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ALBERTOVIEIRA
CEHA (MADEIRA-FUNCHAL)
avieira@avieira.iiet
Pagamento em serviços
transformaçiio em conservas: Pfenin, casca, alfeola
consumo caseiro: doçaria, com bolos, arroz doce,
coscovões. bolinhos talhada, sonhos,malassadas
condimento culinaria v, , ,
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, A Madeira, como área produtora estava ~iaturalmenteerivolvida com o
consumo do aqúcar e derivadõs. Aqui era usado não apenas para o fabrico de
conservas e aflenin, mas também de uso corrente. Senão, como explicar a dife-
rença evidente entre os valores da produção e exportação. Para o periodo de
1490 a 1550 temos informação, ainda que prechria, da exportação de 105.896,5
arrobas, quando a produqão foi de 3.47 1.385 arrobas5.A inforinação, em sepa-
rado de alguns anos permite uma maior clarificação. Assim, tio periodo de 158 1
a 1586 sucede duas situações de nota. Enl alguns anos temos iima diferença
positiva e noutras negativa, fruto da cobertura da diferença pelo açíicar que se
importava anualmente do ~ r a sP.
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il,l!:
A.1,- .
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Ainda que os dados da exportação estejam longe da realidade espelharn uma diferença.
- , g ~ fJoel
. Serrão, Temas Históricos Madeirenses, Funchal, 1 992, 95.
A mesma situação acontece quando analisamos os valores de acordo com a
qual idade do açúcar.
. I - 0
' António Aragão, A Madeira Vistapor Estrangeiros. 1455-1 700, Funchal, 198 1, p.86.
Stegagno-Picchio, Luciana, O Sacro Coltgio de Alfenim, in Actas do !I Col6qrrio
-
lnterwcional de História dn Madeira, Lisboa, 1 990; pp. 1 8 1 190.
' Antbnio Aragão, A Madeira Vistapor Estrangeiros. 1455-1700, Funchal, 198 1, 162.
"coisas tão bom". Emaiiuel Ribeiro, em "O doce nunca ama~.gou"(1928),
esclarece-nos sobre a riqueza da doçaria conventual.
O principio fundamental que regeu o movimento de circulação do açúcar
foi a necessidade de suprir as carências de alguns mercados europeus, em
substituição do oriental, cada vez mais de difícil acesso. Foi a coiljuntura
que impôs a nova cultura no espaço atlintico e ditou as regras do mercado.
O consumo interno de açúcar é uma exigência tardia, gerada por novos habitos
alimentares ou das contingências do mercado do produto. No último caso
assume importância o dispêndio de açúcar na industria de conservas e casca
'i.
i como resultado da solicitaçZ~odos veleiros que demandavam o Funchal. Acresce
ainda que a vulgarização do aplioar no quotidiano madeirense derivou da oon-
juntura que o mercado viveu em finais do século XV.O aparecimento de novos
mercados produtores, como a Madeira, fez baixar o preço, o que provocou uina
generalização do seu consumo.
A import5ncia do açúcar na economia madeirense repercutiu-se a vários
níveis no mercado, chegando até a assumir a situação de medida de troca e de
.pagamento dos mais diversos serviços, Para isso contribuiu, não só, a afirmação
no quotidiano, mas também,a falta crónica de moeda na ilha''.
CONSun/rO DO AÇUCAR
Lqb " A correspondencia de Diogo Fernandes Branco (ANTT, Convedo de Santa Clara, livro
19) C muito clucidativa sobre s arnbieniia fabril e comercial que serve de fundo a estn
*idade. anfronte-se as cartas de 14 de Julho de 1649, 20 de Junho de 1550 publicadas em
'&hto Vieira, O Ptiblico e o Privado na História da Madeira Vol I. CorrespondSncia Particular
& M e ~ a d o Diogo
r Ferraaid~sBranco (I 649~1652),Funchal, CEHA, 1996.
(dizima). Enquanto a cobrança era feita directamente nas alfândegas do Fuilchal
e Santa Cruz, o primeiro poderia ser recolhido pela estrutura institucional criada
para o efeito - o almoxarifado dos quartos (1 485-1 522) - ou o cargo da anterior.
Ainda poderia suceder a arrecadação por contratadores, maioritariameate estran-
geiros, que oscilava entre as 18.507 e 3 1.876 arrobas entre 1497 e 150612.
