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Métodos de Recuperação

Permeation Grouting
ou Jet Grouting?
Saiba porque o Permeation Grouting tem um
custo x benefício melhor que o Jet Grouting na
estabilização de solos e fundações.

Carlos Alberto Monge

No contexto da estabilização de um solo



ou no reforço de uma fundação, grouting


significa injetar uma resina ou um cimen-



to concomitantemente com a introdução


de tubos, que podem, inclusive, ser de fer-



ro galvanizado de 3/4 que se encontra em


qualquer loja de esquina, de modo a mo-



dificar química e fisicamente as caracte-


rísticas do solo. Ao contrário do caro jet



grouting (JG) que altera apenas fisica-


mente, através de altíssimas pressões, as



características do solo pelo seu rompi-


mento e introdução de um novo material,



o permeation grouting (PG) promove a


alteração do solo com pouco ou nenhum


distúrbio em sua estrutura. Opera com bai-



xas pressões, da ordem de 1MPa, modifi-


cando quimicamente as condições da so-


A situação do poço e o pro-


cesso de estabilização por


lução existente entre grãos, tornando-a

PG lateralmente.
uma matriz aglomerante, semelhante ao

cimento portland e/ou fisicamente, pelo


preenchimento dos vazios existentes.


Um acidente, no Rio de

Janeiro, com uma


Conhecendo o solo máquina TBM, provocou


o afundamento do

equipamento entre um

Dentro deste universo, torna-se necessário túnel e outro, num solo de


argila orgânica mole. À


conhecer as propriedades do solo, ou seja o medida que se aprofunda-


tamanho dos grãos, sua mineralogia e a va a escavação do poço


para o resgate do

quantidade de água existente. Tudo isto in- equipamento, ocorria um


trinsicamente interrelacionado. Por exem- deslocamento despropor-


cional do solo para dentro


plo, minerais que formam as argilas conse-


do poço, invibilizando o
guem reter grande quantidade de água, ao

resgate. A técnica do Jet-


Grouting foi contra-


passo que solos de granulometria fina são

indicada em função da
regidos por um conceito de consistência (li-

natureza do terreno. O

uso do Permeation
mites de atterberg) relacionada com o teor

Grouting (PG) através de


d’água existente em seus vazios. Já os so-

furos laterais estabilizou


o solo anexo ao poço,


los arenosos, sem qualquer participação de

permitindo sua escavação


argila ou silte, não possuem coesão. A Tho-

e o resgate do equipa-

mento. Após a execução da PG obteve-se a consolidação necessária à escavação


mastec Editora dispõe da apostila “Ensaios

para retirada do equipamento enterrado.


4 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


SOLOMAX
FAZ
MILAGRES
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SOLOS E
ROCHAS

ROGERTEC
SOLOMAX é uma resina com viscosidade igual a da água. Ideal
para estabilização de solos arenosos e argilosos. Sua performance
em argilas moles e turfas é inigualável. No próximo trabalho de
estabilização, recomende Permeation Grouting com SOLOMAX.

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RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


Fax consulta nº 32 5
Fundamentais de Solos para a Construção”,


Construção em cima de aterros?


que custa R$ 15,00 e ensina, de maneira fá-


cil, como fazer, com o mínimo de aparelha-



Está ficando difícil encontrar “solo bom” em áreas urbanas, diz o mestre de uma empresa de gem, todos os ensaios fundamentais e obter


sondagem. O fato é que cada vez mais construtoras encontram aterros em seus solos de funda- informações essenciais para o conhecimen-



ção. Uma rápida sondagem atesta a presença de refugo doméstico, industrial e de construções, to do solo.


além de lixo químico. O aproveitamento deste solo dá problemas. Não é só o aspecto físico de



resistência que deve ser avaliado, o aspecto químico atual e posterior é importante. Pode acon- A estabilização do solo


tecer a total modificação do solo, inclusive com formação de produtos ou gases extremamente



tóxicos (veja RECUPERAR Nº 30). Análises físico-químicas tornam-se necessárias, principalmen- A injeção ou o “Grouting” de substâncias


te da água do solo. A simples compactação destes aterros, mesmo considerando-se edificações flúidas em um solo visa melhorar a estabi-



de pequeno porte, não impede o aparecimento de recalques, motivados pela consolidação se- lidade de seu volume, sua resistência atra-


cundária, devido a ação físico-química e bioquímica. Os aterros sanitários apresentam composi- vés das propriedades tensão/deformação, a



ção variada, ao mesmo tempo em que seu comportamento físico-químico é alterado com a con- permeabilidade e a durabilidade. Para se ob-


tínua decomposição orgânica, surgindo vazios, gases metano e sulfeto de hidrogênio, que podem ter altas resistências e rigidez torna-se ne-



causar explosões. A presença de sulfatos no lixo que forma o aterro contamina a água freática e cessário, basicamente, reduzir o espaço en-


ataca ferozmente peças estruturais de concreto armado, como é o caso de estacas. De um modo tre vazios ou aglutinar as partículas ou grãos



geral, a densidade dos aterros varia 120 a 300kg/m3, possuindo teores de umidade em torno de maiores do solo. A utilização da PG com


25%. Grauts químicos adequados, com carga de caldas de cimento ou cal promovem o encapsu- resinas químicas (também chamadas de



lamento do lixo, imobilizando a perigosa ação bioquímica e física, formando o que alguns pesqui- grouts químicos) apenas, ou em conjunto


sadores chamam de túmulo. com cal ou cimento portland, aumenta a



capacidade de carga do solo, reduz ou in-


terrompe os recalques existentes, aumentan-



do a resistência ao cizalhamento. Esta ação


também estabiliza o solo contra movimen-



tos laterais, reduzindo ou eliminando o flu-


xo d’água (permeabilidade) ou, simples-




mente altera a resistência coesiva de solos
friáveis, antes de escavações. Uma das ati-

vidades mais freqüentes feitas com PG é a



impermeabilização de solos com cortinas


subterrâneas onde há contaminação com



Uma piscina, dentro de um condominio, próximo produtos químicos tóxicos. Ao contrário da


à Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro, dispendiosa técnica do jet grouting, que usa

apresentava recalque contínuo desde a entrega da


obra pela construtora. Camadas de argila mole or-


hidrocorte no solo com posterior injeção de

calda de cimento a altas pressões, para for-


gânica e areia orgânica “sustentavam” sua estru-


tura. A estabilização foi feita com PG a partir do mar colunas impermeáveis e estabilizantes

nível da garagem. O controle de recalque posteri-


“tipo concreto”, a PG pode ser executada

or confirmou a estabilização da piscina.


Continua pág. 08

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Parece difícil recuperar?

A ARCANO recupera.
A ARCANO Engª é especializada na arte de recuperar
concreto armado. Nossa especialidade é o reforço estrutural
com fibra de carbono e a utilização de resinas de baixa
viscosidade no tratamento de trincas e
fissuras. Utilizamos proteção catódica para
interromper a corrosão no concreto armado
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e protendido. Consulte-nos hoje mesmo.
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6 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 7
Fax consulta nº 33













O aterro, no solo de mangue, de encontro ao viaduto.










O solo e a situação dos tubulões. Os 4m de aterro sobre a área tratada.




Situação do esqueleto formado que deu estabilida-


de a turfa, protegendo os dois tubulões.



por qualquer empresa de recuperação já que


envolve apenas a utilização de uma bomba



que possa injetar caldas e resinas, uma mistu-


radora, tubos de aço galvanizado e um marte-



lete para a cravação.




A situação dos 2 tubulões e o pântano turfoso. O serviço de Permeation Grouting: a bomba e o mis- O permeation grouting (PG)


turador.



O PG, também chamado de grouting de pe-



netração, consiste na injeção de resinas, orgâ-
nicas ou não, de baixíssima viscosidade além

de caldas, que possam permear pelo solo, pre-


enchendo seus poros e vazios entre partículas



ou apenas formando esqueletos ou lâminas,


proporcionando a modificação física e, mais



importante, química, do solo motivo da recu-


peração. Cada solo pode ser identificado pe-



Visão do buraco feito para constatação da primeira Detalhe da primeira “laje” com cerca de 20cm segui-
las características obtidas através de testes

“laje” criada com PG. Na foto da direita veja o deta- da de uma camada de turfa modificada e nova laje.
muito simples, o que pode ser constatado atra-

lhe do buraco

A situação de dois tubulões com camada de 5m de turfa amorfa envolvendo-os preocupavam os projetistas, vés da apostila “Ensaios fundamentais de so-

já que haveria uma camada de aterro com 4m de altura sobre a turfa. A solução foi a execução de uma malha
los para a construção”, obtida nesta Editora.

de furos em torno dos dois tubulões e a execução de PG. O resultado foi a formação de “lajes” e “paredes”

até a formação de areia. Como a integração solo/líquido a ser injetada


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Fax consulta nº 34

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Como são os solos muito orgânicos?
Solos orgânicos, ou mais precisamente, uma turfa é uma acumulação de plantas parcialmente desintegradas e decompostas, as quais sofrem um
processo de fossilização sob condições de aeração incompleta e com alta quantidade de água. Processos biofísicos e físico-químicos fazem com
que o material orgânico permaneça em estado de preservação por enormes períodos de tempo. A partir, por exemplo, do tipo de turfa bem
amorfa, aquela lama bem viscosa e pegajosa, até a de coloração preta marrom, formada por restos de madeira e fibras, compondo um conjunto
fibroso/granular, poder-se-á ter diferentes fases na turfa. De forma genérica, poder-se-á subdividir os solos turfosos em: turfas verdadeiras,
solos orgânicos turfosos, solos orgânicos e solos com algum teor de matéria orgânica. Sua parte mineral é composta por areia de quartzo e silte
que, usualmente, aumenta com a profundidade. Sua relação de vazios varia de 9, para a turfa granular amorfa, até valores superiores a 25 para
as turfas fibrosas. O volume de vazios, naturalmente, influencia a grande quantidade d’água existente neste tipo de solo e definem o volume de
material a injetar. Sua retração pode variar de 10 a 75%, em relação ao seu volume original. Recalques excessivos e diferenciais caracterizam
estes solos que, ao receberem uma carga, praticamente não oferecem resistência lateral. Grandes tensões de cizalhamento surjem mesmo para
pequenas cargas, acompanhado de fluência, deslocamento lateral ou, em casos extremos, até de escorregamento rotacional com levantamento
do solo adjacente. A matéria orgânica, que aumenta com o grau de humidificação, retarda ou anula a hidratação do cimento portland pelo fato de
sequestrar ou absorver seus íons cálcio. O tratamento com PG e grouts químicos (ou resinas) específicos neutraliza este efeito, além de assegu-
rar uma resistência quase que instantânea.

