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A,

IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
Maria Fernandes
Como professora atuante desde 1974, Maria Fernandes

PR PE
desenvolveu inúmeros trabalhos na área de linguagem
e estudos da língua portuguesa. Lecionou em escolas
IM ISE
públicas e particulares de São Paulo, trabalhando
inclusive com crianças especiais. Professora Maria
AL
também é assessora e consultora sobre Alfabetização
e Linguagem e formação de professores, em várias
DO N

universidades e instituições educacionais, públicas e


A

particulares, em diversos estados do Brasil.


A

Sua experiência e formação trouxeram novos rumos


OI RA

em sua carreira, dando início à produção e autoria de


inúmeros livros didáticos, paradidáticos e teóricos.
PR A

Agora, atua também como produtora e coordenadora


LP

BI

de objetos digitais educacionais voltados para a língua


portuguesa.
IA
ER
AT
M

3.a Edição
Curitiba | 2022

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 1 25/08/2022 15:25:22


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Fernandes, Maria
Redação : interpretação e produção de textos / Maria Fernandes. -- Curitiba : É terminantemente proibido reproduzir
Divulgação Cultural, 2022. este livro total ou parcialmente por
qualquer meio químico, mecânico
Bibliografia. ou outro sistema, seja qual for a sua
ISBN 978-65-87101-87-3 (livro do professor) natureza. Todo o desenho gráfico foi

A,
criado exclusivamente para este livro,
1. Português - Redação (Ensino fundamental) ficando proibida a sua reprodução,
2. Textos - Interpretação (Ensino fundamental)

IC
ainda que seja mencionada sua
3. Textos - Produção (Ensino fundamental) I. Título. procedência.

O ÓG
18-14151 CDD-372.6

Índices para catálogo sistemático:


1. Português : Redação : Ensino fundamental 372.6

SÃ G
3.a Edição - 2022
Impresso no Brasil

ES DA
Copyright - todos os direitos reservados a Divulgação Cultural Ltda.

PR PE
Direção Diagramação
Erivaldo Costa de Oliveira Vicente Design
Cesar Henrique de Oliveira
IM ISE Projeto Gráfico e Capa
Ilustração
Cristiano Campello Padilha/Vicente
Vicente Design Design
AL

Revisão
DO N

Caibar Pereira
A

Iconografia
A

Alexandre de Macedo/Vicente Design


OI RA

Licenciamento de textos
PR A

Sandra Sebastião
LP

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M

Rua Buenos Aires, 1285, Água Verde


Curitiba | Paraná | 80250-070
Fone: (41) 3330-8407 | Fax: (41) 3330-8405
www.editoradc.com.br
2

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Apresentação

A,
IC
O ÓG
Prezado estudante

SÃ G
A língua de um povo faz parte de sua digni-

ES DA
dade; estudá-la e conhecê-la deve ser consi-
derado como algo além da obrigação; é uma
maneira de nos afirmarmos como cidadãos

PR PE
brasileiros e termos orgulho disso.
Aprender a ler e escrever é apropriar-se de um
IM ISE conhecimento cultural amplo para tornar-se
um usuário da leitura e da escrita no meio em
AL
que vivemos.
Leitura e escrita são ferramentas para a com-
DO N

preensão e a realização da comunicação do


A

homem na sociedade contemporânea e a cha-


A

ve para a apropriação dos saberes já conquis-


OI RA

tados pela humanidade. Por isso é necessário


dominá-la com competência. É exatamente
PR A

isso que o presente livro deseja proporcionar


LP

a você.
BI

Em algumas páginas, você encontrará QR Co-


IA

des que o levarão a videoaulas e inserções


digitais que lhe ajudarão na compreensão e
ER

aprofundamento dos conceitos linguísticos.


Para acessá-los, faça a leitura do QR Code, no
AT

seu aparelho celular ou tablet.

Seja bem vindo!


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LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 3 25/08/2022 15:25:30


Sumário

A,
IC
O ÓG
Módulo 1
O ato de comunicação ............................................................. 06

SÃ G
ES DA
Módulo 2

PR PE
Funções da linguagem ............................................................ 16
IM ISE
Módulo 3
AL

Texto narrativo ....................................................................... 38


DO N
A
A

Módulo 4
OI RA

Crônica .............................................................................. 56
PR A
LP

BI

Módulo 5
IA

Poesia e Poema ...................................................................... 75


ER
AT

Módulo 6
M

Coerência e Coesão ................................................................ 96

Módulo 7
Descrição ............................................................................. 118

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 4 25/08/2022 15:25:34


A,
Módulo 8

IC
Texto dissertativo .................................................................. 126

O ÓG
SÃ G
Módulo 9

ES DA
Texto jornalístico ................................................................... 132

PR PE
IM ISE Módulo 10
Texto publicitário ................................................................... 149
AL
DO N

Módulo 11
A

Texto científico e didático....................................................... 164


A
OI RA
PR A

Módulo 12
LP

BI

Texto dramático ..................................................................... 180


IA
ER

Módulo 13
AT

Carta ............................................................................ 195


M

Módulo 14
Redação Oficial..................................................................... 209

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 5 25/08/2022 15:25:38


O ASSUNTO É:

1 O ATO DE
COMUNICAÇÃO

A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
Você vai ler um texto de Michael Keep, jornalista americano radicado no Bra-
sil desde 1983.

PR PE
IM ISE Etiqueta telefônica brasileira
AL

Michael Kepp
DO N

Apesar de viver aqui há 20 anos, não consigo dominar a tal etiqueta telefônica que
A

chamo de “despedida esticada brasileira”. Quer dizer, recitar uma cornucópia de


A

preâmbulos antes de a palavra de encerramento – “Tchau” – deixar os meus lábios.


OI RA

Minha esposa brasileira começa sua “despedida esticada” dizendo, a intervalos regu-
lares, frases como “Então, tá”, “Tá bom” ou “Tá legal” para que a outra pessoa note que
PR A

ela está ficando sem papo. Esses sinais, se ignorados, encolhem-se em uma intermi-
LP

BI

nável procissão de “Tás”. Quando se cansa de dizer “Tá”, ela acrescenta um “Tenho de
ir”, mas geralmente explica por quê, o que pode esticar o papo um bocado.
IA

Geralmente, “Tenho de ir” é seguido de “A gente se fala”, sinal de que o tempo acabou.
Mas, de vez em quando, dizer “A gente se fala” pode levar minha mulher ou a outra
ER

pessoa a lembrar algo que queriam dizer, o que pode dar início a um novo assunto. Só
depois que o novo assunto se esgota, os “Então tás” recomeçam, afinando em uma fila
AT

de “Tás”, seguida por um segundo “A gente se fala” e culminando no “Tchau”.


Por ser americano, modelo da eficiência “tempo é dinheiro”, termino as ligações
M

com apenas dois preâmbulos: “Tenho de ir” e “A gente se fala”, antes de dizer
“Tchau”. Apesar de as minhas despedidas curtas surpreenderem estranhos de vez
em quando, meus amigos brasileiros não se importam porque entendem que
venho de uma cultura “mais objetiva”, o que é um eufemismo para “curta e grossa”.
Não sendo um “homem cordial brasileiro”, mesmo em festas só levo dez minutos
para me despedir de todos. Mas tenho de avisar minha mulher meia hora antes
de eu querer ir embora para que ela comece a se despedir. E, mesmo assim, ela
ignora o aviso.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 6 25/08/2022 15:25:40


A,
Brasileiros não são, em minha opinião, craques em etiqueta ao telefone. Quando
saio com amigos brasileiros, alguns têm o hábito irritante de atender (ou mesmo

IC
fazer) ligações ao celular e falar – quase sempre de coisas que podem esperar até
chegar em casa – enquanto eu olho para o nada. No caso do celular, as despedi-

O ÓG
das são (como as minhas) curtas e grossas, porque a ligação é cara.
Alguns brasileiros – como recepcionistas, secretárias ou atendentes de compa-

SÃ G
nhias aéreas – atendem ao telefone dizendo “Um minutinho”, mas me deixam
esperando “ad infinitum”. De vez em quando, um brasileiro – geralmente um ho-

ES DA
mem com o número de telefone errado – liga e pergunta rispidamente “Quem
está falando?”, como se fosse minha obrigação lhe dizer.

PR PE
Apesar de minhas despedidas telefônicas curtas, meu “Alô” tipicamente americano
é bem mais cortês do que o similar nacional. Quando um estranho liga, querendo
falar com minha mulher, que não está, eu digo: “Ela não está. Quer deixar um reca-
IM ISE
do?”. Mas, quando eu ligo e peço para falar com alguém (em casa ou no trabalho),
o brasileiro que atende ao telefone primeiro pergunta “Quem quer falar?” antes
de me dizer se a pessoa está – uma técnica de filtrar ligações que considero tão
AL

desnecessária quanto desagradável.


Talvez os brasileiros peneirem as ligações assim porque veem a casa e o escritório
DO N

como lugares em que ninguém de fora da família/empresa pode entrar (mesmo


A

que seja via telefone) sem revelar sua identidade. Esse jeito desconfiado não é
A

reflexo dessa sociedade cada vez mais perigosa, mas é peculiar a esse povo. Pelo
OI RA

que eu me lembre, os brasileiros sempre atenderam ao telefone assim.


Eu confesso que poderia tornar minhas despedidas telefônicas de brasileiros mais cor-
PR A

diais, sendo menos “curto e grosso”. Mas não há dúvida de que os brasileiros só vão domi-
LP

BI

nar a arte da cordialidade ao atender ao telefone quando ficarem menos desconfiados.


IA

KEPP, Michael. Etiqueta telefônica brasileira. Folha de S. Paulo, 18 dez. 2003. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1812200316.htm>. Acesso em: 3 jul. 2017.
ER

Para você saber mais a respeito...


AT
M

Michael Kepp é autor do livro de crônicas


Sonhando com Sotaque – Confissões e
Desabafos de um Gringo Brasileiro, publicado
em 2003 pela editora Record.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 7 25/08/2022 15:25:42


1. EUFEMISMO - Figura de
linguagem que se caracteriza
pelo uso de palavra ou ex-
pressão com a finalidade de 1. No texto de Michael Keep aparecem algumas palavras que não estamos acostu-
suavizar uma mensagem. Por
exemplo: nas propagandas mados a usar no nosso cotidiano. Você, por exemplo, conhece o significado das
de desodorante, em lugar da palavras etiqueta, cornucópia, eufemismo ou da expressão latina ad infinitum?
palavra suor, quase sempre é
empregada a palavra trans- Escreva o que você acredita que elas significam. Depois, pesquise em um
piração.
CORNUCÓPIA - Antigo sím-
dicionário impresso ou digital ou em sites de busca, como Google, por exem-
bolo da riqueza, da fortuna e plo. Compare com o significado pensado por você.

A,
da fertilidade representado
como um vaso em forma de 2. Elabore um resumo do assunto abordado no texto de Michael Keep.

IC
chifre de cujo interior vertem
grande quantidade de flores Lembre-se de que resumir é o ato de compreender um texto, analisar a sua
e de frutas. Por extensão de

O ÓG
sentido, cornucópia passou a forma e conteúdo e traçar, em poucas linhas, o que de fato é essencial e mais
significar qualquer fonte de importante para o leitor. Por isso, siga as regras básicas na elaboração de um
riqueza e/ou de felicidade.
AD INFINITUM - Expressão
resumo:

SÃ G
latina que, literalmente, se – omitir as informações que são secundárias;

ES DA
traduz como “até o infinito”.
Geralmente, é empregada – selecionar o que realmente é essencial para o entendimento do texto;
para intensificar uma situação – generalizar as informações que são tratadas com detalhes;
desagradável ou monótona.
– integrar as informações para tornar o texto mais direto e objetivo.

PR PE
ETIQUETA - Designa conjunto
de regras de comportamento 3. O autor associa a “etiqueta telefônica brasileira” à característica de o brasileiro
(por exemplo, como se com-
ser um “homem cordial”. No texto, os exemplos apresentados mostram que
IM ISE
portar em um banquete, em
uma solenidade oficial) e de
tratamento (saudação inicial,
como se despedir).
o brasileiro é sempre cordial? Justifique.
4. Com base nas distinções apresentadas pelo autor, crie um texto que exem-
AL
2. Espera-se que os alunos re-
conheçam as características da
plifique uma conversa telefônica segundo os padrões adotados pelo autor.
Resposta pessoal. Este deve ser objetivo, especialmente a despedida.
produção de um resumo e pro-
5. Você (ou alguém que você conhece) já passou pela situação de ficar espe-
DO N

duzam resposta que apresente


as ideias do autor, percebendo rando “um minutinho” e ter que ficar esperando por longo tempo? Como
A

que ele, embora apresente di-


versas situações relacionadas à você (ou a pessoa) reagiu a isso?
A

conversa telefônica e às formas


OI RA

de despedir-se, expressa as 6. Você conhece pessoas estrangeiras que vivem há muito tempo no Brasil?
diferenças de comportamento
entre o homem brasileiro e Com base na leitura dos textos de Michael Kepp, entreviste uma delas e es-
PR A

o norte-americano. Numa creva as opiniões mais significativas.


resposta mais ampla, os alunos
LP

BI

podem responder que Michael Para elaboração da entrevista, lembre-se de que entrevista é um texto que
utiliza esses exemplos para
falar de diferenças culturais. apresenta as perguntas de um entrevistador e as respostas de um entrevis-
IA

3. Não. Observar que no sexto tado, com o objetivo de divulgar as ideias dessa pessoa para que todas as
parágrafo, a palavra “etiqueta”
foi empregada de acordo com conheçam.
ER

o seu sentido mais comum. Ou


seja, o autor reclama que, usan- Organize seu trabalho de entrevista:
do o celular, o comportamento
– decida quem você vai entrevistar, entre em contato com essa pessoa e
AT

dos brasileiros é inadequado –


foge à etiqueta que rege o uso marque dia, hora e local para a entrevista;
desse aparelho. Já, no título e
– liste as perguntas que você desejar fazer, tendo em vista o tema principal
M

no primeiro parágrafo, o autor a


emprega de forma irônica e até a ser abordado e verificando se as questões estão claras e fáceis de serem
depreciativa (sempre tomando
como referência a opinião do
entendidas;
autor, é claro). Para ele, os bra- – se possível, leve um gravador, ou então peça para alguém que o ajude a
sileiros conversam ao telefone
de forma inadequada e, como
anotar as respostas do entrevistado;
isso é generalizado, é como se – elabore um fechamento da entrevista, preparando uma pergunta final
criassem uma “etiqueta”.
que encerre o assunto;
– não se esqueça de agradecer ao entrevistado.
Traga o resultado do seu trabalho e apresente para a classe.
5. Resposta pessoal. A resposta a esta questão pode propiciar uma rápida pesquisa. Como, basicamente, a pessoa
8 pode reagir agressivamente e reclamar com quem a deixou esperando ou pode ficar passiva, essas duas reações
poderiam ser quantificadas e, a partir do resultado, discutir a adequação ou não de cada um desses comportamentos.
6. Antes de realizar esta questão, recomenda-se que seja feito um levantamento de quais povos estrangeiros
poderiam ser objeto deste trabalho. Dessa forma, o trabalho ganharia maior amplitude e riqueza.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 8 25/08/2022 15:25:42


DA TEORIA À PRÁTICA
O texto lido e trabalhado trouxe a visão de Michael Kepp quanto a algumas
diferenças de comportamento entre brasileiros e norte-americanos. Para tratar
desse assunto, o autor tomou como referência, principalmente, a forma como

A,
brasileiros e norte-americanos utilizam o telefone.

IC
Como o telefone – simples aparelho que permite a comunicação entre as
pessoas – pode levar alguém a fazer as reflexões feitas por Michael Kepp?

O ÓG
Exatamente porque o telefone é uma parte de um processo complexo elabo-
rado pelo ser humano: o ato de comunicação. Veja, no esquema, quais são os

SÃ G
elementos necessários à realização do ato de comunicação:

ES DA
REFERENTE
(CONTEXTO)

PR PE
CÓDIGO

IM ISE EMISSOR
(REMETENTE)
MENSAGEM RECEPTOR/
DESTINATÁRIO
AL
CANAL
(CONTATO)
DO N

Observe que:
A

• o emissor (remetente) elabora uma mensagem que é dirigida a um re-


A
OI RA

ceptor/ destinatário;
• para isso, o emissor precisa criar sua mensagem, utilizando um código.
PR A

A mensagem chega ao seu receptor/destinatário, quando há contato do


emissor com ele, quando um canal permite que eles façam esse contato;
LP

BI

• todos esses elementos estão envolvidos pelo referente (contexto), que


IA

corresponde tanto ao assunto que é tratado quanto à situação em que


ocorre o ato de comunicação.
ER

Pelo esquema, pode-se compreender que a ausência de qualquer um desses


elementos impedirá a comunicação. Porém, é preciso ressaltar que se trata de um
AT

esquema. Portanto, por ele não é possível perceber toda a dinâmica que ocorre
durante um ato de comunicação. Assim, antes de aprofundar cada um dos ele-
M

mentos do ato de comunicação, perceba os conceitos de comunicação em geral.

1. Comunicação
Dividir, partilhar, tornar comum, manter relações. Todas essas expressões
relacionam-se com o sentido da palavra comunicação. Assim, comunicar define
uma ação que evidencia a relação existente entre os seres humanos quando di-
videm, partilham informações, conhecimentos. Ou seja, por meio da comunica-
ção, é possível fazer com que as pessoas tenham algo em comum.
9

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2. Comunicação particular
Trata-se de uma situação comunicativa que diz respeito aos temas e assuntos
pertinentes à vida pessoal dos seres humanos.

• Comunicação intrapessoal. Ocorre quando uma pessoa, mental-

A,
mente, reflete sobre algo, organiza um roteiro de viagens ou planeja
uma ação. Essa comunicação pode até ser registrada por meio de

IC
anotações ou rascunhos em papel, em celular, em tablet ou no com-

O ÓG
putador.
• Comunicação interpessoal. Ocorre quando duas ou mais pessoas
se comunicam, seja face a face ou mediadas por algum meio – tele-

SÃ G
fone, celular, carta, rede social, e-mail etc. Esse tipo de comunicação

ES DA
está presente nas relações familiares e de amizade.

PR PE
3. Comunicação pública
IM ISE Diz respeito à comunicação necessária para tratar dos assuntos relativos à
vida profissional e pública dos seres humanos.
AL

• Comunicação organizacional. Ocorre nas organizações – empre-


DO N

sas públicas ou particulares. Pode envolver: organizações diferentes


A

(por exemplo, quando precisam resolver questões comerciais); a


A
OI RA

própria organização (por exemplo, quando diferentes setores tro-


cam informações) e as pessoas que trabalham em uma organização
(por exemplo, quando um gerente passa uma ordem a seus subor-
PR A

dinados). Esse tipo de comunicação tem como características a for-


LP

BI

malidade (linguagem objetiva) e a hierarquia (diferenças de posição


e de função).
IA

• Comunicação de massa. Ocorre quando, a partir de um ponto,


mensagens são enviadas a milhares de pessoas. Jornal, televisão,
ER

rádio, internet são os veículos mais utilizados nesse tipo de comu-


nicação. A partir do século XX, a comunicação de massa passou a
AT

se intensificar de tal modo que Jornalismo, Publicidade e Propagan-


da, Relações Públicas, entre outras áreas da comunicação, consti-
M

tuíram-se em atividades profissionais de grande procura (especial-


mente, após a segunda metade do século XX).

10

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 10 25/08/2022 15:25:42


4. Os elementos do ato de comunicação
Emissor
O emissor é responsável pela

Revista Trip
produção da mensagem. Toda a vez

A,
que a produz, o emissor tem alguma
intenção: seja informar, seja expres-

IC
sar uma opinião, seja fazer contato,

O ÓG
seja pura e tão somente para fazer
o tempo passar. O emissor pode ser
uma pessoa (por exemplo, um polí-

SÃ G
tico falando em um comício) ou um

ES DA
grupo de pessoas (por exemplo,
um abaixo-assinado) ou, ainda, um
jornal (por exemplo, o editorial).

PR PE
No caso específico de um texto
publicitário, o emissor sempre será
IM ISE
o anunciante. Ele será o responsá-
vel pela publicação e veiculação de
AL
qualquer anúncio. Por esse motivo,
na linguagem publicitária, a presen-
ça do nome do anunciante denomi-
DO N

na-se assinatura.
A

Observe um exemplo. Nele, o emissor é a revista Trip. A revista é respon-


A
OI RA

sável pela qualidade das informações presentes nela. Essa responsabilidade pode
ser dividida com pessoas contratadas para nela trabalhar ou que colaboram even-
PR A

tualmente.
LP

BI
IA

Receptor/destinatário
ER

É sempre com a pretensão de chegar até alguém que o emissor elabora sua
mensagem.
AT

O receptor/destinatário é esse alguém, é ele o alvo da mensagem.


M

Como sempre o emissor produz sua mensagem com alguma intenção (e,
pode-se dizer, com algum interesse). É preferível utilizar a palavra destinatário
para designar o alvo específico de uma mensagem. Dessa forma, reserva-se a
denominação receptor àquele que recebe certa mensagem, mas não era seu alvo.
Por exemplo: Paulo escreve um bilhete. Dobra-o ao meio, ocultando seu conteú-
do. Entrega-o a João e pede que este passe o bilhete a Letícia. Neste caso, João é
o receptor (o bilhete não foi escrito para ele), enquanto o destinatário é Letícia.

11

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 11 25/08/2022 15:25:43


Na produção de mensagens, nos meios de comunicação, o destinatário re-
cebe a denominação de público-alvo. Essa denominação se justifica, pois, em
geral, as mensagens são produzidas a partir de uma pesquisa que procura deter-
minar e qualificar o público a ser alcançado.
Observe, por exemplo, algumas publicações, como é o caso das revistas Veja e
Reprodução

Namosca. A revista Veja, de caráter informativo, procura alcançar um público am-

A,
plo. Embora pareça disponível a toda e qualquer pessoa – por assinatura ou pela
venda em bancas de jornal – seu público, além do interesse por informação e comen-

IC
tários, é definido também pelo poder aquisitivo e grau de instrução e faixa etária.

O ÓG
E qual é o público-alvo de uma revista que tem o nome de Namosca? Só pelo
nome, é praticamente impossível saber. Quando, porém, se observa o que está
escrito logo abaixo de seu nome, essa tarefa se torna bem mais fácil. Público-alvo:

SÃ G
universitários.

ES DA
Revista Namosca, Ano I, É preciso destacar que, mesmo dentro de uma mesma publicação, pode ha-
n.1 – novembro de 2005 ver públicos destinatários distintos. Quando você compra um jornal, por exem-

PR PE
plo, vai encontrar várias seções: geral, política, esportes, cultura, educação, inter-
Veja/Abril Comunicações S.A.

nacional etc.

IM ISE Código
AL
Para materializar a mensagem, o emissor dispõe de vários códigos. Ele esco-
lherá aquele que considera mais adequado ao formato e ao veículo em que será
DO N

publicado, bem como aquele que for mais eficiente para alcançar os objetivos pre-
tendidos por ele.
A
A

O código corresponde aos sinais (simples ou mais complexos) organizados


OI RA

Revista Veja, edição para materializar a mensagem. Como criação humana, o código é resultado de
2503, ano 49, n. 45, um processo de convenção – isto é, ao longo do tempo, os sinais vão sendo cria-
PR A

09 novembro 2016 dos e, quando aceitos, são sistematizados e se tornam comuns a determinados
LP

grupos humanos. Basicamente, há dois tipos de código: o verbal e o não verbal.


BI
Veja/Abril Comunicações S.A.

Anca Dumitrache/Shutterstock
IA
ER
AT
M

Revista Veja, edição


2521, ano 50, n. 11,
15 março 2017

12

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 12 25/08/2022 15:25:44


CÓDIGO VERBAL CÓDIGO NÃO VERBAL
O emissor, além das palavras, pode usar
na construção de mensagens elementos:
• Visuais: cores, linhas, desenhos, fotos,
gestos, relevos.

A,
No dia a dia do brasileiro, um dos có- Observe que a cor pode ter vários significa-
digos comuns é precisamente a língua dos: verde (avançar), o vermelho (parar) e

IC
portuguesa. É o idioma oficial utilizado o amarelo (atenção) dos sinais de trânsito;
em todo o território brasileiro tanto para

O ÓG
• De áudio: ruídos, música.
a comunicação particular quanto para a
pública. A língua portuguesa, tal como Basta observar a importância da sono-
a maioria dos idiomas usados em outras plastia em programas de rádio;

SÃ G
nações, é um código linguístico. Trata- • Audiovisuais: unindo todos esses re-

ES DA
-se, portanto, de um código verbal – ca- cursos.
racterizado pelo emprego de palavras
(faladas ou escritas). Pode-se dizer que o ser humano pode

PR PE
fazer com que tudo possa ser usado
para significar. Inclusive o próprio ser
humano: por exemplo, um ator ou uma
IM ISE atriz em uma peça de teatro correspon-
de exatamente a isso.
AL

Canal/contato
DO N

Como o código é a materialização da mensagem, é necessário que se fixe


A

a algo para ser conduzido. É o canal ou contato ou suporte físico, o veículo que
A
OI RA

conduzirá a mensagem até o seu destinatário. Por exemplo, quando o emissor


utiliza o código verbal falado, o ar (as ondas sonoras) é o suporte da mensagem.
As ondas sonoras levarão a mensagem até o destinatário.
PR A
LP

Conforme suas necessidades e suas possibilidades, o emissor poderá


BI

escolher, além das ondas sonoras, diferentes tipos de suporte físico para apoiar e
transportar a sua mensagem, tais como: papel (jornais, revistas), plástico (banners,
IA

painéis), tecido (camisetas promocionais), madeira (placas), metal (placas),


vidro (garrafas, embalagens) e até suportes mais complexos como os meios de
ER

comunicação de massa como o rádio, a TV e a internet, onde o processamento da


mensagem passa por várias etapas até ela chegar ao destinatário.
AT

Mensagem
M

A mensagem é aquilo que o emissor transmite para o seu destinatário.


Ela corresponde tanto àquilo que o emissor diz quanto ao modo como ele
diz. Ou seja, ela engloba o significado (o aspecto conceitual) e o significante (a
forma, o aspecto material).
Observe o exemplo:
Jussara vai por uma calçada e vê Olavo (seu irmão) do outro lado da rua.
Jussara grita: “OLAVO!”.
13

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 13 25/08/2022 15:25:45


1.
a) Emissor: Michael Kepp.
b) Destinatário: a resposta
pode ser mais livre, pois a • O que Jussara transmitiu?
leitura deste texto se dá em
uma situação de sala de aula O nome do irmão e, ao mesmo tempo, a intenção de chamar a atenção dele.
(portanto, o aluno não é
necessariamente o destina- • Mas como ela fez isso?
tário deste texto). Por outro
lado, não deve ser aceita a Enunciando a palavra de forma alta e clara.
resposta que diga que qual-
quer pessoa será destinatário. • Olavo se volta e vai ao encontro da irmã.

A,
Daí, deve-se orientar a que
percebam o local em que o Assim, Olavo se dirigiu até Jussara (ou seja, compreendeu o conceito, o signi-

IC
texto foi publicado: Equilíbrio
do jornal Folha de S. Paulo ficado daquela mensagem), porque conseguiu ouvir o grito e a palavra (ou seja, os
(embora a fonte mencionada aspectos materiais da mensagem) que chegaram até ele por meio das ondas sonoras.

O ÓG
seja a internet, notar essa
referência no endereço: fsp/
equilíbrio). O leitor desse
jornal e, em especial, o do Referente ou contexto

SÃ G
caderno constituem esse
Por fim, há o referente (o contexto).

ES DA
destinatário em potencial.
c) Mensagem: Fazer com que
se fixe o conceito de que a No esquema apresentado, é possível perceber que ele faz parte do ato de co-
mensagem é o que se chama municação e, ao mesmo tempo, “envolve” todos os demais elementos.

PR PE
comumente de texto. Ele traz
duas grandes “cargas”: Desse modo, compreende-se que a comunicação é um processo que precisa es-
a. uma conceitual – o seu
tar contextualizado: deve ter uma referência e acontecer em determinada situação.
IM ISE
significado (essa concepção
é o senso comum): aquilo
que o emissor pretende fazer
com que seu destinatário
O contexto corresponde àquilo que se pretende comunicar, a quem, por que
e para quê. Corresponde, também, ao momento em que a mensagem é produzida
AL
compreenda.
pelo emissor bem como àquele em que o destinatário a recebe.
b. outra “física” – material: o
visual da página e as palavras
DO N

(os tipos utilizados, o tama-


nho).
APLICAÇÃO
A

d) Código: Basicamente, a
A

tendência é responder que se


OI RA

trata de código verbal. Mas é


fundamental que se especi-
fique: código verbal escrito 1. Retome o texto “Etiqueta telefônica brasileira”, de Michael Kepp
– língua portuguesa. Além e aponte os elementos do ato de comunicação que nele estão
PR A

disso, seria recomendável


presentes.
LP

fazer com que se compreen-


BI

da que nem tudo no texto é


verbal. Há código não verbal a) Emissor: d) Código:
também: a fonte escolhida e
b) Destinatário: e) Contato:
IA

o seu tamanho; os sinais dia-


críticos (vírgula, aspas, ponto c) Mensagem: f ) Contexto:
de interrogação etc.).
ER

e) Contato: Considerando 2. Indique onde foi usada a linguagem verbal ou a linguagem não verbal, nas
a leitura feita no fascículo, imagens e justifique sua resposta:
AT

pode-se considerar o papel


a) b)
Samuel Alves Rosa/Free Images

ou o próprio fascículo. Ou
F/Nazca Saatchi&Saatchi

ambos. O mais importante é


que se compreenda a ideia
M

de que o emissor deve estar


atento à necessidade de
atrair o destinatário, chamar a
sua atenção.
Contexto: Há vários fatores
a se considerar – mas o/a A imagem do tênis e o logotipo são linguagem não
aluno/a não precisa colocar A placa toda é linguagem não verbal.
verbal. Os textos do anúncio são linguagem verbal.
todos – tais como: a condição
3. Produza um pequeno texto, reproduzindo o diálogo entre um pai e seu filho de
oito anos. A conversa ocorre em um supermercado e o pai tenta persuadir o filho
a não comprar um brinquedo. Nessa situação, quem é o emissor? Justifique.
de estrangeiro (norte-americano) do autor coloca em evidência as diferenças culturais. Já a condição do/a o/a
14 aluno/a, certamente, de nacionalidade brasileira, poderá fazer com que ele/ela não aceite as ideias do autor. As
condições de leitura em sala de aula. O fato de saber que a leitura será objeto de questões.
Para aprofundar os conceitos, podem ser feitas propostas de alteração de elementos. Por exemplo, haveria alguma
alteração se o texto fosse oralizado? diagramado de outra maneira? teatralizado? acompanhado de ilustração?

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 14 25/08/2022 15:25:45


3. Além de orientar a criação
do texto e tudo o que é
pertinente à sua elabora-
4. Imagine a seguinte situação: uma pessoa trabalha em um escritório localiza- ção, deve-se dar atenção à
pergunta final. Esta questão
do no décimo andar de um prédio comercial. No fim do expediente, todos tem a finalidade de fazer
vão embora e essa pessoa é esquecida. Fica presa em uma sala em que não com que se compreenda
que o ato de comunicação é
há telefone, não há computador e, por azar, a pessoa não possui celular. En- dinâmico e que, num diálogo,
fim, ela está praticamente incomunicável, pois, mesmo gritando pela janela, os papéis de emissor e de
destinatário se alternam.
não consegue se fazer ouvir. Para tentar sair desse sufoco, ela escreve, em Importante mostrar que, na

A,
uma grande folha de papel, em letras enormes, a situação em que se encon- comunicação de massa, essa
é uma possibilidade bastante
tra, o local em que está presa e um pedido de socorro. remota (mesmo quando se

IC
pede para telefonar, para
a) Nesse caso, ela busca um receptor ou um destinatário? Justifique sua enviar e-mail).

O ÓG
resposta. 4. Não há uma resposta
fechada. Há possibilidades:
b) Suponha que você é a pessoa que se encontra nessa situação. Como • Caso o aluno entenda
que a pessoa acredita na
seria o seu texto de pedido de socorro? Faça numa folha avulsa.

SÃ G
existência de alguém que

ES DA
seja curioso o bastante
para pegar o papel e lê-lo.
Produção de texto: campanha de conscientização Tenha sentimento de soli-
dariedade e vá ajudá-la...
Orientações gerais

PR PE
Então, pode-se dizer que
se busca um destinatário.
Você participará de um grupo que desenvolverá uma campanha de conscienti- Ou seja, há uma espécie de
público-alvo.
zação dentro de sua sala de aula ou na escola.
IM ISE
A proposta é que sejam levantados problemas que ocorrem em sua sala ou na
• Caso entenda que jogará
o papel e que qualquer
pessoa poderá pegá-lo e
escola. A partir daí, os temas que merecem maior atenção serão distribuídos en-
AL
vir salvá-la, haverá a ideia
de receptor. Mas que,
tre os grupos. posteriormente, se tornaria
destinatário.
DO N

O fundamental é que seu grupo, ao elaborar a campanha referente ao seu tema,


O mais importante é que as
leve em conta os conceitos trabalhados neste módulo.
A

respostas sejam discutidas.


Deve-se enfatizar a ideia de
Ao final da campanha, escreva um pequeno texto, avaliando a campanha, apon-
A

que a produção de texto


OI RA

tando os acertos e os problemas encontrados. sempre deve ser planejada


pensando na existência de
um leitor “ideal”.
PR A

Verificar como o/a aluno/a


utiliza a linguagem para
LP

BI

construir sua mensagem.


Trata-se de uma atividade de longa duração. Desse modo, recomenda-se que seja iniciada com antecedência – des- Se nela predomina o uso de
de a constituição dos grupos até a definição dos temas. O mais adequado é que estes nasçam a partir de levanta- código verbal ou de código
IA

mentos orientados pelo/a professor/a. Para que, dessa maneira, ocorra maior adesão dos/as alunos/as. não-verbal. Ou, ainda, se há
Algumas sugestões: um uso equilibrado desses
dois códigos. Sugestão: os
ER

• condenar a prática do bullying (problema grave e complexo que atinge as escolas de um modo geral);
textos poderiam ser expostos
• orientar o uso adequado do celular (em sala e/ou na escola); na sala para avaliação e
• combate ao tabagismo; propiciar a discussão das
AT

• combate ao consumo de bebidas alcoólicas; soluções

• melhorar o relacionamento entre grupos docente e discente.


M

Quanto ao desenvolvimento, acompanhar com frequência o andamento dos trabalhos para, não somente orientar
os procedimentos, como também verificar se há soluções semelhantes – caso, desafiar os grupos a encontrar
soluções originais.
Conforme as características da sala e da escola, procurar ajustar a escolha dos meios às condições de tempo e até
econômicas dos/as alunos/as. O importante é que haja a maior diversidade possível de canais/suportes, mas sem
escapar da realidade escolar em que se trabalha.
Como alguns temas são polêmicos, recomenda-se conversar com a direção e a coordenação da escola, assim como
os pais, para que não haja nenhum constrangimento na execução e na apresentação dos trabalhos. Esse contatos
também são importantes, para, conforme a materialização dos textos utilizados na campanha, sejam reservados
espaços da escola.

15

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 15 25/08/2022 15:25:46


O ASSUNTO É:

2 FUNÇÕES DA
LINGUAGEM

A,
IC
REFLEXÃO

O ÓG
Leia

SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE Internet
No começo dos anos 60, o americano Paul Baran concebeu uma rede de computa-
dores na qual cada máquina seria capaz de orientar o trabalho das outras. Durante
AL
a Guerra Fria, preocupado com a possibilidade de um conflito nuclear com a União
Soviética paralisar as comunicações, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos
DO N

desenvolveu essa rede de computadores para que seus pesquisadores pudessem


continuar trocando ideias. O plano inicial era ligar quatro locais: a Universidade da Ca-
A

lifórnia (UCLA), a Universidade de Santa Barbara, o Instituto de Pesquisas de Stanford e


A
OI RA

a Universidade de Utah. Naquele tempo, não havia sistemas-padrões de operação de


computadores. As máquinas não podiam se comunicar umas com as outras.
PR A

Em 1969, surgiu a ARPAnet, ligando apenas computadores de centros de pesqui-


sas acadêmicos e militares nos Estados Unidos. A primeira demonstração oficial
LP

BI

foi feita no dia 21 de novembro. Dois anos depois, já eram 24 centros interligados.
O projeto era chamado ARPAnet porque foi encomendado pela ARPA (Departa-
IA

mento of Defense’s Advanced Research Project Agency) a um grupo de talento-


sos engenheiros de computação liderado por J. C. R. Licklider e Robert Taylor.
ER

Somente em 1981 a ARPAnet deu lugar à Internet, abrindo o acesso à pesqui-


sa acadêmica e permitindo o acesso de centros estrangeiros. No ano de 1992,
AT

a Internet ultrapassou a marca de 1 milhão de estações interligadas, servindo a


1. Levar o aluno
a perceber que o
aproximadamente 10 milhões de usuários. Começou aí a exploração comercial da
M

texto tem como rede. A Internet atual é um complexo de redes interconectadas em que milhões
objetivo predomi- de pessoas de todo o planeta compartilham serviços e trocam mensagens.
nante transmitir
informações que
mostram, de for-
ma cronológica, DUARTE, Marcelo. O livro das invenções. São Paulo: Cia das Letras, 1997, p. 141.
os passos dados
na direção de se
criar a Internet.
1. Ninguém produz um texto sem qualquer finalidade. Toda e qualquer produ-
Os verbos no pas- ção textual sempre é elaborada conforme a intenção de seu emissor. Com que
sado, os nomes
dos cientistas, as
objetivo o texto de Marcelo Duarte foi elaborado? Justifique sua resposta.

16 2. Quanto ao contexto em que foram dados os primeiros passos para a elabora-


ção do projeto que, mais tarde, possibilitou a criação da Internet:
datas e os locais mencionados são alguns dos elementos textuais que confirmam o caráter informativo.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 16 25/08/2022 15:25:48


a) que situação política motivou aquele projeto?
b) quais eram as limitações técnicas existentes? a) No início dos anos 1960,

A,
durante a Guerra Fria,
c) que benefícios o projeto propiciou? quando havia o temor de que
pudesse acontecer uma guer-

IC
3. Para você, a internet é imprescindível? Justifique sua resposta com argumen- ra nuclear. Recomenda-se
tos e exemplos. que o aluno seja incentivado

O ÓG
a pesquisar mais informa-
ções referentes a esse fato
4. Com a orientação de seu professor, você e seus colegas vão produzir um Júri histórico.
simulado. b) “Naquele tempo, não

SÃ G
havia sistemas-padrões de
operação de computadores.
Júri simulado

ES DA
As máquinas não podiam
se comunicar umas com as
outras”.
Tema: é possível viver sem internet?

PR PE
c) Num primeiro momento,
favoreceu “o acesso à pesqui-
Orientações gerais sa acadêmica permitindo o
acesso de centros estrangei-

IM ISE
1. A classe será dividida em quatro grupos: o grupo A constituído por alunos
e alunas que consideram a internet imprescindível; o grupo B, formado por
quem não a vê como imprescindível; o Grupo C, que atuará como organiza-
ros”. Posteriormente, “com
a exploração comercial da
rede”, milhões de usuários de
todo o mundo puderam fazer
AL
uso da Internet.
dor do debate e Júri; e o Grupo D, que fará a cobertura jornalística do evento.
3. Resposta livre. Importante
2. Os Grupos A e B deverão se reunir para levantar argumentos e discutir es- que sejam apresentadas
DO N

tratégias de defesa de suas ideias. Cada grupo elegerá dois oradores para de- as diferentes opiniões e a
força dos argumentos e dos
A

fender essas ideias. exemplos. Incentivar a mani-


A

festação de ideias que fujam


3. O Grupo C se reúne para definir quais as regras que regerão o debate, determi-
OI RA

ao senso comum, desde que


nando, por exemplo, o espaço a ser ocupado pelos oradores, o tempo de exposi- bem argumentadas. Esta
atividade servirá como ponto
ção para cada grupo, o comportamento dos integrantes de cada grupo. O Grupo
PR A

de partida para a realização


C escolherá o(a) Juiz (Juíza) e seus auxiliares, bem como os componentes do Júri. do Júri Simulado (proposta
LP

que virá a seguir).


BI

4. O Grupo D reúne-se para estabelecer que tipo de jornalismo realizará: radio-


jornal, telejornal ou jornal impresso? Em seguida, estabelecer as atividades
IA

de cada integrante.
5. Os Grupos A, B e C elegerão uma pessoa de cada grupo que ficará responsá-
ER

vel por redigir um relato da atividade desenvolvida.


6. Sob o comando do(a) Juiz (Juíza), instala-se o Júri simulado com a apresen-
AT

tação das regras. A partir daí, segue-se o debate até o final, quando o Júri
anunciará o seu voto.
M

7. Antes, durante e após a realização do Júri, o Grupo D realizará as atividades


necessárias para a cobertura do evento.
8. Após a emissão do voto, são apresentados os relatos elaborados pelos inte-
grantes dos Grupos A, B e C.
9. Ao final, abre-se um debate geral com participação livre para avaliar a ativi-
dade realizada.
10. No dia seguinte, o Grupo D apresenta para a sala a cobertura jornalística do
evento.
17

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 17 25/08/2022 15:25:49


DA TEORIA À PRÁTICA
1. Revendo o Ato de Comunicação para seguir
em frente

A,
Observe o esquema, já conhecido por você.

IC
O ÓG
REFERENTE
(CONTEXTO)

SÃ G
CÓDIGO

ES DA
EMISSOR MENSAGEM DESTINATÁRIO

PR PE
CANAL
(CONTATO)

IM ISE Você já está inteirado de que esse esquema apresenta os elementos necessá-
rios a todo e qualquer ato de comunicação.
AL

Por ele, compreende-se que a comunicação processa-se quando um emis-


sor (ou remetente) elabora uma mensagem dirigida a um destinatário. Para
DO N

isso, o emissor deve codificar sua mensagem e fazer com que ela chegue ao seu
A

destinatário por meio de um canal. Todos esses elementos estão envolvidos pelo
A

referente (ou contexto), que corresponde tanto ao assunto que é tratado quanto
OI RA

à situação em que ocorre o ato de comunicação.


Leia o texto do Ministério da Saúde, publicado em 1 de dezembro de 2020,
PR A

com os dados sobre os casos de AIDS no Brasil.


LP

BI
IA
ER

Casos de Aids diminuem no Brasil


AT
M

Publicado: última modificação:


01.12.2020 - 15:18 01.02.2021 - 10:57

O Brasil tem registrado queda no número de casos de infecção por Aids nos últi-
mos anos. Desde 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção da doen-
ça no país, que passou de 21,9/100 mil habitantes em 2012 para 17,8/100 mil

18

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 18 25/08/2022 15:25:50


habitantes em 2019, representando um decréscimo de 18,7%. A taxa de mortali-
dade por Aids apresentou queda de 17,1% nos últimos cinco anos. Em 2015, fo-
ram registrados 12.667 óbitos pela doença e em 2019 foram 10.565. Ações como

A,
a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnós-
tico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos. […]

IC
O ÓG
DADOS DA DOENÇA
Atualmente, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, 89% foram

SÃ G
diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em

ES DA
tratamento não transmitem o HIV por via sexual por terem atingido carga viral
indetectável. Em 2020, até outubro, cerca de 642 mil pessoas estavam em trata-
mento antirretroviral. Em 2018 eram 593.594 pessoas em tratamento.

PR PE
No Brasil, em 2019, foram diagnosticados 41.919 novos casos de HIV e 37.308 ca-
sos de Aids. O Ministério da Saúde estima que cerca de 10 mil casos de Aids foram
IM ISE
evitados no país, no período de 2015 a 2019. A maior concentração de casos de
Aids está entre os jovens, de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil
AL
registros. Os casos nessa faixa etária correspondem a 52,4% dos casos do sexo
masculino e, entre as mulheres, a 48,4% do total de casos registrados.
DO N

O enfrentamento à doença não parou durante a pandemia da Covid-19. O Minis-


tério da Saúde expandiu a estratégia de dispensação ampliada de antirretrovirais
A

(ARV) de 30 para 60 ou até 90 dias. Hoje 77% dos pacientes em tratamento tem
A
OI RA

dispensação para 60 e 90 dias , em 2019 eram 48%. Além disso, o uso de autotes-
tes foi ampliado com o objetivo de reduzir o impacto na identificação de casos de
HIV por conta da pandemia. A pasta também garantiu a oferta de teste anti-HIV
PR A

para pacientes internados com síndrome respiratória. Neste ano, até outubro, o
LP

BI

Ministério da Saúde distribuiu 7,3 milhões de testes rápidos de HIV, 332 milhões
de preservativos masculinos e 219 milhões femininos. […]
IA

De 2015 a 2019, houve redução de 22% na taxa de detecção de aids em meno-


res de 5 anos. Passando de 2,4 em 2015 (348 casos) para 1,9 casos (270 casos)
ER

por 100 mil habitantes em 2019. A taxa de detecção de aids em menores de 5


anos tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da transmissão
AT

vertical do HIV, quando a transmissão acontece durante a gestação, o parto


ou amamentação.
M

Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente


Transmissíveis. Ministério da saúde. In: http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/casos-de-
aids-diminuem-no-brasil. Consulta realizada em 19 de abril de 2022. (Fragmentos)

19

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 19 25/08/2022 15:25:50


1. O emissor é o Departa- Em relação ao texto:
mento de Doenças de Con-
dições Crônicas e Infecções 1. Identifique o seu emissor.
Sexualmente Transmissíveis,
do Ministério da Saúde.
2. Identifique o seu destinatário.
2. O texto foi produzido para
o público em geral, principal- 3. Caracterize o código utilizado em sua elaboração.
mente para as pessoas que
trabalham ou se interessam 4. Identifique o canal utilizado para fazê-lo chegar até o seu destinatário.

A,
pelo tema saúde.
3. Para construir sua men- 5. Identifique o elemento mensagem.

IC
sagem, foi utilizada como
código palavras da Língua 6. Identifique o seu contexto (seu referente).
Portuguesa.

O ÓG
4. Para que sua mensagem
chegasse a seus destinatários,
o texto foi publicado em site
2. Funções da linguagem

SÃ G
do Ministério da Saúde. O
canal utilizado foi a internet. Você já percebeu que todo Ato de Comunicação é produzido para alcan-

ES DA
5. A mensagem é caracteri- çar algum objetivo. Ou seja, o emissor sempre tem alguma intenção ao elaborar
zada pelo texto em si, tanto a sua mensagem. Quanto ao texto “Casos de AIDS diminuem no Brasil”, pode-se
pelo assunto que ele preten-
de comunicar quanto pela notar que há uma forte intenção de apresentar os dados para que os leitores pos-

PR PE
própria elaboração (palavras, sam compreender de forma objetiva as informações.
parágrafos, pontuação).
6. Há um referente (contexto) Aos objetivos ou intenções pretendidas pelo emissor da mensagem é que
IM ISE
envolvendo toda a produção
da mensagem: os dados es-
tatísticos sobre o tratamento
e prevenção da AIDS, bem
se dá o nome de funções da linguagem. Como cada uma delas está associada a
um dos elementos do Ato de Comunicação, existem seis funções da linguagem:
AL
como os conhecimentos e os • Expressiva (ou Emotiva)
interesses que tanto o emis-
sor quanto os destinatários • Conativa (ou Apelativa)
DO N

possuem em relação a esse


assunto. • Referencial
A

• Fática
A
OI RA

• Metalinguística
• Poética
PR A
LP

Você vai conhecer as características de cada uma dessas funções e textos que
BI

as exemplifiquem.
IA
ER

Função Expressiva (ou Emotiva)


AT
M

20

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 20 25/08/2022 15:25:50


Você está com vontade de assistir a um filme que estreou recentemente.
Porém não tem certeza de que irá gostar dele. Para confirmar se deve ou não ir
ao cinema, procura ler críticas que avaliem aquele filme. Isto é, você quer saber as
opiniões de especialistas e tomá-las como referência. Que função da linguagem
está presente nesse tipo de texto? A função expressiva ou emotiva.
O que caracteriza essa função é o emprego da linguagem para expressar

A,
opiniões e/ou sentimentos do emissor, como se pode perceber nos trechos as-
sinalados em fragmento de matéria jornalística publicada no caderno Folhateen,

IC
do jornal Folha de S. Paulo, no dia 11 de junho de 2007.

O ÓG
SÃ G
ES DA
A internet encheu o saco

PR PE
Frustração e cansaço levam jovens a abandonar o

IM ISE computador e a viver no mundo real

Juliana Lopes
AL

Você liga o computador e se conecta. Mal o sistema carregou, entra no Orkut, no


MSN e abre o Soulseek. Enquanto responde a mais de dez “olás” no MSN, checa
DO N

novos recados no Orkut e entra no fotolog de um desconhecido que te deixou


A

um recado. As janelas do MSN pipocam na tela: colegas de classe perguntam so-


A
OI RA

bre o trabalho que vão fazer on-line, seu namorado te dá bronca por causa de
algum scrap. Então você abre seu blog para desabafar quando percebe que... está
zonzo. Levanta da cadeira, olha o relógio e entra em pane. Arranca o computador
PR A

da tomada e assume: “Cansei de internet!!!”.


LP

BI

Essa história é parecida com a de Ricardo Barbosa, 15, que passou mal de tanto
navegar na rede há três meses. “Comecei a ficar tonto, levantei assustado e
IA

falei: “Meu, o que é isso? Passei seis horas aqui! Não acredito!’”
ER

E, o pior, ele não fazia nada de útil: “Foi simplesmente uma pausa na minha
vida, não aconteceu nada”. Depois desse episódio, Ricardo decidiu nunca mais
AT

deixar de jogar futebol nem de encontrar os amigos para ficar na net. “Foi uma li-
ção. Tem uma hora que chega”, diz o garoto, que desconfia ainda estar viciado.
M

21

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 21 25/08/2022 15:25:50


Giovanna Caboclo, 16, de Mogi das Cruzes, tomou uma atitude radical aos 14 anos.
“Ficava o dia inteiro no MSN, uma coisa horrível. Falar pelo MSN é fácil, por-

A,
que você monta as palavras direitinho. Mas ao vivo eu tinha medo de falar
alguma besteira. Isso me deixava nervosa”, diz a estudante que, para resolver seu

IC
problema de ansiedade, ficou um ano sem entrar na internet. “Na net as pessoas
querem parecer perfeitas e ficam fuçando as vidas das outras. Você fica meio

O ÓG
louca, entende?”
Estudante de cursinho, Maria Reininger, 18, abandonou blog e flog (blog com foto).

SÃ G
“Encheu o saco. No começo é novidade, as pessoas comentam as babosei-
ras que você escreve. Depois, você cansa de ficar andando com a máquina

ES DA
fotográfica embaixo do braço para tirar fotos pro seu flog. Prefiro gastar
meu tempo jogando rugby”, conta a garota. [...].

PR PE

Antonio Guillem/Shutterstock
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA

LOPES, Juliana. A internet encheu o saco, Folha de S. Paulo, 11 de junho de 2007. Disponível
ER

em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm1106200708.htm>. Acesso em: 4 jul. 2017.


AT

Nos trechos destacados observa-se a predominância de verbos e de prono-


mes de primeira pessoa, ou seja, são escolhas associadas ao emissor da mensa-
M

gem e revelam sua opinião e/ou seu sentimento.


A escolha desse tipo de palavra é característica da função expressiva ou
emotiva. Porém, é possível construir uma mensagem predominantemente ex-
pressiva ou emotiva sem utilizar marcas de primeira pessoa? Sim.
Leia como exemplo o texto de Marco Aurélio Canônico, que faz uma crítica
de cinema publicada no caderno Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo, do dia 01
de fevereiro de 2008:

22

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 22 25/08/2022 15:25:51


Amizade entre garoto e criatura
rende bom infantil

A,
IC
Marco Aurélio Canônico

Reprodução
O ÓG
Crianças com bichos de estimação pouco usuais podem render toda sorte de
filmes – vide Gremlins (1984), Um hóspede do barulho (1987) etc.

SÃ G
Sendo uma criança escocesa o foco de Meu Monstro de Estimação, que estreia

ES DA
hoje, o bicho bizarro da vez não poderia ser outro que não o monstro do lago
Ness – Nessie, como os britânicos carinhosamente o chamam, ou Crusoé, como o
jovem Angus, seu dono, o apelida.

PR PE
A história, contada em flashback por um senhor (o eterno coadjuvante Brian Cox)
num pub (falando em estereótipos...), se passa durante a Segunda Guerra, quando

IM ISE
os países da ilha viviam sob tensão dos iminentes ataques alemães.
Criança solitária e retraída desde que seu pai foi convocado à guerra, deixando-o Disponível em: <http://
AL
com sua mãe (a boa Emily Watson) e irmã mais velha, Angus MacMorrow encon- www.adorocinema.com/
tra uma pedra estranha na praia e a leva para casa, só para descobrir que o troço filmes/meu-monstro-
é um ovo de um bicho incomum. de-estimacao/meu-
DO N

monstro-de-estimacao-
Incomum e de crescimento acelerado, o que se torna um problema quando a poster01.jpg>
A

mansão da família MacMorrow vira base para os militares britânicos – além de


A

casa para um novo e misterioso zelador – e o garoto Angus não consegue mais
OI RA

Reprodução
esconder seu mascote.
Bons efeitos especiais
PR A

Com efeitos especiais a cargo dos oscarizados neozelandeses da Weta Digital (O


LP

BI

Senhor dos Anéis, King Kong), a qualidade visual da criatura é o ponto alto do filme
– um monstrinho fofinho enquanto bebê e gigantesco quando adulto.
IA

A propósito, o “monstro” do título em português, por ser mais comumente usado


com carga negativa, não faz jus ao bicho do filme nem a seu título original, “The
ER

Water Horse”, o cavalo d’água – já que Angus o cavalga em passeios aquáticos.


AT

Como é praxe nesse tipo de filme, a tenra relação entre o garoto e o animal é o
mote da história: são dois órfãos, cada um a seu modo, que encontram compa-
nhia e amadurecimento em sua convivência. Disponível em: <http://
M

www.adorocinema.com/
Os belos visuais das locações e a ágil narrativa, pontuada com humor e suspense, filmes/meu-monstro-
deixam em segundo plano os deslizes geográficos (como o inexistente encontro de-estimacao/meu-
do lago Ness com o oceano) e históricos (como a data da falsa foto do monstro). monstro-de-estimacao-
poster03.jpg>.
É um filme estritamente infantil e que certamente agradará aos pequenos – mas tam-
bém deve forçar os pais a negociarem, no mínimo, um peixinho de aquário pós-cinema.

CANÔNICO, Marco Aurélio. Amizade entre garoto e criatura rende bom infantil.
Folha de São Paulo, 01 de fevereiro de 2008. Disponível em: <http://www1.
folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0102200814.htm>. Acesso em: 4 jul. 2017. 23

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 23 25/08/2022 15:25:52


No texto em que Marco Aurélio Canônico avalia o filme Meu monstro de
estimação, não há qualquer marca de primeira pessoa, no entanto é fácil perceber
a opinião do crítico. De imediato, no título, a presença do adjetivo bom, na ex-
pressão “rende bom infantil”, mostra que o autor recomenda o filme.
Ao longo do texto, há outras expressões que confirmam essa recomendação,
tais como: “a qualidade visual da criatura é o ponto alto do filme”; “monstrinho

A,
fofinho”; “Os belos visuais das locações e a ágil narrativa”; “certamente agradará
aos pequenos”.

IC
O ÓG
SÃ G
Função Conativa (ou Apelativa)

ES DA
PR PE
Todas as mensagens são elaboradas com a perspectiva de chegar até seu des-
IM ISE tinatário. Mas há um tipo de mensagem que, além de alcançá-lo, é produzida
com a intenção de fazer com que ele atenda aos interesses (ou às necessidades) do
emissor. Nesse caso, a função da linguagem denomina-se conativa ou apelativa:
AL

a linguagem é trabalhada com o objetivo de persuadir o destinatário.


DO N

Geralmente, a intenção de o emissor tentar persuadir o destinatário eviden-


cia-se pelo emprego de verbos no modo imperativo; de verbos conjugados na
A

segunda pessoa; ou pela presença de vocativo.


A
OI RA

No dia a dia, a função conativa pode ser notada em situações convencionais.


Exemplo: Alguém:
PR A

• solicita algo (“Garçom, por favor, traga mais um prato.”);


LP

BI

• pede favores (“Por gentileza, pegue o livro que está em cima da mesa.”);
IA

• dá ordens (“Feche a porta!”);


ER

• dá conselhos (“Guarde um pouco de dinheiro na poupança.”);


• ou faz algum apelo (“Socorro! Socorro!”).
AT
M

Função Referencial

24

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 24 25/08/2022 15:25:52


A função referencial caracteriza-se pelo emprego da linguagem com a in-
tenção de transmitir informações para seu destinatário. Nesse caso, o emissor
procura utilizar a linguagem denotativa, ou seja, seleciona o código e o organiza
de tal forma que sua mensagem seja marcada pela objetividade. Por esse motivo,
a função referencial está muito presente em textos jornalísticos e científicos.
Leia a notícia publicada na revista Galileu, em 18 de abril de 2022.

A,
IC
O ÓG
Texto chinês pode conter primeiro

SÃ G
ES DA
relato de aurora boreal, revela

PR PE
estudo
IM ISE
Presente nos “Anais de Bambu”, escritura possivelmente datada do século 4 a.C.
menciona “luz de cinco cores” vista no céu — três séculos antes do registro que se
AL
acreditava ser o mais antigo.

REDAÇÃO GALILEU
DO N

18 ABR 2022 - 15H21 ATUALIZADO EM 18 ABR 2022 - 15H21


A
A

As auroras, fenômenos belíssimos que iluminam o céu nos polos do planeta, intri-
OI RA

gam a humanidade há séculos. Pesquisadores identificaram em um antigo texto


chinês, provavelmente do século 4 a.C., o que pode ser a referência mais antiga a
PR A

uma aurora boreal.


LP

A escritura faz parte dos chamados Anais de Bambu (ou Zhushu Jinian, em man-
BI

darim), que descrevem a história da China desde os tempos lendários até o perío-
do em que foram fabricados. Sua análise está detalhada em estudo publicado na
IA

revista Advances in Space Research.


ER

Os autores da pesquisa são o pesquisador canadense Marinus Anthony van der


Sluijs e Hisashi Hayakawa, da Universidade de Nagoya, no Japão. A dupla acredi-
ta que os Anais citam uma possível aurora, três séculos antes do registro que se
AT

acreditava ser o mais antigo. Esse está presente em tábuas cuneiformes contendo
inscritos de astrônomos assírios do período entre 679 e 655 a.C.
M

Outro possível registro primário de uma aurora é um pouco mais recente, de 567
a.C., e estava no diário astronômico do rei babilônico Nabucodonosor II.
Embora a crônica chinesa seja conhecida há muito tempo, os pesquisadores a
analisaram com um novo olhar, encontrando a menção de uma “luz de cinco co-

25

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 25 25/08/2022 15:25:53


res” vista ao norte do céu noturno, no final do reinado do rei Zhao, da dinastia
Zhou.

A,
O ano do ocorrido é incerto, mas a cronologia da China sugere que a aurora pode
ter acontecido em 977 a.C ou em 957 a.C., dependendo de como o reinado de

IC
Zhao é datado. Os cientistas apontam que o registro é consistente com o que teria
sido uma enorme tempestade geomagnética.

O ÓG
Como se sabe que o polo norte magnético da Terra estava inclinado para o lado
eurasiano em meados do século 10 a.C., cerca de 5° mais próximo da China central

SÃ G
do que atualmente, os pesquisadores estimam que a aurora pode ter sido visível
para os chineses daquela região durante perturbações magnéticas.

ES DA
Descobrir o relato da possível aurora nos Anais de Bambu demorou bastante, pois
o manuscrito original foi perdido, sendo redescoberto só no século 3 d.C. Ainda

PR PE
assim, ele ficou desaparecido novamente durante a Dinastia Song. A confusão só
aumentou no século 16, quando uma versão alterada do texto foi impressa e dizia
que o objeto no céu não era uma luz de cinco cores, mas um cometa.
IM ISE O novo estudo revela que essa leitura não era a original, mostrando o que seria a
descrição da aurora. Esse tipo de dado, segundo os pesquisadores, pode benefi-
AL
ciar a comunidade científica, ajudando a modelar padrões sobre o clima espacial
e a atividade do Sol.
DO N

Embora a crônica chinesa seja conhecida há muito tempo, os pesquisadores a


A

analisaram com um novo olhar, encontrando a menção de uma “luz de cinco co-
res” vista ao norte do céu noturno, no final do reinado do rei Zhao, da dinastia
A
OI RA

Zhou.
“Relatórios históricos de auroras estendem nosso conhecimento sobre erupções
PR A

solares e variabilidade solar de longo prazo na escala de tempo milenar além da


LP

cobertura cronológica de observações instrumentais”, escrevem os autores.


BI
IA

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2022/04/
ER

texto-chines-pode-conter-primeiro-relato-de-aurora-boreal-revela-
estudo.html. Consulta realizada no dia 19 de abril de 2022.
AT

Neste texto, a preocupação do emissor é a de informar sobre uma descober-


ta arqueológica e dar detalhes históricos sobre o evento. Por isso, a mensagem é
M

organizada de tal forma que o leitor possa, com objetividade, conhecer como foi
realizada a pesquisa e descoberta. Destacam-se os verbos conjugados na terceira
pessoa.
Como exemplo de divulgação científica, leia a seguir os trechos de um artigo
publicado na revista Galileu.

26

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 26 25/08/2022 15:25:53


Pesquisadores descobrem 5,5 mil

A,
novos tipos de vírus de RNA nos

IC
oceanos

O ÓG
SÃ G
REDAÇÃO GALILEU
10 ABR 2022 - 14H08 ATUALIZADO EM 10 ABR 2022 - 14H08

ES DA
Em um estudo que coletou amostras de  água do oceano em diversas partes do
mundo, um time internacional de pesquisadores desvendou novos achados so-

PR PE
bre os vírus de RNA — microrganismos cujo material genético é constituído pelo 
ácido ribonucleico (RNA) — que vivem nos mares do planeta. As descobertas fo-
ram publicadas na última quinta-feira (7), na respeitada revista  Science.
IM ISE
Com auxílio de técnicas de aprendizado de máquina, a equipe identificou 5,5 mil-
novas espécies de vírus desse tipo. Segundo os autores, elas representam todos
AL
os cinco filos de vírus de RNA existentes atualmente, mas não só: novas divisões
precisariam ser criadas para classificar corretamente todos os microrganismos
DO N

descobertos no trabalho. […]


A
A

Achados de milhões
OI RA

Em 2019, Sullivan e sua equipe catalogaram uma grande quantidade de vírus de


DNA — aqueles cujo código genético é composto pelo ácido desoxirribonucleico
PR A

(DNA) — nos oceanos. Se entre 2015 e 2016 apenas alguns milhares eram conhe-
LP

cidos, no ano da publicação do artigo o número saltou para 200 mil.


BI

Para conduzir o novo estudo, os pesquisadores extraíram códigos genéticos ex-


IA

pressos em organismos que flutuam no mar e restringiram a análise a sequências


de RNA que continham um gene de assinatura, chamado RdRp, que evoluiu por
ER

bilhões de anos em vírus de RNA e está ausente em outros vírus ou células.


A equipe usou aprendizado de máquina para organizar 44 mil sequências de ma-
AT

neira que pudesse lidar com bilhões de anos de divergência no genoma viral,
e validou o método mostrando que a técnica poderia classificar com precisão
M

sequências de vírus de RNA já conhecidos.


Todos esses achados permitiram aos pesquisadores identificar não só os cinco no-
vos filos, mas também ao menos 11 novas classes de vírus de RNA. A equipe pre-
tende pedir formalmente ao Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, na
sigla inglês) para que considere as descobertas do estudo.

https://revistagalileu.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2022/04/
pesquisadores-descobrem-55-mil-novos-tipos-de-virus-de-rna-nos-oceanos.
html. Consulta realizada em 19 de abril de 2022. (Fragmento)
27

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 27 25/08/2022 15:25:53


O autor do texto teve a preocupação de informar o leitor quanto ao assunto
da pesquisa, bem como explicar os detalhes e a conclusão. O que caracteriza
a linguagem, além do emprego de um vocabulário específico (relacionado ao
tema), é a presença de verbos na terceira pessoa e a busca da objetividade.

A,
Função Fática

IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
Será que toda e qualquer mensagem é elaborada com a intenção de opinar? De
persuadir? Ou de passar informações?
Veja, por exemplo, a transcrição de um trecho de bate-papo virtual:

PR PE
(19:44:57) Juno Entra na sala...

IM ISE (19:44:59) ccelo Entra na sala...

(19:45:04) ccelo fala para Todos: boa...


AL
(19:45:08) Juno fala para Todos: i ae Ccelo
(19:45:16) ccelo fala para Juno: hiahiaa! q q tem q faze aki/:!
DO N

(19:45:19) Juno fala para Todos: nossa, que dahora.. isso ein
(19:45:36) ccelo fala para Juno: aihhiahiahiaa!!!!!!
A

(19:45:49) ccelo fala para Juno: fala pra cynthia entrar ae


A
OI RA

(19:46:17) cynthia Entra na sala...


PR A

(19:46:27) Juno fala para Todos: nossa ein bombando


(19:46:30) cynthia fala para Todos: oiiii
LP

BI
IA

Como este trecho transcreve a fase inicial de uma sessão de bate-papo pela
Foto: Wikimedia Commons

internet, fica evidente que a intenção de cada participante, ao “entrar” na sala, é


ER

a de estabelecer contato com as outras pessoas. Observe os trechos destacados


em itálico.
AT

Elaborar mensagens com esse objetivo caracteriza a função fática. Nesta


função, a linguagem é empregada com a intenção de, primeiramente, abrir con-
M

tato com o destinatário e, depois, manter esse canal aberto. Esta função pode se
apresentar de diferentes formas: ruídos, falar alto, repetição, recursos gráficos
(tais como tamanho da fonte, cores etc.).
Observe, por exemplo, na capa de uma revista, como se procura fazer conta-
to com um possível leitor.

28

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 28 25/08/2022 15:25:54


Na capa desta revista, a função fática pode ser notada, por exemplo, na es-
colha de tipos gráficos de tamanhos variados, dos quais se destacam aqueles em-
pregados para realçar a palavra Literatura – que ocupa a parte superior da capa
em toda a sua dimensão horizontal – e no uso da cor amarela que é repetida em
dois momentos, em especial: na identificação do nome da revista (Literatura) e
no destaque dado ao nome do escritor Fernando Pessoa. Outro elemento que

A,
caracteriza a função fática está presente na imagem do escritor – o seu corpo
ocupa o primeiro plano do espaço da capa.

IC
O ÓG
Função Metalinguística

SÃ G
ES DA
PR PE
Quando ocorre a produção de uma mensagem que tem como objetivo utili-

IM ISE
zar a linguagem para explicar ou definir sua própria linguagem, caracteriza-se o
emprego da função metalinguística.
Você, certamente, já assistiu a um making of de algum filme. Qual é o objeti-
AL

vo de um making of? É o de mostrar ao destinatário como certo filme foi realiza-


do, explicando, por exemplo, como surgiu a sua ideia ou como foram construídas
DO N

algumas das cenas. Qual é o código utilizado para a produção de um making of?
A

O mesmo que foi empregado no filme: palavras faladas e/ou escritas; imagens em
A

movimento; música.
OI RA

O exemplo mais evidente de utilização da função metalinguística é o di-


cionário. Observe isso na transcrição do verbete Internet conforme aparece no
PR A

Dicionário Michaelis:
LP

BI
IA
ER

In.ter.net
AT

sf (inter+ingl net, rede) Inform Rede remota internacional de ampla área geográfi-
M

ca, que proporciona transferência de arquivos e dados, juntamente com funções


de correio eletrônico para milhões de usuários ao redor do mundo.

MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa.


São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998, p. 1169.

29

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 29 25/08/2022 15:25:54


Na elaboração desta mensagem, empregou-se a linguagem verbal escrita. As-
sim, para definir a palavra Internet, foram utilizadas outras palavras, ou seja, a
linguagem “fala” da própria linguagem.
Veja, no exemplo a seguir, como a função metalinguística está presente na
tira produzida por Maurício de Sousa:

A, © Mauricio de Sousa Editora Ltda.


IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
Observe que, no segundo quadrinho, o personagem Bidu vira a cabeça em
IM ISE direção ao leitor e é para o leitor que ele faz o comentário em que explicita que
a tira é que é branco e preto: neste momento, fica evidente a presença da função
AL
metalinguística – a linguagem dos quadrinhos falando do próprio quadrinho.
DO N
A
A

Função Poética (ou Estética)


OI RA
PR A
LP

BI

Ao elaborar uma mensagem, há algo a se dizer. Quando o emissor se preocu-


IA

pa com o como deverá dizer, ele procura selecionar, dentro do código, elementos
que tenham maior efeito sobre o destinatário. Se a intenção do emissor é em-
ER

pregar a linguagem de tal forma que fique concentrada na própria mensagem,


ocorre, então, a função poética. O que a caracteriza é a busca de uma linguagem
AT

carregada de sonoridade, produzindo efeitos que despertem o senso estético do


destinatário. Por isso, ela também recebe o nome de função estética.
M

Pelas características apresentadas, é possível compreender que a função poé-


tica ou estética está associada às produções de mensagens artísticas, tais como
literatura, artes plásticas, música. Veja, na letra da música Pela Internet, composta
por Gilberto Gil em 1996, como as palavras foram selecionadas de modo a desta-
car a construção da própria mensagem.

30

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 30 25/08/2022 15:25:55


Pela Internet

A,
Criar meu web site

IC
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes

O ÓG
Se faz uma jangada
Um barco que veleje

SÃ G
Que veleje nesse infomar

ES DA
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

PR PE
Um barco que veleje nesse infomar

IM ISE
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
AL
Num site de Helsinque
Para abastecer
DO N
A

Eu quero entrar na rede


Promover um debate
A
OI RA

Juntar via Internet


Um grupo de tietes de Connecticut
PR A
LP

BI

De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
IA

Um vírus pra atacar programas no Japão


ER

Eu quero entrar na rede pra contactar


Os lares do Nepal, os bares do Gabão
AT

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular


Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar
M

GIL, Gilberto. Pela internet. In: Gilberto Gil. Quanta. Warner Musica, 1997, CD, faixa 11

31

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 31 25/08/2022 15:25:55


Na criação desta letra, é possível perceber que Gilberto Gil selecionou pala-
vras e construiu os versos de modo a dar ênfase ao ritmo e à sonoridade das pa-
lavras. Essa elaboração é coerente com o fato de se tratar de um texto criado para
ser cantado. Trata-se de escolhas que mostram a presença da função poética.
Mas há outros recursos, ao longo do texto, que indicam a predominância dessa
função. A seguir, alguns deles são destacados.

