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À PORTUGUESA
COM O CHEF HÉLIO LOUREIRO
Oo
Um livro com
sabor a tradição
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Índice
PREFÁCIO 5
SABORES E SABERES 11
RECEITAS
Porto e Norte 43
Centro 83
Lisboa e Vale do Tejo 113
Alentejo 147
Algarve 173
Ilhas 199
3 receitas à moda de 3 regiões 223
UM POUCO DE HISTÓRIA
Século XIX
Até ao século xix, inclusive, as receitas de pratos nacionais e regionais não constavam nos livros de
cozinha. Nesta época, a cozinha de corte e da alta burguesia era muito influenciada pelas culinárias
internacionais, como a francesa e a italiana.
O mais antigo livro de receitas escrito em português foi o Livro de Cozinha da Infanta D. Maria (séc. xv-xvi).
O primeiro livro de cozinha impresso em Portugal foi A Arte de Cozinha, de Domingos Rodrigues (1680).
Século XX
A afirmação da identidade culinária portuguesa deu-se pelo confronto entre a cozinha estrangeira
(importada, sofisticada, dispendiosa e destinada às elites) e a nacional (local, campesina e
económica, uma cozinha de afetos e para todos). Esta começa a ser valorizada, ainda que de modo
incipiente, nos finais do século xix.
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A promoção do nacionalismo no Estado Novo contribuiu decisivamente para a consolidação de uma
cozinha tradicional e estendeu-se ao regime democrático instaurado em 1974, devido ao
desenvolvimento do turismo.
A valorização dos saberes e sabores regionais levou à construção de uma memória nacional
transmitida de geração em geração, à qual chamamos “cozinha tradicional portuguesa”.
Assim, pratos que hoje reconhecemos como típicos e tradicionais passaram a identificar-nos enquanto
portugueses e a representar o nosso património gastronómico, ao mesmo tempo que se resgataram
de lugares recônditos as cozinhas de autor (“à minha moda”) e dos afetos (“à moda da avó”).
SABORES REGIONAIS
Reavivam memórias de tempos e locais, trazendo o passado para o presente através de
sabores, aromas e espírito de partilha.
Os pratos típicos de cada região são resultado da história dos territórios e das populações que
neles vivem, bem como do clima, da agricultura, pecuária e pesca que aí se foram realizando ao
longo dos tempos.
Não há uma gastronomia regional “puro-sangue”, mas uma cozinha regional evolutiva, expressão do
quotidiano, de regras religiosas, da escassez ou abundância, de festas e momentos de comunhão.
A comida tradicional portuguesa é como o fado, “que não conheceu os pais nem tem certidão de
idade” (Fernando Maurício). É tradição no sentido de transmissão. É um legado de sabores que
nos molda a memória e nos transporta para os lugares da nossa infância, às casas das tias e das
avós, que importa transmitir às futuras gerações.
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AS 8 MARAVILHAS DE PORTUGAL
Mas há muitas mais!
Hortícolas Pão
Da horta para a panela, os hortícolas fazem Pães e broas feitos com sabedoria ancestral são
das nossas sopas autênticas refeições (a Sopa hoje reproduzidos por novos mestres padeiros,
de lavrador, p. 46, é um bom exemplo!). No e com a Yämmi (como o Pão de alfarroba, p. 174).
passado, foram sustento dos mais humildes, O pão era o alimento por excelência já na época
hoje, são considerados indispensáveis numa medieval. A distinção hierárquica também se media
alimentação saudável. pela sua escolha: o escuro não entrava na mesa
dos senhores, sendo o pão do camponês de
grande dimensão, uma vez que constituía a base
Sabia que o primeiro livro de cozinha vegetariana
da sua alimentação.
português foi editado em 1916 e teve logo um
grande sucesso?
Peixe Carne
No nosso território, o peixe de mar ou de rio Da caça, pastagem, animais de capoeira
tem raízes profundas. No passado, era tornámo-nos peritos em pratos únicos de
consumido essencialmente seco, salgado, arroz com carne, como a cabidela (p. 94),
fumado e em conserva, nas zonas do interior, assados dignos de estrelas Michelin, na arte
mas na costa já era usual o seu consumo dos enchidos e da preservação em escabeches
fresco. (receita de Carapaus de escabeche, p. 160).
Consumida fresca, em conserva, salgada ou
O bacalhau, elemento incontestável da fumada, temos no sangue a arte de cozinhar a
identidade portuguesa, já era consumido na carne de todas as formas e feitios.
Lisboa quinhentista, sobretudo pelas classes
mais baixas, mas o seu auge só acontece na Do leite dos nossos animais, fizeram-se queijos
segunda metade do século xx. De alimento de sabor inigualável, desde a ilha de S. Jorge à
popular passa a ícone da portugalidade. Serra da Estrela.
