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SÉRIE ESPECIAL: CUIDADOS PALIATIVOS: CIÊNCIA E PRÁTICA artigos de revisão

Intervenções psicológicas para pacientes com doença avançada: implicações para oncologia
e cuidados paliativos

Artigo · Maio de 2020

CITAÇÕES LER

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4 autores, incluindo:

Gary Rodin Ekaterina An

Centro de Câncer Princesa Margaret Universidade McMaster

503 PUBLICAÇÕES 20.028 CITAÇÕES 11 PUBLICAÇÕES 297 CITAÇÕES

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Carmine Malfitano

Rede Universitária de Saúde

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SÉRIE ESPECIAL: CUIDADOS PALIATIVOS: CIÊNCIA E PRÁTICA

d
a
r Intervenções psicológicas para pacientes com
Doença avançada: implicações para oncologia e
Cuidado paliativo
Gary Rodin, MD1,2; Ekaterina An, MSc1 ; Joanna Shnall, MSW1 ; e Carmine Malfitano, MSW1

Um crescente corpo de pesquisa demonstra a viabilidade e eficácia de intervenções psicológicas para pacientes adultos com
ab câncer avançado. Descobertas de estudos quantitativos de intervenções psicoterapêuticas com resultados psicológicos
primários para esses pacientes são revisadas aqui e recomendações para melhores práticas são feitas. Consideramos essas
intervenções de acordo com três grandes fases em que são mais comumente aplicadas: logo após o diagnóstico de câncer
avançado, ao viver com a doença e no final da vida ou próximo a ela.
Evidências cumulativas de estudos bem desenhados demonstram a eficácia de intervenções psicossociais para pacientes
com doença avançada para aliviar e prevenir depressão, ansiedade e sofrimento relacionados ao morrer e à morte, bem
como para aumentar o senso de significado e a preparação para o fim da vida. Intervenções individuais e baseadas em
casais provaram ser as mais viáveis, e o desenvolvimento e uso de medidas personalizadas e validadas aumentaram o rigor
da pesquisa e do atendimento clínico. Enfermeiros e médicos de cuidados paliativos podem ser treinados para realizar muitas
dessas intervenções, mas geralmente é necessário um núcleo de clínicos psicossociais, incluindo assistentes sociais,
psicólogos e psiquiatras, para treinar outros profissionais de saúde em sua prestação e garantir sua qualidade. Poucas das
intervenções para as quais há evidências de eficácia foram rotineiramente incorporadas à oncologia ou aos cuidados
paliativos. A defesa com base nesta evidência é necessária para construir recursos psicossociais em cenários de tratamento
do câncer e para garantir que o cuidado psicológico receba a mesma prioridade que outros aspectos do cuidado paliativo em
oncologia.

J Clin Oncol 38:885-904. © 2020 pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica

INTRODUÇÃO menos caras de todas as intervenções médicas - tendem a

ser menos valorizadas do que aquelas que envolvem biologia
Os cuidados paliativos modernos surgiram em resposta à
relativa falta de atenção da medicina convencional ao e tecnologia.10