A,
a) Ao identificar seu texto com o título “Pela internet”, Gilberto Gil estabelece um
“diálogo” com outro texto significativo da Música Popular Brasileira: a música

IC
“Pelo telefone”, de autoria de Donga (Ernesto dos Santos) e Mauro de Almeida,

O ÓG
gravada em 1917. Essa relação vai além do título. Compare o trecho:
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular

SÃ G
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

ES DA
com este de “Pelo telefone”
O chefe da polícia pelo telefone manda lhe avisar

PR PE
Que na Carioca tem uma roleta para se brincar

IM ISE É como se Gilberto Gil “atualizasse” a letra do samba de 1917.


b) Elaboração de frases e a criação de palavras que desenvolvem a ideia de
AL

que a utilização da internet se assemelha com o ato de navegar:


DO N
A

Com quantos gigabytes


A
OI RA

Se faz uma jangada


PR A

Que veleje nesse infomar


LP

BI

Que aproveite a vazante da infomaré


IA

Ao porto de um disquete de um micro em Taipé


ER
AT

c) Foram escolhidas palavras e expressões pertencentes. ao campo semântico


da internet (web site, home-page, gigabytes, disquete, micro, e-mail, hot-link,
M

site, rede, acessar, hacker, vírus, programas, contactar). Esta escolha parece
ser óbvia, uma vez que o texto tem como referência a internet, porém, o pre-
domínio da língua inglesa revela a forte influência da cultura norte-ameri-
cana (dado que se trata de uma tecnologia desenvolvida a partir dos Estados
Unidos) e o caráter de contemporaneidade do autor do texto – mostra-se
como alguém preso ao seu tempo e preocupado com ele.

32

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 32 25/08/2022 15:25:55


d) Há referência a diferentes cidades (Taipé, Helsinque, Connecticut, Milão);
países (Japão, Nepal, Gabão) e até mesmo a uma praça do Rio de Janeiro
(praça Onze) para enfatizar que a internet permite interligar diversos e
distantes locais do mundo.
Assim, Gilberto Gil, ao transmitir opiniões despertadas pela grande presença
da internet na vida das pessoas, pois se trata de importante instrumento de co-

A,
municação, procurou elaborar seu texto de forma a fazer com que sua construção
tivesse maior relevância, ou seja, a mensagem concentrou-se na própria mensa-

IC
gem. Daí, neste texto, predomina a função poética ou estética.

O ÓG
Uma mensagem, várias funções

SÃ G
Para finalizar, deve-se destacar, ainda, que nas mensagens, raramente, é uti-

ES DA
lizada apenas uma função da linguagem. Quase sempre, há várias funções pre-
sentes. Contudo, sempre haverá uma função predominante que será determina-
da de acordo com a intenção com que a mensagem foi elaborada.

PR PE
Para melhor compreensão observe a reprodução da capa do livro “Iracema”,
de José de Alencar, publicado pela Edições Carambola. Perceba como nela estão
IM ISE
presentes várias funções. Mas qual delas é a predominante?
AL

O livro Iracema escrito por José de


Alencar, narra uma história de amor
Iracema
DO N

entre Iracema, a virgem tabajara con-


José de Alencar
sagrada a Tupã, e Mar�n, colonizador
A

1a edição
José de Alencar

português, inimigo do seu povo.


A
OI RA

O fruto desse amor, Moacir, representa


o primeiro cearense e a integração das
duas raças.
PR A
LP

BI

José Mariano de Alencar nasceu no Ceará.


Foi escritor, advogado, deputados, novelista
IA

e dramaturgo. É considerado precursor do


|

Roman�smo no Brasil.
Iracema
ER
AT
M

Carambola
Edições

Edições
Carambola

33

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 33 25/08/2022 15:25:58


Na reprodução, vê-se um livro aberto de tal maneira que a primeira capa, a
lombada e a quarta capa podem ser vistas em um único plano e como sendo a cons-
trução de uma mensagem que pode ser compreendida como um fundo em tom de
bege esverdeado, sobre o qual foram utilizados o código verbal (palavras) e o código
não verbal (imagem, linhas, formas e cores – em que predominam a preta, branca,
marrom, laranja). Essa mensagem pode ser descrita com mais detalhes:

A,
• No alto da primeira capa, no centro, em tipos grandes, destaca-se o título da
obra e logo abaixo, o nome do autor. Abaixo do nome do autor, encontra-se

IC
a expressão “1ª edição”.

O ÓG
• Também à direita, na parte inferior, há um conjunto de linhas onduladas
brancas, na vertical, que lembram as ondas do mar, ambiente em que acon-
tece a história de Iracema.

SÃ G
• O espaço central e à esquerda é ocupado por uma imagem de figura indígena

ES DA
feminina, representando Iracema, personagem principal da história narrada
no livro.

PR PE
• Na parte inferior, há a identificação da editora que publicou o livro.
• A lombada reproduz as mesmas informações da primeira capa, exceto pelo
IM ISE número da edição. Os dizeres estão dispostos na verticalidade da lombada,
na ordem de cima para baixo, e encerrados pelo logotipo.
AL

• No alto da quarta capa, à esquerda, aparece o conjunto de linhas onduladas,


parecidas com as da primeira capa, na vertical, na cor preta. Ao lado, está pu-
DO N

blicado um pequeno resumo sobre a história de Iracema e uma informação


A

sobre o autor José de Alencar.


A

• Na parte inferior da quarta capa, há duas imagens, superpostas, nas cores


OI RA

marrom e laranja. A primeira, por causa da cor marrom, pode remeter à


ideia de terra. A segunda, circular, formada por traços na cor laranja, lembra
PR A

um sol estilizado.
LP

BI

Dessa forma, pela descrição acima, evidencia-se que, tanto na primeira e quarta
capas, quanto na lombada, os destaques foram atribuídos ao código verbal (o nome
IA

do autor e o título) para que, de imediato, o público possa obter essas informações.
Eles foram elaborados de modo a fazer com que prevalecesse a função referencial.
ER

Essa mesma função está presente no logotipo, que identifica a editora.


AT

Pela localização e pelo tamanho desses enunciados, observa-se a presença da


função fática: eles atraem o olhar do leitor, despertando a sua atenção, exatamente
em direção àquelas informações.
M

Os elementos não verbais, por sua vez, caracterizam-se como função poética.
Eles, em contraponto à regularidade presente na formatação dos códigos verbais,
provocam um efeito de estranhamento e, na primeira capa, a imagem reforça as
características do personagem principal do livro.
Claro que o conjunto dos enunciados presentes – na primeira capa, em especial
– pode revelar a presença da função conativa, ou seja, há a intenção de persuadir o
público, em uma livraria, a, pelo menos, tomar aquele livro em suas mãos, a folheá-
34 -lo e, talvez, a comprá-lo.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 34 25/08/2022 15:25:58


Foi possível compreender que há quatro funções nesta mensagem, contudo
delas a função predominante é referencial, uma vez que, na produção desta capa,
a intenção principal foi a de informar o público de qual obra se trata e quem é
o seu autor.

APLICAÇÃO

A,
IC
1. Leia:

O ÓG
No décimo andar de um prédio comercial, um homem aguarda o elevador. Quando
este chega, o homem abre a porta, entra, aperta o botão 3. No elevador, além dele,

SÃ G
há mais dois homens. O homem cumprimenta-os vagamente:

ES DA
– Boa tarde!
– Boa tarde! – respondem simultaneamente os outros dois passageiros.

PR PE
Silêncio. Alguns segundos depois, o homem diz:
– Que frio!
IM ISE
Um dos homens responde:
– É. Está insuportável.
AL

a) Função fática. Ressaltar


Silêncio. Após alguns segundos, o homem diz: que, pelo fato de que as
DO N

pessoas não se conhecem, a


– Vocês trabalham neste prédio? linguagem é utilizada com a
A

intenção de estabelecer con-


– Eu trabalho, sim. No décimo quinto. tato. Trata-se de um recurso
A

para diminuir o constrangi-


OI RA

– Eu vim ao escritório da Dra. Joana. mento muito comum nessas


situações. Ampliar esta
– Ah! A especialista em aposentadoria. – diz o homem. noção, mostrando que, mes-
PR A

– É. É ela mesma. mo entre pessoas muito pró-


ximas, esse constrangimento
LP

BI

O elevador reduz sua velocidade e para no terceiro andar. O homem despede-se: ocorre quando elas estão em
um mesmo ambiente. Se não
– Até logo! houver troca de comunicação
IA

entre elas, pode indicar que


– Até. – respondem os outros dois. o relacionamento está ruim.
Assim, nesses casos, também
ER

a linguagem é utilizada como


forma de manter o canal
aberto. Provocar a apresenta-
AT

a) Qual é a função da linguagem que predomina nos diálogos apresenta- ção de exemplos vividos no
cotidiano dos alunos.
dos na situação acima? Justifique sua resposta. b) Função referencial. Perce-
M

ber que os trechos narrativos


b) Nos trechos que são narradas as ações dos personagens, qual é a função têm a intenção de informar
predominante? Justifique. a situação em que os fatos
acontecem, os personagens
envolvidos e suas ações.

35

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 35 25/08/2022 15:25:59


2. Leia a tira do cartunista Angeli:

Angeli
A,
IC
O ÓG
ANGELI. Folha de S. Paulo, 4 set. 2007, caderno Ilustrada.

SÃ G
a) Função expressiva ou

ES DA
emotiva. Perceber que o
personagem expressa seus a) Qual é a função de linguagem predominante na fala do personagem? Justifi-
sentimentos e suas opiniões. que.
Ressaltar que, embora

PR PE
somente no final ocorra o uso b) Na construção da tira como um todo, que função da linguagem predo-
de verbo da primeira pessoa,
as expressões anteriores mina? Justifique.
revelam o pensamento do
personagem.
IM ISE
b) Função poética. Neste
caso, realçar que os traços
3. Leia o primeiro capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis:
AL
elaborados por Angeli
procuram despertar o senso
estético do destinatário, em
DO N

especial, pela intenção humo-

Do Título
rística da tira. Além disso, há
A

a presença da função fática


(a cor vermelha e o formato
A

dos balões que chamam a


OI RA

atenção do destinatário).
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem
da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cum-
PR A

primentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou


LP

BI

recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem in-
teiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos
três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse
IA

os versos no bolso.
ER

– Continue, disse eu acordando.


– Já acabei, murmurou ele.
AT

– São muito bonitos.


M

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; es-
tava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcu-
nhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos
e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei
a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bi-
lhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” –”Vou para Petrópolis, Dom
Casmurro; a casa é a mesma da Renania; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo,
e vai lá passar uns quinze dias comigo.” –”Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o
dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-
-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”
36

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 36 25/08/2022 15:25:59


a) Função referencial. Este
trecho concentra-se em passar
informações ao leitor. Destacar
que, embora sejam empre-
gados verbos e pronomes de
primeira pessoa, o emissor não
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas emite opiniões e tampouco
no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para fala de seus sentimentos.
b) Função expressiva.
atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor

A,
O emissor expressa o seu
título para a minha narração – se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mes- sentimento

IC
mo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno c) Função conativa.
esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão Aqui o emissor tenta per-
suadir seu interlocutor a dar

O ÓG
isso dos seus autores; alguns nem tanto. continuidade à leitura dos
poemas. Neste caso, ressaltar
que não se trata de uma or-
dem, mas sim de um pedido

SÃ G
MACHADO DE ASSIS, J. M. Obras completas, v. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
d) Momento 1: a explicação

ES DA
do apelido. O emissor conta
o episódio do trem para jus-
a) No início do capítulo, o narrador afirma “Uma noite destas, vindo da cida- tificar o apelido pelo qual é
conhecido. Mais significativo
de para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui

PR PE
ainda é o fato de que a expli-
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu”. Identifique e explique a cação da palavra Casmurro
não corresponde àquela
função da linguagem que ocorre nesse trecho. encontrada em dicionários.

IM ISE
b) Depois que o apelido Dom Casmurro se espalha, o narrador diz “Nem por
isso me zanguei”. Nesta afirmação, é possível identificar qual função da
[Neste momento, o código
verbal é empregado para
explicar o próprio código]
AL
Momento 2: a explicação do tí-
linguagem? Justifique sua resposta. tulo do livro. Ou seja, narrador
“fala” do próprio livro quando
c) Quando o narrador, dirigindo-se ao rapaz que encontrara no trem, diz
DO N

explica a razão de seu título.


“– Continue”, que função da linguagem está presente? Explique sua res- O mesmo ocorre quando se
A

dirige ao leitor (Não consultes


posta. dicionários) em que se explici-
A

ta que o texto lido “pertence “


OI RA

d) Neste capítulo, a função metalinguística está presente em dois momen- a um livro.


tos. Identifique e explique cada um deles. e) Função poética. O uso da
anáfora quando repete a ex-
PR A

e) Em “[...] dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou pressão “dou-lhe” e, ao final, a
moça.”, trecho de um dos bilhetes reproduzidos pelo narrador, que fun- enumeração dos elementos
LP

BI

oferecidos (camarote, chá e


ção da linguagem ocorre? Justifique. cama) em contraste com o
que é negado (moça) provoca
f) Após ter analisado vários trechos do texto e ter identificado diferentes
IA

um efeito de estranhamento
e de humor.
funções da linguagem, identifique qual é a função predominante neste
ER

f ) Função metalinguística.
capítulo. Explique sua resposta. Deixar claro que, desde o títu-
lo do capítulo, o narrador dei-
4. Traga para a sala peças de propaganda publicadas em revistas; tiras de qua- xa explícita com que intenção
AT

drinho e charges publicadas em jornal; letras de música brasileira e poemas ele foi elaborado. O uso da
expressão Do, já faz isso.
de autores brasileiros. Reúna-se em grupo e leiam todos os textos trazidos. Reforçar, com esta questão,
M

Com esse material, elaborem um painel exemplificando as funções da lin- a noção de que, embora haja
várias funções da linguagem,
guagem estudadas neste módulo. Afixem o painel na sala. Depois, leiam os o que caracteriza a elabora-
painéis produzidos pelos outros grupos da sua sala. ção de uma mensagem é a
sua intenção primordial e é
4. Orientações esta intenção que permitirá
Esta atividade pode ser plenamente realizada em sala de aula. Dessa forma, faz-se necessário verificar os exemplos identificar a função de lingua-
trazidos pelos alunos, acompanhando o processo de seleção e de produção do painel. Recomenda-se que sejam gem predominante.
favorecidos os exemplos mais diversificados, pois ficará mais compreensível o uso das funções da linguagem e que,
em um mesmo texto, podem ser encontradas várias funções e que, dentre elas, uma será predominante: aquela
que revela a intenção primordial que conduziu a elaboração de um texto.
Durante a exposição, propiciar momentos para que os alunos possam explicar seus trabalhos, bem como tirem
dúvidas quanto à aplicação dos conceitos estudados neste módulo.
37

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 37 25/08/2022 15:25:59


O ASSUNTO É:

3 TEXTO
NARRATIVO

A,
IC
REFLEXÃO

O ÓG
SÃ G
Leia:

ES DA
PR PE
IM ISE O compadre da morte
Diz que era uma vez um homem que tinha tantos filhos que não achava mais
quem fosse seu compadre. Nascendo mais um filhinho, saiu para procurar quem
AL
o apadrinhasse e depois de muito andar encontrou a Morte, a quem convidou. A
Morte aceitou e foi a madrinha da criança. Quando acabou o batizado, voltaram
DO N

para casa e a madrinha disse ao compadre:


A

- Compadre! Quero fazer um presente ao meu afilhado e penso que é melhor


enriquecer o pai. Você vai ser médico de hoje em diante e nunca errará no que
A
OI RA

disser. Quando for visitar um doente me verá sempre. Se eu estiver na cabeceira


do enfermo, receite até água pura que ele ficará bom. Se eu estiver nos pés, não
faça nada porque é um caso perdido.
PR A
LP

O homem assim fez. Botou aviso que era médico e ficou rico do dia para a noite
BI

porque não errava. Olhava o doente e ia logo dizendo:


- Este escapa!
IA

Ou então:
ER

- Tratem do caixão dele!


Quem ele tratava, ficava bom. O homem nadava em dinheiro.
AT

Vai um dia adoeceu o filho do rei e este mandou buscar o médico, oferecendo
M

uma riqueza pela vida do príncipe. O homem foi e viu a Morte sentada nos pés da
cama. Como não queria perder a fama, resolveu enganar a comadre, e mandou
que os criados virassem a cama, os pés passaram para a cabeceira e a cabeceira
para os pés. A Morte, muito contrariada, foi-se embora, resmungando.
O médico estava em casa um dia quando apareceu sua comadre e o convidou
para visitá-la.

38

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 38 25/08/2022 15:26:01


A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N

- Eu vou, disse o médico – se você jurar que voltarei!


A

- Prometo, disse a Morte.


A

Levou o homem num relâmpago até sua casa.


OI RA

Tratou-o muito bem e mostrou a casa toda. O médico viu um salão cheio de velas
acesas, de todos os tamanhos, uma já se apagando, outras vivas, outras esmore-
PR A

cendo. Perguntou o que era:


LP

BI

- É a vida do homem. Cada homem tem uma vela acesa. Quando a vela se acaba,
o homem morre.
IA

O médico foi perguntando pela vida dos amigos e conhecidos e vendo o estado das
vidas. Até que lhe palpitou perguntar pela sua. A Morte mostrou um cotoquinho no
ER

fim.
- Virgem Maria! Essa é que é a minha? Então eu estou morre-não-morre!
AT

A Morte disse:
M

- Está com horas de vida e por isso eu trouxe você para aqui como amigo, mas
você me fez jurar que voltaria e eu vou levá-lo para você morrer em casa.
O médico quando deu acordo de si estava na sua cama rodeado pela família.
Chamou a comadre e pediu:
- Comadre, me faça o último favor. Deixe eu rezar um Padre-Nosso. Não me leves
antes. Jura?

39

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 39 25/08/2022 15:26:03


1. A história é contada por um
narrador que conhece bem
todos os detalhes.
2. O narrador não participa da
história, é possível perceber que
ele vê os acontecimentos do
lado de fora. Isso fica claro no - Juro - prometeu a Morte.
início da narrativa: “Diz que era
uma vez...” - O homem começou a rezar o Padre-Nosso que estás no céu... E calou-se. Vai a
Morte e diz:

A,
3. O local onde a história se
passa não é claramente definido
e descrito, mas pode-se concluir - Vamos, compadre, reze o resto da oração!

IC
que se trata de um reino, já que
o narrador fala que o compadre - Nem pense nisso, comadre! Você jurou que me dava tempo de rezar o Padre-

O ÓG
foi procurado pelo rei quando o -Nosso mas eu não expliquei quanto tempo vai durar minha reza. Vai durar anos
príncipe ficou doente. e anos...
4. Observando-se a linguagem,
o modo de falar dos persona- A morte foi-se embora, zangada pela sabedoria do compadre.

SÃ G
gens, percebe-se que se trata
de uma época antiga, distante Anos e anos depois, o médico, velhinho e engelhado, ia passeando nas suas gran-

ES DA
no tempo.
des propriedades quando reparou que os animais tinham furado a cerca e estra-
5. A cronologia da história é li-
near: começa com o nascimento
gado o jardim, cheio de flores. O homem, bem contrariado, disse:

PR PE
do filho e o convite para que a
morte seja a madrinha; depois o
- Só queria morrer para não ver uma miséria destas!...
compadre se tornando médico,
enriquecendo e ficando famoso;
Não fechou a boca e a Morte bateu em cima, carregando-o. A gente pode enga-

IM ISE
o chamado do rei; mais tarde o
compadre visita a casa da mor-
te, descobre que sua vida está
no fim e engana a comadre para
nar a Morte duas vezes mas na terceira é enganado por ela.

CASCUDO, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil,


AL
viver por mais tempo; e termina
anos e anos mais tarde, com o 11. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998, p. 341-342
compadre velhinho sendo, final-
DO N

mente, levado pela morte. 1. Quem conta esta história?


6. a) Os personagens que, ativa-
A

mente, participam da história 2. O narrador participa da história? Justifique sua resposta.


A

são o Compadre e a Morte. Os


OI RA

demais atuam como secundá- 3. Em que local essa história acontece? Justifique com elementos do texto e/ou
rios e interagem, em especial, também com suas impressões.
com o Compadre
PR A

b) A rigor, o único traço descri- 4. Quanto ao tempo, em que época você situaria esta história? Justifique com
tivo (ainda assim muito tênue)
elementos do texto e/ou também com suas impressões.
LP

BI

aparece no final da história (“o


médico, velhinho e engelhado”).
Nesse caso, explorar como cada 5. O tempo da história segue uma cronologia linear? Justifique.
IA

aluno/a “cria” a imagem de cada


personagem. Fundamental so- 6. Quanto aos personagens da história:
licitar que sejam justificadas as
ER

descrições que serão apresen- a) Quais os personagens que participam dessa história?
tadas (provavelmente, será pos-
sível constatar que, esses traços b) Caracterize, fisicamente, esses personagens, com elementos do texto e/
AT

descritivos serão estabelecidos ou com suas impressões.


a partir da vivência de cada
pessoa. Por exemplo, a figura do c) Caracterize, psicologicamente, esses personagens, com elementos do
M

Compadre pode ser associada


a algum amigo ou parente; a
texto e/ou com suas impressões.
Morte pode ser construída com 7. Como você descreveria as vozes do compadre e da morte?
base em personagens vistos em
desenhos animados (ou HQ ou
filmes). Observar que essa falta
8. Elabore, com um mínimo de 4 linhas e um máximo de 6, uma síntese desta
de traços descritivos é comum história.
em narrativas que tenham a
finalidade de ressaltar o enredo Observe que a síntese é a operação do pensamento mediante a qual se che-
(a história) como algo exemplar.
ga a um resumo. Costuma-se dizer que ela é feita com as próprias palavras,
enquanto no resumo procura-se preservar as palavras do texto de origem.

40

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 40 25/08/2022 15:26:03


Releia o texto à medida que for escrevendo para verificar se as ideias estão Ou seja, pretende-se, por meio
desta história, aconselhar um
claras e sequenciais. determinado comportamento.
c) A principal característica

DA TEORIA À PRÁTICA
do Compadre é a esperteza,
já que enganou a morte duas
vezes. Já a Morte é paciente,
esperou o momento certo
para driblar a esperteza do

A,
Compadre.
No início deste módulo, você trabalhou com um texto que se denomina nar- 7. Sugere-se que, no momento
rativo. Sua característica principal é apresentar uma sucessão de acontecimentos

IC
de discutir esta questão, o/a
aluno/a “mostre” como seriam
envolvendo personagens. as vozes desses personagens.

O ÓG
Incentivar o contraste e as
Trata-se de um tipo de texto muito comum ao cotidiano de todas as pessoas. diversas justificativas, pois,
Basta que alguém diga algo como “Você nem imagina o que aconteceu comigo!” à semelhança do que se
orientou resposta à questão

SÃ G
ou “Sabe o que acabei de ver?” para se seguir uma história que poderá ser muito 4 b), isso evidenciará que o
ou pouco interessante, conforme quem a está contando ou como está contando.

ES DA
conhecimento de mundo
do/a aluno/a é elemento
Assim, um texto narrativo pode ser desde um relato ou uma fofoca que se fundamental na construção de
sentido para o texto.
conta oralmente até um romance com mais de 300 páginas. Um poema como

PR PE
8. Para a elaboração da síntese,
“Caso do Vestido”, de Carlos Drummond de Andrade, ou Os Lusíadas, de Luis orientar os alunos para que
de Camões, são exemplos de textos narrativos. Um filme, uma peça de teatro, leiam novamente o texto, sub-
linhando as palavras e frases

IM ISE
uma telenovela, uma história em quadrinhos também são exemplos de textos
narrativos elaborados com códigos verbais e não verbais (às vezes, um filme ou
que fazem mais sentido, que
expressam ideias que tenham
mais importância. Enfatizar
uma história em quadrinhos pode ser feita apenas com a utilização de código não
AL
que devem deixar de lado o
verbal). óbvio e os detalhes.
Nesta atividade, o impor-
Independentemente de como é produzido ou veiculado, um texto narrativo
DO N

tante é fazer com que seja


desenvolvida a capacidade de
terá que apresentar, obrigatoriamente, os seguintes elementos: enredo, persona-
A

se expressar de forma sintética.


gem, espaço, tempo e narrador. Além de fazer um exercício
A

que requer bom domínio


OI RA

linguístico e de síntese, o/a

1. Enredo aluno/a terá a oportunidade


de produzir uma story line (um
PR A

roteiro sintetizado em poucas


Trata-se da história propriamente dita. São os acontecimentos apresentados. linhas). É a partir da story line
LP

BI

Quando se está fruindo um texto narrativo, é o que impulsiona o interesse por que os roteiristas de cinema e
de TV, muitas vezes, têm seus
ele, saber o que aconteceu (ou acontecerá) “depois” (E depois? E depois?). Há ti- roteiros pré-avaliados.
IA

pos de narrativa em que essa “impulsão” é mais manifesta: histórias policiais, de Uma sugestão de resposta
terror, de suspense, aventuras, por exemplo. Observe com atenção o texto “Conto Um homem, que se conside-
ER

rava muito esperto, convida


de mistério”, de Sérgio Porto. a Morte para ser madrinha
de um de seus filhos. Como
presente, a Morte lhe dá a ca-
AT

pacidade de curar as pessoas.


Conto de mistério – Stanislaw Ponte Preta Dessa forma, o Compadre
Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos torna-se rico e poderoso. Além
M

disso, cria estratégias para


cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele escapar das garras da Morte.
ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à Consegue, por isso, permane-
cer vivo por um tempo maior
guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça que aquele que lhe havia sido
em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se destinado. Até que, um dia, o
encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda. Compadre se distrai e a Morte
o leva para sempre.

41

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 41 25/08/2022 15:26:04


Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná.
O outro sorriu e se aproximou:
Siga-me! – foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e
saiu. O outro entrou num beco úmido e mal-iluminado e ele – a uma distância de
uns dez a doze passos – entrou também.

A,
Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na
frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu

IC
numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.

O ÓG
Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro,
via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba
crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não

SÃ G
hesitou – porém – quando o homem que entrara na frente apontou para o que
entrara em seguida e disse: “É este”.

ES DA
O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este
passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de ca-

PR PE
beça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao
parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.

IM ISE Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou
uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda
pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois,
AL
entrava em casa a berrar para a mulher:
– Julieta! Ó Julieta… consegui.
DO N

A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de felici-


A

dade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote
e verificou que o marido conseguira mesmo.
A
OI RA

Ali estava: um quilo de feijão.


PR A

PRETA, Stanislaw Ponte. “Conto de mistério”. In: Rosamundo


e os outros. SP: Círculo do livro S/A, 1983
LP

BI
IA

Nesse conto, foi possível perceber a sequência de ações que levam a um des-
fecho surpreendente.
ER

2. Personagem
AT

Se há uma história, é porque há quem nela atua. São os personagens: que


M

podem ser semelhantes aos seres humanos (o compadre, a mãe, o pai) ou seres
que assumem características humanas (animais – como nas fábulas –; objetos –
por exemplo, Machado de Assis escreveu o conto “Um apólogo”, em cujo enredo
objetos de costura dialogam: agulha, linha e alfinete. Em animações ou histórias
em quadrinhos, isso ocorre com frequência: o filme Sing 2 é protagonizado por

42

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 42 25/08/2022 15:26:04


um coala e seus amigos, que agem como seres humanos, com o objetivo de alçar
o sucesso musical.
De acordo com cada história e o objetivo que se deseja alcançar, a construção
do personagem pode ser mais simples ou mais complexa.

A,
• Personagens simples. Geralmente, a construção desse tipo de persona-

IC
gem é feita de forma estereotipada (e, até mesmo, caricata). São persona-
gens que, de certo modo, agem de forma pouco ou nada surpreendente.

O ÓG
São descritas de forma convencional e suas características psicológicas,
superficiais. Por exemplo, nas histórias em quadrinhos mais comuns, há

SÃ G
um esquema de personagens constituído pela oposição entre herói (su-

ES DA
per-herói, muitas vezes) e vilão (ou vilões). Outra narrativa que, frequen-
temente, trabalha com personagens simples é a telenovela. No primeiro
texto (“O compadre da Morte”), pode-se perceber que os personagens são

PR PE
simples: mais “ilustram“ a história do que a constroem, ou seja, interessa
que, ao final do texto, o leitor aprenda algo ou se divirta em função do

IM ISE
efeito que se pretende atingir com aquela história.
• Personagens complexos. São personagens que fogem a uma modelização.
Suas ações são mais verossímeis, ou seja, convencem, pois se comportam
AL

como se estivessem em uma situação da vida real. Por isso são surpreen-
dentes já que podem revelar virtudes em algumas ocasiões e, em outras,
DO N

mostrar seus defeitos. Dessa forma, os aspectos psicológicos serão muito


A

mais acentuados, os personagens terão uma dimensão mais densa e a for-


A

ça dramática do enredo será maior. Exemplos de personagens complexos:


OI RA

Capitu, do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis e Ulisses, da


epopeia grega “A Odisseia”, de Homero.
PR A

Os personagens podem ser classificados, ainda, conforme o grau de partici-


LP

BI

pação no enredo. Os mais destacados recebem a denominação de personagens


principais: é nesse tipo de personagem que a história procura se concentrar. Já,
IA

em segundo plano, há os personagens secundários que, embora recebam esse


nome, servem de apoio ou de contraste para os principais. Além desses persona-
ER

gens, outros com menor destaque poderão participar de um enredo para aumen-
tar o efeito de realidade (verossimilhança) necessário a uma história.
AT

Pensando na função de cada personagem, há outra divisão: o protagonista


– personagem que desempenha as ações mais significativas em uma história. É o
M

que está em primeiro plano. Muitas vezes, é o herói de uma trama – sobre quem
são depositadas todas as expectativas de solução dos conflitos presentes em um
enredo. Outra atuação relevante em uma trama é a do antagonista: aquele que se
opõe ao protagonista, criando-lhe dificuldades, tentando derrotá-lo ou prejudi-
cá-lo em suas ações.

43

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 43 25/08/2022 15:26:04


3. Espaço
Diz respeito ao ambiente, ao cenário em que as ações se desenrolam. Há enre-
dos em que o espaço é tão somente um cenário onde ocorrem os fatos: há pouca
descrição, poucos detalhes. Em outros, no entanto, o espaço é relevante para definir
o comportamento dos personagens ou a construção do próprio enredo. Em O corti-
ço, de Aluísio Azevedo, afirma-se que esse espaço (cortiço) é tão significativo que é

A,
possível considerá-lo como um personagem. No filme, Um estranho no ninho, cuja

IC
trama se desenrola em um sanatório, o personagem McMurphy, interpretado pelo
ator Jack Nicholson, terá sua vida alterada em função desse ambiente e dos demais

O ÓG
personagens que vivem ou trabalham nesse sanatório.
Ainda, para fins de classificação, as ações podem acontecer em espaços

SÃ G
• Interiores (um apartamento) – por exemplo, o filme Eu sei que vou te

ES DA
amar, de Arnaldo Jabor. Outro bom exemplo, neste caso, é o conto “O
menino”, de Lygia Fagundes Telles).

PR PE
• Exteriores (uma rua, um jardim, um sítio) - por exemplo, o conto “Tarde
de sábado, manhã de domingo”, de José J. Veiga.

IM ISE • Urbanos (uma cidade). Os romances Lucíola, de José de Alencar, e Me-


mórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, são exemplos de
histórias em ambiente urbano do século XIX. As histórias do Homem-A-
AL

ranha ou do Batman são exemplos de ações em cenários urbanos.


DO N

• Rurais (uma fazenda). O conto “Famigerado” ou o romance Grande Ser-


tão: Veredas, ambos de Guimarães Rosa; nos quadrinhos, as historinhas
A

do Chico Bento, personagem criado por Maurício de Sousa.


A
OI RA

• Contemporâneos (escolha de cenários e de um tempo quase simultâneo


à produção e à veiculação da história) por exemplo, o filme Central do
PR A

Brasil, protagonizado por Fernanda Montenegro, que conta a emocionan-


LP

te história da professora Dora que escreve cartas para analfabetos na Es-


BI

tação Central do Brasil, no Rio de Janeiro.


IA

• Históricos (época antiga ou atual). O romance A muralha, de Dinah Sil-


veira Queiroz, escrito e publicado em 1954, cuja trama mostrava a cidade
ER

de São Paulo no século XVII. Na televisão, Maria Adelaide Amaral adap-


tou esse romance histórico na minissérie A muralha, exibida pela Globo,
AT

no ano 2000.
• Concretos (um ônibus ou trem, por exemplo). A história do conto “Apó-
M

logo brasileiro sem véu de alegoria”, de Antonio Alcântara Machado pas-


sa-se quase toda num trem lotado.
• Imaginários (lugares fantásticos). Um bom exemplo é a longa sequência
de Guerra nas estrelas, criada por George Lucas, cuja trama ocorre em um

44

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 44 25/08/2022 15:26:04


futuro distante. No romance brasileiro, Ignácio de Loyola Brandão, em
Não verás país nenhum, imagina um futuro nada agradável para o Brasil.
Há também exemplos mais fantásticos, como os apresentados por Lewis
Carroll, em Alice no país das maravilhas.
• Deve-se ressaltar que, em uma mesma narrativa, diferentes tipos de es-
paço podem estar presentes simultaneamente: no romance A muralha,

A,
há o espaço histórico – ambiente do século XVII; concreto – os lugares
são apresentados conforme se apresentavam naquela época; alternam-se

IC
ambientes urbanos (a cidade de São Paulo) e rurais (nos embates entre

O ÓG
bandeirantes e índios), assim como ambientes internos e externos.

4. Tempo

SÃ G
ES DA
Corresponde ao quando das ocorrências de fatos em um enredo. Há duas
formas de o tempo estar registrado em uma narrativa:
• Cronológico: é o tempo objetivo. Pode ser marcado pelo relógio, pelo ca-

PR PE
lendário ou pelo ritmo natural – noite, dia; primavera, outono. No texto “O
compadre da Morte”, coletado por Câmara Cascudo, o tempo é cronológico e
IM ISE
seu fluxo é linear (começa no momento em que o homem procura uma ma-
drinha para seu filho e se encerra com a morte desse mesmo homem agora já
velho). Há narrativas, contudo, que podem apresentar tempo cronológico em
AL

um fluxo não-linear (canto III, de Os Lusíadas, de Camões, quando se conta


a história de Inês de Castro, assassinada em 1355, ocorre uma interrupção na
DO N

linearidade – a viagem de Vasco da Gama, em 1498).


A

• Psicológico: é o tempo subjetivo. Ocorre internamente em um persona-


A
OI RA

gem e é marcado por seus sentimentos, suas emoções, pelas sensações.


Não é possível medi-lo matematicamente, somente é possível perceber
sua intensidade. Exemplos relevantes desse tipo de tempo podem ser en-
PR A

contrados em muitos textos de Clarice Lispector, tais como os romances


LP

BI

A paixão segundo G. H. e Água Viva.


Um exemplo de construção de texto em que os tempos ocorrem de forma
IA

cruzada pode ser visto na peça Vestido de noiva, de Nélson Rodrigues, escrita em
ER

1943 e que teve sua primeira montagem nesse mesmo ano. Há o tempo crono-
lógico linear que corresponde ao atropelamento da personagem Alaíde e todas
as ações que decorrem a partir desse fato. No hospital, enquanto os médicos lhe
AT

prestam socorro, vão sendo apresentadas cenas que ora revelam o delírio (tempo
psicológico) de Alaíde, ora mostram suas lembranças (tempo cronológico não-
M

-linear). Quando de sua exibição no teatro, o espectador vê o palco dividido em


três planos diferentes (realidade, alucinação e memória).

45

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 45 25/08/2022 15:26:04


5. Narrador
É quem apresenta o enredo. É o narrador que define o ponto de vista pelo
qual o receptor tomará contato com a história. A rigor, há duas formas para se
contar uma história: em terceira ou em primeira pessoa. Porém, dentro desses
dois tipos, há distinções significativas.

A,
Narrador em terceira pessoa: onisciente

IC
Onisciente – é do tipo “sabe-tudo”. Trata-se de um narrador que tem total

O ÓG
domínio da situação e escolhe o quê e como apresentará a história. Às vezes, pode
ser mais intruso, opina, dialoga com o receptor. Outras vezes, fica mais à distân-
cia, parecendo apenas registrar as cenas e transmitindo-as ao receptor.

SÃ G
Observe como no trecho do capítulo XXV, do romance O crime do padre

ES DA
Amaro, de Eça de Queiroz, o narrador apresenta com detalhes as reações das
pessoas, os seus movimentos, o que dizem (ou pensam). Ou seja, esse narrador

PR PE
“sabe tudo” e seleciona os detalhes que deseja mostrar ao leitor.

IM ISE
AL

Nos fins de maio de 1871 havia grande alvoroço na Casa Havanesa, ao Chiado, em
DO N

Lisboa. Pessoas esbaforidas chegavam, rompiam pelos grupos que atulhavam a


A

porta, e alçando-se em bicos de pés esticavam o pescoço, por entre a massa dos
chapéus, para a grade do balcão, onde numa tabuleta suspensa se colavam os
A
OI RA

telegramas da Agência Havas; sujeitos de faces espantadas saíam consternados,


exclamando logo para algum amigo mais pacato que os esperava fora:
PR A
LP

– Tudo perdido! Tudo a arder!


BI
IA

Dentro, na multidão de grulhas que se apertava contra o balcão, questionava-se


forte; e pelo passeio, no Largo do Loreto, defronte ao pé do estanco, pelo Chiado
ER

até ao Magalhães, era, por aquele dia já quente do começo de verão, toda uma
gralhada de vozes impressionadas, onde as palavras – Comunistas! Versailles! Pe-
AT

troleiros! Thiers! Crime! Internaciona! – voltavam a cada momento, lançadas com


furor, entre o ruído das tipoias e os pregões dos garotos gritando suplementos.
M

Com efeito, a cada hora, chegavam telegramas anunciando os episódios sucessi-


vos da insurreição batalhando nas ruas de Paris: telegramas despedidos de Versail-
les num terror dizendo os palácios que ardiam, as ruas que se aluíam; fuzilamentos
em massa nos pátios dos quartéis e entre os mausoléus dos cemitérios; a vingan-

46

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 46 25/08/2022 15:26:05


ça que ia saciar-se até à escuridão dos esgotos; a fatal demência que desvairava as
fardas e as blusas; e a resistência que tinha o furor de uma agonia com os métodos

A,
de uma ciência, e fazia saltar uma velha sociedade pelo petróleo, pela dinamite e
pela nitroglicerina! Uma convulsão, um fim do mundo – que vinte, trinta palavras

IC
de repente mostravam, num relance, a um clarão de fogueira.
O Chiado lamentava com indignação aquela ruína de Paris. Recordavam-se com

O ÓG
exclamações os edifícios ardidos, o Hôtel de Ville, “tão bonito”, a Rue Royale, “aquela
riqueza”. Havia indivíduos tão furiosos com o incêndio das Tulherias como se fosse

SÃ G
uma propriedade sua; os que tinham estado em Paris um ou dois meses abriam-
-se em invectivas, arrogando-se uma participação de parisienses na riqueza da

ES DA
cidade, escandalizados por a insurreição não ter respeitado os monumentos em
que eles tinham posto os seus olhos.

PR PE
– Vejam vocês! – exclamava um sujeito gordo. – O palácio da Legião de Honra destruído!
Ainda não há um mês que eu lá estive com minha mulher... Que infâmia! Que patifaria!

IM ISE
Mas espalhara-se que o ministério recebera outro telegrama mais desolador: toda
a linha do boulevard da Bastilha à Madalena ardia, e ainda a Praça da Concórdia,
e as avenidas dos Campos Elísios até ao Arco do Triunfo. E assim tinha a revolta
AL
arrasado, numa demência, todo aquele sistema de restaurantes, cafés-concerto,
bailes públicos, casas de jogo e ninhos de prostitutas! Então houve por todo o
DO N

Largo do Loreto até ao Magalhães um estremecimento de furor. Tinham pois as


chamas aniquilado aquela centralização tão cômoda da patuscada! Oh! que in-
A

fâmia! O mundo acabava! [...] Que abominação! Esqueciam-se as bibliotecas e os


A

museus: mas a saudade era sincera pela destruição dos cafés e pelo incêndio dos
OI RA

lupanares. Era o fim de Paris, era o fim da França!


PR A
LP

QUEIROZ, Eça de. O crime do padre Amaro. Rio de Janeiro: Ediouro,


BI

s/d.p.385-386. Coleção Clássicos Portugueses. (Fragmento)


IA

O foco narrativo em terceira pessoa é empregado não somente em obras lite-


ER

rárias, como também em filmes, seriados, telenovelas e em histórias em quadri-


nhos. Aliás, nestes dois tipos de narração, é utilizado com muita frequência. Em
um filme, preste atenção e verifique como a câmera, captando as imagens que
AT

lhes são mostradas, desempenha esse papel de narrador (claro que seguindo as
determinações do roteiro bem como as do diretor).
M

Na sequência abaixo, retirada do filme Viagem à Lua, dirigido por Georges


Méliès, é possível notar que as imagens vistas pelo espectador foram captadas
pela câmera e selecionadas pelo olhar do narrador.

47

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 47 25/08/2022 15:26:05


Granger/Fotoarena
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A

Considerado o primeiro filme de ficção científica, a obra Viagem à Lua foi lançado
LP

BI

na França, no ano de 1902. A produção francesa foi inspirada em dois romances


populares de sua época: Da Terra à Lua, de Julio Verne, e Os Primeiros Homens
IA

na Lua, de H. G. Wells. O filme teve roteiro e direção de Georges Méliès, com


assistência de seu irmão Gaston Méliès.
ER

O filme foi sucesso de público em sua época e foi, provavelmente, além de ser o
AT

primeiro filme de ficção científica, o pioneiro sobre seres alienígenas. Uma de suas
famosas cenas é a imagem de um foguete no olho do rosto na Lua.
M

Nas histórias em quadrinhos, esse tipo de narrador apresenta-se: em textos


verbais, colocados, geralmente, na parte superior. Uma outra manifestação do
narrador que aparece mais frequentemente é semelhante à da câmera cinemato-
gráfica: o quadrinho mostra o enquadramento da cena, sugere o deslocamento
dos personagens. Já, nos balõezinhos, registram-se os diálogos e, em algumas
vezes, o pensamento ou a memória do personagem.

48

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 48 25/08/2022 15:26:07


Veja, na imagem abaixo, um exemplo de narrador de terceira pessoa onis-
ciente, em uma história em quadrinhos.

Plenarinho/Câmara dos Deputados - plenarinho.leg.br


A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

In: https://plenarinho.leg.br/index.php/2018/01/turma-do-plenarinho-
jovem/. Página 2. Consulta realizada no dia 27 de abril de 2022.
49

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 49 25/08/2022 15:26:07


Narrador em terceira pessoa – fixado em um personagem
Este é o tipo de narrador que restringe sua onisciência a um personagem,
fixando-se a ele e sabendo tudo dele e sobre ele. Nesse tipo de narração, o recep-
tor toma conhecimento somente do que diz respeito àquele personagem e ao que
ocorre nos ambientes em que ele está presente.

A,
No conto “O menino”, de Lygia Fagundes Telles, é esse o tipo narrador. Ob-
serve, no trecho transcrito a seguir, que o leitor tem uma visão da história, exclu-

IC
sivamente, a partir do foco concentrado no menino.

O ÓG
SÃ G
ES DA
O menino

PR PE
Sentou-se num tamborete, fincou os cotovelos nos joelhos, apoiou o queixo nas
mãos e ficou olhando para a mãe. Agora ela escovava os cabelos muito louros e

IM ISE curtos, puxando-os pra trás. E os anéis se estendiam molemente para em segui-
da voltarem à posição anterior, formando uma coroa de caracóis sobre a testa.
Deixou a escova, apanhou um frasco de perfume, molhou as pontas dos dedos,
AL
passou-os nos lóbulos das orelhas, no vértice do decote e em seguida umedeceu
um lencinho de rendas. Através do espelho, olhou para o menino. Sorriu. Ele sorriu
também, era linda, linda, linda! Em todo o bairro não havia uma moça linda assim.
DO N

– Quantos anos você tem, mamãe?


A

– Ah, que pergunta! ... Acho que trinta ou trinta e um, por aí, meu amor, por aí...
A
OI RA

Quer se perfumar também?


– Homem não bota perfume.
PR A

– Homem, homem,,, – Ela inclinou-se para beijá-lo. – Você é um nenenzinho, ou-


LP

BI

viu bem? É o meu nenenzinho.


O menino afundou a cabeça no colo perfumado. Quando não havia ninguém
IA

olhando, achava maravilhoso ser afagado como uma criancinha. Mas era preciso
mesmo que não houvesse ninguém por perto.
ER

– Agora vamos, a sessão começa às oito – avisou ela, retocando apressadamente


os lábios.
AT

O menino deu um grito, montou no corrimão da escada e foi esperá-la embaixo. Da


porta, ouviu-a dizer à empregada que avisasse ao doutor que tinham ido ao cinema.
M

TELLES, Lygia Fagundes. O menino. In MONTEIRO, Leonardo (et al.). Lygia Fagundes Telles.
São Paulo: Abril Educação, 1980, p. 63 Coleção Literatura Comentada. (Fragmento)
Em narrativas televisivas ou cinematográficas, esse tipo de narrador também
pode ser utilizado, mas, raramente, em toda a narração O uso desse tipo de nar-
ração denomina-se câmera subjetiva, exatamente porque o espectador vê a cena

50

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 50 25/08/2022 15:26:07


com os olhos do personagem. Observe, geralmente em momentos de suspense,
de mistério, de filmes ou telenovelas, que há cenas “mostradas” como se a câmera
estivesse presa nos olhos de um personagem.

Narrador em primeira pessoa – personagem principal


Este é o tipo de narrador mais comum no cotidiano das pessoas: cada vez que

A,
alguém conta um fato que vivenciou, está utilizando a narração em primeira pessoa.

IC
Neste caso, o receptor recebe a história por meio do olhar, dos pensamentos, dos sen-
timentos, das opiniões do personagem central. A escolha por esse tipo de narrador

O ÓG
faz com que as ações do protagonista fiquem mais próximas, podem até parecer mais
verossímeis, porém limitadas à linguagem, à visão e à compreensão dele.

SÃ G
Um exemplo de personagem principal narrando sua própria história aparece

ES DA
no texto “No retiro da figueira”, de Moacyr Scliar. Observe alguns trechos.

PR PE
IM ISE
No retiro da Figueira
AL
Sempre achei que era bom demais. O lugar, principalmente. O lugar era... era ma-
ravilhoso. Bem como dizia o prospecto: maravilhoso. Arborizado, tranquilo, um dos
DO N

últimos locais – dizia o anúncio – onde você pode ouvir um bem-te-vi cantar. Verda-
de: na primeira vez que fomos lá ouvimos o bem-te-vi. E também constatamos que
A

as casas eram sólidas e bonitas, exatamente como o prospecto as descrevia: estilo


A
OI RA

moderno, sólidas e bonitas. Vimos os gramados, os parques, os pôneis, o pequeno


lago. Vimos o campo de aviação. Vimos a majestosa figueira que dava nome ao con-
domínio: Retiro da Figueira. [...]
PR A

Não fomos os primeiros a comprar casa no Retiro da Figueira. Pelo contrário; entre
LP

BI

nossa primeira visita e a segunda – uma semana após – a maior parte das trinta
residências já tinha sido vendida. O chefe dos guardas me apresentou a alguns dos
IA

compradores. Gostei deles: gente como eu, diretores de empresa, profissionais libe-
rais, dois fazendeiros. Todos tinham vindo pelo prospecto. E quase todos tinham se
ER

decidido pelo lugar por causa da segurança.


Naquela semana descobri que o prospecto tinha sido enviado apenas a uma quan-
AT

tidade limitada de pessoas. Na minha firma, por exemplo, só eu o tinha recebido.


Minha mulher atribuiu o fato a uma seleção cuidadosa de futuros moradores – e
viu nisso mais um motivo de satisfação. Quanto a mim, estava achando tudo muito
M

bom. Bom demais. [...]

Moacyr Scliar. Os melhores contos de Moacyr Scliar. São Paulo, Global, 2000. (Fragmentos)

51

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 51 25/08/2022 15:26:08


Exemplo interessante fora da literatura é o do videogame. Quase sempre, o jo-
gador assume um personagem e joga como ele: decide as ações que deve tomar e os
caminhos a seguir. Nesses jogos, então, deve-se entender que a história é construí-
da em tempo real (a hora em que se está jogando) por meio da interação entre o
jogador (personagem principal – que manipula os controles) e o “jogo” (software).
Tudo isso propiciado por um instrumento eletrônico (videogame ou computador).

A,
Narrador em primeira pessoa – personagem secundário

IC
A narrativa que apresenta um personagem secundário como narrador, além

O ÓG
de possuir grande subjetividade, semelhante àquela encontrada quando persona-
gem central narra, limitará ainda mais a visão da história. O receptor saberá das
ações somente nos momentos em que o personagem secundário estiver presente

SÃ G
nelas ou quando algum outro personagem lhe contar algo.

ES DA
Exemplo desse tipo de narrador pode ser visto nas histórias policiais criadas
por Arthur Conan Doyle que têm o detetive Sherlock Holmes como protagonis-

PR PE
ta. Nesses enredos, a narração fica a cargo do Dr. Watson (assistente de Sherlock).
Veja abaixo dois pequenos trechos do “O cão dos Baskerville” e observe a narra-

IM ISE ção do personagem Watson.


AL
DO N

Trecho 1
A

“MR. SHERLOCK HOLMES, que costumava se levantar muito tarde de manhã, exceto na-
A
OI RA

quelas não raras ocasiões em que passava a noite em claro, estava sentado à mesa do
desjejum. Postei-me no tapetinho junto à lareira e peguei a bengala que nosso visitante
esquecera ali na noite anterior. Era uma bela e grossa peça de madeira, de castão bul-
PR A

boso, do tipo conhecido como Penang lawyer. Logo abaixo do castão havia uma larga
LP

BI

faixa de prata, de cerca de dois centímetros e meio. Nela estava gravado: “Para James
Mortimer, M.R.C.S., de seus amigos do C.C.H.”, com a data “1884”. Era exatamente o tipo de
IA

bengala que um médico de família antiquado usaria — digna, sólida e tranquilizadora.”


ER

Trecho 2
AT

“A aparência do nosso visitante foi uma surpresa para mim, já que esperava um típico
médico rural. Era um homem bem alto e magro; um nariz comprido e adunco projeta-
va-se entre dois penetrantes olhos cinza, muito juntos, que brilhavam detrás de um par
M

de óculos com aro de ouro. Vestia-se de maneira profissional, mas um tanto desmaze-
lada, pois sua sobrecasaca estava encardida e as calças, puídas. Embora jovem, tinha as
longas costas encurvadas e caminhava espichando a cabeça para a frente, com um ar
geral de perscrutadora benevolência. Quando entrou, deu com os olhos na bengala na
mão de Holmes e correu para ela com uma exclamação de alegria.”

DOYLE, Arthur Conan. O cão dos Bakersville. Tradução de Maria Luiza X.


de A. Borges. Rio de Janeiro. Editora Zahar. 2013, (Fragmentos)

52

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 52 25/08/2022 15:26:08


APLICAÇÃO 1. Nestas questões, fazer com
que o/a aluno/a compreenda
que as narrativas podem
1. Apresentam-se, abaixo, alguns resumos de narrativas famosas. ser realizadas em diferentes
formatos e com a utilização de
Tente identificar a que obra cada um deles se refere e a sua auto- diferentes tipos de linguagem.
ria. Observação: pode ser livro, filme, história em quadrinhos etc.

A,
a) Obra: Romeu e Julieta –
Autoria: William Shakespeare
a) Dois jovens se apaixonam, porém suas famílias, que não mantêm rela-

IC
[Neste caso, observar que,
ções amistosas, vivem em litígio constante. Com a ajuda de um religioso, além de peça teatral, Romeu
e Julieta foi adaptada muitas
eles conseguem se aproximar. Porém, a história terá um final trágico.

O ÓG
vezes para o cinema
b) Obra: O incrível Hulk – Auto-
b) Um cientista é contaminado por substância radioativa quando tenta ria: Stan Lee [Destacar que Stan
salvar um jovem que se encontrava na área em que se realizava uma Lee é o roteirista e não o dese-

SÃ G
nhista. Característica comum
experiência científica. Posteriormente, como consequência dessa conta-

ES DA
nas histórias em quadrinhos é
minação, todas as vezes em que ele fica irritado ou estressado, seu corpo um mesmo personagem ser
representado com sensíveis di-
se agiganta e fica verde. ferenças, porque nem sempre

PR PE
é o mesmo ilustrador quem
c) Poderoso governante descobre a traição de sua mulher. Inconformado, desenha o personagem. Fato
ele a condena à morte. Depois, pede a um auxiliar que encontre uma semelhante (e mais facilmente
observável) ao que ocorre nas
mulher para desposar. Entretanto, após a primeira noite de núpcias, ele
IM ISEmanda matar a sua esposa. Segue-se um ritual em que, sucessivamente,
novas esposas são encontradas e mortas. Até que uma jovem desen-
representações teatrais, de TV
ou de cinema quando diferen-
tes atores/atrizes representam
o mesmo personagem
AL
volve uma estratégia, conseguindo fazer com que o governante não a c) Obra: As mil e uma noites
mate. Por mais mil noites, ela repete a mesma e bem-sucedida estraté- – Autoria: Vários autores (Trata-
se, a rigor, de uma grande
DO N

gia. Finalmente, governante se convence de que pode voltar a confiar compilação de narrativas orais
nas mulheres. tradicionais, do mundo árabe.
A

Entende-se que é a história


A

de Sherazade que amarra as di-


d) Um rapaz, ainda no Ensino Médio, conhece garota mais velha, que cursa
OI RA

versas histórias que compõem


Medicina. Eles têm hábitos e gostos bem diferentes, mas, apesar disso, As mil e uma noites)
apaixonam-se, casam-se, vão morar na capital do país e têm um filho. d) Obra: Eduardo e Mônica –
PR A

Autoria: Renato Russo (Legião


e) Agente secreto deixa o MI6 e se muda para a Jamaica, mas um antigo Urbana) [Trata-se de uma letra
LP

BI

de música de muito sucesso


amigo aparece e pede sua ajuda para encontrar um cientista desapa- nos 1990. Provocar para que
recido. Assim, ele mergulha e percebe que a busca é, na verdade, uma sejam lembradas outras letras].
IA

e) Obra: 077 sem tempo para


corrida para salvar o mundo. morrer, protagonizado por
Daniel Crieg, lançado em 30 de
2. Escolha um desses resumos e elabore um pequeno texto narrativo. Mesmo
ER

setembro de 2021, sob a dire-


que você conheça a história original, procure desenvolver o enredo de forma çao de Carry Joji Fukunaga.
diferente e inusitada. Sugerir que este filme seja
AT

visto e discutido em sala) Ob-


3. Na página 28, do livro O roteirista profissional – televisão e cinema (Editora Áti- servação: Após a apresentação
e a discussão destas respostas,
M

ca, 1989), Marcos Rey propõe um exercício para a construção de um perso- sugere-se que o/a aluno/a seja
nagem. É com base nele que você irá realizar esta atividade. incentivado/ a a apresentar
narrativas elaboradas em
formatos diferentes (TV, foto-
Primeiro, reúna-se em grupo, que vai definir um personagem que será o novela, blogs narrativos etc.).
protagonista de uma história.
2. Ressaltar que, mais do que simplesmente desenvolver a história, espera-se que a criatividade seja um dos pontos altos
desta atividade (tanto em relação às soluções de enredo quanto à estrutura e à linguagem da narrativa).
Utilizar essas produções para trabalhar os conteúdos estudados neste fascículo, de modo a fazer com que fiquem com-
preensíveis os elementos que estruturam uma narrativa.
Sugestão: solicitar que a sala selecione as produções mais expressivas que, após uma boa revisão, podem compor um
pequeno livro (ou um blog), com ilustrações elaboradas pelos/as alunos/as da sala. 53

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 53 25/08/2022 15:26:08


3 e 4. Embora a atividade seja a) Ele (ou ela) tem nome? Qual?
longa, espera-se que seja total-
mente desenvolvida em uma b) Quantos anos tem?
única etapa, pois, dessa forma,
o trabalho não ficará disperso.
Orientar para que as respostas
c) Quais são suas características físicas?
sejam breves e rápidas (o ideal
é que sejam espontâneas). O
Agora, definido o personagem, submeta-o a uma entrevista, seguindo o ro-
grupo pode definir um relator teiro reproduzido abaixo.

A,
– que ficará responsável pelo
registro das respostas – e um a) Onde você nasceu? Descreva alguns detalhes desse lugar.
ilustrador – que, a partir de

IC
algumas respostas, poderá es- b) A história acontece nesse local em que você nasceu? Ou você está de
boçar traços do personagem,
passagem por esta cidade?

O ÓG
figurinos, cenários etc.

Como se trata de uma ativi- c) Qual é a sua profissão? Gosta dela?


dade em grupo, acompanhar
d) Você concluiu algum curso? Qual é a sua escolaridade?

SÃ G
a produção de forma a que
todos dela participem ativa-

ES DA
mente, de modo a valorizar a e) Você segue alguma religião? Qual?
colaboração entre os partici-
pantes do grupo. Sugere-se f) Você é uma pessoa agitada ou calma? Qual é seu temperamento? Sem-
que cada grupo apresente sua
pre se comporta do mesmo modo?

PR PE
produção de forma original
(por exemplo, ilustrada por
meio de colagens; além de g) Fale um pouco sobre sua família. Como você se relaciona com ela?
em áudio).
IM ISE
escrita que tenha uma versão

Após as apresentações das res-


h) Fale sobre sua infância. Há algum fato marcante?
i) E como foi sua juventude? Há algo marcante nesse período de sua vida?
AL
postas, promover uma discus-
são para que sejam avaliadas j) Já viveu um grande amor? Marcou sua vida?
as dificuldades encontradas,
k) Tem algum ideal político? Qual? Participa de algum grupo político? Qual?
DO N

por que elas ocorreram e como


poderão ser superadas em
l) O que pretende da vida:
A

outras oportunidades.
A

a curto prazo:
OI RA

a médio prazo
PR A

a longo prazo:
LP

BI

m) Tem muitos amigos ou é pessoa solitária?


n) Gosta de se vestir bem ou é pessoa desleixada?
IA

o) Do que você mais gosta?


ER

p) E o que odeia?
q) Você tem algum (ou alguns) vício(s)?
AT

r) Você pratica esportes? Quais?


M

s) Como anda sua vida financeira?


t) Por fim, faça uma confissão. Conte algo que você não contaria a nin-
guém. Aqui você pode se abrir.

Agora os grupos irão trocar as entrevistas. Com base na entrevista que seu
grupo recebeu, desenvolvam uma história em que as características do per-
sonagem serão utilizadas para dar vida ao enredo.
54

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 54 25/08/2022 15:26:08


4. Responda às questões a seguir aplicando os conceitos estudados. Sobre o trabalho de produção
de textos: Por se tratar de
a) Que tipo de narrador foi utilizado na história criada por seu grupo? uma atividade de elaboração
detalhada e demorada, reco-
menda-se que comece a ser
b) Caracterize os elementos espaciais presentes nela. preparada com antecedência.
Conversar com cada aluno/a
c) Caracterize o tempo na narrativa criada por vocês. para verificar sua potenciali-
dade e interesse para, desse
d) Classifique o(s) personagem(ns) presente(s) nessa história.

A,
modo, auxiliá-lo/a a escolher
a proposta mais adequada e,
assim, desenvolvê-la com mais

IC
PRODUÇÃO DE TEXTO facilidade e maior qualidade.
A intenção é provocar refle-

O ÓG
xões e ações que levem o/a
aluno/a a produzir narrativas
Orientações gerais em diferentes formatos e a ex-
plorar recursos de linguagem

SÃ G
de maneira criativa e eficiente.
Você tem abaixo várias atividades. Escolha e desenvolva uma delas. Verifique que, Estimular o/a aluno/a a encarar

ES DA
para algumas delas, é recomendável ser trabalhada individualmente. Outras são esta proposta de forma ousada
– em que o como fazer deve
mais indicadas para pequenos grupos. E, por fim, aquelas que serão mais bem ter prioridade sobre o que
elaboradas por grupos maiores. O melhor é que você escolha fazer algo de que

PR PE
contar. Ou seja, evidenciar que,
neste momento, a função poé-
goste e que, por isso, poderá realizá-la com maior qualidade. tica deve predominar sobre as
demais.
1. Escolha um texto narrativo (pode ser conto, poema narrativo, filme etc.) e
IM ISE
reescreva-o de diferentes formas (alterando o foco narrativo; mudando final;
alterando o tempo – por exemplo, fazer a ação acontecer no século XXII). Ao
Sugestão: promover uma se-
mana de exposição dos traba-
lhos realizados para que sejam
apreciados e avaliados por
AL
final, edite seu trabalho no formato de um pequeno livro. alunos/alunas de outras salas
e de outras séries, bem como
2. Selecione um dos textos deste módulo e adapte-o para o formato de história professores/as e funcionários/
DO N

em quadrinhos. as da Unidade de Ensino. Essa


exposição pode adquirir maior
A

3. Selecione um dos textos deste módulo e adapte-o para o formato de radio- amplitude, estendendo o
convite a familiares e amigos/
A

teatro.
OI RA

as dos/das alunos/as.

4. Selecione um dos textos deste módulo e adapte-o para o formato de filme


de pequena duração (de 1 a 5 minutos).
PR A
LP

5. Selecione um dos textos deste módulo e adapte-o para o formato de peque-


BI

na peça de teatro (com duração máxima de 10 minutos).


IA
ER
AT
M

55

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 55 25/08/2022 15:26:09


O ASSUNTO É:

4 CRÔNICA

A,
IC
REFLEXÃO

O ÓG
SÃ G
Leia o texto e responda às questões.

ES DA
PR PE
IM ISE Sobre o amor, etc.
Dizem que o mundo está cada dia menor.
AL

É tão perto do Rio a Paris! Assim é na verdade, mas acontece que raramente vamos
sequer a Niterói. E alguma coisa, talvez a idade, alonga nossas distâncias sentimentais.
DO N

Na verdade há amigos espalhados pelo mundo. Antigamente era fácil pensar que a vida
A

era algo de muito móvel, e oferecia uma perspectiva infinita e nos sentíamos contentes
A

achando que um belo dia estaríamos todos reunidos em volta de uma farta mesa e
OI RA

nos abraçaríamos e muitos se poriam a cantar e a beber e então tudo seria bom. Agora
começamos a aprender o que há de irremissível nas separações. Agora sabemos que
PR A

jamais voltaremos a estar juntos; pois quando estivermos juntos perceberemos que já
somos outros e estamos separados pelo tempo perdido na distância. Cada um de nós
LP

BI

terá incorporado a si mesmo o tempo na ausência. Poderemos falar, falar, para nos cor-
respondermos por cima dessa muralha dupla; mas não estaremos juntos; seremos duas
IA

outras pessoas, talvez por este motivo, melancólicas; talvez nem isso.
Chamem de louco e tolo ao apaixonado que sente ciúmes quando ouve sua ama-
ER

da dizer que na véspera de tarde o céu estava uma coisa lindíssima, com mil pe-
quenas nuvens de leve púrpura sobre um azul de sonho. Se ela diz “nunca vi um
AT

céu tão bonito assim” estará dando, certamente, sua impressão de momento; há
centenas de céus extraordinários e esquecemos da maneira mais torpe os mais
M

fantásticos crepúsculos que nos emocionaram. Ele porém, na véspera, estava den-
tro de uma sala qualquer e não viu céu nenhum. Se acaso tivesse chegado à janela
e visto, agora seria feliz em saber que em outro ponto da cidade ela também vira.
Mas isso não aconteceu, e ele tem ciúmes. Cita outros crepúsculos e mal esconde
sua mágoa daquele. Sente que sua amada foi infiel; ela incorporou a si mesma
alguma coisa nova que ele não viveu. Será um louco apenas na medida em que
o amor é loucura.

56

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 56 25/08/2022 15:26:10


Mas terá toda razão, essa feroz razão furiosamente lógica do amor. Nossa amada
deve estar conosco solidária perante a nuvem. Por isso indagamos com tão minu-
cioso fervor sobre a semana de ausência. Sabemos que aqueles 7 dias de distância

A,
são 7 inimigos: queremos analisá-los até o fundo, para destruí-los.

IC
Não nego razão aos que dizem que cada um deve respirar um pouco, e fazer sua
pequena fuga, ainda que seja apenas ler um romance diferente ou ver um filme

O ÓG
que o outro amado não verá. Tem razão; mas não tem paixão. São espertos porque
assim procuram adaptar o amor à vida de cada um, e fazê-lo sadio, confortável e
melhor, mais prazenteiro e liberal. Para resumir: querem (muito avisadamente, é

SÃ G
certo) suprimir o amor.

ES DA
Isso é bom. Também suprimimos a amizade. É horrível levar as coisas a fundo: a
vida é de sua própria natureza leviana e tonta. O amigo que procura manter suas

PR PE
amizades distantes e manda longas cartas sentimentais tem sempre um ar de
náufrago fazendo um apelo. Naufragamos a todo instante no mar bobo do tempo
e do espaço, entre as ondas de coisas e sentimentos de todo dia. Sentimos per-
IM ISE
feitamente isso quando a saudade da amada nos corrói, pois então sentimos que
nosso gesto mais simples encerra uma traição. A bela criança que vemos correr ao
sol não nos dá um prazer puro; a criança devia correr ao sol, mas Joana devia estar
AL
aqui para vê-la, ao nosso lado. Bem; mais tarde contaremos a Joana que fazia sol e
vimos uma criança tão engraçada e linda que corria entre os canteiros querendo
DO N

pegar uma borboleta com a mão. Mas não estaremos incorporando a criança à
vida de Joana; estaremos apenas lhe entregando morto o corpinho do traidor,
A

para que Joana nos perdoe.


A
OI RA

Assim somos na paixão do amor, absurdos e tristes. Por isso nos sentimos tão
felizes e livres quando deixamos de amar. Que maravilha, que liberdade sadia em
PR A

poder viver a vida por nossa conta! Só quem amou muito pode sentir essa doce
felicidade gratuita que faz de cada sensação nova um prazer pessoal e virgem
LP

BI

do qual não devemos dar contas a ninguém que more no fundo de nosso peito.
Sentimo-nos fortes, sólidos e tranquilos. Até que começamos a desconfiar de que
IA

estamos sozinhos e ao abandono trancados do lado de fora da vida.


Assim o amigo que volta de longe vem rico de muitas coisas e sua conversa é
ER

prodigiosa de riqueza; nós também despejamos nosso saco de emoções e novi-


dades; mas para um sentir a mão do outro precisam se agarrar ambos a qualquer
AT

velha besteira: você se lembra daquela tarde em que tomamos cachaça num café
que tinha naquela rua e estava lá uma loura que dizia, etc., etc. Então já não se
M

trata mais de amizade, porém de necrológio.


Sentimos perfeitamente que estamos falando de dois outros sujeitos, que por si-
nal já faleceram - e eram nós. No amor isso é mais pungente. De onde concluireis
comigo que o melhor é não amar; porém aqui, para dar fim a tanta amarga tolice,
aqui e ora vos direi a frase antiga: que melhor é não viver. No que não convém
pensar muito, pois a vida é curta e, enquanto pensamos, ela se vai, e finda.

BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. São Paulo: Círculo do Livro, 1977. p.115. (Fragmento)
57

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 57 25/08/2022 15:26:12


1. a) Logo, no início, Rubem 1. Rubem Braga, em seu texto, discorre sobre dois tipos de distância.
Braga fala da distância física,
afirmando que o mundo está a) Caracterize esses dois tipos de distância.
cada vez menor. Além disso,
fala das separações físicas
– pessoas que vão viver em
b) Dessas duas formas de distância, qual delas é enfatizada pelo autor? Jus-
outros locais distanciando-se tifique.
de parentes e de amigos.
Em seguida, fala da distância 2. Por que, para o autor, depois de ficar distante de outras pessoas, será impos-

A,
sentimental, que é marcada sível estar junto delas novamente?
pelo tempo em que as pes-

IC
soas ficam distantes umas das
outras. Esse distanciamento
3. Nos quarto e quinto parágrafos, para justificar seus argumentos, o autor apre-
físico provoca alterações nas senta uma situação envolvendo um casal.

O ÓG
pessoas e, por isso, mesmo
quando estiverem reunidas, a) Por que motivo o homem teria ciúmes de sua amada?
jamais estarão juntas, pois se-
rão outras pessoas. Segundo b) Como o autor justifica o fato de o homem sentir que sua amada teria

SÃ G
o autor, esse sentimento torna
as pessoas melancólicas.
sido infiel?

ES DA
b) A distância sentimental. c) Mais adiante no texto, o autor apresenta um exemplo semelhante. Sinte-
Praticamente a crônica inteira
desenvolve-se em torno desse tize-o em poucas linhas.

PR PE
sentimento. Nesse caso, obser-
var como o/a aluno/a recolhe, 4. Conforme o texto, quais seriam as vantagens de se suprimir o amor nas rela-
na própria crônica, elementos
que possam corroborar sua
ções amorosas?
resposta.
IM ISE
2. Porque as separações
provocam mudanças nas
5. Como o autor justifica a ideia de que se deve suprimir a amizade nas relações
entre amigos?
AL
pessoas. Entende-se que elas
se relacionarão com outras 6. De acordo com o texto, pode-se dizer que, quando alguém deixa de amar,
pessoas, vivenciarão situações será uma pessoa definitivamente feliz e livre?
diferentes e, inevitavelmente,
DO N

passarão por transformações


(novos valores, novas crenças,
7. Por fim, a que conclusões o autor chega?
A

novas atitudes). No texto, há


8. E essas conclusões apontam para uma solução aos problemas apontados ao
A

uma frase que resume bem


OI RA

essa impossibilidade: “Cada um longo do texto?


de nós terá incorporado a si
mesmo o tempo na ausência”. 9. Depois de ter lido e trabalhado com o texto, como você compreende o título
PR A

3. a) Ele teria ciúmes exa- “Sobre o amor, etc.” que o autor deu a esta crônica? Justifique sua resposta
tamente porque a amada
LP

com elementos do texto.


BI

pôde vivenciar um momento


de encantamento sem que
ele estivesse com ela. Até a 10. Considerando que este texto foi escrito e publicado há mais de sessenta
IA

maneira como ela lhe falaria da anos, você entende que ele se mantém atual? Justifique sua resposta.
visão do crepúsculo (“nunca
vi um céu tão bonito assim”)
ER

daria motivo para que ele se


sentisse enciumado. Observar
que o autor afirma que, caso DA TEORIA À PRÁTICA
AT

ele, ainda que em outro local,


também tivesse visto aquele
crepúsculo, ficaria feliz, pois Você trabalhou anteriormente com um tipo de texto que se denomina crônica.
M

poderia compartilhar com a


amada aquele momento.
Trata-se de uma produção textual publicada, geralmente, em jornais e revistas.
Sugestão: Após estas respostas,
perguntar se alguém da sala O autor de uma crônica não trabalha com um assunto pré-definido, ou seja,
já vivenciou sentimentos
semelhantes a esses aponta- tem total liberdade temática para desenvolver seu texto. Há também liberdade
dos no texto. Discutir em que total quanto à modalidade: pode ser dissertativa (expressar opiniões, defender
medida isso provoca abalos nas
relações entre as pessoas. uma ideia) ou narrativa (contar pequenas histórias). Porém, o espaço de que dis-
põe, no jornal ou na revista, é definido previamente – sua coluna, quase sempre,
é publicada no mesmo local – diária ou semanalmente. Por estas duas caracte-
rísticas, a crônica constitui um tipo de texto que tanto dialoga com a linguagem
58 literária quanto com a jornalística.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 58 25/08/2022 15:26:12


1. Crônica e literatura 3. b) O sentimento de
infidelidade é uma extensão
do de ciúmes. Isso aumenta
As liberdades temática e textual fazem com que o cronista possa utilizar uma a distância sentimental, pois
parece que, no entender do
linguagem que, sem ser rebuscada, se aproxime da literatura. Assim, o texto pode homem, a sua amada poderia
enveredar por uma abordagem mais lírica – em que a subjetividade fica mais à ter evitado aquele crepúsculo
(ou, quem sabe, não falar dele,
mostra – ou por uma abordagem mais humorística – de modo que um fato coti- nem se mostrar tão maravi-
diano seja apreciado por um ângulo inusitado.

