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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento

JOSÉ MUNIZ JUNIOR

SÍNDROME DE SAVANT NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO -


CONCEITO, TEORIAS ETIOLÓGICAS E MÉTODOS DIAGNÓSTICOS: REVISÃO
DE ESCOPO DA LITERATURA

SÃO PAULO
2022
JOSÉ MUNIZ JUNIOR

SÍNDROME DE SAVANT NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO -


CONCEITO, TEORIAS ETIOLÓGICAS E MÉTODOS DIAGNÓSTICOS: REVISÃO
DE ESCOPO DA LITERATURA

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento da Universidade
Presbiteriana Mackenzie, como requisito
parcial à obtenção de título de Mestre em
Distúrbios do Desenvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. Elizeu Coutinho de


Macedo

Co-orientador: Prof. Dr. José Salomão


Schwartzman

SÃO PAULO
2022
JOSÉ MUNIZ JÚNIOR

SÍNDROME DE SAVANT NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO -


CONCEITO, TEORIAS ETIOLÓGICAS E MÉTODOS DIAGNÓSTICOS: REVISÃO
DE ESCOPO DA LITERATURA.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre
em Distúrbios do Desenvolvimento.

Aprovado em 04 de agosto de 2022

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________
Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo
Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________________
Prof. Dr. José Salomão Schwartzman

___________________________________________________________________
Profa. Dra. Alessandra Gotuzo Seabra
Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________________
Profa. Dra. Ceres Alves de Araújo
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Para Zia e PAM,
Minha maior riqueza.
AGRADECIMENTOS

Para ser justo, agradeço primeiro a todos aqueles que vêm desbravando o
longo caminho em busca da compreensão do fenômeno savant observado em muitos
casos de TEA. Parafraseando Wilfred Ruprecht Bion, o desafio é desenvolver um
aparato para pensar os pensamentos pois só assim as ideias poderão ser alcançadas
e nos levar a uma aproximação maior do verdadeiro significado das coisas.
Sendo assim, é hora de agradecer primeiro ao Professor Dr. José Salomão
Schwartzman que me instigou a pensar sobre o tema, alimentando minha curiosidade
na primeira metade do desenvolvimento deste estudo.
Em segundo lugar, ao Professor Dr. Elizeu Coutinho Macedo, que para muito
além de sua expertise, mostrou toda sua humildade e generosidade ao me adotar no
momento mais difícil do estudo, além de dar sustentação e alimentar a fé para que eu
me mantivesse na penosa trilha de aquisição deste conhecimento.
Também gostaria de agradecer a Jucineide Silva Xavier, que no período de
organização do projeto gentilmente ajudou nas primeiras explorações sobre
psicometria do TEA.
Agradeço a Pamela Carvalho Muniz, mestre e companheira de jornada, farol
no meu caminho, que gentilmente doou parte do seu precioso tempo para ser revisora
parceira neste estudo.
Justiça seja feita, muita gratidão para com Silvia, minha esposa, alicerce e
companheira de todas as horas e a “Vó Carma” e ao “Cândido” que amorosamente
também deram suporte a esta jornada. Sem eles, nada disto seria possível.
E por último, aos meus pais, que me presentearam com a luz do mundo e que
generosamente me deram oportunidade de crescer e construir meu próprio caminho.
Caminho se conhece andando
Então vez em quando é bom se perder
Perdido fica perguntando
Vai só procurando
E acha sem saber
Perigo é se encontrar perdido
Deixar sem ter sido
Não olhar, não ver
Bom mesmo é ter sexto sentido
Sair distraído espalhar bem-querer
(Chico César, Dominguinho)
RESUMO

O objetivo deste estudo é a elaboração de revisão de escopo da literatura sobre


síndrome de savant associada ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) na
literatura, focando no conceito (Revisão “A”), nas teorias etiopatogênicas (Revisão “B”)
e nas medidas psicométricas utilizadas na avaliação da síndrome de savant associada
ao TEA (Revisão “C”) em suas diferentes modalidades (cálculo de calendário e
matemático, música, desenho e pintura, hiperlexia, habilidades mecânicas). A
metodologia empregada incluiu um protocolo de revisão de escopo segundo a
metodologia do Joanna Briggs Institute, com levantamento da literatura pertinente em
três etapas, nas bases de dados MEDLINE, EMBASE, Scopus, ScinceDirect,
Cochrane Lybrary, LILACS, Google Acadêmico, Literatura cinzenta e busca indireta,
sem limite de data ou idioma para o levantamento e seleção dos estudos. Os artigos
foram selecionados por dupla de pesquisadores independentes e cegados para a
seleção e para a extração de dados. Como resultados, foram selecionados 24 estudos
para a Revisão “A”, 40 estudos para a Revisão “B” e 30 estudos para a Revisão “C”.
A Revisão “A” discutiu a evolução histórica do conceito e conclui que a imprecisão
conceitual na literatura traz como consequência heterogeneidade nos estudos. A
Revisão “B” encontrou 12 teorias que tentam explicar a etiopatogênese da síndrome
de savant associada ao TEA e uma breve discussão de cada uma delas foi realizada.
A Revisão “C” deu exemplos de instrumentos utilizados para avaliação específica da
síndrome de savant associada ao TEA. A carência de instrumentos padronizados
especialmente para avaliação em altas habilidades em música, desenho e pintura,
introduz um viés de alta subjetividade nos estudos. Conclui-se que, apesar de mais
de 100 anos de relatos de síndrome de savant, a grande maioria são de estudos de
opinião ou qualitativos. Nas últimas três décadas, encontramos alguns estudos mais
estruturados e com metodologia pertinente. Ainda existem grandes lacunas no
conhecimento quanto ao conceito, teorias etiopatogênicas e avaliação psicométrica
da síndrome de savant associada ao TEA, tornando o campo interessante e com
demanda para futuras pesquisas.

Palavras-chaves: Transtorno do Espectro do Autismo, Síndrome de Savant, savant.


ABSTRACT

The aim of this study is to conduct a literature scoping review on savant syndrome
associated to Autism Spectrum Disorder (ASD), focusing on: definitions (review A),
theoretical etiopathogenic factors (review B) and savant syndrome psychometric
measures (mental math and calendar calculation, music, drawing and painting,
hyperlexia and mechanical skills (review C). For this purpose, a scoping review was
elaborated based on Joanna Briggs methodology, by which a literature survey is
performed in three stages. Database consult on MEDLINE, EMBASE, Scopus,
ScinceDirect, Cochrane Lybrary, LILACS, Google Scholar, Gray Literature and also
indirect search databases, without time or language limit for studies selection. The
articles were selected and information extraction was performed by a pair of
independent blinded researchers. As results, 24 studies were selected for review A,
40 studies for review B and 30 studies for review C. Review “A” discussed historical
evolution of savant syndrome associated with ASD concept and concluded that
conceptual literature imprecision results in studies heterogeneity. Review “B” found 12
distinct theories describing etiopathogenesis of savant syndrome associated with ASD.
A brief discussion of each one of those theories was performed. Review “C” provides
examples of assessment tools used for savant syndrome associated with ASD
evaluation. Lack of standardized tools, especially for high skills assessments in music
and drawing/painting leads to high subjectivity bias in studies. In conclusion, despite
more than 100 years of reports of savant syndrome, the vast majority reveals
subjectives opinions or qualitative analysis. From the last three decades, we found a
few structured studies with pertinent methodology. There are still large gaps in
knowledge regarding concept, etiopathogenic theories and psychometric assessment
of savant syndrome associated with ASD. Those unfulfilled gaps turns this subject into
a very interesting and challenging research field.

Keywords: Autism Spectrum Disorder, savant syndrome, savant.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Fluxograma 1 Fluxograma da busca e seleção dos estudos para a


revisão sobre o conceito de síndrome de savant 29
associada ao TEA (Revisão “A”)

Figura 1 Linha do tempo dos principais estudos selecionados 31


para estudo do conceito de síndrome de savant
associada ao TEA

Fluxograma 2 Fluxograma da busca e seleção dos estudos sobre 46


teorias etiopatogênicas da síndrome de savant (Revisão
“B”)

Figura 2 Linha do tempo sobre aparecimento das principais 52


teorias etiopatogênicas sobre síndrome de sAvant

Fluxograma 3 Fluxograma da busca e seleção dos estudos para 82


avaliação e medidas psicométricas utilizadas na
avaliação da síndrome de savant associada ao TEA
(Revisão “C”)
LISTA DE QUADROS

Pág.

Quadro 1 Princípios do Funcionamento Perceptivo Aprimorado 63


(FPA) segundo Mottron et al.

Quadro 2 Características do “VERIDICAL MAPPING” (VM), 70


segundo MOTTRON et al.
LISTA DE TABELAS

Pág.
Tabela 1 Relação e características dos estudos selecionados para
a revisão “A” sobre o conceito de síndrome de savant 30
associada ao TEA

Tabela 2 Estudos selecionados para identificação e estudo das


teorias etiopatogenias sobre síndrome de savant 47
associada ao TEA (Revisão “B”)

Tabela 3 Estudos selecionados para medidas psicométricas


utilizadas no diagnóstico e avaliação da síndrome de 83
savant (Revisão “C”)

Tabela 4 Habilidades savant avaliadas nesta revisão, com


características da amostra e autores dos estudos 86
(Revisão “C”)

Tabela 5 Ordem de apresentação de datas para dois blocos usados


no experimento 2 de Robin Young 94

Tabela 6 Sistemas diagnósticos encontrados na amostra de


estudos (Revisão “C”) 103

Tabela 7 Instrumentos de apoio diagnóstico encontrados na


amostra de estudos (Revisão “C”) 105

Tabela 8 Instrumentos mais frequentemente usados para avaliação


cognitiva encontrada na amostra de estudos selecionados 106
(Revisão “C”)

Tabela 9 Instrumentos utilizados uma única vez para avaliação de


amostra de indivíduos savants ou controles/autor 111
(Revisão “C”)
LISTA DE ABREVIATURAS

APA American Psychiatric Association

ADI Autism Diagnostic Interview

ADI-R Autism Diagnostic Interview-Revised

ADOS Autism Diagnostic Observation Schedule

CID Classificação Internacional de Doenças e Problemas


Relacionadas com a Saúde

3D Tridimensional

DSM Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

FPA Funcionamento Perceptivo Aprimorado

JBI Joanna Briggs Institute

Ms Milissegundo

PCC Acrônimo de: P=população; C=conceito e C= Contexto

PRISMA-ScR Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and


Meta-Analyses for Scoping Reviews

PSA Percepção Sensorial Aprimorada

rTMS Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva

TEA Transtorno do Espectro do Autismo

VM Veridical Mapping
LISTA DE SÍMBOLOS

= Igual
> Maior

>> muito maior

< Menor

<< muito menor

+ Adição

- Subtração

* Multiplicação

/ Divisão

!" “X” barra ou média

|!| módulo de “X” ou valor absoluto

∑ (Sigma) é o somatório ou somatória de uma sequência de quaisquer tipos


de números

∫ Integral

Δ (Delta) diferença entre duas variáveis

d/dx notação de cálculo de derivada


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 16

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 19

2 PROTOCOLO DA REVISÃO .......................................................................... 23


2.1 Perguntas de revisão .................................................................................... 23
2.2 Palavras-chave .............................................................................................. 23
2.3 Critérios de inclusão ..................................................................................... 23
2.3.1 Participantes .................................................................................................... 23
2.3.2 Conceito .......................................................................................................... 23
2.3.3 Contexto .......................................................................................................... 24
2.3.4 Tipos de fontes ................................................................................................ 24
2.4 Critérios de exclusão .................................................................................... 24

3 MÉTODO ......................................................................................................... 25
3.1 Desenho do estudo ....................................................................................... 25
3.2 Estratégia de busca ...................................................................................... 25
3.3 Estudo/fonte de seleção de evidência ........................................................ 26
3.4 Extração de dados ........................................................................................ 28

4 PERGUNTA DE REVISÃO “A” ...................................................................... 29


4.1 Processo de busca e seleção dos estudos para a revisão “A” sobre o
conceito de síndrome de savant associada ao TEA .................................. 29
4.2 Relação e características dos estudos selecionados para a revisão “A”
sobre o conceito ............................................................................................ 30
4.3 Linha do tempo com os estudos selecionados para a revisão “A” ......... 31
4.4 Síntese narrativa dos resultados ................................................................. 32
4.5 Classificando Síndrome de Savant ............................................................. 37
4.6 Implicações da imprecisão conceitual ........................................................ 42
4.7 Resumo e considerações finais sobre o conceito ..................................... 43

5 PERGUNTA DE REVISÃO “B” ...................................................................... 46


5.1 Busca e seleção dos estudos para teorias etiopatogênicas da síndrome de
savant associada ao TEA ............................................................................. 46
5.2 Estudos selecionados para etiopatogenia ................................................. 47
5.3 Sínteses narrativa dos resultados ............................................................... 50
5.3.1 Principais teorias etiopatogênicas da Síndrome de Savant ............................ 50
5.3.2 Primeiras teorias sobre etiopatogenia do fenômeno savant ........................... 53
5.3.3 Teoria da lateralização do hemisfério esquerdo e compensação do hemisfério
direito ............................................................................................................... 56
5.3.4 Coerência Central Fraca ................................................................................. 58
5.3.5 Teoria do Cérebro Masculino Extremo ............................................................ 59
5.3.6 Teoria do Funcionamento Perceptivo Aprimorado (FPA) ............................... 62
5.3.7 Teoria de Processamento de Sinais de Fabricius ........................................... 65
5.3.8. Imagens biofísicas ........................................................................................... 68
5.3.9. Teoria do Veridical Mapping (MV) ................................................................... 69
5.3.10.Teoria do mega-domínio astrocítico ............................................................... 73
5.4 Outras condições associadas que podem ter alguma participação na
gênese do fenômeno savant ........................................................................ 74
5.4.1 Deficiência Intelectual ..................................................................................... 75
5.4.2. Memória notável .............................................................................................. 77
5.4.3. Sinestesia ........................................................................................................ 78
5.4.4. Fatores genéticos ............................................................................................ 79
5.5 Considerações finais sobre as teorias etiopatogênicas ........................... 80

6 PERGUNTA DE REVISÃO “C” ...................................................................... 82


6.1 Seleção dos estudos para medidas psicométricas utilizadas no
diagnóstico e avaliação da Síndrome de Savant associada ao TEA ....... 82
6.2 Estudos selecionados para medidas psicométricas ................................. 83
6.3 Avaliação das formas específicas da síndrome de savant no TEA ......... 85
6.3.1 Instrumentos utilizados para o estudo de altas habilidades em matemática e
cálculo na síndrome de savant associada ao TEA ......................................... 89
6.3.1.1 Habilidades em matemática e cálculo ........................................................... 89
6.3.1.2 Habilidades de cálculo de calendário ............................................................ 92
6.3.2 Instrumentos utilizados para avaliação de savants associados ao TEA com
ouvido absoluto ............................................................................................... 96
6.3.3 Instrumentos utilizados para avaliar savants com habilidades em desenho e
pintura ............................................................................................................. 98
6.4 Principais sistemas classificatórios e testes psicológicos utilizados na
avaliação geral da Síndrome de Savant associada ao TEA .................... 102
6.4.1 Sistemas diagnósticos e instrumentos de apoio ao diagnóstico ................... 102
6.4.2 Avaliação cognitiva da síndrome de savant no TEA ..................................... 106
6.5 Considerações finais .................................................................................. 111

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS GERAIS DO ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS TRÊS


REVISÕES .................................................................................................... 114
7.1 Limitações deste estudo ............................................................................ 114
7.2 Sugestões para pesquisas futuras ............................................................ 114
7.3 Agradecimentos .......................................................................................... 115
7.4 Financiamento ............................................................................................. 116
7.5 Contribuição do autor ................................................................................. 116
7.6 Conflito de interesse ................................................................................... 116

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 117

APÊNDICES ................................................................................................. 126


APÊNDICE I – Estratégias de Busca ......................................................... 126
APÊNDICE III: RELAÇÃO DOS ESTUDOS EXCLUÍDO DA REVISÃO “A” E
MOTIVOS DA EXCLUSÃO ........................................................................... 129
APÊNDE IV: RELAÇÃO DOS ESTUDOS EXCLUÍDO DA REVISÃO “B” E
MOTIVOS DA EXCLUSÃO ........................................................................... 144
APÊNDICE V: RELAÇÃO DOS ESTUDOS EXCLUÍDO DA REVISÃO “C” E
MOTIVOS DA EXCLUSÃO ........................................................................... 157
APÊNDICE VI – Veridical Mapping na hiperlexia, ouvido absoluto e
sinestesia ..................................................................................................... 167

ANEXOS ....................................................................................................... 171


ANEXO I (PRISMA-SCR) ............................................................................. 171
16

APRESENTAÇÃO

As revisões sistemáticas têm como finalidade proporcionar uma visão


abrangente, sintética e imparcial dos estudos relevantes de um determinado assunto
ou tema. Isso é feito tendo por objetivo elaborar um documento final que se caracteriza
por apresentar rigor e transparência metodológica (AROMATARIS; MUNN, 2020).
Nas últimas duas décadas, a busca de melhores práticas baseada em
evidências consagrou as revisões sistemáticas como padrão ouro para o maior nível
de evidência científica. As revisões sistemáticas são conduzidas por meio de uma
rigorosa metodologia, que envolve uma busca meticulosa da literatura com critérios
precisos de inclusão e exclusão dos estudos primários selecionados. Além disso, esse
tipo de revisão é conduzido por meio de avaliação de viés dos estudos e com utilização
de ferramentas específicas para este fim e, quando possível, realização de
metanálises, ou seja, emprego de métodos estatístico específico para sintetizar os
dados. Existem diferentes metodologias para condução de estudo de revisão
sistemática, tais como: Cochrane (HIGGINS et al., 2019) e o Joanna Briggs Institute
(JBI) no campo da saúde (AROMATARIS; MUNN, 2020) e a Campbell Collaboration
(LITTELL; WHITE, 2018) no campo de ciências sociais.
O termo “Revisão Sistemática” para a Cochrane tem um significado preciso
em virtude de sua metodologia muito específica, tanto que se observa uma tendência
a usar o termo “Revisão Cochrane” para denominá-las. Já para as ciências sociais
são usados termos como: “Revisão de Pesquisa”, “Revisão Sistemática” e “Síntese
de Pesquisa”. No entanto, embora tais termos sejam intercambiáveis, eles
apresentam significados diferentes (COOPER et al., 2019). O mesmo acontece com
outros termos, tais como, “Revisão da Literatura”, “Revisão Narrativa” e “Revisão
Integrativa da Literatura”. Tais termos têm sido usados com conotações muito
diferentes daquelas propostas pela Cochrane e Instituto Joanna Briggs.
Todas essas modalidades de revisão constituem boas fontes de informação,
mas não têm o mesmo valor enquanto evidência científica. Em função dessa confusão
terminológica, alguns autores propõem o uso de outras nomenclaturas e
classificações como o termo “Síntese de Pesquisa” a fim de racionalizar o uso da
terminologia e aplicar maior rigor conceitual a área. Dessa forma, os diversos tipos de
revisões de literatura podem ser classificados segundo algumas características como
17

o foco, os objetivos, as perspectivas, sua extensão ou cobertura, a organização e


público-alvo (COOPER et al., 2019) e não apenas com relação ao método.
Uma outra abordagem de revisão da literatura é a Revisão de Escopo. A
Revisão de Escopo da literatura vem sendo desenvolvida nas duas últimas décadas,
inicialmente com Arksey e O’Malley (2005), posteriormente desenvolvida por outros
pesquisadores (LEVAC; COLQUHOUN; O'BRIEN, 2010). Uma abordagem
metodológica específica de estudo de Revisão de Escopo foi desenvolvida pelo The
Joanna Briggs Institute – JBI (JBI, em 9 de abril de 2022). O Manual do JBI (PETERS,
2020), indica que nas revisões de escopo o que se busca é mapear com precisão o
campo de conceitos que sustentam uma área do conhecimento ou esclarecer
ferramentas de trabalho neste campo além de versar sobre conceitos limites do objeto
em estudo. Sendo assim, as revisões de escopo não constituem revisões
sistemáticas, embora comportem métodos sistemáticos para busca e escrutínio da
literatura.
As revisões de escopo são úteis para mapear a amplitude da literatura,
apresentar e resumir a evidência sobre o tema e para nortear pesquisas futuras ao
delimitar lacunas no conhecimento. Ao contrário das revisões sistemáticas que são
precisas e sintéticas, a revisão de escopo não tem que ater-se a um só tópico da
questão, mas pode versar simultaneamente sobre mais de um ponto do assunto
investigado.
As revisões de escopo são importantes para a síntese de evidências, visto
que aplicam metodologia específica e sistemática para a seleção e extração de dados
que inclui pelo menos dois revisores cegados neste processo. Dessa forma, uma
revisão de escopo pode ser conduzida para compreender melhor lacunas na literatura
em relação à síndrome de savant associada ao Transtorno do Espectro do Autismo
(TEA), que é um dos objetivos do presente estudo.
Segundo o protocolo do JBI, para que uma revisão de escopo seja conduzida,
é necessária a realização de uma busca em três etapas. A primeira se caracteriza por
usar apenas uma ou mais bases de dados e é genérica, tendo por finalidade explorar
os termos utilizados em uma área. Dessa forma é uma sondagem preliminar. Assim a
realização da Etapa 1, foi feita nas bases de dados Medline (via PubMed) e Embase
e teve como objetivo caracterizar, de forma preliminar, as relações entre síndrome de
savant e TEA, e encontrar possíveis unitermos para a busca específica a ser
18

construída. Uma breve discussão destes resultados preliminares será apresentada


logo a seguir.
A Etapa 2 da busca consiste na estratégia específica de busca aplicadas
nas bases de dados selecionadas. A Etapa 3 envolve a construção de um banco de
dados a partir das referências dos artigos selecionados que também serão
escrutinados com o objetivo de selecionar estudos sobre o tema que preencham os
critérios de inclusão. As Etapas 2 e 3 serão mais bem detalhadas nas seções
específicas durante a descrição do método.
19

1 INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), como denominamos na


atualidade, está presente na literatura leiga e científica há 79 anos. A primeira vez que
o transtorno foi mencionado na literatura científica foi em 1943, com a série de casos
descrita por Kanner (1943) e denominada por ele como “autismo infantil”. Desde a
descrição inicial deste autor até o presente momento, o conceito de TEA evoluiu e
ampliou-se, comportando um grupo de condições ligadas a distúrbios do
neurodesenvolvimento, definido com base em: 1) prejuízo qualitativo na interação
social recíproca; 2) prejuízo qualitativo na comunicação e padrões restritos de
interesse; e 3) atividades e comportamentos repetitivos. Tais sintomas estão
presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário
segundo a American Psychiatric Association (APA, 2014).
Leo Kanner, em 1943, ao descrever sua série de 11 casos, destacou
aspectos da deficiência intelectual presentes em alguns autistas. Além disso, mostrou
que alguns apresentavam inteligência normal ou se destacavam notoriamente quanto
a algumas habilidades cognitivas. Da mesma forma, Asperger em 1944 também
destacou na sua série de casos, que alguns pais relataram extraordinária capacidade
para cálculos de seus filhos com autismo, o que, de fato, foi confirmado pelo próprio
autor (MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015).
O fato é que indivíduos com habilidades excepcionais para cálculos ou com
memória notável sempre despertaram interesse da comunidade científica. Em 1783
foi descrito na Alemanha o caso de Jedediah Buxton por Mortiz (TREFFERT, 2009).
Um outro caso histórico é o de Thomas Fuller, um escravo de Maryland nos Estados
Unidos (FAUVEL, 1990), que foi relatado 1788, pelo psiquiatra americano Benjamin
Rush, considerado o pai da psiquiatria americana.
O termo savant é de origem francesa e tem como significados “estudioso” ou
“sábio” e é um derivado do verbo francês savoir que significa “conhecer". Este termo
foi empregado em 1887 pelo médico John Langdon Haydon Down (1887) para referir-
se a um grupo de indivíduos portadores da síndrome de Down que também
apresentavam habilidades excepcionais de memória na presença de uma deficiência
intelectual típica da condição. Segundo alguns autores, Down foi o primeiro autor a
usar o termo idiot savant, segundo Rodrigues, Nascimento e Maia (2020), para
20

descrever estes indivíduos. No entanto, existem controvérsias se de fato ele foi o


primeiro a utilizar o termo (DAWSON, 2012; BELTECZKI;RIHMER, 2020).
Pessoas com síndrome de savant são caracterizadas por notável talento em
uma ou mais áreas (HUGHES et al., 2018) como arte, música, cálculo de calendário,
matemática e habilidades mecânicas ou viso-espaciais.
Em termos de prevalência, embora a condição seja rara, é estimado que pelo
menos um em cada dez indivíduos TEA possuem pelo menos uma habilidade savant,
sendo que a condição é mais rara em meninas (6 meninos para 1 menina, contra 4:1
no TEA) (TREFFERT, 2009). Para alguns autores, pelo menos 50% dos savants são
TEA, ou seja, essa condição não é exclusiva no autismo, sendo frequente inclusive
em outras formas de deficiência intelectual (O'CONNOR; HERMELIN, 1984; 1987;
1989; 1990; 1991). Além disso, a condição pode ser adquirida numa fase mais tardia
da vida, em decorrência de lesões ou processos degenerativos do sistema nervoso
central, mais especificamente nos casos de degeneração do lobo temporal e
demência frontotemporal especialmente nos acometimentos do hemisfério esquerdo
(MILLER et al., 1996; MILLER et al., 1998; MILLER et al., 2000). Também tem sido
relatado a possibilidade de induzir o fenômeno através de estimulação magnética do
cérebro (KAWAMURA; HANAZUKA; MIDORIKAWA, 2020).
As habilidades savant têm sido consideradas a partir de um espectro de
habilidades segmentares, sendo que todas elas têm em comum alta capacidade de
memória (TREFFERT, 2009). Dependendo da extensão da habilidade e de sua
relação com o perfil cognitivo geral do sujeito, ou mesmo da comparação de suas altas
habilidades em uma área que pode ser considerada extraordinária mesmo se
comparado à população geral, termos como “savant talentosos” e “savants
prodigiosos” (TREFFERT, 2009) tem sido empregado.
Os indivíduos TEA savant raramente conseguem descrever o processo de
surgimento das altas habilidades, pois o início destas é precoce e geralmente ocorre
antes da linguagem comunicativa e está localizado no período de amnésia infantil
(MOTTRON et al., 2013). Grande parte dos estudos sobre habilidades excepcionais
em TEA decorrem de relatos de parentes próximos destes indivíduos (MEILLEUR;
JELENIC; MOTTRON, 2015).
Um levantamento preliminar nas bases de dados MEDLINE (via PubMed) e
Embase retornou um número pequeno de estudos que avaliam a condição savant
21

associada ao TEA. Dentre tais trabalhos, foram identificados estudos de revisão da


literatura (HEATON; WALLACE, 2004; MOTTRON et al., 2013; MOTTRON;
DAWSON; SOULIÈRES, 2009; TREFFERT, 2009; 2014), geralmente de estrutura
narrativa, dentre outros.
A condição denominada síndrome de savant tem chamado atenção tanto da
comunidade científica, quanto das pessoas em geral, principalmente a partir da
publicação de “Extraordinary People: Understanding idiot Savants (TREFFERT,
1989). Além disso, o filme Rain Man (LEVINSON, 1988) popularizou o conceito de
síndrome de savant no TEA e, mais recentemente, a série The good doctor (SHORE,
2017) tem chamado a atenção do público leigo para a condição, às vezes levando as
pessoas comuns a atribuírem peremptoriamente ao TEA a condição savant. Esse
aumento da exposição do tema na mídia pode resultar em uma maior compreensão
do TEA e diminuição do estigma. No entanto, em termos acadêmicos, ainda se faz
necessária a verificação da extensão desse possível benefício na diminuição do
estigma. (STERN; BARNES, 2019).
De fato, a pouca clareza conceitual na área é denotada inclusive pelo grande
número de termos para definir essa condição, tais como: síndrome de savant,
habilidades isoladas especiais (SIS), desarmonia cognitiva, habilidades fragmentares,
ilhotas de habilidades, dentre outras (MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015).
Embora esses primeiros achados apontem para uma possível confusão conceitual, o
termo “síndrome de savant” ainda tem ocupado lugar de destaque na literatura leiga
e científica.
Assim, embora existam trabalhos científicos com indivíduos TEA savant,
observa-se nesses estudos, heterogeneidade em relação ao rigor conceitual, critérios
diagnósticos, métodos ou desfechos utilizados para mensurar as habilidades savant
(BÖLTE; POUSTKA, 2004). Dessa forma, apesar das contribuições de diferentes
autores, ainda não está suficientemente claro o conceito de savant no TEA, bem como
as diferentes teorias etiopatogênicas e os instrumentos e procedimentos para
diagnóstico de habilidades savant no TEA.
Portanto, o objetivo do presente estudo é conduzir uma revisão de escopo da
literatura de acordo com a metodologia JBI, a fim de verificar o estado da arte em
relação aos seguintes aspectos: 1) Definição do conceito de síndrome de savant
associada ao TEA; 2) Apresentação das hipóteses e teorias quanto a etiopatogenia
22

da síndrome de savant associada ao TEA; 3) Levantamento dos instrumentos


psicométricos utilizados para avaliar a síndrome de savant associada ao TEA.
23

2 PROTOCOLO DA REVISÃO

2.1 Perguntas de revisão

A presente revisão focará em responder três questões: a) O que a literatura em


saúde apresenta em termos de conceito da síndrome de savant associada ao TEA; b)
Quais são as teorias etiopatológicas apresentadas na literatura acerca da síndrome
de savant no TEA; c) Quais os instrumentos diagnósticos para avaliação na síndrome
de savant associada ao TEA?

2.2 Palavras-chave

Autism Spectrum Disorder; savant syndrome; savant.

Transtorno do espectro do autismo; síndrome de savant; savant.

2.3 Critérios de inclusão

2.3.1 Participantes

Esta revisão incluirá estudos realizados com indivíduos diagnosticados com


Transtorno do Espectro do Autismo a partir dos 3 anos de idade, de ambos os sexos
e sem limite superior de idade. Os participantes devem apresentar altas habilidades
isoladas, ou referidas como savant em pelo menos um dos seguintes domínios:
música, cálculo, cálculo de calendário, desenho ou pintura, memória, hiperlexia ou
outras.

2.3.2 Conceito

Transtorno do Espectro do Autismo (TEA): conforme definido no DSM-5 ou CID


10 (ou equivalentes em versões anteriores destas classificações).
Síndrome de savant: pessoas caracterizadas por notável talento em uma ou
mais áreas (HUGHES et al., 2018) como arte, música, cálculo de calendário,
matemática e habilidades mecânicas ou viso-espaciais. Como a literatura usa diversos
termos para referir-se à condição, foram considerados os seguintes termos
relacionados a condição: “síndrome de savant”, “habilidades isoladas especiais (SIS)",
“desarmonia cognitiva”, “habilidades fragmentadas”, “ilhotas de habilidades” dentre
outras (MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015). Esses diferentes termos serão
24

considerados para que, na síntese dos resultados, seja possível buscar uma unidade
conceitual.

2.3.3 Contexto

Indivíduos que preencham as condições acima, institucionalizados ou não, de


qualquer grau de instrução e de qualquer nacionalidade, de qualquer época.

2.3.4 Tipos de fontes

Esta revisão de escopo inclui trabalhos com desenhos de estudos


experimentais e quase-experimentais, tais como: estudos controlados randomizados,
estudos controlados não-randomizados, estudos com medidas de avaliação pré e pós-
intervenção, de séries temporais interrompidos. Também foram considerados:
estudos observacionais analíticos, estudos de coorte prospectivos e retrospectivos,
estudos de caso controle e estudos transversais analíticos. Esta revisão também
analisou os seguintes estudos observacionais descritivos: séries de casos, relatos de
casos individuais e estudos descritivos transversais. Também foram considerados
estudos qualitativos e de revisões sistemáticas que atendam aos critérios de inclusão.
Por fim, foram incluídos textos e artigos de opinião, incluindo editoriais, livros e
capítulos de livros.

2.4 Critérios de exclusão

Não serão incluídos estudos que tratem exclusivamente de síndrome de


savant adquirida como nos casos de demências ou traumas do sistema nervoso
central, bem como síndrome de savant relacionada exclusivamente a deficiência
intelectual sem TEA associado.
25

3 MÉTODO

3.1 Desenho do estudo

O desenho do estudo é uma Revisão de Escopo da literatura com base no


protocolo de revisões de escopo do JBI (PETERS, 2020).
O protocolo desta Revisão de Escopo foi depositado na base de dados
https://osf.io (veja no link peer review). Este protocolo encontra-se no formato
embargado” para garantir que permaneça anônimo visando facilitar avaliações futuras
da revisão para fins de publicação em periódico revisado por pares.
Este protocolo inicial foi ajustado para execução na ferramenta JBI SUMARI
(JBI, 2022). Embora inicialmente a proposta tivesse como objetivo selecionar apenas
estudos de síndrome de savant associada ao TEA, verificou-se no desenvolvimento
do estudo que, por razões conceituais e históricas, textos nos quais o diagnóstico do
TEA não preenchia totalmente os critérios de inclusão, foram também incluídos para
melhor explicar a evolução do conceito ao longo do tempo, isto para a Revisão “A”,
sobre o conceito.
A descrição da revisão e sínteses narrativa observará as recomendações do
PRISMA-ScR (TRICCO et al., 2018) (ANEXO I).

3.2 Estratégia de busca

Utilizou-se uma estratégia de busca em três etapas. Como já foi descrito na


seção APRESENTAÇÃO. Na primeira etapa consultou-se as bases de dados
MEDLINE (via PubMed) e Embase com a finalidade de encontrar as primeiras
referências sobre os temas Transtorno do Espectro do Autismo e síndrome de savant.
A estratégia de busca completa envolveu identificar os trabalhos que
apresentavam os termos “Autism Spectrum Disorder”, “savant syndrome” e “savant”
nas seguintes partes: título do trabalho, resumos e nos indexadores. Esta estratégia
de busca foi adaptada para cada uma das bases de dados utilizada e/ou fonte de
informação incluída.
Foram consultadas as seguintes bases de dados: MEDLINE via PubMed,
Embase, Scopus, ScinceDirect, Cochrane Lybrary, LILACS, Google Acadêmico,
Literatura cinzenta. A busca foi conduzida em 01.12.2021. Estudos publicados em
26

qualquer idioma foram incluídos e a estratégia de busca detalhada poderá ser


consultada no Apêndice I.
Foi realizada uma busca indireta nas referências bibliográficas dos trabalhos
selecionados com vistas a captar artigos que não constavam das estratégias de busca
específicas. Para este fim, a lista de referências de todas as fontes de evidência
incluídas no estudo foi utilizada para construção de um banco de dados próprio do
estudo, especialmente as listas de revisões encontradas sobre o tema, na qual foi feita
uma busca de estudos que também pudessem contribuir para responder às perguntas
de revisão.

