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INTRODUÇÃO
O objetivo deste E-book é apresentar a você, de
forma rápida e prática, o perfil e a história de
vida dos seis candidatos ao Governo de Goiás.
Boa leitura!
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SUMÁRIO
HISTÓRIA 1
RONALDO
CAIADO
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Fui morar com meu avô, na cidade de Goiás”. E Era um goiano na Cidade Maravilhosa. “Eu fiz
o avô era ninguém menos que Antônio Ramos questão de conservar esse meu sotaque, essa
Caiado, conhecido como Totó Caiado, um dos goianidade que é muito forte em mim. E sofria
mais poderosos líderes políticos da Primeira bullying por isso. Mas daí eu pensava: deixa
República no Estado. O gosto pela política estar, daqui a pouco eu vou dar aula para esses
seria devidamente repassado ao neto. cariocas”. Objetivo traçado, objetivo alcançado.
Logo se destacou pelo número de cirurgias
“Meu avô nunca foi que realizava. Foi nessa época que aconteceu
algo que definiria seu destino profissional. No
governador, mas foi pronto-socorro do Hospital Miguel Couto, no
Rio, conversando com um rapaz que acabara de
senador. Ele contava
ficar tetraplégico, após se acidentar nas ondas
que ia para Araguari, cariocas, ele foi desafiado.
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“Meu avô nunca foi governador, mas foi Felicíssimo viria a ser o bisavô do ex-presidente
senador. Ele contava que ia para Araguari, Fernando Henrique Cardoso e sua queixa é
onde pegava o trem para o Rio de Janeiro, enviada a seu filho, o capitão Joaquim Inácio
então capital da República, em lombo de Cardoso (avô de FHC), que participou da
mula. Eram 35 dias de viagem.” As recordações Proclamação da República em 1889. “Atribuíram
de Ronaldo Caiado remetem à sua infância e muitas inverdades aos Caiado”, refuta o senador
o avô em questão é Totó Caiado, um homem Ronaldo. Rupturas e arranjos políticos entre clãs
que por muito tempo foi ligado ao imaginário poderosos eram comuns em Goiás e os Caiados
de coronelismo de tempos passados. “Isso é eram protagonistas, mas ele faz ressalvas,
injusto. Falam muito sobre isso, mas nunca citando a biografia de sua família, escrita pela
mostram fatos concretos”, defende o senador. historiadora Lena Castelo Branco, para mostrar
“Hoje, sou o único representante da família na que construíram muitos estereótipos em torno
política. Todos os outros saíram.” de seu sobrenome.
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caiu do meu bolso”, conta. Por coincidência – no chão.” E ensina: “o pequi ideal é aquele que
ou não – casou-se com alguém que se chama a gente pega no chão. O que se pega na vara,
Graça por conta da mesma devoção. de cima do pé, esse não é tão bom”. Quando
estudava na França, a mãe de Caiado, ao visitá-
Essa imagem testemunhou os tempos de lo, levou lascas da polpa de pequi para fazer
moleque de Caiado, quando ele ia para o um prato tipicamente goiano em Paris. O cheiro
Colégio São Francisco, em Anápolis, onde forte incomodou vizinhos. “Mandei todo mundo
não pôde integrar o coro sinfônico porque as embora. Onde já se viu?”
freiras achavam sua voz destoante demais das
dos outros alunos. “A gente ia de bicicleta, FICHA
apostando corrida.” E esse amor pelo ciclismo
foi reativado há cerca de 5 anos, quando o Cidade natal: Anápolis
parlamentar se tornou mais um adepto da bike, Idade: Faz 69 anos neste mês
junto com a esposa e amigos. “Fazemos trilhas Livro: Biografias de vultos históricos
em vários lugares, sobretudo na fazenda. Lá, a Filme: Prefere DVDs de música
gente pedala 40 km em estrada de terra, nada Música: Concertos de música clássica
de asfalto.” Prato: Carne moída, rapadura
e pequi
Esse lado ciclístico de Caiado já o levou a Ídolo: Estadistas, como Jacques Chirac ou
fazer trilhas em diversas partes do País, como Winston Churchill
as serras catarinenses, e também no exterior, Times do coração: Flamengo
participando de passeios pela Argentina, e Anápolis
Portugal e França. “O ciclismo é ideal para
conhecer os lugares. Você não está nem rápido
demais, como se estivesse num carro e nem
devagar demais, como se estivesse a pé. É
perfeito. Além do que, queima barriga, essa
gordura visceral, que é a que mais mata, e ainda
movimenta as articulações. É um esporte muito
bom”, opina o candidato, que também é médico
e sabe do que está falando.
