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1º SIMULADO
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Questão 01 2023
E
Art which is based on images of mass consumer culture.
Pop art was initially regarded as a reaction from abstract
expressionism because its exponents brought back figural
imagery and made use of impersonal handling. It was seen
as a descendant of Dada because it debunked the serious-
ness of the art world and embraced the use or reproduction Questão 02 2023
ofcommonplace subjects. Comic books, advertisements,
Leia a tira.
packaging, and images from television and the cinema were
all part of the iconography of the movement.
Ian Chilvers e John Glaves-Smith (orgs.).
Oxford Dictionary of Modern and Contemporary Art, 2009. (Adaptado.)
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: De acordo com o texto, houve três tentativas de criação
da humanidade pelos deuses Tepeu e Gucumatz.
Este es el principio de las antiguas historias de este lugar
llamado Quiché. Aquí escribiremos y comenzaremos las Qual o elemento essencial na criação do homem, na ter-
antiguas historias, el principio y origen de todo lo que se hizo. ceira tentativa?
Esta es la relación de cómo todo estaba en suspenso, A Trigo.
todo en calma, en silencio; todo inmóvil, callado, y vacía la B Arroz.
extensión del cielo.
Entonces vinieron Tepeu y Gucumatz y conferenciaron
C Milho.
sobre la vida: 1quién será el que produzca el alimento y el D Quinua.
sustento.
E Mandioca.
De tierra y lodo hicieron la carne del hombre. Pero vieron
que no estaba bien, porque se deshacía; estaba 2blando;
Questão 02 2023
no tenía movimiento; no tenía fuerza; se caía; no movía la
cabeza; la cara se le iba para un lado; tenía velada la vista; Leia a tirinha a seguir.
no podía ver hacia atrás. Al principio hablaba, pero no tenía
entendimiento. Rápidamente se humedeció dentro del agua
y no se pudo sostener.
3
Entonces Tepeu y Gucumatz 4desbarataron y 5deshicieron
su obra y su creación. Y enseguida dijeron:
– ¿Cómo haremos para perfeccionarlos, para que salgan
bien nuestros adoradores, nuestros invocadores?
Y al instante fueron hechos los muñecos labrados en
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Considere a tirinha de André Dahmer. A natureza virou refúgio (“locus amoenus”) para o poeta-
pastor das culturas urbanas. Todas as tensões deveriam ser
amaneiradas, para que ele pudesse fundir-se na paisagem
campestre observada, para integrar-se em sua naturalidade.
Nada aí seria excepcional e teria a singeleza dos aconte-
cimentos comuns.
Benjamin Abdala Junior e Samira Youssef Campedelli.
Tempos da literatura brasileira, 1997. (Adaptado.)
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Questão 18 2023
De acordo com o texto, os eventos sequenciais aos quais alude a expressão “efeito cascata” são:
A livros mais caros, decréscimo de vendas, estímulo às editoras, supressão de investimentoem novas publicações.
B aumento do valor do produto final, queda de vendas, encolhimento das editoras, aumento do investimento em novas obras.
C livros mais caros, instabilidade nas vendas, enfraquecimento das editoras, expansão das publicações.
D aumento do valor do produto final, contração nas vendas, esgotamento das editoras, falta de investimento em novas
publicações.
E livros mais caros, equilíbrio nas vendas, diminuição das editoras, carência de investimento em novas publicações.
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Para produzir o efeito cômico e também crítico da tirinha, o cartunista mobiliza os seguintes recursos expressivos:
A eufemismo e pleonasmo.
B personificação e hipérbole.
C hipérbole e eufemismo.
C personificação e antítese.
E hipérbole e antítese.
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ro ano de funcionamento, em 1850, foi palco de animados
bailes de carnaval. Para que isso fosse possível, foi colo-
cada uma grande estrutura de madeira sobre a plateia na
altura do palco. A técnica foi repetida durante a visita de
D. Pedro II, em 1859. O Teatro de Santa Isabel foi palco
também de calorosos embates literários. Curiosamente,
alguns dos mais famosos ocorreram entre Castro Alves e
Tobias Barreto, na década de 1860, em defesa das atrizes
Eugênia Câmara e Adelaide Amaral. Dizem que eles eram
grandes amigos até se envolverem com as duas. Daí em
diante viraram inimigos. [...]
Imagens e excertos coletados de: https://laart.art.br/blog/arquitetura-neoclassica e
https://www.borapralacomigo.com.br/2015/10/teatro-de-santa-isabel-recife.html. Acesso em 16
ago. 2021. Adaptados.
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rococó, movimentos que privilegiavam o rebuscamento e a C “Além de ser um dos mais bonitos teatros do país, foi o
complexidade. Para os arquitetos da época, era o momento primeiro e é até hoje o principal exemplo de arquitetura
de trazer de volta as características das arquiteturas grega neoclássica de Pernambuco.”.
e romana, adequando-as à Idade Moderna. D “Já no seu primeiro ano de funcionamento, em 1850, foi
O neoclassicismo coincide com a Revolução Francesa, palco de animados bailes de carnaval.”
ocorrida em 1789 e com a Revolução Industrial, trazendo E “Dizem que eles eram grandes amigos até se envolverem
mudanças que tiveram como pano de fundo o Iluminismo, com as duas.”.
movimento intelectual e filosófico que ficou conhecido como
“século das luzes”. Com os pensadores iluministas, o inte-
resse pelas obras do passado foi reacendido. [...]
O Brasil possui alguns teatros-monumento que nos mos-
tram o quanto o período entre o século XIX e início do século
XX foi importante para o desenvolvimento cultural do país.
Eles são prova do quanto a população da época desejava
se parecer com a Europa, principalmente com a França.
A cidade do Recife possui um teatro dessa época, motivo
de muito orgulho para todos os pernambucanos: o Teatro
de Santa Isabel. Além de ser um dos mais bonitos teatros
do país, foi o primeiro e é até hoje o principal exemplo de
arquitetura neoclássica de Pernambuco. Ele também tes-
temunhou boa parte da vida do Recife nesses quase dois
séculos de existência.
Durante sua história, o teatro foi usado para outros fins,
não somente para apresentações teatrais. Já no seu primei-
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: radiopatrulha e a ambulância, a questão dos ovos ficava
Leia a crônica “Caso de justiceiro”, de Carlos Drummond em suspenso.
de Andrade. – Ah, é? – disse o vingador. – Pois eu pago os cem cru-
Mercadinho é imagem de confusão organizada. Todos zeiros pelos ovos mas você tem de engolir a nota.
comprando tudo ao mesmo tempo em corredores estreitos, Tirou-a do bolso do calção, fez uma bolinha, puxou para
carrinhos e pirâmides de coisas se comprimindo, apalpa- baixo, com dedos de ferro, o queixo do caixa, e meteu-lhe
mento, cheiração e análise visual de gêneros pelas mada- o dinheiro na boca.
mas, e, a dominar o vozerio, o metralhar contínuo das regis-
Assistência deslumbrada, em silêncio admiracional. Não é
tradoras. Um olho invisível, múltiplo e implacável, controla
todos os dias que se vê engolir dinheiro. O caixa começou
os menores movimentos da freguesia, devassa o mistério de
a mastigar, branco, nauseado, engasgado.
bolsas e bolsos, quem sabe se até o pensamento. Parece o
caos; contudo nada escapa à fiscalização. Aquela velhinha Uma voz veio do setor de ovos:
estrangeira, por exemplo, foi desmascarada. – Ela não roubou mesmo não! Olha o dinheiro embaixo
– A senhora não pagou a dúzia de ovos quebrados. do pacote!
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: efeito do recurso contra a doença, uma vez que os tumores
Leia o poema “Vaso chinês”, de Alberto de Oliveira. são conglomerados anormais de células crescendo entre
os tecidos, configurando-se, portanto, em algo alheio à
Vaso chinês
natureza dos órgãos. Não tem sido fácil achar a resposta,
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o.
mas o anúncio feito há duas semanas pela Cleveland Clinic,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
dos Estados Unidos, mostra que os estudiosos raciocinam
Contador1 sobre o mármor2 luzidio,
no caminho certo.
Entre um leque e o começo de um bordado.
