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IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
Maria Fernandes
Como professora atuante desde 1974, Maria Fernandes
PR PE
desenvolveu inúmeros trabalhos na área de linguagem
e estudos da língua portuguesa. Lecionou em escolas
IM ISE
públicas e particulares de São Paulo, trabalhando
inclusive com crianças especiais. Professora Maria
AL
também é assessora e consultora sobre Alfabetização
e Linguagem e formação de professores, em várias
DO N
BI
3.a Edição
Curitiba | 2022
Fernandes, Maria
Redação : interpretação e produção de textos / Maria Fernandes. -- Curitiba : É terminantemente proibido reproduzir
Divulgação Cultural, 2022. este livro total ou parcialmente por
qualquer meio químico, mecânico
Bibliografia. ou outro sistema, seja qual for a sua
ISBN 978-65-87101-87-3 (livro do professor) natureza. Todo o desenho gráfico foi
A,
criado exclusivamente para este livro,
1. Português - Redação (Ensino fundamental) ficando proibida a sua reprodução,
2. Textos - Interpretação (Ensino fundamental)
IC
ainda que seja mencionada sua
3. Textos - Produção (Ensino fundamental) I. Título. procedência.
O ÓG
18-14151 CDD-372.6
SÃ G
3.a Edição - 2022
Impresso no Brasil
ES DA
Copyright - todos os direitos reservados a Divulgação Cultural Ltda.
PR PE
Direção Diagramação
Erivaldo Costa de Oliveira Vicente Design
Cesar Henrique de Oliveira
IM ISE Projeto Gráfico e Capa
Ilustração
Cristiano Campello Padilha/Vicente
Vicente Design Design
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Revisão
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Caibar Pereira
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Iconografia
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Licenciamento de textos
PR A
Sandra Sebastião
LP
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AT
M
A,
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O ÓG
Prezado estudante
SÃ G
A língua de um povo faz parte de sua digni-
ES DA
dade; estudá-la e conhecê-la deve ser consi-
derado como algo além da obrigação; é uma
maneira de nos afirmarmos como cidadãos
PR PE
brasileiros e termos orgulho disso.
Aprender a ler e escrever é apropriar-se de um
IM ISE conhecimento cultural amplo para tornar-se
um usuário da leitura e da escrita no meio em
AL
que vivemos.
Leitura e escrita são ferramentas para a com-
DO N
a você.
BI
A,
IC
O ÓG
Módulo 1
O ato de comunicação ............................................................. 06
SÃ G
ES DA
Módulo 2
PR PE
Funções da linguagem ............................................................ 16
IM ISE
Módulo 3
AL
Módulo 4
OI RA
Crônica .............................................................................. 56
PR A
LP
BI
Módulo 5
IA
Módulo 6
M
Módulo 7
Descrição ............................................................................. 118
IC
Texto dissertativo .................................................................. 126
O ÓG
SÃ G
Módulo 9
ES DA
Texto jornalístico ................................................................... 132
PR PE
IM ISE Módulo 10
Texto publicitário ................................................................... 149
AL
DO N
Módulo 11
A
Módulo 12
LP
BI
Módulo 13
AT
Módulo 14
Redação Oficial..................................................................... 209
1 O ATO DE
COMUNICAÇÃO
A,
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O ÓG
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
Você vai ler um texto de Michael Keep, jornalista americano radicado no Bra-
sil desde 1983.
PR PE
IM ISE Etiqueta telefônica brasileira
AL
Michael Kepp
DO N
Apesar de viver aqui há 20 anos, não consigo dominar a tal etiqueta telefônica que
A
Minha esposa brasileira começa sua “despedida esticada” dizendo, a intervalos regu-
lares, frases como “Então, tá”, “Tá bom” ou “Tá legal” para que a outra pessoa note que
PR A
ela está ficando sem papo. Esses sinais, se ignorados, encolhem-se em uma intermi-
LP
BI
nável procissão de “Tás”. Quando se cansa de dizer “Tá”, ela acrescenta um “Tenho de
ir”, mas geralmente explica por quê, o que pode esticar o papo um bocado.