3.3 Estudo/fonte de seleção de evidência

A aplicação da estratégia de busca (Ver APÊNDICE I) aplicada nas diferentes


bases de dados selecionadas, retornou um total de 1764 referências. Todas as
referências foram inseridas no software EndNote® X9 (CLARIVATE ANALYTICS,
2019), e agrupadas separadamente para cada uma das bases de dados pesquisadas.
A partir da análise inicial de todas as referências, foram removidas 843 referências
duplicadas e 173 inconsistências, restando um total de 747. Esses estudos formaram
a base comum para responder as três perguntas de revisão (“A”, “B” e “C”).
Além do levantamento nas bases de dados, a busca indireta para cada uma
das três perguntas identificou: 14 estudos referente ao objetivo “A” sendo que 1 não
estava disponível; 14 estudos referente ao objetivo “B”; e 3 estudos referente ao
objetivo “C”. O número de referências acrescentado via busca indireta está
enumerado em cada um dos fluxogramas de seleção de estudos que estão
disponíveis nas seções específicas.
Também foi elaborada uma planilha de trabalho no Excel (Microsoft Excel
para MAC (IOS®), versão 16.44) onde as fontes potencialmente relevantes foram
recuperadas na íntegra e seus detalhes de citação importados para a pasta de
trabalho, com abas individuais para cada base de dados. Nas colunas foram
apresentadas informações sobre cada uma das referências.
O estudo foi conduzido por dois pesquisadores que selecionaram os estudos
pertinentes, de forma cega e independente, e de um orientador como juiz que atuou
em caso de dúvida na seleção ou não de algum estudo. Cada um dos pesquisadores
27

recebeu uma cópia das planilhas brutas, contendo todo o resultado da busca,
discriminando apenas os autores, ano e título do estudo. Essas informações foram
apresentadas separadamente em cada uma das bases de dados a fim de se realizar
a seleção preliminar, a partir da análise do título do estudo. Assim chegou-se aos
seguintes números de estudos selecionados: 175 relacionados com o objetivo “A”; 180
relacionados com o objetivo “B”; e 177 relacionados com o objetivo “C”.
Estas fontes potencialmente relevantes e seus detalhes de citação foram
importados para o Sistema JBI para o Unified Management, Assessment and Review
of Information (JBI SUMARI) (JBI, 2022; TRICCO et al., 2018). Para cada uma das
perguntas de revisão construiu-se nesta plataforma uma estrutura de revisão de
escopo (Revisão “A”, Revisão “B” e Revisão “C”).
Na plataforma JBI SUMARI foi realizada uma nova seleção após leitura dos
resumos dos trabalhos para cada uma das três revisões. Novamente, este processo
envolveu os dois revisores ainda cegados como na primeira fase da seleção conforme
exigido pelo protocolo. Após a seleção pela leitura dos resumos, procedeu-se a
recuperação das fontes selecionadas para leitura dos textos completos visando a
seleção final. Assim como nas etapas anteriores, os dois revisores permaneceram
cegados para a leitura completa dos artigos recuperados e seleção dos estudos
pertinentes. Os estudos indisponíveis (11 para a Revisão “A” sendo 1 da busca
indireta, 10 para a revisão “B” e 11 da Revisão “C”) constam na lista de exclusão de
cada uma das revisões (APÊNDICES III, IV e V), bem como dos fluxogramas do
processo de busca e seleção para cada uma das três revisões. Dessa forma, chegou-
se ao número de estudos selecionados por busca direta para cada uma das revisões.
Por último, foram acrescentadas as referências encontradas por busca indireta para
cada uma das três revisões. Um fluxograma completo do processo de seleção dos
estudos para cada uma das revisões será encontrado na sessão específica de cada
uma delas.
Os estudos excluídos e os motivos de sua exclusão, estão relatados nos
APÊNDICES III, IV e V.
28

3.4 Extração de dados

Os dados foram extraídos dos artigos incluídos na revisão de escopo por dois
revisores, sendo um deles especialista na área, usando uma ferramenta de extração
de dados desenvolvida pelos revisores (APÊNDICE II). Os dados extraídos incluíram
detalhes específicos sobre os participantes, conceito, contexto, métodos de estudo e
achados-chave relevantes para a(s) questão(s) de revisão. As divergências entre os
revisores foram resolvidas por meio de discussão.
A seguir são descritas as três revisões relacionadas com os três problemas
analisados na presente dissertação.
29

4 PERGUNTA DE REVISÃO “A”

O que a literatura em saúde apresenta em termos de conceito da síndrome


de savant associada ao Transtorno do Espectro do Autismo?

4.1 Processo de busca e seleção dos estudos para a revisão “A” sobre o
conceito de síndrome de savant associada ao TEA

Fluxograma 1- Processo de busca e seleção dos estudos para a revisão “A”.

Fonte: O próprio autor, com base no modelo PRISMA-ScR (2022)


30

4.2 Relação e características dos estudos selecionados para a revisão


“A” sobre o conceito

Tabela 1 – Relação e características dos estudos selecionados para a revisão “A” sobre
o conceito de síndrome de savant associada ao TEA
Desenho do País de
Autor Ano Título Idioma
estudo origem
New Facts and Remarks
concerning Idiocy: being a
Texto/Estudo
Sèguin 1869 Lecture delivered before the EUA inglês
de opinião
New York Medical Journal
Association, October 15, 1869.
On Some of the Mental
Affections of Childhood and
Youth: Being the Lettsomian
Texto/Estudo Reino
Down 1887 Lectures Delivered Before the inglês
de opinião Unido
Medical Society of London in
1887, Together with Other
Papers
1908
Texto/Estudo
Tredgold (Ed. XIV - Idiots savants EUA inglês
de opinião
1914)
Horwitz, et 1964/ Identical twin - "Idiot savants" -
Relato de caso EUA inglês
al. p1965 Calendar calculators

Savants: Mentally Retarded Revisão


Hill 1978 EUA inglês
Individuals with Special Skills narrativa
Visual memory and motor
O’Connor & Estudo quase Reino
1987 programmes: their use by idiot- inglês
Hermelin experimental Unido
savant artists and controls
Los epónimos y el síndrome
de Faux- Savant / The Estudo de
Lifshitz 1988 México espanhol
eponyms and faux-Savant prevalência
syndrome
The Idiot Savant: A Review of Texto/Estudo
Treffert 1988 EUA inglês
the Syndrome de opinião
Dissertação
(tese)
(Obs.:
Savant syndrome: processes
Avaliado neste
Young 1995 underlying extraordinary Austrália inglês
momento só a
abilities
revisão inicial
como texto e
opinião.)
Texto/Estudo
Miller 1998 Defining the savant syndrome EUA inglês
de opinião
Nettelbeck, & Revisão
1999 Savant syndrome Austrália inglês
Young narrativa
The Savant Syndrome:
Texto/Estudo
Miller 1999 Intellectual Impairment and EUA inglês
de opinião
Exceptional Skill
The savant syndrome: A Texto/Estudo
Bölte et al. 2002 Alemanha alemão
review de opinião
31

Desenho do País de
Autor Ano Título Idioma
estudo origem
Annotation: the savant Reino
Heaton et al. 2004 Coorte inglês
syndrome Unido
Revisão Reino
Pring 2005 Savant talent inglês
narrativa Unido
The savant syndrome: an
Texto/Estudo
Treffert 2009 extraordinary condition. A EUA inglês
de opinião
synopsis: past, present, future
Texto/Estudo Reino
Happé et al. 2012 Savant Syndrome inglês
de opinião Unido
Veridical mapping in the
Texto/Estudo
Mottron et al. 2013 development of exceptional Canadá inglês
de opinião
autistic abilities
Chapter 6 - Savant Skills,
Texto/Estudo
Waterhouse 2013 Special Skills, and Intelligence EUA inglês
de opinião
Vary Widely in Autism
Prevalence of Clinically and
Estudo de
Meilleur et al. 2015 Empirically Defined Talents Canadá inglês
prevalência
and Strengths in Autism
Texto/Estudo Reino
Heaton 2018 Autistic Savants inglês
de opinião Unido
Savant syndrome has a
Reino
Hughes et al. 2018 distinct psychological profile in Experimental inglês
Unido
autism
Belteczki et [Savant-syndrome - something Texto/Estudo
2020 Hungria húngaro
al. for something?] de opinião
Kawamura et [Savant Syndrome and an Texto/Estudo
2020 Japão japonês
al. "Oshikuramanju Hypothesis"] de opinião
Fonte: Próprio autor (2022).

4.3 Linha do tempo com os estudos selecionados para a revisão “A”

Figura 1 – Linha do tempo mostrando a distribuição dos estudos selecionados para a


Revisão “A” sobre a evolução do conceito de síndrome de savant associada ao TEA.

Fonte: Próprio autor (2022).


32

Nesse ponto é importante destacar que a revisão de Hill (1978) é um


marco importante que vai destacar que os relatos de síndrome de savant até
1964 não seguiam critérios científicos rigorosos, o que passou a ser observado
com maior cuidado após esta data.
Também é importante assinalar que até 1995, a Síndrome de Savant era
descrita em associação com deficiência intelectual. Young (1995) avaliou e
descreveu casos de síndrome de savant associado ao TEA, onde a síndrome
pode cursar com inteligência limítrofe ou próximo do normal, rompendo o
paradigma do savantismo ocorrendo exclusivamente na deficiência intelectual.

4.4 Síntese narrativa dos resultados

O termo “Idiot savant” foi usado pela primeira vez em 1869 e é de autoria
de Edward Sèguin, conforme comprovado por sua publicação de 1870, e assim
ele se expressa sobre a condição:

Entre as classes mais ricas, a idiotia não só é agravada com


mais frequência por doenças acessórias, mas também
complicada por semicapacidades anormais ou instintos
desordenados, que produzem tipos heterogêneos em extensão
quase ilimitada. É dessa classe quase exclusivamente que
temos variedades musicais, matemáticas, arquitetônicas e
outras do sábio idiota; protuberância inútil de uma única
faculdade, acompanhada por impotência geral lamentável
(SÈGUIN, 1870, p. 17, tradução nossa).

Observa-se que o conceito vigente na época estava marcado pela visão


da incapacidade assim como as demais formas de deficiência naquela época.
O termo “idiot savant” por si só assinala uma contradição: um idiota
sábio. Não bastasse essa, a própria origem do termo tem sido fonte de
controvérsias. Durante um longo período encontramos na literatura o nome de
Down ligado a expressão “Idiot savants”, mas esta versão está mudando
(DAWSON, 2012; HEATON, 2018).
Para Down, o termo “Idiot Savants” descreve indivíduos que apresentam
habilidades especiais que podem ser desenvolvidas em grande extensão, mas
que ocorrem em “crianças débeis mentais” (DOWN, 1887). Note-se que o termo
“Idiot savants” já era impróprio e equivocado, mesmo no final do Século XIX, uma
vez que a condição, em sua maioria, ocorre em indivíduos com quociente de
33

inteligência (QI) acima de 40 e a idiotia (assim denominada no passado) ocorre


com QI abaixo de 25. Essa inadequação do termo vem sendo assinalada desde
o início do Século passado por Tredgold (1914) até os dias atuais (TREFFERT,
2009).
Um relato histórico circunstanciado sobre a condição foi realizado por
Tredgold em 1908, e apresentado no capítulo XIV do seu livro “Mental Deficiency
(Amentia)”. Assim ele se expressa sobre a condição:

Vimos que a amência é frequentemente caracterizada por um


desenvolvimento mental irregular e defeituoso, e em um
pequeno número de pacientes isso é tão acentuado que resulta
em aptidões especiais que são bastante fenomenais, não
apenas em comparação com doenças, mas frequentemente com
as aquisições de pessoas comuns. Essas pessoas são
convenientemente descritas como "idiotas sábios". A condição é
excepcional e relativamente incomum; por outro lado, não é tão
raro, mas já foi registrado um número considerável de casos
(TREDGOLD, 1914, p. 334, tradução nossa).

Hill (1978) em sua revisão constatou que, desde Down em 1887 até
1968, os estudos encontrados são de relatos de casos e, muitos deles, de caráter
“anedótico”, sem critérios científicos bem definidos. Podemos também dizer que
o conceito da condição, nesta fase, também é pouco preciso embora continue
despertando interesse e curiosidade, em virtude da contradição que encerra em
sua própria essência: altas habilidades em áreas circunscritas ao lado de
deficiência cognitiva.
A partir de 1968 começaram a aparecer na literatura estudos mais
sistemáticos, versando sobre mecanismos e habilidades subjacentes às
habilidades especiais. Com a preocupação do aprimoramento metodológico,
começou a crescer também a necessidade de buscar maior precisão conceitual,
visto que esta se faz necessária para a descrição precisa de casos e
principalmente para definir e recrutar amostras para estudos.
Em 1964 foi lido durante a 120ª reunião anual da American Psychiatric
Association (HORWITZ et al., 1964), o relato de um caso de fenômeno de savant
em gêmeos idênticos. O trabalho foi publicado no ano seguinte e refere-se ao
termo “Idiot savant” como descrevendo:

[...] indivíduos com inteligência subnormal, geralmente no


nível da imbecilidade, que tem uma habilidade intelectual
34

altamente desenvolvida e incongruente com as demais


áreas do funcionamento mental (HORWITZ et al., 1965, p.
1075, tradução nossa).

Horwitz et al. (1965) cita o termo síndrome em seu estudo, mas não
propõe este como uma nomenclatura a ser adotada. Vale ressaltar que o termo
“síndrome de savant” foi usado pela primeira vez 23 anos depois da publicação
do trabalho de Horwitz. Assim, Treffert (1988) foi o primeiro a usar a expressão
em 1988, fazendo referência à uma síndrome. A proposta de Treffert ao utilizar
o termo “síndrome” ocorreu dentro de um contexto genérico:

[...] uma vez que a condição representa uma gama de


habilidades que ocorrem em várias condições, incluindo
doenças mentais importantes e deficiência de desenvolvimento,
prefiro o termo "síndrome de savant [...] (TREFFERT, 1988, p.
563, tradução nossa).

No entanto, antes do termo “Síndrome de Savant” ser cunhado, vários


autores procuraram dar maior precisão conceitual. Dessa forma, Hill (1978)
define o termo “savant” da seguinte forma:

Um savant é uma pessoa mentalmente retardada que demonstra


uma ou mais habilidades acima do nível esperado de indivíduos
não retardados (HILL, 1978, p. 281, tradução nossa).

Hill (1978) chama a atenção para o fato da ambiguidade presente nesta


definição, posto que é uma contradição uma pessoa de baixa inteligência possuir
altas habilidades. Quanto ao termo savant, que também tem encontrado algum
respaldo na literatura, há que se indagar se um indivíduo com deficiência
intelectual é “sábio”. Nesta linha de pensamento, um pouco mais tarde, Young
(1995) indica que, embora alguns casos tenham inteligência limítrofe, também é
encontrado um padrão de rigidez, inflexibilidade e falta de criatividade, que são
características importantes da inteligência. Nettelbeck e Young (1999) também
destacaram que as habilidades savants ocorrem num campo restrito além de
serem imitativas e inflexíveis.
O que parece despertar interesse no fenômeno savant, são justamente
estas ambiguidades, que na verdade tem como pano de fundo a própria definição
de inteligência. Um indivíduo com déficit intelectual e possuidor de altas
habilidades numa área específica, pode ser considerado sábio? Dessa forma, o
termo “síndrome de savant” parece revelar a própria dificuldade em conceituar o
35

fenômeno. Colocadas estas contradições e limitações quanto a definição e uso


do termo savant, a definição de Hill (1978, p. 281) parece ter resistido ao teste
do tempo (NETTELBECK; YOUNG, 1999, p. 140) e pode ser aceitável desde
que se leve em conta estas contradições e limitações.
Nettelbeck e Young (1999) chamam atenção para o fato de que o próprio
termo “síndrome” também tem sido questionado na literatura. Esse
questionamento se deve ao fato de que as características definidoras do
fenômeno estão restritas a excepcionalidade das altas habilidades e o
funcionamento intelectual abaixo da média e não a um conjunto de sinais e
sintomas como seria de se esperar numa síndrome.
Um outro ponto que chamamos a atenção para o uso do termo síndrome,
é que este está relacionado a um conjunto de sinais e sintomas que definem uma
patologia ou condição, patológica ou não, que pode ou não ter uma causa
conhecida. O termo parece evocar um modelo médico de doença, quando na
verdade estamos diante de uma condição. Assim, tanto Hill (1978) quanto
Nettelbeck e Young (1999) chamaram atenção para o fato de que grande parte
dos relatos sobre savants que antecederam os anos de 1960, são de natureza
“anedótica”, sem rigor científico. Mesmo depois desta época, ainda encontramos
na literatura considerável material desta natureza e não faltam inclusive quem
se proponha a “curar a síndrome de savant”, o que nos parece um despropósito,
visto que nos parece mais razoável aceitarmos que estamos diante de uma
condição e não de uma patologia.
Uma outra posição importante neste campo, é a crítica ao uso de
epônimos em saúde e, no presente caso, o termo “síndrome de savant” é um
epônimo. O uso de epônimos é consagrado em medicina e existem muitos
argumentos favoráveis a esta tradição. Mas também existem argumentos
contrários ao seu uso como o fato do epônimo não distinguir entre vários sinais,
síndromes ou doenças. Tais limitações podem causar sérias confusões, na
medida em que se utiliza um mesmo nome para designar situações diferentes.
Destaque-se também que o epônimo não é descritivo e sim genérico (LIFSHITZ,
1988). Para Alberto Lifshitz, este é o caso da Síndrome de Savant: um nome
culto que mostra erudição, consagrado pelo uso, mas que na verdade pouco
informa sobre o verdadeiro fenômeno que tenta descrever.
36

Até este ponto o conceito de síndrome de savant que descrevemos está


associado a deficiência intelectual. Sabemos que muitos dos casos de TEA
cursam com algum grau de deficiência intelectual, mas nem todos os casos. Vale
ressaltar que o conceito de autismo infantil (hoje englobado pelo conceito de
TEA), data de 1943 como assinalado na introdução deste estudo. Como o
conceito de “idiota savant” é anterior a esta data, é possível que casos de TEA
associado a síndrome de savant estivessem sendo descritos apenas como
deficiência mental desde as primeiras descrições de Down. Mas como a
síndrome de savant está relacionada ao TEA e que implicações esta associação
tem para a evolução do conceito de síndrome de savant?
A associação entre TEA e síndrome de savant já havia sido notada por
autores como Rimland (1978) apud (MILLER, 1998). Esta associação ganhou
ainda mais ênfase a partir dos estudos de Treffert (1988) e mais acentuado ainda
a partir do grande estudo de Young (1995) quando ficou mais claro que a
síndrome de savant pode ocorrer com níveis de inteligência limítrofes,
especialmente nos casos associados ao TEA. Neste ponto, compreende-se
então uma expansão do conceito que agora passa a ser relacionado não só a
grande deficiência mental, mas também a índices de QI próximos a 70,
especialmente nos casos relacionados ao TEA (MILLER,1998). Isso significa
dizer que, habilidades savants podem estar presentes em indivíduos cujo
funcionamento mental pode estar dentro da faixa normal, pelo menos
considerando-se os testes padronizados convencionais (MILLER, 1998).
O’Connor e Hermelin (1987) também já haviam confirmado em um estudo de
1987 que a habilidade savant independem do QI.
Para Miller (1999) a habilidade savant implica num alto desempenho
numa área, que é notoriamente superior em comparação com as demais
habilidades gerais do próprio indivíduo, bem como em comparação à média da
população típica. Ele propôs que a definição da síndrome de savant deve seguir
um modelo baseado em discrepâncias como a abordagem utilizada nos EUA
para definir deficiência de aprendizagem, onde estas são definidas como
desempenho limitado e restrito no domínio prejudicado (do ponto de vista
normativo) em discrepância com relação ao funcionamento geral.
37

Um fato que chama atenção na síndrome de savant, é uma faixa


relativamente estreita de áreas nas quais estas altas habilidades são
desenvolvidas. Hill (1978) descreveu as seguintes modalidades: cálculo de
calendário, memória (lembrar datas de efemérides, linhas de ônibus e
respectivas estações, mapas, modelos de carros etc.), habilidades artísticas
(geralmente desenho e pintura), habilidade matemática (cálculos, números
primos) e habilidades mecânicas. Nettelbeck e Young (1999) aceitam estas
modalidades como válidas e acrescentam mais duas: a hiperlexia e habilidades
esportivas (natação, patinação, equilíbrio). Passados os anos, essa
classificação permanece consistente e respaldada pela literatura. Sobre estas
últimas (habilidades esportivas), não encontramos referências significativas na
literatura consultada para esta revisão, além das citadas por Nettelbec e Young
(1999).

4.5 Classificando Síndrome de Savant

Treffert (1989) apud Young (1995) e referendado pelo próprio Treffert


anos depois (TREFFERT, 2009) classificou os savants em três grupos. Os
savants ‘talentosos’ são aqueles onde a habilidade contrasta apenas com a
deficiência. Os savants ‘prodigiosos’ são aqueles nos quais a habilidade
contrasta não só com a deficiência, mas seriam extraordinárias mesmo se
comparados com a população geral. O autor destaca ainda que os segundos são
muito mais raros que os primeiros. Em relação à etiologia, o autor indica que a
condição pode ter tanto causa congênita, como nos casos que acompanham as
deficiências mentais e o TEA, como pode ser adquirida em situações de trauma
do sistema nervoso central. Uma outra categoria, são as denominadas “splinter”,
descritas apenas como habilidades segmentares observadas especialmente em
autistas.
Para Darold Treffert (1989, 2009), as habilidades savant ocorrem dentro
de um espectro que vão desde as habilidades splinter (o primeiro grupo), que
são as mais comuns, passando pelos “savants talentosos”, onde a habilidade
surge numa área de especialização única em desarmonia com o prejuízo
cognitivo global. No outro extremo do espectro estão os “savants prodigiosos”,
38

onde a habilidade é tão extraordinária que seria notável mesmo se ocorresse em


um indivíduo sem prejuízo cognitivo (TREFFERT, 2009).
Devemos a Young (1995), um dos mais completos e minuciosos estudos
sobre síndrome de savant. O estudo comporta uma primeira parte com revisão
concisa sobre o conceito e classificação da síndrome de savant e nas partes
subsequentes o estudo detalhado de um savant com altas habilidades musicais
e uma extensa série de casos sobre savants com habilidade em cálculo de
calendário que foram minuciosamente estudados quanto ao perfil cognitivo e
investigação extensa de suas habilidades específicas.
Apesar da apresentação por Treffert de uma classificação em três níveis
para habilidades savant, foi Young em 1995 que confirmou a validade desta
classificação ao estudar pormenorizadamente os casos. Seu estudo não
decorreu de mera observação e descrição de casos isolados, mas ela estudou
sistematicamente o comportamento de sua amostra, inclusive com filmes
padronizados sobre os participantes em atividade que foram classificados por
dois observadores independentes e cegados, resultando na comprovação e
validade da classificação proposta por Treffert. Segundo ela, o termo síndrome
de savant deve ficar reservado para os savants talentosos e os prodigiosos.
O termo ‘mono-savant’ proposto por Charness (1988) apud Heaton
(2004) e Miller (1988) é contemporâneo da nomenclatura proposta por Treffert,
mas seu uso não se tornou rotineiro na literatura. Pamela Heaton também
postulou que as habilidades savants e o autismo estão inextricavelmente
relacionados. No seu entendimento o olhar para o autismo poderá vir a facilitar
a compreensão das habilidades savants (HEATON; WALLACE, 2004).
A síndrome de savant pode ser congênita e com manifestações desde o
nascimento e infância, ou pode ser adquirida em decorrência de doenças ou
lesões do Sistema Nervos Central (SNC) (TREFFERT, 2009). No caso da
síndrome de savant associada ao TEA, Hill (1978) destaca que o termo savant
refere-se a uma condição comportamental e não a um diagnóstico e, a maioria
dos estudos até aquela época, estavam restritos a comparar indivíduos normais
com indivíduos savant, o que não fornece dados etiológicos. Ainda assim, sua
suspeita é de que a causa estaria em algum grau de lesão do Sistema Nervoso
Central.
39

Bölte et al. (2002) mostraram que a falta de uma classificação


consistente da síndrome de savant torna difícil a investigação do fenômeno.
Dessa maneira, fica inviável até mesmo a seleção de indivíduos em grupos alvo
para a condução de estudos científicos. Além do mais, a baixa frequência dos
casos savants prodigiosos agrava ainda a mais a disponibilidade de grandes
amostras para estudo.
Heaton e Wallace (2004) destacaram que para uma maior compreensão
das pessoas savant, é importante que as avaliações das habilidades e
funcionamento geral não fiquem restritos a avaliação da inteligência, mas
também deve-se considerar os elementos adaptativos. Os resultados das
avaliações conduzidas com indivíduos savant revelaram que uma grande
parcela era de autistas com escores em testes de inteligência dentro da faixa de
normalidade, ou limítrofes. Tal constatação desencadeou, a partir dos anos
2010, uma série de estudos de buscaram avaliar as altas habilidades em
indivíduos com TEA.
Happé e Wallace (2012) reforçaram a importância da classificação de
três níveis criada por Treffert também constatada por Young. Francesca Happé
também pondera que a questão do “talento” evoca herança genética ou
treinamento, mas os estudos no campo genético ainda são insuficientes para
conclusões. Sobre talentos, Pring (2005) já tinha ponderado que o conceito de
talento é vago e definido dentro do contexto e da cultura.
Mottron et al. (2013) fizeram uma exaustiva revisão sobre o
desenvolvimento de habilidades excepcionais em autistas e propuseram duas
teorias para explicar o fenômeno. A primeira diz respeito ao funcionamento
perceptivo aprimorado (FPA) que enfatiza o aumento do papel e da autonomia
do processamento de informações perceptivas na cognição autista. A segunda
teoria diz respeito ao que ele denomina de “Veridical Mapping”, que envolve o
aumento de detecção de padrões através de percepções isomórficas e que pode
explicar muitos dos fenômenos observados na síndrome de savant encontrada
no fenótipo autista. Essas duas teorias serão discutidas em maior detalhe na
resposta a pergunta de revisão “B”. Mottron et al. (2013) cita a percepção
superior, os picos de habilidades e habilidades savant como fenômenos
frequentemente observados no fenótipo autista. Dessa forma, ele parece estar
40

mais preocupado em compreender a fisiopatologia destes fenômenos do que em


defini-los.
Por outro lado, embora o foco de Mottron et al. (2013) nestas teorias
esteja voltado para a compreensão do fenômeno, traz também um elemento
novo ao conceito para síndrome de savant associada ao TEA. Nessa concepção,
o fenômeno de savant no TEA deixa de ser uma possível manifestação
patológica, mas sim uma possibilidade de acesso do TEA à cultura, dentro das
possibilidades e ferramentas que ele dispõe.
Embora a questão do conceito de síndrome de savant permaneça em
aberto, observa-se uma tendência na literatura dos últimos 20 anos a investigar
questões de fisiopatologia e propor teorias explicativas para o fenômeno. É
provável que uma maior compreensão da fisiopatologia da síndrome de savant
conforme proposto por Mottron e vários outros autores que serão discutidos na
resposta a questão de revisão “B”, permitam também uma maior precisão na
formulação do conceito.
Meilleur et al. (2015) destacaram que os múltiplos rótulos utilizados para
descrever pelo menos uma competência em desarmonia com o funcionamento
cognitivo ou adaptativo que ocorrem nas síndromes do neurodenvolvimento
como TEA, refletem as várias hipóteses sobre a relação entre estas habilidades
(talentos) com a inteligência. Segundo eles, entre esses rótulos temos termos
como “idiota savants”, “síndrome de savant”, “habilidades fragmentárias”, “ilhotas
de habilidades”, “habilidades isoladas especiais (SIS)”, “picos de habilidades”,
“perfil cognitivo desigual” e “desarmonia cognitiva".
Alguns trabalhos destacam que as habilidades excepcionais que
ocorrem no TEA podem envolver dois níveis: as habilidades gerais de domínio
encontradas no nível do grupo (picos ou ilhotas de habilidades) e habilidades
específicas de domínio no nível individual (síndrome de savant) (MEILLEUR;
JELENIC; MOTTRON, 2015). Para fugir do que eles chamam de suposições
discriminatórias ocultas por estes termos, eles vão utilizar neste estudo os
termos “pontos fortes” para se referirem as habilidades gerais de domínio e
chamam de “talentos” as habilidades específicas de domínio.
No estudo de Meilleur et al. (2015), habilidades especiais isoladas (SIS)
foram definidas como uma codificação de 2 ou 7 das questões 88-93 da escala
41

ADI-R, o que corresponde a um nível de desempenho acima do nível geral de


funcionamento cognitivo e acima do esperado para a idade, com (7) ou sem (2)
uso funcional ou adaptativo da habilidade na vida diária. Na ADIR-R, um talento
clinicamente definido é referido como SIS, a qual é definida como uma
discrepância entre um domínio de desempenho e o nível geral de adaptação ou
funcionamento.
Uma linha diferente de pesquisa propõe comparar evidências de base
cerebral para altas habilidades (discriminação e reconhecimento visual e auditivo
superior, experiências em percepção e discriminação de padrões e condições
incomuns de percepção em savants autistas comparados a indivíduos
neurotípicos prodígios (WATERHOUSE, 2013). Neste estudo, ‘prodígio’ é
definido como um indivíduo de qualquer idade sem autismo e sem deficiência
intelectual que exibiu habilidade extraordinária em arte, música, memória ou
cálculo. No mesmo estudo a palavra savant descreve indivíduos diagnosticados
com autismo que exibiu habilidades extraordinária ou superior em arte, música,
memória ou cálculo. A proposta do estudo é ousada e interessante, mas aqui
‘prodígio’ parece estar sendo utilizado num sentido diferente ao que foi proposto
por Treffert (1988).
Nesse estudo, Waterhouse apresenta uma revisão da literatura que
mostra que habilidades encontradas em savants autistas (como memória notável
para autobiografia, memória excepcional para fatos e números, cálculos
matemáticos extremamente rápidos, cálculo de calendário, replicação de
imagens com extrema fidelidade após breve exposição, replicação de música
após breve exposição, leitura de palavras antes de compreendê-las, habilidades
superiores no aprendizado de rotas e mapas, habilidades superiores em xadrez,
discriminação de tom, sinestesia, sensibilidade auditiva aumentada,
sensibilidade tátil aumentada) também já foram descritas em prodígios
neurotípicos. Por outro lado, reconhecimento e discriminação de faces, altas
habilidades para reconhecimento e discriminação de sabores e odores, foram
descritos em prodígios neurotípicos, mas não em autistas.
Embora o estudo de Waterhouse (2013) não constitua uma fonte
primária estrita para estudo do conceito de síndrome de savant, o estudo mostra
o quanto as incongruências do conceito podem levar a erros na aferição de
42

prevalência do fenômeno e mesmo na sua compreensão e formulação de teorias


explicativas das possíveis causas como veremos na resposta a pergunta de
revisão “B”.
Heaton (2018) afirma que ainda não existe consenso na literatura se
indivíduos talentosos autistas (termo que não deve ser confundido com savant
talentoso) devam receber o status de savants. Isto porque, o talento pode ser na
verdade uma questão ligada a herança e não necessariamente uma
manifestação decorrente de funcionamento mental atípico. Ela destaca ainda
que a síndrome de savant está mais associada ao TEA (9,8% de prevalência
precoce de habilidades savants segundo relatos de pais), taxa esta que que é
dez vezes maior que a da síndrome de savant associada a deficiência intelectual
isolada. Mas pelo que já vimos até aqui, a imprecisão conceitual e o forte fator
subjetivo do relato de pais, que tendem a hipervalorizar as habilidades de seus
filhos, apontam para a necessidade de olhar com reservas estas estimativas.
Belteczki e Rihmer (2020) em recente revisão retomam a classificação
de Treffert para síndrome de savant. Contemporânea a esta, Kawamura et al.
(2020) referem-se a síndrome de savant como um talento excepcional ao lado
de sérios danos cerebrais (mentais) e cita uma classificação em três
modalidades: síndrome de savant congênita (aqui incluída a associada ao TEA),
adquirida (lesões cerebrais traumáticas ou degenerativas) e síndrome de savant
transitória induzida por estimulação magnética transcraniana. Nesta última, a
estimulação eletromagnética suprime temporariamente algumas funções
cerebrais o que provoca manifestações de altas habilidades por curtos períodos.
Este último modelo é interessante para dar suporte a algumas teorias
fisiopatológicas ligadas ao aparecimento da síndrome de savant no autismo.

4.6 Implicações da imprecisão conceitual

A literatura revela um considerável número de descrições do fenômeno


savant, mas o conceito ainda apresenta lacunas importantes. No presente
trabalho, o termo ‘fenômeno savant’ será usado em alternativa a síndrome de
savant, pois o conceito não se enquadra na definição de síndrome, além do que
o termo fenômeno, remete mais a uma condição, não necessariamente
43

patológica. A imprecisão conceitual torna questionável outros dados sobre o


assunto encontrados na literatura. Waterhouse (2013) chama nossa atenção
para aspectos importantes neste sentido: como assegurar que a prevalência do
fenômeno encontrado na literatura está correta se sequer temos um conceito
unitário do problema? Além do que, se tomarmos as taxas de prevalência
encontradas na literatura e tentarmos estimar uma taxa de casos para a
população, encontraremos grandes números estimados que parece não
corresponder com a prática, visto que os relatos continuam escassos e na
maioria das vezes realizados através de relatos de casos isolados ou de
pequenas séries de casos.
A constatação de que o fenômeno é mais frequentemente encontrado
no TEA, embora consensual na literatura, também requer atenção especial, visto
que a prevalência geral continua questionável pelos motivos acima expostos.
Outra questão importante é a dificuldade em se avaliar a inteligência,
especialmente no caso de autistas savants. Teste psicométricos padronizados
nem sempre detectam a situação real da inteligência destes indivíduos,
especialmente os com dificuldades de expressão verbal. O baixo desempenho
cognitivo pode explicar a dificuldade de compreender as perguntas ou expressar-
se nas respostas verbais, e não a situação real de inteligência do sujeito.
Por fim, Waterhouse (2013) chama a atenção para o fato que esta
imprecisão conceitual está ainda revestida por uma proliferação nada
desprezível de estereótipos ligados ao autismo observada nas últimas décadas,
onde a mídia mostra o autismo geralmente associado a fenômenos savants.
Parece que o público leigo é induzido a acreditar que o autismo está altamente
associado ao savantismo, o que pode não corresponder a realidade. Ela também
acredita que os pesquisadores têm aceitado demais as prevalências estimadas
para habilidades savants no autismo da mesma forma que existe poucos estudos
comparando habilidades prodigiosas em autistas e indivíduos neurotípicos, o
que contribui para a dimensão mitológica que também impregna o savant com
autismo.