Considerado um dos melhores do mundo, o centro ameri-
Fino artista chinês, enamorado, cano de tratamento e pesquisa em saúde informou o início
Nele pusera o coração doentio de um estudo clínico para testar a eficácia e segurança
Em rubras flores de um sutil lavrado, de uma vacina na prevenção e tratamento do tipo mais
Na tinta ardente, de um calor sombrio. agressivo de câncer de mama. Se der certo, será o primeiro
Mas, talvez por contraste à desventura, imunizante capaz de evitar diretamente o surgimento de
Quem o sabe?... de um velho mandarim um tumor. Atualmente, há opções de proteção indireta,
Também lá estava a singular figura; como as vacinas de HPV e da hepatite B. A primeira atua
sobre alguns tipos do Papilomavírus humano responsáveis
Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a, por tumores, como o que causa câncer de colo de útero.
Sentia um não sei quê com aquele chim3 A segunda protege de infecções pelo vírus da hepatite B,
De olhos cortados à feição de amêndoa. doença que promove inflamação crônica do fígado, tornando
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as células do órgão vulneráveis à proliferação descontrolada
1
contador: armário, penteadeira. (característica do câncer).
2
mármor: mármore. Participarão do ensaio clínico entre 18 e 24 pacientes que
3chim: chinês. tiveram o diagnóstico do câncer em etapa inicial nos últimos
três anos, encontram-se sem o tumor, mas apresentam
Questão 22 2023 grande risco de recidiva. Até setembro de 2022, quando
esse braço da pesquisa será encerrado, cada uma receberá
A sinestesia é a figura de linguagem na qual duas ou mais
três doses da vacina, aplicadas com intervalos de duas
sensações associadas a diferentes órgãos dos sentidos se
semanas entre cada uma. Nessa fase, o objetivo é exami-
mesclam numa mesma expressão. Ocorre sinestesia em:
nar a resposta imune desencadeada pela vacina e efeitos
A “Fino artista chinês, enamorado, / Nele pusera o coração colaterais. Ou seja, avaliar o desempenho do imunizante
doentio” (2ª estrofe)
do ponto de vista terapêutico.
B “Em rubras flores de um sutil lavrado, / Na tinta ardente, Adaptado de: PEREIRA, Cilene. Uma vacina tão esperada. Veja. São Paulo: Ed. Abril. 10 de
de um calor sombrio.” (2ª estrofe) novembro de 2021. ed. 2763, ano 54, nº 44, p. 62-63.
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TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: E quando, após longos dias de viagem para chegar à
minha terra, pude contemplar extasiada os olhos de minha
Texto 1
mãe, sabem o que vi?
“Letra para um assobio”
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz.
Eis acima, leitor destas linhas, o título que minha saudosa Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha
amiga e poeta Ilka Laurito tinha reservado para um poema mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só
seu, um poema “que nunca poderia existir”, admitia e la- então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si,
mentava ela. águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o
Assobios não abrigam letras, letras não cabem em asso- seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos
bios. Mas quem diz que não vão um dia se encontrar no d’água. [...]
mundo dos nossos mais altos desejos? Conceição Evaristo, Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas – Fundação Biblioteca Nacional,
2016.
Ilka se foi há tempo, sem fazer seu poema sonhado, sem
ter jamais desistido da ideia de um dia vir a assobiá-lo,
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numa plenitude poética.
A personificação é uma figura de linguagem amplamente
Laurindo Villares, a publicar
empregada pela autora, por meio da qual ela dá vida ou
Texto 2 traços humanos a objetos inanimados.
Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha Assinale a alternativa em que esse recurso é empregado
pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos
E Eu me lembrava de algumas histórias da infância de
de minha mãe? [...]
minha mãe.
Sempre ao lado de minha mãe, aprendi a conhecê-la.
Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como
B As labaredas [...] pareciam debochar do vazio de nosso
estômago.
também sabia reconhecer, em seus gestos, prenúncios de
possíveis alegrias. Naquele momento, entretanto, me des- C ...a brincadeira preferida era aquela em que a mãe era
cobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam a Senhora, a Rainha.
os seus olhos. [...] D Felizes, colhíamos flores cultivadas...
Eu me lembrava de algumas histórias da infância de minha
E ...pude contemplar extasiada os olhos de minha mãe.
mãe. [...] Às vezes, as histórias de minha mãe confundiam-
-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que
muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia
cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso
desesperado desejo de alimento. As labaredas, sob a água
solitária que fervia na panela cheia de fome, pareciam debo-
char do vazio do nosso estômago, ignorando nossas bocas
infantis em que as línguas brincavam a salivar sonho de
comida. E era justamente nesses dias de parco ou nenhum
alimento que ela mais brincava com as filhas.
Nessas ocasiões a brincadeira preferida era aquela em
que a mãe era a Senhora, a Rainha.
Ela se assentava em seu trono, um pequeno banquinho
de madeira. Felizes, colhíamos flores cultivadas em um
pequeno pedaço de terra que circundava o nosso barraco.
E foi então que, tomada pelo desespero por não me lem-
brar de que cor seriam os olhos de minha mãe, naquele
momento resolvi deixar tudo e, no dia seguinte, voltar à
cidade em que nasci. [...]
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: lher?”: 95% concordaram que a mulher chora mais e 5%
O MACHISMO BRASILEIRO E A DOMINAÇÃO DO MAL que homens e mulheres choram igual.
A lógica da dominação masculina silencia e mata mulheres Muitos homens cresceram ouvindo: “Homem não chora”;
e homens “Homem que chora é mulherzinha”; “Engole o choro, seja
Uma aluna me interrompeu bruscamente quando eu esta- um homem de verdade”; “Chorar é frescura, coisa de ma-
va dando uma aula para uma turma de psicologia sobre o ricas”. Alguns choram escondido, dentro do banheiro, pois
livro “A dominação masculina”, de Pierre Bourdieu. “Você não querem revelar seus medos, fraquezas e inseguranças
está comparando o sofrimento das mulheres com o dos para a esposa, namorada, filhos, pais e amigos. Outros con-
homens?” Respondi que, para o sociólogo francês, a lógi- fessaram que só choram quando estão bêbados, como um
ca da dominação masculina, além de oprimir, aprisionar e estudante de 18 anos: “Quando minha namorada terminou
escravizar as mulheres, também provoca sofrimento nos comigo entrei em depressão, passei a beber muito, tomar
homens que não conseguem corresponder ao modelo muito remédio. Muitas vezes me escondi para chorar no
dominante de ser um “homem de verdade”. banheiro do bar para meus amigos não zombarem de mim.”
Na lógica da dominação masculina, os homens devem ser Mostrei pesquisas sobre o número de homens que morrem
sempre superiores às mulheres: mais velhos, mais altos, de infartos, suicídios, violência urbana. E outras sobre
mais fortes, mais poderosos, mais ricos, mais escolarizados aposentados que se tornaram alcoólatras por se sentirem
etc. Essa lógica tem como efeito colocar as mulheres em inúteis, invisíveis e descartáveis. Apresentei os resultados
um permanente estado de insegurança, inferioridade e de- de pesquisas sobre jovens que têm vergonha do tamanho
pendência. Delas se espera que sejam submissas, contidas, do pênis e que tomam Viagra por medo de brochar. A aluna
discretas, apagadas, inferiores, invisíveis. gritou: “todos os homens são machistas”.
No entanto, essa lógica aprisiona as mulheres e também os A turma tinha 100 alunos: 75 mulheres e 25 homens. Por
homens, já que eles precisam fazer um esforço desesperado que ninguém mais disse o que pensava? Por que todos
e patético, segundo Bourdieu, para estar à altura do ideal de ficaram calados?
masculinidade: força física, altura, sucesso, poder, prestígio, Muitos alunos e alunas vieram conversar comigo depois da
dinheiro, potência, virilidade, tamanho do pênis etc. aula. “Professora, o discurso odiento e raivoso silencia as
A aluna reagiu agressivamente: “Mas os homens não pre- vozes de todos, não importa o assunto, pode ser machismo
cisam ser defendidos pelas mulheres. ou outro qualquer. Ela não quer ouvir ninguém, só quer
vomitar seu ódio. Vivemos em uma época em que mesmo
Eles são os agressores, os inimigos, não as vítimas. Todos
que 99% pensem diferente, o mal e o ódio venceram, estão
os homens são culpados ou
no poder. Não existe a banalização do mal? Agora é a era
cúmplices da violência que as mulheres sofrem”. Tentei
da dominação do mal.”
argumentar mostrando que os discursos sobre masculinida- Mirian Goldenberg, Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro
de podem ter mudado, mas que muitos comportamentos e Fonte:https://www1.folha.uol.com.br/colunas/miriangoldenberg/2022/04/o-
-machismo-brasileiroe-a-dominacao-do-mal.shtml
valores permanecem, de forma consciente ou inconsciente,
reproduzindo e fortalecendo a lógica da dominação mascu-
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lina, inclusive pelas próprias mulheres.
