Você está na página 1de 16

Passear Comer Ficar

Uma exposição sobre Comida tradicional no Seixo, Um Puro Dão Hotel & Spa
a Universidade de Coimbra com vista para o Douro para descobrir Nelas e a serra

1 DE MARÇO 2024 W W W.E VA SO ES.PT

CAFÉS
HISTÓRICOS Do Minho ao Algarve,
espaços centenários
de convivência, cultura
e conspiração
APETECE SUGESTÕES

5
Escolhas
RITUAIS SERVIDOS À MESA
Prove esta volta a Portugal,
com vinhos em Vila Nova de Gaia
e na Vidigueira, sementes em Paredes
de Coura, cerveja em Lisboa e porco
bísaro em São João da Pesqueira
TEXTOS LUÍSA MARINHO
FOTOS DR

Porco bísaro no Gulden Draak Trocar sementes Vinho Um ano


Hotel & Quinta Lisboa celebra antigas em de talha à mesa de jantares
de Ventozelo um ano em festa Paredes de Coura no Alentejo vínicos em Gaia
A Feira de Troca de Sementes regressa
a Paredes de Coura este sábado, dia 2.
O evento, promovido pela Associação
Quinta das Águias em parceria com o
Município e o Agrupamento de Escolas
daquela vila minhota, está na décima
edição e quer continuar a promover “
um futuro de sistemas alimentares
RAQUEL WISE/DR
LUÍS FERRAZ/DR

mais justos e saudáveis”, preservando


as variedades de sementes antigas
e raras. A iniciativa arranca
às 10 horas, na Casa do Conhecimento,
com Rita Roquete, que vai falar sobre
O novo chef do restaurante duriense A Gulden Draak Lisboa – Casa a “utilização de ervas espontâneas A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba O Wine Social Club comemora a 2
Cantina de Ventozelo, José Guedes da Cerveja comemora, dia 2 de março, no quotidiano”, seguindo-se a “atividade e Alvito recebe, no fim de semana de 23 de março o primeiro aniversário. Estes
foto), destacará um produto todos sábado, o primeiro aniversário, pouco de identificação e confeção”. A partir das e 24 de março, o evento Talha à Mesa. jantares vínicos realizam-se de dois
os meses. Março será dedicado ao porco mais de um mês depois da irmã mais 14 horas, realiza-se a feira, na Escola José Júlio Vintém, João Mourato e Pedro em dois meses na Sala dos Trinta de
bísaro, com a iniciativa “Desmancha velha, a Delirium Café, completar Secundária de Paredes de Coura. Mendes, chefs com ligação ao Alentejo, The Lodge Porto Hotel, em Vila Nova de
do porco em Ventozelo”. De segunda sete anos. A festa será regada com são os convidados que irão cozinhar Gaia. Desta vez, contam com produtores
a sábado, estará disponível, ao almoço, muita cerveja e animada por DJ Levy Entrada livre. Mais informações pratos e petiscos para harmonizarem que participaram no evento durante o
o Menu Especial da Desmancha, com Gasparian, que atuará a partir das 21 em facebook.com/ com os vinhos oriundos de talhas. ano passado: Real Companhia Velha,
entrada de presunto bísaro e folar de horas. Este bar-restaurante, situado em associacaoquintadasaguias Além dos almoços e jantares vínicos, Quinta do Vallado, Soalheiro, Poças
Vila Real, costelinhas em vinha de alhos, Picoas, destaca-se pela diversidade de o programa inclui showcookings na e António Maçanita. A refeição será
fígado de porco de cebolada e barriga de cervejas internacionais, incluindo 50 vinha e na adega, masterclasses, e conta preparada por João Vieira, do restaurante
porco bísaro com migas de moura referências à pressão. Além de cerveja, também com um bar de vinhos de talha. Dona Maria. Haverá tábuas de queijos e
e couve, terminando com pudim Abade há vinhos e cocktais. Para comer, há No sábado e domingo de manhã, enchidos, arroz malandrinho de navalhas
Priscos com sorvete de tangerina. Todos uma carta vasta com nachos, jalapeños os chefs cozinham numa vinha e naco de novilho confitado com borras
os dias há prova de quatro variedades panados recheados com mozarela, centenária e na tarde de sábado o de vinho, puré de batata e cenouras
de charcutaria/fumeiro de porco, asas de frango, ovos rotos, pregos, showcooking é na adega. O programa glaceadas. A sobremesa é pão-de-ló
em harmonização com vinhos do Douro hambúrgueres, tártaro de atum, decorre entre as 11 e as 22 horas de de Alfeizerão com morangos, azeitonas
e vinho do Porto, nos lagares da quinta. naco de novilho e lombo de bacalhau, sábado e as 11 e as 15 horas de domingo. galegas, hortelã da ribeira e gelado
entre outros. de queijo de cabra.
Preço: 45 euros (almoço); 32 euros Preço: entre 10 e 65 euros.
(provas). Ventozelo Hotel & Quinta, Rua Andrade Corvo, 29A, Lisboa. Bilhetes à venda na Ticketline Preço: 75 euros. Reservas em
São João da Pesqueira Tel.: 968 238 415 e em adegavidigueira.pt thelodgeportohotel.com/clube-
-social-do-vinho

FICHA TÉCNICA
Propriedade Palavras Prestígio Produção Global Media Group Direção Inês Cardoso (ines.cardoso@jn.pt) Edição Jorge Manuel Lopes (jorge.lopes@evasoes.pt)
Direção de Arte Rui Leitão (rleitao@globalmediagroup.pt) Design Rute Cruz Foto de Capa Freepik
Este caderno faz parte integrante do Diário de Notícias n.º 56 562 o ano 160 e do Jornal de Notícias n.º 271 do ano 136

