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Em 1533, o colonizador português Martim Afonso de Souza trouxe as primeiras mudas de

cana-de-açúcar e realizou a disseminação dessa primeira atividade de exploração econômica


no Brasil. A produção desse tipo de gênero agrícola aconteceu por conta do conhecimento
anterior de técnicas de plantio e preparo que permitiriam o desenvolvimento de tal atividade
na América Portuguesa.

Ainda em terras coloniais eram produzidos dois tipos diferentes de açúcar: o mascavo, de
coloração escura e escoado para o mercado interno; e o branco, em sua grande maioria
direcionado aos consumidores do Velho Mundo. Após a embalagem do açúcar, as caixas eram
transportadas para Portugal, e, posteriormente, para a Holanda, que participava realizando a
distribuição do produto em solo europeu.

Além dessas unidades produtivas, um engenho também contava com construções utilizadas
para o abrigo da população que ali vivia. Na casa-grande eram alojados o proprietário das
terras, sua família e alguns escravos domésticos. Na senzala ficavam todos os escravos que
trabalhavam nas colheitas e instalações produtivas do engenho.

Ao contrário do que muitos chegam a imaginar, os engenhos não estavam disponíveis em toda
e qualquer propriedade que plantava cana-de-açúcar. Os fazendeiros que não possuíam
recursos para construírem o seu próprio engenho eram geralmente conhecidos como
lavradores de cana. Na maioria das vezes, esses plantadores de cana utilizavam o engenho de
outra propriedade mediante algum tipo de compensação material.

O engenho de açúcar designa o local onde era produzido o açúcar durante o período colonial.

Possuíam um edificações para a moagem de cana de açúcar, locais para transformar o caldo
em melado e rapadura, capela, casa para os proprietários e a senzala para os escravizados.

Contudo, a fabricação do açúcar não dependia somente do plantio da cana em terras férteis.

Após a colheita, a cana-de-açúcar era levada à moenda para sofrer o esmagamento de seu
caule e a extração do caldo. Em sua grande maioria, as moendas funcionavam com o uso da
tração animal. Também conhecida como trapiche, esse tipo de moenda era mais comum por
conta dos menores gastos exigidos para a sua construção. Além do trapiche, haviam as
moendas movidas por uma roda-d’água que exigiam a dificultosa construção de um canal
hidráulico que pudesse movimentá-la.

Feito o recolhimento do caldo, o produto era levado até a casa das caldeiras e fornalhas, onde
sofria um longo processo de cozimento realizado em grandes tachos feitos de cobre. Logo em
seguida, o melaço era refinado na casa de purgar, lugar onde a última etapa de refinamento do
açúcar era finalmente concluída. O beneficiamento completo do açúcar era realizado em terras
brasileiras pelo fato de Portugal não possuir refinarias que dessem fim ao serviço.
Estrutura dos engenhos coloniais

O engenho colonial era um grande complexo dividido em diversas partes:

Canavial: onde a cana de açúcar era cultivada;

Moenda: local para moer a planta e extrair o caldo. A moenda funcionava movida por tração
animal, água (moinho) ou ainda a força humana dos próprios escravizados.

Casa das Caldeiras: espaço usado para ferver o caldo da cana de açúcar em buracos cavados no
solo. O resultado, um líquido espeço, eram então fervido em tachos de cobre.

Casa das Fornalhas: uma espécie de cozinha que abrigava grandes fornos que aqueciam o
produto e o transformavam em melaço de cana.

Casa de Purgar: ali ficavam as formas com o caldo cristalizado, chamados pão de açúcar. Após
seis a oito dias eram retirados dos moldes, refinados e prontos para serem comercializados.

Plantações: Além dos canaviais, havia as plantações de subsistência (hortas), em que eram
cultivados frutas, verduras e legumes destinados à alimentação dos moradores do engenho.

Casa Grande: representava o centro do poder dos engenhos, sendo o local onde habitava o
proprietário da terra e sua família. Apesar do nome imponente, nem todas as casas eram
grandes.

Senzala: locais que abrigavam as pessoas escravizadas e onde não havia nenhum tipo de
conforto e dormiam no chão de terra batida. Durante a noite eram acorrentados para evitar
fugas

Capela: construção feita para celebrar os ritos religiosos dos habitantes do engenho,
sobretudo, dos portugueses. Ali ocorriam as missas e as principais manifestações católicas
como o batismo, casamentos, novenas, etc. Vale lembrar que os escravizados muitas vezes
eram obrigados a participarem dos cultos.

Casas de Trabalhadores Livres: pequenas e simples habitações onde viviam os trabalhadores


livres do engenho. Geralmente eram empregados especializados como carpinteiros, mestre de
açúcar, etc.

Curral: abrigava os animais usados nos engenhos, seja para o transporte (produtos e pessoas),
nas moendas de tração animal ou para alimentação da população.

Funcionamento dos engenhos coloniais

Primeiro, as canas eram cultivadas em grandes extensões de terra (latifúndios), depois colhidas
e levadas para a moenda, local em que era produzido caldo de cana.

Após esse processo, o produto era levado para as caldeiras e, em seguida, para a fornalha. Por
conseguinte, o melaço da cana era colocado em formas e uma vez cristalizado era conhecido
como pão de açúcar. Finalmente, era refinado na casa de purgar e ensacado para ser
transportado.
Parte dele, e sobretudo do açúcar mascavo (que não passava pelo processo de refino) era
destinado ao comércio interno. No entanto, a maior parte da produção era enviada para
abastecer o mercado europeu.

A partir do século XVIII, o açúcar entrou em decadência, com a concorrência realizada por
britânicos, holandeses e franceses nas suas colônicas do Caribe.

Além disso, foram descobertas jazidas de ouro, que deram início ao Ciclo do Ouro no Brasil e,
aos poucos, vários engenhos de açúcar foram desativados.

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