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A EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA DE APLICAÇÃO DA UFPA-EAUFPA

André Luis Ferreira


LEPEL/UFPA – Escola de Aplicação/UFPA
luiscastillho@gmail.com

RESUMO:
Esta Pesquisa tem como objetivo central compreender a organização do trabalho
pedagógico da disciplina Educação Física na Escola de Aplicação da UFPa. Entendendo a
mesma enquanto elemento indissociável do processo crítico de formação humana inserido no
espaço regular de ensino. As problematizações aqui trazidas ainda encontra-se em andamento,
processo de aproximação teórico, como da investigação no chão da escola. No entanto, já
conseguimos apontar alguns pontos que se apresentam como crucias para compreensão da
realidade da disciplina enquanto sua função social para escola.

PALAVRAS– CHAVE: Educação Física. Escola. Organização do Trabalho Pedagógico.

INTRODUÇÂO
Nossa prática social inicia-se com a aproximação e inserção no espaço foco de nossa
pesquisa, a Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará – EAUFPA, no qual se
objetiva a compreensão da materialidade da disciplina de Educação Física. Esse processo de
contato com escola se apresenta em dois momentos. No primeiro, ainda enquanto estudante do
curso de Licenciatura em Educação Física pela UFPA. E o Segundo momento, concluída a
formação inicial, há entrada na escola enquanto professor substituto de Educação Física.
Esse contato inicial com a escola deu-se por meio do cumprimento de carga horária
obrigatória da disciplina Estagio Supervisionado, com o desenvolvimento das atividades de
observação e regência com turmas do ensino Fundamental maior. E, nossa inserção enquanto
professor substituto de Educação Física no quadro de professores da escola inicia há um pouco
mais de um ano, tendo como principal atuação o trato com a disciplina de Educação Física no
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ensino fundamental menor e maior, e recentemente, com a educação infantil e a educação de
jovens e adultos-EJA.
Esses dois momentos nos possibilitaram observar a EAUFPA de múltiplas formas:
rotinas das aulas, distribuição da disciplina EF nos níveis de ensino, a organização das atividades
curriculares e extracurriculares que a mesma esta inserida, seja como organização ou
participação das ações e atividades desenvolvidas, como também, da organização do trabalho
pedagógico dos professores que ministram essa disciplina da Educação Infantil até o Ensino
Médio. Este caminho metodológico tem nos possibilitado um olhar completamente novo e
diferente da escola, seus limites e possibilidades enquanto espaço de ensino. A escola de
aplicação, nesse cenário, não esta eximida de toda precarização e dificuldades que a escola
regular pública enfrenta todos os dias em nosso país.

ESCOLA E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO


A escola pública brasileira sofreu grandes transformações teórica, filosóficas e
organizativas no seu processo de formação e compreensão de sua função social ao longo de seu
desenvolvimento histórico. Desde a pedagogia tradicional a qual era influenciada pela pedagogia
católico-religiosa no qual o conhecimento estaria posto a poucos e repassado numa relação
unilateral e acrítica, na qual, o professor exerceria figura centralizadora do processo de ensino,
como o único e esclarecido detentor do conhecimento, “A escola organiza-se como uma agência
centrada no professor, o qual transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos
alunos”. (SAVIANI, 2012, p.6).
O surgimento da Escola Nova (décadas de 20 e 30), a qual postulava uma nova forma de
compreender e interpretar a educação. O Escolanovismo advogava por outra escola, uma na qual
as diferenças e particularidades dos educandos, a descoberta das diferenças e singularidade
individuas de cada individuo fossem valorizado, “(...) o professor agiria como estimulador e
orientador da aprendizagem cuja iniciativa principal caberia aos próprios alunos”. (SAVIANI,
2012, p.9).
A crise do Escolanovismo, década de 1960, como também, o processo de reorganização
político e organizacional do País frente à necessidade de formação de um novo profissional que
dominasse cada vez mais competências técnicas e instrumentares específicas, centrada a partir de
características tais como; eficiência, racionalidade e produtividade numa lógica operacional e
produtiva do trabalho. Representado pela pedagogia Tecnicista, na qual “(...) na pedagogia
tecnicista é o processo que define o que o professor e alunos devem fazer, e assim também

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quando e como farão” (Idem, p.13). Posteriormente, surgem no cenário educacional brasileiro às
chamadas teorias crítico-reprodutivistas As quais, embora tivessem observado a escola como um
espaço necessário de estudo e problematização da educação e, por consequente, da escola através
dos condicionantes diretos e indiretos que a ela se apresentam, não conseguiram romper com a
lógica reprodutora das relações sociais vigentes.
Com efeito, é a partir da apropriação dessas mudanças e das estruturais sociais da
sociedade, que observamos a elaboração dos primeiros pilares teóricos e epistemológicos para
formulação de uma pedagogia verdadeiramente crítica, na qual segundo Saviani (1983; 1991)
A natureza humana não é dada ao homem é por ele produzida sobre a
base da natureza biofísica. Consequentemente, o trabalho educativo é o
ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a
humanidade que é produzida e coletivamente pelo conjunto dos homens.
(SAVIANI, 1991, p.6).

