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Autorizado o depósito.
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Resumo
A Administração Pública identifica um problema que exigirá uma solução complexa e
inovadora. Dentro desse cenário, deverá ser utilizada a nova modalidade de licitação
da Lei 14.133/21, Diálogo Competitivo, voltada à contratação de obras, serviços e
compras. Inicialmente deverá ser feita uma chamada pública e uma pré-seleção de
empresas que sejam habilitadas a oferecer soluções. Com uma comissão constituída
por servidores, e facultada a contratação de um assessor técnico, deverá ser
escolhida a solução que será o objeto de edital de ampla concorrência. Escolhida a
solução ou soluções, a Administração abrirá o edital para a fase competitiva, onde os
licitantes poderão apresentar suas propostas para julgamento e escolha da
Administração, encerrando-se na assinatura do contrato de prestação de serviços.
Neste trabalho, abordamos o que é o Diálogo Competitivo, quando pode ser utilizado,
qual o rito dessa modalidade, analisando cada fase e suas peculiaridades, com a
revisão bibliográfica e análise das legislações.
1
ALMEIDA, Ricardo Curi, Analista de Sistemas, Auxiliar Administrativo, Pós-graduando em Finanças
Públicas. Escola de Contas e Capacitação Professor Pedro Aleixo. ricardo.curi@gmail.com.
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AZEVEDO, Pedro Henrique Magalhães, Mestre em Administração Pública pela Escola de Governo
Professor Paulo Neves de Carvalho ligada à Fundação João Pinheiro - MG (2017). Pós-graduado em
Direito Público pelo CAD - Universidade Gama Filho (2013). Analista de controle externo do Tribunal
de Contas do Estado de Minas Gerais, exercendo a função de Superintendente de Controle Externo.
Professor credenciado da Escola de Contas e Capacitação Professor Pedro Aleixo, da PUC-MG e da
ESA-OAB. pedro.azevedo@tce.mg.gov.br.
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Abstract
Public Administration identifies a problem that will require a complex and innovative
solution. Within this scenario, the new bidding modality of Law 14.133/21, Competitive
Dialogue, aimed at contracting works, services and purchases, should be used.
Initially, a public call should be made and a pre-selection of companies that are
qualified to offer solutions should be made. With a committee made up of civil servants,
and the hiring of a technical advisor, the solution must be chosen that will be the object
of a public notice of wide competition. Once the solution or solutions have been
chosen, the Administration will open the public notice for the competitive phase, where
bidders will be able to present their proposals for judgment and choice by the
Administration, ending with the signature of the service agreement. In this work, we
approach what is Competitive Dialogue, when it can be used, what is the rite of this
modality, analyzing each phase and its peculiarities, with a bibliographic review and
analysis of legislation.
Keywords: new law on bids and contracts; competitive dialogue; law 14.133/21.
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1 INTRODUÇÃO
Após um longo debate, que não se iniciou em 2013, mas muito tempo antes, essa
modernização vinha sendo solicitada e debatida, a Lei 14.133/2021, não revoga de
imediato a lei anterior (Lei nº 8.666/93) e a Lei do Pregão (Lei nº 10.520/2002), abrindo
um prazo de dois anos para que a Administração Pública se adeque. Durante esses
dois anos, as duas “regras” de licitações e contratos administrativos terão vigência,
podendo a Administração optar por qual regra usar, devendo ser indicada
expressamente no edital e não podendo usar a nova lei combinada com as demais.
Diálogo Competitivo é a novidade criada na nova lei que a define como "modalidade
de licitação para contratação de obras, serviços e compras em que a Administração
Pública realiza diálogos com licitantes previamente selecionados mediante critérios
objetivos, com o intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de atender
às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos".
3.1 Pré-Seleção.
Por se tratar de uma busca por uma solução, a Administração não possui meios de
definir as especificações da obra ou serviço, o que não possibilita a criação de um
projeto básico para o edital ou mesmo um termo de referência. Rafael Sérgio Lima de
Oliveira, define: “O diálogo é uma modalidade de licitação em que se licita por solução,
e não por especificação. Esta última surge com o desenvolvimento da solução,
resultante da etapa de diálogo propriamente dito.” (OLIVEIRA, 2021, p.40)
A Lei não dispõe, especificamente, sobre os critérios que deverão ser definidos na
pré-seleção dos licitantes, mas devemos observar o art. 62, incisos II e IV, trazendo a
disciplina dos arts. 67 e 69.