Afiliações do autor
e informações
de suporte (se
aplicável) aparecem
no final deste
artigo.
Aceito em 9 de maio de
2019 e publicado em
ascopubs.org/journal/jco
em 5 de fevereiro de
2020: DOI https://doi. org/
10.1200/JCO.19. 00058
sofrimento físico e psicológico de pacientes com doença
avançada e suas famílias.1 No entanto , muito mais progresso e eficácia de intervenções psicológicas para pacientes com
foi feito desde aquela época na implementação de
abordagens sistemáticas para aliviar os sintomas físicos, em
comparação com com aqueles que abordam as complicações
psicológicas da doença avançada.2 Essas complicações
incluem taxas de suicídio que aumentam doze vezes na
primeira semana após o diagnóstico de câncer3,4 ; sintomas
clinicamente significativos de depressão e desmoralização
em até 25% daqueles que vivem com câncer metastático5,6 ;
e angústia em cuidadores familiares, o que é ainda mais
comum do que em pacientes.7
A integração de cuidados paliativos e oncologia é agora
amplamente aceita em ambos os campos como uma meta
importante,8,9 mas a integração de cuidados psicológicos
em ambos os domínios tem recebido menos prioridade. As
intervenções psicológicas ainda não são rotineiramente
incorporadas à oncologia ou aos cuidados paliativos, apesar
das evidências de sua eficácia. Essa relativa negligência do
atendimento psicológico é um problema abrangente na
medicina moderna, pois as intervenções que envolvem empatia -incomum
Aqui, revisamos evidências empíricas recentes da viabilidade
câncer avançado ao longo da trajetória da doença. As
intervenções são apresentadas em três categorias amplas
de acordo com a natureza e a fase da doença: logo após o
diagnóstico de câncer avançado, ao viver com câncer
avançado e próximo ao fim da vida. A ênfase é colocada em
intervenções para as quais há evidências de eficácia e
exemplos representativos são destacados—a Tabela 1 lista
os ensaios clínicos randomizados (ECRs) mencionados. O
potencial para integração dessas intervenções no tratamento
do câncer e cuidados paliativos é considerado e
recomendações de melhores práticas são feitas.
DIAGNÓSTICO DE CÂNCER AVANÇADO
Tem sido recomendado que pacientes com câncer avançado
recém-diagnosticado sejam encaminhados para cuidados
paliativos especializados dentro de 8 semanas após o
diagnóstico,9 embora tal encaminhamento precoce seja
talvez o com tumores sólidos avançados55 e raro com hematológicos