é desejada, torna-se necessário identificar as Furos de



Sapata
injeção


características deste último, ou seja, sua vis-


cosidade, resistência ao cizalhamento, teor e


tamanhos de partículas. Esta interação con-



trola a injetabilidade. A PG pode ser executa-


da cravando-se o tubo da injeção à profundi-



dade desejada e, a partir daí, de baixo para


cima, proceder-se o “grouting” em estágios,


de acordo com um determinado volume de ○


injeção, com 100 litros por metro, por exem-



plo. Há situações em que se deseja, além da A cravação, por percussão, do tubo de injeção...

injeçao do grout químico, composto por dife-



rentes tipos de resinas, injetar caldas de ci-


mento, bentonita, cal ou pozolanas, de modo



a auxiliar no tratamento. Desta forma, a PG é



executada em duas etapas. A primeira é a cra-



vação do tubo onde é injetada, simultanea-



mente, a resina. Na segunda etapa, após o tubo


ter alcançado a cota desejada, inicia-se a fase



de retirada do tubo com a injeção de material



reativo, composto por uma determinada cal-


O pilar, de uma edificação de 3 andares, sofreu au-


da. Adicionalmente, poder-se-á, após a exe- mento de carga. A estabilização foi feita com PG a

...e o posicionamento da mangueira para posterior


partir da região inferior de sua sapata.


cução da primeira etapa, complementar o re-


injeção de PG.
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forço do solo com uma barra, que é deixada


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para trás, à medida que puxa-se o tubo e é


injetada a calda.
Para o caso de solos argilosos moles, com
presença de teores elevados de matéria orgâ-
nica (ácido húmico), por exemplo, torna-se
necessária a introdução prévia de um grout Grupo falcão bauer
químico (1ª etapa da PG) de modo a modifi-
car o ambiente, injetando-se posteriormente • Controle global da qualidade na construção;
(2ª etapa) a calda de cal ou cimento CP4. •Controle tecnológico de concreto, solos e pavimentação;
• Recuperação e reforço de estruturas;
•Gerenciamento e fiscalização de obras;
Onde se aplica a PG
•Inspeções e laudos técnicos em estruturas;
• Provas de cargas e controle de recalques;
Qualquer tipo de solo pode ser estabilizado
•Análises químicas, físicas e metalográficas.
com PG e cimento portland. Os solos alta-
mente orgânicos, aquelas argilas muito plás- Rua Aquinos, 111 - São Paulo - CEP 05036-070 - fones: (11) 861-0833 / 861-0677 - fax: (11) 861-0170
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CREDENCIADO: INMETRO E IBQN
serem estabilizadas com um determinado

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 9


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Transforme E os solos com
presença de
cimento portland sulfatos?

em A desintegração de estruturas de concreto


enterrradas devido ao ataque de sufatos no

microcimento. solo é bastante comum, principalmente


quando este solo tem uma fração argilosa
apreciável e há presença de água ou umi-
dade. O que ocorre é que, quando o teor de
SO3 e SO4 está em torno de 0,2 e 0,5%, ou
mais, respectivamente, ou quando o teor
de SO3 da água do solo excede a 300mg/
litro há grande risco da deterioração da
peça estrutural e mesmo da estrutura. A
utilização de PG com o uso de grauts quí-
micos específicos e caldas de cimento neu-
traliza este perigo, permitindo, adicional-
mente, a hidratação e formação de uma
série de silicatos. Neste particular, através
do trabalho de F.T. Sherwood, “The Estabi-
lization with Cement of Weathered and Sul-
O misturador coloidal HS300 é o crack que phate-bearing clays”, evidencia-se que o ci-
transforma caldas comuns em caldas com mento resistente a sulfatos não é melhor
propriedades semelhantes a do microcimento, que o cimento portland comum, quando se
conferindo grande penetração, diferente de deseja tratar ou estabilizar solos argilosos
que contenham sulfatos.
tudo que você já fez.

A atuação de caldas de cimento preparadas de maneira con-


vencional é limitada a solos apenas arenosos. Você perde tem-
po, material e a obra. Misturadores coloidais dão outra
performance às caldas tradicionais. A linha de misturadores
coloidais, com alto poder cizalhante, é reconhecida no mundo
inteiro por sua performance, eficiência e durabilidade.
Os misturadores High Shear misturam eficientemente caldas
de microcimento; cimento portland e qualquer outro tipo de
suspensão simples ou com adição de areia, de tamanho até Estaca protendida com perda total de
seção devido a presença de sulfatos.
8mm. O resultado é uma profunda atuação em solos mais
finos e comprometidos, com vantagens que você nunca viu. tipo de resina e uma calda, seja de cimento
Exija mais. Exija misturadores coloidais ÄNY. ou de hidróxido de cálcio (Cal). É interes-
sante relatar que a utilização de misturador
com alto poder cizalhante transforma caldas
de cimento portland comum (partículas com
diâmetro médio de 70 micrômetros) em cal-
das com propriedades semelhantes a um
microcimento, que é caro e possui uma mé-
dia de partículas com diâmetros que variam
entre 3 e 4 micrômetros.
O tratamento ou a estabilização de solos de
Fax consulta nº 35 mangues, turfas ou solos muito orgânicos,
além dos que tem alto teor de sal, especial-
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Você está tratando
Encapsulando o lixo radioativo com PG minação d’água
Estudos recentes feitos com a utilização de difração de raios X, exame microestrutural com com produtos de
microscopia eletrônica de varredura e com monitoramento da migração de íons tóxicos de lixo
radioativo e industrial comprovam a eficiência da barreira formada com a técnica de trata-
superfície?
mento do solo com PG e grouts químicos. O simples tratamento com barreiras de caldas de Tratamentos tópicos
cimento (como as formadas com jet grouting) ficam suscetíveis de ataque a este aglomerante.
Este fato é particularmente importante para lixos contendo substâncias como o ácido bórico, apresentam riscos
que tanto inibem todo o processo da reação de pega dos cimentos portland como atacam os
cristais hidratados. O lixo formado por sulfato de sódio e isótopos de césio radioativo, subs-
e você sabe disso.
tâncias contaminantes encontradas na indústria nuclear, assim como o lixo formado por me-
tais pesados provenientes da indústria da eletrogalvanização sensibiliza também as barreiras
formadas pela matriz cimentícia do portland comum aditivado com mi- Injete PH FLEX.
crosílica. A formação de barreiras estanques com o uso de grouts quí-
micos e caldas de cal ou cimento pozolânico (CP4), utilizando-se a A tecnologia da injeção com
técnica de duas fases da PG, pode ser separada em três cate- poliuretano hidroativado PH
gorias de reações, conforme explicada por Conner no traba- Flex ataca, de maneira pro-
lho “Chemical Fixation and Solidification of Hazardous Was-
tes”: funda, a água de onde quer
• Reações de hidratação do cimento. que ela venha. Assim, infil-
• Interação da resina solúvel com a hidratação do cimento. trações em galerias e paredes
• Reação entre resina e cátions de metais polivalentes (do lixo
radioativo e/ou cimento), formando silicatos metálicos insolú-
de barragens, paredes dia-
veis. fragma, minações d’água, pi-
A adição de determinados grouts químicos ou precisamente resinas ricas em sílica reativa e sos e poços de elevadores,
cimento portland conduz à formação de maiores quantidades de hidróxido de silicato cálcico,
metrôs e vazamentos em cas-
deixando no prejuízo o hidróxido de cálcio portlandita (CH). Esta redução do CH padrão, formado
durante a hidratação do cimento (portland) resulta em substâncias mais estáveis para a solidifi- telos d’água são resolvidos di-
cação tanto de lixos tóxicos como radioativos. Estudos comprovam a total retenção do césio e do reta e profundamente, sem
estrôncio em cimentos propositadamente modificados com redução da atuação do CH. chance de retorno. Para sem-
mente sulfatos, normalmente retardam ou pre!

REFERÊNCIAS

impedem a hidratação de uma calda de ci-


mento injetada. De fato, solos contendo te- • Carlos Alberto Monge é engenheiro civil, especialista

Conheça o
em serviços de recuperação.
ores de material orgânico superiores a 2%,

• A. Atkinson and J.A. Hearne, “Mechanistic Model for


e com pH inferior a 5 são, usualmente in-


nosso GEL
the Durability of Concrete Barriers Exposed to Sulphate-

tratáveis. Com a técnica PG e um leque de Bearing Groundwater”, Materials Research Society.


