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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE POLÍCIA LEGISLATIVA


I CURSO DE AGENTES QUÍMICOS

MÁSCARA CONTRAGASES

MAINAR FEITOSA DA SILVA ROCHA – 2º SGT PMDF

EDERSON REIS DA ROCHA – 2º SGT PMDF

Brasília-DF, setembro de 2013.

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I CURSO DE AGENTES QUÍMICOS

Sumário
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 5
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................................................. 6
A RESPIRAÇÃO............................................................................................................................................................. 6

I. O SISTEMA RESPIRATÓRIO..........................................................................................................................................6

II. O AR RESPIRÁVEL.......................................................................................................................................................7

a. Conter no mínimo 19,5% em volume de oxigênio................................................................................................... 7

b. Estar livre de produtos prejudiciais à saúde, que através da respiração possam provocar distúrbios ao
organismo ou o seu envenenamento. ......................................................................................................................... 7

c. Encontrar-se no estado apropriado para a respiração, isto é, ter pressão e temperatura normal, que em
hipótese alguma levem a queimaduras ou congelamentos. ...................................................................................... 7

d. Não deve conter qualquer substância que o torne desagradável, por exemplo, ter odores. ................................. 7

e. Por respiração, entende-se todo o processo pelo qual o corpo humano é suprido de oxigênio e libertado de CO 2
(dióxido de carbono). .................................................................................................................................................. 6

2III. O RISCO RESPIRÁTÓRIO............................................................................................................................................7

a. Classificação dos riscos respiratórios. ..................................................................................................................... 7

b. Efeitos Biológicos. ................................................................................................................................................... 9

c. Aerodispersóides. .................................................................................................................................................. 10

CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................................................... 13
PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA ........................................................................................................................................ 13

I. FORMAS DE AMEAÇA DOS AGENTES QUÍMICOS.......................................................................................................13

a. Formas de vapor: .................................................................................................................................................. 13

b. Forma de gotícula: ................................................................................................................................................ 13

c. Forma de aerossóis ............................................................................................................................................... 13

II. FORMAS DE DISPERSÃO DOS AGENTES QUÍMICOS...................................................................................................13

a. Por queima. ........................................................................................................................................................... 13

b. Por espargimento................................................................................................................................................14

c. Por explosão. ......................................................................................................................................................... 14

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III. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA – CLASSIFICAÇÃO..........................................................................14

a. Equipamento de proteção respiratória dependentes. .......................................................................................... 14

b. Equipamento de proteção respiratóra independentes. ........................................................................................ 15

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................................................................... 16
MÁSCARA CONTRAGASES ......................................................................................................................................... 16

I. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO...............................................................................................................................16

a. Filtro; ..................................................................................................................................................................... 16

b. válvula de inalação...............................................................................................................................................17

c. interior da máscara (defletores)...........................................................................................................................17

d. Interior da mascarilha;.......................................................................................................................................... 16

e. Aparelho respiratório humano;............................................................................................................................. 16

f. Interior da mascarilha; .......................................................................................................................................... 16

g. Válvula de expiração. ............................................................................................................................................ 16

II. DIVISÃO E ESTUDO DAS PARTES COMPONENTES.......................................................................................................16

a. Máscara propriamente dita. ................................................................................................................................. 16

b. O elemento filtrante. ............................................................................................................................................ 19

c. A bolsa de transporte. ........................................................................................................................................... 21

III. MÁSCARAS ESPECIAIS...............................................................................................................................................21

a. Máscara para feridos na cabeça........................................................................................................................... 22

b. Máscara com suprimento de ar autônomo. ......................................................................................................... 22

c. Máscara para cães. ............................................................................................................................................... 22

d. Máscara para cavalos e muares. .......................................................................................................................... 22

e. Máscaras de fuga.................................................................................................................................................. 22

IV. ARMAZENAMENTO E MANUTENÇÃO......................................................................................................................22

a. regras para o armazenamento e manutenção das máscaras contragases..............................22

V. DESINFECÇÃO DA MÁSCARA.......................................................................................................................23

VI. INSPEÇÃO E VERIFICAÇÕES.........................................................................................................................23

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a. regras a serem observadas.....................................................................................................................23

VII. COLOCAÇÃO DA MÁSCARA.......................................................................................................................24

a . processos de colocação da máscara contragases.................................................................................24

b. colocação da máscara em operação de serviço ou em campanha........................................................25

VII. EXERCÍCIOS EM CÂMARA DE GÁS..............................................................................................................26

a. objetivos.................................................................................................................................................26

b. Conceito de Câmara de gás....................................................................................................................27

c. Medidas preliminares antes do exercício na Câmara de gás..................................................................27

d. exercícios na câmara de gás...................................................................................................................27

QUADRO GERAL DO EXERCÍCIO DE CÂMARA DE GÁS...................................................................................30

IX. O TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA MUSCULAR RESPIRATÓRIA COM A MÁSCARA


CONTRAGASES.................................................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................................................................................. 31

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INTRODUÇÃO

A atividade policial realizada pelas Unidades especializadas possuem especificidades quanto


às técnicas, táticas e tecnologias utilizadas para atingir o objetivo para as quais foram designadas.
Não diferente do trabalhador comum, o policial no desempenho da sua função, também poderá ser
exposto a riscos laborais diversos, pois manipula em suas operações e em seus treinamentos,
agressivos químicos com fins de condicionamento operativo e com propósito de dispersão e
contenção de manifestantes ou agressores em suas atividades de controle de distúrbios e afins. A
presença deste agressivo químico na atmosfera representa um risco respiratório para as pessoas, e
com isso, surge a importância da proteção respiratória. Para tanto é recorrente, para este caso, o uso
de um Equipamento de Proteção Individual (EPI) específico, como a máscara contragases. Além
disso é importante dizer que para o uso de tal equipamento, o policial necessita de um treinamento
prévio específico composto por diversos tipos de exercícios e precisa ter o conhecimento técnico a
cerca do equipamento em todos os seus componentes bem como a função de cada um deles,
entender como funciona o sistema respiratório e saber quais são os riscos existentes para a
respiração. Aliado a tudo isso é de suma importância que o profissional que esteja manuseando o
equipamento tenha condições técnicas para prover um treinamento para o correto uso da máscara
contra gases. Para que tudo isso seja possível foi elaborado um sistema de treinamento e
especialização que visa a chegar nesse objetivo.