A,
lhada diante daquela visão).
Assim, o que fere o homem
Embora se dirija a um leitor médio – o que lê jornais e revistas –, muitas não é somente o fato de sua

IC
amada ter vivido um belo
vezes, o cronista sente-se livre para explorar as possibilidades lúdicas, seja pela momento, mas também o fato

O ÓG
escolha das palavras, seja pelos arranjos sintáticos. Também, por isso, pode-se de ela ter falado dele de modo
tão impressionante.
perceber que a literatura está presente na construção da crônica. c) Ele reitera o sentimento de
distância entre os apaixonados,

SÃ G
2. Crônica e jornalismo invertendo as posições. Agora
é o homem que vive uma si-

ES DA
tuação encantadora (a visão de
uma criança que corre ao sol),
mas Joana, a sua amada, não
Além do fato de ocupar um espaço determinado, a crônica se aproxima do

PR PE
está com ele para compartilhar
jornalismo por buscar em fatos noticiados – principalmente aqueles “menores”, dessa sensação de prazer puro.
O autor repete o sentimento
para os quais pouco espaço e pouca atenção são dados – o seu assunto. Opina de traição quando o amado

IM ISE
sobre eles e procura trazê-los ao leitor sob uma nova visão.
A regularidade com que é publicada – diária, semanal, quinzenal – produz
conta a Joana o que viu.
4. Aqui, o autor apresenta
a ideia de que respeitar a
uma aproximação com o leitor, tornando possível uma relação de familiaridade individualidade de cada um/
AL
uma corresponderia a suprimir
entre o cronista e quem o lê – o leitor abre seu jornal ou sua revista com a expec- o amor. Essa atitude “esperta”
tativa do que poderá ler na crônica publicada naquele veículo. traria, como vantagem a
DO N

possibilidade de fazer da
Observe como Antonio Candido, em prefácio ao volume 5 do livro Para gos- relação amorosa algo “sadio,
A

confortável e melhor, mais


tar de ler, nas páginas 5 e 6, apresenta algumas das características da crônica. prazenteiro e liberal”. Afirma
A
OI RA

que há razão, mas não paixão.


[...] a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão Ou seja, suprime-se o amor.
das coisas e das pessoas. Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoa- 5. O autor diz que não se deve
PR A

levar as coisas tão a fundo, pois


da de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grande- a vida é, por natureza, algo
LP

za, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas. Ela é amiga da verdade e leviano [inconstante] e, por
BI

isso, não deveria ser levada tão


da poesia nas suas formas mais diretas e também nas suas formas mais fantás- a sério.
ticas – sobretudo porque quase sempre utiliza o humor.
IA

6. Aparentemente, sim. Aqui, o


autor reitera a ideia de que não
Isso acontece porque não tem pretensões a durar uma vez que é filha do jornal ter um compromisso amoroso,
ER

tornaria a pessoa livre para


e da era da máquina, onde tudo acaba tão depressa. Ela não foi feita originaria- viver sua individualidade de
mente para o livro, mas para essa publicação efêmera que se compra num dia e forma plena. Porém, no final
AT

do parágrafo, ele desconstrói


no dia seguinte é usada para embrulhar um par de sapatos ou forrar o chão da esse argumento: “Até que
cozinha. Por se abrigar neste veículo transitório, o seu intuito não é o dos escri- começamos a desconfiar de
M

que estamos sozinhos e ao


tores que pensam em “ficar”, isto é permanecer na lembrança e na admiração da abandono trancados do lado
posteridade: e a sua perspectiva não é a dos que escrevem do alto da montanha, de fora da vida”. Será uma vida
solitária que poderá aguçar
mas do simples rés-do-chão. Por isso mesmo consegue quase sem querer trans- a sensação de que se está
formar a literatura em algo íntimo com relação à vida de cada um, e quando abandonado/a.

passa do jornal ao livro, nós verificamos meio espantados que a sua durabilida-
de pode ser maior do que ela própria pensava. Como no preceito evangélico, o
que quer salvar-se acaba por perder-se; e o que não teme perder-se acaba por
se salvar. No caso da crônica, talvez como prêmio por ser tão despretensiosa,

59

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 59 25/08/2022 15:26:13


7. O autor chega a uma conclu- insinuante e reveladora. E também porque ensina a conviver intimamente com
são que, pode-se dizer, parado-
xal: o melhor é não amar o que a palavra, fazendo com que ela não se dissolva de todo ou depressa demais no
corresponde a não viver. contexto, permitindo que o leitor a sinta na força dos seus valores próprios.
8. Não. Como que mostrando
que todas as reflexões apre-
sentadas são inviáveis, o autor ANDRADE, Carlos Drummond de et al. Para gostar de ler: Crônicas. Prefácio
afirma que o melhor mesmo de Antonio Candido v. 5. São Paulo; Ática, 2002, p. 5 e 6. (Fragmento)
é não pensar nisso. E, ainda

A,
que de forma indireta, ressalta
que se deve viver [e, portanto,
Para melhor compreender alguns aspectos pertinentes à elaboração de uma

IC
amar], “pois a vida é curta e,
enquanto pensamos, ela se vai, crônica, veja como o cronista Luís Fernando Veríssimo responde a algumas ques-
e finda.”
tões referentes a esse tipo de produção textual. Trata-se de um trecho de entrevis-

O ÓG
9. Embora a resposta pareça
pessoal, espera-se que o/a ta concedida a Luiz Costa Pereira Júnior e publicada na revista Língua Portugue-
aluno/a revele ter compreen-
dido que a crônica tem o amor
sa, ano 3, nº 44, de junho de 2009, páginas 14 a 17.

SÃ G
como seu tema principal. O
Pergunta: Se você pudesse resumir a técnica da crônica, como seria?

ES DA
que causa mais estranheza
é o “etc.” que aparece no
título. Nesse caso, “essas outras
LFV: É difícil dar uma receita, pois a crônica é um gênero indefinido, desde
coisas” dizem respeito aos sen- sempre. Você pode falar do que quiser e chamar o que escreveu de “crônica”, e

PR PE
timentos contraditórios que o que sair será efetivamente uma crônica. Como sob esse rótulo cabe tudo, há
o amor provoca nas pessoas:
querer estar junto e, ao mesmo
também muito de invenção, muito exercício de estilo. Agora, tirando a geração
tempo, querer manter sua de cronistas, como Rubem Braga, Antonio Maria e Paulo Mendes Campos, não
IM ISE
individualidade. Querer não
amar e sentir-se abandonado.
Mesmo a amizade, quando
apresentada, reforça esses
sei se o termo “crônica” caberia ao que se escreve hoje com esse nome. A crô-
nica que eles faziam estava mais perto do lírico, sem ser alienada. Hoje em dia,
o que se escreve como “crônica” é muito mais factual do que antes. Paulo Men-
AL
sentimentos dúbios. Observar
se os elementos retirados do
des Campos podia fazer crônicas que eram genuínas peças literárias, o próprio
texto apoiam estes argumen- Rubem Braga escrevia um tipo de texto com aquele seu jeito despojado, mas
DO N

tos. Orientar para que a respos- ainda assim lírico. Hoje a ênfase do que se lê por aí é comentar, testemunhar o
ta tenha, além dos trechos do
momento.
A

texto, justificativas pessoais.


A

10. Espera-se que a resposta Pergunta: Com o que você se preocupa quando vai escrever uma crônica?
OI RA

seja “sim”, uma vez que, embo-


ra escrita há tanto tempo, o au- LFV: Busco, quando posso, imprimir certa variedade ao material, seja na ma-
tor apresenta um assunto que
neira de escrever ou na abordagem. Mas tudo depende de ter ou não tempo
PR A

diz respeito ao ser humano


em si, independentemente do para pensar muito sobre um assunto. Às vezes, há questões obrigatórias no ar.
LP

tempo. Mais do que do amor Fora essas, traço o tema que me ocorre. Já houve tempo em que me era indife-
BI

ou do não amar, a crônica fala


do ser humano. É claro que, rente a dificuldade de encontrar o tema de uma crônica ou as observações que
poderá haver respostas que dão molho a ela. Mas, ultimamente, tem sido cada vez mais complicado encon-
IA

discordem desta visão. Nesse


caso, verificar se a argumen-
trar o tema sobre o qual falarei. Tenho a impressão de que tudo já foi escrito,
tudo já foi dito. Tenho, nessas horas, certa hesitação. Sempre.
ER

tação consegue justificar essa


posição. Importante é, a partir
das respostas a esta questão, Pergunta: Como vencer o desafio de escrever “com molho”?
propiciar uma discussão que
AT

possa ampliar este tema, LFV: Podemos abordar qualquer assunto, desde que com leveza. Mas a ironia
tratando de outras questões é sempre perigosa no Brasil, pois nem sempre é entendida. [...] Parece que a
inerentes ao ser humano
ironia no Brasil não funciona por escrito. Pois há uma certa reverência com a
M

palavra impressa, uma ideia difusa de que está ali no papel um preto no branco
que, decerto, não pode ser brincadeira. Mas o importante, no fim, é escrever
com leveza.

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Revista Língua Portuguesa,


São Paulo, ano 3, n 44, 3 jun. 2009 p. 14-17. (Fragmento)

60

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 60 25/08/2022 15:26:13


APLICAÇÃO
1. Leia e depois responda às questões:
Pequena antologia de crônicas

A,
a) Exemplos de crônica dissertativa

IC
Observe, na crônica apresentada a seguir, como Luís Fernando Veríssimo produz
um texto dissertativo e caracteristicamente literário. Nesse texto, publicado na

O ÓG
década de 1980, Veríssimo aborda a questão dos desaparecidos durante o perío-
do em que a Argentina viveu sob a ditadura militar. Para melhor compreendê-lo,

SÃ G
reproduz-se, antes, uma notícia veiculada em 12 de março de 2009.

ES DA
PR PE
Notícia: Ossadas achadas podem ser de
IM ISE
desaparecidos da ditadura argentina
AL

BUENOS AIRES - Uma equipe de especialistas da Argentina encontrou ossadas de


DO N

sete pessoas em uma província de Neuquén, ao sul, que podem pertencer a pes-
soas desaparecidas durante a ditadura militar que governou o país entre 1976 e
A

1983, disse uma fonte oficial nesta quinta-feira.


A
OI RA

Os corpos, que estavam empilhados e alguns virados para baixo, pertenceriam a


pessoas que, ao morrer, tinham entre 25 e 30 anos e haviam sido enterradas há 20
PR A

ou 30 anos no que seria uma vala comum, segundo os primeiros estudos realizados.
LP

“A princípio, poderá ser apressado garantir que os mortos são desaparecidos na


BI

ditadura, mas há indícios que nos conduzem a esta conclusão”, disse à Reuters o
ministro de Justiça, Trabalho e Segurança da província de Neuquén, César Pérez.
IA

“Encontramos também um cartucho (de bala) que foi utilizado perto de onde esta-
vam os corpos”, acrescentou.
ER

Durante a última ditadura militar que governou a Argentina, cerca de 30.000 pes-
soas foram sequestradas, torturadas e assassinadas na Argentina, segundo denún-
AT

cias de entidades de direitos humanos. Uma comissão independente confirmou


cerca de 11.000 casos.
M

Em muitas ocasiões, as pessoas foram executadas e enterradas em valas comuns.


As ossadas foram encontradas em uma construção em Chos Malal, Neuquén, e de-
vem se tratar de seis homens e uma mulher.
Nos próximos dias, um grupo de antropólogos continuará analisando o terreno,
onde as obras foram paralisadas e uma vigilância foi ordenada.

GRAZINA, Karina. Ossadas achadas podem ser de desaparecidos da ditadura


argentina. Reuters Brasil, 12 mar. 2009. Disponível em: <http://br.reuters.com/
article/worldNews/idBRSPE52B0T820090312>. Acesso em 4 jul. 2017.
61

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 61 25/08/2022 15:26:13


Crônica: COMO NA ARGENTINA
Não é fácil eliminar um corpo. [...] Uma vida é fácil. Uma vida é cada vez mais fácil. Mas
fica o corpo, como lixo. Um dos problemas desta civilização: o que fazer com o próprio

A,
lixo. As carcaças de automóveis, as latas de cerveja, os restos de matanças. O corpo boia.
O corpo vai dar na praia. O corpo brota da terra, como na Argentina. O que fazer com

IC
ele? O corpo é como o lixo atômico. Fica vivo. O corpo é como o plástico. Não desinte-
gra. A carne apodrece e ficam os ossos. Forno crematório não resolve. Ficam os dentes,

O ÓG
ficam as cinzas. Fica a memória. Ficam os parentes. Ficam as mães. Como na Argentina.
Seria fácil se o corpo se extinguisse com a vida. A vida é um nada, acaba-se com a

SÃ G
vida com um botão ou com uma agulha. Mas fica o corpo, como um estorvo. Os
desaparecidos não desaparecem. Sempre há alguém sobrando, sempre há alguém

ES DA
cobrando. As valas comuns não são de confiança. [...] Os corpos são devolvidos, mais
cedo ou mais tarde. [...] A terra não quer ser cúmplice. Tapar os corpos com escom-

PR PE
bros não adianta. Sempre sobra um pé, ou uma mãe.[...]
Os corpos brotam do chão, como na Argentina. Corpo não é reciclável. Corpo não é
reduzível. Dá para dissolver os corpos em ácido, mas não haveria ácido que chegas-
IM ISE se para os assassinados do século. Valas mais fundas, mais escombros, nada adianta.
Sempre sobra um dedo acusando. [...] Tentaram largar o corpo no meio do mar e
AL
não deu certo. O corpo boia. O corpo volta. Tentaram forjar o protocolo – foi suicídio,
estava fugindo – e o corpo desmentia tudo. O corpo incomoda. O corpo faz muito
silêncio. Consciência não é biodegradável.[...]
DO N

Os meios de acabar com a vida sofisticam-se. Mas ainda não resolveram como aca-
A

bar com o lixo. Os corpos brotam da terra, como na Argentina. Mais cedo ou mais
A

tarde os mortos brotam da terra.


OI RA
PR A

VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mãe de Freud. São Paulo: Círculo do Livro, 1985. p. 137-138
LP

BI

Outro tipo de crônica dissertativa ocorre quando se aborda um tema mais geral e
que apresenta uma espécie de “conselho” para o leitor. Veja isso no texto abaixo ela-
IA

borado por Lya Luft.


ER
AT

Agendar a vida
M

Abro uma página da minha agenda para demarcar mais uma vez o território de mi-
nha liberdade e o dos meus deveres – que é onde ela começa a perder pé.
A fantasia não pede licença para se desenrolar: logo vejo uma infinidade de mesas
e escrivaninhas, cada uma com sua agenda, nela a floresta dos compromissos, mal
sobrando alguma trilha estreita para andar e respirar. (Nas folhas desta minha atual
quero abrir entrelinhas para contemplar a árvore em flor diante de minha janela, ou
pegar nos braços uma das crianças que povoam esta casa.)

62

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 62 25/08/2022 15:26:13


Vejo também agendas quase vazias onde se procura melancolicamente algo para
quebrar o sem-sentido da vida: nem uma visita, uma data de aniversário, nenhum
afeto nomeado, nem ao menos um pagamento nesses dias que parecem um de-

A,
serto sem contornos.

IC
Nem uma miragem ao longe?
Pessoalmente não vivo sem uma agenda, aquelas de bloco, ao lado do computador.

O ÓG
Às vezes olhar a folhinha me dá alegria: um encontro bom, ou um dia inteiro só pra
mim. Em outras folhas, um engarrafamento de garatujas (minha letra, horror das
professoras desde os primeiros anos de escola) com mais compromissos do que

SÃ G
meu fundamental desejo de liberdade quereria.

ES DA
Agenda pode ser tormento e prisão. Mas pode ser liberdade, se a gente inventar bre-
chas: em plena tarde da semana, caminhar na calçada; sentar ao sol na varanda do apar-

PR PE
tamento; deitar na grama do parque ou jardim, por menor que ele seja, e como criança
olhar as nuvens, interpretando suas formas: camelo, coelho, árvore ou anjo.

IM ISE
Ou: quinze minutos para se recostar para trás na cadeira (pode ser do escritório mesmo)
e espiar o céu fora da janela; ir até a sala, esticar-se no sofá com as pernas sobre o braço
do próprio, e ouvir música, ver televisão, ler, ler, ler... ou simplesmente não fazer nada.
AL
O ócio é uma possibilidade infinita a ser explorada.
Não falo da inércia, do desânimo, do vazio melancólico. Jamais falarei de ficar de
DO N

robe velho e pantufas (vi numa vitrine algumas com cara de cachorro e até orelhas!)
A

pela casa até o meio da tarde.


A
OI RA

Falo de viver.
“Parar, olhar, escutar”, dizia um aviso nos trilhos do trem quando havia trem entre
minha cidade e Porto Alegre. A gente passava de carro sobre o trilho, e eu imagina-
PR A

va o horror de alguém infringir isso e ser explodido pelo monstro de ferro e fumaça.
LP

BI

A vida há de rolar por cima da gente, reduzindo a poeirinha inútil quem se esque-
cer de às vezes parar pra pensar... mas sem se desmontar; olhar em torno ou para
IA

dentro: paisagens belas, ou áridas (sempre dá pra plantar um capim) ou quem sabe
coloridas (a alma pode brincar de esconde-esconde entre as folhas).
ER

E escutar: a música do universo, o canto do sabiá (que tem começado às 3 da madrugada


fria, atarantado neste clima estranho); a risada da criança no andar de cima; enfim, o cha-
AT

mado da vida que nos convoca de mil formas: anda, sai do marasmo, viveeeeeeeeeee!!
Que nossas agendas (também as interiores) nos permitam muitas vezes a plenitude
M

do nada sorvido como um gole de champanha, celebrando tudo.


Sem culpa.

LUFT, Lya. Pensar é transgredir. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 15-17.
b) Exemplos de crônica memorialista
Em texto publicado no livro A construção do futuro – crônicas da revista Bras-
motor, Fernando Morais apresenta a lembrança que tem das relações entre ele
e seu pai. 63

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 63 25/08/2022 15:26:14


Procurando cartas no cosmos

A,
Já ouvi de tudo sobre a internet. De uns, que é a oitava maravilha do mundo. De
outros, como Millôr Fernandes, que não serve para nada. Cá comigo, passei a ter um

IC
débito, digamos, afetivo com a Internet. Meu pai e eu tivemos, ao longo da vida,
uma relação complicada. Ele era um mineiro enérgico, linha-dura. Eu, um menino

O ÓG
insubordinado, aquilo que os padres do Colégio Santo Agostinho chamavam de
“um caso de polícia”. Nem as incontáveis surras que ele me aplicou foram suficientes
para enquadrar-me na rígida disciplina doméstica.

SÃ G
Rolaram meses, anos, décadas. Ele lá e eu cá. Sem grandes brigas, mas também sem

ES DA
maiores afagos. Nos últimos anos de sua vida, já passado dos oitenta anos, seu Duduca
encantou-se com computadores e com a Internet. Um programa novo surgia em Tó-
quio ou Nova York e dias depois já estava instalado em seu Pentium. E foi através do cor-

PR PE
reio eletrônico que passamos a nos comunicar todos os dias. Eu chegava de manhã no
meu estúdio de trabalho, abria a caixa postal e lá estavam duas, três, quatro cartas dele.

IM ISE Do lado de cá eu devolvia respostas igualmente torrenciais. Em um ano de “conversas”


via micro, acabamos nos falando e nos conhecendo mais do que em meio de século de
difícil convivência. Rolava de tudo. Até um delicioso conto de sua lavra (intitulado “O que
AL
foi mesmo que aconteceu em Belo Horizonte no dia 30 de abril de 1963?”) apareceu
certa vez na minha tela. No dia que fiz 50 anos ele me mandou uma comovente carta
DO N

contando como ficara sabendo, na longínqua noite de 22 de julho de 1946, que minha
mãe acabara de ter um menino, eu mesmo.
A

Um dia, em outubro do ano passado, seu Duduca se internou no hospital para re-
A
OI RA

visar as safenas e desentupir uma coronária. Coisa de rotina, anestesia rápida, era
entrar às sete da manhã e sair ao meio dia. Entrou às sete da manhã e não saiu mais.
Saiu, mas morto, depois de três paradas cardíacas. Passada a dor inicial, qual não
PR A

foi minha surpresa ao abrir o micro para tentar recuperar nossa correspondência e
LP

BI

descobrir que tudo tinha sido apagado. Fui às caixas de entrada e de saída e não
encontrei nada. Revirei a wastebasket e nada. Corri à casa dele, abri a Internet, repeti
IA

a operação e a frustração foi igual. A alegria que a Internet me dera meses antes, ao
se converter em instrumento de recuperação de uma vida, se transformava agora
ER

em decepção. Se tivéssemos nos comunicado por carta, como todo mundo, estava
tudo aqui, guardado na gaveta. O frio mundo cibernético pulverizara no éter meu
namoro tardio com seu Duduca.
AT

Contei o caso para fulano, que contou para beltrano, que contou para sicrano, que
M

contou para o japonês (sempre eles...), que me ligou solícito: “Me mande seu e-mail
e o do seu pai, mais as senhas e as user id de ambos, que vou ver se descubro onde
está essa correspondência”. Descobriu. Em algum lugar do cosmos, o Tamura re-
capturou, uma por uma, as cartas perdidas. As minhas e as dele. Que já estão aqui,
devidamente guardadas na memória do micro. Por via das dúvidas imprimi tudo,
botei numa pasta de papelão e guardei num velhíssimo arquivo de metal. Seguro
morreu de velho, diria o seu Duduca.

MORAIS, Fernando. Procurando no cosmos. In MOISÉS, Carlos Felipe (org.). A construção


do futuro: crônicas da revista Brasmotor, São Paulo: Brasmotor, 2000, p. 33-34
64

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 64 25/08/2022 15:26:14


Por vezes, o autor relembra algum fato específico, particular, e chega a uma visao
geral da vida. É o que se pode ver na crônica de Fernando Sabino.

A,
A QUEM TIVER CARRO

IC
O carro começou a ratear. Levei-o ao Pepe, ali na oficina da rua Francisco Otaviano:

O ÓG
— Pepe, o carro está rateando.
— Entupimento na tubulação. Só pode ser.

SÃ G
Deixei o carro lá. À tarde, fui buscar.

ES DA
— Eu não dizia? Defeito na bomba de gasolina.
— Você dizia entupimento na tubulação.

PR PE
— Botei um diafragma novo, mudei as válvulas.
Estendeu-me a conta: de meter medo. Mas paguei.[...]
IM ISE
— Pode ir sem susto, que agora está o fino.
— Fui sem susto. O caminho de Itaquatiara. O fino!
AL

Nem bem chegara a Tribobó, o carro engasgou, tossiu e morreu. Sorte a minha:
mesmo em frente ao letreiro de “Gastão, o eletricista”.
DO N

— Que diafragma coisa nenhuma, quem lhe disse isso? [...]


A
A

— O senhor mexeu na bomba à toa: é o dínamo que está esquentando.


OI RA

— Molhou uma flanela e envolveu o dínamo carinhosamente, como a uma criança.


— Se tornar a falhar é só molhar o bichinho. Vai por mim, que aqui no Tribobó quem
PR A

entende disso sou eu.


LP

BI

Nem no Tribobó: o carro não pegava de jeito nenhum.


IA

— Então esse dínamo já deu o prego, tem de trocar por outro. Não pega de jeito
nenhum.
ER

Para desmenti-lo, o motor subitamente começou a funcionar.


— Vai morrer de novo — augurou ele, e voltou a aninhar-se no seu caminhão. Re-
AT

solvi regressar a Niterói. À entrada da cidade, a profecia do capadócio se realizou:


morreu de novo. Um chofer de caminhão me recomendou o mecânico Mundial,
M

especialista em carburadores — ali mesmo, a dois quarteirões.Fui até ele e em pou-


co voltava seguido do Mundial, um velho compenetrado arrastando a perna e as
ideias:
— Pelo jeito, é o carburador.
Olhou o interior do carro, deu uma risadinha irônica:

65

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 65 25/08/2022 15:26:14


— É lógico que não pega! O dínamo está molhado!
Enxugou o dínamo com uma estopa: o carro pegou.

A,
— Eu, se fosse o senhor, mandava fazer uma limpeza nesse carburador — insistiu
ainda: — Vamos até lá na oficina.

IC
Preferi ir embora. Perguntei quanto era.

O ÓG
— O senhor paga quanto quiser.
Já que eu insistia, houve por bem cobrar-me quanto ele quis.

SÃ G
Cheguei ao Rio e fui direto ao Haroldo, no Leblon, que me haviam dito ser um

ES DA
monstro no assunto:
— Carburador? — e o Haroldo não quis saber de conversa: — Isso é o platinado, vai
por mim.

PR PE
Cutucou o platinado com um ferrinho. Fui-me embora e o carro continuava se ar-
rastando aos solavancos.
IM ISE — O platinado está bom — me disse o Lourival, lá da Gávea: — Mas alguém andou
mexendo aqui, o condensador não dá mais nada. O senhor tem de mudar o con-
AL
densador.
Mudou o condensador e disse que não cobrava nada pelo serviço. Só pelo conden-
DO N

sador.
A

No dia seguinte, o carro se recusou a sair da garagem.


A
OI RA

— Não é o diafragma, não é o carburador, não é o dínamo, não é o platinado, não é


o condensador — queixei-me, deitando erudição na roda de amigos. Todos procu-
ravam confortar-me:
PR A

— Então só pode ser a distribuição. O meu estava assim.


LP

BI

— Você já examinou a entrada de ar?


IA

— Para mim, você está com vela suja.


E recomendavam mecânicos de sua preferência.[...]
ER

Mas pela manhã me lembrei de um curso que se anuncia aconselhando: “Aprenda


a sujar as mãos para não limpar o bolso”. Resolvi candidatar-me — e quem tiver
AT

ouvidos para ouvir, ouça, quem tiver carro para guiar, entenda. Fui à garagem, abri
o capô, e fiquei a olhar intensamente o motor do carro, fria e silenciosa esfinge
M

que me desafiava com seu mistério: decifra-me, ou devoro-te. Havia um fio solto,
coloquei-o no lugar que me pareceu adequado. Mas não podia ser tão simples. Era.
Desde então, o carro passou a funcionar perfeitamente.

SABINO, Fernando. A quem tiver carro. Elenco de cronistas modernos.


23. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007. p. 90-93

66

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 66 25/08/2022 15:26:14


c) Exemplos de crônica narrativa humorística
Fernando Sabino foi um dos cronistas mais frequentes das páginas de jornais e
de revistas brasileiros. Uma das suas características era a produção de crônicas
leves e de muito bom humor.

A,
IC
Cara ou coroa

O ÓG
Chegou em casa de madrugada, e para não acordar a mulher, resolveu se despir no

SÃ G
banheiro. No que tirou a calça, uma dessas novas moedas de 20 cruzeiros, que havia
recolhido de troco não sabia onde, saltou do bolsinho junto ao cinto, descreveu

ES DA
uma parábola, e foi cair direto dentro do ralo.
No momento ele não deu importância, mal percebeu o que acontecera. Acabou de

PR PE
se despir calmamente e depois abriu a torneira, lavou o rosto, escovou os dentes,
mirou-se no espelho fazendo caretas, fechou a torneira. Só então viu que a água na
pia, com laivos de espuma de sabão e de pasta de dente, simplesmente não descia.
IM ISE
Com a ponta do dedo, verificou que a moeda era exatamente do mesmo calibre do
ralo, vedando por completo a passagem da água cano abaixo.
AL

Em vão tentou retirá-la com a unha do indicador: não havia o menor interstício en-
tre ela e a parede do cano. E de tanto mexer com a mão ali dentro, não só acabou
DO N

machucando a unha, como fez com que a água entornasse sobre as bordas da pia,
A

molhando o chão do banheiro.


A

Desistiu logo: tinha mais é que ir dormir – na manhã seguinte daria jeito naquilo.
OI RA

Na manhã seguinte foi acordado pela mulher, quando estava no melhor do sono:
PR A

– Vem ver só o que você andou aprontando esta noite.


LP

Estremunhado, tomou o caminho do banheiro, que a mulher lhe apontava. Entrou


BI

pela água adentro até os tornozelos: o chão estava completamente alagado. Dei-
xara a torneira mal fechada e a água transbordava da pia por todos os lados, como
IA

uma cachoeira.
ER

– Não fui eu – protestou ele.


– Então me diga quem foi – a mulher desafiou-o, mãos na cintura.
AT

– Foi a moeda – e ele aproveitou a pia cheia para molhar o rosto, espantando o sono.
– Moeda? Que moeda?
M

– Uma moeda nova. Dessas de vinte cruzeiros. Pra você ver como o nosso dinheiro
anda desvalorizado.
Meteu a mão na água e, num gesto delicado de ginecologista, apalpou a moeda
com o dedo.
– Nada a fazer. Não sai de jeito nenhum.
– Deixa comigo – e a mulher o afastou com o braço, ar eficiente. Tirou da cabeça um
grampo, abriu-o e ficou a esgravatar com ele as entranhas da pia. Acabou desistindo:
67

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 67 25/08/2022 15:26:14


– Que ideia a sua, jogar essa moeda aí dentro.
– Joguei por querer, é o que você quer dizer.

A,
– Não sai de jeito nenhum.
– Foi o que eu disse, Só virando a pia de cabeça para baixo.

IC
– Podíamos usar um ímã.

O ÓG
– Um ímã? – ele se surpreendeu com a inesperada manifestação de inventiva da
mulher: – E quem é que disse que ímã funciona debaixo d’água? Além do mais, o

SÃ G
metal dessas novas moedas é tão ordinário, que ímã nenhum deve exercer atração
sobre elas.

ES DA
– Não custa experimentar.
– Não temos ímã aqui em casa. Só comprando um. E confesso que não tenho a mais

PR PE
longínqua ideia de onde é que se compra ímã neste mundo de Deus. Ainda mais
um tão pequeno que caiba no ralo da pia.

IM ISE – Quem sabe um pouco de cola na ponta de um lápis...


– Cola debaixo d’água? Só você mesmo, mulher.
AL

– A gente tira a água.


– Tirar como, se a pia está entupida? O jeito é chamar o bombeiro.
DO N

– Também, que diabo você tinha de voltar tão bêbado para casa, a ponto de jogar
A

moeda dentro da pia?


A
OI RA

Prudentemente, ele se afastou, indo tomar café, sem escovar os dentes. A mulher o
seguiu. Em pouco o filho, de sete anos, se acomodava também à mesa, todo lam-
PR A

peiro, penteado e arrumado para ir à escola.


LP

– Você lavou o rosto? Escovou os dentes? – espantou-se a mãe: – Como é que se


BI

arranjou com a pia entupida daquele jeito?


IA

– Eu desentupi.
– Como? – perguntaram os dois a um tempo.
ER

– Com um pedaço de chiclete no cabo da escova.


AT

E o menino atirou a moeda para o ar, aparando-a com as duas mãos:


– Cara ou coroa?
M

SABINO, Fernando. O gato sou eu. Rio de Janeiro: Record, 1983, p. 156-159.

Há algumas ocasiões em que o cronista conta uma pequena história com hu-
mor, mas que leva o leitor a refletir sobre algo.

68

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 68 25/08/2022 15:26:15


No restaurante

A,
— Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher — quatro anos, no máximo, desabrochando na ultra-

IC
minissaia — entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava
de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.

O ÓG
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu
para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.

SÃ G
— Meu bem, venha cá.

ES DA
— Quero lasanha.
— Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.

PR PE
— Não, já escolhi. Lasanha.
Que parada — lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sen-
IM ISE
tar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
— Vou querer lasanha.
AL

— Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
DO N

— Gosto, mas quero lasanha.


A

— Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de
camarão. Tá?
A
OI RA

— Quero lasanha, papai. Não quero camarão.


— Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente traça uma lasanha. Que tal?
PR A

— Você come camarão e eu como lasanha.


LP

BI

O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:


IA

— Quero uma lasanha.


O pai corrigiu:
ER

— Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.


AT

A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por
que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam no seu rosto,
pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o ser-
M

viço, ela atacou:


— Moço, tem lasanha?

69

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 69 25/08/2022 15:26:15


— Perfeitamente, senhorita.
O pai, no contra-ataque:

A,
— O senhor providenciou a fritada?
— Já, sim, doutor.

IC
— De camarões bem grandes?

O ÓG
— Daqueles legais, doutor. [...]
Veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interes-

SÃ G
sado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrá-

ES DA
rio, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo,
a vitória do mais forte.
— Estava uma coisa, hem? — comentou o pai, com um sorriso bem alimentado. —

PR PE
Sábado que vem, a gente repete…
Combinado?
IM ISE — Agora a lasanha, não é, papai?
— Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer mesmo?
AL

— Eu e você, tá?
DO N

— Meu amor, eu…


A

— Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.


A
OI RA

O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha,
bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garo-
tinha, impassível.
PR A

Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultra-
LP

BI

jovem.
IA

Carlos Drummond de Andrade. O poder ultrajovem. Em: Obra


completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1988. p. 1744
ER

Para mostrar que a crônica oferece total liberdade, veja um exemplo de Mário
AT

Prata em que a história veio “pronta” por e-mail.


M

70

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 70 25/08/2022 15:26:15


A máquina da Canabrava

A,
No primeiro dia de aula, a professora de História da Economia, na velha USP da rua
Doutor Vilanova, Alice Canabrava, escreveu no quadro negro o nome de um livro

IC
sobre o mercantilismo e disse, seriíssima:
– Na próxima aula (dali a uma semana), prova sobre o livro.

O ÓG
Era o estilo dela, que eu já havia enfrentado no exame oral (é, tinha oral) do vestibu-
lar para economia em 1967. Me lembro que ela me perguntou qual era a diferença

SÃ G
entre uma nau e uma caravela. Na época, eu sabia.

ES DA
Mas o mundo é pequeno e trinta anos depois vim a descobrir que a Canabrava era
tia da minha amiga escritora-arquiteta Lúcia Carvalho. Era tia. Morreu há um mês,
já velhinha, aposentada e lúcida. Deixou sua casa – com tudo que tinha lá dentro,

PR PE
incluindo uma genial biblioteca – para a Lúcia.
E a Lúcia acaba de me mandar um e-mail que eu transcrevo na íntegra, sobre uma
IM ISE
velha máquina da catedrática tia. Vamos lá.
Ouve só. A gente esvaziando a casa da tia neste carnaval. Móvel, roupa de cama, louça,
AL
quadro, livro. Aquela confusão, quando ouço dois dos meus filhos me chamarem.
– Mãe!
DO N

– Faaala.
A

– A gente achou uma coisa incrível. Se ninguém quiser, pode ficar para a gente? Hein?
A
OI RA

– Depende. Que é?
Os dois falavam juntos, animadíssimos.
PR A

– Ééé... Uma máquina, mãe.


LP

BI

– É só uma máquina meio velha.


– É, mas funciona, está ótima!
IA

Minha filha interrompeu o irmão mais novo, dando uma explicação melhor.
ER

– Deixa que eu falo: é assim, é uma máquina, tipo um... teclado de computador, sabe só
o teclado? Só o lugar que escreve?
AT

– Sei.
M

– Então. Essa máquina tem assim, tipo... uma impressora, ligada nesse teclado, mas as-
sim, ligada direto. Sem fio. Bem, a gente vai, digita, digita...
Ela ia se animando, os olhos brilhando.
–... e a máquina imprime direto na folha de papel que a gente coloca ali mesmo! É
muuuito legal! Direto, na mesma hora, eu juro!
Eu não sabia o que falar. Eu ju-ro que não sabia o que falar diante de uma explicação
dessas, de menina de 12 anos, sobre uma máquina de escrever. Era isso mesmo?

71

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 71 25/08/2022 15:26:15


–... entendeu, mãe?... zupt, a gente escreve e imprime, a gente até vê a impressão tipo
na hora, e não precisa essa coisa chata de entrar no computador, ligar, esperar hóóó-
ras, entrar no Word, de escrever olhando na tela, mandar para a impressora, esse monte

A,
de máquina, de ter que ter até estabilizador, comprar cartucho caro, de nada, mãe! É
muuuito legal, e nem precisa colocar na tomada! Funciona sem energia e escreve direto

IC
na folha da impressora!

O ÓG
– Nossa, filha...
–... só tem duas coisas: não dá para trocar a fonte nem aumentar a letra, mas não tem

SÃ G
problema. Vem, que a gente vai te mostrar. Vem...

ES DA
Eu parei e olhei, pasma, a máquina velha. Eles davam pulinhos de alegria.
– Mãe. Será que alguém da família vai querer? Hein? Ah, a gente vai ficar torcendo, tor-
cendo para ninguém querer para a gente poder levar lá para casa, isso é o máximo! O

PR PE
máximo!
Bem, enquanto estou aqui, neste “teclado”, estou ouvindo o plec-plec da tal máquina,
IM ISE que, claro, ninguém da família quis, mas que aqui em casa já deu até briga, de tanto que
já foi usada. Está no meio da sala de estar, em lugar nobre, rodeada de folhas e folhas
de textos “impressos na hora” por eles. Incrível, eles dizem, plec-plec-plec, muito legal,
AL

1. Resposta pessoal. Verificar plec-plec-plec.


se as justificativas são bem
Eu e o Zé estamos até pensando em comprar outras, uma para cada filho. Mas, pensa
DO N

elaboradas e se buscam apoio


em aspectos formais do texto bem se não é incrível mesmo para os dias de hoje: sai direto, do teclado para o papel, e
A

(a linguagem, a construção
do texto, por exemplo) ou sem tomada!
A

em aspectos do conteúdo
OI RA

(abordagem original de um
Céus. Que coisa. Um beijo grande, Lúcia.
tema, surpreende o leitor, por
exemplo).
É, Lúcia, a nossa querida Alice Canabrava deve estar descansando em paz e rindo
PR A

Sugestão muito. E dê uns beijos nos filhos e agradeça a crônica pronta-pronta, plec-plec-plec,
que eu ofereço aos meus leitores. E leitoras.
LP

A partir das respostas, fazer


BI

um levantamento quantitativo
para verificar qual a crônica
que obteve maior escolha. PRATA, Mário. Cem melhores crônicas (que, na verdade, são 129).
IA

Discutir por que esse texto


exerceu maior atração. Ao
São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007, p. 131-133]
ER

mesmo tempo, verificar qual


delas foi a menos escolhida e
solicitar aos/às alunos/as que 1. De qual das crônicas apresentadas nessa Pequena antologia você mais
a escolheram que apresentem
AT

suas justificativas gostou? Por quê?


2. Orientar o/a aluno/a a, se 2. Converse com alguém de sua família (que, de preferência, seja bem mais
M

possível, gravar o relato para


que possa captá-lo de maneira velho/a que você – um dos avós, ou seus pais, ou um tio ou uma tia). Peça
mais completa. No momento que essa pessoa lhe conte algum episódio de sua infância que tenha sido
de redigir, não é necessário
que o relato esteja completo, significativo para ela. Apresente, de forma resumida, esse episódio.
mas o que lhe é essencial – a
“historinha” em si e alguns
aspectos contextuais que
permitam compreender a
situação relatada.

72

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 72 25/08/2022 15:26:15


PRODUÇÃO DE TEXTO
Orientação geral para a produção.
Colocam-se, aqui, condições típicas à produção de uma crônica: em especial, a predeterminação da quantidade de palavras que o texto deve ter. Isso
colocará o/a aluno/a numa situação mais próxima do que ocorre na realidade. Nesse caso, torna-se imprescindível obedecer a essas condições. Caso a escola
disponha de laboratório de

PRODUÇÃO DE TEXTO
informática, seria recomen-
dável que a atividade fosse
desenvolvida ou, ao menos,
finalizada nesse local.
Orientar o/a aluno/a a, previa-
PRIMEIRA PROPOSTA mente, planejar o seu texto,
produzindo rascunhos e revi-
Suponha que você tenha sido contratado/a por um jornal para escrever crônicas. sando sua produção. Porém,

A,
O jornal determina que seu texto tenha 450 palavras (esse tamanho corresponde, alertá-lo/a para o fato de que,
geralmente, o cronista, além
aproximadamente, a uma página do WORD, em fonte ARIAL, tamanho 11). Dadas

IC
de ter seu espaço pré-definido,
essas condições, elabore as propostas a seguir. trabalha sob a pressão do tem-
po, uma vez que sua coluna

O ÓG
não pode ficar em branco.
Crônica 1 Reiterar que a crônica deve ser
produzida tendo em conta os
Com base no episódio apresentado na na atividade 2 da página anterior, elabore possíveis leitores de um jornal

SÃ G
uma crônica que, além de contar a história, generalize o tema e possa ser com- ou de uma revista.

ES DA
Como as propostas tomam
preendida como uma espécie de “conselho” para o leitor. como base as crônicas
apresentadas na Pequena
Crônica 2 antologia, solicitar que os/

PR PE
as alunos/as as releiam e
Escolha uma das duas crônicas dissertativas e, com base no tema apresentado verifiquem suas características.
Além disso, incentivar que
por ela, elabore uma crônica narrativa que possa ilustrar esse tema. eles/elas leiam outras crônicas,

IM ISE
Crônica 3
de preferência, publicadas
em jornais e/ou revistas que
circulam em sua cidade (ou
AL
procurá-las na internet, em
Você se recorda de algum fato engraçado acontecido em sua sala de aula duran- sites que reproduzam edições
te este ano? Com base nesse fato, crie uma crônica humorística. de jornais e/ou revistas de
outras cidades). Nesse caso,
DO N

solicitar que classifiquem as


Crônica 4 crônicas conforme se fez na
A

parte teórica.
Selecione, em um jornal ou uma revista, uma notícia recente. A partir dela, elabo-
A

Recomenda-se que cada


OI RA

re uma crônica dissertativa. grupo seja constituído com


um mínimo de 4 integrantes e
Após terminar as produções, vamos fazer a revisão e edição das crônicas. um máximo de 6.
PR A

A rigor, esta produção veio


1. Reúna-se em grupo. sendo produzida ao longo
LP

BI

das atividades anteriores.


2. Leiam todas as crônicas elaboradas por vocês na proposta anterior. Tanto que, se houve um bom
planejamento e uma boa
3. Discutam cada produção, revisando o que for necessário (corrigindo proble- revisão, o trabalho será mais
IA

mas gramaticais, reorganizando e reestruturando parágrafos, reescrevendo ágil. Agora, como os/as alunos/
as submeterão suas crônicas
ER

trechos, alterando finais e/ou títulos). à avaliação dos/as colegas,


torna-se fundamental que se
4. Depois de concluído trabalho de revisão, editem e publiquem um pequeno estabeleça um processo de
AT

livro de crônicas. Para isso, criem um título sugestivo, elaborem um texto de trabalho cooperativo em que,
mais do que avaliar as crônicas,
apresentação ou um prefácio, coloquem ilustrações (podem ser desenhos, todos/as se sintam compro-
M

metidos/as em produzir um
fotos, colagens, mas tudo criado por você). material sem erros e de boa
qualidade editorial.
Além do prefácio solicitado, orientar que os/as alunos/as deem atenção aos demais aspectos formais pertinentes a um livro: capa, folha de rosto (com os
créditos relativos à autoria dos textos e à das ilustrações) e sumário. Para familiarizar-se com esses aspectos, solicitar que os/as alunos observem diferentes
livros [de crônicas ou não] e vejam como eles se apresentam.
Depois de elaborados os livros, fazer com que eles circulem entre todos os grupos. Para finalização desta atividade, solicitar que cada aluno/a apresente dois
pequenos textos: - em um deles, que comente a experiência de ter que produzir textos obedecendo a condições que, de certa forma, parecem restringir
a criação. Quais os aspectos positivos e quais os negativos? Atenção, é preciso ressaltar que escrever sob certas condições é uma situação que o/a aluno/a
vivenciará quando se submeter a qualquer processo seletivo, seja o ENEM, seja como candidato a uma vaga no ensino superior.
SUGESTÃO
Para facilitar a circulação das produções, se possível, solicitar que cada grupo imprima exemplares que possam ser distribuídos aos demais
grupos. Outra solução que permite o acesso a todas as crônicas é a criação de um blog na internet.
73

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 73 25/08/2022 15:26:16


O ASSUNTO É:

5 POESIA E
POEMA

A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
Leia, silenciosamente:

PR PE
IM ISE Velha Anedota
AL

Artur de Azevedo
DO N

Tertuliano, frívolo peralta,


A

Que foi um paspalhão desde fedelho,


A

Tipo incapaz de ouvir um bom conselho,


OI RA

Tipo que, morto, não faria falta;


PR A

Lá um dia deixou de andar à malta,


E, indo à casa do pai, honrado velho,
LP

BI

A sós na sala, diante de um espelho,


À própria imagem disse em voz bem alta:
IA

– Tertuliano, és um rapaz formoso!


ER

És simpático, és rico, és talentoso!


Que mais no mundo se te faz preciso?
AT

Penetrando na sala, o pai sisudo,


Que por trás da cortina ouvira tudo,
M

Severamente respondeu: – Juízo!

AZEVEDO, Artur. Velha Anedota. In: NUNES, Cassiano; BRITO, Mário da Silva.
Poesia brasileira para a infância. São Paulo: Saraiva, 1968.

74

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 74 25/08/2022 15:26:18


O poema que você leu foi escrito por Artur de Azevedo.

A,
IC Wikimedia Commons
O ÓG
Arthur Nabantino Gonçalves de
Azevedo foi um jornalista, poeta,

SÃ G
contista e teatrólogo nascido em São

ES DA
Luís, MA, em 7 de julho de 1855.

PR PE
IM ISE
1. Foi um dos grandes defensores da abolição da escravatura, tendo escrito as
AL
peças O Liberato e A Família Salazar, proibidas pela censura do Império e mais
tarde publicadas em um volume intitulado O escravocrata.
DO N

a) Anote as palavras e expressões que você não conhece e pesquise seus


A

significados: Resposta pessoal.


A
OI RA

b) Você leu um texto escrito em versos. Trabalhando as expressões desco-


nhecidas, reconhecendo os sentidos do texto e entendendo a intencio-
nalidade do poema, ensaie sua leitura em voz alta, procurando encontrar
PR A

o ritmo adequado à sua expressão. Seu professor vai escolher alguns alu-
LP

BI

nos para apresentarem a leitura para a classe. Resposta pessoal.


2. Converse com pessoas de sua casa e de sua vizinhança e pergunte-lhes se
IA

alguém dentre eles/elas já escreve poemas ou se já escreveu. Caso encontre


ER

mais de uma pessoa que escreve (ou escreveu poemas), selecione uma delas
e a entreviste, de acordo com o roteiro a seguir.
AT

a) Com que idade começou a fazer poemas? O que motivou a escrever?


b) Ele/Ela gosta de ler poemas? Peça que cite o nome de poetas de quem
M

ele/ela mais gosta.


c) Teve algum poema publicado? Onde e quando?
d) Se parou de escrever, por que isso aconteceu? (Se continua a escrever,
por que o faz?)
e) Peça que ele/ela lhe mostre alguns dos poemas produzidos. Transcreva
um deles e traga para a classe apreciar. Resposta pessoal.

75

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 75 25/08/2022 15:26:19


DA TEORIA À PRÁTICA
A primeira acepção que o Dicionário Houaiss traz para a palavra poeta é “es-
critor que compõe poesia”. Poderia também ter afirmado que poeta é aquele que

A,
escreve poemas, que faz versos.

IC
1. Poema e poesia

O ÓG
O poema é um texto que apresenta particularidades que o distinguem da
prosa.

SÃ G
O texto em prosa é caracterizado pela colocação das palavras em linhas – as

ES DA
palavras, dispostas em sequência, formam a linha cuja extensão vai de um lado
ao outro da página. Quando agrupadas, elas formam um parágrafo.

PR PE
Já o poema é composto em versos – a sua extensão é definida conforme o
ritmo (linha melódica) escolhido pelo autor. O agrupamento de versos forma
uma estrofe. Observe o poema de Carlos Drummond de Andrade, reproduzido
IM ISE a seguir. Drummond o compôs em 8 versos agrupados em apenas uma estrofe.
AL
DO N
A

Poesia
A
OI RA

Gastei uma hora pensando um verso


PR A

que a pena não quer escrever.


LP

BI

No entanto ele está cá dentro


inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
IA

e não quer sair.


Mas a poesia deste momento
ER

inunda minha vida inteira.


AT

ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião: 10 livros de poesia.


M

7. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1976, p. 16.

O título desse texto e o verso “Mas a poesia deste momento” permitem fazer
uma indagação: qual é a diferença entre poesia e poema?
Quando se designa a forma do texto (versos agrupados em estrofes), não há
grande diferença. Tanto se pode dizer “Li os poemas de Drummond” como “Li as
poesias de Drummond”. Assim é que, nos dicionários, poema diz respeito à obra
escrita em versos e poesia, à arte de escrever versos. As duas acepções remetem
ao aspecto formal da produção.
76

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 76 25/08/2022 15:26:20


No entanto, quando Drummond escreve que “a poesia deste momento inunda
minha vida inteira”, nota-se que o alcance da palavra poesia é mais abrangente. Nesse
caso, refere-se ao sentimento, à sensação, a algo que nem sempre é possível expressar
em palavras. Por isso, em determinadas situações da vida, quando o ser humano se
encanta com algo ou tem seus sentimentos despertados por algo, costuma-se definir
esse instante como poético, ou seja, carregado de poesia. Drummond compôs um

A,
poema (ou uma poesia) em que expressa seu sentimento (a poesia que inunda), to-
davia não revela o que teria despertado aquele sentimento poético.

IC
Em síntese: para a forma, para a obra em versos, podem-se empregar os ter-

O ÓG
mos poema ou poesia. Já para designar o sentimento poético, somente a palavra
poesia é a mais adequada.

SÃ G
2. Alguns aspectos formais

ES DA
Leia com atenção o poema abaixo. Trata-se da parte II do poema “A bomba atô-
mica”. Observe o ritmo dos versos, as palavras que, ao mesmo tempo, participam de

PR PE
um jogo sonoro e semântico, provocando efeitos estéticos e motivando reflexões.

IM ISE
AL

A Bomba Atômica [Parte II]


DO N
A

Vinícius de Moraes
A
OI RA

[...] Pomba tonta, bomba atômica


Tristeza, consolação
A bomba atômica é triste
PR A

Flor puríssima do urânio


Coisa mais triste não há
Desabrochada no chão
LP

Quando cai, cai sem vontade


BI

Da cor pálida do hélium


Vem caindo devagar
E odor de rádium fatal
Tão devagar vem caindo
IA

Lœlia mineral carnívora


Que dá tempo a um passarinho
Radiosa rosa radical.
De pousar nela e voar...
ER

Coitada da bomba atômica


Que não gosta de matar! Nunca mais, oh bomba atômica
AT

Nunca, em tempo algum, jamais


Seja preciso que mates
Coitada da bomba atômica
M

Onde houve morte demais:


Que não gosta de matar
Fique apenas tua imagem
Mas que ao matar mata tudo
Aterradora miragem
Animal e vegetal
Sobre as grandes catedrais:
Que mata a vida da terra
Guarda de uma nova era
E mata a vida do ar
Arcanjo insigne da paz!
Mas que também mata a guerra...
Bomba atômica que aterra! [...]
Pomba atônita da paz!

MORAES, Vinícius de. Antologia poética. 6. ed. Rio de 77


Janeiro: Sabiá, 1967, p.181-182. (Fragmento)

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 77 25/08/2022 15:26:20


Observe no poema o ritmo dos versos, as palavras que, ao mesmo tempo,
participam de um jogo sonoro e semântico, provocando efeitos estéticos e moti-
vando reflexões.
Nesse poema, há quatro estrofes e um total de 35 versos. Com exceção do
verso 26 (Radiosa rosa radical), os demais versos possuem sete sílabas poéticas.
Trata-se da redondilha maior (ou heptassílabo). Essa é uma das métricas mais

A,
populares, tanto que, se observarmos algumas letras de música, será possível en-
contrar diversas delas que utilizam tal metrificação. A seguir, com base nesse

IC
poema de Vinícius de Moraes, serão apresentados alguns aspectos formais que

O ÓG
podem estar presentes na construção de um poema.

3. Métrica

SÃ G
ES DA
A métrica de um verso corresponde à medida (quantidade de sílabas poéti-
cas), acento (alternância entre sílabas fortes e fracas) e ao seu ritmo. Para verifi-
car a métrica de um verso, realiza-se a escansão, ou seja, a divisão do verso em

PR PE
suas sílabas poéticas. Observe isso nos exemplos a seguir.
A/ bom/ba a/tô/mi/ca é/ tris/te
IM ISE * A contagem de
sílabas poéticas é
AL
1 2 3 4 5 6 7 X feita até a última
sílaba tônica do
A bom ba a tô mi ca é tris te* verso, desprezando-
DO N

-se, portanto, as
A

sílabas posteriores.
A
OI RA

Crase: ocorre Elisão: ocorre


PR A

quando se dá o quando se dá o
LP

encontro de vogais encontro de vogais


BI

idênticas no final de diferentes no final


uma palavra e no de uma palavra e no
IA

começo de outra. começo de outra.


Quando se lê em Também, quando se
voz alta, nota-se que lê em voz alta, nota-
ER

elas formam uma -se que elas formam


única sílaba. uma única sílaba.
AT

Verifique que os demais versos também apresentam sete sílabas poéticas. Por
M

exemplo:
A/ni/mal/ e /ve/ge/tal

1 2 3 4 5 6 7
A ni mal e ve ge tal

78

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 78 25/08/2022 15:26:20


Flor/ pu/rís/si/ma/ do u/râ/nio

1 2 3 4 5 6 7 X
Flor pu rís si ma do u râ nio

Ar/can/jo in/sig/ne/ da/ paz

A,
IC
1 2 3 4 5 6 7

O ÓG
Ar can jo in sig ne da paz

Já o verso trinta e quatro, apresenta uma diferença. Observe:

SÃ G
ES DA
Ra/dio/sa/ ro/sa/ ra/di/cal

1 2 3 4 5 6 7 8

PR PE
Ra dio sa ro sa ra di cal

IM ISE
4. Acento e ritmo
AL
Ao ler em voz alta o primeiro verso, pode-se perceber que as sílabas 4 e 7
destacam-se, precisamente, porque são pronunciadas com mais força.
DO N

1 2 3 4 5 6 7 X
A
A

A bom ba a TÔ mi ca é TRIS te
OI RA

Essa mesma estrutura pode ser vista em outros versos, mas ela não é cons-
PR A

tante. Observe.
LP

BI

Que mata a vida da terra


IA

1 2 3 4 5 6 7 X
VI TER
ER

Que ma ta a da da ra

Desabrochada no chão
AT

1 2 3 4 5 6 7
M

De sa bro CHA da no CHÃO

Aterradora miragem

1 2 3 4 5 6 7 X
A ter ra DO ra mi RA gem

79

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 79 25/08/2022 15:26:20


Vem caindo devagar

1 2 3 4 5 6 7
Vem ca IN do de va GAR

Bomba atômica que aterra!

A,
1 2 3 4 5 6 7 X

IC
Bom ba a TÔ mi ca que a TER ra!

O ÓG
Observe como é diferente a acentuação dos dois versos reproduzidos abaixo

SÃ G
(um deles é o que foge à regularidade do poema).

ES DA
Lœlia mineral carnívora

1 2 3 4 5 6 7 X

PR PE
Lœ lia mi ne RAL car NÍ vora!

IM ISE Radiosa rosa radical


AL
1 2 3 4 5 6 7 8
Ra DIO sa RO sa ra di CAL
DO N
A

O ritmo do poema, além de ser marcado pela acentuação de cada verso, es-
tabelece-se pela sonoridade das palavras: suas repetições e suas proximidades
A
OI RA

sonoras. Observe como o ritmo, além de sua marca sonora, também dá força ao
significado do poema.
PR A

Quando cai, cai sem vontade


LP

BI

1 2 3 4 5 6 7 X
IA

Quan do CAI cai sem von TA de


ER

Embora a palavra cai venha repetida, perceba que, na segunda vez, em razão
da pausa, ela é lida como sílaba fraca. Com isso, ressalta-se, sonoramente, que a
AT

bomba perde sua força, está sem vontade.


Outros exemplos.
M

Vem caindo devagar As repetições reiteram a sensação de que a queda da


Tão devagar vem caindo bomba ocorre de forma lenta.

A aliteração (b/p; m/n) e a paronomásia (bomba/pomba;


Bomba atômica que aterra!
atômica/atônita) criam uma aproximação paradoxal, em
Pomba atônita da paz! que a bomba se transforma em objeto da paz (pomba).

A anáfora (nunca/nunca) e a reiteração semântica


Nunca mais, oh bomba atômica
80 (nunca/ em tempo algum/jamais) expressam o desejo
Nunca, em tempo algum, jamais do poeta de que a bomba pare de matar.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 80 25/08/2022 15:26:21


5. Rima
Há outro elemento formal muito importante para marcar o ritmo de um
poema: a rima. Ela ocorre quando há coincidências sonoras no final de cada
verso. Observe.

A,
Nunca mais, oh bomba atômica
Nunca, em tempo algum, jamais

IC
Seja preciso que mates Reitera-se: a rima é a
Onde houve morte demais:

O ÓG
coincidência sonora, por isso,
há rima entre a palavra paz
Fique apenas tua imagem [que, ao ser pronunciada, soa
Aterradora miragem como pais] e jamais/demais/

SÃ G
Sobre as grandes catedrais: catedrais.

ES DA
Guarda de uma nova era
Arcanjo insigne da paz!

PR PE
6. Poema e letra de música
IM ISE
As aproximações entre a poesia e a música são evidentes: ambas têm a so-
noridade como fator relevante em sua construção. Historicamente, é sabido que,
AL

na Antiguidade, na Grécia, em Roma, os poemas eram acompanhados por ins-


trumentos musicais (em especial, a lira – de onde se deriva o termo lírico com
DO N

o qual se designa o poema que, subjetivamente, expressa sentimentos humanos,


A

tais como, o amor, a saudade, a dor e a alegria, a felicidade e a tristeza). Na Idade


Média, preponderou o Trovadorismo, caracterizado pela construção de cantigas
A
OI RA

– de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer – apresentadas pelos trovadores


também com acompanhamento musical.
PR A

Daí, a associação da poesia com a letra de música contemporânea fica fácil


LP

BI

de compreender. E, quando são aplicadas as peculiaridades formais do poema à


letra de uma música, será possível perceber muitas semelhanças. A grande dife-
IA

rença é que o poeta compõe seu texto para ser impresso em papel e para a leitura
e/ou a expressão em voz alta, enquanto o compositor popular tem como finali-
ER

dade expressá-la por meio do cantar. Tanto assim que, geralmente, em primeiro
lugar se elabora a música e, sobre ela, a letra.
AT

Em síntese: o poeta toma a palavra e sua capacidade expressiva e sonora


como matéria-prima de seu trabalho e, daí, a musicalidade se fará presente. O
M

letrista, por sua vez, tem a música como sua matéria-prima e, daí, as palavras são
escolhidas para se harmonizar com a música.

81

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 81 25/08/2022 15:26:21


Leia a seguir, e se possível, pesquise a gravação dessa música e compare-a
com sua leitura.

A,
O mundo é um moinho

IC
Cartola [Angenor de Oliveira]

O ÓG
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida

SÃ G
Já anuncias a hora da partida

ES DA
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida

PR PE
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
IM ISE Ouça-me bem amor
AL
Preste atenção: o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
DO N
A

Preste atenção, querida


A

De cada amor tu herdarás só o cinismo


OI RA

As atividades propostas nesta Quando notares estás à beira do abismo


parte enfatizam, sobretudo, Abismo que cavaste com teus pés
a produção de poemas. A
PR A

intenção não é fazer dos/


LP

das alunos/alunas poetas,


OLIVEIRA, Angenor. O mundo é um moinho. In: Cartola. Cartola.
BI

mas que possam exercitar


a linguagem da poesia. Por São Paulo: Discos Marcus Pereira, 1976. 1 LP, Faixa 1.
esse motivo, recomenda-se
IA

que as produções sejam ava-


liadas de forma mais ampla,
discutindo-se os recursos
APLICAÇÃO
ER

empregados na criação dos


textos e os efeitos por eles
produzidos.
AT

Sugestão 1. Leia, a seguir, duas quadras (poema de uma estrofe só, com-
No decorrer das avaliações posta com quatro versos) do poeta Fernando Pessoa.
M

de cada questão, selecionar


algumas das produções para
que possam, se possível,
ser publicadas – em livro, TRAZES os brincos compridos, SAUDADES, só portugueses
em blog ou rede social na
internet. Nesse caso, alunos Aqueles brincos que são Conseguem senti-las bem.
e alunas poderiam também
preparar ilustrações para Como as saudades que temos Porque têm essa palavra
cada texto selecionado.
A pender do coração. Para dizer que as têm.

PESSOA, Fernando. Quadras ao PESSOA, Fernando. Quadras ao


gosto popular. In PESSOA, Fernando. gosto popular. In: PESSOA, Fernando.
82 Obra poética. Rio de Janeiro: Obra poética. Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1995, p. 665. Nova Aguilar, 1995, p. 664.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 82 25/08/2022 15:26:22


a) Fazendo a escansão dos versos de cada quadra, quantas sílabas poéticas 1. a) Os versos têm sete
sílabas poéticas – redondilha
eles têm? maior. Por se tratar de qua-
dras de sabor popular, essa
b) Pense em um tema e elabore uma quadra com a mesma quantidade de medida é bem adequada.
sílabas poéticas apresentadas nas quadras de Fernando Pessoa. b) Resposta pessoal. Selecio-
nar algumas das quadras e
2. Em meados da década de 1950, surgiu no Brasil o movimento concretista. fazer a escansão no quadro
e coletivamente, para não
Uma de suas propostas era trabalhar o poema tanto pelo seu valor semânti-

A,
somente verificar se elas
co quanto pelo seu aspecto visual. estão de acordo com o que

IC
foi solicitado, como também
Assim, os poemas concretos impuseram mudanças e inovações na poesia aprofundar o exercício de es-
candir versos, o que, valoriza

O ÓG
da época, possibilitando as palavras e expressões apresentarem sentidos di- ainda mais a expressividade
ferentes, inesperados e ambíguos. A partir de uma forma de apresentação do poema.
Sugestão
inusitada, criava-se uma ligação com as artes visuais trabalhando o aspecto

SÃ G
Nesta atividade, aproveitar
visual, focando uma nova maneira de expressar a obra poética. Veja, abaixo, para discutir as aproximações

ES DA
um exemplo de poema concreto. que pode haver entre as pro-
duções de Fernando Pessoa
e as dos/das alunos/alunas
com as poesias populares

PR PE
vem navio e, principalmente, a poesia
infantil.
vai navio
IM ISE vir
ver
navio
navio
AL

ver não ver


DO N

vir não vir


A

vir não ver


A
OI RA

ver não vir


ver navios
PR A
LP

BI

CAMPOS, Haroldo de. ver navios. In SIMON,


Iumna Maria e DANTAS, Vinicius (orgs.). Poesia
concreta. São Paulo: Abril Educação, 1982,
IA

p. 31 – Coleção Literatura Comentada] 2. a) Basicamente, Haroldo


de Campos reconstrói uma
ER

a) Elabore uma síntese interpretativa do poema de Haroldo de Campos. frase-clichê: “ficar a ver
navios”. Assim, discutir as
b) Pesquise outros poemas concretos e perceba a diversidade de possibili- respostas com o propósito de
AT

se perceber que, por meio da


dades de apresentação dessas obras. disposição gráfica e da repeti-
ção, o poeta “mostra” o clichê,
M

Elabore um poema que, por meio da distribuição das palavras (e das le- porém, simultaneamente,
tras), componha uma imagem. como que ironiza e critica a
frase feita.

83

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 83 25/08/2022 15:26:22


3. Leia o poema de Mário Quintana:

Os poemas

A,
IC
Os poemas são pássaros que chegam

O ÓG
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.

SÃ G
Quando fechas o livro, eles alçam voo

ES DA
Como de um alçapão.
Eles não têm pouso

PR PE
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.

IM ISE E olhas, então, essas tuas mãos vazias,


AL
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
DO N
A

QUINTANA, Mário. Os poemas. In: _____. Poesias


A
OI RA

completas. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2005.


Professor: Se for necessário,
explique a definiçao de O texto é todo construído por meio do emprego de uma figura de estilo.
PR A

metáfora. É uma figura de


Essa figura é denominada
LP

linguagem que produz sen-


BI

tidos figurados por meio de


comparações. É recurso ex- a) elipse c) metonímia
pressivo que consiste em usar
IA

um termo ou uma ideia com X b) metáfora d) personificação


o sentido de outro semelhan-
te. Exemplo: É um touro (isto 4. Leia o poema de Haroldo de Campos e assinale a alternativa correta.
ER

é, forte como um touro).


AT

se
nasce
M

morre nasce
morre nasce morre
renasce remorre renasce
remorre renasce
remorre
re
[...]

84 CAMPOS, Haroldo de. Se nasce/morre. In: CAMPOS, Augusto de;


PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo de. Teoria da Poesia Concreta,
São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1975, p. 57 (Fragmento).

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 84 25/08/2022 15:26:22


( ) O poeta respeitou a distribuição linear do verso como elemento fun-
damental do poema.
( ) A relação entre leitor e texto se perde na comunicação visual criada.
( ) O poeta despreza a decomposição e montagem das palavras.
( ) As rimas são fundamentais na construção do texto.

A,
( X ) No poema concreto, ocorre o abandono do discurso tradicional, privi-

IC
legiando os recursos gráficos das palavras.
5. Leia o trecho de “Meus oito anos”, um dos poemas mais populares da Litera-

O ÓG
tura Brasileira, escrito por Casemiro de Abreu.

SÃ G
ES DA
[...]

PR PE
Oh! Que saudades que tenho

IM ISE
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
AL
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
DO N

Naquelas tardes fagueiras


A

À sombra das bananeiras,


A
OI RA

Debaixo dos laranjais!


[...]
PR A
LP

BI

ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. In: _____. As primaveras. p. 14. Disponível
em <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.
IA

do?select_action=&co_obra=2173>. Acesso em: 4 jul. 2017.

a) Apenas uma alternativa a seguir não se pode afirmar sobre o poema.


ER

Marque qual é.
AT

( ) O poeta se vale do texto para manifestar sua saudade da infância.


( ) A memória da infância do poeta está intimamente ligada à natureza.
M

( X ) O poeta é racional e extremamente contido ao demonstrar sua emo-


ção.
( ) A linguagem se aproxima da fala popular, característica da poesia ro-
mântica.

85

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 85 25/08/2022 15:26:23


b) Chico Buarque de Hollanda escreveu um texto utilizando a mesma ideia
e estrutura de Casimiro, criando assim uma paródia do poema. Leia o
trecho e desenvolva a atividade a seguir.

A,
IC
Ai que saudades que eu tenho
Dos meus doze anos

O ÓG
Que saudade ingrata
Dar banda por aí

SÃ G
Fazendo grandes planos

ES DA
E chutando lata
Trocando figurinha

PR PE
Matando passarinho

IM ISE Colecionando minhoca


[...]
AL

HOLANDA, Chico Buarque. Doze anos. In: _____. Ópera do malandro.


LP, 1979, Polygram, 1 LP, lado B, faixa 2. (Fragmento).
DO N
A

Faça uma pesquisa em livros e/ou na internet e localize poemas ou letras de


A

música que tenham utilizado o poema de Gonçalves Dias como referência.


OI RA

Escolha dois que, para você, tenham sido mais significativos. Escreva o título
e a autoria de cada texto. Para cada um deles, elabore um pequeno texto que
PR A

justifique a sua escolha. Nas justificativas, discutir se as motivações originam-se da aproximação com
o poema original ou do efeito humorístico (a rigor, muitos desses poemas,
LP

BI

Dentre os vários autores que trabalham o tema de forma irônica). Aproveitar para trabalhar os diferentes contextos em que os textos foram
dialogaram com o texto de produzidos. Por exemplo “Sabiá” e “Marginália II” foram compostas no período da ditadura militar (1964-1984).
Gonçalves Dias, estão: Casimiro
c) Agora é a sua vez de fazer um exercício de intertextualidade. Elabore o
IA

de Abreu (“Canção do exílio”),


Carlos Drummond de Andrade seu poema “Meus oito anos”. Depois de escrito, compare com a produ-
“(Europa, França e Bahia” e
ção de seus colegas.
ER

“Nova canção do exílio”), Muri-


lo Mendes (“Canção do exílio”), Como esta produção foi precedida pela pesquisa por outras “canções do exílio”, provavelmente, o/a aluno/a
Oswald de Andrade (“Canto terá dificuldades para encontrar uma visão original. Assim, recomenda-se orientá-lo/a a procurar temas
AT

de regresso à pátria”), Chico contemporâneos e pensar na palavra exílio de modo figurado.


Buarque de Holanda e Tom
Jobim (“Sabiá”, música vence-
M

dora de um Festival de MPB),


José Paulo Paes (“Canção de
exílio facilitada”); Gilberto Gil e
Torquato Neto (“Marginália II”
– letra de música); Guilherme
de Almeida (“Canção do expe-
dicionário”); Jô Soares (“Canção
do exílio às avessas”).

86

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 86 25/08/2022 15:26:23


6. O soneto é o nome que se dá ao poema constituído por dois quartetos
(quarteto = estrofe de quatro versos) e dois tercetos (terceto = estrofe de
três versos). Trata-se de uma estrutura poética das mais prestigiadas. Há, até
mesmo, letras de música compostas nesse formato. Observe:

A,
IC
PIEDADE

O ÓG
O coração de todo o ser humano

SÃ G
foi concebido para ter piedade,

ES DA
para olhar e sentir com caridade,
ficar mais doce o eterno desengano.

PR PE
Para da vida em cada rude oceano
IM ISE
arrojar, através da imensidade,
tábuas de salvação, de suavidade,
AL

de consolo e de afeto soberano.


DO N
A

Sim! Que não ter um coração profundo


A

é os olhos fechar à dor do mundo,


OI RA

ficar inútil nos amargos trilhos.


PR A
LP

É como se o meu ser compadecido


BI

não tivesse um soluço comovido


IA

para sentir e para amar meus filhos!


ER

CRUZ E SOUSA, João da. In: http://www.dominiopublico.gov.br/download/


AT

texto/bn000078.pdf, página 1. Consulta realizada em 21 de abril de 2022.

a) Todos os versos desse poema apresentam a mesma quantidade de síla-


M

bas poéticas? Justifique. Sim. Justificativa: todos têm 10 sílabas poéticas. Versos decassílabos.
b) O que teria motivado os sentimentos expressados no poema? Elabore
um soneto que apresente uma situação que teria desencadeado esses
sentimentos. Um soneto deve apresentar duas estrofes de quatro versos e duas estrofes de três
versos, com rimas.

87

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 87 25/08/2022 15:26:23


PRODUÇÃO DE TEXTO
1. Desenvolva a atividade a seguir, em grupo.
a) Reúna-se em grupo.

A,
b) Escolha um dos poemas relacionados em Antologia de poemas para leitura

IC
em voz alta (esta antologia está publicada ao final destas orientações).
c) Leiam o poema escolhido diversas vezes, procurando encontrar o ritmo

O ÓG
adequado à sua expressão em voz alta. Além disso, tente compreender
os sentidos do texto, pesquisando o significado de palavras ou expres-

SÃ G
sões desconhecidas, bem como entender as intencionalidades do texto.