• W.F. Langelier, “The Analytical Control of Anti-


resinas orgânicas e inorgânicas, adequadas Corrosion Water Treatment”, J. Amer. Water Work Assoc.

a cada caso, já não existem estes obstácu- • S.A. Greenberg and T.N. Chang, “Investigation of the

Colloidal Hydrated Calcium Silicates. II. Solubility


los. O fato é que a matéria orgânica retarda

Relationships in the Calcium Oxide-Silica-Water System


e/ou impede a hidratação do cimento devi- at 25º.


• American Concrete Institute, “Prediction of Creep,


do a ação do ácido húmico que sequestra

Shrinkage, and Temperature Effects in Concrete


ou absorve os íons cálcio. A utilização de Structures”, ACI209R-92.


• K. Tuuti, “Corrosion of Steel in Concrete”, Swedish


caldas de cal (hidróxido de cálcio), por

Cement and Concrete Research Institute, Stockholm.


exemplo, além de ser uma fonte de cálcio, • American Concrete Institute, “Corrosion of Metal in

Concrete”, ACI 222R-89.


juntamente com a injeção prévia da resina

• American Concete Institute, “Code Requirements for


CARBOSIL permite a neutralização daque-

Nuclear Safety Related Concrete Structures and


Commentary”, ACI349-85(90)/349R-85(90).
le ambiente inóspito ao mesmo tempo em

• Ghosh, M.M., and H. Johannesmeyer, Fixation of Heavy


que favorece a formação de silicatos de cál-

Metals in Electroplating Wastes, AlChE Symposium


cio que garantirão a estabilização do solo, Series Number 243.


• Iler, R., The Chemistry of Silica, John Wiley & Sons.


reduzindo ou eliminando a presença da água
ROGERTEC
• Coatman, R.D., N.L. Thomas, and D.D. Double, Studies

livre e imobilizando a participação do hú- of the Growth of “Silicate Gardens” and Related

Phenomenon. Journal of Materials Science.


mus no contexto do solo. • Lea, F.M., The Chemistry of Cement and Concrete,

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 Edward Arnold, London.


Fax consulta nº 43 • Taylor, H.F.W. (Ed.), Chemisry of Cements. Volume 1,


Academic Press, New York & London.


Para ter mais informações sobre • Bogue, R.H., The Chemistry of Portland Cements.

Estabilização de solos Reinhold, New York.


• Stein, H.N., and J.M. Stevels, The Influence of Silica on


click aqui: the Hydration of 3CaO, SiO . Journal of Applied


http://www.recuperar.com.br Chemistry. 2

www.rogertec.com.br

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 rogertec@infolink.com.br


11
Fax consulta nº 328
Corrosão

Como identificar a biocorrosão.


Os microorganismos estão aí e, rapidamente, estão invadindo nosso ambiente provocando
novas formas de corrosão e grandes prejuízos. Veja como identificá-los.

Carlos Carvalho Rocha

Os microorganismos florescem facilmente



e podem colonizar qualquer ambiente ou


superfície, desde que haja presença d’água



e nutrientes. Uma importante característica


microbiana é sua surgência, quase que ins-



tantânea, evidenciando um crescimento ex-


ponencial e, mais importante ainda, quase



que invisível. Com estas características,


adentram nas estruturas definindo a estra-



tégia de ataque e degradação. É bastante co-


mum vermos estruturas de concreto ou



metálicas, além de seus revestimentos (por


exemplo o mármore) totalmente arruinados



pela presença de colônias de bactérias lo-


calizadas.

Torna-se importante, pois, distinguir os as-


pectos que formam a corrosão induzida por



microorganismos (CIM) ou biocorrosão da


corrosão não-biológica, já que a solução



deste grande problema dependerá da com-


preensão de suas causas. Os microorganis-



mos de interesse na CIM são, predominan- Fotografia microscópica evidenciando ataque por biocorrosão, com formação de pite, com comprometi-

mento superior a 50% da seção da barra de aço.


temente, as bactérias e os fungos. Os depó-

sitos de algas sobre a superfície do metal,


do concreto ou dentro deste último podem


servir de base ou porto para as bactérias e



fungos. Por exemplo, se o problema é bio-


lógico, a aplicação de determinados “reves-



timentos de proteção” poderá, simplesmen-



te, servir de nutriente para a bactéria que


provoca a corrosão. Por outro lado, se au-



mentarmos a temperatura de operação de


um sistema com processo de corrosão, sem



dúvida diminuirá em muito a atividade bi-


ológica, mas se não for esta a causa certa-



mente estaremos aumentando a taxa de cor-


rosão da estrutura. Poder-se-á ter também a



CIM e outras formas de corrosão juntas, em


uma mesma região, tornando-se difícil, nes-


Possíveis reações sob os tubérculos originados pelas bactérias formadoras de depósitos de metais.

12 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 13
Fax consulta nº 36
CIM generalizada, de modo que os pites fi- croorganismos. A CIM, realmente, está re-



quem tão próximos uns dos outros que, fre- lacionada a certos padrões de corrosão e,


quentemente, caracteriza-se esta patologia por exemplo, pites cilíndricos sob discre-


de “corrosão generalizada não uniforme”. tos tubérculos em superfícies de aço car-



Dever-se-á relatar a morfologia da superfí- bono, geralmente significam CIM, sendo


cie das áreas corroídas, indicando a presen- por isso chamados, apropriadamente, de



ça ou ausência de fatores biológicos, lem- corrosão por tuberculação. Por exemplo,


brando-se sempre que microorganismos aquelas cavidades subsuperficiais ao lon-



causam corrosão, devido a geração de uma go de emendas por soldas em equipamen-


química corrosiva ou pela ajuda que dão à tos de aço inox, usualmente, direcionam



transferência de elétrons através da super- para bactérias que oxidam o ferro. Para


fície do metal. A morfologia da superfície cada manifestação de corrosão, e havendo




a que nos referimos tem a ver com a quími- ambiente propício, dever-se-á sempre sus-


Seção de um tubérculo removido da superfície de
ca existente na superfície do metal, não à peitar que haja CIM. O quadro patológico


uma estrutura de aço carbono. Note a cavidade


no centro e o material negro identificado como presença ou ausência de bactérias ou mi- por si só não prova nada.


sulfeto de ferro revestindo a cavidade. Repare no ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○


detalhe da estrutura em forma de anel que forma
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

o tubérculo.

te caso, provar conclusivamente se o com-


portamento biológico tem função relevante
no processo.

A análise química do problema

Toda CIM ocorre em presença de água li-


vre ou em fase aquosa, incluindo-se aí sol-
ventes orgânicos e combustíveis. A ativi-
dade biológica é concentrada em ETEs,
ETAs, fundo de tanques e lagoas, além
da situação onde há gotejamento de água
através de qualquer sistema, tornando-se
obrigatório para o engenheiro ou técnico
identificar se a água é limpa ou uma solu-
ção aquosa perigosa. A atividade biológica
da CIM é muito influenciada pela tempera-
tura, sendo perfeitamente aceitável que a
temperatura “ótima” de crescimento varie
de 20 a 50ºC. Acima ou abaixo deste limi-
te, a atividade do organismo diminui ou é
interrompida, não impedindo, no entanto,
que outros organismos possam florescer a
outras temperaturas. Uma coisa é certa, a
corrosão eletroquímica quase sempre au-
menta com a elevação da temperatura.
Logo, se a extremidade de uma peça com
sintomas de corrosão fica submetida a uma
temperatura diferente da existente na outra
extremidade e há possibilidade de conhe-
cer-se essas temperaturas, é bom verificar
esta relação.

Observe o tipo de corrosão

Com poucas exceções, a CIM é sempre lo-


calizada, isto é, padronizada por pites ou
por frestas de corrosão. Chapas ou tubula-
ções metálicas, assim como armaduras do
concreto expostas à água biologicamente Fax consulta nº 37
ativa, no entanto, poderão apresentar uma

14 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


O que está cobrindo a abaixo dos depósitos. É im-
corrosão? portante saber que os depó-
sitos existentes sobre qual-
Quase todos os casos de quer peça de aço carbono
CIM são acompanhados de são ricos em ferro. Se as
depósitos ricos em matéria ferrobactérias estiverem
biológica. Não devem, presentes, certamente have-
pois, ser remanejados an- rá presença de cloro. Em
tes da pesquisa, já que, cer- estruturas de aço inóx,
tamente, fornecerão indí- particularmente na região
cio da causa da corrosão. das soldas, poderão ocor-
Se sobre a superfície da rer montículos associados
peça houver depósitos com pites subsuperficiais,
umedecidos ou molhados o que representa o melhor
com aquela textura limosa exemplo da aferição ante-
e apresentando pH neutro, rior. Estes montículos con-
provavelmente indicará, o tém, tipicamente, altos ní-
que se denomina, lodo bac- veis de ferro, cloro e man-
teriano ou exopolímero, Detalhe da superfície do aço após remoção do tubérculo com limpeza química. Note o brilho do
metal, indicativo de corrosão ativa. ganês. Nem toda a CIM,
significando que a bactéria no entanto, vem acompa-
formadora do lodo está ativa na superfície. ou não causando corrosão. Desta forma, o nhada de montículos, e um belo exemplo é



Junto a estruturas metálicas caracterizadas próximo passo a ser tomado é analisar a na- a corrosão subsuperficial em forma de tú-


por aço carbono ou mesmo armaduras do tureza do material do montículo, detectan- nel, sob um biofilme bem uniforme, que


concreto, os biodepósitos podem conter do-se a presença, por exemplo, de enxofre, ocorre no aço inóx. Geralmente, este bio-



quantidade considerável de óxidos de ferro fósforo, ferro, manganez e cloretos, os quais filme, formado sob água clorada, é rico em


e sólidos formando uma espécie de tampão, seriam um indicativo da CIM. O método manganês e cromo.



