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CONTRATOS PÚBLICOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL (DIREITO

ADMINISTRATIVO)

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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SUMÁRIO

CONTRATOS PÚBLICOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL (DIREITO ADMINISTRATIVO)1


1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4
2. PERMISSIVO LEGAL DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO DE OBRAS DE
ENGENHARIA - LEI FEDERAL 8666 DE 1993 ........................................................... 8
2.1 Desenvolvimento histórico da lei de licitação ........................................... 8
2.2 Princípios da Lei 8666/93........................................................................... 10
2.3 Análise da seção III - das obras e serviços .............................................. 12
2.4 Modalidades de licitação ........................................................................... 14
2.5 Modelos de seleção ....................................................................................... 15
3. DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS DE
LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS ......................................................................... 18
3.1 Análise do edital ......................................................................................... 20
3.2 Análise do orçamento do órgão licitante ................................................. 21
3.3 Elaboração das propostas ........................................................................ 22
3.4 Propostas de preço .................................................................................... 23
3.5 Propostas técnicas .................................................................................... 26
3.6 Conclusão da proposta ............................................................................. 27
4. MÉTODOS PARA OTIMIZAÇÃO DO MODELO PADRÃO ................................. 29
5. PROCEDIMENTOS FRAUDULENTOS NO PROCESSO DE LICITAÇÃO DE
OBRAS PÚBLICAS ................................................................................................... 31
5.1 Crimes e penas previstas na lei 8.666/93 ................................................. 31
6. TIPOS DE FRAUDES E O PROCEDIMENTO PARA CORRIGI-LAS ................. 33
7. APLICAÇÃO NÃO UNIFORME DO BDI ............................................................. 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37

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1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento do Brasil está diretamente relacionado com o investimento
nas obras públicas, tais como obras de infraestrutura de estradas, barragens,
aeroportos, hidrelétricas, dentre outras.

A concessão dessas obras para empresas de engenharia dá-se pelo processo


de licitação pública.

Essas empresas, que trabalham nesse ramo da construção civil, carecem que
engenheiros organizem as propostas técnicas e de preço competitivas para que
possam fechar contratos com a Administração Pública tendo o direito de realizar essas
obras.

As licitações são imprescindíveis para a contratação das obras públicas, pois é


o processo legal que permite ao governo escolher a melhor proposta.

As empresas construtoras habilitadas devem proporcionar a esperada


qualidade das obras contratadas, portanto as licitações são muito importantes no
processo de desenvolvimento do país.

A licitação também traz como benefício, além de almejar o preço mais


vantajoso para a Administração Pública, a possibilidade da escolha da proposta que
mais se enquadre aos anseios do órgão público em termos de qualidade da prestação
do serviço.

Outro benefício que este procedimento proporciona é a igualdade de condições


entre os fornecedores concorrentes, obedecendo, assim, ao princípio da igualdade na
concorrência.

O processo licitatório pode ser definido como sendo o procedimento


administrativo no qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa
para o contrato de seu interesse.

Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de


atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual
oportunidades a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade
nos negócios administrativos (MEIRELLES, 2007).

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O Governo Federal tornou obrigatório o uso do processo licitatório para a
contratação de serviços a serem prestados para a Administração Pública com a
aprovação da Lei Federal nº 8.666 (ver no Anexo A), datada de 21 de junho de 1993,
que regulamentou o Artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal de 1988 e instituiu
as normas para licitações e contratos administrativos.

Essa lei expõe a obrigatoriedade da Administração Pública de utilizar o


procedimento licitatório: “As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras,
alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação,
ressalvadas as hipóteses previstas em Lei” (PAIVA, 2010).

A Lei 8666 (1993) esclarece a existência de diversas modalidades de


licitações, como a concorrência, a tomada de preço, a carta convite, dentre outras.

Cumpre salientar, ainda, que é reduzido o número de trabalhos científicos que


abordam estas modalidades, pois, embora existam muitas empresas que trabalham
nesse ramo da engenharia, não há muitas pessoas que estudam as referidas
modalidades.

Portanto as empresas de engenharia, que estão nesse mercado e as que


pretendem ingressar no mesmo, devem possuir um conhecimento avançado da Lei
8.666 (1993) de forma a evitar percalços que possam aparecer do desenvolvimento
das propostas.

Além da referida lei, o procedimento de realização de obras públicas envolve


diversas outras normas que devem ser abordadas para melhor entendimento do
processo de uma licitação.

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Para desenvolver uma proposta para o processo de licitação, as empresas de
engenharia precisam de engenheiros capacitados e experientes para a realização de
propostas competitivas, que sejam vantajosas tanto para a empresa quanto para a
Administração Pública.

Essas propostas não deverão ser economicamente inviáveis, pois podem


provocar um desperdício de tempo e dinheiro para as duas partes, se o preço for muito
abaixo do mercado, ou causar um grande desperdício de dinheiro público, se a
proposta estiver um custo elevado.

Sabendo que o Brasil passa por um período de desenvolvimento, tendo em


vista principalmente a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, o Governo
Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), passou a investir
cada vez mais nas obras públicas, que deverão ser contratadas por meio de licitações.

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Logo, um trabalho sobre o assunto torna-se justificável para que as empresas
de engenharia possam ingressar nesse mercado que se encontra em ascensão.

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2. PERMISSIVO LEGAL DAS MODALIDADES DE LICITAÇÃO DE OBRAS
DE ENGENHARIA - LEI FEDERAL 8666 DE 1993
Para realizar uma proposta de licitação, as empresas de engenharia devem,
primeiramente, estudar o permissivo legal brasileiro que fala da obrigatoriedade do
uso de licitações, sabendo analisá-lo a fim de que a empresa entenda sobre as
obrigações legais para concorrer a uma obra pública.

Antes de estudarmos a Lei Federal 8.666 de 1993 que dispões sobre as


diretrizes para a realização de uma licitação pública, devemos conceituar licitação
para melhor entendermos os procedimentos que serão abordados a seguir.

Licitação não é diferente de um contrato formal, com as vontades expressas


por duas ou mais partes, tendo a finalidade de regulamentar uma atividade qualquer
que, nesse caso, é a construção de obras públicas.

A licitação é um processo de seleção mediante o qual uma entidade qualquer


que pode delegar atribuições a um gerenciador, ou proprietário, coloca em oferta a
realização de uma obra, a prestação de um serviço (elaboração de um projeto de
engenharia) ou o fornecimento de um bem de tipo especial ou equipamentos de
construção civil ou de processo (LIMMER, 2008).