ES DA
d) Experimentem a leitura de várias maneiras e, a partir daí, procedam à
divisão de vozes, de tal forma que seja obtida a melhor expressividade
do poema. Nesse caso, é possível que determinado verso ou trecho dele

PR PE
seja lido por duas, três ou, até mesmo, todas as vozes. O importante é
garantir tanto a expressividade quanto a inteligibilidade do poema.
IM ISE e) Apresentem para a sala a leitura do poema escolhido. Atenção: nessa
apresentação, não deve ser utilizado recurso sonoro (não usar música
AL
nem acompanhamento por instrumentos musicais) e tampouco realizar
dramatização. O que deve ficar em evidência é a voz das pessoas.
DO N

Durante a apresentação dos demais grupos, anote em seu caderno os aspec-


A

tos positivos e negativos de cada uma delas.


A
OI RA

Antologia de poemas para leitura em voz alta


PR A
LP

BI
IA

Digo sim
ER

Ferreira Gullar
AT

Poderia dizer
M

que a vida é bela, e muito,


e que a revolução caminha com pés de flor
nos campos de meu país,
com pés de borracha
nas grandes cidades brasileiras
         e que meu coração
é um sol de esperanças entre pulmões
88          e nuvens.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 88 25/08/2022 15:26:23


Poderia dizer que meu povo
é uma festa só na voz

A,
de Clara Nunes

IC
                    no rodar

O ÓG
das cabrochas no Carnaval
da Avenida.

SÃ G
                 Mas não. O poeta mente.

ES DA
A vida nós a amassamos em sangue
          e samba

PR PE
enquanto gira inteira a noite
sobre a pátria desigual. A vida
IM ISE
nós a fazemos nossa
alegre e triste, cantando
AL

          em meio à fome


DO N

          e dizendo sim


A

– em meio à violência e à solidão dizendo


A

   sim –
OI RA

pelo espanto da beleza


PR A

pela flama de Tereza


LP

BI

         pelo meu filho perdido


neste vasto continente
IA

           por Vianinha ferido


ER

           pelo nosso irmão caído


pelo amor e o que ele nega
AT

pelo que dá e que cega


          pelo que virá enfim,
M

          não digo que a vida é bela


          tampouco me nego a ela:
         – digo sim.

GULLAR, Ferreira. Digo sim. In: BRAIT, Beth (Org.). Ferreira Gullar. São
Paulo: Abril Educação, 1981, p. 73 Coleção Literatura comentada.

89

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 89 25/08/2022 15:26:23


Aninha e suas pedras

A,
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras

IC
e construindo novos poemas.

O ÓG
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha

SÃ G
um poema.

ES DA
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.

PR PE
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.

IM ISE Vem a estas páginas


e não entraves seu uso
aos que têm sede.
AL
DO N

Cora Coralina, Melhores poemas. Editora Global, 2020.


A
A
OI RA
PR A

Navio Negreiro
LP

BI

I
IA

‘Stamos em pleno mar... Doudo no espaço


ER

Brinca o luar — dourada borboleta;


E as vagas após ele correm... cansam
AT

Como turba de infantes inquieta.


M

‘Stamos em pleno mar... Do firmamento


Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

‘Stamos em pleno mar... Dois infinitos


Ali se estreitam num abraço insano,

90

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 90 25/08/2022 15:26:24


Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

A,
‘Stamos em pleno mar... Abrindo as velas

IC
Ao quente arfar das virações marinhas,

O ÓG
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Esta produção poderá ser ini-
Como roçam na vaga as andorinhas... ciada com antecedência para
que haja tempo de realização

SÃ G
e, principalmente, possa haver
Donde vem? onde vai? Das naus errantes um acompanhamento mais

ES DA
detalhado de todo o processo
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? de execução de cada proposta.
Neste saara os corcéis o pó levantam, Também antes, solicitar que

PR PE
sejam lidos os sonetos e,
Galopam, voam, mas não deixam traço. somente depois disso, registrar
Bem feliz quem ali pode nest’hora as escolhas de cada proposta.

IM ISE
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
Na escolha das propostas,
orientar para que ela seja feita
de acordo com o potencial e
as capacidades de cada aluno/
E no mar e no céu — a imensidade!
AL
aluna.
Proposta 1
Trata-se de uma proposta que
DO N

retoma o conceito de inter-


ALVES, Castro. “O navio negreiro”. In: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ textualidade, mas agora com
A

bv000068.pdf. Acesso em 21 de abril de 2022. ALVES, Castro. “O navio negreiro”. In: a solicitação de que o texto
produzido seja acompanha-
A
OI RA

do de ilustração [desenho,
pintura, foto, colagem etc.]. Ao
2. Com base na leitura dos quatro sonetos, que seguem, escolha uma das propostas. acompanhar o processo de ela-
boração, orientar o/a aluno/a
Proposta 1
PR A

para explorar todas as possi-


LP

bilidades da linguagem, sem


Atividade individual
BI

perder o tema escolhido – um


fato recentemente acontecido.
a) Escolha um dos sonetos apresentados no final deste capítulo. A apresentação dos trabalhos
IA

pode ser feita no formato ex-


b) Tomando o poema escolhido como base, elabore um poema-paródia posição: que o/a aluno/aluna
que tenha como assunto algum fato ocorrido recentemente. prepare um grande cartaz para
ER

que a paródia e a ilustração


c) Imprima o poema que você produziu, acompanhado de uma ilustração elabo- fiquem bem visíveis.
rada por você (essa ilustração pode ser uma foto, uma colagem ou um desenho). Proposta 2
AT

Neste trabalho, o grupo elabo-


d) Apresente sua produção para a sala. rará um exercício de tradução
M

intersemiótica – passagem de
Proposta 2 uma linguagem (aqui verbal)
para outra (audiovisual). Orien-
tar para que a criatividade seja
Atividade em grupo o ponto alto, de forma que a
seleção de imagens e/ou sons
a) O grupo deverá selecionar um dos SONETOS apresentados no final deste capítulo. permita dar maior amplitude
ao sentido do soneto.
b) Transformem o poema escolhido em um texto audiovisual. Para isso, o
grupo poderá utilizar recursos de computador (Power point ou flash, por
exemplo) ou filmar (captando imagens por filmadora e/ou por celular).

91

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 91 25/08/2022 15:26:24


c) Para que a criação tenha maior realce, procurem imagens e/ou sons que
deem maior amplitude ao universo semântico do poema.
d) Apresentem a produção para a sala.
Proposta 3 Proposta 3
Embora pareça simples, esta é
uma atividade que exige muito Atividade em dupla

A,
cuidado, pois, conforme depoi-
mento de autores/autoras de a) Escolham um dos sonetos apresentados no final deste capítulo.

IC
letras de música é bem mais
difícil colocar música em um b) Elaborem, para esse poema, uma música.
poema. Geralmente, a letra é

O ÓG
feita depois da música. Por isso,
esta é uma proposta que será
c) Apresentem a produção para a sala, utilizando instrumentos musicais.
mais bem realizada por quem
tem habilidades musicais.

SÃ G
Soneto 1

ES DA
PR PE
IM ISE Inverno
Amanheceu – no topo da colina
AL
Um céu de madrepérola se arqueia
Limpo, lavado, reluzindo – ondeia
DO N

O perfume da selva esmeraldina.


A
A
OI RA

Uma luz virginal e cristalina,


Como de um rio a transbordante cheia,
Alaga as terras culturais e arreia
PR A

De pingos d’ouro os verdes da campina.


LP

BI

Um sol pagão, de um louro gema d’ovo,


IA

Já tão antigo e quase sempre novo


ER

Surge na frígida estação do inverno.


AT

– Chilreiam muito em árvores frondosas


Pássaros – fulge o orvalho pelas rosas
M

Como o vigor no espírito moderno.

Cruz e Sousa, Poesia Completa, org. de Zahidé Muzart, Florianópolis: Fundação Catarinense
de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. In: http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bv000075.pdf. página 27. Consulta realizada em 21 de abril de 2022.

92

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 92 25/08/2022 15:26:24


Soneto 2

Soneto 092

A,
IC
Mudam se os tempos, mudam se as vontades,

O ÓG
muda se o ser, muda se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

SÃ G
ES DA
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;

PR PE
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

IM ISE
O tempo cobre o chão de verde manto,
AL
que já coberto foi de neve fria, e, enfim,
converte em choro o doce canto.
DO N

E, afora este mudar se cada dia,


A

outra mudança faz de mor espanto,


A
OI RA

que não se muda já como soía.


PR A

CAMOES, Luiz Vaz de. In: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/


LP

BI

bv000164.pdf, página 31. Consulta realizada em 21 de abril de 2022.


IA

Soneto 3
ER
AT
M

Soneto XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

93

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 93 25/08/2022 15:26:24


E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila.

A,
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

IC
Inda as procuro pelo céu deserto.

O ÓG
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido

SÃ G
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

ES DA
E eu vos direi:”Amai para entende-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido

PR PE
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.

IM ISE BILAC, Olavo. Antologia : Poesias. São Paulo : Martin Claret, 2002. p. 37-55 : Via-Láctea.
(Coleção a obra-prima de cada autor). In: http://www.dominiopublico.gov.br/download/
AL
texto/bv000289.pdf. página 6. Consulta realizada em 21 de de abril de 2022.
DO N

Soneto 4
A
A
OI RA
PR A
LP

BI

Soneto de separação
IA

De repente do riso fez-se o pranto


Silencioso e branco como a bruma
ER

E das bocas unidas fez-se a espuma


E das mãos espalmadas fez-se o espanto
AT
M

De repente da calma fez-se o vento


Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

94

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 94 25/08/2022 15:26:24


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante

A,
E de sozinho o que se fez contente

IC
Fez-se do amigo próximo, o distante

O ÓG
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

SÃ G
ES DA
Vinicius de Moraes. Antologia poética. São Paulo, Cia. das Letras - Editora Schwarcz, 1999

PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

95

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 95 25/08/2022 15:26:25


O ASSUNTO É:

COERÊNCIA E
COESÃO
6

A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
Leia o texto que foi publicado no jornal Folha de S. Paulo, de 30 de março
de 2001.

PR PE
IM ISE
O dragão invencível
AL

José Roberto Torero


DO N

Era uma vez uma distante e bela floresta onde vivia um dragão invencível. Ele
A

tinha escamas de ferro que não eram perfuradas nem pelas mais pontiagudas
A

lanças, uma cauda cheia de espinhos que derrubava até as maiores árvores, asas
OI RA

que produziam verdadeiros tufões e, é claro, todos tremiam diante do calor das
chamas que saíam de sua garganta.
PR A

Muitos animais daquela floresta já tinham tentado derrotá-lo. A maioria deles vi-
LP

BI

rou churrasco. E bem passado. Não havia dente de tigre, patada de cavalo ou nariz
de tatu que conseguisse feri-lo, e assim a fama do dragão chegou até aos mais
IA

distantes recantos do planeta.


Durante longos e longos anos, o dragão invencível fez jus ao epíteto de invencível.
ER

E quando algum maluco ousava opor-se a ele, os urubus começavam a lamber os


beiços antes mesmo de a luta começar.
AT

Com tamanha facilidade em derrotar seus oponentes, o dragão invencível foi


ficando preguiçoso. Já não fazia mais seu cooper matinal (que sempre causava
M

grandes terremotos), esqueceu de praticar halterofilismo com a cauda, não trei-


nava mais golpes de focinho e nem mesmo tomava mais seu famoso chá de alho
com pimenta que tanto ajudava suas chamas. Passou a viver da glória. Tudo corria
tranquilamente até que, certo dia, um esforçado tigre de uma terra distante resol-
veu desafiá-lo.

96

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 96 25/08/2022 15:26:27


1. É uma fábula. O texto começa

A,
com a expressão “era uma
vez”, a história se passa em um

IC
tempo e lugares distantes, tem
“Você está pronto para perder?”, perguntou o dragão. como personagens animais
com características humanas

O ÓG
Não há derrota antes da luta”, respondeu o felino. e termina com uma “moral da
“Logo se vê que você nunca ouviu as lendas que se contam sobre mim. E nem viu história”.
2. • Floresta: local onde viviam o
um VT.”

SÃ G
dragão e outros animais
A luta foi então marcada para o deserto e, após uma hora e meia de patadas, ocor- • Terra distante: de onde veio o

ES DA
tigre que desafiou o dragão
reu o inesperado: o tigre saiu vencedor.
Deserto: local que receberia a
Aquilo foi um terrível golpe para o renome do dragão invencível, mas – vejam luta entre o dragão e o tigre.

PR PE
como é estranho esse negócio de fama – muitos moradores de povos longínquos 3. “Era uma vez”, “durante lon-
gos e longos anos”, “certo dia”,
simplesmente não acreditaram na história. “O dragão foi derrotado? Isso é história “hoje até a pulga...”.
da carochinha. Conte outra.”
IM ISE
Foi preciso que um cavalo e um tatu também o derrubassem para que se come-
çasse a crer que o dragão invencível talvez não fosse tão invencível assim.
A ação é linear, começa com o
dragão invencível derrotando
todos os que o desafiavam,
depois desleixado, vivendo
AL
da fama e da glória que tinha
Então todos os animais da floresta começaram a desafiar o dragão. E, pior, conse- conquistado, até que, desafiado
pelo tigre para uma luta, perde
guiam vencê-lo. O elefante atirou-o longe com sua tromba, o bode deu-lhe tre-
DO N

para ele e para outros animais


mendas chifradas na cauda, e o macaco fez com que ele escorregasse em cascas e tem sua invencibilidade
de bananas. Hoje até a pulga afirma que só está esperando sua vez para derrotá-lo.
A

questionada.
4. Fazer um cooper matinal,
A

Moral da história: sem esforço e dedicação, qualquer dragão acaba numa draga.
OI RA

ver um VT. Estes elementos são


mencionados para fazer uma
ligação com a situação real que
inspirou a fábula.
PR A

5. a) Acabar mal, desacreditado.


TORERO, José Roberto. O dragão invencível. Folha de S. Paulo. 30 de março de 2001. Disponível
LP

Aproveitar para trabalhar deno-


BI

em <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ esporte/fk3003200127.htm>. Acesso em 4 jul. 2017. tação e conotação. No dicioná-


rio Houaiss, uma das acepções
de draga é: ”embarcação ou
IA

estrutura flutuante destinada


1. O texto, originalmente, não foi escrito para crianças. Porém, sua elaboração, obe- a retirar areia, lama ou lodo do
dece a uma fórmula de texto infantil. Diante disso, quanto ao tipo de texto, como fundo do mar, de rios e canais”.
ER

Assim, o que “acaba numa


você classificaria essa narrativa? Que aspectos do texto justificam sua resposta? draga” é lixo, entulho. Assim,
ao escolher a palavra “draga”, o
2. Identifique os locais em que ocorrem as ações narradas.
AT

autor explora a aproximação


sonora (dragão/draga) e a
3. Enumere as referências temporais apresentadas ao longo da narrativa. Após utiliza conotativamente
M

esse levantamento, você diria que as ações obedecem a uma cronologia li-
near? Justifique.
4. Em face dos personagens e dos locais apresentados nesta narrativa, há, pelo
menos, seis elementos que causam estranheza. Cite alguns deles e explique
por que eles são mencionados.
5. Considerando o contexto apresentado, responda:
a) o que significa “acabar numa draga”?
b) como se denomina o jogo com as palavras “dragão” e “draga”? 97
b) Trocadilho. Sugestão: solicitar que sejam produzidas pequenas frases, utilizando esse recurso e, se possível, o jogo
entre denotação e conotação (ver orientação acima).

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 97 25/08/2022 15:26:30


6. “Após uma hora e meia de 6. Como afirmado na questão 1, este texto não foi produzido como leitura para
patadas...”. É uma referência ao
futebol, que é disputado em crianças. José Roberto Torero o publicou no Caderno Esportes, do jornal Folha
noventa minutos. de S. Paulo. A que esporte ele se refere? Há, no texto, uma expressão que se
7. O texto pode ser considera-
do atual tanto por sua lingua-
relaciona a esse esporte. Identifique-a.
gem quanto pelas questões
relacionadas ao futebol, que 7. Embora este texto tenha sido escrito e publicado em 2001, você entende
estão por trás da fábula. Pode, que ele pode ser considerado atual? Por quê?

A,
também, ser associado a qual-
quer situação semelhante, tais 8. Pesquise histórias infantis e escolha uma que possa se relacionar a algum fato que

IC
como: uma pessoa (político,
celebridade, artista), uma em- foi noticiado recentemente. Anote o título da história, um pequeno resumo dela, o
presa que já teve momentos fato ao qual você está relacionando e as suas justificativas.

O ÓG
de glória e, atualmente, passa
por sérias dificuldades e tem 9. Apresente para seus colegas a história e, sem falar do fato ao qual você a
seu prestígio ameaçado.
8. Uma das finalidades desta
associou, peça que eles mencionem a que fato aquela história poderia ser

SÃ G
questão é promover a com- relacionada. Será que haverá outros fatos que se associam à história que você

ES DA
preensão de que as narrati-
vas infantis são textos que,
selecionou? Discuta quais aspectos do texto infantil e da(s) notícia(s) justifi-
além de contar uma história, cariam as relações existentes entre eles. Elabore uma síntese das discussões.
muitas vezes têm a intenção

PR PE
de aconselhar, de modificar
comportamentos. Ao fazer a
aproximação desse tipo de
texto com fatos cotidianos, é
DA TEORIA À PRÁTICA
IM ISE
possível perceber que ele se
renova e se apresenta ao leitor
de forma inusitada.
1. Coesão textual
AL
Orientar o/a aluno/a a registrar
a fonte em que obteve os tex-
tos selecionados. Importante A palavra coesão, em Física, conforme o Dicionário Houaiss, designa a “força
para que possa incorporar esse de atração entre átomos e moléculas que constituem um corpo, e que resiste a que
DO N

procedimento e, autonoma- este se quebre”. Em outro contexto, quando se faz referência a um grupo eficiente,
mente, o empregue em outras
A

situações. diz-se que isso ocorre porque é coeso, ou seja, a relação entre seus integrantes é
forte e há coesão entre eles. Por exemplo, um técnico de futebol pode justificar a
A

9. Neste momento, sugere-se,


OI RA

ainda, que o fato seja mencio- boa atuação do seu time, afirmando que a “equipe atuou de forma coesa”.
nado e a sala desafiada a indi-
car o texto infantil ao qual se Transferindo-se estas acepções para o processo pelo qual se dá a produção
PR A

associa. Para aprofundar esta


questão, pode-se solicitar que
de um texto, pode-se afirmar que ele se apresenta coeso quando há forte atração
LP

entre os diferentes elementos que o constituem, dando resistência ao texto de tal


BI

outros tipos de texto (letras de


música, poemas, pinturas) se- forma que ele não se quebre. Do ponto de vista comunicacional, significa dizer
jam utilizados nesse processo
que se produziu um texto eficiente, que produz sentido.
IA

de associação.
Conforme as sínteses vão
sendo apresentadas, solicitar
Entende-se, então, que o texto será o resultado das ações realizadas pelo
ER

que um/a aluno/a anote, no emissor, tais como: escolha de palavras; a ordem em que elas aparecem; o ta-
quadro ou em seu caderno, os manho das frases e dos parágrafos. No entanto, essas ações não são realizadas
aspectos considerados mais
aleatoriamente, já que o texto não é uma simples soma de palavras ou de frases. O
AT

relevantes. Ao final, esse texto


será a síntese da sala. emissor terá que trabalhar seu texto de modo a garantir a sua compreensão. Para
isso, deve estar atento a questões relativas ao código que utiliza.
M

Se, por acaso, o primeiro parágrafo do texto trabalhado no início desta uni-
dade, fosse escrito desta forma:
Era uma vez um distante e belo floresta onde vivia um dragão invencível. Ela
tinha escamas de ferro que não eram perfuradas nem pelas mais pontiagudas
lanças, uma cauda cheia de espinhos que derrubava até as maior árvores, asas que
produziam verdadeiros tufões e, é claro, todos tremia diante do calor das chamas
que saíam de sua garganta.

98

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 98 25/08/2022 15:26:30


A leitura deste trecho provoca estranheza, pois há expressões que foram uti-
lizadas em desacordo com a língua normativa. Em todas as expressões destaca-
das, nota-se que as regras de concordância nominal ou de concordância verbal
foram desconsideradas:
• “... um distante e belo floresta...”: floresta– substantivo feminino – pede que
as palavras com as quais ela se relaciona obedeçam à concordância no gênero

A,
feminino. Assim, “uma distante e bela floresta” mostra essa obediência.

IC
• “...um dragão invencível. Ela tinha escamas...”: dragão – substantivo mas-
culino – pede que as palavras com as quais ela se relaciona obedeçam à

O ÓG
concordância no gênero masculino. Assim, “ ... um dragão invencível. Ele
tinha escamas”.

SÃ G
• “...derrubava até as maior árvores...”: árvores – substantivo no plural –

ES DA
pede que as palavras com as quais ela se relaciona obedeçam à concor-
dância de flexão (plural). Assim, “...derrubava até as maiores árvores...”:
• “...todos tremia diante do calor...”: todos – sujeito, no plural, do verbo tre-

PR PE
mer – pede que o verbo concorde com o sujeito. Assim, “...todos tremiam
diante do calor...”.
IM ISE
Em todos os exemplos apontados, trabalhou-se um dos processos de coesão
textual: as relações gramaticais. Portanto, o conhecimento gramatical é um dos
AL
fatores significativos para a elaboração de um texto coeso.
Para conhecer outro fator importante, observe as palavras destacadas em ou-
DO N

tro trecho do texto de José Roberto Torero:


A

Tudo corria tranquilamente até que, certo dia, um esforçado tigre de uma
A
OI RA

terra distante resolveu desafiá-lo.


“Você está pronto para perder?”, perguntou o dragão.
PR A

“Não há derrota antes da luta”, respondeu o felino.


LP

BI

Por que o autor, em lugar de usar a palavra tigre, empregou felino? Porque a
repetição de palavras e/ou expressões pode tornar o texto cansativo ou desinte-
IA

ressante à leitura. Para evitar isso, lança-se mão de outras palavras que as subs-
tituem de modo eficaz. A palavra felino – que designa a família a que o tigre
ER

pertence – substitui tigre. Como esta palavra foi apresentada antes, o leitor, desde
que saiba que o tigre é um animal daquela família, não terá dificuldade em com-
AT

preender o sentido desse trecho.


No exemplo citado, foi empregado, anteriormente, um termo específico (ti-
M

gre) que foi substituído por outro mais abrangente, geral (felino). Porém, é pos-
sível fazer o contrário: apresentar antes um termo mais abrangente e substituí-lo
por outro particular.
Essas diferentes formas de substituição mostram o outro fator importante para
se estabelecer a coesão de um texto: as relações semânticas. Assim, além de possuir
bom conhecimento gramatical, é necessário dominar um bom vocabulário (conhe-
cer palavras e expressões e seus significados) para elaborar um texto coeso.

99

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 99 25/08/2022 15:26:30


Há, ainda, um tipo de substituição em que tanto o conhecimento gramatical
quanto o semântico ocorrem simultaneamente. E o pronome é a classe gramatical
que exemplifica bem esse processo: ao mesmo tempo em que, no plano semân-
tico, significa (representa) outra palavra ou expressão, no plano gramatical, deve
obedecer às exigências formais da língua. Observe o segundo parágrafo do texto
de Torero, escrito desta maneira:

A,
Muitos animais daquela floresta já tinham tentado derrotar o dragão. A
maioria dos muitos animais daquela floresta virou churrasco.

IC
• “...tentado derrotar o dragão.”: como o dragão é o personagem central do

O ÓG
texto, é inevitável que essa palavra apareça constantemente. Assim, subs-
tituí-la por um pronome pode fazer o texto fluir com mais leveza – “...
tentado derrotá-lo.”.

SÃ G
ES DA
• “A maioria dos muitos animais daquela floresta...”: neste caso, observe
como uma expressão inteira pode ser substituída por um pronome – “A
maioria deles...”.

PR PE
A conjunção é também uma classe gramatical significativa nesse processo de
coesão textual. É por meio dela que o leitor pode compreender uma passagem do
IM ISE texto. Por exemplo, em “O dragão invencível”, quando o narrador apresenta a vi-
tória do tigre, é com a conjunção mas que o leitor entende que, apesar do terrível
golpe, o dragão manterá seu prestígio.
AL

Deve-se ressaltar que o mecanismo de coesão textual é realizado, ainda, pela


DO N

escolha das palavras. Trata-se da coesão lexical. No caso do texto trabalhado des-
de o início deste módulo, basta verificar que boa parte do léxico empregado gira
A

em torno do espaço (floresta) e dos animais que nela vivem.


A
OI RA

Até aqui a coesão textual foi apresentada em textos elaborados com código
verbal. E nos textos em que, além do verbal, emprega-se também o não verbal?
PR A

Nesses textos, os mecanismos de coesão textual também estão presentes.


LP

BI

Nos textos midiáticos mais comuns (jornalísticos, televisivos, radiofônicos,


publicitários) é fácil perceber como ela ocorre. Cores, formas, logotipos, vinhe-
IA

tas, fontes são alguns dos elementos textuais que atuam como elos coesivos.
Como uma das características dos textos midiáticos é a repetição, o processo de
ER

coesão textual é percebido não somente dentro do próprio texto como em outros
semelhantes veiculados em datas e/ou mídias diferentes.
AT

Para compreender melhor, acesse, na internet, o site de uma empresa e veja


a harmonia existente entre cores, logotipo e as diferentes seções e páginas que o
M

compõem. Observe um programa de TV e veja como, em todas as suas exibições,


os cenários e as cores neles utilizadas são quase sempre os mesmos. Assim como
a abertura e o encerramento do programa se repetem. Já em um jornal ou em

100

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 100 25/08/2022 15:26:30


uma revista, o que se repete é a diagramação (o desenho das páginas, das colunas,
por exemplo). Em textos publicitários, por exemplo, as cores da roupa dos mo-
delos ou dos personagens, frequentemente, são semelhantes às cores do logotipo
da marca anunciante.

Veja nos três outdoors reproduzidos abaixo como se dá a coesão entre eles.

A,
MP Publicidade

IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE

MP Publicidade
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA

https://www.detodaforma.com/2012/03/as-propagandas-divertidas-
e-criativas.html. Acesso em 3 de maio de 2022.
PR A
LP

BI

MP Publicidade
IA
ER
AT
M

https://institucional.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/
cascas/. Acesso em 3 de maio de 2022 .

101

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 101 25/08/2022 15:26:31


• Note que a diagramação dos outdoors é semelhante. Verifique o mesmo
formato, a escolha de cores, predominando vários tons de verde (mais cla-
ro e mais escuro), sendo que a cor verde, além da cor vermelha, aparece
também no logotipo do anunciante; o tamanho das letras; as imagens dos
vegetais; o trocadilho com nomes de filmes, frases de efeito no canto di-
reito de cada outdoor. Isso proporciona uma identificação do público com

A,
o qual se deseja entrar em contato. As ilustrações também apresentam
muita coesão quanto às cores, tamanho e localização no outdoor.

IC
O ÓG
Finalizando, destaca-se que, conforme a situação comunicativa e os seus par-
ticipantes, há textos em que, para garantir sua compreensão, é necessário utilizar
uma quantidade maior de elos coesivos. Isso ocorre, por exemplo, em mensagens

SÃ G
científicas, expositivas, em determinados textos jornalísticos e todas as vezes em

ES DA
que há maior distância entre emissor e destinatário (tais como, pessoas que não
se conhecem; diferenças hierárquicas – o presidente de uma empresa e um ge-
rente, por exemplo). Por outro lado, quando os participantes são mais próximos,

PR PE
quando há familiaridade no relacionamento entre eles, o mais comum é utilizar
menor quantidade de elos coesivos (basta observar os contatos entre amigos; en-
IM ISE tre parentes, por exemplo).

2. Coerência textual
AL

Enquanto a coesão diz respeito aos detalhes de um texto e como eles são
DO N

articulados, harmonizados, a coerência volta-se para o conjunto do texto. Mais


A

precisamente, para a sua finalidade comunicacional. Isto é, considera-se coeren-


te o texto que, em determinada situação comunicativa, atinge o objetivo para o
A
OI RA

qual foi elaborado. Assim, a coerência, numa situação comunicativa, é o que dá


sentido a um texto. E, para isso, tanto o emissor quanto o destinatário têm papéis
PR A

fundamentais, já que a coerência textual será o resultado de um processo coope-


LP

rativo entre eles.


BI

Da parte do emissor, espera-se que produza um texto inteligível e que per-


IA

mita ser interpretado – elaborado de tal modo que o destinatário possa decodi-
ficá-lo e possa compreendê-lo. Por exemplo, a língua em que uma mensagem é
ER

elaborada deve estar em sintonia com o tipo de público ao qual pretende atingir.
É no aspecto inteligível que se verifica a coesão textual.
AT

Do destinatário, espera-se que participe do processo de comunicação, esfor-


çando-se em decodificar a mensagem e em compreendê-la: por exemplo, bus-
M

cando o significado de algumas palavras estranhas ao seu vocabulário.


Para melhor compreensão do conceito de coerência textual, relembre o texto
“O dragão invencível”, de José Roberto Torero, apresentado no início desta uni-

102

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 102 25/08/2022 15:26:31


dade. Foi informado que, embora tivesse uma estrutura semelhante a uma his-
tória infantil (fábula), o autor não a escreveu para que o público infantil a lesse:
lembre-se de que a crônica foi publicada originalmente no caderno de Esportes
de um jornal diário.
Conhecer o contexto em que José Roberto Torero produziu o seu texto aju-
dará a compreender com que intenção ele o escreveu e o publicou no dia 30 de

A,
março de 2001.

IC
No dia 28 de março de 2001, em jogo pela classificação para a Copa do Mun-
do de 2002, a seleção brasileira de futebol havia sido derrotada pela equipe do

O ÓG
Equador. Acrescendo-se a informação de que aquela fora a primeira vez que a
seleção equatoriana derrotava a seleção do Brasil.

SÃ G
Além disso, a seleção brasileira, anteriormente, havia sofrido outras derrotas

ES DA
para Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Equador.
Diante desse contexto, verificando o caderno jornalístico em que a crônica
foi publicada e o seu público-destinatário, pode-se afirmar que

PR PE
– o emissor estava seguro de que o seu leitor compreenderia o texto e, mais
ainda, perceberia o seu lado irônico e
IM ISE
– o destinatário leria o texto, compreendendo o que estava além de suas
palavras, associando-o às derrotas sofridas pela seleção brasileira.
AL

3. Fatores de coerência
DO N
A

Nesse processo cooperativo entre emissor e destinatário, há algumas con-


dições que podem orientar a produção e a recepção de mensagens coerentes.
A
OI RA

Denominam-se fatores de coerência, contudo não é necessário que todos eles es-
tejam, ao mesmo tempo, presentes em uma mensagem.
PR A
LP

Relevância
BI

Numa conversa informal, ouve-se, vez por outra; “Você está fugindo do as-
IA

sunto!”. O que se espera é exatamente que não se fuja do tema que se está abor-
dando. Denomina-se relevância ao fator que garante a manutenção do tema de
ER

um texto.
AT

Consistência
M

Ao elaborar uma mensagem, espera-se que seu autor não apresente ideias ou
fatos que se oponham a algo afirmado anteriormente. Consistência, então, é o
fator que garante não existir oposições frontais em uma mensagem.

103

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 103 25/08/2022 15:26:31


Veja, a seguir, na fábula de La Fontaine, como estes dois fatores podem ser
analisados.

A,
O lobo e o cordeiro

IC
O ÓG
Na água limpa de um regato,
matava a sede um cordeiro,
- Não importa. Guardo mágoa

SÃ G
quando, saindo do mato,
de ti, que ano passado,
veio um lobo carniceiro.

ES DA
me destrataste, fingido!
- Mas eu nem tinha nascido.
- Pois então foi teu irmão.

PR PE
Tinha a barriga vazia,
- Não tenho irmão, Excelência.
não comera o dia inteiro.
- Chega de argumentação.
- Como tu ousas sujar
Estou perdendo a paciência!
IM ISE a água que estou bebendo?
- rosnou o Lobo a antegozar
o almoço. - Fica sabendo
- Não vos zangueis, desculpai!
- Não foi teu irmão? Foi o teu pai
AL
ou senão foi teu avô.
que caro vais me pagar!
Disse o Lobo carniceiro.
E ao Cordeiro devorou.
DO N

- Senhor - falou o Cordeiro -


A

encareço a Vossa Alteza


Onde a lei não existe, ao que parece,
A

que me desculpeis mas acho


OI RA

a razão do mais forte prevalece.


que vos enganais: bebendo,
quase dez braças abaixo
PR A

de vós, nesta correnteza,


LP

não posso sujar-vos a água.


BI
IA

La FONTAINE. O lobo e o cordeiro. In: LA FONTAINE. Fábulas. 4.ed. Tradução


ER

e adaptação de Ferreira Gullar. Rio de janeiro: Revan, 1999.

Como em toda fábula o ponto alto é a moral da história (ou seja, a finalidade
AT

para a qual ela foi elaborada: neste caso, “aconselhar” o leitor de que sem lei os
fracos – ainda que tenham razão – são subjugados pelos mais fortes), percebe-se
M

que ela garante os fatores de relevância e de consistência.


A relevância fica evidente na estrutura da fábula: o lobo apresenta, seguida-
mente, frágeis argumentos e o cordeiro os refuta, sem, porém, impedir que seja
devorado. O tema (quando não há lei, os mais fracos são derrotados pelos mais
fortes) mantém-se constante. E, em nenhum momento, essa estrutura apresenta
contradição: o texto é consistente.

104

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 104 25/08/2022 15:26:32


Já, ao trabalhar no plano do diálogo entre os personagens, observe, na se-
gunda estrofe da fábula de La Fontaine, como o lobo apresenta seu primeiro
argumento para intimidar o cordeiro e como este, na terceira estrofe, aponta a
contradição existente no raciocínio do lobo. Ou seja, no plano da construção da
mensagem falta consistência à argumentação do lobo. Isto não é suficiente para
demovê-lo de seu real intento (devorar o cordeiro). Tanto que, na sequência da

A,
narrativa, o lobo invoca – aleatoriamente – outros argumentos, também refuta-
dos pelo cordeiro.

IC
Elementos Linguísticos

O ÓG
A mensagem deve ser elaborada em harmonia com a linguagem do seu des-
tinatário. Até porque, como já se viu anteriormente, o conhecimento linguístico

SÃ G
é porta de acesso ao texto. Aqui, entende-se que esse conhecimento, além de se

ES DA
referir ao código verbal (no nosso caso, a língua portuguesa), estenda-se também
ao código não verbal (por exemplo, a cor vermelha, no sinal de trânsito, significa

PR PE
pare!).

Conhecimento de mundo
IM ISE
O ser humano armazena seus conhecimentos em blocos – ou modelos cogni-
tivos. Assim, por exemplo, quando alguém ouve ou lê a palavra acidente, não se
AL

pensa apenas em seu significado conceitual, mas também em algo mais comple-
xo: um antes e um depois; causas e consequências; coisas e/ou pessoas envolvidas
DO N

etc. Outros exemplos:


A

• casamento; festa de 15 anos; velório;


A
OI RA

• os estereótipos, situações convencionais que nos veem à memória em blo-


co. Quando se fala “Natal”, certamente, na lembrança de cada um, vem
PR A

um conjunto de elementos que caracterizam essa data;


LP

BI

• os planos, as estratégias: uma série de procedimentos necessários para al-


cançar determinado objetivo: por exemplo, fazer compras em uma feira
IA

(o que comprar primeiramente, dinheiro que se dispõe a gastar, comparar


preço e qualidade).
ER

Em textos literários, peças de teatro, história em quadrinhos, filmes, é muito


comum o emissor elaborar mensagens em que o destinatário precisa acionar seu
AT

conhecimento de mundo para compreender, ou mesmo completar, certas situa-


ções. Por exemplo, em um filme, um rapaz, que está em casa e ainda de pijama,
M

telefona às 9h da manhã para a namorada e a convida para almoçar em um res-


taurante. A cena seguinte mostra o rapaz e a moça almoçando no restaurante. O
tempo decorrido, e não mostrado, é completado pelo conhecimento de mundo
do destinatário (por exemplo, o rapaz fez a barba, tomou banho, escovou os den-
tes.... colocou uma roupa adequada ao encontro).

105

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 105 25/08/2022 15:26:32


Veja estes dois fatores de coerência aplicados a uma foto publicada no jornal
Folha de S. Paulo, do dia 15 de março de 2003.
Na foto, vê-se um grupo de pessoas “escrevendo” a palavra “pau”. Ao ver essa
imagem, por estar em um jornal e a maneira como as pessoas se encontram, o
conhecimento de mundo deve ativar no leitor a compreensão de que se trata de
algum tipo de manifestação, um protesto ou alguma reivindicação.

A,
Para o conhecimento linguístico de um leitor brasileiro, certamente, a pa-

IC
lavra “pau” não deve trazer problemas de compreensão. Porém, o inusitado é
vê-la em uma página de jornal e “formada” por um grupo de pessoas. Seria uma

O ÓG
manifestação ecológica? Seria uma provocação para uma briga (“quebrar o pau”).
Observe, agora, a notícia completa.

SÃ G
ES DA

Folhapress
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER

Um grupo de crianças forma a palavra “pau”, que


AT

significa “paz” na língua catalã, no pátio de sua escola,


em Barcelona (Espanha)
M

Ao ver a notícia completa (pois, afinal, é assim que ela é publicada), a ideia de
manifestação se confirma (“Grupos convocam protestos contra a guerra”): esta
notícia foi publicada em março de 2001, no contexto da declaração de guerra dos
Estados Unidos contra o Iraque. A legenda da foto, por sua vez, esclarece que a
palavra “pau” não pertence à língua portuguesa: em catalão, “pau” significa paz.
Uma vez que um veículo jornalístico não recebe apenas uma foto para do-
cumentar suas notícias, por que foi exatamente esta a imagem escolhida para

106

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 106 25/08/2022 15:26:33


acompanhar a matéria? Certamente, porque a palavra despertaria curiosidade
pela sua semelhança com o léxico português. Dessa maneira, não se trata de uma
incoerência, mas sim de uma estratégia para atrair o leitor.

Conhecimento partilhado
Ao elaborar sua mensagem, o emissor sempre deve ter em vista o “ideal” de leitor

A,
que será o destinatário daquela sua produção. Por esse motivo, terá que se preocupar

IC
com os limites de compreensão (para mais ou para menos) desse leitor.
Assim, se o texto for produzido com uma grande quantidade de “novidades”, o

O ÓG
destinatário terá dificuldade em compreendê-lo. Palavras incomuns; estrangeirismos
em excesso; conceitos inacessíveis e pouco explicados; imagens fora do comum são

SÃ G
alguns exemplos de escolhas que podem fazer do texto algo inatingível.

ES DA
Por outro lado, um leitor poderá ficar desestimulado a ler um texto elabora-
do de forma redundante, com grande quantidade de informações muito conhe-
cidas, com imagens estereotipadas.

PR PE
Aceitabilidade
IM ISE
Este é um fator de coerência que diz respeito à atitude do destinatário de uma
mensagem. Se ele deseja, ou não, participar do jogo da comunicação. Trata-se do
AL
esforço que o destinatário realiza para buscar a coerência do texto. Muitas vezes, é
necessário estar atento para a finalidade do texto e compreender suas peculiaridades.
DO N
A

Intencionalidade
A
OI RA

Todas as mensagens são produzidas por algum motivo. Sempre há intenções


nessa produção, ainda que, algumas vezes, ela não fique bem evidenciada. Assim,
cabe ao emissor elaborar de tal modo que a finalidade de seu texto possa ser atin-
PR A

gida e, ao destinatário, compreender (ou buscar) a intenção da mensagem.


LP

BI

Informatividade
IA

Corresponde à maior ou menor previsibilidade presente em uma mensagem.


ER

De um texto literário, por exemplo, espera-se que ele surpreenda mais, pois seu
compromisso é com o lúdico, com a criatividade. Essa mesma característica pode
AT

estar presente em determinados filmes, em peças de teatro e em muitas peças


publicitárias. Nesses textos, a linguagem será mais elaborada – as figuras de lin-
M

guagem terão maior presença, os códigos serão selecionados pelo caráter polissê-
mico. Dessa forma, a menor previsibilidade corresponde a um fator de informa-
tividade maior (o destinatário terá que se esforçar mais para participar desse tipo
de comunicação e, portanto, deve estar mais propenso a aceitá-lo).
Já um texto altamente previsível terá um fator de informatividade menor.
Embora exija menor esforço do seu destinatário, esse tipo de texto torna-se pou-
co atraente, porque redundante, e deixa o leitor menos atento.

107

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 107 25/08/2022 15:26:33


Numa situação comunicativa cotidiana, será mais adequado que se encontre
um ponto de equilíbrio entre esses dois extremos, de tal modo que o leitor possa,
ao mesmo tempo, compreender a mensagem e sentir-se participante ativo do
processo de comunicação.

Inferência

A,
Inferência corresponde à capacidade que o leitor de um texto tem de identi-

IC
ficar informações que não foram explicitadas pelo emissor. Para isso, o destina-
tário trabalha com elementos do texto ou da situação e emprega o seu conheci-

O ÓG
mento de mundo. Um exemplo está presente no texto trabalhado na questão 3
da página 113, quando o pai infere que seu filho quer tomar sorvete. A frase do
filho “Eu já sarei do resfriado”, a visão da sorveteria (contexto) e o conhecimento

SÃ G
que tem do filho, levam o pai a fazer aquela inferência.

ES DA
Inferir, contudo, não significa que o leitor poderá tirar qualquer conclusão.
Imagine a seguinte situação:

PR PE
Um grupo de pessoas está em uma festa e uma jovem é apresentada a esse
grupo. Num determinado momento, a jovem afirma: “Eu me casei com dezoito
IM ISE anos”. E uma pessoa do grupo, infere: “Você estava grávida?”. A jovem respon-
de: “Não, não estava grávida! Eu quis casar cedo!”
AL
A pergunta da pessoa revelou uma inferência que não encontrava apoio na pri-
meira afirmação da jovem e, pior ainda, expõe o preconceito presente na ideia de que
qualquer mulher que se casa cedo só o faz para contornar uma situação indesejada.
DO N
A

Intertextualidade
A
OI RA

A intertextualidade ocorre quando o emissor, para elaborar sua mensagem,


busca, intencionalmente, o conhecimento que ele possui de outros textos e, de al-
PR A

guma forma, os utiliza em sua produção. Veja como o poema “Canção do exílio”,
LP

de Gonçalves Dias, está presente no poema “Canção de exílio facilitada”, de José


BI

Paulo Paes.
IA
ER
AT

Canção do exílio
M

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

108

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 108 25/08/2022 15:26:34


Em  cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,

A,
Onde canta o Sabiá.

IC
O ÓG
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –

SÃ G
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,

ES DA
Onde canta o Sabiá.

PR PE
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
IM ISE
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
AL
Onde canta o Sabiá. 
DO N
A

DIAS, Gonçalves. Canção do Exílio. In: _____. Primeiros cantos, p. 2. Disponível em <http://
www.dominiopublico.gov.br/download/ texto/bv000115.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017.
A
OI RA
PR A
LP

BI

Canção de exílio facilitada


IA
ER

lá? sofá...
ah! sinhá...
AT
M

sabiá... cá?
papá... bah!
maná...

PAES, José Paulo. Canção do Exílio facilitada. In: _____. Um por


todos: poesia reunida. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 67

109

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 109 25/08/2022 15:26:34


O poema de Gonçalves Dias foi produzido na primeira metade do século
XIX, segundo os conceitos do Romantismo, em especial, nacionalismo. A com-
posição de José Paulo Paes, obra da segunda metade do século XX, posterior ao
Modernismo, revela a liberdade na construção do poema e a apropriação irônica
do sentido original do poema de Gonçalves Dias.
A intertextualidade pode ocorrer de modo mais simples, quando se recorre

A,
a outros textos que podem apoiar uma exposição ou um argumento de um emis-
sor. Um autor que se afirma racionalista pode escrever, por exemplo:

IC
Somente a razão guia nossas decisões, pois é o pensamento que nos mostra que

O ÓG
existimos. Por isso, concordo com Descartes, quando afirma: “Penso, logo existo!”.
Quanto ao destinatário, é preciso que ele, de alguma forma, conheça os textos

SÃ G
referidos para compreender com que intenção o emissor recorreu a esses textos.

ES DA
É o caso do poema de José Paulo Paes. Se, porventura, alguém que o ler não ti-
ver conhecimento do texto de Gonçalves Dias e dos diferentes contextos em que
cada poema foi elaborado, terá muita dificuldade em compreender plenamente a

PR PE
intencionalidade da produção de José Paulo Paes.

IM ISE Focalização
Este fator diz respeito à concentração necessária que tanto o emissor quanto
AL
o destinatário devem ter em relação ao tema e ao objetivo de uma mensagem. Ao
emissor, cabe a função de lançar “pistas”, sem perder o foco e, ao destinatário, a de
DO N

processar essas “pistas”, utilizando, para isso, seus conhecimentos (linguísticos,


de mundo e partilhado).
A
A
OI RA

Fatores de contextualização
Há dois tipos de fatores de contextualização: os propriamente ditos e os pers-
PR A

pectivos.
LP

BI

São fatores de contextualização propriamente ditos os diversos elementos


presentes em um texto e que se relacionam diretamente à situação comunicativa,
IA

ao contexto, e que podem auxiliar na compreensão do assunto e no objetivo da


mensagem. Veja a seguir alguns exemplos de fatores de contextualização:
ER

• numa correspondência – carta ou e-mail –, a data e o local;


AT

• numa conversa, o tom de voz de uma pessoa;


• em um jornal, o caderno em que se publica o texto;
M

• em documentos, o carimbo, a assinatura de uma autoridade.


O outro tipo de fator de contextualização é denominado perspectivo, porque,
antes mesmo de o texto ser lido, provoca alguma reação no destinatário. Por
exemplo: saber que determinado texto foi escrito por Rubem Braga poderá atrair
ou afastar um leitor e gerará uma expectativa quanto ao tipo de texto que esse
autor escreveu.
Outro exemplo: o título do texto. Que expectativas o título “Apareceu um ca-
nário” pode provocar? O verbo “apareceu” pode indicar “novidade”, algo que não
110

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 110 25/08/2022 15:26:34


havia e agora há: o canário. Além de despertar curiosidade em saber como esse 1. Sugestão: dividir a sala em
grupos e solicitar que um
canário apareceu, o que ocorreu a partir desse instante, para quem ele apareceu... grupo desafie outro a montar
pequenas frases a partir de
Pois, no livro 200 crônicas escolhidas, de Rubem Braga, há uma crônica cujo um conjunto de palavras.
título é “Apareceu um canário”! Nesse caso, estipular quanti-
dades mínimas e máximas de
palavras: poucas, não desa-
fiam; muitas, não estimulam.

APLICAÇÃO

A,
a) O tempo
O tempo é um ponto de

IC
vista. Velho é quem é um ano
mais velho que a gente.
1. Apresentam-se, a seguir, dois pequenos textos elaborados por

O ÓG
b) Triste passarinho es-
Mário Quintana. Porém, todas as palavras que compõem cada goelado em público pelas
declamadoras.
texto estão dispostas em ordem alfabética. Sua tarefa é, para cada grupo de
2. a) “Só duas tinham passa-
palavras, tentar reconstituir o texto original (detalhes: o título do texto tam-

SÃ G
gens pela polícia. Elas foram
bém está embaralhado). escolhidas aleatoriamente

ES DA
para morrer.”
a) a – ano – de – é – é – é – gente – mais – o – o – ponto – que – quem – b) O entendimento que se
tempo – tempo – um – um – velho – velho – vista tem é de que apenas as duas

PR PE
pessoas com passagem pela
b) declamadoras – em – esgoelado – lírico – passarinho – pelas – poeta – polícia foram escolhidas para
morrer.
público – triste
c) Elas foram escolhidas

IM ISE
2. No texto a seguir, publicado na primeira página do jornal Folha de S. Paulo,
do dia 02 de abril de 2005, ocorre um problema de coesão textual que pode
aleatoriamente para morrer.
Só duas tinham passagens
pela polícia.
dificultar a compreensão do texto.
AL
Chamar a atenção para dois
fatos relevantes:
• Trata-se de um texto
DO N

‘Quem viu morreu’, diz moradora pequeno e isso, de certo


modo, facilita a ativida-
A

As vítimas do massacre foram, na maioria, pedreiros, garçons, pintores e peque- de de revisão. Porém, o
processo de fechamento
A

nos empreendedores que haviam saído de casa para fugir do calor e conversar
OI RA

de um jornal diário é an-


com amigos. Só duas tinham passagens pela polícia. Elas foram escolhidas alea- gustiante e, nem sempre,
há muito tempo para
toriamente para morrer. Rosemary Souza, 40, assistiu à morte do filho Bruno, 14, essa revisão. O jornalista
PR A

que brincava no fliperama de um bar. Nove das pessoas que estavam no lugar produz seus textos sob
muita pressão. Sugestão:
LP

foram mortas.
BI

solicitar que, individual-


mente, seja produzido um
O objetivo aparente era não deixar sobreviventes. “Quem viu morreu”, diz Karla pequeno texto em tempo
IA

reduzido e dentro de um
Patrícia, irmã de uma vítima. espaço pré-definido (por
a) Indique em que parte do texto está o problema de coesão textual. exemplo, o texto deve ter
ER

100 palavras (título+corpo


b) De que modo ele compromete a compreensão do texto? da notícia), na fonte Arial,
tamanho 12, para o título,
c) Reescreva o trecho, corrigindo o erro de coesão.
AT

e tamanho 10, para a


notícia).
3. Observe com atenção a situação comunicativa abaixo. • Esse texto foi publicado na
M

primeira página do jornal.


O pai e seu filho de 5 anos caminham por uma calçada. Quando o garoto vê Esta é a “capa” do jornal
uma sorveteria, fala: e, por esse motivo, atrai
mais a atenção do leitor.
– Pai, eu já sarei do resfriado, né? Portanto, um problema
de redação nessa página
– Você não vai tomar sorvete! – responde o pai. assume proporções maio-
a) Indique o contexto espacial em que ocorre a situação apresentada. res. Ou seja, o grau de
exigência (e por extensão,
b) Entre a fala do filho e a resposta do pai, objetivamente, não há elos coe- o de pressão) é maior.
sivos. Apesar disso, por que é possível compreender o que ambos pre-
tenderam comunicar?
111

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 111 25/08/2022 15:26:34


4. c) Fundamental que essa questão seja bem discutida para levar à compreensão de que um texto mais coesivo é
melhor do que aquele que apresenta menor coesão. Texto bom é aquele que é eficiente, pois atende às intenções
com que o emissor o produziu. Esta noção é muito significativa tanto para a compreensão dos textos midiáticos
quanto para a sua produção.
3. a) Na rua, perto de uma 4. Suponha que você foi eleito representante de sua sala.
sorveteria.
b) Sim, porque há uma liga- a) Sua primeira tarefa será a de elaborar um texto para a direção da escola,
ção próxima entre eles, uma
relação de familiaridade. En- informando que você foi eleito. Escreva esse texto.
tre a fala do filho e a resposta
do pai, objetivamente, não b) Mais tarde, ao chegar em casa, você escreve um e-mail para um(a) ami-
há elos coesivos. È possível, go(a), passando a mesma informação. Escreva esse texto.
porém, compreender o que

A,
se pretendeu comunicar c) Compare a produção dos dois textos. Apresente as semelhanças e as
neste contexto, porque os
diferenças que há entre eles. Por que ocorrem as diferenças?

IC
participantes do diálogo são
pessoas que se conhecem
muito bem. 5. Leia:

O ÓG
Sugestão: solicitar que
sejam expostas situações
comunicativas cotidianas
que aprofundem a noção de

SÃ G
que os elos coesivos – nesses

ES DA
casos – são pouco marcados
linguisticamente. Ou seja,

Apareceu um canário
a comunicação parece ter
grandes “buracos” (a falta de

PR PE
elos) que devem ser “preen-
chidos” pelos participantes
envolvidos nessa situação. Mulher, às vezes, aparece alguma; vêm por desfastio ou imaginação, essas vo-
Atenção: essa mesma luntárias; não voltam muitas vezes. Assusta-as, talvez, o ar tranquilo com que as
IM ISE
reflexão pode ser estendida
aos textos midiáticos, em
especial, os da publicidade.
recebo, e a modéstia da casa.
Passarinho, desisti de ter. É verdade, eu havia desistido de ter passarinhos; distri-
AL
Como marcas e produtos são
anunciados de forma repeti-
buí-os pelos amigos; o último a partir foi o corrupião Pirapora, hoje em casa do
tiva, muitos deles tornam-se escultor Pedrosa. Continuo a jogar, no telhado de minha água-furtada, pedaços
“familiares” aos seus desti- de miolo de pão. Isso atrai os pardais; não gosto especialmente de pardais, mas
DO N

natários. Daí, são produzidas


mensagens publicitárias que
também não gosto de miolo de pão. Uma vez ou outra aparecem alguns tico-ti-
A

exploram “vazios”, mental- cos; nas tardes quentes, quando ameaça chuva, há um cruzar de andorinhas no ar,
A

mente, preenchidos pelos em voos rasantes sobre o telhado do vizinho. Vem também, às vezes, um casal de
OI RA

destinatários.
sanhaços; ainda esta manhã, às 5h15m, ouvi canto de sanhaço lá fora; frequentam
4. a) e b) Aqui o objetivo é
fazer com que se perceba ou uma certa antena de televisão (sempre a mesma) ou o pinheiro-do-paraná
PR A

que a mesma informação que sobe, vertical, até minha varanda. Fora disso, há, como em toda a parte, bem-
recebe tratamento linguístico
-te-vis; passam gaivotas, mais raramente urubus. Quando me lembro, mando a
LP

BI

diferente conforme a quem


ela se destina. empregada comprar quirera de milho para as rolinhas andejas.
• No primeiro texto, deverão
Mas a verdade é que um homem, para ser solteiro, não deve ter nem passarinho
IA

predominar estruturação
e linguagem formais, em casa; o melhor de ser solteiro é ter sossego quando se viaja; viajar pensando
por conta da distância que ninguém vai enganar a gente nem também sofrer por causa da gente; viajar
ER

(hierárquica e de idade)
que existe entre emissor com o corpo e a alma, o coração tranquilo.
e destinatário. Isso requer,
Pois nesse dia eu ia mesmo viajar para Belo Horizonte; tinha acabado de arrumar
AT

portanto, a elaboração
de um texto com fortes a mala, estava assobiando distraído, vi um passarinho pousar no telhado. Pela cor
marcas de coesão. não podia ser nenhum freguês habitual; fui devagarinho espiar. Era um canário;
M

• No segundo, à semelhança
do que se viu na questão
não desses canarinhos-da-terra que uma vez ou outra ainda aparece um, muito
anterior, a proximidade raro, extraviado, mas um canário estrangeiro, um roller, desses nascidos e criados
entre os interlocutores em gaiola. Senti meu coração bater quase com tanta força como se me tivesse
levará à produção de um
texto em que a coesão será aparecido uma dama loura no telhado. Chamei a empregada: “Vá depressa com-
menos marcada. prar uma gaiola, e alpiste...”

112

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 112 25/08/2022 15:26:35


Quando a empregada voltou, o canarinho já estava dentro da sala; ele e eu, com
janelas e portas fechadas. Se quiserem que explique o que fiz para que ele entras-
se eu não saberei. Joguei pedacinhos de miolo de pão na varanda; assobiei para

A,
dentro; aproximei-me do telhado bem devagarinho, longe do ponto em que ele

IC
estava, murmurei baixo: “Entra, canarinho...” Pus um pires com água ali perto. Que
foi que o atraiu? Sei apenas que ele entrou; suponho que tenha ficado impressio-

O ÓG
nado com meus bons modos e com a doçura de meu olhar.
Dentro da sala fechada (fazia calor, estava chegando a hora de eu ir para o aeroporto)
ficamos esperando a empregada com a gaiola e o alpiste. O que fiz para que ele en-

SÃ G
trasse na gaiola também não sei; andou pousado na cabeça de Baby, a finlandesa (ter-

ES DA
racota de Ceschiatti); fiquei completamente imóvel, imaginando – quem sabe, a esta
hora, em Paris ou onde andar, a linda Baby é capaz de ter tido uma ideia engraçada,
por exemplo: “Se um passarinho pousasse em minha cabeça...”

PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

Depois desceu para a estante, voou para cima do bar. Consegui colocar a gaiola (com
a portinha aberta, presa por um barbante) bem perto dele, sem que ele o notasse;
andei de quatro, rastejei, estalei os dedos, assobiei – venci. Quando telefonei para o
táxi ele já tinha bebido água e comido alpiste, e estava tomando banho. Dias depois,
quando voltei de Minas, ele estava cantando que era uma beleza.

113

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 113 25/08/2022 15:26:35


5. a) Embora a resposta tenha
forte subjetividade, verificar
se nela foram apresentados
elementos que se relacionam
aos conceitos estudados. Por
exemplo: as diferenças entre
os contextos (ano de publi- Está cantando neste momento. Por um anel de chumbo que tem preso à pata já o
cação/ano de leitura; idade
do autor/idade do leitor).
identifiquei, telefonando para a Associação dos Criadores de Rollers; nasceu em 1959
e seu dono mudou-se para Brasília. Naturalmente deixou-o de presente para algum

A,
Isso leva a outras diferenças
(conhecimento de mundo; amigo, que não soube tomar conta dele. (Seria o milionário assassinado da Toneleros?
conhecimento linguístico).

IC
Um dos assaltantes carregou dois canários e depois os soltou, com medo.)
b) O texto é relevante já
que sua estrutura não foge Está cantando agora mesmo; como canta macio, melodioso, variado, bonito...

O ÓG
ao tema de que, para ser
solteiro, é preciso não ter pas- Agora para de cantar e fica batendo as asas de um modo um pouco estranho.
sarinhos. É consistente, pois Telefono para um amigo que já criou rollers, pergunto o que isso quer dizer. “Ele
não revela contradição.
está querendo casar, homem; é a primavera...”

SÃ G
Basta observar a construção
Casar! O verbo me espanta. Tão gracioso, tão pequenininho, e já com essas ideias!

ES DA
dos três primeiros parágrafos
em que o narrador traça o
paralelo entre a presença Abano a cabeça com melancolia; acho que vou dar esse passarinho à minha irmã,
de mulher (casar) e a de
de presente. É pena, eu já estava começando a gostar dele; mas quero manter

PR PE
passarinho em sua casa e,
por extensão, em sua vida. nesta casa um ambiente solteiro e austero; e se for abrir exceção para uma cana-
Esse raciocínio é “recuperado” rinha estarei criando um precedente perigoso. Com essas coisas não se brinca.
nos dois últimos. No final
Adeus, canarinho.
IM ISE
do texto quando o narrador
fala em abrir um preceden-
te perigoso, permitindo a
presença de uma “canarinha”, BRAGA, Rubem. Apareceu um canário. In: _____. 200 crônicas
AL
pode-se inferir seu temor:
escolhidas. São Paulo: Círculo do Livro, s/d, p. 372-373.
será que, depois disso, virá
uma esposa?
DO N

Outros fatores:
a) Este texto foi produzido no ano de 1960. Quando lido naquele ano e lido
A

Embora o texto seja de 1960,


os elementos linguísticos por você neste momento, provoca diferenças de compreensão? Quais?
A

são próximos ao de um leitor Justifique sua resposta.


OI RA

atual. A maior dificuldade


apresenta-se, exatamente, b) Identifique os fatores de coerência que podem ser percebidos no texto
em relação às diferenças
de Rubem Braga. Justifique cada fator.
PR A

entre os conhecimentos
de mundo do emissor e do
LP

c) Atualmente, discute-se a questão de manter pássaros presos em gaiolas


BI

destinatário. Mas isso não


impede que este possa com- e a venda ilegal de animais silvestres. Elabore um pequeno texto coeso e
preender o texto e reconheça
coerente, expondo seus argumentos sobre esse assunto.
IA

sua intencionalidade, desde


que o “aceite” – ou seja, te-
nha interesse em lê-lo, apesar Apresente a sua produção para os colegas.
ER

dessa dificuldade.
AT
M

114

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 114 25/08/2022 15:26:35


6. Observe a imagem. c) Sugestões
• No momento das apre-
sentações, pedir que os

W/Brasil
alunos avaliem a coerência
e a coesão nas produções
realizadas, justificando os
argumentos e pontos de
vista.
• Pode-se produzir uma

A,
pequena publicação (im-
pressa ou eletrônica) com

IC
os textos mais significati-
vos e criativos.

O ÓG
• 6. a) O texto foi escrito com
a intenção de persuadir o
destinatário a comprar o
produto. É possível per-

SÃ G
ceber isso porque causa
certa surpresa, não tem

ES DA
característica meramente
informativa, como uma
notícia. O que traz mais
certeza a essa conclusão é

PR PE
a presença da marca Bom-
Bril. Trata-se de produto
que se incorporou ao ima-
ginário do destinatário e,

IM ISE portanto, faz parte do seu


repertório linguístico bem
como de seu conhecimen-
AL
to de mundo.
• b) O texto foi elaborado
com a intenção (intencio-
DO N

nalidade) de persuadir
o destinatário a comprar
A

os produtos BomBril,
por isso foi elaborado de
Fonte: http://www.meioemensagem.com.br/
A

maneira a surpreender
OI RA

projmmdir/home_portfolio.jsp. Acesso em 17 de o destinatário e chamar


setembro de 2005 – uso didático da peça. a sua atenção de forma
criativa (informatividade).
PR A

Quando o destinatário
a) Com que intenção este texto foi produzido? O que há nele que justifique aceita essa “surpresa”
LP

BI

sua resposta? (aceitabilidade), vai tentar


decodificá-lo por meio do
conhecimento comparti-
b) Identifique os fatores de coerência que podem estar presentes neste tex-
IA

lhado. A imagem lembra


to. Justifique cada um deles. os quadros cubistas de
Pablo Picasso (intertex-
ER

tualidade), daí é possível


inferir que a frase “gênio
na arte de limpar” remete
AT

ao pintor cuja habilidade


em pintar é comparada
com a eficiência do produ-
M

to de limpeza.

115

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 115 25/08/2022 15:26:36


Como se trata de uma ativi-

PRODUÇÃO DE TEXTO
dade longa sugere-se que,
enquanto os conceitos de
coesão e de coerência estão
sendo trabalhados, os grupos
estejam definidos e a propos-
ta de criação do blog já tenha Criação de um blog
sido apresentada. Os itens 2,
3 e 4 da proposta podem ser Você vai experimentar criar um blog.

A,
previamente apresentados e
desenvolvidos parte em sala Blog é uma página de um site no qual você publica rapidamente o que escreve,
de aula e parte fora dela.

IC
interagindo com pessoas via internet.
É muito importante que se
crie uma “rotina”. O/A profes-
Site é um conjunto de informações que podem ser acessadas por meio de um

O ÓG
sor/a precisa definir um dia
da semana em que irá avaliar computador, em qualquer parte do mundo.
os passos de construção
do blog, bem como dos A internet é uma rede de comunicação formada por computadores ligados entre

SÃ G
textos publicados. É nesse
momento que os conceitos
si, no mundo todo.

ES DA
de coesão e de coerência
deverão ser aplicados, Num blog as informações são organizadas cronologicamente, como num diário.
cabendo ao/à professor/a
Essas informações podem ser relatos, textos informativos, piadas, notícias, co-

PR PE
propor revisões ou reedições
dos blogs. Recomenda-se que mentários sobre algum assunto cotidiano ou qualquer outro tipo de texto. Os
os grupos sejam incentiva-
dos a divulgar seus blogs de assuntos também são muito variados e podem aparecer em textos produzidos

IM ISE
maneira a que outras pessoas
possam vê-lo e comentá-lo.
Esses comentários podem
e devem ser considerados
pelo autor do blog ou podem ser de outros autores escolhidos.
Qualquer pessoa pode ter um blog, contanto que tenha acesso à internet. Geral-
mente, artistas, desportistas, políticos, jornalistas, professores, grupos de alunos
AL
como momentos de avalia-
ção (observar, porém, eles de uma classe, possuem blogs que são visitados por seus admiradores, colegas,
possuem qualidade crítica).
amigos, etc.
DO N

Finalizado o processo de
acompanhamento, deve-se
A linguagem usada nos textos publicados em blogs é bastante diversificada, de-
A

proceder à avaliação final da


atividade. Para isso, sugere-se pendendo do tipo de blog e de para quem ele é escrito. Geralmente, usa-se a
A
OI RA

que seja elaborada uma


ficha contendo os conceitos
linguagem coloquial.
estudados neste fascículo e, a
cada item, seja atribuído um Os blogs são escritos para qualquer usuário da internet e tornam conhecidos os
PR A

valor ou emitido um parecer. textos de seu autor ou aqueles que apresentam suas ideias, críticas ou pontos de
LP

Recomenda-se que as ques- vistas favoritos. Há blogs produzidos só para quem gosta de animais, ou para os
BI

tões tecnológicas pertinentes


à criação do blog sejam admiradores da arte, ou apaixonados por música; há ainda blogs de culinária, de
discutidas e apontadas, mas aconselhamento psicológico e tantos outros que é preciso navegar na internet
IA

que elas tenham um peso


menor quando da atribuição para se ter noção da variedade.
ER

de notas e/ou pareceres.


Estimular os grupos a dar Criar um blog é uma possibilidade real para as pessoas escreverem divulgando
continuidade ao blog depois suas ideias e desejos através da internet. Pesquise e crie o seu. Você vai poder
AT

de encerradas as atividades
escolares. experimentar usar sua produção textual de uma maneira bem interessante.
M

Orientações gerais
1. Organize-se em grupos com seis integrantes cada um.
2. Seu grupo será responsável pela criação de um blog, obedecendo aos crité-
rios de coesão e de coerência textuais estudados neste módulo.
3. Em primeiro lugar, defina o tipo de blog que deseja publicar: literário (poe-
mas, contos, romance coletivo, crônicas etc.); jornalístico (notícias da sala de
aula, notícias da escola, da cidade, noticiário geral, política, esporte etc.); diá-
rio (expor o dia a dia de cada pessoa do grupo).
116

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 116 25/08/2022 15:26:36


4. Em seguida, defina o título e o desenho (design gráfico) do blog: cores, estilo Orientar a elaboração do
relatório final. Sugere-se
e tamanho das fontes, imagens etc. que ele seja uma espécie de
Memorial Descritivo: que o
5. Por fim, defina a periodicidade de publicação dos textos. grupo relate todo o processo
de criação e de execução do
6. Depois que todos os blogs estiverem prontos, avalie os blogs criados pelos blog – aspectos tecnológicos
envolvidos, como foram ou
outros grupo, verificando se foram aplicados os aspectos de coesão e de coe- não superados; relaciona-
rência textual estudados. Discuta os bons resultados e por que foram alcan-

A,
mento dentro do grupo; o
que se aprendeu com esse
çados. Reflita sobre os casos malsucedidos e proponha soluções. trabalho; que perspectivas

IC
ele trouxe. Além dos grupos,
7. Após o primeiro mês de existência de cada blog, reúna-se com os demais recomenda-se que o/a pro-

O ÓG
grupos e discuta o trabalho que vem sendo realizado. Algumas sugestões fessor/a também elabore um
relatório (neste caso, sugere-
para essa discussão: quais as dificuldades vividas e como foram (ou não) -se que seja criado um “diário
resolvidas, quais as qualidades de cada blog; como os receptores externos de bordo” no qual, frequen-

SÃ G
temente, serão registrados
(pessoas que não estudam na sua sala e na sua escola) comentam cada blog. os diferentes momentos da

ES DA
atividade, as dificuldades, as
8. Passados dois meses, cada grupo terá autonomia para continuar a publicar soluções, as reflexões e as
seu blog ou para finalizar a experiência. Por fim, elabore um pequeno relató- descobertas.

PR PE
rio, expondo a trajetória do blog, a decisão tomada e suas justificativas.

IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

117

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 117 25/08/2022 15:26:37


7
O ASSUNTO É:

DESCRIÇÃO

A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
Observe atentamente a ilustração.

PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

118

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 118 25/08/2022 15:26:39


1. Escolha um dos pontos da imagem e suponha que você está nesse local,
comendo um lanche e bebendo um suco ou um refrigerante. Porém, você 1. Nesta primeira atividade,

A,
o/a aluno/a será solicitado/a
não vive aí. Você começa a observar, atentamente, diferentes aspectos do a observar uma imagem
ambiente. Registre essas observações, conforme as orientações a seguir. e a fazer listas de palavras

IC
relacionadas (cada lista) a um
a) VISÃO (O que você está vendo?). Relacione palavras que correspondam, órgão do sentido:

O ÓG
objetivamente, aos elementos que você vê no ambiente. a) VISÃO
b) AUDIÇÃO
b) AUDIÇÃO (O que você está ouvindo?). Relacione palavras que corres- c) OLFATO
pondam, objetivamente, aos sons que você ouve no ambiente.

SÃ G
d) PALADAR
e) TATO

ES DA
c) OLFATO (Que odores você percebe?). Relacione palavras que corres- Sugere-se que, depois de
pondam, objetivamente, aos odores que você sente no ambiente. feitas as listas e antes de
passar para a atividade 2, o/a
d) PALADAR (Que sabores você sente?). Relacione palavras que corres-

PR PE
professor/a peça que sejam
lidas as palavras de cada
pondam, objetivamente, aos sabores que você sente. item, destacando as muitas
coincidências que, certamen-
e) TATO (Que sensações você sente?). Relacione palavras que, objetiva-
IM ISEmente, expressem as sensações percebidas por sua pele.
te, ocorrerão e discutindo por
que razão isso acontece: são
pessoas de faixa etária seme-
2. Volte a observar a imagem. Com base nessa nova observação e utilizando lhante, vivem em um ambien-
AL
te também semelhante e
boa parte das palavras que você relacionou na questão 1, elabore um texto. tiveram a mesma imagem
Siga as instruções abaixo: para observar. Assim, seria
DO N

relevante destacar as palavras


• Tenha em mente que esse texto será lido por uma pessoa que não co- diferentes, discutindo se são
A

pertinentes e se são originais.


nhece a imagem. Portanto sua tarefa será a de fazer com que essa pessoa
A

Em todas as listas, afirma-se


OI RA

possa “ver” a ilustração por meio de seu texto. que as palavras devem ser
objetivas. Assim, ao verificar
• Escolha um ponto de partida para iniciar seu texto. Posteriormente, vá as respostas, atentar para que
isso ocorra, pois esta ativida-
PR A

ampliando as informações de tal forma que possa abranger quase toda de é o primeiro passo para
LP

a imagem. que o/a aluno/a compreenda


BI

que, muitas vezes, ao elabo-


• Procure desenvolver seu texto de tal modo que, pelas palavras e pela rar uma descrição, a precisão
dos detalhes é importante
IA

organização das frases e dos parágrafos, predomine a “visualização” dos para que o leitor possa, men-
diferentes aspectos que compõem a imagem. talmente, construir e “sentir”
ER

um ambiente.
3. Apresente seu texto a duas pessoas (de preferência de idades bem diferen-
tes) que saibam desenhar, mas que não conheçam a imagem que você uti-
AT

lizou para compor seu texto. Peça a cada uma delas que leiam o seu texto e,
posteriormente, façam uma ilustração em uma folha de papel (não se esque-
M

ça de registrar os nomes completos e as idades dessas pessoas).