sob o qual existe aquele material limoso mais adequado para se analisar o material Uma observação final a ser dada sobre os

comprometedor. Muitos tubérculos existen- dos depósitos é através da microscopia ele- depósitos ou biofilmes é que estes materi-


tes na superfície do aço caracterizam-se por trônica de varredura equipada com espectros- ais são, em primeira instância, partículas

serem duros e quebradiços, muito embora copia dispersiva. É muito comum por exem- inorgânicas presas pela água ou simples-


possam ser biologicamente ativos. O fato é plo, aparecer sobre metais como o aço car- mente depositadas pelos organismos. Quan-

que qualquer depósito ou montículo sobre bono ou ferro fundido, tubérculos ou depó- do estes materiais secam, tornam-se virtu-


a armadura do concreto, tubulação ou qual- sitos ricos em fósforo associados à CIM, cau- almente indistingüíveis a partir do lodo

quer outra peça metálica, mesmo que não seja sados pela bactéria redutora de sulfatos seco. Isto faz com que os biodepósitos se-


aço carbono é indicativo de atividade bioló- (BRS). Bem escondidinho, o enxofre pode- jam rotulados, incorretamente, de “sedi-

gica, tornando-se obrigatório saber se estão rá estar presente, como produto da corrosão, mentos sólidos inorgânicos”.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Fax consulta nº 271

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 15


prova que haja uma CIM, a não ser verdade para a CIM pois, exista ou não



ser que se detecte um número um baixo pH no local da corrosão em estu-


significativo de microorganis- do, poder-se-á encontrar um pH neutro na



mos cobrindo a biomassa ou na superfície do metal. Por este motivo, a che-


superfície do metal. Se os de- cagem do pH após a “preparação” do local



pósitos de corrosão contém pode conduzir a conclusões errôneas. Exis-


grande quantidade de sulfatos, tem muitas situações de CIM que condu-



torna-se evidente que há subs- zem a um baixo pH. Uma delas envolve a


tâncias ricas em enxofre no bactéria tiobacilus, produtora de ácido sul-



meio. Se este local não tiver fúrico. Este organismo não só produz bai-


nenhuma relação com ácido xo pH como algumas de suas variações cres-



sulfúrico ou se este produto não cem melhor em ambiente de pH 2 e até abai-


tiver sido utilizado em sua lim- xo de 1.


Fotografia microscópica evidenciando a presença da BRS. A amos-


tra foi removida de um pite de corrosão onde havia Biocorrosão peza, certamente teremos uma


Anaeróbica Ativa. atividade biológica ali. Por ex- Procurando mais provas da CIM



A análise dos produtos da corrosão tensão, será possível que bactérias que oxi-


dam enxofre ou sulfatos estejam presentes Imaginemos que um caso específico de cor-



Freqüentemente a CIM apresenta produtos na superfície do metal e por, conseqüência, rosão seja comparado com um exemplo


de corrosão bastante diferenciados, princi- estaremos diante também da BRS, já que apresentado nesta matéria, evidenciando-se



palmente abaixo da cobertura da biomassa. elas estariam produzindo o enxofre ou os um típico caso de CIM pelo fato dos depó-


Uma situação característica é quando há sulfetos. sitos e produtos de corrosão analisados te-



presença da BRS, as quais produzem sulfe- O fato de encontrarmos apenas óxidos do rem tudo a ver. As amostras foram envia-


tos, muito reativos e com tendência a se metal nos produtos de corrosão sobre a su- das a laboratórios especializados em micro-



combinarem com diversos íons metálicos, perfície não significa que não tenhamos ati- biologia que confimaram a presença de mi-


inclusive ferro, cobre, cromo e manganês. vidade biológica no local, pois existem croorganismos “corrosivos”. Algumas pes-



Bastante comum também é a situação em muitos organismos que geram ácidos orgâ- soas ligadas ao problema, no entanto, e é


que há falta destes íons metálicos. Isso faz nicos, como acético, fórmico e propiônico bastante comum, poderão aferir que trata-


com que os sulfetos reajam com o hidrogê- que, em contato com o ar, farão aparecer ○
se apenas de “corrosão provocada pela

nio para formar o extremamente volátil e aqueles ou outros óxidos. Mesmo se anali- água” e queiram, naturalmente, tratá-la com


tóxico sulfeto de hidrogênio (H2S), causa- sado no local, os anions orgânicos (partícu- proteção catódica, inibidores e até disper-

dor daquele cheirinho de ovo podre, muito las carregadas negativamente na solução) santes. Os outros, que juram ser um caso


comum entre nós, devido ao lançamento dos não são detectáveis pelas técnicas analíti- típico de CIM, deverão querer utilizar bio-

nossos esgotos nas bocas de lobo das ruas e cas comuns (raio X). Logo, é preciso muita cidas, aumento de temperatura ou limpeza


canais. A BRS, como toda bactéria, usa a cautela quando da existência destes anions contínua. E aí? Bem, se o caso é grave e

química dos materiais fosforosos para ar- orgânicos, já que, como afirmamos, muitos implica em grandes prejuízos, torna-se ne-


mazenar energia, evidenciando quase sem- microorganismos podem produzi-los. Um cessário esticar o processo de investigação,

pre produtos de corrosão de cor preta, caso exemplo são as variações da BRS que pro- reproduzindo o problema da corrosão em


sejam observados no local. Por outro lado, duzem acetatos. laboratório ou no próprio campo. Em am-

bos os casos, entretanto, torna-se necessá-


a presença de ferrobactérias está associada


ao cloreto férrico. Os mecanismos que fa- E o pH do local? rio desenvolver um teste paralelo de “con-

trole” para evidenciar os verdadeiros efei-


zem os microorganismos concentrarem clo-


retos ainda não está bem entendido. Talvez Se removermos os produtos de corrosão das tos das variáveis existentes, essencial em

pelo fato de que estes íons, extremamente paredes de um tanque de ácido sulfúrico casos de CIM, já que a atividade biológica


ágeis e ativos, simplesmente se difundem após o seu esvaziamento e limpeza, prova- não é constante, variando de acordo com a

nos depósitos e pites, onde há deficiência velmente teremos uma situação interessan- intensidade da umidade, temperatura, pre-


de consumo de elétrons, característico das te onde o pH existente não será baixo. Isto sença de chuvas e muitos outros fatores que

reações químicas de redução, interferindo porque o sulfato do ferro não é um ácido e, nem sempre são aparentes.


substancialmente neste processo. A simples como o ácido sulfúrico residual era solú- A melhor dica para identificar a biocorro-


concentração de cloretos geralmente não vel, foi lavado ou removido. O mesmo pode são é fazer o exame macroscópico (inspe-

1 2 3 4
Estágio 1: Filme de acondicionamento acumula-se sobre a superfície submersa. Estágio 3: Diferentes epécies de bactérias séssil dobram para trás na superfície
Estágio 2: Colônia de bactérias planctônica na água (solução) existente sobre a do metal.
superfície, desencadeando a existência séssil excretando exopolímero que an- Estágio 4: Microcolônias de diferentes espécies continuam a crescer estabele-
cora a célula na superfície. cendo, eventualmente, relações entre si. O biofilme aumenta sua espessura.
Mudam as condições na base do biofilme.

16 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


•Contagem de células capazes mas que possibilitam, de forma fácil e rápi-



de reprodução. da, detectar numerosos tipos de bactérias


•Medida da atividade metabó- envolvidas em processos de corrosão, como



lica. a BRS e o tiobacilus.


A investigação geral envolve


o uso de métodos de micros- Como tratar o aço contaminado



copia e imunologia, ao passo com biocorrosão


que a investigação específica



tem a ver com a detecção dos A CIM ou biocorrosão é o resultado de am-


componentes das células, ba- bientes físicos ou químicos gerados por mi-



seada no seu crescimento em croorganismos que produzem sedimentos


uma grande variedade de mei- na superfície, como os polímeros extrace-



os sólidos ou líquidos, envol- lulares, com estrutura gelatinosa, que ade-


vendo também a determinação rem na superfície do metal. Esta estrutura



da atividade de uma enzima ou gelatinosa é chamado de biofilme e os mi-


Camada de lodo sobre parte do mecanismo de acionamento do tanque
a obtenção de um certo pro- croorganismos existentes em seu interior


de purificação ou clareamento de uma ETE. A raspagem desta camada


evidenciou a presença de H2S e o mal cheiro característico de ovo po- duto metabólico. Enzinas são controlam eficazmente o ambiente quími-


dre. A BRS pode ser uma das culpadas pela formação deste gás. proteínas complexas aptas co ali existente, de modo a poderem respi-



ção visual) da área afetada. A superfície do para atuar em determinadas moléculas, cha- rar, crescer e se reproduzem, criando, adi-


aço, freqüentemente, é modificada devido madas de substratos das enzimas. A presen- cionalmente, pilhas de corrosão eletroquí-



a presença de microorganismos que produ- ça de enzimas específicas a certos tipos de micas. Alguns microorganismos podem ge-


zem o ataque microbiológico com as seguin- microorganismos possibilita sua detecção. rar espécies químicas corrosivas como o sul-



tes características: Existem kits no mercado, à base de enzi- feto de hidrogênio (H2S) e ácido sulfúrico


• Acumulação de material pulverulento e/ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○Continua pág. 19


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

ou depósito de limo.
• Tubérculos ou protuberâncias metálicas,
freqüentemente contendo bactérias vivas.
Você deseja proteção?
• Buracos ou perfurações distribuídas sobre
a superfície do aço com padrão irregular.
• Pequenos furos com grandes cavidades
inferiores.
• Surgência de ranhuras bem visíveis e com
algum brilho, após a remoção dos depósitos.
A morfologia dos depósitos formadores
sobre a superfície do aço freqüentemente
indica o tipo de microorganismo presente.
• Depósitos fibrosos podem estar associa-
dos a fungos filamentosos.
• Depósitos escuros ou pretos podem indi-
car a presença de bactéria redutora de sul-

