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Presidente da
A Diretora Geral
Mais se esclarece que o presente parecer incide apenas no que concerne às medidas
que merecem uma apreciação crítica por parte da DECO, as restantes não constituirão
o núcleo da nossa análise uma vez que, em momento oportuno, a posição da presente
Associação já foi remetida.
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Ainda assim é importante sublinhar que a DECO entende que pese embora a bondade
subjacente à intenção governamental de apresentação desta proposta, a presente
Associação entende que será necessário assumir que dificilmente se conseguirá alterar
o atual paradigma do acesso à habitação no prazo desejável, pelo que é urgente a
aplicação de medidas eficazes e que possam mitigar a atual crise habitacional em curso,
em particular com medidas dirigidas ao mercado de arrendamento e ao crédito
habitação, que não se podem esgotar na aprovação de medidas de apoio às rendas e
bonificação de juros como atualmente se assiste.
A este respeito reforçamos que será por demais importante encontrar instrumentos
que promovam o apoio ao arrendamento no âmbito do programa de apoio ao
arrendamento e incentivem a sua adesão por parte dos consumidores, sejam eles
senhorios e/ou arrendatários, tentando que com isso não se cometam os mesmos erros
até aqui verificados.
No que a esta proposta diz respeito e em particular no que diz respeito à cedência de
terrenos e edifícios públicos para disponibilização e gestão de arrendamento acessível,
não se especifica, ao longo do presente diploma, como se concretizará esta cedência.
Cabe destacar que nos parece positivo a definição de uma harmonização do regime de
classificação de prédio devoluto, nos termos do artigo 13º, o que permitirá uma
equidade e transparência da aplicação do referido conceito.
ALOJAMENTO LOCAL
O art. 16.º da proposta em análise vem propor uma alteração ao artigo 9.º do Decreto-
Lei n.º 128/2014, de 29 de agosto, prevendo que no caso de a atividade de alojamento
local ser exercida numa fração autónoma de edifício ou parte de prédio urbano
suscetível de utilização independente, a assembleia de condóminos, por deliberação de
mais de metade da permilagem do edifício, pode opor-se ao exercício da atividade de
Sem prejuízo da DECO já se ter pronunciado sobre este tema em anterior contributo,
reforçamos que a proposta de lei em apreço poderá conduzir a algumas dificuldades de
interpretação quando prevê que atividade de alojamento local exercício numa fração
autónoma de edifício ou parte de prédio urbano poderá cessar por oposição da
assembleia de condóminos. Ora, no caso em apreço o que estará em causa serão os
apartamentos dedicados ao alojamento local e, eventualmente os hostels, ficando de
fora a restantes modalidade de alojamentos local. Do mesmo modo, parece não ser
claro se os hostels serão também os alojamentos locais visados pela norma, pelo que
cumprirá esclarecer este ponto em particular.
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Sem prescindir e sem prejuízo de se assumir que o turismo poderá vir a ser um dos focos
que concorre para o aumento do preço das habitações, no entendimento da DECO é
importante que estas medidas sejam devidamente articuladas com os respetivos
Municípios, de forma a garantir que esta será uma boa medida a nivel local.
Importa não descurar a importância que este setor teve e continua a ter no âmbito do
crescimento económico de algumas cidades. Para além disso, é importante reforçar que
tantos as cidades como cidadão criaram a expetativa de poder vir a desenvolver esta
atividade, estando muitos deles dependentes única exclusivamente dessa profissão,
Convém do mesmo modo não esquecer, que a atual legislação, em particular o Código
Civil prevê a possibilidade de celebração de contratos de arrendamento temporários
com fins turísticos o que na prática consubstancia uma figura similar ao do alojamento
local com a agravante de não ser sujeita a qualquer fiscalização de atividade. Vedar o
acesso e o exercício de uma atividade de alojamento local, poderá em nosso
entendimento, vir a permitir a existência de negócios paralelos que fogem à fiscalização
e que, simultaneamente, concorram para uma oferta com menos qualidade e
segurança, o que já ocorria há já alguns anos, antes do regime jurídico de exploração de
alojamento local vir a existir.
A DECO entende esta medida e já por variadíssimas vezes alertou para a necessidade de 7
No entanto, considera que a medida agora poderá criar regime diferentes para situações
que são semelhantes, porque igual exigência não será adotada para outros
estabelecimentos turísticos.
BENEFÍCIOS FISCAIS
Afigura-se bastante positivo que parte das medidas versem sobre os efeitos fiscais em
matéria de habitação, como a isenção do IMT, isenções de mais valias ou reduções em
matéria de IRS para senhorios são medidas importantes, bem como alterações em
Contudo será essencial não definir critérios restritos pouco passiveis de serem
concretizados na prática ou excessivamente burocráticos, quanto à sua concretização.
fiscais: a) Isenção do imposto municipal sobre imóveis por um período de três anos a
contar do ano, inclusive, da aquisição, podendo ser renovado, a requerimento do
proprietário, por mais cinco anos; e b) Isenção de imposto municipal sobre as
transmissões onerosas de imóveis.
Ora, para além de no presente normativo estar a falar-se em tributos cuja receita reverte
diretamente para os Municípios, é importante entender como este preceito se irá
aplicar na prática nomeadamente, como poderá o proprietário requerer a isenção por
mais cinco anos, se mediante a verificação dos mesmos requisitos ou se face a requisitos
adicionais que se venham a verificar.
Em breves traços e tal como referido anteriormente, a DECO entende que esta é uma
medida que deverá ser devidamente fundamentada e sustentada do ponto de vista
constitucional de forma a evitar que se coloque em causa o direito de propriedade,
uma vez que mais uma vez reforçamos o direito à habitação inclui também o direito de
propriedade e é importante que seja assegurado que os dois não serão beliscados.
