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Lc 7.36
Esta história é tão vívida que nos faz crer que Lucas bem poderia ter sido um
artista.
(1) A cena ocorre no pátio da casa de Simão o fariseu. As casas dos ricos estavam
construídas ao redor de um pátio quadrado. Nesse pátio muitas vezes havia um jardim
e uma fonte; e quando fazia calor se comia ali.
No oriente era costume que, quando um rabino concorria a uma comida em uma
dessas casas, entravam nela todo tipo de pessoas –estavam livres para fazê-lo – para
ouvir as pérolas de sabedoria que saltam de seus lábios. Isto explica a presença da
mulher. Quando um hóspede entrava na casa sempre eram feitas três coisas. O anfitrião
punha sua mão no ombro de sua hóspede e lhe dava o beijo da paz. Este era um sinal de
respeito que nunca se omitia no caso de um rabino famoso. Os caminhos eram só
rastros de terra e os sapatos consistiam em solas que se mantinham no lugar por meio
de tiras que cruzavam o pé. De modo que sempre se punha água fresca sobre os pés do
hóspede para limpá-los e aliviá-los. Queimava-se um pingo de incenso sobre sua cabeça
ou se colocava uma gota de água de rosas. As boas maneiras ordenavam que se
cumprissem estas coisas, e neste caso não aconteceu nada disto.
No oriente, as visitas não se sentavam à mesa, elas se reclinavam. Faziam-no em
leitos baixos, apoiando-se sobre o cotovelo esquerdo e deixando livre o braço direito,
com os pés para trás; e durante a comida tiravam as sandálias. Isto explica como a
mulher podia estar de joelhos aos pés de Jesus.
(2) Simão era um fariseu, um dos separados. Por que tinha convidado Jesus à sua
casa? Há três respostas possíveis.
É possível que fosse um admirador e simpatizasse com Jesus, porque nem todos os
fariseus eram seus inimigos (Lucas 13:31). Mas a atmosfera de falta de cortesia torna
isso pouco provável.
Poderia ser que o teria convidado a sua casa com a intenção deliberada de persuadi-
lo a falar ou atuar de tal maneira que desse a base de uma acusação contra ele.
Simão pôde ter sido um agente provocador. Mais uma vez, não é factível, porque no
versículo 40 ele dá a Jesus o título de rabino.
O mais provável é que Simão colecionasse celebridades; e que com um orgulho de
patrocinador tenha convidado a esse surpreendente jovem galileo a comer com ele.
Isto explicaria melhor a estranha combinação de certo respeito com a omissão das
cortesias que deviam prestar-se na ocasião. Simão era um homem que buscava
patrocinar a Jesus.