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Rodin e outros
malignidades.56-58 As dimensões psicológicas dos cuidados
paliativos são particularmente importantes para implementar nesta
fase, especialmente com malignidades potencialmente fatais de início
agudo. A leucemia aguda recém-diagnosticada em adultos é uma
condição prototípica desse tipo,59,60 com um terço dos pacientes
nessa circunstância apresentando sintomas de estresse traumático
clinicamente significativos61 e com sintomas físicos pelo menos tão
graves nesses pacientes quanto naqueles com tumores sólidos. 62
Desenvolvemos uma intervenção integrada de cuidados paliativos
precoces, denominada Engajamento Focado na Emoção e no
Sintoma (EASE), para tratar sofrimento físico e psicológico em
indivíduos com leucemia aguda recém-diagnosticada.13 Essa
intervenção combina seis a 10 sessões de psicoterapia personalizada
(EASE psy) , administrado durante 8 semanas por assistentes sociais
em nível de mestrado, com uma intervenção de controle de sintomas
físicos (EASE-phys) realizada por médicos e enfermeiros de cuidados
paliativos. EASE-psy inclui apoio relacional, regulação do afeto e
estratégias cognitivo-comportamentais para aliviar os sintomas de
estresse traumático. O EASE-phys inclui a triagem de sintomas físicos
durante o período de internação, com sintomas moderados a graves
desencadeando o encaminhamento a uma equipe de cuidados
paliativos para otimizar o controle dos sintomas. Em um RCT recente
de fase II com pacientes com leucemia mielóide aguda e leucemia
linfoblástica aguda,13 demonstramos a viabilidade do EASE e
encontramos melhorias estatisticamente significativas nos sintomas
de estresse traumático e na intensidade e interferência da dor, em
comparação com um grupo de controle de cuidados habituais. Um
RCT multicêntrico está em andamento para confirmar a eficácia e
generalização dessa intervenção integrada precoce.
Dois outros RCTs piloto de intervenções psicológicas projetadas para
pacientes que foram recentemente diagnosticados com câncer
avançado também geraram resultados encorajadores. Um deles
comparou uma intervenção de apoio-expressiva de uma a quatro
sessões realizada por um psicólogo com os cuidados habituais em
pacientes com câncer de ovário. Este estudo demonstrou um efeito
positivo da intervenção no senso de significado e bem-estar existencial vida, senso de significado e bem-estar espiritual, em comparação
dos pacientes.12 O outro estudo comparou uma intervenção
estruturada e multidisciplinar de seis sessões que consistia em
exercícios de relaxamento e condicionamento, educação, terapia
cognitivo-comportamental estratégias, discussão em grupo e suporte
aos cuidados habituais para pacientes diagnosticados nos últimos 12
meses e que estavam recebendo radioterapia, encontrando um
efeito positivo na qualidade de vida.11
VIVENDO COM CÂNCER AVANÇADO
Um diagnóstico avançado de câncer leva pacientes e famílias a um
mundo complexo, desconhecido e assustador. Os pacientes nessa
situação relatam que desejam ser compreendidos por seus médicos
e que seus valores e objetivos sejam levados em consideração em
seu tratamento.63 O treinamento de habilidades de comunicação,
que demonstrou aumentar a empatia em oncologistas e profissionais
de cuidados paliativos,64,65 pode aumentar a habilidade e o conforto
do clínico com tais conversas.
No entanto, um treinamento mais complexo pode ser necessário para
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os clínicos desenvolvam habilidade suficiente para apoiar a
comunicação e modulação de emoções e construção de significado
com seus pacientes e se sintam confortáveis com o uso profissional
de si mesmos em encontros terapêuticos.
A terapia expressiva de apoio foi desenvolvida para mulheres que
vivem com câncer de mama metastático para aumentar o apoio,
facilitar a expressão de emoções relacionadas à doença e ajudá-las
a enfrentar preocupações existenciais.22 Essa intervenção tem sido
normalmente realizada em formato de grupo, com sessões semanais
sessões abertas durante 8 a 12 meses. Vários ECRs multicêntricos
desta intervenção demonstram que a terapia de grupo expressiva de
apoio, ministrada por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais ou
enfermeiros experientes, pode melhorar o humor22,27 , o controle
emocional e o enfrentamento23 e reduzir os sintomas de estresse
traumático.22,29 No entanto, porque a frequência e a duração das
sessões e a distância geográfica dos participantes dos locais de
tratamento limitaram sua integração de rotina no tratamento padrão
do câncer, foram examinados meios alternativos de entrega.65a Um
crescente corpo de evidências apóia o valor das terapias centradas
no significado, definidas como
abordagens em que o principal objetivo terapêutico é abordar o
significado da vida.66 A psicoterapia centrada no significado (MCP),
a mais amplamente estudada das intervenções baseadas no
significado para pacientes com câncer avançado, é uma intervenção
em grupo breve, manual, de oito sessões, realizada por psiquiatras
ou psicólogos que inclui psicoeducação sobre os conceitos de
significado, paz e propósito na vida, aprimorados por exercícios
experimentais e discussões em grupo.17,67,68 Um RCT que
comparou MCP com psicoterapia de grupo de apoio manual
demonstrou melhora estatisticamente significativa mentos no bem-
estar espiritual, qualidade de vida e depressão com MCP.17 Devido
aos desafios logísticos de recrutamento e realização de intervenções
em grupo para pacientes com câncer avançado,69 uma versão
individualizada do MCP (IMCP) foi desenvolvida. Em um RCT de
três braços que comparou IMCP com terapia de suporte e cuidados
habituais, foram encontradas melhorias significativas na qualidade de
com cuidados habituais, e na qualidade de vida e senso de significado
em comparação com terapia de suporte.20 Gerenciando o Câncer e
Vivendo Significativamente (CALM) é uma abordagem individual e
baseada em casal para o cuidado psicológico de pacientes com
doença avançada70,71 que se
destina a ser integrado tanto com o tratamento do câncer quanto
com os cuidados paliativos.8 Este suporte- A intervenção
psicoterapêutica expressiva fornece aos pacientes com doença
avançada e seus cuidadores um espaço reflexivo para comunicar sua
experiência e abordar decisões importantes e desafios adaptativos
impostos por sua doença. O CALM consiste em três a seis sessões
realizadas durante 3 a 6 meses com foco em quatro domínios inter-
relacionados: gerenciamento de sintomas e comunicação com
profissionais de saúde; mudanças no eu e nas relações com os
outros próximos; senso de significado e propósito
Volume 38, Edição 9
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Intervenções Psicológicas em Cuidados Paliativos

