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2 IRIS 1933 - 2021

Ao estrear na política, Iris Rezende se entrincheirou ao lado do ludoviquismo, que tomara


para si a bandeira do progresso por meio de investimentos em grandes obras públicas

A política sem Iris Rezende


CILEIDE ALVES

A
prendemos nas aulas de ciências humanas que a história se conta em ciclos,
por meio de parâmetros temporais que ajudam a compreendê-la. A morte de
Iris Rezende Machado, aos 87 anos de idade, no dia 9 de novembro de 2021,
depois de mais de 90 dias de internação hospitalar, encerra um ciclo político no
Estado. Para melhor entender esse processo faz-se necessário um pequeno retorno ao
passado.
Iris iniciou sua carreira no final da década de 50, quando se iniciava o grande fluxo
migratório da zona rural para as cidades brasileiras. Como boa parte da população
que vivia em Goiânia naqueles anos, ele e sua família migraram atrás de educação
e melhores condições de vida. Aquela década, em especial depois do golpe de 1964,
completava a era pós-Revolução de 1930.
As construções de Goiânia, a partir de 1933, e de Brasília em marcha naqueles
anos, criaram as bases socioeconômicas em Goiás para um passo adiante, a busca da
tão almejada “modernidade” ou o “progresso econômico”, pois Goiás ainda estava
com os pés fincados na economia de subsistência. As novas capitais abriram um
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caminho para o futuro naqueles barulhentos anos 60, mas as barreiras para seguir
adiante continuavam gigantescas. Apesar de ser quase balzaquiana, Goiânia era uma
grande obra inacabada.
A cidade crescia mais que os planos de seus idealizadores, com destaque para
Pedro Ludovico Teixeira, e não oferecia a infraestrutura para quem nela escolheu
viver. Como já dissera Monteiro Lobato em sua passagem pela cidade anos antes,
por aqui de dia faltava água e de noite faltava luz. Iris Rezende estreou na política em
meio a essa realidade e se entrincheirou ao lado do ludoviquismo que tomara para si
a bandeira do progresso por meio de investimentos em grandes obras públicas.
Em uma entrevista que me concedeu em outubro de 2020, quando comemorou o
último aniversário de Goiânia como seu prefeito, Iris me disse que de todas as suas
administrações, incluindo as de governador, a de maior destaque foi o primeiro mandato
de prefeito (1966/1969). “Foi o que mais me marcou e tenho na memória os mínimos
detalhes. E por quê? Eu assumi a prefeitura numa situação inexplicável, a cidade
estava entregue ao lixo e à inércia”. Ali foi seu primeiro laboratório administrativo,
onde criou seu modelo de gestão com controle absoluto das contas (ninguém tem
autorização para fazer gastos sem seu conhecimento), incremento das receitas públicas,
inclusive aumento de impostos, corte de despesas e formação de uma poupança para
investimentos em obras públicas, com o tempero de seu carisma político.

Iris com Tancredo Neves, em Aragarças, em 1984


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Esse modelo dialogou com as necessidades


“Eu vivi praticamente até os
da capital e aproximou Iris de seus eleitores,
15 anos de idade na roça, de
a ponto de ele tornar-se o nome mais viável
forma que tudo o que você possa
para disputar o governo na eleição de 1970,
imaginar de serviço grosseiro de
posteriormente cancelada pelo governo
roça eu sei fazer”
militar. Sem eleições diretas e com Iris já com
IRIS REZENDE
seu mandato cassado, o encontro entre seu
modo de administrar e o governo estadual foi
adiado para 1982, quando ele se elegeu governador na volta da eleição direta.
Iris replicou esse modelo em seus dois governos (1983 a 1987 e 1991 a 1994) e nas
três vezes em que esteve novamente à frente da prefeitura de Goiânia (entre 2005
e 2010 e de 2017 a 2020), porque atendia ao anseio da população pelo progresso
que chegava por meios de ruas e rodovias pavimentadas, por linhas de transmissão
de energia elétrica, pelos canos que levam água tratada às moradias e por prédios
públicos. A derrota para Marconi Perillo, em 1998, representou a abertura de um
novo ciclo em Goiás, do qual Iris parecia não ter conseguido se incluir, e coincide
com a entrada do Estado na economia globalizada, quando já requeria mais do que
investimentos em grandes obras públicas.
A eleição de 2018, com a vitória da não-política, representada pelo presidente Jair
Bolsonaro, desorganizou os ciclos histórico e econômico em todo o país, incluindo
Goiás. A derrota de Marconi depois de 20 anos de hegemonia política, a vitória de
Ronaldo Caiado para o governo – que tem os dois pés no grupo derrotado pelo
ludoviquismo do qual Iris fez parte –, e as mortes dele ontem e de Maguito Vilela há
dez meses abrem um espaço raro, o mesmo que Iris começou a ocupar a partir de seu
primeiro mandato de prefeito, há 55 anos.
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Em 16 de agosto de 1979, Iris, o senador Henrique Santillo e seu filho, o ex-