4.7 Resumo e considerações finais sobre o conceito


44

A presente revisão indicou que existem controvérsias quanto ao uso do


termo “síndrome” para designar o fenômeno savant. Isso porque síndrome define
um conjunto se sinais e sintomas atribuídos a uma condição nosológica ou não
e, no caso do savant, o que temos é a presença de uma alta habilidade ao lado
de uma deficiência intelectual e não um conjunto de sinais e sintomas. Além
disso, a revisão mostrou que existem restrições ao uso do termo savant, pois é
questionável que sejam de fato sábios, visto que comportam um padrão de
imitação e inflexibilidade. De qualquer forma o termo síndrome de savant está
consagrado pela prática e pode ser aceitável, desde que se leve em conta as
limitações que ele encerra. Mas como já descrito, o termo “fenômeno savant”
será usado para designar a condição.
Permanece fortemente em uso a definição de Hill para savant: “Um
savant é uma pessoa mentalmente retardada que demonstra uma ou mais
habilidades acima do nível esperado de indivíduos não retardados” (HILL, 1978,
p. 281). No entanto, deve-se ressaltar que os termos “mentalmente retardados”
e “retardo”, foram substituídos por Deficiência Intelectual em classificações
atuais como o DSM-5 (APA, 2014). É fato que o fenômeno savant associado ao
TEA pode cursar com índices de QI limítrofes (70), mas como Young (1995)
assinalou, falta a estes indivíduos características importantes da inteligência,
como flexibilidade e criatividade.
O fenômeno savant, ocorre numa faixa relativamente estreita de áreas
nas quais as habilidades se desenvolvem. Permanecem válidas as modalidades
descritas por Hill (1978): cálculo de calendário, memória (lembrar datas de
efemérides, linhas de ônibus e respectivas estações, mapas, modelos de carros
etc.), habilidades artísticas (geralmente desenho e pintura), habilidade
matemática (cálculos, números primos) e habilidades mecânicas. Junte-se a
estas as duas outras modalidades descritas por Nettelbeck e Young (1999): a
hiperlexia e habilidades esportivas (natação, patinação, equilíbrio).
Também permanece aceitável a classificação proposta por Darold
Treffert onde as habilidades savant ocorrem dentro de um espectro que vão
desde as habilidades “splinter” (o primeiro grupo), que são as mais comuns,
passando pelos “savants talentosos”, onde a habilidade surge numa área de
especialização única em desarmonia com o prejuízo cognitivo global e, no outro
45

extremo do espectro estão os “savants prodigiosos”, onde a habilidade é tão


extraordinária que seria notável mesmo se ocorresse em um indivíduo sem
prejuízo cognitivo (TREFFERT, 2009). Embora o trabalho de Young (1995) tenha
dado maior credibilidade à classificação de Darold Treffert, posto que ela fez uma
avaliação metódica de sua amostra incluindo observadores cegados, a falta de
instrumentos padronizados de avaliação ainda introduz um elemento de
subjetividade importante para classificar “talentosos” e “prodigiosos”.
Se a extensa revisão da literatura que levamos a cabo não conseguiu
encontrar argumentos que permitam uma conceituação precisa do fenômeno de
savant, esperamos que o trabalho empreendido tenha se prestado ao menos
para apontar as incongruências e lacunas ligadas ao conceito ainda em
construção. Síndrome de savant não é um diagnóstico. No caso mais específico
do TEA onde o fenômeno é mais frequentemente encontrado, o termo “TEA
savant”, talvez já remeta a característica essencial da condição.
Colocadas todas estas restrições e limitações, parece razoável
aceitarmos que síndrome de savant (ou ‘fenômeno de savant’) é uma condição
na qual ocorre desenvolvimento de altas habilidades em áreas como cálculo de
calendário, memória (lembrar datas de efemérides, linhas de ônibus e
respectivas estações, mapas, modelos de carros, etc.), habilidades artísticas
(geralmente desenho e pintura), habilidade matemática (cálculos, números
primos) e habilidades mecânicas e hiperlexia ao lado de uma condição de
deficiência cognitiva. Pode, no entanto, também ocorrer em indivíduos com
coeficientes de inteligência limítrofes (pelo menos quanto ao que se refere a
testes padronizados de inteligência) ou mesmo na faixa da normalidade,
especialmente nos casos associados ao TEA. Na base do fenômeno de savant,
é provável que existam dano cerebral ainda não inteiramente comprovado em
todos os casos.
De qualquer forma, a falta de instrumentos padronizados para avaliar
determinadas áreas de habilidades como música e artes por exemplo, implica na
introdução de alto grau de subjetividade na avaliação do fenômeno. Desenvolver
instrumentos padronizados adequados para este tipo de avaliação são desafios
futuros que poderão contribuir não só para a avaliação em si, mas também para
a própria conceituação do fenômeno.
46

5 PERGUNTA DE REVISÃO “B”

Quais são as teorias etiopatológicas apresentadas na literatura acerca


da síndrome de savant no Transtorno do Espectro do Autismo?

5.1 Busca e seleção dos estudos para teorias etiopatogênicas da


síndrome de savant associada ao TEA

Fluxograma 2 – Processo de busca e seleção dos estudos para a revisão “B”.

Fonte: Próprio autor, com base no modelo PRISMA-ScR (2022).


47

5.2 Estudos selecionados para etiopatogenia

Tabela 2 – Relação e características dos estudos selecionados para a revisão “B” sobre
teorias etiopatogênicas da síndrome de savant associada ao TEA.
Desenho do País de
Autor Ano Título Idioma
estudo origem
Identical twin - “Idiot
Horwitz 1965 savant”- calendar Estudo de caso EUA inglês
calculators
Cerebral Lateralization:
Biological Mechanisms,
Geschwind 1985 Revisão EUA inglês
Associations, and
Pathology
The idiot savant: a
Treffert 1988 Revisão EUA inglês
review of the syndrome
Autism: Explaining the Reino
Frith 1989 Livro inglês
Enigma. Unido
Talents and Experimental com
Reino
O’Connor et al. 1991 preoccupations in idiots- grupo controle (4 inglês
Unido
savants grupos)
Autism: beyond “theory Reino
Frith 1994 Revisão inglês
of mind” Unido
Savant syndrome:
Young 1995 processes underlying Tese Austrália inglês
extraordinary abilities
Proper name
Mottron et al. 1996 hypermnesia in an Estudo de caso Canadá inglês
autistic subject
Atypical memory Experimental (1
Mottron et al. 1998 performance in an TEA savant X 8 Canadá inglês
autistic savant controles)
Local and global
processing of music in
high-functioning
Mottron et al. 2000 Experimental Canadá inglês
persons with autism:
Beyond central
coherence?
Annotation:
Anderson, M 2001 Conceptions of Teoria Austrália inglês
Intelligence
The Essential
Baron Cohen 2003 Livro inglês
Difference
Exploratory subsetting
of autism families based
on savant skills
Nurmi et al. 2003 Descritivo EUA inglês
improves evidence of
genetic linkage to
15q11-q13
48

Desenho do País de
Autor Ano Título Idioma
estudo origem
Non-algorithmic access Estudo de um Inglês
to calendar information caso submetido a
Mottron et al. 2006 Canadá
in a calendar calculator três testes
with autism específicos
Enhanced perceptual
functioning in autism: an
Mottron et al. 2006 update, and eight Revisão Canadá inglês
principles of autistic
perception
Savant memory for
digits in a case of
synesthesia and
Reino
Bor et al. 2007 Asperger syndrome is Estudo de caso inglês
Unido
related to hyperativity in
the lateral prefrontal
cortex
Neuropsychological
Studies of Savant Skills:
Wallace 2008 Can They Inform the Revisão narrativa EUA inglês
Neuroscience of
Giftedness?
What aspects of autism Reino
Happé et al. 2009 Revisão inglês
predispose to talent? Unido
Relationship between
special abilities and
Reino
Vital et al. 2009 autistic-like traits in a Epidemiológico inglês
Unido
large population-based
sample of 8-year-olds
The savant syndrome:
an extraordinary
Treffert 2009 Revisão EUA inglês
condition. A synopsis:
past, present, future
Explaining and inducing
savant skills: Priviliged
Snyder 2009 acces to lower level, Revisão Austrália inglês
less processed
information
A foundation for
10 casos
savantism? Visuo-
pareados com Reino
Simner et al. 2009 spatial synaesthetes inglês
controles em dois Unido
present with cognitive
experimentos
benefits
Enhanced perception in
savant syndrome:
Mottron et al. 2009 Revisão Canadá inglês
patterns, structure and
creativity
49

Desenho do País de
Autor Ano Título Idioma
estudo origem
The savant hypothesis:
Fabricius 2010 is a autismo a signal- Revisão EUA inglês
processing problem?
A review of Savant
Syndrome and its
Hughes 2010 Revisão EUA inglês
possible relationship to
epilepsy
Can the existence of
highly accessible
concrete
Reino
Murray 2010 representations explain Revisão Inglês
Unido
savant skills? Some
insights from
synaesthesia
The mind of the
mnemonists: an MEG
Experimental com Alemanha
Neumann et al. 2010 and neuropsychological inglês
controles Itália
study of autistic memory
savants
The paradox of autism:
why does disability Reino
Baron-Cohen 2011 Capítulo de livro inglês
sometimes give rise to Unido
talent?
Local and global
Reino
Pring et al. 2010 processing in savant Experimental inglês
Unido
artists with autism
Nadia Revisited – A
Selfe 2011 longitudinal Study of an Livro EUA inglês
Autistic Savant
Experimental (4
Creativity in savant Reino
Pring et al. 2012 grupos c/ inglês
artists with autism Unido
controles)
Interdisciplinary
implications on autism,
Hungria e
savantism, Asperger
Teórico: revisão / autores de
Bókkon et al. 2013 syndrome and the inglês
hipótese vários
biophysical picture
países
representation: Thinking
in pictures
Veridical mapping in the
development of
Mottron et al. 2013 Teórico/Hipótese Canadá inglês
exceptional autistic
abilities
Astrocyt mega-domain
Mitterauer 2013 hypothesis of the Hipótese Áustria inglês
autistic savantism
50

Desenho do País de
Autor Ano Título Idioma
estudo origem
Intuition in autistic
savantism: A
Mitterauer 2013 hypothetical model Hipótese Áustria inglês
based on glial–neuronal
interactions
Savant skils, specials
Waterhouse 2013 skils, and intelligence Revisão EUA inglês
vary widely in autism
Savant syndrome has a
distinct psychological Quase- Reino
Hughes et al. 2018 inglês
profile in autismo experimental Unido

Synesthesia & autistic


features in a large
Bouvet et al. 2019 family: Evidence for Descritivo França inglês
spatial imagery as a
common factor
Synaesthesia and
Países
autism: Different
Baixos
van Leeuwen et developmental
2020 Revisão Suécia e inglês
al. outcomes from
Reino
overlapping
Unido
mechanisms?
Reino
Baron-Cohen 2020 The pattern seekers Livro inglês
Unido
Fonte: Próprio autor (2022).

5.3 Sínteses narrativa dos resultados

5.3.1 Principais teorias etiopatogênicas da Síndrome de Savant

Mais de meio século depois da publicação do memorável estudo de caso


em gêmeos por Horwitz (1965) apresentada na 120ª Reunião anual da American
Psychiatic Association ocorrida em Los Angeles em 1964, vale se perguntar se
ainda permanece válida a afirmação do autor:

A importância, então, do Idiota-Savant está em nossa


incapacidade de explicá-lo; ele está como um marco de nossa
própria ignorância e o fenômeno do Idiota-Savant existe como
um desafio para nossas capacidades (HORWITZ, 1965, p. 1078,
tradução nossa).

Avanços significativos ocorreram nos últimos anos que possibilitaram,


por exemplo, uma melhor caracterização dos quadros de síndrome de savant
51

relacionados ao TEA. Dessa forma, a síndrome de savant tem como


característica principal estar restrita a determinados domínios, ou habilidades
específicas, que podem ser descritas em cinco categorias: 1) música; 2) arte,
em suas diferentes formas de expressão como desenho, pintura, escultura; 3)
cálculo, que envolve habilidades com calendário, números primos, raios e
cálculo matemático; 3) habilidades mecânicas ou espaciais; 5) hiperlexia
(TREFFERT, 2009). Uma pergunta que se coloca é: O que essas modalidades
têm em comum entre si e porque estão restritas a este “menu” de domínios
constantes e de certa forma restrito?
Uma possível e relevante resposta à essa questão é apresentada por
Mottron et al. (2013). Segundo esses autores, o que estas modalidades têm em
comum é que são constituídas por códigos humanos (i.e., letras, calendários,
escalas musicais etc.) que tem entre si, redundância estrutural e os domínios
savant são caracterizados por relações isomórficas de vários níveis.

Um isomorfismo é uma relação recíproca entre materiais


concretos ou abstratos que preservam sua estrutura, apesar das
diferenças estruturais irrelevantes. Os materiais envolvidos na
maioria das habilidades savant são isomórficos no sentido de
que os mesmos elementos ou padrões semelhantes estão
representados nos materiais envolvidos, e multinível no sentido
de que as estruturas são hierarquicamente organizadas na
incorporação e padrões incorporados dentro do domínio. Por
exemplo, na aritmética, é a recorrência de números organizados
com base decimal, que organiza a sintaxe relevante. Na música,
é a recorrência do padrão de 7 ou 12 notas ao longo da escala
harmônica, mas também as regras harmônicas para um
determinado estilo, como a música barroca ou jazz. Em material
escrito, é a recorrência de letras, textos e regras sintáticas. Além
desses isomorfismos em larga escala (por exemplo, sintaxe),
esses materiais também compartilham a propriedade de serem
compostos por uma constelação de elementos básicos e fixos,
como letras, números, notas e unidades de construção 3D, de
tal forma que todas essas estruturas possam emergir através
das leis perceptivas do agrupamento.” (MOTTRON et al., 2013,
p. 147, tradução nossa).

Embora tenham ocorrido avanços significativos na compreensão do


fenômeno Savant, é necessário considerar as principais teorias etiopatogênicas
que tentam explicar o fenômeno savant. Mesmo considerando as diversas
teorias apresentadas em trabalhos analisados na presente revisão, é bastante
provável que permanecem lacunas importantes no entendimento do fenômeno.
52

A presente revisão, portanto, busca analisar o poder de explicação das teorias


sobre o fenômeno.
As teorias serão apresentadas e analisadas em ordem cronológica de
sua formulação. Essa abordagem é adotada para dar um sentido cronológico
evolutivo ao surgimento das teorias, visando retratar suas evoluções. Vale
ressaltar que nem sempre é possível identificar um único autor como primeiro
proponente de uma teoria, pois estas muitas vezes são forjadas a muitas mãos.
Além do mais, ainda que a revisão de escopo tenha sido conduzida de forma
cuidadosa, é possível que não tenham sido localizadas outras teorias
importantes. Dessa forma, na apresentação das teorias feitas a seguir, procurou-
se enumerar o autor pioneiro ou pelo menos aqueles mais citados na descrição
ou defesa de algumas destas teorias. A figura 3 apresenta a relação das 12
teorias identificadas no processo de busca e, serão descritas detalhadamente.

Figura 2 - Linha do tempo com as teorias etiopatogênicas da síndrome de savant

Fonte: Próprio autor, com base nos estudos citados nesta revisão (2022).
53

5.3.2 Primeiras teorias sobre etiopatogenia do fenômeno savant

As primeiras teorias sobre a etiopatogenia do fenômeno savant surgiram


nas décadas de 1960 e 1970. Nesse período, ficaram em destaque 4 teorias:
teoria da imagem eidética; teoria da privação sensorial e isolamento; teoria da
concretude do pensamento e dificuldade na abstração; e teoria da motivação e
reforço.
Uma das primeiras teorias propostas para explicar as habilidades savant
em TEA é a Teoria Eidética. As bases para essa teoria são apresentadas no
trabalho pioneiro de Horwitz (1965), em que apresenta, como possíveis causas
do fenômeno savant, três hipóteses: 1) a capacidade incomum para imagens
eidéticas, 2) mecanismo envolvendo repetição e memória como uma
compensação substituta ao aprendizado normal; 3) e um mecanismo
“computacional” (aspas minhas) no cérebro destes indivíduos (HORWITZ, 1965).
De fato, os trabalhos de revisão sobre teorias etiopatogênicas feitos por Treffert
(1988) e Selfe (2011) mostram que a capacidade de formar imagens eidéticas
foi considerada historicamente para explicar o fenômeno savant. Dessa forma,
Selfe (2011) considera a mesma definição de imagens eidéticas elaborada por
Haber (1969):

As imagens eidéticas descrevem uma função de memória


específica, algumas vezes associada a deficiência neurológica,
na qual uma pessoa retém uma impressão visual muito forte ou
imagem de um objeto ou imagem por pelo menos 40 segundos
após a remoção. A pessoa com forte memória eidética será
capaz de descrever o objeto em grande detalhe e com grande
precisão (HABER, 1969, apud SELFE, 2011, p. 147, tradução
nossa).

A teoria de imagens eidéticas foi questionada, por exemplo, com a


constatação de Darold Treffert de que as imagens eidéticas estão presentes em
alguns dos savants mas não em todos e a persistência destas ao longo do
desenvolvimento pode ser um marcador de lesão cerebral. Sendo assim, nos
casos de savants que apresentam imagens eidéticas, estas talvez sejam
decorrentes de lesões orgânicas associadas e não responsáveis diretas pelo
fenômeno savant (TREFFERT, 1988). Da mesma forma, Selfe (2011) questiona
a teoria das imagens eidéticas, ainda que tenha usado essa teoria, em um
54

trabalho publicado em 1977, para explicar a capacidade de uma paciente


desenhar com extrema desenvoltura. Ao continuar acompanhando a paciente,
ela percebeu que a paciente podia manipular as imagens que tinha visto girando
e mudando-as de posição (SELFE, 2011) concluindo que a teoria da imagem
eidética não podia então explicar este caso.
Desta forma, a teoria das imagens eidéticas teve seu apogeu como foco
de pesquisa na década de 1960 a 1970. No entanto, atualmente não se sustenta
como hipótese válida e está restrita ao valor histórico. Além da teoria eidética,
outras duas teorias estiveram em evidência nesta mesma época: a teoria da
privação sensorial e a teoria da concretude do pensamento e dificuldade na
abstração
A teoria da privação sensorial parte do fato dos indivíduos TEA
apresentarem sérias dificuldades na interação social e geralmente viverem
isolados de contatos e com campo de interação social restrito a poucas pessoas.
A inabilidade em lidar com interações sociais, facilita o seu isolamento que aliado
a mesmice e obsessividade, criam condições para que se dediquem de forma
muito intensa a atividades repetitivas e bizarras como contar, calcular, observar
regularidades etc. A hipótese da privação sensorial foi proposta por Rimland
(1978, apud SELFE, 2011), que assinala ainda que esse isolamento leva o
indivíduo TEA a lidar com detalhes minuciosos e de grande especificidade o que
pode explicar em parte as habilidades savant nestes indivíduos.
Também já foi defendida a ideia de que as preocupações com detalhes
e obsessividade podem estar associados às habilidades savant, tanto nos
deficientes quanto nos savants TEA (O'CONNOR; HERMELIN, 1991). Esta
mesma linha também foi investigada por Happé e Vital (2009) que também
sugerem que o estilo cognitivo focado em detalhes predispõe ao aparecimento
de altas habilidades em indivíduos TEA savant.
Treffert (1988) aceita em parte esta teoria como razoável para explicar
alguns casos de fenômenos savant em indivíduos TEA, mas destaca que muitos
destes indivíduos, embora com limitações na interação social, vivem em
ambientes hiper estimulantes, o que não justificaria esta teoria para todos estes
casos.
55

Outra teoria que tenta explicar o aparecimento do fenômeno savant está


representado pela teoria da concretude do pensamento e dificuldade na
abstração. Selfe (2011) e Treffert (1988) em suas revisões fazem referência a
esta teoria e, com base nas ponderações de Howe (1989) apud Selfe (2011)
indicam que existem pesquisas que apontam que, para uma criança que não
simboliza, isto pode representar vantagens. Ou seja, por não simbolizar, a
criança pode se concentrar mais diretamente numa característica concreta de
um objeto ou tarefa sem se distrair com os outros significados ou interpretações
possíveis (simbólicos). Esta hipótese tem sido usada para tentar explicar savants
com habilidades para cálculo. No entanto, para Darold Treffert, a concretude do
pensamento é muito mais um sintoma do TEA do que de fato uma possível causa
para a manifestação do fenômeno savant.
Uma quarta forma de explicação levantada é a teoria da motivação e
reforço. Esta também faz parte do primeiro rol de teorias que se desenvolveram
nas décadas de 1960 e 1970. Treffert (1988) com base em vários autores,
destaca o quanto o autismo, especialmente as formas com deficiência intelectual
mais acentuada, cursa com baixa autoestima e isolamento. Poder desenvolver
uma habilidade específica num cenário de deficiência, pode representar para o
sujeito uma verdadeira redenção de sua condição. É conhecido o orgulho dos
pais destes indivíduos ao exibirem suas altas habilidades, bem como o status
que uma condição savant pode conferir ao indivíduo institucionalizado. Assim, o
desenvolvimento da habilidade tem um caráter compensatório e os estímulos,
parentais/sociais, funcionam como um reforçamento para esta condição.
Motivação e reforço também estão relacionados a questão da influência
da prática no desenvolvimento de uma habilidade savant. Em seu estudo,
Waterhouse (2013) conclui que mesmo nos casos em que a prática represente
a possibilidade de um aprimoramento na habilidade, existe um teto para este
desenvolvimento via prática, o que limita esta hipótese como causa única da
manifestação de fenômeno savant. Além disso, Selfe (2011) pondera que só faz
sentido pensar na motivação e reforço, depois que a habilidade em questão já
surgiu. Portanto é difícil admitir que só motivação e reforço justifiquem o
fenômeno savant.
56

5.3.3 Teoria da lateralização do hemisfério esquerdo e compensação do


hemisfério direito

A Teoria da lateralização do Hemisfério Esquerdo e compensação do


Hemisfério direito leva em consideração a embriologia do Sistema Nervoso
Central (SNC). O SNC tem seu início a partir da indução neural e formação dos
elementos neurais primitivos a partir do ectoderma que se diferencia na placa
neural por volta da 3ª semana. O desenvolvimento segue uma sequência
ordenada de eventos que possibilitará o desenvolvimento dos dois hemisférios
cerebrais (para uma visão mais detalhada do processo de lateralização
hemisférica, ver Geschwind (1985).
N. Geschwind destaca que a assimetria cerebral é a regra e pode ser
observada em diversos níveis como assimetrias anatômicas brutas, assimetria
de vias neurais, assimetria cito-arquitetônica e assimetria química e
farmacológica. Acreditou-se por muito tempo que o cérebro era simétrico, mas
isto não se sustenta. O fato de termos dois hemisférios não têm como objetivo
único prover um sistema com redundância. Em oposição, a dominância de um
hemisfério assegurou a espécie humana uma condição adaptativa enorme.
O hemisfério direito se desenvolve antes que o esquerdo e, a
testosterona circulante, é o candidato que melhor explica o retardo no
desenvolvimento do hemisfério esquerdo. O hemisfério direito é dominante em
certos tipos de funções como: habilidade espacial, orientação corporal,
interpretação e expressão da experiência subjetiva da emoção, na valorização
da emoção manifestada pelo outro, e nos mecanismos de atenção. Em relação
à especialização hemisférica, N. Geschwind indica:

É provável que em alguns indivíduos a desaceleração postulada


da taxa de migração de neurônios para o córtex esquerdo seja
ainda mais acentuada do que no estado normal; esse atraso
excessivo pode levar à parada e má formação do
desenvolvimento lateralizado, levando, assim, à dislexia infantil
e possivelmente a outros distúrbios do desenvolvimento
(GESCHWIND, 1985, p. 444-445, tradução nossa).

E logo a seguir ele conclui:

Há outra possível, embora surpreendente, razão pela qual graus


menores de déficits de migração neural ou de outras formas de
teratologia podem ser negligenciados. Já foi sugerido que em
57

casos leves desse tipo certos tipos de função perturbada podem


ocorrer comumente. Devemos considerar outra possibilidade
aparentemente paradoxal, ou seja, que pequenas malformações
podem muitas vezes estar associadas, não com função anormal,
mas sim com capacidades distintamente superiores em certas
áreas. A ideia de que um transtorno "patológico" poderia se
manifestar principalmente por habilidades superiores é estranha
aos modos padrão de pensar sobre doenças neurológicas. Pode
parecer bizarro falar da "neuropatologia de funções intelectuais
superiores"; no entanto, sugerimos que um resultado superior,
com ou sem problemas de acompanhamento em outras áreas,
não seja de todo incomum. As razões já foram nomeadas. Se o
crescimento de uma parte do hemisfério for adiado, outras
regiões serão maiores do que normalmente teriam sido. Quando
esse aumento de tamanho é marcado, talentos superiores ou até
mesmo notáveis podem se desenvolver (GESCHWIND, 1985, p.
445, tradução nossa).

Assim estão colocadas as bases para a teoria da lateralização do


hemisfério cerebral esquerdo que, uma vez lesionado, pode levar a
compensação pelo hemisfério direito. Essa compensação explicaria a gênese do
fenômeno savant conforme apontado por Treffert (1988, 2009).
Essa teoria baseou-se em achados de casos de fenômeno savant
adquirido. Tais casos podem ocorrer tanto por lesão cerebral traumática à
esquerda, quanto por demências frontotemporais com comprometimento
predominantemente esquerdo. Tais achados comportam a hipótese de que
habilidades savant podem estar dormentes em todos os indivíduos, podendo ser
despertadas pela supressão de mecanismos de controle do hemisfério
dominante. De fato, Hughes (2010) afirma que lesões cerebrais podem “libertar
o hemisfério direito da tirania do hemisfério esquerdo”. O estudo de Snyder
(2009) vem corroborar também essa hipótese ao estudar inclusive a
possibilidade de induzir fenômeno savant artificialmente por meio do bloqueio de
áreas do hemisfério cerebral esquerdo através de estimulação magnética
transcraniana.
Selfe (2011) também considera como válidas as ponderações de Treffert
(1988, 2009). e o fato do caso de Nádia, exaustivamente estudado por ela, poder
ser um indício deste mecanismo. Isso porque Nádia desenhou por cerca de 7
anos e esta capacidade desapareceu na medida em que ela passou a
desenvolver a fala, função relacionada com a área de Broca, situada no
hemisfério esquerdo. No entanto, estudos de imagem e neuroanatômicos nesta
58

área ainda são escassos para referendar de forma convincente esta hipótese e
permanece um campo em aberto para estudo.

5.3.4 Teoria da Coerência Central Fraca

O termo “coerência central” foi desenvolvido por Frith (1989) e Frith e


Happé (1994) e descreve a situação na qual pessoas neurotípicas tendem a
processar informações no seu contexto para acessar um significado de nível
superior. Assim é mais fácil lembrarmos dos aspectos gerais de uma história ou
situação do que dos detalhes dela. Segundo Uta Frith, nos indivíduos autistas,
ocorre o contrário, ou seja, demonstram o processamento local onde o foco está
nos detalhes e partes. Neste sentido, o significado global cede lugar aos detalhes
e pormenores. Ela cita como exemplos Nádia e Stephen Wiltshire, casos
clássicos de savants, cujos desenhos começam por pequenos detalhes do
objeto antes de construírem um contorno geral. Nas crianças neurotípicas ocorre
exatamente o contrário: os desenhos começam pelo contorno geral para depois
se voltarem para as partes (FRITH, 1989, p. 101). Ainda segundo Uta Frith, foi
observado que crianças autistas podem ser capazes de contar uma história em
detalhes sem que consigam entender a essência da história.
Embora Laurent Mottron e seu grupo de pesquisa sejam mais
conhecidos pela teoria do funcionamento perceptivo aprimorado e pelo “Veridical
Mapping”, ele também se preocupou com a questão da coerência central fraca.
Isso é observado em um estudo que conduziram para investigar a utilidade de
modelos hierárquicos na caracterização do processamento de informações
musicais em indivíduos autistas. Seus achados confirmaram a existência de um
viés local na percepção musical em indivíduos com autismo (MOTTRON;
PERETZ; MÉNARD, 2000). Mais recentemente, Vital et al. (2009) investigaram
a associação entre habilidades especiais e traços de TEA numa amostra
populacional e concluíram que existe uma associação importante entre esses
dois parâmetros e, a coerência central fraca, parece ser o elo entre as duas
condições.
Como sustentação da teoria da coerência central fraca, postula-se uma
incapacidade de integração ou ainda um processamento local mais forte. Essa
teoria pode explicar pelo menos em parte, áreas de altas habilidades em autistas
59

especialmente para materiais apresentados visualmente ou relativos à


linguagem.

5.3.5 Teoria do Cérebro Masculino Extremo

Simon Baron-Cohen desenvolveu a Teoria do cérebro masculino


extremo na tentativa de lançar luz sobre o funcionamento mental autista. Suas
ideias iniciais estão presentes em seu livro de 2003 (BARON-COHEN, 2003),
mas que são apresentadas de forma mais consolidadas em seu último livro “The
Pattern Seekers: How Autism Drives Human Invention” (BARON-COHEN, 2020).
Na publicação de 2003 ele enuncia sua tese claramente, como uma
provocação para estimular o leitor frente a delicadeza do tema:

O cérebro feminino é predominantemente programado para a


empatia. O cérebro masculino é predominantemente
programado para compreender e construir sistemas (BARON-
COHEN, 2003, p. 12, tradução nossa).

Por empatia, Baron-Cohen entende a capacidade de se colocar no lugar


do outro e identificar-se com suas emoções e pensamentos, respondendo a
estas com uma resposta emocional adequada. É feita a ressalva de que não se
trata do cálculo frio do que o outro sente e pensa (psicopatas podem fazer isto!).
A empatia se caracteriza por ser uma resposta emocional adequada e remete a
sintonia com a emoção do outro, ressonância. Dessa forma, a empatia passa
pela emoção e pelo desejo de se preocupar com o outro.
A afirmação na citação acima refere-se ao cérebro feminino como
“predominantemente” programado para a empatia. Ou seja, a empatia faz parte
de todos nós, mas não tem uma distribuição linear e sim numa curva de sino,
que comporta um nível médio onde estão a maioria dos indivíduos. Já nas
porções extremas, seja para carência ou excesso, estariam as porções menores
da população, considerando-se o eixo “y” para porcentagem da população e o
eixo “x” para os níveis de empatia (variando num crescente neste eixo).
Já quanto a afirmação de que o cérebro masculino é programado para
compreender e construir sistemas, entende-se que sistematizar é o impulso para
analisar, explorar e construir sistemas (BARON-COHEN, 2003). Mais
recentemente, Baron-Cohen (2020), postula que o cérebro foi programado em
60

termos evolutivos para buscar por padrões if-and-then (se-e-então). Isso se


expressaria quando a pessoa olha para um objeto, evento ou obtém um dado
tipo de informação. O mecanismo de sistematização comporta 4 etapas. Na
primeira o sujeito faz uma pergunta (“por quê?”, “como?”, “o quê?”, “quando?”,
“onde?”). A segunda etapa consiste em responder a esta pergunta com base
numa hipótese do tipo if-and-then. A terceira etapa consiste em testar o padrão
if-and-then num looping por meio de experimentações repetidas para verificar se
o padrão é verdadeiro. Se o padrão for verdadeiro e novo, estamos diante de
uma invenção. Na quarta e última etapa, uma vez encontrado o padrão
verdadeiro, modifica-se o padrão, e volta-se a testá-lo em looping, repetindo-se
as modificações em outros parâmetros e, caso ele se mostre repetidamente
verdadeiro e novo, tem-se outra invenção. Então pode-se decidir entre o padrão
modificado e o original, buscando o de maior eficiência.
Tal qual o que foi dito para o cérebro feminino, o mecanismo de
sistematização, segundo Baron-Cohen, é universal e presente em todos os
indivíduos. A distribuição populacional deste mecanismo também ocorre numa
curva de sino, tal qual para o descrito para a empatia. O autor argumenta ainda
que assim como a maioria das fêmeas se distribuem na parte mediana da curva
de empatia, a maioria dos machos também se distribuem em sua maioria na
parte média da curva em sino para o mecanismo de sistematização. Nos
extremos da curva em sino, temos uma porção a esquerda, de pouco
sistematizantes e outra de extremamente sistematizantes na porção direita
extrema da curva.
Empatia e sistematização são processos diferentes e independentes.
Sistematização é útil para resolver os problemas práticos da vida. Empatia é
fundamental para compreender o outro e relacionar-se socialmente. Os dois
processos envolvem áreas diferentes do nosso cérebro. Todos nós temos algum
grau de empatia e de sistematização o que varia é o grau de cada um destes
sistemas no indivíduo. Para mensurar estes parâmetros, Baron-Cohen propõe
duas ferramentas: O ‘Systemizing Quotient’ (SQ) e o ‘Empathy Quotient’ (EQ).
Aplicando-se estes instrumentos a uma população constituída por
homens e mulheres, é possível classificar seus tipos cerebrais em 5 tipos, a
saber:
61

Na região central da curva, onde se encontram a maioria da população:


• Indivíduos nos quais a empatia é mais forte que a sistematizaçã0 (E>S),
denominados “cérebro feminino” ou tipo “E”;
• Indivíduos em que a sistematização é mais forte que a empatia (S>E),
denominados “cérebro masculino”, ou tipo “S";
• Indivíduos em que a empatia e sistematização se equilibram (E=S),
denominado cérebros balanceados ou tipo “B”;
Nos extremos da curva, onde estão as minorias da população:
• Indivíduos em que a sistematização é extrema e empatia é mínima
(S>>E), no extremo direito da curva;
• Indivíduos nos quais a empatia é extrema e a sistematização é mínima
(E>>S), no extremo esquerdo da curva;

Os indivíduos “S>>E” são denominados de cérebro masculino


extremo, ou extremo tipo S, nosso objeto de estudo nesta teoria. Os indivíduos
E>>S são denominados cérebro feminino extremo. Note-se que não é o sexo
biológico que define por si só o tipo cerebral, mas os quocientes de empatia e
sistematização encontrados em cada indivíduo.
Segundo Baron-Cohen (2011), os indivíduos TEA estão no grupo de
cérebros extremos tipo S, ou cérebro extremamente masculino. Sabemos da alta
associação de TEA e savantismo, portanto savants também estão neste grupo.
É importante considerar que a teoria do cérebro extremamente masculino tem
como pré-condição a atenção focada em detalhes (viés de processamento local)
tal qual ocorre na teoria da coerência central fraca. No entanto, a diferença
principal entre as duas teorias está no fato de que na coerência central fraca o
foco em detalhes decorre de razões negativas (incapacidade de integração) ou
devido a um processamento local intenso. Já a teoria de Baron-Cohen considera
que a hiper sistematização e atenção a detalhes é altamente proposital, pois
existe como pré-condição para atender um sistema “if-and-then”, portanto, este
hiperfoco está ocorrendo por razões positivas e a serviço de alcançar a
compreensão de um sistema.
Isto tem várias implicações e uma delas é a que tira o fenômeno savant
do dualismo saúde-doença, pois passa a admitir cinco tipos cerebrais ligados a
62

fatores de desenvolvimento, o que abre caminho para a visão da


neurodiversidade. Esta posição, ao postular que estamos geneticamente
programados para sistematizar e responder ao algoritmo “if-and-then” e que foi
graças a isto que o ser humano evolui de forma disruptiva com relação as demais
espécies, vê o autismo como ligado a um fator evolutivo da espécie. Torna-se
importante que investiguemos o autismo não só em seus aspectos negativos,
mas também nos seus aspectos positivos.
Simon Baron-Cohen participou de um estudo mais recente (HUGHES et
al., 2018) que teve por objetivo verificar se o perfil da síndrome de savant no
autismo e o perfil do autismo sem savantismo são concordantes. Buscou
também compreender quais diferenças individuais dos autistas poderiam
predispor ao desenvolvimento de habilidades savants. Dentre os resultados do
estudo, destaca-se que a maior sensibilidade sensorial, o comportamento
obsessivo como proposto por outros autores (SIMNER; MAYO; SPILLER, 2009)
e traços de sistematização constituem um grupo de fatores que têm influência
particular sobre o talento savant. Além disso, os autores concluem:

Nossos achados sugerem que a síndrome do savant é definida


por diferenças observáveis em aspectos de cognição, percepção
e comportamento que vão além da mera presença de
habilidades savant em si (HUGHES et al., 2018, p. 116, tradução
nossa).

