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A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO

❑ A história do nordeste brasileiro, sobretudo do estado de Pernambuco, está


intrinsecamente ligada à economia açucareira

❑ A produção do açúcar era de fundamental interesse da Coroa Portuguesa,


visto que essa especiaria foi, até meados do século XIX, o principal produto
de exportação do Brasil.

❑ A exploração da cana-de-açúcar, no estado de Pernambuco, concentrou-se


em uma área específica, a Zona da Mata, devido à composição do solo
(massapê e barro vermelho) e às precipitações pluviométricas, que variavam
de 700 a 2.500mm ao ano.

❑ Esta Zona, por sua vez, estava dividida em duas sub-regiões: Mata úmida,
situada ao sul do Recife, e Mata Seca, ao norte (SILVA, 1997).
A LAVOURA AÇUCAREIRA
❑ A economia colonial baseada na monocultura, no latifúndio e na escravidão, direcionava-
se para os interesses do mercado externo.

❑ A política mercantilista desenvolvida pela Metrópole garantia o fortalecimento do Estado


absolutista português e, também, o enriquecimento dos comerciantes (burguesia
mercantil), financiadores desses empreendimentos.
A LAVOURA AÇUCAREIRA E A MÃO DE OBRA ESCRAVA

LUCRO
MERCADO E
ESTRUTURA
AÇÚCAR
A LAVOURA AÇUCAREIRA E A MÃO DE OBRA ESCRAVA

PONTOS
AS
A PRODUÇÃO FAVORÁVEIS
DIFICULDADES
AÇUCAREIRA PARA O
FINANCEIRAS
CULTIVO

A QUESTÃO
O MODELO
DA MÃO DE
IMPLANTADO
OBRA
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO
❑ O solo massapê foi extremamente favorável ao plantio da cana-de-açúcar,
que ficou conhecida por sua qualidade e pelo rápida colheita advinda de seu
plantio.

❑ o principal condicionante da ocupação e prosperidade dos engenhos, em


Pernambuco, foi a água, especificamente os cursos ou caminhos d’água que
protagonizavam como força motriz dos engenhos e, ainda, como meio de
escoamento da produção

❑ Além deste, outros fatores que impulsionaram a sua implantação foram: a


proximidade de matas e florestas - que forneciam matéria prima para as
fornalhas - e a distância relativa das tribos indígenas, que representavam
ameaça, levando-se em conta os deficientes sistemas de defesa dos.
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO
❑ Frustrada a tentativa de formação de um império na Índia, na quarta década
do século XVI os portugueses iniciaram o processo de colonização, a
plantation açucareira que iria substituir o extrativismo do pau-brasil e de
outros produtos de menor valor

❑ A plantation, iniciada em Pernambuco e na Bahia na primeira metade do


século XVI, foi dedicada sobretudo à cana-de-açúcar, ativando o
desmatamento e implantando os engenhos que fabricavam o açúcar bruto,
a rapadura e a aguardente
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO
❑ Durante o governo de Duarte Coelho, teriam sido construídos pelo menos
cinco engenhos: um localizado no Beberibe, chamado Engenho do Salvador,
do qual seria dono o próprio donatário; o Engenho do Beberibe, Engenho
Velho ou Engenho Nossa Senhora da Ajuda que pertencia à Jerônimo de
Albuquerque; o terceiro que pertencia a Afonso Gonçalves, construído em
Igaraçu; o quarto, Engenho Santiago, em Olinda, de Diogo Fernandes; e o
último seria o Engenho de Jaguaribe, pertencente a Vasco Fernandes de
Lucena

❑ Com o desenvolvimento da capitania aumentaria o número de engenhos e a


produção de açúcar se igualaria a da Madeira já em 1560.

❑ Em Olinda, no ano de 1585, haveriam 66 engenhos e 2 mil famílias


portuguesas, e os senhores de terra estariam desfrutando de grandes
banquetes e vestuários luxuosos, provocando comentários como os do padre
Cardim que dizia haver “mais vaidade em Pernambuco do que em Lisboa”
INVESTIMENTO HOLANDÊS
❑ O interesse holandês na região estava em obter o domínio de todo o
processo de produção açucareira.