governador Mauro Borges, despontaram no velório de Pedro Ludovico Teixeira,
ocorrido no saguão da Assembleia Legislativa, como os nomes mais prováveis para
assumir o bastão do velho cacique político. Três anos depois, Iris ocupou o Palácio
das Esmeraldas como herdeiro do espólio político-partidário do ludoviquismo.
Em seu velório ontem no Palácio das Esmeraldas o prefeito de Aparecida de
Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), e o presidente regional do MDB, Daniel
Vilela, se apresentavam como candidatos a herdeiros de Iris. Os dois se olharam de
longe, pois nem mais se falam, e se mantêm focados em seus projetos. O primeiro
tenta se viabilizar como alternativa da oposição ao governador Caiado e o segundo
trata as feridas profundas que sua escolha para ser o candidato a vice-governador
provocou na base governista.
Entre eles segue Caiado, determinado a construir uma aliança que parecia

impossível quando Iris decidiu se unir a Pedro Ludovico Teixeira. Próximo do caixão
P
de Iris, o governador me confidenciou que seu desejo é unir UDN e PSD em um
t
novo arranjo político no Estado. E com as bênçãos de Iris, que, segundo conta, o
é
ajudou a selar a parceria com o MDB. O ciclo de Iris se encerrou e o novo ciclo ainda
p
é um projeto em construção, traçado por todas as mãos que fazem a política goiana,
incluindo as forças políticas que, por motivos óbvios, não estavam presentes ontem
no salão Dona Gercina, no Palácio das Esmeraldas. Tudo isso em uma nova fase
histórica, o período pós-industrial surgido com a tecnologia da informação.
Uma constatação já é possível perceber: falta no cenário atual alguém com sua
intuição e seu carisma políticos.

Cileide Alves é autora da biografia


Iris Rezende – De líder estudantil a governador

Iris com Juscelino Kubitschek e Ulisses Guimarães


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Próximo do povo, centralizador


e tocador de obras
Líder regional atento às demandas da população de
baixa renda, a qual envolveu em mutirões, mas também
criticado como “cacique” que barrava caminho a outros
líderes, destacam analistas
KARLA JAIME

Q
uais traços e ações mais marcantes na trajetória de Iris Rezende Machado
ajudam a definir sua importância como liderança política em Goiás e no
Brasil? Dois cientistas políticos, Itami Campos, doutor em Ciência Política
pela USP, professor titular da UFG, aposentado, e Pedro Célio Alves Borges,
sociólogo, professor aposentado na FCS/UFG, fazem, a pedido do POPULAR, um
resumo dessa história. Eles falam da atuação e qualidades que levaram o governador
em dois mandatos, prefeito de Goiânia em quatro oportunidades, senador e
ministro de Estado em dois governos diferentes a despedir-se da política cercado de
homenagens e reconhecimento. Também comentam críticas feitas por ex-aliados,
adversários e mesmo inimigos, que o consideravam populista, coronel, cacique,
acusando-o de barrar outros líderes, até em seu próprio partido, o MDB, ao qual
permaneceu fiel ao longo de quase toda sua carreira política.

Qualidades e ações como líder


ITAMI CAMPOS – Destaca-se a forma como se relacionava com pessoas simples,
do povo, carroceiros e outros segmentos populares. Embora político conservador,
procurava atender às demandas da população de baixa renda. Os mutirões foram uma
estratégia utilizada de fazer política, como forma de fazer a população participar, de se
envolver com o setor em que residia, de procurar melhorar a condição do setor/bairro.
Muitos mutirões e em diferentes setores foram realizados e um deles resultou em um
bairro residencial, a Vila Redenção, em 1963, a partir de construção de casas populares,
com ruas abertas, tornando-se, posteriormente, bairro bem estruturado. Essas atividades
desenvolvidas como prefeito em Goiânia, retomando posteriormente como governador,
procurando fazer “vilas populares” em diferentes cidades do Estado de Goiás. Assim
surge a Vila Mutirão, em 1983, com mil casas construídas e em região pobre que faz
surgir outros locais de residência popular. Destaque-se que também setores nobres da
cidade mereceram sempre atenção, com muitas obras, viadutos, praças, asfaltos. A sua
vinculação com obras e empresas de construção marcam os diferentes momentos de
gestão administrativa, prefeitura e governo.
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Iris Rezende em obra da Vila Mutirão, construída em 1983:


mil casas levantadas em regime de mutirão em um dia

PEDRO CÉLIO - Iris Rezende se dedicou com intensidade à política. Desde o início
da carreira, fez da luta pelo poder a prioridade na ocupação de seu tempo. Dormia
pouco, levantava muito cedo para obter mais rendimentos em conversas, reuniões,
negociações e elaboração de estratégias para as disputas nas quais se lançava.
Além disso, desenvolveu cedo uma habilidade incomum para fugir de posições
conceitualmente extremas. Essa foi sua marca na época da ditadura, quando ele
conviveu muito bem com os militares, mesmo sendo da oposição. Era hábil para
articular e conciliar interesses divergentes. Outra qualidade política de Iris esteve na
acuidade para conduzir a administração pública, em geral nos momentos de recursos
escassos. Em várias ocasiões ele mostrou competência para efetuar obras marcantes
com pouca disponibilidade orçamentária e sob a vigilância ferrenha dos órgãos de
controle. Nesse plano, poucos alcançaram o êxito que ele obteve.