5.3.6 Teoria do Funcionamento Perceptivo Aprimorado (FPA)

A teoria do funcionamento perceptivo aprimorado (FPA) foi proposta em


2001 por Mottron e Burack (2001) apud Mottron et al. (2006, p. 27) como uma
alternativa ao modelo da coerência central fraca e visava compreender as
características da percepção dos indivíduos do TEA. Para Laurent Mottron, a
percepção autista está assentada sobre dois mecanismos: uma percepção
aprimorada e uma capacidade de detectar padrões e preencher qualquer
informação faltante nas unidades ou estruturas percebidas (SELFE, 2011). Na
visão de Mottron, o fenômeno savant associado ao TEA, representa uma
manifestação da inteligência no TEA e é o equivalente da “expertise” nos
neurotípicos (MOTTRON et al., 2006, p. 36).
63

A FPA foi revista em 2006 por Laurent Mottron e colaboradores, quando


8 princípios foram então propostos. O quadro 1 enumera estes princípios:

Quadro 1 – Princípios do Funcionamento Perceptivo Aprimorado (FPA) segundo


Mottron e colaboradores

FUNCIONAMENTO PERCEPTIVO APRIMORADO (FPA)


1: a percepção no TEA em comparação com neurotípicos é mais orientada localmente;
2: quanto maior o gradiente de complexidade neural, menor o desempenho em tarefas
perceptivas de baixo nível e vice-e-versa;
3: comportamento inicial atípico, especialmente no que diz respeito à visão, têm função
regulatória para a entrada perceptiva;
4: tarefas sociais e não sociais ativam de forma atípica áreas cerebrais primárias e
associativas;
5: a Síndrome de Savant é sustentada por uma “perícia perceptiva”;
6: a habilidade perceptiva dá sustentação a Síndrome de Savant. “A habilidade especial em
seu nível máximo implicaria a manipulação criativa de grandes conjuntos dessas unidades
que são estruturadas por regras implicitamente aprendidas. Alguns aspectos dessa
manipulação podem ser considerados como um desempenho de memória, como é o caso
do ''redintegration''1 (Schweickert, 1993) de peças de informação perdidas de uma sugestão
de recall (por exemplo, recuperar correspondência de data do dia em calendários aos quais
a pessoa foi exposta).”(MOTTRON; DAWSON; SOULIÈRES; HUBERT et al., 2006,
p. 37)
7: Síndrome do Savant é um modelo autista para subtipagem de Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento (TID);
8: O funcionamento aprimorado das regiões cerebrais perceptivas primárias pode explicar
as atipias perceptivas dos autistas.
Fonte: com base no estudo em Mottron et al. (2006).

O primeiro princípio postula que a percepção no TEA é mais orientada


localmente se comparada aos indivíduos neurotípicos. A teoria da coerência
central fraca também aponta para este princípio, mas naquela, o processamento
local aprimorado era decorrente de um déficit. Já na teoria FPA é uma qualidade

1
“Redintegration”, ou redeintegração ou recuperação: o conceito refere-se a recuperação do
todo a partir de uma parte como por exemplo recordar de uma música a partir de uma ou mais
notas (SCHWEICKERT, 1993).
64

em si das operações perceptivas de baixo nível. E uma contribuição importante


do autor quanto ao caráter peculiar da percepção nas pessoas com TEA, em
comparação com os neurotípicos na FPA pode ser vista a seguir:

Nossa contribuição foi enfatizar que a percepção não estava


intacta, no sentido de ''semelhante à dos não autistas'', mas
superior à dos não autistas em desempenho absoluto e
envolvimento relativo em ambientes laboratoriais e ecológicos
(MOTTRON et al., 2006, p. 29, tradução nossa).

Em 2006, Laurent Mottron também investigou o acesso de calculadores


de calendário realizado por meios não algorítmicos. Nesse caso, discutiu o
possível papel de uma rededicação funcional de sistemas perceptivos de baixo
nível para o processamento de informações não simbólicas em indivíduos
savants (MOTTRON, 2006).
Mottron et al. (2009) e colaboradores desenvolveram ainda mais a
hipótese da FPA e a sua relação com a Síndrome de Savant. Ponderaram que
os sistemas perceptivos incluem diferentes níveis e as influências “top-down”
que são mandatórias nos neurotípicos, são opcionais no autismo. E este é um
dos aspectos que abre caminho para os fenômenos savants associados ao TEA.
Como visto no início do presente tópico, o “menu” de habilidades savant
é relativamente restrito e composto basicamente por cinco categorias, que têm
em comum o fato de representarem códigos humanos. Laurent Mottron
ponderou que estas modalidades têm como elemento comum o fato de
representarem códigos humanos como letras, calendários, escalas musicais etc.
Nesses casos, o elemento comum entre elas é que possuem redundância
estrutural e que os domínios savant são caracterizados por relações isomórficas
de vários níveis, como já assinalado em citação anterior do mesmo autor. Sendo
assim, o elemento constituidor das habilidades savant se daria pelo mapeamento
de similaridades entre códigos nas diversas modalidades de habilidades savant:

Em um nível ainda mais alto, propomos que muitas habilidades


savant envolvam um processo de mapeamento um-para-um
entre duas séries isomórficas de elementos, um mapeamento
verídico entre diferentes códigos envolvendo a detecção de
similaridade estrutural entre as duas séries de unidades (por
exemplo código escrito/código oral). Assim, uma proporção
significativa da capacidade savant envolve o mapeamento entre
códigos: hiperlexia mapeia códigos gráficos e orais; tom absoluto
mapeia nomes de notas ou posição de teclas e notas da escala
cromática; cálculo calendário mapeia dias da semana com
65

datas; e mapas de detecção de números primos série de


números com sua composição de fatores. Em todos os casos, o
domínio desses mapeamentos está implícito, tanto na forma
como são aprendidos, quanto na frequente dificuldade ou
impossibilidade que os savants têm na verbalização das
estratégias utilizadas para produzir respostas que dependem
desses mapeamentos (MOTTRON; DAWSON; SOULIÈRES,
2009, p. 1386-1387, tradução nossa).

Concluindo, segundo esta teoria o cérebro autista é caracterizado pela


FPA e a síndrome de savant representa uma aptidão, disponibilidade material e
perícia combinada com este cérebro. Os picos de habilidades encontrados nos
autistas são da mesma natureza das habilidades savant segundo esta teoria. A
diferença é que os picos de habilidades em não-savants são medidos com
materiais nos quais o sujeito não foi treinado e a síndrome de savant abrange
toda uma vida de empreendimento em busca de processamento de informações
e materiais específicos (MOTTRON; DAWSON; SOULIÈRES, 2009).

5.3.7 Teoria de Processamento de Sinais de Fabricius

Outra teoria importante que tenta explicar o fenômeno savant é a teoria


de processamento de sinais de Fabricius (2010). Este autor entende que todas
as correntes de estudo que tentam explicar o autismo, seja em sua
heterogeneidade clínica ou etiológica, podem confluir para um mecanismo
comum e fundamental: processamento de sinais com redução de informações
por meio de compressão.
Fabricius pondera que o processamento de sinais pelo cérebro humano
está longe de ser compreendido, mas uma analogia com os modelos
matemáticos de processamento de sinais elétricos pode ser útil para entender
algumas situações da cognição e percepção autistas. Ele se refere ao conceito
de compressão de sinais. Existem várias estratégias de codificação de sinais
(análise de Furier, matriz, análise de componentes principais e de componentes
independentes etc.) com o fim de se chegar a um bloco de construção
matemática individual. Um sinal complexo (ex., imagem, música, texto etc.) pode
ser representado como um arranjo linear de sinais, que constituem blocos de
construção matemáticos independentes. As estratégias de codificação de sinais
têm como propriedade comum o fato de que à medida em que se adicionam
novos blocos, melhora-se o sinal. Assim é possível passar uma ideia de um
66

objeto usando apenas 1% dos blocos de informação presente em um estímulo e


ainda assim ser possível a decodificação desse padrão. Por exemplo, uma
imagem digital pode ser representada em baixa ou alta resolução. Mesmo uma
imagem de muito baixa resolução pode ainda transmitir uma ideia razoável do
objeto. À medida que adicionamos novos blocos (aumentamos a resolução) a
riqueza de detalhes da imagem visualizada aumenta.
Pensando no processamento de sinais pelo cérebro, de forma hipotética,
seria necessário 100% dos neurônios para codificar 100% dos estímulos.
Fabricius então descreve duas possibilidades de codificação dos sinais. Na
primeira, a totalidade dos estímulos começa a ser transmitida por um pequeno
número de neurônios e este número vai aumentando ao longo do tempo. Este
esquema de codificação do sinal é ineficiente no início, mas ao final do processo
ele dá conta de revelar as especificidades do estímulo.
A segunda possibilidade está representada por aquele no qual o
processamento se inicia com uma baixa taxa de sinal e um baixo número de
neurônios. No entanto, os dois crescem simultaneamente de forma que a taxa
de sinal só começa a aumentar quando a taxa de neurônios se aproxima de
100%. A representação coerente das informações codificadas só ocorre então
quando todos os neurônios já foram requisitados e uma implicação disto é que a
perda de poucos neurônios já é suficiente para degradar o processo e
comprometer e degradar as informações codificadas.
Thomas Fabricius apoia sua hipótese no modo de funcionamento do
sistema nervoso. Por exemplo, a informação visual se propaga da retina até a
área visual primária no lobo occipital e (V1) em uma relação entrada:saída
excedendo 1:100, refletindo uma expansão dimensional importante. O mesmo
ocorre com as informações auditivas, pois a células ciliadas cocleares que se
expandem para 30.000 fibras nervosas auditivas que se expandem até 1000
vezes mais neurônios no córtex auditivo. Essa expansão gera redundância (vias
sobrepostas e paralelas) e implica em que uma representação supercompacta
pode posteriormente tornar-se mais difusa numa representação mais compacta
em nível cortical (cognitivamente mais alto). Isto dá suporte a primeira
modalidade de estratégia de codificação de sinais anteriormente descrita.
67

Esta estratégia também é compatível com perda de alguns neurônios e


sinapses sem perda significativa do processamento, como pode ocorrer no
envelhecimento por exemplo. Segundo Fabricius, essa diminuição da
redundância pela compactação permite maior eficiência de processamento. Já
no caso do fenômeno savant nos indivíduos TEA, ocorreria um déficit na taxa de
compactação. Ou seja, uma maneira lógica de explicar o savantismo é sugerir
que os savants trabalham com todo o sinal neural, enquanto os não savants,
incluídos todos os neurotípicos, trabalham com uma representação comprimida
de apenas alguns blocos de construção. (FABRICIUS, 2010, p. 259).
Fabricius enuncia sua hipótese da seguinte forma:

Uma maneira lógica de explicar o savantismo é sugerir que os


savants trabalham com todo o sinal neural enquanto o resto de
nós trabalha com uma representação compactada de apenas
alguns blocos de construção. Em outras palavras, a imagem
mental da flor que mais guarda em nossas mentes está mais
próxima da criada com 1% de todos os sinais que a compõe, e
é despojada da representação de detalhes finos. Savants, por
outro lado, parecem trabalhar com a imagem criada com 100%
dos termos, dando-lhes acesso mais fácil aos detalhes
(FABRICIUS, 2010, p. 259, tradução nossa).

Mas uma questão que surge é como o cérebro pode comprimir a


representação do sinal de estímulos sensoriais? Fabricius põe em cena o papel
dos neurônios inibitórios. A compressão tem como pressuposto a supressão de
neurônios que estão codificando os detalhes e isto é feito através de neurônios
inibitórios. Destaca ainda que existem achados de anormalidades genéticas que
afetam o desenvolvimento, a migração e a função dos neurônios inibitórios e que
estão surgindo teorias do déficit do neurônio inibitório para tentar explicar o
autismo.
Embora a Teoria de Processamento de Sinais de Fabricius pareça ter
sustentação no funcionamento neural, ela carece de sustentação. Waterhouse
(2013, p. 335), com base em achados de outros autores, elenca pelo menos
quatro evidências que contrariam a hipótese de processamento de sinais. A
primeira diz respeito a uma crítica quanto a afirmação de Thomas Fabricius de
que a compressão de sinais poderia explicar ‘sempre’ as habilidades artísticas
dos savants, pois parece não ter evidência que um único déficit cerebral ou
alterações explique as bases ‘para todas’ as habilidades savants. A segunda é
68

de que existem evidências claras de que ocorrem habilidades prodigiosas em


crianças e adultos preservados cognitivamente. A terceira diz respeito a
importância dada por Fabricius aos neurônios inibitórios pontuando a descrição
de um caso em que foram encontradas alterações anatômicas que não dão
sustentação a fenômenos inibitórios ocorrendo neste caso. O quarto e último
argumento é a constatação de que a percepção e cognição operam em conjunto
e não isoladamente.
Considerando a heterogeneidade do autismo e das habilidades savants,
no entanto, Lynn Waterhouse deixa em aberto que talvez algumas teorias
possam ser reconfiguradas para explicar ‘algumas’ modalidades de savantismo.

5.3.8. Teoria das Imagens biofísicas

A hipótese das imagens biofísicas foi proposta por Bókkon et al. (2013)
que defendem a ideia de que a memória visual de longo prazo não é armazenada
como imagem, mas no formato de um código epigenético. Quando vemos um
objeto novamente, este código é ativado e é isto que nos permite reconhecer o
objeto.
Na origem deste processo, os sinais fotônicos de um objeto são
convertidos primeiro em sinais elétricos na retina. Esses sinais elétricos são
então transportados para a área visual V1 onde são transformados em biofótons
regulados por processos redox mitocondriais dentro dos neurônios desta área.
Assim, pequenos grupos de neurônios podem funcionar como “pixels visuais”
apropriados a distribuição topológica dos sinais fotônicos da retina. Bókkon e
colaboradores destacam que é desta forma que podemos obter uma imagem
biofísica computacional inerente do objeto criado por biofótons no retinotópico
V1 (BÓKKON et al., 2013, p. 73). Os autores consideram que sua hipótese das
imagens biofísicas nada mais é do que uma tentativa de dar substrato molecular
e biofísico a teoria pictórica de Kosslyn (1994) apud (BÓKKON et al., 2013).
Para vincular a hipótese da imagem biofísica ao TEA e ao savantismo,
I. Bókkon e colaboradores citam três argumentos:
1º) TEA, savantismo e Síndrome de Asperger têm em comum a função
visual aprimorada nas áreas visuais iniciais além de habilidade mais
desenvolvida para acessar e manipular representações visuais mentais;
69

2º) As representações visuais extremamente detalhadas e realistas das


áreas V1 e V2 não podem ser garantidas só por sinais elétricos, mas sim por um
mecanismo de reconhecimento do objeto via ativação do código epigenético e
identificação via imagem biofísica. Aqui os autores recorrem aos experimentos
de Snyder (2009) que apontam para o fato de que os savants tem acesso a
informações detalhadas de baixo nível, antes de serem reunidas em conceitos
de nível superior e concluem que:

No entanto, a representação visual detalhada e realista pode


predominar explicitamente em áreas visuais de nível inferior no
hemisfério direito em pessoas com autismo, savant ou síndrome
de Asperger. Além disso, o surgimento de habilidades
extraordinárias pode estar ligado ao aprimoramento da função
visual nas áreas iniciais V1 e V2 (um forte viés para
representações visuais) que possibilitam que conceitos
abstratos possam ser convertidos em representações concretas
(reificação descritiva) (BÓKKON et al., 2013, p. 74, tradução
nossa).

3º) Emissões de biofótons aumentaram em 300% no hemisfério direito


durante exposição a imagens visuais subjetivas (o que não ocorreu no hemisfério
esquerdo), Dotta e Persinger (2011) e Dotta et al. (2012, apud Bókkon et al.,
2013, p. 74).
Finalizando, Bókkon e colaboradores defendem neste estudo que
embora a hipótese ainda demande mais dados empíricos que lhe dê
sustentação, ela é relevante por propor uma explicação integrada sobre os vários
aspectos envolvendo os fenômenos visuais encontrados no TEA, savantismo e
Síndrome de Asperger.

5.3.9. Teoria do Veridical Mapping (MV)

A teoria do Veridical Mapping (MV) é uma evolução da teoria da


Percepção Sensorial Aprimorada (PSA), também proposta por Mottron et al.
(2013). O Veridical Mapping é um mecanismo específico que pode explicar a alta
associação de habilidades savants e TEA. Mottron afirma que as várias
modalidades de habilidades savant como hiperlexia, ouvido absoluto e sinestesia
envolvem mecanismos semelhantes: o Veridical Mapping. Nesse caso, a
informação perceptiva é acoplada a dados homólogos extraídos de dentro ou
através de isomorfismos. O autor apresenta um importante elemento gráfico
70

original para explicar pictoricamente o Veridical Mapping e, por isso, remetemos


o leitor à figura 1 de seu artigo original (MOTTRON et al., 2013).
Ele faz uma descrição das possíveis características anátomo-funcionais
do cérebro autista relevante para a síndrome de savant e assim, enumera em
primeiro lugar evidências de aumento no volume e microestrutura cerebral. Em
segundo a inibição lateral alterada e conectividade lateral aumentada. Em
terceiro, descreve a atividade superior em regiões cerebrais perceptivas durante
o processamento de padrões. Em quarto lugar aponta para padrões alterados de
conectividade central de áreas ligadas à percepção e destas com outras áreas
cerebrais. Destaca que no cérebro de indivíduos autistas a conectividade está
aprimorada tanto localmente (dentro de uma mesma área ligada a percepção),
quanto globalmente (entre uma área perceptiva específica e outras regiões
cerebrais). Por último fala sobre a estrutura cerebral dos indivíduos autistas que
são savants. Aponta que existem algumas evidências de alterações estruturais,
mas pondera que os estudos de imagem cerebral existentes não permitem
conclusões adequadas, visto que são escassos e metodologicamente limitados.
Dentre as limitações está o fato de não incluírem grupo de controle adequado
que compare autistas savants com autistas não-savants. De fato, essa é uma
importante lacuna no conhecimento, cuja exploração no futuro poderá
acrescentar dados importantes na compreensão do fenômeno.
O Quadro 2 relaciona os sete componentes do Veridical Mapping
conforme concebido por Mottron et al. (2013).

Quadro 2 – Características do Veridical Mapping (VM), segundo Mottron et al. (2013)


“Veridical Mapping” VM
As habilidades savant envolvem materiais com alta densidade de isomorfismos
As habilidades savant baseiam-se no mapeamento interno e entre códigos e grandes
estruturas isomórficas
Materiais e operações envolvidas em uma capacidade específica de domínio
dependem da exposição episódica a este material
Desempenho superior de savants em tarefas relevantes para o domínio resulta de
uma combinação de percepção e experiência aprimoradas
O desempenho do savant envolve recall não estratégico ou redintegração
71

A compreensão dos códigos linguísticos é alcançada de forma perceptiva e não


linguística
Durante o desenvolvimento, as habilidades savant tornam-se gradualmente mais
explícitas e se fundem com processos típicos de raciocínio/algorítmico, resultando em
uma combinação única de estrutura perceptiva e abstrata

Fonte: com base em Motron et al. (2013).

O VM está relacionado com os vários modelos associados ao TEA como


o FPA (Funcionamento Perceptivo Aprimorado) do qual ele surge, além dos
modelos que envolvem redução da generalização e hiper sistematização, além
de manter ligações com o modelo da Coerência Central fraca. Sobre a relação
do MV e FPA, destaca-se que o quinto princípio do FPA (i.e., a síndrome de
savant é sustentada por uma “perícia perceptiva”) deu origem ao MV e a
constatação de que a percepção em autistas está envolvida em operações
sofisticadas que vão além da sensorialidade em si. Ou seja, a percepção está
integrada com a cognição tendo um papel inclusive na inteligência. Dados de
estudo com ressonância magnética funcional apontam para uma região
associativa que vai além da mera área perceptiva primária entre os autistas
permitindo concluir que a VM está concentrada no papel da percepção autista
no domínio da linguagem abstrata e das estruturas matemáticas (MOTTRON et
al., 2013).
Com relação a hiper sistematização, a VM assemelha-se a ela na
importância de detalhes e regularidades e na incorporação de regras “se p, então
q”. No entanto, esta semelhança é só superficial. Na VM as regras não estão
limitadas à causa e ao efeito e as pessoas com TEA não estão obrigados a usá-
las peremptoriamente, embora as detecte e as utilize, caso sejam úteis.
Para apresentar as implicações da VM na síndrome de savant ligada ao
autismo, Laurent Mottron e colaboradores recorrem a uma explanação da
hiperlexia, ao tom absoluto e a sinestesia. Além de definir estas modalidades ele
faz um mapeamento (VM) das três condições com base nos sete itens do VM
enumerados anteriormente. Este mapeamento pode ser encontrado no
APÊNDICE VI.
Primeiramente ele define hiperlexia:
72

A definição de hiperlexia geralmente inclui: (1) habilidades de


leitura que são marcadamente superiores às habilidades de
compreensão; (2) co-ocorrência com uma condição do
neurodesenvolvimento que envolva um atraso em várias áreas
que não a leitura; (3) interesse restrito e repetitivo em material
impresso; e (4) um início precoce e não ensinado da capacidade
(MOTTRON et al., 2013, p. 217, tradução nossa).

Para Laurent Mottron, a hiperlexia é de natureza perceptiva, ou seja,


percepção de padrão visual (habilidade específica de dimensão). E ele destaca
que letras e palavras são padrões visuo-espaciais e que a capacidade
aumentada de detecção de padrões está presente, inclusive em indivíduos TEA
não savants. Já em relação à discriminação de tom absoluto no autismo, a forma
mais comum desta modalidade está representada pelo fato de que pessoas com
“ouvido absoluto” são capazes de evocar um selo de tom (nome de nota)
imediatamente após serem exposto a um tom musical. O autor também fez um
mapeamento desta habilidade (ver APÊNDICE VI).
Seguindo a mesma dinâmica, Mottron e colaboradores elencam os
elementos do MV para a sinestesia (APÊNDICE VI). A sinestesia se relaciona
com o fenômeno no qual uma percepção indutora (ex., cor ou sabor)
desencadeia uma experiência perceptiva em outra modalidade sensorial (ex., um
tom musical ou letra).
Ele pondera que os três fenômenos, quando observados no autismo
refletem o mesmo mecanismo neurocognitivo:

A geração automática de um selo de tom em resposta a um tom


ouvido, a produção automática de um fonema na presença de
um grafema na hiperlexia, a geração de um dia da semana em
resposta a uma data no cálculo do calendário, e a ativação
neurofisiológica cruzada de uma percepção simultânea por um
indutor perceptual na sinestesia podem todos, com pequenas
variações orientadas por domínio, refletir mapeamento verídico
anterior e mais redintegração (MOTTRON et al., 2013, p. 223,
tradução nossa).

Para este autor, o precursor do desenvolvimento destas habilidades


perceptivas é a conectividade funcional atípica (conexões locais aprimoradas),
sendo encontrada de forma mais extensa no autismo. Isto pode explicar o
surgimento destas habilidades neste grupo além de um mecanismo de
aprendizado orientado pela percepção e específico para o autismo. E ele conclui:
73

O VM pode representar uma maneira de os autistas "quebrarem


os códigos" usados pelos indivíduos com desenvolvimento típico
e, portanto, é adaptável, no sentido de que o VM pode aumentar
o acesso à cultura e, essencialmente, à linguagem (MOTTRON
et al., 2013, p. 224, tradução nossa).

5.3.10. Teoria do mega-domínio astrocítico

Mittereur (2013) propôs uma teoria com base na análise de células glias,
mais especificamente dos astrócitos. Nesta teoria, um aumento geneticamente
determinado do número médio de processos2 por astrócitos (estima-se que
normalmente este número médio é de 40 processos por astrócito) leva estes
astrócitos a operarem em mega domínio o que pode suportar uma explicação
para o fenômeno savant. Se numa situação normal, 40 processos por astrócitos
entram em contato com milhares de sinapses desenhando área determinada de
processamento, num mega-domínio, onde muito mais do que 40 processos por
astrócitos são possíveis, temos a possibilidade de contato com dezenas, ou
mais, de milhares de sinapses, determinando uma área de processamento
proporcionalmente muito maior.

A glia é constituída predominantemente por astrócitos, os quais


funcionam como moduladores da transmissão de informações
sinápticas. Um domínio astrocítico representa uma coorte de
sinapses que são controladas por um único astrócito. Cada
astrócito é organizado em domínios não sobrepostos. Tem-se
hipótese de que cada astrócito entrando em contato com n-
neurônios com m-sinapses através de seus processos gera
domínios dinâmicos de interações sinápticas baseadas em
critérios de computação qualitativa e, assim, exercendo uma
estruturação de processamento de informações neuronal
(MITTERAUER, 2013, p. 17, tradução nossa).

Mitterauer discute ainda neste estudo o papel dos oligodendrócitos e dos


ependimócitos, do sincício astrocítico e do sincício panglial no processo de
suporte osmótico-metabólico para os neurônios e regulação homeostática para

2
“Processos” aqui deve ser compreendido num primeiro momento como as expansões da
membrana do astrócito promovida pelos filamentos proteicos do citoplasma, especialmente os
astrócitos fibrosos. Nesse sentido podem ser compreendidos então como “pés” ou
prolongamentos que se projetam do corpo dos astrócitos e que vão se ligar a sinapses entre dois
neurônios. Note-se que agora introduzimos o conceito de uma sinapse tripartite (neurônio-
neurônio-astrócito) e aqui temos também o “processo astrocítico”, onde o astrócito não só
interage, mas modula estas sinapses. Quando o autor se refere a “aumento de processos
geneticamente determinado”, está falando de aumento de “pés” dos astrócitos, ou seja, aumento
de possibilidades de conexão em sinapses neurônio-neurônio (nota do autor).
74

os neurônios mielinizados. Considera ainda que os astrócitos podem estar


envolvidos em determinado tipo de memórias que ele denomina “memória de
caminho”. Mega-domínio astrocítico viabilizam na concepção dele, mega áreas
de processamento e estas, juntamente com a possibilidade de expansões de
memória (“memória de caminho”) podem ser a base para manifestações savant.

Achados de aumento na substância branca em determinadas áreas de


cérebros de autistas savants poderiam ser indícios de operação destes
processos em savants autistas. Essa hipótese ainda está em desenvolvimento e
o autor acrescenta o aspecto da “intuição no autismo” como fenômeno que
poderia ter também como origem o mega-domínio astrocítico (MITTERAUER,
2013).
O próprio autor reconhece ao final que a investigação de sua hipótese
tem grandes limitações. Lembra que uma técnica para identificar dominínos
astrocíticos no pós-morte já está disponível, mas in-vivo isto não é possível,
embora seja possível usar modelos computacionais. Lembramos, no entanto,
que um protótipo padrão do funcionamento savant ainda não é possível, posto
que as anormalidades típicas entre rede neuronais ainda não são identificáveis
de forma conclusiva, mas apenas por achados muitas vezes heterogêneos,
baseados em poucos relatos de caso.
Talvez a importância desta hipótese é colocar em foco a função
astrocítica, visto que naturalmente os estudos realizados levam mais em conta
a transmissão neuronal. Não podemos nos esquecer que a circuitaria cerebral
envolve também as células da glia.

5.4 Outras condições associadas que podem ter alguma participação na


gênese do fenômeno savant

Desde as primeiras descrições do fenômeno savant, as observações de


que ele ocorre na vigência de uma memória notável e na presença de deficiência
intelectual são uma constante. Esta última é quase que um corolário da própria
definição do fenômeno que consiste em ilhas de habilidades em setores isolados
acompanhadas por deficiência intelectual. Os relatos sobre associação com
sinestesia são um pouco mais tardios, mas também não são novidade. Embora
75

estes fatores não constituam teorias autônomas sobre o aparecimento de


fenômeno savant associado ao TEA, estão de tal forma presentes e integrados
às teorias que merecem ser aqui mencionados. É o caso por exemplo da
sinestesia, que para Mottron (2013), constitui inclusive uma modalidade savant.
Passaremos agora a tecer considerações sobre esses fatores associados,
incluindo as influências genéticas no aparecimento do fenômeno savant
associado ao TEA.

5.4.1 Deficiência Intelectual

A presença de altas habilidades ao lado de uma imensidão de prejuízos


cognitivos mais gerais talvez seja um dos aspectos mais intrigantes da síndrome
de savant e um dos grandes responsáveis pela curiosidade que ela desperta,
seja na comunidade científica, seja na sociedade em geral. Como conciliar este
paradoxo, “um sábio com deficiência intelectual”?
Desde as primeiras publicações sobre o tema, isto tem levado os
pesquisadores a manter a crença de que a elucidação dos mecanismos
implicados na síndrome, também resultaria em maior compreensão da
inteligência e cognição.
Ocorre que, como sabemos, o conceito de inteligência é por si só um
desafio e ainda não completamente pacificado na comunidade científica. O
grande mérito de Binnet ao criar um teste de inteligência, foi o de tentar colocar
método no estudo de algo que até então era muito subjetivo: a inteligência. Não
é proposta desta revisão discutir em profundidade o conceito ou os conceitos de
inteligência, ou a validade e alcance de constructos como Quociente de
Inteligência (QI), mas a questão que nos importa mais neste momento é se a
inteligência é uma entidade única que sustenta habilidades específicas ou um
conjunto de habilidades múltiplas relativamente independentes. Ou seja, como
conciliar o paradoxo de altas habilidades no savant com a deficiência intelectual
presente nestes casos.
A primeira posição, se a inteligência é uma entidade única que sustenta
habilidades específicas, foi formulada por Spearman (2020 [1927]) e a segunda
formulada por Gardner nos primeiros anos da década de 1980 (GARDNER,
2006). Howe (1989, p. 354) também formula uma teoria da inteligência como
76

composta por diferentes facetas sem um controle central e atribui ao conceito de


inteligência uma importância puramente descritiva.
Devemos a Young (1995) um dos mais extensos estudos sobre
síndrome de savant e ela, ao discutir o problema da inteligência em savants, cita
os autores supracitados, mas conclui em seu estudo que as habilidades
apresentadas pelos savants são estruturadas e rígidas, além de não
apresentarem os aspectos críticos da criatividade e flexibilidade, importantes
características da inteligência na sua visão.
Uma outra teoria importante sobre a inteligência que tive acesso através
do trabalho de Wallace (2008) é a Teoria da Arquitetura Cognitiva Mínima,
proposta por Anderson (2001). Este autor faz uma longa exposição sobre a
validade do fator “g” de Spearman. Ele começa se perguntando como seria
possível conciliar a noção de um fator único que sustenta a inteligência (“g”) com
o conceito igualmente válido de habilidades cognitivas específicas.
A solução encontrada para esta situação por Anderson, é incorporar uma
dimensão de desenvolvimento a inteligência. Para ele, os testes de inteligência
mensuram esta através do conhecimento, mas este é adquirido através de duas
rotas, cada uma destas relacionada com duas dimensões da inteligência: uma
relacionada as diferenças individuais e outra relacionada ao desenvolvimento
cognitivo.
Assim também existem duas dimensões de “g”: uma relacionada as
diferenças de QI dentro das idades e fundamentada na velocidade imutável de
processamento e a outra relacionada a mudanças de desenvolvimento na
competência cognitiva, esta sustentada pelo amadurecimento e aquisição de
módulos. Estes módulos funcionam independentes da velocidade de
processamento e sua operação independe das diferenças de QI (para uma visão
pictórica desta teoria, remetemos o leitor a Figura 1 do artigo original de
Anderson). Concluindo, as diferenças individuais e o desenvolvimento cognitivo
representam dimensões independentes da inteligência.
Dentro desta visão (ANDERSON, 2001) a síndrome de savant indica que
é possível o desenvolvimento de habilidades complexas mesmo na vigência de
um QI baixo, sendo necessário para isto certas circunstâncias como interesse
obsessivo em determinado domínio e exposição farta a material relevante para
77

aquela habilidade como foi sustentado por alguns autores como vimos nas
descrições das teorias anteriores.
Young (1995) em seu extenso estudo, mostrou que em indivíduos TEA
savant os índices de QI podem estar mais próximos do limite de 70 ou mesmo
da normalidade. Não obstante ela ressalta a rigidez e inflexibilidade destes
indivíduos, como características limitantes para o conceito amplo de inteligência.
Pring et al. (2012) refere que os indivíduos TEA geralmente apresentam
prejuízo na criatividade, mas existem relatos de que indivíduos TEA savants
podem ser capazes de produções artísticas novas e originais. Para investigar
esta possibilidade, ela levou a cabo um estudo com nove indivíduos TEA
savants, nove estudantes de arte talentosos, nove indivíduos TEA sem talentos
artísticos e nove indivíduos com dificuldades de aprendizagem de leve a
moderadas. Esses grupos foram submetidos a prova dentro e fora de seus
domínios e seus resultados apontaram que os indivíduos artistas talentosos
foram mais criativos do que os demais grupos, incluindo os savants. Por outro
lado, os savants produziram respostas mais elaboradas que os indivíduos TEA
não savants e os com dificuldades de aprendizagem de leves a moderadas.
Explicar as habilidades savant com base na teoria da inteligência é mais
uma das tentativas de compreender o processo, como também foi tentado por
outros autores descritos nas teorias específicas, mas lacunas persistem e
continuam campo fértil para pesquisas.