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HISTÓRIA 2
JOSÉ
ELITON
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Ao mostrar a região onde a bala o acertou, No dia da entrevista, José Eliton havia
próxima ao rim esquerdo, e por onde ela saiu, participado do primeiro debate entre os
nas costas, José Eliton afirma que também candidatos a governador, realizado na Rádio
tem se dado mais o direito de demonstrar com Interativa. Era a estreia em uma arena que exige
palavras e gestos o que sente pelas pessoas sangue-frio, raciocínio rápido e resistência para
que integram sua vida. “A gente, às vezes, não suportar as pancadas dos adversários. “Eu acho
fala o quanto gosta das pessoas, o quanto elas tudo isso normal”, assegura, em tom calmo.
são importantes. Tenho procurado fazer isso “Acho que as pessoas têm que discordar de
mais.” A esposa Fabrina chega onde estamos, mim, sim. A crítica é salutar. Só não pode passar
mas fica pouco. Não gosta muito de holofotes e para o campo pessoal, confundir dureza com
prefere ser discreta. “Vou deixá-los conversar”, agressão.” E quando isso acontece, governador?
avisa, mas antes faz um comentário: “O Zé é “Aí eu ajuízo as ações pertinentes, vou buscar
virginiano, perfeccionista.” reparações na Justiça”.
O governador admite que a esposa mostrou Agora falou o advogado! José Eliton ri do
certa resistência inicial quando ele começou comentário. “O que eu posso fazer? Eu sou
sua carreira política. “Acho que se dependesse assim. Não vou ficar em embates, bate-bocas
dela ou da minha mãe, eu não teria entrado públicos com ninguém. Sei que isso não é muito
nesse campo. Mas agora que entrei, ninguém o perfil do político, mas é desse jeito que eu ajo.”
me apoia mais que as duas. A Fabrina vai em E foi pela porta do Direito que ele ingressou no
carreata, participa de reuniões, faz campanha.” Palácio das Esmeraldas. “Eu me formei em 1996
Filho de outro José Eliton, que foi prefeito de pela, então, UCG. Meu pai estava na política
Posse, cidade do nordeste goiano, o candidato desde 1982, quando foi eleito prefeito de Posse.
do PSDB não tinha a política no sangue, como Então, ele tinha muitos amigos nesse meio e um
se poderia imaginar. “A primeira eleição que deles, que era candidato a prefeito da cidade
disputei foi para vice-governador”, informa, de Iaciara, precisava de uma assessoria jurídica
referindo-se à campanha de 2010. para a campanha.”
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época por lá e mantemos contato.” Alguns meu filho caçula, lembra de quando a gente
deles testemunharam as tentativas de José foi pescar perto da ponte do Cocalinho, no
Eliton de se transformar em um esportista de Araguaia. Ele era bem novinho, mas lembra. E
alto nível. “Não no futebol, pelo menos não gosta de pescar também.”
como jogador, né? Sou muito grande. Tenho
1 metro e 89 centímetros. Não dava muito E como bom pescador, o senhor gosta de
certo”, reconhece. A alternativa, então, foi exagerar um pouquinho, governador? “Viiiixe...”
buscar uma modalidade mais adequada à É, lá vem! “Eu tenho histórias de pescador demais
sua estatura. para contar, mas não aqui, agora”, despista.