O açúcar arrecadado pela coroa, tal como nos elucida F. J. ~ e r e i r a 'era
~,
gasto em despesas ordinárias, na carregaqão directa e vendas aos mercadores
elou sociedades comerciais. Na primeira despesa estavam incluídos, a redizima
dos capitães, os gastos pessoais do monarca, da Casa Real, as esmolas, para
além das despesas com os soldos dos funcionários, do transporte e embalagem
do açircar. A despesa variou entre as 1.070 e 2.1 14 arrobas, sendo a média aiiual
no periodo de 1501 a 1537 de 1622 arrobas. N o caso das esmolas é de realçar as
que se faziam as Misericórdias - Funchal (1 5 121, Ponta Delgada em S. Miguel
(15 15), Todos os Santos em Lisboa (1 506 -, Conventos - Santa Maria de Gua-
dalupe (14851, Jesus de Aveiro (1502) e Conceição de Évora. A par disso tam-
bém se regista a utilização temporária dos lucros arrecadados pela Coroa no
custeamento dos socorros As praças africanas ou no provimento das armadasI4.
A contrapartida estará na política de ofertas estabelecida por D. Manuel I,
que em muito contribuiu para o enriquecimento do patrimonio artistico da
~adeira'~.
As dádivas da coroa as instituições hospitalares e conventos mantiveram-se
mesmo em momentos de dificuldade do século XVII. Sabemos que a
Misericórdia do Funchal recebia em 1 64716 como esmola 12 arrobas de açúcar,
enquanto a de Santa Cruz recebeu em 168217 apenas 2 arrobas de açúcar. O
Mosteiro de Jesus em Aveiro, que recebia 10 arrobas de açúcar por ano, recla-
mava em 164818 pelas esmolas desde 1643, como isso não aconteceu nomeou
em 1652" um procurador para proceder h cobranqa. Sabemos ainda que
ern1686~'o Mosteiro de Belém em Castela tinha direito a 50 arrobas de açúcar
de esmolas, sendo procurador o Provedor da Fazenda.
CONSERVAS E DOÇARLA
1
i
pelo fabrico de 40 arrobas e conserva para o rei. Já em 1521 Inês Mendes
recebeu 92$000 reis por 60 arrobas com o inerrno destino". NO período de 1 501
a 156 1 a Casa Real consumiu 1 1 29 arrobas e 58 barris de açúcar em conservas e
frutas secas48.
Os livros do quarto e quinto do açúcar informam-nos sobre o dispéndio que
déle se fazia no fabrico de conservas, frutas seca e marmelada49.Nisso gasta-
ram-se cerca de quatrocentas arrobas de açúcar de vários tipos, sendo a maioria
para consumo dos proprietários do referido agúcar.
A partir de meados do século XVII torna-se difícil reconstituir o movi-
mento comercial de derivados do açúcar. A documentação é escassa e a infor-
mação mais elucidativa encontra-se na correspondência comercial de três
mercadores: Diogo Fernandes Branco ( 1 649- 1652), W i Iliain Bolton (1 694-
- 1715) e Duarte Sodré Pereira (1 7 10- 17 12).
Diogo Fernandes Branco parece ter sido o principal interveniente do
comércio com os portos nórdicos, quase só baseado na exportação de casca e
conservas. Para o curto periodo que dura a correspondência é evidente a impor-
tância assumida no comércio5'. Assim em 1649, não obstante o açticar da produ-
ção local ser de inau qualidade, a falta de cidra e tardar a vinda dos ilavios do
Trasil, a procura manteve-se activa, gerando dificuldades aos forilecedores,
51
Antbnio Aragão, ob. cit., pp. 3 18-367.
Duarte Sodré ~ereira'~ surge, nos anos imediatos, como o continuador do
comércio. A actividade mercailtil, neste Iapso de tempo, esteve dedicada, tam-
bém ao comércio do açúcar do Brasil e a exportação de casca para o norte da
Europa, nomeadamente, Amesterdão. A partir da correspondèiicia comercial
sabe-se que exportou a seguinte quantidade de casca:
'
titico bolo de mel, o certo é que
.
perdura
.
no imaginário
- das gentes
- um receituhrio
m i a d o que continua a fazer as delícias da casa e convidados em momentos
festivos, como o Natal, as visitas do Espírito Santo e a s romarias dos oragos da
i freguesia. O bolo de mel .. é apenas uma das expressões mais perfeitas do requinte