IA
Geralmente, “Tenho de ir” é seguido de “A gente se fala”, sinal de que o tempo acabou.
Mas, de vez em quando, dizer “A gente se fala” pode levar minha mulher ou a outra
ER
pessoa a lembrar algo que queriam dizer, o que pode dar início a um novo assunto. Só
depois que o novo assunto se esgota, os “Então tás” recomeçam, afinando em uma fila
AT
com apenas dois preâmbulos: “Tenho de ir” e “A gente se fala”, antes de dizer
“Tchau”. Apesar de as minhas despedidas curtas surpreenderem estranhos de vez
em quando, meus amigos brasileiros não se importam porque entendem que
venho de uma cultura “mais objetiva”, o que é um eufemismo para “curta e grossa”.
Não sendo um “homem cordial brasileiro”, mesmo em festas só levo dez minutos
para me despedir de todos. Mas tenho de avisar minha mulher meia hora antes
de eu querer ir embora para que ela comece a se despedir. E, mesmo assim, ela
ignora o aviso.
IC
fazer) ligações ao celular e falar – quase sempre de coisas que podem esperar até
chegar em casa – enquanto eu olho para o nada. No caso do celular, as despedi-
O ÓG
das são (como as minhas) curtas e grossas, porque a ligação é cara.
Alguns brasileiros – como recepcionistas, secretárias ou atendentes de compa-
SÃ G
nhias aéreas – atendem ao telefone dizendo “Um minutinho”, mas me deixam
esperando “ad infinitum”. De vez em quando, um brasileiro – geralmente um ho-
ES DA
mem com o número de telefone errado – liga e pergunta rispidamente “Quem
está falando?”, como se fosse minha obrigação lhe dizer.
PR PE
Apesar de minhas despedidas telefônicas curtas, meu “Alô” tipicamente americano
é bem mais cortês do que o similar nacional. Quando um estranho liga, querendo
falar com minha mulher, que não está, eu digo: “Ela não está. Quer deixar um reca-
IM ISE
do?”. Mas, quando eu ligo e peço para falar com alguém (em casa ou no trabalho),
o brasileiro que atende ao telefone primeiro pergunta “Quem quer falar?” antes
de me dizer se a pessoa está – uma técnica de filtrar ligações que considero tão
AL
que seja via telefone) sem revelar sua identidade. Esse jeito desconfiado não é
A
reflexo dessa sociedade cada vez mais perigosa, mas é peculiar a esse povo. Pelo
OI RA
diais, sendo menos “curto e grosso”. Mas não há dúvida de que os brasileiros só vão domi-
LP
BI
KEPP, Michael. Etiqueta telefônica brasileira. Folha de S. Paulo, 18 dez. 2003. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1812200316.htm>. Acesso em: 3 jul. 2017.
ER
A,
da fertilidade representado
como um vaso em forma de 2. Elabore um resumo do assunto abordado no texto de Michael Keep.
IC
chifre de cujo interior vertem
grande quantidade de flores Lembre-se de que resumir é o ato de compreender um texto, analisar a sua
e de frutas. Por extensão de
O ÓG
sentido, cornucópia passou a forma e conteúdo e traçar, em poucas linhas, o que de fato é essencial e mais
significar qualquer fonte de importante para o leitor. Por isso, siga as regras básicas na elaboração de um
riqueza e/ou de felicidade.
AD INFINITUM - Expressão
resumo:
SÃ G
latina que, literalmente, se – omitir as informações que são secundárias;
ES DA
traduz como “até o infinito”.
Geralmente, é empregada – selecionar o que realmente é essencial para o entendimento do texto;
para intensificar uma situação – generalizar as informações que são tratadas com detalhes;
desagradável ou monótona.
– integrar as informações para tornar o texto mais direto e objetivo.
PR PE
ETIQUETA - Designa conjunto
de regras de comportamento 3. O autor associa a “etiqueta telefônica brasileira” à característica de o brasileiro
(por exemplo, como se com-
ser um “homem cordial”. No texto, os exemplos apresentados mostram que
IM ISE
portar em um banquete, em
uma solenidade oficial) e de
tratamento (saudação inicial,
como se despedir).
o brasileiro é sempre cordial? Justifique.