2 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T
NotíciasFlix

PUBLICIDADE
As suas mais de

O Palmeiral 200.000 palmeiras são


uma herança cultural
milenária que faz desta

de Elche: cidade amena e próspera


da Costa Blanca um lugar
inigualável.
Um Património da
Humanidade Único
na Europa

N
ão existe na Europa nenhuma outra cidade que se
tenha desenvolvido de formatão harmoniosa e singular
ao redorde extensos palmeirais de origem milenar.
É um dos principais motivos que tornam Elche asegunda
maior cidade em número de habitantes da Costa Blanca
e aTerceira da Comunidade Valenciana,um destino muito
procurado que não deixa ninguém indiferente.
Os seus mais de 200.000 exemplares convertem este
particular palmeiral no maior da Europae representa um
E mais, sol, praias e uma A um passo
polo turístico de primeira classe com inúmeros percursos gastronomia cinco estrelas de Portugal
para aproximar o visitante dos seus pontos mais
emblemáticos e interessantes. Com temperaturas amenas na primavera, o Viajar para a cidade de Elche a partir de
clima mediterrâneo de Elche tem 320 dias Portugal é simples, o que a torna num
Sobre as suas origens, contam as crónicas que foi projetado
de so por ano para passear e desfrutar das destino ideal para uma escapadela ou
hámil anos com finalidades agrícolas pelos fundadores da
esplanadas para um momento de descanso. planear uma viagem um pouco mais
cidade islâmica de Elche, embora a ligação do local com as
longa. Encontra-se a nove quilómetros do
palmeiras remonte à Pré-história. Pode parecer um bosque, Seis longas praias, na sua maioria virgens,
aeroporto Alicante-Elche e conta comvários
mas na realidade é uma sucessão de pomares de tâmaras com formam o litoral de Elche. Ao norte, em
voos diretos. Com uma moderna estação
um sistema de rega que também tem raízes num passado L’Altet, Arenales del Sol e El Carabassí, as
ferroviária que faz a ligação comodamente
muito distante. dunas de areia fina são as protagonistas.
a Valência, entre outros destinos, conta
Somam-se ainda os extensos pinhais
A sobrevivência durante séculos deste sistema de agricultura também com o Comboio de Alta Velocidade.
das praias do sulde El Pinet, La Marina e
de oásis, convertem a bela paisagem do Palmeiral de Elche
LesPesqueres-El Rebollo.
numbem de extraordinário valor cultural, considerado
Património da Humanidade. Não é o único que valoriza A orografia particular de Elche oferece-nos,
Elche. O ‘Misteri d’Elx’, representação sagrada de origem ainda, duas zonas de grande valor ambiental,
medieval e o Centro de Cultura Tradicional Museu de imprescindível para os adeptos da observação
Pusol, tambémtêm o reconhecimento da UNESCO. de aves: os parques naturais de El Hondo e
Las Salinas.
No plano cultural, a cidade oferece ainda um variado leque
de museus e salas de exposições que permitem ao visitante Saborear a sua deliciosa gastronomia,
conhecer o seu valioso património. A riqueza dos vestígios que combina o melhor do mar e da
arqueológicose, em particular, as suas contribuições para a horta,converte-se em mais um outro ponto
enigmática cultura ibérica merecem uma menção especial. interessante. Imprescindível degustar o típico
De facto, a famosa Dama de Elche foi encontrada no local ‘arroz concostra’ num dos seus restaurantes.
de Elche da Alcudiae os museus da cidade exibem cuidadas Frutos como a romã, as tâmaras e os figos,
réplicas do busto juntamentecompeças originais de grande e vinhos de excelente qualidade com
valor e interesse histórico. Denominação de Origem, completam a oferta.
www.comunitatvalenciana.com

E VA S Õ E S . P T 1 M A R Ç O 2 0 2 4 3
CAPA CAFÉS HISTÓRICOS

O tempo
não tem
pressa
de passar
CAFÉS CENTENÁRIOS SALPICAM O MAPA.
SÃO ESPAÇOS COM PASSADO, FUTURO E VITALIDADE.
E HÁ UMA ROTA QUE OS CELEBRA E DÁ A CONHECER

4 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T
CAFÉ SANTA CRUZ
Praça 8 de Maio, Coimbra
Tel.: 239 833 617
Web: cafesantacruz.com
Das 8h à 24h, de segunda
a sábado; até às 20h
ao domingo. Não encerra
Preço do crúzio:
1,40 euros/unidade

Fado, crúzios
e um
legado centenário
O Café Santa Cruz, na Baixa de Coimbra, fez 100 anos em maio último,
mas o programa de comemorações continua: nos planos estão tertúlias e lançamento
de livros. Não faltam histórias para contar, num espaço que começou por ser igreja

TEXTO CARINA FONSECA como armazém de ferragens e tações de livros ou música ao Santa Cruz continua em mar- HISTÓRIA
FOTOS MARIA JOÃO GALA/GI canalizações, esquadra de po- vivo (há fado todos os dias, às cha. Das atividades previstas