Como a licitação pode ser de caráter público ou privado, as condições das


licitações de caráter privado são estabelecidas de forma livre, de acordos com os
interesses do contratante, de forma que não infrinjam as leis que regem o comércio;
enquanto que as licitações de caráter público devem seguir as diretrizes da lei a ser
estudada posteriormente.

2.1 Desenvolvimento histórico da lei de licitação

A realização de licitação deu-se início com a Constituição Federal de 1988 que


estabelece que todos os órgãos pertencentes à Administração Pública, direta e
indireta, devem contratar por meio de processo licitatório, conforme o inciso XXI de
seu artigo 37, in verbis:

Art. 37o. XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,


serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação

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pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Por meio deste dispositivo, pode-se conceituar licitação como sendo o


procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a
proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse.

Como procedimento, desenvolve-se através de uma sucessão ordenada de


atos vinculantes para a Administração e para os licitantes, o que propicia igual
oportunidade a todos os interessados e atua como fator de eficiência e moralidade
nos negócios administrativos (PAIVA, 2010).

Dito isso, pode-se depreender que o dispositivo constitucional trouxe como


principal inovação, em relação às licitações, a obrigatoriedade da Administração
Pública, direta e indireta, licitar, elevando a licitação ao status de princípio
constitucional, prevendo o que deve ser respeitado no procedimento licitatório e
necessitando, obviamente, de regulamentação posterior.

Com isso, foi aprovada, no dia 21 de junho de 1993, a Lei Federal 8.666/93,
como forma de regulamentar o inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal de
1988, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública.

A mesma torna obrigatória a contratação por meio de licitação para a execução


de obras e serviços de engenharia, de serviços técnicos de profissionais
especializados e de alienações de bens da Administração Pública.

Portanto, entende-se que a lei nacional determinou que a Administração


Pública, diferentemente das pessoas jurídicas de Direito Privado, para contratar obras,
serviços e compras de bens, deve, salvo os casos expressos em lei, submeter-se a
procedimento licitatório com o intuito de promover a ampla concorrência e, com isso,
alcançar preços mais vantajosos.

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2.2 Princípios da Lei 8666/93

Todas as formas de contratar e realizar uma licitação não poderão transgredir,


sendo válido ressaltar que todas as citadas modalidades, inclusive o pregão,
obedecem a princípios que regem essa lei.

Esses princípios inerentes à licitação pública estão relacionados no artigo 3º da


Lei 8.666/93, in verbis:

Art. 3º. A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional


da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para Administração e será
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento
objetivo e dos que lhe são correlatos. Isto posto, e com o intuito de explicar melhor os
conceitos adotados nos editais de licitação, Paiva (2010) analisou cada um desses
princípios:

a) Igualdade: visa assegurar igualdade de direitos entre os interessados em


contratar com a Administração Pública e, ainda, permitir à Administração a
escolha da melhor proposta.

Está expresso no inciso XXI do artigo 37 da Constituição Federal. Analisando


o §1º, inciso I, do artigo 3º da Lei 8.666, pode-se notar que está implícito outro princípio
da licitação, que é o da competitividade decorrente do princípio da isonomia:

Art. 3º, §1º É vedado aos agentes públicos:

I - Admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou


condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo [...].
Note-se que, neste dispositivo, a lei veda a restrição de competição, ou seja, pelo
princípio da competitividade todos devem ter a chance de participar da licitação, não
podendo haver nenhuma cláusula que imponha condições à elegibilidade do licitante.

b) Impessoalidade: segundo este princípio, a Administração Pública, em suas


decisões, deve pautar-se por critérios, sem levar em consideração as condições
pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas.

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c) Moralidade: Exige da Administração comportamento não apenas lícito, mas
também consoante com a moral, os bons costumes, as regras de boa administração.

d) Probidade: Intimamente ligado ao princípio da moralidade, mas difere deste


pois possui um sentido subjetivo, ou seja, enquanto a moralidade diz respeito à
“instituição”, a probidade está relacionada com os servidores públicos, podendo estes
serem punidos por atos de improbidade administrativa.

e) Vinculação ao instrumento convocatório: É a vinculação ao edital de licitação,


ou seja, segundo a Lei 8.666/93, o edital é a lei entre as partes e, com isso, tanto a
Administração Pública como os licitantes deverão obedecer ao que está regido em
suas cláusulas.

f) Julgamento objetivo: Assemelha-se ao princípio da vinculação ao instrumento


convocatório, pois significa que as propostas devem ser julgadas de acordo com os
critérios dos editais.

g) Publicidade: Diz respeito à divulgação do procedimento para conhecimento


de todos os interessados, e dos atos da Administração praticados nas várias fases do
procedimento, que podem e devem ser abertas aos interessados, para assegurar a
todos a possibilidade de fiscalizar sua legalidade.

Portanto, a publicidade da licitação abrange a divulgação do aviso de sua


abertura, o conhecimento do edital e de todos os seus anexos, o exame da
documentação e da proposta pelos interessados após abertas e o fornecimento de
certidões ou de quaisquer peças, pareceres e decisões relacionadas com o processo,
desde que solicitados formalmente e por quem tenha legitimidade para pedi-los.

h) Legalidade: Reza que o procedimento esteja inteiramente vinculado à lei, ou


seja, todas as suas fases estejam regulamentadas em lei e, por isso, o processo
licitatório deve obedecer às normas da mesma.

O princípio em comento está regulamentado no Artigo 4º da Lei 8.666: Art. 4º.

Todos quantos participem de licitação promovida pelos órgãos ou entidades a


que se refere o art. 1º têm direito público subjetivo à fiel observância do pertinente
procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão acompanhar o seu
desenvolvimento, desde que não interfira de modo a perturbar ou impedir a realização
dos trabalhos.

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Deste modo, a Lei 8.666/93, através do princípio da legalidade, proíbe a
utilização de procedimentos que não obedeçam às suas normas.

Por outro lado, a mesma lei em seu artigo 42, §5º, com a finalidade de viabilizar
acordos com organismos internacionais, admite a possibilidade do afastamento de
algumas de suas normas.

2.3 Análise da seção III - das obras e serviços

Na seção III da referida lei, pode-se observar todas as especificações que os


editais de obras públicas devem constar para que possa ser realizado uma licitação.

No artigo 7o, que consta nessa seção, define o seguimento que deve ser
obedecido para as licitações de obras e serviços, sendo este:

Art. 7o. As licitações para a execução de obras e para a prestação de serviços


obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte sequência:

I - Projeto básico;

II - Projeto executivo;

III - execução das obras e serviços.