BIOCIDAS
fatos (BRS).
• Depósitos alaranjados ou marrons suge-
rem a presença de bactéria oxidante do fer-
ro (galionela).
• Depósitos amarelados podem ser atribuí- Gatos ainda possuem 7 vidas,
dos à bactéria oxidante do enxofre (tioba- mas águas de processamento e produtos industrializados não.
cilus). Para liquidar algas, fungos e bactérias que afetam seu sistema,
• Depósitos viscosos acinzentados ou cor
de café podem indicar a presença de bac-
use biocidas BIOCOM.
téria formadora do limo (pseudomonas). Melhor Qualidade, sem Restrições.
Nem todos os depósitos, necessariamente,
indicam biocorrosão. Logo, torna-se neces- Se você deseja biocidas,
sário proceder-se análises microbiológicas conte conosco.
para confirmar a causa do ataque no aço,
através de uma investigação geral e especí-
fica dos microorganismos. Recomenda-se
três métodos de detecção e contagem:
• Contagem de células totais (vivas e mor- BIOCOM Fax consulta nº 50
tas).
RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 17
Fax consulta nº 38
18 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001
(H2SO4), a partir de substâncias ricas em en- dado à estrutura. A morfologia do pite não rão afetar a metalurgia do aço. Seu tipo e



xofre presentes naquele ambiente. Alguns pode ser usada como identificação do me- concentração, além do tempo de aplicação,


dos produtos desta corrosão, particularmen- canismo de corrosão. Por exemplo, quando deverão ser adequados de modo a assegu-



te o sulfeto do ferro, é notável na formação da confirmação da existência de corrosão rar uma penetração completa no biofilme


de um efetivo catodo numa pilha de corro- provocada pela BRS, adota-se a seguinte residual.



são eletroquímica. técnica de limpeza: Deve ficar bem claro que, caso não se elimi-


Caso se detecte a CIM, será necessário de- 1 Hidrojateamento, com água potável, a al- ne totalmente os microorganismos, e depen-



terminar que tipo(s) de corrosão foi produ- tas pressões suficiente para a remoção dendo da qualidade do revestimento aplica-


zida, além da natureza dos subprodutos dos do lodo e incrustrações que formam o do (material e aplicação), permitir-se-á o



microorganismos. Por exemplo, uma bac- produto da corrosão. acesso de novos nutrientes que garantirão a


téria halofílica poderá estar associada à clo- 2 Hidrojateamento com água potável sem continuidade do biofilme e da corrosão.



retos ou outros halogênios que, obrigatori- pressão. Poder-se-á fazer uso de espon-


amente, deverão ser removidos dos pites ou jas ou escovas, adicionando-se cerca de Detectando microorganismos



frestas, assim como de toda a superfície do 1ppm de solução de hipoclorito como


metal antes da aplicação do tratamento. biocida. Posterior lavagem com água Apresentaremos, na próxima edição, mais-



Outro exemplo é a BRS que pode produzir potável. dados que evidenciam a necessidade da


camadas de sulfetos que também deverão 3 Hidrojateamento de areia no grau Sa 2 identificação dos organismos associados à



ser bem removidas. ½ (SSPC-SP10/NACE 2) criando um corrosão, assim como formar de tratamento


De um modo geral, poder-se-á afirmar que perfil de 50 a 70 micrômetros na super- para a biocorrosão. As técnicas apresenta-


a CIM é o resultado de interações comple- fície. das são bastante comuns e poderão ser exe-



xas entre grupos de microorganismos, sen- 4 Soldagem dos pites e frestas. Opcional- cutadas por engenheiros ou técnicos não


do que nem todas são classificadas como mente (critério estrutural) poder-se-á pre- especializados em microbiologia.



bactérias. Conseqüentemente, a química na encher as cavidades com epóxi adequa-


interface metal/biofilme torna-se diferente do a tratamentos contra bactérias. Fax consulta nº 44



da existente entre o meio (o qual o metal Para ter mais informações


sobre Biocorrosão.
está exposto) e o metal (sem a presença do Após a limpeza das superfícies e antes da



Click aqui:
biofilme), diferenças estas como o pH, con- execução do 4º item anterior, dever-se-á

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centração de oxigênio, substâncias orgâni- retestar a superfície contra a existência de


cas e inorgânicas além da confirmação de microorganismos e espécies químicas que,


gases como o H2S. Torna-se, portanto, ne- uma vez confirmada, seguir-se-á com mé- REFERÊNCIAS


cessário a compreensão das interações me- todos químicos para sua remoção. Nesta • Carlos Carvalho Rocha é engenheiro civil,

talúrgicas com estes microorganimos, o que etapa, poder-se-á utilizar kits para se detec-

especialista em serviços de recuperação.


pode e deve ser realizado em laboratório tar cloretos e outras espécies químicas. • R.E. Tatnall, “Experiments in Microbiologi-

cally Influenced Corrosion”.


especializado, antes de qualquer tipo de pre- Caso se confirme ainda a concentração,

• D.H. Pope, “Discussion of Methods for the


paração de superfície a ser feita. Uma vez dever-se-á fazer uso de biocidas específi- Detection of Microorganisms Involved in Mi-

completada a análise microbiológica, o en- cas ao tipo de micróbio existente. É preciso crobiologically Influenced Corrosion”.

• R.E. Tatnall, K.M. Stanton, R.C., Ebersole,


genheiro ou técnico poderá, então compre- tomar cuidado para nào selecionar biocidas

“Methods of Testing for the Presence of Sulfa-


ender a extensão e a natureza da corrosão que possam criar complexos organo-metá-

te-Reducting Bacteria”.

instalada. Somente desta forma, então, po- licos. Muitos biocidas são a base de cobre • Gregory Kobrin, “A Pratical Manual or Micro-

der-se-á escolher o tipo de tratamento a ser ou prata e, dependendo da situação, pode- biologically Influenced Corrosion”.


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Fax consulta nº 364

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 19


Tintas

O revestimento dos revestimentos


Os fluoropolímeros estão aí com uma linha de revestimentos, elastômeros
e tintas bem superiores aos existentes no mercado.

Michelle Batista

Concreto armado e aço carbono ainda são



os materiais mais econômicos e duráveis


para a construção civil e industrial. Estes



materiais, no entanto, quando submetidos a


ambientes corrosivos são facilmente ataca-



dos, particularmente quando há presença de



ácidos, álcalis e solventes. O segredo, para


os técnicos especializados em sua proteção,



está no conhecimento das formulações, se-


jam elas epóxicas, estervinílicas, poliéster



ou poliuretanos. Neste contexto, se inserem


diversos tipos de indústrias, como a side-



rúrgica, a da transformação química, a da



celulose e papel, além das que tratam a água


e esgoto. Neste ambiente, concreto e aço



carbono sem proteção são alvos fáceis à


rápida degradação. Os fluoropolímeros es-



tão aí, estabelecendo um novo padrão de


resistência química e física, sendo, tecni-



camente, a opção para as situações onde há



suspeitas de não atendimento com os reves-


timentos ou pinturas de proteção normais



de mercado.


Os fluoropolímeros


Os protetores fluoroelastoméricos foram



concebidos para resistirem a ataque quími-


co pesado, associado a altas temperaturas.



Portanto, é provavelmente o melhor sistema


de proteção industrial contra a corrosão.



São sistemas formados por dois componen-


tes, resina e catalizador, com cura à tempe-



ratura ambiente. Suas propriedades físicas



são controladas, variando-se a dosagem do


catalizador. Concebidos nos anos 70, já



mostravam total e completa superioridade Na indústria de processamento químico cada vez mais se exige revestimentos que resistam a produtos

corrosivos e a altas temperaturas.


24 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


com relação aos demais polímeros termor- em sua aplicação e na verificação do filme



rígidos, como por exemplo os epóxis, con- formado, já que caso haja qualquer proble-


siderando-se as propriedades fundamentais ma em uma destas etapas, ter-se-á um gran-



como resistência química, retenção de cor, de problema, pois é muito difícil remover,


envelhecimento e impermeabilidade. A re- integralmente, a película aplicada.



sina original deste fluoropolímero é a di-


fluoreto de polivinilideno (DFPV), que Os fluoroelastômeros do mercado



além de promover a mais resistente ligação


molecular ou aderência entre o fluor e o car- Existe uma grande variedade de fluoroe-



bono, para a maioria dos substratos, apre- lastômeros na forma de tintas, elastôme-


senta incrível resistência a ataques quími- ros (selantes) e revestimentos. As tintas, à



cos. O problema é que é excessivamente base d’água ou solvente, podem ser apli-


cara e de difícil aplicação. cadas com bomba airless ou com rolo e


Toda o tipo de Tanques...