A
lícia, casa funerária, quartel de 18 horas, e por vezes repete-se para 2024 consta o lançamento UMA ROTA NACIONAL
arquitetura é um dos bombeiros e mais. às 22 horas). de dois livros: um deles é uma COM 40 PARAGENS
atrativos do Café San- Hoje, o espaço, localizado na Aquelas e outras informa- reedição que inclui fotografias Desde que foi apresentada, há
ta Cruz, que leva um Praça 8 de Maio, dedica-se só à ções são partilhadas por Vítor antigas do espaço, o outro é um praticamente dez anos, a Rota
século de existência cafetaria, mas chegou a servir Marques, sócio-gerente do livro de atas de um encontro so- dos Cafés com História de Portugal
na Baixa de Coimbra, com a sua refeições – a cozinha perma- Santa Cruz, presidente da Asso- bre cafés históricos ali ocorrido. passou de 23 membros para os atuais
fachada imponente, os vitrais neceu ativa até 1975; data de ciação dos Cafés com História Nos planos está ainda a realiza- 40, conta Vítor Marques, sócio-gerente
coloridos, as mesas de tampo novembro desse ano o último e impulsionador da Rota dos ção de tertúlias, aproveitando do Café Santa Cruz, em Coimbra,
hexagonal, todo um ambiente casamento ali festejado. No in- Cafés com História (ver caixa). outras efemérides. A propósito: e mentor do projeto. Visitar cafés
capaz de nos fazer recuar no terior ou na esplanada, o café Além de estar inserido nesse num ano em que se celebram históricos e descobrir as cidades
tempo. O negócio arrancou em pode vir acompanhado por um projeto, que junta estabeleci- os 50 anos da revolução que pôs a partir deles (até porque ficam
8 de maio de 1923, num edifício crúzio, doce de amêndoa com mentos de Portugal continen- fim à ditadura do Estado Novo, mesmo no centro) é missão que
já com longa história: foi cons- creme de ovo cujo nome reme- tal e ilhas, o café centenário de Vítor Marques adianta uma úl- abraça com entusiasmo – e um
truído, por volta de 1530, para te para a Ordem dos Cónegos Coimbra é membro da Historic tima curiosidade: no 25 de abril desafio que lança aos demais.
ser igreja paroquial (a antiga Regrantes de Santo Agostinho Cafés Route, uma rota cultural de 1974, o Café Santa Cruz esteve
Igreja de São João de Santa Cruz, – conhecidos como crúzios, certificada pelo Conselho da aberto – tem faturas que o ates-
parte do Mosteiro de Santa habitavam o Mosteiro de Santa Europa. tam. Pretexto para nova viagem
Cruz), e após a dessacralização Cruz. A casa recebe ainda even- Entretanto, o programa co- no tempo: “Imaginemos como
teve diversos usos. Funcionou tos culturais, como apresen- memorativo dos 100 anos do seria estar aqui nesse dia…”.

E VA S Õ E S . P T 1 M A R Ç O 2 0 2 4 5
CAPA CAFÉS HISTÓRICOS

Desde
sempre,
para todas as horas
Ao longo de mais de um século, o Café Vianna
serviu de palco à agenda política, artística e cultural
de Braga. Mantém o charme do século XIX

TEXTO ANA COSTA sos conservam ainda os estuques


FOTOS DR e frisos dourados, grandes espe-

A
lhos, mármores e mobiliário de

alta
icónica esplanada sob época, tudo como em meados do
a arcada que se abre
para a Praça da Repú-
blica, junto ao chafariz,
século XIX.
Já o menu tem acompanhado
os tempos e inclui propostas para
Da
é como uma plateia para o de- todas as horas – destacam-se a CAFÉ AVIZ

burguesia
senrolar do quotidiano da cidade. Rua de Avis, 27, Porto
francesinha, o bacalhau à Braga
Das cadeiras do Café Vianna, do Tel.: 222 004 575
e o bolo de chocolate –, incluin-
Das 9h às 24h, de
qual eram assíduos frequentado- do o brunch, que se popularizou
segunda a sábado
res, crê-se que os escritores Cami- durante a pandemia e está dispo-
lo Castelo Branco e Eça de Queirós nível à carta, com os clássicos da
se tenham inspirado, observando
a sociedade que relata-
vam nas suas obras.
refeição, todos os dias da semana.
aos turistas
Fundado em 1858, é
um dos cafés mais anti- Abriu com a designação de “salão de chá”. Continua
gos de Braga, e além de ter a tê-la mas os tempos mudaram. O Café Aviz,
sido ponto de passagem
de várias figuras ilustres
no Porto, está agora mais focado na restauração
das letras e das artes, foi
também palco de tertúlias
e reuniões clandestinas. CAFÉ VIANNA TEXTO LUÍSA MARINHO dos clientes habituais, também os
Abrigou opositores de Praça da República, FOTOS IGOR MARTINS/GI turistas gostam de passar horas no