4. Com base nas distinções apresentadas pelo autor, crie um texto que exem-
AL
2. Espera-se que os alunos re-
conheçam as características da
plifique uma conversa telefônica segundo os padrões adotados pelo autor.
Resposta pessoal. Este deve ser objetivo, especialmente a despedida.
produção de um resumo e pro-
5. Você (ou alguém que você conhece) já passou pela situação de ficar espe-
DO N
de despedir-se, expressa as 6. Você conhece pessoas estrangeiras que vivem há muito tempo no Brasil?
diferenças de comportamento
entre o homem brasileiro e Com base na leitura dos textos de Michael Kepp, entreviste uma delas e es-
PR A
BI
podem responder que Michael Para elaboração da entrevista, lembre-se de que entrevista é um texto que
utiliza esses exemplos para
falar de diferenças culturais. apresenta as perguntas de um entrevistador e as respostas de um entrevis-
IA
3. Não. Observar que no sexto tado, com o objetivo de divulgar as ideias dessa pessoa para que todas as
parágrafo, a palavra “etiqueta”
foi empregada de acordo com conheçam.
ER
A,
brasileiros e norte-americanos utilizam o telefone.
IC
Como o telefone – simples aparelho que permite a comunicação entre as
pessoas – pode levar alguém a fazer as reflexões feitas por Michael Kepp?
O ÓG
Exatamente porque o telefone é uma parte de um processo complexo elabo-
rado pelo ser humano: o ato de comunicação. Veja, no esquema, quais são os
SÃ G
elementos necessários à realização do ato de comunicação:
ES DA
REFERENTE
(CONTEXTO)
PR PE
CÓDIGO
IM ISE EMISSOR
(REMETENTE)
MENSAGEM RECEPTOR/
DESTINATÁRIO
AL
CANAL
(CONTATO)
DO N
Observe que:
A
ceptor/ destinatário;
• para isso, o emissor precisa criar sua mensagem, utilizando um código.
PR A
BI
esquema. Portanto, por ele não é possível perceber toda a dinâmica que ocorre
durante um ato de comunicação. Assim, antes de aprofundar cada um dos ele-
M
1. Comunicação
Dividir, partilhar, tornar comum, manter relações. Todas essas expressões
relacionam-se com o sentido da palavra comunicação. Assim, comunicar define
uma ação que evidencia a relação existente entre os seres humanos quando di-
videm, partilham informações, conhecimentos. Ou seja, por meio da comunica-
ção, é possível fazer com que as pessoas tenham algo em comum.
9
A,
mente, reflete sobre algo, organiza um roteiro de viagens ou planeja
uma ação. Essa comunicação pode até ser registrada por meio de
IC
anotações ou rascunhos em papel, em celular, em tablet ou no com-
O ÓG
putador.
• Comunicação interpessoal. Ocorre quando duas ou mais pessoas
se comunicam, seja face a face ou mediadas por algum meio – tele-
SÃ G
fone, celular, carta, rede social, e-mail etc. Esse tipo de comunicação
ES DA
está presente nas relações familiares e de amizade.
PR PE
3. Comunicação pública
IM ISE Diz respeito à comunicação necessária para tratar dos assuntos relativos à
vida profissional e pública dos seres humanos.
AL
BI
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Revista Trip
produção da mensagem. Toda a vez
A,
que a produz, o emissor tem alguma
intenção: seja informar, seja expres-
IC
sar uma opinião, seja fazer contato,
O ÓG
seja pura e tão somente para fazer
o tempo passar. O emissor pode ser
uma pessoa (por exemplo, um polí-
SÃ G
tico falando em um comício) ou um
ES DA
grupo de pessoas (por exemplo,
um abaixo-assinado) ou, ainda, um
jornal (por exemplo, o editorial).
PR PE
No caso específico de um texto
publicitário, o emissor sempre será
IM ISE
o anunciante. Ele será o responsá-
vel pela publicação e veiculação de
AL
qualquer anúncio. Por esse motivo,
na linguagem publicitária, a presen-
ça do nome do anunciante denomi-
DO N
na-se assinatura.