5.4.2. Memória notável

Não se pretende aqui fazer uma revisão sobre estrutura de memória na


síndrome de savant associada ao TEA, mas pelo menos pontuar que o fator
memória tem características peculiares e importantes nesta população.
Desde as primeiras publicações sobre o tema (DOWN, 1887;
TREDGOLD, 1914) a característica de memória notável associada à síndrome
de savant tem sido relatada.
Para Treffert (1988), “memória superior” é uma característica
compartilhada por muitos savants ou mesmo a sua característica principal.
Em seu estudo, Young (1995, p. 133-139, CAP 134) chama a atenção
para o fato de que a memória comporta características multidimensionais (recall
78

para informações visuais e verbais, armazenamento, reconhecimento e


disponibilidade para curto e longo prazo). Também destaca o fato de que a
avaliação da memória na população em foco (TEA savant), comporta
dificuldades especiais, em virtude das limitações cognitivas associadas (p. ex.:
o sujeito não se lembrou do que lhe foi proposto ou não compreendeu a
proposição?). Ela testou uma amostra considerável de 26 sujeitos, sendo 8
savants e 18 com habilidades segmentares (“skills”) e seu estudo sugere que a
memória declarativa muito bem desenvolvida (memória explícita ou de trabalho)
parece ser uma característica dos savants, mas não exclusivamente no grupo
descrito por predominância de altas habilidades de memória, mas também para
aqueles savants com habilidades em outras áreas.
Young (1995) destaca ainda que a superioridade de memória destes
indivíduos era demonstrada para memorização de fatos, geralmente fatos triviais
e associados a números ou cronologia (p.ex.: corridas de fórmula 1, datas de
aniversários, números de telefone, informações sobre horários de ônibus e trens,
tipos de carros etc.).
Mottron et al. (1996, 1998) também investigaram os mecanismos
subjacentes a alta performance de memória observada em indivíduos savant
TEA inclusive em estudos estruturados com grupo controle.
Em uma revisão recente (BELTECZKI; RIHMER, 2020), também é dada
importância à ‘memória eidética’, presente como característica em alguns casos,
mas que por si só não fornece explicação para a síndrome de savant como já foi
explicitado anteriormente nesta revisão.
Embora exista certo consenso na literatura de que altas habilidades de
memória por si só não explicam a síndrome de savant, também é consenso de
que esta é uma dimensão associada ao fenômeno, além de constituir um campo
fértil para pesquisas futuras.

5.4.3. Sinestesia

A sinestesia é um fenômeno no qual um estímulo sensorial específico


provoca resposta não só naquela modalidade sensorial estimulada, mas também
e simultaneamente em outra modalidade sensorial. Assim, um estímulo gustativo
pode não só ter como resposta a identificação de um sabor, mas também evocar
79

uma determinada cor. Uma nota musical pode, além da sensação sonora, levar
o sujeito a experimentar determinado sabor, cheiro ou cor, p. ex.
Nessa amostra de estudos selecionados para esta revisão, a associação
entre sinestesia e TEA e entre sinestesia e fenômenos savant foi encontrada
(BOR; BILLINGTON; BARON-COHEN, 2007; MURRAY, 2010; SIMNER; MAYO;
SPILLER, 2009; VAN LEEUWEN et al, 2020; WATERHOUSE, 2013).
Embora estas associações sejam relatadas nas últimas décadas, a
natureza real desses achados, permanecem por esclarecer e é um campo
promissor de pesquisa. Se existe uma relação causal entre sinestesia e
savantismo, permanece uma questão em aberto, bem como a possibilidade de
um mecanismo de base em comum entre TEA e sinestesia, visto que ambos
também têm em comum a hiperconectividade (MURRAY, 2010).
Para Mottron et al. (2013), como já foi descrito na secção de teorias
etiopatogênicas, a sinestesia é por si só uma modalidade savant. Sinestesia e
TEA cursam com sensibilidade sensorial alterada e ambos apontam para
desempenho em tarefas perceptivas que sugerem um estilo mais focado em
detalhes (VAN LEEUWEN et al. 2020). De qualquer forma, as relações de
causalidade e sobreposição desses fenômenos, permanece por esclarecer e é
um campo rico de possibilidades para pesquisas futuras.

5.4.4. Fatores genéticos

Já se encontrou alguma evidência para a contribuição genética do lócus


15q relacionado a susceptibilidade ao TEA em um subconjunto de indivíduos
afetados que também exibiam habilidades savant (NURMI et al., 2003), mas este
achado não foi confirmado por outros autores (MA et al., 2005) que não
encontraram suporte para apoiar o grupo com habilidades savant como um
subconjunto fenotípico ligado a alterações genéticas específicas.
Outros autores encontraram evidências de uma co-segregação de TEA
e sinestesia, o que fala a favor de uma predisposição genética parcialmente
sobreposta em ambas as condições, e no caso da sinestesia espaço-sequência,
pode se especular sobre as implicações desta na base de habilidades savant
(BOUVET et al., 2019).
80

5.5 Considerações finais sobre as teorias etiopatogênicas

A existência e coexistência de várias teorias para explicar uma mesma


condição podem estar apontando não apenas para diferentes visões de um
mesmo problema, mas provavelmente para a própria heterogeneidade da
condição. Além disso, já foi destacado que a imprecisão conceitual pode afetar
a delimitação da amostra para os estudos. Ao lado desta situação, TEA savant
prodigioso é uma condição rara, o que dificulta o exame de grandes amostras
que permitam conclusões mais robustas.
De fato, na literatura consultada, predominam os relatos ou estudos de
caso e os estudos com amostras pequenas.
É evidente que os estudos existentes têm o seu valor e demostram o
grande esforço que vem se empreendendo a mais de um século, especialmente
nas últimas três décadas, no sentido de compreender o fenômeno. É provável
que várias teorias tenham o seu valor ao focar pelo menos alguns casos dentro
de um universo heterogêneo. Da mesma forma, é possível que mais de uma
teoria possa ser aplicada a um mesmo caso, até porque, na sua construção, o
foco do expert pode ter sido direcionado para a base patofisiológica como é o
caso das teorias do mega-domínio astrocítico e da imagem biofísica, enquanto
outro autor pode ter privilegiado o resultado ou a expressão do mesmo
fenômeno, sem pôr em primeiro plano a base morfofuncional como é o caso do
“veridical mapping” e do cérebro masculino extremo.
De qualquer forma, a teoria do cérebro masculino extremo de Baron-
Cohen traz uma descrição que nos parece razoável do processo, pelo menos
enquanto uma visão descritiva do fenômeno. Ela tem ainda o mérito de inserir o
TEA dentro de um processo evolutivo, abrindo possibilidades para uma maior
aceitação da neuro diversidade.
Também merece uma menção especial a teoria do “Veridical Mapping”
de Laurent Mottron e seu grupo de pesquisa. Nesta, o grande mérito é conseguir
conciliar as questões da percepção (Funcionamento Perceptivo Aprimorado) que
reconhecidamente estão associadas ao TEA, ao reconhecimento do
mapeamento dos isomorfismos que viabilizam, na visão dele, o fenômeno savant
no TEA. A teoria oferece ainda uma visão do savantismo como manifestação
81

não necessariamente de patologia, mas de caráter mais positivo, ao colocar


estas altas habilidades como possibilidade de acesso do indivíduo TEA à cultura.
Seja como for, por todas as limitações que já observamos ao longo do
estudo, a área ainda está cheia de incertezas, requer cautela quanto a
conclusões apressadas, mas constitui terreno rico e fértil para novas pesquisas.
Os resultados desses estudos poderão contribuir para a explicações mais
razoáveis não só do fenômeno savant em si, mas da própria neurofisiologia
cerebral como um todo.
82

6 PERGUNTA DE REVISÃO “C”

Quais as medidas psicométricas utilizadas para diagnóstico e avaliação


da síndrome de savant?

6.1 Seleção dos estudos para medidas psicométricas utilizadas no


diagnóstico e avaliação da Síndrome de Savant associada ao TEA

Fluxograma 3 – Processo de busca e seleção dos estudos para a revisão “C”.

Fonte: o autor com base no modelo PRISMA-ScR. (2022)


83

6.2 Estudos selecionados para medidas psicométricas

Tabela 3 - Estudos selecionados para medidas psicométricas utilizadas no diagnóstico


e avaliação da síndrome de savant.
Autor Ano Título Desenho do País de Idioma
estudo origem
Steel, et al. 1984 Neuropsychiatric Estudo de EUA Inglês
testing in an autistic caso
mathematical idiot-
savant: evidence for
nonverbal abstract
capacity
Stevens & Moffit 1988 Neuropsychological Estudo de EUA Inglês
profile of an asperger's caso
syndrome case with
exceptional calculating
ability
O'Connor & 1991 Talents and Quasi Reino Inglês
Hermelin preoccupations in experimental Unido
idiots-savants
Casey, et al. 1993 Dysfunctional attention Experimental EUA Inglês
in autistic savants caso controle
Mottron & Belleville 1993 A study of perceptual Estudo de Canadá Inglês
analysis in a high-level caso
autistic subject with
exceptional graphic
abilities
Pring; Hermelin; 1995 Savants, Segments, Experimental, Reino Inglês
Heavey Art and Autism com Unido
controles, não
randomizado
Mottron, et al. 1995 Perspective production Estudo de Canadá Inglês
in a savant autistic caso
draughtsman
Young 1995 Savant syndrome: Tese/Estudo Austrália Inglês
processes underlying de caso
extraordinary abilities (música) e
série de
casos (cálculo
de calendário)
Mottron et al. 1996 Proper name Estudo de Canadá Inglês
hypermnesia in an caso
autistic subject
Kelly et al. 1997 Mental calculation in Estudo de EUA Inglês
an autistic savant: a caso
case study
Mottron et al. 1998 Atypical memory Estudo de Canadá Inglês
performance in an caso,
autistic savant comparando
com 8
controles não
autistas
Hermelin et al. 1999 A visually impaired Estudo de Reino Inglês
savant artist: caso Unido
interacting perceptual
and memory
representations
84

Autor Ano Título Desenho do País de Idioma


estudo origem
Mottron et al. 1999 Absolute pitch in Estudo de Canadá inglês
autism: A case study caso
Mottron et al. 2000 Local and global Experimental: Canadá Inglês
processing of music in um grupo
high-functioning clínico de 12
persons with autism: EA + 1
Beyond central Asperger com
coherence? habilidades
para música e
um grupo
controle de 12
nurotípicos
Bölte & Poustka 2004 Comparing the Quase- Alemanha Alemão
intelligence profiles of experimental
savant and nonsavant (caso
individuals with autistic controle)
disorder
Mottron et al. 2006 Non-Algorithmic Estudo de Canadá Inglês
Access to Calendar caso
Information in a
Calendar
Calculator with Autism
Thioux et al. 2006 The day of the week Estudo de EUA Inglês
when you were born in caso
700 ms: calendar
computation in an
Autistic savant
Kennedy et al. 2007 An analysis of calendar Estudo de EUA Inglês
performance in two dois casos de
autistic calendar cálculo de
savants calendário
comparados
com 6
controles
neurotípicos
Iavarone et al. 2007 Brief report: error Relato de Itália Inglês
pattern in an autistic caso
savant calendar
calculator
Dubischar-Krivec 2009 Calendar calculating in Experimental Alemanha Inglês
et al. savants with autism com 4 grupos,
and healthy calendar não
calculators randomizado
Howlin et al. 2009 Savant skills in autism: Prevalência Reino Inglês
psychometric Unido
approaches and
parental reports
Neumann et al. 2010 The mind of the Estudo Alemanha Inglês
mnemonists: an MEG experimental
and (caso
neuropsychological controle)
study of autistic
memory savants
Pring et al. 2010 Local and global Experimental, Reino Inglês
processing in savant 5 grupos, não Unido
artists with autism randomizado (Inglaterra)
85

Autor Ano Título Desenho do País de Idioma


estudo origem
Pring et al. 2012 Creativity in savant Experimental Reino inglês
artists with autism Unido
Schinardi 2014 Case report of a 5- Estudo de Suíça Alemão
year-old child with caso
Savant Syndrome
(Savant autism)
Meilleur et al. 2015 Prevalence of Clinically Inicialmente Canadá Inglês
and Empirically Estudo de
Defined Talents and prevalência
Strengths in Autism (transversal
na primeira
parte)
Segunda
análise 46
controles
pareados e
vai comparar
(depois é
caso controle)
Finocchiaro et al. 2015 A case of savant Estudo de Itália Inglês
syndrome in a child caso
with autism spectrum
disorder
De Marco et al. 2016 Brief Report: Two Day- Estudo de Reino Inglês
Date Processing caso Unido e
Methods in an Autistic Itália
Savant Calendar
Calculator
Bennett & Heaton 2017 Defining the clinical Pré- Reino Inglês
and cognitive experimental / Unido
phenotype of child descritivo
savants with autism
spectrum disorder
Daniel & Menashe 2020 Exploring the familial Experimental Israel inglês
role of social (embora a
responsiveness partir de um
differences between banco de
savant and non-savant dados) onde
children with autism comparou
dois tipos de
TEA, savant e
não savant
Fonte: o autor, com base nos estudos selecionados para esta revisão (2022)

6.3 Avaliação das formas específicas da síndrome de savant no TEA

Nesta etapa da revisão, os instrumentos de diagnóstico serão


apresentados de acordo com a modalidade de habilidade avaliada. Assim foram
identificados instrumentos e procedimentos para avaliação das seguintes
habilidades: cálculo e matemática; cálculo de calendário; música e ouvido
86

absoluto; desenho e pintura como podemos observar na tabela 4, apresentada


a seguir.

Tabela 4 - Habilidades savant avaliadas nesta revisão, com características da amostra


e autores dos estudos.
Habilidade Características da amostra Autor(es)
Matemática e Paciente do sexo masculino, autista, 29 anos, com (STEEL; GORMAN;
cálculo atraso no desenvolvimento (asfixia perinatal) FLEXMAN,1984)
desenvolveu habilidades matemáticas superiores
à sua linguagem e habilidades sociais.
Diagnóstico de TEA.

Paciente masculino com diagnóstico de Síndrome (STEVENS, 1988)


de Asperger e com habilidades excepcionais em
matemática (velocidade de cálculo).

Homem destro que tinha 36 anos na época deste (KELLY;


estudo em 1994. Provável diagnóstico de TEA. MACARUSO;
SOKOL, 1997)

O objetivo principal do estudo foi comparar os (BENNETT;


resultados clínicos e perfis cognitivos de crianças HEATON, 2017)
savants e não savants com TEA. Amostra de 17
homens savants e 19 não savants, entre 8 anos e
12 anos 9 meses com antecedente diagnóstico
clínico de TEA.

Cálculo de Dez homens saudáveis com transtornos invasivos (CASEY; GORDON;


calendário vf. do desenvolvimento e habilidade incomum para MANNHEIM;
cálculos de calendário, com idades entre 19 e 41 RUMSEY, 1993)
anos (7 TEA e 3 Transtorno global do
desenvolvimento não especificado.

Série de 10 casos com habilidades para cálculo de (YOUNG, 1995)


calendário

Homem, 18 anos, TEA, altas habilidades em (MOTTRON;


cálculo de calendário LEMMENS;
GAGNON; SERON,
2006)

No presente artigo, os autores mostram que um (THIOUX; STARK;


modelo cognitivo simples que segundo eles pode KLAIMAN;
explicar todos os aspectos da performance de SCHULTZ, 2006)
Donny, um jovem autista que é possivelmente o
prodígio do calendário mais rápido e preciso já
descrito.

Neste estudo, buscou-se identificar estratégias (KENNEDY;


subjacentes às habilidades de calendário de dois SQUIRE, 2007)
savants autistas, DG e R. Sugerem que os
examinandos usavam algoritmo do calendário
Gregoriano
87

Habilidade Características da amostra Autor(es)


Homem de 18 anos, autista, com habilidade (IAVARONE;
especial na computação do dia da semana a partir PATRUNO;
de datas determinadas foi observada em um GALEONE; CHIEFFI
homem de 18 anos et al., 2007)

Calculadoras de calendário savant com autismo (DUBISCHAR-


(ACC, n=3), calculadoras de calendário saudáveis KRIVEC; NEUMANN;
(HCC, n=3), sujeitos não savant com autismo POUSTKA; BRAUN
(n=6) e leigos de calculadora de calendário et al., 2009)
saudáveis (n=18) foram incluídos no estudo.

Criança de 5 anos, com evidências do fenômeno (SCHINARDI, 2014)


de Savant (cálculos de calendário nesta criança)
nos exames iniciais. Diagnóstico de autismo
atípico

Homem de 24 anos (FB) diagnosticado com (DE MARCO;


síndrome de Asperger. A FB teve um desempenho IAVARONE;
quase impecável (98,2 %) tanto com datas SANTORO;
passadas quanto futuras, em um período de 40 CARLOMAGNO,
anos. Extensa avaliação cognitivas e provas de 2016)
calendário com tratamento estatístico.

Idem Matemática e cálculo (BENNETT;


HEATON, 2017)

Música e Ouvido O caso foi avaliado entre janeiro de 1997 e agosto (MOTTRON;
absoluto de 1998, quando ela tinha entre 17 e 18 anos, PERETZ;
umm adolescente com TEA e altas habilidades BELLEVILLE;
para ouvido absoluto. ROULEAU, 1999)

Menino de 12 anos e 11 meses com diagnóstico (YOUNG, 1995)


de TEA e altas habilidades em música.

Examina-se a utilidade de modelos hierárquicos (MOTTRON;


na caracterização do processamento de PERETZ; MÉNARD,
informações musicais em indivíduos autistas. 2000)
Foram utilizadas 12 melodias, tocadas em um
sintetizador, das quais foram extraídos trechos e
outros trechos foram transpostos em aumento ou
diminuição de tom, e outros trechos violados,
gravados aleatoriamente e utilizados num
gravador com fones de ouvido para apresentação
individual no grupo clínico e no grupo controle.

Pesquisa se ‘‘Special Isolated Skills’’ (SIS) em 254 (MEILLEUR;


autistas e Picos Perceptivos (PP) em 46 desses JELENIC;
indivíduos autistas e 46 indivíduos de inteligência MOTTRON, 2015)
e idade pareados

normalmente desenvolvendo (controles).


88

Habilidade Características da amostra Autor(es)


Idem Matemática e cálculo (BENNETT;
HEATON, 2017)

Desenho e Homem destro, tinha entre 34 e 36 anos durante o (MOTTRON;


Pintura teste com diagnóstico de Sd. Asperger, com altas BELLEVILLE, 1993)
habilidades para desenhos tridimensionais.

Experimento com 4 grupos de 9. Dois grupos TEA, (HERMELIN;


sendo 9 TEA + savants artistas. 2 grupos controles HEAVEY, 1995)
de 9 crianças neurotípicas.

Examina a construção de perspectivas em um (MOTTRON;


paciente autista (E.C.) com inteligência quase BELLEVILLE, 1995)
normal que exibe habilidade excepcional ao
realizar desenhos tridimensionais de objetos
inanimados

Estudo de caso de um autista ''savant'' com (MOTTRON;


hiperminésia para nomes de pessoas. Seu BELLEVILLE; STIP,
desempenho é comparado com controles normais. 1996)

É o mesmo paciente de 1995. O estudo explorou (MOTTRON;


os mecanismos subjacentes à hipermnésia de um BELLEVILLE; STIP;
savant autista através de três experimentos. Os MORASSE, 1998)
dois primeiros serviram para avaliar se a ausência
de interferência foi responsável pela memória
excepcional da lista da NM. O terceiro investigou
o tipo de pistas usadas no recall. Os resultados
indicaram ausência de interferência retroativa,
mas presença de leve interferência proativa na
lista de recall de nomes próprios.

Paciente masculino, nascido em 1952, com altas (HERMELIN; PRING;


habilidades para pintura. Diagnóstico de TEA pela BUHLER; WOLFF et
CID. al., 1999)

Artistas savant foram comparados com indivíduos (PRING; RYDER;


não talentosos com TEA ou dificuldades de CRANE; HERMELIN,
aprendizagem leves/moderadas, bem como 2010)
estudantes artisticamente talentosos ou não
talentosos, na tarefa de design de blocos e
versões significativas e abstratas do teste de
figuras incorporadas (EFT).

É uma continuação do estudo de 2010, com os (PRING; RYDER;


mesmos grupos, agora abrangendo outros CRANE; HERMELIN,
aspectos. Nove artistas savant com TEA, nove 2012)
estudantes de arte talentosos, nove indivíduos não
artisticamente talentosos com TEA e nove
indivíduos com dificuldades de aprendizagem
leves /moderadas (MLD) em tarefas dentro e fora
de seu domínio de experiência. Isto foi para
verificar se o desempenho dos artistas savant
estava relacionado à sua capacidade artística, seu
diagnóstico de TEA ou seu nível de funcionamento
intelectual.
89

Habilidade Características da amostra Autor(es)


Idem de Música e Ouvido absoluto (MEILLEUR;
JELENIC;
MOTTRON, 2015)

Idem Matemática e cálculo (BENNETT;


HEATON, 2017)

FONTE: o autor, com base nos estudos relacionados na tabela (2022)

De um modo geral, observa-se na amostra de estudos selecionada que


as avaliações de habilidades savants nas suas modalidades específicas, não
utiliza de instrumentos específicos para avaliar tais habilidades em particular.
Seguem na verdade a linha de investigação do pesquisador no seu campo como
já delineado na revisão “B”, sobre as teorias etiopatogênicas e seus principais
pesquisadores.
Do total de 30 estudos encontrados, em 28 estudos, o próprio
pesquisador construiu ou utilizou testes que tinham por objetivo explorar teorias
subjacentes ao estudo. Assim, os instrumentos são usados para testar hipóteses
sobre teorias, visando esclarecer mecanismos fisiopatológicos sobre o
fenômeno observado. Dessa forma, muitas vezes não utilizam instrumento
psicométrico já validado para aquele propósito.

6.3.1 Instrumentos utilizados para o estudo de altas habilidades em


matemática e cálculo na síndrome de savant associada ao TEA

Na amostra de estudos selecionados para este tipo de habilidade (4


estudos), predomina a construção de provas ou testes desenvolvidos pelo
próprio autor (75%). A seguir são apresentados os principais instrumentos
identificados para avaliar a habilidade de cálculo matemático. Uma exceção é o
estudo de Bennett como veremos.

6.3.1.1 Habilidades em matemática e cálculo

Em um trabalho de estudo de caso, Steel et al. (1984) descreveram um


paciente do sexo masculino, autista, 29 anos, com atraso no desenvolvimento
que sofreu asfixia perinatal e desenvolveu habilidades matemáticas notáveis que
estavam em desarmonia com suas dificuldades de linguagem e habilidades
90

sociais. No estudo foi utilizado o procedimento de identificação de símbolos


matemáticos e realização mental de cálculos. Assim, foi solicitada a identificação
de símbolos matemáticos como !", |!|, ∑, ∫ , Δ, d/dx. O paciente reconheceu 5
desses símbolos. Em seguida, foi solicitado que resolvesse mentalmente os
seguintes cálculos de derivada:

)/)+ + ! , )/)+ + !"

)/)+ (2+ ! − 2+ + 2)

)/)+ Cos +.

Os resultados do estudo mostraram que o participante adicionou cada


número individual de 1 a 100 para o número próximo maior (ou seja,
1+2+3...+100) em 45 segundos. A resposta é 5050.
Em outro estudo de caso de um paciente com síndrome de Asperger,
Stevens & Moffit (1988) ressaltaram que as habilidades de cálculo do sujeito
eram extensas. Os resultados mostraram que o participante era capaz de elevar
qualquer número ao quadrado entre 1 e 10.000 em aproximadamente 21,46
segundos. Além disso, era capaz de somar, subtrair, multiplicar e dividir números
de 2,3,4,5 e 6 dígitos com grande facilidade e rapidez além de ser capaz de
cálculo de calendário (“que dia da semana foi o dia 3 de agosto de 1953?”). Neste
estudo portanto, Stevens & Moffit (1988) se preocuparam com aspecto descritivo
das habilidades do paciente e procuraram mensurar o tempo para a realização
de cálculos, visando auferir a velocidade deles.
Um homem destro que tinha 36 anos na época do estudo e com provável
diagnóstico de TEA, foi relatado por Kelly et al. (1997). Nesse caso, as
avaliações foram feitas por escrito, uma vez que o avaliador percebeu que o
paciente tinha dificuldade de articulação e que se sentia mais confortável
escrevendo do que falando. Por esta razão as questões matemáticas propostas
no exame foram apresentadas em cartões de 3 por 5 polegadas, que ficava
encoberto pela mão do examinador que solicitava que o examinando resolvesse
o problema mentalmente o mais rápido possível e anotasse em seguida o
resultado. Assim, foram apresentados 66 problemas matemáticos, sendo: 18 de
multiplicação de números de 3 dígitos por 1 dígito, 18 de 2 por 2 dígitos, 18
91

quadrados de 2 dígitos, 6 de 2 por 1 dígito e 6 de 4 por 1 dígito. Cada bloco de


18 problemas foi dividido em 3 grupos homogêneos de acordo com o grau de
dificuldade: fácil, moderado e difícil, os três com a possibilidade de estratégia de
atalho. Como exemplo de estratégia de atalho ela oferece o exemplo:

899 * 7= (900-1) * 7= (900 * 7) -7= 6293

Resultados mostraram que o participante conseguiu resolver


mentalmente operações de multiplicação de números de 2 dígitos por 3 dígitos,
ou de 3 dígitos por 3 dígitos, sendo que a resposta era apresentada por escrito
no próprio cartão. O tempo para a realização do cálculo foi extremamente baixo,
em comparação a 5 outras pessoas com desenvolvimento típico que
participaram do estudo. Por outro lado, apresentava dificuldade para resolver
sentenças com mais de uma operação, como por exemplo em:

((x+y) * k)

Outra dificuldade foi observada na identificação de números primos e de


contas de divisão com resto. Embora o paciente fosse bem, ele não demonstrava
estar à vontade com a avaliação, o que dificultou avaliar outras habilidades,
como a memória para sequência de números.
Um estudo mais recente dentre os selecionados (BENNETT; HEATON,
2017) propôs estudar o perfil cognitivo de indivíduos TEA savants e não savants.
Foram incluídos no estudo participantes savant talentoso, conforme critérios de
Treffert (2009). Os participantes apresentavam habilidades relatadas em
matemática, ouvido absoluto, cálculo de calendário e arte. Foi usada a Wechsler
Individual Achievement Test II (WIAT-II) para avaliar habilidades em Matemática,
operações numéricas e de raciocínio matemático. O WAIT-II possibilita avaliar o
desempenho acadêmico e habilidades cognitivas e comparar com o nível
esperado de escolaridade. É um teste individual e pode ser administrado para
indivíduos de 4 aos 85 anos de idade (da pré-escola até o 16º ano) (WIAT-II,
2011). Atualmente já existe uma versão mais recente do teste (WIAT-III). O
WIAT-II inclui 9 subtestes cuja finalidade é avaliar áreas específicas nos
domínios da leitura, matemática, linguagem escrita e linguagem geral.
92

Assim, nos 4 estudos descritos de forma mais detalhada foram


apresentadas abordagens distintas para avaliação de habilidades matemáticas
em savant com TEA. Os três primeiros estudos de caso apresentam
procedimentos desenvolvidos pelos próprios autores. Já o último estudo, mais
recente, é usado instrumento psicométrico validado.

6.3.1.2 Habilidades de cálculo de calendário

Dez estudos foram selecionados para estudos dos instrumentos


utilizados na avaliação específica de cálculo de calendário (BENNETT;
HEATON, 2017; CASEY et al. 1993; DE MARCO et al. 2016; DUBISCHAR-
KRIVEC et al., 2009; IAVARONE et al., 2007; KENNEDY; SQUIRE, 2007;
MOTTRON et al. 2006; SCHINARDI, 2014; THIOUX et al. 2006; YOUNG, 1995).
Assim como no estudo de cálculos matemáticos, aqui também se observa o
predomínio do uso de questionamento sobre datas específicas. No entanto,
também são observados estudos que desenvolveram procedimentos mais bem
estruturados a fim de inferir sobre os tipos de algoritmos usados para a
realização do cálculo de calendário gregoriano. Desta amostra de dez estudos,
escolheu-se alguns com a finalidade de exemplificar o que foi encontrado.
O foco do trabalho de Casey et al. (1993) era testar a hipótese de que
na base das habilidades savants haveria uma atenção disfuncional. Para tal
utilizou-se de várias tarefas computadorizadas para avaliar a capacidade de
dividir, alternar e manter a atenção em indivíduos savants com altas habilidades
para cálculo de calendário. Assim, Casey elaborou provas com perguntas que
envolviam calcular o dia da semana em que uma determinada data cairia. Ele
utilizou um teste usado por Aquino (1992), e apresentado no formato de um
pôster (Annual meeting scientific program Washington DC August 14–18, 1992)
sem que seja possível o acesso ao teste propriamente dito.
Uma abordagem interessante para avaliação do cálculo de calendário foi
proposta por Young (1995), baseada em estudo anterior de Hermelin e O’Connor
(1986). Essa proposta se baseia no fato de que o cálculo do calendário pode ser
feito por meio da aplicação de algoritmos específicos. Assim, Robin Young parte
do princípio de que o calendário gregoriano tem regularidades internas, como:
1) o fato de certos meses dentro de um ano são emparelhados, de forma que
93

uma determinada data, nesses meses, caia no mesmo dia da semana; 2)


qualquer ano obedece a uma das 14 configurações possíveis do calendário e
como regra geral o calendário se repete a cada 28 anos, embora com algumas
exceções onde a repetição ocorre a cada 6 anos; 3) qualquer data avança um
dia no ano seguinte, exceto nos anos bissextos, quando são necessários dois
turnos e retrocede um dia no ano anterior (YOUNG, 1995, p. 54).
Em relação ao princípio 1, o algoritmo de identificação de datas se refere
ao fato de que em anos não bissextos, os dias do mês caem no mesmo dia da
semana em diferentes meses, que podem ser agrupados da seguinte forma:
fevereiro março e novembro constituem um grupo comum, com abril-julho,
setembro-dezembro; janeiro-outubro como pares. Já em anos bissextos, os
grupos de meses com o número do dia caindo no mesmo dia da semana são: os
pares fevereiro-agosto, março-novembro, setembro-dezembro e grupo janeiro-
abril-julho têm estruturas idênticas.
Partindo destes pressupostos, Robin Young propôs 4 experimentos cujo
objetivo foi avaliar até que ponto os savants utilizam-se destas regularidades
para identificar o dia da semana em que cai uma determinada data. O desfecho
primário para fazer inferência sobre as operações envolvidas no cálculo das
datas foi tempo para a resposta. Como medidas indiretas foram analisados os
erros e outros comportamentos associados aos recursos de calendário, tais
como relatos de cuidadores referentes às operações realizadas. Em todos os
experimentos as provas foram realizadas via computador.
No experimento 1, a prova consistia na apresentação de uma data
específica na tela do computador (i.e., no formato dia/mês/ano) e o avaliando
deveria pressionar uma, de 7 teclas que correspondesse ao dia da semana
daquela data. As teclas Q, W, E, R, T, Y, U foram utilizadas como teclas de
resposta e, cada tecla correspondia a um dia da semana. Dessa forma, a tecla
Q correspondia ao domingo, a W correspondia à 2ª feira e assim por diante, até
a tecla U que correspondia ao sábado. A datas apresentadas na tela
compreenderam o período de 1600 a 2215 e, a informação permanecia na tela
até que uma resposta fosse dada. O intervalo entre as tentativas foi de 5
segundos. Para cada resposta era dado o feedback do tipo “Correto, 18 de março
de 1982 foi uma Quinta-feira” ou “Desculpe, 2 de janeiro de 1991 foi uma Quarta-
94

feira”. Os 4 experimentos de Robin Young utilizaram-se desta estratégia sendo


que cada experimento teve a duração de 20 a 60 minutos, dependendo de tempo
de resposta dos sujeitos às apresentações de datas.
No experimento 2, Robin Young usou o mesmo paradigma de
apresentação de uma data na tela do computador e o avaliando deveria
responder pressionando uma das 7 teclas pré-definidas. No entanto, nesse
estudo, as datas foram apresentadas em 9 blocos distintos, com 12 perguntas
cada. Quatro blocos eram formados por datas de anos regulares e 4 blocos com
datas de ano bissexto. Além disso, ao final era apresentado novamente um dos
blocos, a fim de verificar se o participante respondia mais rapidamente do que o
seu similar, apresentado anteriormente. Além do mais, as perguntas dentro de
um bloco, envolvia resposta que caiam no mesmo dia da semana. As datas
avaliadas corresponderam ao período de 1991 a 1984, inclusive. A tabela 5,
apresenta exemplos de dois blocos com itens para avaliação.

