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RESUMO
O artigo versa sobre os processos formativos de educadoras da Educação Infantil Comunitária
a partir da Associação dos Educadores Populares de Porto Alegre (AEPPA). Analisamos o
potencial de experiências de Educação Popular como paradigma de resistência; um dos
autores referência é Paulo Freire. Utilizamos a Sistematização de Experiências como
metodologia, recuperando referenciais teóricos da AEPPA, acompanhada de nossas
experiências como educadoras populares. Reforçamos a importância dos Movimentos de
Educação Popular em prol da educação pública, gratuita e de qualidade social. Frisamos a
necessidade de política pública de formação docente correlacionada à valorização
profissional, indicando os processos de formação ético-política como possibilidades de
resistência aos modelos de educação neoliberal.
RESUMEN
El artículo trata de los procesos formativos de educadoras de la Educación Inicial Comunitaria
a partir de la Asociación de los Educadores Populares de Porto Alegre (AEPPA). Analizamos
el potencial de experiencias de Educación Popular como paradigma de resistencia; uno de los
autores referencia es Paulo Freire. Utilizamos la Sistematización de Experiencias como
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Palavras iniciais
O ano de 2021 é marcado por importantes temas da Educação Popular, dentre
eles o centenário de nascimento do educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997). São
inúmeras e diversas atividades sendo realizadas no Brasil e no exterior, todas visando
mobilizar educadores e educadoras na luta em prol da educação pública, gratuita,
popular, democrática e de qualidade social. Por conta do cenário de crise sanitária
em virtude da pandemia de Covid-19, as atividades comemorativas ao centenário
estão sendo realizadas de forma virtual. Sobre a relevância da vida e obra de Freire,
dispensamos comentários, pois ele é um dos educadores, da pedagogia crítica, mais
referenciado nas universidades do mundo. Na área da educação, tem uma longa e
forte influência na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Além disso, é um
autor que, mesmo após sua morte, segue sendo perseguido, por conta de suas
propostas pedagógicas, políticas, epistemológicas e metodológicas. Nos últimos
anos, o pensamento freiriano sofreu ataques de projetos e movimentos denominados
como “Escola sem Partido” e “Ideologia de gênero” (MENDONÇA, 2020). Agora, com
os projetos de homeschooling/educação domiciliar e militarização das escolas
públicas (SANTOS, 2020), os quais significam o avanço das políticas conservadoras
na educação, vimos novamente Freire sendo alvo de grupos de intelectuais
conservadores e neoliberais.
Sendo assim, em nosso caso, Paulo Freire é o autor base deste texto e das
nossas militâncias. Diante disso, nosso objetivo é apresentar o contexto e reflexões
acerca do processo formativo de educadoras e educadores da Educação Infantil
Comunitária da cidade de Porto Alegre (RS), a partir de um Movimento de Educação
Popular. A metodologia adotada é qualitativa (DEMO, 1989), através da
Sistematização de Experiências, de Oscar Jara (2006), cuja proposta metodológica
compõe cinco tempos, a saber:1) O ponto de partida: ter participado da experiência
e possuir registro dela; 2) As perguntas iniciais: questões problematizadoras; 3)
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relacionadas à luta através da AEPPA, em muitas das quais fizemos parte (JARA,
2006):
Quadro1 – Recuperação das trajetórias formativas da AEPPA
O que conquistamos? Quando? Onde?
Organização do Curso Normal/ 1998 Orçamento Participativo,
Magistério, “direcionado para nós organização das educadoras
educadores populares, [...] Curso populares a partir da
com 03 eixos norteadores: a Microrregião V (Glória, Cruzeiro
Educação Popular, a e Cristal) e da cidade de POA.
Interdisciplinaridade e a Avaliação
Emancipatória” (FERREIRA, 2010, p.
14).
O projeto do Curso Normal/Magistério 2000 Orçamento Participativo (OP),
com base na Educação Popular foi aprovado pelo Conselho
aprovado. Municipal de Educação de POA
(CME) e SMED.