P
Salazar, e após a Primeira Braga bilhar, “antes de irem para os bares,
Guerra Mundial, numa Tel.: 253 262 336 ensa-se que terá nascido ou quando os dias estão chuvosos”.
altura em que havia falta Das 10h às 24h. em 1947, mais ou menos Nos anos 60, o Aviz foi muito
de metais para o fabrico Até às 2h ao na época em que mesmo frequentado por estudantes, como
de moedas, chegou a pro- sábado e domingo. ali ao lado se abria a mo- se pode ver nas placas de pedra
duzir cédulas que circula- Não encerra dernista Rua de Ceuta. O Café Aviz nas paredes, além de todo o tipo
vam na cidade em subs- - Salão de Chá começou por atrair de pessoas que trabalhavam nos
tituição do dinheiro. No a alta burguesia portuense e foi dos diversos serviços que existiam na
seu extinto salão de jogos primeiros espaços do género fre- Baixa da cidade. “Hoje já não é as-
conspirou-se o Movimen- quentado por mulheres sozinhas. sim.” E mesmo desde que Paulo
to de 28 de Maio de 1926, “Estávamos no pós-guerra, eram tomou conta do espaço, muito
que conduziu ao fim da tempo mais difíceis, por isso já não mudou. Em finais dos anos 90 e
Primeira República Portu- tem aquela exuberância e requinte inícios de 2000 poucos turistas ha-
guesa. Hoje, o Café Vianna de decoração dos cafés dos anos via. Eram os trabalhadores da zona
continua a ser um espaço 20, como o Majestic”, conta Paulo e os estudantes que faziam a casa,
voltado para os bracaren- Almeida, um dos gerentes da so- até porque não havia praticamen-
ses. Ainda que o turismo ciedade que desde 1998 está à fren- te bares por ali. Depois, o turismo
tenha trazido uma nova te deste café histórico. tomou conta desta zona do Porto.
clientela, “nunca perdeu O que se pode ver hoje não Mas não é por isso que mudaram
o conceito de servir a ci- será muito diferente do que era na a forma de estar. “Queremos pre-
dade”. Quem o diz é Mário época, como é o caso do painel de servar os clientes locais, por isso
Pereira, gerente do histó- azulejos com a figura do Mestre tentamos manter os preços equi-
rico café, que se mantém de Aviz. Numa pequena montra librados.” Os almoços e os jantares
dinâmico e envolvido na interior, ao lado da escultura “Me- são o forte. Além das francesinhas
agenda cultural e política nina de bronze”, de António de que também deram fama à casa,
da cidade. Azevedo, podem ver-se troféus de há cachorros, hambúrgueres e pra-
Ao longo dos anos fo- competições de bilhar – na cave tos portugueses, como pataniscas
ram feitas várias obras de há dez mesas para jogar, cada vez ou bacalhau à Braga. Mais recen-
reforma e manutenção do com mais procura. “Os cafés aqui temente, começaram a servir san-
espaço, sem nunca alterar perto já não têm bilhares. O Estre- des de carne fumada com molho
a traça original do café, la d’Ouro fechou e o Ceuta deixou chimichurri e queijo cheddar. Para
cujos interiores sumptuo- de ter”, conta Paulo Almeida. Além inovar na continuidade.

6 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T
CAFÉ CALCINHA
Praça da República,

Novos
67, Loulé
Tel.: 934 250 079
Web: facebook.com/
cafecalcinha
Das 8h às 23h.

pratos
Encerra à segunda
Preço: pratos do dia
12 euros; sopas
a 3 euros

e o bife de Pessoa
Prestes a celebrar 120 anos, A Brasileira do Chiado
é um dos mais antigos cafés da capital no ativo.
Há pratos recentes e clássicos à mesa

TEXTO NUNO CARDOSO abóbora com requeijão da serra;


FOTOS DR na coxa de pato confitada com

A
risoto e espargos; ou nas boche-

Poesia,
estátua em bronze, na chas de porco preto estufadas em
esplanada, criada por vinho tinto, com polenta e queijo
ocasião do centenário da Ilha. O tiramisu e o leite-creme
do nascimento de Fer- queimado na hora são opções para
nando Pessoa, em 1988, perpetua a o final. Lá para abril/maio, já estão

fado
preferência e a frequência habitual planeadas novas entradas: peixe e
do poeta por este que é um dos ca- legumes na grelha; magret de pato
fés mais antigos da capital. De tal com puré de ervilhas, aipo, horte-
forma que ainda hoje se faz o bife lã e pera grelhada; e lombinhos de
com molho à café que o autor de porco com acelgas e redução de
“Mensagem” ali pedia. amoras e vinho tinto.
Mas por estes dias, há reforços
para provar na carta d’A Brasileira
do Chiado, prestes a soprar 120 ve-
A qualquer hora do dia, há pe-
tiscos como as sandes de salmão
fumado e de presunto serrano,
e nova carta
las. A oferta é eclética em sabor ou croquetes de vitela e porco, mas Na casa onde António Aleixo se inspirava, há noites
não fosse esta uma ponte de passa- também folhados variados. Na do- A BRASILEIRA culturais para respeitar o legado. No Café Calcinha,
gem de visitantes de todas as par- çaria, os pastéis de nata saltam da DO CHIADO
tes do mundo. “É uma viagem pela vitrina a ritmo constante – num dia Rua Garrett, 122, Lisboa
em Loulé, a carta renovada está pronta a provar
diversidade da nossa gastronomia, concorrido, chegam a vender-se Tel.: 213 469 541
com um toque mais internacio- 600 unidades -, mas também há Web: abrasileira.pt TEXTO NUNO CARDOSO Neste que é classificado um
nal”, explica Nuno Carreira, chef pavlovas, croissants brioche e de Das 8h às 24h. FOTOS PAULO SPRANGER/GI Imóvel de Interesse Municipal
natural de Abrantes, que assume massa folhada, pão de ló à moda Não encerra