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CAPÍTULO 1
A RESPIRAÇÃO

I. O SISTEMA RESPIRATÓRIO

Por respiração, entende-se todo o processo pelo qual o corpo humano é suprido de oxigênio e
libertado de CO2 (dióxido de carbono). Com base nesta informação estudaremos o que é o sistema
respiratório e qual a sua função e importância no organismo.

O sistema respiratório é constituído por um conjunto de órgãos que tornam possível a respiração
normal. Falando mais concretamente, é formado pelo nariz, boca, garganta, laringe, traquéia e os
brônquios, os quais constituem as vias respiratórias. Por outro lado encontram-se os pulmões, cuja
missão é enviar o oxigênio ao sangue e este de transportar o oxigênio a todas as células do corpo. É
esta uma das principais funções do aparelho circulatório, de transportar o oxigênio através do corpo
humano em suas artérias e de recolher o produto da reação ou seja, o dióxido de carbono - CO2, e
levá-lo até os pulmões para ser expelido. Integrando este sistema está também o diafragma e os
músculos do peito, os quais têm por objetivo provocar os movimentos respiratórios normais. É o
oxigênio que mantém acesa a chama da vida.O cérebro é o encarregado de regular a função
respiratória. Quando o cérebro necessita de mais oxigênio, envia estímulos aos músculos do peito e
o diafragma por meio dos nervos, fazendo-os funcionar com maior aceleração e vigor.Comparando
o corpo humano a uma máquina completa, pode-se concluir que um dos parâmetros para assegurar o
perfeito funcionamento, é a presença de “ar respirável”.

*Fonte: portalciênciaviva.

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II. O AR RESPIRÁVEL

O ar atmosférico que nos envolve, o ar natural


(aqui considerado seco) pode ser representado em
números redondos, em porcentagem por volume de:

Na prática, entretato, o ar natural possui um certo


percentual de umidade, igualmente necessário à vida.
Permanecendo o ar respirável, apesar das variações
climáticas, o nosso organismo consegue aproveitá-lo e a
nossa respiração e o metabolismo se adaptam com flexibilidade a essas condições do meio ambiente.
Porém, quais os valores limites que o ar que nos envolve deve ter para que possa ser aceito como “ar
respirável”?Genericamente entende-se por “ar respirável”, uma composição que o homem possa
respirar por um tempo prolongado sem sofrer danos ou sem sentir incômodos. Por isso gases tóxicos
e odores desagradáveis não podem ser considerados como ar respirável, mesmo quando os odores
desagradáveis não causem danos ao organismo humano.A deficiência de oxigênio no ambiente, a
inalação de produtos prejudiciais à saúde, bem como, um estado fisiológico impróprio do ar
atmosférico, como por exemplo: pressão, temperatura e outros, podem causar prejuízos ao
organismo humano. O “ar respirável”, de maneira geral, significa:

a. Conter no mínimo 19,5% em volume de oxigênio.

b. Estar livre de produtos prejudiciais à saúde, que através da respiração possam provocar distúrbios
ao organismo ou o seu envenenamento.

c. Encontrar-se no estado apropriado para a respiração, isto é, ter pressão e temperatura normal, que
em hipótese alguma levem a queimaduras ou congelamentos.

d. Não deve conter qualquer substância que o torne desagradável, por exemplo, ter odores.

III. O RISCO RESPIRÁTÓRIO

Risco respiratório é toda alteração das condições normais do ar atmosférico que interfere no
processo da respiração, gerando consequentemente danos ao organismo humano. Pelas
características da formação do corpo humano, os materiais tóxicos podem penetrar no corpo por 3
(três) diferentes caminhos: pela boca (gastro-intestinal), pela pele (poros) e pelo sistema
respiratório (nariz e boca).

a. Classificação dos riscos respiratórios.

Os riscos respiratórios classificam-se basicamente por:

- Deficiência de oxigênio;

- Contaminação por gases: imediatamente perigosos à vida ou não;

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- Contaminação por aerodispersóides: poeiras, fumos e etc;

- Contaminação por gases e aerodispersóides: perigosos à vida ou não.

A representatividade normal de oxigênio no ar atmosférico é de aproximadamente 21% em


volume. As concentrações de oxigênio abaixo de 19,5% são consideradas inseguras para as
exposições humanas devido aos efeitos nocivos nas funções do organismo, processos mentais e
coordenação muscular.

1) Concentração de oxigênio e os riscos para a saúde.

Concentração (% PPO2 Efeitos


em volume) (mm Hg)
De 20,9 a 16,0 De 158,8 Nenhum.
a 136,8
De 16,0 a 12,0 De 121,6 Perda da visão periférica, aumento do volume respiratório,
a 95,2 aceleração do batimento cardíaco, perda de atenção, perda de
raciocínio, e perda da coordenação.
De 12,0 a 10,0 De 91,2 a Perda da capacidade de julgamento, coordenação muscular
76,0 muito baixa, a ação muscular causará fadiga, com danos
permanentes ao coração, respiração intermitente.
De 10,0 a 6,0 De 76,0 a Náseas, vômitos, incapacidade de executar movimentos
45,6 vigorosos, inconsciência seguida de morte.
< 6,0 < 45,6 Respiração espasmódica, movimentos convulsivos, morte em
minutos.

*PPO2 – pressão parcial do oxígênio.

2) Gases imediatamente perigosos à vida.

São contaminantes que podem estar presentes em concentrações perigosas, mesmo quando a
exposição for por um período curto.

3) Gases não imediatamente perigosos à vida.

São contaminantes que podem ser respirados por um período curto, sem que ofereçam risco de
vida, porém podem causar desconforto e possivelmente danos quando respirados por um período
longo ou em períodos curtos, mas repetidos muitas vezes.

4) Classes de contaminantes gasosos.

Quimicamente os contaminantes gasosos podem ser classificados como:

a) Inertes:

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Não são metabolizados pelo organismo. Ex: Nitrogênio, Hélio, Argônio, Neônio, Dióxido
de Carbono.

b) Ácidos:

Podem causar irritações no sistema respiratório e provocar o aparecimento de edemas


pulmonares. Ex: Dióxido de Enxofre, Gás Sulfídrico, Ácido Clorídrico.

c) Alcalinos:

Idem ao Ácidos. Ex: Amônia e Aminas.

d) Orgânicos:

Podem existir como gases ou vapores de composto líquido orgânico. Ex: Acetona, Cloreto
De Vinila etc.

e) Organo-Metálicos:

Compostos metálicos combinados a grupos orgânicos. Ex: Chumbo Tretaetile e Fósforo


Orgânico.

b. Efeitos Biológicos.