❑ Além do refino e da venda do produto no mercado europeu, a Holanda


esperava controlar a plantação e o cultivo da cana.

❑ O domínio de todo o processo de produção do açúcar seria vantajoso


economicamente para os holandeses.

❑ Para realizar esse objetivo, os holandeses fundaram a Companhia das Índias


Ocidentais, que pretendia conquistar os locais onde o açúcar era produzido e
os postos de comércios de escravizados no litoral africano.
A ESTRUTURA

O INVESTIMENTO

O LATINFÚNDIO

O ENGENHO
INVESTIMENTO HOLANDÊS
❑ Os holandeses participaram do empreendimento açucareiro no Brasil, desde
o início.

❑ Financiaram a instalação de engenhos e tornaram-se os maiores


responsáveis pelo processo de refinamento do açúcar e por sua
comercialização na Europa.

❑ Este empreendimento era tão importante para eles que, entre os anos de
1621 e 1622, o número de refinarias de açúcar no norte da Holanda cresceu
de três para vinte e nove.

❑ Os holandeses obtinham lucro significativo com a venda de açúcar refinado


para os demais países europeus. Portanto, nem imaginavam abrir mão desse
comércio.
A LAVOURA AÇUCAREIRA
❑ Os primeiros incentivos da Coroa à
economia açucareira consistiam em
fornecer ajuda a colonos que não
dispunham de capital ou crédito necessários
ao estabelecimento de um engenho, mas
que desejavam participar da economia
exportadora.

❑ Os primeiros engenhos, em várias partes do


Brasil, dependeram desses lavradores de
cana que permaneceram como elementos
essenciais e integrantes da economia
açucareira.

❑ No regimento de Tomé de Sousa foram


feitas referências sobre sua atuação.
A LAVOURA AÇUCAREIRA
❑ Caso o prazo não fosse cumprido de ocupação/povoação não fosse cumprido, a terra
reverteria à Coroa portuguesa, podendo ser doada a outras pessoas.

❑ Cumprindo todas essas exigências, ele se tornaria, então, um colono.

❑ A propriedade da terra seria plena, não estabelecendo qualquer laço de dependência


pessoal entre o doador (o donatário) e aquele que a recebia (o sesmeiro), que pagaria
apenas o dízimo da Ordem de Cristo.

❑ Foi a sesmaria a base de todo o sistema de propriedade no Brasil e a origem do


latifúndio, nas fazendas agrícolas, de criação e nos engenhos.
A LAVOURA AÇUCAREIRA

❑ O engenho, a grande propriedade produtora de


açúcar, era constituído, basicamente, por dois
grandes setores: o agrícola - formado pelos canaviais
-, e o de beneficiamento - a casa-do-engenho, onde a
cana-de-açúcar era transformada em açúcar e
aguardente.
A LAVOURA AÇUCAREIRA
❑ No engenho havia várias construções: a casa-grande, moradia do senhor e de sua
família; a senzala, habitação dos escravos; a capela; e a casa do engenho.

❑ Esta abrigava todas as instalações destinadas ao preparo do açúcar: a moenda - onde se


moía a cana para a extração do caldo (a garapa); as fornalhas - onde o caldo de cana era
fervido e purificado em tachos de cobre; a casa de purgar - onde o açúcar era
branqueado, separando-se o açúcar mascavo (escuro) do açúcar de melhor qualidade e
depois posto para secar.

❑ Quando toda essa operação terminava, o produto era pesado e separado conforme a
qualidade, e colocado em caixas de até 50 arrobas.

❑ Só então era exportado para a Europa.

❑ Muitos engenhos possuíam também destilarias para produzir a aguardente (cachaça),


utilizada como escambo no tráfico de negros da África.
O ENGENHO
OS ENGENHOS
❑ Os engenhos de cana-de-açúcar podem ser entendidos como os primeiros
exemplares da atividade industrial no Brasil.

❑ São tipologias arquitetônicas que, até hoje, elucidam as etapas e procedimentos


fundamentais à produção do melaço, do açúcar e da cachaça.