2. O/a professor/a precisará enfatizar as instruções contidas na proposta de atividade:
• a perspectiva de que se escreve para alguém que não conhece a imagem.
• escolher um ponto de referência na imagem a partir do qual sua descrição se desenvolverá. Neste caso, torna-se
fundamental que se faça um planejamento do texto: retomar as palavras das listas; estabelecer as “direções”
seguidas pelo olhar (à direita, à esquerda, em baixo, acima etc.), destacar outros pontos da imagem e relacionar
palavras e/ou pequenas frases descritivas; ordenar esses elementos e, daí, iniciar e desenvolver sua produção.
3. Enfatizar que sejam registrados os nomes completos e as idades das pessoas que ilustrarão o texto. Pode-se, até
mesmo, pedir que seja feita uma pequena ficha para cada pessoa, incluindo endereço, local de nascimento, forma-
ção escolar, atividade profissional. Isso para que o/a aluno/a compreenda que os trabalhos devem ser devidamente
creditados a seus/suas autores/as, bem como adquira o hábito de elaborar registros.
Quanto à ilustração, orientar para que o/a aluno/a converse com as pessoas, explicando o que devem fazer. Porém,
que o/a aluno/a não faça intervenções com a finalidade de explicar o texto ou de orientar a ilustração. 119
Orientar para que as ilustrações não sejam fixadas com cola, neste momento, uma vez que, mais à frente, elas serão
expostas em mural.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 119 25/08/2022 15:26:41


4. Nos itens a) e b) desta atividade, o propósito não é avaliar a qualidade das ilustrações, mas em que medida o texto produzido pelo/a aluno/a
possibilitou uma aproximação das ilustrações com a imagem original. Ou em que medida propiciou um grande distanciamento. Deve-se considerar,
porém, que os/as ilustradores/as são pessoas diferentes que podem ter maior ou menor habilidade para desenhar. Mesmo assim, de certa forma, está
sendo avaliada a produção do/a
aluno/a.
4. Agora, compare cada ilustração:
Será no item c) desta atividade, a) com a imagem que serviu de base para seu texto. Quais as diferenças e
que as reflexões promovidas
pelos itens anteriores deverão as semelhanças que podem ser observadas?
ser registradas. Definiu-se por
marcar apenas as diferenças, b) com o seu texto. Quais as diferenças e as semelhanças que podem ser
porque são elas que aguçam observadas?
mais o senso crítico e podem

A,
dar maior amplitude à reflexão
do/a aluno/a sobre seu próprio
c) Observando apenas as diferenças, explique por que elas ocorreram.
trabalho.

IC
5. Reúna-se em grupo. Apresente seu texto e leia os demais textos. Ao final, observe:
a) O ponto inicial, tomado como referência, foi o mesmo em todos os tex-

O ÓG
5. Nesta atividade, o ponto
central de reflexão será a tos? Mencione as diferenças que ocorreram.
produção textual do/a aluno/a
em confronto com as demais b) Dos textos, qual deles apresentou maior quantidade de detalhes? Será

SÃ G
produções.
Nos itens a) e b), orientar para
que, por esse texto, é possível ter uma visualização completa da ima-

ES DA
que a discussão não fique gem? Apresente sua resposta.
somente em avaliar se um
texto é melhor do que outro. c) Apresente as ilustrações que você obteve e veja as demais ilustrações.

PR PE
O importante é que sejam
compreendidas as causas para Compare-as e observe que semelhanças e diferenças há entre elas. Re-
haver diferenças (conforme se gistre suas observações.
afirmou nas orientações da ati-

IM ISE
vidade anterior). Destacar que,
mesmo quando houve pontos
de partida semelhantes, certa-
mente o desenvolvimento da
d) Das ilustrações, qual delas apresenta maior semelhança com a imagem
que foi utilizada para a produção do texto? Essa ilustração foi produzida a
partir do texto apontado na resposta b) da questão 5? Ou não? Registre
AL
descrição não foi o mesmo. Ou
seja, que prevaleça o respeito às suas observações abaixo.
diferenças quanto às soluções
6. Seu grupo apresentará o texto apontado na resposta b) da questão 5 e a
DO N

que cada pessoa encontra.


No item b) especificamente, ilustração destacada na resposta d) da questão 5.
A

ao final, espera-se que todos


compreendam que, mesmo 7. Depois de finalizadas todas as apresentações, discuta que diferenças e que
A
OI RA

uma pessoa muito detalhista


e que tenha habilidade para semelhanças ocorreram. Registre uma síntese dessa discussão.
escrever, dificilmente produzirá

DA TEORIA À PRÁTICA
um texto por meio do qual seja
PR A

possível ter uma visualização


LP

completa de uma imagem, de


BI

um cenário, de um ambiente.
No item c), sugere-se que se
faça uma pequena exposição Nas diferentes atividades realizadas até aqui, você teve como tarefa tentar,
IA

em sala, afixando as ilustrações por meio de palavras, fazer com que uma imagem pudesse ser visualizada e per-
em um mural. Os/as alunos
cebida. Destacou-se que se trata de uma tentativa, pois a linguagem verbal, por
ER

poderão observar com mais


calma e detalhe os trabalhos, mais que uma pessoa consiga captar detalhes, nem sempre consegue traduzir
bem como poderão tomar
notas prévias que servirão para todos os aspectos de uma imagem. Por meio da linguagem verbal, não somente é
AT

elaborar suas respostas. possível tentar visualizar e dar a perceber uma imagem, como também pessoas,
Nos itens c) e d), continuam os
animais, objetos. O texto produzido com essa intenção denomina-se descrição.
M

exercícios de reflexão a partir de


diferenças e semelhanças, mas
sempre como uma proposta de
Verifique que, antes de produzir o texto, você relacionou palavras vincula-
se aguçar o senso crítico. das aos órgãos do sentido (visão, audição, olfato, paladar e tato). Ou seja, para
Em síntese: há que se levar em captar detalhes, esses órgãos é que se ativam no momento de se fazer um texto
consideração que tanto os/as
ilustradores/as quanto os/as descritivo. Além disso, essas atividades iniciais permitiram que você fizesse um
alunos (as) são pessoas diferen- planejamento de seu texto. Outro aspecto importante diz respeito à escolha de
um ponto de referência. Dessa forma, é possível apresentar os dados de forma
ainda mais organizada.
tes, com experiências de vida peculiares, graus de leituras diferenciados e que, para desenhar ou escrever, podem empregar
técnicas diferentes e possuem maior ou menor habilidade, podem ser mais ou menos detalhistas.
120 Assim, espera-se que estes momentos de comparação não sejam mecânicos, mas sim que sejam exercitados o senso crítico
e o respeito pelas opiniões diferentes e/ou divergentes.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 120 25/08/2022 15:26:41


1. Descrição estática 6. Ao longo das apresenta-
ções, já podem ser feitas as
discussões de semelhança
Pela proposta desenvolvida, você, certamente, produziu um texto descritivo e diferença, solicitando-se
que o/a aluno/a vá fazendo
em que predominou a apresentação estática dos pormenores da imagem. Essa é pequenas anotações que,
uma das formas como uma descrição pode se apresentar. A descrição estática. posteriormente, serão utiliza-
das para elaborar a resposta
Observe no texto abaixo, um exemplo de texto descritivo em que predomina da atividade 7.

A,
essa característica. 7. Ao final desta primeira
parte, espera-se que o/a

IC
aluno compreenda que as
pessoas veem e sentem os
ambientes, as imagens, os

O ÓG
cenários de forma diferente,
precisamente, porque são
diferentes. Por isso, tanto o
registro escrito (descrição)

O silêncio da chuva

SÃ G
quanto o desenhado (ilustra-
ção) não os reproduzirão fiel

ES DA
e completamente.
A Galeria Torres Vasconcelos adquirira uma sólida reputação no meio das artes
plásticas graças à inteligência e sensibilidade de Elísio Sclar. A mesma reputação

PR PE
tinha junto aos bancos, mas nesse caso graças ao suporte e à garantia econômi-
ca da Gráfica Vasconcelos, um dos maiores fabricantes de agendas, calendários e
etiquetas do país.
IM ISE
A antiga casa de dois pavimentos, no Leblon, fora inteiramente reformada para
atender às necessidades da galeria. A sala de exposições ocupa todo o primeiro
AL
andar, correspondendo aos três amplos salões originais da casa cujas paredes di-
visórias foram derrubadas e as janelas laterais foram eliminadas. O ambiente é in-
DO N

teiramente branco. Na parte central, ao longo do salão, ficam dispostas banquetas


de couro preto sem encosto. Ao fundo, uma escada vazada, com largos degraus
A

de peroba maciça, dá acesso ao segundo pavimento com dois escritórios, dois


A

banheiros e uma grande sala com porta reforçada, dotada de sofisticado sistema
OI RA

de refrigeração e proteção contra incêndio, onde ficam guardados o acervo da


galeria e as obras deixadas em consignação.
PR A

Uma entrada lateral para carros conduz ao sobrado situado na parte dos fundos
LP

BI

da casa. Na parte de baixo do sobrado fica a garagem, com espaço suficiente para
três carros, e na parte de cima o ateliê de Bia, com ampla janela lateral dando para
IA

a grande mangueira no quintal atrás da casa principal.


O ateliê é suficientemente amplo para conter uma prancheta e uma grande mesa
ER

de trabalho quase toda ocupada por potes contendo pincéis, espátulas, hidrográ-
ficas de todas as cores e caixas de lápis de cor de diferentes marcas. A única pare-
AT

de sem janelas ou portas é ocupada por uma estante repleta de revistas e livros de
arte. Sob a janela que dá para a entrada de carros fica um móvel com gavetas para
papéis de desenho. Um sofá de três lugares, suficientemente confortável para se
M

passar a noite, completa o mobiliário. Ao fundo, duas portas dão para o banheiro
e uma pequena cozinha. O ateliê tem telefone, secretária eletrônica e fax indepen-
dentes da galeria. O acesso é feito por uma escada lateral.
[...]

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. O silêncio da chuva. São Paulo:


Companhia das Letras, 1996, p. 32-33 (Fragmento).

121

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 121 25/08/2022 15:26:41


Veja outro exemplo de descrição estática muito comum em dicionários.

TIGRE: grande felino asiático (Panthera tigris), encontrado em uma grande varie-
dade de ambientes, como florestas tropicais, mangues ou savanas, com o corpo,
cabeça, cauda e membros listrados de negro, dorso e flancos variando do laranja
avermelhado ao ocre avermelhado e região ventral de cor creme ou branca.

A,
DICIONÁRIO HOUAISS. Versão on-line. Disponível na Internet no endereço < http://

IC
houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=tigre&stype=k>. Acesso em: 8 jul. 2017.

O ÓG
Observe no trecho a seguir, um exemplo de descrição estática de uma pessoa.

SÃ G
Trata-se do primeiro encontro entre Olga Benário e Otto Braun.

ES DA
O trecho é significativo, uma vez que Otto surge para o leitor de duas formas:
a primeira, pela imagem que Olga (antes de conhecê-lo) constrói de Otto com

PR PE
base no que dele se falava; a segunda, a visão que Olga tem dele ao encontrá-lo.

IM ISE
AL

Olga
DO N

No final de 1923, quando trabalhava como vendedora na Livraria Georg Müller,


A

ela ouviu falar pela primeira vez no professor Otto Braun. A partir da descrição
A
OI RA

que faziam dele, sobretudo as mulheres, Olga passou a fantasiar, criando um mito
em torno do jovem, bonito e inteligente Otto que, comentavam em voz baixa,
trabalhava secretamente como agente dos soviéticos. Quando, por fim, uma ami-
PR A

ga comum promove o encontro dos dois, Olga tem uma surpresa. Na verdade,
LP

o que ela imaginava de Otto era a caricatura de um revolucionário de folhetim:


BI

barba crescida, roupa desalinhada, cabelos longos e desalinhados. O café onde


se conhecem ela depara com um homem elegante, fumando cachimbo, gravata
IA

meticulosamente amarrada, cabelos repartidos e fixados com brilhantina, calça


passada com capricho, botinas de camurça escovadas. [...]
ER
AT

MORAIS, Fernando. Olga. 16. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 31. (Fragmento).
M

2. Descrição Dinâmica
O texto descritivo também pode se caracterizar pela apresentação de situa-
ções que permitem ao leitor compreender os movimentos praticados pelos seres
envolvidos em uma determinada situação. Observe como, no trecho a seguir, a
descrição auxilia o leitor a construir uma característica do personagem (a sua
disciplina).

122

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 122 25/08/2022 15:26:41


Atenção dividida
Às quatro da tarde, o pequeno restaurante de bairro estava vazio. O único garçom,
em uma mesa ao fundo, dividia-se entre uma pilha de pratos à sua frente e o apa-

A,
relho de televisão num dos ângulos da sala. Olhos fixos na tela, pegava o prato,

IC
borrifava álcool, enxugava, e formava outra pilha ao lado da primeira. Executava o
serviço sem pressa, de acordo com o ritmo do filme. Terminada a tarefa, dividiu os

O ÓG
pratos em duas pilhas rigorosamente iguais, momento em que teve que desviar
os olhos da tela. Passou então aos talheres. Retirava-os de uma bacia de plástico si-
tuada à sua esquerda, borrifava álcool, e após enxugá-los meticulosamente, joga-

SÃ G
va-os dentro de uma caixa à sua direita. Essa tarefa era mais difícil de conciliar com
a televisão porque a caixa era dividida em compartimentos para facas, garfos e

ES DA
colheres, e era quase impossível acertar no compartimento adequado sem olhar.

PR PE
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Vento sudoeste. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999, p. 7 (Fragmento)

IM ISE
Há exemplos em que o dinamismo pode ser ainda mais acentuado. É isso que
ocorre no exemplo que se apresenta a seguir.
AL
DO N
A

DitoW
A
OI RA

Dito acordou ainda tonto pelos efeitos da anestesia. Olhou o teto baixo, as paredes bran-
PR A

cas e sujas, a lâmpada acesa. Tentou mover-se, percebeu que um dos braços estava pre-
LP

BI

so à cama. O salão era uma espécie de enfermaria, embora as outras camas estivessem
desocupadas. Também, não havia ninguém transitando por ali, e a sede que sentia era
insuportável. Não se recorda de ter, anteriormente, tanta vontade de tomar água. Tivera
IA

um sonho, onde a terra ao seu redor estava ressequida, havia rachaduras no solo e ele
caminhava, caminhava, o sol queimando, as mãos agarrando-se aos arbustos que tam-
ER

bém haviam secado. Viu água entre as dunas, correu para lá. Era miragem. Livrou-se do
pesadelo, do sono, mas a sede não diminuíra e ali não havia um funcionário sequer.
AT
M

LOUZEIRO, José. Infância dos mortos. São Paulo: Abril Cultural, 1984, p. 99. (Fragmento).

3. Descrição psicológica
No trecho anterior, é possível perceber que, além das ações do personagem, apre-
sentam-se também seus sentimentos despertados pelas sensações provocadas pela si-
tuação em que ele se encontra e pelo sonho. Assim, o texto descritivo pode dar conta
dos aspectos psicológicos que envolvem uma pessoa em certa situação. Perceba, no
exemplo a seguir, como os traços psicológicos do personagem ficam evidentes.
123

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 123 25/08/2022 15:26:42


Primeira parte

A,
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada

IC
a rainha dos salões.

O ÓG
Tornou-se deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponi-
bilidade.
Era rica e famosa.

SÃ G
Duas opulências, que se realçavam como a flor em vaso de alabastro; dois esplen-

ES DA
dores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte
como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento

PR PE
que produzira seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a co-
IM ISE nheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande no-
vidade do dia. [...]
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da
AL

vitória, Aurélia, com a sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação


difícil em que se achava, e os perigos que a ameaçavam.
DO N

Daí provinha talvez a expressão cheia de desdém e um certo ar provocador, que


A

eriçavam a sua beleza aliás tão correta e cinzelada para a meiga e serena expansão
d’alma.
A
OI RA

Se o lindo semblante não se impregnasse constantemente, ainda nos momentos


de cisma e distração, dessa tinta de sarcasmo, ninguém veria nela a verdadeira
PR A

fisionomia de Aurélia, e sim uma máscara de alguma profunda decepção.


LP

Como acreditar que a natureza houvesse traçado linhas tão puras e límpidas da-
BI

quele perfil para quebrar-lhes a harmonia com o riso de uma pungente ironia?
Os olhos grandes e rasgados, Deus não os aveludaria com a mais inefável ternura,
IA

se os destinasse para vibrar chispas de escárnio.


ER

Para que a perfeição estatuária do talhe de sílfide, se em vez de arfar ao suave


influxo do amor, ele devia ser agitado pelos assomos do desprezo?
Na sala, cercada de adoradores, no meio das esplêndidas reverberações de sua
AT

beleza, Aurélia bem longe de inebriar-se da adoração produzida por sua formosu-
ra, e do culto que lhe rendiam, ao contrário parecia unicamente possuída de uma
M

indignação por essa turba vil e abjeta.


Não era um triunfo que ela julgasse digno de si, a torpe humilhação dessa gente
ante a sua riqueza. Era um desafio, que lançava ao mundo; orgulhosa de esmagá-
-lo sob a planta, como um réptil venenoso.

ALENCAR, José. Senhora. MINISTÉRIO DA CULTURA Fundação Biblioteca Nacional


Departamento Nacional do Livro. In: http://www.dominiopublico.gov.br/download/
texto/bn000011.pdf. Página 1. Consulta realizada no dia 22 de abril de 2022.
124

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 124 25/08/2022 15:26:42


Nesta atividade, para evitar o

APLICAÇÃO
constrangimento de alguém
não ser escolhido/a, sugere-
-se que o/a professor/a indi-
que a cada aluno/a o nome
do/a colega a ser descrito/a.
1. Escolha algum ou alguma colega de sua sala. Observe-o(a) aten- Outro cuidado diz respeito
tamente. Em seguida, elabore um texto em três parágrafos, de à possibilidade de alguma
descrição caminhar para
tal modo que, no primeiro, sejam apresentadas as características físicas; no

A,
uma imagem caricaturesca
segundo, algumas ações típicas em sala de aula ou em outros espaços da da pessoa. Nada impede que

IC
isso aconteça desde que o/a
escola; por fim, no terceiro, apresente alguns traços psicológicos. Para não aluno seja orientado/a a pro-
haver constrangimentos, na descrição, escolha as características positivas e duzir um texto que expresse

O ÓG
respeito pela pessoa descrita.
utilize termos socialmente aceitáveis, evitando o bulling.
Sugere-se que, ao final, cada
grupo apresente, oralmente,
Detalhe importante: em nenhum momento diga o nome de seu (sua) co- uma pequena síntese das

SÃ G
lega. Não se esqueça de planejar seu texto. Antes de escrevê-lo, relacione discussões, ressaltando o

ES DA
trabalho da produção textual
palavras ou frases que possam ser utilizadas em cada parágrafo. (quais as dificuldades que se
evidenciam no momento de,
2. Leia seu texto em voz alta, sempre sem mencionar o nome do(a) colega. O pelas palavras, tentar compor
objetivo é precisamente que seus (suas) colegas, por meio de sua descrição

PR PE
um retrato).
consigam descobrir quem você descreveu.

IM ISE PRODUÇÃO DE TEXTO


AL

Agora é a vez de você se descrever. Elabore três parágrafos em que, em cada um


DO N

deles, predomine um tipo de descrição: física, psicológica e do ambiente.


A

Quando terminar, reúna-se em grupo. Leia as descrições de seus (suas) colegas.


A

Observe se todos (todas) conseguiram se descrever. Note, ainda, que aspectos


OI RA

foram mais destacados. Escreva as suas observações.


PR A

Novamente, enfatiza-se a importância de se planejar o texto, bem como, no momento de sua produção, de se organi-
LP

zarem as informações. Assim, orientar para que, em cada parágrafo, haja um ponto de partida do qual a descrição se
BI

expanda.
Deixar claro que a proposta não é produzir um texto “enigmático”, mas sim um texto elaborado com o objetivo de
que, por seu intermédio, se possa, com relativa facilidade, reconhecer o/a aluno/a descrito/a.
IA

Este é um momento de reflexão crítica em que o/a aluno/a submeterá sua produção à avaliação de seus/suas
colegas. Orientar para que sejam observados os traços descritivos que mais bem retratam o/a autor/a do texto. São
ER

os elementos mais significativos dessa discussão/avaliação que o/a aluno/a deve registrar.
AT
M

125

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 125 25/08/2022 15:26:42


O ASSUNTO É:

8 TEXTO
DISSERTATIVO

A,
IC
1. O estudo do texto dissertativo se inicia pela relação de palavras – agora que
se relacionam às opiniões despertadas pelo ambiente. Ao final, podem ser lidas
as palavras para discutir a pertinência ou não de cada uma delas. Isso também

O ÓG
servirá para verificar as diferenças de visão e de vocabulário de cada aluno.

REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
1. Observe atentamente a ilustração da página 118 e relacione pa-
lavras que expressem opiniões que esse ambiente desperta em

PR PE
você.
2. Com base nessa observação e utilizando boa parte das palavras que você
relacionou acima, na questão 1, elabore um texto em três parágrafos.
IM ISE No primeiro, apresente de forma breve, o cenário que motivou este texto.
AL
No segundo, devem ficar evidentes suas opiniões despertadas por esse ce-
nário. Para cada opinião, apresente suas justificativas.
DO N

No último, feche seu texto de modo a enfatizar a opinião que, para você, seja
a mais importante.
A

3. Reúna-se em grupo. Apresente seu texto e leia os demais. Observe que as-
A
OI RA

pectos são semelhantes e quais são diferentes. Registre suas observações.


4. Discutam as produções e escolham uma delas para apresentar para a sala.
PR A

Depois de todos os textos serem apresentados, escolha aquele que lhe cau-
LP

BI

sou maior impressão e justifique sua escolha.


2. A propos- de que o texto dissertativo se caracteriza por introdução, desenvol-
ta reitera a Título do texto escolhido: vimento e conclusão. Desta maneira, entende-se que o/a aluno/a
IA

importância do adquirirá maior segurança para, mais tarde, produzir textos mais densos
planejamento Nome do(a) autor(a) e mais longos.
textual – tanto
ER

No início, reforçar a proposta de que as opiniões devem ser justificadas


pela seleção das Justificativa e incentivar para que sejam feitas de forma clara e fundamentada.
palavras da ativi-

DA TEORIA À PRÁTICA
dade 1, quanto
AT

pela orientação
de que o texto
seja produzido
M

em três parágra-
fos e de forma O texto produzido por você com a finalidade de expressar opiniões com base
ordenada. Esta
estrutura pro-
na imagem da página 118 denomina-se dissertação. A dissertação pode ser ex-
posta utiliza o positiva ou argumentativa.
conceito básico

1. Dissertação expositiva
Expõe uma ideia, discorre sobre um assunto, apresenta um tema. Nesse caso, para
que o texto tenha relevância, seu autor precisa conhecer bem o assunto, não somente
com base em suas próprias experiências de vida bem como por meio de pesquisas.
126 4. Após a apresentação do texto de cada grupo, propicie uma discussão pautada pelas orientações apresentadas na
atividade 3. Solicitar que cada aluno/a vá fazendo breves anotações dessas discussões, pois elas serão úteis no mo-
mento em que deverá escolher o texto que mais o/a impressionou e suas justificativas. Espera-se que, após tantos
momentos de reflexão, estas justificativas ganhem profundidade e expressem um senso crítico aguçado.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 126 25/08/2022 15:26:44


Veja um exemplo desse tipo de dissertação.
3. Ao ler os textos de seus/

A,
Em linhas gerais, pode-se dividir a história da TV brasileira em dois grandes suas colegas, além de ter a
oportunidade de conhecer
períodos: de 1950 a 1964 e de 1964 até hoje [...]

IC
diferentes pontos de vista,
o/a aluno/a poderá verificar
No primeiro período, de 50 a 64, a TV concentrava-se no Rio de Janeiro e em as diferenças que ocorrem na

O ÓG
São Paulo e grande parte de sua programação era transmitida ao vivo com for- forma de apresentar suas opi-
niões. Solicitar que avaliem
tes tonalidades locais. A partir de 1964, a televisão começa a se expandir por as opiniões e as justificativas,
todo o território nacional, mas o surgimento das gravações em videoteipe en- verificando profundidade e

SÃ G
gendra uma concentração da produção nas grandes cidades. Na primeira fase, originalidade. Será que elas
superam o senso comum?

ES DA
tinha-se uma situação de concorrência entre as grandes emissoras e as TVs Isso porque, diante de uma
Tupi e Record lideravam a audiência; na segunda fase, especialmente a partir situação, muitas pessoas não
da primeira metade da década de 1970, a Rede Globo de Televisão torna-se conseguem encontrar ângu-

PR PE
los ou explicações pessoais e/
hegemônica em termos de número de telespectadores. ou originais.
Acompanhe as discussões
REIMÃO, Sandra. TV no Brasil – ontem e hoje. In: REIMÃO, Sandra de forma a garantir um mo-

IM ISE (org.). Televisão na América Latina: 7 estudos. São Bernardo do Campo/


SP: Metodista de São Paulo, 2000, p. 65-66 (Fragmento)
mento de crítica positiva e de
empenho colaborativo, para
que a avaliação não fique
apenas no nível do “gostei” ou
AL

2. Dissertação argumentativa “não gostei”.


O registro que o/a aluno/a
fizer permitirá verificar se
DO N

Defende um ponto de vista sobre um assunto ou tema e tem a intenção de ele conseguiu compreender
persuadir o seu leitor ou seu ouvinte. Para que o texto tenha consistência, seu todos os aspectos anterior-
A

mente.
autor pode estabelecer relações de causa e efeito, avaliar opiniões diferentes e/
A
OI RA

ou divergentes, analisar e confrontar os dados e/ou as informações disponíveis.


Observe um exemplo de dissertação argumentativa.
PR A

Quem não conhece Pixote, um clássico nacional dos anos oitenta? Contava a
LP

história de um grupo de crianças tentando sobreviver na selva de São Paulo.


BI

O garotinho que fez o Pixote, Fernando Ramos da Silva, era um genuíno mo-
leque de periferia.
IA

Para um moleque desses, que tem de pegar no batente logo cedo pra ajudar a
ER

família, esse lance de fama é um negócio mirabolante. Ela leva a dois caminhos:
ou ao sucesso, ou à total frustração. Foi passando o tempo e o sucesso do filme
AT

foi ficando pra trás, e a carreira do moleque não decolou.


Fernando teve uma recaída: voltou pra periferia e começou a roubar. Até que
M

um dia, aconteceu o inevitável: foi baleado e morto pela polícia. [...]


O Brasil não mudou muito nesses vinte anos.
E como a história se repete, um dos atores-mirins do filme Cidade de Deus, o
Rubens Sabino da Silva, foi preso depois de roubar a bolsa de uma senhora num
ônibus no Rio de Janeiro.
Que oportunidade foi dada a esse pequeno ator do morro? Apenas o gostinho
de ter uma carreira glamurosa ou de ser alguém importante.

127

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 127 25/08/2022 15:26:46


A situação do menor abandonado não mudou nada, ou melhor, piorou. Eles
ainda não têm perspectiva de vida, trocam a inocência da infância por margi-
nalidade, crime e droga.
Então a melhor coisa é ter pé no chão. Pé no chão é tudo.

JOÃO GORDO et al. Consciência do Gordo. São Paulo: Jaboticaba, 2004, p. 22-23 (Fragmento)

A,
Dissertação objetiva e dissertação subjetiva

IC
A leitura dos dois exemplos revela que, além de se diferenciarem quanto aos

O ÓG
propósitos da dissertação, os textos apresentam estilos diferentes. O primeiro ca-
racteriza-se pela objetividade, enquanto o segundo tem a subjetividade como
traço preponderante.

SÃ G
Dissertação objetiva: o que marca esse tipo de dissertação (seja ela expositi-

ES DA
va, seja argumentativa) é a produção de um texto mais impessoal, apresentando
as ideias e/ou argumentos de modo racional, lógico. Veja como isso pode ser

PR PE
notado no trecho a seguir.

IM ISE
AL

A forma e as ideias
DO N

Restringe-se quase apenas à classe dos linguistas a expectativa pela estreia, hoje,
A

de mais uma reforma ortográfica no Brasil. As mudanças por ora são ignoradas
A
OI RA

pela maioria da população brasileira e terão impacto reduzido no cotidiano: a


cada mil palavras utilizadas, cinco serão alteradas. [...]
Pensado para unificar a linguagem escrita nos países lusófonos, o Acordo Ortográ-
PR A

fico produz muito barulho por quase nada. Seu impacto estará concentrado na
LP

BI

burocracia diplomática – não será mais necessário “traduzir” documentos para as


diversas grafias nacionais do idioma – e no mercado editorial, que vai movimen-
IA

tar-se nos próximos anos para adaptar livros e dicionários ao novo padrão.
A ortografia que está sendo substituída não constitui barreira para a compreensão
ER

de textos escritos no padrão de outro país. Dificuldades maiores são oferecidas


pela construção das frases e pelo vocabulário mobilizado nas diversas regiões em
AT

que se fala o idioma.


Somente a experiência da leitura sistemática e a exposição constante a textos de tradi-
M

ções nacionais, regionais e históricas diversas podem levar à superação desses obstá-
culos. A nova ortografia altera algumas formas das ideias, jamais seu conteúdo.
Com ou sem reforma, milhões de jovens brasileiros continuarão saindo da escola
sem acesso a esse universo de conhecimento.

EDITORIAL. A forma e as ideias. Folha de S. Paulo, de 1 de jan. 2009, p. A-2.

128

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 128 25/08/2022 15:26:46


Dissertação subjetiva: esse tipo de dissertação (seja expositiva, seja argu-
mentativa) é marcado pela presença mais intensa do sujeito, apresentando ideias
e/ou argumentos de maneira emocional. Observe como isso está presente no tre-
cho abaixo.

A,
IC
Para viver um grande amor

O ÓG
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita se-

SÃ G
riedade e pouco riso — para viver um grande amor.

ES DA
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de
muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.

PR PE
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua
dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde

IM ISE
clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver
um grande amor.
AL
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o “velho amigo”, que
porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssi-
mo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está
DO N

sempre preparado pra chatear o grande amor.


A

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não


A
OI RA

existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu
amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível li-
berdade que traz um só amor.
PR A
LP

BI

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culi-
nária e de judô — para viver um grande amor.
IA

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso
também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-ama-
ER

da como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu fina-
do amor.
AT

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais,


M

muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o gran-
de amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um
tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...

MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor. In: MORAES, Vinicius de. Para
viver um grande amor. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 130-131.

129

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 129 25/08/2022 15:26:46


1. Sugere-se que, enquan-

APLICAÇÃO
to vão sendo trabalhados
conteúdos e atividades
anteriores, o/a aluno seja
orientado/a a fazer as entre-
vistas e as pesquisas. Assim,
orientar para que tome nota 1. Escolha uma profissão (preferencialmente, aquela que futura-
de todas as informações obti-
das. Dessa forma, o/a aluno/a
mente você deseja seguir). Busque informações referentes a
essa carreira (entreviste pessoas que exerçam atividades relacio-

A,
começará a compreender
a importância da coleta de
dados e de informações para
nadas a ela e pesquise informações em livros ou na internet]).

IC
se produzir um texto. Ou seja,
sem conhecimento, torna-se
Com base nas entrevistas e nas informações obtidas, redija um texto dis-
sertativo expositivo objetivo, cujo tema seja essa profissão escolhida por

O ÓG
difícil (mesmo impossível)
desenvolver um determinado
assunto.
você. Para isso, estruture o texto em três parágrafos:
Optou-se por uma pesquisa – primeiro, faça uma introdução ao tema;

SÃ G
sobre carreira universitária
com o objetivo de, além de
– segundo, desenvolva-o de forma organizada;

ES DA
servir como tema, permitir – terceiro, elabore uma conclusão.
que o/a aluno/a perceba se
tem ou não afinidade por ela Lembre-se de colocar um título.

PR PE
e, de certo modo, propiciar
que suas escolhas possam se 2. Reúna-se em grupo. Leia o seu texto e os demais. Em que medida todos os
dar com base em dados obje-
tivos e com mais segurança.
textos permitiram que se compreendessem as características de cada pro-
fissão? Houve coincidências na escolha de carreira? Se houve, os aspectos
IM ISE
Como a proposta é que se
elabore um texto disser-
tativo expositivo objetivo,
abordados são semelhantes? Registre abaixo suas reflexões.
orientar para que se planeje o 3. Você conhece muitos provérbios?
AL
texto previamente de forma
a que as informações sejam a) Escolha um provérbio conhecido.
apresentadas quanto à sua
DO N

relevância para o tema e de


forma lógica e racional. Nova-
b) Com base no provérbio escolhido, elabore uma dissertação argumen-
A

mente, adotou-se a estrutura tativa objetiva cujos argumentos demonstrem sua concordância
básica de três parágrafos (in- com o ponto de vista do provérbio. Ou seja, você terá que, de forma ra-
A
OI RA

trodução, desenvolvimento e
conclusão), porém, conforme cional, persuadir o seu leitor de que o provérbio deve ser tomado como
a quantidade de informa- uma boa referência para a sua vida.
ções obtidas o/a professor/a
PR A

poderá orientar a que se


c) Utilizando o mesmo provérbio, elabore uma dissertação argumenta-
LP

façam mais parágrafos de


BI

desenvolvimento, permitindo tiva objetiva cujos argumentos demonstrem que você discorda do
maior abrangência do tema.
Todavia deve-se reiterar
ponto de vista do provérbio. Ou seja, você terá que, de forma racional,
IA

que somente os dados e as persuadir o seu leitor de que o provérbio não é uma boa referência para
informações relevantes sejam
utilizados.
a sua vida.
ER

2. Nesta atividade, o/a alu- 4. Escolha um dos textos que você produziu a partir do provérbio. Transforme-o,
no/a terá a oportunidade de
conhecer outras carreiras e/ agora, em uma dissertação argumentativa subjetiva. Ou seja, você ten-
AT

ou verificar outras aborda- tará persuadir o seu leitor por meio de apelos emocionais.
gens relativas à carreira por
ele/ela escolhido/a. Além, é 5. Forme dupla com um(a) colega de sua sala. Troquem os textos produzidos
M

claro, de perceber as diferen-


tes maneiras de se elaborar nas atividades anteriores. Para cada texto, elabore uma pequena avaliação,
e desenvolver um texto dis- verificando se, em cada um deles, a argumentação foi bem elaborada. Caso
sertativo expositivo objetivo.
Espera-se que, ao registrar você verifique problemas de elaboração, apresente sugestões que possam
suas reflexões, esses aspectos superar tais problemas.
fiquem evidenciados.
Sugestão
Ao final destas atividades, os textos, depois de revisados e retrabalhados, poderiam ser reunidos em um pequeno
livro (com imagens) que serviria como fonte de consulta posteriormente. Ou, caso seja possível, poderia ser criado
um blog na Internet e nele publicados os textos. Das duas formas, amplia-se aquela consciência de que se escreve
para vários leitores e, portanto, o texto precisa ser bem elaborado.
130

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 130 25/08/2022 15:26:47


3. a) A opção de se propor

PRODUÇÃO DE TEXTO
um provérbio como tema
a ser desenvolvido funda-
menta-se na ideia de que se
trata de um saber popular e,
portanto, de fácil apreensão
Você vai produzir uma dissertação com base no seguinte recorte temático: pelo/a aluno/a. Além do que
são “pequenos conselhos”,
O uso de animais em experimentação científica tem sido muito debatido porque muitas vezes, tomados como

A,
verdadeiros e definitivos
envolve reivindicações dos cientistas e dos movimentos organizados em defesa que, por isso, permitem ser
dos animais, assim como mudanças na legislação vigente. colocados em discussão e até

IC
polemizados
Para produzir seu trabalho, observe: 3. b) Orientação geral para as

O ÓG
atividades b e c (produção de
a) A parte inicial do texto será uma introdução que expressa a opinião prin- texto dissertativo expositivo
objetivo)
cipal a ser defendida.
Reitere que o texto deve obe-

SÃ G
b) Após a parte inicial, começam os argumentos que sustentam a opinião decer a uma lógica, deve ser

ES DA
racional. Portanto, a escolha
apresentada, formando o desenvolvimento da dissertação. de palavras e a organização
dos parágrafos devem ser
c) A parte final é a sua conclusão, em que será expresso claramente seu bem planejadas.

PR PE
ponto de vista e afirmada concretamente sua ideia a respeito do tema. Ressalta-se que, em ambas as
propostas, deve-se orientar
Não se esqueça de colocar um título que desperte o interesse do seu leitor. a que o/a aluno/a tenha em
mente um “provável” leitor

IM ISE
Depois de finalizado seu trabalho, peça ao seu professor para revisar seu texto e
reescreva-o, se for necessário. Escolha uma pessoa amiga, ou alguém que vive
que deverá ser persuadido
por meio de um texto. Por
isso, seus argumentos devem
com você e goste de animais para entregar seu texto para leitura e apreciação.
AL
ser consistentes e relevantes.

4. Aqui a preocupação é fazer com que o/a aluno/a perceba que um mesmo tema pode ter tratamento diferente. Nesta primeira elaboração,
A argumentação subjetiva também precisa ser planejada e seus argumentos convincentes. Todavia, como deverá o/a aluno/a assumirá o ponto
DO N

predominar o apelo emocional, a escolha lexical e a estruturação das frases e dos parágrafos também deverão de vista que explicite sua
expressar a subjetividade. Um dos aspectos em que isso fica mais evidente é na pontuação – o/a aluno/a poderá concordância com o sentido
A

lançar mão de interrogações, exclamações, reticências com mais desenvoltura. Além disso, frequentemente, nesse do provérbio. Provavelmente,
tipo de dissertação, o/a autor/a busca aproximar-se mais do leitor e, de certa forma, fazer com que ele adira com será difícil que ele/ela consi-
A

ga elaborar um texto muito


OI RA

mais facilidade aos argumentos apresentados no texto.


original – ainda mais que o
5. Neste trabalho, propõe-se que um/a aluno/a troque seus textos com outro/a e que cada um redija suas avalia- texto deve ser objetivo.
ções. Assim, é recomendável que façam a atividade sem discutir os textos. Isso é importante para que o momento
3. c) Aqui, com o mesmo pro-
PR A

de crítica seja o resultado de uma reflexão pessoal – diferentemente do que se fez antes.
vérbio, coloca-se o/a aluno/a
Deve-se orientar, então, para que as críticas sejam responsáveis e embasadas, com o/a aluno/a avaliador/a obser- diante de uma situação nova,
LP

BI

vando tanto se a modalidade textual proposta foi seguida, como se os argumentos são relevantes e têm consistên- em que deverá apresentar
cia. Reitere a importância de se dar sugestões ao/à colega, reforçando o caráter colaborativo da atividade. argumentos que evidenciem
Depois que cada dupla terminar suas avaliações, é chegado o momento de, juntos/as, discutir os comentários e as a não aceitação do provérbio.
IA

sugestões. É importante que os alunos enumerem os acertos e erros em relação aos textos produzidos. Assim, pode ser que seja
mais difícil de encontrar tais
argumentos, por esse motivo
ER

o/a aluno/a será desafiado/a


a produzir um texto que
será mais original do que o
AT

anterior.
Acrescente-se que se trata de
um exercício mental impor-
M

tante, porque pode levar o/a


aluno/a a compreender que,
diante de muitas situações,
pode haver posicionamentos
diferentes (até divergentes).
Isso alimenta e refina o senso
crítico das pessoas.

131

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 131 25/08/2022 15:26:47


O ASSUNTO É:

9 TEXTO
JORNALÍSTICO

A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
Observe a reprodução de uma notícia publicada no site da Revista
Superinteressante, em 20 de abril de 2022.

PR PE
MÉDICOS VISITAM ESTAÇÃO ESPACIAL
INTERNACIONAL POR MEIO DE HOLOGRAMAS
IM ISE Em experimento histórico, equipe de médicos interagiu com astronauta
AL

da Agência Espacial Europeia usando óculos que permitem o


“holoporte”
DO N

Por Luisa Costa 20 abr 2022, 17h58


A

Pela primeira vez, uma equipe médica visitou astronautas na Estação Espacial Internacional
A
OI RA

(ISS) por meio de hologramas. O experimento aconteceu em outubro e foi revelado este
mês pela Nasa, em comunicado oficial.
Sim, a telemedicina está indo longe demais – mais especificamente, a 400 quilômetros de
PR A

altura, na órbita baixa do planeta.


LP

A cena que parece ficção científica foi protagonizada por Josef Schmid, cirurgião de voo
BI

da agência espacial americana, sua equipe e Fernando De La Pena Llaca, CEO da Aexa
Aerospace – empresa de tecno...
IA

O “holotransporte”, junção de “holograma” e “transporte”, é uma tecnologia que captura


imagens e então reconstrói, compacta e transmite modelos 3D de pessoas em tempo real
ER

para qualquer lugar. O projeto existe desde 2016 e é desenvolvido pela Microsoft – mas
nunca havia estabelecido comunicação entre pessoas tão distantes quanto agora.
O cirurgião da Nasa interagiu com Thomas Pesquet, astronauta francês da Agência Espacial
AT

Europeia (ESA). Os dois usaram um óculos especial, chamado Microsoft Hololens Kinect,
e um computador com software personalizado desenvolvido pela Aexa. Assim, o astronauta
que estivesse com os óculos veria uma imagem 3D da equipe médica e vice-versa.
M

Os participantes do experimento puderam ver, ouvir e interagir uns com os outros à


distância como se estivessem no mesmo espaço físico. Segundo a Nasa, Schmid recebeu
até um aperto de mão (virtual) de Pesquet.
Em comunicado, a Nasa afirma que planeja utilizar a tecnologia em futuras missões para
consultas médicas e psiquiátricas de astronautas, reuniões familiares e até para promover

132

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 132 25/08/2022 15:26:49


1. Espera-se que o aluno
visitas à ISS. Combinar o holotransporte com tecnologias de realidade aumentada também compreenda que se trata de

A,
uma notícia e que, portanto,
permitiria que pessoas na Terra se locomovessem pela ISS e trabalhassem junto com tem a finalidade de transmitir
astronautas.

IC
informações.
“É uma maneira completamente nova de comunicação humana em grandes distâncias […] 2. As respostas poderão ser
e de exploração, a partir da qual nossa entidade humana é capaz de viajar para além do bem diferentes, pois cada

O ÓG
planeta”, disse Schmid. pessoa poderá encontrar
trechos diversos para jus-
tificar que se trata de uma
In:https://super.abril.com.br/ciencia/medicos-visitam-estacao-espacial-internacional-via-hologramas/. informação. O recomendável

SÃ G
Consulta realizada em 22 de abril de 2022. é que, após a leitura e discus-

ES DA
são de algumas respostas,
o/a professor/a coloque no
quadro as perguntas básicas
1. Com que finalidade esse texto foi produzido? que compreendem o lead

PR PE
de uma notícia: o quê?,
2. Aponte partes do texto que comprovem a resposta dada à questão 1. quem?, onde?, como? Se for
necessário, faça uma revisão
das características do gênero

IM ISE DA TEORIA À PRÁTICA notícia.


AL
O texto trabalhado anteriormente pertence ao universo do jornalismo. Neste
caso, trata-se de uma notícia publicada em um jornal impresso diário. Porém, o
DO N

texto jornalístico é produzido também em outros veículos de comunicação e em


diferentes formatos. É isso que você verá a seguir.
A
A
OI RA

1. Jornalismo impresso
Sua veiculação se dá em diferentes formatos, mas todos com a mesma carac-
PR A

terística fundamental: são impressos em papel.


LP

BI

O jornal é impresso em um tipo de papel mais barato e de menor qualidade,


conhecido como “papel-jornal”.
IA

No jornal, os grandes assuntos são divididos em editorias, tais como, Brasil


ER

(notícias e opiniões sobre fatos relativos ao universo político brasileiro); Inter-


nacional (fatos, geralmente, políticos referentes aos demais países); Regional ou
AT

Local (assuntos pertinentes à região e/ou à cidade em que o jornal circula); Eco-
nomia (assuntos econômicos gerais); Esporte (relativos ao mundo esportivo em
M

geral); Cultura (temas relativos a livros, ao teatro, ao cinema, entre outros). Essa
divisão por editorias define outra divisão: os cadernos em que se concentram as
editorias. Assim, há o Caderno de Economia, o de Esporte etc.

133

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 133 25/08/2022 15:26:52


Em alguns casos, os jornais publicam suplementos semanais com ênfase em
um determinado tema. Por exemplo: suplemento de TV, com ampla cobertura
de assuntos relativos à programação televisiva e aos seus participantes (atores,
atrizes, jornalistas, apresentadores, entre outros). Há suplementos especiais, pu-
blicados por ocasião de algum evento de grande porte. Isso ocorre, por exemplo,
quando da realização de Jogos Olímpicos, da Copa do Mundo de Futebol.

A,
O jornal pode ser apresentado em periodicidade e formatos diferentes. Quan-
to à periodicidade, o jornal pode ser diário (uma das mais frequentes), semanal

IC
ou quinzenal. Já, quanto aos formatos, no Brasil, o standard tem sido usado com

O ÓG
mais frequência. Esse formato corresponde, em média, ao tamanho de 55 cm (no
sentido vertical) por 30 cm (no horizontal). Veja alguns exemplos.

SÃ G
Correio Braziliense, 18 de julho de 2016 / D. A Press

Capa do Jornal Extra, publicado em 28- 04-2013 / Licenciado pela Agência O Globo
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER

Primeira página do jornal do Extra, do Rio


AT

de Janeiro, do dia 28 de abril de 2013.


Primeira página do jornal Correio Braziliense,
M

de Brasília, do dia 18 de julho de 2016.

134

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 134 25/08/2022 15:26:53


Há jornais que adotam o formato tabloide ou berlinense. O primeiro tem
o tamanho médio de 38 cm (na vertical) por 30 cm (na horizontal; enquanto o
segundo apresenta-se com 47 cm (na vertical) por 31,5 cm (na horizontal). Veja
exemplos desse tipo de formato.

GauchaZH/Grupo RBS

Jornal do Brasil, 14 de janeiro de 2009/CPDoc JB

A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N

Primeira página do Zero Hora, de Porto


A

Alegre, do dia 16 de junho de 2015. Primeira página do Jornal do Brasil, do Rio


A

de Janeiro, do dia 14 de janeiro de 2009.


OI RA
PR A

2. Revista
LP

BI

A revista é uma publicação impressa em papel de qualidade superior à do


jornal. Seu formato se aproxima ao tamanho de folha de papel A-4 (29,7 cm, na
IA

vertical, por 21 cm, na horizontal). Sua periodicidade pode ser semanal, quinze-
ER

nal ou mensal.
Trata-se de um tipo de publicação que se caracteriza por grande segmenta-
AT

ção. Há revistas que, à semelhança do jornal impresso, abordam diferentes assun-


tos e se dividem em editorias. Observe alguns desses tipos de revista.
M

135

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 135 25/08/2022 15:26:54


Carta Capital
Veja/Abril Comunicações S.A.

A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
Capa da revista Veja, de 24 de maio de 2017. Capa da revista Carta Capital,
Capital

IM ISE de 8 de maio de 2013.


AL
Há revistas que trabalham com um tema mais específico e o desenvolvem
ao longo de suas páginas. Nesses casos, são revistas que procuram alcançar um
público-alvo bem mais definido. Abaixo, há exemplos de algumas dessas revistas.
DO N
A
Revista Fórum

Reprodução
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

Capa da revista Forum, de junho de 2013. Capa da revista Caros Amigos,


de julho de 2010.

136

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 136 25/08/2022 15:26:56


Reprodução
Superinteressante/Abril Comunicações S.A.

A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
Capa da revista Superinteressante, Capa da revista Medicina & Cia.,
IM ISE de dezembro de 2005. de junho de 2013.
AL

3. Jornalismo no rádio
DO N

No rádio, há o radiojornal, programa radiofônico diário que transmite notí-


A

cias, realiza entrevistas e emite opiniões relacionadas a diferentes temas: política,


economia, esportes, entre outros, sejam elas nacionais, internacionais, regionais
A
OI RA

e locais.
Os radiojornais podem ter variadas durações: boletins curtos com três minu-
PR A

tos, que destacam notícias mais relevantes; programas mais longos de meia hora
LP

BI

a duas ou três horas, que tratam as notícias com maior profundidade, acrescen-
tando entrevistas e comentaristas que opinam sobre os fatos apresentados.
IA

Há, ainda, as revistas radiofônicas que, de maneira mais informal, abor-


dam temas variados e prestam serviço (atividades culturais com locais e horários;
ER

orientação sobre cuidados com a saúde pessoal, entre outros); propiciam a parti-
cipação do ouvinte (emitindo opiniões, contando histórias pessoais, apresentan-
AT

do dúvidas em relação a um determinado assunto).


M

137

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 137 25/08/2022 15:26:57


Atualmente, há emissoras de rádio, geralmente as de frequência AM, que
organizam sua grade com programas exclusivamente jornalísticos.

Reprodução

Reprodução
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
Logotipo da rádio Jovem Pan AM. Disponível Logotipo da rádio CBN. Disponível
em: <https://adonirando.wordpress. em: <http://noticiasderadios.
com/>. Acesso em 26 jul. 2017. blogspot.com/2009_05_01_archive.
IM ISE html>. Acesso em 9 jul. 2017.
AL

4. Jornalismo na TV
DO N

No telejornal, programas de duração variada – às vezes, pequenos boletins,


outras vezes, programas com meia hora ou até cinquenta minutos – que, à se-
A

melhança do radiojornal, transmitem notícias, entrevistam pessoas e dão voz a


A
OI RA

comentaristas que opinam sobre as notícias apresentadas.


Reprodução

Reprodução
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

Vinheta do Jornal Nacional. Disponível Vinheta do Jornal da Alterosa – edição


em: <https://www.i-on.tv/australia/globo- regional – Juiz de fora/MG. Disponível
package.html>. Acesso em: 23 jun. 2017. em: <https://www.youtube.com/user/
jornaldaalterosa>. Acesso em: 23 jun. 2017.

138

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 138 25/08/2022 15:26:59


Há programas jornalísticos mais diferenciados, as revistas eletrônicas que
tratam de um tema com maior profundidade – como, por exemplo, o Globo Re-
pórter – ou abordam temas variados, com informações e entretenimento – são
exemplos, entre outros, o Fantástico, apresentado pela Rede Globo, o Domingo
Espetacular, da Rede Record.
Reprodução

A,
Reprodução

IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
Vinheta do Domingo espetacular.

PR PE
Disponível em: <http://entretenimento.
Vinheta do Globo Repórter. Disponível oportaln10.com.br/domingo-espetacular-
em: <http://joelisonjoe.blogspot.com. 18062017-viagem-especial-para-o-

IM ISE br/2011/10/ufsm-no-globo-reporter.
html>. Acesso em: 23 jun. 2017.
senegal-63030/>. Acesso em: 23 jun. 2017.
AL

Os programas de entrevistas têm grande destaque na televisão. Nesse caso,


há aqueles realizados em estúdio, em que entrevistador/a e entrevistado/a con-
DO N

versam informalmente – Marília Gabriela Entrevista, exibido pela GNT, e Juca


A

Entrevista, exibido pela ESPN, ambas emissoras de TV a cabo, são exemplos des-
se tipo de programa. Já os talk shows, também programas de entrevistas, são
A
OI RA

realizados em pequenos auditórios e, portanto, acompanhados por plateia. O Pro-


grama do Jô, apresentado pela Rede Globo, é exemplo de talk show.
PR A
Reprodução

LP

Reprodução
BI
IA
ER
AT
M

Vinheta de Juca Entrevista. Disponível Vinheta do Programa do Jô.


em: <http://espnbrasil.terra.com.br/ Disponível em: <https://telinhadatv.
jucaentrevista>. Acesso em: 9 jul. 2017. wordpress.com/category/televisao-2/
page/1938/>. Acesso em: 23 jun. 2017.

Assim como ocorreu com as emissoras de rádio, surgiram canais de televisão


com programas exclusivamente jornalísticos. São exemplos desse tipo a Globo

139

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 139 25/08/2022 15:27:00


News, a Record News e a BandNews. Há também canais que se especializaram ex-
clusivamente em jornalismo esportivo. São elas a Band Sports, a Espn e a SporTV.

Reprodução

Reprodução
A,
Logotipo da SporTV. Disponível
em: <http://www.tracto.com.

IC
br/logo-sportv-3d-frontal/>.
Acesso em: 23 jun. 2017.

O ÓG
Logotipo da BandNews. Disponível em: <http://
feirasenegocios.com.br/>. Acesso em: 23 jun. 2017.

SÃ G
5. Jornalismo na internet

ES DA
Com a chegada da internet, muitas das atividades jornalísticas convergiram

PR PE
para esse novo veículo. Em alguns casos, o internauta tem acesso total ou parcial
a jornais e revistas impressos em versão digital, ou às emissoras de rádio (neste
caso, pode-se ouvir a transmissão on-line por meio de um software – player).
IM ISE Mesmo as TVs permitem acesso a trechos de suas produções jornalísticas.
Porém, existem produções elaboradas somente para a internet. São eles os
AL

blogs jornalísticos, os boletins eletrônicos e, em especial, os portais que, por meio


de links, dão acesso a diversos formatos de textos jornalísticos (escritos, sonoros,
DO N

vídeos), originalmente produzidos para a internet.


A
A

Exemplo de portal jornalístico


OI RA
EBC

PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

Página de entrada do Portal www.ebc.com.br – imagem captada em 17/07/2017.

140

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 140 25/08/2022 15:27:01


Exemplo de blog jornalístico

Reprodução

A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
Página inicial do blog do jornalístico de Esmael Morais – disponível na Internet
AL
em <http://www.esmaelmorais.com.br/>. Acesso em 17/07/2017.
DO N

6. O trabalho do jornalista
A
A
OI RA

Independentemente do veículo, o jornalista inicia suas atividades a partir de


uma pauta (espécie de roteiro de assuntos que serão abordados).
PR A

Daí, o passo seguinte é a apuração dos fatos, momento em que verifica os da-
dos referentes aos acontecimentos. Para isso, ele pode trabalhar com documentos
LP

BI

e entrevistar pessoas. O ideal é procurar fontes diferentes para que os fatos pos-
sam ser compreendidos sob diversos ângulos. Costuma-se dizer que todo fato
IA

tem dois lados, quando, na verdade, pode haver muito mais do que dois.
ER

Depois de todos os dados coletados, há o momento de redigir e editar o texto


que virá a ser publicado. Nessa etapa, além do jornalista que apurou os fatos e
AT

redigiu o texto, pode participar também o editor responsável pela área a que o
fato é pertinente.
M

7. Características da linguagem jornalística


A princípio, quando se fala em texto jornalístico, pensa-se quase que exclusi-
vamente em textos produzidos com a finalidade de transmitir informações. Nes-
se tipo de texto, a linguagem será trabalhada com a maior objetividade possível
e, por isso, a função de linguagem predominante é a referencial – ou seja, elabo-
ração de uma mensagem com a intenção de passar informações ao destinatário.

141

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 141 25/08/2022 15:27:02


Seja qual for o tipo de veículo, essa função predominará, principalmente, em
notícias e reportagens. Observe isso no exemplo a seguir.

Aftosa: vacinação em maio será

A,
apenas para bovinos até 24 meses

IC
O ÓG
PECUÁRIA – Na região, existem mais de quatro mil pecuaristas e 300 mil cabeças
de gado

SÃ G
A partir do dia 2 de maio começa a etapa de vacinação contra a febre aftosa, que
deve ser realizada por todos os pecuaristas do estado de São Paulo. Na região

ES DA
de Ourinhos, formada por 17 municípios, são mais de 4 mil pecuaristas e 300
mil cabeças de gado, informa Valmor Fantinel, médico veterinário e diretor do
Escritório de Defesa Agropecuário de Ourinhos —EDAO.

PR PE
Nesta etapa de maio, serão obrigados a ser vacinados todos os bovinos com até 24
meses de idade. Até o ano passado era obrigatório vacinar todo o rebanho, ou seja,
IM ISE o gado de qualquer idade.
“A vacinação de todo o rebanho, gado de qualquer idade, ficou para novembro”,
AL
informa Fantinel.
Ainda de acordo com o médico veterinário, há 13 anos não é registrado nenhum
DO N

caso de febre aftosa no estado de São Paulo e, por isso, a imunização dos gados de
qualquer idade ficou para a etapa de novembro. Ou seja: em maio, gados até dois
A

anos; em novembro, todo o rebanho.


A
OI RA

O pecuarista que deixar de aplicar a vacina contra a febre aftosa poderá ser autuado
e multado no valor de cinco Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo) por
animal não vacinado, isto é, R$ 79,40 por cabeça de gado.
PR A
LP

BI

AFTOSA: vacinação em maio será apenas para bovinos até 24 meses. Debate Online,
Semana de 26/04/2009 a 03/05/2009. Disponível em: AFTOSA: vacinação em maio
IA

será apenas para bovinos até 24 meses. Debate Online, Semana de 26/04/2009
a 03/05/2009. disponível em: http://www2.uol.com.br/debate/1464/cidade/
ER

cidade09.html. Acesso em 16 de junho de 2017>. Acesso em 9 jul. 2017.

Se informar é uma das finalidades mais comuns no jornal, há outra muito


AT

significativa também: a produção de textos opinativos. Nesse caso, a linguagem


apresentará maior subjetividade e, por essa razão, predominará a função expres-
M

siva (ou emotiva) – isto é, o emissor elabora uma mensagem expressando suas
opiniões em relação a algum fato ou a alguma atitude tomada por personalidades
do mundo político, judiciário, cultural etc. Essa função será predominante, espe-
cialmente, em editoriais, em colunas (artigos assinados por comentaristas) e em
críticas de modo geral (por exemplo, avaliação de peças de teatro, de filmes, de
gastronomia, entre outros). Na TV e no rádio, há o âncora, jornalista que, além
de transmitir informações, faz comentários críticos. Veja pequeno exemplo de
função expressiva em texto jornalístico.
142

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 142 25/08/2022 15:27:02


Não há
Sem reciclar, esgotaremos o planeta. O reaproveitamento é essencial para a
sobrevivência da raça humana. No entanto, e usando um jargão muito em moda

A,
nestes tempos, não há políticas públicas de reciclagem neste país. Campanhas de
conscientização induzem o cidadão a separar seu lixo, vidro com vidro, plástico

IC
com plástico e papel com papel.
E cadê coleta? Quando há, é deficiente e insuficiente.

O ÓG
OSTERMANN, Valther. Não há. Jornal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.

SÃ G
clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,183,2543943,12515>. Acesso em 16 de junho de 2017.

ES DA
Em quantidade menor, há produções de textos que abordam a própria lingua-
gem jornalística. Nessa produção predominará a função metalinguística: a men-
sagem elaborada em uma linguagem que tem a própria linguagem como centro

PR PE
de atenção. Essa função será predominante em textos que discutem o trabalho do
próprio jornal (há alguns que têm ombudsman – pessoa responsável pela produção
IM ISE
de texto em que avalia o veículo em que trabalha). Veja exemplo no texto abaixo.
AL

Cobertura lenta e
DO N

improvisada da tragédia
A
A
OI RA

Em dezembro, o país se comoveu com a tragédia das enchentes em Santa Catarina.


Este mês, de novo, agora com elas no Norte e no Nordeste.
PR A

A Folha não fez jornalismo preventivo, como deveria, em nenhuma das situações.
LP

BI

Limitou-se a reagir aos fatos, registrar os acontecimentos.


Mas no caso atual, do Norte e do Nordeste, apesar de ele ter provocado mais vítimas
IA

e desabrigados que o anterior, o jornal lhe dedica muito menos espaço e destaque.
ER

Vários leitores escrevem para reclamar e perguntar se a falta de vigor jornalístico


reflete “um aparente descaso “sulino” com o drama do Norte/Nordeste”, como um
deles, Rodrigo Pisictelli, pergunta. Confio que não, mas a suspeita já é grave.
AT

No sábado, o jornal criticou em editorial intitulado “Lentidão e improviso” o


M

comportamento das autoridades em resposta aos efeitos das chuvas.


Mas a cobertura que ele próprio tem feito dos problemas de cerca de 1 milhão de
brasileiros também deixa muito a desejar.
Fora fotos pungentes na capa, o que se constata é que o assunto não está entre as
prioridades da Redação, o que é um erro e uma lástima.

SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Cobertura lenta e improvisada da tragédia. Folha
de S. Paulo, 17 de maio de 2009. Disponível em: <http://www1.folha.uol.
com.br/fsp/ombudsma/om1705200902.htm>. Acesso em 9 jul. 2017.
143

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 143 25/08/2022 15:27:03


Há neutralidade no texto jornalístico?
Comumente, ouve-se dizer que o texto jornalístico deve transmitir os acon-
tecimentos com neutralidade, ou seja, sem que o jornalista se posicione em rela-
ção a eles. Contudo, manter-se neutro é praticamente impossível, uma vez que,
ao selecionar dados e ao organizá-los, o jornalista coloca em ação seus valores
subjetivos.

A,
O que se recomenda é manter um distanciamento crítico em relação aos ele-

IC
mentos que seleciona para elaborar o seu texto. Não se deixar envolver por pes-
soas ou órgãos nem deixar-se levar pela emoção.

O ÓG
Imagens no texto jornalístico

SÃ G
Os veículos de informação (com exceção do rádio) utilizam imagens asso-

ES DA
ciadas às matérias e às notícias com a intenção de dar maior efeito de realidade
ao que está sendo informado, ou seja, elas documentam os fatos noticiados. Por

PR PE
esse motivo, as imagens não devem ser compreendidas como meras ilustrações.
Pode-se afirmar que, assim como o texto linguístico, as imagens também são
IM ISE notícias e assim devem ser tratadas pelos que as captam.
Atualmente, com os diversos recursos disponíveis, as imagens, tanto na im-
AL
prensa quanto na área da publicidade, podem receber tratamentos, seja para apa-
gar elementos que não interessam a alguém ou a alguma instituição, seja para
“melhorar ou embelezar” a aparência de uma pessoa.
DO N

O texto que você vai ler não apenas permitirá que essa questão seja mais bem
A

compreendida, como também revelará que a prática de manipulação de imagens


A
OI RA

ocorria ainda quando não havia tanta tecnologia para isso.


PR A
LP

Ditadura do photoshop
BI
IA

Diante da popularização da manipulação de imagens, os franceses querem devolver


ER

à fotografia o seu valor fundamental: a utópica fidelidade da representação.


Em 1826, o francês Joseph Nicéphore Niépce registrou uma imagem de seu quintal
AT

usando uma placa de estanho, betume e uma câmara escura. Depois de oito horas de
exposição à luz, nascia a fotografia. Desde então, vimos o mundo através de fotos:
M

os horrores das guerras, os lugares exóticos recém-desbravados, os grandes líderes,


os mais belos homens e mulheres e mesmo o planeta Terra visto do espaço. Hoje,
quase dois séculos depois, o povo que inventou essa técnica volta a refletir sobre os
rumos tomados pela arte de transformar coisas em imagens. Tramita no Congresso
francês uma proposta de lei da deputada Valérie Boyer que pretende regulamentar
o uso do Photoshop em imagens publicitárias, editoriais e artísticas. Segundo a
deputada, toda foto publicada na França minimamente alterada por um programa
de computador que retoque imagens deverá vir acompanhada do seguinte aviso:

144

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 144 25/08/2022 15:27:03


“Esta fotografia foi retocada para modificar a aparência física de uma pessoa”. A
multa para quem não o colocar será de 37 500 euros, ou 95 500 reais. A proposta já
conta com a adesão de outros cinquenta parlamentares franceses.

A,
Como fazemos com um filho rebelde que fugiu do nosso controle, os franceses
querem devolver à fotografia o seu valor fundamental: a fidelidade – apesar de

IC
utópica – da representação fotográfica. Em campanhas publicitárias e certos
nichos glamourosos da imprensa de moda, existem hoje dois processos distintos

O ÓG
na elaboração das imagens: fotografar e photoshopar (sim, já virou verbo). O
primeiro capta as imagens com a melhor luz possível. O segundo pode construir
corpos magérrimos e perfeitos, peles de plástico, livres de celulite ou qualquer

SÃ G
outra imperfeição natural. O resultado é, em casos extremos, uma ilustração que

ES DA
tem pouquíssimo a ver com o original. Da perseguição dessa beleza inatingível
podem provir sérios danos à autoestima, sobretudo em adolescentes, quando não
transtornos como a bulimia e a compulsão por cirurgias plásticas. Do outro lado

PR PE
do Canal da Mancha, parlamentares ingleses também propõem restrições ao uso
do Photoshop em campanhas publicitárias voltadas para menores de 16 anos. A
fundamentação é que fotografias manipuladas podem fazer mal à saúde.
IM ISE
A possibilidade de manipulação da fotografia existe desde a invenção da câmara
escura. No século XIX, os retratos encomendados passaram a ganhar correções
AL
feitas com a ajuda de retocadores, que com pincéis e tinta procuravam melhorar a
aparência dos fotografados. O mito de que a fotografia é a representação da realidade
DO N

foi usado de forma maquiavélica por ditadores, como Stálin, Hitler, Mao Tsé-tung
e Mussolini, que tentaram reescrever a história por meio da alteração criminosa de
A

fotografias. Hoje, a manipulação da imagem encontrou possibilidades infinitas com


A

a fotografia digital. Sexagenárias posam para capas de revista com pele e corpo de
OI RA

adolescente – mas sem espinhas, é claro. Até lipoaspirações digitais, como a feita
pela revista francesa Paris Match com o presidente Nicolas Sarkozy, são possíveis.
PR A

A questão proposta pelos legisladores franceses é separar o joio do trigo. “Quando


LP

escritores partem de evento real mas o embelezam, eles são obrigados a avisar seus
BI

leitores de que se trata de uma ficção ou de uma dramatização baseada em fatos


reais. Por que com a fotografia deveria ser diferente?”, pergunta a deputada Boyer.
IA

Por enquanto, podemos tudo. Nós definimos o limite. Como nos anúncios de
bebida alcoólica, a resposta está na quantidade: “Photoshop, use com moderação”.
ER

Essa parece ser a receita possível para não transformar todas as fotografias em
ilustrações.
AT

Manipulação criminosa
A alteração de imagens, tão antiga quanto a própria fotografia, já serviu aos mais
M

diversos – e torpes – motivos. Programas como o Photoshop apenas tornaram mais


fácil a edição digital de fotos.

VITALE, Paulo. Ditadura do Photoshop. Veja, São Paulo, Abril,


ed. 2135, ano 42, n. 42, p. 108-109, 21 out. 2009.

145

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 145 25/08/2022 15:27:03


Observação geral
Nas atividades a seguir,
optou-se por trabalhar com
material à disposição do/a
APLICAÇÃO
aluno/a, uma vez que os
conteúdos jornalísticos quase
sempre ficam datados e,
portanto, perde-se a oportu-
1. Para se informar, que tipos de veículos você, habitualmente, uti-
nidade de lidar com temas liza? Deles, qual você prefere e por quê?

A,
contemporâneos e mais
próximos dos/as alunos/as. 2. Cada aluno/a apresentará sua resposta em sala. Anote as diferentes respos-

IC
Questões 1), 2) tas. Quantitativamente, qual veículo recebeu o maior número de respostas?
Estas questões têm o objetivo
3. Pelas justificativas apresentadas, por que esse veículo é o mais utilizado?

O ÓG
de conhecer em que medida
os/as alunos buscam se infor-
mar. Nelas, deve-se orientar 4. Você tem o hábito de utilizar alguma publicação segmentada (por exemplo:
a que sejam apresentados
ciências, esporte, surf, celebridades, saúde etc.)? Se você respondeu que sim,

SÃ G
os veículos que trazem infor-
mações gerais [até porque, mencione o nome da publicação. Por que você se interessa por esse assunto?

ES DA
na questão 4, será possível
trabalhar com veículos seg- 5. Apresente sua resposta. Veja as respostas dos/das colegas. Qual o assunto
mentados].
Discutir que veículos são os
que obteve maior resposta? E que publicação foi mais citada?

PR PE
mais utilizados. Orientar para
que o/a aluno/a compreenda 6. Selecione um jornal ou uma revista, impressa ou digital, cuja produção e vei-
que é fundamental consultar, culação ocorram em sua cidade (caso não haja nenhuma publicação em sua
IM ISE
na medida possível, diferen-
tes órgãos de imprensa para
que se possa ter diferentes
visões e opiniões sobre os
cidade, escolha uma de sua região).
a) Informe o nome da publicação e a data de circulação.
AL
fatos noticiados.
Propiciar, enfim, que seja
b) Relacione as editorias (os grandes assuntos) em que a publicação está
discutida a importância de dividida.
DO N

se buscar informações como


forma de participação do c) Qual dessas editorias tem maior destaque? Em sua opinião, por que isso
A

mundo, de se posicionar
diante de questões polêmicas
ocorre?
A
OI RA

e para a formação de um
cidadão crítico e consciente. 7. Reúna-se em grupo. O grupo acompanhará uma notícia (de qualquer área:
3. Oriente para que as res- política, esporte, economia etc.) de grande repercussão. Para isso, deverá se-
postas sejam elaboradas com lecionar jornais, revistas (impressos ou na internet), rádio e TV, que tenham
PR A

profundidade.
dado destaque a essa notícia. Em seguida, respondam às questões propostas.
LP

Questões 4) e 5)
BI

Estas questões têm a finali- a) Elabore uma síntese da notícia escolhida.


dade de se fazer perceber a
IA

quantidade de publicações
que, atualmente, estão dispo-
b) os veículos que o grupo selecionou e as datas em que a notícia foi veicu-
níveis no mercado comu- lada (no caso de rádio e TV, mencionem também o horário).
ER

nicacional. Principalmente,
as revistas apresentam-se c) Em todos esses veículos, a notícia recebeu o mesmo tratamento? Mos-
de forma segmentada e há
trem que diferenças e semelhanças há na elaboração dos textos jorna-
AT

publicações para todos os


interesses. Essa segmentação lísticos.
também é muito clara nas
M

produções digitais disponí- d) Quanto às diferenças, elas ocorreram por conta das diferenças que há
veis na Internet.
entre os veículos ou por que a abordagem de cada texto privilegiou al-
Em todos os casos, discutir
a qualidade dessas publica- gum aspecto da notícia? Justifiquem.
e) Na visão do grupo, por qual dos veículos pôde-se obter uma informação
mais profunda e crítica da notícia? Justifiquem.
ções, uma vez que, muitas delas têm somente interesse mercadológico, tratando os temas de forma superficial ou
sensacionalista.
6. Peça aos alunos que tragam as publicações para mostrar aos colegas.
Nesta questão, itens “a” e “b”, evidencia-se a finalidade de trabalhar com a realidade mais próxima do/a aluno/a.
Caso, em sua cidade, há grande quantidade de publicações em circulação, pode-se orientar a que todos possam
146 ser trabalhados, distribuindo-se cada uma delas entre os/as alunos/as.
Por outro lado, se houver poucas, que o trabalho seja feito pelos dias da semana – a mesma publicação em diferen-

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 146 25/08/2022 15:27:03


8. Discutam os diferentes aspectos relativos à notícia trabalhada. Por fim, ela- tes dias. Dessa forma, podem
ser observadas diferenças
borem um texto expressando a opinião de vocês. Configurem esse texto em entre as editorias conforme o
quatro parágrafos, de tal forma que, no primeiro, seja apresentado o tema; dia da semana.
Se durante esta atividade
nos dois seguintes, sejam desenvolvidas as opiniões e as argumentações e, ocorrer um fato de grande
no último, a conclusão. repercussão, poderá haver
certo “desequilíbrio” na distri-
9. Apresente as respostas e o texto opinativo produzidos pelo grupo. Acompa- buição de notícias em cada

A,
editoria. Mas, o fundamental
nhem todas as apresentações, discutindo os diferentes aspectos relatados. é que o/a aluno/a compreen-
Por fim, elaborem um pequeno texto que expresse as reflexões propiciadas

IC
da que, mesmo dentro da
unidade da publicação, há
por esta atividade. grande segmentação (inclusi-

O ÓG
ve pela divisão em cadernos
e, em determinados dias da

PRODUÇÃO DE TEXTO semana, em suplementos


temáticos).

