’s) e da Maximização de
Financiamento para o Desenvolvimento Urbano (MFDU), os municípios devem estar estruturados
e organizados de acordo com os requisitos de funcionamento de uma Unidade de Gestão de
Aquisições (UGEA), pois aplicarão o regulamento de contratações nacionais em conformidade
com o Decreto Nr. 05/2016, de 08 de Março, Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras
Publicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado.

A Nível Central, a Unidade de Gestão do Projecto (UGP) do PDUL é responsável pelo processo
de Procurement do Projecto para todas as componentes. A UGP, igualmente, realizará o
Procurement para a instalação e funcionamento das Equipas Técnicas Provinciais do PDUL. O
Especialista de Procurement da UGP do PDUL é responsável pela implementação dos processos
de Procurement a nível central e por supervisionar a implementação das actividades nos níveis
descentralizados. Além disso, para garantir que os municípios tenham capacidade adequada para
implementar as suas actividades, o Especialista de Procurement em coordenação com outras
instituições e com a UFSA fará o treinamento periódico e acompanhamento dos municípios nos
processos de procurement, em linha com as acções de capacitação definidas no Projecto.

A abordagem escolhida reflete, por um lado, a necessidade de reforma de uma maquina político-
administrativa excessivamente centralizada, herdada do passado colonial e da fase socialista pós-
independência, e, por outro, a de manter o controlo central do partido sobre a economia politica,
ou seja, recursos, politica, Estado e distribuição de riqueza.

O resultado deste processo e a sobejamente conhecida abordagem bifurcada da descentralização,


na qual os municípios nas áreas urbanas, com a sua característica de autonomia fiscal e
administrativa, e democracia multipartidária de representação local, coexistem com órgãos
desconcentrados do estado (central), os Órgãos Locais do Estado – OLE – que cobrem os níveis
provinciais, distritais e subdistritos.

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Este sistema dual de governo local, alem de produzir um ‘sistema de duas classes’ de cidadania e
governos locais, e potencialmente conflitual, no sentido em que os municípios e as unidades locais
dos órgãos do Estado competem, no mesmo espaço político local, pelos recursos fiscais e humanos,
bem como pela lealdade do eleitorado, embora estejam espacial e funcionalmente separadas, com
espaços claramente definidos. O representante do Estado em alguns municípios aumenta o
potencial de conflito resultante da estrutura institucional. Economicamente falando, o sistema de
descentralização presentemente em vigor representa um modelo dispendioso de governação local,
ja que requer recursos escassos para três instituições. Nos últimos anos, a actual coligação da elite
dirigida pelo Presidente Guebuza tem promovido e privilegiado claramente a desconcentração, isto
e, os distritos, destacando o seu papel como unidades primarias para a planificação e consulta (que
ja lhes tinha sido atribuído nos primeiros anos apos a independência), por exemplo, no âmbito da
Presidência Aberta e Inclusiva.

Isto e considerado uma tentativa de alargar o alcance do partido dominante as zonas rurais,
destinada a alargar relações patrono-cliente a essas áreas e a consolidar assim a base de poder do
partido dominante. Este processo e acompanhado pelo que foi designado ‘tendência’ para a
decentralização. Parece que a retorica de descentralização, politicamente vigorosa, ainda não e
totalmente acompanhada pela ‘descentralização da mentalidade’.

A fórmula do gradualismo, que articula o processo da devolução com o da desconcentração, e


comummente entendida como significando duas coisas. Em primeiro lugar, significa o aumento
do número de municípios, dando o estatuto formal de autarquias a frações de entidades locais do
estado, ou seja, as sedes de distritos, aldeias/povoações. Em segundo lugar, significa também
transferir para os municípios, sob certas condições, funções e recursos que atem ai pertenciam aos
OLE, ou seja, ao Estado.

POSSE
A posse é um acto solene que ocorre logo após a admissão do funcionário ou agente do Estado e
é conferida pelo dirigente competente para nomear ou por seu delegado com competência para tal,
na presença dos funcionários e demais agentes do Estado do sector, onde o empossando vai
desempenhar as suas funções.
Tomam posse os funcionários ou agentes do Estado nomeados e/ou contratados para uma
categoria/carreira ou os designados para, em comissão de serviço, exercerem funções de Direcção

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Chefia no aparelho de Estado. Com a posse o funcionário ou agente do Estado é investido de
direitos e deveres inerentes à sua categoria ou função (Artigos 14, 15 e 16 EGFAE).
A opção pelo ajuste-directo embora justificável, a luz do Decreto 5/2016 de 8 de Março, pode levar
à sobre-facturação no fornecimento de bens e serviços. Dados da auditoria feita às compras do
MISAU pela Info Suv East África em 2017 indicam que produtos adquiridos através de ajustes-
directos pelo sector público de saúde chegam a custar cerca de 90% mais caro em relação ao preço
de referência no mercado internacional16. Esta tendência pode aumentar no actual contexto de
crise uma vez que os fornecedores, muitos dos quais em situação de recessão, procuram, a todo
custo, maximizar os seus lucros mesmo que para tal recorram a sobrefacturação. Assim, a
adjudicação de contratos por meio do ajuste-directo para permitir rápida aquisição dos bens e
serviços pode custar milhões aos cofres do Estado.