A segunda geração de fluoropolímeros, com pincel. Possuem as seguintes característi-


a resina éter vinila etileno fluorotada cas:



(EVEF) e o politetrafluorotileno (PTFE) • Resistente a ácidos fortemente concentra-


diferem da primeira, DFPV, exatamente dos, além de solventes diversos.



pela facilidade de aplicação e, principal- • Resistente a temperaturas de –4 a +200ºC.


mente, pelo seu preço. • Excelente aderência ao concreto e a su-



Por serem consideradas tintas ou revesti- perfícies metálicas.


mentos de altíssima performance, necessi- • Excelente flexibilidade.



ta-se de extremo cuidado ou de inspeção • Insensível à luz solar e a radiação UV.


rigorosa na preparação das superfícies (me- • Resiste à ação de bactérias e fungos.



tálica ou concreto), na mistura do material, As tintas fluoroelastoméricas (à base d’água




Propriedades Físicas


Resistência à tração .................................................. superior a 150MPa


Alongamento na rutura % ............................................... superior a 500



Potlife ................................................................................. 2 a 4 horas


Espessura de película seca desejável ............................. 500µm (1/2mm)


...sujeitos a altas temperaturas devem ser pintados


com fluoropolímeros.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Fax consulta nº 47

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 25


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
e solventes) e suas características estão na sos acelerados de envelhecimento, cho-
tabela abaixo. Uma outra forma de traba- ques e ciclos térmicos, umidade e imer-
lhar com este polímero, bem superior aos são em ácidos concentrados. O revesti-
demais, é utilizando-o na forma de pelí- mento auto-aderente fluoroelastomérico
culas auto-aderentes, extremamente fáceis não necessita de tempo de cura e impri-
de aplicar, próprio para superfícies de mação, bastando apenas a remoção, no
concreto e metálicas. As informações so- caso do concreto, da película que carac-
bre seu comportamento são interessantes, teriza a nata superficial, utilizando-se uma
considerando-se particularmente a perfor- fresa leve (tipo TVA) ou lixamento ele-
mance do adesivo, submetido a proces- tromecânico.

Revestimentos fluoroelastoméricos auto-aderentes

Teste de envelhecimento
ASTM B 117-95
(exposição à névoa salina) ............................................ atende e excede
Teste de envelhecimento
ASTM G 53-96
(exposição à radiação UV) ............................................ atende e excede
Imersão em ácido nítrico concentrado .................. sem comprometimendo
após 2000 horas (padrão)
Choque térmico (50 ciclos) –5 a 250ºC .......................... atende e excede
Ciclo térmico (500 ciclos) –5 a 150ºC ............................. atende e excede
Os testes de adesão em concreto e aço Faixas de Kevlar já fixadas.

extrapolaram os valores
tradicionais exigidos .................................. ASTM D 0903 e ASTM D 4541

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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3 Deformulação, caracterização.
3 Suporte a P e D.
3 Análise da ruína que ocorre em
películas de tintas.
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Fax consulta nº 42

26
Fax consulta
RECUPERAR nº/ Agosto
• Julho 07 2001
A aplicação de tintas, elastômeros e reves-


Técnicos de Recuperação

REFERÊNCIAS


timentos fluoroelastoméricos auto-aderen-


• Michelle Batista é Química.



tes são particularmente recomendados para




situações onde as características das resi-



nas epóxicas, estervinílicas, etc são insufi-




cientes ou apresentam um tempo de vida
Plantão técnico




curto, principalmente onde há grande inten-
Como




sidade de ataque químico corrosivo e altas



tratar a



temperaturas.



Fax consulta nº 45


biocorrosão?


Para ter mais informações Quem quer respostas imediatas


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Fax consulta nº 351

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 27


Corrosão

Recuperando... para pior.


Saiba porque os serviços convencionais de recuperação estrutural, motivados por
corrosão, comprometem ainda mais o concreto armado.

Joaquim Rodrigues

A incompatibilidade ou rejeição, com con-


seqüente ruína prematura é muito comum
em serviços de recuperação estrutural cuja
causa é a corrosão. É originada no desequi-
líbrio entre as propriedades físicas, quími-
cas e eletroquímicas do material de recu-
peração e o concreto original. Em outras
palavras, esta incompatibilidade gera ten-
sões mecânicas (veja RECUPERAR nº 25)
e efeitos eletroquímicos. Eles, até então
desconhecidos, tornam o serviço trivial
de recuperação estrutural um verdadeiro
veneno para a estrutura a recuperar.
De forma simples, embora em diagra-
mas, apresentaremos os mecanismos de
corrosão no concreto armado, de modo
a que, com total segurança, possamos
Teste de verificação de pisar no campo minado da desconheci-
CHLOR-TEST da incompatibilidade eletroquímica
contaminação por cloretos (IE), fábrica eficiente de enormes pi-
Extrai-se o pó do Contaminaçmo no concreto armado e protendido é fatal. O que lhas de corrosão.
concreto a várias
profundidades... se pode fazer para saber se o concreto está ou nmo contamina- A IE ocorre, primeiramente, devido ao
do? CHLOR-TEST é a única maneira de verificar se há ou nmo desequilíbrio entre os potenciais ele-
contaminaçmo por íons cloretos, esses “bichinhos” que ativam troquímicos dos diferentes metais que
o concreto, tornando-o um “inferno” para o aço. CHLOR-TEST compõem o aço da construção, geran-
é um teste high-tec que, em apenas 3 minutos, informa a exis- do micropilhas com conseqüente for-
trncia daqueles bichinhos e sua quantidade. CHLOR-TEST é mação de corrosão acelerada daque-
les metais mais ativos. Para enten-
vendido em 3 vers}es:
...Insere-se o pó no dermos melhor, basta colocarmos
recipiente plástico
CHLOR-TEST “S” - para superfícies de concreto e metálicas. uma pequena barra de alumínio e ou-
com o reagente. A
sonda informará o CHLOR-TEST “W” - para água de amassamento. tra de ferro dentro de um copo de
teor de contaminação por cloretos. CHLOR-TEST “A” - para areia de jateamento

28 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


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• Proteção localizada contra a corrosão nas armaduras, em qualquer tipo
de estrutura, para todo tipo de ambiente.
• Anula a corrosão do anôdo de anel (ring anode), muito comum nos
serviços de recuperação estrutural localizados.
• A Pastilha Z é facilmente incorporada em armaduras novas ou em
estado de corrosão.
• A Pastilha Z garante sua estrutura por, pelo menos, 15 anos contra a
corrosão.

Fax consulta nº 400


Não faça recuperação sem ela!

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 29


Lições de eletroquímica
Diagrama de Evans representa o potenci- zação, produzir-se-ia uma fraquíssima for-
al do aço da armadura, em volts, e a velo- ça propulsora corrosiva, mas suficiente-
cidade de corrosão que tem a ver com a mente poderosa para ocasionar altíssima
corrente, em amperes, e serve para dis- velocidade de corrosão. A reta pertinen-
cutir e explicar muitos fenômenos da cor- te a esta última situação seria horizontal,
rosão. De acordo com a teoria que rege sem qualquer inclinação. Na figura 2 ve-
este diagrama, qualquer reação eletroquí- rifica-se porque muitos metais, incluindo-
mica pode ser algebricamente dividida em se o aço da construção, são chamados de
reações de oxidação e redução, sem qual- aço ativo-passivo, pelo fato de as veloci-
quer acumulação de carga elétrica resi- dades de corrosão diminuirem a partir de
dual. Na ausência de qualquer potencial um determinado potencial chamado críti-
externo aplicado, a oxidação (ou corrosão) co (EC). Esta resistência à corrosão, a par-
do aço e a redução de qualquer elemento Figura 1 - Do ponto 1 ao ponto 2 vemos que o potencial ECORR tir de EC, apesar da alta força propulsora
da solução (eletrolito) existente nos vazi- aumenta para E e a velocidade de corrosão também. A polaridade corrosiva ou polarização anódica neste
anódica Ea aumenta substancialmente.
os do concreto e que envolve o aço ocor- ponto, é chamada de passividade, e é ca-
rem simultaneamente na interface aço/ele- vas, no catodo, reagirão com os elementos exis- racterizada pelo desenvolvimento de veloci-



trólito. Sob esta circunstância, a corrente re- tentes na solução interfacial e a reação será tan- dades de corrosão muito baixas. A figura 2


sultante é zero e o aço em estado de corro- to mais rápida quanto mais elementos aparece- mostra que, até chegar ao estado EC, o aço



são tem carga neutra, isto é, todos os elé- rem para absorver os elétrons ali depositados. corrói a uma velocidade relativamente alta, à


trons produzidos pela corrosão do aço foram Esta mudança, nas regiões catódicas, para po- semelhança da figura 1 teórica. Esta passi-



consumidos instantaneamente por uma ou tencial negativo é chamada polarização

mais reações catódicas, ou seja, os elétrons catódica. Por outro lado, a deficiência de

(e–) produzidos igualam-se aos elétrons con- elétrons ocorrida na superfície anódica do

sumidos, sem que haja qualquer excedente. aço produz uma mudança para potenci-

A corrente de corrosão é melhor expressa ais positivos chamada polarização anódi-



como densidade de corrente, isto é, corren- ca. À medida que esta deficiência (polari-

te/área, já que tem a ver diretamente com as zação) torna-se maior, o aço certamente

características e propriedades da área inter- estará perdendo seção ou, em linguagem


facial do aço que está corroendo, ou seja, re- eletroquímica, submetendo-se a uma dis-

laciona-se diretamente com a taxa de perfu- solução anódica. Logo, polarização anó-

ração que ocorre no aço. A ocorrência de cor- dica nada mais é do que uma forte força

rosão localizada, por exemplo, é uma prova propulsora corrosiva provocada por rea-

clara de que a corrosão não depende apenas ções no anodo. Evidentemente, quanto

do metal e do eletrólico, mas também da área maior o poder corrosivo da solução (ele-

exposta do aço à ação de diferentes concen- trólito) existente nos vazios do concreto,

trações de elementos atuantes na solução mais positivo o potencial em uma região Figura 2 - Passividade para potenciais oxidantes acima de E .