3.2 Diálogos.
Nesta fase, a Administração deverá compor uma criar uma comissão de contratação
que conduzirá o diálogo competitivo, composta de pelo menos 3 (três) servidores
efetivos ou empregados públicos pertencentes aos quadros permanentes da
Administração. Verifica-se que a lei não proíbe a composição por servidores
comissionados, desde que seja respeitada a quantidade mínima de servidores
efetivos. Conforme a disciplina contida na legislação, ainda nessa comissão é
admitida a contratação de profissionais para assessoramento técnico da comissão,
porém, não poderão substituir os servidores efetivos ou empregados públicos
integrantes da Comissão.
Irene Patrícia Nohrara, alerta sobre a conduta da comissão bem como da finalidade
da modalidade em estudo.
Para Mariana Magalhães Avelar, “a fase de diálogo serve para aferir possíveis
soluções para as necessidades da Administração, com estímulo à criação de
inteligência coletiva que deveria surgir das rodadas de diálogo.”
os registros e gravações devem ser juntados aos autos do processo licitatório, nesse
momento, tais dados passam a ser públicos.
3.3 Competição.
O prazo para a apresentação das propostas não deve ser inferior a 60(sessenta) dias
úteis. Todos os elementos necessários para a execução do projeto devem ser
especificados na proposta. Já as especificações do projeto a ser executado, deverão
estar contidas em um projeto básico ou termo de referência, lançado como um anexo
ao edital que inaugura a presente fase.
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Alexandre Santos de Aragão, destaca que nem sempre o competidor que apresentou
a melhor solução, será o que apresentará a melhor proposta:
No entanto, há de se ter o cuidado de separar o que seria uma solução que não atenda
as necessidades daquela que não foi construída com o mínimo de dedicação para
atender as necessidades da Administração. Por isso esses critérios devem ser bem
construídos, com o devido amparo legal e assegurando aos licitantes o direito ao
contraditório e a ampla defesa.
4 CRITÉTRIOS DE JULGAMENTO.
O novo diploma legal não indicou um dos critérios de julgamento previsto no art. 33
para o Diálogo Competitivo, referindo-se apenas nos incisos VIII e X do §1º do art. 32,
respectivamente, à “seleção da proposta mais vantajosa” e à “contratação mais
vantajosa como resultado”.
Rafael Sérgio Lima de Oliveira, defende que o critério de maior retorno econômico
pode ser usado em casos específicos:
Podemos verificar logo em seguida a combinação, defendida pelo autor acima citado,
do art. 33 com o art. 39:
Após a escolha da melhor proposta se valendo dos critérios dispostos no edital que
inicia a fase competitiva, a comissão de contratação deverá, nos termos do art.
71, encaminhar os autos para a autoridade competente para que possa adjudicar o
objeto e homologar a licitação
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, teve como objetivo analisar como será o processo licitatório na
modalidade do Diálogo Competitivo, previsto na Lei nº 14.133 de 1º de abril de 2021.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração
Pública e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666compilado.htm. Acesso em: 20 set.
2022.
CUNHA FILHO, Alexandre Jorge Carneiro da; ARAÚJO, Alexandra Fuchs de.
Diálogo competitivo: a nova modalidade de licitação pode contribuir para melhores
contratações pela nossa administração pública? In: OLIVEIRA, Rafael Carvalho
Rezende; MARÇAL, Thaís. Estudos sobre a Lei 14.133/2021. São Paulo: MARÇAL,
Thaís, 2021.
OLIVEIRA, Rafael Sérgio Lima de. O diálogo competitivo brasileiro. Belo Horizonte:
Fórum, 2021.
ZAGO, Marina Frontão. Diálogo competitivo: Para o quê e para quem? Disponível
em: https://www.migalhas.com.br/depeso/346368/dialogo-competitivo-para-o-que-e-
para-quem. Acesso em: 20 set. 2022.