Os gases e vapores podem ser classificados segundo a sua ação sobre o organismo. Dividindo-se
em quatro grupos:

1) Irritantes.

Produzem inflamação nos tecidos com que entra em contato direto: pele, olhos, via
respiratória. Ex: ácido clorídrico, sulfúrico, amônia, soda cáustica. O ponto de ação dos gases e
vapores irritantes é determinado pela solubilidade.

2) Anestésicos.

A maioria dos solventes pertence a este grupo, uma propriedade comum a todos é o efeito
anestésico, devido a ação depressiva sobre o sistema nervoso central.

Ex: clorofórmio, éter; os quais podem provocar perda da sensibilidade, inconsciência e a


morte.

3) Asfixiantes.

a) Simples = Nitrogênio.

b) Químico = “CO” - Monóxido de carbono.

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4) Venenos sistêmicos.

Podem causar danos aos órgãos e sistemas vitais do corpo humano. Ex: vapores metálicos de
mercúrio, arsênio etc.

c. Aerodispersóides.

Aerodispersóides são partículas ou gotículas extremamente pequenas em suspensão na


atmosfera ou ambiente de trabalho que são transportados pela corrente de ar. Estas partículas são
geradas pela ruptura mecânica de sólidos como minerais ou vegetais pulverizados a que chamamos
de poeira ou como também os materiais líquidos que originam os vapores decorrentes da evaporação
de água, combustíveis e outras substâncias voláteis. Estas partículas são consideradas poluentes do
ar ou ambiente de trabalho, com exceção do vapor da água pura, que formam as nuvens. Os demais
aerodispersóides são caracterizados como poluentes devido as suas características físicas e químicas,
que os fazem nocivos a saúde e bem estar dos seres vivos e ecossistemas. A poeira, por exemplo, é
um poluente nocivo a saúde, porque pode provocar doenças respiratórias e alérgicas, tanto nos
homens quanto nos animais.

1) Classificação segundo sua ação nociva.

a) Partículas Tóxicas.

Podem passar dos pulmões para a corrente sangüínea e levadas para as diversas partes do
corpo, onde vão exercer ação nociva à saúde (irritação química, envenenamento sistêmico, tumores
etc.) Ex: Antimônio, Arsênio, Cádmio, Ácido Fosfórico, Fósforo, Ácido Crômio etc.

b) Poeiras causadoras de fibroses ou pneumoconioses.

As quais não sendo absorvidas pela corrente sangüínea permanecem nos pulmões podendo
causar lesões sérias neste órgão. Ex: Asbesto, Carvão, Bauxita, Sílica livre, etc.

c) Partículas não tóxicas.

Chamadas também de poeiras não agressivas, não causam fibroses, podem ser dissolvidas e
passar diretamente para a corrente sanguínea ou que podem permanecer nos pulmões, sem causar
efeitos nocivos locais ou sistêmicos. Obs.: altas concentrações destes aerodispersóides devem ser
consideradas sempre com muita atenção. Ex: Algodão, Lã, Farinhas, Poeiras de Couro, Pó de
Madeira etc.

2) Classificação segundo suas propriedades físicas.

a) Névoas ou neblinas.

Partículas líquidas em suspensão no ar, com dimensões que vão desde 5 a 100 mícrons.

b) Fumos.

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Partículas sólidas de origem orgânica. São encontradas em dimensões que vão de 0,01 a 0,3
mícrons.

c) Poeiras.

Partículas sólidas geradas mecanicamente por manuseio, moagem, raspagem,


esmerilhamento, etc. São encontradas em dimensões perigosas que vão desde 0,5 a 10 mícrons.

d) Vapores Metálicos.

Partículas sólidas condensadas. São encontradas em dimensões de 0,1 a 1 mícron.

e) Organismos vivos.

Bactérias em suspensão no ar, com dimensões de 0,001 a 15 mícrons.

*Mícron: Unidade de comprimento igual a uma milionésima parte do metro padrão. As


dimensões das partículas expressas em mícrons são de suma importância. As partículas menores de
10 mícrons de diâmetro tem mais facilidade para penetrar no sistema respiratório. As partículas
menores de 5 mícrons de diâmetro são mais fáceis de alcançar os pulmões.

3) Unidades de Medidas para os Contaminantes no Ar.

a) PPM (partes por milhão).

01 (um) ppm de poluente corresponde a 1 cm3 de poluente por metro cúbico de ar


respirado. Assim, ao constatarmos que determinado ambiente tem 30 ppm de cloro, estamos
respirando 30 cm3 desse gás por metro cúbico de ar que respiramos.

b) Mg/m3.

Miligramas de poluente por metro cúbico de ar respirado.

c) Mg/L.

Miligramas de poluente por litro de ar respirado.

d) MPPC.

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Milhões de partículas por pé cúbico de ar.

Obs.: Existem outras unidades, mas são de menor uso.

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CAPÍTULO 2
PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

O objetivo é proteger o homem contra os riscos representados por elementos respiráveis


nocivos à saúde presentes no ar atmosférico. No atividade policial, o risco respiratório mais comum
que podemos considerar é o agente lacrimogêneo, quando empregado de forma excessiva e
descriteriosa.

I. FORMAS DE AMEAÇA DOS AGENTES QUÍMICOS

Os agentes químicos podem atacar o ser humano, basicamente, nas formas de vapor,
gotículas ou aerossóis.

a. Formas de vapor:

É a forma gasosa propriamente dita. Alguns agentes atuam essencialmente sob esta forma,
produzindo um efeito não persistente. Penetram no organismo, principalmente, pelas vias
respiratórias, atuando basicamente, nos brônquios (como o Fosgênio, por exemplo), sobre as células
(como o Ácido Cianídrico) e sobre o sistema nervoso (como os vapores dos neurotóxicos). Para
atividade policial temos as ampolas de agente lacrimogêneo que atuam através da volatilidade. Os
vapores dos agentes químicos, também podem penetrar no organismo por absorção através da pele,
como o Ácido Cianídrico e os neurotóxicos. A rapidez da ação dos agentes, na forma de vapor, é em
função da concentração, do volume de ar contaminado, absorvido pelo policial, e do tempo de
exposição à atmosfera tóxica.

b. Forma de gotícula:

É uma característica dos agentes na forma líquida. Atuam diretamente sobre a pele, ou são
absorvidos pela mesma, afetando as partes internas do organismo.

c. Forma de aerossóis

São partículas, sólidas ou líquidas, muito pequenas e que, por isso, ficam em suspensão no
ar. Nesta forma, os agentes químicos podem ser absorvidos pela pele, ou atacar a própria pele.
Devido ao seu pequeno peso, podem também ser transportados a grandes distâncias, sem se
difundirem na atmosfera, como os vapores, por ação do vento.