Preços altos nem sempre vêm acompanhados de boa qualidade nos bens e serviços adquiridos.
Numa contratação por ajuste-directo, os fornecedores não apenas tendem a aumentar os preços dos
bens e serviços, como também não têm incentivos para cumprir com o padrão de qualidade exigido
nos bens e serviços a fornecer em razão da falta de concorrência17. Para além disso, a baixa
qualidade dos bens e serviços pode ser resultado da contratação de empresas sem a devida
qualificação, algo muito comum em contratações feitas sem concurso público.

Para além da especulação de preços na prestação de serviços, o ajuste-directo pode levar a


concentração ou monopolização de fornecedores em razão da falta de concorrência. Num contexto
em que o sector empresarial, incluindo do ramo farmacêutico, enfrenta uma crise sem precedentes,
é dever do Governo evitar que os contratos sejam adjudicados aos mesmos fornecedores e permitir
que diferentes empresas participem no fornecimento de bens e serviços para o sector público, tendo
em conta os benefícios potenciais que tal medida traria à economia.

A aplicação de um regime excepcional como o ajuste-directo na contratação de empreitadas de


obras públicas confere à autoridade competente um enorme poder de decisão na escolha dos
empreiteiros. Este cenário, associado a falta de transparência e enfraquecimento dos mecanismos
de controlo na função pública devido a pandemia, pode constituir oportunidade para a contratação
de empresas detidas quer por servidores públicos afectos ao Ministério das Obras Públicas,
Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH) quer por individualidades com alguma influência no
sector, ou por outros membros da elite política e governativa. A elite governativa em Moçambique

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é expert em adjudicar contratos a empresas recém-criadas, sem nenhuma experiência nem
garantias e muito menos documentos que confiram legitimidade para prestação de serviços e
fornecimentos de bens na função pública. Por exemplo, em Dezembro de 2019 foi adjudicada à
REVIMO, empresa criada em 2018 sem nenhuma experiência comprovada, o contrato para gestão
da Ponte Maputo-Katembe, Estrada Circular de Maputo e Estrada Nacional N625. Igualmente, em
2018 a empresa Luxoflex, detida pela filha do Presidente da República Claúdia Nyusi, ganhou
contratos para fornecimento de carteiras escolares para o Estado, num processo com fortes indícios
de conflito de interesse26. Considerando que, em ambos os casos, houve concurso público e
mesmo assim houve espaço para manipulação, com o ajuste-directo aumentam em grande medida
os riscos deste tipo de práticas na contratação de bens e serviços pelo Estado.

A descentralização não foi inicialmente impulsionada por uma agenda anti pobreza explicita,
privilegiando antes a reconfiguração e consolidação da administração do Estado e a melhoria da
prestação de serviços na situação do pós-guerra. A ligação explicita entre a descentralização e a
redução da pobreza apareceu muito mais tarde, numa altura em que o governo, apoiado pelos seus
Parceiros de Apoio Programático (PAP), concebeu e levou a prática o seu primeiro programa
de redução de pobreza, PARPA I, que vigorou entre 2001 e 2005. Como faltava ao processo de
descentralização uma estratégia explicita e publicamente evidente e, por conseguinte, um processo
de monitoria que lhe estivesse ligado, tem sido difícil não só avaliar sistematicamente os resultados
que a descentralização tem produzido ate agora, mas também o impacto que teve, ou não, na
redução dos níveis de pobreza. Assim, e de acordo com argumentos académicos sobre a pouca
adequação da descentralização a redução da pobreza (Manor, 1999), subsistem duvidas sobre ate
que ponto a alteração nos níveis de pobreza tem uma relação plausível ou causal com os progressos
da descentralização.
A aplicação de um regime excepcional na contratação de empreitadas e aquisição de bens e
serviços pelo Estado, embora justificável dado o contexto de emergência, representa um risco para
a corrupção e o uso indevido de fundos do erário público. Com o ajuste-directo, modalidade de
contratação aplicada no actual contexto, vêm sérios riscos de sobrefacturação, conflitos de
interesses ou tráfico de influências no procurement público.

Se as modificações causarem aumento ou diminuição no custo ou no tempo, será feito um ajuste


equitativo no preço do Contrato ou no prazo de entrega, ou em ambos.

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A Contratada fica obrigada a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou
supressões que se fizerem nas obras, bens ou serviços do valor inicial do Contrato.
Os preços dos serviços adicionais que não fazem parte do âmbito do contrato inicial devem ser
previamente acordados entre as partes (Contratante e Contratada), garantindo a manutenção dos
preços unitários do contrato original.

Caso não concorde com a modificação, tanto do custo como do tempo ou outro aspectos
relacionado com a modificação, a contratada pode reclamar dentro do prazo de 30 dias após
notificação.