Gestos contidos, fala articulada, tom baixo na
“Eu entrei na equipe de vôlei. Era um meio de voz, ele mostra-se tranquilo apesar de estar
rede razoável. Quando vim para Goiânia fazer em uma campanha em que precisa alcançar o
faculdade, cheguei a integrar a Seleção de Vôlei adversário que está bem à frente nas pesquisas.
da UCG.” Hoje, o governador não pratica com Em suas aparições públicas, ele não parece bom
regularidade um esporte específico – ele tenta de prosa, mas é. “E sou bom no truco também”,
se disciplinar a fazer caminhadas para cuidar da avisa. Estaria blefando? Bom, nesse jogo, só
saúde –, mas mantém a paixão por eles. E nesse pagando pra ver. Teria ele um zap na manga?
quesito, o futebol volta a ganhar terreno. “Eu sou
torcedor do Vila Nova, de ficar debaixo do bandeirão VERSÃO GOURMET
no estádio”, enfatiza. “Quando eu era adolescente,
fui cartola do time do Dom Prudêncio, o colégio “Modéstia à parte, acredito que sei fazer um
em que estudava em Posse.” bom churrasco.” Bom, enquanto o governador
não nos faz um convite para averiguarmos essa
“Prefiro ir para o afirmação para valer, vamos acreditar em suas
habilidades culinárias. “Também faço macarrão,
Araguaia a ir para a lasanha, preparo uma boa moqueca. Não passo
vergonha na cozinha, não. ” E olha que o nível
praia”
de exigência em casa é alto. Sua esposa, a
Mas há uma atividade, mistura de esporte e primeira-dama Fabrina Müller, está nos últimos
lazer, que o candidato adora. “Ah, eu amo fazer períodos do curso de Gastronomia. “Não tenho
pesca esportiva.” Foi o pai de um amigo seu de todo esse refinamento, claro, mas gosto, por
Posse, seu Anselmo, quem lhe deu as primeiras exemplo, de fazer compras no supermercado. E
lições. Nunca mais parou. “Prefiro ir para o faço isso bem.”
Araguaia a ir para a praia”, admite. “Eu pesco
e solto o peixe. Dentro dos limites permitidos O gosto comum pela boa mesa é um elemento
por lei, às vezes, pescamos para consumo. ” Ele de afinidade do casal, que se conheceu em
passou para os filhos esse gosto. “O Zé Netto, uma festa de peão. “Era um rodeio na cidade
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de Simolândia”, recorda o governador. “A Renato Russo não impera sozinho nesse panteão.
Fabrina é irmã de um amigo de infância meu, “Adoro Ira!, Camisa de Vênus, Engenheiros do
de Posse, mas a gente não se conhecia. Ela Havaí.”
havia morado um tempo no Rio Grande do Sul.
Naquela festa, nos encontramos e começamos O candidato tucano recorda-se com mais
a namorar.” Dessa união, nasceu José Netto, vivacidade, porém, de um disco emblemático.
hoje com 15 anos. O governador tem outro “Uma vez, ganhei o LP Thriller, do Michael
filho, Fernando, que tem 19 anos, fruto de um Jackson. Para nós, lá em Posse, era um
relacionamento que teve antes de conhecer a acontecimento, uma novidade total, mesmo
atual esposa. que o disco tivesse sido lançado dois anos antes.
Esse disco tocou demais, em todas as festas, até
O casamento entre José Eliton e Fabrina foi estragar.” E o mais surpreendente vem agora…
realizado em setembro de 1999 e selou a união “Sim, eu tentava imitar o Michael Jackson no seu
de duas pessoas com vivências, até certo passo MoonWalk. Todo mundo da minha idade
ponto, semelhantes. Ela também é formada tentava. É claro que quase ninguém conseguia.”
em Direito e seu pai, assim como ocorria na Não se pode criticar o governador por não ter
família do marido, não ficava em um mesmo todo esse talento coreográfico.
lugar por muito tempo em razão do trabalho.
Representante comercial de máquinas Muito formal na maior parte do tempo, José
agrícolas, Ivo Müller chegou a Posse quando a Eliton abre um largo sorriso quando se lembra
filha era adolescente. Natural de Patos de Minas, desses momentos da juventude, quando não podia
Fabrina mudou-se para Goiânia para cursar o imaginar que governaria o Estado, um dia. “Isso
ensino superior. nunca passou pela minha cabeça”, confirma. Na
verdade, quando pensou em uma profissão, de
FÃ DE ROCK início outra paixão o levou por caminho distinto. “Eu
E HISTÓRIA cheguei a cursar História, mas, apesar de todo meu
interesse pela área, que conservo até hoje, acabei
Conseguir ouvir as bandas nacionais de rock desistindo diante das dificuldades da profissão.” O
que marcaram época nos anos 1980 não era gosto por este campo de conhecimento permanece
uma tarefa fácil para o adolescente José Eliton. nas leituras que ainda faz.