A
as rédeas da cozinha deste espaço, de Alfeizerão e bolos à fatia, entre há mais de uma década, ser-
Preço: menus
antigo local de frequentes tertúlias outros. Mas não só: a rabanada, estátua em bronze do vem-se menus de almoço com
de almoço a 30 euros
de escritores e artistas. que já é “um clássico desta casa”, poeta António Aleixo dois pratos do dia (um vegano),
(sopa ou sobremesa
À refeição, aposta-se em pra- garante Nuno, serve-se o ano todo, (que viveu os seus úl- a preços acessíveis, entre segun-
e prato principal);
tos como o arroz de tamboril com acompanhada de creme de queijo timos anos em Loulé), da e sexta. Numa carta renovada
pastelaria desde
gambas e amêijoas; no risoto de da Serra. sentado de perna cruzada na es- recentemente, destaque para as
2,20 euros
planada, é um dos vestígios mais três tábuas para petiscar: a do
claros do legado centenário do Mar (muxama, polvo, cenoura,
mais antigo café louletano ainda pão e azeitonas), a da Terra (pão,
em funcionamento. Aberto em chouriços, queijos e azeitonas)
1929, foi palco habitual de ter- e a Vegan (pão, húmus diversos,
túlias, noites de bilhar e jantares cenoura e tomate confitado). E a
entre figuras ilustres, momentos francesinha, normal ou vegana, a
registados em fotografias e docu- oportunidade de um proprietário
mentos espalhados pela parede nortenho encurtar as saudades de
do Café Calcinha (alcunha do fun- casa.
dador), reaberto há um ano, com Além disso, ao longo do dia há
cara lavada, mas mantendo a ins- torradas e tostas em pão de fer-
piração na Art Déco e as colunas mentação natural, bifanas e pre-
trabalhadas à entrada. gos, hambúrgueres, gelados, bo-
No espaço gerido em registo fa- los à fatia, os tradicionais folhados
miliar – pelo portuense Fernando de Loulé, D. Rodrigos, tortas (de
Silva, que trocou a Invicta pelo Al- laranja, alfarroba, amêndoa, noz)
garve, mais a companheira Sara e e outros artigos de pastelaria. Para
o filho Ricardo – a herança cultural emparelhar, chocolates quentes,
continua a alimentar-se. Regular- sumos naturais, chás, cocktails e
mente, há noites de fado, recitais cerveja artesanal algarvia, vinhos
de poesia (o Clube dos Poetas Vi- (em especial algarvios e durien-
vos), atuações de jazz e ópera. Este ses), além do café torrado na
ano, está para chegar o podcast própria casa, originário do Brasil,
Calcinha, para dar palco à cultura Colômbia e Etiópia, criando um
e aos empreendedores locais. aroma que se sente até na rua.

E VA S Õ E S . P T 1 M A R Ç O 2 0 2 4 7
APETECE PASSEAR

cão, diretor do Museu da Ciên-


cia e do Exploratório – Centro
Ciência Viva. Parte do nome
deve-se, aliás, ao “grito de sau-
dação e júbilo” “éfe-érre-á”, ou
F-R-A, acrónimo de Frente Re-
volucionária Académica.
“Toda a exposição está ba-
ÉFE-ÉRRE- seada na passagem de símbo-
-Á – MOMENTOS los, de referências, no avivar

Um mergulho na vida DA VIDA


ACADÉMICA
Colégio de Jesus,
de memórias”, afirma Paulo
Trincão. Mas também “está
feita para que quem não sabe

Coimbra
Universidade nada de Coimbra possa sentir
estudantil de Coimbra
Web: visit.uc.pt/pt/
um bocadinho dela”. Há quatro
salas, duas das quais divididas

de space-list/mu-
seu_academico
Das 9h às 13h
ao meio por um sistema de vi-
trinas-espelho. Logo à entrada,
vemos uma reprodução da Tor-

A
e das 14h às 17h re da Universidade, com uma
Memórias da mais antiga Universidade de Coim- Colégio de Jesus, que é parte (horário de inverno). antiga “Cabra”, ou seja, um dos
bra é a mais antiga do do Museu da Ciência. Inaugu- Não encerra
universidade portuguesa país e uma das mais rada no ano passado, em 4 de Preços: o espaço está
seus sinos originais. Acade-
mia e cidade cruzam-se nessa
na exposição “Éfe-Érre-Á - antigas do Mundo: abril, Dia do Antigo Estudante inserido em vários primeira sala, que dá conta de
-Momentos da Vida Académica” comemora 734 anos nesta sex- de Coimbra, permite aos visi- programas de visita uma tradição dos estudantes
ta-feira, 1 de março. Pretexto tantes reviver as suas memó- ao circuito turístico de Direito: pontapear o azule-
ideal para conhecer a exposi- rias estudantis ou, caso não as da Universidade de jo da Raposa Jurídica, para ter
TEXTO CARINA FONSECA ção “Éfe-Érre-Á – Momentos da tenha, perceber por que são tão Coimbra, com valores sorte nos exames. A partir daí,
FOTOS MARIA JOÃO GALA/GI Vida Académica”, instalada no valorizadas, explica Paulo Trin- entre 8 e 17,50 euros segue-se pela porta da Univer-
sidade ou pela porta da cida-
de, que abordam diversos mo-
mentos da vida na academia,
T R Ê S FAS E S DA V I S I TA até desembocarem numa sala
dedicada à música (ver caixas).
“As pessoas emocionam-se,
aqui. Revivem a juventude. O
que desperta o sentimento são
pormenores como uma lapisei-
ra, uma sebenta, uma fotogra-
fia”, diz Paulo Trincão. Existem,
inclusive, “pessoas que têm
saudades de Coimbra e nunca
cá viveram. Há todo um sim-
bolismo em viver em Coimbra,
toda uma vivência de cresci-
mento académico, social e po-
lítico”. Procurou-se despertar
memórias, mas de forma mo-
# A PORTA DA UNIVERSIDADE #A PORTA DA CIDADE # A SALA DA MÚSICA derna, dinâmica, fazendo uso
de alguma tecnologia, sem ser
Entrando pela porta da Universidade, encontramos A porta da cidade conduz a uma república estudantil Universidade e cidade fundem-se na última sala, “saudosista”, conclui o respon-
a recriação de uma sala de aula e várias peças imaginária, mas com algumas peças genuínas, reservada para a música de Coimbra, do fado sável, numa visita àquela expo-
originais ligadas ao ensino, algumas delas doadas. como decretos, uma ementa ou uma mecha de à canção de intervenção. Despedimo-nos com sição do Museu Académico da
E também a sala dos troféus da Associação cabelo de um caloiro. A Queima das Fitas, claro, José Afonso a cantar: “Ó Coimbra do Mondego/ Universidade, criada com base
Académica de Coimbra (AAC), com destaque surge representada, com recurso a imagens E dos amores que eu lá tive/ Quem te não viu num projeto vencedor do orça-
para a primeira Taça de Portugal de futebol e sons da festa, e uma reprodução do carro anda cego/ Quem te não amar não vive”. mento participativo da Câmara
conquistada, em 1939. alegórico vencedor do cortejo de 2022. Municipal, em 2020.