A reclamação da Contratada contra qualquer ordem ou comunicação da Fiscalização é feita por


escrito, em duplicado e entregue à Fiscalização mediante recibo, no prazo de cinco (5) dias,
contado da data da recepção da ordem ou comunicação reclamada.

A Fiscalização notifica a Contratada da decisão sobre a sua reclamação no prazo de dez (10) dias,
se a decisão reclamada for da sua autoria e no prazo de quinze (15) dias, se a decisão reclamada
for de autoria da Entidade Contratante ou de outras entidades do Estado com poderes de
supervisão.

Havendo necessidade de proceder a testes ou ensaios laboratoriais, a Fiscalização informa a


Contratada do prazo necessário para se decidir a reclamação, justificando a prorrogação do prazo
referido no número anterior. A reclamação é considerada procedente se não for decidida no prazo
estabelecido. Em caso de emergência ou de urgência, a Fiscalização pode determinar o
cumprimento obrigatório da ordem ou da comunicação, independentemente da resposta à sua
reclamação.

Em caso do cumprimento obrigatório da ordem ou da comunicação reclamada, nos termos do


número anterior, a Contratada é indemnizada de prejuízos e encargos adicionais, se houver uma
decisão favorável sobre a sua reclamação. Das decisões da Fiscalização proferidas sobre
reclamações da Contratada cabe sempre recurso para a Entidade Contratante.

A Contratada é indemnizada de prejuízos e encargos adicionais, se houver uma decisão favorável


sobre o seu recurso.

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Pela Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro, foi aprovado o Sistema de administração Financeira do
Estado (SISTAFE), que estabelece e harmoniza as regras de programação, gestão, execução,
controlo e avaliação dos recursos financeiros do Estado. Neste contexto, o Governo de
Moçambique iniciou o processo de elaboração de um novo regulamento de contratações públicas,
onde participaram órgãos e instituições do Estado, sector privado, através da Confederação das
Associações Económicas de Moçambique-CTA e parceiros de cooperação (UFSA, 2014).
O mesmo autor frisa que em 2005, o Governo de Moçambique, aprovou o Decreto nº 54/2005, de
13 de Dezembro, que estabelece o Regime Jurídico de Contratação de Empreitadas de Obras
Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, resultado do trabalho de
harmonização e consenso entre o Sector Público, Privado e Parceiros, com vista a responder aos
desafios do desenvolvimento económico e social do país, bem como a concorrência no mercado
externo e fiabilidade dos mecanismos de transparência.

Em 2010 o Governo de Moçambique introduziu nova legislação, (Decreto 15/2010 de 24 de Maio),


para regulamentar a contratação de obras públicas e o fornecimento de bens e prestação de serviços
ao Estado. Este regulamento foi introduzido com a intenção de actualizar o Decreto 54/2005 que
por seu turno foi criado para optimizar os procedimentos que anteriormente tinham sido objecto
de várias disposições legais, por vezes sobrepostos, e de harmonizar as aquisições públicas com as
normas e padrões internacionais, e centraliza contratação nos Ministérios das Finanças e das Obras
Públicas

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Conclusão

A descentralização em Moçambique percorreu um longo e sinuoso caminho desde que o primeiro


projecto de lei, a Lei 3/94, saiu do processo de paz de Roma e do acordo político das elites políticas
no poder que dele resultou. Percorreu este caminho sem muita estratégia, no sentido de ter uma
política definida explicita e uma hierarquia de objectivos e metas estratégicos e operacionais, um
calendário e instrumentos para medir o progresso (por exemplo, no sentido de uma base de dados
e instrumentos de monitoria). A principal forca motriz do processo e da definição das suas formas
e conteúdos são considerações claramente políticas do partido no poder, localizado no centro, mas
praticamente nunca as partes interessadas locais.

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Bibliografia

Constituição da Republica de Moçambique. 2004; 1990; & 1975.


Lei n.º 8/2003, Boletim da República, I Série n.º 3 de 19 de Maio, (estabelece princípios e normas
de organização, competências e de funcionamento dos órgãos locais do Estado nos escalões de
Província, Distrito, Posto Administrativo e de Localidades).
Lei 11/97, Boletim da República. I Série, n.º 22, de 31 de Maio, (estabelece o Regime Jurídico-
Legal das Finanças e do Patrimônio das Autarquias).
Lei 2/97 de 18 de Fevereiro, (cria o quadro jurídico para a implementação das Autarquias locais).
Lei n.º 3/94, Boletim da República, I Série n.º 3 de 13 de Setembro, (Lei dos Distritos Municipais).
Decreto-lei n˚ 6/75, de 18 de Janeiro (estabelece a nova divisão administrativa de Moçambique).
Decreto n.º 11/2005, Boletim da República, I Série n.º 23 de 10 de Junho (aprova o Regulamento
da Lei dos Órgãos Locais do Estado).
Diploma Ministerial n.º 67/2009, de 17 de abril (aprova o guião sobre a organização e
funcionamento dos órgãos locais) entre o MAE e MPD.
Resolução n˚ 40/2012, de 20 de Dezembro, (Política nacional de descentralização e a respetiva
estratégia de implementação denominada - Política e Estratégia de Descentralização).

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