existente nos vazios do concreto. Conseqüen- típica de dissolução anódica, devido à mai-
C

temente, a relação entre as áreas do catodo or polarização anódica. A solução existente nos vidade é causada pela formação de finas

e do anodo é fator importantíssimo na veloci- vazios do concreto, em contato com o aço, sem- camadas de óxidos hidratados protetores,


dade de corrosão. Em outras palavras, o ta- pre alcança um estado de equilíbrio, objetivan- produtos do processo corrosivo, que atu-

manho da área anódica é, de forma freqüen- do-se um potencial estável ECORR, que depende am como barreira instável à reação de dis-


te, inversamente relacionada à corrosão. da facilidade e rapidez com que os elétrons po- solução anódica. Realmente, a passividade

Ocorrendo aquelas duas famosas reações ele- dem ser trocados através das reações catódi- produz efeitos colaterais indesejáveis pelo


troquímicas de corrosão Fe Æ Fe++ + 2e– cas e anódicas disponíveis. À medida que o po- fato de o filme passivo ser fino e frágil. Sua

no anodo e ½O2 + H2O + 2e– Æ 2OH– no tencial da superfície aumenta de ECORR para E, a rutura causa formas de corrosão imprevi-


catodo, significa que haverá migração de elé- velocidade da reação anódica ou velocidade de síveis, tais como pites, frestas e a terrível

trons para o catodo. Logo, o potencial naque- corrosão aumenta, como pode ser visto na figu- fragilidade devido às trincas por corrosão


la superfície do aço tornar-se-á mais negati- ra 1. A polarização anódica Ea é definida como sob tensão.


vo. Estes elétrons, com suas cargas negati- Ea = E – ECORR. É fácil visualizar que, sem polari-

água, levemente salgada ou com algumas A incompatibilidade eletroquímica (IE) com maiores ou menores concentrações de

gotas de limão e veremos que a barra de oxigênio, como também de íons metálicos,


alumínio corrói mais rápido do que se ela A IE ocorre de forma muito comum no con- resultantes das reações eletroquímicas da

estivesse sozinha. É o efeito da pilha for- creto armado e protendido, devido ao dese- corrosão.

mada pelos dois metais. quilíbrio entre regiões com diferentes pH, Relembrando a teoria eletroquímica, vamos


30 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


Com a continuidade das mos reações de oxidação ou corrosão preci-



reações eletroquímicas na samos de reações simultâneas de redução,


superfície do aço, verifi- fica evidente, no cruzamento das curvas A e



ca-se uma terceira região, C, os valores característicos do potencial e


chamada transpassiva, ca- da corrente de corrosão.



racterizada pelo contínuo De posse da compreensão do mecanismo an-


aumento dos potenciais, terior, veremos como ocorre a corrosão no



só que agora com o agra- aço devido a formação das pilhas de corro-


vamento do aumento da são. Para tanto, associaremos, de forma se-



taxa de corrosão. A curva parada, a influência ou o efeito da presença


C representa o consequen- de áreas mais ou menos aeradas (oxigênio)



te comportamento catódi- na superfície do concreto armado ou proten-


co, evidenciado pelas re- dido, assim como também o efeito devido à



ações de redução. Como a presença dos íons cloretos na estrutura, mo-


eletroquímica da corrosão tivados pela ação da maresia, água do mar



nos informa que para ter- ou pela aplicação de substâncias cloradas.


Figura 3 - Curva típica de corrosão do aço.

fazer uso do diagrama de Evans (veja box


O oxigênio e a corrosão

explicativo na página anterior) para expli-


car a situação da armadura inserida no am-



biente chamado concreto. No diagrama A água, geralmente, contém elementos que aceitam elétrons, permitindo uma reação catódica

acima (figura 3) está caracterizado o com- necessária à corrosão, como o oxigênio dissolvido e os íons H+. O teor de oxigênio dissolvido

portamento eletroquímico do aço (ativo/ e o pH da água são dois fatores que têm efeito combinado na corrosão do aço, quando fazem

passivo) que compõe a armadura do con- parte do ambiente chamado concreto. É importante dizer que a redução do íon H+ ocorre no

creto. A curva A evidencia o comportamen- catodo, expontaneamente, quando da corrosão do aço. Logo, as armaduras do concreto corro-

to anódico do aço, mais propriamente ba- em porque oxidam, liberando elétrons que são consumidos por uma outra substância existen-

seado na reação de oxidação do aço. O exa- te no meio alcalino do concreto. O oxigênio em presença da água existente nos vazios do

me da curva A diagnostica três importantes concreto gera a reação de redução ½ O2 + H2O + 2e– Î 2 OH– que, com a presença constan-

regiões que ocorrem durante o processo,


te dos íons H+ também deflagra a seguinte reação de redução H+ + 2e– Î 2OH–. A reação de

praticamente inevitável, de corrosão do aço. oxidação é a conhecida Fe Î Fe++ + 2e–. A corrosão originada pelo oxigênio poderá ocorrer

Na primeira, chamada de região de corro-


de forma geral, através da existência de uma solução aerada totalmente espalhada dentro do

são ativa há o aumento da taxa de corrosão concreto, sendo fundamental a constante alimentação do oxigênio dissolvido. No caso de ter-

assim como da surgência de potenciais de


mos esta alimentação de forma localizada ocorrerão, portanto, concentrações diferenciadas


corrosão. Na segunda região, chamada de de oxigênio ao longo do concreto da peça estrutural, o que detona uma grande pilha de corro-

passiva, a taxa de corrosão permanece cons-


são, ou macropilha, motivada pelas diferenças de concentração de O2.


tante, muito embora com aumento dos po-


tenciais.

O oxigênio e a corrosão


Primeiramente vamos entender como dife-


rentes concentrações de oxigênio afetam o



potencial e a velocidade de corrosão no aço.


No diagrama ao lado (figura 4) temos, nova-



mente, uma reação anódica no aço, ou, pro-


priamente, como o aço corrói, representada


pela curva A. Temos também uma série de



curvas catódicas originadas, cada uma, por


diferentes concentrações de oxigênio atuan-



do em diferentes partes do concreto da peça


estrutural. Nota-se que, à medida que dimi-


nui a concentração de oxigênio, obtem-se po-



tenciais de corrosão mais negativos nos cru-


zamentos das curvas. Repare que, se as in-



terseções ocorrem na chamada região passi-


va do aço, a velocidade de corrosão ou pro-



priamente sua corrente de corrosão perma-


nece constante. Agora, se a interseção ocor-


re na chamada região ativa do aço teremos,



por continuidade, potenciais de corrosão


mais negativos, só que agora com efetivo



Figura 4 - A corrosão do aço originado por diferentes concentrações de oxigênio nos vazios do concreto. aumento da velocidade de corrosão.

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 31
































Figura 5 - Nesta torre, à beira mar, trabalhos con- Figura 6 - Repare os vazios em torno dos estribos Figura 8 - A projeção de concreto pura e simples,


vencionais de recuperação perpetuam a corrosão desta viga invertida, que contribuem para ativar o nos serviços de recuperação estrutural motivados


no concreto armado. processo de corrosão. por corrosão, não altera a situaçao da corrosão.



terística a extrema faci- do metal. Desta forma, na figura 7, as con-


lidade de formar subs- centrações de íons cloretos afetam os po-


tâncias salinas ao com- tenciais que surgem na superfície do aço,



binarem-se com ele- reduzindo sua região passiva, o que pode


mentos eletropositivos, ser evidenciado pelo conjunto de curvas
como o cálcio e o sódio. ○

○ anódicas A1 até A4, que representam regi-
Assim orientados, pe- ões com diferentes concentrações de íons

netram na camada óxi- cloretos, ao mesmo tempo em que, com este


do protetora existente avanço, evidencia-se a diminuição propor-



sobre a armadura, dis- cional da região passiva do aço até o ponto


persando-a para a for- em que, simplesmente, desaparece (A4).


ma coloidal e tornando- Nota-se, claramente, que à medida em que



a uma verdadeira penei- aumenta a concentração destes íons, os po-


ra, além de favorecer tenciais de corrosão das armaduras tornam-



reações de redução com se mais negativos, aumentando sobremanei-


o oxigênio na superfície ra a velocidade de corrosão. Imaginemos



Figura 7 - Variaçòes na concentração de íons cloretos aceleram a velocida-


de de corrosão.

Desta forma, podemos ver no diagrama que,


OPINIÃO

se tivermos uma região com grande incidên-



cia de oxigênio em uma peça estrutural na-


turalmente submetida a um determinado po- Quem está sendo enganado?


tencial de corrosão e uma outra região, desta


A sistemática tradicional de recuperação estrutural motivada por corrosão resume-se no cor-


mesma peça, com uma baixa concentração te do concreto da área corroída, limpeza das armaduras em processo de corrosão e aplicação

de oxigênio, com um outro potencial de cor-


de uma argamassa, geralmente pré-fabricada “específica” para recuperação. Todos nós, que

rosão, certamente haverá uma diferença de trabalhamos nesta área, sabemos que esta solução conduz a um futuro (ou breve) processo

potencial que conduzirá a uma grande for-


de corrosão que surgirá na área adjacente à recuperação ou na própria área recuperada.


mação de corrosão. É esta diferença de po-

Estudos recentes comprovam que, aplicando-se argamassas ricas nisto ou naquilo, ocorre

tencial que causa a IE. Esta grande for-


mação de corrosão localizada ou macropi- uma mudança na curva anódica, devido a remoção da antiga região anódica. Como conseqü-

lha é chamada de pilha de concentração de ência, haverá mudanças no ambiente que envolve as armaduras, mais precisamente uma re-

oxigênio, motivada simplesmente pela for- passivação do aço acompanhado de uma alteração do pH. É a mudança na reação anódica,

ma como o oxigênio acessa a estrutura. devido a “recuperação” que causa a diferença de potencial e isto, hoje, é perfeitamente de-

monstrado pelas análises apresentadas. A “impermeabilidade” imposta na “recuperação” não