❑ Estes exemplares evidenciam também as formas de escoamento, a articulação


funcional entre os edifícios e materializam em seus arranjos espaciais a
conhecida “sociedade do açúcar”.

❑ Segundo Cristina Menenguello, "os engenhos podem ser considerados


patrimônio industrial porque, embora não se refiram ao período da Revolução
Industrial ou mesmo posterior, são registros do trabalho humano, do maquinário,
das ferramentas e processos de produção que consideramos patrimônio
industrial” (MARIUZZO, 2006).
O ENGENHO
A LAVOURA AÇUCAREIRA
❑ Canaviais, pastagens e lavoura de subsistência formavam as terras do engenho.

❑ Na lavoura destacava-se o cultivo da mandioca, do milho, do arroz e do feijão.

❑ Tais produtos eram cultivados para servir de alimento.

❑ Mas sua produção insuficiente não atendia às necessidades da população do


engenho. Isto porque os senhores não se interessavam pelo cultivo.

❑ Consideravam os produtos de baixa lucratividade e prejudiciais ao espaço da


lavoura açucareira, centro dos interesses da colonização.

❑ As demais atividades eram deixadas num segundo plano, ocasionando grande


falta de alimentos e alta dos preços. Esse problema não atingia os senhores, que
importavam os produtos da Europa para sua alimentação.
A LAVOURA AÇUCAREIRA

❑ A parte das terras do engenho destinada


ao cultivo da cana - o canavial - era
dividida em partidos, explorados ou não
pelo proprietário.

❑ As terras não exploradas pelo senhor do


engenho eram cedidas aos lavradores,
obrigados a moer sua cana no engenho
do proprietário, entregando-lhe a
metade de sua produção, além de pagar
o aluguel da terra usada (10% da
produção).
OS ENGENHOS

• MAIS SIMPLES
TRAPICHE • FORÇA ANIMAL

• MAIS SOFISTICADO
REAL • HIDRÁULICO
OS TIPOS DE ENGENHOS
❑ É importante salientar a existência de dois tipos de engenho distintos em seu
modo de funcionamento, são eles os Banguês ou Trapiches e os Reais.

❑ Os banguês funcionavam por tração animal, podendo suas engrenagens serem


movidas por escravos, bois ou cavalos.

❑ Já os reais eram movidos por roda d’água e como afirma Sergio Buarque de
Holanda eram assim denominados “por terem a realeza de moerem com água, à
diferença de outros, que moem com cavalos, e bois, e são menos produtivos e
aparelhados.” (Holanda, 2003, p. 231)

❑ Além disso os engenhos reais recebiam títulos diferentes de acordo com a


maneira que a água caia sobre a roda d’água, podendo ser chamados de
copeiro, meeiro ou rasteiro.
OS TIPOS DE ENGENHOS
❑ Devido à grande cultura açucareira, era provável encontrar ao longo do
Capibaribe e de outros rios, um significativo número de pequenos
portos/armazéns conhecidos popularmente como trapiches, sendo responsáveis
pelo escoamento da produção, para o embarque e desembarque de
embarcações não muito grandes ou entrepostos de pequenas mercadorias que
iam ou vinham do Porto de Recife.

❑ Já no porto do Recife encontrávamos os chamados Paços do Açúcar, locais


responsáveis pelo armazenamento do açúcar até o momento do envio à Portugal.
Moagem na Fazenda Cachoeira.
Benedito Calixto, 1830.

Um engenho em Pernambuco no século XVII.


A ESTRUTURA

“ENGENHO DE ITAMARACÁ”, DE FRANS POST


A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVI)
❑ A porção territorial, atualmente denominada Igarassu, encontrava-se, no século
XVI, ocupada por tribos indígenas, sobretudo pela tribo dos Caetés.

❑ Em 1516, foi implantada a Feitoria de Pernambuco em local hoje conhecido por


Sítio dos Marcos, pois nesta área posteriormente foram fincados os marcos de
pedra divisórios das Capitanias de Itamaracá e de Pernambuco, por meio da qual
os portugueses exploravam o pau-brasil e detinham o controle no comércio da
especiaria.

