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UFCG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CH / UACS / FILOSOFIA
Disciplina: Leitura e Produção de Textos Filosóficos II
Docente: Dr. Antônio Gomes
Discente: Márcio Silva Fernandes

Análise do Texto “Vontade de poder e vontade de negação da vida” no


Nietzscheanismo.
RESUMO: O declarado trabalho a princípio buscará analisar o texto Vontade de poder
e vontade de negação da vida, texto de autoria de Nietzsche em sua obra além do bem e
do mal. O artigo comprometer-se-á em explicar em poucas páginas um texto de
Nietzsche, consideravelmente desconfortante para o senso comum atual. Debater sobre
a naturalidade das coisas consideradas moralmente negativas é o foco da tese de tal
trabalho, analisar apenas será uma labuta do discente.

Palavras-chave: Vontade, Função orgânica, Violência, Exploração, Indivíduo,


Sociedade.

INTRODUÇÃO:

O texto denominado Vontade de poder e vontade de negação da vida escrito por


Friedrich Nietzsche na obra Além do bem e do mal aborda uma crítica ácida contra uma
realidade comum, onde na sociedade a abstinência de algumas naturalidades humanas
como agressões, sujeições a fraqueza, e etc. torna-se uma necessidade para uma conduta
de boa vivência dentro de uma rede social de pessoas em níveis iguais. O intuito maior é
explanar de uma forma mais explicativa o pensamento de Nietzsche acerca de algo que
por muitos é inaceitável, dar as devidas consequências a ações humanas sejam elas boas
ou más e agir de uma maneira natural e igual para ambas, onde é uma desconstrução
para toda uma rede conceitual de um corpo social que determina a abolição de funções
orgânicas do ser humano. Portanto este artigo solicita que se o leitor deseje mais
informações sólidas a consulta diretamente na obra e a pesquisa pela rede conceitual de
Nietzsche é de suma importância para o conhecimento. Logo, sobre o núcleo da
abordagem do texto, para Nietzsche considera-se uma fraqueza e impedimento de uma
completude de natureza que o ser humano age na enganosa intenção de agir bem.
1. CONCEITUALIZAÇÃO DE “A VONTADE DE PODER”

1.1 Para poder entender todo o pensamento nietzscheano sobre o texto vontade de
pode e vontade de negação faz-se necessário analisar conceitualmente cada uma das
partes e entender o simples1 e posteriormente compreender o todo, o pensamento geral
do autor. A princípio a busca pelo conceito de Vontade deve ser buscado
primordialmente numa fonte confiável, ou sendo mais especifico, num dicionário bem
conceituado.

Escolhendo o dicionário de Nicola Abaggnano, fora buscado primeiramente e


necessariamente o significado do termo Vontade, tem duas veredas para seguir e obter o
conhecimento de tal. Um dos termos (o primeiro) é utilizado na filosofia tradicional e o
outro (o segundo) usado na psicologia oitocentista. O primeiro modo considerado como
“princípio racional da ação” (ABAGGNANO, 2012, p. 1203) resume-se na no apetite
tido pela razão, que se diferencia do apetite dos desejos. O segundo caminho conceitual
de Vontade é o princípio de toda ação em si mesma.

Pois, visto que ambos os termos se fazem necessários para um entendimento em


relação com o texto de Friedrich, resta, buscar pelo significado de Poder. Ainda em
Abaggnano tal palavra aponta para uma característica própria da moralidade humana,
onde há uma resistência natural sobre ele, de uma ou mais pessoas envolvidas em
ocasiões onde o poder predomina.

Apurando-se que o Poder habita em cada um de nós (não apenas nos


capitalistas) e é constituído por um conjunto de relações de força localmente
difundidos, segue-se que a resistência a ele está em toda parte [...]
(ABAGGNANO, 2012, p. 894).

Tendo dois termos explicados razoavelmente, pode-se seguir para a elaboração de


um entendimento do que se refere a vontade de poder. Ao conceituar vontade vimos
que está intimamente relacionado a ação, seja ela por si mesma no todo ou usada
racionalmente para o apetite da razão. Logo, entrelaçando significados e conceitos,
temos que a vontade de ter o poder se resume em agir dentro da nossa livre e completa
natureza humana, de uma forma racional. Também a vontade de poder para Nietzsche é
justamente ter a vontade de ir contra tudo aquilo que torna um poder moral imposto

1
Significado etimológico: sem partes.
sobre uma minoria. No caso do referido texto, a abordagem acerca da função orgânica 2
englobar até mesmo coisas moralmente negativas como por exemplo agressões.

2. CONCEITUALIZAÇÃO DE “VONTADE DE NEGAÇÃO DA VIDA”

2.1 Tendo entendido o conceito de Vontade daremos, portanto, seguimento a


analise particular dos termos seguintes. Por vez ao referir-se ao termo Negação,
entende-se razoavelmente que pode se tratar do ato de negar como do objeto negado;
“Termo com o qual se pode designar tanto o ato de negar quanto o conteúdo negado.”
(ABAGGNANO, 2012, p. 894).