Pode-se afirmar, de modo geral, que o texto de Mirian
“Ninguém está defendendo os machistas, só estamos refle-
Goldenberg discute basicamente:
tindo sobre como a lógica da dominação masculina aprisiona
mulheres e homens. Não estamos diminuindo o sofrimento A o machismo em oposição ao feminismo.
feminino, mas apenas mostrando que os homens também B a dominação masculina em oposição à dominação
sofrem. E sofrem calados.” Dei então alguns exemplos das feminina.
minhas pesquisas. Quando perguntei: “O que todo homem C a banalização do mal em oposição à dominação do mal.
é?”, as respostas mais citadas foram: machista, galinha e D a masculinidade em oposição à feminilidade.
infiel. Para “O que toda mulher é?”, a maioria respondeu:
E o modo como a dominação masculina afeta homens e
maternal, sensível e romântica.
mulheres.
Quando perguntei: “Você chora muito ou pouco?”, 52% das
mulheres responderam que choram muito, 46% choram
pouco e 2% nunca choram. Já os homens disseram que
choram pouco (58%) ou nunca (37%). Apenas 5% choram
muito. Perguntei: “Quem chora mais: o homem ou a mu-
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da tecnologia informou maiores medidas internas e externas Apesar dos julgamentos, porém, a cultura do cancelamento
para combater o racismo e aumentar a representatividade também pode gerar um efeito contrário ao pretendido, já
na empresa, reforçando as políticas já existentes contra o que a proporção da exposição faz com que a pessoa ganhe
discurso do ódio. mais visibilidade nas redes sociais e, a depender de seus
próximos passos, acabe transformando a visibilidade do
Ocorre que, especificamente com relação à cultura do
ocorrido a seu favor, fazendo mais sucesso e ganhando
cancelamento, e ao contrário do Direito em que há um
mais engajamento. Numa breve analogia, comparar o Direito
devido processo legal para justificar uma punição ou não,
com o “Tribunal da Internet” seria como se, após a sentença
o “Tribunal da Internet” não costuma oportunizar sequer o
do “cancelamento”, o recurso do “cancelado” fosse provido
exercício do contraditório. Na maioria das vezes, aliás, a
para afastar a condenação.
cultura do cancelamento costuma ter efeitos imediatos, de
modo que a onda de boicote tem início tão logo o erro ou O que se extrai de interessante dessa dicotomia na cul-
conduta tidos como reprováveis são notados e expostos. Tal tura do cancelamento é que não apenas comportamentos
imediatismo, porém, traz à tona certa intolerância e muita reprováveis são objeto da onda de boicote, mas também
polarização, demonstrando assim que a sanção antecede opiniões contrárias sobre determinados temas. E, em que
a defesa. Dessa forma, o ambiente virtual torna-se hostil, pese a liberdade de expressão seja um direito fundamental,
seletivo e, por vezes, injusto. isso acontece porque muitos usuários, ao se depararem com
divergências, ao invés de promoverem um debate saudável,
Nota-se que, a partir da constatação de erro ou conduta
dão lugar à cultura do cancelamento, boicotando pessoas
reprovável por um grupo de pessoas, cria-se um movimento
físicas ou jurídicas.
na rede social de exposição para que não somente os usuá-
rios deixem de “seguir” a pessoa ou de comprar determinada Acontece que, além do mero “cancelamento”, os ataques
marca, por exemplo, mas também para que parem de dar virtuais tornam-se massificados e, por muitas vezes, extra-
visibilidade ao trabalho de alguém ou determinada empresa. polam os limites da livre manifestação de pensamento de
Por meio da onda de ataque aos perfis em redes sociais, modo a ensejar, de fato, um linchamento virtual que, mesmo
os efeitos são sentidos em todos os aspectos: na vida pes- revestido de boa intenção, pode provocar uma propagação
soal de pessoas físicas que perdem trabalhos, contratos, de discurso de ódio e, ainda, incorrer em crimes como injú-
patrocínios e até desenvolvem problemas psicoemocionais, ria ou difamação. Em situações como esta, o “cancelado”,
bem como na atividade de empresas que deixam de realizar que não encontra formas de se justificar sobre o ocorrido
vendas, atender clientes etc. em tempo de reparar sua imagem, acaba por adotar medi-
das judiciais em face daqueles que propagaram ofensas,
Um dos exemplos recentes da cultura do cancelamento
divulgaram informações eventualmente falsas e coisas do
nas redes sociais ocorreu com uma digital influencer do
tipo. (...)
mundo fitness que, durante a pandemia e o isolamento
social, meses após ser diagnosticada e “se curar” do coro- A pergunta que fica diante de tantos julgamentos e san-
navírus, reuniu alguns amigos em sua casa, fazendo publi- ções imediatamente impostas sem a possibilidade de defesa
cações da “festinha”. A anfitriã foi imediatamente cancelada ou reflexão é: como seria se todos fôssemos “cancelados”
nas redes sociais, com a consequente perda de diversas por um erro ou conduta reprovável, já que estamos em
parcerias e rescisão de contratos. E apesar do pedido de constante evolução? (...)
desculpas e reconhecimento do erro, o cancelamento se Nas palavras do atual Ministro Alexandre de Moraes: “a
manteve, beirando o linchamento virtual e fazendo com que liberdade de expressão constitui um dos fundamentos es-
ela desativasse seu perfil em uma de suas redes sociais. senciais de uma sociedade democrática e compreende não
Nesse contexto, observa-se que o “Tribunal da Internet” somente as informações consideradas como inofensivas,
não realiza seus julgamentos com igualdade ou propor- indiferentes ou favoráveis, mas também aquelas que pos-
cionalidade. Primeiro, porque deixa-se de discutir ideias e sam causar transtornos, resistência, inquietar pessoas, pois
passa-se a discutir pessoas ou empresas. Segundo, porque a democracia somente existe a partir da consagração do
poucos preferem ouvir, entender e formar uma opinião antes pluralismo de ideia e pensamento, da tolerância de opiniões
de atacar. Terceiro, porque outras pessoas ou empresas e do espírito aberto ao diálogo”2. (...)
envolvidas em situações análogas, por exemplo, não so- Com isso, o propósito de exposição de temas para que
frem sanções na mesma intensidade que as “canceladas”. haja liberdade de comunicação social, garantindo-se a livre
Quarto, porque, no mundo virtual, é muito tênue a linha circulação de ideias e informações de forma pluralista, na
entre a crítica construtiva e o ataque revestido de ofensas. realidade, tornou-se uma ferramenta de autocensura ao
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A à busca por status da maioria dos usuários das redes em:28 maio 2021. Fragmento.
sociais.
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B à conduta de usuários de redes de julgar comportamen-
tos alheios. A estrutura do texto é, predominantemente:
C à ilegalidade dos comportamentos dos usuários das A Narrativa
redes sociais. B Descritiva
D ao caráter imparcial dos julgamentos de usuários de C Argumentativa
redes sociais.
D Enumerativa
E ao caráter justo e fundamentado das interações em E Expositiva
redes sociais.
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certo pessimismo no tocante à possibilidade de realizar tal projeto nas condições econômicas e políticas contemporâneas.
E há quem – e isso é o cerne do pensamento filosófico pós-modernista – insista que devemos, em nome da emancipação
humana, abandonar por inteiro o projeto iluminista. A posição a tomar depende de como se explica o “lado sombrio” da nossa
história recente e do grau até o qual o atribuímos aos defeitos da razão iluminista, e não à falta de sua correta aplicação.
HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993. p. 23-24. (Adaptado).
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A lícito e bom.
B aceito e regulado.
C requintado e excepcional.
D viável e interessante.
E jurídico e autorizado.
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A compreensão do texto, no informe publicitário acima, exige que o leitor perceba que, nele, apresentam-se duas normas
linguísticas. Para diferenciá-las, o principal recurso utilizado pelo autor foi o de
A representar, nas ilustrações, duas diferentes classes sociais. Isso justifica, por exemplo, as imagens de pessoas
bem-vestidas juntamente com outras, de pessoas malvestidas.
B mesclar, no texto, elementos verbais com elementos não verbais. Isso possibilitou que o texto fosse escrito na ‘norma
culta’, e as imagens representassem a ‘norma popular’.
C grafar algumas palavras em desacordo com as convenções ortográficas, porém de maneira mais aproximada da fala.
Isso justifica, por exemplo, as diferentes grafias de “bem está” / “bem-estar”.
D distribuir o texto em diferentes planos. Isso permitiu que a norma considerada ‘culta’ ficasse destacada em primeiro
plano, e a norma considerada ‘não culta’ ficasse em segundo.
E trazer, para o texto, diferentes gêneros. Isso possibilitou que a ‘norma culta’ fosse expressa na forma de versos, no
gênero poema; e a ‘norma não culta’ fosse expressa na forma de prosa, no gênero anúncio publicitário.
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Centrando-se, assim, no moderno, [...] faziam apologia da Da imagem, que foi capa da Revista Veja em 20 de agosto
velocidade, da máquina, do automóvel (“um automóvel é de 2008, pode-se compreender:
mais belo que a Vitória de Samotrácia”, dizia Marinetti no
seu primeiro manifesto), da agressividade, do esporte, da
guerra, do patriotismo, do militarismo, das fábricas, das
estações ferroviárias, das multidões, das locomotivas, dos
aviões, enfim, de tudo quanto exprimisse o moderno nas
suas formas avançadas e imprevistas.
Massaud Moisés, Dicionário de Termos Literários, Cultrix, p. 234.
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Os quadros abaixo fazem parte de um “Manifesto” criado A letra da canção de Gilberto Gil, apresentada acima,
por uma revista feminina: caracteriza-se, predominantemente, por:
A Descrever.
B Narrar.
C Dissertar.
D Argumentar.
E Simbolizar.
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ATENÇÃO AO TEXTO
Os anúncios publicitários, em linhas gerais, têm como propósito estabelecer, no imaginário social, um desejo “inconsciente”
pelo consumo de um produto. Em muitos casos, há uma nítida falta de preocupação entre o que está sendo divulgado e a
norma culta da língua, já que esses exemplares de textos circulam em várias instâncias públicas, a exemplo deste acima,
disposto no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, em set. de 2017.
Assim, podemos verificar que a violação gramatical se deu no plano do(a):
A Segmentação de palavras.
B Sentido estabelecido entre as partes e o todo.
C Ambiguidade entre termos.
D Polissemia entre palavras homônimas e parônimas.
E Desrespeito ao Novo Acordo Ortográfico.
Questão 43 2023
O cartaz anuncia os números alcançados por um projeto de merenda escolar da cidade de São Paulo. De acordo com suas
informações, a quantidade de água utilizada demonstra qu
A o cultivo de frutas e legumes exagera o seu uso.
B a população da cidade é a que mais precisa da água.
C cada aluno gasta em média dois litros de água na escola.
D a produção de proteína animal tem elevado custo ambiental.
E a conscientização do uso da água é responsabilidade do governo.
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: bens naturais, à política ecológica, à partidária, à política
Um pensamento liberal moderno, em tudo oposto ao pesa- imperialista, à política do velho Maquiavel, ufa.
do escravismo dos anos 1840, pode formular-se tanto entre Que tal então a gastronomia, mais na moda do que nunca?
políticos e intelectuais das cidades mais importantes quanto 7
O velho bifinho da tia ou o saudoso picadinho da vovó,
junto a bacharéis egressos das famílias nordestinas que receitas domésticas guardadas no segredo das bocas,
pouco ou nada poderiam esperar do cativeiro em declínio. viraram nomes estrangeiros, sob molhos complicados, de
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 224
apelido francês. Nesse ramo da alimentação há também que
considerar o que sejam produtos transgênicos, orgânicos, as
Questão 44 2023
ameaças do glúten, do sódio, da química nociva de tantos
Ideias liberais, tornadas públicas, entraram em conflito com fertilizantes. Tudo muito sofisticado e atingindo altos níveis
a realidade escravista do Brasil, tal como se pode avaliar de audiência nos programas de TV: já seremos um país
na força dramática que assumiram
povoado por cozinheiros, quer dizer, por chefs de cuisine?**
A os poemas libertários de Castro Alves, já ao final do
Temas palpitantes, certamente de interesse público, estão
período romântico.
no campo da educação: há, por exemplo, quem veja nos
B os romances naturalistas de Aluísio Azevedo e Machado livros de História uma orientação ideológica conduzida pelos
de Assis.
autores; 8há quem defenda uma neutralidade absoluta dian-
C as páginas de literatura documental de Antonil e Pero te de fatos que seriam indiscutíveis. 9Que sentido mesmo
de Magalhães Gândavo.
tiveram a abolição da escravatura e a proclamação da Repú-
D os manifestos pré-modernistas de Euclides da Cunha e blica? E o suicídio de Getúlio Vargas? E os acontecimentos
Augusto dos Anjos.
de 1964? Já a literatura e a redação andam questionadas
E as crônicas de costumes de Olavo Bilac e João do Rio. como itens de vestibular: mas sob quais argumentos o de-
sempenho linguístico e a arte literária seriam dispensáveis
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: numa formação escolar de verdade?
Cronista sem assunto
Enfim, 10
o cronista que se dizia sem assunto de repente
Difícil é ser cronista regular de algum periódico. Uma crô- fica aflito por ter de escolher um no infinito cardápio digital
nica por semana, havendo ou não assunto... É buscar na
de assuntos. Que esperará ler seu leitor? 11
Amenidades?
cabeça uma luzinha, uma palavra que possa acender toda
Alguma informação científica? A quadratura do círculo
uma frase, um parágrafo, uma página inteira – mas qual?
encontrada pelo futebol alemão? A situação do cinema e
1
Onde o ímã que atraia uma boa limalha? 2Onde a farinha
do teatro nacionais, dependentes de financiamento por in-
que proverá o pão substancioso? O relógio está correndo
e o assunto não vem. Cronos, cronologia, crônica, tempo, centivos fiscais? Os megatons da última banda de rock que
tempo, tempo... Que tal falar da falta de assunto? Mas visitou o Brasil? O ativismo político das ruas? Uma viagem
isso já aconteceu umas três vezes... Há cronista que abre fantasiosa pelo interior de um buraco negro, esse mistério
a Bíblia em busca de um grande tema: os mandamentos, maior tocado pela Física? A posição do Reino Unido diante
um faraó, o Egito antigo, as pragas, as pirâmides erguidas da União Europeia?
pelo trabalho escravo? Mas como atualizar o interesse em 12
Houve época em que bastava ao cronista ser poético:
tudo isso? O leitor de jornal ou de revista anda com mais o reencontro com a primeira namoradinha, uma tarde
pressa do que nunca, 3e, aliás, está munido de um celular
chuvosa, um passeio pela infância distante, um amor ma-
que lhe coloca o mundo nas mãos a qualquer momento.
chucado, 13
tudo podia virar uma valsa melancólica ou um
Sim, a internet! O Google! É a salvação. 4Lá vai o cronista
tango arrebatador. Mas hoje parece que estamos todos
caçar assunto no computador. Mas aí o problema fica sendo
mais exigentes e utilitaristas, e os jovens cronistas dos
o excesso: ele digita, por exemplo, “Liberdade”, e 5lá vem
jornais abordam criticamente os rumores contemporâneos,
a estátua nova-iorquina com seu facho de luz saudando os
valem-se do vocabulário ligado a novos comportamentos, ou
navegantes, ou o bairro do imigrante japonês em São Paulo,
6
ou a letra de um hino cívico, ou um tratado filosófico, até despejam um humor ácido em seus leitores, 14num tempo
mesmo o “Libertas quae sera tamen*” dos inconfidentes sem nostalgia e sem utopias.
mineiros... Tenta-se outro tema geral: “Política”. Aí mesmo É bom lembrar que o papel em que se imprimem livros,
é que não para mais: vêm coisas desde a polis grega até jornais e revistas está sob ameaça como suporte de comu-
um poema de Drummond, salta-se da política econômica nicação. 15O mesmo ocorre com o material das fitas, dos
para a financeira, chega-se à política de preservação de CDs e DVDs: o mundo digital armazena tudo e propaga
2023 27
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tudo instantaneamente. Já surgem incontáveis blogs de cronistas, onde os autores discutem on-line com seus leitores
aspectos da matéria tratada em seus textos. A interatividade tornou-se praticamente uma regra: há mesmo quem diga
que a própria noção de autor, ou de autoria, já caducou, em função da multiplicidade de vozes que se podem afirmar num
mesmo espaço textual. Num plano cósmico: quem é o autor do Universo? Deus? O Big Bang? A Física é que explica tudo
ou deixemos tudo com o criacionismo?