II. FORMAS DE DISPERSÃO DOS AGENTES QUÍMICOS

De uma maneira geral, os agentes químicos são dispersados por queima, por espargimento e
por explosão.

a. Por queima.

Ocorre a ação de um dispositivo de acionamento do tipo queima (espoleta, misto de ignição) e o


agente é liberado, lentamente, para o exterior, na forma gasosa ou aerossol. É o modo de dispersão
de algumas granadas e dos tubos fumígenos. No meio policial encontramos granadas que operam
basicamente por sublimação do agente lacrimogeneo através desta queima.

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b. Por espargimento.

O agente é lançado na forma liquida ou sólida, micropulverizada, de espargidores instalados


em aeronaves ou viaturas, ou ainda por espargidores portáteis. É a forma de dispersão mais própria
para a contaminação de grandes eixos ou áreas.

c. Por explosão.

É o caso dos agentes químicos que são lançados, acondicionados em artefatos, que ao serem
detonados ou deflagrados, pela ação da carga explosiva, têm destruído o invólucro que os
acondiciona, sendo liberados instantaneamente. No meio policial temos as granadas explosivas.

III. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA - CLASSIFICAÇÃO

A variedade de tarefas que são realizadas com proteção respiratória é demasiadamente


grande para um único tipo universal de equipamento. Desenvolveu-se, portanto, para atender às
inúmeras tarefas distintas, várias espécies diferentes de proteção respiratória. Pelo efeito de sua
proteção os equipamentos de proteção respiratória são divididos em dois grupos principais, assim
temos os dependentes e os independentes.

a. Equipamento de proteção respiratória dependentes.

São máscaras faciais ou semifaciais que atuam com elementos filtrantes, removendo do
ambiente contaminado o ar necessário para respiração. Esses equipamentos possuem algumas
restrições quanto ao uso, dentre as quais pode-se destacar:

1) Não se aplicam a ambientes com menos de 19,5 % de oxigênio (geral);

2) Possuem baixa durabilidade em atmosferas saturadas de umidade;

3) Nunca devemser utilizados em condições desconhecidas.

Máscara semi-facial.

Máscara facial ou facial completa.

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b. Equipamento de proteção respiratóra independentes.

Normalmente, são conjuntos autônomos portáteis ou linhas que fornecem o ar necessário ao


usuário, independentemente das condições do ambiente de trabalho (grau de contaminação).
Propiciam o isolamento do trato respiratório do usuário da atmosfera contaminada.

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CAPÍTULO 3
MÁSCARA CONTRAGASES

A máscara contra gases é um equipamento de proteção individual (EPI) que permite a


permanência do homem em atmosfera gasada, sem que inspire o ar contaminado. É o principal
equipamento de proteção individual, tanto em ambiente químico, quanto biológico e nuclear. Os
outros meios de proteção complementam-na ou tem, no máximo, a mesma importância, quando
diante de determinados agentes.Existem vários tipos de máscaras contra gases, militares e civis. As
máscaras civis têm aplicação, principalmente, nas indústrias que possuem risco de vazamento de
gases e no combate a incêndios, devido a grande emissão de gases perigosos. As máscaras militares
variam de acordo com a indústria que as fabricam. Apesar do avanço tecnológico e da criatividade
do homem, as máscaras contra gases possuem o mesmo princípio de funcionamento e a mesma
divisão básica das primeiras máscaras, criadas na Primeira Guerra Mundial, ante o lançamento dos
agentes na moderna concepção de Guerra Química.

I. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O princípio de funcionamento, de qualquer máscara contra gases, é forçar a passagem do ar


por um elemento filtrante, que irá purificá-lo e conduzi-lo ao aparelho respiratório. O caminho
básico, percorrido pelo ar, é o seguinte:

a. Filtro;

b. Válvula de inalação;

c. Interior da máscara (defletores);

d. Interior da mascarilha;

e. Aparelho respiratório humano;

f. Interior da mascarilha;

g. Válvula de expiração.

II. DIVISÃO E ESTUDO DAS PARTES COMPONENTES

De uma maneira geral, toda máscara contra gases pode ser dividida, para fins de estudo, em
máscara propriamente dita e elemento filtrante. Podemos ainda considerar, como terceiro membro
desta divisão, a bolsa de transporte.

a. Máscara propriamente dita.

Chamamos de máscara propriamente dita, à parte que cobre o rosto e contém as subpartes que
a ela se amoldam, todas confeccionadas em borracha ou silicone. Na máscara propriamente dita,
distinguimos as seguintes subpartes:

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1) Facial moldada com suporte para visor (ocular ou panorâmico).

Parte externa de borracha ou silicone, que garante a vedação necessária à máscara, ajustando-
se aos contornos da face. As máscaras militares possuem oculares, ao invés de visor panorâmico, por
permitir sua dobragem e fácil acomodação na bolsa de transporte.

2) Visor.

Estrutura transparente que proporciona a visão do operador quando no uso da máscara. As


máscaras poderão apresentar diversos tipos de visores fabricados com os mais diversos materiais,
mas os mais comuns são os visores panorâmicos de uretano e os visores bi-oculares.

Máscara com visor panorâmico. Máscara com visor bi-ocular.

3) Mascarilha interna.

Estrutura interna destinada a envolver a boca e o nariz.


Tem a função de auxiliar no processo de expulsão do ar da
expiração e evitar o embaçamento do visor. Nela estão
posicionadas as válvulas direcionais.

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4) Válvula de inalação.

Orifício do facial da máscara dotado de uma membrana de borracha fina e maleável que
permite a entrada do ar filtrado. É nesta válvula de inalação que temos o bocal para conectar o
elemento filtrante.

5) Defletores de ar.

São estruturas plásticas posicionadas imediatamente após as válvulas de inalação que


recebem o ar filtrado e distribui uniformemente no interior da máscara. Também atuam para o não
embaçamento do visor.

6) Válvula de exalação.

Orificio do facial da máscara dotado de uma membrana de borracha fina e maleável que
permite a saída do ar proveniente da exalação do operador. Posicionada comumente na altura do
queixo.