SÃ G
c) O destaque pode se dar,

ES DA
obviamente, pela quantidade
de espaço ocupada por uma
editoria. Porém, em muitos
Primeira parte: atividade individual – entrevista casos, o destaque pode estar

PR PE
na forma de apresentar o
assunto (destaque na primei-
a) Localize um/a ex-aluno/a de sua escola. Converse com ele/ela e anote ra página, fontes grandes,
os seguintes dados: nome completo; idade; local de nascimento; local ocupar a parte superior da

IM ISEem que reside atualmente; se estuda, que curso está frequentando; se


trabalha, qual a profissão; em que ano se formou na escola em que vocês
página). É recomendável
que, além de perceber os
destaques, que se discuta a
relevância de uma ou outra
estudam.
AL
editoria ter destaque: trata-se
b) Pergunte a ele/ela se se recorda de algum episódio vivido na escola e que de um tema de importância
nacional, regional ou local?
DO N

foi marcante (porque foi constrangedor, ou foi engraçado, ou foi triste). Ou é uma forma de atrair a
atenção do público? Neste
c) Peça que ele/ela conte esse episódio e grave esse relato. Caso não seja
A

caso, é mais uma estratégia


possível gravar, vá tomando nota da história, tentando captar o máximo para vender mais?
A
OI RA

possível do que vai sendo relatado. 7. a), b), c), d), e).
Esta atividade pode ser
d) Transcreva a história numa folha avulsa. preparada com antecedência
PR A

com a distribuição de temas


e) Transcreva todos os dados da pessoa que contou a história. entre os grupos de modo a
LP

BI

diversificar o resultado final.

Segunda parte: atividade em grupo – produção de pequeno O fundamental neste traba-


lho é que os/as alunos/as
IA

compreendam que, confor-


jornal impresso me a publicação e/ou o tipo
de veículo, as informações
ER

Reúna-se em grupo. Leiam todos os relatos. Utilizando todos esses textos, são apresentadas de forma
diferente e, portanto, pode-
elaborem um pequeno jornal. Pode ser impresso ou publicado na internet. Siga rão trazer visões diversas de
AT

as orientaçoes a seguir. um mesmo fato. Compreen-


der que, em alguns veículos,
o fato poderá ser abordado
1. Cada texto deverá ser transformado em uma notícia. Para isso, façam as
M

de modo mais aprofundado


adaptações necessárias. porque dispõem de mais
8. O grupo irá produzir um texto dissertativo argumentativo. Pela proposta – dividir em quatro parágrafos – requer tempo para apurar e inves-
que o texto seja planejado previamente. Assim, orientar para que seja feito um rascunho e que, antes de finalizado, tigar os dados. Em outros
seja avaliado para verificar se os argumentos são relevantes e se o texto trata a notícia com profundidade. casos, a instantaneidade de
apuração pode ter mais im-
9. Esta atividade, além de sintetizar os diferentes procedimentos efetuados nas atividades anteriores, tem como
pacto sobre o destinatário.
objetivo reiterar a importância da informação como algo significativo para a formação do ser humano. Todavia,
informação sem posicionamento crítico, será apenas quantidade e não qualidade. Por isso, insistir na orientação de
que o/a aluno/a procure diversificar as suas fontes de informação, buscando qualidade e credibilidade.
Produção de texto
Na primeira parte, o/a aluno/a terá a oportunidade de fazer uma pequena entrevista. Orientar para que, de preferência, o
relato seja gravado e, somente se não houver condições, que ele seja feito por anotação – em hipótese alguma, solicitar que
o/a entrevistado/a escreva a história, pois a proposta é que o/a aluno/a vivencie a situação de coletar informações.
Insistir na coleta dos dados. É importante que o/a entrevistador/a tenha os dados completos de sua fonte.
147
A opção por contatar um/a ex-aluno/a da escola tem a finalidade de resgatar histórias vividas
na escola e contribui, portanto, para se conhecer aspectos da memória escolar.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 147 25/08/2022 15:27:04


2. Coloquem algumas imagens (podem ser fotos ou desenhos) que se relacio-
nem com alguns dos episódios.

A,
Segunda Parte:
A produção do jornal 3. Elaborem um pequeno editorial: escolham um tema relacionado a uma ou
colocará os/as alunos/as mais histórias e apresentem suas opiniões em relação a ele.

IC
em situação concreta de
produção de texto conforme 4. Elaborem o expediente do jornal (os créditos relativos às diferentes ativida-

O ÓG
as condições impostas pelas
características do veículo: des executadas por vocês).
diagramação, tamanho do
texto em conformidade 5. Criem um nome sugestivo para o jornal.

SÃ G
com o espaço disponível e a
hierarquia dos fatos. 6. Produzam o jornal e apresentem-no em sala.

ES DA
Dessa forma, espera-se que
os/as alunos/as compreen-
dam que escrever não é Terceira parte: individual – avaliação dos jornais produzidos

PR PE
somente uma capacidade
que depende de inspiração. Leia atentamente os jornais e elabore um pequeno texto avaliando cada produ-
Na formatação do jornal,
dimensionar a produção de
ção (que semelhanças e diferenças ocorreram; qual deles foi mais original e por
IM ISE
acordo com as condições
dos/as alunos/as. Assim,
ele pode ser totalmente
quê; qual deles chamou mais a sua atenção e por quê).

Quarta parte: individual


AL
produzido em computador
com o auxílio de programas
específicos bem como pode
ser feito a mão. O importante Reflita sobre todo o processo desenvolvido na produção do jornal. Futuramente,
DO N

é que o design se aproxime você gostaria de trabalhar como jornalista? Elabore um texto, apresentando sua
de um veículo informativo.
A

Acompanhar e orientar a
resposta com argumentações que deem bom embasamento às suas opiniões.
A

atividade para que, além da


OI RA

qualidade informativa, os
aspectos de originalidade
estejam presentes – seja no
PR A

design das páginas, seja na


elaboração das manchetes
LP

(títulos das matérias), seja na


BI

linguagem empregada na
redação das matérias.
IA

Terceira Parte
A proposta é desenvolver o
senso crítico do aluno, por
ER

Quarta Parte:
meio da comparação dos
diferentes jornais produzidos. Assim como na proposta anterior, o/a aluno/a será instigado/a produzir um texto argumentativo. Assim, verificar se
Orientar para que o texto os argumentos possuem força e relevância. Importante, ao final, discutir com a sala as peculiaridades da atividade
AT

revele que o/a aluno/a perce- de um jornalista, tais como: o trabalho nem sempre tem horário definido, não há uma rotina, geralmente, o jorna-
beu as diferenças e as razões lista vê sua profissão como uma espécie de aventura e cercada de um grande idealismo – a de que, por meio das
por que elas ocorreram e, informações, poderá esclarecer as pessoas, poderá denunciar injustiças.
M

em que medida, isso servirá Há também certa glamourização do fazer jornalístico: viajar, ser correspondente em outros países, conviver com
como orientação para sua personalidades do mundo político, artístico, esportivo. Por conta disso, nos últimos anos, as carreiras pertencentes
própria produção, indepen- à área da Comunicação têm atraído muitos candidatos aos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda.
dentemente, do tipo de texto Porém, pequena parte deles terá essa oportunidade.
que vier a produzir.

148

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 148 25/08/2022 15:27:05


O ASSUNTO É:

TEXTO
PUBLICITÁRIO
10

A,
IC
REFLEXÃO

O ÓG
SÃ G
Observe e leia com atenção o texto publicitário da Frescarini, repro-
duzido abaixo.

ES DA
F/Nazca Saatchi&Saatchi/Fotógrafo: Freitas
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER

Novo Frescarini.
Mais recheio, massa mais leve.
AT

Você precisa provar.


1. Com que finalidade esse texto foi produzido? Osuadir
texto publicitário sempre é produzido com a finalidade de per-
o destinatário a atender aos interesses do anunciante.
M

2. Quem é o emissor desse texto?Ocompreensão


emissor do texto é a empresa anunciante, Frescarine. Aproveitar para reforçar a
de que, nos textos publicitários, o emissor sempre será o anunciante.
3. Para a sua elaboração, que linguagens foram utilizadas? Qual delas é a pre-
dominante? O texto trabalha com a linguagem verbal – palavras escritas – e com a linguagem não-verbal – foto do prato,
formas, cores.
4. A quem se destina a leitura desse texto? Justifique sua resposta.
O destinatário desse texto, muito provavelmente, é o público leitor da Revista, onde o anúncio foi publicado. Apro-
veitar a oportunidade para reforçar que, a rigor, o público é definido pelo canal em que o texto é veiculado. Assim,
uma propaganda de TV apresentada durante a exibição de um jogo de futebol, em geral, terá como alvo o homem
que aprecia esse esporte, as propagandas de produtos para crianças apresentadas nos intervalos de desenhos
infantis terá como alvo as crianças, um produto anunciado num jornal terá como alvo os leitores do jornal etc.

149

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 149 25/08/2022 15:27:08


5. Resposta pessoal. Esta 5. Cite o nome de duas revistas ou intervalo de que programas de TV em que
questão amplia a anterior.
Será fundamental verificar esse anúncio poderia ser veiculado. Justifique suas escolhas.
se a justificativa é coerente
com a escolha da revista ou 6. Pode-se perceber que nesse texto não há elementos negativos. Por que isso
programa de TV.
acontece?
6. Esta questão tem o
propósito de mostrar que o
texto publicitário é sempre
7. Quais os argumentos utilizados para apresentar os produtos de modo positivo?

A,
afirmativo. O anunciante
busca criar imagem positiva 8. O anúncio parece tratar o seu destinatário de forma próxima. Por que isso
ocorre?

IC
e mostrar que seus produtos
possuem qualidade e, por
isso, trazem benefícios ao seu

O ÓG
destinatário.
7. Afirmação de que é uma
receita caseira, que faz bem,
DA TEORIA À PRÁTICA
que tem mais recheio, massa

SÃ G
parece um travesseiro..

ES DA
8. Uma das características do
texto publicitário é se apro- O texto publicitário é produzido com o objetivo de persuadir alguém a fa-
ximar do seu destinatário de zer algo. Por meio desse tipo de texto, vendem-se produtos ou serviços, reco-
forma a dar-lhe a impressão

PR PE
de que participa de seu mun- mendam-se comportamentos. Ele está tão presente no cotidiano de todos de tal
do particular e, desse modo,
o anunciante mostra que só
modo que é praticamente impossível passar um dia sem ter contato com um
lhe traz benefícios. texto publicitário.
IM ISE
O uso da palavra você e a
imagem do prato pronto (e
apetitoso) são os recursos
A produção de uma peça publicitária, geralmente, é feita por uma agência de
propaganda a serviço de um anunciante. Raramente ele é o resultado de um tra-
AL
utilizados para essa aproxi-
mação. Além deles, o uso da balho individual. Dele participam redatores, ilustradores, fotógrafos, entre outros.
palavra novo e das expressões
DO N

mais leve e mais recheio dá a Outra peculiaridade de sua produção é que, geralmente, ela é precedida por
entender que o anunciante
uma pesquisa que dará elementos para a sua criação. Os dados obtidos nessa
A

“sabe” que o destinatário


conhece seus produtos.
pesquisa são reunidos em um briefing – termo muito comum na área da Comu-
A
OI RA

nicação. Conforme o Dicionário Michaelis, trata-se do “Conjunto de informações


básicas, instruções, normas etc., elaboradas para a execução de um determinado
PR A

trabalho”.
LP

BI

1. O texto publicitário como ato de comunicação


IA

Emissor
ER

Todo texto publicitário tem como emissor o próprio anunciante. Embora


AT

muitas vezes seja produzido por uma agência de propaganda, é o anunciante


quem assina o texto, responsabilizando-se pelo conteúdo e pela autorização de
M

sua veiculação.

Destinatário
O texto publicitário não se destina a todos. Sempre é produzido pensando-
--se em um público específico. Por isso, na linguagem publicitária, o destinatário
recebe o nome de público-alvo. Por exemplo: um filme publicitário veiculado
durante a apresentação de um programa para adolescente, este será o seu públi-
co-alvo. E a elaboração desse texto procurará utilizar uma linguagem que dele se
150 aproxime.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 150 25/08/2022 15:27:08


Código
O texto publicitário utiliza as linguagens verbal e não verbal. Nos textos
veiculados em jornais, revistas, TVs, outdoors e na internet, frequentemente há
grande utilização de linguagem não verbal (imagens, cores e sons – na TV e In-
ternet). No rádio, a linguagem verbal, quase sempre, é predominante, contando
com apoio da não verbal: música, entonações e efeitos sonoros.

A,
IC
Canal

O ÓG
O texto publicitário pode ser veiculado em diferentes canais: rádio, TV, ci-
nema, jornal, revista, internet, outdoor. A escolha desses canais não é feita de
qualquer forma, uma vez que os custos envolvidos na produção e veiculação de

SÃ G
uma peça publicitária são altos e a decisão por uma mídia errada levará a baixo

ES DA
retorno dos investimentos feitos.

2. Alguns formatos de texto publicitário

PR PE
Jingle
IM ISE
O jingle é uma peça que se compõe de palavras e música. Por isso, sua ela-
AL
boração explora a sonoridade das palavras e o ritmo dos versos. Sua veiculação
é feita em rádio. Tem forte tradição na publicidade brasileira, havendo casos de
jingles que alcançaram tanta repercussão que se inscreveram no imaginário po-
DO N

pular. Veja alguns exemplos.


A
A
OI RA

Café Seleto Cobertores Parahíba


Depois de um sono bom, Já é hora de dormir
PR A

A gente levanta Não espere a mamãe mandar


LP

Toma aquele banho Um bom sono pra você


BI

E escova o dentinho. E um alegre despertar


Na hora de tomar café
IA

É o Café Seleto
ER

Que a mamãe prepara


Com todo carinho.
AT

Café Seleto tem


Sabor delicioso
M

Cafezinho gostoso
É o Café Seleto...
Café Seleto...

JINGLES famosas que marcaram época. Blog Publicidade no ato.


Disponível em: <http://publicidadenoato.blogspot.com.br/2007/06/jingles-
famosos-que-marcaram-poca.html>. Acesso em: 9 jul. 2017.
Melhor seria se pudessem ser ouvidos, por isso faça uma pesquisa e tente
localizar estes e outros jingles para que possam ser mais bem apreciados. 151

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 151 25/08/2022 15:27:08


Spot
Também veiculada em rádio, é a peça que, mesmo utilizando música e efei-
tos sonoros, apresenta a fala de um locutor ou um diálogo com personagens. Na
maior parte das vezes, são textos bem simples, mas há exemplos de spots mais
criativos, como o roteiro apresentado a seguir.

A,
Beleléu

IC
O ÓG
Efeito sonoro de trovão.
Trilha sonora em background (BG).

SÃ G
Efeito sonoro de carro em movimento, de derrapagens, a partir da palavra
“dançava” permanece em BG durante a locução até a palavra “estrada”.

ES DA
Loc. – Era meia-noite, e o carro corria pela estrada. Corria não, dançava, bailava
de um lado para o outro perigosamente. Os elementos estavam embaixo do

PR PE
carro, escondidos, sorrateiros, traiçoeiros. Eram todos desclassificados, uns tipos
ordinários, vagabundos. Então numa curva eles jogam o carro para fora da estrada
e mandam o motorista e toda a família pro beleléu...
IM ISE Efeito sonoro de colisão de automóvel.
Trilha sonora – BG.
AL

Loc. 2 – Não brinque com a sua vida colocando no seu carro amortecedores de
baixa qualidade. Exija Cofap. É Cofap, é de confiança.
DO N
A

SILVA, Júlia Lúcia de Oliveira Albano da. Rádio: oralidade mediatizada – o spot
A
OI RA

e os elementos da linguagem radiofônica. São Paulo: Annablume, 1999.

Outdoor
PR A
LP

Trata-se de peça produzida para veiculação nas ruas. São grandes painéis
BI

em que geralmente predominam imagens e utilizam-se poucas palavras, pois são


lidos quando as pessoas estão em movimento. Observe um exemplo.
IA Foto: Fomin Serhii/Shutterstock
ER

Leve as crianças de até


5 anos para tomar
AT

a que
gotinha salva.
M

Campanha de vacinação contra poliomielite


De 02 a 30 de junho, em todos os postos
de saúde.

Filme publicitário
Mais conhecido como comercial, o filme publicitário é a peça feita para ser
veiculada na TV e/ou no cinema e, atualmente, também na internet.
152

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 152 25/08/2022 15:27:09


Jornal e revista
São peças impressas que recorrem tanto à linguagem verbal como à lingua-
gem não verbal. Na maioria das vezes, assim como no outdoor, a imagem tem
sido utilizada com maior predominância. Mas, às vezes, há publicações que
utilizam a linguagem verbal, fazendo uso do tipo e tamanho de letras, cores e
formas.

A,
IC
Folheto/Folder

O ÓG
Peça constituída por uma folha de papel que pode ter uma ou mais dobras. É
o tipo de texto, comumente, distribuído nas ruas ou que chega às casas das pes-
soas via correio (mala direta) ou por meio de entregadores. Em geral, os folhetos

SÃ G
distribuídos nas ruas são mais simples. Já os que chegam por mala direta podem

ES DA
ser mais sofisticados, produzidos com grande engenhosidade com o objetivo de
atrair a atenção do público.

PR PE
Banner
IM ISE
Trata-se de peça publicitária impressa em plástico, papel tecido (em um lado
ou nos dois) para ser pendurada em paredes ou postes. Ela é muito comum nos
pontos de venda (supermercados, bares, lojas etc.).
AL

Atualmente, na internet, dá-se o nome de banner à publicidade, geralmente


localizada no alto da página, que, sendo clicada, leva o usuário ao site do anun-
DO N

ciante. Esse tipo de banner busca atrair o público, motivando-o a interagir com a
A

peça. Por esse motivo, quase sempre, ele se altera por três, quatro ou mais vezes.
A

O exemplo reproduzido abaixo possui mais de dez movimentos. Deles, apresen-


OI RA

tam-se quatro. Observe no primeiro movimento, como o usuário é convidado a


interagir com o banner.
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

153

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 153 25/08/2022 15:27:13


A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
Outros formatos

PR PE
As possibilidades de
Lehigh Valley, PA/Creative Commons

IM ISE se veicular peças publicitá-


rias parecem não ter fim. Os
meios de transportes também
AL

têm sido utilizados para isso.


Por exemplo: traseiras de ôni-
DO N

bus (busdoor) e suas laterais;


A

vidros traseiros de táxis (taxi-


door) e até mesmo quase todo
A
OI RA

o veículo (envelopamento – a peça é aplicada em todas as laterais e a traseira de


um ônibus ou nas laterais de um vagão de trem ou de metrô).
PR A
Agência Brasília/Creative Commons

LP

BI
IA
ER
AT
M

154

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 154 25/08/2022 15:27:17


E para se ter certeza de que não há limites para a criatividade em propaganda,
veja como o HopiHari utiliza uma escada rolante para simular uma montanha rus-
sa, fazendo publicidade da “diversão”. Veja a imagem a seguir.

Arturo de Albornoz/Creative Commons

A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA

3. Características do texto publicitário


PR A
LP

BI

Funções da linguagem
IA

Como o texto publicitário tem como finalidade persuadir o seu destinatário,


a função da linguagem que sempre será predominante é a apelativa (ou conati-
ER

va). Em muitos casos, ela é explicitada pelo uso de verbos no imperativo:


Compre!
AT

Não perca!
M

Aproveite!

Veja, no exemplo a seguir, o uso do imperativo na mensagem publicitária.

155

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 155 25/08/2022 15:27:18


Fotos: jipatafoto89/Shutterstock | Maja Dumat/Creative Commons
SAÚDE É O NOSSO MAIOR BEM.

A,
ENTRE NA LUTA CONTRA A DENGUE.

IC
• COLOQUE A TAMPA NA CAIXA D’ÁGUA.

O ÓG
• ESVAZIE GARRAFAS E RECIPIENTES QUE POSSAM
ACUMULAR ÁGUA, GUARDE-OS DE CABEÇA PARA

SÃ G
BAIXO.

ES DA
• LIMPE PERIODICAMENTE CALHAS, TELHADOS E
QUALQUER LUGAR QUE POSSA ACUMULAR ÁGUA.

• COLOQUE AREIA NOS PRATINHOS DAS PLANTAS.

PR PE
• NO INVERNO, CUBRA SUA PISCINA.

• JOGUE ÁGUA SANITÁRIA NOS RALOS.

IM ISE • NÃO JOGUE LIXO EM TERRENOS


ABANDONADOS.
AL
DO N
A
A
OI RA

Porém, como o emprego do imperativo acentua o caráter autoritário da


mensagem, é comum encontrar textos publicitários sem esse modo verbal. Veja
PR A

um exemplo em que isso ocorre.


LP

BI
Foto: Cleferson Comarela/Creative Commons

# PARTIU FÉRIAS
IA
ER
AT

O Brasil é um imenso país com


M

lugares maravilhosos.

Você pode escolher qualquer


destino e encontrar dias felizes.

A alegria sempre estará presente nas suas


experiências inesquecíveis!

156

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 156 25/08/2022 15:27:19


Nesta peça, o processo persuasivo se dá por meio de argumentos favoráveis à
mensagem: férias, viagem, alegria, felicidade, experiências inesquecíveis.
Esta é outra característica própria do texto publicitário: sempre falar bem
do produto, do serviço ou do comportamento. Ou seja, nota-se aí o emprego da
função expressiva (ou emotiva) – o emissor envolve o receptor positivamente,
para convencê-lo a fazer o que está sendo proposto.

A,
Às funções apelativa e expressiva, associa-se também a função fática: utiliza-

IC
da para fazer contato com o destinatário, despertar sua atenção para a peça. Essa
função pode se manifestar de diferentes maneiras: no texto impresso, por exem-

O ÓG
plo, pode ser por meio do tamanho das fontes, pelas cores, por uma imagem; na
TV, a altura do som, a música, a entonação, um personagem. E por que a função
fática tem importância no texto publicitário? Simplesmente porque as pessoas

SÃ G
não compram jornal ou revista, não assistem à televisão, não ouvem rádio por

ES DA
causa da propaganda. Elas buscam informação e/ou entretenimento. Portanto,
para se destacar em meio a tantos outros textos, a peça publicitária precisa en-

PR PE
contrar uma forma de chamar a atenção do público.
Na peça publicitária, outra função presente é a referencial. Isso porque é

IM ISE
necessário informar o público: sejam características do que é anunciado, sejam
dados para contato – telefone, endereço, site, e-mail.
Pode-se afirmar que as funções apelativa (sempre predominante), expressi-
AL

va, fática e referencial são constantes nas peças publicitárias. Além delas, é pos-
sível encontrar a função poética (ou estética) e a metalinguística. Quando em-
DO N

pregadas, geralmente, atuam como extensão da função fática: servem para atrair
A

a atenção do destinatário.
A
OI RA

A poética se faz presente quando o emissor escolhe palavras e/ou imagens de


modo mais artístico, com preocupação estética. Por vezes, isso pode ficar mais
explicitado, como se percebe no exemplo a seguir.
PR A
LP

BI

W/Brasil
IA
ER

Recurso da
AT

intertextualidade (usar
referências de outros textos
M

na criação de um novo
texto). Aqui, a imagem foi
produzida à semelhança de
uma obra cubista do pintor
Pablo Picasso.

Fonte: BOMBRIL. Campanhas. Disponível


em: <http://www.bombril.com.br/sobre/
campanhas>. Acesso em: 9 jul. 2017.
157

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 157 25/08/2022 15:27:19


Já a função metalinguística – em que a linguagem toma a própria linguagem
como referência – não é tão comum em textos publicitários. Mas, toda vez que
uma peça publicitária fizer menção à própria linguagem da propaganda, ou citar
um aspecto dela, ocorre o emprego da função metalinguística.
Para concluir, chama-se a atenção para o que se afirmou anteriormente: o
texto publicitário sempre terá a função apelativa como predominante, todavia

A,
outras funções poderão ser empregadas para, precisamente, garantir o alcance
desejado pelo emissor: persuadir o destinatário.

IC
O ÓG
4. Características da redação publicitária
Provavelmente, ao tomar contato com todos os exemplos de texto publici-

SÃ G
tário apresentados até aqui (e pelos tantos com os quais se mantêm contato co-

ES DA
tidianamente), foi possível notar o quanto a produção desse tipo de texto tem a
criatividade como um dos seus princípios básicos. Assim, serão apresentados
alguns recursos muito comuns na produção publicitária e que, não por acaso,

PR PE
muitos deles também estão presentes nas produções de textos literários (em es-
pecial, o texto poético).

IM ISE Para atrair a atenção do público, frequentemente, o texto publicitário


“brinca” com as palavras, seja por meio da sonoridade, seja por meio dos sig-
nificados. Muitas vezes, a utilização de uma linguagem conotativa se torna
AL

recurso poderoso. Observe a sonoridade presente no jingle criado para um


xampu infantil:
DO N
A

Cabelos cacheados Chuá chuá


A
OI RA

Ó o cachinho... toim toim... Gostoso pra chuchu


Eu nasci Chuá chuá
PR A

Com cabelo enroladinho Ouié


LP

BI

Um monte de cachinho Banho de cabelo cacheado


IA

Na cachola Sempre tem um cafuné


Oi T Toim toim toim toim
ER

Oi Toim! Toim! Toim!


AT

A água do chuveiro cai na LOCUÇÃO:


cabeleira
Nova linha JOHNSON’S Baby
M

Cachoeira... vem me molhar para cabelos cacheados.

Jingle, criado em 2008, elaborado por Hélio Ziskind e produzido pela Agência Zeeg 2.

Note que a repetição de palavras com a sonoridade “CHÊ” dá ritmo ao texto


e, pelo som, se associa ao banho. Essa mesma associação se dá pelo uso das pala-
vras chuveiro, cachoeira e da onomatopeia chuá. A onomatopeia toim reproduz
o som de uma mola e, por analogia, associa-se ao formato dos cachinhos.
158

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 158 25/08/2022 15:27:20


O uso do diminutivo remete ao universo infantil e reforça o caráter afetivo.
A intenção é criar, por meio das palavras e sons, uma visão atrativa e positiva
do produto.
Outro recurso muito comum se dá pela associação do produto, da marca ou
da mensagem, com uma personalidade. Esse recurso denomina-se argumento
de autoridade. Um exemplo vem apresentado a seguir.

A,
Foto: Creative Commons

IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA

O FUTURO PEDE PAZ.


PR A

PAZ PARA A HUMANIDADE.


LP

BI

PAZ PARA TODOS OS POVOS DO PLANETA.


IA

PAZ SEM LUTAS, SEM GUERRAS, SEM MORTES.


SIMPLESMENTE E TOTALMENTE, A PAZ!
ER
AT

Este é um exemplo de peça que trabalha, basicamente, o conceito “o valor


da paz”, associando à figura de Ghandi, que viveu proclamando a paz entre os
M

povos. O objetivo é sensibilizar para que as pessoas e os governantes substituam


os conflitos por diálogos pacíficos.
Esse recurso recebe o nome de argumento de autoridade, porque a pessoa
tem grande destaque na sociedade, possui valores que a credenciam como auto-
ridade.
Há que se ressaltar que figuras públicas de diferentes áreas (esporte, TV, li-
teratura,cinema, política etc.) podem ser associadas a produtos e, portanto, são
exemplos de emprego do argumento de autoridade.
159

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 159 25/08/2022 15:27:20


5. Valores e crenças na propaganda
As peças de propaganda veiculam valores e crenças, pois se trata de uma pro-
dução que se vale das inúmeras relações que se estabelecem na sociedade.
No mundo socialista, baseado na economia de Estado e nos ideais de uma
vida construída coletivamente, as peças veicularão mensagens que acentuem es-

A,
ses aspectos.

IC
Já numa sociedade capitalista, regida por uma economia que se assenta na
produção e na comercialização de bens e serviços, é certo que os valores presen-

O ÓG
tes nessa sociedade serão utilizados na construção de peças publicitárias.
E são esses valores que poderão ser notados nas peças produzidas no Brasil,

SÃ G
Veja, abaixo, alguns dos valores e das crenças que se podem notar.

ES DA
Mundo feliz

PR PE
Nas peças, imagens e palavras são selecionadas e organizadas para construir
a ideia de um mundo feliz, pois, para os anunciantes, seus produtos e seus ser-
viços, uma vez adquiridos, trarão benefícios ao consumidor. Observe que, nos
IM ISE textos publicitários, predominam palavras afirmativas (felicidade, alegria, satis-
fação, por exemplo) e as situações de uso do produto ou serviço mostram pes-
AL
soas felizes, sorridentes. Mesmo nas peças que procuram alterar comportamen-
tos, pode-se notar que o desejo é que, havendo a mudança de atitude, a pessoa
DO N

poderá viver melhor.


A

Individualismo
A
OI RA

O anunciante busca aproximar-se do seu público por meio da linguagem.


Para isso, basta ver a quantidade de vezes que o pronome você é utilizado na
PR A

comunicação com o destinatário. Dessa forma, embora se dirija a todo o públi-


LP

BI

co-alvo, o texto publicitário parece se comunicar apenas com uma pessoa. Com
isso, reforça-se que o mundo feliz pode ser conquistado individualmente.
IA

Liberdade de consumo X Liberdade individual


ER

Cria-se a sensação de que as pessoas, por meio do consumo, são livres – pois
AT

parece que têm a liberdade de escolher entre tantos produtos e serviços. Dessa
maneira, confundem-se conceitos de consumidor e de cidadão, como se um bom
consumidor fosse, por extensão, um bom cidadão. Porém, os direitos básicos de
M

um cidadão vão muito além do que propõe o mercado.

Consciência de mercado e ausência do trabalho


Raramente, nas peças publicitárias, mostra-se o trabalho que foi necessário
para a produção de bens e de serviços, já que o que interessa é vender, ou seja, na
elaboração de textos publicitários, concentra-se no processo de comercialização
(consciência de mercado).
160

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 160 25/08/2022 15:27:20


Redução do problema 1. A atividade é individual,
mas solicita-se que haja
um direcionamento em sua
Nos anúncios, geralmente, anunciam-se produtos ou serviços que prometem realização. Por exemplo,
combater o sintoma de um problema, mas não a sua causa. Por isso, redução selecionar alguns segmen-
tos: alimentação, indústria
do problema, ou seja, ele é maior do que se revela. Por exemplo, ao anunciar automobilística, cosméticos,
um produto que revigora cabelos danificados pelo uso de chapinha, o problema brinquedos, propagandas
governamentais, etc. Pode,
mesmo é o uso da chapinha (deveria, então, orientar a não fazê-la) e o produto

A,
ainda, definir que, dentro dos
oferecido ataca apenas o sintoma. segmentos, sejam escolhidas
peças de diferentes mídias

IC
– uma de revista, outra de rá-
dio, outra de TV. Desse modo,
Norma de comportamento

O ÓG
haveria maior diversificação
de tipos de peças e de aplica-
O grande desejo de todo anunciante é que o público, ao solicitar um produto, ção dos recursos apresenta-
peça pela sua marca, isto é, torna-se uma norma (uma regra) agir dessa forma. dos na parte teórica.

SÃ G
A internet, atualmente, é
Por exemplo, para saciar a sede, muitas pessoas, em uma lanchonete, pedem a ótima fonte de pesquisa

ES DA
marca de um produto e não o produto em si. Verifique em seu cotidiano quantas Há sites que permitem que
elas sejam apreciadas e, até
vezes isso ocorre com você e com as pessoas com quem você convive. mesmo, podem ser baixadas

PR PE
em arquivos (por exemplo,
o Clube de Criação de São

APLICAÇÃO Paulo – www.ccsp.com.br – e


o próprio You tube – www.

IM ISE youtube.com).
Sugestão
Depois de realizada a tarefa,
1. Escolha uma peça publicitária. Pode ser impressa (revista, jornal,
AL
podem ser formados grupos
por segmento ou por tipo
folheto etc.), sonora (rádio) ou audiovisual (TV). Se for impressa, de mídia para que sejam
cole numa folha avulsa. Se for de rádio (jingle ou spot), transcre- comparadas as respostas e
DO N

aprofundados os conceitos.
va-a e, se de TV, descreva-a de forma sintética.
A

2. O emissor será sempre


2. Quem é o emissor? o anunciante – aquele que
A

assina a peça. Atenção, pois


OI RA

3. A função conativa (que sempre é a função predominante nos textos publici- pode haver mais de um
anunciante quando é o caso
tários) encontra-se explicitada ou não? Justifique. de propagandas “casadas”.
PR A

3. A função conativa estará


4. Além da função conativa, que outras funções de linguagem podem ser ob- explícita quando houver ver-
LP

BI

servadas? Justifique cada uma delas. bos no imperativo ou quando


contiver palavras ou expres-
5. Foram utilizadas figuras de linguagem? Quais? Explique cada uma delas. sões que indicam ordem,
IA

conselho ou sugestão. Isso


6. Identifique e explique os recursos que foram utilizados para persuadir o des- não ocorrendo, ela estará de-
finida pela própria intenção
ER

tinatário ou para chamar a sua atenção. do texto, ou seja, persuadir o


destinatário a fazer algo do
7. Quais os valores e as crenças que se podem notar? Justifique. interesse do anunciante.
AT

8. Faça um pequeno texto, avaliando a peça. No geral, você considera que ela
foi bem elaborada ou não? Por quê?
M

4. Além da conativa, as funções mais comuns em textos publicitários são: emotiva – ressaltar positivamente as qua-
lidades do produto, serviço ou comportamento –; referencial – informações colocadas na peça –; fática – recursos
para atrair a atenção do público. A função poética estará evidente caso o texto explore recursos que acionem o
senso estético do público – para também atrair a atenção ou para fazer associação positiva com o que é oferecido
pelo anunciante. A função metalinguística é menos frequente, mas, quando utilizada, procura reforçar os laços de
aproximação com o público ou atraí-lo por meio do humor.
5. A resposta dependerá da peça com que o/a aluno/a estiver trabalhando. Na parte teórica, não foram apresenta-
das todas as figuras de linguagem, dessa forma, é preciso orientar para que seja aplicado conhecimento anterior
referente a esse conteúdo (ou promover uma pesquisa sobre ele). De modo geral, a metáfora e a metonímia são
muito comuns. Antítese e prosopopeia (personificação) também são bem utilizadas. As figuras de som e de sintaxe
(aliteração, onomatopeia, anáfora, epístrofe), provavelmente, serão bem observadas. O mais importante aqui é que
se compreenda como as peças publicitárias empregam linguagem conotativa e, por isso, se aproximam da litera-
tura. Detalhe significativo: o/a aluno/a deve perceber que essas figuras de linguagem também podem ser visuais
– imagens, desenhos, cores etc.
161

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 161 25/08/2022 15:27:21


6. Assim como na anterior,

PRODUÇÃO DE TEXTO
esta resposta dependerá da
peça escolhida. Orientar a
que sejam explorados todos
os recursos expostos na parte
teórica (deixando claro que,
em uma mesma peça, nem
todos estarão presentes).
Detalhe importante: caso o/a Briefing

A,
aluno/a note uma construção
ou um recurso que não foi
apresentado na parte teórica,
A empresa

IC
pedir para que o apresente
e o explique. Por exemplo:
A empresa X (aqui a agência deverá criar um nome para a empresa, bem como ela-
borar uma logomarca que a identifique) produz bebidas gaseificadas não alcoó-

O ÓG
há peças que criam imagens
com letras e/ou palavras (ico-
nização da letra/palavra).
licas. Ela atua no mercado regional (aqui a agência definirá a região em que a
Sugestão empresa atua) há quinze anos, tornando-se uma referência de qualidade.

SÃ G
Os livros A linguagem da
Produtos

ES DA
propaganda (de Antonio
Sandmann, da editora Con-
texto) e A arte de argumentar: A empresa X produz quatro diferentes refrigerantes (substituir as letras pelos no-
gerenciando razão e emoção, mes dos produtos – a agência definirá esses nomes):

PR PE
(de Antonio Suarez Abreu, da
editora Ateliê) trazem muitos • A – sabor guaraná;
recursos empregados em
textos publicitários. Valeria a • B – sabor limão;
IM ISE
pena sugerir a leitura desses
livros. O segundo, em espe-
cial, é mais abrangente, pois
trabalha com a persuasão em
• C – sabor laranja e
• D – sabor uva
AL
várias situações de comuni-
cação.
Eles são oferecidos em várias embalagens: lata de 355 ml; garrafas pet de 350 ml;
7. Outra resposta que
DO N

depende da escolha. Embora de 600 ml; de 1 litro e de 1,5 litro.


na parte teórica tenham sido
A

apresentados alguns concei- Problema a ser resolvido


A

tos (referentes à ideologia na


OI RA

propaganda), o/a professor/a Detectou-se que, há três meses, houve queda de 30% nas vendas do refrigerante
poderá orientar a que a res-
posta possa ser feita de forma
C.
PR A

mais livre, desde que sejam


identificados e justificados
Objetivo a ser alcançado
LP

valores e crenças percebidos.


BI

Como a propaganda é produ- Retornar ao nível de venda anterior e, se possível, aumentá-lo.


zida em um contexto social,
é impossível existir uma peça Público-alvo
IA

em que eles não estejam


presentes. Além do que foi Jovens na faixa etária entre 15 e 25 anos, de poder aquisitivo médio (classes B e
ER

apresentado na parte teórica, C) que residem em nossa região.


podem ser trabalhados: o
senso comum (ideias prontas
e, portanto, mais rapidamen-
Concorrentes diretos
AT

te aceitáveis) e o estereótipo
(moldes de comportamento
• Fanta – refrigerante produzido pela Coca-Cola, que tem grande penetração
ou de personagens). em nosso mercado.
M

8. Esta questão finaliza a aná-


lise feita anteriormente. Es- • Sucos naturais de laranja vendidos em embalagem longa vida.
pera-se que o/a aluno/a faça
sua avaliação tendo por base • Sucos naturais de laranja preparados em lanchonetes e restaurantes.
o resultado das respostas
anteriores [orientá-lo/a para Vantagens sobre esses concorrentes
isso]. Outro dado importante:
uma boa peça publicitária é • Preço menor
a que produz efeitos, isto é,
• Produto tradicional na região
• O consumidor vê nossos produtos com muita simpatia
162

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 162 25/08/2022 15:27:21


Desvantagens em relação aos concorrentes traz retornos positivos para
o anunciante. Assim, por
• Possui menor quantidade de suco natural do que o refrigerante concorrente. exemplo, se se faz uma boni-
ta peça para uma campanha
de Vacinação Infantil e um
• Não tem o apelo de produto totalmente natural como nos sucos embalados número inferior ao esperado
e nos preparados em lanchonetes e restaurantes. responda ao apelo, essa peça
não será considera eficiente.
Objeções Não correspondeu ao desejo

A,
do anunciante. Fundamental,
• Não atacar os concorrentes de forma direta. no momento em que esta
questão for apresentada, que

IC
• Evitar situações que possam evidenciar algum tipo de preconceito. se promova um debate entre
criatividade e eficiência na

O ÓG
Obrigações propaganda.

• Além das referências específicas ao produto, utilizar a logomarca da empresa,


pois ela tem tradição no mercado regional.

SÃ G
ES DA
• Mostrar que o refrigerante C é moderno e está sintonizado com os tempos
atuais.
Solicitação

PR PE
Com base nos dados fornecidos, a agência deverá elaborar uma peça de rádio
para ser veiculada na rádio F (a agência definirá o nome da emissora), da cidade
IM ISE
M (colocar o nome da cidade), uma peça impressa para ser veiculada na revista N
(revista regional cujo nome será definido pela agência) e um folheto de uma dobra.
AL

Estratégia
DO N

A agência definirá as estratégias de veiculação das peças, bem como por quanto
tempo elas serão exibidas.
A

Prazo
A
OI RA

A agência deverá apresentar suas propostas em 30 dias.


Contato
PR A
LP

Fulano de Tal (a agência definirá o nome)


BI

Departamento de Marketing da (empresa X)


IA
ER
AT
M

163

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 163 25/08/2022 15:27:21


O ASSUNTO É:

11 TEXTO CIENTÍFICO
E DIDÁTICO

A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
Leia o texto e responda às questões.

PR PE
A relação entre girafas,
IM ISE árvores e formigas
AL

Ecossistemas complexos como a floresta amazônica e a savana africana ainda são


lugares onde o que desconhecemos supera em muito o que conhecemos. A cada
DO N

nova descoberta, fica mais evidente nossa ignorância. A recém-descoberta relação


entre árvores, formigas e os grandes herbívoros é um bom exemplo.
A

Tudo começou quando um grupo de ecologistas levou um susto ao estudar uma área
A
OI RA

que havia sido cercada para evitar a presença de girafas e elefantes. Eles esperavam
encontrar um aumento de acácias, as árvores preferidas pelos herbívoros, mas para
seu espanto elas pareciam mais sofridas e seu número havia diminuído. Como
PR A

explicar que a ausência de “comedores de árvores” diminuía o número de árvores?


LP

BI

Instigados pela observação, os ecologistas compararam as acácias presentes em


duas áreas de savana, uma em que os herbívoros circulam livremente e outra na qual
eles haviam sido retirados fazia 15 anos. O que eles descobriram é surpreendente.
IA

Nas áreas em que as acácias eram regularmente podadas pelos herbívoros, os


ER

ecólogos observaram que as acácias são habitadas preferencialmente por uma


espécie de formiga que vive no oco dos espinhos e se alimenta de uma espécie
de seiva secretada pela árvore. Essas formigas defendem seu território de maneira
AT

agressiva. Se você, um outro inseto ou um pequeno animal encostar nessas árvores,


as formigas tentam repelir a “invasão” com ferroadas violentas. Essas formigas “do
M

bem” praticamente não causam danos à árvore e na verdade são “sustentadas” pela
seiva secretada por ela. Na verdade, o que as formigas estão fazendo é defender
seu território de outras formigas (vamos chamá-las “do mal”) que ao, se instalar na
árvore, cortam as folhas e permitem que outros insetos cavem buracos nos troncos,
enfraquecendo a árvore. O que ocorre na savana é uma competição ferrenha entre
essas espécies de formigas, cada uma dominando um grupo de árvores e disputando
o espaço em cada uma. Mas e as girafas, o que elas têm a ver com isso?

164

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 164 25/08/2022 15:27:24


O que os ecologistas observaram é que, nas áreas em que os herbívoros foram
extintos, as acácias, na ausência da poda constante das girafas e dos elefantes,

A,
param de secretar a seiva que alimenta as formigas “do bem”. Provavelmente, Atenção
a secreção de seiva é uma reação da acácia à poda feita pelos herbívoros. Sem Para finalizar os trabalhos

IC
deste módulo, há a proposta
o suprimento de seiva, as agressivas formigas “do bem” acabam perdendo a de produção de texto que,
competição para as “do mal”.

O ÓG
para ser bem realizada, deve
ser preparada ao longo do
Nas áreas em que não existem herbívoros de grande porte, as formigas “do mal” tempo. Assim, recomenda-
acabam dominando um número maior de acácias. Como essas formigas são -se que o/a professor/a leia
prejudiciais para a acácia e, além disso, permitem que outros insetos as ataquem, o

SÃ G
essa proposta e enfatize
resultado é que as árvores se desenvolvem mais lentamente, o que explica porque os conceitos do gênero,

ES DA
durante o desenvolvimento
na ausência de herbívoros as acácias ficam mirradas. das atividades das seções
Reflexão e Da Teoria à prática.
O interessante desse estudo é que ele demonstra como são complexas as interações Isso poderá auxiliá-los na
entre seres vivos e como nossa primeira impressão (menos girafa, mais árvores)

PR PE
execução da produção do
muitas vezes está totalmente equivocada. Como sempre, a realidade é muito mais texto acadêmico.
complexa. Um dos principais erros de muitos conservacionistas é acreditar que
conhecem o suficiente sobre os ecossistemas para poder “manejá-los”. Por outro
IM ISE
lado, com a velocidade com que o homem está destruindo esses ecossistemas, eles
irão desaparecer muito antes que possamos compreender como eles são regulados.
AL

REINACH, Fernando. A relação entre girafas, árvores e formigas. Estadão, 21 de fevereiro de 1. Ele escreveu o texto com
DO N

2008. Disponível em: <http://emais.estadao.com.br/noticias/geral,a-relacao- a intenção de demonstrar,


através de um estudo feito
entre-girafas-arvores-e-formigas,128079>. Acesso em: 9 jul. 2017.
A

por ecologistas, a comple-


xidade das interações entre
1. Com que intenção Fernando Reinach escreveu este texto? Justifique sua res-
A

os seres vivos e como uma


OI RA

posta. primeira impressão pode ser


equivocada, além de alertar
2. O autor foi o responsável pela pesquisa relatada em seu texto? Como é pos- sobre a rápida destruição
PR A

dos ecossistemas, que pode


sível comprovar a sua resposta? impedir que saibamos como
LP

BI

eles realmente funcionam.


3. A afirmação “um grupo de ecologistas levou um susto” indica que havia uma
2. O autor não é o responsá-
hipótese de pesquisa que não se confirmou. vel pelo estudo. Isso pode
IA

ser comprovado porque ele


a) Qual era a hipótese do grupo de ecologistas? fala que foi um grupo de
ecologistas que realizou a
ER

b) Que fato mostrou que a hipótese do grupo estava errada? pesquisa e cita, no final do
texto, a fonte onde se pode
4. Para encontrar uma explicação, os ecologistas retomaram as suas observações. saber mais sobre o estudo.
AT

3. a) A hipótese era de que


a) Inicialmente, que alteração eles decidiram fazer? se fossem retirados os her-
bívoros da área onde estão
M

b) Em que medida essa mudança ajudaria a encontrar uma resposta? as acácias, o número delas
aumentaria.
c) Para realizar essas novas observações, os ecologistas partiram de alguma b) Apesar da ausência dos
hipótese? animais, o número de árvores
havia diminuído e as que
existiam pareciam mais
4. a) Eles compararam as acácias presentes em duas áreas de savana, uma em que os herbívoros circulam livremen-
sofridas.
te e outra de onde eles haviam sido retirados havia quinze anos.
b) Eles poderiam observar o comportamento das acácias na presença e na ausência dos herbívoros.
c) A hipótese era a de que a presença de dois tipos de formigas disputando território nos troncos das árvores pode-
ria influenciar no desenvolvimento das acácias.

165

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 165 25/08/2022 15:27:26


5. Eles constataram que, nas 5. Feitas as novas observações, o que os ecologistas constataram?
áreas onde as acácias eram
podadas pelos herbívoros, as
árvores produziam uma seiva
6. Por que o autor utiliza aspas ao classificar as formigas em dois tipos: as “do
que alimentava as formigas bem” e as “do mal”?
mais violentas que defen-
diam seu território contra 7. O autor conclui seu texto com duas advertências. Quais são elas e a quem
outras formigas. Estas, além
de prejudiciais às acácias,
são dirigidas?

A,
ainda permitiam a presença
de insetos que também
8. Que aspectos do texto de Fernando Reinach chamaram a sua atenção? Es-
ajudavam a enfraquecer as creva uma pequena carta dirigida a algum(a) colega de sua sala, revelando

IC
árvores. Na falta da poda
pelos herbívoros, não havia
esses aspectos e por que eles foram significativos para você.

O ÓG
seiva para alimentar as for-
migas “do bem”, que perdiam 9. O texto apresenta uma pesquisa realizada no campo da Ecologia. Esta é uma
a batalha para as formigas área na qual você gostaria de trabalhar? Elabore um pequeno texto justifi-
“do mal”, o que prejudicava
cando sua opinião.

SÃ G
o desenvolvimento das
acácias, explicando o motivo
10. Pesquise em jornais ou em revistas notícias referentes a pesquisas científicas.

ES DA
de elas diminuírem e ficarem
mais fracas na ausência dos Selecione três delas e transcreva o título e o autor de cada uma; dados da
herbívoros.
publicação (o nome do jornal ou revista, a data e a página em que ela foi

PR PE
6. O autor usa uma imagem
de “guerra” entre as formigas. publicada); a área da ciência a que pertence e um pequeno resumo. Além
As formigas “do bem” eram
as que, além de não serem
disso, explique o que despertou sua atenção para que ela fosse selecionada.

IM ISE
prejudiciais às acácias, ajuda-
vam a defendê-las de outros
insetos. As formigas “do
mal” eram as que causavam DA TEORIA À PRÁTICA
AL
prejuízo às árvores porque
permitiam a presença de
outros insetos que as enfra-
O texto lido e as reflexões a partir dele tiveram como finalidade apresentar
DO N

queciam.
Aproveitar este momento um exemplo de texto científico. Trata-se de um texto que objetiva colocar à dis-
A

para mostrar as diferentes posição do leitor informações referentes à ciência em geral, bem como às suas di-
formas para enfatizar pala-
A

versas áreas. Observe que no final do texto, é mencionada a fonte em que o autor
OI RA

vras ou expressões utilizadas


em sentido figurado: aspas, se baseou para produzir o seu texto: a revista científica norte-americana Science.
negrito, itálico, sublinhado.
Esta é uma das muitas publicações em que cientistas e pesquisadores apresentam
PR A

7. As advertências são sobre


a complexidade da interação suas investigações.
LP

entre os seres vivos e que


BI

se deve ter cuidado com as Os textos científicos e didáticos, para serem publicados, precisam obedecer a
primeiras impressões, pois
podem ser equivocadas. São
uma série de características e normas técnicas.
IA

dirigidas aos conservacionis-

1. Os suportes para os vários tipos de


tas, que julgam conhecer o
ER

suficiente sobre os ecossis-


temas a ponto de poder ma-
nejá-los e também àqueles
que estão destruindo esses publicações dos textos científicos e didáticos
AT

ecossistemas antes mesmo


que possamos conhecê-los e Os textos científicos e didáticos usam o formato de livro como suporte mais
compreendê-los melhor. clássico de apresentação. São obras que contêm a publicação de textos informati-
M

8. Orientar que as argu-


mentações sejam apoiadas
vos escolares, pesquisas originais ou, geralmente, coletâneas de artigos.
pelo texto. Observar, ainda,
que, ao produzir uma carta As revistas científicas também são suportes muito usados para publicação e
dirigida a colega da sala, o/a incluem, além dos artigos, resenhas, teses, relatórios de pesquisas, monografias
aluno/a está diante de uma
situação não muito comum. e ensaios.

166

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 166 25/08/2022 15:27:26


Sites, blogs e revistas eletrônicas também podem ser suportes interessantes, Como seu destinatário é
alguém que lhe está próximo,
dependendo do público-alvo que os textos desejam atingir. a linguagem pode ser mais
informal. Porém, o assunto
tem característica formal.
2. Características Discutir como essa questão
pode (ou não) ser resolvida.
No momento de avaliação,
Os textos didáticos, normalmente, têm finalidade educacional, visando ao estimular que sejam desta-
ensino e aprendizagem de definições, conceitos, fatos etc. São utilizados em li-

A,
cadas as mensagens mais
criativas – por sua linguagem
vros escolares, artigos científicos ou em suportes que têm o objetivo de esclarecer e/ou estrutura – e as mais

IC
assuntos e temas da cultura em geral. originais – pela escolha dos
argumentos.
Apresentam linguagem formal, objetiva, acessível ao nível de conhecimento

O ÓG
9. Orientar a produção de
do leitor. uma resposta que apresen-
te sólida argumentação.
A característica principal dos textos científicos é o seu objeto: o registro de Independentemente de ser

SÃ G
a Ecologia a área pretendida
uma investigação científica. Por conta disso, apresentam: pelo/a aluno/a, esta questão

ES DA
tem como objetivo propiciar
• Linguagem clara e objetiva uma reflexão quanto à
carreira que ele/ela pretende
• Estrutura argumentativa bem articulada

PR PE
abraçar. É fundamental que
as discussões quanto às di-
• Fundamentação sobre o conteúdo ferentes escolhas, levem em
conta a satisfação pessoal, a

IM ISE
Para serem publicados, cada um dos diferentes textos de divulgação científi-
ca obedece a normas que dizem respeito à sua função e ao público. Um livro, por
exemplo, deve apresentar um índice, prefácio, uma introdução, o texto principal
aptidão e os interesses que
devem guiar tais escolhas.
10. Ao consultar fontes
jornalísticas, o/a aluno/a terá
AL
e referências bibliográficas e virtuais, caso haja; um artigo já não apresenta essa a oportunidade de tomar
conhecimento das muitas
formatação, porém traz um resumo (em que são sintetizados seus principais ar- pesquisas que, contempo-
DO N

gumentos e ideias) e palavras-chave (lista de algumas palavras que indicam as raneamente, estão sendo
desenvolvidas. Trata-se, tam-
A

noções básicas do artigo). bém, de mais uma oportuni-


dade para conhecer as várias
A
OI RA

áreas do conhecimento
3. Importância do Fichamento científico e os temas que são
divulgados.
O fichamento de uma leitura caracteriza-se pela anotação de trechos da obra
PR A

Como sugerido anteriormen-


te, estimular o levantamento
lida, considerados significativos e que, na redação de um trabalho acadêmico,
LP

de notícias que possam


BI

poderão ser utilizados. O nome fichamento fixou-se, pois, durante muito tempo alcançar as variadas áreas.
Como devem ser obtidas
– e ainda hoje –, os pesquisadores utilizavam pequenas fichas em que transcre- três notícias, solicitar que
IA

viam os trechos selecionados. Atualmente, esse trabalho pode ser feito no com- cada uma seja de uma área
diferente.
putador e guardado em arquivos eletrônicos.
ER

O formato da questão permi-


te que o/a professor/a oriente
• A primeira anotação diz respeito aos dados da obra lida. a sistematização dos registros
AT

de dados e de fontes.
Atenção: ativar o senso crítico
CHARTIER, R. A ordem dos livros. Brasília: UnB, 1994. do/a aluno/a de modo a per-
M

ceber se a imprensa dá mais


destaque a uma determinada
área do conhecimento. Se
• A partir daí, fazem-se as anotações que podem ser de dois tipos: confirmada esta informação,
discutir por que isso ocorre.

167

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 167 25/08/2022 15:27:27


— Citação direta – transcrição fiel de trecho da obra
— Paráfrase – utilizando suas próprias palavras, o pesquisador reescreve o
trecho da obra lida, tomando o máximo cuidado para não alterar o senti-
do original.
O melhor é que o pesquisador utilize as duas formas e faça pequenos pará-
grafos, conforme se pode ver nos exemplos a seguir. Observe que a citação direta

A,
está identificada pelas aspas e a paráfrase não. Porém, ambas são identificadas

IC
por meio do sobrenome do autor, o ano da obra lida e a página em que o trecho
pode ser encontrado.

O ÓG
• Exemplo de paráfrase e de citação direta

SÃ G
Conforme Chartier (1994, p. 96), uma resposta imediata poderia alinhar o

ES DA
eletrônico à invenção de Gutenberg, ao surgimento da imprensa que no
século XV, quando foram modificados “os modos de reprodução dos textos
e de produção dos livros”, porém, em sua materialidade, “o livro impresso

PR PE
mantém-se fortemente dependente do manuscrito até por volta de 1530,
imitando-lhe a paginação, as escrituras, as aparências e, sobretudo, o seu
IM ISE acabamento feito à mão.” Chartier (1994, p. 96) conclui afirmando que a “re-
volução da imprensa não consiste absolutamente numa ‘aparição do livro’.
AL
Doze ou treze séculos antes do surgimento da nova técnica, o livro oci-
dental teria encontrado a forma que lhe permaneceu própria na cultura do
impresso”.
DO N
A

Exemplo de citação direta


A
OI RA

No capítulo “Do códex à tela: as trajetórias do escrito”, a primeira questão


PR A

colocada por Chartier (1994, p. 96): “como situar, na longa história do livro,
LP

BI

da leitura e de suas relações como o escrito, a revolução anunciada – e de


fato já iniciada – que faz a passagem do livro (ou objeto escrito) tal como
IA

o conhecemos, com seus cadernos, suas folhas, suas páginas, para o texto
eletrônico e a leitura na tela?”.
ER

Exemplo de paráfrase
AT

Para reforçar a ideia de que a invenção de Gutenberg, embora fundamental,


M

não foi o único fator que garantiu uma grande circulação do livro impresso,
Chartier (1994, p. 97) lança seu olhar para o Oriente e explica que, embora
tenham inventado e utilizado os caracteres móveis em terracota no século
XI, na China, e em caracteres metálicos, na Coréia, no século XIII, ou seja, bem
antes de Gutenberg, porém, esse conhecimento ficou restrito aos poderes
do imperador ou dos mosteiros. Foi a xilografia que, no Oriente, teve a fun-
ção de disseminar os textos impressos.

168

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 168 25/08/2022 15:27:27


4. Referências Bibliográficas
Um texto científico ou didático, geralmente, apresenta as referências das pes-
quisas realizadas para a elaboraçao ou produçao. Há regras e normas para a cita-
ção desses materiais pesquisados. Veja alguns exemplos.
ELEMENTO CONTEÚDOS EXEMPLOS

A,
O nome do autor deve ser transcrito ABBAGNANO, N.

IC
pelo último sobrenome e pela (s) inicial
(is) do(s) prenome(s), em letras maiúscu- KANT, I.

O ÓG
AUTOR(es) las, seguidas de ponto.
Quando houver mais de um autor, se-
ADORNO, T.W.; HOR-
gue-se o procedimento acima, separan-

SÃ G
KHEIMEIR, M.
do-se cada autor com ponto e vírgula.

ES DA
Deve ser reproduzido com alguma for- Dicionário de filosofia.
ma de destaque tipográfico (itálico, gri-

PR PE
fado ou negrito). No caso destes exem- Crítica da razão pura.
plos, adotou-se o padrão negrito.

IM ISE
TÍTULO
Atenção: somente a letra inicial da pri-
meira palavra deve ser em maiúsculo (e
Elementos de semio-
logia.
El quinteto de Cam-
AL
os nomes próprios).
bridge.
A vida secreta da
DO N

Quanto há subtítulo, este deve vir, sem


natureza: uma ini-
A

qualquer destaque tipográfico, após o


ciação à ecologia pro-
título.
A

funda.
OI RA

Se for primeira edição, não deve ser


mencionada. As demais devem ser es-
PR A

KANT, I. Crítica da ra-


EDIÇÃO critas em algarismos arábicos, seguido
zão pura. 2. ed.
LP

BI

de ponto final e um espaço e da abre-


viatura da palavra edição.
IA

Coloca-se o nome da cidade seguido de


dois pontos e espaço e depois o nome São Paulo: Mestre Jou,
ER

da editora, seguido de vírgula, e o ano 1982.


da publicação.
AT

LOCAL: deve ser grafado de modo seme-


LOCAL, EDITORA New York: Braziller,
lhante ao que consta na obra. Assim, se
1968.
M

e ANO estrangeiro, deve vir como no original.


EDITORA: se houver prenomes, devem New York: W.W. Nor-
ser abreviados. Não devem ser coloca- ton, 1998.
dos elementos referentes à natureza ju-
rídica ou comercial. Paris: O. Jacob, 1997.

Porém, devem ser consideradas as especificidades de algumas obras. Neste


caso, seguem-se padrões gerais a serem adotados (conforme as características de
cada obra).
169

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 169 25/08/2022 15:27:27


TIPOS DE
EXPLICAÇÕES/MODELOS GERAIS/EXEMPLOS
OBRAS

Modelo: AUTORIA. Título. Edição. Local: Editora, ano.


LIVROS
Exemplo: ANGELO, S. Métodos e técnicas de pesquisa cientí-

A,
fica. São Paulo: Sulina, 1990.

IC
Explicação: O título da parte deve ser transcrito sem qualquer
destaque. Depois deve ser colocada a palavra In seguida de dois

O ÓG
pontos. Em seguida, colocar a referência ao livro conforme o mo-
delo LIVRO. Finalmente, colocar a página inicial e a final da parte.

SÃ G
PARTES DE LI- Modelo: AUTORIA DA PARTE DA OBRA. Titulo da parte. In: AUTO-

ES DA
VROS RIA DA OBRA. Título. Edição. Local: Editora, ano, página inicial-final
da parte.

PR PE
Exemplo: ACEVEDO, J. La historia popular: un movimiento de los
70. In PEIRANO, L. (ed.). Educación y Comunicación en el Perú.
2. ed. Lima: IPAL, 1988, p. 132-168.
IM ISE Modelo: AUTORIA. Título. Local, ano. Número de folhas. Tese, Dis-
sertação (Grau e área) – Unidade de Ensino, Instituição.
AL

Exemplo: DEGANELLO, L. Condições e procedimentos para a


TESES, DIS-
DO N

implantação de uma televisão comunitária e a indicação de


SERTAÇÕES
subsídios para elaboração da programação visando colabo-
A

rar na solução de problemas comunitários. São Paulo, 1999.


A
OI RA

320 f. Tese (Doutorado em Comunicação Social) – Escola de Comu-


nicação e Artes – Universidade de São Paulo.
PR A

Modelo: AUTORIA DO ARTIGO. Título do artigo. Título do perió-


LP

dico, Local de publicação, número do volume, número do fascícu-


BI

lo, página inicial-página final do artigo, data.


ARTIGOS DE
IA

PERIÓDICOS
Exemplo: FESTA, R. Mulher e comunicação alternativa: um proces-
so de resistência em explosão. Revista Comunicação e Socieda-
ER

de, São Paulo, IMS/Cortez, n. 8, p. 23-35, jul 1982.


AT

Modelo: AUTORIA DO ARTIGO. Título do artigo. Nome do jornal,


Local de publicação***, data (dia, mês, ano). Número ou nome do
caderno, seção, suplemento, etc., página(s) do artigo referenciado,
M

ARTIGO DE
número de ordem da(s) coluna(s).
JORNAL
Exemplo: NOVAES, W. Visões entre as nuvens. O Estado de S.Pau-
lo, 20 nov. 1998, p. A2.

170

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 170 25/08/2022 15:27:27


TIPOS DE OBRAS EXPLICAÇÕES/MODELOS GERAIS/EXEMPLOS

Modelo: AUTORIA (entrevistado/a). Ementa da entrevista.


Local, data.
ENTREVISTAS (não
publicadas)
Exemplo: LOPES, G. L. Entrevista concedida a João Alves

A,
de Sousa. São Paulo, 29 ago. 2001.

IC
Modelo: AUTORIA. Título. Fonte (se for publicado). Dispo-
nível em: <endereço eletrônico. Acesso em: data (dia, mês,

O ÓG
ano).
FONTES ELETRÔNI-
CAS ONLINE
Exemplo: BUENO, W. Os novos desafios do jornalismo

SÃ G
científico. Disponível em: <http://www.comtexto.com.br>

ES DA
Acesso em: 23 fev 2002.

Modelo: TÍTULO DO PERIÓDICO. Título do fascículo, suple-

PR PE
mento ou número especial (quando houver). Local: Editora,
número do volume, número do fascículo, data. Número total
PERIÓDICOS (con-
IM ISE
siderados em parte)
de páginas do fascículo, suplemento ou número/ edição es-
pecial. Nota indicativa do tipo de fascículo.
AL
Exemplo: COMUNICATION RESEARCH TRENDS. [Local]*:
[Editora]*, v. 6, n. 4, [data]*. ???p.*
DO N
A

Além disso,
A
OI RA

Observe a uniformização das fontes (tipos e tamanhos) e dos espaços.


Quando houver autoria repetida:
PR A

a) o sobrenome do autor pode ser substituído por um traço equivalente a


LP

BI

cinco caracteres ( _____. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho


D´Água, 1995.);
IA

b) a ordem pode ser estabelecida pelos títulos em ordem alfabética, ou pelo


ano (para livros), data (para periódicos), em ordem crescente (do mais
ER

antigo para o mais recente).


c) se houver obras de um mesmo autor publicadas no mesmo ano, coloque
AT

em ordem alfabética de títulos e, após o ano, acrescente [a], para o pri-


meiro; coloque [b] para o segundo e assim sucessivamente. Ex.:
M

d) BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 2. ed., S. Paulo: Martins Fon-


tes, 1997a, 415 p.
e) _____. Marxismo e filosofia da linguagem. 8. ed., S. Paulo: Hucitec,
1997b, 197 p.

171

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 171 25/08/2022 15:27:28


5. A questão do plágio
Ao longo dos seus estudos, muitas vezes você deverá elaborar trabalhos – in-
dividualmente ou em grupo – para a aplicação dos conteúdos estudados. Nesses
trabalhos, além do uso de conceitos, um requisito primordial é a originalidade,
que é a garantia de que a redação e as ideias apresentadas são suas ou de seu gru-
po. É claro que as ideias não brotam espontaneamente. Para que elas possam sur-

A,
gir e ser elaboradas, é preciso pesquisar em livros, jornais, revistas – seja material

IC
impresso, seja por meio eletrônico. Nesse momento, todo cuidado é necessário
para que você não cometa plágio.

O ÓG
Mas o que é plágio? A princípio pode-se afirmar que se trata de um crime.
Tanto que, no Dicionário Houaiss1, a segunda acepção da palavra plágio vem an-

SÃ G
tecedida da seguinte rubrica: “termo jurídico”. E daí vem o significado: “apresen-

ES DA
tação feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual
etc. produzido por outrem”.

PR PE
Nesse mesmo dicionário, a primeira acepção2 do verbo plagiar diz: “apresen-
tar como da própria autoria (obra artística, científica etc. que pertence a outrem)”.
Se você utilizar o Dicionário Michaelis, encontrará também o caráter criminoso
IM ISE presente na ação de plagiar. Assim, na acepção 1: “Cometer furto literário, apre-
sentando como sua uma ideia ou obra literária ou científica, de outrem”. E, na
AL
acepção 2: “Usar obra de outrem como fonte sem mencioná-la”.3
Segundo Whitaker Salles4, originalmente, a palavra plágio significava “rapto
DO N

de escravos”. E dava-se o nome de plagiário a quem roubava escravos de outros


ou vendia escravos alheios como se deles fosse proprietário. Com o passar do
A

tempo, a palavra passou a designar qualquer tipo de ladrão. Já na Idade Média, a


A
OI RA

palavra voltou a ter um sentido mais restrito para denominar o “ladrão de textos
teatrais”. Por extensão, passou a nomear o “ladrão de músicas, literatura, tudo que
PR A

envolva autoria intelectual”.


LP

BI

Por que se faz plágio?


IA

Pode-se dizer que há três motivos que levam alguém a cometer plágio:
ER

Por desconhecimento. Certamente, você já deve ter lido ou ouvido que um


compositor de música popular foi processado por haver plagiado a letra ou a mú-
AT

sica de outra pessoa. Porém, quando se trata de trabalho acadêmico, nem sempre
esse mesmo procedimento tem tanto destaque na mídia. Desse modo, você pode
M

pensar que, ao fazer um trabalho na faculdade não há problemas em se apropriar


de textos de outras pessoas. Todavia, a atitude de plagiar é idêntica e criminosa.
Se até hoje você não teve essa orientação, a partir de agora não poderá alegar
desconhecimento. Converse com seus (suas) professores (as), peça orientações e
realize um trabalho original.
1. DICIONÁRIO HOUAISS. Plágio. Disponível em: <http://houaiss.uol.com.br/busca.
jhtm?verbete=pl%1gio&stype=k&x=10&y=8>. Acesso em: 9 jul. 2017.
2. Idem.
3. MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. Plagiar. São Paulo: Melhoramentos, 1998, p. 1635.
4. SALLES, Manoel Whitaker. Dentro do dentro: os nomes das coisas. São Paulo: Mercuryo, 2002, p. 189.
172

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 172 25/08/2022 15:27:28


Por negligência. Este é um fator que pode fazer com que você caia na tentação
de cometer plágio. Ele ocorre porque você não atende aos prazos definidos para
entrega de trabalhos. Daí, obviamente, como há pouco tempo para pesquisar e
para redigir, a ideia de se copiar um trabalho – ou trechos de trabalho – pronto
é altamente sedutora. Contudo, altamente recriminadora! Neste caso, é melhor
não apresentar o trabalho e contar com um período de recuperação para fazê-lo

A,
da maneira correta e honesta. Recomenda-se, então, que você verifique atenta-
mente as orientações para elaboração da atividade e observe o prazo de entrega.

IC
Antecipe sua pesquisa, anote cuidadosamente as referências de suas fontes e vá,
aos poucos, redigindo seu trabalho. Além de cumprir com as exigências da disci-

O ÓG
plina, você terá a certeza de que produziu uma obra original.
Por sensação de incapacidade. Ou por medo da avaliação. São dois sentimen-

SÃ G
tos que criam obstáculos à produção de um trabalho. A sensação de que não se

ES DA
é capaz de realizar uma determinada tarefa e a pressão em obter uma nota que
o leve à aprovação na disciplina podem fazer com que alguém venha a cometer

PR PE
plágio. Neste caso, há que se ter um bom conhecimento de sua própria capaci-
dade e ter consciência de que o seu limite, necessariamente, será motivo para
reprovação – enquanto a descoberta do plágio, além de reprovar, poderá ocasio-
IM ISE
nar penalidades de ordem acadêmica e jurídica. Caso você tenha dificuldades
em uma determinada disciplina, recomenda-se maior dedicação a ela. Procure
AL
ler com maior atenção, consulte colegas que a dominem com maior facilidade
e, sempre, mantenha contato com o(a) professor(a) para obter esclarecimentos
DO N

e orientações.
A
A
OI RA

Orientações gerais
Como você viu no início deste texto, para apresentar a noção do que é plágio,
PR A

recorreu-se a dicionários e a livros. Ou seja, a fontes consultadas para a redação


LP

daqueles parágrafos. E foram devidamente mencionadas no rodapé da página. Os


BI

trechos selecionados – utilizados como citação – foram colocados entre aspas para
marcar que se trata de texto de outra pessoa. Há outros – utilizados como paráfrase
IA

–, que não foram colocados entre aspas, de cuja fonte também se dá o crédito.
ER

Registrar de forma completa as fontes utilizadas é procedimento primordial


em qualquer atividade de pesquisa, bem como colocar entre aspas as palavras, as
AT

frases ou os parágrafos de textos alheios. Acostume-se a fazer isso de forma roti-


neira, por exemplo, quando estiver consultando qualquer fonte – ainda que, nem
M

sempre, você venha a utilizar todos aqueles registros em seu trabalho.


Para não ter dúvidas, tenha à disposição manuais ou livros que o orientem a
fazer citações, paráfrases e referências. Além disso, consulte sempre seus (suas)
professores(as). Peça-lhes orientações de como proceder. Depois de algum tem-
po, você adquirirá uma rotina que facilitará a elaboração de todo e qualquer tra-
balho acadêmico.

173

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 173 25/08/2022 15:27:28


APLICAÇÃO
Leia o texto a seguir e responda às questões.

A,
Entenda o que é consumo

IC
sustentável

O ÓG
SÃ G
Escrito por: Equipe eCycle

ES DA
O consumo sustentável é uma expressão empregada com muita frequência em di-
ferentes meios de comunicação. Se você pesquisar em ferramentas de busca da in-
ternet surgirão milhares de resultados diferentes com artigos científicos, notícias,

PR PE
ofertas de produtos, entre outros. Cada um deles possui uma forma diferente de
definir o que é consumo sustentável – uma importante atitude que o consumidor
contemporâneo deveria assumir para ter uma pegada mais leve e preservar o meio
IM ISE ambiente.
As opções de consumo sustentável são variadas, basta procurar: um chocolate sus-
AL
tentável, um jeans sustentável e até uma escova de dentes sustentável. Mas o que
significa realmente consumir esse tipo de produto? […]
DO N
A

O que é consumo sustentável?