Enquanto não chega seu apocalipse profissional, o cronista de periódico ainda tem emprego, o que não é pouco, em tempo
de crise. Pois então que arrume assunto, e um bom assunto, para não perder seus leitores. Como não dá para ser sempre
um Machado de Assis, um Rubem Braga, um Luis Fernando Veríssimo, há que se contentar com um mínimo de estilo e
uma boa escolha de tema. A variedade da vida há de conduzi-lo por um bom caminho; é função do cronista encontrar algum
por onde possa transitar acompanhado de muitos e, de preferência, bons leitores.
Teobaldo Astúrias, inédito
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TEXTO I
O voto como ato de cidadania
Um dos pressupostos mais importantes da democracia é a participação política do cidadão, cuja principal forma de expressão
é o voto. No entanto, nem sempre foi assim. O direito ao exercício de votar passou por várias fases em diferentes períodos
de nossa história, chegando aos dias atuais com a conquista do voto direto e secreto.
Nossa história começa em 1532, com a eleição do Conselho Municipal da Vila de São Vicente. Somente em 1821, usando os
dispositivos da Constituição Espanhola para eleger 72 representantes junto à Corte Portuguesa, é que o voto deixou de ser
em âmbito municipal. Em 1891, pela primeira vez, foi exercido o voto direto para eleger um presidente e um vice-presidente,
sendo Prudente de Morais, o escolhido.
Em 1932, uma nova conquista foi alcançada, com o direito de voto feminino. Ainda durante a década de 30, o voto passou a
ser secreto, porém, em 1937, a república sofreu um duro golpe promovido por Getúlio Vargas, que instituiu o Estado Novo,
fechando o Congresso e impedindo que os brasileiros fossem às urnas durante os oito anos seguintes. Somente após a
Segunda Guerra Mundial em 1945, com a vitória dos aliados e uma pressão pelo retorno da democracia, é que Vargas
permitiu uma reorganização partidária e a volta das eleições neste mesmo ano. No entanto, o pior ainda estava por vir. Em
1964, outro golpe militar impediu o voto direto para presidente, vice-presidente e cargos majoritários como governadores,
prefeitos e senadores. Começava o período mais negro de nossa história: a “Ditadura Militar”.
O Presidente João Goulart foi destituído de seu cargo e a censura tornou-se prática comum, como o fechamento de vários
meios de comunicação, como rádios e emissoras de televisão. Em 1968, o novo presidente Costa e Silva, decretou o Ato
Institucional número 5, o AI-5, dando plenos poderes ao governo. Novamente o Congresso foi fechado e diversos parla-
mentares tiveram seus direitos cassados. A década de 70 ficou conhecida como “anos de chumbo”. No entanto, em 1974,
ressurgia a esperança através da campanha política do partido denominado MDB, liderado por Ulysses Guimarães, um dos
maiores opositores do regime militar.
Em 1984, lideradas por Ulysses Guimarães, milhares de pessoas saíram às ruas em manifestações, exigindo a volta das
eleições diretas. Esse momento ficou conhecido como “Diretas Já” e seu líder, Ulysses Guimarães, conhecido como o “Senhor
Diretas”. Em 1985, ainda que de forma indireta, foi eleito Tancredo Neves, o primeiro presidente civil eleito após o golpe de
1964. Infelizmente, após ser eleito, foi acometido por uma grave doença e faleceu antes de tomar posse, sendo substituído
pelo vice-presidente, o senhor José Sarney. Uma emenda constitucional restabeleceu o voto direto e concedeu o direito de voto
aos maiores de 16 anos e aos analfabetos. Esta eleição marcou o fim da ditadura e o começo da redemocratização do país.
A partir de 1992, aconteceu a primeira eleição direta para presidente após a Ditadura Militar, sendo eleito para o cargo má-
ximo do país, o senhor Fernando Collor de Mello, que acabou destituído do seu cargo, acusado de corrupção. Depois disso,
ocorreram outras eleições para presidente, governadores e prefeitos, com inquestionáveis demonstrações de democracia,
através de um sistema inovador, como as urnas eletrônicas.
Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/o-voto-como-ato-de-cidadania/60870
TEXTO II
A palavra política está sustentada por uma expressão grega – polis, que quer dizer cidade e a palavra cidadania se funda-
menta em um termo latino correlato – civitatem. Esses dois vocábulos nos remetem à vida em sociedade, com suas ações e
atuações de direitos e deveres. Portanto a escola trabalha a cidadania, mas deve trabalhar a política, que está a ela associada.
Ao estudarmos a cidadania devemos estudar também a política, dentro de um processo democrático. A escola tem função
primordialmente
A partir da leiturasocial e quando
dos textos a políticaese
motivadores vincula
com baseànos
cidadania, elas se reinventam.
conhecimentos Quando
construídos ao longo falamos em políticaredija
de sua formação, na escola,
texto
nós não queremos dizer política partidária, pois esta deve ser estabelecida em espaços e ambientes adequados.
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A importância da participação A escola é
opolítica para
ambiente a efetivação
propício da cidadania
no significado no Brasil”,
abrangente de atentar à qualidade
apresentando ao bem
proposta comum do seu
de intervenção que cidadão, dadireitos
respeite os coletividade e da
humanos.
comunidade, portantoe dentro
Selecione, organize da instituição
relacione, escolar aepolítica,
de forma coerente sem viés partidário
coesa, argumentos deve defesa
e fatos para ser objeto constitucional
de seu do currículo.
ponto de vista.
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As expressões educação e cidadania estão inseridas no sentido político da educação, pois desenvolver o cidadão para
a cidadania não é aceitável sem antes estabelecer o que seja essa cidadania. Educar politicamente para a cidadania é
principalmente educar um sujeito participativo para ser um sujeito crítico, no sentido de co-participante da democracia.
Essa é a
verdadeira educação para uma nova cidadania, que é uma postura que precisa ser estimulada. Os direitos e deveres
civis e políticos, devem ser trabalhados por meio de valores éticos. É necessário compatibilizar cidadania, política e
diversidade, através de princípios éticos. Educar é uma ação que propõe a convivência social, a cidadania e a tomada
de consciência política, fazendo de cada sujeito um autor de transformação social.
A democracia só se constituirá como substancial se a formação política for propiciada no ambiente escolar. A escola,
enquanto uma criação social, é um dos lugares adequados de formação e informação, em que a aprendizagem deve
estar em concordância com os assuntos sociais que assinalam cada momento histórico. As diferentes configurações
de organização da sociedade devem ser debatidas e consideradas no ambiente escolar, com o objetivo de propiciar o
diálogo entre educadores e alunos sobre o fato histórico e político, relacionando presente e passado e constatando as
transformações necessárias ao bem da coletividade. Através das vivências plurais os alunos passam a exercer a cida-
dania social e política. De acordo com Delor: “A educação para a cidadania constitui um conjunto complexo que abraça,
ao mesmo tempo, a adesão a valores, a aquisição de conhecimentos e a aprendizagem de práticas na vida pública. Não
pode, pois ser considerada como neutra do ponto de vista ideológico”. Ref: Mario Sergio Cortella
Disponível em: https://educador.brasilescola.uol.com.br/politica-educacional/cidadania-politica.htm
TEXTO III
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “A importância da participação
política para a efetivação da cidadania no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
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Questão 46 2023
A Cartografia é considerada a ciência que trata da criação, da produção, da difusão, da utilização e do estudo dos mapas.
