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1. INTRODUÇÃO
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Professora da Rede Estadual de Ensino - PDE e-mail:tereaparfern@gmail.com
Professora Orientadora IES – UNICENTRO - e-mail:renatauem@yahoo.com.br
implementação, que foi encerrada com a produção deste artigo, que tem como tema:
Efetivação da leitura e da escrita por meio do gênero crônica.
A principal finalidade foi contribuir para o ensino-aprendizagem dos alunos do
9º ano do Colégio Estadual João Rysicz. A fundamentação teórica norteadora teve
por base as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa (2008) e os textos de
Geraldi (2002), Bakhtin (2000), Soares (2005) e Marcuschi (2001, 2002). O material
selecionado sobre gêneros textuais se tornou um suporte imprescindível de reflexão
sobre nossa prática pedagógica. Acredita-se que a teoria dos gêneros textuais pode
contribuir para o professor encontrar formas de interação que é o que dá sentido ao
que se produz.
Geraldi (2002) diz que não é de hoje que os professores tentam os mais
diversos meios para ensinar seus alunos a ler e escrever melhor. É preciso criar
oportunidades para que os discentes se apropriem dessas habilidades tão
importantes e possam atuar na sociedade como verdadeiros cidadãos. Neste
sentido, esse trabalho contribuiu para que os discentes percebessem a importância
da leitura e da escrita e despertassem o interesse por esses dois domínios do saber.
O artigo vem dividido em três partes: a)pressupostos teóricos: em relação ao
contexto de produção para auxiliar a prática da leitura e da escrita a partir do quadro
teórico do Interacionismo Sociodiscursivo; b)metodologia: proposta de uma SD
numa perspectiva sociointeracionista, com objetivo de levar os alunos a ler e
escrever melhor estudando as crônicas de Luís Fernando Veríssimo e Moacir Scliar;
c)considerações finais: ressalta os aspectos positivos e negativos deste trabalho.
Muitos estudos foram feitos dentro das escolas e fora dela e alguns desses,
viraram documentos obrigatórios e indispensáveis pois norteiam o trabalho do
professor, como o exemplo, no Estado do Paraná, as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica. Por ser construído coletivamente a partir da realidade e
experiências dos próprios educadores, vem ao encontro do que se precisa num
processo de ensino-aprendizagem. É pela visão das Diretrizes de Língua
Portuguesa, que podemos refletir sobre a importância da leitura:
Neste mesmo sentido Dolz (2010), discute a prática de escrita em nossos dias.
Uma parte dos erros em relação à produção escrita se constitui como uma
passagem obrigatória que permite a apropriação das convenções da escrita.
Freinet por exemplo, enfatizou a importância da prática da escrita para
aprender a escrever pois, nela estão os novos desafios a serem enfrentados
e os novos obstáculos a serem superados. (DOLZ, 2010, p. 36).
Os alunos precisam entender que errar faz parte de todo processo de ensino-
aprendizagem, o que não pode acontecer é que eles deixem de produzir textos
escritos pelo fato de ter vergonha de serem corrigidos pelo professor. A ortografia
não pode e não deve ser mais relevante que a interação. O professor deve
apresentar-se como mestre que identifica o erro, porém mostra o caminho ao acerto.
É importante que o aprendiz seja protagonista, sujeito ativo e capaz de se
comunicar.
A teoria dos gêneros textuais mostra ao professor formas de levar seu aluno
ao interacionismo. Sendo assim, é necessário que o aluno reconheça-se como
sujeito que faz parte desse processo e encontre sentido ao que produz. Em relação
a produção escrita, Geraldi (2002), diz que é importante que:
É percebido em nossos alunos que aqueles que mais lêem tem uma escrita
mais desenvolvida e acima de tudo, uma visível facilidade de interagir com o texto e
com o meio social, por isso o incentivo e a valorização de idéias precisam acontecer
em todo o processo de ensino-aprendizagem. A escrita e a leitura, embora sejam
competências distintas, caminham juntas, o progresso de uma representa o
progresso da outra, assim como o fracasso de uma também representa o fracasso
da outra. Ambas exercem papel importante, pois são formas de práticas sociais,
então é fundamental que se tenha um propósito para que elas aconteçam. É
necessário que essas práticas sejam direcionadas, que o aluno as veja como
atividades de sentido e importância. Daí a necessidade de colocar o aluno em
contato com os gêneros textuais que fazem parte do seu dia a dia, para que a
apropriação dessas habilidades seja prazerosa.