Cada etapa só poderá ser realizada após a conclusão e aprovação das etapas
precedentes, quando houver, pelas autoridades competentes.

Nesse artigo também determina os itens obrigatórios para que uma obra ou
serviço possam ser licitados.

É determinado que uma obra ou serviços, primeiramente, deve possuir um


projeto básico, no qual o projeto executivo faz parte, aprovado e disponível para
análise dos concorrentes a licitação em questão.

É indispensável que a obra ou serviço possua um orçamento detalhando, com


todos as composições de custo e o custo unitário de todos os itens do orçamento,
sendo o mesmo como denominado, no mercado, como sendo o preço do órgão.

E a obra ou serviço já deve ter previsão de recursos que assegurem o


pagamento das mesmas de acordo com o cronograma.

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Esta mesma seção determina quais pessoas poderão participar ou não da
licitação ou execução da obra.

É estritamente proibida a participação direta ou indireta de pessoas que


estejam ligadas ao autor do projeto básico, podendo este ser uma empresa, pessoa
física ou jurídica, ou de servidores e dirigentes do órgão contratante ou responsável
pela licitação.

Todavia, o autor do projeto básico pode participar da execução da obra como


consultor técnico ou realizando a fiscalização da mesma.

Ainda na seção III da Lei 8.666/93, constam os regimes em que as obras


poderão ser executadas, que podem ser por execução direta ou indireta.

A execução direta de uma obra pública é quando a obra deverá ser executada
pelos órgãos e entidades da Administração Pública.

A execução indireta de uma obra pública é quando o órgão ou entidade contrata


outras empresas, também chamadas de terceiros, por meio da licitação, para esta
tarefa.

Essa contratação pode ser realizada por diversos regimes, dentre eles tem-se
pelo regime da empreitada por preço global, que é quando se contrata a execução da
obra com um preço total.

Outro regime passível de contratação é pela empreitada por preço unitário, que
é determinado pela execução da obra com preço certo de unidades determinadas.
Pode-se contratar pelo regime de tarefa, que se ajusta a mão-de-obra para pequenos
trabalhos, com ou sem fornecimento de materiais.

E, o regime mais utilizado nas licitações de obras públicas, e a contratação pelo


regime de empreitada integral, que é quando se contrata para a execução de uma
obra em sua totalidade, compreendendo todas as etapas das obras, sobre inteira
responsabilidade da contratada até a entrega da obra.

Nessa seção também define que os projetos básicos e executivos de obras


devem ser realizados considerando os requisitos de segurança, funcionalidade,
economia, possibilidade de surgimento de empregos, da facilidade da execução,
adoção das normas técnicas, e a diminuição do impacto ambiental.

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Essas são as diretrizes que deverão ser adotadas para execução dos projetos.

2.4 Modalidades de licitação

A lei 8666/93 tem diversas modalidades de licitações de obras especificadas,


tendo cada uma as suas particularidades.

Sendo o que artigo 22, dispõe o seguinte: Art. 22o.

São modalidades de licitação:

I - Concorrência;

II - Tomada de preços;

III - convite;

IV - Concurso;

V - Leilão.

Essas são algumas das modalidades de licitação que podem ser utilizadas pela
Administração Pública. Sendo a concorrência, a tomada de preços, o convite, e o
pregão as modalidades mais utilizadas para licitações de obras públicas e serviços de
engenharia.

Na licitação por concorrência a empresa de engenharia só poderá participar da


licitação se a mesma cumprir com os requisitos mínimos estabelecidos pelo respectivo
edital.

Na licitação por tomada de preço pede-se que as empresas de engenharia


estejam cadastradas e atendam às condições exigidas até o terceiro dia anterior a
data de recebimento das propostas.

E na modalidade por convite, também denominada de carta convite, devendo


ser convidadas pelo menos três empresas do ramo pela Administração Pública,
podendo outras empresas participar dessas concorrências.

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Essa modalidade permite a administração restringir a concorrência a empresas
conhecidas, com um conhecimento de mercado, que tragam confiança que a obra
será executada no prazo estabelecido e com a qualidade solicitada.

Além dessas modalidades previstas, ao longo do tempo verificou-se a


necessidade da criação de uma modalidade que auxiliasse na desburocratização do
procedimento empregado pelas modalidades expressas na Lei 8.666/93.

Com isso, em 04 de maio de 2000, foi editada a Medida Provisória nº 2.026,


instituindo o pregão em nosso ordenamento.

Vale ressaltar que, segundo o referido diploma legal, apenas a União poderia
utilizar a nova modalidade.

À época surgiram diversas críticas quanto à criação de uma nova categoria de


licitação através de uma Medida Provisória, visto que a Lei 8.666/93 é uma lei federal
e a Medida Provisória alterava a referida lei que trazia expressamente as modalidades
permitidas em nosso ordenamento (PAIVA, 2010).

Com isso, dada a grande eficácia do pregão, em 17 de julho de 2002, foi editada
a Lei nº 10.520 que, além de acabar com as discussões sobre a constitucionalidade
do pregão, que só pode ser utilizado para licitações de serviços de engenharia,
expandiu o uso da modalidade para os Estados e Municípios.

Cada modalidade de licitação poderá selecionar e contratar através de diversos


modelos, os quais serão melhor esclarecidos a seguir.

2.5 Modelos de seleção

A lei de licitação também especifica as formas de seleção possíveis para que a


Administração Pública aja de forma indiferente frente às empresas para escolha da
proposta.

Os tipos de seleção das licitações são quatro: menor preço, melhor técnica,
técnica e preço e maior lance ou oferta. Inicialmente, a lei previa que sempre a
proposta que tivesse o menor preço ganhasse a concorrência.

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Esse ato gerou uma série de problemas para a Administração Pública, em que
empresas passaram a aplicar preços muito a baixo do mercado, chegando a realizar
as obras com má qualidade, e por vezes deixavam-nas paradas por ultrapassarem o
orçamento, forçando a Administração Pública a gastar mais recursos do que o previsto
anteriormente para a melhoria e finalização dessas obras.

Essa falha foi notada por Tisaka (2006, p. 346) que teve a seguinte análise: "A
consequência maior são as distorções que ocorrem com os baixos níveis de qualidade
dos fornecimentos de toda a natureza, serviços e obras não conformes com as
exigências das normas técnicas, alto índice de inadimplência, obras e serviços
paralisados por inviabilidade econômica, prazos dilatados sem previsão de conclusão
como existem aos milhares neste país."