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7) Diafragma de comunicação.

Tem a função de promover a comunicação entre os operadores pela ação da membrana de


voz ou membrana vibratória. Na maioria dos modelos de máscaras esta estrutura está localizada na
altura da boca do operador.

8) Tirantes de ajuste.

São tiras de malha elásticas (elastodieno) ou de borracha que tem a função de prender a
máscara na cabeça e ajustá-la conforme a fisionomia do operador. Para as máscaras faciais
completas temos os tirantes superiores, médios e inferiores.

b. O elemento filtrante.

O filtro é uma das estruturas de maior importância nas máscaras contragases, pois retém os
contaminantes do ar respirado. Apesar de reter as substâncias contaminantes eles não fornecem

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oxigênio, em decorrência deste fato só poderão ser usados em atmosferas que contenham no mínimo
19,5% em volume de oxigênio. Em lugares com deficiência de oxigênio ou com elevadas
concentrações de contaminantes, é obrigatório o uso de equipamentos que independem do meio
atmosférico ambiental, tais como: equipamento de respiração com linha de ar; equipamentos
autônomos de respiração a ar comprimido; equipamentos autônomos de respiração com oxigênio.Os
filtros se apresentam nas mais variadas formas, como: filtro de encaixe, filtro de rosca e filtro de
cartucho.

1) Tipos de filtros.

De acordo com o contaminante a ser removido os filtros poderão ser do tipo químico,
mecânico ou combinado (mecânico e químico).

a) O filtro químico

Os filtros químicos são recheados com carvão ativo, cuja estrutura


porosa oferece uma grande superfície. Enquanto o ar respirado flui através
da carga de carvão ativo do filtro, as moléculas do contaminante são
retidas na grande superfície do carvão ativo granulado. Para muitos outros
gases (por exemplo: amônia, cloro, dióxido de enxofre), o efeito de
retenção no filtro poderá ser melhorado com a impregnação do carvão com
produtos químicos de retenção, utilizando-se para tanto sais minerais e
elementos alcalinos.

b) O filtro mecânico.

Os filtros mecânicos consistem de material fibroso


microscopicamente fino, comumente constituído de papel filtro especial,
tela de arame e algodão. Partículas sólidas e líquidas são retidas na
superfície dessas fibras com grande eficiência.

c) O filtro combinado

Os filtros combinados formam a união de filtro contra gases


(químico) e de filtro contra aerodispersóides (mecânico) numa
mesma unidade filtrante. Oferecem proteção quando gases e
aerodispersóides aparecem simultaneamente no ambiente. O ar
inalado atravessa inicialmente o filtro contra aerodispersóides que
retêm todas as partículas em suspensão no ar. Nas máscaras
contragases policiais são adotados os filtros combinados pela sua
versatilidade e maior proteção.

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NOTA: Podemos enumerar algumas substâncias, que normalmente figuram no granulado


químico do elemento filtrante, tais como: hidróxido de sódio; carbonato de sódio; cimento branco;
cal hidratada; carvão ativado em pó; cloreto de cálcio; e sulfato de cobre.

2) Vida útil do filtro e saturação.

A vida útil do filtro depende da profundidade e frequência da respiração e, também da


saturação da área utilizada ou exposta ao contaminante, aliada a manutenção e o tempo de uso do
filtro. Dependendo de suas dimensões e das condições de uso, os filtros de respiração são capazes de
reter uma certa quantidade de contaminantes.Os filtros mecânicos em geral tendem a se fechar mais
com o uso. A resistência respiratória aumenta. Quando os filtros contra gases (químicos) são usados
até o limite, atingindo sua saturação, o usuário nota-o em geral pela percepção do cheiro
característico de um gás ou pela irritação da mucosa. No uso de filtros combinados, dependendo da
composição dos contaminantes, o filtro poderá saturar pelo entupimento dos aerodispersóides e
assim se notaria uma elevada resistência respiratória ou o filtro se satura pelo elemento
contaminante gasoso e a troca se fará quando notado o primeiro cheiro de gás com pequena irritação
da mucosa.Os fabricantes em seus encartes técnicos indicam um período de horas em que os filtros
deverão ser trocados. Ex: É conveniente que após 08 (oito) horas de uso contínuo ou intercalados o
filtro seja substituído para segurança do usuário.

3) Cuidados com o filtro.

a) Após cada uso recoloque o lacre do orifício de entrada do filtro e o lacre da rosca que vai
ao bocal;

b) Evite a queda do filtro, pois isso pode comprometer as estruturas internas;

c) Nunca molhe o filtro;

d) O armazenamento do filtro contra gases ou combinados, novos, na embalagem original


de fabricação, e acondicionados convenientemente a vácuo, é de 3 anos após sua fabricação, após o
vencimento desse prazo os filtros não devem ser usados;

c. A bolsa de transporte.

A bolsa de transporte é feita, normalmente, de material impermeável, destinando-se ao


transporte da máscara e seus acessórios, bem como para seu armazenamento. Possui uma ou mais
alças de transporte e pode ter ainda outras formas de dispositivo de ajustagem ao corpo.

III. MÁSCARAS ESPECIAIS

As máscaras comuns podem tornar-se especiais, quando equipadas com dispositivos


especiais, como alguns já vistos (diafragma, dispositivos óticos, microfone etc.). Tais modificações
visam atender ao pessoal que desempenha determinadas funções, em que a máscara comum não
atenderia, plenamente, suas necessidades. Há outras máscaras, porém, cujas finalidades são
absolutamente particulares, tais como:

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a. Máscara para feridos na cabeça.

b. Máscara com suprimento de ar autônomo.

c. Máscara para cães.

d. Máscara para cavalos e muares.

e. Máscaras de fuga.

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IV. ARMAZENAMENTO E MANUTENÇÃO

a. Regras para o armazenamento e manutenção das máscaras contragases.