Acredita-se que a leitura é mais eficaz quando acontece interligada à escrita
visto que os alunos que mais lêem são também os que melhor escrevem, portanto
para o aluno escrever bem ele precisa ter o que dizer e nesse sentido a leitura pode
ajudá-los a ter informações e ideias para utilizar, argumentar e enriquecer sua
produção textual. É certo que toda vez que desafiamos um aluno a ler ou escrever,
ele está sendo provocado a novas descobertas e tudo que está em sua volta pode
se tornar suporte para seu desenvolvimento cognitivo.
Neste artigo, a concepção considerada para a efetivação da leitura e da
produção escrita é oferecer condições para o aluno ampliar o conhecimento que
traz e oferecer possibilidades de novas descobertas. Acredita-se no aprendizado
por meio de um estudo aprofundado de um determinado gênero, assim ele pode
adquirir competências e tornar-se capaz de entender outros gêneros que estudará
no decorrer de sua vida escolar. Dolz (2010), fala sobre a importância da
apropriação de um determinado gênero:
Um dos caminhos é incentivar a leitura por meio de algo que faça sentido à
sua existência, vida social e cultural, entende-se que aquele que se apropria de
estratégias de leitura, garante sua autonomia, torna-se capaz de estudar, pesquisar,
buscar outros conhecimentos sem dependência de colegas ou professores. O aluno
precisa ler mais, ler bem, compreender o que está lendo para escrever com
amadurecimento, pois são atividades humanas que implicam em muitas situações
de comunicação e exigem capacidade de linguagem. Voltamos a lembrar Soares
(2005), quando nos coloca como transformadores da sociedade.
Bacthin trata os gêneros textuais como gêneros do discurso.
Segundo Marcuschi (2001, p.37), pode-se afirmar que através dos gêneros
textuais, o indivíduo se apropria do conhecimento social e por meio deles
produzimos nossos discursos orais e escritos.
Uma das formas de ensinar os alunos dominar um gênero textual de forma
gradual e pautado na teoria em questão é escolher um gênero e organizar uma
sequência didática, que considere coerente ao que o professor deseja que o aluno
aprenda.
Entende-se que a sequência didática (doravante SD) orienta e auxilia o
professor em sala de aula no desenvolvimento de atividades envolvendo os gêneros
textuais, trabalhando passo a passo, partindo de níveis de conhecimento que os
alunos já dominam para chegar aos níveis que eles precisam dominar.
Segundo Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004 p.95-128), “as seqüências
didáticas são conjuntos de atividades ligadas entre si, que desenvolvem-se nas
escolas de forma bem organizada, em torno de um gênero textual”. Por meio do
gênero textual escolhido, o professor fará uma espécie de sistematização dos
saberes, propondo atividades diversificadas, desafiadoras e com possibilidades de
progressão, pois é certo que atividades diferenciadas mobilizam diferentes
conhecimentos e estimulam a aprendizagem.
É importante ressaltar que a SD é uma ferramenta que se desenvolve por
meio de um projeto de comunicação claramente definido, motivando os alunos para
o seu objetivo principal. Ainda enfatiza Dolz, Noverraz e Schneuwly, (2004 p.95-
128), que “para elaboração de uma SD, é necessário antes de tudo escolher um
modelo de gênero que esteja relacionado aos objetivos que o professor pretende
atingir diante das necessidades dos alunos”.
Professores de Língua Portuguesa que trabalham com a crônica, consideram
este, um texto bem elaborado e ao mesmo tempo muito familiar aos alunos, tendo
em vista que os discentes demonstram interesse por textos rápidos e atraentes. A
crônica é um gênero que oferece ao estudante uma certa animação por apresentar
um enredo curto, uma linguagem simples, um tom irônico, crítico e muitas vezes
humorístico. É necessário então ter como ponto de partida para interação, o gosto e
as preferências dos alunos para que seja possível alcançar o objetivo pretendido.
Por isso, a crônica foi o gênero textual escolhido para desenvolver este
trabalho, por ser um gênero elevado para concretização dos principais objetivos em
relação a prática da leitura e da escrita. A expressão “crônica” está associada ao
vocábulo “Khrónos” (grego) ou “chronos” (latim), que significa tempo. De acordo com
Escrevendo o Futuro (2010 p. 20), a crônica era o gênero que fazia registro de
acontecimentos históricos, verídicos na ordem em que aconteciam, sem interpretá-
los.
Já, a crônica contemporânea estava voltada para o registro jornalístico do
cotidiano, surgiu com a expansão dos jornais no país, por volta do século XIX.
Nessa época importantes escritores usavam a crônica para registrar de modo
literário ou jornalístico os fatos corriqueiros de seu tempo.