A
sável pela qualidade das informações presentes nela. Essa responsabilidade pode
ser dividida com pessoas contratadas para nela trabalhar ou que colaboram even-
PR A
tualmente.
LP
BI
IA
Receptor/destinatário
ER
É sempre com a pretensão de chegar até alguém que o emissor elabora sua
mensagem.
AT
Como sempre o emissor produz sua mensagem com alguma intenção (e,
pode-se dizer, com algum interesse). É preferível utilizar a palavra destinatário
para designar o alvo específico de uma mensagem. Dessa forma, reserva-se a
denominação receptor àquele que recebe certa mensagem, mas não era seu alvo.
Por exemplo: Paulo escreve um bilhete. Dobra-o ao meio, ocultando seu conteú-
do. Entrega-o a João e pede que este passe o bilhete a Letícia. Neste caso, João é
o receptor (o bilhete não foi escrito para ele), enquanto o destinatário é Letícia.
11
A,
plo. Embora pareça disponível a toda e qualquer pessoa – por assinatura ou pela
venda em bancas de jornal – seu público, além do interesse por informação e comen-
IC
tários, é definido também pelo poder aquisitivo e grau de instrução e faixa etária.
O ÓG
E qual é o público-alvo de uma revista que tem o nome de Namosca? Só pelo
nome, é praticamente impossível saber. Quando, porém, se observa o que está
escrito logo abaixo de seu nome, essa tarefa se torna bem mais fácil. Público-alvo:
SÃ G
universitários.
ES DA
Revista Namosca, Ano I, É preciso destacar que, mesmo dentro de uma mesma publicação, pode ha-
n.1 – novembro de 2005 ver públicos destinatários distintos. Quando você compra um jornal, por exem-
PR PE
plo, vai encontrar várias seções: geral, política, esportes, cultura, educação, inter-
Veja/Abril Comunicações S.A.
nacional etc.
IM ISE Código
AL
Para materializar a mensagem, o emissor dispõe de vários códigos. Ele esco-
lherá aquele que considera mais adequado ao formato e ao veículo em que será
DO N
publicado, bem como aquele que for mais eficiente para alcançar os objetivos pre-
tendidos por ele.
A
A
Revista Veja, edição para materializar a mensagem. Como criação humana, o código é resultado de
2503, ano 49, n. 45, um processo de convenção – isto é, ao longo do tempo, os sinais vão sendo cria-
PR A
09 novembro 2016 dos e, quando aceitos, são sistematizados e se tornam comuns a determinados
LP
Anca Dumitrache/Shutterstock
IA
ER
AT
M
12
A,
No dia a dia do brasileiro, um dos có- Observe que a cor pode ter vários significa-
digos comuns é precisamente a língua dos: verde (avançar), o vermelho (parar) e
IC
portuguesa. É o idioma oficial utilizado o amarelo (atenção) dos sinais de trânsito;
em todo o território brasileiro tanto para
O ÓG
• De áudio: ruídos, música.
a comunicação particular quanto para a
pública. A língua portuguesa, tal como Basta observar a importância da sono-
a maioria dos idiomas usados em outras plastia em programas de rádio;
SÃ G
nações, é um código linguístico. Trata- • Audiovisuais: unindo todos esses re-
ES DA
-se, portanto, de um código verbal – ca- cursos.
racterizado pelo emprego de palavras
(faladas ou escritas). Pode-se dizer que o ser humano pode
PR PE
fazer com que tudo possa ser usado
para significar. Inclusive o próprio ser
humano: por exemplo, um ator ou uma
IM ISE atriz em uma peça de teatro correspon-
de exatamente a isso.
AL
Canal/contato
DO N
a algo para ser conduzido. É o canal ou contato ou suporte físico, o veículo que
A
OI RA
escolher, além das ondas sonoras, diferentes tipos de suporte físico para apoiar e
transportar a sua mensagem, tais como: papel (jornais, revistas), plástico (banners,
IA
Mensagem
M
A,
Daí, deve-se orientar a que
percebam o local em que o Assim, Olavo se dirigiu até Jussara (ou seja, compreendeu o conceito, o signi-
IC
texto foi publicado: Equilíbrio
do jornal Folha de S. Paulo ficado daquela mensagem), porque conseguiu ouvir o grito e a palavra (ou seja, os
(embora a fonte mencionada aspectos materiais da mensagem) que chegaram até ele por meio das ondas sonoras.