Semelhanças com outros líderes


ITAMI CAMPOS - Cito Pedro Ludovico. Ele, Iris, inicialmente filiado ao PTB, elege-
se vereador (1958) em Goiânia; depois, filia-se ao PSD e torna-se aliado de Pedro
Ludovico. Deputado estadual (1963-1967) foi líder do governador Mauro Borges
(1962-1965), filho de Pedro Ludovico. Depois, deputado estadual e presidente da
Alego, levou à votação o ato de intervenção federal em Goiás (novembro/1965),
também a eleição do interventor federal. Com o bipartidarismo, no Regime Militar
(1964-1985), filia-se ao MDB. Consta ter sido convidado por militares a filiar-se à
Arena, não atendeu. Com a redemocratização, tornou-se o principal político regional
do MDB/PMDB. Deixou marcas de sua atuação, especialmente em Goiânia.
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PEDRO CÉLIO – Em relação a líderes “nacionais”, eu acho que não. É no


plano regional que Iris faz-se um político proeminente e dominante, exceto em
momentos localizados e de pouca duração, como no intervalo de 1983 a 1985 (da
democratização, das “Diretas já!”), em que ele adquire projeção para além das
fronteiras estaduais. Mesmo quando foi titular dos ministérios da Agricultura e da
Justiça, o seu protagonismo nacional ficou limitado. Durante um bom tempo eu
adotei a “hipótese da síndrome de periferia” para tentar entender essa dificuldade de
Iris. Trata-se de um determinismo que tem matriz na frágil importância regional de
Goiás (e seus representantes), pois o Estado sofre o peso de entrar com parcos 3%
nos parâmetros mais decisivos em questões nacionais: participação no PIB nacional;
no eleitorado do país; na representação na Câmara dos Deputados etc. Devo dizer
que hoje eu vejo vários exemplos que não me deixam mais advogar a tal síndrome
de periferia. Veja que Petrônio Portela era do Piauí e Teotônio Vilela de Alagoas.
Olhando 2021, Randolfe Rodrigues, Simone Tebet, Omar Aziz e Renan Calheiros
são do Amapá, Mato Grosso, Amazonas e Alagoas, respectivamente. Quer dizer,
há políticos que conseguem furar o bloqueio de serem oriundos de bases pouco
expressivas por meio de outros atributos, e tornarem-se relevantes em polêmicas
fundamentais ao país, por longos períodos. Isso é, são políticos que, além de manter
controles de máquinas eleitorais locais, são também formuladores políticos perante a
opinião pública e as demais forças.
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“Mesmo tendendo
ao liberalismo e ao
conservadorismo,
sempre se apresentou
como um político
popular, caminhando
para o populista na sua
forma de fazer política
ou, pelo menos, no seu
discurso político”
ITAMI CAMPOS,
cientista político
Em 1986, Iris em solenidade como ministro da
agricultura do governo José Sarney

