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Brasil Economicamente no século XVII

Não tendo todo o capital exigido para o negócio, Portugal contou com
o auxílio de banqueiros europeus que financiavam uma considerável
parte deste empreendimento. Dentre esses financiadores se
destacavam os banqueiros holandeses, que, com o passar do tempo,
passaram também a intermediar a negociação do produto em
diferentes pontos da Europa. Assumindo o papel de atravessadores,
acabavam abocanhando uma considerável parcela dos lucros.
O expressivo papel desempenhado pelos holandeses na consolidação
da empresa açucareira foi de grande importância para a expansão da
classe mercantil daquele país. Além disso, o ritmo de exploração e
desenvolvimento dos centros de produção no Brasil provavelmente
não teria alcançado o mesmo ritmo sem essa mesma participação do
capital holandês. Apesar do bom relacionamento comercial que se
desenvolvia entre Portugal e Holanda, essa parceria tomou outros
rumos no final do século XVI.
Nesse período, os reinos ibéricos passaram por diversas
transformações. Em 1578, o trono português ficou vago mediante a
existência de um herdeiro que pudesse assumir o cargo. Com isso, o
rei espanhol Filipe II, neto do rei português Dom Manuel I, reivindicou
o governo de Portugal, provocando a unificação das coroas
portuguesa e espanhola. Mas afinal, de que maneira essa nova
configuração política afetou a participação holandesa na exploração
do açúcar?
Historicamente, o processo de formação do Estado holandês se
desenvolveu entre diversos confrontos contra o domínio político dos
espanhóis naquela região. De fato, em 1579 – um ano antes da
unificação dos reinos ibéricos – os holandeses proclamaram a sua
independência em relação ao trono espanhol. No ano seguinte,
quando a Espanha assumiu o governo de Portugal, a Holanda perdeu
automaticamente todos os direitos de participação na exploração da
economia açucareira.
Dessa maneira, buscando reverter os prejuízos que a retaliação dos
espanhóis causava à economia do país, os holandeses decidiram
organizar expedições para promover a invasão das terras brasileiras.
Tentando inicialmente ocupar a Bahia e depois se fixando na região de
Pernambuco, a Holanda passou a controlar diretamente a empresa
açucareira no Brasil entre os séculos XVI e XVII.

Motivos das Invasões


A decadência da colônia holandesa pode ser explicada por alguns fatores.
Primeiramente, houve a falência da Companhia das Índias Ocidentais, o
que acabou prejudicando severamente o empreendimento, uma vez que
eles eram os responsáveis. Nessa questão, podemos destacar também a
demissão de Maurício de Nassau de sua função de governador-geral da
colônia.
Os problemas econômicos da WIC acabaram fazendo com que ela não
investisse o necessário para garantir a segurança de sua colônia. Isso foi
um erro muito grande, porque desde a Restauração de Portugal, em 1640,
os rumores de que os portugueses se lançariam em uma guerra contra os
holandeses por Pernambuco só aumentavam.
A Restauração de Portugal ocorreu quando Portugal readquiriu sua
independência, e seu trono passou a ser ocupado por d. João IV,
inaugurando a dinastia dos Bragança. Com esse acontecimento, os
portugueses deram início a esforços para recuperar sua colônia e
passaram a incentivar os colonos para que os holandeses fossem expulsos
do Nordeste.
A guerra entre holandeses e portugueses estourou a partir de 1645 e
estendeu-se até 1654. Esse período de batalhas ficou conhecido como
Guerras Brasílicas e contou com lideranças locais importantes na luta
contra os holandeses, tais como André Vidal de Negreiros e João
Fernandes Vieira. A mobilização contra os holandeses teve a participação
de donos de engenhos, negros e indígenas.

Os holandeses enfraqueceram-se consideravelmente com as duas derrotas


sofridas na Batalha de Guararapes, em 1648 e 1649. Os recursos
holandeses, que já eram escassos, diminuíram mais ainda a partir de 1652,
quando Holanda e Inglaterra entraram em guerra. Nesse cenário, ficou
impossível manter a colônia no Nordeste.
Por fim, em 1654, uma esquadra portuguesa cercou Recife e acabou
retomando a região depois de 24 anos de domínio dos holandeses. A
reconquista de territórios pelos portugueses também aconteceu na África,
com a expulsão dos holandeses de regiões que eles haviam tomado dos
portugueses na década de 1630.

Resumo Histórico
Dentro da historiografia brasileira há a afirmação de que o motivo da
vitória sobre os holandeses não foi apenas de ordem econômica, já que o
sentimento religioso dos católicos portugueses contra os judeus e
protestantes holandeses era um poderoso estímulo para o combate.
Além disso, no processo histórico de constituição da identidade nacional,
as Batalhas de Guararapes serviram como marco inicial do que seria o
povo brasileiro. A ação conjunta de europeus, africanos e indígenas daria o
tom do que viria a ser no futuro o brasileiro. No período, as forças que
combateram os holandeses eram conhecidas como patriotas, apontando o
início da criação dessa identidade nacional.

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