O ÓG
seja a internet, notar essa
referência no endereço: fsp/
equilíbrio). O leitor desse
jornal e, em especial, o do Referente ou contexto
SÃ G
caderno constituem esse
Por fim, há o referente (o contexto).
ES DA
destinatário em potencial.
c) Mensagem: Fazer com que
se fixe o conceito de que a No esquema apresentado, é possível perceber que ele faz parte do ato de co-
mensagem é o que se chama municação e, ao mesmo tempo, “envolve” todos os demais elementos.
PR PE
comumente de texto. Ele traz
duas grandes “cargas”: Desse modo, compreende-se que a comunicação é um processo que precisa es-
a. uma conceitual – o seu
tar contextualizado: deve ter uma referência e acontecer em determinada situação.
IM ISE
significado (essa concepção
é o senso comum): aquilo
que o emissor pretende fazer
com que seu destinatário
O contexto corresponde àquilo que se pretende comunicar, a quem, por que
e para quê. Corresponde, também, ao momento em que a mensagem é produzida
AL
compreenda.
pelo emissor bem como àquele em que o destinatário a recebe.
b. outra “física” – material: o
visual da página e as palavras
DO N
d) Código: Basicamente, a
A
e) Contato: Considerando 2. Indique onde foi usada a linguagem verbal ou a linguagem não verbal, nas
a leitura feita no fascículo, imagens e justifique sua resposta:
AT
ou o próprio fascículo. Ou
F/Nazca Saatchi&Saatchi
A,
uma grande folha de papel, em letras enormes, a situação em que se encon- comunicação de massa, essa
é uma possibilidade bastante
tra, o local em que está presa e um pedido de socorro. remota (mesmo quando se
IC
pede para telefonar, para
a) Nesse caso, ela busca um receptor ou um destinatário? Justifique sua enviar e-mail).
O ÓG
resposta. 4. Não há uma resposta
fechada. Há possibilidades:
b) Suponha que você é a pessoa que se encontra nessa situação. Como • Caso o aluno entenda
que a pessoa acredita na
seria o seu texto de pedido de socorro? Faça numa folha avulsa.
SÃ G
existência de alguém que
ES DA
seja curioso o bastante
para pegar o papel e lê-lo.
Produção de texto: campanha de conscientização Tenha sentimento de soli-
dariedade e vá ajudá-la...
Orientações gerais
PR PE
Então, pode-se dizer que
se busca um destinatário.
Você participará de um grupo que desenvolverá uma campanha de conscienti- Ou seja, há uma espécie de
público-alvo.
zação dentro de sua sala de aula ou na escola.
IM ISE
A proposta é que sejam levantados problemas que ocorrem em sua sala ou na
• Caso entenda que jogará
o papel e que qualquer
pessoa poderá pegá-lo e
escola. A partir daí, os temas que merecem maior atenção serão distribuídos en-
AL
vir salvá-la, haverá a ideia
de receptor. Mas que,
tre os grupos. posteriormente, se tornaria
destinatário.
DO N
BI
mentos orientados pelo/a professor/a. Para que, dessa maneira, ocorra maior adesão dos/as alunos/as. não-verbal. Ou, ainda, se há
Algumas sugestões: um uso equilibrado desses
dois códigos. Sugestão: os
ER
• condenar a prática do bullying (problema grave e complexo que atinge as escolas de um modo geral);
textos poderiam ser expostos
• orientar o uso adequado do celular (em sala e/ou na escola); na sala para avaliação e
• combate ao tabagismo; propiciar a discussão das
AT
Quanto ao desenvolvimento, acompanhar com frequência o andamento dos trabalhos para, não somente orientar
os procedimentos, como também verificar se há soluções semelhantes – caso, desafiar os grupos a encontrar
soluções originais.