Antes e depois da ditadura militar


ITAMI CAMPOS - Na ditadura militar, prefeito (1966-1969), sucedendo ao
udenista Hélio de Brito, mudou a cidade. Reformou a prefeitura, construindo um
prédio simples que abrigava todas as secretarias e economizava gastos com alugueis;
fez operação de recuperação de asfaltos, tapa-buracos; mutirões para melhorar a
condição de moradia na periferia da cidade; ganhou projeção no Estado e também
nacional. Foi cassado pelo AI-5 em 17 de outubro de 1969. Governador, mantém a
administração voltada à construção de estrada, construção de casas populares, de
certo modo, atendendo às demandas populares. Mantém-se popular, populista.
PEDRO CÉLIO - Separar o período da ditadura do pós-ditadura pode ser um
critério interessante para qualificar a evolução política de Iris. Eu nunca enquadrei
dessa maneira. Só acho que do ponto de vista de uma periodização, cabe inserir o
ano de 1998, pela grande inflexão provocada em sua carreira pela inesperada derrota
para Marconi Perillo. Mas, para Iris, o período do regime militar pode corresponder
ao “tempo da lembrança”, que assenta as origens da formação mítica, especialmente
porque durante dez anos anteriores à anistia de 1979, a imagem de Iris foi a de
vítima do arbítrio, do jovem líder injustamente excluído da vida pública, do qual
só se ouviam relatos de dor e sofrimento na luta pela sobrevivência. Aí se criou
a narrativa do herói que voltaria para vencer e a opressão e reparar as injustiças.
Depois, o retorno à política preenche o “tempo da presença”, com as lutas pelo fim
da ditadura ao vencer com votação impressionante as eleições de 1982, montar
os maiores palanques por eleições diretas e eleger Tancredo Neves. Finalmente, o
“tempo de realização do mito” veio com a reconstrução democrática a partir das
eleições constituintes de 1988, em que Iris consolida o comando da política regional,
agregando outras marcas legendárias como ministro e como governador.
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Homenagens
ITAMI CAMPOS - Sua atuação e carreira tornaram-no um político diferente, popular,
atuante. Ele sempre se apresentava como líder de massa e com vínculo com o povo.
PEDRO CÉLIO - Vou arriscar três elementos fortes na trajetória de Iris. Primeiro a
constância. Se tirarmos o período de afastamento devido à cassação, a ação de Iris esteve
presente nas principais instâncias institucionais de Goiás, de maneira direta como governo
ou como referência de oposição. De maneira indireta em vários municípios das diferentes
sub-regiões. Em segundo lugar, a tipificação histórica de suas gestões, em que sobressai
a instalação de infraestrutura no Estado. É uma história que só pode ser contada com
lisura, se estiverem registrados os números de expansão das estradas asfaltadas e da rede
hidrelétrica no território goiano. Em terceiro, o estilo centralizador que Iris manteve em
sua atuação, tanto no governo, como no partido. Daí se originou a coleção de adversários
de Iris, que cresceu em paralelo com o crescimento de sua base fiel.

Críticas de adversários
ITAMI CAMPOS - Recebeu críticas por pouco investir em educação, em saúde
pública, em cultura. Também foi criticado por fechar espaços a políticos e lideranças
que se destacavam, especialmente filiados ao PMDB, veja-se o ‘caso Henrique
Santillo’, senador, desfilia-se do PMDB, filia-se temporariamente ao PT, retorna
ao PMDB, após acordo regional. Também houve críticas de formação “panelinha
política” (Marconi Perillo, na campanha de 1998).
PEDRO CÉLIO - É necessário distinguir as críticas a Iris. Vejo aí um bom campo
de pesquisas e tematizações. Há registros à direita e à esquerda com conteúdos
totalmente diferentes. E há as acusações de ex-aliados, postados no mesmo campo (e
estilo) ideológico-institucional de Iris. Pela esquerda, a grande reclamação define Iris
como adversário dos movimentos sociais, avesso às suas demandas de autonomia
e respeito a conquistas das categorias profissionais e ações coletivas. Tenho comigo
que essa crítica procede em boa medida, podendo ser confirmada nas vezes em que
Iris nega-se a negociar com sindicatos e movimentos por moradia e terra em Goiás.
Por muitas vezes ele acaba acusado de agir como coronel, cacique e que só sabe se
relacionar com demandas coletivas se exercer a cooptação. Pela direita, criou-se
a “má-fama” de ser um político populista, que inclusive justificou a cassação em
1969. Para estes ele seria tendente a desorganizar as finanças públicas, a não honrar
compromissos, a esmerar o culto à personalidade. Misturadas a estes dois grupos
de crítica vieram os reptos de efeitos mais contundentes a Iris, desferidos por seus
próprios parceiros transformados em desafetos. O de Iris ser ultracentralizador,
autoritário na essência de suas concepções, narcisista, intolerante diante de
discordâncias. De fato, podemos elencar com facilidade defecções fundamentais, no
apoio a Iris, de lideranças marcantes, desde 1982: Mauro Borges e Derval de Paiva,
Iram Saraiva, Irapuã Costa Jr., Daniel Antônio, Henrique Santillo e Nion Albernaz.
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Iris durante campanha das eleições para prefeito de Goiânia de 2016

