Arcadismo, Neoclassicismo, Setecentismo e, no caso do Brasil, Escola
Mineira. Todos esses são os nomes do movimento literário que marcou principalmente a segunda metade do século XVIII, regido pela arte subjetiva burguesa que, nas palavras de Hauser “(...) de uma maneira geral, domina ainda hoje a nossa concepção de arte.” (p. 106 – apostila Arcadismo). Tal movimento foi fortemente influenciado pelos pensadores da época, como Rousseau e Voltaire, marcado pelo período do iluminismo que traz as luzes da ciência, deixando em segundo plano as influências religiosas, tanto na arte como no campo social. Como cenário temos a ascensão econômica burguesa que, incomodada com o “homem corrompido pela sociedade do velho regime monárquico” e com o exagero da arte barroca e seu viés religioso, abre frente à arte subjetiva retomando aspectos Greco-romano (por isso o nome Neoclassicismo) e ao aspecto social denominado como Bom Selvagem, isto é, ressaltando valores pastoris, a vida bucólica, ainda que seus idealizadores vivam nos centros urbanos (o que também fez o período ser chamado como fingimento poético). Isso é o que os teóricos chamam de dois momentos do arcadismo, mas como ressalta Alfredo Bosi não são contrapontos e sim justaposição, que seriam os momentos poéticos (expressados por meio da tradição clássica, ressaltando a natureza e os sentimentos do homem) e ideológicos (ressaltando a crítica burguesa frente aos costumes monárquicos e seus abusos). Neste momento, muitos poetas acabam usando pseudônimos justamente para não sofrerem represálias da monarquia e da igreja que ainda detinham o poder e também é muito comum terem suas musas em suas obras. Com forte espírito reformista, o arcadismo presava pelo equilíbrio da razão sobre os sentimentos e pretendia reformular o ensino, hábitos e atitudes sociais, bem como uma nova forma de manifestação artística, o que pode ser percebido claramente não só na literatura da época, como em outras linguagens como a escultura. No Brasil, o arcadismo é também conhecido por Escola Mineira, pois seus poetas de maior destaque têm fortes ligações com Minas Gerais, principalmente com a inconfidência mineira, o que levou muitos a prisão, inclusive. Apesar de ter feito muitos textos de caráter Barroco, quem abre o movimento arcadista é Claudio Manuel da Costa com a publicação de seu livro de poesias chamado Obras, em 1768. Tal poeta usa o pseudônimo Glauceste Satúrnio, que era um guardador de rebanhos e tem como musa a Nise. É também o responsável pela fundação da academia Colônia Ultramarina. Além de Obras, também nos deixou o poemeto épico Vila Rica, o drama musicado O Parnasio Obsequioso e Poemas Esparsos. Poeta denominado como um marco do Neoclassicismo e até considerado como discípulo de Camões. Em 1769, acontece a publicação de O Uruguai de José Basílio da Gama, considerado como contrário a Camões por não seguir à risca a ordem do poema épico. Publicou também Carta de Fidalguia (1771), A Declamação Trágica (1772), Os Campos Elísios (1776), Lenitivo da Saudade (1791) e Quitúbia (1791). Com pseudônimo Alcindo Palminero, temos o poeta Manuel Inácio da Silva Alvarenga que tinha como musa Glaura. Escreveu rondós, madrigais, poemas eróticos e o poema herói-cômico chamado Desertor das Letras. Outro poeta que fez uso de pseudônimo, intitulado como Dirceu, é o Tomás Antônio Gonzaga e sua musa denominada Marília, que fazia referência a Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, mulher do qual foi apaixonado mas impedido de viver este amor por ter sido preso e exilado por ser um inconfidente. Suas obras foram divididas entre poéticas e prosa, sendo as poéticas Liras (publicadas em duas partes 1792 e 1799) e Cartas Chilenas e a prosa Tratado de Direito Natural. Em 1781 é publicada a obra Caramuru, poema épico do descobrimento da Bahia de Frei José de Santa Rita Durão, que denuncia as maldades cometidas pelos jesuítas com nossos índios, tendo como herói Diogo Álvares Correia, chamado de Caramuru e sua musa Paraguaçu e amante Moema, que morre afogada nadando atrás do navio que leva seu amor. Por último, considerado menos importante para o arcadismo, não por falta de qualidade, mas sim por poucos registros de suas obras por também ter sido preso por ser um inconfidente mineiro, temos o poeta Inácio José de Alvarenga Peixoto que nos deixou como obra Canto Genetlíaco e sua musa linda Jônia.