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Universidade Estadual do Norte do Paraná


Campus Luiz Meneghel

Estratégia do uso de cereais na redução da


produção de metano entérico em
ruminantes

Emily Thamires Pascoal Moura [a], Giovanna dos Santos Tinós [b], Joana Maria Castilho
Sindici [c] , Larissa Neposiano [d], Maria Fernanda Claro [e], Steicy Gabrielle Joana [f]

Resumo
O objetivo da revisão é apresentar estratégias no uso de cereais na redução da
produção de metano entérico na digestão de bovinos. Os cereais têm maior benefício
nutricional pois quanto maioria a quantidade de carboidratos digestíveis melhor será
sua eficiência na digestão diminuindo a emissão de gás metano. Os grãos
selecionados mais a resposta animal irá aumentar a qualidade na dieta dos
ruminantes assim beneficiando o meio ambiente. Sob esse prisma, essa estratégia
auxilia na velocidade do ganho de peso e no desempenho do bovino, entretanto a
questão econômica adverte quando é levado em consideração a variação no preço do
grão.

Palavras-chave: Metano, Impacto, Cereais, Ruminantes, Nutrição e Digestão.


BANDEIRANTES
2023
Abstract

The aim of the review is to present strategies in the use of cereals to reduce enteric methane production
in cattle digestion. Cereals have greater nutritional benefit because the majority of digestible
carbohydrates, the better their digestion efficiency, reducing methane gas emissions. The selected grains
plus the animal response will increase the quality in the diet of ruminants thus benefiting the
environment. From this perspective, this strategy assists in the speed of weight gain and in the
performance of cattle, however the economic issue warns when the variation in grain price is taken into
account.

Keywords: Methane, Impact, Cereals, Ruminants, Nutrition and Digestion.

Introdução
A produção de metano está relacionada com os produtos obtidos da fermentação de carboidratos (Nussio
et al., 2006). O milho é uma das fontes alimentares mais importantes do mundo, tanto para consumo
humano quanto para consumo animal. Estudos estimam que a produção de cereais irá aumentar até 2030
(FAO, 2002). Em dietas de animais de confinamento a proporções de matéria seca é de 90%. Já em dietas
de vacas-leiteiras essa proporção muda, reduzindo em 30% a quantidade de matéria seca e em proporções
ainda menores para animais de pasto, utilizado como forma de suplementação. Em proporções corretas de
grãos é uma excelente opção para redução de metano entérico nos ruminantes.
Para que haja o custo-benefício desta prática, as influências de diversos fatores implicam no resultado.
Como o preço dos insumos, sua qualidade e a taxas de ganho. Dessa maneira, inserir grandes quantidades
de grãos na dieta de animais não é sempre possível devido a fatores econômicos.
A revisão tem como finalidade apresentar as principais vantagens do aumento da participação dos grãos
na dieta com o objetivo de aumentar a eficiência alimentar e reduzir a produção de metano entérico.
Desenvolvimento
O rebanho brasileiro, em sua maioria, é formado por grande parte de raça zebuínos. Consequentemente,
são responsáveis pela maior parte da emissão de CH4 na pecuária. Estudos apontam que, diferentes
fontes de GEE, proveniente da agropecuária, o CH4 pela fermentação entérica de ruminantes foi a mais
significativa, correspondendo a 63,2% de todo CH4 emitido pelo setor. Em relação a alimentação a
forma mais utilizada é a brachiaria, com baixo custo e com grande disponibilidade, comparando a dieta
de grãos ofertada aos bovinos. O uso de carboidratos complementa a alimentação do animal, facilitando
a digestibilidade da matéria seca, e reduzindo a emissão de metano quando a dieta apresentar mais de
40% de amido.