“Rapaz, Posse não tinha nem estação de rádio
naquele tempo. Quando alguém vinha a Goiânia, “Dia desses estava no
levava para lá aqueles discos de vinil e a gente
carro e ouvi uma música
os ouvia e tocava nas festas até arranharem.”
Ainda hoje, o governador é fã do estilo. “Dia da Legião Urbana. Que
desses estava no carro e ouvi uma música da
Legião Urbana. Que coisa fantástica, atual.”
coisa fantástica, atual.”
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“Gosto muito de História Antiga. É minha parte informatizaram tudo e o barulho parou. Ele
preferida. Com isso, também tive contato com diz que acha que o fantasma não sabia usar o
os clássicos, como Odisseia, de Homero. Mas computador”, diverte-se. Não tem medo não,
também aprecio outros autores, como Balzac governador? “Eu não!” Talvez a racionalidade
e Zola. Deste último, sobretudo, Germinal. do Direito, tão calcado no tangível, o proteja de
Na verdade, comecei a ler com uma coleção tais medos.
do Monteiro Lobato. Minha mãe sempre nos
incentivou a ler.” Os livros não reinam soberanos FICHA
entre suas preferências, porém. “Adoro cinema,
filmes de ficção científica e a trilogia O Poderoso Cidade natal: Rio Verde (mas criado em
Chefão. Ela nos traz muitas mensagens sobre a Posse)
sociedade em que vivemos”, divaga. Idade: 46 anos
Livros: Clássicos e Germinal, de Émile Zola
INQUILINO DA CASA Filme: Ficção científica e O Poderoso Chefão
VERDE Música: Rock Anos 80
Prato: Churrasco e massas
“Ser governador não é um fardo. Ouço as pessoas Times do coração: Vila Nova
dizendo isso e não concordo. Na verdade, as
dificuldades são inerentes à função. Estamos
aqui para isso. O que mais me fascina é poder
ter contato com as mais diferentes realidades,
conversar e conviver com pessoas das mais
variadas naturezas. A gente aprende muito com
isso”, diz o candidato à reeleição José Eliton. O
seu gabinete tem quase exatamente a mesma
aparência de quando era ocupado por seu
antecessor e padrinho político, Marconi Perillo.
E torce para que continue assim.
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HISTÓRIA 3
DANIEL
VILELA
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me acostumei, mas depois vejo que não. Mas eu juntos, combinam entre eles.” Primeiro o
compreendo que é preciso, em nome dos objetivos futebol, depois a política… Maguito sabe como
que ele tem.” conquistar seus descendentes, não é mesmo,
Daniel? “E nem podem dizer que eu (não???)
Os dois concordam que é importante afastar sabia onde eu estava me metendo”, brinca Iara.
as crianças dos problemas e ataques que todo “O Daniel entrou na política depois que a gente
embate eleitoral traz para o cotidiano dos se conheceu”, informa a esposa. Agora, ela
candidatos. “A minha mãe conseguiu fazer isso também entrou.
comigo e com minha irmã”, garante Daniel,
referindo-se à ex-primeira-dama Sandra CASOS DE FAMÍLIA
Vilela. E ele sabe melhor do que ninguém que
esse cuidado é necessário. “Meus filhos não “E eu fico indignada com determinadas
precisam estar expostos a isso. Não que eles questões da política, com ataques. As pessoas
não saibam das minhas atividades e que a gente querem imprimir ao Daniel características que
não converse com eles sobre o que faço, mas são as de quem está atacando. Acho que sou
não quero que sejam envolvidos em disputas até mais sensível quanto a isso que ele.” Iara
eleitorais de forma alguma.” Alves, mulher de Daniel Vilela, convive com
esse ambiente há uma década e ainda não se
Logo após a votação da Reforma Trabalhista, habitou. Mas tem trabalhado nisso, sobretudo
outdoors foram espalhados por Goiânia com quando leva em conta a possibilidade de o
o rosto dos deputados goianos que aprovaram marido tornar-se governador. “Tenho projetos
o projeto e severas críticas a todos eles. Um na área social que vou tentar implementar, se
desses cartazes estava no caminho que Iara tiver a oportunidade”, anuncia.