Assim, o Governo Federal sancionou algumas mudanças na lei, acrescentando


os critérios cabíveis de seleção pela Administração Pública. Esse novo critério passou
a ser denominado de "critério técnico" pelos engenheiros que trabalham na área.

Esses critérios formalizaram as possibilidades dos editais pedirem propostas


técnicas para as obras a serem concorridas.

Essas propostas passaram então a servir de critério de seleção, onde critério


que deverá possuir o maior peso deverá ser declarado no edital.

Porém, o critério do menor preço continua sendo o critério com maior peso na
questão política, que procura sempre o que será mais vantajoso para os cofres
públicos, sendo esse o princípio da economicidade.

Essa mudança ocorreu em 1994 sendo relacionada pelo artigo 46o da Lei
8666/93, in verbis:

Art. 46o. Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão


utilizados exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual,
em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a
elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos,
ressalvado o disposto no § 4o do artigo anterior.

Ainda esse artigo determina como a comissão de licitação realizará o processo


de julgamento das propostas.

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A licitação de melhor técnica deve avaliar e classificar, primeiramente, as
propostas técnicas de acordo com os critérios adequados à obra em concorrência que
considerem a experiência, qualidade técnica da proposta, metodologia, tecnologia e a
qualificação da mão-de-obra a ser utilizada. Todos esses critérios deveram ser
definidos com clareza e objetividade no edital da licitação.

Após a classificação das propostas técnicas eliminando as que não atingiram o


limite mínimo estabelecido no edital, será iniciado a abertura das propostas de preço,
obedecendo a ordem estabelecida pelas propostas técnicas, sendo que elas não
ultrapassem o limite mínimo de referência.

Esse limite será estabelecido conforme indica o § 1o do inciso II do artigo 48o:


§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se
manifestamente inexequíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e
serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta
por cento) do menor dos seguintes valores:

a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinquenta por
cento) do valor orçado pela administração, ou

b) valor orçado pela administração.

Nas licitações do tipo técnica e preço, deverá ser realizado a avaliação e


valorização das propostas de preço, de acordo com os critérios pré-estabelecidos no
edital, e, juntamente com a pontuação das propostas técnicas, será estabelecido uma
nova classificação das propostas, sendo a vencedora a que obtiver maior pontuação.

Os pesos que serão admitidos para cálculo deverão constar no edital da


licitação.

Já o tipo maior lance ou oferta é utilizado nos leilões públicos. É o critério


aplicado quando o Poder Público quer vender algum bem ou outorgar a concessão de
um serviço.

A sistemática é bem similar à do menor preço, porém saindo vencedor quem


ofertar o maior valor (MATTOS, 2006).

Assim, podemos dizer que ainda faltam alguns ajustes na lei para que o poder
público brasileiro favoreça não só o preço mais atraente, mas também a proposta

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técnica que melhor se adapte as necessidades da obra, trazendo assim uma melhor
qualidade para as obras no Brasil.

3. DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROPOSTAS DE


LICITAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS

Com os dados obtidos pelas técnicas já explanadas no primeiro capítulo dessa


monografia, foi elaborado, em conjunto com quatro engenheiros mais experientes da
empresa pesquisada, uma diretriz para a elaboração de propostas de licitação.

Essa diretriz será dividida em três etapas: análise do edital, adequando-se as


condições exigidas; elaboração e classificação das diversas propostas; revisão e
conclusão das propostas, sempre evitando uma desclassificação precoce da
empresa.

O processo licitatório pode ser divido em duas fases: interna e externa. A fase
interna é uma etapa mais administrativa que ocorre dentro do órgão contratante.

A fase externa, depois da publicação do edital da licitação, é onde as


construtoras concorrentes entram em cena.

A descrição destas fases pode ser visualizada na Figura 3.1 de Mattos (2006).

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Nessa Figura 3.1 – Fases de uma licitação nos órgãos licitantes (Fonte:
adaptado de MATTOS, 2006).

Mattos (2006) exemplificou as etapas que estão presentes nas duas fases de
uma licitação dentro do órgão licitante.

Nela se descreve, de maneira sequencial, o passo a passo que deve ser


seguido nos órgãos contratantes no processo de licitação.

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A fase externa é onde vai começar o trabalho nas empresas de engenharia.

As etapas que elas deverão seguir para elaboração da proposta será abordado
a seguir, iniciando-se com a análise dos editais.

3.1 Análise do edital

Para a elaboração de uma proposta de licitação competitiva necessita-se,


incondicionalmente, de uma análise detalhada do edital de licitação.

Essa análise se inicia com o convite do órgão contratante as empresas de


engenharias interessadas, ou a busca das mesmas pelas informações necessárias
para concorrer a licitação, isso dependerá de qual modelo de licitação será utilizado.

Em seguida, a empresas deverão estuda, minuciosamente, cada item do edital


e começar a reunir os documentos necessários para participar da concorrência.

Os editais deverão exigir uma habilitação jurídica, qualificação técnica,


qualificação econômico financeira e a regularidade fiscal da empresa ou consórcio
que desejar participar da concorrência.

A habilitação jurídica de uma empresa consiste na documentação básica


contendo o registro comercial, no caso de uma empresa individual, o contrato social,
se tratando de uma empresa com sociedade comercial ou, seguido de uma
documentação de eleição dos administrados, no caso de uma sociedade por ações.

Os documentos que podem ser necessárias para à qualificação técnica das


empresas de engenharia se resumem na inscrição no CREA, os responsáveis
técnicos das construtoras, e o acervo técnico necessário para comprovação da
competência exigida para executar com qualidade o tipo de obra em questão.

Em alguns editais, é exigido todo o acervo técnico da empresa, acompanhado


do tempo de mercado da empresa, com isso o órgão público terá uma maior
segurança e confiança nessa empresa, evitando, possíveis, futuros prejuízos.

A qualificação econômico-financeira sãos os documentos que comprovam a


boa situação econômico-financeira das empresas de engenharia, de forma que o

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órgão licitante tenha garantias de que a obra ou serviço não seja interrompido durante
o contrato firmado.

Os documentos que podem ser exigidos no edital que qualificarão a empresa


serão: o balanço patrimonial e as demonstrações contábeis do último exercício fiscal,
e a certidão negativa de falência da empresa, um capital mínimo ou valor do
patrimônio líquido de pelo menos 10% (dez por cento) da obra em licitação.

A regularidade fiscal da empresa deve estar em perfeitas condições, não


podendo a empresa apresentar alguma irregularidade na receita federal, ou dever aos
funcionários, ao fundo de garantia por tempo de serviços (FGTS), dentre outros
impostos.