Os fusos horários, também denominados zonas horárias, foram estabelecidos no ano de 1884, com o intuito de estabelecer
diferentes horários, em função do movimento de rotação da terra, sendo adotado mundialmente desde então. Partindo
desta informação, o fuso referencial para a determinação das horas é:
A Latitude.
B Linha do Equador.
C Meridiano de Greenwich.
D Trópico de Câncer.
E Trópico de Capricórnio.
Questão 47 2023
O déficit habitacional refere-se às moradias que devem ser construídas seja para substituir os domicílios existentes que
não apresentam as condições de segurança indispensáveis a seus ocupantes, seja para garantir habitação adequada às
famílias que não têm um domicílio de uso privativo.
Fonte: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-88392001000100009&script=sci_arttext>.Acesso em: 30 nov. 2014.
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Questão 50 2023
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Com relação à cartografia, a projeção utilizada na imagem Faça parte desta experiência.
a seguir é classificada como: Para essa experiência serão utilizados: mesa, lanterna,
blusa preta e um espelho grande, a experiência deve ser
realizada à noite.
Procedimento: Coloque a lanterna em cima da mesa. Não
deve haver nenhuma outra fonte de luz no quarto. Com a
blusa preta vestida, você deve se posicionar a cerca de 30
cm da lanterna. Agora você deve ir rodando lentamente
para a esquerda até ficar de costas para a luz projetada
pela lanterna, posteriormente deve segurar o espelho e
incliná-lo de tal modo que ele reflita a luz projetada pela
lanterna para a parte da frente da sua blusa. Rode de novo
para a esquerda até ficar de frente para a luz e, enquanto
roda, observe o que passa a acontecer com a parte da
frente da blusa.
A Cônica transversal.
B Cilíndrica transversal.
C Alifática, pois reduz as distorções.
D Plana ou Azimutal.
E Tangente e redutiva.
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Questão 53 2023
No dia 12 de abril de 2019, um meteorito caiu no oceano Atlântico, há aproximadamente 145 km da costa do Rio Grande
do Sul. Câmeras instaladas em cidades da região metropolitana de Porto Alegre registraram a queda. O fenômeno foi
captado também por câmeras em Torres, no Litoral Norte, e em Santa Catarina. Ele pôde ser visto por alguns segundos,
às 3h21 (horário de Brasília). O meteorito pesava em torno de 12 kg quando entrou na atmosfera. Com o tempo, diminuiu
a massa, até que se transformou em fragmentos mínimos.
Das coordenadas geográficas a seguir, qual se localiza mais próxima do local da queda do meteorito descrito no texto.
Questão 54 2023
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Questão 55 2023
“Melhor do que uma Veneza tropical, pois, assim que descia, a maré deixava as ruas limpas e brancas de sal. Em marés
de sizígia, mais fortes, e normalmente perto da Páscoa, algumas vezes chegávamos navegando até a igreja Matriz, quase
contornando a praça principal. A comunhão com o mar em Paraty faz parte de sua história e é evidente em sua arquitetura,
no traçado urbanístico e na própria cultura local.”
Klink, Amyr. Cem dias entre o céu e o mar. São Paulo, Companhia das Letras, 2005. p. 92.
Na representação a seguir visualizam-se as fases da Lua em um mês de abril. Pela leitura do texto, pode-se afirmar que
os dias possíveis para a aventura descrita são
A 20 e 22.
B 07 e 21.
C 15 e 30.
D 06 e 08.
E 05 e 23.
Nos livros II e III, Platão, através de Sócrates, discute sobre Na obra de Aristóteles, a Ética é uma ciência prática, con-
as artes no contexto da educação dos guardiães. Já no cepção distinta da de Platão, referida a um tipo de saber
livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que voltado à ação. Na Ética a Nicômaco, Aristóteles destaca
devem ser consideradas na cidade como um todo, não uma excelência moral determinante para a constituição de
somente nas instituições pedagógicas. Nesse último livro, uma vida virtuosa.
Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imitativa) deve ser Esta excelência moral tão importante é
inteiramente excluída da cidade (595a). Em que obra essa
A a coragem.
recusa de Sócrates está registrada?
B a retórica.
A No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócrates trata
dos diversos tipos de arte. C a verdade.
B No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócrates e D a prudência ou moderação.
esse personagem discutem sobre a natureza da arte, E Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
especialmente da poesia.
C No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates discorre
sobre o tema da arte, reportandose à natureza da pintura
e da poesia.
D No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates apre-
senta a arte da política aos cidadãos atenienses.
E No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates
afirma que a poesia pode levar à corrupção do caráter
humano.
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O conhecimento mítico apresenta características próprias Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por inter-
que o diferencia de outros modos de conhecer. Ele inva- pelar os transeuntes e fazer perguntas aos que se achavam
riavelmente se vincula ao conhecimento religioso, mas conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diá-
conserva suas funções especificas: acomodar e tranquilizar logo, Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada,
o homem em meio a um mundo caótico e hostil. Nas socie- levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude
dades em que ele se apresenta como um modo válido de de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte
explicação da realidade assume uma abrangência tamanha sob a acusação de corromper a juventude, desobedecer
que determina a totalidade da vida, tanto no âmbito público às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos.
como privado. Com referência ao conhecimento mítico, é Considerando essas informações sobre a vida de Sócrates,
incorreto afirmar que assim como a forma pela qual seu pensamento foi transmi-
tido, pode-se afirmar que sua filosofia
A a adesão ao conhecimento mítico ocorre sem necessi-
dade de demonstração, apenas se aceita a autoridade A transmitia conhecimentos de natureza científica.
do narrador. B baseava-se em uma contemplação passiva da realidade.
B as explicações oferecidas pelo conhecimento mítico C transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma
essencialmente são de natureza cosmogônica. escrita entre a população ateniense.
C as representações sobrenaturais são utilizadas no intuito D ficou consagrada sob a forma de diálogos, posterior-
de explicar os fenômenos naturais. mente redigidos pelo filósofo Platão.
D a narrativa mítica faz uso de uma linguagem simbólica E procurava transmitir às pessoas conhecimentos de
e imaginária. natureza mitológica.
E se pauta na reflexão, apresentando a racionalidade e
a cosmologia como componentes definidores do seu Questão 61 2023
modo próprio de ser. “O mito é uma narrativa. É um discurso, uma fala. É uma
forma de as sociedades espelharem suas contradições,
Questão 59 2023 exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações. Pode
Aedo e adivinho têm em comum um mesmo dom de “vidên- ser visto como uma possibilidade de se refletir sobre a
cia”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço dos seus existência, o cosmos, as situações de ‘estar no mundo’ ou
olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que as relações sociais”.
os inspira mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as Everado Rocha.
realidades que escapam ao olhar humano. Sua visão parti- Mediante essa definição geral de mito é correto afirmar que
cular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas
A as sociedades com conhecimentos científico, tecnológi-
mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é.
co e filosófico complexamente constituídos não possuem
Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. (Adaptado.) mitos, pois eliminaram as duvidas e os paradoxos.
O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, entre B Platão, um dos filósofos mais estudados e influentes
outros aspectos, do pensamento ocidental, não recorria aos mitos em
A o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela trans- seus diálogos, apesar de ter sido o primeiro a utilizar o
missão oral das tradições, dos mitos e da memória. termo mitologia.
B a prática da feitiçaria, estimulada especialmente nos C alguns mitos oferecem modelos de vida e podem servir
períodos de seca ou de infertilidade da terra. como referências para a vida de muitas pessoas mesmo
C o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a difusão no século XXI.
dos cultos aos deuses da tradição clássica. D as sociedades antigas, ocidentais e orientais, foram fun-
D a forma como a história era escrita e lida entre os povos dadas sobre o mesmo mito primitivo, variando, apenas,
da península balcânica. os nomes de seus personagens.