Em vida; e esperanças e preocupações relacionadas ao futuro e à estão chegando ao fim da vida. Isso inclui terapia da dignidade,47,79
mortalidade. Os cuidadores principais, na maioria das vezes cônjuges, revisão de vida de curto prazo,46 baseada em significado51 e
são convidados a participar das sessões, a menos que o paciente intervenções narrativas.50,54 Essas intervenções incluem entrevistas
prefira ser atendido sozinho. Prestadores de cuidados de saúde em individualizadas que visam gerar um senso de significado e propósito
oncologia e cuidados paliativos de uma variedade de áreas de sobre a vida de um paciente. Eles são conduzidos por médicos
saúde, incluindo serviço social, psicologia, psiquiatria, enfermagem e experientes de diversas áreas, incluindo psiquiatria, psicologia e
medicina, foram treinados para realizar esta intervenção. enfermagem. Os participantes respondem a perguntas como: Qual
é a coisa mais importante em sua vida e por quê?46, Quais são suas
Em um RCT que comparou o CALM com os cuidados habituais com
pacientes com câncer avançado que foram recrutados em clínicas de realizações mais importantes?79, e O que você gostaria que sua
família, amigos ou entes queridos lembrassem de você?54 Entrevistas
oncologia, o CALM reduziu e preveniu sintomas clinicamente
são então transcritos e coeditados com os pacientes para criar um
significativos de depressão, reduzindo a angústia sobre o morrer e a
documento legado na Terapia da Dignidade,79 um álbum de colagem
morte naqueles com elevações moderadas na linha de base, e para
em revisão de vida de curto prazo46 ou uma história de vida54 que é
melhorar a preparação para o fim da vida.41 Um programa global de
revisada pelo paciente. O documento final fica com o paciente para
tradução de conhecimento envolvendo mais de 20 locais na Ásia,
repassar à sua família ou a outras pessoas próximas que desejar.
Austrália, Europa e América do Norte e do Sul está em andamento
para tornar o CALM disponível rotineiramente para pacientes com
A Terapia da Dignidade é a mais amplamente estudada e
doença avançada e seus cuidadores.2 Isso inclui a designação de
implementada dessas abordagens, mas RCTs de revisão de vida de
centros locais e o treinamento de líderes locais de cuidados paliativos
curto prazo,46 narrativa,50,54 e intervenções baseadas em
e oncologia psicossocial que estão estabelecendo redes regionais e
significado51 demonstraram melhorias na esperança,46 senso de
nacionais pelas quais o treinamento, implementação e avaliação do
significado,46,54 qualidade de vida e angústia existencial.51
CALM podem ser disseminados.
Um corpo substancial de pesquisa sugere que a Terapia da Dignidade
tem valor perto do fim da vida para aumentar o senso de legado. Em
A terapia cognitivo-comportamental (TCC), uma abordagem que visa
um RCT multicêntrico que comparou a Terapia da Dignidade com
corrigir pensamentos e comportamentos disfuncionais ou distorcidos,
foi modificada para o câncer avançado para se concentrar em cuidados centrados no cliente e cuidados paliativos padrão, nenhuma
diferença foi encontrada nas pontuações de medidas validadas de
pensamentos e problemas intrusivos que são clinicamente
bem-estar psicossocial ou físico, incluindo o Inventário de Dignidade
relevantes.72,73 Um RCT que avaliou a TCC em pacientes com
do Paciente.47 No entanto, em uma pesquisa realizada no No final
metástase o câncer de mama demonstrou melhorias promissoras na
do estudo, os participantes que receberam a Terapia da Dignidade
depressão após 8 semanas de terapia individual.42 Efeitos
relataram maiores benefícios no humor, bem-estar espiritual, senso
semelhantes na depressão na mesma população foram demonstrados
de dignidade e qualidade de vida em comparação com outros
em outro ECR de TCC baseada em grupo.25 No entanto, dois ECRs
grupos.47 Recentes revisões sistemáticas e narrativas sobrepostas
que avaliaram a TCC individualizada em pacientes com câncer
da Terapia da Dignidade, incluindo 1280 e 15 RCTs,81 respectivamente,
avançado28, 52 relataram reduções estatisticamente significativas na
observaram altos níveis gerais de aceitabilidade e satisfação com
ansiedade, mas não na depressão. Um grande RCT recente de uma
esta intervenção. No entanto, também foram levantadas questões
TCC manual adaptada para pacientes com câncer avançado e
nessas revisões sobre a adequação da Terapia da Dignidade para
depressão74 não encontrou nenhuma evidência de benefício no
pacientes altamente angustiados, sua viabilidade em alguns centros
desfecho primário de depressão ou outras medidas.75 Revisões
em vista do tempo e recursos necessários e sua aceitabilidade
sistemáticas também advertiram que ensaios clínicos adicionais bem
cultural em alguns ambientes.82
desenhados são necessários para esclarecer a eficácia da TCC na
depressão nesta população.76,77