Maior marca das gestões


ITAMI CAMPOS - Atendimento à demanda popular. Mobilização da população
carente. Realização de mutirões com envolvimento da população do setor/bairro,
construção de vilas e casas populares.
PEDRO CÉLIO - Tocador de obras tornou-se a principal marca de Iris, em toda
a sua carreira de homem público. Outras marcas fortes foram ocasionais, mais
estimuladas pelo marketing do que uma característica de estilo ou personalidade.
Por exemplo, a de populista. É verdade que Iris sempre buscou o contato direto
com o eleitor, em detrimento de preocupar-se com promover o associativismo
ou a organização popular. Mas o sentido clássico do populismo, de desmerecer
instituições e ritos formais da democracia, nunca esteve no figurino de Iris. Ele
sempre seguiu normas e regras partidárias, sempre levou a gestão das contas
públicas com rigor. Nesse sentido, a competência organizacional pode ser citada
como outra marca de sua liderança. No plano ideológico ele se guiou por preceitos
conservadores, que privilegiavam a relação paternalista e individualista como mote
da política. Como projeto de sociedade e de país, a sua mensagem impregnou-se
desde cedo nas premissas do desenvolvimentismo e da função social do Estado, de
proteção aos mais pobres.
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Atuação no PMDB/MDB
ITAMI CAMPOS - A política goiana sempre foi expressão de dois partidos – da
situação e da oposição; do pós-Guerra (1945) até 1965, intervenção militar e fim
do governo Mauro Borges, PSD e UDN rivalizavam-se e tinham seus convenientes
partidos aliados. Na redemocratização (1983) e até 1999, a polarização vai se dar
entre MDB/PMDB versus Arena/PDS/PFL, também com composição de aliados.
Nesta perspectiva, tanto Pedro Ludovico como Iris Rezende lideraram a política
regional, com forte controle.
PEDRO CÉLIO - A história de Iris traduz a história do MDB ou PMDB em Goiás. Ele
nunca mudou de legenda, algo comum aos maiores nomes da política regional. Poucos
sabem, mas na verdade sua origem é no PTB. Como vereador e depois prefeito eleito
em 1965. O PMDB passou por muitas fases, transfigurando-se no sentido do partido
da democracia, talvez até 1984/85, a um partido pragmático que a partir das eleições
de 1986 passa a acomodar-se aos padrões da política tradicional brasileira, em que
a construção de maiorias subordina os requisitos programáticos e ideológicos. Mais
adiante, já no século 21, o PMDB mantém-se graças à força dos seus caciques regionais
para sustentar estratégias fisiológicas no cenário nacional. O perfil de Iris Rezende
acopla-se com exatidão a cada uma dessas fases.

Maior legado político


ITAMI CAMPOS - Iris Rezende, mesmo tendendo ao liberalismo e ao
conservadorismo, sempre se apresentou como um político popular, caminhando
para o populista na sua forma de fazer política ou, pelo menos, no seu discurso
político. Sua postura e atuação sempre foram pautadas na direção de propostas de
construção e de obras que se apresentavam como demandas populares.
PEDRO CÉLIO - Iris expressa um tipo de político que não deixa legado na
dimensão das ideias ou de uma organização que vise disputas estratégicas. A
base de seu êxito no longo tempo sempre se fixou em sua própria figura, em seu
desempenho pessoal no manejo do pragmatismo. Não encontramos nas suas ações
e discursos um eixo conceitual ou uma visão da história. Para demonstrar essa
percepção, basta ver que, hoje, o MDB sem Iris age como um partido errático, sem
bandeiras para a sociedade, para a economia, para a cultura. Os seus principais
nomes, mesmo os mais jovens, professam um ideário restrito ao jogo eleitoral,
pautado por estar na oposição ou na situação. Nada mais que isso. Para não
conduzir a avaliação de Iris por um rigorismo total, podemos buscar dois pontos
factuais em seu favor: um deles é listar as obras assinadas por Iris em Goiás; outro é
o fato de que ele encerrou a carreira sem deixar pendências na Justiça, relacionadas
a corrupção ou malversação de verbas públicas. Em essência pode ser pouco, pois
esta deveria ser a obrigação de todo homem público. Mas nos nossos dias, acaba
sendo algo que lhe permita reivindicar ser lembrado de maneira positiva.
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“O sentido clássico do populismo,


de desmerecer instituições e ritos
formais da democracia, nunca
esteve no figurino de Iris. Ele
sempre seguiu normas e regras
partidárias, sempre levou a gestão
das contas públicas com rigor” Iris Rezende
PEDRO CÉLIO, cientista político com sua mulher,
dona Iris de
Araújo, em foto
de 2017
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“Político anda longe


para dar motivo de notícia”
Em uma das últimas entrevistas exclusivas ao POPULAR,
já no fim de seu quarto mandato como prefeito, durante
um passeio de van pela capital, Iris fala de Goiânia, cidade
com a qual dizia ter uma simbiose, pois nasceram no
mesmo ano, 1933
MARCOS NUNES CARREIRO