Entretanto, as empreses tem até dois dias úteis para regularizar esses
documentos. Vale ressaltar que no caso de grandes obras públicas com valores
econômicos e técnicos elevados, as empresas buscam no consórcio alternativas para
se qualificarem nos padrões exigidos nos editais.

O consórcio entre empresas de engenharia pode ser definido como sendo uma
sociedade de uma ou mais construtoras, sem que as mesmas percam suas
características jurídicas, para obter as qualificações necessárias para exigidas pelos
editais.

Tendo as empresas consorciadas as obrigações previstas no respectivo


contrato (MOREIRA, 2005). Toda essa documentação deve ser exigida em cada
edital.

É extremamente importante que as empresas de engenharia que almejam


concorrer a uma licitação de obra pública atentem para o fato que as mesmas estão
passíveis de desclassificação em caso de alguma pendência administrativas, técnicas
ou com os órgãos fiscais.

3.2 Análise do orçamento do órgão licitante

Em paralelo à preparação da documentação exigida no edital, a empresa de


engenharia deverá estudar o orçamento anexado ao edital enviado pelo órgão. Esse
orçamento deverá ter sido calculado realizando um levantamento quantitativo de todos

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os serviços a serem realizados na obra em concorrência, através dos projetos
executivos e detalhados de engenharia, onde serão multiplicados por cada custo
unitário do órgão (custo que o órgão tem para realização de determinadas tarefas),
determinando assim o orçamento proposto pelo órgão, ou preço do órgão.

Esse valor servirá de base para elaboração da proposta de preço, dando


informações importantes como o quantitativo, que, na ausência do mesmo, a
elaboração de um orçamento detalhado fica inviável, como o preço do órgão, que
servirá de teto máximo que a proposta da empresa deve chegar para concorrer na
licitação de forma competitiva.

Nessa etapa da elaboração também serão avaliados todos os possíveis erros


ou dúvidas encontradas na análise do edital e do orçamento para a formulação da
pergunta ao órgão licitante.

A pergunta ao órgão consiste em uma forma de eliminar todas as dúvidas que


a empresa tem do edital e de alertar o órgão licitante por possíveis erros nele
existentes.

A mesma deverá ser elaborada de forma clara, e objetiva, tendo em vista que
cada empresa ou consórcio concorrente tem um prazo máximo e uma quantidade pré-
determinada de solicitações para realizar.

3.3 Elaboração das propostas

A próxima etapa a ser realizada é a elaboração das propostas, que consiste na


etapa mais importante do processo para concorrer a licitação.

Esta etapa é o desenvolvimento do trabalho, em que, após um estudo


detalhado do edital, será elaborada a proposta das empresas para execução da obra
em concorrência.

Na licitação de obra pública, os editais podem requerer dois tipos de propostas,


a proposta de preço e a proposta técnica, onde, nos mesmos, deverão constar quais
propostas serão exigidas para concorrer à obra em licitação.

22
Logo, esta etapa foi subdividida em duas sub-etapas: elaboração das propostas
de preço e elaboração das propostas técnicas.

3.4 Propostas de preço

Uma proposta de preço é o orçamento detalhado no qual a empresa/consórcio


de engenharia está disposta a executar a obra em licitação.

Nesse orçamento deve conter o custo unitário de cada serviço repassado pelo
órgão no seu quantitativo, deve ainda constar o cálculo de todas as composições
unitárias para cada serviço especificado no quantitativo disponível no edital, devendo
esse custo unitário ser sempre menor do que o valor especificado pelo órgão, seguido
do valor dos benefícios e despesas indiretas (BDI) adotados pela empresa e com
todas as composições de custo.

O passo inicial para a elaboração de uma proposta de preço é o cálculo do


preço unitário para cada serviço no quantificado no orçamento.

O preço unitário, ou custo unitário, de um serviço, é o custo em reais para


executar uma unidade (preestabelecida), que pode variar em unidade, metros
quadrados, dentre outras, de um item do quantitativo.

Para cada preço unitário, foi realizada uma composição de custo, na qual
podemos encontrar todos os fatores que contribuíram para determinado preço
unitário.

Nas composições de custo podemos visualizar o quanto de insumos, mão-de-


obra, equipamentos, serviços, e encargos sociais foram utilizadas para calcular o valor
do preço unitário.

O preço unitário é calculado a partir da produtividade da empresa para realizar


o determinado serviço.

Tendo a produtividade de execução do serviço, tira-se os valores do coeficiente


de cada item da composição dividindo o tempo total gasto pela unidade total
executado.

Multiplicando pelo preço unitário desses itens, o somatório desses preços com
o acréscimo dos encargos sociais resultará no custo unitário da composição.

23
O valor dos benefícios e despesas indiretas (BDI) deverá ser acrescido no valor
final do orçamento.

Vale ressaltar que os quantitativos e preços unitários presentes na planilha


orçamentária podem variar consideravelmente em função dos critérios de medição e
pagamento dos serviços.

O custo unitário é o item que determinará o preço final da proposta. Assim, esse
cálculo deverá ser realizado com a total atenção do engenheiro responsável de forma
a evitar prejuízos futuros.

O demonstrativo contento todas as composições de custo deverá ser anexado


a proposta de preço se for exigido pelo edital.

As composições devem ser uniformes, na formatação especificada pelo edital


e estar em ordem crescente.

A ausência ou erro em uma composição poderá desclassificar a


empresas/consórcio concorrente.

O cálculo inicial dos preços unitários irá ser representado com orçamento
preliminar, onde o mesmo deverá ser comparado com o orçamento do órgão licitante
para uma primeira análise.

A partir desse comparativo a empresa concorrente poderá utilizar algumas


técnicas para estudar esses orçamentos e melhorar a sua proposta de preço.

A técnica mais, comumente, utilizada é a técnica da curva ABC de serviços. A


curva ABC é definida a partir do levantamento quantitativo dos materiais de
construção e da mão-de-obra para a elaboração do orçamento e o seu relacionamento
com o custo unitário tem, em geral, como preocupação central o conhecimento de
uma estimativa de custos global.

No entanto esses dados podem ser trabalhados no sentido de fornecer


informações adicionais que auxiliem no gerenciamento do empreendimento. Uma
forma de obter mais informações é a construção de curvas ABC para materiais de
construção e mão-de obra.

24
A curva ABC é um importante instrumento de classificação de informações,
para que os itens de maior importância, que geralmente são em menor número, sejam
separados (POZZOBON, 2008).

