Você está na página 1de 20

Unidade 1

Seção 1

Sociologia Brasileira
iStock 2018
Webaula 1
Sérgio Buarque de Holanda e
o problema da pessoalidade

1
Sérgio Buarque de Holanda, na
redação do jornal Diário Carioca. Rio
de Janeiro, 1956.
Nesta webaula, você conhecerá a interpretação
de Sérgio Buarque de Holanda sobre o Brasil,
por meio de que motivaram a formação da
Sociologindagaçõesia enquanto disciplina no
Brasil.
Sérgio Buarque de Holanda é um dos
intelectuais que nos apresenta as chamadas
“questões nacionais” – isto é, ele aponta, em
sua época, dilemas profundos e constantes a
marcarem a trajetória e o possível futuro do
país.
Fonte: Wikipedia

2
A peculiaridade de Sérgio Buarque de
Holanda foi construir uma análise do
binômio atraso-moderno por meio de
ideias inspiradas por seu período na
Alemanha, durante o final da década de
1920 e início da década de 1930. E, assim,
traçou as características das chamadas
estruturas de personalidade com as
estruturas de sociedade ao falar do Brasil.
À época, o país foi palco de transformações
profundas no campo econômico, social,
político e cultural: é possível dizer que
existiu um Brasil antes de 1930 e um Brasil
depois de 1930.

3 Fonte: https://goo.gl/TP7XYc
O moto das transformações profundas
pelas quais passou o Brasil em que vivia Busca-se a transição de um modelo
Sérgio Buarque de Holanda, se encontra de agricultura voltada para o
na passagem de uma economia mercado externo para um modelo
fundamentada na exportação do café para de industrialização voltada para o
uma economia fundamentada na mercado interno.
produção fabril interna.

4
Descascamento de café a pata do boi (1820) O café era, há décadas, o principal produto
econômico brasileiro, de modo que uma
poderosa elite de fazendeiros se constituiu
sobretudo nos Estados de São Paulo e
Minas Gerais e dominava toda a política
nacional. Durante toda a chamada
Primeira República (1889-1930), o Estado
brasileiro promovia medidas que
resguardavam os interesses dos
cafeicultores, como diversos planos de
valorização e defesa do café.
Fonte:Wikipedia.

5
Ademais, estrangeiros que atrapalhassem a ordem
pública (em 1921) eram deportados e jornalista ou
figuras públicas que criticassem o governo (em
1923) eram punidos.

6 iStock 2018
Inevitavelmente, o Brasil acabou por
desenvolver uma produção industrial e,
Ainda que houvesse o domínio do com ela, um empresariado e uma massa
café na economia e na política, a de trabalhadores.
produção de outros bens não deixou
de prosperar, sobretudo em São Sendo assim, medidas que resguardavam
Paulo. unicamente os interesses dos cafeicultores
estavam cada vez menos em sintonia com
o cenário mais amplo da época.

7
Theatro Municipal de São Paulo,
em foto do início da década de 1920

O modernismo, enquanto um destacado


movimento cultural da época, pregava a
importância de redescobrir o Brasil e
desfazer-se de um nacionalismo que se
atrelava em demasia ao bucólico, rural,
regional, ou caipira, sem querer conectá-
los ao mundo novo que se apresentava.

Fonte: Wikipedia

8
Contudo, nem todos os artistas e pensadores estavam de acordo com tais ideias e um outro
movimento, o Integralismo, surge à época, alegando defender a integridade nacional.

Fonte: Wikipedia

9
Contraposição intelectual

Do outro, havia uma situação


De um lado, tínhamos uma pedindo manutenção –
oposição pedindo mudança – representada fundamentalmente
como trabalhadores, tenentes na oligarquia, ainda que uma
progressistas, setores da burguesia parcela da nova elite urbana
industrial incipiente. também clamasse por
estabilidade.

10 iStock 2018
Desde o século XIX, havia autores, ainda que não propriamente sociólogos, a escrever sobre as
peculiaridades do Brasil – sua organização econômica, política e geográfica, sua estratificação
social, seu povo, sua cultura em geral. Por exemplo, Euclides da Cunha e Oliveira Vianna são
autores que acreditavam que, o relevo, o clima, a fauna, a flora, o espaço e seu uso, a raça ou a
mistura de raças diziam muito sobre o Brasil e os brasileiros. Autores como eles depreciavam,
em diversos momentos, traços típicos da mestiça população brasileira e consideravam
inadequada a aplicação, no país, de quaisquer ideais liberais, conforme dá-se em outros países
do mundo. Consequentemente, ao procurarem salientar e proteger o que seria propriamente
nacional, os autores aproximavam-se da defesa de regimes autoritários para o país.

11
Sérgio Buarque de Holanda considera
outros elementos ao falar das origens do
O autor resgata, em primeiro lugar, as
Brasil e propõe uma caracterização do país
origens do Brasil em Portugal e elenca
que, embora mencione certos traços do
então um gama de características que
espaço geográfico e seu uso, não dá a eles
seriam típicas da região ibérica.
o poder explicativo das análises dos
autores mencionados anteriormente.

12
Ele constrói uma tipologia baseada em
pares, no qual um polo é distinto e, por
vezes, oposto ou antagônico ao outro:
trabalho e aventura; método e capricho;
rural e urbano; burocracia e caudilhismo;
norma impessoal e impulso afetivo. Seria
por meio da contemplação da conexão ou
contraposição entre os pares assim
constituídos que ele extrairia uma
explicação do que seria, afinal, o Brasil e o
povo brasileiro.

13 iStock 2018
Explore a galeria para ver o
conteúdo.

A vida na colônia é vista


somente como passageira e,
com um consequente
desinteresse na construção de
qualquer legado, não há
esforços em superar uma 
lavoura rotineira, morosa,
atrasada e, especialmente no
caso do português, não há um
interesse em constituir uma
forte vida urbana.

14 iStock 2018
Sérgio Buarque de Holanda indica uma
grande dificuldade, por parte dos
indivíduos, em considerar e respeitar um
conjunto de princípios abstratos em sua
interação uns com os outros fora do
“recinto doméstico”. No Brasil, não há, em
geral, um forte sistema administrativo e
um corpo de funcionários guiados por
uma ética universal e impessoal – no qual
o que vale para um vale para todos,
igualmente: há uma ordem fundada no
patrimonialismo, levando as vontades
particulares a constantemente
sobreporem-se às vontades gerais.

15 iStock 2018
Dessa forma, a medida em que a mentalidade
própria do povo brasileiro repele ritualismos,
formalismos e convencionalismos sociais, há
uma dificuldade enorme em florescer, aqui,
qualquer estrutura social que seja baseada nos
mesmos. Curiosamente, ritualismos,
formalismos e convencionalismos sociais são
justamente os elementos necessários a uma
ordem capitalista moderna, liberal e
democrática.

Clique na imagem.

16 iStock 2018
Buarque de Holanda deixa revelar que é
preciso, então, ceder espaço para uma
silenciosa mudança de valores e uma
outra conjunção entre eles e a nova
estrutura social – em síntese, é preciso
buscar o novo respeitando o velho.

17 iStock 2018
Você já conhece o Saber?
Aqui você tem na palma da sua mão a biblioteca digital para
sua formação profissional.
Estude no celular, tablet ou PC em qualquer hora e lugar
sem pagar mais nada por isso.
Mais de 450 livros com interatividade, vídeos, animações e
jogos para você.
Android: 
https://goo.gl/yAL2Mv

iPhone e iPad - IOS:


https://goo.gl/OFWqcq

18
Bons estudos!
19

Você também pode gostar