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Ao Sr.

Diretor Presidente/Síndico, Diretoria e Associados

Os associados abaixo subscritos apresentam


MANIFESTAÇÃO E REQUERIMENTO DE PROVIDÊNCIAS, nos seguintes
termos:

Prezados,

Considerando os recentes acontecimentos, especialmente no que


concerne a promulgação do Edital para votação da Convenção de Condomínio
e alteração do nome empresarial da associação, faz-se importante apresentar
algumas considerações.

Na Ata de Assembleia do dia XXXXXX, restou aprovado pela


maioria, que haveria a alteração/regularização do cadastro da associação
perante a Receita Federal por prestador de serviço indicado conforme descrito
na referida ata.

Ainda é mencionado na referida ata a retomada de um


procedimento, que não foi amplamente esclarecido, mas que realizado em
data pretérita, referindo-se a uma tentativa de transformação ou alteração
da associação para condomínio perante o cartório de registro de imóveis
desta cidade e outros órgãos da administração pública, sendo que tal
pretensão não foi alcançada.

O assunto ainda foi alvo de controvérsias dentro desta associação,


sendo constatado na ata do dia XXXXX, prejuízos que foram originados em
detrimento da referida tentativa de alteração, como o bloqueio das contas da
associação, multa perante a Receita Federal e atraso no cumprimento das
obrigações trabalhistas e financeiras desta associação.

Com isso, a medida adotada pela diretoria a época foi a revogação


e cancelamento de todos os atos praticados e documentos aprovados
originários da assembleia de XXXXX, vez que os prejuízos não estavam sendo
contidos, retornando-se a normalidade apenas após a adoção de tais
medidas.

Novamente, a pretensão para a referida alteração e transformação


desta associação para condomínio tem sido ventilada nas assembleias da
associação, mas não está sendo devidamente consignado nas atas as
informações pertinentes ao pretendido e ao que já está sendo efetivamente
realizado.

A situação acima mencionada apesar de não declarada possui na


seara jurídica verossimilhança, uma vez que o edital da assembleia de XXXX
evidencia pautas que se referem a mencionada transformação da associação
para condomínio, como recentemente a votação para a aprovação da
Convenção Coletiva de Condomínio.
Assim, o que está sendo realizado não está devidamente claro nas
atas das assembleias e revestido de competente autorização concedida pela
Assembleia Geral desta associação.

Ainda a respeito da votação e aprovação de uma Convenção


Coletiva de Condomínio, é necessário dizer que conforme o procedimento
vigente, antes que seja feita a sua votação, deve ser realizada uma outra
assembleia, também comumente conhecida como Assembleia de Instituição
de Condomínio, para concordância e conformidade dos proprietários dos
lotes, devendo ser coletadas todas as assinaturas dos proprietários dos lotes
e respectivos cônjuges, o que até o presente momento não se tem ciência
que tenha ocorrido.

Este procedimento é necessário que ocorra com entendimento


unânime, visto que a alteração/transformação/criação de um condomínio
influi diretamente na propriedade do imóvel, sendo que o direito à
propriedade é protegido pela Constituição Federal nos termos do artigo 170,
inciso III, e, detém caráter erga omnes, ou seja, é oponível a toda a
coletividade. O direito a propriedade é um direito fundamental.

Ademais, é necessário ainda que se proceda as avaliações e


estudos da estrutura física do possível condomínio, com emissão de habite-
se, crokies e ART´s, conforme se pode averiguar na cartilha elaborada pela
SERJUS/ANOREG-MG, onde está disposta toda a fundamentação legal a
respeito do procedimento. Estes procedimentos irão gerar alto custo
financeiro.

Até o presente momento não foi apresentado a esta Associação


quaisquer documentos a respeito dos procedimentos mencionados. Trata-se
pois, de um procedimento de alta complexidade.

Noutro lado, faz-se imperioso dizer, mesmo que todos estes


requisitos fossem cumpridos por esta associação, havendo total
entendimento e harmonia quanto a instituição do condomínio, tal intento
ainda não lograria êxito, visto que existe legislação expressa do município
que proíbe a possibilidade da instituição de um condomínio em
loteamentos fechados, trata-se da Lei 2862/2008, que dispõe sobre o uso
e ocupação do solo de Lagoa Santa, vejam:

Art 32 - Para implantação de condomínio


residencial horizontal deverão ser satisfeitas as
seguintes disposições:

I - Cada edificação deverá satisfazer às


características do modelo de assentamento MA-
14;

II - O sistema viário de circulação interna deverá


respeitar as diretrizes municipais, usadas para
parcelamento de solo, em consonância com a Lei
Federal 6766/79;

III - O condomínio residencial horizontal poderá


ter edificações para usos de serviços de
abrangência exclusivamente internas;

IV - Deverão ser destinadas ao uso comum no


mínimo 35% (trinta e cinco por cento) do total da
área do terreno, sendo que essa área comum
deverá ter no mínimo 30% (trinta por cento) de
área permeável;

V - Não poderão ser implantados em


loteamentos fechados.

VI - Deverá ter seu perímetro fechado com muro


de vedação com altura mínima de 2m (dois
metros), sendo que a vedação frontal poderá ter
uma altura inferior e ser em gradil ou similar.

A nossa associação atualmente é instituída juridicamente e


legalmente em um loteamento fechado, os lotes estão estabelecidos nestes
moldes conforme assinalado em nosso estatuto social, por força do decreto
n° 840/2008, expedido pela prefeitura de Lagoa Santa, sendo que o intento
conhecido é de tornar-se condomínio horizontal. A negativa legal para esta
pretensão é expressa e oriunda de uma norma taxativa.

Não bastasse todos estes impedimentos, existem outras vedações


traçadas pelo nosso próprio estatuto social, uma vez que para se instituir o
condomínio seria necessário extinguir a associação, e, os artigos 71 e 78,
dispõe respectivamente, que em se tratando de restrição ao direito de
propriedade requer-se unanimidade (instituir condomínio é caso de restrição
ao direito de propriedade) e a extinção da associação acarretaria a doação
dos bens da associação.

No tocante aos riscos, a situação financeira atual da associação


tem se mostrado precária e com muitas dívidas a serem pagas, gerando
consecutivos aumentos nas contribuições mensais, o procedimento de
transformação/alteração/criação da associação para condomínio pode gerar:
custos elevados na contratação de profissionais competentes para a
consecução dos serviços necessários, taxas e emolumentos de cartórios com
valores de grande monta, possíveis ações judiciais em desfavor da associação
e ainda, conforme já experimentado anteriormente por esta associação,
bloqueio de contas, multas e obrigações atrasadas.

Desta feita, requer ao Presidente Diretor/Síndico e diretoria, a


suspensão imediata e encerramento de todas as atividades relacionadas a
alteração/transformação/criação de um possível condomínio, cancelamento
da votação para aprovação de Convenção Coletiva de Condomínio e
alterações de nome empresarial, restauração da natureza jurídica original do
nome da associação perante os cadastros da Receita Federal, a apresentação
de eventuais contratos com prestadores de serviços destinados a realizar
serviços para o fim pretendido acima, e, havendo, sejam apresentados os
números dos respectivos procedimentos que tramitam perante os cartórios
ou autarquias públicas.

É o que se manifesta e requer.

DATA E LOCAL.

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