No processo de elaboração de uma proposta de preço, a curva ABC de serviços


é importante, nela poderemos observar o peso que cada serviço está influenciando
no custo total.

Assim pode-se traçar um planejamento para realizar a diminuição do custo do


serviço que mais influenciará no custo total.

Esse planejamento passará por políticas de compras de materiais, busca de


fornecedores, estocagem, e evitar desperdício.

Como resultado de uma classificação ABC surgirão três classes: A classe A,


com alto valor de demanda, que representa de 10 a 20% do custo total da obra; a
classe B, com valor intermediário de demanda, que representa de 30 a 40% do custo
total da obra e; a classe C, com baixo valor de demanda, que representa 50% do custo
total da obra.

Apesar dessa configuração ser utilizada como padrão, não é regra rígida a
curva ABC ser composta por três classes, algumas empresas costumam criar mais
categorias ou modificar um pouco os percentuais (POZZOBON, 2008).

Para a conclusão do orçamento deve ser incluído o valor dos benefícios e


despesas indiretas.

O BDI é composto: pelo custo financeiro da obra, que são os gastos


relacionados ao custo do capital decorrente da necessidade de financiamento; o custo
da administração central, que é a proporção do custo da sede administrativa da
empresa; impostos, que são o ISS, PIS, COFINS, e de renda pessoa jurídica; seguros
e garantias, para resguardo de incidentes do empreendimento; riscos e imprevistos,
para cobrir eventuais incertezas, omissão de serviços, dentre outras; o lucro, sendo
este o valor que a empresa desejar; e os demais custos não incluídos no custo direto.

O orçamento finalizado e revisado, é chamado de orçamento detalhado. O


orçamento detalhado é aquele que, seguindo as diretrizes explanadas no edital, será
a proposta de preço que deverá ser apresentada pela empresa concorrente, tendo o
mesmo um custo final baixo, exequível, e competitivo para a obra a ser licitada.

25
3.5 Propostas técnicas

Alguns editais também especificam a necessidade de uma proposta técnica


para a obra. Essa é encontrado em diversos tipos de obras como estádios, barragens,
estradas, hidrelétricas, entre outras.

Essa proposta consiste em especificar uma solução técnica que será utilizada
pela empresa de engenharia para execução da obra. Além disso, tem-se um
cronograma de máquinas, de mão-de-obra, e soluções técnicas de engenharia para
que a obra seja executada no prazo estipulado pelo edital.

Para melhor elaboração desse tipo de proposta é necessário a subdivisão da


mesma em cinco etapas: o conhecimento do problema, planejamento executivo,
métodos construtivos, canteiro de obras e estrutura organizacional.

O conhecimento do problema consiste no detalhamento das condições locais


da obra.

Com o estudo de localização e acessos, características físicas e


socioeconômicas da região, a climatologia local e disponibilidade de recursos.

O planejamento executivo e o estudo completo de execução, com o


detalhamento de todas as frentes de trabalho no cronograma executivo da obra.

Esse planejamento pode ser abordado com o cronograma e com uma linha de
balanço de toda a obra, além de histogramas de alocação de recurso, mão-de-obra e
equipamentos.

A próxima etapa da elaboração da proposta técnica é a descrição dos métodos


construtivos que serão adotados.

Mostra-se as soluções técnicas para execução dos principais serviços da obra,


caracterizando os métodos de execução e os recursos empregados na realização de
cada atividade de construção.

Este é o ponto principal que será abordado e o diferencial das diversas


propostas concorrentes, sendo aconselhado a elaboração por engenheiros
experientes.

26
No projeto do canteiro de obras é realizado um planejamento complementar da
execução das obras, onde deverá fornecer um estudo detalhado da localização, apoio
logístico e layout das instalações de canteiro de obras. Sendo apresentado em plantas
e planilhas que justificarão a escolha técnica do mesmo.

O último passo para elaboração de uma proposta técnica competitiva é a


estrutura organizacional da obra. Essa estrutura é definida pelo organograma da obra
e a definição das principais funções, atribuições, e alocação dos profissionais de nível
gerencial.

É cabível acrescentar que esse modelo determina de uma forma geral as


propostas técnicas, sendo variável para diferentes tipos de obras. Por exemplo, no
caso de ampliações de estradas, temos nessa proposta a especificação e a logística
de máquinas a ser utilizadas na obra pela empresa.

Esse estudo é essencial para que a obra de licitação cumpra o prazo


preestabelecido pelo edital. Devido a inexperiência de alguns engenheiros em
elaborar esse tipo de proposta, muitas empresas contratam terceiros para a
elaboração das mesmas.

É uma forma eficaz, porém com um custo mais elevado do que elaborá-la
tradicionalmente.

3.6 Conclusão da proposta

Sabendo que o ser humano e a máquina, o computador, são passíveis de erro,


essa etapa não é essencial para a elaboração de uma proposta de licitação, mas é de
extrema importância e poderá evitar uma possível desclassificação da empresa ou
consórcio da licitação.

Sendo assim, antes de lacrar e enviar a proposta de licitação, a empresa de


engenharia deve mobilizar o pessoal para uma última conferência.

Esse trabalho começa com a conferência de todos os custos unitários do


orçamento, devendo esses estarem iguais aos que constam nas composições de
custo, além do correto preenchimento de todas as planilhas. Um problema comumente
encontrado nessa etapa de conclusão da proposta é causado pelas atualizações das

27
fórmulas das planilhas. Isso ocorre quando se realiza uma mudança de última hora
em algum custo unitário, e as planilhas totais de orçamento acabam não sendo
atualizadas.

Esse erro acarreta na eliminação da proposta. Para concluir, a proposta deve


seguir para o órgão contratante, na quantidade de vias exigidas no edital, todas elas
carimbadas e assinadas pelo representante legal da empresa/consórcio concorrente.

28
4. MÉTODOS PARA OTIMIZAÇÃO DO MODELO PADRÃO
As empresas que trabalham nesse ramo da engenharia precisam, muitas
vezes, realizar duas ou mais propostas simultâneas de obras públicas em processo
de licitação.

Portanto, essas empresas devem estar sempre investindo em novas


tecnologias e metodologias, bem como se atualizar com as alterações da lei e acordos
do Tribunais, com o intuito de otimizar todo o processo de preparação de propostas
para licitação.

Pensando em suprir essa necessidade diversas empresas desenvolvem


constantemente diversos softwares com a finalidade de fornecer ao mercado soluções
administrativas que garantam maior competitividade.