Analisado o termo sobre o significado de Negação resta-nos seguir sobre o


conceito de Vida utilizado por Nietzsche. O autor no que aparenta obviamente,
encaminha-se e conceitua Vida como algo que deve ser usufruída e arcada por inteiro
com todas as positividades e sofrimentos, para assim cumprir com sua função orgânica
enquanto objeto vulnerável a colocações seja elas quaisquer numa convivência social.

Abster-se de ofensa, violência, exploração mútua, equiparar sua vontade à do


outro: num certo sentido tosco isso pode tornar-se um bom costume entre
indivíduos, quando houver condições para isso (a saber, sua efetiva
semelhança em quantidades de força e medidas de valor, o fato de
pertencerem a um corpo). (NIETZSCHE, 1992, p. 170)

A citação acima feita direciona o inicio de uma elaboração teórica do pensamento


de Nietzsche, onde ele afirma que a abolição de tais pontos repressores só ocorrem
dentro de cada corpo social3, e que na intenção de abrangir tal efeito para além dos
limites supracitados gerará uma vontade de negar a vida, cujo feito para Friedrich
entrará em declínio pois negará a vida em si.

Seguindo o pensamento, o autor conceituará juntamente ao sentido do texto o seu


entendimento por Vida, assumindo assim todas as objetividades e causas acontecidas
numa generalidade humana, defendendo assim uma perspectiva anormal diante uma
ética contemporânea.

2
Função orgânica remete a natureza humana enquanto si, não interrupta por éticas determinadas em qual
seja o corpo social.
3
Corpo social relaciona-se a determinados grupos de pessoas de mesma cultura, etnia e etc.
[...] guardarmo-nos de toda fraqueza sentimental: a vida mesma é
essencialmente apropriação, ofensa, sujeição do que é estranho e mais fraco,
opressão, dureza, imposição de formas próprias, incorporação e, no mínimo e
mais comedido, exploração[...] (NIETZSCHE, 1992, p. 170).

Para tal pensamento é necessário uma abertura e uma libertação de certa fraqueza
emocional, para agir com a razão sobre determinada problemática. No entanto, o autor
já reconhece que o público a quem o texto contraria alimenta em si uma corrente de
emoções de empatias e um querer para abrangir isso a um nível universal, por isso o
“guardando-se de toda a fraqueza sentimental”.

O autor ao final do texto, atira-se em plena objetividade. Afirma sobre o ponto


“exploração”, onde aborda como esperado de uma forma positiva em relação ao que se
refere o ponto de vista a função orgânica do ser humano enquanto natureza, não uma
dimensão do que não convém a ética.

A “exploração” não é própria de uma sociedade corrompida, ou imperfeita e


primitiva: faz parte da essência do que vive, como função orgânica básica, é
uma consequência da própria vontade de poder, que é precisamente vontade
de vida. (NIETZSCHE, 1992, p. 170-171).

O texto em sua essência tem o intuito de ser direto e objetivo, exemplo claro disto
temos a finalização que Nietzsche faz na ultima frase do texto: “seja-se honesto consigo
mesmo até esse ponto!” (NIETZSCHE, 1992, p.171). Tal finalização é extremamente
objetivo para a compreensão de todo o texto discorrido, seja ele lido por um intelectual 4
ou um simples sedento de conhecimentos aleatórios.

4
Estudioso na área filosófica
CONCLUSAO:

Portanto, chega-se a um fim uma rasa abordagem sobre um pequeno texto


recortado de uma obra extremamente rica, na qual o autor dedica-se cada parte para
colaborar com o conhecimento filosófico. A devido trabalho e restrito foco mantendo-se
sempre próximo ao texto, evitando entulhos de informações e desconexões entre elas,
foi utilizado além do texto físico, o dicionário do filósofo italiano Nicola Abaggnano,
cuja obra enriquece de variados conhecimentos aquele que busca. Nos termos
pesquisados não foram diferentes, a vastidão de significados e conceitos são devasto e
colocados dependentes a rede conceitual de cada filósofo que assim discorreu sobre tal.
Sendo bem objetivo nas pesquisas, o leque aberto para buscar sobre os conceitos em
Nietzsche foi bem restrito, baseando-se no próprio dicionário de Abaggnano foi
intencional a relação do conceito geral dentro da rede conceitual nietzschiana. As
informações obtidas neste artigo são frutos de reflexões do discente para analisar os
conceitos, unir e tentar facilitar a compreensão do texto escrito pelo filósofo Alemão 5 e
induzir o leitor deste humilde trabalho a aprofundar-se em Nietzsche e em sua vastidão
de obras.

5
Friedrich Nietzsche
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 6 ed. São Paulo – SP:


Ivone Castilho, 2012.
 NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal. São Paulo – SP: Paulo
César de Souza, 1992.

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