Os ruminantes apresentam estomago pluricavitário e por isso a sua fermentação ocorre no rúmen, nesse
processo também são gerados gases como o metano e gás carbônico, a partir de bactérias metanogênicas
presentes no ambiente ruminal, emitidos por eructação.
Animais que consomem grande quantidade de carboidratos apresentam ambiente ruminal ácido por ser
um local desfavorável por sua acidez, a atividade das bactérias Gram-positivas e protozoários é afetada,
reduzindo a síntese de acetato de butirato sendo desse modo a disponibilidade de H+ para a produção de
metano é limitado. Por outro lado, devido a maior presença e atividade em ambiente ácidos das bactérias
Gram-negativas, normalmente amiliticas, o H+ disponível é utilizado para a produção de propionato, cuja
concentração se relaciona diretamente com menores emissões de efeito estufa ( JONHSON &
JONHSON )
As menores emissões de metano estão relacionadas a fatores como:
•o aumento do consumo
•a digestibilidade aparente da matéria seca e fibra
• maior taxa de passagem das dietas com maior conteúdo de grãos (MC
GEOUCH et al., 2010).
Algumas substâncias serão absorvidas no rumem e transformados no fígado em glicose, esse açúcar vai
influenciar nos tecidos mamários e muscular o que aumenta os níveis de produção e isso só é possível se
entrar com um trato de qualidade como a suplementação.
Entre os fatores que afetam o potencial a mitigação dessa estratégia é o grau de inclusão o tipo de
processamento do grão, e no caso de pastejo está relacionado ao valor nutritivo e a
e a disponibilidade do pasto.
Dessa forma, uma interpretação completa do balanço de carbono dos sistemas de produção carne e leite,
um estudo é necessário e incluir as emissões de outros gases de efeito estufa (N20 e C02) que são
liberados através da produção, armazenamento e transporte de animais. As emissões de metano
representam uma quantidade significativa de energia perdida, normalmente pelo menos duas unidades 4%
quando em dieta rigorosa e até 6% quando livre, vacas com alta produção de leite produzem de 2% a 12%
toneladas de energia perdida são referidas como EB bruto. Isso é o que acontece quando se perde uma
grande quantidade de energia. A fermentação do rúmen depende da dieta fornecido ao animal com maior
proporção. As forragens recompensam uma grande quantia para a proporção favorece o
acetato/propionato. No caso do acetato o número de moléculas de hidrogênio é fornecido para a produção
de metano (CH4). Perder peso é sua prioridade. Alimentos maciços criam grandes perdas. A energia
inicial varia entre 6 e 18; uma ordem de 10% da energia inicial pode ser solicitada. A pecuária que pasta
em pastagens demanda maiores gastos. Buscando alimento movendo-se pelo ambiente, o que dá
vantagem para o ambiente fechado.
A quantidade de matéria seca que um ruminante consome tem influência nas emissões de metano que ele
libera. De acordo com (Doreau et al., 2011), uma vaca com mais EB em sua dieta produz menos metano
do que outra com menor teor de EB.
Além disso, peso vivo, consumido e conteúdo de grãos de uma dieta afetaram as emissões de metano.
Isso foi testado comparando três dietas diferentes com alto teor de silagem de milho e baixo teor de feno.
As duas primeiras dietas continham 21,7% e 27,5% de amido na matéria seca, respectivamente. Enquanto
essas duas dietas não tiveram emissões de metano significativamente diferentes, a terceira teve 63,5% de
silagem de milho e 48,8% de feno. No entanto, não foram observadas diferenças significativas entre essas
três dietas diferentes quando se trata de medições de emissão de metano por grama de materiais amiláceos
digeridos.
Da mesma forma, também testaram vacas com maior teor de amido em sua dieta para diferenças nas
emissões de metano entre 21,7% ou 27,5% de amido em sua dieta. Novamente, não foram encontradas
diferenças significativas entre essas duas dietas quando se tratava de suas emissões de metano por grama
de materiais amiláceos digeridos (2014). A pesquisa confirmou que dietas ricas em amido não tiveram
efeito sobre a saúde do corpo.
No entanto, os pesquisadores descobriram que dietas com até 50% de silagem de milho tiveram um efeito
positivo.
Para comparação, eles também testaram uma dieta rica em amido com 100% de silagem de milho. Isso
provou que existe pouca diferença entre todos os diferentes tipos de dietas com amido. Nem todos os
aumentos na proporção de cereais na dieta levam a uma queda nas emissões de metano. Por exemplo,
os grãos de destilaria (DDG) têm alto teor de gordura, proteína e fibra - com maior inclusão na dieta, eles
podem ser menos digeríveis. Isso ocorre porque as pessoas podem reduzir a quantidade que comem
quando o (DDG) é incluído em sua dieta.
Mudanças nas características físicas e químicas dos grãos alteram seu valor energético e a resposta
animal. As técnicas de processamento também alteram as características dos grãos. Alterações na
digestibilidade e ingestão de nutrientes, bem como na fermentação ruminal, alteram a produção de metano
e o desempenho animal. Segundo estudos realizados por HALES et al. (2012) os bovinos alimentados
com dietas feitas com flocos de milho produziram menos metano do que aqueles com milho seco. Como
resultado, eles perderam menos energia através da emissão de gases. Além disso, os mesmos resultados
foram encontrados para as dietas de canola, cevada.
O processamento das forragens as torna acessíveis ao sistema digestivo dos ruminantes, o que aumenta
seu conteúdo molar de propionato e aumenta a taxa de passagem ruminal. Isso pode explicar por que as
forragens processadas produzem menos gases do que as forragens moídas. No entanto, o consumo restrito
de ração causa problemas no metabolismo da vaca: a redução do pH do rúmen causa problemas
metabólicos. É considerado pela maioria como um subproduto da produção animal, as emissões de CO2 e
N2O de combustíveis, fertilizantes e produtos químicos usados no processo são, na verdade, contribuintes
para o aumento geral das emissões de gases de efeito estufa. Isso porque essas emissões estão
relacionadas ao processamento, transporte, armazenamento e uso de combustíveis nos sistemas de
produção animal. Para entender o balanço de carbono da produção de carne e leite à base de grãos, é
preciso considerar o ciclo completo — desde as emissões que ocorrem em cada etapa até as condições
externas que a afetam. Cada região experimenta diferentes condições tecnológicas, climáticas e
econômicas.
As emissões de metano aumentam à medida que o rebanho aumenta. Assim, quanto maior o tamanho do
rebanho, maior a quantidade de metano liberada; que pode diminuir de acordo com a alimentação
adequada, fornecendo nutrientes suficientes. Por conseguinte, influencia em uma digestão eficiente e as
emissões de metano podem diminuir (WAGNER et al., 2017). As mudanças nos hábitos alimentares ou
na capacidade dos microrganismos de digerir os alimentos podem alterar a quantidade de substrato
degradáveis por eles.
Matéria degradável ruminal, incluindo alimentos não digeridos, muda em quantidade conforme ocorrem
mudanças nos microrganismos que vivem no rúmen.
É difícil prever e entender os efeitos dessas mudanças. Cottle et ai. (2011) relataram que melhorar a dieta,
fornecer alimentos adicionais, melhorar as
pastagens e incentivar mais horas de trabalho para o gado ajudam a reduzir a produção de metano. Além
disso, dar aos animais mais tempo produtivo e melhores ferramentas para o trabalho também ajuda a
aumentar a eficiência

Consideração final

O uso dos grãos como alimento aumenta a eficiência dos ruminantes e melhora seu ganho de peso. Isso
resulta em menos metano produzido por animal e ganho de peso mais rápido. Considerar os benefícios
econômicos do uso de cereais para os produtores rurais é vital, pois os preços dos grãos variam de região
para região
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