8 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T
PUBLICIDADE
28 FEV // 3 MAR

Visite-nos na Bolsa
B de Turismo de Lisboa
e embarque numa “Viagem dos Sentidos”
pelo nosso território, onde a cultura, natureza,
história e gastronomia se entrelaçam.

A Região de Coimbra quer conhecer-te.

E VA S Õ E S . P T 1 M A R Ç O 2 0 2 4 9
3
COMER E BEBER RESTAURANTES

No
Seixo
há comida
que não
complica

O
Longe do Porto, o restaurante Seixo Seixo é a lança de Vas- tradição, sabores essencialmente carregada de mesas, de teto incli-
co Coelho Santos nas regionais. Com atenção, hoje em nado, calorosa e em tons claros,
by Vasco Coelho Santos, nas encontas encostas do Douro. Em dia inevitável, à sazonalidade das onde o forno a lenha tem papel de
do Douro, a um paço do Pinhão, refresca Tabuaço, com o Pinhão matérias-primas e à sustentabili- estrela, é possível explorar-se uma
a carta sem fugir da tradição e dos sabores ali à frente, na curva do rio, rumo dade do seu uso. E se o peixe e o carta generosa nas entradas par-
a nascente. O criador dos portuen- pão de massa mãe são trazidos da tilháveis e sucinta no que se lhes
regionais. Numa quinta onde se produzem ses Euskalduna, Semea e Kaigi Invicta (da Peixaria e da Ogi, res- segue. No primeiro passo (quer
vinhos da Sandeman, a viagem à mesa chegou àquele território rodeado petivamente, mais dois estabele- dizer, no segundo, passado o pão
pode ter abóbora, enchidos, bacalhau, de vinha em parceria com a Quin- cimentos do Grupo Euskalduna), exemplar e o azeite intenso da
ta do Seixo – Sandeman, cujo cen- as carnes têm a mais local, reco- Casa Ferreirinha), pode-se aderir
vitela, leite-creme tro de visitas e adega dista escassos mendável e inevitável das prove- à “Abóbora e queijo”, de uma apa-
metros do restaurante. niências: o talho Qualifer, a um rente simplicidade de processos e
Regressado de férias no final de passo da estação ferroviária do de elenco mas com um resultado
janeiro, o Seixo by Vasco Coelho Pinhão, um singular santuário do eloquente: há pão e amêndoas
Santos refrescou q.b. a carta, sem fumeiro (e não só) cuja reputação torrados, testemunhas do casa-
se desviar dos preceitos que orien- e clientela em muito extravasam mento feliz da abóbora Hokkaido
TEXTO JORGE MANUEL LOPES tam a cozinha chefiada por Teresa estes montes e vales. com queijo São Jorge (e, de raspão,
FOTOS LEONEL DE CASTRO/GI Cruz: alimento de memória, de Numa sala ampla e não sobre- tomilho). Se se optar por ligação

10 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T
SEIXO BY VASCO
COELHO SANTOS
Quinta do Seixo,
Valença do Douro,
Tabuaço
Tel. 937 021 206
Das 12h30 às 15h30.
Não encerra
Preço médio:
50 euros (entrada,
prato e sobremesa)

QUINTA
DO SEIXO
Tel. 937 850 312
Visitas das 10h30
às 18h30 (última
visita 17h45).
Não encerra
Preço: 23 euros
(50 minutos)

direta à carne, eis a “Cabeça de se experimenta a “Vitela e arroz de leite-creme, suave, tem o contribu-
xara”: a proteína desfaz-se ao to- forno a lenha” – uniformemente to do alecrim. A torta de chocolate,
que, a couve passou pela brasa e é tostado, o cereal faz de cama à vi- com mousse, flor de sal e geleia
um primor, sente-se o contrapon- tela, cozida toda a noite, e sobre de melancia e ameixa, consegue
to dos pickles de cebola e da pera, ele também há couve lombarda e ser fresca e gulosa. O “Pão de ló e
esta vinda da própria Quinta do tomate (belo toque ácido) assados. queijo de cabra” chega na (peque-
Seixo. A generosa carta de vinhos, é na) dose certa. O Porto Sandeman
Nos pratos de peixe, e além do bom de ver, aposta boa parte das 40 Anos, servido a baixa tempe-
“Bacalhau à Zé do Pipo”, presença fichas no Douro, mais um pu- ratura, ampara a digestão, reme-
duradoura na carta, a aposta da nhado diverso de incursões pelas tendo diretamente para a infinda
estação vai para o rodovalho na Beiras, Bairrada, Dão, Alentejo, paisagem verde que está para lá
brasa, preparado sem invenções Lisboa, Verdes e Rosé. Bebeu-se o das portadas do restaurante, bem
e servido com batata e brócolos tinto Casa Ferreirinha Vinha Gran- como para a casa das máquinas da
e limão também na brasa, tudo de 2020, adaptável à variedade de Quinta do Seixo contígua, onde vi-
aconchegado em manteiga fu- pratos. nho assim dá os primeiros passos,
mada, ervas e alho. É comida que As sobremesas, no Seixo, tam- antes de seguir para os armazéns
não complica, um mantra que se bém olham para a tradição, com em Vila Nova de Gaia para que o
estende aos pratos de carne, onde judiciosas e subtis atualizações. O tempo lhe complete o corpo.