❑ Os primeiros propulsores do desenvolvimento econômico da Villa de Igarassu


foram os engenhos e o que viria a ser a “grande rede da indústria do açúcar”.

❑ Assim como Igarassu, a partir da segunda metade do século XVI, Itamaracá


também já possuía alguns engenhos.
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVI)

Em 1550 havia cinquenta engenhos de açúcar no Brasil,


Em 1584 já havia cerca de 118 (...)
Durante os quarenta anos seguintes o número de engenhos
e a produção anual dobraram, e em 1623, às vésperas da
invasão holandesa, havia cerca de 350 engenhos de açúcar
no Brasil”
(RUSSELL-WOOD, 1981, p.41 apud IPHAN, 2010).
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVI)

Em 1584, segundo informações de Joseph de Anchieta citadas


por Capistrano Abreu, na primeira edição das “Denunciações e
Confissões de Pernambuco” (1929): A população de Capitania de
Pernambuco (...) seria de oito mil brancos, dois mil índios mansos, e
de dez mil escravos de Guine e Angola. Naquelle tempo moíam
sessenta e seis engenhos, que cada um era uma boa povoação;
lavravam-se em alguns annos duzentas mil arrobas de assucar, e os
engenhos não podiam esgotar a canna, moendo-as de três e quatro
annos. Quarenta navios ou mais, que fossem a Pernambuco, não
chegariam para transportar todo o assucar (FUNDARPE, 1984 apud
IPHAN, 2010, p. 17).
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVI)
❑ A partir da observação da cartografia de Johannes Vigboons, de 1665, é possível
perceber a localização estratégica da Villa de Igarassu neste sistema de
produção açucareira, uma vez que os caminhos d’água e por terra convergiam
para Igarassu e facilitavam o escoamento da produção pelo Canal de Santa Cruz,
no Porto de Pernambuco ou Pernambuco Velho.

❑ O aproveitamento dos recursos hídricos e da situação geográfica favorável foram


determinantes para a implantação da vila que se constituiu em centro de
abastecimento e de trocas comerciais.

❑ Em meados do século XVIII, Igarassu perdeu, em certa medida, seu


posicionamento estratégico na rota do açúcar, fato este que se deve em parte ao
aumento dos calados das embarcações que transportavam a produção
açucareira, em função da redução do frete marítimo (IPHAN, 2010).
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVI)
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
❑ A economia açucareira na capitania de Pernambuco entre meados do século XVII
e meados do século XVIII passou por vários problemas e dificuldades.

❑ em meio a tantos problemas o número de engenhos em Pernambuco não


cessava de crescer neste interregno de cem anos, sugerindo que outros negócios
que estavam além do âmbito dos engenhos e lavouras animavam e tornavam
possível a superação das dificuldades na produção de açúcar

❑ Em 1655, portanto logo após a Restauração Pernambucana, a capitania possuía


109 engenhos.

❑ e poucos anos antes da invasão holandesa Pernambuco possuía um número de


engenhos superior ao que existia em 1655.

❑ Em 1623 existiam 137 engenhos e em 1629 a capitania contava com 150 deles
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
❑ Se quisermos avaliar o comportamento do número de engenhos durante o
período holandês veremos que foi a guerra de resistência entre 1630 e 1637 que
trouxe uma maior diminuição para a quantidade de unidades produtoras.

❑ As batalhas entre holandeses e luso–brasileiros de norte a sul na zona da mata


pernambucana fez com que os engenhos se reduzissem a 108 ao fim da guerra
de resistência.

❑ No entanto, a recuperação se deu de forma muito rápida, pois em 1639 o número


de engenhos já tinha aumentado para 121.

❑ os engenhos seriamente afetados pela Restauração foram os localizados na


parte norte da capitania, notadamente na freguesia de Paratibe (que pertencia ao
município de Olinda) e na vila de Igarassu, onde praticamente todos os engenhos
foram destruídos
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
❑ Os engenhos do termo de Olinda – a exceção da já citada Paratibe e da
freguesia da Várzea do Capibaribe – pouco sofreram com a guerra, situação
análoga ao que se passou nas localidades ao sul da capitania.