Outras terapias psicológicas que foram avaliadas em pacientes com

câncer avançado também merecem comentários. Digno de nota, em
um RCT multicêntrico, o cuidado colaborativo baseado em equipe
envolvendo enfermeiras oncológicas, psiquiatras de ligação e médicos
de cuidados primários foi considerado mais eficaz do que o cuidado
usual no tratamento da depressão em pacientes com câncer de
pulmão.45 Outras intervenções que demonstraram ser promissores,
incluindo terapia de luto baseada em mindfulness26,43,78 baseada
em casal,14,30,35-39,44,53 e familiar,48,49 e psicoterapia estruturada
para adultos mais velhos com doença avançada.33 ,34
NO FIM DA VIDA OU PRÓXIMO
Intervenções focadas no sentido da vida e na criação de legados têm
sido desenvolvidas para indivíduos que
BARREIRAS À PRESTAÇÃO ÓTIMA DE CUIDADOS PSICOLÓGICOS
PARA PACIENTES COM CÂNCER AVANÇADO
Uma barreira fundamental para a prestação de cuidados psicológicos
a pacientes com doença avançada é a falta de um grupo central de
especialistas psicossociais em oncologia e cuidados paliativos que
possam fornecer intervenções psicossociais especializadas, treinar
outros profissionais de saúde em sua prestação e garantir sua
fidelidade e qualidade contínuas. Atualmente, a amplitude e
profundidade desse recurso em centros de tratamento de câncer em
todo o mundo é altamente variável. A advocacia é necessária para
aumentar a conscientização dos médicos e formuladores de políticas
sobre o benefício potencial de intervenções psicossociais
especializadas em oncologia e cuidados paliativos, bem como dos
recursos necessários para que estejam disponíveis.