sempre faz com os filhos para casa. “O Frederico
viu e comentou: ‘olha, é a foto do papai’. Ele não Ela já planeja visitar alguns locais de referência,
entendeu o contexto, mas já faz comentários atrás de modelos de assistência social, e
sobre o trabalho do pai. Dias desses, ele pegou afirma que vai focar na profissionalização das
um vídeo que eu estava vendo que explicava mulheres, para que elas possam sustentar a si e
o funcionamento da democracia e pediu para às suas famílias. “Precisamos socorrer os mais
voltar, mostrando qual o novo lugar que o pai necessitados e dar a eles a chance de encontrar
ocupará se ganhar a eleição”, conta Iara. caminhos próprios.” Daniel Vilela observa
atento a esposa explicar suas ideias e confirma
Daniel ouve o relato do episódio e prefere
não pensar agora na possibilidade de mais “Foi a melhor coisa
um futuro político na família estar nascendo.
que ele fez para nós,
“Não fala isso, não”, pede ele. “Ele é muito
grudado com meu pai. Gostam de ir ao estádio seus filhos”
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que ela cuidará dessa parte em seu governo, beleza, deputado? “Não, as pessoas falam para
como sua mãe, Sandra, se incumbiu nos seus as outras, mas não falam para mim. Não tem
tempos de primeira-dama. Uma rotina que Iara isso não, não me preocupo com essa questão
sabe que será pesada e exigirá mais adaptações estética”, despista. Iara confirma que vez ou
no âmbito familiar. outra precisa lançar olhares mais fortes para
eleitoras, digamos, mais empolgadas, ou menos
Daniel tem experiência no assunto. Quando foi avisadas. É melhor não suspirar pelo candidato
governador, seu pai, Maguito Vilela, preferiu não do MDB.
misturar tanto assim as estações. Uma de suas
decisões foi não se mudar para o Palácio das UM PÃO COM OVO, POR
Esmeraldas, residência oficial dos ocupantes FAVOR
do cargo. “Foi a melhor coisa que ele fez para
nós, seus filhos”, elogia Daniel. “Aquilo não é Espaço. É disso que Daniel Vilela precisa, é isso
ambiente para crianças. É tudo muito impessoal, o que ele sempre procura. Na política também,
não há amigos próximos para brincar, vizinhos mas sobretudo na vida cotidiana. “Eu gostaria
com quem possam interagir. Se eu for eleito, mesmo é de morar em uma chácara. Adoro
farei a mesma coisa”, antecipa. “Quero dar a estar no meio do verde.” A confortável casa em
vida mais normal possível para meus filhos.” um condomínio fechado de Goiânia, mesmo
Daniel, em sua infância e adolescência, até pelo com sua arquitetura arrojada e sua decoração
envolvimento que tinha com o esporte, não caprichada, está sendo posta à venda. Nem
sentiu o peso que o cargo do pai representava. mesmo a piscina ao fundo e um pequeno
“A gente contava com um motorista, que era recanto dedicado à natureza convenceram o
também segurança, que nos levava para os casal a permanecer ali. “Eu morava em outro
lugares. Só isso. Nada mais. Num determinado condomínio que era mais amplo, as crianças
momento, ele determinou que a família podiam se integrar mais. Quero voltar para lá.”
almoçasse junta no Palácio, mas aí os horários
dele nunca batiam e isso nos atrasava ou nos Daniel pauta suas escolhas pessoais em relação
fazia ficar esperando demais até ele desocupar. à família pela qualidade de vida que elas
Daí a gente deixou de fazer isso.” Daniel recorda- podem oferecer ao casal e aos filhos. Também
se de ter dormido três vezes no Palácio durante
todo o mandato do pai.