Reportando-se a Educação Física, tal paradigma reproduziu-se em aulas


descontextualizadas, conduzidas através dos anseios espontâneos manifestados pelos alunos, por
meio de práticas com conteúdos esvaziados, tendo como principais objetivos a recreação pela
recreação, a prática pela prática. A saber, a representação das brincadeiras e jogos trazidos por
eles mesmos, ou pela prática do rendimento pelo rendimento. E em outros momentos, a
manifestação de um único conteúdo, a predominância do Esporte, referenciado numa proposta
cada vez mais técnica, desportivo-competitiva e individualizado, na qual predomina a rivalidade,
disputa e a performance.
É importante salientar que não se devem negligenciar as vivências trazidas pelos alunos,
as quais podem se transformadas no ponto de partida do processo de ensino-aprendizagem, na e
para aproximação da unidade dos conteúdos a serem trabalhados. No entanto, as mesmas -
vivências empíricas dos alunos- jamais poderão ser o foco da medição do professor, o seu ponto
de chegada. A prática pedagógica orienta-se por meio de uma intencionalidade durante todo
percurso didático-metodológico de apropriação do conhecimento pelo educando, nesse sentido,
objetiva-se que ocorra um salto qualitativo de seu nível de desenvolvimento.
Ao analisar a prática pedagógica do professor de Educação Física, observa-se que tais
concepções, conceitos e tendências, reforçaram o estado de insipiência que a Educação Física
viveu e, ainda vive em muitas realidades, alienada de seu papel de agente problematizador desse
sistema estruturante, “(...) os professores são formados e formam outros homens para ocupar não
só espaço na educação, mas em todos os espaços do mundo do trabalho” (MOTA, 2010, p.62).

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METODOLOGIA
Como Consideramos anteriormente, está pesquisa ainda encontra-se em continuidade.
Para tanto, como momentos metodológicos centrais realizaremos uma pesquisa de tipo
documental com o objetivo de podemos identificar o (Projeto Político Pedagógico; Perfil
curricular da disciplina EF; Planejamento de atividades, etc.) quais parâmetros, orientações e
instrumentos organizativos são elaborados pela Escola e, consequentemente, pelos professores
de Educação Física.
Para em seguida, podemos elaborar um roteiro de entrevista semiestruturado que se
aplicará aos sujeitos foco desta pesquisa, a coordenação da disciplina, e aos professores de EF da
escola. Com objetivo de identificarmos e analisamos, de forma mediata, quais os percursos
didáticos- metodológicos orientam a elaboração e sistematização da matriz curricular, concepção
e organização da disciplina EF, como também, suas práticas pedagógicas enquanto totalidade na
escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel da Escola e, consequentemente da educação, entendendo-a enquanto sua
identidade social de democratização do ensino, e corroborando com as aproximações de Saviani
(1983) culminam-se com a socialização do conhecimento cientifico, historicamente produzido e
socialmente desenvolvido pela humanidade. Conhecimento este que esteja verdadeiramente
comprometido com a superação da sociedade de classes, através da emancipação humana.
O acesso à educação básica enquanto direito civil constitucional, assegurado o trato para
com todo e qualquer especificidade: região, localidade, transporte, alimentação, assistência
médica e dificuldades no processo de ensino aprendizagem, é o debate que fundamenta e
consolida nossa compreensão acerca da importância e função social da escola. Segundo Frigotto
(2010) “Mediante a análise da realidade concreta, identifica-se as determinações fundamentais e
secundárias do problema, (...), é na análise que se estabelece as relações entre a parte e a
totalidade” (p. 98). Nesse sentido, nossa pesquisa, aproximação a uma concepção de sociedade e
de homem em sua totalidade, a fim de compreender as relações sociais a partir das manifestações
e condicionantes que se apresentam ao sujeito em sua relação de trabalho com a natureza.

REFERÊNCIAS
FRIGOTTO, G. O enfoque da dialética materialista histórica na pesquisa educacional. In:
FAZENDA. Metodologia da pesquisa educacional. São Paulo: Cortez, 2010.

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GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projeto de Pesquisa. – 4. Ed. – São Paulo: Atlas, 2002.
MOTA, Joselene Ferreira. A formação inicial de professores de Educação Física da Rede
Municipal de Belém: a organização do trabalho pedagógico para o ensino da Educação Física
na Educação Infantil. UEPA. 2010.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Ed. Autores Associados. Campinas, 2012.
______Pedagogia Histórico-Crítica. Primeiras Aproximações. Ed. Autores Associados.
Campinas, 2012.

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