1) As máscaras devem ser guardadas nas respectivas bolsas e estar em armários ou prateleiras,
colocadas em local seco e fresco, ao abrigo do sol. É proibido empilhar as bolsas para evitar
deformações das máscaras. Deve-se colocá-las em pé, lado a lado, como livros;

2) Como a parte facial e as válvulas e outras partes são de borracha moldada, torna-se
indispensável dar a esse material o necessário trato, sem o que, antes do prazo tecnicamente pré-
estabelecido, a borracha ficará envelhecida, e em consequência, a máscara inutilizada. Se a máscara
foi molhada devido a transpiração, chuva etc., ao ser guardada, deve-se enxuga-la com um pano e
pendurá-la ao ar livre, abrigada do sol. Quando seca, polvilhá-la com talco e retirar o talco com um
pano seco, antes de ser colocada na bolsa;

3) É prejudicial deixar a máscara secar ao sol ou no calor, porque motiva o envelhecimento


prematuro da borracha e a deformação dos visores;

4) Mesmo em campanha ou em exercício, não se deve permitir deixar a bolsa com o material
diretamente sobre o chão ou exposto ao tempo; deve-se guarda-lo na barraca ou em outro abrigo,
sempre que possível, pendurada pela alça de transporte. Só em armários ou prateleiras adequadas,
quando secas deve-se colocar as bolsas em pé e lado a lado;

5) É necessário todo zelo com os visores e outros materiais de plástico, pois estão sujeitos a
deformações e arranhões irreparáveis;

6) Na limpeza da máscara e no seu uso, é necessário todo cuidado com as válvulas,


principalmente a de expiração. Nessa válvula não se deve tocar, senão para inspecioná-la ou
substituí-la. As diversas peças de uma máscara, não devem ser desmontadas para limpeza nem para
instrução e, ao operador não-especialista, deve ser expressamente proibida tal prática. Somente
homens qualificados poderão desmontar a válvula de expiração, para possíveis reparos.

7) Os derivados de petróleo atacam e deterioram a borracha e por isso, é terminantemente


proibido o uso de gasolina, querosene, óleos ou graxas na limpeza ou conservação das máscaras,
assim como outros solventes orgânicos, inclusive o álcool.

V. DESINFECÇÃO DA MÁSCARA

A máscara é um equipamento distribuído a um determinado indivíduo. Tendo em vista o


íntimo contato das partes internas da máscara com as vias respiratórias, podendo, portanto acumular
micróbios, a mesma deverá ser periodicamente desinfectada em suas partes internas. Para isto, basta
lavá-la com água e sabão e deixá-la secar. O sabão é um excelente descontaminante e a água
mantém as propriedades da borracha, evitando seu ressecamento. A aplicação de talco, após estar a
máscara seca, destina-se a absorver os resíduos de água na borracha, devendo o talco ser retirado
com um pano seco, antes de guardar-se a máscara. Também, poderá submergir a máscara em
solução germicida. Evite o álcool, pois resseca a borracha.

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VI. INSPEÇÃO E VERIFICAÇÕES

As máscaras devem sempre ser inspecionadas quando distribuídas e, periodicamente, a fim


de se verificar deteriorações.

a. Regras a serem observadas.

O processo varia de acordo com a máscara utilizada, porém, de um modo geral, é o que se segue:

1) Retire a máscara propriamente dita e o filtro da bolsa.

Não deve apresentar esgarçamento nem rasgos. Faça um exame rigoroso. Verifique os
acessórios (quanto a estado e existência).

2) Observe a máscara propriamente dita.

Inclusive o dispositivo de sustentação, as oculares e a válvula de expiração. O dispositivo de


sustentação poderá perder sua elasticidade quando mal condicionado e os fios de borracha poderão
partir-se, se o dispositivo for utilizado apertado demais. As oculares poderão estar estouradas,
sulcadas ou rachadas junto aos bordos. A válvula de expiração poderá colar-se após a desinfecção ou
nos climas frios, podendo ser limpa com um pano seco.

3) Faça o teste de estanqueidade.

Deve ser realizado para verificar possíveis entradas de ar devido a rupturas ou outros danos no
dispositivo de fixação. Consiste em vedar a válvula de inspiração e inspirar com força. Se o ar
passar entre a borracha e o rosto, significa que a máscara está mal vedada. Se o ar não passar entre a
borracha e o rosto, porém a máscara der passagem para o mesmo, então haverá algum vazamento.

4) Faça o teste de limpeza.

Consiste em vedar a válvula de exalação, ou estrangular a traquéia, e expirar com força, para
expulsar o ar que se encontra dentro da máscara.

b. Notas.

1) A duração técnica das máscaras contra gases, de um modo geral, é de cinco anos. Isto não
impede que uma máscara, bem manutenida, possa exceder este prazo, assim como outras, mal
manutenidas, estraguem-se com pouco tempo de uso.

2) Os elementos filtrantes, de acordo com as diversas fabricações, trazem seus prazos de


duração estabelecidos. Em tempo de paz, recomenda-se que sejam guardados lacrados e que anote-
se os períodos de uso, até que o prazo de duração venha a se extinguir. Já em campanha, devem ser
sempre substituídos, nos seguintes casos:

a) Toda vez que forem deslacrados, mesmo que usados em áreas não contaminadas.

b) Toda vez que, em uso contínuo, seu prazo de duração estiver se extinguindo.

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c) Toda vez que forem molhados.

VII. COLOCAÇÃO DA MÁSCARA

a. Processo de colocação da máscara contragases.

Para colocar a máscara de maneira correta devemos considerar dois processos básicos:

1) Processo de colocação CONVENCIONAL (de baixo para cima).

a) Coloque as mãos espalmadas por dentro dos tirantes, de modo que fiquem voltadas para
dentro da máscara;

b) Eleve levemente a cabeça e coloque o queixo no local apropriado da máscara;

c) Deslize as mãos para cima e para trás, levando a máscara à sua posição;

d) Após colocada regule os tirantes inferiores e médios sempre em diagonal;

e) Se for necessário, ajuste os tirantes superiores.

2) Processo de colocação PRÁTICO (de cima para baixo).

a) Eleve a máscara acima da cabeça;

b) Deslize as mãos para baixo levando a máscara à sua posição;

c) Após colocada regule os tirantes inferiores e médios sempre em diagonal;

d) Se for necessário, ajuste os tirantes superiores.

3) Observações.

Após a colocação da máscara faça o teste de estanqueidade, para verificar se há vedação ou a


inexistência de alguma entrada de ar. Vejamos a seguir alguns fatores que interferem na vedação da
máscara.

a) Gorros ou bonés com abas que interfiram na vedação das máscaras do tipo facial
completa;

b) Os tirantes não devem ser colocados ou apoiados sobre hastes de óculos, capacetes e
protetores auditivos;

c) O uso de outros equipamentos de proteção individual, como capacetes ou óculos de


proteção, pode interferir na vedação da máscara;

d) Pessoas que possuem cicatrizes de alto relevo na face, ossos da face excessivamente
protuberantes, fronte côncava, rugas profundas na face, ausência de dentes ou de dentaduras ou
configuração facial que prejudique a vedação;

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e) Pelos faciais: pessoas com pelos faciais (barba, bigode, costeletas ou cabelos) que podem
interferir ou prejudicar a vedação na área de contato com o rosto.

b. Colocação da máscara em operação de serviço ou em campanha.