Os cloretos e a corrosão afeta a reação anódica e sim a reação catódica, devido a mudança no controle da difusão do

oxigênio e no transporte dos íons hidroxilas dentro da “recuperação”. Em outras palavras, a


Antes de nos referirmos aos íons cloretos, causa da corrosão não é atacada e o processo corrosivo continua ativo. Pior para o proprietá-

devemos lembrar que pertencem à família rio da estrutura e para a empresa de recuperação.

dos íons halogênios, que têm como carac-



32 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001


Figura 9 - Como um simples trabalho de recuperação altera toda a eletroquími- Figura 10 - A simples aplicação de uma argamassa, grout ou concreto sobre a
ca da corrosão. Para pior. armadura anteriormente corroída, efetivamente nada muda no processo de
corrosão. Repare que, com o tempo, teremos a curva C .
3

que numa peça estrutural de uma estrutura Logo, observa-se que é a cinética da reação A análise deste primeiro caso será feita atra-



tenhamos uma região não contaminada com catódica de redução que controla as veloci- vés do diagrama da figura 10, onde temos a


cloretos e com um determinado potencial, dades de corrosão das armaduras do con- curva A de reação anódica e a curva C1, de


E1 na figura 7. Se houver uma outra região, creto. Em outras palavras, a interferência


reação catódica simultânea. Ambas acon-


nesta mesma peça estrutural, formada pelo no controle da difusão do oxigênio e no tecendo em uma região da armadura cober-


mesmo concreto, só que agora contamina- transporte dos íons hidroxilas, dentro da


ta pelo concreto original da peça estrutural,


do com cloretos e, naturalmente, submeten- área “recuperada”, afeta sobremaneira a re- mas apresentando grande permeabilidade ao


do a armadura a um outro potencial E4, se- ação catódica de redução.


oxigênio. Pelo fato de termos, nesta região,

guramente teremos com ajuda da solução uma alta concentração de oxigênio, haverá

existente nos vazios do concreto, uma dife- Recuperações perigosas


um potencial de corrosão E1. A curva C2


rença de potencial e consequente formação representa a reação catódica após a “recu-


de uma macropilha de corrosão, denomi- Passando da teoria à prática, materializare-


peração” estrutural com uma argamassa,


nada pilha eletroquímica, gerada por dife- mos dois exemplos bem comuns de como a grout ou concreto de alta qualidade, bem

rentes concentrações de cloretos. IE pode ocorrer em um serviço de recupe-


compacto, geralmente material pré-fabrica-


Todos sabemos que a formação de uma ma- ração estrutural, motivado por corrosão nas do, envolvendo a zona corroída. Para este

cropilha conduz a um processo acelerado armaduras, após a execução do “serviço”.


caso, o potencial de corrosão é E2. Como se


de corrosão, o que pode ser visto no diagra-


vê, a “recuperação” estrutural efetuada pro-

ma da figura 7. 1º caso prático


vocou uma diferença de potencial (E2 – E1),


Uma argamassa, grout ou concreto de


causando uma IE, com conseqüente forma-

E a região “recuperada”? recuperação extremamente denso e


ção de macropilha de corrosão, fato este


compacto, aplicado sobre as armaduras


verificado, com o correr do tempo, através

Na figura 9, A é a curva anódica e CAM é a corroídas, previamente limpas, de um


da curva C. Este mecanismo de corrosão


curva catódica de redução, ambas obtidas concreto originalmente mais permeável

pode ser melhor entendido pela figura 11,


em uma determinada região da peça de con- e menos resistente.


creto armado, evidenciando ausência de ma- onde temos a região original vizinha à “re-

cuperação” efetuada, com um ambiente rico


cropilha (AM), apresentando no ponto de


interseção (a) uma velocidade de corrosão em oxigênio e, naturalmente, tornando-se


um perfeito catodo para as reações de redu-


ICORR I, e um potencial ECORR I. Portanto, ne-


nhum “trabalho” foi executado até agora. ção do oxigênio. No lado direito, a zona de

“recuperação” tornar-se-á (de novo) um


Com a execução da “recuperação” estrutu-


ral criou-se, automaticamente, uma nova anodo onde ocorrerão as reações de oxida-

ção do aço.

reação de redução CFM, com formação de


macropilha (FM), pela diferença de poten-


2º caso prático

cial criada. A redução total (CT) será a soma


das duas anteriores, sendo que o novo esta- Uma recuperação estrutural efetuada


do de corrosão fica caracterizado pelo pon- sobre um concreto contaminado com


to T, que define um potencial E2 e uma ve- cloretos.



locidade de corrosão I2. Como se vê, o po-


tencial de corrosão mudou para um valor Aqui, uma “recuperação” foi executada so-


mais positivo E2, só que acompanhado por bre um concreto contaminado por cloretos

A análise dos potenciais é fundamental no controle


um aumento da velocidade de corrosão (I2). e a figura 12 ilustra o caso. A curva A re-

da corrosão.

RECUPERAR • Julho / Agosto 2001 33



























Figura 11 - A situação da figura 9 fica mais evidenciado que a região intacta conti- Figura 13 - Aqui fica mais claro a armadilha em que nos metemos ao executar


nua servindo de catodo devido ao grande acesso de oxigênio permitindo a reação uma recuperação numa estrutura com presença de cloretos. A área aparente-


de redução. No lado direito “recuperado”, a desintegração ou corrosão do aço. mente boa torna-se, agora, um grande anodo.


nificativa diferença de


Fax consulta nº 46


potencial que causa a


Para ter mais informações
IE, com conseqüente


sobre Corrosão.


formação de uma


Click aqui:
grande região em es-


http://www.recuperar.com.br


tado de corrosão ou


macropilha. Em outras



palavras, a região ori- REFERÊNCIAS

ginal com concreto ○

• Joaquim Rodrigues é engenheiro civil, mem-


contaminado, adja-

bro de diversos institutos nos EUA, em assun-


cente à “recupera-

tos de patologia da construção. É editor e dire-


ção”, tornar-se-á um tor da RECUPERAR, além de consultor técni-


anodo, promovendo a

co de diversas empresas.

oxidação ou corrosão • ACI Committee 222. Corrosion of Metals in


das armaduras ali si- Concrete, ACI 222R-96. Manual of Concrete



tuadas. Veja a interse- Practice Part I, American Concrete Institute.


• ASTM G 3. Standard Practice for Conventions


Figura 12 - Em uma estrutura contaminada com cloretos, o mecanismo tradici- ção com a curva cató-

Applicable to Electrochemical Measurements


onal de recuperação só piora a situação do concreto armado. dica C. A região “re-


In Corrosion Testing. American Society of

presenta a armadura na região “tratada”, cuperada”, agora



Testing and Materials.


“perfeita” e não mais contaminada com íons


possuindo agora uma excelente região pas- • Bamforth, P.B.; Prediction of the Onset of

siva pelo fato de não ter qualquer presença cloretos tornar-se-á um catodo, ocorrendo aí Reinforcement Corrosion Due to Chloride

a redução do oxigênio. Veja a interseção com


Ingress. International Congress on Concrete


dos diabólicos íons cloretos no novo ambi-



Across Borders, Danish Concrete Association.


ente (nova argamassa, grout ou concreto) que a curva C. As curvas de polarização apre-

• Cook, H.K. and W.J. McCoy. Influence of


envolve a armadura, após limpeza por esco- sentadas podem ser simplificadas pela figu-

Chloride in Reinforced Concrete. Chloride


vagem ou hidrojateamento de areia. Neste ra 13, onde se nota que, no lado esquerdo,

Corrosion of Steel in Concrete, ASTM STP


novo ambiente temos um alto teor de álcalis que era um catodo, passou a ser um grande

629, D.E. Tonini and S.W. Dean, Jr., Eds.,



que elevou o pH da região tratada. A curva anodo. A área “recuperada” passou a ser um American Society for Testing Materials.

A1, repare bem, reflete agora a situação do belo catodo.



• Gu, P., J.J. Beaudoin, P.J. Tumidajski, and N.P.



concreto original adjacente, que encontra-se Com esta situação deflagrada, perguntar-se- Mailvaganam. Electrochemical Incompatibility

of Patches in Reinforced Concrete.


contaminado e que até o momento da “recu- á, qual será então a solução para neutralizar


• Hime, W. and B. Erlin. Some Chemical and


peração”, efetivamente, não apresentava ris- a incompatibilidade eletroquímica nas recu-

Physical Aspects of Phenomena Associated


co significativo, já que era uma região catódi- perações estruturais, motivadas por corrosão

with Chloride-Induced Corrosion. Corrosion,


ca de reações de redução moderadas. Pois nas armaduras?


Concrete, and Chlorides, Steel Corrosion in


bem, agora passou a ser um grande e feroz Efetivamente, a única alternativa (mensu-

Concrete: Causes and Restraints, ACI SP-102,


anodo, sem qualquer presença de zona passi- rável) para a interrupção do processo de F. W. Gidson, Ed., American concrete Institute.

vante e com alta taxa de corrosão. Como pode corrosão nas armaduras do concreto arma-

• Schiessl, P. and M. Raupach. Laboratory


Studies and Calculations on the Influence of


se constatar, verifica-se o potencial de corro- do é a proteção catódica através de corren-

Crack Width on Chloride-Induced Corrosion


são da região “recuperada” em E e da região te galvânica ou impressa.


of Steel in Concrete. ACI Materials Journal.


original em E1, obtendo-se, portanto, uma sig-


34 RECUPERAR • Julho / Agosto 2001

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