“P
ra mim é um prazer, uai. Político anda longe pra dar motivo de notícia,
e vocês querem escrever de mim no jornal. Mas depois seleciona, né?
Porque eu gosto de brincar também. Eu sempre falo: é preciso levar a vida
um pouco na brincadeira.” Foi assim que Iris Rezende começou uma das últimas
entrevistas exclusivas que concedeu ao POPULAR, já no fim de seu quarto mandato
como prefeito de Goiânia. Era 9 de dezembro de 2020 e passava pouco das 8h,
quando entramos em uma van com o objetivo de andar pela cidade e ver a capital sob
o seu olhar.
Iris dizia ter uma relação de simbiose com a cidade. Tanto que nasceram no
mesmo ano: 1933, sendo o município de 24 de outubro e ele de 22 de dezembro.
Em 2021, Goiânia completou seus 88 anos; Iris, não. O político com a carreira mais
longeva da história de Goiás morreu na madrugada do dia 9 de novembro de 2021,
depois de ficar 95 dias internado em decorrência de um AVC sofrido em 6 de agosto.
Naquele dia, Iris estava em seu escritório político, na Avenida T-9, onde “batia
ponto” sempre que estava em Goiânia. Passou mal no local, enquanto recebia aliados
políticos e empresários, e foi amparado pelas filhas Ana Paula e Adriana, que o
levaram ao hospital.
Sua presença no escritório demonstrava que Iris continuava trabalhando, apesar
de aposentado, uma característica que herdou do pai, Filostro Carneiro Machado.
“Papai cuidava de três, quatro fazendas”, contou Iris. “Ele saía de casa segunda cedo
e não aceitava que peão aplicasse uma vacina em bezerro. Era ele”, disse de maneira
enfática e fazendo o gesto da vacina com as mãos. Filostro morreu em 1991, aos 84
anos. Quatro anos antes, também tinha sofrido um AVC.
Iris chegou a Goiânia em 1949 vindo de Cristianópolis, onde nasceu, e aqui se
tornou conhecido pelo movimento estudantil do qual participou, partindo daí para
ocupar, pelas urnas, as principais cadeiras nos espaços políticos de Goiás ao longo
de 62 anos. Foi eleito o vereador mais votado da capital no pleito de 1958 e, em 1962,
trocou a Câmara Municipal pela Assembleia Legislativa.
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Iris Rezende em visita ao Parque Mutirama, em 2020

Em 1965, assumiu a prefeitura, vencendo Juca Ludovico, então apoiado pelos


militares, que, via golpe, tomaram o controle do País um ano antes. Porém, cumpriu
apenas três anos do mandato, pois foi cassado em 1969 e só voltou à vida pública em
1982, eleito governador — recuperou os direitos políticos em 1979.
A história do dia em que foi cassado estava no rol das muitas que ele gostava de
contar. Morava no Setor Campinas à época, bairro tradicional da capital, e no qual
residia desde que havia chegado com a família, 20 anos antes. “Foi tudo inesperado.
Era uma sexta-feira. Só cassavam (mandatos) na sexta-feira pra não dar tempo do
pessoal fazer movimento. A cidade toda veio pra minha casa, ficou aquele tumulto”,
relembrava Iris.
Contou aquela história muitas vezes à imprensa, algumas delas acompanhado de
pão-de-queijo, que gostava de servir em encontros. Certa vez, em 2012, Iris chamou
a imprensa ao apartamento onde morava na época, no Setor Oeste, para explicar
acusações feitas contra ele. Tinha deixado o mandato da prefeitura dois anos antes
para disputar o governo do estado. Depois da coletiva, mandou trazer a bacia de pão-
de-queijo. Achou que não daria para todo mundo, e mandou fazer mais.
Mas a casa onde ocorreu a concentração de pessoas naquele 1969 era a que foi
morar após se casar, em Campinas. Iris, por ironia do destino, se casou com mulher
de mesmo nome, mas sobrenome Araújo, a conhecida Dona Iris, e no dia de seu
aniversário: 22 de dezembro. A união se deu em 1964, um ano antes de vencer a
eleição para prefeito de Goiânia.
No dia do velório de Iris, no Palácio das Esmeraldas, Dona Iris ressaltou que o
marido, dez anos mais velho, ainda conseguia fazer coisas que ela já não dá conta, como
alcançar alguma coisa debaixo do sofá. “E fazia isso na maior agilidade do mundo.”
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Também disse que, mesmo internado, ele cativou a equipe médica e, falando com Iris,
disse: “E você lá, deitado. E eu te vendo ir embora. Você não tinha que ir embora.”
O tempo que passou sem direitos políticos foi dedicado à advocacia, profissão na
qual nunca havia atuado. “Tinha o diploma, mas não tinha experiência”, dizia. Mas
tinha contatos e isso já bastava para começar. A década que passou advogando lhe
propiciou, segundo ele, “a oportunidade de fazer a vida, ganhar dinheiro”. Alegava
que foi daí que conseguiu comprar suas fazendas.
Uma delas, a de Canarana (MT), era seu “refúgio”. Passou lá boa parte do tempo
entre janeiro e agosto de 2021. Era sua outra profissão, dizia, algo que o “capacitou”,
por exemplo, a ser ministro da Agricultura durante o governo de José Sarney —
depois foi senador e voltou a ser ministro, desta vez da Justiça, no governo de
Fernando Henrique Cardoso.
Em entrevista ao Jornal do Campo, em maio deste ano, Iris disse: “Eu vivi praticamente
até os 15 anos de idade na roça, de forma que tudo o que você possa imaginar de serviço
grosseiro de roça eu sei fazer”. A matéria deixa clara ainda outra característica de Iris: o
gosto de demonstrar que, apesar de idade, ainda tinha força física.
Um dos takes da reportagem, feito com um drone, o mostra, por exemplo, subindo
numa porteira. A cena me fez lembrar de outra, ocorrida em 2017, durante o então
tradicional desfile de 7 de setembro. As autoridades estavam em um palco de metal
na Avenida Tocantins, a quase dois metros do chão, cujo acesso era por uma escada.
Enquanto os outros políticos, todos na faixa de 40, 50 anos, subiam amparados
pelo corrimão, Iris, à época com 83, subia sem encostar na estrutura, e rápido. “Ele
gosta de mostrar que sua força física está intacta. Ele faz esteira todo dia, sabia?”,
disse-me uma auxiliar na ocasião.
Eu sabia e, por isso, naquele 9 de dezembro de 2020, perguntei a ele se ainda
mantinha a rotina de exercícios. Ele respondeu que fazia a sua “ginástica” no prédio
onde passou a morar, a poucos metros de seu escritório político, no Setor Marista.
“Tem lá uma sala de exercícios e eu tinha o meu técnico para auxiliar nas ginásticas
diárias.”
Ressalta, entretanto, que o personal não pôde mais entrar no prédio devido à
pandemia de Covid-19, declarada em março daquele ano. “O síndico decidiu proibir
a entrada de pessoas estranhas no prédio e, consequentemente, o personal ficou
impossibilitado de entrar. Mas eu sempre gosto de praticar exercícios. O corpo
humano está a exigir, de cada um, exercícios permanentes.”
Exercitava-se pela manhã, antes do horário comercial. “Quer dizer, eu nunca
levantei depois das 5 horas da manhã. Toda vida.” Hábito adquirido da infância
passada na fazenda em Cristianópolis. Filostro Machado acostumou os filhos a
acordarem ainda de madrugada para trabalhar na lida rural. Saiu da roça, mas os
hábitos ficaram. “A gente tem um tempo pra pensar, pra refletir, pra decidir. Chega
num determinado momento do dia, que você não tem”, dizia.
Iris praticamente não viajava quando estava exercendo algum mandato, nem
para suas fazendas em Britânia (GO) e no Mato Grosso, ou mesmo para conhecer
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“Quando eu pego
o poder, não posso
viajar porque
centralizo, uai. Como
viajo, se, pra comprar
um parafuso, tem
que ter a minha
autorização? Não
posso”
IRIS REZENDE