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O filósofo antigo Platão foi o primeiro a reconhecer a dife- Em sociedades como a nossa, onde há um abismo de
rença entre uma realidade imanente e uma transcendente letramento, uma das formas através das quais o leitor
em sua Filosofia, pois ele estabeleceu a distinção entre duas midbrow* tenta aceder a certa distinção associada com a
realidades: a realidade material e sensível e a realidade cultura erudita é no ataque sistemático às formas da cultura
imaterial e suprassensível.
de massas. Demonstrar desprezo pelo funk carioca ou pelo
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia. Acesso em: 30 maio 2021 (Adaptado).
tecnobrega constrói, imaginariamente para o leitor midbrow,
A respeito dos conceitos apresentados no excerto, pode-se
alguma comunhão com a esfera da cultura erudita da qual
inferir que, para Platão, a transcendência refere-se a
ela está, na maior parte do tempo, excluído.
A uma compreensão mais clara das verdades divinas.
* Leitor não especializado, geral, consumidor de revistas e
B uma realidade material, apreendida imediatamente pelos jornais, mas não necessariamente familiarizado com os
sentidos do corpo. códigos da cultura erudita.
C um saber disciplinado que se alcança por meio de crité- AVELAR, Idelber. Paulo Coelho, James Joyce e a defesa dos monumentos como desejo de
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Considerando a teoria sociológica elaborada por esse autor Considere os textos a seguir.
e seu estudo sobre a divisão do trabalho social, assinale “O século XVIII constitui um marco importante para a história
qual alternativa está correta. do pensamento ocidental e para o surgimento da sociologia.
A Para Durkheim a divisão do trabalho é antes de tudo As transformações econômicas, políticas e culturais que se
um conceito que explica as desigualdades na moderna aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos
sociedade capitalista. para os homens que experimentavam as mudanças que
B A divisão do trabalho social para Durkheim expressa ocorriam no ocidente europeu.”
FERNANDES, Florestan. A herança intelectual da Sociologia. In: FORACHI, M. M.; MARTINS,
a contradição existente entre as diferentes funções da
J. S. Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros
sociedade como um todo. Técnicos e Científicos, 1977. p. 11.
C Para Durkheim a divisão do trabalho social resulta das “[...] entendo por física social a ciência que tem por objeto
relações de cooperação entre as diferentes atividades próprio o estudo dos fenômenos sociais, considerados no
sociais que integram a sociedade.
mesmo sentido que os fenômenos astronômicos, físicos,
D Para Durkheim a divisão do trabalho permite perceber químicos e fisiológicos, isto é, como submetidos a leis na-
como cada função social só se realiza na sua relação turais invariáveis, cuja descoberta é o fim especial de suas
de conflito com uma outra função social. pesquisas. Assim, ela se propõe diretamente a explicar,
E Para Durkheim só podemos entender a divisão do com a maior precisão possível, o grande fenômeno do
trabalho social se buscamos entender como são regu- desenvolvimento da espécie humana, visto em todas as
lamentadas as classes produtivas. suas partes essenciais [...].”
Auguste Comte Disponível em: <http://docplayer.com.br/235-A-postura-do-posi-
Questão 67 2023 tivismo-comrelacao-as-ciencias-humanas.html>. Acesso em: 12 dez. 2020
Leia o trecho da música Rap da Felicidade, de MC Cidinho A Sociologia, para ser reconhecida como ciência, precisava
e MC Doca, descrita abaixo: demonstrar objetividade na sua análise. Para evidenciar
que os fenômenos sociais também são passíveis de análi-
Eu só quero é ser feliz, se científica, a Sociologia - em sua constituição enquanto
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci. ciência - utilizou-se de métodos:
E poder me orgulhar,
A similares aos das ciências da natureza.
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.
B holísticos, inter-relacionando o todo e as partes.
Minha cara autoridade, eu já não sei o que fazer,
C monográficos, com a finalidade de obter generalizações.
Com tanta violência eu sinto medo de viver.
Pois moro na favela e sou muito desrespeitado, D estruturalistas, como forma de penetrar a realidade
A tristeza e a alegria aqui caminham lado a lado. concreta dos fenômenos.
Eu faço uma oração para uma santa protetora, E funcionalistas, que consideram a sociedade como es-
Mas sou interrompido a tiros de metralhadora. trutura complexa de grupos ou indivíduos.
Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela,
O pobre é humilhado, esculachado na favela.
Já não aguento mais essa onda de violência,
Só peço à autoridade um pouco mais de competência.
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uma verdadeira máquina organizada, cujas partes, Os documentos de identificação individual podem ser anali-
todas elas, contribuem de uma maneira diferente para sados sob a perspectiva dos estudos weberianos a respeito
o avanço do conjunto, adequando-se às demandas do da sociedade moderna.
mercado.
Sobre essa análise, assinale a alternativa correta.
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O diabo parece ter sido estranho tanto para os tupis do Brasil Observe a imagem de Nossa Senhora do Rosário, produzida
quanto aos nauas, maias, incas e demais povos americanos. na região das Minas Gerais no século XVIII.
O cosmos maia era neutro, as forças e os seres sagrados
“não eram nem bons, nem ruins, mas apenas caprichosos”.
[...] A cosmologia das populações andinas não contava com
a noção de mal personificada num ser satânico [...].
Laura de Mello e Souza. Inferno atlântico. Demonologia e colonização: Séculos XVI-XVIII,
1993.
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Em seu livro O mundo completo da Mitologia Grega (2019, A conquista da Gália por Júlio César foi comparada, com
p. 174), o autor Richard Buxton escreveu: “a promoção de razão, a um genocídio, e criticada pelos próprios romanos
tendências homossexuais [na Grécia], em detrimento das da época, nesses mesmos termos. Mas Roma se expandiu
heterossexuais, seria mais uma das causas de disrupção por um mundo de violência endêmica, de focos rivais de
familiar e (...) do enfraquecimento dos laços matrimoniais?
poder apoiados por forças militares [...] e de mini-impérios.
A resposta, enfaticamente, é: não”. Mary Beard. SPQR: uma história da Roma Antiga, 2017.
A eram cópias de projetos de engenharia desenvolvidos C Na economia açucareira no Brasil, o investimento portu-
pelos povos nômades da pré-história. guês contou com o apoio de mercadores e banqueiros
de Flandres (norte da Europa), que ficaram responsáveis
B foram construídas para possibilitar a travessia de animais
de carga, que levavam armamento pesado. pelo financiamento, refino e distribuição do açúcar.
C transportavam água do Mar do Norte para as províncias D Fernão de Noronha trouxe as primeiras mudas de cana-
dos territórios da Gália Romana, da Grécia continental de-açúcar da Ilha da Madeira e instalou o primeiro
e do norte da África. engenho da colônia em São Vicente, no ano de 1533.
D utilizavam a força da gravidade, por meio de canais de E A produção da colônia voltava-se especialmente para
pedra ou tijolo ligeiramente inclinados, para levar água o consumo interno.
para cidades e vilas do Império Romano.
E eram barreiras militares instaladas em pontos estra-
tégicos para proteção dos rios de fronteira do Império
Romano, diante das ameaças de invasão germânica.
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(...) desde a saída do Conde Maurício de Nassau do governo Leia o seguinte excerto:
dominado pelos holandeses na América, em 1644, foi-se am- Para nós, o ostracismo existe no sentido figurado, mas
pliando um clima de descontentamento entre os colonos em para os atenienses era uma medida concreta que marcava
Pernambuco, provocado por incompatibilidades com o novo
a vida do ostracizado. As escavações arqueológicas per-
rumo dado à administração da capitania pela Companhia
mitiram que se descobrissem cacos com diversos nomes
das Índias, considerado prejudicial aos seus negócios. Entre
[de ostracizados].
outras coisas, a Companhia passou a cobrar os empréstimos
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002, p. 34.
concedidos por Nassau, e quando esses não eram pagos,
os juros aplicados eram extorsivos. Em 1645 teve início um Considerando os conhecimentos sobre Grécia Antiga, a
movimento de revolta contra o domínio holandês que ficou principal função pensada para a implantação do ostracismo
conhecido como Insurreição Pernambucana. na sociedade de Atenas entre os séculos VI e V a.C. foi a
Disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br. Acesso em: 14 set. 2020. de impedir que:
A expulsão dos holandeses do Brasil gerou sérios proble- A micênicos tivessem poder político e ameaçassem a
mas para a economia da Colônia portuguesa devido ao aristocracia.
fato de os holandeses
B estrangeiros mobilizassem poder político e ameaçassem
A terem se negado a vender o açúcar brasileiro, que
passou a ser substituído pelo açúcar estadunidense. a oligarquia.