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Arroz Azeite
O arroz, tão associado à cozinha tradicional Já diz o provérbio que “a verdade é como o
portuguesa e indispensável na alimentação dos azeite: vem sempre ao de cima”. Presença
nossos dias, só começa a ser usado de forma indispensável na culinária lusa, a cultura da
generalizada a partir do século xviii, sob a forma oliveira em Portugal perde-se em tempos
de farinha e em doces. remotos. Já os visigodos a deviam ter herdado
Só no século xx o arroz passou a ter um lugar dos romanos e os árabes a fizeram prosperar.
importante na alimentação dos portugueses e a Presente nos banquetes solenes e na mesa
ser o alimento favorito para muitas receitas, frugal do camponês, o nosso azeite assumiu a
como acompanhamento (Arroz malandro de sua identidade e é hoje reconhecido em todo o
grelos, p. 122) ou prato principal (Arroz de pato mundo.
à Lafões, p. 96).
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ALENTEJO
SOPAS BOLINHOS E BISCOITOS
Gaspacho de Mértola 148 Popias 162
Sopa parda 150 Broinhas de noz de Estremoz 164
PEIXE
Cação de coentrada 158
Carapaus de escabeche 160
∙ Baixo Alentejo ∙
Gaspacho de Mértola
O gaspacho ou caspacho, económico e de simples preparação, era um prato veranil das classes rurais ou mais
desfavorecidas. Se foi uma invenção dos camponeses andaluzes, não sabemos, mas que há diferença entre a
receita espanhola e a portuguesa, ai isso há! Na vasta família de gaspachos alentejanos, os ingredientes não
são triturados. No de Mértola podem saborear-se pedaços de legumes e de presunto ou chouriço. Nas voltas
da História, este prato de pobre tornou-se uma iguaria gourmet.
ita incl
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R
Versão XL
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r a p a n el a
Sugestão de vinho
148 Vinho rosé servido fresco. Há tantas e boas escolhas entre os secos e mais adamados.
4/8 Yämmi 3 min Para copo
Fácil
pessoas Total 3 min ou panela
Ingredientes Preparação
1/2 dentes de alho 1. Introduza o alho no copo | panela e pressione a Função
250 g/500 g de tomate Triturar . Com a espátula, faça descer o que se acumulou nas
muito maduro paredes do copo | panela.
Sal a gosto
15 g/30 g de azeite 2. Adicione metade do tomate cortado em pedaços e sal a
15 g/30 g de vinagre gosto, triturando 1 minuto na velocidade 8. Verifique se obteve
1/2 c. de sobremesa de orégãos uma mistura pastosa e, se necessário, programe mais uns
secos (ou a gosto) segundos na mesma velocidade. Com a espátula, faça descer o
125 g/250 g de pepino que se acumulou nas paredes e na tampa.
125 g/250 g de pimento verde
800 g/1600 g de água fria 3. Junte o azeite, o vinagre, orégãos e misture 30 segundos na
(ou gelada) velocidade 5.
175 g/350 g de pão alentejano
(fresco ou de sobra) 4. Corte o restante tomate, o pepino (sem as sementes do
Coentros frescos a gosto para servir meio) e o pimento (sem a parte branca) em cubos pequenos e
Chouriço, presunto ou uvas para acrescente ao copo | panela.
servir (opcional)
5. Adicione a água fria (ou gelada). Retifique os temperos e
misture 30 segundos, com a Rotação Inversa na
velocidade 3. Conserve no frigorífico até à hora de servir.
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∙ Alentejo ∙
Sopa parda
Feita no Alentejo há já muitas gerações, é uma sopa simples e de sustento. Originalmente, só tinha três
ingredientes (feijão-frade, ossos e toucinho de porco), aos quais se juntavam umas sopas de pão. Esta receita
à moda de Évora, inspirada no livro Cozinha de Portugal, de Maria Odette Cortes Valente, tem ovos em vez
de enchidos. Mais uma prova de que a criatividade não tem limites e de que com produtos triviais se pode
fazer o melhor repasto, por si só uma refeição.
Sugestão de vinho
150 Dizem que com sopa não se serve vinho, mas atreva-se a servir um espumante bruto.
4-6 Yämmi 33 min Para copo ou panela
Fácil
pessoas Total 33 min e bandeja de vapor
Ingredientes Preparação
300 g de cebola 1. Coloque no copo | panela a cebola em pedaços e o azeite e
40 g de azeite pressione a Função Triturar .
850 g de água
5 g de salsa + salsa para decorar 2. Com a espátula, faça descer o que se acumulou nas paredes do
500 g de feijão-frade cozido copo | panela. Programe 5 minutos a 120 ºC na velocidade 2.
(peso escorrido)
Sal e pimenta a gosto 3. Junte a água, a salsa e 300 g de feijão-frade cozido e
4 ovos escorrido. Tempere com sal e pimenta a gosto.
220 g de pão caseiro
4. Coloque os ovos lavados no cesto e o restante feijão (200 g)
na bandeja de vapor.
Refeição proteica mais leve: 10. Numa terrina, disponha o pão fatiado e regue com a sopa.
faça a sopa e junte os ovos, mas Se preferir, sirva o pão à parte.
sem pão.
11. Disponha rodelas de ovo sobre a sopa e polvilhe com salsa
Em vez de pão, pode servir com picada antes de servir.
croûtons.
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