Hoje, a crônica chega às escolas de uma forma mais leve e descontraída,
retratando com humor fatos do cotidiano. Quem a escreve busca emocionar e
envolver seus leitores, nelas estão expressos os sentimentos pessoais dos autores e
as vivências do seu próprio mundo. Os autores de crônicas fazem seus textos
perdurarem e serem apreciados apesar da passagem do tempo. Os temas
geralmente estão ligados as questões de relacionamento humano, relações entre
grupos econômicos, sociais e políticos.
A crônica é um gênero de grande proximidade do leitor e de seu universo,
composto de uma linguagem leve, classifica-se como uma narrativa de história curta,
na maioria delas com presença de diálogo, possui unidade de ação, quase sempre
revela um elemento surpresa no final. Para Marcuschi (2002, p.23), o gênero crônica
se define como: “Textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que
apresentam características sócio-cumunicativas”. Os personagens podem ser
ficcionais ou não. Circulam em esferas acessíveis como jornais, livros didáticos,
revistas, internet etc.
3. METODOLOGIA
Nesta parte do artigo relata-se como ocorreu o trabalho com o gênero crônica
utilizando uma metodologia de ensino sustentada na teoria sócio-interacionsta que
prioriza a aprendizagem da leitura e da escrita por meio dos gêneros textuais, mais
especificamente a crônica, visto que a esta é um texto facilmente encontrado em
diversos suportes do ambiente escolar.
A preocupação foi fazer com que os alunos do 9º ano do Colégio Estadual
João Rysicz Ensino Fundamental e Médio, do município de Marquinho, PR, lessem
mais e escrevessem melhor, por isso o trabalho todo esteve voltado para o ensino-
aprendizagem da leitura e escrita a partir de situações de comunicação próximas de
seu cotidiano. Foram oito oficinas desenvolvidas por meio de sequências didáticas
enriquecidas com textos, atividades e vários momentos de leitura, interpretação e
produção escrita, que estão relacionadas abaixo:
1ª Oficina
Para iniciar o trabalho da oficina 1, os alunos receberam apostilas individuais
com todos os conteúdos que seriam trabalhados no decorrer da implementação e
fez-se então um passeio visual para o conhecimento do material. Volta-se para o
início da apostila para a apresentação do tema “crônica”, e nesse momento realiza-
se uma verificação dos conhecimentos prévios dos alunos.
Logo propõe-se a leitura e a interpretação da crônica de Moacyr Scliar, “Os
terroristas,” porém antes de ler o texto os alunos fizeram uma lista de palavras que
tinham relação com o título do texto. (na lousa).
Logo após a leitura do texto citado, foi feito o reconhecimento de vocabulário
e uma discussão coletiva de aproximação do fato narrado com nossa realidade de
vivência, já que se trata de um texto onde o fato ocorre em uma escola e os
personagens são os alunos e o professor.
O principal objetivo das atividades da primeira oficina foi conquistá-los quanto
ao assunto, por isso fez-se a escolha de um texto agradável de ler e uma forma
extremamente eficaz de seduzir o aluno à leitura.
Ainda nesta primeira oficina apresenta-se o gênero crônica, faz-se o estudo
teórico desse tipo de texto, seus elementos composicionais e também foi visto
alguns vídeos explicativos complementares sobre a origem da crônica e sua
trajetória:
SUGESTÕES DE VÍDEO
https://www.youtube.com/watch?v=CorVTC_rV8U
https://www.youtube.com/watch?v=rjHJT2WwVtg
2ª Oficina
Na oficina 2, o trabalho com a crônica deu-se paralelamente com o gênero
notícia, o conteúdo da apostila trouxe exemplos de notícias e também caracterizou
esta, sendo possível fazer uma análise dos dois gêneros e perceber o quanto eles
se aproximam. Comentou-se que alguns cronistas usam a notícia como suporte
principal para suas produções.
Para melhor entender o gênero lemos a notícia: “Um gato de estimação
fez parte durante cinco meses da lista de beneficiários do Bolsa Família”.
Disponível em: www.veredasdalingua.blogspot.com.br acesso em
26/08/2016
Ressalta-se que alguns cronistas, como Moacyr Scliar por exemplo, tiram da
notícia o assunto para suas crônicas e após a leitura da notícia fez-se a analise da
crônica: Gato família do escritor Moacyr Scliar.
Algumas questões foram trabalhadas relacionando a crônica com a notícia:
1- Logo de início Billy faz uma descrição de seu dono. Encontre e releia essa
parte do texto e depois escreva em um parágrafo, como o agente de saúde
descreveria o dono de Billy?