Tabela 5 - Ordem de apresentação de datas para dois blocos usados no


experimento 2 de Robin Young.
Ano Não Bissexto Ano Bissexto
2 de Março de 1991 (Sábado) 2 de Agosto de 1988 (Terça-feira)
2 de Fevereiro de 1991 (Sábado) 2 de Fevereiro de 1988 (Terça-feira)
2 de Novembro de 1991 (Sábado) 2 de Março de 1988 (Quarta-feira)
2 de Maio de 1991 (Quinta-feira) 2 de Novembro de 1988 (Quarta-feira)
2 de Agosto de 1991 (Sexta-feira) 2 de Maio de 1988 (Segunda-feira)
2 de Abril de 1991 (Quinta-feira) 2 de Janeiro de 1988 (Sábado)
2 de Julho de 1991 (Quinta-feira) 2 de Abril de 1988 (Sábado)
2 de Junho de 1991 (Domingo) 2 de Julho de 1988 Sábado)
2 de Setembro de 1991 (Segunda- 2 de Junho de 1988 (Quinta-feira)
ferira)
2 de Dezembro de 1991 (Segunda-feira) 2 de Setembro de 1988 (Sexta-feira)
2 de Outubro de 1991 (Quarta-feira) 2 de Dezembro de 1988 (Sexta-feira)
2 de janeiro de 1991 (Quarta-feira) 2 de Outubro de 1988 (Domingo)

Fonte: Young (1995, p. 91, tradução nossa).

Esse paradigma foi criado com a finalidade de testar 3 hipóteses acerca


dos algoritmos usados pelos savants para identificar uma data.
95

A Hipóteses 1 era de que os sujeitos utilizam a regra de que a data de


um determinado mês pode cair na mesma data do outro mês que forma seu
grupo (ex., abril e julho de ano regular, ou fevereiro e agosto do ano bissexto).
Assim, com apresentação de datas em que as respostas caíssem no mesmo dia
da semana, a segunda resposta deveria ser mais rápida do que a primeira, pois
envolveria apenas a replicação do algoritmo usado anteriormente.
Já a Hipótese 2 era de que, os participantes levariam mais tempo para
identificar as datas em anos bissextos, pois, por serem mais raros que os anos
regulares, estariam menos familiarizados com o algoritmo.
Por fim, a Hipótese 3 era de que as habilidades savants são
relativamente rígidas, pois não apresentam flexibilidade de adaptação. Caso
essa hipótese seja verdadeira, espera-se que o tempo para responder as
questões do nono bloco sejam mais rápidas e precisas do que na primeira
apresentação do bloco. Análise dos resultados foi inconclusiva para responder
as hipóteses, uma vez que foram feitas análises individuais para cada um dos
participantes, não sendo possível a condução de análise de grupos, em função
do tamanho da amostra.
O experimento 3 teve como objetivo avaliar o grau de familiaridade dos
participantes com as 14 configurações possíveis em um calendário perpétuo.
Assim, a prova foi constituída por 5 blocos: 4 blocos com 16 perguntas com datas
de anos regulares e 1 bloco com 8 perguntas de datas referentes a anos
bissextos. Em cada bloco de ano regular, as 8 primeiras datas (i.e., 7 do passado
e uma do futuro) eram da mesma configuração; e a segunda metade do bloco
(i.e.,7 perguntas do passado e uma do futuro) eram de diferentes configurações
de calendário. Já o último bloco foi formado por datas de ano bissexto, sendo as
4 primeiras (3 datas passadas e uma futura) da mesma configuração de
calendário e as 4 últimas de configurações diferentes. Os resultados sugerem
que os participantes usaram seu conhecimento sobre configuração dos
calendários para responder, sendo mais rápidos quando as perguntas eram da
mesma configuração.
O experimento 4 teve por objetivo avaliar o padrão de uso da regra de
que qualquer data avança um dia na semana no ano seguinte e retrocede no
ano anterior em anos regulares, mas em anos bissextos, a data avança dois dias
96

na semana no ano seguinte, mas retrocede um dia no ano anterior. Assim, a


prova envolvia identificar que dia da semana caia a mesma data (i.e., 13 de
janeiro) em 40 anos diferentes, sendo metade do passado e outra metade do
futuro. Iniciando em 1991, o avaliando deveria responder a data do ano
imediatamente anterior (20 questões do passado). Depois, a partir do ano 1991,
era solicitado que identificasse a data no ano imediatamente seguinte (20
questões do futuro). Os anos de 1977 e 2007 foram omitidos para evitar efeito
de antecipação. Resultados apontam que os participantes não se beneficiaram
do uso da regra, pois não apresentaram ganhos significativos ao longo das
respostas. Em suma, o esperado é que se sujeito conhecessem as referidas
regras e as aplicassem, os tempos de resposta seriam menores, mas isto não
foi observado (YOUNG, 1995, p. 69-85).
Já o estudo de Bennett & Heaton (2017) faz uma descrição sucinta da
prova usada para avaliação de cálculo. Dessa forma, os autores apenas citam
que utilizaram a prova para a confirmação das habilidades de cálculo de
calendário. A prova era composta por perguntas sobre datas que revelaram
períodos de 4 anos para frente ou para traz, envolvendo um intervalo de 100
anos (para frente ou para traz) para outro.
Concluindo esta seção, observa-se que o trabalho de Young (1995)
continua sendo o mais completo, quer pelo tamanho da amostra, quer pela
extensa avaliação. Assim, as provas elaboradas por ela foram construídas com
base em modelo teórico sólido, com a finalidade de testar hipóteses específicas
sobre as estratégias usadas para identificação das datas. A versão
computadorizada da prova possibilita a mensuração de tempo de resposta e
inferência sobre a diferentes estratégias utilizadas para a resolução do problema.

6.3.2 Instrumentos utilizados para avaliação de savants associados ao


TEA com ouvido absoluto

A revisão feita identificou 5 estudos que avaliaram a habilidade musical


em pessoas TEA com habilidades savant.
O primeiro estudo identificado é a tese realizada por Young (1995) na
Universidade de Adelaide. Baseado em uma prova descrita por Sloboda e
colaboradores (1985) apud Young (1995), foi proposta a avaliação de
97

habilidades musicais por meio de duas peças diferentes em função ao tipo de


harmonia: Op. 47 No 3 (Melodie') de Griegs Lyric Pieces, que tem uma harmonia
diatônica convencional, e uma composição atonal baseada em toda escala de
tom do Livro 5 do Mikrokosmos' 22 de Bartok. Assim o participante ouvia uma
parte da melodia e deveria repetir ao piano. Em seguida era acrescentada uma
outra parte da música, e o participante deveria ir repetindo a parte ouvida, até
tocar a música inteira. Nesse tipo de prova, a produção musical do avaliando era
gravada e, posteriormente analisada por outro músico.
Procedimento diferente para avaliação da habilidade musical foi descrito
por Mottron et al. (1999). Foram usadas duas provas distintas: identificar os tons
únicos apresentados ao piano; produzir vocalmente os tons das notas
nomeadas. Na primeira prova o avaliando deveria escrever o símbolo correto,
em notação musical, de um único tom produzido ao piano. Os estímulos foram
compostos por 12 notas diferentes de quatro oitavas (de C2 a C6). As 12 notas
foram apresentadas quatro vezes em ordem aleatória, para um total de 48
estímulos. Os tons de piano isolados foram gerados em um sintetizador Rolland
CS-55. Os tons tinham duração de 500 milésimos de segundos, com intervalo
de 2 segundos. O avaliando recebia, na primeira tentativa um papel de música
com pautas de piano (com o topo em clave de agudos e o inferior em clave de
baixo) e, na segunda tentativa, recebia papel musical com apenas um conjunto
de clave de baixo. O avaliando deveria escrever a nota que ouviu por meio de
notação musical. Nenhum feedback foi dado (MOTTRON et al.,1999, p. 489).
A segunda prova foi composta de apresentação de 13 notas cromáticas
ao piano, sendo que cada nota era apresentada quatro vezes, perfazendo um
total de 52 estímulos. O avaliando deveria então cantar o tom apresentado que
era gravado em fita de áudio. Dois músicos experientes avaliaram os áudios,
indicando se o tom produzido era correto ou não.
Duas outras formas para identificar habilidades musicais foram usadas
por Meilleur et al. (2015). Na primeira forma, as habilidades especiais isoladas
(SIS) referentes a ouvido absoluto (música) foram identificados por meio das
questões 88 a 93 da ADI-R. A outra forma de avaliação foi por meio de tarefas
de discriminação de tom, por meio de uma tarefa de detecção de Picos
Perceptivos (PP). Assim são apresentados dois tons em ordem aleatória e o
98

avaliando deve julgar se diferem ou não (MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON,


2015, p. 1358).
Outra estratégia para avaliar “ouvido absoluto”, isto é, altas habilidades
para discriminação de tons, foi utilizada por Bennett & Heaton (2017) que
utilizaram um procedimento descrito previamente por Heaton et al. (2008). Na
tarefa proposta por Pamela Heaton, o avaliando deve identificar o tom de uma
nota, bem como de uma palavra falada de forma natural. A capacidade de
discriminar sons foi avaliada por meio da apresentação de 100 tons complexos
de piano e 52 tons senoidais (abrangendo 4 oitavas C2-C6). Os tons complexos
incluem um componente fundamental e outro harmônico enquanto os tons
senoidais só têm o elemento fundamental sem o componente harmônico e por
isto são mais difíceis de identificar. Já para identificar o tom da fala natural, foram
apresentadas 20 palavras em francês e 20 em inglês que foram gravadas por
um locutor bilingue em diferentes tons. Além disso, os estímulos foram
modificados por meio do software específico (Melodyne cre83). Os participantes
deveriam indicar o tom em que a palavra foi pronunciada (HEATON; DAVIS;
HAPPÉ, 2008, p. 2096).

6.3.3 Instrumentos utilizados para avaliar savants com habilidades em


desenho e pintura

Para o estudo dos instrumentos psicométricos utilizados na avaliação de


habilidades excepcionais de desenho e pintura encontradas na Síndrome de
Savant associada ao TEA, 10 estudos foram selecionados (BENNETT;
HEATON, 2017; HERMELIN; HEAVEY, 1995; HERMELIN et al., 1999;
MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015; MOTTRON; BELLEVILLE, 1993;
MOTTRON; BELLEVILLE; STIP, 1996; MOTTRON et al., 1998; MOTTRON;
PERETZ; MÉNARD, 2000; PRING et al., 2010; 2012).
Os instrumentos usados para avaliação das habilidades de desenho e
pintura em diferentes estudos são selecionados ou construídos a fim de
contemplar aspectos teóricos subjacentes ao estudo. Assim, Laurent Mottron e

3
NEUBÄCKER, P., & GEHLE, C. (2003). Melodyne Cre8, version 2.0. Munich: Celemony
Software GmbH.
99

colegas em 1993 (MOTTRON; BELLEVILLE, 1993a) procuraram avaliar o


fenômeno savant a partir de uma abordagem cognitiva, considerando a
organização hierárquica entre domínios e como isto pode afetar diferentes
aspectos da cognição. Isto é feito, pelo fato de considerarem que o TEA é
caracterizado por anomalias em diversos domínios heterogêneos que vão desde
a percepção até a cognição social. Dessa forma, a avaliação dessas habilidades
é feita levando em consideração o processamento de informação ao nível “local”
e “global” (MOTTRON; BELLEVILLE, 1993, p. 304). Sendo assim, esse
importante estudo é dividido em duas partes que procuram compreender as
habilidades extraordinárias em desenhos: avaliação das habilidades visuais e
visuoconstrutivas; e análise dos processos locais e globais na percepção de
figuras.
Na primeira parte, são realizadas sete tarefas distintas para avaliar
diferentes componentes no reconhecimento de objetos: 1) Correspondência de
estímulos bidimensionais; 2) Ilusões visuais; 3) Correspondência de objetos em
visões não canônicas; 4) Tarefa de decisão de objetos; 5) Conhecimento de
cores; 6) Tarefa de correspondência de palavra-imagem e 7) Identificação de
figuras fragmentadas. Essas tarefas tinham como modelo proposto por Marr
(1982, p.37), de que o reconhecimento de objetos tem como base a análise e
classificação. Dessa forma, tais tarefas tiveram por objetivo compreender se as
altas habilidades em desenho poderiam ser explicadas por um
comprometimento, ou hiper funcionamento de algum dos subsistemas
perceptivos envolvidos na percepção de objetos. No entanto, os resultados
encontrados não corroboram esta hipótese.
Na parte dois do experimento os autores procuram compreender o
problema da hierarquia “local” e “global” (NAVON, 1977). Assim, em termos de
processamento local, consideram que a percepção de um objeto pode se dar por
meio de integração de partes menores que juntas formam um todo coerente (p.
ex. uma mesa é um tampo sustentado por 4 pernas). Também cita o fato de que
a cena visual comporta a percepção global, em que os objetos são interligados
num todo coerente (ex., perceber os vários objetos de um escritório onde uma
mesa faz parte de um todo maior). Dessa forma, o sujeito deve ter uma
habilidade que o capacite de detectar e ordenar propriedades locais/globais de
100

uma matriz visual e ordená-las numa hierarquia adequada (ROBERTSON, 1991


apud MOTTRON; BELLEVILLE, 1993). Para isso, propõe dois tipos de formas
de avaliação: ordem de recordação gráfica e Tarefa de decisão de figura.
A tarefa que avalia a ordem de recordação gráfica explora a hipótese de
que, se o sujeito tem uma perturbação na hierarquia do processamento
perceptivo, isto deve aparecer nas suas produções de desenho. Um exemplo de
tarefa envolve solicitar que o avaliando faça um desenho a partir da
apresentação de um modelo de flauta invertida, formada por um tubo e por partes
menores representadas pelas teclas. O avaliando é filmado enquanto realiza a
atividade, para posterior análise do processo de construção do desenho. Análise
dos resultados mostrou que o sujeito construía a figura com base numa regra de
proximidade, onde cada linha adicionada era por contiguidade com a anterior,
não sendo respeitada a integridade de uma parte menor na construção do seu
desenho. Dessa forma, e em vez de desenhar partes completas uma após a
outra, ele acrescentava linhas contíguas e independentes de suas posições nas
partes. O examinando só desenhou o contorno da flauta quando se deparou com
uma linha contígua ao corpo dela.
Uma outra tarefa envolvia fazer várias cópias e recordar dois objetos
familiares por cinco vezes seguida. Foram escolhidas figuras simples (cerca de
10), com poucas características, nas quais uma característica original foi definida
como uma linha, reta ou curvilínea, desenhada em um único gesto suave sem
mudança de ângulo.
Foi adotado o procedimento utilizado na tarefa de figura de Rey-
Osterieth fornecendo um novo lápis de cor ao sujeito quando era feito o desenho
de um traço, isto para permitir a análise da recordação de ordem.
A pontuação foi obtida através da análise da taxa fixa ou de transições
idênticas entre os dois recursos para os diferentes recalls, sendo que a
pontuação das transições idênticas correspondeu ao número de vezes que, em
diferentes desenhos de uma mesma figura, um determinado traço foi seguido
pelo mesmo ou outro traço (MOTTRON; BELLEVILLE, 1993). A análise das
cópias feitas permitiu concluir que as estratégias gráficas do examinando eram
compatíveis com falta de organização hierárquica, visto que seus desenhos
eram construídos por progressões locais e informações globais onde os
101

contornos não ocupavam uma posição de primazia na ordem de seus desenhos


além de não se observar rotinas de cópia nem de recordação.
Os autores também propuseram uma tarefa que envolvia identificar
representações tridimensionais de figuras possíveis e impossíveis. Esse tipo de
tarefa permite verificar a ocorrência de comprometimento na organização
hierárquica dos aspectos locais e globais, isso porque a identificação de figuras
impossíveis só é possível a partir de um processamento global. Assim, foram
apresentados 12 desenhos de figuras impossíveis e 12 de figuras possíveis, e o
examinando deveria responder se a figura era ou não possível. Ao final, era
solicitado que desenhasse de memória duas das figuras impossíveis
apresentadas, sendo o número de erros examinados.
Outro estudo selecionado é o de Hermelin et al. (1999). Nesse estudo,
os autores comparam os quadros pintados pelo examinando com fotografias que
deram origem aos mesmos com a intenção de avaliar mudanças e
transformações que elas sofreram ao serem produzidas a partir de memórias.
Os autores reconhecem a limitação do método embora ele seja amplamente
utilizado em exames de academias de arte e faculdades. A avaliação das
produções era feita por pintor qualificado e um especialista em arte. Assim
deveriam comparar os desenhos com as fotos originais a fim de identificar se o
avaliando poderia ser classificado como um verdadeiro talento artístico.
Outro estudo (MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015) teve como
objetivo estabelecer o perfil de habilidade isoladas (SIS) e picos perceptivos (PP)
numa população de autistas. Para isso, usaram as respostas das questões
específicas da ADI-R que identificam a presença de habilidades isoladas (ie.,
questões 88 a 92). Além disso, para identificar picos perceptivos (PP), os
participantes completaram uma tarefa de Bloco de Design modificada.
O estudo de Bennett e Heaton (2017) utilizou para validar a presença de
altas habilidades em desenho e pintura (arte) as mesmas tarefas do estudo já
descrito por Hermelin et al. (1999). Assim, um pintor consagrado e um
especialista em arte, fizeram análise dos desenhos feitos em comparação com
as fotos originais, sendo que foram feitas pequenas adaptações na forma de
pontuação dos desenhos produzidos.
102

6.4 Principais sistemas classificatórios e testes psicológicos utilizados


na avaliação geral da Síndrome de Savant associada ao TEA

6.4.1 Sistemas diagnósticos e instrumentos de apoio ao diagnóstico

A Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de


Saúde (CID) (WELLS et al.) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM) da American Psychiatric Association (APA, 2014) são sistemas
classificatórios diagnósticos mundialmente reconhecidos e aceitos. O DSM,
atualmente em sua 5ª edição e a CID em sua 10ª edição e em processo de
transição para a 11ª edição são as versões atuais mundialmente aceitas como
padrão para sistemas classificatórios de diagnóstico. As versões anteriores
destes instrumentos, como não podia deixar de ser, guardam relação íntima com
as versões atuais.
Na amostra dos artigos que foram selecionados para este estudo (n=30),
apenas 22 estudos (73,3%) descreviam claramente o sistema diagnóstico
empregado, sendo que o DSM, em pelo menos uma de suas versões foi o mais
frequentemente utilizado (59%) (CASEY et al., 1993; DE MARCO et al., 2016;
FINOCCHIARO et al., 2015; HERMELIN; HEAVEY, 1995; IAVARONE et al.,
2007; MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015; MOTTRON; BELLEVILLE, 1993;
1995; MOTTRON; BELLEVILLE; STIP, 1996; MOTTRON et al., 1998;
MOTTRON et al., 1999; MOTTRON; PERETZ; MÉNARD, 2000; STEEL;
GORMAN; FLEXMAN, 1984) totalizando 13 estudos.
Já a CID 10 foi utilizada em 5 estudos (22,7%) (DUBISCHAR-KRIVEC
et al., 2009; HERMELIN et al., 1999; KELLY; MACARUSO; SOKOL, 1997;
MOTTRON et al., 1999; O'CONNOR; HERMELIN, 1991).
Um fato que consideramos importante na literatura consultada, é que
muitos artigos encontrados não traziam o sistema classificatório utilizado para o
diagnóstico de autismo. Isso caracteriza uma limitação importante ao não
permitir certeza sobre a caracterização padronizada do diagnóstico mencionado.
Uma outra constatação importante na amostra de artigos estudados é que a
descrição do quadro clínico dos pacientes, especialmente as características
nucleares do transtorno, no caso o TEA, pode suprir a menção ao sistema
classificatório utilizado (MOTTRON et al., 1999; YOUNG, 1995). Da amostra
103

selecionada para esta revisão, 4 estudos (18,2%) puderam sem incluídos em


virtude da descrição do quadro clínico. A tabela 6 apresenta os principais
sistemas classificatórios utilizados pelos autores da amostra de artigos
selecionados para este estudo.

Tabela 6 – Sistemas diagnósticos encontrados na amostra de estudos


Instrumento N Autores que utilizaram o instrumento
CID 5 O'Connor et al. (1991) [CID 10], Kelly et al.
(1997), Hermelin et al. (1999) [CID], Mottron et
al. (1999), Dubischar-Krivec et al. (2009)
DSM 13 Steel et al. (1984) [DSM III], Casey et al. (1993)
[DSM III-R], Mottron & Belleville (1993) [DSM
III-R], Hermelin et al. 1995 [DSM IIIR], Mottron,
et al. (1995) [DSM IIIR], Mottron et al. (1996)
[DSM IIIR], Mottron et al. (1998) [DSM IV],
Motrron et al. (1999) [DSM], Mottron et al.
(2000) [DSM IV], Iavarone et al. (2007) [DSM],
Meilleur et al. (2015) [DSM-IV], Finocchiaro et
al. (2015) [DSM-IV TR], De Marco et al. (2016)
[DSM]
Descrição do quadro clínico 4 Stevens & Moffitt (1988), Young (1995)
[músico], Kelly et al. (1997), Mottron et al.
(1999)

Fonte: o autor, com base nos estudos citados na tabela (2022)

Além dos sistemas classificatórios propriamente ditos, também


encontramos referências a sistemas auxiliares de rastreio e diagnóstico do TEA.
Do total de 30 estudos selecionados para esta revisão, 26 (86,7%) utilizaram
algum sistema auxiliar de rastreio e diagnóstico. A Autism Diagnostic
Observation Schedule (ADO-S) (LORD et al., 1989; LUYSTER et al., 2009) e a
Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R) (LORD; RUTTER; LE COUTEUR,
1994) são escalas de apoio para o diagnóstico do TEA e são consideradas
padrão ouro neste quesito.
A ADO-S é uma escala de observação usada para avaliar crianças a
partir dos 12 meses de idade. A escala consiste num protocolo padronizado para
observação da criança, com foco no comportamento social e comunicação que
104

estão associados ao autismo. Outro aspecto importante desta escala é que ela
contempla a operacionalização das diretrizes clínicas da CID-10.
A ADO-S foi mencionada em 9 estudos de nossa amostra (34,6%) para
esta revisão (BENNETT; HEATON, 2017; BÖLTE; POUSTKA, 2004; DANIEL;
MENASHE, 2020; DUBISCHAR-KRIVEC et al., 2009; FINOCCHIARO et al.,
2015; KENNEDY; SQUIRE, 2007; MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015;
MOTTRON et al., 2006; MOTTRON et al., 1999).
A ADI-R é uma escala de entrevista que é aplicada aos pais e pode ser
utilizada a partir dos 18 meses e tem como foco de investigação os padrões de
comportamento até os 5 anos de idade. Esta escala compreende cinco seções:
introdutória; comunicação social pregressa e atual; desenvolvimento social e
brincar; comportamentos repetitivos e restritos; e problemas de comportamento).
A ADI-R foi mencionada em 13 (50%) dos estudos de nossa amostra (BÖLTE;
POUSTKA, 2004; DANIEL; MENASHE, 2020; DUBISCHAR-KRIVEC et al.,
2009; FINOCCHIARO et al., 2015; KENNEDY; SQUIRE, 2007; MEILLEUR;
JELENIC; MOTTRON, 2015; MOTTRON et al., 2006; MOTTRON et al., 1999;
MOTTRON; PERETZ; MÉNARD, 2000; NEUMANN; DUBISCHAR-KRIVEC et
al., 2010; SCHINARDI, 2014; THIOUX; STARK; KLAIMAN; SCHULTZ, 2006).
Já a ADI (Autism Diagnostic Interview) foi utilizada em um dos estudos
selecionados (3,8%) (HOWLIN et al., 2009). Vale destacar que esse instrumento
é um precursor da ADI-R. Um outro aspecto interessante desta escala que foi
utilizado por alguns autores (BENNETT; HEATON, 2017; NEUMANN et al.,
2010) é a utilização da secção especial que possibilita a identificação de
habilidades especiais, como a savant. Essa seção é composta por 6 itens que
avaliam as seguintes habilidades: viso-espacial, memória, música, desenho,
leitura e cálculo. Dessa forma, Bölte e colaboradores (BÖLTE; POUSTKA, 2004)
usaram os itens de 106-111 da ADI-R para acessar as habilidades excepcionais
isoladas dos pacientes incluídos no seu estudo. De forma similar, Meilleur et al.
(2015) usaram outra versão da mesma escala (itens 88-93) para identificar a
presença de habilidades excepcionais isoladas.
Outro instrumento mencionado uma vez (3,8%) em nossa amostra de
estudos para esta revisão (BENNETT; HEATON, 2017) é o Social
Communication Questionnaire (SCQ). Esta é mais uma ferramenta de triagem
105

utilizada para investigar TEA e já foi denominado no passado de Autism


Screening Questionnaire (ASQ). Este instrumento é aplicável a sujeitos acima
de 4 anos de idade e consta de 40 itens que devem ser respondidos pelos pais
ou cuidador, sendo as respostas das perguntas no formato “sim” ou “não” (SCQ,
2013).
Stell et al. (1984) utilizaram como instrumento de triagem para autismo
a escala desenvolvida por Clancy et al. (1969), correspondendo a 3,8% de nossa
amostra. Essa escala é composta por 9 itens aplicados aos pais da criança. Na
atualidade, o instrumento remonta ao seu valor histórico quanto ao
desenvolvimento de escalas de triagem para TEA.
Kelly et al. (1997) usaram a Aberrant Behavior Checklist, ou ABC (3,8%).
Este instrumento na verdade foi desenvolvido para ser aplicado por qualquer
adulto que conheça bem o examinando. Ele é composto por 58 itens divididos
em 5 subescalas: subescala de irritabilidade (15 itens); letargia e retração social
(16 itens); comportamento estereotipado (7 itens), hiperatividade (16 itens); e
inadequação da fala (4 itens) (AMAN et al., 1985; LOSAPIO, 2011).
Já o estudo de Daniel e Menash (2020) menciona a Social
Responsiveness Scale (SRS), correspondendo a 3,8% na nossa amostra. A SRS
é um instrumento útil para caracterizar casos leves de TEA, ou seja, fronteiriços
com a curva de distribuição normal. Ela é composta por 65 itens que mensuram
a sintomatologia autista no seu aspecto quantitativo, sendo usada para auferir
grau de gravidade sintomatológica (CONSTANTINO, 2013).

Tabela 7 – Instrumentos de apoio diagnóstico encontrados na amostra de estudos


selecionados para a revisão “C”

Instrumento N Autores que utilizaram o


instrumento
ADI-R 13 Mottron et al. (1999), Mottron (2000), Bölte
(2004), Mottron (2006), Thioux (2006),
Kennedy (2007), Neumann et al. (2010),
Dubischar-Krivec (2009), [para detector
habilidades especiais], Meilleur et al. (2015),
Schinardi (2014), Finocchiaro et al. (2015),
Daniel et al. (2020)

ADI 1 Howlin et al. (2009)


106

Instrumento N Autores que utilizaram o


instrumento
ADO-S 9 Mottron et al. (1999), Bölte (2004), Mottron
(2006), Kennedy (2007), Meilleur et al. (2015),
Dubischar-Krivec (2009), Finocchiaro et al.
(2015), Bennett (2017), Daniel et al. (2020)

SCQ Bennett (2017)

Clancy (Clancy et al., 1969) questionnaire 1 Steel et al. (1984)


to assess symptoms of autistic behavior
(aplicado nos pais)

Aberrant Behavior Checklist (ABC) 1 Kelly et al. (1997)

SRS preenchido pelos pais para verificar 1 Daniel et al. (2020)


extensão dos sintomas de TEA.

Fonte: o autor, com base nos estudos citados na tabela (2022)

6.4.2 Avaliação cognitiva da síndrome de savant no TEA

A tabela 8 apresenta um resumo dos instrumentos psicométricos mais


frequentemente encontrados e usados para avaliação cognitiva da síndrome de
savant associada ao TEA nos estudos selecionados nesta revisão. Além disso,
são apresentados o número absoluto e percentual de ocorrência.

Tabela 8 - Instrumentos mais frequentemente usados para avaliação cognitiva


encontrada na amostra de estudos selecionados para a revisão “C”
Instrumento N Estudos (N=30)
(%)
Wechsler Adult Intelligence Scale- 13 Steel et al. (1984), Stevens & Moffitt (1988),
Revised (WAIS-R) (20,96) Casey et al. (1993), Young (1995), Mottron et al.
(1998), Mottron et al. (1996), Mottron et al.
(1999), Bölte (2004), Kennedy et al. (2007),
Howlin et al. (2009), Dubischar-Krivec et al.
(2009), Neumann et al. (2010), De Marco et al.
(2016)

Ravens Colored Progressive Matrices 12 Steel et al. (1984), Stevens & Moffitt (1988),
O'Connor et al. (1991), Hermelin et al. (1995),
(19,35) Young (1995), Kelly et al. (1997), Hermelin et al.
(1999), Mottron et al. (1999) Iavarone et al.
(2007), Dubischar-Krivec et al. (2009), Pring et al.
(2012), Meilleur et al. (2015)

Wechsler Adult Intelligence Scale 9 Mottron & Belleville (1993), Mottron et al. (1995),
(WAIS) Hermelin et al. (1999), Howlin, et al. (2009),
Mottron et al. (2006), Thioux (2006), Iavarone et
107

Instrumento N Estudos (N=30)


(%)
(14,51) al. (2007), Pring et al. (2010), Meilleur et al.
(2015)

Peabody Individual Achievement Test 7 Steel et al. (1984), O'Connor et al. (1991), Kelly
et al. (1997), Hermelin et al. (1999), Mottron et al.
(11,29) (1999), Neumann et al. (2010), Pring et al. (2012)

Wechsler Memory Scale (WMS) 7 Stevens & Moffitt (1988), Kennedy et al. (2007),
Meilleur et al. (2015), Finocchiaro et al. (2015),
(11,29) Bennett (2017)

Wechsler Intelligence Scale for 5 Stevens & Moffitt (1988), Kennedy et al. (2007),
Children (WISC) Meilleur et al. (2015), Finocchiaro et al. (2015),
(8,06) Bennett ( 2017)

Wechsler Intelligence Scale for 3 Young (1995), Bölte (2004), Neumann et al.
Children Revised (WISC-R) (2010)
(4,83)

Wechsler Memory Scale (WMS-R) 2 Young (1995), Dubischar-Krivec et al. (2009)

(3,22)

Wisconsin Card Sorting Test 2 Steel et al. (1984), Iavarone et al. (2007)

(3,22)

Vineland Social Maturity Scale 2 Steel et al. (1984), Finocchiaro et al. (2015)

(3,22)

Fonte: o autor com base nos estudos relacionados na tabela (2022)

Um dos instrumentos mais utilizados para avaliação cognitiva nesta


amostra de estudos está representado pelo Wechsler Adult Intelligence Scale-
Revised (WAIS-R), que apareceu em 13 estudos (BÖLTE; POUSTKA, 2004;
CASEY et al., 1993; HOWLIN et al., 2009; NEUMANN et al., 2010; STEVENS,
1988; YOUNG, 1995). Esta escala foi publicada em 1981 e padronizada para
adultos entre 16 e 74 anos e 11 meses. A escala está bem indicada para
avaliação de deficiência intelectual e compreende escala Verbal e de Execução
(CUNHA, 2000, p. 274-276).
Outro instrumento frequentemente encontrado na amostra selecionada
de estudos foi a Ravens Colored Progressive Matrices (citada 6 vezes)
(HERMELIN et al., 1999; MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015; MOTTRON
108

et al., 1999; NEUMANN et al., 2010; STEEL; GORMAN; FLEXMAN,1984;


STEVENS, 1988; YOUNG, 1995). O teste das matrizes progressivas de Raven
foi criado em 1936 (publicado pela primeira vez em 1938) como uma tentativa de
medida do fator “g” de Sperman. É um teste que exige que o examinando faça
inferências sobre as relações existentes entre itens abstratos e é um teste não-
verbal. A versão de 1948 inclui faixas etárias inferiores, mas é mais utilizada em
populações de 12 a 65 anos. Ao longo dos últimos anos novas versões do teste
foram produzidas, permitindo a rápida avaliação de crianças de 5 a 11 anos
(CUNHA, 2000, p. 250-252).
O terceiro instrumento mais citado (5 vezes) na amostra de artigos
selecionados foi o Peabody Individual Achievement Test (HERMELIN et al.,
1999; MOTTRON et al., 1999; NEUMANN et al., 2010; STEEL; GORMAN;
FLEXMAN, 1984; STEVENS, 1988). Este teste avalia seis áreas: informações
gerais, reconhecimento de leitura, compreensão de leitura, matemática,
ortografia e expressão escrita (MAYE, 2013). O Peabody é particularmente
indicado para avaliação de aspectos relacionados com a comunicação e
linguagem.
A Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS) foi citada em 5 dos estudos
selecionados (BENNETT; HEATON, 2017; HERMELIN et al., 1999; MEILLEUR;
JELENIC; MOTTRON, 2015; MOTTRON; BELLEVILLE, 1993; STEEL;
GORMAN; FLEXMAN, 1984). A WAIS também compreende duas escalas assim
como o WAIS-R, sendo que uma escala Verbal e outra de Execução. Enquanto
a escala Verbal do WAIS-R compreende cinco subtestes, a do WAIS
compreende seis subtestes (Informação, Compreensão, Aritmética,
Semelhanças, Dígito e Vocabulário). Já para a escala de Execução é formada
pelos seguintes subtestes: Símbolos, Completar figuras, Cubos, Arranjo de
figuras e armar objetos. Na WAIS-R os subtestes são os mesmos, mas ocorrem
de forma intercalada entre os verbais e de execução com o objetivo de manter o
interesse do examinando (CUNHA, 2000, p. 274). Um outro aspecto importante
é que o WAIS tem maiores limitações para aplicação em situações de déficit
intelectual mais severo, visto que tem pouca capacidade de discriminação nos
extremos da curva de Inteligência (CUNHA, 2000, p. 275).
109

Citada em 5 estudos (BENNETT; HEATON, 2017; FINOCCHIARO et al.,


2015; HOWLIN et al., 2009; MEILLEUR; JELENIC; MOTTRON, 2015;
STEVENS, 1988) está a Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC).
Também citada em 3 dos estudos selecionados, aparece a Wechsler Intelligence
Scale for Children Revised (WISC-R) (BÖLTE; POUSTKA, 2004; NEUMANN et
al., 2010; YOUNG, 1995). A WISC, publicada em 1949 e a WISC-R, publicada
em 1974 são derivadas da Wecheler-Bellevue Scale (W-B) de 1939. As duas
escalas, WISC e WISC-R, são formadas pelas escalas Verbal e de Execução.
Na WISC, a escala Verbal é composta pelos seguintes subtestes:
Informação, Compreensão, Semelhanças, Dígitos, Aritmética e Vocabulário. Já
a escala de Execução é composta pelos seguintes subtestes: Complemento de
figuras, Arranjo de figuras, Cubos, Armar objetos, Código e Labirintos. O cálculo
do Quociente de Inteligência (QI) utiliza de cinco subtestes de cada escala
(Dígitos e Labirintos são suplementares (CUNHA, 2000, p. 280). Já a WISC-R
compreende os mesmos subtestes, mas a sequência deles alterna subtestes
verbais e de execução com o objetivo de manter o interesse do examinando.
O WISC pode ser usado dos 5 aos 15 anos e 11 meses e o WISC-R dos
6 aos 16 anos e 11 meses. Ainda segundo Cunha (CUNHA, 2000, p. 281) estas
escalas estão indicadas para medida da inteligência geral, avaliação do nível
intelectual em crianças que apresentam atraso da fala ou outras dificuldades que
interfiram nos resultados dos subtestes verbais, utilizando-se para isto da escala
de execução. A escala de Execução do WISC-R foi inclusive padronizada para
utilização em crianças surdas. Também são utilizadas para avaliar nível
intelectual de crianças com deficiência visual ou mesmo cegueira, além de
portadores de problemas de motricidade fina ou comprometimento motor severo
(hemiplegia, paraplegia, quadriplegia). A WISC possui pouco poder
discriminatório em ambos os extremos de distribuição da curva, sendo pouco
fidedigno para crianças com QI menor que 50. O WISC-R tem elevado poder
discriminatório nos níveis intelectuais elevados.
Em 1991 foi lançada uma revisão do WISC-R denominada WISC III que
mantém o conceito geral de inteligência e as normatizações tentaram corrigir
distorções na amostra de crianças utilizadas, incluindo 2.200 crianças de 6 a 16
110

anos igualmente pareados por sexo e atualização de itens de gênero e etnia


(CUNHA, 2000, p. 282).
Wechsler Memory Scale (WMS-R) teve seus primeiros estudos pelo
próprio Wechsler na década de 70 a partir sua precursora a Wechsler Memory
Scale (WMS) de 1945. A efetivação de sua padronização e publicação ocorreu
em 1987 com normas para a população de 16 a 74 anos e está indicada para
avaliação clínica das funções mnêmicas e avaliação neuropsicológicas
(diagnóstico de déficits de memória e acompanhamento durante reabilitação)
(CUNHA, 2000, p. 286-287). Em nossa amostra de estudos selecionados para
esta revisão a WMS-R foi utilizada em 4 estudos (MOTTRON; BELLEVILLE,
1993; NEUMANN et al., 2010; STEEL; GORMAN; FLEXMAN, 1984; YOUNG,
1995).
Citada em dois estudos de nossa amostra (HERMELIN et al., 1999;
YOUNG, 1995) a Stanfort Binnet Intelligence Scale é derivada da Binet–Simon
Scale criada em Paris em 1905 pelos autores que lhe deram seu primeiro nome.
Em 1916 foi traduzida para o inglês para uso nos EUA pela Universidade de
Stanford, daí seu nome atual. Atualmente encontra-se em sua quinta edição e
pontua o QI em escala completa ou capacidade intelectual geral levando em
conta dois domínios: QI verbal e não verbal. Além disso, apresenta cinco índices
de fatores: Raciocínio fluido, Conhecimento, Raciocínio Quantitativo, Raciocínio
Visuo-Espacial e Memória de Trabalho (WILSON, 2011). Stanfort Binnet
Intelligence Scale pode ser aplicada a indivíduos dos 2 até mais de 85 anos. A
pontuação do QI é relatada com uma média de 100 e desvios de 15. A escala
inclui superdotação intelectual, deficiência intelectual, atraso no
desenvolvimento, TEA, dificuldades no aprendizado, TDAH, distúrbios
emocionais graves, distúrbios da fala e linguagem e ortopédico e atraso motor
(WILSON, 2011).
Dois dos estudos que selecionamos (FINOCCHIARO et al., 2015;
STEEL; GORMAN; FLEXMAN, 1984) utilizaram a Vineland Social Maturity
Scale. O comportamento adaptativo é a capacidade do indivíduo de realizar as
atividades diárias adequadas para sua idade. A Vineland Social Maturity Scale
(VSMS), é uma revisão da Escala de mesmo nome criada por Vineland em 1935
e revisada em 1967, cujo objetivo é avaliar o comportamento adaptativo em
111

indivíduos com deficiência intelectual. Pode ser útil para avaliar suficiência social
para indivíduos desde o nascimento até a vida adulta (MCKINLAY, 2011).
Por fim, foram encontrados nos estudos diversos instrumentos utilizados
uma única vez. Tais instrumentos tinham por finalidade avaliar uma situação
específica do caso ou por escolha pessoal do autor. A tabela 8 apresenta os
instrumentos que foram citados uma única vez.