Jornal de Oncologia Clínica 899

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Rodin e outros
Uma barreira para demonstrar a eficácia das intervenções
psicológicas e monitorar sua qualidade com pacientes com doença
avançada tem sido a falta de medidas de resultados que se
mostraram válidas e confiáveis nessa população.83 A modificação,
desenvolvimento e validação de métodos psicométricos ferramentas
para esse fim melhorou a qualidade da pesquisa e a avaliação
dos resultados que avaliam as intervenções psicológicas em
cuidados paliativos. Essas medidas incluem a Escala de
Desmoralização II,84 o Esquema de Atitudes em relação à Morte
Acelerada,85 a Escala de Angústia da Morte e do Morrer,86 o
Questionário de Qualidade do Morrer e da Morte87,88 e a breve
escala de Experiências em Relacionamentos Próximos.89 Essas
ferramentas acrescentaram rigor à avaliação dos resultados das
intervenções psicológicas em cuidados paliativos, à supervisão dos
terapeutas e à avaliação da integridade do tratamento e à
avaliação da qualidade dos cuidados clínicos.
Uma grande barreira para a implementação de intervenções
psicológicas para pacientes com doença avançada tem sido a falta
de conscientização nos ambientes oncológicos e de cuidados
paliativos sobre o sofrimento psicológico dos pacientes. A triagem
de sofrimento tem sido recomendada como um padrão de
tratamento do câncer para identificar pacientes com níveis elevados
de sofrimento que podem então ser avaliados e encaminhados,
conforme necessário, para atendimento psicossocial
especializado.90,91 Essa triagem pode ser concluída de forma
mais eficiente eletronicamente com programação inteligente que
permite pontuações em itens únicos para desencadear a conclusão
de medidas mais específicas e validadas.92 Fatores de risco para
sofrimento psicológico, como vulnerabilidades psiquiátricas ou
psicológicas pré-mórbidas,93,94 falta de apoio social,95,96 idade
mais jovem ,97,98 e ter filhos mais novos,13 também podem ajudar
a identificar aqueles que precisam mais dessa ajuda. No entanto,
a adesão e a capacidade de resposta aos protocolos de triagem de
sofrimento têm sido inconsistentes,99 e a alocação de recursos
para fornecer cuidados psicossociais adequados em resposta ao
sofrimento identificado é insuficiente em muitos cenários.
Uma barreira final para a implementação de intervenções
psicológicas na doença avançada tem sido a relativa falta de
consciência entre os médicos sobre a evidência de seu benefício
e quando e para quem deve
ser disponibilizado. Investigações adicionais são necessárias para
identificar os subgrupos de pacientes com maior probabilidade de
responder a intervenções específicas, a generalização dos achados
e a relevância, aceitabilidade e viabilidade de intervenções em
diversos contextos regionais, culturais e religiosos. A ciência da
implementação100 deve ser usada para identificar estratégias
ideais com as quais integrar intervenções psicológicas
especializadas em oncologia e cuidados paliativos.
RECOMENDAÇÕES DE MELHORES PRÁTICAS
Com base em observações clínicas e nas evidências de pesquisa
mais rigorosas disponíveis, as recomendações de melhores práticas
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para o tratamento de angústia em pacientes com câncer avançado
incluem:
1. O apoio psicológico deve ser fornecido a todos os pacientes
com doença avançada e suas famílias como uma
responsabilidade compartilhada por todos os profissionais de
saúde que interagem com eles. A experiência de
relacionamentos seguros e de apoio e comunicação empática
com os principais profissionais de saúde ajuda a aliviar o
sofrimento e a prevenir seu desenvolvimento nesses indivíduos.
2. A triagem de sofrimento deve ser realizada rotineiramente em
pacientes com doença avançada para identificar aqueles que
precisam mais urgentemente de atendimento psicológico
especializado. A avaliação simultânea de fatores de risco
para angústia pode ajudar a identificar aqueles que mais
precisam dessa ajuda.
3. Intervenções psicológicas especializadas baseadas em
evidências devem ser disponibilizadas a todos os pacientes
com doença avançada, tendo em vista os previsíveis e
múltiplos desafios que eles enfrentam e seu alto risco de
morbidade psicológica. Essas intervenções podem prevenir e
aliviar o sofrimento psicossocial e facilitar a adaptação aos
desafios e estressores da doença avançada.
4. As intervenções psicológicas para pacientes com doença
avançada devem, na maioria das vezes, ser individuais e em
casal. Essas modalidades são mais viáveis e aceitáveis do
que as intervenções em grupo nessa população.
A viabilidade e a eficácia de intervenções especializadas
provavelmente também aumentam quando há acesso a
clínicos psicossociais, como psicólogos, assistentes sociais
e psiquiatras. Esses médicos podem realizar as intervenções,
treinar outros provedores de cuidados paliativos em sua
prestação e monitorar e manter sua qualidade. As habilidades
dos clínicos de oncologia e cuidados paliativos treinados
nessas intervenções podem então ser aprimoradas em uma
ampla gama de comunicações sensíveis com pacientes com
doença avançada.
5. Intervenções psicossociais especializadas para pacientes com
doença avançada e suas famílias devem ser adaptadas às
suas necessidades e desejos e à natureza e fase da doença.
Aqueles pacientes com o diagnóstico de um câncer com
risco de vida, como leucemia aguda, podem ser os que mais
precisam de uma intervenção destinada a reduzir e prevenir
sintomas de ansiedade e estresse traumático. Para aqueles
que vivem com doença avançada, as intervenções devem se
concentrar em aliviar os sintomas de depressão,
desmoralização e angústia sobre a morte e a morte, bem
como em enfrentar os múltiplos desafios da doença e do
tratamento. Isso inclui tomar decisões de tratamento e
comunicar-se com os profissionais de saúde; ajustar-se ao
impacto da doença no autoconceito, nas relações pessoais e
no sentido da vida; e preparando-se para o fim da vida.
intervenções psicológicas
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Intervenções Psicológicas em Cuidados Paliativos