❑ É difícil acompanhar a evolução do número de engenhos ao logo dos anos nessa


segunda metade do século XVII, pois a próxima relação que traz o número de
engenhos de Pernambuco foi elaborada em torno de 1710.

❑ Nesse interregno de cerca de 50 anos o aumento do número de engenhos foi


extremamente notável: a capitania passou a ter 246 engenhos

❑ Dado o número extremamente elevado, suspeitamos que Antonil incluiu os


engenhos de Itamaracá e Paraíba, assim como o fizeram relatórios posteriores
que fizeram a contagem de engenhos em Pernambuco.
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
❑ Em 1655 São Lourenço da Mata possuía apenas 9 engenhos, número esse
aumentado para 29 em 1698.

❑ Para a primeira metade do século XVIII também é difícil acompanhar a evolução


do número de engenhos em Pernambuco em virtude da escassez de
informações.

❑ Apenas nos meados do século temos uma informação precisa.

❑ A capitania em torno de 1750 possuía 276 engenhos, portanto, mais uma vez
apresentou crescimento no número de unidades produtivas em um interregno de
cerca de 40 anos

❑ Neste meio de século os termos de Olinda e do Recife são dominantes em


relação ao resto da capitania, pois 109 engenhos ficavam nas freguesias
localizadas nas terras destes dois municípios
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
❑ Por essas e outras os preços do açúcar despencaram: em Lisboa, o açúcar
custava 3.500 réis a arroba em 1650, enquanto em 1668 caiu para 2.400 réis e
em 1688 despencou para 1.300 réis.

❑ Já em Amsterdã custava 0,67 florins a arroba do açúcar branco em 1650,


descendo para 0,28 florins em 1672
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
❑ Na capitania de Pernambuco, na América portuguesa, os senhores de engenho e
lavradores de cana-de-açúcar conseguiram, ao longo dos séculos XVII e XVIII,
sucessivas prorrogações de um privilégio que lhes garantiu a não cobrança de
suas dívidas por meio do confisco de seus bens

❑ Pernambuco teve uma representação da câmara de Olinda, de 1617, por meio da


qual 35 senhores de engenho e lavradores de cana subscreveram uma
solicitação para que seus bens não fossem executados por dívidas

❑ Não se sabe se essa solicitação foi atendida pela Coroa. Contudo, verificou-se
que durante o período de dominação holandesa (1630-1654), a West Indische
Company proibiu os credores de executarem as fábricas dos produtores de
açúcar em caso de dívidas
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XVII/XVIII)
❑ O direito dos senhores de engenho e lavradores de cana de não serem
executados por dívidas em seus bens produtivos remonta aos privilégios
concedidos aos lavradores do Reino português.

❑ Em 1697, os conselheiros do Ultramarino, em resposta favorável à solicitação da


câmara de Sirinhaém, em Pernambuco, sobre a prorrogação da proibição das
execuções por dívidas, afirmaram que era necessária a conservação das
unidades produtivas das colônias: a exemplo dos bois de arado e fábrica dos
lavradores deste Reino

❑ Nas primeiras décadas do século XVIII, os produtores de açúcar de Pernambuco,


mais que nunca, necessitavam da continuidade do privilégio de não terem seus
bens produtivos arrematados.

❑ Isso porque ocorria uma crescente ascensão social dos homens de negócio na
capitania e credores dos agricultores, que conseguiram gerir seus interesses por
meio de diferentes instituições locais. T
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XIX/XX)
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XIX/XX)
A LAVOURA AÇUCAREIRA EM PERNAMBUCO (XIX/XX)
❑ O desenvolvimento da cultura da cana e da produção de açúcar transposto do
Brasil para as Antilhas após a expulsão dos holandeses do Nordeste, provocou
uma melhoria nas técnicas de produção e na qualidade do produto.

❑ O fato causou um impacto sobre a região que continuou, até o início do século
XIX, a cultivar a cana crioula, a usar a mão de obra manual – o arado só foi
introduzido em meados do século XIX – e a produzir o açúcar bruto, de baixa
qualidade.

❑ As inovações em escala internacional introduzidas no século XIX determinaram a


necessidade de modernização da indústria açucareira, dando margem ao
programa imperial de implantação de engenhos de maior produção.