Conforme as características da sala e da escola, procurar ajustar a escolha dos meios às condições de tempo e até
econômicas dos/as alunos/as. O importante é que haja a maior diversidade possível de canais/suportes, mas sem
escapar da realidade escolar em que se trabalha.
Como alguns temas são polêmicos, recomenda-se conversar com a direção e a coordenação da escola, assim como
os pais, para que não haja nenhum constrangimento na execução e na apresentação dos trabalhos. Esse contatos
também são importantes, para, conforme a materialização dos textos utilizados na campanha, sejam reservados
espaços da escola.
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2 FUNÇÕES DA
LINGUAGEM
A,
IC
REFLEXÃO
O ÓG
Leia
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE Internet
No começo dos anos 60, o americano Paul Baran concebeu uma rede de computa-
dores na qual cada máquina seria capaz de orientar o trabalho das outras. Durante
AL
a Guerra Fria, preocupado com a possibilidade de um conflito nuclear com a União
Soviética paralisar as comunicações, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos
DO N
BI
foi feita no dia 21 de novembro. Dois anos depois, já eram 24 centros interligados.
O projeto era chamado ARPAnet porque foi encomendado pela ARPA (Departa-
IA
texto tem como rede. A Internet atual é um complexo de redes interconectadas em que milhões
objetivo predomi- de pessoas de todo o planeta compartilham serviços e trocam mensagens.
nante transmitir
informações que
mostram, de for-
ma cronológica, DUARTE, Marcelo. O livro das invenções. São Paulo: Cia das Letras, 1997, p. 141.
os passos dados
na direção de se
criar a Internet.
1. Ninguém produz um texto sem qualquer finalidade. Toda e qualquer produ-
Os verbos no pas- ção textual sempre é elaborada conforme a intenção de seu emissor. Com que
sado, os nomes
dos cientistas, as
objetivo o texto de Marcelo Duarte foi elaborado? Justifique sua resposta.
A,
durante a Guerra Fria,
c) que benefícios o projeto propiciou? quando havia o temor de que
pudesse acontecer uma guer-
IC
3. Para você, a internet é imprescindível? Justifique sua resposta com argumen- ra nuclear. Recomenda-se
tos e exemplos. que o aluno seja incentivado
O ÓG
a pesquisar mais informa-
ções referentes a esse fato
4. Com a orientação de seu professor, você e seus colegas vão produzir um Júri histórico.
simulado. b) “Naquele tempo, não
SÃ G
havia sistemas-padrões de
operação de computadores.
Júri simulado
ES DA
As máquinas não podiam
se comunicar umas com as
outras”.
Tema: é possível viver sem internet?
PR PE
c) Num primeiro momento,
favoreceu “o acesso à pesqui-
Orientações gerais sa acadêmica permitindo o
acesso de centros estrangei-
IM ISE
1. A classe será dividida em quatro grupos: o grupo A constituído por alunos
e alunas que consideram a internet imprescindível; o grupo B, formado por
quem não a vê como imprescindível; o Grupo C, que atuará como organiza-
ros”. Posteriormente, “com
a exploração comercial da
rede”, milhões de usuários de
todo o mundo puderam fazer
AL
uso da Internet.
dor do debate e Júri; e o Grupo D, que fará a cobertura jornalística do evento.
3. Resposta livre. Importante
2. Os Grupos A e B deverão se reunir para levantar argumentos e discutir es- que sejam apresentadas
DO N
tratégias de defesa de suas ideias. Cada grupo elegerá dois oradores para de- as diferentes opiniões e a
força dos argumentos e dos
A
de cada integrante.
5. Os Grupos A, B e C elegerão uma pessoa de cada grupo que ficará responsá-
ER
tação das regras. A partir daí, segue-se o debate até o final, quando o Júri
anunciará o seu voto.
M
A,
Observe o esquema, já conhecido por você.
IC
O ÓG
REFERENTE
(CONTEXTO)
SÃ G
CÓDIGO
ES DA
EMISSOR MENSAGEM DESTINATÁRIO
PR PE
CANAL
(CONTATO)
IM ISE Você já está inteirado de que esse esquema apresenta os elementos necessá-
rios a todo e qualquer ato de comunicação.