A
OI RA

Consumo sustentável nada mais é do que o consumo responsável e consciente,


sendo o oposto do consumo imediatista. Segundo um estudo publicado nos Ca-
dernos Ebape  da Fundação Getúlio Vargas, a ideia de  consumo sustentável  sur-
PR A

giu gradualmente ao longo das gerações. E, nesse percurso histórico, três fatores
LP

BI

atuaram conjuntamente para o surgimento do conceito do consumo sustentável:


o ambientalismo público da década de 1970, a ambientalização do setor públi-
co da década de 1980 e a emergência da preocupação empresarial da década de
IA

1990 sobre o impacto que os estilos de vida e hábitos de consumo têm sobre o


ER

meio ambiente.
AT

Consumo verde, consumo sustentável, consumo consciente, consumo res-


ponsável.
M

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o consumo sustentável é aquele


que envolve a escolha de produtos que utilizaram menos recursos naturais em sua
produção, que garantiram emprego decente aos que os produziram e que serão fa-
cilmente reaproveitados ou reciclados. Desse modo, o consumo sustentável acon-
tece quando nossas escolhas de compra ou aquisição são conscientes, responsá-
veis e com a compreensão de que terão consequências ambientais e sociais. O
consumidor que assume essa atitude é aquele que não é passivo e que, por essa

174

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 174 25/08/2022 15:27:29


razão, tem senso crítico e pondera, não comprando um produto só porque a mídia
o induz a fazer isso.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), da ONU, também
considera que o  consumo sustentável  é aquele em que há o uso de serviços e
produtos que correspondem às necessidades básicas de toda a população, além
de trazer qualidade de vida e reduzir os danos provocados ao meio ambiente. Isso

A,
significa que o consumo sustentável pressupõe sobretudo a redução do uso dos

IC
recursos naturais e da produção de lixo e outros materiais tóxicos. […]

O ÓG
Colocar em prática
Muitas pessoas acreditam que consumo sustentável é uma prática que diz respeito

SÃ G
somente à aquisição de produtos cuja fabricação teve um baixo impacto ambiental

ES DA
e que, por essa razão, são muito caros.
Conhecer bem as marcas de sua preferência, atentar para o rótulo dos produtos,

PR PE
planejar bem as suas compras, a fim de evitar o consumismo excessivo são, se-
gundo o Instituto Akatu, práticas de um consumidor sustentável. No entanto, ao
contrário do que se imagina, o consumo sustentável vai além disso e pode ser pra-

IM ISE
ticado a partir de mudanças de comportamento. […]
Por isso é importante que as pessoas entendam que consumo não é só compra de
AL
algum objeto no shopping. Consumo é também a água que você gasta, a energia
que você usa e os alimentos que você ingere.
DO N
A

Dicas de como praticar o consumo sustentável


A

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e o Ministério do Meio Am-


OI RA

biente desenvolveram um guia que apresenta o passo a passo de como praticar


o consumo sustentável. São dicas simples que vale a pena colocar em prática:
PR A

1. Para lavar o carro, use um balde ao invés da mangueira;


LP

BI

2. Tente limitar o seu banho a no máximo 5 minutos e feche a torneira enquanto se


ensaboa;
IA

3. Ao lavar a louça, use uma bacia para deixar os pratos e talheres de molho por
alguns minutos antes da lavagem. Isso ajuda a soltar a sujeira. Depois, use água
ER

corrente somente para enxaguar;


4. Se tiver máquina de lavar, use-a sempre com a carga máxima e tome cuidado
AT

com o excesso de sabão, para evitar um número maior de enxagues.


M

5. Evite abrir a porta da geladeira em demasia ou por tempo prolongado;


6. Na hora de comprar, dê preferência a lâmpadas fluorescentes, compactas ou
circulares. Além de consumir menos energia, essas lâmpadas duram mais que as
outras;
7. Na hora da compra de um ar condicionado, escolha um modelo adequado ao
tamanho do ambiente em que será utilizado. Prefira os aparelhos com controle
automático de temperatura e as marcas de maior eficiência (saiba quais são, se-
gundo o selo Procel)

175

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 175 25/08/2022 15:27:30


1. Orientar os alunos a
observarem com atenção o 8. Escolha a compostagem como método de descarte do seu lixo orgânico (é se-
vocabulário utilizado e insistir
para que consultem os dicio- guro, eficiente e não causa contaminação alguma – além de criar um novo e
nários, mesmo que achem fértil adubo para suas plantas).
que não têm dúvidas quanto
ao sentido do texto.
2. O texto tem a função de
apresentar, definir e explicar In: https://www.ecycle.com.br/consumo-sustentavel/. Consulta

A,
o conceito de “consumo
sustentável”, além de sugerir
realizada em 23 de abril de 2022. (Fragmentos)

IC
a aplicação do conceito no
cotidiano, o que justifica
classificar o texto como
1. Após uma leitura silenciosa, copie as palavras que você tem alguma dúvida

O ÓG
“didático”, no sentido de levar quanto ao significado. Consulte um dicionário impresso ou digital e escreva
à aprendizagem do assunto
ao leitor.
um sinônimo para cada uma delas. Em seguida, releia o texto, substituindo
4. O texto está dividido em 4 as palavras pelos seus sinônimos.

SÃ G
partes, com uma introdução
A compreensão do texto ficou mais fácil? Mudou o sentido de alguma fra-

ES DA
e 3 subtítulos. Orientar os
alunos a citarem as partes e se ou parágrafo? Esclareceu algum conceito? Exemplifique ou justifique sua
resumirem a ideia principal
de cada uma delas. Essa conclusão.

PR PE
atividade é importante para
os alunos perceberem que o 2. Qual é a função do texto lido? Qual é o público-alvo? Onde foi publicado?
resumo possibilita uma refle- Pode ser considerado um texto didático? Por quê?
xão e fixação dos conceitos e

IM ISE
assuntos, levando à aprendi-
zagem e memorização.
6. As definições estão pre-
3. Qual é o assunto principal do texto?
O assunto principal é a definição de consumo sustentá-
vel e a importância dessa atitude, nos dias atuais.

4. Observe a organização formal do texto. Em quantas partes ele está dividido?


AL
sentes nas duas primeiras
partes do texto. Os alunos Analise os subtítulos e resuma em uma ou duas linhas o assunto de cada
poderão citar: “O consumo parte.
sustentável é uma expressão
DO N

empregada com muita 5. Releia a segunda parte do texto e responda: Quais termos são sinônimos de
frequência em diferentes
A

meios de comunicação”, ou consumo sustentável? Consumo verde, consumo consciente, consumo responsável.
A

“uma importante atitude que


OI RA

o consumidor contempo- a) Qual termo é antônimo de consumo sustentável? Consumo imediatista.


râneo deveria assumir para
ter uma pegada mais leve e 6. No texto aparecem definições (conceitos) e explicações. Dê um exemplo
PR A

preservar o meio ambiente”


ou “…o consumo susten-
para cada um desses itens.
LP

tável é aquele que envolve


BI

a escolha de produtos que 7. Quais as características da linguagem e do vocabulário do texto lido? É for-
utilizaram menos recursos mal, informal, objetiva, subjetiva, apresenta gíria, apresenta vocabulário es-
naturais em sua produção,
IA

que garantiram emprego pecífico relacionado ao assunto? Asunto


linguagem é formal, objetiva, clara. Há termos relativos ao as-
do texto (ambientalização, compostagem, selo Procel etc.).
decente aos que os produzi-
8. Observe a logomarca do suporte onde o texto foi publicado: https://www.
ER

ram e que serão facilmente


reaproveitados ou reciclados.” ecycle.com.br/
Ou “Isso significa que o con-
sumo sustentável pressupõe
AT

sobretudo a redução do uso


dos recursos naturais e da
produção de lixo e outros
M

materiais tóxicos.”

Localize no texto em qual parágrafo aparece o “slogan” da logomarca. Qual é


o significado do “slogan”, no assunto do texto?
O slogan “pegada mais leve” aparece no primeiro parágrafo, referindo-se à atitude do consumidor. Está
associado às características do suporte onde o texto foi publicado. Chamar a atenção dos alunos sobre o uso
da expressão “pegada mais leve”, que pode ser considerada “gíria”, mas seu uso é adequado ao contexto do
texto.
176

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 176 25/08/2022 15:27:30


9. No texto, há citação de alguns órgãos e programas públicos e particulares. 9. No texto, são citados:
Cadernos Ebape da Fundação
Enumere-os. Qual é a importância da citação, no texto? Getúlio Vargas, Ministério do
Meio Ambiente, Programa
10. Observe os verbos do texto. Que tempo verbal foi usado, predominante- das Nações Unidas para o
mente? Esse tempo verbal é adequado às características do texto didático? Meio Ambiente, da ONU,
Instituto Akatu, Instituto
Justifique. Brasileiro de Defesa do
Consumidor (IDEC). Essas
11. Na sua opinião, quais dicas você considera mais fáceis de colocar em prática?

A,
citações têm a intenção de
dar credibilidade e confiabi-
Quais considera mais difíceis? Permitir que os alunos discutam em pequenos grupos sobre
suas opiniões a respeito das dicas de consumo sustentável. lidade às definições, ideias e

IC
fatos apresentados.
10. No texto, há uma predo-

O ÓG
minância de verbos no tem-

PRODUÇÃO DE TEXTO
po Presente do Indicativo.
O uso desse tempo verbal é
adequado ao texto didático,

SÃ G
por causa das definições e ex-
plicações de conceitos sobre

ES DA
o assunto do texto.
Produção de texto didático

PR PE
Agora é a sua vez de pesquisar e de registrar os resultados em um pequeno texto
didático, com a função de permitir a aprendizagem de conceitos, definições ou
fatos. Para isso, siga as instruções a seguir.
IM ISE
1. Escolha um assunto de seu interesse (de preferência, ligado a uma área pro-
fissional que você gostaria de conhecer).
AL

2. Para definir melhor o que pesquisar na área escolhida, converse com profes-
sores (as) e profissionais que nela atuam.
DO N

3. Faça um levantamento de textos (livros, revistas científicas, periódicos etc.)


A

que possam ampliar seu conhecimento sobre o tema que está pesquisando.
A
OI RA

Não se esqueça de tomar nota de todos os dados relativos a esse material


(autoria, título, ano etc. – veja, o quadro Referências bibliográficas para saber
quais dados devem ser anotados).
PR A
LP

4. Durante a leitura, faça fichamentos do material lido (veja, nas páginas 167 e
BI

168 os exemplos de fichamento).


IA

5. Depois de adquirir mais conhecimento sobre a área, procure identificar um


assunto que gostaria de pesquisar. Defina, então, o seu assunto de pesquisa.
ER

Escreva-o em uma pequena frase (com aproximadamente cinco linhas).


6. Realize a pesquisa e registre-a em um pequeno artigo. Siga as orientações
AT

do roteiro.
M

177

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 177 25/08/2022 15:27:30


Roteiro para elaboração do projeto de pesquisa
– Título. Ele pode ser provisório. Depois de avançada a pesquisa, pode
ser que seja necessário modificá-lo. Procure algo criativo, porém não
perca a referência da sua pesquisa.
– Apresentação. Elaborar um parágrafo, com cerca de dez linhas, ex-
plicando de forma geral o problema de pesquisa e sua relevância.

A,
– Objetivo geral. Qual é a visão global e abrangente da pesquisa. Por
exemplo: o que se está querendo caracterizar, traçar, descrever, expli-

IC
car, analisar ou avaliar.
– Objetivos específicos. Tem função intermediária e instrumental,

O ÓG
permitindo de um lado, atingir o objetivo geral, e de outro lado, apli-
cá-lo a situações particulares (o que devo ler).

SÃ G
– Justificativa. Elaborar dois ou três parágrafos, apresentando argu-

ES DA
mentos que justifiquem o seu envolvimento com a pesquisa e a área,
bem como a importância dessa pesquisa.
– Hipóteses. Antes de realizar a pesquisa, quais as suas expectativas

PR PE
quanto aos resultados a que poderá chegar?
– Metodologia. Apresentar, de forma bem detalhada, como será rea-

IM ISE lizada a pesquisa (bibliográfica, analisará um caso, fará levantamento


de uma situação, haverá entrevistas, etc.).
– Referências bibliográficas. Relacionar, em ordem alfabética de so-
AL

brenome de autor, livros, artigos de revista, jornal etc. que servirão de


base para a pesquisa.
DO N

– Cronograma. Expor de forma clara e objetiva as/os datas e/ou pe-


A

ríodos em que as ações serão executadas até a data de entrega do


A

artigo.
OI RA

Agora, utilize o material da sua pesquisa para produzir o texto didático. Siga as
orientações abaixo.
PR A

1. Recomenda-se que o texto seja redigido em terceira pessoa (por exemplo:


LP

BI

em lugar de escrever “observei”, utilize “observou-se”).


2. A linguagem deve ser científica e não jornalística. Isso significa que a redação
IA

deve se preocupar com a utilização de conceitos e de nomenclaturas estu-


dados nas disciplinas e nos textos propostos para leitura (deve-se buscar jus-
ER

tificar o uso de tais conceitos e nomenclaturas com citações e/ou referências


aos textos teóricos). Além disso, há que se ter em mente que o texto poderá
AT

ser lido a qualquer tempo, portanto toda referência a datas, locais, nomes,
situações devem ser bem claras e objetivas (por exemplo, evitar o uso de
M

“ontem”, “na semana passada”, “bairro de Copacabana” etc.).


3. O texto deve ter uma INTRODUÇÃO. Colocar, logo no início, a proposta que
você realizou (ou seja, a pesquisa que foi desenvolvida). Assim, elabore pará-
grafos que respondam a estas perguntas:

178

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 178 25/08/2022 15:27:30


a) O quê? Apresente o que você pesquisou;
b) Por quê? Justifique, apresente a relevância do tema e do seu trabalho.
Qual a importância dessa pesquisa?;
c) Como? Apresente a metodologia e relacione os procedimentos adota-
dos no trabalho;

A,
d) Para quê? Apresente os objetivos que foram alcançados com esta pes-
quisa e a que resultados você chegou;

IC
e) Feche esta parte, indicando o que será apresentado no próximo subca-

O ÓG
pítulo.
4. Em seguida, no primeiro subcapítulo, faça uma breve explanação sobre a

SÃ G
área, o tema e o que já se escreveu sobre eles. Feche esta parte com indica-
ção do que será apresentado no próximo subcapítulo.

ES DA
5. Novo subcapítulo. Nele deve constar o desenvolvimento específico de sua
pesquisa: sua trajetória, detalhes do assunto que você pesquisou, as etapas

PR PE
percorridas etc. Feche este subcapítulo, apontando para a conclusão.
6. Conclusão. Nesta parte do texto, devem ser retomados os aspectos mais
IM ISE
relevantes obtidos na pesquisa. Apresente, também, como foi seu envolvi-
mento: quais contribuições pessoais podem ser notadas.
AL
7. Elencar as referências bibliográficas.
8. Se houver, colocar anexos.
DO N
A

ASPECTOS GRÁFICOS
A
OI RA

1. Tamanho do papel: A 4 na cor branca. Atenção: não usar o verso do papel.


2. Capa: na parte superior e centralizado, colocar o nome da escola e, logo abai-
PR A

xo, a identificação de sua classe. No meio e centralizado, colocar o título do


LP

trabalho. Um pouco abaixo e mais à direita, os nomes completos e os números


BI

dos (das) alunos (as). A seguir, identificar o nome da disciplina e o do (a) profes-
sor (a). No rodapé e centralizado, colocar a cidade em que situa a sua escola e,
IA

por fim, abaixo, o mês e o ano.


ER

3. Espaçamento: 1,5 (sem espaçamento entre parágrafos). Em notas de roda-


pé usar espaço simples e letra em tamanho menor.
AT

4. Tamanho da letra: para o texto, usar tamanho 12 normal. Para o título do


artigo, introdução, conclusão, referências bibliográficas e anexos:
M

usar tamanho 16, em caixa alta e negrito. Para os títulos dos subcaptítulos,
usar o tamanho 14, minúsculo, negrito.
5. Tipo de letra: Times New Roman ou Arial.
6. Parágrafo: 1 tab para iniciar os parágrafos.
7. Numeração: Em números arábicos, na margem superior, à direita.
Margens: superior: 3,0 cm; inferior: 2,0 cm; esquerda: 3,0 cm; direita: 2,0 cm

179

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 179 25/08/2022 15:27:31


O ASSUNTO É:

12 TEXTO
DRAMÁTICO

A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO

SÃ G
ES DA
Leia:
Em 1963, a peça O santo milagroso, de Lauro César Muniz, foi ence-

PR PE
nada pela primeira vez. Leia, abaixo, as referências para a encenação
apresentadas pelo autor.

IM ISE
O santo milagroso
AL

Peça em três atos


DO N

Ação
A

Pequena cidade do interior paulista


A

Época
OI RA

Indeterminada
PR A

Cenário
LP

BI

Apresenta um setor da cidadezinha. Quatro partes principais o compõem. A


maior, e que ocupa a metade do palco, é a parte posterior da igreja, onde se
instala a sacristia. É Quaresma: alguns santos cobertos com o sudário roxo
IA

e dispostos nos ângulos das paredes, em nichos especialmente construídos.


Um dos nichos está vazio à espera de seu respectivo santo. Pequena mesa,
ER

cadeiras, um genuflexório e um armário grande e rústico. Duas portas: a que se


comunica com o altar e a que dá acesso à praça. A segunda parte do cenário, ao
AT

fundo e central, é uma pequena ponte em forma de arco acentuado. Esta ponte
liga a parte anterior (sacristia) com a terceira parte do cenário, que é a casa do
M

pastor protestante. Pequena sala com algumas peças de móveis antigos. Livros
e figuras espalhados. A quarta parte do cenário desenvolve-se até o proscênio
e representa parte da praça onde está situada a igreja. Árvores e bancos.
Personagens
Padre José – velho de 60 anos.
Pastor Camilo – meia idade, atlético.
Teresinha – irmã do Pastor Camilo, 30 anos.

180

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 180 25/08/2022 15:27:33


Dito – sacristão católico, 20 anos.

A,
Coronel Chiquinho – gordo, 50 anos.
Bispo – velho, alto, robusto.

IC
Jornalista.

O ÓG
Mascate.
Juca.

SÃ G
Mulher de Juca.

ES DA
Simão – judeu.
Takawa – japonês.

PR PE
Fiéis.
Banda de música.
IM ISE
A seguir, leia um trecho do primeiro ato dessa peça.
AL
DO N

Primeiro ato [fragmento]


A

1º quadro: quinta-feira pela manhã


A

(Simultaneamente, vindo de suas respectivas igrejas e carregando varas


OI RA

de pescar e sacolas idênticas, Padre José e Pastor Camilo alcançam a ponte.


Inicialmente, ao se verem, param sem jeito. Depois de rápida hesitação,
PR A

cumprimentam-se solenemente, tirando os respectivos chapéus e fazendo


leve reverência. Tomam posição na ponte, nas respectivas extremidades e
LP

BI

simetricamente preparam-se para a pesca. Lançam o anzol na água e ali ficam


estáticos, na expectativa. Momentos depois vem Dito, da Igreja Católica. Ao ver
IA

o pastor, aproxima-se rapidamente do padre.)


DITO: (Cochichando ao padre). Vê se pesca antes!... (Dito olha para o pastor. O
ER

pastor olha para ele e dá a entender que ouviu. O padre também acaba por
olhar para o pastor. O olhar é de desafio. Voltam à atitude inicial de aparente
AT

indiferença. Dito rola pelo parapeito de um lado para o outro, numa torcida
respeitável. O pastor “sente” o peixe. Dito para, assustado. A vara se curva
M

num arco acentuado. O padre olha-o em expectativa. O pastor puxa o anzol,


vazio... Dito sorri, aliviado. O pastor volta à posição de expectativa. Dito volta
a impacientar-se, rolando pelo parapeito de um lado para o outro. O padre
“sente” o peixe.)
DITO: (Entusiasmado.) Vai! Puxa!
(O pastor olha apreensivo. O padre puxa o anzol, vazio... Dito se entristece.
Alívio do pastor. Voltam os três à posição inicial.)

181

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 181 25/08/2022 15:27:36


DITO: A linha dele é maior, seu vigário!
(É repreendido pelo olhar severo do padre. Dito escapa para o centro da ponte
e continua a torcida. Repentinamente, os dois pescadores “sentem” o peixe.
Dito anima-se na torcida.)
DITO: Calma, seu vigário, que é nosso!

A,
(A luta continua. As duas varas ao mesmo tempo curvam-se acentuadamente.
Os dois puxam os anzóis e as linhas convergem num mesmo peixe. Os três

IC
ficam perplexos e momentaneamente sem ação.)

O ÓG
DITO: (Boquiaberto.) O mesmo peixe! (Debruça-se para ver melhor.) Baita
peixão! (Os dois párocos estão embaraçados. Entreolham-se. Sorriem
discretamente.)

SÃ G
DITO: Metade para cada um!

ES DA
(Começam a recolher o peixe e automaticamente se aproximam do centro da
ponte.)

PR PE
PADRE JOSÉ: (Cedendo, aponta o peixe.) Tenha a bondade.
PASTOR CAMILO: Pode ficar com ele.
IM ISE PADRE JOSÉ: Obrigado, mas em casa somos só dois.
PASTOR CAMILO: Em casa não comemos peixe.
AL

DITO: Racha no meio! Eu vou buscar a faca! (Sai correndo. Os pescadores tiram
seus anzóis: primeiro o pastor, depois o padre.)
DO N

PADRE JOSÉ: Belo peixe! (Segurando-o.) Veja como pesa!


A

PASTOR CAMILO: É mesmo! Nunca peguei um assim neste ribeirão. Já é a


A
OI RA

terceira vez que venho pescar este mês.


PADRE JOSÉ: O senhor aprecia a pesca?
PR A

PASTOR CAMILO: Sou um amante dos esportes: pesca, futebol e natação! E o


LP

senhor?
BI

PADRE JOSÉ: Gosto também... (Sorri.) Mas já estou ficando velho para isso.
Outro dia fui pescar lá embaixo, perto da curva, e de tanto ficar agachado
IA

minhas pernas endureceram. Quase não consegui ajoelhar-me no dia seguinte


para rezar. Por pouco não cometi a irreverência de rezar de pé. (Pausa breve.)
ER

PASTOR CAMILO: Eu também já estou sentindo a idade. Quando moço, andava


AT

e jogava futebol aos sábados e domingos. Agora, só de dar uns chutinhos com
meu filho, já boto a língua de fora.
M

PADRE JOSÉ: Seu filho também joga futebol?


PASTOR CAMILO: Jogo no duro, não... Ainda não foi possível formar um
quadro de futebol na igreja.
PADRE JOSÉ: Por quê?
PASTOR CAMILO: Não temos jogadores suficientes.
PADRE JOSÉ: (Com ar de superioridade.) Nós temos três quadros: o da “Cruzada”,
o da “Infância de Cristo” e o dos “Filhos de Maria”. Se seu filho quiser, poderá

182

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 182 25/08/2022 15:27:36


jogar conosco. Quero dizer, acho que não haveria mal nenhum...
PASTOR CAMILO: Obrigado, mas meu filho atualmente estuda na capital. Vivo
só com minha irmã. Meus passatempos agora são os jogos moderados: batalha
naval, torrinha...
PADRE JOSÉ: Eu passo o meu tempo arquitetando lances no tabuleiro de xadrez.

A,
PASTOR CAMILO: O senhor joga xadrez?

IC
PADRE JOSÉ: Jogar com quem? Eu faço de conta que jogo. Nesta cidade não há
um cristão que jogue xadrez!

O ÓG
PASTOR CAMILO: Eu jogo!
PADRE JOSÉ: O senhor joga?

SÃ G
PASTOR CAMILO: Quer dizer, jogava. Agora não existem adversários. 1. No texto, não há referên-

ES DA
cias às características físicas
(Embaraço. Pausa.) de cada personagem. Deve-
PADRE JOSÉ: Pois é... Nesta terra monótona não se tem o que fazer. --se observar, porém, que o
autor apresenta a idade de

PR PE
PASTOR CAMILO: Até há pouco tempo, ainda me divertia nadando um pouco. cada um deles [Dito: 20 anos;
Padre José: 60 anos e Pastor
Mas depois de um certo acontecimento, perdi a vontade. Camilo: meia idade – cerca de

IM ISE
PADRE JOSÉ: O que foi, senhor Camilo?
35 anos] e, no diálogo entre o
Padre José e o Pastor Camilo,
há elementos que permitem
compreender que o padre
AL
já mostra sinais de cansaço
MUNIZ, Lauro César. O santo milagroso. São Paulo: Nova Alexandria, 2006, p.3-7. e dores no corpo e o pastor
parece ser um tipo atlético. A
partir daí, o/a aluno/a poderá
DO N

GLOSSÁRIO responder livremente. Veri-


ficar se há coerência entre
A

Sudário – Mortalha, lençol utilizado para envolver o cadáver. Véu que, na alguns dos aspectos físicos,
A

a idade de cada personagem


Antiguidade, era utilizado para cobrir a cabeça dos mortos. No período da
OI RA

e os dados apresentados no
Quaresma, nas igrejas católicas, as imagens dos santos são cobertas com pequenos diálogo mencionado acima.
véus roxos em sinal de luto pelo sofrimento e morte de Jesus Cristo. Os diálogos, por sua vez,
PR A

permitem que o/a aluno/a


Nicho – Pequena cavidade feita na parede para a colocação de imagens, estátuas. esboce as características
LP

BI

psicológicas. Assim:
Genuflexório – Trata-se de um pequeno móvel em forma de cadeira utilizado nas Dito: sua agilidade e a forma
igrejas e em capelas. Ele possui um estrado baixo e um encosto alto. Nele, as como torce para que o Padre
IA

pessoas se ajoelham para fazer suas orações. José consiga pescar antes do
pastor revelam que ele é en-
Proscênio – No teatro, corresponde à parte da frente do palco. tusiasmado, jovial e “defende”
ER

abertamente o Padre.
Mascate – Vendedor ambulante. Padre José: aparenta ser dis-
creto e severo [em relação ao
AT

Torrinha – jogo de tabuleiro semelhante ao ludo. comportamento de Dito]. É


educado e respeitoso. Parece
ser calmo. Porém, quando
M

fala dos quadros de futebol


1. Os personagens são apresentados pelo autor com poucas características. de sua igreja, revela certo
Como você descreveria os personagens que aparecem no trecho lido? Colo- orgulho – contrapondo-se ao
seu comportamento anterior.
que as características físicas e psicológicas de cada um deles.
Pastor Camilo: também apa-
renta ser discreto e educado,
Dito bem como parece ser calmo.
Padre José
Pastor Camilo

183

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 183 25/08/2022 15:27:37


2. Apenas o chapéu é 2. Outro detalhe não apresentado pelo autor diz respeito à forma como os per-
o elemento de figurino
mencionado pelo autor sonagens estão vestidos. Descreva como cada um deles poderia estar trajado.
[Padre José e Pastor Camilo
cumprimentam-se, no início Dito
da cena, “cumprimentam-se
solenemente, tirando os Padre José
respectivos chapéus”. Daí,
quanto aos demais elemen- Pastor Camilo

A,
tos de figurino, poderão ser
livremente apresentados. 3. Em relação às vozes dos personagens, como você as caracterizaria?

IC
Embora se trate de uma cena
em que os personagens estão Dito
pescando, provavelmente,

O ÓG
nas respostas, prevaleçam Padre José
figurinos estereotipados:
por exemplo, Dito, de batina Pastor Camilo
branca; Padre José, de batina

SÃ G
preta; Pastor Camilo, de terno 4. A maior parte das ações apresentadas no trecho mostra os personagens
e gravata. Nesse caso, propiciar

ES DA
uma discussão quanto a isso, pescando em um ribeirão. Considerando que os três são religiosos, explique
pois, na encenação, essa ima- como essa situação de pesca pode ser entendida metaforicamente.
gem-clichê auxilia na carac-
5. Nas ações envolvendo Padre José e Pastor Camilo, fica evidente que há gran-

PR PE
terização das personagens e,
mais ainda, permite que, mais
rápida e efetivamente, eles de simetria entre elas, culminando no fato de ambos pescarem o mesmo
possam ser identificados pelo peixe. Com base na analogia que você estabeleceu na resposta anterior,
IM ISE
público. Essa questão do este-
reótipo pode, posteriormente,
ser retrabalhada nas respostas
dadas às questões 4 e 5.
como essa simetria pode ser interpretada?
6. O trecho foi interrompido no momento em que o Pastor Camilo falaria ao
AL
3. Novamente, as respostas Padre José do acontecimento que fez com que ele perdesse a vontade de
podem ser livres. Porém,
é possível entender que a nadar. Elabore algumas falas de ambos os personagens, dando continuidade
DO N

voz de Dito deva ser mais ao diálogo.


aguda, mais vibrante. Deve
A

ter momentos de gritos en- 7. Reúna-se com dois/duas colegas. Leia a continuação que eles/elas elabora-
tusiasmados. Já as vozes de
A

ram e compare-as com a sua. Que diferenças você pôde observar?


OI RA

Padre José e de Pastor Camilo


aparentam ser mais graves,
a do padre pode ter uma 8. Ainda em grupo, façam uma leitura dramática do trecho (acrescentando
entonação que denote certo uma das continuações elaboradas). Nessa leitura, cada aluno/a assumirá um
PR A

cansaço – efeito da idade –;


dos papéis e interpretará as falas conforme as indicações fornecidas pelo au-
LP

enquanto a do pastor pode


BI

revelar mais firmeza. tor bem como de maneira coerente com as ações de cada personagem.
4. Denotativamente, a cena
mostra que os três persona- Em seguida, discutam em que medida a leitura dramática desse trecho con-
IA

gens estão pescando e, de


certa maneira, competem tribuiu para que ele fosse mais bem compreendido.
ER

pela pesca do primeiro peixe


[a fala de Dito enfatiza esse Registre, uma síntese dessa reflexão.
aspecto]. Conotativamen-
te, essa situação pode ser
AT

entendida como metáfora


de “pescador de homens”.
Esta metáfora que aparece
DA TEORIA À PRÁTICA
M

em Mateus 4, 18-22 [Cristo,


vendo Pedro e André, que
estavam pescando no mar da
Galileia, os convoca a acom-
O trecho trabalhado anteriormente é parte de um texto dramático – produ-
panhá-lo: “Vinde comigo que ção textual elaborada para que seja representada por atores/atrizes em um palco.
farei de vós pescadores de
homens”], posteriormente, A principal característica de um texto dramático é a apresentação de perso-
tornou-se uma imagem
recorrente e muito utilizada nagens em ação (a palavra dramático deriva de drama – que, em grego, significa,
para designar a atividade exatamente, ação).
dos religiosos.
5. A simetria, além da pesca, ocorre também quanto ao fato de ambos jogarem xadrez, tem seu momento culmi-
nante quando ambos pescam o mesmo peixe. Isso mostra que os dois religiosos, embora pertençam a igrejas dife-
184 rentes, dedicam-se a atividades semelhantes: pescadores de homens. Pode-se, a partir daí, colocar em discussão o
respeito que se deve ter em relação às diferentes maneiras que os seres humanos têm de manifestar suas crenças
religiosas.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 184 25/08/2022 15:27:37


Dito desta maneira, o texto dramático parece se confundir com o narrativo. 6. Aqui, o/a aluno/a tem
liberdade para dar sequên-
Contudo, enquanto este tem a presença de um narrador que conta uma história cia ao texto. Orientar para
para um leitor, o dramático não depende de um narrador, uma vez que a história que, o trecho acrescentado
apresente uma finalização
é mostrada (pela representação) a um público. da cena. Observar, ainda, se
se mantém coerência com
a linguagem de cada perso-
Ao escrever a peça, o dramaturgo autêntico já supõe a encenação, da qual participa nagem.

A,
obrigatoriamente o público. Se ele quisesse prescindir da representação, preferiria 7. Esta atividade tem a
intenção de fazer com que
outro gênero literário. Pode o autor não se importar com a acolhida do público, mas

IC
os/as alunos/as possam se
nunca esquecer que as suas palavras precisam ser encontradas em função de uma posicionar, criticamente, em
audiência. relação ao texto individual,

O ÓG
bem como aos dos/as
colegas. Importante realçar
MAGALDI, Sábato. Iniciação do teatro. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985, p. 16. que as diferenças propiciam
compreender que há outras

SÃ G
soluções para a mesma
situação.
Ao redigir, o dramaturgo – autor de um texto dramático – elabora seu texto

ES DA
8. Acompanhar cada grupo
atento aos diferentes aspectos necessários à colocação em cena de sua história. e verificar como as vozes e
suas inflexões são realizadas.
Um deles é a construção dos diálogos (sempre apresentados em discurso di-

PR PE
Orientar para que, nessa
reto: as falas dos personagens são reproduzidas de maneira literal), pois, quando leitura, sejam mantidas as
intenções do autor – nesse
o texto for representado, será por meio deles que o público conhecerá tanto os caso, observar as rubricas.

IM ISE
personagens – quem são eles, que relações há entre eles e o que os caracteriza
– quanto os conflitos, as intrigas, os motivos que fazem com que a história se
Se possível, selecionar dois
ou três grupos e solicitar que
apresentem suas leituras para
desenvolva. todos/as colegas. Discutir
AL
as diferenças que possam
surgir. Discutir também se
Outro é a elaboração das rubricas – geralmente, registradas entre parênteses as leituras trouxeram novas
DO N

e em itálico –, por meio das quais o autor transmite as instruções que orientam o compreensões ao texto.
Dessa forma, o/a aluno/a se
diretor, os atores e as atrizes quanto à forma de colocar a história em cena. Dentre
A

prepara para a atividade de


elas, a ocupação do palco, os elementos cenográficos (o cenário); a sonoplastia síntese [individual] proposta
A
OI RA

a seguir.
(música e efeitos sonoros), detalhes de iluminação, o figurino (o vestuário dos
Quanto à redação da síntese,
personagens) e o modo de falar e a gestualidade dos personagens. Necessariamen- espera-se que seja produ-
te, o dramaturgo não coloca todas as rubricas em seu texto. Até porque, quanto
PR A

zido um texto dissertativo,


elaborado de forma a que os
menos rubricas houver, ou seja, menos instruções, maior liberdade terão o diretor,
LP

argumentos justifiquem as
BI

os atores e as atrizes para construir as cenas no momento da representação. ideias apresentadas.


IA

Gêneros dramáticos
ER

Tradicionalmente, com base em sua origem na Grécia Antiga, o texto dramá-


tico manifestava-se em duas formas: tragédia e comédia.
AT

• A tragédia diz respeito à elaboração de uma peça que busca seus temas
nas paixões humanas e nos conflitos provocados por ela. Na sua produ-
M

ção, em que predomina a presença de personagens nobres, o autor pre-


tende provocar comoção no público, por meio do terror ou da piedade,
levando-o a pensar em sua própria vida, em tentar compreender qual é o
sentido da vida.
• A comédia é a peça que aborda situações cotidianas, apresentando per-
sonagens (mais semelhantes aos seres reais) em ações viciosas e ridículas,
e, por meio do humor, tem a intenção de condenar tais comportamentos
inadequados.
185

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 185 25/08/2022 15:27:38


Além da tragédia e comédia, o texto dramático pode ser classificado em:
• Auto - é uma composição teatral surgida na Idade Média, na Espanha.
Geralmente é formado de um único ato, apresenta linguagem simples,
com elementos cômicos e/ou intenção moralizadora.
• Farsa - pequena peça teatral, caracterizada por caricaturas e estereótipos,
que criticam a sociedade e seus hábitos.

A,
• Drama – em que predomina a abordagem de assuntos mais sérios. Já,

IC
quando o drama é por demais sentimental, denomina-se melodrama.

O ÓG
• Tragicomédia – são abordados temas mais densos (mortes, violência, pai-
xões), mas entremeados por situações engraçadas.

SÃ G
• Musical – nele, além das falas convencionais, os personagens apresentam
diálogos “musicados” e, muitas vezes, durante esses diálogos, a represen-

ES DA
tação é coreografada à semelhança de um espetáculo de dança. Geralmen-
te, aborda temas mais leves, pois o propósito maior é o entretenimento.

PR PE
1Pela rubrica, o Exemplos de texto dramático
IM ISE
autor orienta o
local em que a cena
acontece – mas não
Observe, no trecho abaixo, como são registrados os diálogos e as rubricas em um texto
dramático.
AL
dá detalhes de como
o cenário deve ser A PRIMEIRA VALSA [fragmentos]
construído. Informa Cena 3
DO N

também quais os
(Na casa de Rodrigo. Rodrigo bate à máquina em seu quarto, enquanto sua mãe
A

personagens que
atuam e o que estão vaga pela casa e fala.)
A
OI RA

fazendo MÃE – (Vagando pela casa)... Sempre quis que você casasse cedo. Seu pai era
contra homem casar cedo, mas eu sempre quis. Você está gostando dessa menina,
PR A

não é Rodrigo? Para de bater nessa máquina, o que você escreve tanto aí? Uma
carta?
LP

A resposta de
BI

Rodrigo indicia que RODRIGO – Uma estória.


ele é um escritor.
IA

MÃE – Estória sobre o quê?


RODRIGO – Dizem que durante os incêndios das florestas, os grilos giram ao
ER

redor das chamas. Não conseguem sair dali, atraídos pela luz. Aproximam-se cada
vez mais e morrem queimados. Sobre isso.
AT

MÃE – (Indo deitar.) – Se eu fosse homem, tinha cursado engenharia. Se você


quiser ver eu me divertindo, me dá uma planta pra modificar. Quando seu pai armou
M

Nesta fala da Mãe, é


aquela incorporação, quem fez a planta fui eu, aquele engenheiro não valia nada...
possível saber que
ela é viúva e que RODRIGO – Mãe, deixa eu escrever.
Rodrigo estava com
cinco anos quando
MÃE – Você pensa que eu quero você pra mim, pra eu não ficar sozinha. Bobagem...
seu pai morreu. se tem uma coisa que eu sei, é ficar sozinha. Teu pai era muito safado, com aquela
cara de inocente. Mas tinha bom coração. Por isso a doença pegou ele tão cedo,
você com 5 anos! Cuidado com a vida, Rodrigo! Às vezes ela faz umas com a
gente, que só vendo...

186

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 186 25/08/2022 15:27:38


Cena 4
Pela rubrica, o autor
(Numa rápida reversão de luz. A cena agora se passa num outro dia, embora no indica que, somente
mesmo lugar: casa de Rodrigo quando Rodrigo levou Adriana à sua casa, pela pelo efeito de luz,
primeira vez, para conhecer sua mãe. Adriana invade a cena.) houve uma mudança
de tempo. O local é
RODRIGO – Mãe, essa é Adriana. o mesmo da cena
ADRIANA – Muito prazer. anterior e introduz

A,
Adriana.
MÃE – Desculpe os trajes. Eu já disse a Rodrigo pra não trazer ninguém sem me

IC
avisar, estou dando um jeito na casa. Desculpe, minha filha, não é contigo não. A fala da Mãe
ADRIANA – Nós podemos voltar outra hora. indicia que ela está

O ÓG
usando roupas não
MÃE – Já que veio, fique. Ele não me fala de você. Tem um café na cozinha, quer? adequadas para
ADRIANA – Não se incomode. receber Adriana.

SÃ G
Porém, observe
MÃE – O Bastos do seu sobrenome é o do cartório?

ES DA
que o autor preferiu
ADRIANA – Meu avô paterno teve um cartório. Não pertence mais à família. não colocar rubrica
orientando de que

PR PE
MÃE – Pena. Sempre quis que Rodrigo cursasse direito, é a melhor profissão. Mas forma ela deveria
ele preferiu engenharia. estar vestida nessa
cena.
RODRIGO ADULTO – (Off, narrando, enquanto a cena se modifica) ... minha
IM ISE
mãe morreu bem idosa, quase noventa. Ela resistiu, era forte. Sempre foi uma
pessoa egocêntrica. Talvez por isso, em seus últimos anos foi perdendo a memória, A fala da Mãe indicia
que ela dá pouca
o sentido das coisas, até não me reconhecer mais. Um dia avançou para mim e me
AL
atenção a Adriana.
mordeu! Ficou louca, minha mãe velhinha! No final, vivia num mundo só dela,
Aliás, observe que
onde ninguém penetrava, uma outra realidade. Foi essa a última concretude que
DO N

o diálogo entre elas


minha mãe me ensinou, que existem mesmo outras realidades. Hoje não posso parece ser tenso
A

entender por que brigávamos tanto, por que cismei que ela me fazia tanto mal. desde o começo.
Bobagens da vida. Hoje sinto saudades, muitas, saudades de filho, só isso. Sei que
A
OI RA

é lugar-comum.
A rubrica orienta
OLIVEIRA, Domingos. A primeira valsa. In ______. Domingos Oliveira. que a narração de
PR A

São Paulo: Global, 2004, p. 133-135 – Coleção melhor teatro. Rodrigo Adulto é
feita em off, isto é,
LP

BI

o público não verá


esse personagem
Como você pôde observar, neste trecho de Domingos Oliveira, há a presença
IA

em cena. Nesse caso,


de um narrador (Rodrigo Adulto). Embora não seja comum, por vezes, o autor a narração poderá
constrói seu texto dramático de maneira que a história seja conduzida por um ser ouvida a partir
ER

narrador. No caso da peça de Domingos Oliveira, esse narrador contará partes de uma gravação ou
da história sempre em off. de um ator que está
AT

fora do palco. Outro


Observe a seguir, nos trechos da peça Auto da Compadecida, que seu autor, detalhe importante:
Ariano Suassuna, construiu um personagem que ocupa o palco e se dirige ao o personagem é
M

público como se fosse um mestre de cerimônia. Esse personagem (Palhaço), por Rodrigo, mas em
outro momento de
vezes, substitui as rubricas; outras, narra pequenas partes da história. Observe sua vida: Rodrigo,
alguns trechos que apresentam a intervenção do Palhaço. agora adulto, sua
mãe já morreu, e ele
fala da relação que
mantinha com ela.

187

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 187 25/08/2022 15:27:38


TRECHO 1
PALHAÇO
O distinto público imagine à sua direita uma igreja, da qual o centro do palco será
o pátio. A saída para a rua é à sua esquerda. O resto é com os atores.
TRECHO 2

A,
PALHAÇO
Muito bem, muito bem, muito bem! Assim se conseguem as coisas neste mundo, E

IC
agora, enquanto Xaréu se enterra “em latim”, imaginemos o que se passa na cidade.
Antônio Moraes saiu furioso com o padre e acaba de ter uma longa conferência

O ÓG
com o bispo a esse respeito. Este, que está inspecionando sua diocese, tem que
atender a inúmeras conveniências. Em primeiro lugar, não pode desprestigiar a
igreja, que o padre, afinal de contas, representa na paróquia. Mas tem que pensar

SÃ G
também em certas conjunturas e transigências, pois Antônio Moraes é dono de

ES DA
todas as minas da região e é um homem poderoso, tendo enriquecido fortemente o
patrimônio que herdou, e que já era grande, durante a guerra, em que o comércio
de minérios esteve no auge. De modo que lá vem o bispo. Peço todo o silêncio e

PR PE
respeito do auditório, porque a grande figura que se aproxima é, além de bispo, um
grande administrador e político. Sou o primeiro a me curvar diante deste grande

IM ISE príncipe da Igreja, prestando-lhe minhas mais carinhosas homenagens.


TRECHO 3
AL
PALHAÇO
entrando
DO N

Aqui, sinto interromper a conversa de dois atores tão importantes, mas é preciso
A

arrumar novamente a cena para o enterro de João. Estamos novamente na terra.


Levem seus tronos, por favor, enquanto se ajeita o resto do cenário e o espetáculo
A
OI RA

continua. (Depois da saída dos dois atores.) Chicó arranjou uma rede e colocou nela
o corpo do amigo. Vamos enterrá-lo, ele e eu. Vai começar o quadro final da peça.
PR A

TRECHO 4
LP

BI

PALHAÇO
A história da Compadecida termina aqui. Para encerrá-la, nada melhor do que o
IA

verso com que acaba um dos romances populares em que ela se baseou:
Meu verso acabou-se agora,
ER

minha história verdadeira.


AT

Toda vez que eu canto ele,


vêm dez mil-réis pra a algibeira.
M

Hoje estou dando por cinco,


talvez não ache quem queira.
E, se não há quem queira pagar, peço pelo menos uma recompensa que não custa
nada e é sempre eficiente: seu aplauso.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 35. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2005. p. 173.

188

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 188 25/08/2022 15:27:38


Para compor seu texto, Ariano Suassuna utilizou, como fonte, histórias tra-
dicionais nordestinas e folhetos da literatura de cordel. Quanto à estrutura, as
cenas evoluem como que representadas em um circo. Além de ter recorrido a um
gênero próprio da Idade Média: o auto.

A,
APLICAÇÃO

IC
O ÓG
1. Apresentam-se, a seguir, duas cenas de um texto dramático es-
crito por Artur Azevedo. Trata-se de O mambembe, peça repre-
sentada pela primeira vez no ano de 1904, no Rio de Janeiro.

SÃ G
Leia-as e responda as questões propostas:

ES DA
O MAMBEMBE

PR PE
Ato primeiro
Quadro 1
IM ISE (Sala de um plano só em casa de dona Rita. Ao fundo, duas janelas pin-
tadas. Porta à esquerda dando para a rua, e porta à direita dando para
AL
o interior da casa.)
Cena I
DO N

MALAQUIAS, moleque, depois EDUARDO


A
A

(Ao levantar o pano, a cena está vazia. Batem à porta da esquerda.)


OI RA

MALAQUIAS (Entrando da direita.) - Quem será tão cedo? Ainda não


deu oito horas! (Vai abrir a porta da esquerda.) Ah! é seu Eduardo!
PR A
LP

EDUARDO (Entrando pela esquerda.) - Adeus, Malaquias. Quedê dona


BI

Rita? Já está levantada?


IA

MALAQUIAS - Tá lá dentro, sim, sinhô.


EDUARDO - E dona Laudelina?
ER

MALAQUIAS - Inda tá drumindo, sim, sínhô.


AT

EDUARDO - Vai dizer a dona Rita que eu quero falar com ela.
MALAQUIAS - Sim, sinhô. (Puxando conversa.) Seu Eduardo onte tava
M

bom memo!
EDUARDO - Tu assististe ao espetáculo?
MALAQUIAS - Ora, eu não falho! Siá dona Rita não me leva, mas eu fujo
e vou. Fico no fundo espiando só!
EDUARDO - Gostas do teatro, hein?

189

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 189 25/08/2022 15:27:39


MALAQUIAS - Quem é que não gosta do que é bão? Que coisa bonita
quando seu Eduardo fingia que morreu quase no fim! Xi! Parecia que
tava morrendo memo. Só se via o branco do olho! E dona Laudelina
ajoelhada, abraçando seu Eduardo! Seu Eduardo tava morrendo, mas
tava gostando, não é, seu Eduardo?

A,
EDUARDO - Gostando, por quê? Cala-te!

IC
MALAQUIAS - Então Malaquia não sabe que seu Eduardo gosta de
dona Laudelina?

O ÓG
EDUARDO - E ela?... Gosta de mim?
MALAQUIAS - Eu acho que gosta... pelo meno não gosta de outro... eu

SÃ G
sou fino; se ela tivesse outro namorado, eu via logo. Aquele moço que

ES DA
mora ali no chalé azu, que diz que é guarda-livro, outro dia quis se en-
graçá com ela e ela bateu coa jinela na cara dele: pá... eu gostei memo
porque gosto de seu Eduardo, e sei que seu Eduardo gosta dela!

PR PE
EDUARDO - Toma lá quinhentos réis.

IM ISE MALAQUIAS - Ih! Obrigado, seu Eduardo. (Vai a sair pela direita. Entra
dona Rita.)
DONA RITA - Que ficaste fazendo aqui, moleque?
AL

MALAQUIAS - Nada, não, senhora; fui abri a porta a seu Eduardo e ia


DO N

dizê a vosmecê que ele tava aí.


A

DONA RITA - Vai acabar de lavar a louça, mas vê lá se me quebras al-


A

guma coisa. (A Eduardo.) Não se passa um dia que este capeta não me
OI RA

quebra um prato... um copo... uma xícara... Vai!


MALAQUIAS - Sim, senhora. (Sai pela direita.)
PR A
LP

Cena II
BI

EDUARDO, DONA RITA


IA

DONA RITA - Bom-dia. (Aperta-lhe a mão.) O senhor madrugou!


ER

EDUARDO - Diga antes: “O senhor não dormiu”, que diz a verdade. Ah,
dona Rita! Quem ama como eu amo não dorme!
AT

DONA RITA - Pois o senhor deve estar moído! Olhe que aquele papel de
Luís Fernandes não é graça! E o senhor representa ele com tanto calor!
M

EDUARDO - Porque o sinto, porque o vivo! O meu trabalho seria outro,


se outra fosse a morgadinha...
DONA RITA (Sorrindo.) - Acredito.

190

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 190 25/08/2022 15:27:40


EDUARDO - Mas a morgadinha é ela, é dona Laudelina, sua afilhada,
sua filha de criação, que “eu amo cada vez mais com um amor ardente,
louco, dilacerante, ó Cristo, ó Deus!”
DONA RITA - Esse pedacinho é da peça.
EDUARDO - É da peça, mas adapta-se perfeitamente à minha situação!

A,
“Sempre, sempre esta visão fatal a perseguir-me! No sonho, na vigília,

IC
em toda a parte a vejo, a sigo, a adoro! Como me entrou no coração este
amor, que não posso arrancar sem arrancar o coração e a vida?” Tudo

O ÓG
isto é da peça, mas vem ao pintar da faneca.
[...]

SÃ G
DONA RITA - Acalme-se, seu Eduardo, o senhor não está em si. Vamos,

ES DA
sente-se nesta cadeira e me diga qual o motivo da sua visita à hora em
que não costuma entrar nesta casa outro homem senão o do lixo. (Sen-
tam-se ambos.)

PR PE
EDUARDO - Pois não adivinha o que aqui me trouxe? O meu amor! Se
vim tão cedo, foi porque tinha a certeza de que dona Laudelina ainda
IM ISE estava recolhida ao seu quarto.
DONA RITA - Naturalmente; o papel da morgadinha também é muito
AL
fatigante, e Laudelina é uma amadora: não é uma atriz, não se sabe pou-
par, como bem disse ontem o Frazão.
DO N

EDUARDO - Mas a senhora também representou a morgada, e aí está


A

fresca e bem disposta.


A
OI RA

DONA RITA - Oh! O papel da morgada é um papel de dizer... Eu faço


ele com uma perna às costas... Ah, se o senhor me visse na Nova Castro,
quando meu marido era vivo e eu tinha menos quinze anos!
PR A
LP

EDUARDO - A senhora é uma das mais distintas amadoras do Rio de


BI

Janeiro.
IA

DONA RITA - Obrigada. O teatro foi sempre a minha paixão... o teatro


particular, bem entendido, porque na nossa terra ainda há certa preven-
ER

ção contra as artistas.


EDUARDO - O preconceito...
AT

DONA RITA - Como o senhor sabe, Laudelina é órfã de pai e mãe... não
M

tem parentes nem aderentes... veio para a minha companhia assinzi-


nha, e fui eu que eduquei ela. Quando descobri que a pequena tinha
tanta queda para o teatro, fiquei contente, e consenti, com muito pra-
zer, que ela fizesse parte do Grêmio Dramático Familiar de Catumbi, sob

191

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 191 25/08/2022 15:27:40


condição de só entrar nas peças em que também eu entrasse. Mas lhe
confesso, seu Eduardo, que tenho os meus receios de que ela pretenda
seriamente abraçar a carreira teatral...
EDUARDO - Sim... aquele fogo... aquele entusiasmo... aquele talento in-
quietam...

A,
DONA RITA - O senhor queixa-se de que ela não faz caso do senhor...

IC
EDUARDO - Não! Não é disso que me queixo; sim, porque, afinal, não
posso dizer que ela não faça caso de mim... Mas não é franca, de modo

O ÓG
que não sei se sou ou não correspondido, e é esta incerteza que me
acabrunha!

SÃ G
DONA RITA - É que Laudelina, por enquanto, só tem um namorado: o

ES DA
teatro; só tem uma paixão: a arte dramática. Ah! Mas eu sei o que devo
fazer...

PR PE
EDUARDO - Que é?
DONA RITA - Afastar-nos completamente do Grêmio Dramático Fa-

IM ISE miliar de Catumbi. Se preciso for, mudar-nos-emos para outro bairro, e


adeus teatrinho!
EDUARDO - Mas há teatrinho em todos os bairros!
AL

DONA RITA - Sempre há de haver algum em que não haja. Verá então
DO N

que, afastada desse divertimento, ela olhará para o senhor com outros
olhos, porque, francamente, seu Eduardo, eu bem desejava que o se-
A

nhor se casasse com ela.


A
OI RA

EDUARDO - Ah!
DONA RITA - Onde poderá Laudelina encontrar melhor marido? O se-
PR A

nhor, não é por estar em sua presença, é um moço de boa família, esti-
LP

BI

ma ela deveras e tem um bom emprego.


EDUARDO - Obrigado, dona Rita! As suas palavras enchem-me de es-
IA

perança e alegria! Peço-lhe que advogue a minha causa. Foi só para fa-
zer-lhe este pedido que vim à sua casa à hora do homem do lixo.
ER

DONA RITA - Já tenho falado a ela muitas vezes no senhor. Não posso
AT

obrigar ela, mesmo porque já é maior... mas prometo empregar toda a


minha autoridade de mãe adotiva para convencê-la de que deve ser sua
M

esposa. (Levanta-se.)
EDUARDO (Levantando-se.) - A senhora é o meu bom anjo! Quero bei-
jar-lhe as mãos, e de joelhos!... (Ajoelha-se diante de dona Rita.)

AZEVEDO, Artur. O mambembe. In _____ Melhor Teatro: Artur


Azevedo. São Paulo: Global, 2008, p. 158-163. Coleção Melhor teatro.

192

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 192 25/08/2022 15:27:41


a) Espera-se que o/a aluno/a apresente uma resposta que concorde com a afirmação, uma vez que, exceto pelas rubricas que orientam alguns des-
locamentos dos personagens e as entonações de algumas falas, não referências ao cenário, aos figurinos e à iluminação. Isso permite que o diretor
possa “preencher” essas lacunas com liberdade, mantendo, contudo, coerência com as características dos personagens e da história.
a) Observando-se as rubricas colocadas pelo autor é possível afirmar-se c) Malaquias revela ser
um garoto ágil e esperto.
que, se este texto fosse levado ao teatro, seu diretor teria liberdade de Atento aos comportamentos
ação. Você concorda com esta afirmação? Justifique sua resposta. e sentimentos de outras
pessoas. Apresenta uma fala
b) Como você descreveria, fisicamente, cada um dos personagens que espontânea e própria de sua
b) O autor não coloca nenhuma característica física. Pode-se observar, condição social. Gosta de
atuam nas duas cenas? entretanto, que os três podem ser vistos de forma estereotipada. assistir às peças de teatro.
Malaquias é o mais jovem dos três personagens. Ele é identificado como “moleque” Eduardo é um típico persona-
MALAQUIAS

A,
– sem conotação pejorativa – numa referência de que, talvez, seja um adolescente. gem romântico. Tem uma fala
Pela época em que o texto foi elaborado [1904], bem como pela sua fala peculiar, é mais formal. Parece muito
EDUARDO provável que ele seja visto como um pequeno garoto negro.

IC
decidido a alcançar seus ob-
DONA RITA Já Eduardo é jovem, idade entre 22 e 25 anos, provavelmente. Pela sua fala, por ser jetivos – tanto que se dá ao
ator e pelas evidências de que se trata do “galã”. trabalho de chegar bem cedo

O ÓG
c) Pelos diálogos, caracterize o comportamento de cada um dos persona- à casa de Dona Rita.
Dona Rita, em relação a
gens. E Dona Rita, a mais velha dos três, aparenta ter cerca de 50 anos. Já foi atriz e Malaquias, mostra-se autori-
representou importantes papéis femininos. tária. Esse traço também se

SÃ G
MALAQUIAS O/A aluno/a tem, então, liberdade para construir as características físicas de cada evidencia quando afirma que
um deles [Sugestão: se possível, solicitar que algum/a aluno/a desenhe esses per- poderá afastar Laudelina do

ES DA
EDUARDO sonagens e apresente para a sala]. Podem ser discutidas as diferentes concepções teatro para que esta, quem
e verificar que coincidências ocorreram. sabe, possa dar mais atenção
DONA RITA a Eduardo. Na relação com
Eduardo, mostra-se maternal

PR PE
e cúmplice das suas inten-
d) Ainda com base nos diálogos, como você compreende as relações que ções.
se estabelecem entre os personagens? d) Malaquias é o serviçal da

IM ISE
e) Nos diálogos, observa-se que um dos assuntos é o teatro. A que tipo de
teatro eles se referem? Justifique sua resposta com expressões presentes
casa. Uma vez que as ações
se passam em 1904, parece
que ele guarda certos resquí-
cios da época da escravidão:
AL
no texto. faz tudo na casa – atende à
porta, lava louças.
f) Em determinado momento, Dona Rita afirma haver preconceito em re- Eduardo é bem próximo de
DO N

Dona Rita. Tem intimidade


lação às artistas de teatro. Considerando a atualidade, você entende que com ela e permissão para
esse tipo de preconceito ainda está presente? Justifique sua resposta.
A

frequentar sua casa. Não tem


qualquer receio de revelar
A

g) Além do teatro, outro assunto diz respeito aos sentimentos amorosos de sua paixão a Dona Rita e as
OI RA

suas preocupações.
Eduardo. Dona Rita mantém uma
– Por quem ele é apaixonado? relação de “proprietária” de
PR A

Malaquias, é a dona da casa


– Que relação há entre a amada de Eduardo e Dona Rita? e não aceita que Malaquias
LP

BI

– Quanto a essa paixão, o que preocupa Eduardo? tenha muita intimidade com
as pessoas. Tanto que critica
– Como Dona Rita se posiciona quanto aos sentimentos amorosos de o fato de ele estar na sala
IA

Eduardo? conversando com Eduardo.


Também se revela íntima de
– Em sua opinião, Eduardo conseguirá realizar seu desejo de conquistar Eduardo.
ER

o amor de sua amada? Justifique sua opinião. e) O diálogo deixa evidente


teatro (amador ou não) e pedir que fale de suas atividades e de suas experiências para os/as colegas. Antecipando que se trata de teatro ama-
a questão posterior [preconceito], pedir que ele/ela diga se a família aceita ou não essa situação. dor. Dona Rita afirma que
AT

Laudelina não é uma atriz


Pode-se, ainda, verificar se existe algum grupo de teatro que atue no bairro ou na cidade.
– é uma amadora. Eduardo
f ) No texto, enfatiza-se que a mulher que se dedica ao teatro é vista com preconceito. Na atualidade, embora ainda afirma que Dona Rita é “uma
M

se veja a atividade teatral como algo não recomendável, esse preconceito é bem menor. Até porque, além do das mais distintas amadoras
teatro, o ator e a atriz podem trabalhar em cinema e na televisão. Esta, em especial pelas telenovelas, é responsável do Rio de Janeiro”. O nome
por dar maior destaque aos artistas. do grupo de teatro: Grêmio
Sugestão: propiciar uma discussão a partir da seguinte questão: Caso você quisesse fazer teatro, como sua família Dramático Familiar do Ca-
reagiria? tumbi. E mesmo a expressão
g) Laudelina. “teatrinho”, expressa a ideia
Laudelina é apresentada como filha adotiva de Dona Rita de se tratar de uma atividade
[...] Laudelina é órfã de pai e mãe [...] veio para a minha companhia assinzinha e fui eu que eduquei ela. menor.
[...] prometo empregar toda a minha autoridade de mãe adotiva [...] Sugestão: aproveitar esta
Eduardo percebe que Laudelina lhe dá atenção, porém não tem certeza de que ela lhe corresponda ao amor dele. questão para verificar se,
[...] não sei se sou ou não correspondido, e é esta incerteza que me acabrunha! na sala, algum/a aluno/a
Dona Rita elogia Eduardo e o tem em alta conta. Entende que ele é o marido ideal para Laudelina. Promete-lhe participa de algum grupo de
fazer todo o empenho para convencê-la a se casar com Eduardo.
A resposta é livre. Porém, conforme o conhecimento de cada aluno/a, é possível que boa parte responda afirmati-
vamente, prevalecendo a ideia de que o texto deva ter um “final feliz”. Tanto a fala de Malaquias, quanto a de Dona
193
Rita revelam que há uma expectativa de que Eduardo se case com Laudelina. Aliás, a fala de Malaquias apresenta
de forma clara que Laudelina também gosta de Eduardo.

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 193 25/08/2022 15:27:41


Esta proposta tem a finalidade de, exercitar a produção de um pequeno texto dramático, vivenciar alguns aspectos de sua encenação e perceber as
diferenças existentes entre o texto e a sua representação.

Enfatizar que, na construção

PRODUÇÃO DE TEXTO
do texto, seja apresentada
uma história e que ela se dê a
conhecer por meio das ações
e dos diálogos dos persona-
gens.
Orientar para que façam as Festival de peças curtas
rubricas necessárias.
Como sugestão para a
Atividade em grupo

A,
elaboração do texto, pode-se
indicar a adaptação de um
a) Reúna-se em grupo.

IC
pequeno conto ou de uma
letra de música. Notícias de b) Produzam um texto dramático que, colocado em cena, tenha a duração
jornal também podem forne- de, aproximadamente, quinze minutos.

O ÓG
cer temas e material para a
produção do texto. c) Posteriormente, preparem a apresentação desse texto: discutam que
Durante a preparação e os
elementos de cenário deverão ser utilizados; definam os figurinos, os

SÃ G
ensaios, acompanhar cada
grupo, observando se há coe- elementos sonoros (ruídos, música).

ES DA
rência entre a forma de repre-
sentar e a história. Apresentar d) Realizem alguns ensaios.
sugestões que solucionem
possíveis problemas. e) Durante a preparação e os ensaios, o texto poderá ser alterado de manei-

PR PE
Orientar para que os grupos ra a que ele fique mais adequado para sua apresentação.
não façam gastos desneces-
sários, construindo cenários f) Por fim, realizem o Festival de peças curtas, em que cada grupo apresen-
IM ISE
com materiais reciclados
ou aproveitando objetos
disponíveis na escola em suas
residências. O mesmo vale
ta sua peça para os/as colegas.
Atividade individual
AL
para a definição dos figuri-
nos. Quanto à sonoplastia, Depois da apresentação de todas as peças:
se possível, orientar para
1. Elabore um texto, comentando o trabalho realizado pelo seu grupo. Como
DO N

que tudo seja feito pelos/as


próprios/as alunos/as.
você avalia todo o processo de elaboração do texto, preparação e ensaios da
A

Se houver um espaço próprio


para a realização do Festival peça e a apresentação?
A
OI RA

de peças curtas (teatro,


auditório, uma sala maior), 2. Dentre as peças apresentadas, de qual delas você mais gostou? Elabore um
reservá-lo com antecedência.
Além disso, fazer com que os
pequeno texto dissertativo, justificando sua escolha.
PR A

grupos conheçam previa-


mente esse espaço e que 1. Nesta atividade, propicia-se um instante de reflexão quanto ao processo de elaboração do texto dramático, sua
LP

BI

possam fazer, ao menos, um preparação e sua apresentação. O importante é que sejam apontadas as dificuldades que surgiram e como foram
ensaio nesse local. Evitar que solucionadas. Apresentar, ainda, os aspectos positivos e os negativos que puderam ser observados, identificando
o Festival se realize em espa- que ações os provocaram.
IA

ço aberto [quadra, pátio]. 2. Antes de realizar o Festival, cada aluno/a poderá receber um pequeno roteiro do que pode ser observado em
Incentivar que os/as alunos/ cada peça. Por exemplo:
ER

as convidem familiares para • Atuação dos atores e das atrizes


assistir às apresentações.
• Cenário
Convidar também alunos/as
de outras salas, bem como • Figurinos
AT

professores e professoras e • Iluminação [se foi possível utilizá-la]


demais profissionais da es- • As ações dos personagens e seus diálogos
cola. Dessa forma, o Festival
M

ganhará maior significação e • A história


mais incentivo à participação • A solução
dos/das alunos/as. Dessa forma, quando da produção deste texto, o/a aluno/a teria elementos para justificar a sua escolha.
Na prática, este texto terá um formato próximo ao de uma crítica teatral, conforme se faz em jornais e/ou revistas.
Ao final, pode-se verificar que peça teve maior aceitação e discutir que aspectos foram relevantes para que esse
trabalho tivesse maior destaque. É muito significativo que a discussão dê ênfase às ações e decisões que trouxeram
soluções e que elas sejam socializadas de modo a que possam ser empregadas em outros momentos.

194

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 194 25/08/2022 15:27:41


O ASSUNTO É:

CARTA 13

A,
IC
REFLEXÃO

O ÓG
SÃ G
Leia os textos e responda às questões:

ES DA
TEXTO 1

PR PE
Carta aberta de amor
IM ISE
despudorado
AL

José Roberto Torero


DO N

Volte, Róbson, que é tempo, volte a sorrir, a ouvir a torcida gritando seu nome,
A

volte para o Santos, volte a ser Robinho!


A
OI RA

POR QUE você não volta para mim? Por que você não volta para nós? Eu sei que
você está infeliz nesta sua nova vida. Volta. Eu vou lhe receber de braços abertos.
PR A

Sim, você me abandonou, me trocou por outro mais rico, mais bonito, mas eu não
tenho mágoa. O verdadeiro amor perdoa. O verdadeiro amor não tem orgulho.
LP

BI

O verdadeiro amor não tem honra, decência nem pudor. O verdadeiro amor se
ajoelha, agarra joelhos, chora e implora. Eu não quero dignidade, só quero você
IA

de volta. Só quero que você me faça chorar de vez em quando. De alegria ou de


tristeza, tanto faz, desde que você esteja aqui. O que adianta você ficar aí na sua
ER

mansão, com seu carro importado, se você está triste? O que adianta ficar longe
de mim se você não faz o que gosta, se não faz mais o que eu gostaria que você
fizesse? Deixa de bobagem e volta para casa.
AT

E daí que eu não sou rico? Aqui tem mar, aí não tem. Aqui você é amado, aí não
é. Aqui eu e todos ficamos à sua volta, aí nem ligam para você. É melhor o meu
M

copo de requeijão do que as taças de cristais daí. É melhor o meu fusca do que o
Mercedes dele. É melhor o nosso sambinha em caixa de fósforo do que qualquer
dessas sinfônicas que tem por essas bandas. Eu sei que você seria mais feliz do
meu lado, do nosso lado.
Deixa de bobagem e volta para cá. Nas fotos que saem nos jornais, eu não vejo
mais você sorrindo. E você sabia rir tão bem... Lembra de quantas risadas você
dava aqui? Aposto que lembra. E também por se lembrar delas é que você é infeliz

195

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 195 25/08/2022 15:27:43


aí. Fala a verdade: você já teve momentos felizes aí como teve aqui? Fala! Diz para
mim! Aposto que não. E a gente ainda pode ter muitos momentos como os que já
tivemos. Muitos! Mas aí, com esse outro...
Duvido! Aí vai ser só cenho franzido e siso. Aqui é só gargalhada e riso. Pense
bem: para que perder a sua juventude longe de mim? E depois eu vou lembrar de
quê? Você vai se lembrar de quê? Eu sonhava com uma velhice em que nós dois

A,
lembraríamos os momentos maravilhosos que passamos juntos. Mas agora não
teremos mais esses momentos. Você está jogando fora nosso futuro. Volta, antes

IC
que seja tarde.

O ÓG
Muita gente cochicha em seu ouvido que o certo é ficar longe de mim, porque eu
sou pobre e moro numa cidadezinha à beira-mar. Mas essa gente não vai lembrar
de você para sempre. Eu vou.

SÃ G
Deixa de ser bobo e volta, Róbson. Volta a ser Robinho.

ES DA
Deixe esse Real Madrid e venha para o Santos, para os santistas, para os
brasileiros. Sim, eu sei, você vai ter que se contentar com um salário menor,

PR PE
mas dá para viver com R$ 500 mil (eu imagino). É claro que nas europas você
ganha mais que o dobro, mas e daí? Você nunca vai conseguir gastar tudo mesmo.
Lembra da torcida gritando seu nome quando você ainda estava no vestiário? Eu
IM ISE sei que lembra. Quando eu o entrevistei na Copa, seus olhos brilharam quando
você me contou isso. Lembra dos dribles em cima do Rogério? Das vitórias sobre
o Corinthians?
AL

Aqui você foi campeão, foi levantado nos ombros da torcida, enrolou-se na
bandeira do time, foi um deus. Aí, foi reserva. Um deus não pode se sentar no
DO N

banco de reserva, mesmo que ele seja coberto com couro de antílope e forrado com
A

penas de ganso. O seu lugar é correndo pelo gramado.


A
OI RA

Você vai ter mais uns dez anos de carreira. E vai lembrar desses dez anos por toda
a vida. E lembrarão, ou esquecerão, de você por conta destes dez anos. É a sua
eternidade que está em jogo. Você foi para Madri porque queria ser o melhor do
PR A

mundo. Aqui o pessoal já acha você o melhor do universo. Volta Róbson, volta a
LP

ser Robinho!
BI
IA

TORERO, José Roberto. Carta aberta de amor despudorado. Folha de S.


Paulo, 15 de fevereiro de 2007. Disponível em: <http://www1.folha.uol.
ER

com.br/fsp/esporte/fk1502200711.htm>. Acesso em: 9 jul. 2017.


AT
M

196

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 196 25/08/2022 15:27:43


TEXTO 2

Carta à redação da Imprensa Acadêmica

Corte, 21 ago. 1864.

A,
Meus bons amigos: — Um cantinho em vosso jornal para responder duas palavras
ao Sr. Sílvio-Silvis, folhetinista do Correio Paulistano, a respeito da minha comédia

IC
o Caminho da Porta.

O ÓG
Não é uma questão da susceptibilidade literária, é uma questão de probidade.
Está longe de mim a intenção de estranhar a liberdade da crítica, e ainda menos a de
atribuir à minha comédia um merecimento de tal ordem que se lhe não possam fazer

SÃ G
duas observações. Pelo contrário eu não ligo ao Caminho da Porta outro valor mais

ES DA
que o de um trabalho rapidamente escrito, como um ensaio para entrar no teatro.
Sendo assim, não me proponho a provar que haja na minha comédia — verdade,
razão e sentimento, cumprindo-me apenas declarar que eu não tive em vista

PR PE
comover os espectadores, como não pretendeu fazê-lo, salva a comparação, o autor
da Escola das Mulheres.