80 educadores/as populares 2001 Escola Municipal Emílio Meyer,
iniciaram sua formação no Curso no Curso Normal.
Normal/Magistério com base na
Educação Popular.
Curso Normal/Magistério com base 1999 - 2000 Escola Municipal Liberato
na Educação Popular. Salzano Vieira da Cunha
Curso de Pedagogia de 2002 Universidade Estadual do Rio
Educação Popular na UERGS - 150 Grande do Sul.
educadores/as iniciaram a
graduação.
Convênio entre IPA (Instituto 2005 Centro Universitário Metodista -
Metodista) e AEPPA para bolsas de IPA
graduação. No curso de Pedagogia,
foram inseridos os componentes
curriculares: Educação Popular e
educação em contexto não escolar.
Parceria com PUCRS e 2006 Pontifícia Universidade Católica
Ministério da Educação e Cultura - do Rio Grande do Sul
MEC, encaminhando 126
educadores/as em umcursoelaborado
com e para eles/elas: Pedagogia com
ênfase em Educação Popular.
Demanda de especialização para 2007 Na AEPPA, a partir do núcleo
educadores e educadoras populares. da Pós. Reuniões no CME,
ASAFON, pela Comissão da
Primeira Turma de Formados
em Pedagogia em Educação
Popular da
UERGS; associados da AEPPA
e a Comissão de Educação da
Câmara de Vereadores de
POA.
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analisado por Paulo (2013) e Prunier (2018), podendo ser associado ao conceito de
desumanização de Paulo Freire. A AEPPA via Educação Popular, tem o “sonho pela
humanização, cuja concretização é sempre processo, e sempre devir, passa pela
ruptura das amarras reais, concretas, de ordem econômica, política, social, ideológica,
que nos estão condenando à desumanização” (FREIRE, 1992, p. 99). Para tanto, os
processos de formação político-pedagógicos, pela AEPPA, necessitam permanecer,
abrangendo diferentes contextos educativos.
4. Luta pedagógica e esperança: Os Movimentos de Educação Popular resistem
porque lutam esperançosos por um outro mundo possível (humanizado). Ou seja,
“enquanto necessidade ontológica, a esperança precisa da prática para tornar-se
concretude histórica. É por isso que não há esperança na pura espera, nem tampouco
se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã.” (FREIRE,
1992, p. 10).
Os pontos de chegada
Ao recuperarmos parte das experiências histórico-conceituais dos processos
formativos de educadoras da Educação Infantil Comunitária da AEPPA, apontamos o
limite das ações do Movimento de Educação Popular – o qual é a luta contra o
processo de parceirzação dessa etapa da educação. O modelo atual converge com o
neoliberalismo, o que precariza as relações de oferta, execução e elaboração de
políticas de formação e valorização de educadoras que não estão vinculadas à rede
pública de educação, e nem mesmo à privada (PAULO, 2013). Essas educadoras
estão na terceira-via, o que chamam de parceria público-privada, via convênio com
associações de moradores, sobretudo. A AEPPA, contrária a todo tipo de
precarização dos modos de viver, vem construindo ações de resistência, a partir de
Paulo Freire e da Educação Popular, mediante processo de formação de educadoras,
seja em colaboração com universidades, Institutos Federais ou através do próprio
Movimento de Educação Popular . Ao analisarmos o potencial dessas experiências
de educação popular, reiteramos o paradigma de resistência contra a educação
bancária, conservadora e neoliberal.
A Sistematização de Experiências, como metodologia, contribui para a
recuperação da trajetória de fundamentação teórica e prática da AEPPA, e, quando
acompanhada de nossas experiências como militantes e educadoras populares, nos
permite observar que nos encaminhamos para uma melhor e maior visibilidade quanto
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Referências
JARA, Holliday, Oscar Jara. Para sistematizar experiências. Brasília: MMA, 2006.
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