B terem se aliado à França para produzir açúcar a fim C cidadãos concentrassem poder político e ameaçassem
de dividirem o lucrativo mercado açucareiro europeu. a democracia.
C terem iniciado a própria produção de açúcar nas Antilhas D espartanos arregimentassem o poder político e amea-
quebrando o monopólio do açúcar brasileiro. çassem a república.
D terem iniciado a produção de açúcar junto a países
árabes acabando com o monopólio do açúcar brasileiro.
E cretenses conseguissem poder político e ameaçassem
a tirania.
E iniciarem uma campanha difamatória afirmando que
o açúcar brasileiro era impuro devido ao fato de ser
produzido por escravizados africanos. Questão 84 2023
Passaram a dedicar-se com mais afinco ao abastecimento Para alguns historiadores, a oficialização do cristianismo
da zona mineira, com seus escassos produtos agrícolas, no Império Romano simbolizou o fim do Mundo Antigo, pois
e prioritariamente às tropas (comércio de muares que iam
A caracterizou o prevalecimento da lógica medieval de que
buscar no sul) e às monções (comércio fluvial para Cuiabá).
Heloísa Liberalli Bellotto. “Razões de Estado: a extinção e os primórdios da restauração da
Deus deve ser representado à imagem e à semelhança
capitania de São Paulo”. In: História do estado de São Paulo: a formação da unidade paulista, dos reis e imperadores.
vol. 1, 2010. (Adaptado.)
B provocou conflitos internos à sociedade romana, que aca-
O excerto refere-se à primeira metade do século XVIII e à
baram por fragmentar social e politicamente o Império.
A projeção do planalto paulista como principal polo dinâ- C demonstrou, com o desencadeamento da perseguição
mico da economia colonial.
aos pagãos, o início da intolerância religiosa da Idade
B aplicação de capitais industriais nas empresas minera- Moderna.
doras de grande porte.
D impediu a constituição de alianças e negociações com
C constituição de governos independentes nas cidades os povos germânicos, que eram politeístas.
mineiras do interior do país.
E revelou, com o triunfo do monoteísmo, o surgimento de
D diversificação econômica decorrente da mineração de uma nova mentalidade e a fusão entre Igreja e Estado.
metais preciosos.
E desarticulação da economia agroexportadora devido à
mineração de ouro.
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O Império Romano, após a profunda crise do século III, (...) Com a adoção da pecuária e da agricultura foram cria-
tentou a sobrevivência através do estabelecimento de no- das as primeiras cidades, nasceu a aristocracia, a divisão de
vas estruturas, que não impediram (e algumas até mesmo poderes, a guerra, a propriedade, a escrita, o crescimento
aceleraram) sua decadência, mas que permaneceriam populacional... Surgiram, em poucas palavras, os pilares
vigentes por séculos. Foi o caso, por exemplo, do caráter
do mundo em que vivemos. As sociedades atuais são suas
sagrado da monarquia, da aceitação de germanos no
herdeiras diretas: nunca fez tanto sentido falar de revolução
exército imperial, da petrificação da hierarquia social, do
porque deu origem a um mundo totalmente novo (...)
crescente fiscalismo sobre o campo, do desenvolvimento
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/.Acesso em: 14 set. 2019.
de uma nova espiritualidade.
Hilário Franco Junior. A Idade Média: nascimento do Ocidente, 1988.
O texto faz referência à Revolução
O texto apresenta alguns elementos que se aprofundaram A Antropocêntrica.
nos dois séculos seguintes e caracterizaram a transição B Cenozoica.
entre
C Iluminista.
A a Alta Idade Média e a Baixa Idade Média, marcada,
entre outros elementos, pela penetração de povos
D Neolítica.
estrangeiros nos domínios do Império Romano e pela E Paleolítica.
militarização do cotidiano.
B a Idade Média e a Idade Moderna, marcada, entre outros Questão 88 2023
elementos, pela centralização do poder político nas Na edição de julho de 1818 do Correio Braziliense, o jorna-
mãos dos reis e as severas limitações na mobilidade lista Hipólito José da Costa, residente em Londres, publicou
social. a seguinte avaliação sobre os dilemas então enfrentados
C a Antiguidade e a Idade Média, marcada, entre outros pelo Império português na América:
elementos, pela negação do caráter divino do impera- A presença de S.M. [Sua Majestade Imperial] no Brasil lhe
dor e pela transformação do cristianismo em religião
dará ocasião para ter mais ou menos influência naqueles
do Estado.
acontecimentos; a independência em que el-rei ali se acha
D o Império Romano do Ocidente e o Islã, marcada, entre das intrigas europeias o deixa em liberdade para decidir-se
outros elementos, pela feudalização e pelo aumento da nas ocorrências, segundo melhor convier a seus interesses.
tributação sobre a produção agrícola.
Se volta para Lisboa, antes daquela crise se decidir, não
E o Mundo Antigo e o Mundo Moderno, marcada, entre poderá tomar parte nos arranjamentos que a nova ordem
outros elementos, pelo desaparecimento dos grandes de coisas deve ocasionar na América.
impérios e a consolidação dos Estados nacionais eu-
Nesse excerto, o autor referia-se
ropeus.
A aos desdobramentos da Revolução Pernambucana do
Questão 86 2023 ano anterior, que ameaçara o domínio português sobre
“As lutas entre a nobreza, a Igreja e os príncipes por suas o centro-sul do Brasil.
respectivas parcelas no controle e produção da terra pro- B às demandas da Revolução Constitucionalista do Porto,
longaram-se durante toda a Idade Média, de modo que nos exigindo a volta imediata do monarca a Portugal.
séculos XII e XIII emergiu mais um grupo como participante C à posição de independência de D. João VI em relação
desse entrechoque de forças”.
às pressões da Santa Aliança para que interviesse nas
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993, 2v, p.15.
guerras do rio da Prata.
Marque a alternativa relacionada ao conceito que contempla
o grupo social emergente naquele contexto histórico: D às implicações que os movimentos de independência
na América espanhola traziam para a dominação por-
A Os cruzados.
tuguesa no Brasil.
B A elite.
E ao projeto de D. João VI para que seu filho D. Pedro se
C O empresariado. tornasse imperador do Brasil independente.
D A maçonaria.
E A burguesia.
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Quando, em 1815, a Coroa elevou o Brasil à condição O episódio da transferência da Corte para o Brasil, em
de “reino”, o evento foi comemorado localmente, com a 1808, alterou profundamente o cotidiano da sociedade do
invocação de metáforas seculares acerca do triunfo da Rio de Janeiro. A adaptação de hábitos e a conversão do
civilização europeia sobre a selvageria indígena. A “antiga aparelhamento urbano aos padrões da realeza europeia,
nudez” da América, escreveu um cronista no Rio, cobria-se o advento da imprensa, a formação de espaços de socia-
agora com a “coroa brilhante” e “o real manto de púrpura” bilidades, as missões artísticas e culturais, entre outros,
do próprio monarca português. contribuíram para uma nova feição dos domínios portu-
SCHULTZ, K. A crise do Império e a questão da escravidão. p.70/71.
gueses na América.
Fonte: http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/88/88 Do ponto de vista econômico, a grande transformação trazi-
O texto aponta para a mudança do estatuto da condição de da com a permanência da Corte no Brasil foi um fenômeno
colônia do Brasil, que, mesmo assim, não conseguiu alterar histórico conhecido por
práticas e realidades coloniais, tais como a A fim do exclusivo comercial metropolitano.
A escravidão. B ampliação do comércio com a França.
B industrialização. C início da industrialização.
C servidão voluntária. D crise da escravidão.
D superioridade racial. E incremento do imperialismo.
E dependência cultural.
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