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HISTÓRIA 4
KÁTIA
MARIA
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Kátia Maria, candidata ao Governo de Goiás Dona Zenaide foi uma das fundadoras e primeira
pelo Partido dos Trabalhadores (PT). “Minha presidente de uma associação de mulheres em
mãe era merendeira de uma escola pública Senador Canedo que lutava por mais direitos
em Senador Canedo e desde muito cedo na educação. “Essa escola, que fica aqui no
eu tive contato com esse ambiente. Eu me bairro, só saiu porque a gente lutou por ela”,
transformei, ainda muito nova, na secretária relata a mãe de Kátia. Um exemplo que serviu de
de todas as professoras da escola. Minha inspiração para que a filha ingressasse nas lutas
vocação foi despertada assim.” sociais, primeiro no Sindicato dos Trabalhadores
da Educação de Senador Canedo e depois
Aos 42 anos de idade, a pedagoga que já na militância do Partido dos Trabalhadores,
trabalhou em diversas escolas atuando no onde ocupou funções relacionadas a políticas
ensino fundamental, na segunda fase e públicas para mulheres, entre outras.
na alfabetização de jovens e adultos está
estreando em uma campanha política como A casa onde mora mãe, filha e neta tem muito
candidata. E logo, a um cargo majoritário. desse espírito de comunhão. Incontáveis
Tudo é novidade e ela encara essa situação mensageiros de vento quebram o silêncio e
empregando a experiência adquirida em sala quadros pintados por Zezé, uma vizinha com
de aula. “A vida das pessoas, a realidade dos deficiência auditiva que está sempre por ali,
alunos sempre me interessou. É uma grande
troca de saberes, de aprendizados. Eu tenho
“Faço yoga há cinco
tentado levar isso para a campanha, ouvindo anos pelo menos duas
as pessoas, aprendendo com elas.”
vezes por semana.
Dona Zenaide é uma referência constante.
Isso faz uma grande
Em cada história que conta, lá está a
mãe. E lá também está a filha Carol, 24 diferença em nossa
anos, publicitária formada e professora
de yoga, que tem acompanhado Kátia em vida.”
todos os eventos, organizando sua agenda
e administrando um tempo escasso para
tantos compromissos. “Ela já é quase uma
raizeira”, brinca a candidata, falando do
interesse da filha pelos benefícios que as
plantas oferecem. “Sinta o cheiro disso”,
oferece Carol, com um pouco de orégano nas
mãos, retirado diretamente da eclética horta
da avó.
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que podem até parecer um tanto utópicas. Será? à sua residência em Senador Canedo. Nenhuma
“Tenho muitos amigos no Facebook que se barbeiragem, justiça seja feita. Em um dos viadutos
alfabetizaram já bem tarde. E os vejo até chegar da BR-153, um motorista mais apressado passa
a pós-graduações. Daí eu penso: que bom que rapidamente, cantando pneu ao lado do veículo
deu tempo. Eu sou uma otimista.” de Kátia. “Nossa, que nervoso ele”, comenta.
TEMPERO DE FAMÍLIA
A cozinha da casa de Kátia Maria é o maior cômodo
da residência. E isso tem um motivo muito forte.
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HISTÓRIA 5
MARCELO
LIRA
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“Eu tenho procurado motivos que vão além das aparências mais
imediatas. “Vivemos uma sociedade doentia.
debater ideias e No Brasil, isso fica evidente quando temos 60
mil homicídios, milhares de suicídios por ano,
mostrar que há uma epidemia de depressão. As coisas não
alternativas possíveis podem estar no caminho certo. Temos que
pensar em uma alternativa, na possibilidade
ao poder meramente de novos modelos.”
econômico”
Candidato de um partido comunista, ele
muito bem aqui. As pessoas em Goiás têm um reconhece que experiências socialistas deram
contato pessoal mais próximo, de acolhimento errado no século passado, mas que esses
a quem vem de fora. Isso é bom porque você fracassos não devem impedir novas tentativas
se integra logo, mas também precisa abrir mão e até a correção de erros cometidos. “Minha
de um pouco de sua privacidade. O que eu mais contribuição, nesta eleição e para além dela, é
estranhei, na verdade, foi o calor”, admite. mostrar que precisamos continuar debatendo
isso. Não podemos achar que não tem jeito.” Ao
Há outra coisa, porém, que lhe tem causado perceber o avanço de radicalismos, ele reconhece
certa estranheza. “Nunca fui candidato a nada que se vê diante de uma série de sentimentos.