Dentre essas empresas, a TOTVS criou a linha RM no seguimento de


construção e projetos.

Na área de planejamento e orçamento, a TOTVS trabalha com o RM Solum.


Este programa é capaz de armazenar diversas planilhas de orçamentos diferentes.
Pode-se ainda organizar as propostas por órgão licitante, proporcionando uma maior
facilidade na hora de analisar os orçamentos do órgão para diferentes tipos de obras.

Assim, a empresa conseguirá direcionar os esforços para tornar a sua proposta


mais competitiva.

Esse programa centraliza todas as informações necessárias para realização da


proposta, cadastro do órgão (clientes), e composições de custos específicas para
cada localidade e cada órgão licitante da obra, proporciona total integração com o
Microsoft Office, disponibiliza diversas funções que aperfeiçoa o tempo para
elaboração das propostas, como a determinação da curva ABC.

Além de todas essas vantagens, esse programa também proporciona ao


operador uma visualização simultânea de dois ou mais orçamentos proporcionando
uma melhor análise dos mesmos, e a possibilidade de escolha em casos que forem
possíveis a elaboração de duas ou mais propostas de preço.

Outra metodologia que pode ser investida pelas empresas para a melhor
elaboração dessas propostas é a implantação dos conceitos do "lean office" que busca
uma melhor praticidade e organização na elaboração da proposta realizando um

29
mapeamento dos processamentos e desperdícios de tempo, organizando e
direcionando o trabalho que deverá ser feito, e, consequentemente, o processo de
elaboração das propostas será mais eficiente e eficaz.

Dentre os conceitos do lean office, destaca-se como o mais utilizado a


ferramenta do 5S, que projeta melhoria dos processos baseando nos cinco sensos:
senso de utilização, arrumação, limpeza, saúde e higiene, autodisciplina.

Apesar de simples, a aplicação desse conceito promove a redução do tempo


gasto com diversas atividades que não agregam valores.

Os conceitos de lean, ou enxuto, que foi iniciado com o sistema Toyota de


produção consiste em uma filosofia de gerenciamento de trabalho para atender os
clientes no menor tempo possível, na mais alta qualidade e com o menor custo
possível.

Sendo esse sistema conhecido como produção enxuta. Aplicando esses


conhecimentos no ambiente administrativo pode conseguir resultados diferenciados,
sendo eficazes e eficientes (TURATI, 2007).

Essas são algumas metodologias que já estão sendo utilizadas pelo mercado.
As empresas de engenharia, que desejarem ingressar nesse disputado mercado,
devem investir, não só nessas metodologias, mas também em outras que estão em
constante desenvolvimento.

Vale ressaltar que, para elaboração de uma proposta de licitação eficiente, é


impreterivelmente necessário a separação de tarefas por equipes especializadas e
capacitadas, para agilização das tarefas em paralelo, com a finalidade de elaborar
uma proposta competitiva para determinada obra em licitação.

30
5. PROCEDIMENTOS FRAUDULENTOS NO PROCESSO DE LICITAÇÃO
DE OBRAS PÚBLICAS
Diariamente vemos que o trabalho da justiça brasileira não se restringe aos
atos criminais comuns, mas também a desonestidade dos humanos.

Tendo conhecimento da situação atual da política brasileira, com constantes


episódios de corrupção nos diversos ramos da sociedade, é fácil imaginar que o
processo de licitação não passa impune deste tipo de crime.

São esses lamentáveis fatos que nos levam a acreditar que as diversas obras
públicas paradas em todo o Brasil são causadas pela a realização de processo de
licitação fraudulentos. Antes de adentrar no assunto polêmico, deve-se conceituar
frade.

No dicionário, os conceitos de fraudar e fraude são sucintamente descritos


como o agir com má-fé e astúcia para causar dano, respectivamente.

Logo, fraude no processo licitatório é toda a ação realizada pelas partes


interessadas com a finalidade de benefício próprio, prejudicando os demais
envolvidos.

Esse capítulo será subdividido em três tópicos: penas previstas na lei de


licitação 8.666/93, em que são abordados os crimes e penas cabíveis para pessoas
que fraudam licitações; tipos de fraudes que são aplicadas nas licitações;
desbalanceamento de planilhas, ou jogo de planilhas, que é a fraude mais comum no
processo licitatório.

5.1 Crimes e penas previstas na lei 8.666/93

A Lei n. 8.666/93 traz diversos dispositivos que visa conter as distintas formas
de se contravir os interesses protegidos à regularidade das licitações, especialmente
o interesse de se assegurar a igualdade de tratamento entre os interessados em
participar em processos licitatórios da Administração Pública.

O artigo 96 desta lei, vem regulamentar os resultados esperados pelas pessoas


que agem de má-fé no processo licitatório, sendo os mesmos, in verbis:

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Art. 96º. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licitação instaurada para
aquisição ou venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela decorrente:

I - Elevando arbitrariamente os preços;

II - Vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou


deteriorada;

III - entregando uma mercadoria por outra;

IV - Alterando substância, qualidade ou quantidade da mercadoria fornecida;

V - Tornando, por qualquer modo, injustamente, mais onerosa a proposta ou a


execução do contrato:

Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Assim, o disposto nesse artigo vem pautar limites objetivos às ações dos
licitantes e demais envolvidos na execução dos contratos, traçando balizas, definindo
condutas, e apontando as consequências penais, a par das demais responsabilidades
de ordem civil e administrativa que estas ações podem acarretar.

A seção que se encontra esse artigo, seção III, capítulo IV da referida lei,
determina os possíveis crimes e penas cabíveis aos infratores.

Os crimes passam de impedir, ou deixar de observar todos os critérios de


seleção nas licitações até a subornar os demais interessados. E as penas variam de
6 messes a 6 anos de detenção mais pagamento de multa, sendo o seu valor superior
a 2% e inferior a 5% do valor do contrato.

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6. TIPOS DE FRAUDES E O PROCEDIMENTO PARA CORRIGI-LAS

A fraude no processo de licitação de obras públicas pode ser originada nas


diferentes partes interessadas. As mesmas veem repensando ao longo de anos
maneiras de burlar a lei, aproveitando-se do fato de que o direito não é uma ciência
exata e permite diferentes interpretações.

Por outro lado, os órgãos responsáveis estão em constante desenvolvimento


para evitar e corrigir os processos fraudulentos.

Nas obras públicas o principal responsável por fiscalizar os processos de


licitação, execução e contratação das mesmas é o Tribunal de Contas.