Estando a máscara dentro da bolsa, na posição a tiracolo:

1) Passar de, "a tiracolo" para a posição de alerta (frente do corpo);

2) Colocar o lançador ou a arma longa entre as pernas (se for o caso);

3) Pendurar o capacete no antebraço esquerdo, pela jugular;

4) Com a mão esquerda, segurar a bolsa e com a direita, abrí-la;

5) Com a mão direita retirar a máscara de dentro da bolsa e com a esquerda, retirar o protetor,
colocando-o na bolsa;

6) Colocar ao redor do pescoço a alça de transporte, se houver;

7) Com a mão direita, manter levantada a tampa da bolsa e, com a esquerda, desatarraxar a tampa
do filtro colocando-a dentro da bolsa. Romper o selo de garantia e atarraxar o filtro à máscara;

8) lntroduzir as mãos, abertas e unidas, entre os tirantes, levantar o queixo, levar a máscara ao
rosto, afastar as mãos, para abrir os tirantes e baixar a cabeça, introduzindo-a na máscara
enquanto as mãos deslizam sobre a cabeça, conduzindo os tirantes;

9) Ajustar a máscara ao rosto;

10) Fazer o teste de limpeza da máscara;

11) Fazer o teste de estanqueidade;

12) Fechar a bolsa e colocá-la na posição a tiracolo;

13) Colocar o capacete;

14) Retomar o lançador ou a arma longa (se for o caso).

VIII. EXERCÍCIOS EM CÂMARA DE GÁS

O exercício de câmara de gás visa a familiarização do operador com o agente químico, em


condições de campanha, e permite, ao mesmo tempo, que o homem tenha confiança na máscara
contra gases, que vai utilizar. Em caso de exercício no terreno e, principalmente, em combate, todos
os militares devem estar cientes da sequência de ações a serem realizadas e confiar plenamente no
equipamento que dispõem. Todo combatente deve realizar este exercício, a fim de conhecer e tomar
contato com um tipo de agente químico. O exercício é realizado com Ortoclorobenzalmalononitrilo
(CS) e Oleoresin de Capsicum (OC).

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a. Objetivos.

A instrução tem, exclusivamente, as finalidades abaixo, não devendo ser desviadas para
outras, que exijam do instruendo padrões não especificados pelo exercício.

1) Verificar a eficiência da máscara e, assim, obter confiança na sua utilização.

2) Familiarizar-se com agentes químicos, em concentrações de campanha.

3) Sob estas concentrações, realizar, corretamente, operações de colocação e ajustagem da


máscara.

b. Conceito de Câmara de gás.

Qualquer sala, ou espaço, razoavelmente vedado, de preferência com entrada e saída distintas
afastada mais de 100 metros de outros locais de instrução ou estradas, pode ser usada como câmara
de gás. A câmara de gás ideal deve ter dois quartos de, aproximadamente, 27 metros cúbicos cada
um, e pode ser construída pela própria unidade. A barraca de 10 praças pode ser empregada, desde
que vedada junto ao chão, externamente, para evitar o escapamento de gás depois de usadas, as
barracas devem ser viradas do avesso e ventiladas durante alguns dias.

c. Medidas preliminares antes do exercício na Câmara de gás.

O especialista encarregado do exercício tem as seguintes responsabilidades:

1) Certificar que a equipe de atendimento pré-hospitalar está no local;

2) Providenciar para que o pessoal utilize uniformes velhos; o agente químico estraga os
tecidos e seu cheiro permanece impregnado nas roupas, por muitas horas;

3) Fazer retirar jóias, relógios e óculos com aros de metal, antes de entrar na câmara;

4) Verificar a ajustagem das máscaras, juntamente com os monitores;

5) Supervisionar a preparação da câmara;

6) Ficar à entrada da câmara, quando os instruendos entrarem com a máscara na bolsa.

d. Exercícios na Câmara de gás.

1) Concentração

A concentração para o exercício é obtida pelo aquecimento de ampolas de CS ou OC, na


razão de uma para cada 27 m3, em cada 15 minutos de exercício. A ampola de CS ou OC pode ser
substituída por 15 gramas de CS ou OC em pó, micropulverizado, ou por uma granada de CS de,
aproximadamente, 15 gramas de agente. O aquecimento do agente (ampola ou pó) deve ser feito em
um recipiente em "banho-maria". Todos os cuidados devem ser tomados, para não se misturar o
agente com a água, nem queimá-lo diretamente no fogo. Na falta de ampolas, pode-se utilizar
granadas de baixa emissão de CS desde que a entrada dos instruendos seja autorizada quando a

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concentração permitir uma clara visibilidade de todos no interior da câmara de gás. Para a prática de
exercícios no interior da câmara de gás deve existir no mínimo dois instrutores técnicos em
Operações Químicas ou DQBRN, munidos de máscara, lanterna e luvas. Deve existir no local de
instrução uma equipe de pronto atendimento médico ou pré-hospitalar. O exercício é dividido em
quatro fases:

a) Primeira fase.

(1) é preparada a concentração com CS ou OC.

(2) depois de explicada a primeira fase, um especialista usando uma máscara, entra na
câmara. Em seguida, um grupo de 10 homens, com as máscaras colocadas, entra na câmara e a porta
é fechada. O grupo permanece de um a dois minutos, para verificar a vedação e ajustagem da
máscara, enquanto o instrutor explica a proteção dada pela mesma.

(3) ao deixar a câmara, os homens caminham contra o vento, tendo ainda suas máscaras
ajustadas. O instrutor inspeciona a ajustagem das máscaras e verifica se algum instruendo sentiu os
efeitos do gás. Caso algum instruendo tenha sentido o gás, foi porque a máscara não estava bem
ajustada, ou possuía algum defeito. Faz-se a correção necessária e o homem repete o exercício, até
obter resultado satisfatório.

(4) após a retirada, nesta e nas outras fases do exercício, as máscaras devem ser
ventiladas.

b) Segunda fase.

(1) esta fase estabelece a confiança, do homem, na proteção oferecida pela máscara.
Com ela ajustada, o grupo entra na câmara de gás.