e percebo que uma campanha política tem “Quando vejo alguém com um discurso de ódio,
muita espetacularização. As pessoas trabalham tenho medo, susto e curiosidade. Por que essa
muito a imagem que vão apresentar ao público pessoa é assim?”
e falta sinceridade nesse processo. Isso, em
grande medida, é deseducador e estimula Em sua visão, o comunismo foi estigmatizado.
um sentimento egocêntrico muito forte para “Demonizaram o comunismo. Isso cria
os candidatos”, critica. “Eu tenho procurado um temor no inconsciente coletivo que é
debater ideias e mostrar que há alternativas complicado reverter. As pessoas desconhecem
possíveis ao poder meramente econômico”, que o comunismo deu valiosas contribuições
acrescenta, sem disfarçar certa timidez. De para a humanidade, na conquista de
fato, confirma, Marcelo Lira não é afeito a estar direitos, na cultura, na arte.” Alguma
sob holofotes. crença, candidato? “Acredito nas pessoas,
na humanidade.” Ele é ateu, mas é filho de
Com graduação em Ciências Sociais e uma mãe católica praticante. “Quando ela
Filosofia, Mestrado e Doutorado em Ciências vem me visitar, eu a levo para assistir missa
Sociais e pós-doutorado em História, Marcelo em Trindade. Eu assisto a missa junto com
busca uma visão mais ampla dos problemas ela. Não tenho problema algum com a fé
que debate, tentando encontrar razões e de ninguém.”
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Com 3 irmãos enfermeiros, Marcelo, o único a onde morou, apesar de ele não ter essa marca
enveredar pelo campo das ciências humanas, em sua fala. Marcelo nasceu em Osasco, quase
anda em dúvidas se lhes dá um sobrinho ou não. na divisa com a capital paulista, e não possui o
“Sempre resisti à ideia de ter um filho. Como diz jeito interiorano de falar.
Machado de Assis, não queria ‘legar a miséria
deste mundo’ a ninguém. Mas acho que estou Com sua formação em Ciências Sociais, ele
mudando de ideia.” Por enquanto, se ocupa de consegue reconhecer e valorizar essas marcas
um casal de cachorros da raça Chow-Chow e culturais de identidade que unem as duas regiões.
de muitas, muitas plantas. Ao todo, no quintal “O grande mestre Antônio Cândido tem um livro,
de sua casa, são 14 vasos. “Tem uma praça aqui Os Parceiros do Rio Bonito, em que trata dessa
na frente de casa onde eu e alguns vizinhos já questão, mostrando o que une São Paulo, parte
plantamos várias árvores.” de Minas, norte do Paraná, Goiás, Mato Grosso.
É a cultura caipira, que não tem um significado
FAMÍLIA E HÁBITOS pejorativo, muito pelo contrário. Ele elogia esse
imaginário.” Marcelo vai pelo mesmo caminho e
Fala mansa e jeito despojado, Marcelo Lira revela gosta de se aprofundar em novas experiências, em
que sua família não é muito entusiasta desse novo novos lugares.
papel que acaba de assumir. “Eles não gostam
muito. Diria que é uma família neutra, nem “Desde que cheguei, tenho visitado várias
alinhada com a direita, nem com a esquerda.” Em partes de Goiás, para conhecer mesmo. Além
Goiás, o candidato do PCB conta apenas com a dos roteiros mais básicos, como Pirenópolis e
companhia da namorada Cássia, estudante de Cidade de Goiás, eu fui à Chapada dos Veadeiros
Biologia. Eles compartilham uma rotina tranquila e recentemente estive em Terra Ronca, nas
e caseira, já que Marcelo gosta de receber cavernas. Muito interessante lá”, elogia.
amigos e preparar pratos para curtir com os mais Passeios que faz de carro ou de moto. “Eu, na
chegados. “Eu gosto de cozinhar. Moro sozinho há verdade, gosto mesmo é de bicicleta. Em São
muito tempo. Tive que aprender.” Paulo, eu andava muito. Aqui em Goiânia é mais
complicado. Eu iria para o trabalho de bike, mas
Em Goiás, ele se surpreendeu pela onipresença acho perigoso por conta do trânsito e pela falta
de determinado ingrediente em nossa culinária. de estrutura para o ciclista.”