Tabela 9 – Instrumentos utilizados uma única vez para avaliação de amostra de


indivíduos savants ou controles/autor

Autor/ano Instrumento
Bennett (2017) Escala de Memória Infantil

Finocchiaro et al. (2015) Perfil Psicoeducacional (PEP-III)


Howlin et al. (2009) Teste de Vocabulário de Imagens Britânico
Mottron & Belleville (1993) Teste geral de habilidades acadêmicas, o "Echelle
collective de niveau intellectuel" (INOP, 1958)
Mottron et al. (1999) Oldifield Lateralization Questionnaire (Oldfield, 1971)

O'Connor et al. (1991) Classificação de TOC do professor do NIMH (Rapaport,


1989)
Steel et al. (1984) Wide Range Achievement Test.; Leiter Adult Intelligence
Scale; Bender-Berea Visual Motor Gestalt Test (4 Phases);
Wisconsin Card Sorting Test; Porteus Maze Test; Rey
Figures
Stevens & Moffitt (1988) Hooper Visual Organization Test (Reitan, 1958);
Trail Making Test (Reitan, 1958)
Young (1995) The Rey Ostemeth (ROCF) (Osterrieth, 1944);
Williams Delayed Recall Test;
Tarefa de memorização de lista de palavras, teste de
lembrança restrita de Buschke (Buschke & Fuld, 1974);
Stroop Color/Word Test;
Wiscosin Card;
Sorting Test (Heaton, 1981);
Proverbs Test, Gorham, 1956
Stanford Binet (4a. Ed.); Schonell Graded Word Reading
Test; Neale Analysis of Reading Ability Revised (Form2);
Torrance Test of Creative Ability (Thinking Crearively with
Pictures: Figural Bookiet 7) ; Bender Visual Motor Gestalt
Test and Hooper Visual Organisation Test;
Thinking Creatively with Pictures: Figural Bookiet A;
Subtestes: Attention and Concentration Quotient Subtest:
Dalayed Memory Quotient
Fonte: o autor, com base nos estudos citados na tabela (2022)

6.5 Considerações finais

Uma visão panorâmica da literatura sobre as habilidades savants no


TEA, revela uma grande dificuldade para avaliar habilidades nas áreas de:
112

matemática e cálculo, cálculo de calendário, música, habilidades artísticas em


desenho e pintura, habilidades mecânicas e hiperlexia). Sendo assim, é comum
a participação de autores de diferentes áreas de atuação, sendo este aspecto
multidisciplinar contemplado até mesmo nos agradecimentos dos trabalhos.
Dessa forma, multidisciplinariedade e transdisciplinaridade são conceitos mais
do que importantes nesta área.
Utilizar-se de critérios diagnósticos bem definidos para diagnosticar tanto
o TEA quando o fenômeno savant no TEA são condições importantes para
melhorar a qualidade da literatura neste campo. O DSM e CID são os sistemas
universalmente aceitos e a ADI-R e ADO-S são instrumentos importantes
(padrão ouro) para apoio diagnóstico.
A avaliação cognitiva dos indivíduos TEA que apresentam fenômenos
savant, tem se utilizado de instrumentos consagrados para estas avaliações
como Wechsler Adult Intelligence Scale-Revised (WAIS-R), Ravens Colored
Progressive Matrices, Peabody Individual Achievement Test, Wechsler Adult
Intelligence Scale (WAIS), Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC),
Wechsler Memory Scale (WMS-R), Wechsler Intelligence Scale for Children
Revised (WISC-R), Stanfort Binnet, Vineland Social Maturity Scale.
Quanto à avaliação das formas específicas de habilidades savants no
TEA, os autores têm desenvolvidos instrumentos individualizados que atendam
suas necessidades de testagem. Essa especificidade se caracteriza pela busca
de subsídios para as teorias que tentam explicar no referido fenômeno.
Alguns instrumentos psicométricos podem ser usados para avaliação de
habilidades savant, como é o caso da Wechsler Memory Scale (WMS-R). Já
outros instrumentos, ainda não apresentam propriedades psicométricas, mas
demonstram ter boa validade de constructo, tal como o desenvolvido por Young
em 1995. De fato, essa autora desenvolveu uma série de tarefas que possibilitam
o teste de hipóteses sobre estratégias e padrão de uso de algoritmos para a
realização do cálculo do calendário.
Quando estabelecemos critérios no protocolo quanto ao diagnóstico de
TEA para este estudo, corremos o risco de não ter todas as modalidades de
habilidades savant representadas na amostra dos estudos selecionados. Assim,
não foram selecionados, por exemplo, estudos que avaliaram a hiperlexia em
113

virtude do não preenchimento dos critérios de inclusão. Dessa forma, não foi
possível conduzir análises e considerações sobre os instrumentos para
avaliação de hiperlexia em savant. Sendo assim, é possível que outros
instrumentos importantes para avaliar habilidades específicas não tenham sido
localizados pelo critério de inclusão dos estudos adotado na presente revisão de
escopo.
Considerando que a área de altas habilidades é ampla e envolvem
conhecimentos em diferentes campos como cálculo, música, artes etc. parece
ser uma boa prática incluir profissionais destas áreas na elaboração destes
instrumentos de avaliação.
114

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS GERAIS DO ESTUDO EM RELAÇÃO ÀS


TRÊS REVISÕES

7.1 Limitações deste estudo

A presente revisão definiu como um dos critérios de inclusão estudos em


que os participantes com TEA tivessem o diagnóstico formal pelo DSM ou CID.
Assim, considerando que parte significativa dos estudos não apresentou os
critérios diagnósticos, tais estudos não foram incluídos, ainda que possam ter
utilizados outros instrumentos de avaliação das habilidades savant. Embora esse
critério possa ter impactado no número de estudos incluídos, foram apontadas
questões relevantes para a necessidade de critérios diagnósticos mais precisos.
Sendo assim, recomenda-se que futuros estudos possam ter critérios mais
precisos de diagnóstico, bem como melhor detalhamento de casos descritos.
Outra limitação refere-se ao fato da possibilidade de inclusão de outros
estudos, principalmente de áreas não-médicas, tais como psicologia, ciências
sociais e educação.

7.2 Sugestões para pesquisas futuras

No relato da revisão, apontou-se várias lacunas no conhecimento sobre


o fenômeno de savant associada ao TEA nos três aspectos investigados neste
estudo (conceito, etiopatogenia e psicometria). Visando facilitar a condução de
novos estudos, enumeramos aqui algumas sugestões para estudos futuros,
algumas já enunciadas anteriormente.
Em primeiro, deve-se levar em consideração a necessidade de maior
cuidado quanto a descrição dos critérios diagnósticos para TEA no
desenvolvimento do estudo e, sempre que possível, a descrição do quadro
clínico do (s) participante (s).
Estudos de imagem ou neuroanatômicos representam um campo aberto
e poderão trazer subsídios para confirmação de teorias da lateralização
hemisférica. Também é digno de nota a carência de estudos de imagem com
controles adequados de grupos TEA savant X TEA não savants que possam
115

revelar alterações da conectividade, conforme assinalado em um importante


estudo (MOTTRON et al., 2013).
Waterhouse (2013) pensa que existem evidências significativas de
habilidades prodigiosas em crianças e adultos neurotípicos. Cabe perguntar se
habilidades prodigiosas em indivíduos TEA savant e de indivíduos neurotípicos
representam uma mesma condição e aqui há campo para pesquisa conceitual e
mesmo experimental avaliando amostras destes dois grupos.
Desenvolver instrumentos padronizados para avaliar áreas de
habilidades como música e artes (pintura, desenho) poderá contribuir não só
para avaliação em si, mas para a própria precisão do conceito de fenômeno de
savant. Enquanto não contarmos com instrumentos específicos validados,
utilizar dos instrumentos desenvolvidos por autores como Robin Young para
avaliar cálculo de calendário e habilidades em música pode contribuir para
estudos mais homogêneos que permitam comparações no futuro. Ainda
persistem lacunas no conhecimento relativo à explicação das habilidades
savants com base nas teorias da inteligência, bem como da associação destas
com altas habilidades de memória.
A busca de genes implicados em altas habilidades como as observadas
no fenômeno de savant deve ser incentivada como apontam alguns estudos
recentes, não incluídos nesta revisão por não cumprirem pré-requisitos dos
critérios de inclusão, mas que encontram seu valor na exploração do fenômeno.
Em que medida a alta exposição na mídia de estereótipos ligados ao
TEA savant contribuem para redução do estigma? Esta é mais uma questão a
ser investigada no presente.
Por fim, cabe destacar que a compreensão do fenômeno savant
associado ao TEA poderá não só contribuir com a compreensão do fenômeno
em si, mas para a própria compreensão da neurofisiologia cerebral como um
todo.

7.3 Agradecimentos

Agradecimentos especiais à Pamela Carvalho Muniz, segunda revisora,


ao Dr. José Salomão Schwartzman e Dr. Elizeu Coutinho Macedo, que além de
116

orientação foram juízes nas decisões, além de apoio metodológico. Também


agradeço a Jucineide Xavier da Silva que colaborou na fase inicial deste estudo.

7.4 Financiamento

Este estudo não teve nenhum financiamento.

7.5 Contribuição do autor

A contribuição principal do autor está relacionada à metodologia utilizada


para a construção desta revisão, a primeira revisão de escopo sobre o tema
considerando-se as bases de dados consultadas e a estratégia específica de
busca, bem como a seleção por dois revisores cegados no processo, o que
oferece uma visão panorâmica consistente da literatura sobre o tema até a
presente data.

7.6 Conflito de interesse

O autor principal declara não ter nenhum conflito de interesse.


117

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YOUNG, Robyn. Savant syndrome: processes underlying extraordinary


abilities/Robyn Young. Tese de Doutorado. Departament Psychology, University of
Adelaide, Austália, 1995.

8
126

APÊNDICES

APÊNDICE I – Estratégias de Busca

Para o PUBMED: ((Autism Spectrum Disorder OR Spectrum Disorders, Autism


OR Autism Spectrum Disorders) AND ("savant" OR "savant syndrome"))

Detalhada:

("autism spectrum disorder"[MeSH Terms] OR ("autism"[All Fields] AND


"spectrum"[All Fields] AND "disorder"[All Fields]) OR "autism spectrum
disorder"[All Fields] OR (("spectrum"[All Fields] OR "spectrum s"[All Fields] OR
"spectrums"[All Fields]) AND ("disease"[MeSH Terms] OR "disease"[All Fields]
OR "disorder"[All Fields] OR "disorders"[All Fields] OR "disorder s"[All Fields] OR
"disordes"[All Fields]) AND ("autism s"[All Fields] OR "autisms"[All Fields] OR
"autistic disorder"[MeSH Terms] OR ("autistic"[All Fields] AND "disorder"[All
Fields]) OR "autistic disorder"[All Fields] OR "autism"[All Fields])) OR ("autism
spectrum disorder"[MeSH Terms] OR ("autism"[All Fields] AND "spectrum"[All
Fields] AND "disorder"[All Fields]) OR "autism spectrum disorder"[All Fields] OR
("autism"[All Fields] AND "spectrum"[All Fields] AND "disorders"[All Fields]) OR
"autism spectrum disorders"[All Fields])) AND ("savant"[All Fields] OR "savant
syndrome"[All Fields])

Para o EMBASE: ('autism'/exp OR autism) AND 'savant syndrome'

Para o Scopus: (("Autistic Disorder" OR "Disorder, Autistic" OR "Disorders,


Autistic " OR "Kanner's Syndrome" OR "Kanner Syndrome") AND ("Savant" OR
"Savants" OR "Savant Syndrome" OR "Savants Syndrome"))

Para o ScienceDirect: ("savant" OR "savant syndrome") AND ("Autism


Spectrum Disorder " OR "autism")

Para Cochrane Lybrary: savant (em Trial)

Para LILACS: Savant


127

Para o Google acadêmico: Síndrome de Savant e autismo

Para literatura cinzenta: Busca livre com os termos utilizados nas demais
buscas.

Busca indireta: Foi realizada busca indireta nas referências bibliográficas dos
trabalhos selecionados com vistas a captar artigos que não constassem das
estratégias de busca nas bases de dados selecionadas.
128

APÊNDICE II – INTRUMENTO DE EXTRAÇÃO DE DADOS

Características dos estudos encontrados no processo de busca, organizados por bases de dados:
Autor Ano Title Desenho do Desfechos Idioma Population Observações Seleção
estudo Sim Não ?
APÊNDICE III: RELAÇÃO DOS ESTUDOS EXCLUÍDO DA REVISÃO “A” E
MOTIVOS DA EXCLUSÃO

ANDERSON, G. M. The potential role for emergence in autism. Autism Research, v.


1, n. 1, p. 18-30, 2008.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

ATKIN, K.; LORCH, M. P. Hyperlexia in a 4-year-old boy with autistic spectrum


disorder. Journal of Neurolinguistics, v. 19, n. 4, p. 253-269, 2006.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BAL, V. H.; WILKINSON, E.; FOK, M. Cognitive profiles of children with autism
spectrum disorder with parent-reported extraordinary talents and personal strengths.
Autism, v. 26, n. 1, p. 62-74, 2022.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BENNETT, E.; HEATON, P. Is talent in autism spectrum disorders associated with a


specific cognitive and behavioural phenotype?. Journal of autism and
developmental disorders, v. 42, n. 12, p. 2739-2753, 2012.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BENNETT, E.; HEATON, P. F. Defining the clinical and cognitive phenotype of child
savants with autism spectrum disorder. Current Pediatric Research, v. 21, n. 1, p.
140-147, 2017.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BIEVER, C. The makings of a savant. New Scientist, v. 202, n. 2711, p. 30-33, 2009.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito e não preenche os


critérios de inclusão para esta revisão.

BODDAERT, N. et al. Autism: functional brain mapping of exceptional calendar


capacity. The British Journal of Psychiatry, v. 187, n. 1, p. 83-86, 2005.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BÓKKON, I. et al. Interdisciplinary implications on autism, savantism, Asperger


syndrome and the biophysical picture representation: Thinking in pictures. Cognitive
Systems Research, v. 22, p. 67-77, 2013.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.


130

BÖLTE, S.; POUSTKA, F. Comparing the intelligence profiles of savant and nonsavant
individuals with autistic disorder. Intelligence, v. 32, n. 2, p. 121-131, 2004.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BÖLTE, S.; UHLIG, N.; POUSTKA, F. The savant syndrome: A review. Zeitschrift fur
Klinische Psychologie und Psychotherapie, 31, n. 4, p. 291-297, 2002.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BONNEL, A. et al. Enhanced pitch sensitivity in individuals with autism: a signal


detection analysis. Journal of cognitive neuroscience, v. 15, n. 2, p. 226-235, 2003.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

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synaesthesia and Asperger syndrome is related to hyperactivity in the lateral prefrontal
cortex. Neurocase, v. 13, n. 5-6, p. 311-319, 2008.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BOUVET, Lucie et al. Synesthesia & autistic features in a large family: Evidence for
spatial imagery as a common factor. Behavioural Brain Research, v. 362, p. 266-
272, 2019.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BUJAS-PETKOVIĆ, Z. Special talents of autistic children (autistic-savant) and their


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Motivo da exclusão: Não disponível.

CARVAVILLA, A.; MEIX, J. A.; BELANGUER-QUINTANA, A.; MARTÍN-FRÍAS, M. et


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Motivo da exclusão: Não disponível.

CASEY, B. J. et al. Dysfunctional attention in autistic savants. Journal of Clinical and


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Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

CHAKRAVARTY, A. Artistic talent in dyslexia—A hypothesis. Medical Hypotheses,


v. 73, n. 4, p. 569-571, 2009.

Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

CHARMAN, T. Fragments of genius: The strange feats of idiots savants. Personality


and Individual Differences, 13(11), 1257, 1992.
131

Motivo da exclusão: trata-se de uma resenha do livro de Michael. J. A. Howe


(Fragments of genius: The strange feats of idiots savants.). Não discute o conceito.

CORRIGAN, N. M. et al. Toward a better understanding of the savant


brain. Comprehensive psychiatry, v. 53, n. 6, p. 706-717, 2012.

Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

COWAN, R.; CARNEY, D. P. Calendrical savants: exceptionality and


practice. Cognition, v. 100, n. 2, p. B1-B9, 2006.

Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

COWAN, R.; O'CONNOR, N.; SAMELLA, K. Why and how people of limited
intelligence become calendrical calculators. Infancia y Aprendizaje, v. 24, n. 1, p. 53-
65, 2001.

Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

COWAN, R.; O'CONNOR, Neil; SAMELLA, Katerina. The skills and methods of
calendrical savants. Intelligence, v. 31, n. 1, p. 51-65, 2003.

Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

CRANE, L. et al. Executive functions in savant artists with autism. Research in


Autism Spectrum Disorders, v. 5, n. 2, p. 790-797, 2011.

Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

DANIEL, E.; MENASHE, I. Exploring the familial role of social responsiveness


differences between savant and non-savant children with autism. Scientific reports,
v. 10, n. 1, p. 1-8, 2020.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

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intelectual fascinante associada a um déficit de inteligência. Revista Educação em
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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.
132

DE MARCO, Matteo et al. Brief report: Two day-date processing methods in an autistic
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Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

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in autism: an MEG-study of few single cases. Brain and Cognition, v. 90, p. 157-164,
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Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

DUBISCHAR-KRIVEC, A. M. et al. Calendar calculating in savants with autism and


healthy calendar calculators. Psychological Medicine, v. 39, n. 8, p. 1355-1363,
2009.

Motivo da exclusão: Já discutido de forma ampla.

ELLIOTT, D. E.; NEEDLEMAN, R. M. The syndrome of hyperlexia. Brain and


language, v. 3, n. 3, p. 339-349, 1976.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

ETCHEPAREBORDA, M. C. et al. Asperger's syndrome, little teachers: special


skills. Revista de Neurologia, v. 44, p. S43-7, 2007.

Motivo da exclusão: Não disponível.

FABRICIUS, Thomas. The Savant Hypothesis: Is autism a signal-processing


problem?. Medical hypotheses, v. 75, n. 2, p. 257-265, 2010.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

FEHR, Thorsten et al. The neural architecture of expert calendar calculation: a matter
of strategy?. Neurocase, v. 17, n. 4, p. 360-371, 2011.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

FINOCCHIARO, Maria et al. A case of savant syndrome in a child with autism spectrum
disorder. International Journal on Disability and Human Development, v. 14, n. 2,
p. 167-174, 2015.

Motivo da exclusão: Não discute teorias.

FOLGERØ, P. O.; JOHANSSON, C.; STOKKEDAL, L. H. The superior visual


perception hypothesis: neuroaesthetics of cave art. Behavioral Sciences, v. 11, n. 6,
p. 81, 2021.

Motivo da exclusão: Não preenche critérios de inclusão desta revisão.


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FORNAZZARI, L. et al. Hyper memory, synaesthesia, savants Luria and Borges


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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

GEDDES, L. Are autistic savants made not born?. New Scientist, 198, n. 2659, p. 10,
2008.

Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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Motivo da exclusão: Não cumpre critérios para diagnóstico de TEA segundo critério
de inclusão desta revisão.

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de inclusão desta revisão.

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para diagnóstico de TEA segundo critério de inclusão desta revisão.

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Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito. Não cumpre critérios
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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito. Não cumpre critérios
para diagnóstico de TEA segundo critério de inclusão desta revisão.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito. Não cumpre critérios
para diagnóstico de TEA segundo critério de inclusão desta revisão.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

TREFFERT, D. A. The savant syndrome and autistic disorder. CNS spectrums, v. 4,


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Motivo para exclusão: O conceito já foi discutido de forma mais concisa e extensa
em outro artigo do mesmo autor.

VALLORTIGARA, G. et al. Are animals autistic savants. PLoS Biology, v. 6, n. 2, p.


42, 2008.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

VAN LEEUWEN, T. M. et al. Synaesthesia and autism: Different developmental


outcomes from overlapping mechanisms?. Cognitive Neuropsychology, v. 37, n. 7-
8, p. 433-449, 2020.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

VARGAS AMÉZQUITA, S. L.; PALACIOS VALENCIA, P. A.; CHÁVEZ GIL, M.


G. Estrategias metodológicas para niños con síndrome de Savant. 2018. Tese de
Doutorado.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

VITAL, P. M. et al. Relationship between special abilities and autistic-like traits in a


large population-based sample of 8-year-olds. Journal of Child Psychology and
Psychiatry, v. 50, n. 9, p. 1093-1101, 2009.
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Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

WALLACE, G. L.; HAPPÉ, F.; GIEDD, J. N. A case study of a multiply talented savant
with an autism spectrum disorder: neuropsychological functioning and brain
morphometry. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological
Sciences, v. 364, n. 1522, p. 1425-1432, 2009.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cumpre critérios
para diagnóstico de TEA segundo critério de inclusão desta revisão.

WARD, J.; FILIZ, G. Synaesthesia is linked to a distinctive and heritable cognitive


profile. Cortex, v. 126, p. 134-140, 2020.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cumpre critérios
para diagnóstico de TEA segundo critério de inclusão desta revisão.

YOUNG, R. L.; NETTELBECK, T. The "intelligence" of calendrical


calculators. American Journal on Mental Retardation, 1994.

Motivo para exclusão: O conceito já foi discutido de forma mais concisa e extensa
em outro artigo do mesmo autor.

YOUNG, R. L.; NETTELBECK, T. The abilities of a musical savant and his


family. Journal of autism and developmental disorders, v. 25, n. 3, p. 231-248,
1995.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

ZHANG, S.; JOSHI, R. M. Profile of hyperlexia: Reconciling conflicts through a


systematic review and meta-analysis. Journal of Neurolinguistics, v. 49, p. 1-28,
2019.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente o conceito.

ZHANG, Y.; HAN, V. Z. Neurobiological mechanisms of autistic savant and acquired


savant. Sheng li xue bao:[Acta Physiologica Sinica], v. 70, n. 2, p. 201-210, 2018.

Motivo para exclusão: Não cumpre critérios de inclusão desta revisão.


APÊNDE IV: RELAÇÃO DOS ESTUDOS EXCLUÍDO DA REVISÃO “B” E
MOTIVOS DA EXCLUSÃO

ANDERSON, G. M. The potential role for emergence in autism. Autism Research, v.


1, n. 1, p. 18-30, 2008.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

ATKIN, K.; LORCH, M. P. Hyperlexia in a 4-year-old boy with autistic spectrum


disorder. Journal of Neurolinguistics, v. 19, n. 4, p. 253-269, 2006.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BAL, V. H.; WILKINSON, E.; FOK, M. Cognitive profiles of children with autism
spectrum disorder with parent-reported extraordinary talents and personal strengths.
Autism, v. 26, n. 1, p. 62-74, 2022.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BELTECZKI, Z.; RIHMER, Z. Savant-syndrome-something for


something?. Neuropsychopharmacologia Hungarica, v. 22, n. 2, p. 60-71, 2020.

Motivo para exclusão: É uma revisão e cita apenas algumas teorias.

BENNETT, E.; HEATON, P. Is talent in autism spectrum disorders associated with a


specific cognitive and behavioural phenotype?. Journal of autism and
developmental disorders, v. 42, n. 12, p. 2739-2753, 2012.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BENNETT, E.; HEATON, P. F. Defining the clinical and cognitive phenotype of child
savants with autism spectrum disorder. Current Pediatric Research, v. 21, n. 1, p.
140-147, 2017.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BIEVER, C. The makings of a savant. New Scientist, v. 202, n. 2711, p. 30-33, 2009.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

BODDAERT, N. et al. Autism: functional brain mapping of exceptional calendar


capacity. The British Journal of Psychiatry, v. 187, n. 1, p. 83-86, 2005.

Motivo da exclusão: Cita apenas algumas teorias já discutidas.

BÖLTE, S.; POUSTKA, F. Comparing the intelligence profiles of savant and nonsavant
individuals with autistic disorder. Intelligence, v. 32, n. 2, p. 121-131, 2004.
145

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

BÖLTE, S.; UHLIG, N.; POUSTKA, F. The savant syndrome: A review. Zeitschrift fur
Klinische Psychologie und Psychotherapie, 31, n. 4, p. 291-297, 2002.

Motivo da exclusão: Cita apenas algumas teorias já discutidas.

BONNEL, A. et al. Enhanced pitch sensitivity in individuals with autism: a signal


detection analysis. Journal of cognitive neuroscience, v. 15, n. 2, p. 226-235, 2003.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente teorias.

BOR, D.; BILLINGTON, J.; BARON-COHEN, S. Savant memory for digits in a case of
synaesthesia and Asperger syndrome is related to hyperactivity in the lateral prefrontal
cortex. Neurocase, v. 13, n. 5-6, p. 311-319, 2008.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente teorias.

BUJAS-PETKOVIĆ, Z. Special talents of autistic children (autistic-savant) and their


mental functions. Lijecnicki Vjesnik, v. 116, n. 1-2, p. 26-29, 1994.

Motivo da exclusão: Não disponível.

CARVAVILLA, A.; MEIX, J. A.; BELANGUER-QUINTANA, A.; MARTÍN-FRÍAS, M. et


al. Savant syndrome. Revista Espanola de Pediatria, 62, n. 3, p. 245-248, 2006.

Motivo da exclusão: Não disponível.

CASEY, B. J. et al. Dysfunctional attention in autistic savants. Journal of Clinical and


Experimental Neuropsychology, v. 15, n. 6, p. 933-946, 1993.

Motivo da exclusão: Já discutido de forma ampla.

CHAKRAVARTY, A. Artistic talent in dyslexia—A hypothesis. Medical Hypotheses,


v. 73, n. 4, p. 569-571, 2009.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

CHARMAN, T. Fragments of genius: The strange feats of idiots savants. Personality


and Individual Differences, 13(11), 1257, 1992.

Motivo da exclusão: trata-se de uma resenha do livro de Michael. J. A. Howe


(Fragments of genius: The strange feats of idiots savants). Está fora dos critérios de
elegibilidade para este estudo.

CORRIGAN, N. M. et al. Toward a better understanding of the savant


brain. Comprehensive psychiatry, v. 53, n. 6, p. 706-717, 2012.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.


146

COWAN, R.; CARNEY, D. P. Calendrical savants: exceptionality and


practice. Cognition, v. 100, n. 2, p. B1-B9, 2006.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

COWAN, R.; O'CONNOR, N.; SAMELLA, K. Why and how people of limited
intelligence become calendrical calculators. Infancia y Aprendizaje, v. 24, n. 1, p. 53-
65, 2001.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

COWAN, R.; O'CONNOR, Neil; SAMELLA, Katerina. The skills and methods of
calendrical savants. Intelligence, v. 31, n. 1, p. 51-65, 2003.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

CRANE, L. et al. Executive functions in savant artists with autism. Research in


Autism Spectrum Disorders, v. 5, n. 2, p. 790-797, 2011.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

DANIEL, E.; MENASHE, I. Exploring the familial role of social responsiveness


differences between savant and non-savant children with autism. Scientific reports,
v. 10, n. 1, p. 1-8, 2020.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

DE ATAÍDE, B. D. G. et al. Síndrome de Savant: um relato de caso da habilidade


intelectual fascinante associada a um déficit de inteligência. Revista Educação em
Saúde, v. 5, n. 1, 2017.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

DE MARCO, Matteo et al. Brief report: Two day-date processing methods in an autistic
savant calendar calculator. Journal of autism and developmental disorders, v. 46,
n. 3, p. 1096-1102, 2016.

Motivo da exclusão: Já discutido de forma ampla.

DUBISCHAR-KRIVEC, A. M. et al. Neural mechanisms of savant calendar calculating


in autism: an MEG-study of few single cases. Brain and Cognition, v. 90, p. 157-164,
2014.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente o conceito.

DUBISCHAR-KRIVEC, A. M. et al. Calendar calculating in savants with autism and


healthy calendar calculators. Psychological Medicine, v. 39, n. 8, p. 1355-1363,
2009.
147

Motivo da exclusão: Já discutido de forma ampla.

ELLIOTT, D. E.; NEEDLEMAN, R. M. The syndrome of hyperlexia. Brain and


language, v. 3, n. 3, p. 339-349, 1976.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

ETCHEPAREBORDA, M. C. et al. Asperger's syndrome, little teachers: special


skills. Revista de Neurologia, v. 44, p. S43-7, 2007.

Motivo da exclusão: Não disponível.

FEHR, Thorsten et al. The neural architecture of expert calendar calculation: a matter
of strategy?. Neurocase, v. 17, n. 4, p. 360-371, 2011.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

FINOCCHIARO, Maria et al. A case of savant syndrome in a child with autism spectrum
disorder. International Journal on Disability and Human Development, v. 14, n. 2,
p. 167-174, 2015.

Motivo da exclusão: Não discute teorias.

FOLGERØ, P. O.; JOHANSSON, C.; STOKKEDAL, L. H. The superior visual


perception hypothesis: neuroaesthetics of cave art. Behavioral Sciences, v. 11, n. 6,
p. 81, 2021.

Motivo da exclusão: Não preenche critérios de inclusão desta revisão.

FORNAZZARI, L. et al. Hyper memory, synaesthesia, savants Luria and Borges


revisited. Dementia & neuropsychologia, v. 12, p. 101-104, 2018.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

GEDDES, L. Are autistic savants made not born?. New Scientist, 198, n. 2659, p. 10,
2008.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

GOLDBERG, T. E. On hermetic reading abilities. Journal of Autism and


Developmental Disorders, 17, n. 1, p. 29-44, Mar 1987.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

GOLDSMITH, L. T.; FELDMAN, D. H. Idiots savants — Thinking about remembering:


A response to White. New Ideas in Psychology, 6, n. 1, p. 15-23, 1988.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.