Iris Rezende vistoria


obra, já nos últimos dias
como prefeito, em 2020

políticas públicas desenvolvidas em outros lugares e que pudessem ser aplicadas em


seus governos.
“Eu conheço o mundo inteiro. Já saí com a família (em) algumas viagens. Mas
acontece que, quando eu pego o poder, não posso viajar porque centralizo, uai.
Como viajo, se aqui em Goiânia, pra comprar um parafuso, tem que ter a minha
autorização? Não posso”, disse, enquanto estava parado debaixo de uma árvore no
Parque Mutirama.
Ironicamente, o Mutirama foi criado depois de uma viagem que Iris fez aos
Estados Unidos, a convite do governo americano, na década de 1960. Visitou a
Disneylândia, ficou encantado com o que chamou de “brinquedos monumentais”
e decidiu implantar algo do tipo na capital goiana. Em escala muito menor,
obviamente.
Conversar durante deslocamentos era coisa rara para Iris, me disseram auxiliares.
Gostava de observar a cidade e ver se tinha algo errado. No trajeto de 2 horas e 40
minutos que fizemos no fim de 2020, ele interrompeu a conversa algumas vezes para
indicar algo que precisava ser resolvido a um auxiliar que nos acompanhava: “Olha o
tanto de lixo ali”; “Olha o buraco aí”; “Viu o outro buraquinho aqui?”.
Era obcecado pelo trabalho, agora encerrado.
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Altos e baixos, mas


jamais ostracismo
A história do POPULAR se confunde com a história de Goiânia
e de Goiás. Assim foi apresentado, em 2018, o caderno de
80 páginas sobre 80 vidas registradas nas edições do jornal
durante seus 80 anos então celebrados. E a trajetória de Iris
Rezende é, claro, parte importante de todas essas histórias.
Com todo mérito, Iris está entre as “pessoas que contribuíram
para o crescimento de Goiás, que usaram seu talento e seu
conhecimento em favor da população, que viveram histórias
marcantes, que deixaram seus nomes escritos na história do
Estado”. Relembre o perfil traçado pelo jornalista Rogério Borges
ROGÉRIO BORGES