E VA S Õ E S . P T 1 M A R Ç O 2 0 2 4 11
COMER E BEBER RESTAURANTES

Embarcação
com história
e pratos
icónicos
Em 2022, Veleiros, o conhecido restaurante em Perafita,
Matosinhos, mudou de mãos. De cara lavada, em frente
ao mar, continua a servir os pratos que o fizeram famoso

TEXTO LUÍSA MARINHO exausto e disse-me que ia ven- chamava Fernando.”


FOTOS PEDRO GRANADEIRO/GI der o negócio. Eu só lhe pedi Além dos clássicos, aumen-

C
para não decidir nada sem fa- tou-se a oferta, adicionando
liente do restaurante lar comigo. Fui fazer as minhas sugestões com as quais “os res-
Veleiros desde que este VELEIROS contas e cá estou.” Como cliente taurantes já não conseguem vi-
abriu, em 1989, em Rua de Almeiriga Norte, habitual que era, Marcos teve ver”. Assim, há também pratos
frente à praia do Paraí- 2520, Perafita receio que um restaurante com vegetarianos, menu infantil, “até
so, Marcos Allen é agora o pro- Tel.: 969 348 953 “tanta história e potencial” pu- porque é um espaço muito fre-
prietário. Trabalhou durante três Das 12h30 às 15h desse ir parar a mãos que “des- quentado por famílias”, e algu-
décadas numa multinacional na e das 19h30 às 23h. virtuassem o seu passado ou o mas novas sobremesas.
área de cosmética até que se re- Encerra domingo levassem ao encerramento”. Para a cozinha, Marcos Allen
formou e quis mudar de vida. ao jantar, terça ao almoço Depois do negócio fechado, recrutou o chef João Loureiro,
“Eu estava ligado à gastro- e segunda todo o dia fizeram-se obras para dar uma “jovem de 25 anos mas já com
nomia por paixão. Escrevia no Preço médio: 25 euros lufada de ar fresco, modernizar bastante experiência em cozi-
Facebook sobre o assunto e gos- o aspeto e torná-lo mais con- nha tradicional”. De resto, man-
tava de me intitular divulgador fortável. A carta teve também teve praticamente toda a equi-
gastronómico”, conta o próprio. alguns ajustes, mas todos os pa. “Os antigos proprietários
Durante a pandemia, esteve li- pratos icónicos da casa se man- continuam comigo, o que dá
gado a um grupo naquela rede tiveram, até porque as receitas aquela sensação de evolução na
social que servia para divulgar são mais antigas do que o pró- continuidade. E temos recupe-
restaurantes de takeaway no prio restaurante. “O nosso polvo rado clientes que já não vinham
Grande Porto, ajudando assim assado, o bacalhau no forno ou há muito tempo.” Quando re-
no esforço para “minimizar os o arroz de pato têm todos mais gressam, percebem que não
estragos” provocados pelo en- de 50 anos. Tiveram a sua gé- se perdeu a essência. E a vista
cerramento ao público. nese em restaurantes aqui das para o mar da grande janela do
O Veleiros passou por muitas redondezas, como o Casa Velha primeiro andar continua a ser
dificuldades nesses dois anos. ou o Pingão, e vieram com o o cenário para uma refeição de
“O Sr. Fernando Pinto estava primeiro dono, que também se comida de conforto.

12 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T
CRÍTICA COMER E BEBER

Mesa com (10 euros), cozedura perfeita e boa

vista para Goa


afinação de temperos. Já se vê o
trunfo petisqueiro que a casa joga
com os passantes.
Entro com verve e élan nos
pratos principais, com a ideia fixa
do sarapatel (14 euros), e é o céu.
Seleção irrepreensível de fres-
Fica no enclave entre o Largo de Camões e a Rua D. Pedro V o Bairro Alto e veste a mais cosmopolita suras, fígado e caldo, integração
das colinas de Lisboa. Alberga joias restaurativas de múltiplas influências e a surpresa ainda sublime de sabores a proporcio-
nar a ponte Portalegre-Goa que
é garantida no vaguear cima a baixo. O Laranja Tigre cumpre o desígnio e oferece o refúgio sempre prefigura. Outro prato
certo para os amantes do exotismo à mesa numa proposta vanguardista e ousada da cozinha goesa que me atraiu foi o ambotic de
tamboril (16 euros), a declinação