Tendo em vista a obrigação do Tribunal de Contas da União (TCU) em fiscalizar


todos os procedimentos das obras públicas no país, o TCU, que não possui fiscais
suficientes para evitar todas as fraudes praticadas no Brasil, busca formas alternativas
de fiscalização.

Uma delas é a elaboração de programas em que os brasileiros possam


denunciar os possíveis casos de fraudes, tornando-os verdadeiros fiscais do TCU.

Esse tipo de denúncia deve ser encorajado pelos meios de comunicação


através de ações do governo que incentivem essa fiscalização preliminar.

Só assim a população poderá se sentir menos prejudicada pelos constantes


atrasos das obras públicas, e não precisará aceitar as mais diversas desculpas dadas
pela Administração Pública.

A partir das denúncias, o TCU responsável pela área em questão deve tomar
as devidas medidas para a correção das mesmas.

A próxima fase é a da fiscalização das obras denunciadas, o que deveria


ocorrer constantemente.

Na fase das fiscalizações atinente à análise da situação física e jurídica das


empresas, ao rastreamento dos pagamentos efetuados e à verificação da idoneidade
das notas fiscais emitidas, constituiu o elemento principal para a detecção das
irregularidades, pois, uma vez constatada a inexistência da empresa, vencedora ou
participante do certame licitatório, todo o processo se torna comprometido.

33
Porém, o simples fato de confirmação desses fatos pode não caracterizar a
prática da fraude (AFFONSO, 2004).

Affonso (2004) também lista vários tipos de fraudes encontradas através da


fiscalização das obras públicas a partir de denúncias que ocorreram no estado de
Minas Gerais e que podem acontecer em todo o país, sendo elas:

• Esquema de fraudes para desviar recursos públicos, envolvendo empresas,


prefeitos municipais, comissões de licitação, ante à inexistência física ou ausência de
estrutura administrativa e/ou operacional de empresas participantes de licitações;

• Desvio de recursos, evidenciado pela transferência de numerários para


entidades distintas das empresas contratadas para a execução dos serviços;

• Parceria entre Políticos, empresas e Comissões de Licitação, caracterizado


pela montagem de processos licitatórios e pela similitude de modelos gráficos e estilos
de preenchimento na quase totalidade das Notas de Empenho e Ordens de Serviço
emitidas por prefeituras distintas;

• Emissão de Notas Fiscais inidôneas ou irregulares;

• Constituição forjada de empresas, ante a ausência de registro das empresas


na Junta Comercial do Estado de Minas Gerais e montagem dos contratos de
constituição de empresas e das propostas apresentadas por elas, em licitações;

• Abandono de grande parte das obras, com algumas sendo reiniciadas com
pessoal contratado pelos municípios, sem qualquer vinculação com a empresa
inicialmente contratada;

• Realização de obras com materiais inferiores, em qualidade ou quantidade,


divergindo dos planos de trabalho e planilhas aprovados pelos órgãos repassadores;

• Aprovação pelos órgãos repassadores de prestações de contas relativas à


execução de convênios que apresentaram irregularidades graves.

Os dados coletados pelo TCU, juntamente com os dados dos municípios e


estados envolvidos, devem ser analisados em um único processo para a
caracterização da prática da fraude.

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Somente em seguida esse processo deve ser enviado para o Ministério Público
Federal e Estadual para que eles tomem as devidas providências.

O artigo 65 da referida lei aborda: Art. 65o. Os contratos regidos por esta Lei
poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos:

I - Unilateralmente pela Administração:

a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor


adequação técnica aos seus objetivos;

b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de


acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta
Lei; em consequência do erro nos quantitativos mal elaborados, quando é utilizado o
desbalanceamento dos preços unitários, ocorre uma sistemática de aditivos
contratuais em que os quantitativos dos itens supervalorizados aumentam e os dos
itens subavaliados reduzem, provocando o desequilíbrio econômico-financeiro original
do contrato e ocasionando o superfaturamento.

35
7. APLICAÇÃO NÃO UNIFORME DO BDI
O BDI é, normalmente, aplicado de maneira igual sobre todos os serviços de
um orçamento, porém a empresa pode aplicá-lo de maneira não uniforme do preço
total com a finalidade de melhorar a situação financeira do contrato.

O desbalanceamento de planilhas pela aplicação não uniforme do BDI, se dá


no aumento do BDI dos serviços que ocorrerão no início da obra, e em compensação
ocorrerá um decréscimo do BDI dos serviços que serão executados no final da obra.

Essa mudança na aplicação do BDI não causará no aumento do preço final,


sem prejudicar a competitividade da proposta.

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REFERÊNCIAS

AFFONSO, N. C. Fraude em Licitações de Obras Públicas. Secretaria de Controle


Externo no Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, 2004, 16p.

BRASIL. Lei nº 8.666/93. Do Procedimento e Julgamento. Art. 42, §5º. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 22 de jun. 1993. Disponível em . Acesso em 24. maio. 2011.

CEARÁ. Secretaria da Infra-Estrutura. Tabela de Custos. Versão 17A. Ceará, 2011.


Disponível em: . Acesso em: 10 de novembro de 2011.

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JEREISSATI, G. M.. Licitação e Obras Públicas Sustentáveis. 2011. Dissertação


(Mestrado em Engenharia Civil) - Centro de Tecnologia, Universidade Federal do
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LIMMER, Carl V.. Planejamento, Orçamentação e Controle de Projetos e Obras.


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MATTOS, A. D. Como preparar Orçamentos de Obras - Dicas para orçamentistas -


Estudos de caso - Exemplos. Editora Pini Ltda., Primeira Edição. 2006

MEIRELLES. H. L. Direito Administrativo Brasileiro. Editora Malheiros, 33ª Edição.


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MOREIRA, E. B. Os Consórcios Empresariais e as Licitações Públicas. Revista


Eletrônica de Direito Administrativo Econômico. Salvador, 2005. Disponível em .
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PAIVA, G. D. Licitações Realizadas com Recursos de Organismos Internacionais.


2010. Projeto de Graduação (Monografia em Direito) - Faculdade de Direito,
Universidade de Fortaleza, Ceará.

POZZOBON, C. E.; MIRON, L. P. Composição dos Custos de Construção e Análise


de Curvas ABC de Empreendimento Vertical. ENTAC, 2008.

37
TISAKA, M. Orçamento na Construção Civil - Consultoria, Projeto e Execução. Editora
Pini Ltda., Primeira Edição. 2006.

TURATI, R. de C. Aplicação do Lean Office no Setor Administrativo Público. 2007.


Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo.

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