oferecidos no fim da vida ou perto dele devem incluir aqueles que se adaptação aos múltiplos e permanentes desafios enfrentados por esta
concentram em manter ou reforçar o senso de significado e dignidade população. Abordagens sistemáticas para a tradução do conhecimento,
e no gerenciamento do sofrimento relacionado ao morrer e à morte. alocação de recursos e treinamento de desenvolvimento de habilidades são
necessárias para permitir que os pacientes com maior necessidade e aqueles

Pacientes com câncer avançado enfrentam enormes desafios adaptativos e
correm o risco de morbidade psicológica e prejuízo em seu bem-estar e
qualidade de vida. Evidências empíricas recentes apóiam a viabilidade e a
eficácia de intervenções psicológicas especializadas para reduzir o sofrimento
e facilitar
com maior probabilidade de se beneficiar de intervenções psicológicas
especializadas os recebam. Pesquisa adicional em diversas culturas e tratamentos
configurações também são necessárias para identificar subgrupos de pacientes
com maior probabilidade de se beneficiar e as modificações necessárias para
garantir sua relevância e aceitabilidade.

AFILIAÇÕES DIVULGAÇÕES DOS AUTORES SOBRE POTENCIAIS CONFLITOS DE INTERESSE

1
Princess Margaret Cancer Centre, University Health Network, Toronto, E DECLARAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE DADOS As divulgações
ontário canadá fornecidas pelos autores e a declaração de disponibilidade de dados (se aplicável) estão
2
Universidade de Toronto, Toronto, Ontário, Canadá disponíveis com este artigo em DOI https://doi.org/10.1200/ JCO.19.00058.

AUTOR CORRESPONDENTE Gary

Rodin, MD, Departamento de Cuidados de Apoio, Princess Margaret Cancer Centre, CONTRIBUIÇÕES DO AUTOR
University Health Network, 610 University Ave, 16-724, Toronto, ON M5G 2M9 Canadá; Concepção e design: Todos os autores
Twitter: @UHN, @UHN_Supportive; e-mail: gary.rodin@uhn.ca. Apoio administrativo: Carmine Malfitano
Coleta e montagem de dados: Todos os autores
Análise e interpretação dos dados: Todos os autores
APOIAR Redação do manuscrito: Todos os autores
Aprovação final do manuscrito: Todos os autores
Apoiado pela University of Toronto/University Health Network Harold and Shirley Lederman
Responsável por todos os aspectos do trabalho: Todos os autores
Chair in Psychosocial Oncology and Palliative Care (GR).

RECONHECIMENTO
Os autores agradecem a Anne Rydall pela revisão do texto e assistência na edição.

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Intervenções Psicológicas em Cuidados Paliativos

DIVULGAÇÃO DOS AUTORES SOBRE POTENCIAIS CONFLITOS DE INTERESSE

Intervenções psicológicas para pacientes com doença avançada: implicações para oncologia e cuidados paliativos

O seguinte representa informações de divulgação fornecidas pelos autores deste manuscrito. Todos os relacionamentos são considerados compensados. Os relacionamentos são mantidos por
conta própria, a menos que indicado. I = Membro da Família Imediata, Inst = Minha Instituição. Relacionamentos podem não estar relacionados ao assunto deste manuscrito. Para obter mais
informações sobre a política de conflito de interesses da ASCO, consulte www.asco.org/rwc ou ascopubs.org/journal/jco/site/ifc.

Não foram relatados potenciais conflitos de interesse.

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