(2) depois de um minuto, cada homem toma posição do lado oposto da porta de saída,
retira sua máscara e sai da câmara. Um instrutor fica junto à porta, para auxiliar o homem na saída,
certificando-se primeiro de que o mesmo sentiu o efeito do gás. A porta deve ser conservada aberta
o mínimo de tempo possível.

(3) deve-se dizer aos instruendos, para que não esfreguem os olhos, visto que isso lhes
causará irritações. O homem deve caminhar contra o vento, expondo o rosto. Qualquer dor nos olhos
ou na pele exposta, desaparece em poucos minutos. Se o tempo estiver quente, deve-se permitir que
os instruendos lavem o pescoço, as mãos e o rosto, com água e sabão, para impedir a irritação da
pele.

c) Terceira fase.

(1) o grupo entra na câmara com a máscara ajustada.

(2) cada instruendo testa o gás, introduzindo o dedo entre o rosto e a máscara, para que
entre uma pequena quantidade do agente.

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(3) após testado o gás, o instruendo veda, com a mão, a válvula de expiração e expira
fortemente, para limpar a máscara.

(4) os instruendos permanecem por mais um ou dois minutos na câmara e saem.

(5) ao saírem, os instruendos caminham contra o vento, retiram as máscaras e guardam-


nas nas bolsas.

d) Quarta fase

(1) os homens são previamente instruídos, como proceder ao iniciar-se esta fase. Com as
máscaras nas bolsas e mantendo a respiração suspensa, os componentes do grupo entram na câmara.
No interior da mesma ainda com a respiração presa, cada um coloca e ajusta sua máscara, faz a
limpeza e permanece respirando normalmente, por mais um ou dois minutos.

(2) o instrutor verifica na saída, se todos os homens estão com as máscaras devidamente
ajustadas. Deve ser dada especial atenção às irritações da vista, tosses e corrimentos nasais. Os
homens assim afetados repetem o exercício, logo que passem os efeitos do gás e; também recebam
novas instruções sobre a colocação e ajustagem da máscara.

2) Questão de segurança.

Em qualquer exercício de câmara de gás, deve estar presente um médico ou equipe de


atendimento pré-hospitalar no local da instrução.

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QUADRO GERAL DO EXERCÍCIO DE CÂMARA DE GÁS

FASE AGENTE POSIÇÃO DA AÇÃO NO POSIÇÃO DA OBJETIVO DA FASE


MÁSCARA INTERIOR DA MÁSCARA
NA CÂMARA NA SAÍDA
ENTRADA
1a CS ou OC Ajustada Permanência Ajustada Verificar a eficiência da
breve máscara e ajustagem da
mesma. Perder o medo dos
agentes.
2a CS ou OC Ajustada Permanência Retirada Provar a presença do agente.
breve e retirada (na mão) Estabelecer confiança na
da máscara máscara.
3a CS ou OC Ajustada Teste de gás e Ajustada Praticar o teste do gás. Dar
limpeza da importância à limpeza da
máscara máscara
4a CS ou OC Máscara na Ajustar a máscara Ajustada Simular situação de colocação
bolsa da máscara após um ataque.
Praticar a ajustagem da
máscara em concentrações
tóxicas.

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IX. O TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA MUSCULAR RESPIRATÓRIA COM A
MÁSCARA CONTRAGASES

A atividade do policial, exige para um melhor rendimento operativo, uma adapatação do


trato respiratório à privação do volume de ar provocado pelo equipamento de proteção respiratória.
Sem essa adaptação, o policial poderá ter maus súbitos ou diminuição nos reflexos, quando
submetido a esforço intenso utilizando a máscara.
Quando você se exercita com uma máscara, seus músculos respiratórios devem superar a
resistência imposta pelo orifício e as camadas do filtro de ar, a fim de manter adequados os níveis
de O 2 e CO 2 nos pulmões, no sangue e nos músculos. O sistema respiratório humano facilmente
consegue realizar isso através do aumento da produção da força de trabalho nos músculos da
respiração e através do recrutamento de outros músculos. Todo este trabalho extra tem um custo,
porque os músculos respiratórios terão que aumentar a sua demanda de oxigênio e de sangue. Além
disso, o diafragma, que é o principal músculo da inspiração, requer uma elevada proporção do fluxo
sanguíneo durante um exercício intenso e, de qualquer forma, podem ser suscetíveis à fadiga, por
isso quando a máscara é usada, a carga colocada sobre o diafragma é consideravelmente maior.
Com o treinamento específico, pretende-se alcançar o aumento da capacidade pulmonar
forçando a uma respiração mais cheia e profunda. Quando o seu corpo se adapta à resistência dos
pulmões, ele estará treinado para tomar respirações mais profundas e a utilizar o oxigênio de forma
mais eficaz. Uma breve explicação de como isso funciona é simples: Quando você respira contra a
resistência o revestimento dos pulmões se estende fazendo que a área de superfície dos alvéolos
pulmonares se torne "esticada" permitindo um maior fluxo de sangue para os alvéolos (transporte
de oxigênio). Quando você aumenta a "superfície" você aumenta a contagem de células vermelhas
no sangue, que será capaz de transportar mais oxigênio para as extremidades.
O treinamento de resistência muscular respiratória consiste em exercícios de médio esforço
físico, maior velocidade nas contrações da musculatura inspiratória e expiratória. Um treino típico
pode durar cerca de 15 a 30 minutos, e pode ser realizado de duas a cinco vezes por
semana. Tipicamente, realiza-se exercícios predominantemente aeróbicos e de forma gradual para a
adaptação do policial à máscara contragases.
É razoável para complementação desse treinamento, a realização de exercícios voltados
para treinamento de força muscular respiratória que consiste basicamente em exercícios de alto
vigor físico e velocidades mais baixas de contração da musculatura inspiratória e expiratória.
Referências Bibliográficas:

BRASIL. Presidência da República. Decreto 3.665, de 20 de novembro de 2000. Dá nova redação


ao Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). Diário Oficial da União, 21
nov. 2000.

_______. Exército Brasileiro. Manual de Campanha. Defesa contra os ataques químicos, biológicos
e nucleares. Ref. C 3-40. 1ª Edição. Brasília-DF: 1987.

_______. Ministério do Trabalho e Emprego. Programa de Proteção Respiratória, seleção e uso de


respiradores/coordenação de Maurício Torloni; São Paulo: FUNDACENTRO, 2002.

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