É importante não olvidar que na base deste tipo de procedimento deverão imperar
princípios de proporcionalidade, adequação e necessidade que obrigam a que sejam
sempre considerados como atuações de último recurso e última necessidade.
No entanto e ainda assim, consideramos que existem outros mecanismos que também
incentivam a utilização dos imóveis particulares devolutos, em particular por via do
agravamento no que diz respeito à tributação de imóveis devolutos e em complemento
medidas efetivas e de carácter dinamizador no que diz respeito à reabilitação destes
imóveis juntos dos particulares e respetiva utilização para efeitos habitacionais de
terceiros mediante um custo adequado.
De acordo com a mencionada Proposta de Lei, a renda inicial dos novos contratos de
arrendamento para fins habitacionais que incidam sobre imóveis relativamente aos
quais tenham vigorado contratos de arrendamento celebrados nos cinco anos
anteriores à entrada em vigor da presente lei não pode exceder o valor da última renda
praticada sobre o mesmo imóvel em anterior contrato, aplicado o coeficiente de 1,02.
A DECO louva o facto de o Governo ter criado uma regra que vise evitar uma assimetria
nos contratos de arrendamento por referência aos limites gerais de renda estabelecidos 10
na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 68/2019, de 22 de maio, mas ainda
assim mantém a proposta de se defender a garantia de uma renda equilibrada
estipulando-se um limite (a fixar de acordo com o concelho e tipologia, entre outros
fatores), até ao qual os senhorios poderiam fixar livremente o valor da renda no âmbito
de um novo contrato de arrendamento, e só depois de alcançado esse limite aplicar-se-
ia o limite de 2%.
Por outro lado, poderia vir a tentar encontrar-se soluções mais equilibradas para alguns
casos como seja a de um aumento gradual, como acontece em alguns contratos de
crédito habitação que estão submetidos a taxas progressivas ou mistas, sendo que esta
graduação poderia não vir a ter lugar. em determinadas situações de desemprego,
quebra de rendimento ou uma alteração anormal das circunstâncias (entre outras).
Nestes casos, o Estado “entrava em cena” no sentido de apoiar os senhorios na
Do mesmo modo, importa referir que este assunto toca diretamente numa matéria
pouco abordada, mas de especial interesse. As rendas especulativas são, habitualmente,
praticadas por entidades ou organizações que visam o lucro e promovem essas rendas
ao abrigo de um exercício e de uma atividade profissional não devidamente regulada do
ponto de vista da proteção do consumidor. Nestes casos, quando o senhorio é uma
sociedade ou uma empresa devidamente estruturada e regular, o arrendatário coloca-
se numa situação de verdadeiro desequilíbrio equivalentes à de um consumidor. Seria
importante que se verificasse um reforço da legislação que viesse a promover a proteção
do consumidor arrendatário para efeitos desta e de outras medidas.
Por esse motivo, a DECO considera positivo que o Governo tenha agora previsto incluir
no âmbito da isenção da tributação das mais-valias o imóvel transmitido tenha sido
destinado a habitação própria e permanente do sujeito passivo ou do seu agregado
familiar, comprovada através do respetivo domicílio fiscal, nos 24 meses anteriores à
data da transmissão.
Esta é uma medida importante, mas que poderá ainda assim levantar algumas dúvidas.
De acordo com o regime atualmente vigente o arrendatário que invoque um RABC
inferior a cinco RMNA sofrerá uma atualização de renda de acordo com 1/15 do valor
do locado, calculados nos termos do art. 38.º do CIMI sendo que o valor atualizado da
renda corresponde, até à aprovação dos mecanismos de proteção e compensação social 12
Ora, de acordo com a proposta apresentada resulta que estes contratos antigos não irão
transitar para o NRAU mas a atualização de renda será realizada nos termos do art. 24.º
do NRAU ou seja o coeficiente de atualização anual de renda dos diversos tipos de
arrendamento é o resultante da totalidade da variação do índice de preços no
consumidor, sem habitação, correspondente aos últimos 12 meses e para os quais
existam valores disponíveis à data de 31 de agosto, apurado pelo Instituto Nacional de
Estatística.
Ora, partindo-se do pressuposto que estes contratos não caberão em nenhum dos
apoios previstos na proposta, fica por esclarecer que tipo de apoio ao pagamento de
renda ficarão adstritos estes contratos quando titulados por arrendatários que se
No entanto, a DECO também entende que este regime de proteção deverá ser aplicado
em qualquer situação em que o inquilino se mostre efetivamente vulnerável, sem ter
em consideração o ano em que celebrou o contrato. Na verdade, e tal como referido em
anteriores contributos, entende a DECO que deveria ser desenvolvido um pacote
específico de proteção de inquilinos que se encontrem numa situação de
vulnerabilidade, construído de forma coesa, inclusiva e integrada, evitando soluções
injustas dirigidas a situações aparentemente justas.
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A DECO não poderia deixar de aproveitar esta oportunidade para aplaudir esta iniciativa
do Governo no sentido promover habitações orientadas para um maior conforto
térmico. Desde há longos anos que a DECO tem vindo a defender uma maior articulação
entre o setor da energia e o da habitação, que aparentemente autónomos caminham
juntos para a tao almejada transição energética. Ainda assim a DECO considera que a
previsão atualmente prevista poderá ficar aquém daquilo que é o pretendido e
• Desenvolver uma lei única referente à habitação que integre distintas matérias que
vão desde a construção à habitação, em vez de termos documentos fragmentados,
desatualizados e sobrepostos que perante uma matéria tão sensível agudizam a 14