N
os anos 1960, um jovem prefeito ganhou destaque nacional com um regime de
trabalho diferente em suas obras. Ele reunia uma multidão e fazia com que todo
mundo pegasse no pesado. Os mutirões levaram Iris Rezende Machado, então
com cerca de 30 anos de idade, a se transformar em uma das mais influentes lideranças
políticas do Estado. “Quando os militares me cassaram em 1969, eu já estava com a
campanha para governador na rua. A eleição seria no ano seguinte e eu já tinha até
slogan: ‘Bom Pra 70’”, recorda ele, ocupando o mesmo cargo em que estava 50 anos atrás.
Com uma energia incomum em um homem de 84 anos de idade, Iris Rezende
relembra em detalhes um passado que se confunde com a história de Goiás no
último meio século. Governador em dois mandatos, prefeito de Goiânia em quatro
oportunidades, senador, ministro de Estado em dois governos diferentes, homem
que já despertou paixões e ódios, suas vivências são detalhadas com gestos largos,
inflexões na voz e frases de efeito. “Quando fui governador, asfaltei quase 5 vezes
mais estradas que todos os outros que me antecederam. Fiz as máquinas roncarem.”
A carreira política de Iris Rezende é marcada por vitórias e derrotas, mas nunca
por ostracismo. Seu maior hiato na vida pública foram os 10 anos em que teve
seus direitos políticos cassados, entre 1969 e 1979. “Eles não tinham motivos.
Eu não era dado a subversão. O ato causou incômodo até nos meios militares”,
confidencia. Formado em Direito, Iris dedicou-se nesse período à advocacia, atuando
constantemente em tribunais de júri, onde sua verve não passou despercebida.
“Eu convidei dois desembargadores que haviam sido aposentados pelo golpe para
montarmos o escritório.”
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Trajetória política
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Iris afirma que sua gestão na Prefeitura de Goiânia fixou-se no imaginário do


eleitor. “Fui cassado dois dias antes de inaugurar o Parque Mutirama. Também
íamos inaugurar a Praça do Avião, mas não deu tempo.” Quando as eleições diretas
para governador retornaram, Iris já havia recuperado o direito de concorrer e o
sonho adiado em 1970 pôde se concretizar. “Eu ganhei e fiz 80% dos prefeitos, dos
deputados estaduais e federais e os senadores. Ninguém esperava isso.” A força do
PMDB que pedia a redemocratização em Goiás teria outro efeito, este no âmbito
nacional.
“Um dia, o telefone tocou e era o doutor Ulysses Guimarães. E ele me informou
que o partido decidira apoiar uma emenda constitucional que previa a volta da
eleição direta para presidente e precisava de um lugar para começar a mobilização
popular. Outros governadores já haviam declinado e ele quis saber se eu poderia
fazer isso aqui em Goiás”, lembra. “Topei na hora. Foi um risco calculado. Era a
primeira vez que um governador, no regime militar, patrocinava um ato dessa
natureza. Eu poderia perder o cargo ou ser cassado de novo. Ainda vivíamos a
ditadura”, enfatiza.

“Jaime Câmara foi


uma das pessoas que
me deram norte na
vida pública.”
IRIS REZENDE
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Não só aquele comício foi feito, como um outro, quando Tancredo Neves e todas
as lideranças que apoiavam sua eleição para o Planalto vieram a Goiânia. Filho do
dono de uma olaria na pequena Cristianópolis, menino criado na roça e que chegou
a Goiânia com 15 anos de idade, Iris teve um percurso improvável. “Nove anos
depois de chegar, fui eleito vereador no mesmo pleito que Jaime Câmara era eleito
prefeito.” A relação com um dos fundadores de O POPULAR, em sua avaliação,
foi fundamental. “Jaime Câmara foi uma das pessoas que me deram norte na vida
pública.”
Norte que precisou ser reencontrado após a surpreendente derrota para o governo
em 1998. Iris precisou se reerguer, depois de perder também uma vaga no Senado
em 2002, voltando às origens, à Prefeitura de Goiânia, em 2004. Desde então, já são
três mandatos. E em sua sala, não falta um tradicional pão de queijo. “Ele é feito com
leite das vacas da raça gir que crio em Guapó. É uma beleza”, garante. “Sei fazer tudo
na roça, de tirar leite a manejar machado, a ferramenta mais exigente que tem.” Iris
Rezende provou sua destreza, com o machado ou com a política.

O corpo do ex-governador de Goiás e ex-prefeito


de Goiânia, Iris Rezende, chega ao Palácio das
Esmeraldas, na Praça Cívica, onde foi velado
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ORGANIZAÇÃO:
Silvana Bittencourt
Fabrício Cardoso

EDIÇÃO:
Elaine Jesus

TEXTOS:
Cileide Alves
Marcos Nunes Carreiro
Karla Jaime
Rogério Borges

FOTOS:
CarlosCosta
CristinaCabral
Diomício Gomes
Douglas Schinatto
Fábio Lima
Hélio Nunes
Hélio de Oliveira
Yosikazu Maeda
Weimer Carvalho
Wildes Barbosa

ARTE:
André Rodrigues
Luiz Antena

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