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Dados abertos em

São Francisco,
Califórnia
Índice

Apresentação 3

1 Em resumo 5

2 O Desafio 5

3 A Iniciativa 5

4 O Impacto público 6

5 O que funcionou
e o que não funcionou

5.1. Legitimidade 7

5.2. Política 8

5.3. Ação 8

6 Panorama 10

7 Bibliografia 10
SOBRE A INICIATIVA
CASES DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

O Repositório de Cases de Transformação Digital é uma iniciativa do BrazilLAB e da Fundação


Brava, em parceria com o Centre for Public Impact (CPI).

Os cases retratam experiências de adoção de tecnologias digitais para o enfrentamento de desafios


do setor público em diversos países. O objetivo deste projeto é o de ampliar o conhecimento
sobre a importância da transformação digital no setor público, assim como inspirar a adoção de
soluções inovadoras por governos a partir de casos reais.

SOBRE A METODOLOGIA
FUNDAMENTOS DO IMPACTO PÚBLICO (CPI)

Os Cases de Transformação Digital foram sistematizados pelo Centre for Public Impact (CPI) a
partir da metodologia criada pela instituição, a Fundamentos do Impacto Público.

A metodologia Fundamentos do Impacto Público é uma tentativa sistemática de entender o que


produz um efeito político de sucesso, assim como descrever o que pode ser feito para maximizar
as chances de causar um impacto público. Nesse sentido, O CPI encontrou três componentes que
são fundamentais para analisar o impacto das iniciativas, são eles, legitimidade, política pública
e ação:

“LEGITIMIDADE: se refere ao apoio fundamental a um governo ou órgão


público. Governos e órgãos públicos que são legítimos costumam ter mais sucesso em
termos de causar impacto. Quando não há legitimidade, os políticos não conseguem a
aprovação de iniciativas. A legitimidade também pode reduzir os custos transacionais do
governo ao diminuir a dependência da coerção e do monitoramento.

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POLÍTICA PÚBLICA: a qualidade da política pública importa. Objetivos
claros, evidências e uma compreensão daquilo que é viável são cruciais para uma boa
política. Idealmente, os formuladores de políticas devem acumular informações, avaliar
ações alternativas e escolher entre elas com base no potencial de atingir os objetivos
dos responsáveis pela tomada de decisões.

AÇÃO: é a conversão de políticas em efeitos no mundo real. Apesar da sua


importância, costuma ser o princípio mais negligenciado. É importante destacar que a
ação não constitui impacto. Uma política pública pode ser implementada de forma eficaz,
mas não causar um impacto substancial, porque foi mal concebida ou devido a outras
circunstâncias. Portanto, uma ação bem-sucedida poderá ser uma condição necessária –
mas não suficiente – para causar o impacto público”.

Fonte: The Public Impact Fundamentals Report, (2016) Centre for Public Impact

SOBRE AS INSTITUIÇÕES REALIZADORAS

A BRAVA é uma fundação sem fins lucrativos, que desenvolve e apoia projetos e iniciativas
inovadoras e de impacto para contribuir com o desenvolvimento do Brasil o transformando em
uma referência global em inovação. Para ajudar com esse objetivo, a fundação apoia o BrazilLAB,
um hub de inovação que acelera soluções e conecta empreendedores com o Poder Público. A
iniciativa fortalece empreendedores que estão engajados em buscar soluções para os desafios
mais complexos vividos pela sociedade atual.

O Centre for Public Impact (CPI) é uma fundação sem fins lucrativos, fundada pelo Boston
Consulting Group (BCG). Acreditando na capacidade e vontade dos governos em fazer o melhor
para as pessoas, a fundação trabalha lado a lado com o setor público (e todos que o ajudam), para
“reimaginar” o governo, tornar ideias em ações e trazer os melhores resultados para todos. O
CPI suporta funcionários públicos e outros agentes de mudança que estão liderando essa tarefa
e desenvolvem as ferramentas e os recursos de que precisam, como os Fundamentos de Impacto
Público do CPI, para construir juntos o futuro do governo.

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EM RESUMO
Acompanhando iniciativas em outras cidades nos EUA e em outros lugares, São Francisco
abriu seus dados ao público em 2009, tornando-os disponíveis por meio de seu portal de
dados abertos, o DataSF. Desenvolvedores têm utilizado os dados para criar aplicativos
para identificar as árvores da cidade, encontrar informações de planejamento, vagas de
estacionamento, quadras de tênis e relatar crimes - para citar apenas alguns.