“Não sabia que o pequi ia em tantos pratos.”
O fruto do Cerrado não era uma novidade “Eu gosto de cozinhar.
para Marcelo quando ele chegou aqui. “Eu já
conhecia. No interior de São Paulo também
Moro sozinho há
tem e minha mãe preparava, mas não era tanto
muito tempo. Tive que
assim”, compara. O sotaque com o “r” puxado
também lhe era familiar do interior paulista, aprender.”
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HISTÓRIA 6
WESLEI
GARCIA
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forma física, eu gosto de comer. Chegar a essa Fã do ator norte-americano Denzel Washington,
forma que eu tenho não é algo fácil, não”, os gostos cinematográficos de Weslei Garcia vão
provoca o candidato com sobrepeso. “Eu como do biográfico O Jovem Karl Marx ao comovente A
de tudo. Deve haver alguma coisa que eu não Vida É Bela, de Roberto Benigni. “A forma como
gosto de comer, mas se existe, eu não conheço. o personagem principal protege seu filho dos
Adoro massa e sou carnívoro e isso tem me horrores do fascismo, mesmo já em um campo
causado problemas com a ala de defesa dos de concentração, é muito linda”, comenta.
animais do partido”, brinca. Sorriso sempre estampado no rosto, o candidato
do PSOL leva na brincadeira as provocações de
Outra curiosidade é que Weslei, mesmo com sua seus correligionários. “Você veja, vou ter que
ideologia bem à esquerda, é um cristão devoto. levar esse pessoal para o comitê de ética do
“Faço parte da Igreja Vida de Excelência, uma partido.” Principalmente os vascaínos, não é,
denominação cristã renovada. Pode parecer rubro-negro?
contraditório que eu esteja em um partido de
esquerda e seja cristão evangélico, mas na FICHA
verdade não é”, argumenta. “A igreja também Cidade natal: Taguatinga (DF)
pode ser um instrumento de transformação Idade: 35 anos
da sociedade por meio do povo. Jesus era um Livros: O Poema Pedagógico (Anton
transformador junto ao povo”. O candidato Makarenko)
mostra-se, porém, ecumênico. “Também admiro Filme: A Vida é Bela
muito Madre Tereza de Calcutá e Mahatma Prato: Massas e carnes
Gandhi pelos exemplos que foram.” Times do coração: Flamengo, claro!
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CONCLUSÃO
A entrevista é a alma do jornalismo. E é por
isso que o repórter do POPULAR, Rogério
Borges, abraçou a pauta e foi atrás das fon-
tes para descobrir a vida por trás da política
de Ronaldo Caiado, José Eliton, Daniel Vilela,
Kátia Maria, Marcelo Lira e Wesley Garcia, os
seis candidatos ao Governo de Goiás no ano
de 2018.
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SOBRE
ROGÉRIO
BORGES
Jornalista graduado em Comunicação
Social com habilitação em Jornalismo pela
Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia
da Universidade Federal de Goiás (UFG)
(1998), instituição pela qual também é
mestre em Estudos Literários e Linguística
pela Faculdade de Letras. É Doutor em
Comunicação e Sociedade pelo Programa de
Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação
da Universidade de Brasília (FAC-UnB) (2011)
com tese sobre Jornalismo Literário. Trabalha
há 20 anos como repórter, sobretudo na
área cultural, com ênfase da cobertura de
literatura. Atua ainda como professor em
cursos de Jornalismo, lecionando atualmente
na Pontifícia Universidade Católica de Goiás
(PUC Goiás). É autor dos livros Caminhos da
Reportagem: O Jornalismo e seus Bastidores,
com os colegas Deire Assis e Vinicius Sassine,
e Jornalismo Literário: Teoria e Análise.
É um dos fundadores e atual editor-executivo
do site Ermira Cultura (ermiracultura.com.br),
especializado em Jornalismo Cultural.
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