2- Como você descreveria o dono de Billy?
3- Se sua família estivesse para ser excluída de programas como Bolsa
Família ou outro benefício, que argumentos você usaria para permanecer no
programa?
4- A que remete as palavras destacadas nas duas primeiras linhas da
crônica?
5-Faço, sim, jus ao Bolsa Família. O quê o narrador quer provocar utilizando a
expressão “jus”?
6- Você conhece algum animal de estimação que tenha o nome de pessoa?
Converse com um colega e escreva alguns.
3ª Oficina
Este foi o momento de entender a relevância da pesquisa para o
conhecimento de todos. Foi apresentado a eles seguinte encaminhamento e no
laboratório de informática fez-se uma pesquisa sobre:
-Trajetória de vida dos cronistas Moacyr Scliar e Fernando Veríssimo;
-Os motivos que os levaram a se tornar escritor;
-No que os autores se inspiram para escrever suas crônicas;
-Suas obras de destaques;
Na aula dedicada a exposição da pesquisa reserva-se um tempo para
mostrar um vídeo complementar sobre o assunto da pesquisa:
https://www.youtube.com/watch?v=hxedNyidyew
4ª Oficina
Era hora de conhecer a crônica e suas peculiaridades: tipos de discurso,
linguagem, estilo do autor e toda a teoria preparada para esta ação e após isso em
duplas, fazer a análise das crônicas: “Amigos” de Luís Fernando Veríssimo e
“Cobrança” de Moacyr Scliar:
Com essa atividade os alunos aprenderam que os textos podem apresentar a
fala dos personagens por meio do discurso direto ou do discurso indireto e logo foi
trabalhado cada um desses discursos nos textos e em outros exercícios.
Na análise também foram considerados os seguintes elementos: autor, foco
narrativo, personagens, tempo, espaço, veículo de publicação, fato do cotidiano,
público e tom.
5ª Oficina
Nesta oficina os alunos assistiram um vídeo complementar e uns slides
explicativos sobre produção de crônicas e orientações sobre como produzir textos
narrativos:
6ª Oficina
Acredita-se que esta tenha sido uma das mais importantes oficinas, foi
revisada toda a apostila, realizando uma análise do que aprenderam, levantou-se os
momentos mais difíceis e mais fáceis, resumindo fez-se uma autoavaliação. Em
seguida realiza-se o estudo das figuras de linguagem utilizadas pelos cronistas para
dar expressividade nos textos. Na sequência, estudou-se os tipos de crônicas.
7ª Oficina
Esta oficina foi reservada para produção individual da crônica final do projeto.
Para esse momento houve incentivo desde o início da implementação. Alguns já
estavam com as crônicas finais planejadas então foi só escrever.
8ª Oficina
Esta última oficina não saiu conforme o esperado, apesar de as crônicas
finais ficarem ótimas, pois o objetivo era gravar a leitura das crônicas mas timidez
não os deixou, de 26 alunos somente 6 concordaram em gravar. As produções então
foram passadas a limpo, expostas no mural da escola e todos que gravaram
aceitaram que colocássemos no site da instituição.
GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
Concomitantemente à implementação, ocorreu o GTR (Grupo de Trabalho em
Rede). Foram 9 cursistas concluintes. A contribuição deles foi bastante importante
para o enriquecimento do curso e também melhorias na implementação, foi possível
colher novas ideias, pois todos deixaram dicas de aulas, modelos de projetos e
sugestões de metodologias que podem ser usadas para trabalhar com gêneros
textuais. Os participantes admitiram que o tema do projeto caberia à realidade de
suas escolas, já que também se deparam com grande defasagem de leitura, escrita
e interpretação dos alunos que atendem. Cursista A: “Durante uma conversa na
última semana pedagógica, em nossa escola, chegamos também a conclusão de
que o problema de leitura e escrita é bastante visível”, Cursista B: “O trabalho com
a sequência didática é bastante propício nesse contexto, uma vez que as atividades
são trabalhadas de forma gradativa e sequencial, o que também favorece
aprendizado”. Cursista C: “A metodologia sugerida parece vir de encontro com a
realidade de nossa escola, visto pela praticidade e dinamicidade das atividades.
Dentre elas, um ponto bastante interessante é o trabalho concomitante da leitura e
escrita”.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal: Os gêneros do discurso. 3ª. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 277- 326.
GERALDI, João Wanderley, (Org). O Texto na sala de aula. 1º ed. São Paulo:
Editora Anglo, 2002. p. 137.