O DESAFIO
Em São Francisco, como em outras cidades no mundo todo, tem havido um clamor para
tornar dados governamentais locais disponíveis para o público em um formato acessível.
Além de sua contribuição para transparência, isto permite que desenvolvedores de
software criem aplicativos que ajudam os cidadãos e visitantes a tirar o máximo dos
recursos da cidade.

A INICIATIVA
Em outubro de 2009, o então prefeito de São Francisco, Gavin Newsom, emitiu a Diretiva
Executiva 09-06 de Dados Abertos. Ela declarava que “esta Diretiva irá aprimorar o
governo aberto, transparência e responsabilidade melhorando o acesso a dados da Cidade
que cumpram com as políticas de privacidade e segurança”. [1] A diretiva exigia que
departamentos da Cidade disponibilizassem todos os conjuntos de dados não confidenciais
sob sua autoridade no DataSF.org, o website da cidade para dados governamentais.

O DataSF.org disponibilizou publicamente mais de 100 conjuntos de dados do governo


local, incluindo dados de polícia, autoridade de transporte e trabalhos públicos. A iniciativa
foi projetada para aumentar a transparência e eficiência do governo e abrir novas
oportunidades econômicas. Ele foi codificado no código administrativo da Cidade em 2010.

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O IMPACTO PÚBLICO
Desde o lançamento de dados abertos, em 2009, até 2014, mais de 200 conjuntos de dados
foram publicados e 60 aplicativos foram criados utilizando esses conjuntos de dados.

Por exemplo, o Departamento Ambiental da cidade liberou dados de reciclagem que foram
utilizados por um terceiro para desenvolver o EcoFinder, um aplicativo para iPhone que
ajuda os residentes a encontrar pontos de reciclagem.

O Diretor de Inovação de São Francisco anunciou em junho de 2012 que o acesso a dados
de trânsito em tempo real havia resultado em uma queda de 21,7% em ligações para
SF311 (311 recebe ligações não emergenciais sobre assuntos governamentais da cidade
e condado de São Francisco). Estimou-se que esta redução no volume de ligações tenha
economizado mais de US$1 milhão para a cidade. Desde 12 de maio de 2016, 374 conjuntos
de dados foram publicados. [2]

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O QUE FUNCIONOU
E O QUE NÃO FUNCIONOU
Todos os casos no Observatório de Impacto Público do CPI foram avaliados quanto a
desempenho com relação aos elementos dos Fundamentos de Impacto Público do CPI.

LEGITIMIDADE
ENGAJAMENTO DOS STAKEAHOLDERS BOM

Stakeholders tanto internos quanto externos colaboraram na iniciativa de dados abertos.


O prefeito e a administração da cidade, especialmente o Departamento de Tecnologia e o
Departamento de Saúde Pública, e os habitantes da cidade foram os principais stakeholders
internos. A empresa de TI Socrata ajudou a cidade a desenvolver uma plataforma de dados,
a firma de visualização Stamen criou o aplicativo San Francisco CrimeSpoting, e o Twitter
ajudou a reduzir a carga sobre o SF311. A ONG Code of America ajudou na elaboração das
normas de dados abertos.

COMPROMISSO POÍTICO RAZOÁVEL

Apesar de o programa de dados abertos ter recebido suporte significativo do prefeito, ele
não foi parte da política de administração da cidade, nem houve qualquer instância de
suporte dentro do espectro político.

CONFIANÇA PÚBLICA RAZOÁVEL

Gavin Newsom foi reeleito como prefeito em 2007 após as eleições de 2003. Ele venceu
com 73,66% dos votos, o que mostra que os cidadãos tinham fé nele. Entretanto, não há
evidências claras, como pesquisas de opinião ou pesquisas de percepção pública, sobre o
programa.

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POLÍTICA
OBJETIVOS CLAROS BOM

O Open Data San Francisco possui uma declaração de missão clara: “permitir o uso de
dados da Cidade para apoiar uma ampla gama de resultados, aumentar a transparência e
a eficiência do governo a desbloquear novos domínios de valor econômico.”