AL
isso, o emissor deve codificar sua mensagem e fazer com que ela chegue ao seu
A
destinatário por meio de um canal. Todos esses elementos estão envolvidos pelo
A
referente (ou contexto), que corresponde tanto ao assunto que é tratado quanto
OI RA
BI
IA
ER
O Brasil tem registrado queda no número de casos de infecção por Aids nos últi-
mos anos. Desde 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção da doen-
ça no país, que passou de 21,9/100 mil habitantes em 2012 para 17,8/100 mil
18
A,
a testagem para a doença e o início imediato do tratamento, em caso de diagnós-
tico positivo, são fundamentais para a redução do número de casos e óbitos. […]
IC
O ÓG
DADOS DA DOENÇA
Atualmente, cerca de 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil. Dessas, 89% foram
SÃ G
diagnosticadas, 77% fazem tratamento com antirretroviral e 94% das pessoas em
ES DA
tratamento não transmitem o HIV por via sexual por terem atingido carga viral
indetectável. Em 2020, até outubro, cerca de 642 mil pessoas estavam em trata-
mento antirretroviral. Em 2018 eram 593.594 pessoas em tratamento.
PR PE
No Brasil, em 2019, foram diagnosticados 41.919 novos casos de HIV e 37.308 ca-
sos de Aids. O Ministério da Saúde estima que cerca de 10 mil casos de Aids foram
IM ISE
evitados no país, no período de 2015 a 2019. A maior concentração de casos de
Aids está entre os jovens, de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil
AL
registros. Os casos nessa faixa etária correspondem a 52,4% dos casos do sexo
masculino e, entre as mulheres, a 48,4% do total de casos registrados.
DO N
(ARV) de 30 para 60 ou até 90 dias. Hoje 77% dos pacientes em tratamento tem
A
OI RA
dispensação para 60 e 90 dias , em 2019 eram 48%. Além disso, o uso de autotes-
tes foi ampliado com o objetivo de reduzir o impacto na identificação de casos de
HIV por conta da pandemia. A pasta também garantiu a oferta de teste anti-HIV
PR A
para pacientes internados com síndrome respiratória. Neste ano, até outubro, o
LP
BI
Ministério da Saúde distribuiu 7,3 milhões de testes rápidos de HIV, 332 milhões
de preservativos masculinos e 219 milhões femininos. […]
IA
19
A,
pelo tema saúde.
3. Para construir sua men- 5. Identifique o elemento mensagem.
IC
sagem, foi utilizada como
código palavras da Língua 6. Identifique o seu contexto (seu referente).
Portuguesa.
O ÓG
4. Para que sua mensagem
chegasse a seus destinatários,
o texto foi publicado em site
2. Funções da linguagem
SÃ G
do Ministério da Saúde. O
canal utilizado foi a internet. Você já percebeu que todo Ato de Comunicação é produzido para alcan-
ES DA
5. A mensagem é caracteri- çar algum objetivo. Ou seja, o emissor sempre tem alguma intenção ao elaborar
zada pelo texto em si, tanto a sua mensagem. Quanto ao texto “Casos de AIDS diminuem no Brasil”, pode-se
pelo assunto que ele preten-
de comunicar quanto pela notar que há uma forte intenção de apresentar os dados para que os leitores pos-
PR PE
própria elaboração (palavras, sam compreender de forma objetiva as informações.
parágrafos, pontuação).
6. Há um referente (contexto) Aos objetivos ou intenções pretendidas pelo emissor da mensagem é que
IM ISE
envolvendo toda a produção
da mensagem: os dados es-
tatísticos sobre o tratamento
e prevenção da AIDS, bem
se dá o nome de funções da linguagem. Como cada uma delas está associada a
um dos elementos do Ato de Comunicação, existem seis funções da linguagem:
AL
como os conhecimentos e os • Expressiva (ou Emotiva)
interesses que tanto o emis-
sor quanto os destinatários • Conativa (ou Apelativa)
DO N
• Fática
A
OI RA
• Metalinguística
• Poética
PR A
LP
Você vai conhecer as características de cada uma dessas funções e textos que
BI
as exemplifiquem.