P
mais frequente é com cação mas
para tudo há sempre a primeira
.REFEIÇÃO IDEAL
or esta porta entrava-se põem até porque tem o nome su-
outrora no Calcutá, ponto gestivo de Goan Moon (8 euros) vez. Golpe de vinagre bem dado,
de romagem dos aprecia-
dores de sabores e textu-
. Salada de cebola roxa e lima
Chamuças de garoupa (5 euros)
e é de criação própria, a partir de
vodka, ginger beer, coco e sal. Li-
picante no bom ponto, excelente
para a prática vínica. Prodigioso
ras da Índia. Teve os seus tempos .(6Bojés
euros)
geiro sabor a coco, servido bem nas texturas apresenta-se o Xec-
de fama e declínio e Afonso Melo . Xec-Xecde degrãocaranguejo
(5 euros)
de casca fresco, coloca-me no registo certo
LARANJA TIGRE
Rua do Norte, 17, Lisboa
-Xec de caranguejo de casca mole
(18 euros), outra surpresa boa,
decidiu assumir o espaço para para a empreitada telúrica que
lhe dar nova vida. A paixão por . Sarapatel (14 euros)
mole (18 euros)
adivinho sempre que me estreio
Tel: 213 461 292
a pedir tinto encorpado. Assim
Goa (de que é visitante regular) . Bebinca (5 euros) num restaurante de cozinha exó-
Das 12h às 24h,
de terça a domingo
como o canónico vindalho de ca-
e o culto da tertúlia fizeram-no tica. Ataco fervorosamente cajus chaço de porco ibérico (15 euros),
Preço médio: 22 euros
dar o passo em frente. Jornalista com malagueta (3,50 euros) que delicioso a ponto de quase pedir
desportivo, fez um longo périplo reagem bem à bebida, e pako- SÍTIO
para repetir, não fora a tarefa já
a acompanhar a seleção nacional ras de camarão e Bulhão Pato (6 S E RV I ÇO quase com o freio nos dentes. Faz-
de futebol, pelo que o espaço de euros), entrada prazerosa e in- CO M I DA -se aqui também um maravilhoso
que falamos é inclusivo e mui- trigante, casamento divertido da pica-pau de novilho açoreano à
to frequentado. Não raras vezes, técnica de inspiração portuguesa cafreal (16 euros), imperdível so-
encontramo-lo a escrever tran- com sabores de Goa. As chamuças bretudo pela tenrura da carne. No
quilamente numa das mesas do de garoupa (5 euros) e de leitão (5 capítulo doceiro claro que há ex-
restaurante que classifica de nova euros) têm receita feliz e concreti- celente bebinca (5 euros), e quan-
cozinha goesa, para no período zação quase feliz, algum descuido do voltar, em breve, vou investir na
das refeições se entregar à tarefa POR na fritura a reter gordura, o sabor mousse de chocolate com manga
de anfitrião. Manzoor e Ashock na FERNANDO MELO está bem. Deliciosos são também desidratada (6 euros), e mesmo
cozinha, Raquel e Nilesh na coor- CRÍTICO COMIDA os bojés de grão (5 euros) e as cha- assim depois de comer metade do
denação do serviço de sala, corre E VINHOS muças (5 euros), que podem ser mundo senti-me bem e a digestão
tudo de forma fluida. de leitão ou garoupa. Boa surpre- foi imaculada. Para repetir muitas
Aceito o cocktail que me pro- sa as lulinhas fritas com caril goês vezes, portanto!

E VA S Õ E S . P T 1 M A R Ç O 2 0 2 4 13
3
SAIR FICAR

A serra
eo
Dão
à janela
Mostrar a beleza natural
e o potencial do interior
é o propósito do Puro Dão Hotel
& Spa, aberto recentemente
no epicentro da região vitivinícola,
em Nelas. Com os olhos postos
na serra da Estrela, quer ser
o ponto de partida para
descobrir o território
TEXTO ANA COSTA
FOTOS MARIA JOÃO GALA/GI

A
silhueta da serra da grande lareira central a aconche-
Estrela impõe-se na gar o espaço amplo e janelas de
paisagem que entra cima a baixo que emolduram o
pelas janelas do Puro postal da serra, até à piscina pa-
Dão Hotel & Spa, aberto em Nelas norâmica, no segundo piso, que
no verão passado. Essa vista de- se alonga do interior ao exterior,
safogada para a montanha mais com água aquecida a 30 graus a
alta do território continental foi permitir banhos durante todo o
um dos muitos encantos que o ano com a cordilheira no hori-
casal Silvana Marques e João Fi- zonte, todo o hotel é uma grande
gueiredo viram na região, e que janela aberta para a beleza natu-
os motivaram a colmatar a falta ral do Dão.
que sentiam de um alojamento A vista também está garanti-
que estivesse à altura da restante da em quase todos os quartos e
oferta turística. “Nelas é o coração suítes (uma delas tem jacúzi na
do Dão, é uma localização privi- varanda), que primam por uma
legiada e o objetivo é isto ser um decoração minimalista e ele-
ponto de partida para o hóspede gante, desenhada para o hotel
ir descobrir a região”, lança Silva- pelo ateliê de design Artspazios.
na, administradora do hotel. “Todo o layout é muito pensa-
Assim, desde a sala de estar do para transmitir ao hóspede
comum, no rés-do-chão, ador- uma sensação de bem-estar, de
nada com plantas naturais, uma relaxamento e tranquilidade”,

14 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T
descreve Silvana Marques. Para e convidar os hóspedes a par-
isso, propuseram-se a trazer tir à descoberta, mas também
para o interior elementos natu- servi-lo à mesa. No Tertúlia, o
rais e formas orgânicas – há me- restaurante desta unidade, ao
sas de cabeceira feitas a partir comando do chef Henrique Fer-
de troncos de árvores –, que se PURO DÃO reira e do sommelier José Cardo-
reproduzem por todo o edifício, HOTEL & SPA so, propõe-se uma experiência
Rua do Mondego,
cuja composição se resume a enogastronómica focada na co-
Lote 9, Nelas
três materiais essenciais: betão, zinha portuguesa, nos produtos
Web: purodao.pt
madeira (alguma reaproveitada endógenos de época e nos vi-
Preço: quarto duplo
de ruínas existentes no local) e nhos do Dão (a garrafeira conta
a partir de 100 euros
ferro. com mais de 300 referências). “É
(com pequeno-almoço)
“Consideramos que o ferro re- uma continuação das quintas à
presenta muito o que é a pureza mesa”, define o chef.
característica da região, alguma O projeto hoteleiro ainda não
dureza. Se há coisa que se destaca está terminado, estando prevista
nos vinhos do Dão é serem vinhos a construção de uma aldeamen-
encorpados, duros, fortes e a nos- to turístico, mais familiar, com
sa pureza é uma pureza com cor- 13 moradias, e a criação de um
po, com expressão, que tem tudo pomar/horta em redor do hotel
a ver com a cultura local.” onde serão criados alguns dos
Mostrar o Dão significa não produtos servidos no restauran-
só dar a conhecer a natureza te, no bar e ao pequeno-almoço.

E VA S Õ E S . P T 1 M A R Ç O 2 0 2 4 15
PUBLICIDADE

16 1 M A RÇ O 2 0 24 E VAS Õ E S. P T

Você também pode gostar