Adicionalmente, ele possui uma Declaração de Visão delineada: “Os dados da Cidade são
compreendidos, documentados e de alta qualidade. Os dados são publicados de forma que
sejam utilizáveis, em bom tempo, e acessíveis, o que suporta usos amplos e inesperados
de nossos dados”. [3]

EVIDÊNCIAS BOM

A ideia do projeto teve como base programas de dados abertos similares em outras cidades
americanas e no Reino Unido: “além de nossa estratégia de envolvimento, nós revisamos
não apenas a literatura, mas planos e práticas de dados abertos existentes de Nova Iorque,
Chicago, Filadélfia, Grã-Bretanha e muitos outros”. [4]

VIABILIDADE RAZOÁVEL

Durante a etapa de planejamento, a administração da cidade pesquisou o custo de


lançamento e gestão deste programa, e identificou que o custo não seria um gargalo
importante, uma vez que todos os dados já estavam disponíveis. Quaisquer que fossem os
impedimentos ao progresso, Brian Purchia, o diretor adjunto de comunicações do prefeito,
“apontou que a barreira mais importante na verdade não era a despesa. A maioria dos
dados já existe, ele diz, apenas não em um formato que desenvolvedores podem utilizar. ‘O
custo está lá, mas a maior parte dele é apenas horas de trabalho’”. [5]

AÇÃO
GESTÃO BOM

O programa foi gerenciado pelo diretor de dados, Joy Bonaguro, e o gerente do programa
de dados abertos, Jason Lallyis. Ambos possuem experiência relevante em um ambiente de
dados abertos projetando e gerenciando entrega de sistemas. Isto mostra que houve gerentes

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habilidosos que entendiam o contexto de entrega. Adicionalmente, houve coordenadores de
dados que serviram como ponto chave de responsabilidade para linhas do tempo e perguntas
sobre conjuntos de dados, bem como fornecendo relatórios trimestrais sobre o progresso da
implementação do plano de dados abertos.

MEDIAÇÃO RAZOÁVEL

O número de conjuntos de dados publicados foi utilizado como métrica para aferir o impacto
do programa de dados abertos. Isto foi devido ao fato de o governo da cidade não possuir
outros meios de medir os resultados e impacto de sua iniciativa de dados abertos.

Em um relatório de 2014, emitido pelo prefeito e pelo diretor de dados, admitiu-se que o
“número de conjuntos de dados publicados” é uma métrica cega. “Enquanto precisamos
inicialmente aumentar o número de conjuntos de dados, também precisamos explorar a
medição de publicação de dados de alto valor, aumentar a frequência de atualizações,
responder a solicitações de dados ou automação de publicação. Também iremos normalizar
e definir o que constitui um conjunto de dados ... Com o tempo, também precisamos
identificar formas de medir os resultados e impactos de nossa iniciativa de dados abertos.
No meio tempo, a métrica do processo fornecerá a base para uma avaliação com base em
resultados para dados abertos”. [6]

ALINHAMENTO BOM

Houve boa coordenação interna entre os diferentes departamentos da cidade, com o prefeito
liderando a iniciativa. Também houve colaboração com o setor privado, principalmente
firmas de TI de tamanho médio e pequenos desenvolvedores de aplicativos, bem como
firmas de redes sociais.

O programa foi cuidadosamente posicionado para facilitar a participação da sociedade


civil: em 2012, o Prefeito Lee revelou data.SFgov.org, um site de dados abertos com base
na nuvem e o sucessor do DataSF.org, desenvolvido pela Socrata, a startup com base em
Seattle responsável pela plataforma inicial. Os dados publicados foram utilizados para criar
aplicativos para moradores: por exemplo, o desenvolvedor de aplicativos SpatialKey criou
uma ferramenta de visualização que permite que os residentes verifiquem a existência
de delitos relacionados a drogas ocorrendo próximo a escolas, enquanto a Elbatrop
desenvolveu o aplicativo de identificação de árvores, SFTrees.

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DADOS ABERTOS EM SÃO FRANCISCO, CALIFÓRNIA
PANORAMA DE RESULTADOS

Legitimidade Política Ação


Compromisso
Stakeholders
Engajamento

Alinhamento
Viabilidade
Evidências
Confiança

Objetivos

Medição
Pública
Político

Gestão
Claros
dos

Ótimo Bom Razoável Fraco

BIBLIOGRAFIA
Executive Directive 09-06 Open Data, 21 de outubro de 2009. O Escritório do Prefeito, São
Francisco.

Open Data in San Francisco: Institutionalizing an Initiative, Prefeito Edwin M. Lee, Joy
Bonaguro, 14 de julho de 2014, Cidade e Condado de São Francisco.

DataSF Speaks, DataSF.

San Francisco, the city that’s open for data, Bobbie Johnson, 14 de outubro de 2009, The
Guardian.

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