148

GOODMAN, J. A case study of an "autistic-savant": mental function in the psychotic


child with markedly discrepant abilities. Journal of child psychology and psychiatry,
v. 13, n. 4, p. 267-278, 1972.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

GORDON, N. Unexpected development of artistic talents. Postgraduate medical


journal, v. 81, n. 962, p. 753-755, 2005.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HEALY, J. M.; ARAM, D. M.; HORWITZ, S. J.; KESSLER, J. W. A study of hyperlexia.


Brain and Language, 17, n. 1, p. 1-23,1982.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HEATON, P. Pitch memory, labelling and disembedding in autism. Journal of Child


Psychology and Psychiatry, v. 44, n. 4, p. 543-551, 2003.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HEATON, P.; WALLACE, G. L. Annotation: The savant syndrome. Journal of child


psychology and psychiatry, v. 45, n. 5, p. 899-911, 2004.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HEAVEY, L. et al. The structure of savant calendrical knowledge. Developmental


Medicine & Child Neurology, v. 54, n. 6, p. 507-513, 2012.

Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HEAVEY, L.; PRING, L.; HERMELIN, B. A date to remember: The nature of memory
in savant calendrical calculators. Psychological Medicine, v. 29, n. 1, p. 145-160,
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Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HERMELIN, B.; HEAVEY, L. Savants, segments, art and autism. Journal of child
psychology and psychiatry, v. 36, n. 6, p. 1065-1076, 1995.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente teorias.

HERMELIN, B. et al. A visually impaired savant artist: Interacting perceptual and


memory representations. The Journal of Child Psychology and Psychiatry and
Allied Disciplines, v. 40, n. 7, p. 1129-1139, 1999.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente teorias.

HERMELIN, B.; PRING, L.; HEAVEY, L. Visual and motor functions in graphically
gifted savants. Psychological Medicine, v. 24, n. 3, p. 673-680, 1994.
149

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HOOPER, R. Do animals think like autistic savants?. New Scientist, v.197, n. 2644,
p. 8, 2008.

Motivo para exclusão: Não preenche critérios específicos de inclusão para esta
revisão.

HOU, C. et al. Artistic savants. Neuropsychiatry, Neuropsychology and Behavioral


Neurology, v. 13, p. 29-38, 2000.

Motivo para exclusão: Não disponível.

HOU, Craig et al. Autistic savants. [correction of artistic]. Neuropsychiatry,


Neuropsychology, and Behavioral Neurology, v. 13, n. 1, p. 29-38, 2000.

Motivo para exclusão: Não disponível.

HOWLIN, Patricia et al. Savant skills in autism: psychometric approaches and parental
reports. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences,
v. 364, n. 1522, p. 1359-1367, 2009.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

HUGHES, J. E. A. et al. Synaesthetes show advantages in savant skill acquisition:


training calendar calculation in sequence-space synaesthesia. Cortex, v. 113, p. 67-
82, 2019.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HUGHES, J. E. A. et al. Is synaesthesia more prevalent in autism spectrum conditions?


Only where there is prodigious talent. Multisensory Research, v. 30, n. 3-5, p. 391-
408, 2017.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.


HUGHES, J. R. Update on autism: A review of 1300 reports published in
2008. Epilepsy & Behavior, v. 16, n. 4, p. 569-589, 2009.

Motivo para exclusão: Não preenche critérios específicos de inclusão para esta
revisão.

HUGHES, J. R. The savant syndrome and its possible relationship to


epilepsy. Neurodegenerative Diseases, p. 332-343, 2012.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

HURST, L. C.; MULHALL, D. J. Another calendar savant. The British Journal of


Psychiatry, v. 152, n. 2, p. 274-277, 1988.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.


150

IAVARONE, A. et al. Brief report: error pattern in an autistic savant calendar


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2007.

Motivo para exclusão: Já discutido de forma ampla.

JORGE, R. S.; BRAGA, D. A. Síndrome de Savant: relato de caso e revisão da


literatura, 2009.

Motivo para exclusão: Não discute teorias.

KAWAMURA, M.; HANAZUKA, Y.; MIDORIKAWA, A. Savant Syndrome and an


"Oshikuramanju Hypothesis". Brain and Nerve, v. 72, n. 3, p. 193-201, 2020.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

KEHRER, H. E. Savant capabilities of autistic persons. Acta Paedopsychiatrica:


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Motivo para exclusão: Não disponível.

KELLEHER III, R. J.; BEAR, M. F. The autistic neuron: troubled translation?. Cell, v.
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Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

KELLY, S. J.; MACARUSO, P.; SOKOL, S. M. Mental calculation in an autistic savant:


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Motivo para exclusão: Não discute teorias.

KENNEDY, D. P.; SQUIRE, L. R. An analysis of calendar performance in two autistic


calendar savants. Learning & Memory, v. 14, n. 8, p. 533-538, 2007.

Motivo para exclusão: Não discute teorias.

KRAUSE, B. et al. The neurochemistry of mathematical genius: Reduced frontal


excitation/inhibition balance in an expert calculator. Neuroscience, v. 392, p. 252-257,
2018.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

LEWIS, Michael. Gifted or dysfunctional: The child savant. Pediatric Annals, v. 14, n.
10, p. 733-742, 1985.

Motivo para exclusão: Não disponível.

LIFSHITZ, Alberto. Los epónimos y el síndrome de Faux-Savant. Revista de la


Facultad de Medicina, v. 4, n. 4, p. 91-92, 1988.
151

Motivo para exclusão: Não discute teorias.

LLOBET, A. B. Síndrome de Savant: características, sintomas, causas e


tratamento. Disponível em: https://br.psicologia-online.com/sindrome-de-savant-
caracteristicas-sintomas-causas-e-tratamento-2.html. Acessado em: 12.2021

Motivo para exclusão: artigo meramente informativo segundo a própria autora


(publicação on-line), não preenche os critérios de inclusão desta revisão.

LODDO, S. Echo and savant abilities versus central coherence in autism. Autism: the
International Journal of Research and Practice, v. 7, n. 2, p. 226-227, 2003.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

MA, D. Q. et al. Ordered-subset analysis of savant skills in autism for 15q11-


q13. American Journal of Medical Genetics Part B: Neuropsychiatric Genetics,
v. 135, n. 1, p. 38-41, 2005.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

MARQUÉS, M. L., GONZÁLES, P. S. Savants músicos y oído absoluto. Revista


Digital Notas De Paso, p. 1-10, 2016.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

MEILLEUR, A. A. S.; JELENIC, P.; MOTTRON, L. Prevalence of clinically and


empirically defined talents and strengths in autism. Journal of autism and
developmental disorders, v. 45, n. 5, p. 1354-1367, 2015.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

MOTTRON, L.; BELLEVILLE, S. A study of perceptual analysis in a high-level autistic


subject with exceptional graphic abilities. Brain and cognition, v. 23, n. 2, p. 279-309,
1993.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

MOTTRON, L.; BELLEVILLE, S. Perspective production in a savant autistic


draughtsman. Psychological Medicine, v. 25, n. 3, p. 639-648, 1995.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

MUÑOZ-YUNTA, J. A. et al. El Síndrome de Savant o idiot savant. Revista


Neurología, v. 36, n. Supl 1, p. S157-61, 2003.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

NELSON, E. C.; PRIBOR, E. F. A Calendar Savant with Autism and Tourette


Svndrome: Response 60 Treatment and Thoughts on the Interrelationships of These
Conditions. Annals of clinical psychiatry, v. 5, n. 2, p. 135-140, 1993.
152

Motivo para exclusão: Não disponível.

NEUMANN, N. et al. The mind of the mnemonists: an MEG and neuropsychological


study of autistic memory savants. Behavioural brain research, v. 215, n. 1, p. 114-
121, 2010.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

O’CONNOR, N.; HERMELIN, B. Visual Memory and motor programmes: their use by
idiot.-savant artist and controls. Br J Psychol, v. 78, Pt 3, p. 307-23, 1987.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cita critérios


diagnósticos para TEA.

O’CONNOR, N.; COWAN, R.; SAMELLA, K. Calendrical calculation and inteligence.


Intelligence, vol 28, n. 1, p. 31-48, 2000.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cita critérios


diagnósticos para TEA.

O’CONNORS, N.; HERMELIN, B. Idiot savant calendrical calculators: math or


memory? Psychol Med, v. 14, n. 4, p. 801-806, 1984.

Motivo da exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cita critérios


diagnósticos para TEA.

O'CONNOR, N.; HERMELIN, B. The memory structure of autistic idiot-savant


mnemonists. British journal of psychology, v. 80, n. 1, p. 97-111, 1989.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cita critérios
diagnóstico para TEA.

O'CONNOR, N.; HERMELIN, B. The recognition failure and graphic success of idiot-
savant artists. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 31, n. 2, p. 203-215,
1990.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cita critérios
diagnóstico para TEA.

O'CONNOR, N.; LEE, S. Musical inventiveness of five idiots-savants. Psychological


Medicine, v. 17, n. 3, p. 685-694, 1987.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cita critérios
diagnóstico para TEA.

PLAISTED GRANT, K.; DAVIS, G. Perception and apperception in autism: rejecting


the inverse assumption. Philosophical Transactions of the Royal Society B:
Biological Sciences, v. 364, n. 1522, p. 1393-1398, 2009.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.


153

PRING, L. Savant talent. Developmental medicine and child neurology, v. 47, n. 7,


p. 500-503, 2005.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

PRING, L.; HERMELIN, B. Bottle, Tulip and wineglass: semantic and structural picture
processing by savant artists. Journal of Child Psychology and Psychiatry, v. 34, n.
8, p. 1365-1385, 1993.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

PRING, L.; HERMELIN, B. Numbers and letters: exploring an autistic savant’s


unpractised ability. Neurocase, v. 8, n. 4, p. 330-337, 2002.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias. Não cita critérios
diagnóstico para TEA.

PRING, L.; WOOLF, K.; TADIC, V. Melody and pitch processing in five musical savants
with congenital blindness. Perception, v. 37, n. 2, p. 290-307, 2008.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

RODRIGUES, V.; NASCIMENTO, S.; MAIA, L. Transtorno do espectro autista: o


Síndrome de Savant. Psicologia, Saúde e Doenças, v. 21, n. 2, p. 387-394, 2020.

Motivo para exclusão: Revisão. Já discutido de forma mais abrangente por outros
autores.

ROTHEN, N.; MEIER, B.; WARD, J. Enhanced memory ability: Insights from
synaesthesia. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, v. 36, n. 8, p. 1952-1963,
2012.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

SCHINARDI, A. Case report of a 5-year-old child with Savant Syndrome (Savant


autism). Schweizer Archiv fur Neurologie und Psychiatrie, 165, n. 1, p. 25-30,
2014.

Motivo para exclusão: Não discute teorias.

SIEGEL, L. S. A longitudinal study of a hyperlexic child: Hyperlexia as a language


disorder. Neuropsychologia, v. 22, n. 5, p. 577-585, 1984.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

SIMNER, J. Synaesthetic visuo-spatial forms: Viewing sequences in space. Cortex; a


journal devoted to the study of the nervous system and behavior, v. 45, n. 10, p.
1138-1147, 2009.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.


154

SIMNER, J. Synesthesia. In: Reference Module in Neuroscience and


Biobehavioral Psychology. Elsevier, 2018.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias. Inespecífico.

SIPOWICZ, K.; PIETRAS, T. The case of an adult man with savant syndrome in the
course of autism spectrum disorder. Polski merkuriusz lekarski: organ Polskiego
Towarzystwa Lekarskiego, v. 43, n. 253, p. 32-34, 2017.

Motivo para exclusão: Não disponível.

SIQUEIRA, T. D. A. et al. Síndrome de savant: compreendo sua evolução e tratamento


através da literatura. BIUS-Boletim Informativo Unimotrisaúde em
Sociogerontologia, v. 12, n. 5, p. 1-12, 2019.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

SNYDER, A.; BOSSOMAIER, T.; MITCHELL, D. John. Concept formation: 'object'


attributes dynamically inhibited from conscious awareness. Journal of Integrative
Neuroscience, v. 3, n. 01, p. 31-46, 2004.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

SONG, J. et al. Dysregulation of neuron differentiation in an autistic savant with


exceptional memory. Molecular brain, v. 12, n. 1, p. 1-12, 2019.

Motivo para exclusão: Levanta uma questão importante, mas não é uma teoria.

SPITZ, H. H. Calendar calculating idiots savants and the smart unconscious. New
Ideas in Psychology, v. 13, n. 2, p. 167-182, 1995.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

STEEL, M. J. G.; GORMAN, R.; FLEXMAN, J. E. Neuropsychiatric testing in an autistic


mathematical idiot-savant: Evidence for nonverbal abstract capacity. Journal of the
American Academy of Child Psychiatry, v. 23, n. 6, p. 704-707, 1984.

Motivo para exclusão: Não discute teorias.

TADEVOSYAN-LEYFER, O. et al. A principal components analysis of the Autism


Diagnostic Interview-Revised. Journal of the American Academy of Child &
Adolescent Psychiatry, v. 42, n. 7, p. 864-872, 2003.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

TAKAHATA, K.; KATO, M. Neural mechanism underlying autistic savant and acquired
savant syndrome. Brain and nerve, v. 60, n. 7, p. 861-869, 2008.

Motivo para exclusão: Não disponível.


155

TÁRRAGA, R.; FERNÁNDEZ, G. Síndrome de Savant: entre lo genial y lo


ingenuo. Quaderns Digitals, vol. 45, 2007.

Motivo para exclusão: Não cita critérios específicos para esta revisão.

THIOUX, M. et al. The day of the week when you were born in 700 ms: calendar
computation in an Autistic savant. Journal of Experimental Psychology: Human
Perception and Performance, v. 32, n. 5, p. 1155, 2006.

Motivo para exclusão: Discute um caso isolado.

TILOT, A. K. et al. Rare variants in axonogenesis genes connect three families with
sound–color synesthesia. Proceedings of the National Academy of Sciences, v.
115, n. 12, p. 3168-3173, 2018.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

TREFFERT, D. A. The savant syndrome and autistic disorder. CNS spectrums, v. 4,


n. 12, p. 57-60, 1999.

Motivo para exclusão: Já discutido de forma extensa pelo mesmo autor.

TREFFERT, D. A. Savant syndrome: Realities, myths and misconceptions. Journal of


Autism and Developmental Disorders, v. 44, n. 3, p. 564-571, 2014.

Motivo para exclusão: Já discutido de forma extensa pelo mesmo autor.

VALLORTIGARA, G. et al. Are animals autistic savants. PLoS Biology, v. 6, n. 2, p.


42, 2008.

Motivo para exclusão: Não preenche critérios específicos para esta revisão.

WALLACE, G. L.; HAPPÉ, F.; GIEDD, J. N. A case study of a multiply talented savant
with an autism spectrum disorder: neuropsychological functioning and brain
morphometry. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological
Sciences, v. 364, n. 1522, p. 1425-1432, 2009.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

WARD, J.; FILIZ, G. Synaesthesia is linked to a distinctive and heritable cognitive


profile. Cortex, v. 126, p. 134-140, 2020.

Motivo para exclusão: Não preenche critérios específicos para esta revisão.

YOUNG, R. L.; NETTELBECK, T. The "intelligence" of calendrical


calculators. American Journal on Mental Retardation, 1994.

Motivo para exclusão: Tema já discutido pelo mesmo autor.


156

YOUNG, R. L.; NETTELBECK, T. The abilities of a musical savant and his


family. Journal of autism and developmental disorders, v. 25, n. 3, p. 231-248,
1995.

Motivo para exclusão: Tema já discutido pelo mesmo autor.

ZHANG, S.; JOSHI, R. M. Profile of hyperlexia: Reconciling conflicts through a


systematic review and meta-analysis. Journal of Neurolinguistics, v. 49, p. 1-28,
2019.

Motivo para exclusão: Não preenche critérios específicos para esta revisão.

ZHANG, Y.; HAN, V. Z. Neurobiological mechanisms of autistic savant and acquired


savant. Sheng li xue bao:[Acta Physiologica Sinica], v. 70, n. 2, p. 201-210, 2018.

Motivo para exclusão: Não preenche critérios específicos para esta revisão.
APÊNDICE V: RELAÇÃO DOS ESTUDOS EXCLUÍDO DA REVISÃO “C” E
MOTIVOS DA EXCLUSÃO

ANDERSON, G. M. The potential role for emergence in autism. Autism Research, v.


1, n. 1, p. 18-30, 2008.

Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas.

ATKIN, Keith; LORCH, Marjorie Perlman. Hyperlexia in a 4-year-old boy with autistic
spectrum disorder. Journal of Neurolinguistics, v. 19, n. 4, p. 253-269, 2006.

Motivo para exclusão: Não cita critérios diagnósticos para TEA.

BAL, V. H.; WILKINSON, E.; FOK, M. Cognitive profiles of children with autism
spectrum disorder with parent-reported extraordinary talents and personal
strengths. Autism, v. 26, n. 1, p. 62-74, 2022.

Motivo para exclusão: Fala em altas habilidades, mas não exclusivamente savants.

BELTECZKI, Z.; RIHMER, Z. Savant-syndrome-something for


something?. Neuropsychopharmacologia Hungarica, v. 22, n. 2, p. 60-71, 2020.

Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas.

BENNETT, E.; HEATON, P. Is talent in autism spectrum disorders associated with a


specific cognitive and behavioural phenotype?. Journal of autism and
developmental disorders, v. 42, n. 12, p. 2739-2753, 2012.

Motivo para exclusão: O estudo desenvolve um questionário, mas ainda não


conclusivo.

BIEVER, C. The makings of a savant. New Scientist, v. 202, n. 2711, p. 30-33, 2009.

Motivo para exclusão: Não atende aos critérios de inclusão para esta revisão

BODDAERT, N. et al. Autism: functional brain mapping of exceptional calendar


capacity. The British Journal of Psychiatry, v. 187, n. 1, p. 83-86, 2005.

Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

BÓKKON, I. et al. Interdisciplinary implications on autism, savantism, Asperger


syndrome and the biophysical picture representation: Thinking in pictures. Cognitive
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Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas


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Motivo para exclusão: Cita apenas algumas teorias já discutidas.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

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Motivo para exclusão: Não discute especificamente teorias.

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Motivo para exclusão: Não disponível.

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Motivo para exclusão: Não disponível.

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Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnósticos para TEA.

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and Individual Differences, 13(11), 1257, 1992.

Motivo da exclusão: trata-se de uma resenha do livro de Michael. J. A. Howe


(Fragments of genius: The strange feats of idiots savants.). Não trata de medidas
psicométricas.

CORRIGAN, N. M. et al. Toward a better understanding of the savant


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Motivo da exclusão: Não cita critérios para diagnóstico de TEA.

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Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnósticos para TEA.


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Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnósticos para TEA.

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Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnósticos para TEA.

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Motivo da exclusão: Não atende critérios específicos para esta conclusão.

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Motivo da exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas.

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Motivo da exclusão: Não disponível.

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Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

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Motivo da exclusão: Não cita critérios diagnóstico para TEA.

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Motivo para exclusão: Não atende aos critérios de inclusão para esta revisão.

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Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas.

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Motivo para exclusão: Não disponível

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Motivo para exclusão: Sem critérios diagnósticos para TEA.

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Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas

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Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas

SIMNER, J.; MAYO, N.; SPILLER, M. A foundation for savantism? Visuo-spatial


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Motivo para exclusão: Sem critérios diagnósticos para TEA

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Towarzystwa Lekarskiego, v. 43, n. 253, p. 32-34, 2017.

Motivo para exclusão: Não disponível.


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SPITZ, H. H. Calendar calculating idiots savants and the smart unconscious. New
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Motivo para exclusão: Não atende aos critérios de inclusão para esta revisão.
TAKAHATA, K.; KATO, M. Neural mechanism underlying autistic savant and acquired
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Motivo para exclusão: Não atende aos critérios de inclusão para esta revisão.

TREFFERT, D. A. The savant syndrome and autistic disorder. CNS spectrums, v. 4,


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Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas.

TREFFERT, D. A. Savant syndrome: Realities, myths and misconceptions. Journal of


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Motivo para exclusão: Não relacionado a medidas psicométricas.

VITAL, Pedro M. et al. Relationship between special abilities and autistic-like traits in
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Psychiatry, v. 50, n. 9, p. 1093-1101, 2009.

Motivo para exclusão: Inespecífico

WALLACE, G. L.; HAPPÉ, F.; GIEDD, J. N. A case study of a multiply talented savant
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Motivo para exclusão: Sem critérios diagnósticos para TEA.

YOUNG, R. L.; NETTELBECK, T. The "intelligence" of calendrical


calculators. American Journal on Mental Retardation, 1994.

Motivo para exclusão: Tema já discutido pelo mesmo autor.

YOUNG, R. L.; NETTELBECK, T. The abilities of a musical savant and his


family. Journal of autism and developmental disorders, v. 25, n. 3, p. 231-248,
1995.

Motivo para exclusão: Já discutido na tese de Young.

ZHANG, S.; JOSHI, R. M. Profile of hyperlexia: Reconciling conflicts through a


systematic review and meta-analysis. Journal of Neurolinguistics, v. 49, p. 1-28,
2019.

Motivo para exclusão: Inespecífico para finalidade desta revisão.


APÊNDICE VI– VERIDICAL MAPPING NA HIPERLEXIA, OUVIDO ABSOLUTO E
SINESTESIA

Nota: As tabelas são construções minhas e visam facilitar a compreensão e


comparação do material original do autor. O conteúdo é adaptado de Mottron et al.
(MOTTRON; BOUVET; BONNEL; SAMSON et al., 2013)

Tabela 10 - Comparação entre características genéricas do VM e do VM na hiperlexia


segundo Mottron et al.
Características gerais do VM VM na hiperlexia
As habilidades de savant envolvem A linguagem é um domínio rico em
materiais com alta densidade de isomorfismos, que coincide com a
isomorfismos recorrência de suas unidades e suas
restrições sintáticas
As habilidades de savant baseiam-se no A estrutura da hiperlexia é, por natureza,
mapeamento interno e entre códigos um mapeamento grafema-fonema com
entre grandes estruturas isomórficas um nível relativamente alto de
veracidade.
Materiais e operações envolvidas em interesse restrito em letras, o que resulta
uma capacidade específica de domínio em uma superexposição a este material
dependem da exposição episódica a este
material
Desempenho superior de savants em componente 'expertise' resulta da
tarefas relevantes para o domínio resulta superexposição, que por si só é um
de uma combinação de percepção e produto do interesse repetitivo e da busca
experiência aprimoradas repetitiva por material impresso
O desempenho do savant envolve recall O uso de processos de reintegração na
não estratégico ou redintegração hiperlexia é apoiado por evidências de
que indivíduos hiperlexicos são mais
rápidos e precisos em redintegração de
palavras degradadas
A compreensão dos códigos linguísticos A hiperlexia, com suas vantagens
é alcançada de forma perceptiva e não características de decodificação na
linguística leitura, representa o exemplo canônico de
um uso perceptivo de unidades
linguísticas
Durante o desenvolvimento, as A hiperlexia é uma rota para acesso
habilidades savant tornam-se posterior ao significado, que é
gradualmente mais explícitas e se consistente com a tendência geral de
fundem com processos típicos de desenvolvimento de mesclar habilidades
raciocínio/algorítmico, resultando em perceptivas em processos de ordem
uma combinação única de estrutura superior
perceptiva e abstrata
Fonte: (MOTTRON et al., 2013)
168

Tabela 11 - Comparação entre características genéricas do VM e do VM no tom


absoluto segundo Mottron et al. (2013)
Características gerais do VM VM no tom absoluto
As habilidades de savant envolvem A recorrência multinível de isomorfismos
materiais com alta densidade de dentro do código é particularmente
isomorfismos característica da música. A recorrência
da estrutura oitava ao longo das escalas
de tom é isomórfica à dos rótulos de tom.
As habilidades de savant baseiam-se no Tons, escalas e rótulos de tom são
mapeamento interno e entre códigos mapeados sem aprendizado explícito
entre grandes estruturas isomórficas
Materiais e operações envolvidas em Embora anterior ao treinamento musical,
uma capacidade específica de domínio tom absoluto no autismo requer
dependem da exposição episódica a este exposição ao material e estrutura
material musical.
Desempenho superior de savants em O tom absoluto autista, no âmbito do
tarefas relevantes para o domínio resulta modelo EPF, está associado ao
de uma combinação de percepção e processamento superior de tom e à
experiência aprimoradas detecção aprimorada de padrões
O desempenho do savant envolve recall A produção de um elemento ausente
não estratégico ou redintegração (rótulos de tom ou teclado locais) quando
exposto a um campo pode ser assimilado
na redintegração de uma estrutura maior
na presença de uma “deixa”. Qualquer
elemento correspondente de uma escala
de tom pode ser produzido na presença
de seu elemento correspondente de uma
escala de tom isomórfica.
A compreensão dos códigos linguísticos Códigos verbais para tons em
é alcançada de forma perceptiva e não mapeamentos verbais de tom não
linguística envolvem significado, mas sim a
integração de domínios específicos
elementos auditivos e verbais (ou visuais
para teclados) num padrão multimodal
comum. Rótulos de argumento de venda
são estruturados pelas diferenças físicas
e regularidades entre os toques, e têm
uma característica perceptiva. Pessoas
com ouvido absoluto “ouvem” o nome de
notas durante uma melodia.
Durante o desenvolvimento, as Ouvido absoluto se funde com o
habilidades savant tornam-se processamento de informações musicais
gradualmente mais explícitas e se de alto nível ao longo do
fundem com processos típicos de desenvolvimento. Quando presente, é
raciocínio/algorítmico, resultando em mesclado com expertise musical, com
uma combinação única de estrutura benefícios adaptativos. Os efeitos
perceptiva e abstrata prejudiciais da audição absoluta que são
encontrados entre as pessoas TD, como
a incapacidade de ouvir música sem
ativar nomes de tom ou resistência na
transposição, não foram relatados em
savants.
Fonte: (MOTTRON et al., 2013)
169

Tabela 12 - Comparação entre características genéricas do VM na sinestesia segundo


Mottron et al. (2013)
Características gerais do VM VM na sinestesia
As habilidades de savant envolvem “A maioria dos indutores sinestésicos envolve
materiais com alta densidade de unidades linguísticas (letras, dígitos, estruturas
isomorfismos de calendário, notas musicais), enquanto a
maioria dos simestésicos simultâneos
envolvem tons, cores e medidas de tempo.
Todos compreendem séries de elementos
homogêneos ordenados de forma significativa
e consistente”
As habilidades de savant baseiam-se no “Segundo Riggs e Karwoski (1934), "cada caso
mapeamento interno e entre códigos de sinestesia, simples ou complexa, seja
entre grandes estruturas isomórficas emocional ou ideacional, consiste
essencialmente de um arranjo paralelo de duas
séries gradientes". Eles também citam Myers
(1911) que observou que o desenvolvimento da
sinestesia requer "uma tendência a formar
associações entre membros correspondentes
de duas séries homólogos", e Lemaitre (1901)
que propôs uma "lei do paralelismo" a esse
respeito. A constatação de que tanto o indutor
quanto o simultâneo pertencem a grandes
séries isomórficas foi posteriormente
negligenciado ou, na melhor das hipóteses,
marginalmente considerado como "um código
de magnitude transmodal" que "pode facilitar o
aprendizado de correspondências intermodais
presentes no ambiente" (SPECTOR; MAURER,
2009, P. 182).”

Materiais e operações envolvidas em “Apesar das evidências de que as associações


uma capacidade específica de domínio intermodais ocorrem logo após o nascimento
dependem da exposição episódica a este (por exemplo, Wagner e Dobkins, 2011; Walker
material et al., 2010), os mapeamentos fixos e estáveis
que caracterizam a sinestesia não surgem até
meados da infância com a exposição da criança
aos indutores, como letras e dígitos (SIMNER
et al., 2009a)”

Desempenho superior de savants em “A sinestesia está associada ao processamento


tarefas relevantes para o domínio resulta aprimorado do material, mesmo na realização
de uma combinação de percepção e de operações não relacionadas
experiência aprimoradas
O desempenho do savant envolve recall “Embora os elementos (por exemplo, dígitos ou
não estratégico ou redintegração datas e linhas de tempo espacialmente
estendidas) pertençam a grandes estruturas
isomórficas paralelas, uma experiência
sinestésico ocorre apenas para elementos
dessas estruturas, independentemente de sua
ordem de aparência. Portanto, essas grandes
estruturas são recolhidas aleatoriamente e
parcialmente. No entanto, apesar de algumas
170

exceções (sinestesia tempo-espaço), a


sinestesia é mais frequentemente unidirecional.
Por exemplo, enquanto a música pode induzir
cor, o inverso não é comum”
A compreensão dos códigos linguísticos “Assim como na hiperlexia, a sinestesia
é alcançada de forma perceptiva e não representa um exemplo canônico de um uso
linguística perceptivo e não linguístico de códigos verbais
que podem até ser inconsistentes com seu uso
típico semântico e referencial (VERDE;
GOSWAMI, 2008)”

Durante o desenvolvimento, as “A sinestesia associa duas estruturas


habilidades savant tornam-se isomórficas, uma das quais é intrinsecamente
gradualmente mais explícitas e se perceptiva (uma cor) e uma delas é
fundem com processos típicos de frequentemente uma representação perceptiva
raciocínio/algorítmico, resultando em de uma unidade linguística (o padrão de uma
uma combinação única de estrutura letra). Assim, isso representa uma ponte entre
perceptiva e abstrata percepção e abstração, e permite o uso
heurístico da percepção dentro do raciocínio
abstrato. Representa uma adição positiva aos
processos típicos de criatividade,
particularmente nas artes (MULVENNA, 2007)”
Fonte: (MOTTRON et al., 2013)
171

ANEXOS

ANEXO I (PRISMA-SCR)

Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for
Scoping Reviews (PRISMA-ScR) Checklist.

REPORTED
SECTION ITEM PRISMA-ScR CHECKLIST ITEM
ON PAGE #
TITLE
Click here to
Title 1 Identify the report as a scoping review.
enter text.
ABSTRACT
Provide a structured summary that includes (as applicable): background,
Click here to
Structured summary 2 objectives, eligibility criteria, sources of evidence, charting methods,
enter text.
results, and conclusions that relate to the review questions and objectives.
INTRODUCTION
Describe the rationale for the review in the context of what is already
Click here to
Rationale 3 known. Explain why the review questions/objectives lend themselves to a
enter text.
scoping review approach.
Provide an explicit statement of the questions and objectives being
addressed with reference to their key elements (e.g., population or Click here to
Objectives 4
participants, concepts, and context) or other relevant key elements used enter text.
to conceptualize the review questions and/or objectives.
METHODS
Indicate whether a review protocol exists; state if and where it can be
Protocol and Click here to
5 accessed (e.g., a Web address); and if available, provide registration
registration enter text.
information, including the registration number.
Specify characteristics of the sources of evidence used as eligibility criteria
Click here to
Eligibility criteria 6 (e.g., years considered, language, and publication status), and provide a
enter text.
rationale.
Describe all information sources in the search (e.g., databases with dates
Click here to
Information sources* 7 of coverage and contact with authors to identify additional sources), as well
enter text.
as the date the most recent search was executed.
Present the full electronic search strategy for at least 1 database, including Click here to
Search 8
any limits used, such that it could be repeated. enter text.
Selection of sources State the process for selecting sources of evidence (i.e., screening and Click here to
9
of evidence† eligibility) included in the scoping review. enter text.
Describe the methods of charting data from the included sources of
evidence (e.g., calibrated forms or forms that have been tested by the team
Data charting Click here to
10 before their use, and whether data charting was done independently or in
process‡ enter text.
duplicate) and any processes for obtaining and confirming data from
investigators.
172

REPORTED
SECTION ITEM PRISMA-ScR CHECKLIST ITEM
ON PAGE #
List and define all variables for which data were sought and any Click here to
Data items 11
assumptions and simplifications made. enter text.
Critical appraisal of If done, provide a rationale for conducting a critical appraisal of included
Click here to
individual sources of 12 sources of evidence; describe the methods used and how this information
enter text.
evidence§ was used in any data synthesis (if appropriate).
Describe the methods of handling and summarizing the data that were Click here to
Synthesis of results 13
charted. enter text.
RESULTS
Give numbers of sources of evidence screened, assessed for eligibility,
Selection of sources Click here to
14 and included in the review, with reasons for exclusions at each stage,
of evidence enter text.
ideally using a flow diagram.
Characteristics of For each source of evidence, present characteristics for which data were Click here to
15
sources of evidence charted and provide the citations. enter text.
Critical appraisal
If done, present data on critical appraisal of included sources of evidence Click here to
within sources of 16
(see item 12). enter text.
evidence
Results of individual For each included source of evidence, present the relevant data that were Click here to
17
sources of evidence charted that relate to the review questions and objectives. enter text.
Summarize and/or present the charting results as they relate to the review Click here to
Synthesis of results 18
questions and objectives. enter text.
DISCUSSION
Summarize the main results (including an overview of concepts, themes,
Click here to
Summary of evidence 19 and types of evidence available), link to the review questions and
enter text.
objectives, and consider the relevance to key groups.
Click here to
Limitations 20 Discuss the limitations of the scoping review process.
enter text.
Provide a general interpretation of the results with respect to the review
Click here to
Conclusions 21 questions and objectives, as well as potential implications and/or next
enter text.
steps.
FUNDING
Describe sources of funding for the included sources of evidence, as well
Click here to
Funding 22 as sources of funding for the scoping review. Describe the role of the
enter text.
funders of the scoping review.

JBI = Joanna Briggs Institute; PRISMA-ScR = Preferred Reporting Items for


Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews.

* Where sources of evidence (see second footnote) are compiled from, such as
bibliographic databases, social media platforms, and Web sites.

† A more inclusive/heterogeneous term used to account for the different types of


evidence or data sources (e.g., quantitative and/or qualitative research, expert opinion,
173

and policy documents) that may be eligible in a scoping review as opposed to only
studies. This is not to be confused with information sources (see first footnote).

‡ The frameworks by Arksey and O’Malley (6) and Levac and colleagues (7) and the
JBI guidance (4, 5) refer to the process of data extraction in a scoping review as data
charting.

§ The process of systematically examining research evidence to assess its validity,


results, and relevance before using it to inform a decision. This term is used for items
12 and 19 instead of "risk of bias" (which is more applicable to systematic reviews of
interventions) to include and acknowledge the various sources of evidence that may
be used in a scoping review (e.g., quantitative and/or qualitative research, expert
opinion, and policy document).

From: TRICCO, Andrea C. et al. PRISMA extension for scoping reviews (PRISMA-
ScR): checklist and explanation. Annals of internal medicine, v. 169, n. 7, p. 467-
473, 2018.

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