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Este capítulo reúne 4 textos não publicados, que foram escritos em diferentes momentos e agora
foram unificados e complementados pelos colegas Marcia Tassinari e André Nerys.
Mas quem costuma dar importância à empatia, escrevendo e recorrendo a
este tema, não seriam geralmente aqueles que estudam os pensamentos de Carl
Rogers e seus desdobramentos? Seria portanto esta atitude – a atitude empática –
uma exclusividade dos entusiastas da Abordagem Centrada na Pessoa?
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O capítulo 1 desenvolve melhor esta idéia,
uma definição do sentido vulgar do termo: o aspecto central é a capacidade de uma
pessoa sentir como outra se sente e refere-se à sensibilidade emocional em relação
ao outro, sendo frequentemente entendido como identificação.
Podemos então gerar duas reflexões: a primeira, que o termo ‘empatia’ foi
retirado da linguagem coloquial e tomou significação própria e exclusiva quando foi
definida como um conceito dentro da estrutura teórico-técnica da Abordagem
Centrada na Pessoa, portanto o termo não deve ser confundido com a palavra que
figura nos dicionários comuns sob pena de cometer-se grave engano. Dentro de seu
contexto próprio o termo em apreço é bem preciso, tanto em seu aspecto
intencional, conotativo (que envolve a sensibilidade à experiência do outro), quanto
em seu aspecto denotativo (qualquer forma em que essa experiência se mostre). A
segunda reflexão nos convida a pensar sobre as condições nas quais é possível
sua realização.
É sobre isso que se trata a segunda reflexão que verificamos mais acima: é
necessário também situar em que condições objetivas a empatia ocorre – que
também não é uma situação comum, do dia-a-dia. Se se vai ‘estudar’ a vida de
alguém como se estuda um texto, o que se precisa é outra coisa que não empatia.
Esta só pode ocorrer em uma relação viva em que duas pessoas realmente se
encontram. Quando a empatia ocorre em uma situação específica, na relação
psicoterapêutica, este fenômeno e seus desdobramentos merecem ser discutidos.
Assim como o termo ‘empatia’ foi definido tecnicamente e não tem o mesmo
significado que tem no dicionário, o termo relação do conceito ‘relação terapêutica’
não tem o sentido usual de ‘relação interpessoal’ como tem na linguagem coloquial,
ou seja, não é uma relação comum, social, pois possui algumas características
próprias, como por exemplo, ter hora marcada, ser paga, etc. A relação
psicoterapêutica é essencialmente diferente de qualquer outro tipo de relação
interpessoal. Rogers (1957) descreveu os seis aspectos fundamentais da relação
terapêutica, o que nos isenta da responsabilidade de discuti-los aqui. Porém,
julgamos necessário ressaltar outros aspectos igualmente importantes.
Daí se pode vislumbrar o que foi dito antes: a relação terapêutica não é uma
relação social comum: ela está definida, no sentido de descrita, dentro de um
contexto teórico-técnico próprio. As condições que compõem a relação terapêutica,
moldura onde ocorre a empatia terapêutica, estão menos vinculadas ao discurso do
terapeuta do que à sua atitude – a atitude não-diretiva (termo, segundo alguns,
ultrapassado, mas que consideramos usar para realçar o contraste que queremos
ilustrar mais à frente). É importante lembrar que na Abordagem Centrada na Pessoa
não existe, na técnica terapêutica, termos diferentes dos termos da linguagem
comum: durante o contato, pouco ou nenhum diálogo conterá seu termos próprios,
científicos; daí decorre que o terapeuta use, na sua prática, a linguagem comum. A
atitude não-diretiva, que se realiza em uma relação não-diretiva é a característica
fundamental que particulariza a relação terapeuta/cliente na psicoterapia da
Abordagem Centrada na Pessoa, e através desta atitude não-diretiva poderemos
trazer à tona e potencializar os efeitos da empatia terapêutica.
3. Empatia e Autonomia
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A palavra grega "autonomia" (auto - próprio; nomos - lei) originalmente referia-se às
cidades livres, as que constituíam suas próprias leis que, portanto, não eram dominadas por
outras cidades das quais receberiam suas leis como imposição, e, por extensão, aos cidadãos
livres (não escravos, não bárbaros) dessas cidades.
do senso comum, por sua imprecisão, decorrente de sua ampla denotação4, pode
referir-se a aspectos muito superficiais da experiência humana. É preciso, pois,
distingui-la de maneira nítida da empatia que ocorre em uma relação terapêutica
centrada na pessoa e esta diferença se prende à concepção autônoma do ser
humano enquanto que a empatia do sentido coloquial independe desta concepção.
4. Compreensão Empática
5. Conclusão