❑ Assim, a partir de 1874 foram implementadas melhorias nos banguês, visando à


produção de açúcar branco e demerara, surgindo então as fábricas de maior
capacidade de produção
A RELAÇÃO DOS ENGENHOS COM OS RIOS EM PE
❑ Os primeiros engenhos foram construídos nos vales dos rios Igaraçu, Beberibe e
Capibaribe, onde Duarte Coelho (o primeiro donatário da capitania de
Pernambuco) foi responsável por facilitar as relações com os nativos através de
algumas uniões entre colonos e índios

❑ Esses engenhos se posicionavam estrategicamente às margens dos rios,


aproveitando-se das marés para o embarque de açúcar em pequenos portos.
Duarte Coelho fez uso dos poderes delegados à ele pela Carta Foral para
conceder sesmarias, pois a “fragmentação” do território facilitaria o processo
produtivo.

❑ Muitos dos engenhos que surgiram nas margens de rios levaram consigo
uma significativa estrutura de pessoas, dando origem, a povoamentos e
posteriormente a bairros do Recife, como Várzea, Monteiro, Apipucos, entre
outros.
A RELAÇÃO DOS ENGENHOS COM OS RIOS EM PE
❑ Como já foi dito, inicialmente os engenhos se firmaram à beira dos rios como
uma forma de melhor atender o seu modo de operação e por volta da primeira
metade do século XVI Jerônimo de Albuquerque, cunhado do capitão donatário,
ficou responsável por expandir as áreas de cultivo da cana pelas várzeas dos rios
Capibaribe e Beberibe.

❑ Já na outra metade do século XVI, foi a vez dos filhos de Duarte Coelho
conquistarem os entornos dos rios Jaboatão, Pirapama, Ipojuca, dentre outros.
Essa expansão territorial auxiliou o donatário na “distribuição” de terras mais
propicias a cultura canavieira.
A MÃO DE OBRA

AFRICANA

INDÍGENA
A MÃO DE OBRA

LÓGICA DO O TRÁFICO PROJETO DA


LUCRO NEGREIRO IGREJA

MODO DE
RESISTÊNCIA TRABALHO
INDÍGENA DOS
INDÍGENAS
A MÃO DE OBRA
A MÃO DE OBRA ESCRAVA
❑ Em todo o processo de produção, da plantação das mudas até o encaixotamento
do açúcar destinado especialmente a Europa, o trabalho fora realizado por
escravos.

❑ Se num primeiro momento a escravização recaíra sobre os nativos da terra – os


indígenas – mais baratos e facilmente capturados, com o tempo, acentuou-se a
substituição destes por cativos de origem africana, acima de tudo, pelo fato do
tráfico transatlântico proporcionar uma generosa arrecadação aos sujeitos
envolvidos e, em consequência, à Coroa Portuguesa.

❑ O trabalho realizado pelos escravos africanos nos engenhos de açúcar era árduo
e insalubre. As jornadas eram longas e tornavam-se mais exaustivas à medida
que se aproximava o período da colheita da cana, uma vez que as tarefas a
serem cumpridas aumentavam.