IM ISE
Tampouco me ocuparei com a deplorável confusão que o Sr. Sílvio-Silvis faz
entre a verdade e a verossimilhança; dizendo: “Verdade não tem a peça que até é
inverossímil.” — Boileau, autor de uma arte poética que eu recomendo à atenção do
AL

Sílvio-Silvis, escreveu esta regra: Le vrai peut quelquefois n’être pás vraisemblable1.
O que me obriga a tomar a pena é a insinuação do furto literário, que me parece
DO N

fazer o Sr. Sílvio-Silvis, censura séria que não pode ser feita sem que se aduzam
A

provas. Que a minha peça tenha uma fisionomia comum a muitas outras do mesmo
A

gênero, e que, sob este ponto de vista, não possa pretender uma originalidade
OI RA

perfeita, isso acredito eu; mas que eu tenha copiado e assinado uma obra alheia, eis
o que eu contesto e nego redondamente.
PR A

Se, por efeito de uma nova confusão, tão deplorável como a outra, o Sr. Sílvio- Silvis
LP

chama furto à circunstância a que aludi acima, fica o dito por não dito, sem que eu
BI

agradeça a novidade. Quintino Bocaiúva, com a sua frase culta e elevada, já me


havia escrito: “As tuas duas peças, modeladas ao gosto dos provérbios franceses,
IA

não revelam mais do que a maravilhosa aptidão do teu espírito, a própria riqueza do
teu estilo.” E em outro lugar: “O que te peço é que apresentes neste mesmo gênero
ER

algum trabalho mais sério, mais novo, mais original, mais completo.”
É de crer que o Sr. Sílvio-Silvis se explique cabalmente no próximo folhetim.
AT

Se eu insisto nesta exigência não é para me justificar perante os meus amigos,


pessoais ou literários, porque esses, com certeza, julgam-me incapaz de uma má ação
M

literária. Não é também para desarmar alguns inimigos que tenha aqui, apesar de
muito obscuro, porque eu me importo mediocremente com o juízo desses senhores.
Insisto em consideração ao público em geral.
Não terminarei sem deixar consignado todo o meu reconhecimento pelo agasalho
que a minha peça obteve da parte dos distintos acadêmicos e do público paulistano.
Folgo de ver nos aplausos dos primeiros uma animação dos soldados da pena aos
ensaios do recruta inexperiente.
1 A verdade, às vezes, pode ser improvável (tradução do editor).
197

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 197 25/08/2022 15:27:43


1. O texto de José Roberto Torero foi produzido para ser publicado em um jornal. Nesse caso, informar que o autor é colunista da Folha de S. Paulo
(verificar se na época em que estiver utilizando este texto, Torero ainda escreve nesse jornal) e semanalmente escreve uma crônica sobre esporte,
quase sempre sobre futebol. Torcedor do Santos F.C., com frequência aborda temas referentes a esse clube.
Já o de Machado de Assis
é uma carta propriamente Nesse conceito de aplausos lisonjeia-me ver figurar a Imprensa Acadêmica e, com
dita. Nesse caso, não se trata
exatamente de título, mas ela, um dos seus mais amenos e talentosos folhetinistas.
de uma identificação. Como
Machado de Assis produziu Reitero, meus bons amigos, os protestos da minha estima e admiração.
diferentes obras literárias e
grande quantidade de textos, Machado de Assis.
quando da publicação de

A,
coletâneas de seus textos,
torna-se necessário identifi- MACHADO DE ASSIS. Carta à Redação da Folha Acadêmica. In: _____.
car a produção não literária.

IC
Obra Completa, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994. Publicado
2. Há cartas públicas e carta originalmente na Imprensa acadêmica, Rio de Janeiro, 28/08/1864.
pessoais. É comum utilizar a

O ÓG
expressão aberta para qualifi-
car uma carta pessoal que se 1. Embora os dois textos sejam cartas, por que ambos apresentam título?
torna pública – exatamente
porque interessa ao emissor 2. Por que José Roberto Torero classifica sua carta como aberta?

SÃ G
que muitos conheçam o seu
teor. É o que ocorre nesse 3. Em que cidade estava Machado de Assis quando escreveu sua carta? Justifique.

ES DA
texto. Torero faz quase que
uma súplica a Robinho, ao 4. A quem a primeira carta é dirigida? E a segunda?
torná-la pública, não somen-

PR PE
te expressa o seu sentimento
como também pode deixar o
5. Quais as relações existentes entre os autores das cartas e os destinatários?
destinatário comprometido
em dar uma resposta tam-
6. Com que finalidade cada uma das cartas foi escrita?
bém pública.
IM ISE
3. Atentar para a palavra Cor-
te no início da carta. Trata-se
da cidade do Rio de Janeiro,
7. Cite as principais diferenças de estilo e linguagem entre as duas cartas.
8. As duas cartas poderiam ter sido escritas no mesmo estilo e linguagem? Jus-
AL
capital do Império naquela tifique sua resposta.
época.
4. A primeira carta é dirigida
DO N

ao jogador de futebol
Robinho e, a segunda, ao DA TEORIA À PRÁTICA
A

folhetinista Silvio-Silvis por


A

meio da redação do jornal


OI RA

Imprensa Acadêmica.
5. A relação entre Torero e A carta é um instrumento de comunicação em que diversos gêneros podem
Robinho é a de um torcedor
estar presentes: descrição, narração, argumentação, protesto, confidência. Como
PR A

de futebol apaixonado que se


dirige ao seu ídolo, suplican- você viu nos textos, a estrutura, o estilo e a linguagem de uma carta variam con-
LP

BI

do pelo seu retorno ao time


do Santos. Portanto uma forme o destinatário, o assunto e a finalidade.
relação que, por isso, faz com
O estilo poderá ser mais ou menos formal, a linguagem poderá ser culta ou
IA

que o autor se sinta próximo


a Robinho. coloquial, pessoal ou impessoal, objetiva ou subjetiva. E a estrutura poderá obe-
A relação de Machado de
decer a um modelo mais rígido ou mais livre.
ER

Assis com Silvio-Silvis é mais


distante: é a do escritor com
um crítico do seu trabalho. Para entender como o destinatário e a finalidade, ou motivação, da carta
AT

6. A primeira carta foi escrita definem como ela vai ser elaborada, vamos observar três exemplos: a carta argu-
com a finalidade de pedir que mentativa, a carta comercial e a carta pessoal.
o jogador Robinho volte ao
M

Brasil, onde ele pode apre-


sentar seu melhor futebol e
ser mais feliz. Já a segunda 1. Carta argumentativa
carta foi escrita por Machado
de Assis com a finalidade de A estrutura da carta argumentativa guarda semelhança com a dissertação.
responder a uma crítica (que
Machado considerou injusta)
Assim, ela apresenta um tema, um ponto de vista que será exposto; um encadea-
feita por Silvio-Silvis à peça mento de argumentos – que precisam ser bem embasados para dar sustentação
“Caminho da porta”.
ao ponto de vista.

198

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 198 25/08/2022 15:27:44


Os elementos que vão diferenciar a carta argumentativa da dissertação tradi- 7. A primeira carta tem um
tom de informalidade e
cional são os seguintes: descontração, criado pela in-
timidade com que o autor se
• cabeçalho com a cidade e a data, separados por vírgula; dirige ao destinatário, numa
linguagem muito mais pró-
• vocativo dirigindo-se ao interlocutor, de acordo com a relação entre ele e xima do registro coloquial.
Já a segunda carta tem um
o autor: Prezado Senhor, Excelentíssima Senhora, etc. Diferentemente da tom formal, pois não há uma
dissertação tradicional, em que o autor não se dirige a alguém específico,

A,
relação de intimidade entre
o autor e o destinatário; e a
na carta argumentativa o leitor aparece, já que o autor da carta está se di- linguagem utilizada é culta e

IC
rigindo a um destinatário determinado; polida, de caráter acadêmico.
Todavia é possível notar que
• cumprimento final, expressando gentileza: atenciosamente, cordialmente etc.;

O ÓG
Machado “disfarça” essa poli-
dez por meio de expressões
• assinatura. irônicas.
8. Atenção: Orientar o/a alu-

SÃ G
Quanto ao estilo e à linguagem, a carta argumentativa poderá ser no/a a elaborar sua resposta
levando em consideração

ES DA
• mais formal quando a relação entre emissor e destinatário for mais distante, a proximidade e a distância
que existe entre emissor e
sendo empregada uma linguagem objetiva e mais próxima do registro culto; destinatário de cada carta.

PR PE
Assim, as duas cartas não po-
• ou mais informal quando as pessoas envolvidas são mais próximas. Nesse deriam ter sido escritas com
caso, a linguagem ganhará subjetividade e mesmo a estrutura da carta o mesmo estilo e linguagem,
pois as relações entre autores
poderá ser diferente.
IM ISE
A seguir, apresenta-se um exemplo da estrutura que forma o corpo de uma
carta argumentativa objetiva e formal. Ela foi elaborada por um candidato que
e destinatários e a finalidade
das cartas são muito dife-
rentes. Seria muito estranho
dirigir-se de maneira formal a
AL
um ídolo do futebol ou falar
participou do processo seletivo realizado pela Unicamp, em 2006. No exame ha- de maneira descontraída e
via a possibilidade de o candidato escolher se queria fazer uma dissertação, uma coloquial em um ambiente
DO N

acadêmico.
narração ou uma carta argumentativa. O candidato escolheu a carta, e para pro- Sugestão: poderia solicitar
A

duzir seu texto recebeu como base uma pequena antologia de textos e as seguin- que fossem produzidos
tes orientações: textos invertendo as caracte-
A
OI RA

rísticas de linguagem de cada


carta: a primeira – formal;
a segunda – informal. Ver e
Com o auxílio de elementos presentes na coletânea, trabalhe sua carta a discutir os resultados.
PR A

partir do seguinte recorte temático:


LP

BI

A atuação da sociedade civil, por meio de movimentos sociais ou ações


individuais, é fundamental para a gestão dos meios de transporte. Um estí-
IA

mulo para essa atuação são os canais de comunicação direta com os usuários,
criados por agências reguladoras de transporte.
ER

Instruções
AT

1. Selecione um problema relativo à segurança nas estradas.


2. Argumente no sentido de demonstrar como esse problema afeta os
M

usuários das rodovias.


3. Dirija sua carta a uma agência reguladora de rodovias, apresentando
uma reivindicação.
OBS.: Ao assinar a carta, use apenas suas iniciais, de modo a não se identificar.

199

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 199 25/08/2022 15:27:44


Leia a carta do candidato:

São Paulo, 20 de novembro de 2005


Senhor diretor-geral da Agência Nacional de Transporte Terrestre
Sou coordenador de uma transportadora nacional de comodities com sede nos
estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio de

A,
Janeiro. Minha empresa é tradicional e bem conhecida, chegando a transportar

IC
mais de dez mil toneladas de produtos agrícolas por mês. Meu contato com as
estradas do país é grande, fazendo-me conhecer o atual estado em que essas se

O ÓG
encontram. A grande maioria das rodovias estão sem manutenção há um bom tempo,
apresentando buracos, rachaduras, declives, ou não-apresentando acostamento e
postos policiais rodoviários. As rodovias de nosso país estão em estado lastimável.

SÃ G
Dirijo esta carta ao senhor porque sei do importante papel da ANTT frente à área

ES DA
de transportes. Tendo como principal objetivo a regulamentação dos transportes
rodoviários e outros, creio ser o senhor a melhor pessoa a quem devo remeter a
reivindicação de manutenção das rodovias e a construção de mais estradas. Espero

PR PE
convencê-lo de que algo deve ser feito a favor de minhas solicitações, com os
argumentos que irei expor ao longo dessa carta.

IM ISE Como trabalho diretamente com a produção agrícola brasileira para exportação,
tenho conhecimento de quanto se produz e quanto dessa produção se perde ao
longo do transporte dessa até os portos. Nada mais, nada menos que 3% de toda a
AL
safra brasileira se extravia no trajeto. Aparentemente é uma porcentagem pequena,
porém, em números absolutos é uma quantidade bastante grande, já que estamos
DO N

falando de uma produção anual de bilhões de toneladas. E esse desperdício não


é devido, em sua maioria, às condições dos veículos transportadores ou ao mau
A

acondicionamento da carga, mas sim às precárias condições das estradas. Buracos


A

enormes, rachaduras gigantescas, declives, acostamentos precários ou a não


OI RA

presença dos mesmos e asfaltos de má qualidade são as maiores causas do atraso


nos transportes e da perda de grandes quantidades de produtos.
PR A

O agronegócio corresponde a mais de 50% de toda a exportação brasileira, gerando


LP

BI

empregos e bons rendimentos ao país. Porém, a maioria das grandes lavouras


produtoras se encontram no interior do país, distantes do mercado consumidor
interno e dos portos. Caso a manutenção das estradas fosse realizada regularmente,
IA

não haveria perdas tão significativas da produção no trajeto interior-costa e assim,


o rendimento seria maior. Constituímos um país em desenvolvimento, cujo
ER

principal produto gerador de renda são as comodities. Não podemos nos dar ao
luxo de permitir que 3% da nossa produção anual não seja vendida devido a falta
AT

de compromisso do governo em manter as estradas bem conservadas.


Sem contar, é claro, nas consequências que essa mesma falta de compromisso
M

gera sobre o número de acidentes e mortes nas rodovias. Pegar o carro para sair
de férias com a família ou para realizar uma viagem a trabalho, em qualquer
estado brasileiro, tornou-se um grande risco. É assustador o número de acidentes
comprovadamente causados pela precariedade das estradas. Só no estado de São
Paulo, onde a conservação das rodovias é considerada a melhor do país, houve
35.141 acidentes automobilísticos entre janeiro e junho de 2005. Sendo que esses

200

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 200 25/08/2022 15:27:45


mesmos acidentes provocaram 18.527 vítimas, das quais, 1.175 fatais. É intolerável
que milhares de pessoas morram por ano devido a má conservação das estradas
brasileiras, problema esse que poderia ser facilmente solucionado caso o governo
investisse atenção e dinheiro nas rodovias.
Com tudo isso, é evidente que algo precisa ser feito frente a atual situação rodoviária
do Brasil. São necessários maiores investimentos na manutenção das estradas e na

A,
construção de mais rodovias por parte do governo. Espero que o senhor torne-se
meu aliado a favor de melhores condições de transporte rodoviário, exigindo que

IC
o governo tome providências emergenciais quanto ao problema.

O ÓG
Atenciosamente,
R. M. C.

SÃ G
ES DA
UNICAMP. Vestibular - redação e questões, 2007. Disponível em: <http://www.comvest.
unicamp.br/vest_anteriores/2007/download/comentadas/1fase.pdf>. Acesso em 9 jul. 2017.

PR PE
2. Carta Comercial
IM ISE
A carta comercial é caracterizada por um estilo formal, com o uso de formas
de tratamento abreviadas, como V. Sa.. A linguagem é concisa, objetiva e impes-
AL
soal e, de acordo com o perfil da instituição comercial que a elabora, utiliza um
registro culto da linguagem. Observe:
DO N

Banco Capital S.A.


A

Sr. Adolfo Antonio de Morais


A
OI RA

Avenida Tiradentes, 837


PR A

São Paulo, 25 de julho de 2008


LP

BI

Prezado Senhor:
IA

O cartão de crédito solicitado por V. S.a já se encontra disponível. Para


retirá-lo solicitamos que compareça à agência do Bom Retiro e dirija-se ao gerente.
ER

Atenciosamente,
AT

Horácio de Carvalho Filho


M

Diretor Administrativo

A estrutura da carta comercial é composta por:


• nome da empresa (é comum o uso de papel timbrado);
• nome e endereço do destinatário

201

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 201 25/08/2022 15:27:45


• cabeçalho, com local e data;
• vocativo dirigindo-se ao destinatário;
• cumprimento;
• assinatura, que vem acompanhada da função exercida por quem assina.
A carta é remetida em nome da instituição comercial que se dirige ao desti-

A,
natário, mas a assinatura é pessoal, geralmente de um funcionário, como diretor
ou gerente.

IC
O ÓG
3. Carta Pessoal
A carta pessoal é aquela destinada a alguém com quem se tem um alto grau

SÃ G
de intimidade. Ela pode ser dirigida a um amigo, a um parente, ao namorado ou

ES DA
namorada. Por isso, ela terá diversas finalidades: mandar notícias, cumprimentar
alguém pelo aniversário, fazer uma declaração de amor.

PR PE
Assim, ela será caracterizada pelo tom informal, com linguagem mais co-
loquial, como um bate-papo entre o autor e o destinatário. E sua estrutura será
bastante livre, de acordo com o estilo e a criatividade do autor e com a cara que
IM ISE ele quiser se apresentar ao seu interlocutor. Observe:

Querida Carminha,
AL

Tudo bem com você? Por aqui vai tudo bem. Há quanto tempo não nos
vemos, menina! Acho que desde o casamento do Carlinhos e olha que a minha
DO N

neta, filhinha dele, já vai completar três anos. Ela está uma gracinha, muito esperta
A

e arteira também. Mês que vem ela vai começar na escolinha, está toda ansiosa
A

para fazer novos amiguinhos.


OI RA

Menina, nem te conto uma novidade: a Júlia, da Adélia, ficou noiva do


Pedro do seu Irineu. Foi um festão, já estou até imaginando como será o casamento!
PR A

Mas não vai ser pra logo não, que os dois querem terminar a faculdade primeiro.
LP

BI

No mais as coisas vão indo. Agora entrei para um grupo da terceira idade,
você precisa ver que delícia. É curso de costura, hidroginástica, até de um concurso
IA

de dança eu participei, consegui arrancar o Osvaldo de casa e ele bem que gostou.
Você precisa aparecer por aqui qualquer hora, para botarmos os assuntos
ER

em dia, tomarmos aquele cafezinho com umas bolachinhas que eu aprendi a fazer
com uma vizinha que se mudou há pouco tempo pra cá, dona Luiza. Faz uns quatro
AT

meses que ela veio morar aqui ao lado, na casa que foi do Augusto, meu cunhado.
Bom, se eu ficar contando tudo, quando você vier quase não teremos assunto.
M

Todos aqui estão mandando lembranças.


Um beijo da amiga
Ivete

202

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 202 25/08/2022 15:27:46


O uso das regras gramaticais na elaboração de uma carta
Você conheceu alguns formatos de carta, viu que eles podem variar de acor-
do com a relação autor-finalidade-destinatário e que essa relação determina a
estrutura, a linguagem e o estilo dessas cartas.
Mas, independentemente dessas variações, as regras de pontuação, de con-

A,
cordância e regência, de coesão e coerência devem ser sempre respeitadas, mes-
mo quando a linguagem se aproxima mais do registro coloquial.

IC
Para que uma carta esteja sempre bem escrita, é muito importante conhecer

O ÓG
e utilizar com muito cuidado essas regras. Isso vai causar sempre uma boa im-
pressão no seu interlocutor.

SÃ G
ES DA
Para Além do Papel
Papel e caneta deixaram de ser os únicos apetrechos para se produzir uma carta.
Hoje, o teclado e a tela do computador vêm ganhando a preferência daqueles que

PR PE
gostam de trocar mensagens.
Com o surgimento do e-mail, as mensagens já não demoram tanto para chegar aos
IM ISE
seus destinatários. Em poucos segundos elas se apresentam diante dos olhos deles.
E já não é necessário esperar dias e dias para receber a resposta daquela declaração
de amor.
AL
DO N
A

APLICAÇÃO
A
OI RA
PR A

1. Leia e analise a carta a seguir quanto ao estilo e à linguagem, O estilo da carta é informal,
justificando com exemplos do texto. já que o poeta se dirige a al-
LP

BI

guém com quem tem grande


intimidade e a finalidade da
carta é fazer uma declaração
A carta
IA

de amor: “Nas frases desta


Benil Santos e Raul Sampaio carta que é uma prova de
afeição”, “não sei amar na vida
Escrevo-te
ER

mais ninguém”, etc. Quanto


Estas mal traçadas linhas à linguagem, é pessoal e
Meu amor! subjetiva e aproxima-se mais
AT

do coloquial, apesar de o
Porque veio a saudade poeta usar o tratamento na
Visitar meu coração segunda pessoa: “Escrevo-te
M

estas mal traçadas linhas,


Espero que desculpes meu amor”, “Talvez tu não a
Os meus erros por favor leias...”, etc.
Nas frases desta carta
Que é uma prova de afeição...

Talvez tu não a leias


Mas quem sabe até darás

203

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 203 25/08/2022 15:27:46


Resposta imediata
Me chamando de “Meu Bem”
Porém o que me importa
É confessar-te uma vez mais
Não sei amar na vida
Mais ninguém...

A,
Tanto tempo faz

IC
Que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa

O ÓG
Que eu sonhava
E guardo a impressão

SÃ G
De que já vi passar
Um ano sem te ver

ES DA
Um ano sem te amar...

PR PE
Ao me apaixonar
Por ti não reparei
Que tu tivestes
IM ISE Só entusiasmo
E para terminar
Amor assinarei
AL

Do sempre, sempre teu...


DO N
A

SANTOS, Benil; SAMPAIO, Raul. A carta. Intérprete: Erasmo Carlos.


In: _____. Homem de rua. Sony, 1992. 1 CD. Faixa 6..
A
OI RA

2. Trata-se de uma proposta 2. No texto, o poeta demonstra a esperança de uma “resposta imediata”. Escreva
PR A

que exigirá a realização de


uma carta poética respondendo a essa declaração de amor.
LP

um poema, tipo de texto que


BI

exige uma orientação mais


cuidadosa, em função de sua 3. Leia o poema de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa e res-
estruturação muito peculiar: ponda às questões:
IA

construção de versos, ter


ritmo, pode ou não ser
rimado e dividido ou não em
ER

estrofes. Porém, tal exigência 21/10/1935


não deve inibir a produção. Todas as cartas de amor são
Proponha que as cartas-poe-
AT

ma sejam lidas em voz alta e, Ridículas.


ao mesmo tempo, comenta-
das e avaliadas. Não seriam cartas de amor se não fossem
M

Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,


Como as outras,
Ridículas.

204

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 204 25/08/2022 15:27:47


As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,

A,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor

IC
É que são

O ÓG
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia

SÃ G
Sem dar por isso

ES DA
Cartas de amor
Ridículas.

PR PE
A verdade é que hoje
IM ISE As minhas memórias
Dessas cartas de amor
AL
É que são
Ridículas.
DO N

(Todas as palavras esdrúxulas,


A

Como os sentimentos esdrúxulos,


A
OI RA

São naturalmente
Ridículas.)
PR A
LP

BI

PESSOA, Fernando. Tabacaria e outros poemas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996, p. 82-83.
IA

a) Por que o poeta afirma que todas as cartas de amor são ridículas?
ER

b) Ao seu modo de ver, como o amor pode interferir no estilo e na lingua-


gem de uma carta?
AT

4. Traga para a classe um jornal ou uma revista e localize a seção Carta dos
M

leitores.
a) Anote o nome do jornal ou revista, o número da edição e o dia em que
foi publicada.
b) Sobre quais assuntos os leitores escreveram?
c) Procure cartas que tratem de um mesmo assunto sob pontos de vista
diferentes.

205

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 205 25/08/2022 15:27:47


c.1) Que assunto despertou essas opiniões?
c.2) Em que pontos essas opiniões são divergentes?
c.3) Analise o estilo e a linguagem dessas cartas. São semelhantes ou
diferentes? Use exemplos retirados das cartas.
c.4) Quais os argumentos utilizados pelos leitores para demonstrar seus

A,
pontos de vista? Eles são consistentes?

IC
c.5) Com qual dos pontos de vista você concorda? Por quê?
5. Ao se enviar um currículo, candidatando-se a uma vaga de emprego, uma

O ÓG
carta de apresentação pode ser um complemento muito significativo.
a) Procure nos classificados de jornal uma oferta de emprego. Transcreva,

SÃ G
abaixo, os dados mais importantes do classificado selecionado.

ES DA
b) Que tipo de formação você acha que o candidato precisaria ter para ocu-
par essa vaga?

PR PE
c) Que habilidades você supõe que a empresa espera que esse candidato
tenha?

IM ISE d) É necessário que o candidato tenha experiência ou pode ser alguém re-
cém-formado?
AL
e) Com base nas informações dos itens anteriores e na estrutura, estilo e
linguagem das cartas apresentadas nesta unidade, elabore uma carta de
DO N

apresentação candidatando-se a essa vaga de emprego.


A

Além de se trabalhar a carta 6. Leia a Carta-Poema, do poeta Manuel Bandeira.


A

em suas especificidades, no
OI RA

momento da apresentação,
será importante solicitar que Excelentíssimo Prefeito É um pátio, mas é via pública,
seja justificada a escolha do
Senhor Hildebrando de Góis, E estando ainda por calçar,
PR A

destinatário. Discutir essa


escolha. Discutir, ainda, as
LP

Permiti que, rendido o preito Faz a vergonha da República


BI

questões que cada carta


apresentar. Pode ser feita
uma síntese – aproximando
A que fazeis jus por quem sois, Junto à Avenida Beira-Mar!
IA

as questões semelhantes – e
produzir um texto da sala.
Este texto coletivo poderia Um poeta já sexagenário, Indiferentes ao capricho
ER

ser enviado ao jornal da cida-


de e/ou a alguma autoridade Que não tem outra aspiração Das posturas municipais,
da esfera federal.
Senão viver de seu salário A ele jogam todo o seu lixo
AT

Na sua limpa solidão, Os moradores sem quintais.


M

Peça vistoria e visita Que imundície! Tripas de peixe,


A este pátio para onde dá Cascas de fruta e ovo, papéis...
O apartamento que ele habita Não é natural que me queixe?
No Castelo há dois anos já. Meu Prefeito, vinde e vereis!

206

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 206 25/08/2022 15:27:47


a) A carta é dirigida ao
Excelentíssimo Prefeito Hil-
Quando chove, o chão vira lama: Excelentíssimo Prefeito debrando de Góis. Sugestão:
São atoleiros, lodaçais, Hildebrando Araújo de Góis verificar se alguém consegue
descobrir de qual cidade
Que disputam a palma à fama A quem humilde rendo preito, ele era prefeito e como fez
para encontrar a resposta. O
Das velhas maremas letais! Por serdes vós, senhor, quem sois! poeta afirma ser sexagenário:
então pode-se perguntar em

A,
que ano, aproximadamente,
A um distinto amigo europeu Mandai calçar a via pública ele teria escrito o poema. A
tempo: trata-se da cidade do

IC
Disse eu: — Não é no Paraguai Que, sendo um vasto lagamar, Rio de Janeiro, onde Bandeira
morava quando fez o poema.
Que fica o Grande Chaco, este é o Faz a vergonha da República

O ÓG
Hildebrando de Gois, em
janeiro de 1946 foi nomeado
Grande Chaco! Senão, olhai! Junto à Avenida Beira-Mar! prefeito do Rio de Janeiro (na
época, Distrito Federal, pois

SÃ G
era a capital do Brasil) presi-
dente Eurico Dutra (1946-

ES DA
1951). Hildebrando governou
BANDEIRA, Manuel. Carta-poema. In: _____. Antologia Poética até junho de 1947, quando
Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 2001, p.. 221. foi exonerado.

PR PE
b) O autor protesta porque,
na falta de calçamento
a) A quem é dirigida a carta-poema? junto à avenida Beira-Mar,
o chão vira depósito de lixo
b) Qual é o motivo do protesto do autor?
IM ISE
c) O que o autor reivindica que seja feito?
e se transforma em atoleiro
quando chove, fazendo a
vergonha do lugar.
c) O autor reivindica, em prin-
AL
d) Que tipo de linguagem e de estilo o poeta utilizou para escrever sua cípio, uma vistoria no local e
carta? depois pede ao prefeito que
mande providenciar o cal-
DO N

e) Baseando-se nos dados levantados nas questões anteriores, transforme çamento da via pública para
acabar com os transtornos de
A

o poema em uma carta em prosa. quem mora no local.


A

d) A carta é ao mesmo tempo


OI RA

um protesto e um apelo,

PRODUÇÃO DE TEXTO escrita em um estilo formal,


pela relação que há entre o
PR A

autor e o destinatário. Sua


linguagem se aproxima mais
LP

do registro culto. E o autor


BI

teve o cuidado de usar o pro-


1. Considere a seguinte situação: você faz parte de um grupo que prepara e nome adequado à posição da
elabora a proposta de redação para um concurso público. Então: pessoa a quem se dirige.
IA

e) Resposta pessoal. Orientar


a) Vocês decidiram elaborar uma proposta à semelhança daquela que vem a produção quanto aos
ER

sendo feita pela Unicamp: um tema geral, uma coletânea de textos e a aspectos formais e à correção
da linguagem – justamente
escolha de uma modalidade textual. por se tratar de carta dirigida
AT

a uma autoridade. Sugestão:


b) Escolham o tema geral. pode-se pedir que o/a alu-
no/a redija uma carta-poema
c) Selecionem vários e diferentes tipos de texto que tenham alguma rela-
M

dirigida a alguma autoridade


(de preferência, do próprio
ção com o tema escolhido. Atenção: não se esqueçam de registrar, cui- município), reivindicando al-
dadosamente, a fonte completa de cada texto. guma melhoria ou reclaman-
do de algum problema. Ler e
1. Atividade que pode ser iniciada com antecedência, solicitando-se a preparação de pastas por grupo (escolhe um
avaliar as cartas, selecionan-
tema, seleciona os textos e os guarda nessa pasta). Semanalmente, avaliar essa seleção e se estão sendo registradas
do as melhores para enviá-las
as fontes.
às autoridades a que se
Como a proposta foi formulada com base na proposta da Unicamp, sugere-se que seja acessado o site da Comissão destinam.
responsável pela sua elaboração em http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2007/download/comenta-
das/1fase.pdf.
Acompanhar a montagem da coletânea e orientar no que for necessário para que a seleção seja representativa e
provoque reflexões.
Acompanhar as orientações no sentido de verificar se estão de acordo com a proposta feita.
207

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 207 25/08/2022 15:27:48


d) Montem a coletânea.

A,
2. Incentivar uma discus-
são saudável de forma a e) No momento de fechar o trabalho, vocês definiram que não haveria es-
que a crítica seja feita com
colha de modalidade textual. Por isso, decidiram que a redação deveria

IC
o objetivo de melhorar o
trabalho. Pode-se comentar ser uma carta argumentativa.

O ÓG
como as redações poderiam
ser escritas para atender às f) Montem a folha de prova com todos esses elementos e as orientações
propostas feitas. Pode-se,
ainda, levantar que aspectos para o candidato.

SÃ G
dos textos forneceriam bons
subsídios para a elaboração

ES DA
da carta. 2. Troquem as propostas entre os grupos. Leiam e comentem cada proposta,
Sugestão: por fim, poderiam
ser discutidos quais os crité-
verificando as semelhanças e as diferenças encontradas.
rios de avaliação que cada

PR PE
proposta poderia ter. Será
3. Por fim, escolha uma das propostas que seja diferente daquela apresentada
que haveria muita diferença por seu grupo e escreva a sua carta.
entre elas?

IM ISE
3. Detalhe importante:
prepare esta atividade
como se fosse em um dia de
vestibular, fazendo-a em sala
AL
de aula e limitando o tempo
para a produção. Como ativi-
dade que encerra a unidade,
DO N

trata-se de um momento
oportuno para revisar pontos
A

do conteúdo estudado, bem


como reafirmar aspectos
A
OI RA

fundamentais. Em especial,
os critérios de avaliação.
Pode-se solicitar que um/
uma aluno/a avalie a redação
PR A

do/a outro/a. Nesse caso, esti-


LP

pular critérios bem objetivos


BI

e verificar se cada avaliação


respeitou tais critérios e se
houve responsabilidade
IA

nesse processo.
Ao apresentar os textos,
ER

discutir o processo de
produção – caso tenha sido
em situação que simulava o
AT

vestibular.
M

208

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 208 25/08/2022 15:27:49


O ASSUNTO É:

REDAÇÃO
OFICIAL
14

A,
IC
REFLEXÃO

O ÓG
SÃ G
Leia os textos:

ES DA
TEXTO 1

PR PE
Senhor Prefeito do Município de Ribeirão do Sul,

IM ISENós, abaixo-assinados, a seguir identificados, vimos à presença de V. Ex.a


expor e solicitar o que segue:
As praças públicas de nossa cidade encontram-se praticamente destruí-
AL

das, abandonadas e transformadas em ponto de encontro de marginais, fa-


tos estes que impedem a sua utilização pelos cidadãos desta Cidade.
DO N

O ruído gerado pelos alto-falantes dos automóveis durante as noites


A

de fim de semana, somados às freadas e à aceleração inadequada de carros


A

geralmente conduzidos por menores de idade, não permitem – além do


OI RA

uso das praças e das ruas de seus arredores com segurança – o sono dos
vizinhos de toda vizinhança.
PR A

Já solicitamos veementemente a presença policial, no que não fomos


LP

BI

atendidos, pelo menos com a precisão necessária para resolver a questão aqui
elencada.
IA

Certos de que V. Ex.ª saberá respeitar os direitos dos cidadãos de nossa


Cidade, os abaixo-assinados solicitam imediatas providências destinadas à
ER

manutenção e devida preservação dos bens públicos acima nomeados e


proteção dos moradores do município.
AT

Ribeirão do Sul, 20 de janeiro de 2014.


Assinaturas:
M

Antônio Mendonça Filho RG 456. 789.120


José Carlos Jiordano RG 654. 789. 908
Sérgio Junqueira Sobrinho RG 345. 231. 546
Manuela Furtado Fereira RG 458. 879. 234
Constatino Buarque RG 214. 675. 789
Solange Frazão Pinky RG 789.342. 908

209

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 209 25/08/2022 15:27:50


TEXTO 2

Sr. Diretor da Escola Estadual Padre Anchieta

Isadora Ferreira, RG 456.897.234, aluna regularmente matriculada no oi-

A,
tavo ano do Ensino Fundamental desta escola, vem respeitosamente solici-

IC
tar a V. Sª a expedição dos documentos necessários à sua transferência para
outro estabelecimento de ensino, por motivo de mudança de domicílio.

O ÓG
Nestes termos, pede deferimento.

SÃ G
ES DA
Petrolina, 10 de junho de 2014.
Izadora Ferreira

PR PE
TEXTO 3
IM ISE PROCURAÇÃO
AL
DO N

Por esse instrumento particular de procuração, JOSÉ CARLOS FONSECA,


com R.G. 11.239.335, brasileiro, solteiro, professor, residente e domiciliado
A

em Santana do Oeste, estado do Paraná, na Rua Rio Branco, 245, nomeia


A
OI RA

e constitui seu bastante procurador o Sr. FRANCISCO FURLAN, com R.G.


27,235.568, solteiro, vendedor, residente e domiciliado em São Carlos, São
Paulo, na Rua Ferreira Goulart, 64, para o fim específico de encerrar a conta
PR A

bancária 1208/ 60 que o outorgante possui na agência 340 do Banco Popu-


LP

BI

lar, podendo o outorgado assinar todos os atos que se tornem necessários


para o bom e fiel cumprimento do presente mandato assim como substa-
IA

belecer.
ER

Santana do Oeste, 22 de dezembro de 2014.


AT

José Carlos Fonseca


M

1. Quais textos:
a) Apresentam local e data? Todos

b) Apresentam assinatura? Todos

c) Apresentam pronomes de tratamento indicando o destinatário?


Os textos 1 e 2
d) Usam linguagem formal? Todos

210

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 210 25/08/2022 15:27:51


2. Por que assinatura, local e data são dados importantes nesses textos? 2. Assinatura porque pre-
cisam da identificação de
3. Você leu três textos representativos da redação oficial: um abaixo-assinado, quem escreveu e local/ data
porque são relacionados a
um requerimento e uma procuração. Esses textos são redigidos seguindo eventos que estão acon-
normas preestabelecidas e são utilizados em momentos formais que preci- tecendo em determinado
tempo e lugar.
sam ser documentados. Alguns exemplos de textos da redação oficial são: 3. TEXTO 1
ofício, abaixo-assinado, requerimento, ata, atestado, declaração, procuração, Abaixo-assinado – Momento

A,
carta, memorando. formal de solicitação de pro-
vidências para a manutenção

IC
Identifique cada um dos textos que você leu e quais foram os momentos e conservação de praça
pública
formais apresentados neles.

O ÓG
TEXTO 2

4. Os pronomes de tratamento são indispensáveis nas redações oficiais. Que Requerimento – Momento
formal de solicitação de
pronomes foram usados nos textos que você leu e a quem eles se referem? expedição de documentação

SÃ G
para transferência
5. Indique para quem você escreveria e que texto você escolheria se precisasse: TEXTO 3

ES DA
Procuração – Momento for-
a) Solicitar que a iluminação da rua de sua casa fosse substituída, pois está mal de constituir procurador
parcialmente queimada. para encerramento de conta

PR PE
bancária.
b) Pedir para que um (a) colega possa receber um prêmio em seu lugar, 4. Senhor - Prefeito,
pois você está hospitalizado (a). Senhor - Diretor

IM ISE
c) Pedir uma comprovação de que você é aluno (a) regularmente matricu-
lado (a) na escola em que estuda para conseguir passagem de ônibus
5. a) Abaixo-assinado para
a Cia Elétrica que serve seu
bairro ou cidade.
b) Procuração para os respon-
AL
mais barata. sáveis pela premiação.
c) Requerimento para o
diretor da escola.
DO N

DA TEORIA À PRÁTICA
A
A
OI RA

1. O abaixo-assinado
PR A

Abaixo-assinado é um documento de solicitação assinado por várias pes-


LP

BI

soas, contendo reivindicação, pedido, manifestação de protesto ou de solidarie-


dade. É um texto argumentativo que expõe posicionamento a respeito de um fato
IA

e solicita providências.
ER

Um abaixo-assinado apresenta as seguintes partes:


• Destinatário
AT

É a pessoa para a qual a solicitação é destinada, acompanhada do devido


pronome de tratamento, relacionando-o ao cargo/função desempenhado.
M

Por exemplo: Senhor Governador, Senhor Prefeito, dentre outros.

211

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 211 25/08/2022 15:27:51


• Solicitação
É o que se pede.
• Justificativa
São os motivos e argumentos apresentados.
• Local e data

A,
É o nome da cidade e a data em que foi elaborado o documento.

IC
• Assinaturas

O ÓG
É (são) a (s) assinatura (s) que identifica quem escreveu o documento.

2. O requerimento

SÃ G
ES DA
É o documento através do qual se pede ou se solicita a uma autoridade pú-
blica a execução de alguma coisa. Essa autoridade pode ser representada por
uma instituição como um estabelecimento de ensino, um Posto de saúde, um

PR PE
Consulado, por exemplo.
Um requerimento apresenta basicamente:
IM ISE • A quem se dirige o texto
AL
• Identificação do requerente
• O que se deseja
DO N

• A justificação
A

• O desfecho formal (“Nestes termos, pede deferimento”, por exemplo)


A
OI RA

• Local e data
• Assinatura
PR A
LP

BI

3. A procuração
A procuração é um documento através do qual uma pessoa física ou jurídica
IA

concede poderes a outro para agir em seu nome em determinada situação.


ER

A pessoa que concede a procuração é chamada de mandante, constituinte


ou outorgante. Aquele que recebe a procuração é chamado de o mandatário, o
AT

procurador ou o outorgado.
A procuração deve ser lavrada em papel ofício, iniciando o texto com identi-
M

ficação e qualificação do outorgante e do outorgado. Os poderes, a finalidade e o


prazo de validade da procuração são expressos de forma precisa. Após o texto, a
localidade, a data e a assinatura são expressas.
Tipos de procuração
a. Procuração pública
É lavrada num cartório, por tabelião, em livro de notas, sendo feito dele uma
cópia autêntica, que ficará em poder do procurador.
212

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 212 25/08/2022 15:27:51


b. Procuração particular
É redigida a mão ou digitada, sem registro no livro de notas do Cartório.
Quanto aos poderes concedidos:
Poderes gerais: quando o outorgante declara que são amplos, gerais e ilimi-
tados.

A,
Poderes especiais: o constituinte estipula no documento quais são os poderes.

IC
Partes da procuração

O ÓG
• Título
Escreve-se PROCURAÇÃO com todas as letras maiúsculas, no centro da
primeira linha do papel.

SÃ G
ES DA
• Qualificações do mandante e do mandatário
Informações como nome, nacionalidade, estado civil, profissão,
documentação e endereço de ambos.

PR PE
• Finalidade da procuração

IM ISE Estabelece os poderes que serão concedidos.


• Local, data e assinatura
AL
• Testemunhas
Observação: todas as assinaturas devem ser reconhecidas em cartório.
DO N
A

APLICAÇÃO
A
OI RA
PR A

1. Leia o texto:
LP

BI

Eu, Soraia Deprétt, brasileira, natural de Fortaleza, CE, casada, residente à


IA

rua Belo Monte, nº 414, RG 4254748, nomeio meu PROCURADOR o Sr. Eduar-
do da Silva, brasileiro, natural de Fortaleza, CE, PARA FINS DE receber o meu
ER

salário, junto à Empresa Turismar, onde trabalho desde janeiro do corrente


ano.
AT

Fortaleza, 04 de março de 2017. Particular, pois não foi lavra-


da em cartório. Especiais,
M

pois tem uma finalidade


específica.
b) Faltam o título PROCURA-
ÇÂO, os dados completos do
Soraia Deprétt  procurador e a identificação
de testemunhas. Além do
mais a procuração não foi
a) Essa é uma procuração pública ou particular? Concede poderes gerais assinada.
ou especiais? Justifique.
b) Identifique e anote os elementos que invalidam essa procuração:
213

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 213 25/08/2022 15:27:52


2. Leia o requerimento e identifique nele as partes relacionadas a seguir:

São Paulo, 25 de abril de 2014.

Senhor

A,
Prefeito do Município de São Bento

IC
O ÓG
Antônio Carlos Silveira, sócio-proprietário da empresa Silveira Gomes
Ltda., CNJP nº 567.879.345.0001/ 54, situada à RUA Lins de Vasconcelos 34,
CEP36.600-000, telefone 23 23 455, e-mail silgomes@ind.com.br, vem por

SÃ G
meio deste, solicitar a Vossa Excelência a concessão de isenção de imposto

ES DA
predial da referida empresa, por se tratar de entidade dedicada à educação
de jovens e adultos com dificuldades de aprendizagem, para o que apresen-
ta a documentação anexa.

PR PE
Nestes Termos

IM ISE P. Deferimento
A C Silveira
AL
______________________________
Sócio-proprietário
DO N
A

a) A quem se dirige o texto;


A
OI RA

b) Identificação do requerente;
a) Ao prefeito de São Bento
c) O que se deseja;
PR A

b) Antônio Carlos Silveira, só-


d) A justificação;
LP

cio-proprietário da empresa
BI

Silveira Gomes Ltda., CNJP nº


567.879.345.0001/ 54, situada e) O desfecho formal;
à RUA Lins de Vasconcelos 34,
IA

CEP36.600-000, telefone 23
23 455, e-mail silgomes@ind.
3. Imagine que você vai viajar para o exterior e precisa fazer algumas solicita-
com.br ções por escrito. Analise as situações apresentadas a seguir e indique que
ER

c) Isenção de imposto predial texto seria usado em cada uma delas e quem seria o destinatário.
d) Por motivo de a entidade
Situação 1
AT

dedicada à educação de
jovens e adultos com dificul-
dades de aprendizagem. Você vai perder a prova que define sua nota bimestral de Matemática e pre-
M

e) Nestes termos, pede defe-


rimento.
cisa realizá-la em outra data.
Situação 2
Seu documento de habilitação para dirigir vai ficar pronto e você pediu para
um amigo ir retirar para você.
Situação 3
A companhia aérea que você vai viajar resolveu cobrar indevidamente 20%
a mais no valor da passagem por motivo de aumento do salário dos pilotos.
214 Você e os demais passageiros vão solicitar o não pagamento da taxa adicional.

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Procuração para o amigo

PRODUÇÃO DE TEXTO
representar você para fins
específicos
Abaixo-assinado para o
responsável pela Companhia
aérea.
1. Criação de um abaixo-assinado
a) Como o abaixo-assinado é uma manifestação por escrito de um apelo

A,
coletivo, forme um grupo de trabalho e escolham uma das solicitações:
– Usar a quadra da escola nos finais de semana para jogos recreativos;

IC
– Usar o equipamento de som da escola para ouvir música durante os
intervalos de aulas;

O ÓG
– Instalação de paredões de escala e pistas para prática de skate em
espaços não utilizados do terreno da escola.

SÃ G
b) Redijam um rascunho escrevendo com clareza e objetividade sua solici-
tação e enfatizando os argumentos de suas justificativas.

ES DA
c) Avaliem o seu rascunho a partir da ficha a seguir:

PR PE
Aspectos a considerar Sim Não
1. O destinatário está identificado
IM ISE
2. Foi feita uma solicitação
AL
3. As justificativas estão bem explicitadas

4. A linguagem está clara e objetiva


DO N

4. Foi usada a terceira pessoa do plural (pois a solicitação é coletiva)


A
A

5. Há citação de local e data


OI RA

6. Aparecem as assinaturas
PR A

Após a verificação, corrijam o que for necessário.


LP

BI

d) Apresentem seu trabalho para a classe e comparem com os trabalhos


dos outros grupos.
IA

2. Criação de uma procuração


ER

Imagine que você vai viajar com sua família e, durante sua ausência, será neces-
sário que um de seus colegas fique autorizado a receber suas notas finais e, se
necessário, requerer seus exames de recuperação.
AT

Escolha um de seus colegas e escreva uma procuração particular para ele agir em
seu nome nessa situação.
M

Para isso, sente-se com um colega e colete os dados necessários para sua qualifi-
cação como seu procurador. Ele fará o mesmo com você.
Escreva a procuração, não se esquecendo de colocar título, as informações
suas e de seu colega e a finalidade do documento. Termine seu texto com
local, data e sua assinatura e a de duas testemunhas.
Quando terminar, troque de trabalho com seu colega e corrija se for necessário.
Ele fará o mesmo com sua produção.
Compare seu trabalho com os das outras duplas.
215

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 215 25/08/2022 15:27:52


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ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
IA
ER
AT
M

219

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COMPETÊNCIAS E HABILIDADES – LÍNGUA PORTUGUESA
Professor, seguem as competências gerais e habilidades dos • Ler, escutar e produzir textos orais, escritos e multissemióticos
objetos de conhecimento, com base na BNCC, desenvolvidas nas que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com
propostas de atividades dos módulos do livro. compreensão, autonomia, fluência e criticidade, de modo a
Campos de atuação: se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e
sentimentos, e continuar aprendendo.
• Campo de atuação na vida pública
• Compreender o fenômeno da variação linguística, demons-
• Campo jornalístico/midiático trando atitude respeitosa diante de variedades linguísticas e
• Campo das práticas de estudo e pesquisa rejeitando preconceitos linguísticos.

A,
• Campo artístico-literário • Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de
• Todos os campos de atuação linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocu-

IC
tor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual.
Práticas de linguagem:
• Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados em
• Leitura

O ÓG
interações sociais e nos meios de comunicação, posicionando-
• Oralidade -se ética e criticamente em relação a conteúdos discriminató-
• Produção de textos rios que ferem direitos humanos e ambientais.
• Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com

SÃ G
COMPETÊNCIAS GERAIS objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, formação
pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.).

ES DA
• Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação
de sentidos, valores e ideologias. • Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem
o desenvolvimento do senso estético para fruição, valori-
• Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, zando a literatura e outras manifestações artístico-culturais

PR PE
social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário
reconhecendo-a como meio de construção de identidades de e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e
seus usuários e da comunidade humanizador da experiência com a literatura.
a que pertencem.

IM ISE
• Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como
forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida
social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de parti-
• Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens,
mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de
produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção),
aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos
AL
cipar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive autorais.
escolares) e de se envolver com maior autonomia e protago-
nismo na vida social.
DO N

HABILIDADES ESPECÍFICAS DOS OBJETOS DE CONHECIMENTO


A

(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na (EF69LP06) Produzir e publicar notícias, fotodenúncias, fotorre-
leitura/escuta, com suas condições de produção e seu contexto portagens, reportagens, reportagens multimidiáticas, infográfi-
A
OI RA

sócio-histórico de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, cos, podcasts noticiosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários,
pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, artigos de opinião de interesse local ou global, textos de apre-
gênero do discurso etc.), de forma a ampliar as possibilidades sentação e apreciação de produção cultural – resenhas e outros
de construção de sentidos e de análise crítica e produzir textos próprios das formas de expressão das culturas juvenis, tais como
PR A

adequados a diferentes situações. vlogs e podcasts culturais, gameplay, detonado etc.– e cartazes,
LP

(EF69LP02) Analisar e comparar peças publicitárias variadas (car- anúncios, propagandas, spots, jingles de campanhas sociais, den-
BI

tazes, folhetos, outdoor, anúncios e propagandas em diferentes tre outros em várias mídias, vivenciando de forma significativa o
mídias, spots, jingle, vídeos etc.), de forma a perceber a articu- papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de edi-
lação entre elas em campanhas, as especificidades das várias tor ou articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etc., como
IA

semioses e mídias, a adequação dessas peças ao público-alvo, forma de compreender as condições de produção que envolvem
aos objetivos do anunciante e/ou da campanha e à construção a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possi-
bilidades de participação nas práticas de linguagem do campo
ER

composicional e estilo dos gêneros em questão, como forma de


ampliar suas possibilidades de compreensão (e produção) de jornalístico e do campo midiático de forma ética e responsável,
textos pertencentes a esses gêneros. levando-se em consideração o contexto da Web 2.0, que amplia
a possibilidade de circulação desses textos e “funde” os papéis de
AT

(EF69LP03) Identificar, em notícias, o fato central, suas princi- leitor e autor, de consumidor e produtor.
pais circunstâncias e eventuais decorrências; em reportagens e
fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva (EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos
expressivos da linguagem, da escolha de determinadas palavras
M

de abordagem, em entrevistas os principais temas/subtemas


abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a ou expressões e da ordenação, combinação e contraposição de
esses subtemas; em tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou palavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades de cons-
humor presente. trução de sentidos e de uso crítico da língua.
(EF69LP04) Identificar e analisar os efeitos de sentido que (EF69LP07) Produzir textos em diferentes gêneros, considerando
fortalecem a persuasão nos textos publicitários, relacionando as sua adequação ao contexto produção e circulação – os enuncia-
estratégias de persuasão e apelo ao consumo com os recursos dores envolvidos, os objetivos, o gênero, o suporte, a circulação
linguístico-discursivos utilizados, como imagens, tempo verbal, -, ao modo (escrito ou oral; imagem estática ou em movimento
jogos de palavras, figuras de linguagem etc., com vistas a fomen- etc.), à variedade linguística e/ou semiótica apropriada a esse
tar práticas de consumo conscientes. contexto, à construção da textualidade relacionada às proprieda-

220

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 220 25/08/2022 15:27:53


des textuais e do gênero), utilizando estratégias de planejamento, (EF67LP17) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma de
elaboração, revisão, edição, reescrita/redesign e avaliação de organização das cartas de solicitação e de reclamação (datação,
textos, para, com a ajuda do professor e a colaboração dos cole- forma de início, apresentação contextualizada do pedido ou da
gas, corrigir e aprimorar as produções realizadas, fazendo cortes, reclamação, em geral, acompanhada de explicações, argumentos
acréscimos, reformulações, correções de concordância, ortografia, e/ou relatos do problema, fórmula de finalização mais ou menos
pontuação em textos e editando imagens, arquivos sonoros, cordata, dependendo do tipo de carta e subscrição) e algumas
fazendo cortes, acréscimos, ajustes, acrescentando/ alterando das marcas linguísticas relacionadas à argumentação, explicação
efeitos, ordenamentos etc. ou relato de fatos, como forma de possibilitar a escrita fundamen-
(EF69LP08) Revisar/editar o texto produzido – notícia, reporta- tada de cartas como essas ou de postagens em canais próprios de

A,
gem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –, tendo em vista reclamações e solicitações em situações que envolvam questões
sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, relativas à escola, à comunidade ou a algum dos seus membros.

IC
características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a rela- (EF69LP17) Perceber e analisar os recursos estilísticos e semióti-
ção entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado cos dos gêneros jornalísticos e publicitários, os aspectos relativos
das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e vídeo, depen- ao tratamento da informação em notícias, como a ordenação

O ÓG
dendo do caso) e adequação à norma culta. dos eventos, as escolhas lexicais, o efeito de imparcialidade do
(EF69LP09) Planejar uma campanha publicitária sobre questões/ relato, a morfologia do verbo, em textos noticiosos e argumen-
problemas, temas, causas significativas para a escola e/ou comu- tativos, reconhecendo marcas de pessoa, número, tempo, modo,
a distribuição dos verbos nos gêneros textuais (por exemplo, as

SÃ G
nidade, a partir de um levantamento de material sobre o tema
ou evento, da definição do público-alvo, do texto ou peça a ser formas de pretérito em relatos; as formas de presente e futuro em

ES DA
produzido – cartaz, banner, folheto, panfleto, anúncio impresso e gêneros argumentativos; as formas de imperativo em gêneros
para internet, spot, propaganda de rádio, TV etc. –, da ferramenta publicitários), o uso de recursos persuasivos em textos argumen-
de edição de texto, áudio ou vídeo que será utilizada, do recorte tativos diversos (como a elaboração do título, escolhas lexicais,
e enfoque a ser dado, das estratégias de persuasão que serão construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes

PR PE
utilizadas etc. de informação) e as estratégias de persuasão e apelo ao consumo
com os recursos linguístico-discursivos utilizados (tempo verbal,
(EF69LP10) Produzir notícias para rádios, TV ou vídeos, podcasts jogos de palavras, metáforas, imagens).
noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários, vlogs, jornais

IM ISE
radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a
fato e temas de interesse pessoal, local ou global e textos orais
de apreciação e opinião – podcasts e vlogs noticiosos, culturais
e de opinião, orientando-se por roteiro ou texto, considerando o
(EF69LP18) Utilizar, na escrita/reescrita de textos argumentativos,
recursos linguísticos que marquem as relações de sentido entre
parágrafos e enunciados do texto e operadores de conexão
adequados aos tipos de argumento e à forma de composição de
AL
contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros. textos argumentativos, de maneira a garantir a coesão, a coerên-
cia e a progressão temática nesses textos (“primeiramente, mas,
(EF69LP11) Identificar e analisar posicionamentos defendidos no entanto, em primeiro/segundo/terceiro lugar, finalmente, em
e refutados na escuta de interações polêmicas em entrevistas, conclusão” etc.).
DO N

discussões e debates (televisivo, em sala de aula, em redes sociais


etc.), entre outros, e se posicionar frente a eles. (EF89LP19) Analisar, a partir do contexto de produção, a forma
A

de organização das cartas abertas, abaixo-assinados e petições


(EF69LP12) Desenvolver estratégias de planejamento, elaboração, on-line (identificação dos signatários, explicitação da reivindi-
A

revisão, edição, reescrita/ redesign (esses três últimos quando


OI RA

cação feita, acompanhada ou não de uma breve apresentação


não for situação ao vivo) e avaliação de textos orais, áudio e/ou da problemática e/ou de justificativas que visam sustentar
vídeo, considerando sua adequação aos contextos em que foram a reivindicação) e a proposição, discussão e aprovação de
produzidos, à forma composicional e estilo de gêneros, a clareza, propostas políticas ou de soluções para problemas de interesse
PR A

progressão temática e variedade linguística empregada, os público, apresentadas ou lidas nos canais digitais de participação,
elementos relacionados à fala, tais como modulação de voz, en- identificando suas marcas linguísticas, como forma de possibilitar
LP

BI

tonação, ritmo, altura e intensidade, respiração etc., os elementos a escrita ou subscrição consciente de abaixo-assinados e textos
cinésicos, tais como postura corporal, movimentos e gestualidade dessa natureza e poder se posicionar de forma crítica e funda-
significativa, expressão facial, contato de olho com plateia etc. mentada frente às propostas.
IA

(EF69LP14) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos (EF69LP20) Identificar, tendo em vista o contexto de produção, a
colegas e dos professores, tema/questão polêmica, explicações e forma de organização dos textos normativos e legais, a lógica de
ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais
ER

hierarquização de seus itens e subitens e suas partes: parte inicial


minuciosa e buscar em fontes diversas informações ou dados (título – nome e data – e ementa), blocos de artigos (parte, livro,
que permitam analisar partes da questão e compartilhá-los com capítulo, seção, subseção), artigos (caput e parágrafos e incisos) e
a turma. parte final (disposições pertinentes à sua implementação) e ana-
AT

(EF69LP15) Apresentar argumentos e contra-argumentos coeren- lisar efeitos de sentido causados pelo uso de vocabulário técnico,
tes, respeitando os turnos de fala, na participação em discussões pelo uso do imperativo, de palavras e expressões que indicam
sobre temas controversos e/ou polêmicos. circunstâncias, como advérbios e locuções adverbiais, de palavras
M

(EF69LP16) Analisar e utilizar as formas de composição dos que indicam generalidade, como alguns pronomes indefinidos,
gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como notícias de forma a poder compreender o caráter imperativo, coercitivo e
(pirâmide invertida no impresso X blocos noticiosos hipertex- generalista das leis e de outras formas de regulamentação.
tuais e hipermidiáticos no digital, que também pode contar com (EF69LP21) Posicionar-se em relação a conteúdos veiculados em
imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etc.), da práticas não institucionalizadas de participação social, sobre-
ordem do argumentar, tais como artigos de opinião e editorial tudo àquelas vinculadas a manifestações artísticas, produções
(contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e culturais, intervenções urbanas e práticas próprias das culturas
das entrevistas: apresentação e contextualização do entrevistado juvenis que pretendam denunciar, expor uma problemática ou
e do tema, estrutura pergunta e resposta etc. “convocar” para uma reflexão/ação, relacionando esse texto/pro-

221

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 221 25/08/2022 15:27:53


dução com seu contexto de produção e relacionando as partes e suportes –, romances infantojuvenis, contos populares, contos
semioses presentes para a construção de sentidos. de terror, lendas brasileiras, indígenas e africanas, narrativas de
(EF69LP22) Produzir, revisar e editar textos reivindicatórios ou aventuras, narrativas de enigma, mitos, crônicas, autobiografias,
propositivos sobre problemas que afetam a vida escolar ou da histórias em quadrinhos, mangás, poemas de forma livre e fixa
comunidade, justificando pontos de vista, reivindicações e de- (como sonetos e cordéis), vídeo-poemas, poemas visuais, dentre
talhando propostas (justificativa, objetivos, ações previstas etc.), outros, expressando avaliação sobre o texto lido e estabelecendo
levando em conta seu contexto de produção e as características preferências por gêneros, temas, autores.
dos gêneros em questão. (EF67LP29) Identificar, em texto dramático, personagem,
(EF69LP23) Contribuir com a escrita de textos normativos, quan- ato, cena, fala e indicações cênicas e a organização do texto:

A,
do houver esse tipo de demanda na escola – regimentos e esta- enredo, conflitos, ideias principais, pontos de vista, universos
tutos de organizações da sociedade civil do âmbito da atuação de referência.

IC
das crianças e jovens (grêmio livre, clubes de leitura, associações (EF69LP29) Refletir sobre a relação entre os contextos de produ-
culturais etc.) – e de regras e regulamentos nos vários âmbitos ção dos gêneros de divulgação científica – texto didático, artigo
da escola – campeonatos, festivais, regras de convivência etc., de divulgação científica, reportagem de divulgação científica,

O ÓG
levando em conta o contexto de produção e as características dos verbete de enciclopédia (impressa e digital), esquema, infográfico
gêneros em questão. (estático e animado), relatório, relato multimidiático de cam-
(EF69LP24) Discutir casos, reais ou simulações, submetidos a po, podcasts e vídeos variados de divulgação científica etc. – e
os aspectos relativos à construção composicional e às marcas

SÃ G
juízo, que envolvam (supostos) desrespeitos a artigos, do ECA, do
Código de Defesa do Consumidor, do Código Nacional de Trânsi- linguística características desses gêneros, de forma a ampliar suas

ES DA
to, de regulamentações do mercado publicitário etc., como forma possibilidades de compreensão (e produção) de textos perten-
de criar familiaridade com textos legais – seu vocabulário, formas centes a esses gêneros.
de organização, marcas de estilo etc. -, de maneira a facilitar a (EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares,
compreensão de leis, fortalecer a defesa de direitos, fomentar a contos de suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma,

PR PE
escrita de textos normativos (se e quando isso for necessário) e crônicas, histórias em quadrinhos, dentre outros, que utilizem
possibilitar a compreensão do caráter interpretativo das leis e as cenários e personagens realistas ou de fantasia, observando os
várias perspectivas que podem estar em jogo. elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido,
tais como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utili-

IM ISE
(EF69LP25) Posicionar-se de forma consistente e sustentada em
uma discussão, assembleia, reuniões de colegiados da escola, de
agremiações e outras situações de apresentação de propostas
e defesas de opiniões, respeitando as opiniões contrárias e pro-
zando tempos verbais adequados à narração de fatos passados,
empregando conhecimento sobre diferentes modos de se iniciar
uma história e de inserir os discursos direto e indireto.
AL
postas alternativas e fundamentando seus posicionamentos, no (EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos,
tempo de fala previsto, valendo-se de sínteses e propostas claras dados e informações de diferentes fontes, levando em conta seus
e justificadas. contextos de produção e referências, identificando coincidências,
DO N

(EF69LP26) Tomar nota em discussões, debates, palestras, apre- complementaridades e contradições, de forma a poder identifi-
sentação de propostas, reuniões, como forma de documentar o car erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se
A

evento e apoiar a própria fala (que pode se dar no momento do criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.
evento ou posteriormente, quando, por exemplo, for necessária (EF67LP31) Criar poemas compostos por versos livres e de forma
A
OI RA

a retomada dos assuntos tratados em outros contextos públicos, fixa (como quadras e sonetos), utilizando recursos visuais, semân-
como diante dos representados). ticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas
(EF69LP27) Analisar a forma composicional de textos pertencen- visuais e vídeo-poemas, explorando as relações entre imagem e
tes a gêneros normativos/ jurídicos e a gêneros da esfera política, texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e
PR A

tais como propostas, programas políticos (posicionamento outros recursos visuais e sonoros.
LP

quanto a diferentes ações a serem propostas, objetivos, ações (EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes
BI

previstas etc.), propaganda política (propostas e sua sustenta- diversas (impressas, digitais, orais etc.), avaliando a qualidade e
ção, posicionamento quanto a temas em discussão) e textos a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com
reivindicatórios: cartas de reclamação, petição (proposta, suas ajuda do professor, as informações necessárias (sem excedê-las)
IA

justificativas e ações a serem adotadas) e suas marcas linguísticas, com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas
de forma a incrementar a compreensão de textos pertencentes a ou gráficos.
ER

esses gêneros e a possibilitar a produção de textos mais adequa- (EF69LP33) Articular o verbal com os esquemas, infográficos,
dos e/ou fundamentados quando isso for requerido. imagens variadas etc. na (re)construção dos sentidos dos textos
(EF69LP28) Observar os mecanismos de modalização adequados de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o es-
AT

aos textos jurídicos, as modalidades deônticas, que se referem ao quemático – infográfico, esquema, tabela, gráfico, ilustração etc.
eixo da conduta (obrigatoriedade/permissibilidade) como, por – e, ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas,
exemplo: Proibição: “Não se deve fumar em recintos fechados.”; infográficos, ilustrações etc. em texto discursivo, como forma
M

Obrigatoriedade: “A vida tem que valer a pena.”; Possibilidade: de ampliar as possibilidades de compreensão desses textos e
“É permitido a entrada de menores acompanhados de adultos analisar as características das multissemioses e dos gêneros em
responsáveis”, e os mecanismos de modalização adequados aos questão.
textos políticos e propositivos, as modalidades apreciativas, em (EF69LP34) Grifar as partes essenciais do texto, tendo em vista
que o locutor exprime um juízo de valor (positivo ou negativo) os objetivos de leitura, produzir marginálias (ou tomar notas em
acerca do que enuncia. Por exemplo: “Que belo discurso!”, “Dis- outro suporte), sínteses organizadas em itens, quadro sinóptico,
cordo das escolhas de Antônio.” “Felizmente, o buraco ainda não quadro comparativo, esquema, resumo ou resenha do texto lido
causou acidentes mais graves.” (com ou sem comentário/análise), mapa conceitual, dependendo
(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionan- do que for mais adequado, como forma de possibilitar uma maior
do procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes compreensão do texto, a sistematização de conteúdos e informa-
objetivos e levando em conta características dos gêneros e ções e um posicionamento frente aos textos, se esse for o caso.

222

LIVRO DE REDACAO FINAL .indb 222 25/08/2022 15:27:54


(EF69LP35) Planejar textos de divulgação científica, a partir demandarem, como em alguns podcasts e vídeos de divulgação
da elaboração de esquema que considere as pesquisas feitas científica), 3ª pessoa, presente atemporal, recurso à citação, uso
anteriormente, de notas e sínteses de leituras ou de registros de de vocabulário técnico/especializado etc., como forma de ampliar
experimentos ou de estudo de campo, produzir, revisar e editar suas capacidades de compreensão e produção de textos nesses
textos voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e gêneros.
resultados de pesquisas, tais como artigo de divulgação científica, (EF69LP43) Identificar e utilizar os modos de introdução de outras
artigo de opinião, reportagem científica, verbete de enciclopé- vozes no texto – citação literal e sua formatação e paráfrase –, as
dia, verbete de enciclopédia digital colaborativa , infográfico, pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição
relatório, relato de experimento científico, relato (multimidiático) do autor e dos outros autores citados (“Segundo X; De acordo

A,
de campo, tendo em vista seus contextos de produção, que com Y; De minha/nossa parte, penso/amos que”...) e os elementos
podem envolver a disponibilização de informações e conheci- de normatização (tais como as regras de inclusão e formatação de
mentos em circulação em um formato mais acessível para um

IC
citações e paráfrases, de organização de referências bibliográfi-
público específico ou a divulgação de conhecimentos advindos cas) em textos científicos, desenvolvendo reflexão sobre o modo
de pesquisas bibliográficas, experimentos científicos e estudos de como a intertextualidade e a retextualização ocorrem nesses

O ÓG
campo realizados. textos.
(EF69LP36) Produzir, revisar e editar textos voltados para a divul- (EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e
gação do conhecimento e de dados e resultados de pesquisas, humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários,
tais como artigos de divulgação científica, verbete de enciclopé- reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos

SÃ G
dia, infográfico, infográfico animado, podcast ou vlog científico, olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e consideran-
relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de

ES DA
do a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
campo, dentre outros, considerando o contexto de produção e
as regularidades dos gêneros em termos de suas construções (EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos perten-
composicionais e estilos. centes a gêneros como quarta-capa, programa (de teatro, dança,
exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog

PR PE
(EF89LP36) Parodiar poemas conhecidos da literatura e criar cultural etc., para selecionar obras literárias e outras manifes-
textos em versos (como poemas concretos, ciberpoemas, haicais, tações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CD´s,
liras, microrroteiros, lambe-lambes e outros tipos de poemas), DVD´s etc.), diferenciando as sequências descritivas e avaliativas
explorando o uso de recursos sonoros e semânticos (como figu- e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do livro

IM ISE
ras de linguagem e jogos de palavras) e visuais (como relações
entre imagem e texto verbal e distribuição da mancha gráfica), de
forma a propiciar diferentes efeitos de sentido.
ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer
escolhas, quando for o caso.
(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes
AL
(EF69LP37) Produzir roteiros para elaboração de vídeos de formas de composição próprias de cada gênero, os recursos
diferentes tipos (vlog científico, vídeo-minuto, programa de rádio, coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas
podcasts) para divulgação de conhecimentos científicos e resul- partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracteriza-
tados de pesquisa, tendo em vista seu contexto de produção, os
DO N

ção dos cenários e dos personagens e os efeitos de sentido de-


elementos e a construção composicional dos roteiros. correntes dos tempos verbais, dos tipos de discurso, dos verbos
A

(EF69LP38) Organizar os dados e informações pesquisados em de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto,
painéis ou slides de apresentação, levando em conta o contexto se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo
A

de produção, o tempo disponível, as características do gênero e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêne-
OI RA

apresentação oral, a multissemiose, as mídias e tecnologias que ros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de
serão utilizadas, ensaiar a apresentação, considerando também cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico
elementos paralinguísticos e cinésicos e proceder à exposição e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no
PR A

oral de resultados de estudos e pesquisas, no tempo determi- texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto),
nado, a partir do planejamento e da definição de diferentes do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotati-
LP

BI

formas de uso da fala – memorizada, com apoio da leitura ou fala vas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gra-
espontânea. maticais próprios a cada gênero narrativo.
(EF69LP39) Definir o recorte temático da entrevista e o entrevis- (EF69LP48) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso
IA

tado, levantar informações sobre o entrevistado e sobre o tema de recursos expressivos sonoros (estrofação, rimas, aliterações
da entrevista, elaborar roteiro de perguntas, realizar entrevista, etc), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráficoes-
a partir do roteiro, abrindo possibilidades para fazer perguntas a pacial (distribuição da mancha gráfica no papel), imagens e sua
ER

partir da resposta, se o contexto permitir, tomar nota, gravar ou relação com o texto verbal.
salvar a entrevista e usar adequadamente as informações obtidas, (EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de
de acordo com os objetivos estabelecidos. livros de literatura e por outras produções culturais do campo e
AT

(EF69LP42) Analisar a construção composicional dos textos per- receptivo a textos que rompam com seu universo de expectati-
tencentes a gêneros relacionados à divulgação de conhecimen- vas, que representem um desafio em relação às suas possibilida-
tos: título, (olho), introdução, divisão do texto em subtítulos, ima- des atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se
M

gens ilustrativas de conceitos, relações, ou resultados complexos nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e
(fotos, ilustrações, esquemas, gráficos, infográficos, diagramas, a temática e nas orientações dadas pelo professor.
figuras, tabelas, mapas) etc., exposição, contendo definições, des- (EF69LP50) Elaborar texto teatral, a partir da adaptação de
crições, comparações, enumerações, exemplificações e remissões romances, contos, mitos, narrativas de enigma e de aventura, no-
a conceitos e relações por meio de notas de rodapé, boxes ou velas, biografias romanceadas, crônicas, dentre outros, indicando
links; ou título, contextualização do campo, ordenação tempo- as rubricas para caracterização do cenário, do espaço, do tempo;
ral ou temática por tema ou subtema, intercalação de trechos explicitando a caracterização física e psicológica dos personagens
verbais com fotos, ilustrações, áudios, vídeos etc. e reconhecer e dos seus modos de ação; reconfigurando a inserção do discurso
traços da linguagem dos textos de divulgação científica, fazendo direto e dos tipos de narrador; explicitando as marcas de variação
uso consciente das estratégias de impessoalização da linguagem linguística (dialetos, registros e jargões) e retextualizando o
(ou de pessoalização, se o tipo de publicação e objetivos assim o tratamento da temática.

223

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(EF69LP51) Engajar-se ativamente nos processos de planeja- literários diversos ou de podcasts de leituras dramáticas com ou
mento, textualização, revisão/ edição e reescrita, tendo em vista sem efeitos especiais e ler e/ou declamar poemas diversos, tanto
as restrições temáticas, composicionais e estilísticas dos textos de forma livre quanto de forma fixa (como quadras, sonetos, liras,
pretendidos e as configurações da situação de produção – o haicais etc.), empregando os recursos linguísticos, paralinguísti-
leitor pretendido, o suporte, o contexto de circulação do texto, cos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos,
as finalidades etc. – e considerando a imaginação, a estesia e a como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas e prolonga-
verossimilhança próprias ao texto literário. mentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos
(EF69LP52) Representar cenas ou textos dramáticos, conside- de gestualidade e pantomima que convenham ao gênero poético
rando, na caracterização dos personagens, os aspectos linguís- e à situação de compartilhamento em questão.

A,
ticos e paralinguísticos das falas (timbre e tom de voz, pausas e (EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da intera-
hesitações, entonação e expressividade, variedades e registros ção entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos

IC
linguísticos), os gestos e os deslocamentos no espaço cênico, o e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom
figurino e a maquiagem e elaborando as rubricas indicadas pelo de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da lingua-
autor por meio do cenário, da trilha sonora e da exploração dos gem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras de

O ÓG
modos de interpretação. linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias,
(EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos – como dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação
contos de amor, de humor, de suspense, de terror; crônicas líricas, de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros
humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (com- em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido

SÃ G
partilhadas ou não com o professor) de livros de maior extensão, decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como
comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole,

ES DA
como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura,
literatura infantojuvenil, – contar/recontar histórias tanto da eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido
tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais, decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e
contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas

PR PE
quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo
interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens
e fluente, que respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entona- e ações próprios de cada gênero narrativo.
ção indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos (EF69LP56) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da

IM ISE
gráfico-editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações
etc., gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para
análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos
norma-padrão em situações de fala e escrita nas quais ela deve
ser usada.
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP

BI
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AT
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