❑ Por vezes, o trabalho era interrompido por morosas sessões de tortura e


castigos físicos, como forma de dominação e punição por parte do senhor.
A MÃO DE OBRA
A MÃO DE OBRA
RESOLUÇÃO DE
QUESTÕES
QUESTÃO 1 IAUPE PMPE 2018
Para Celso Furtado, “Cada um dos problemas referidos – técnica de produção, criação de mercado,
financiamento, mão de obra – pôde ser resolvido no tempo oportuno, independentemente da existência
de um plano geral preestabelecido. O que importa ter em conta é que houve um conjunto de
circunstâncias favoráveis sem o qual a empresa não teria conhecido o enorme êxito que alcançou.”
(FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil.)
Em relação à economia açucareira no período colonial, assinale a alternativa CORRETA.
A) Sem possuir uma experiência concreta no cultivo e produção do açúcar, Portugal, inicialmente, teve
dificuldades em implementar o empreendimento açucareiro no território da Capitania de
Pernambuco.
B) A mentalidade da colonização portuguesa fez com que os recursos obtidos no comércio do açúcar
fossem transferidos para a metrópole, não permitindo o desenvolvimento da Capitania de
Pernambuco nem altos investimentos na produção açucareira.
C) Muito importante para a comercialização do açúcar durante o “Período holandês”, os cristãos novos
de origem judaica praticamente não tiveram acesso ao tráfico do açúcar no período colonial em
Pernambuco, pois a Santa Inquisição proibia a participação destes.
D) Os escravos africanos, ao contrário dos indígenas da América Portuguesa, não estavam habituados
a manejar lavouras destinadas à produção capitalista, o que dificultou, mas não impossibilitou, a
introdução daqueles no empreendimento do açúcar.
E) Duarte Coelho assumiu um papel agressivo no lançamento do empreendimento açucareiro na
Capitania de Pernambuco, trazendo para esta artesãos e especialistas das ilhas do Atlântico.
QUESTÃO 2 IAUPE
A partir de fins do século XVII, o sistema escravista brasileiro passou a escorar-se em uma estreita
articulação entre tráfico, transatlântico de escravos bastante volumoso e número constante de
alforrias. Nessa equação, era possível aumentar a intensidade do tráfico com a introdução de
grandes quantidades de africanos escravizados, sem colocar em risco a ordem social escravista.
(A dinâmica da escravidão no Brasil Resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. MARQUESE, Rafael
de Bivar.).
Pode-se afirmar que o Sistema Escravista no processo mercantilista
I. teve como ideia norteadora o antigo sistema de escravidão empregado na Grécia Antiga
e no Império Romano.
II. só teve sucesso devido ao caráter monocultor das colônias europeias na América e à
pequena quantidade de nativos nessa região.
III. foi uma importante fonte de renda para todos os personagens envolvidos no tráfico de
escravos. Assim, africanos, europeus e brasileiros tinham interesse na manutenção
deste.
Está CORRETO, apenas, o que se afirma em
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
QUESTÃO 3 IAUPE
Durante o século XVI, destacaram-se como grandes polos de produção
açucareira no Brasil as regiões de
A) Pernambuco, Bahia e São Vicente.
B) São Vicente e Rio de Janeiro.
C) Pernambuco, Rio de Janeiro e Bahia.
D) Itamaracá e São Vicente.
E) Rio de Janeiro e Bahia.
QUESTÃO 4 IAUPE
Na colonização de Pernambuco e na montagem da indústria açucareira,
podemos destacar
A) o sucesso do regime das Capitanias Hereditárias.
B) a implantação da mão de obra africana escravizada.
C) o destaque das capitanias do Rio de Janeiro e São Vicente na produção do
açúcar.
D) a criação do Governo Geral em 1500.
E) a escolha de Olinda como sede do Governo Geral.
QUESTÃO 5 EP QUESTÕES
Sobre a escravidão e sua presença na economia e sociedade do
Pernambuco Colonial, assinale a alternativa CORRETA.
A) Pernambuco foi a primeira Capitania da América a abolir a escravidão.
B) Portugal não participava do tráfico negreiro para Pernambuco.
C) O tráfico negreiro para Pernambuco persistiu até o século XIX.
D) A abolição da escravatura em Pernambuco ocorreu no final do século XVIII.
E) Em Pernambuco, não ocorreu a escravização dos povos indígenas.
QUESTÃO 6 EP QUESTÕES
A escravidão africana foi a principal mão de obra utilizada nas atividades
econômicas no Pernambuco colonial. Sobre essa realidade, assinale a
alternativa CORRETA.
A) A escravidão em Pernambuco foi abolida com a Proclamação da
Independência em 1822.
B) Até o século XVIII, prevaleceu, em Pernambuco, a escravidão indígena,
sendo a escravidão africana uma realidade do século XIX.
C) O início do movimento abolicionista em Pernambuco data do século XVII.
D) O abastecimento de escravos africanos no Pernambuco colonial se dava por
traficantes ingleses.
E) Os lucros com o tráfico escravo eram uma das principais fontes de renda da
coroa portuguesa.
QUESTÃO 7 IAUPE
Sobre a economia do açúcar, é INCORRETO afirmar que
A) a cana-de-açúcar consolidou a colonização portuguesa na América.
B) Pernambuco e Bahia se tornaram os principais centros produtores de açúcar
da colônia.
C) o engenho era a unidade de produção do açúcar.
D) a cana-de-açúcar é uma planta nativa do Nordeste brasileiro.
E) grande parte do açúcar produzido na colônia era refinado na Holanda.
QUESTÃO 8 EP QUESTÕES
A imagem abaixo é do holandês Frans Post, que pintou diversas imagens
do Brasil, dentre elas os engenhos de açúcar.

Fábrica de açúcar e plantação do


Engenho Real, de Frans Post (1612-1680)
QUESTÃO 8 EP QUESTÕES
Os engenhos constituíam verdadeiras fábricas, realizando todas as fases do
processo de produção do açúcar em suas próprias instalações. Dentre as
alternativas abaixo, qual indica uma informação incorreta sobre os engenhos de
açúcar?
A) Após a colheita, a cana-de-açúcar era levada à moenda para sofrer o esmagamento
de seu caule e a extração da garapa.
B) Em terras coloniais era produzido apenas um tipo de açúcar: o mascavo, de
coloração escura. O açúcar branco era refinado na Europa, em virtude de ser
direcionado aos consumidores desse continente.
C) As moendas funcionavam com o uso da tração animal, o trapiche, pois os gastos
exigidos para a sua construção eram menores.
D) Os engenhos não estavam disponíveis em toda e qualquer propriedade que
plantava cana-de-açúcar. Os fazendeiros que não possuíam um engenho eram
geralmente conhecidos como lavradores de cana.
E) Além dessas unidades produtivas, um engenho também contava com construções
utilizadas para o abrigo da população que ali vivia, como a Casa-grande e a
Senzala.
QUESTÃO 8 EP QUESTÕES
Os engenhos constituíam verdadeiras fábricas, realizando todas as fases do
processo de produção do açúcar em suas próprias instalações. Dentre as
alternativas abaixo, qual indica uma informação incorreta sobre os engenhos de
açúcar?
A) Após a colheita, a cana-de-açúcar era levada à moenda para sofrer o esmagamento
de seu caule e a extração da garapa.
B) Em terras coloniais era produzido apenas um tipo de açúcar: o mascavo, de
coloração escura. O açúcar branco era refinado na Europa, em virtude de ser
direcionado aos consumidores desse continente.
C) As moendas funcionavam com o uso da tração animal, o trapiche, pois os gastos
exigidos para a sua construção eram menores.
D) Os engenhos não estavam disponíveis em toda e qualquer propriedade que
plantava cana-de-açúcar. Os fazendeiros que não possuíam um engenho eram
geralmente conhecidos como lavradores de cana.
E) Além dessas unidades produtivas, um engenho também contava com construções
utilizadas para o abrigo da população que ali vivia, como a Casa-grande e a
Senzala.
QUESTÃO 9 EP QUESTÕES
A agromanufatura do açúcar no Pernambuco colonial garantia todo o processo de
produção, desde o plantio da cana até o produto final, pronto para ser exportado
para a Europa, ficando na colônia o açúcar mascavo e sendo exportado em sua
maior parte o açúcar branco. Apesar de controlar todo o processo de produção,
não eram os portugueses que realizavam a distribuição do produto na Europa,
cabendo essa função aos:
A) ingleses.
B) holandeses.
C) franceses.
D) belgas.
E) espanhóis.
QUESTÃO 10 EP QUESTÕES
Qual era a estrutura básica da produção de açúcar implantada por
Portugal no Brasil?
A) policultura, trabalho assalariado e grande propriedade.
B) monocultura, trabalho escravo e pequena propriedade familiar.
C) monocultura, trabalho assalariado e pequena propriedade familiar.
D) monocultura, trabalho escravo e grande propriedade.
E) policultura, trabalho escravo e grande propriedade.
GABARITO
1.E
2.C
3.A
4.B
5.C
6.E
7.D
8.B
9.B
10.D
GABARITO
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.

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