IA
ER
20
A,
opiniões e/ou sentimentos do emissor, como se pode perceber nos trechos as-
sinalados em fragmento de matéria jornalística publicada no caderno Folhateen,
IC
do jornal Folha de S. Paulo, no dia 11 de junho de 2007.
O ÓG
SÃ G
ES DA
A internet encheu o saco
PR PE
Frustração e cansaço levam jovens a abandonar o
Juliana Lopes
AL
bre o trabalho que vão fazer on-line, seu namorado te dá bronca por causa de
algum scrap. Então você abre seu blog para desabafar quando percebe que... está
zonzo. Levanta da cadeira, olha o relógio e entra em pane. Arranca o computador
PR A
BI
Essa história é parecida com a de Ricardo Barbosa, 15, que passou mal de tanto
navegar na rede há três meses. “Comecei a ficar tonto, levantei assustado e
IA
falei: “Meu, o que é isso? Passei seis horas aqui! Não acredito!’”
ER
E, o pior, ele não fazia nada de útil: “Foi simplesmente uma pausa na minha
vida, não aconteceu nada”. Depois desse episódio, Ricardo decidiu nunca mais
AT
deixar de jogar futebol nem de encontrar os amigos para ficar na net. “Foi uma li-
ção. Tem uma hora que chega”, diz o garoto, que desconfia ainda estar viciado.
M
21
A,
que você monta as palavras direitinho. Mas ao vivo eu tinha medo de falar
alguma besteira. Isso me deixava nervosa”, diz a estudante que, para resolver seu
IC
problema de ansiedade, ficou um ano sem entrar na internet. “Na net as pessoas
querem parecer perfeitas e ficam fuçando as vidas das outras. Você fica meio
O ÓG
louca, entende?”
Estudante de cursinho, Maria Reininger, 18, abandonou blog e flog (blog com foto).
SÃ G
“Encheu o saco. No começo é novidade, as pessoas comentam as babosei-
ras que você escreve. Depois, você cansa de ficar andando com a máquina
ES DA
fotográfica embaixo do braço para tirar fotos pro seu flog. Prefiro gastar
meu tempo jogando rugby”, conta a garota. [...].
PR PE
Antonio Guillem/Shutterstock
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
LOPES, Juliana. A internet encheu o saco, Folha de S. Paulo, 11 de junho de 2007. Disponível
ER
22
A,
IC
Marco Aurélio Canônico
Reprodução
O ÓG
Crianças com bichos de estimação pouco usuais podem render toda sorte de
filmes – vide Gremlins (1984), Um hóspede do barulho (1987) etc.
SÃ G
Sendo uma criança escocesa o foco de Meu Monstro de Estimação, que estreia
ES DA
hoje, o bicho bizarro da vez não poderia ser outro que não o monstro do lago
Ness – Nessie, como os britânicos carinhosamente o chamam, ou Crusoé, como o
jovem Angus, seu dono, o apelida.
PR PE
A história, contada em flashback por um senhor (o eterno coadjuvante Brian Cox)
num pub (falando em estereótipos...), se passa durante a Segunda Guerra, quando
IM ISE
os países da ilha viviam sob tensão dos iminentes ataques alemães.
Criança solitária e retraída desde que seu pai foi convocado à guerra, deixando-o Disponível em: <http://
AL
com sua mãe (a boa Emily Watson) e irmã mais velha, Angus MacMorrow encon- www.adorocinema.com/
tra uma pedra estranha na praia e a leva para casa, só para descobrir que o troço filmes/meu-monstro-
é um ovo de um bicho incomum. de-estimacao/meu-
DO N
monstro-de-estimacao-
Incomum e de crescimento acelerado, o que se torna um problema quando a poster01.jpg>
A
casa para um novo e misterioso zelador – e o garoto Angus não consegue mais
OI RA
Reprodução
esconder seu mascote.
Bons efeitos especiais
PR A
BI
Senhor dos Anéis, King Kong), a qualidade visual da criatura é o ponto alto do filme
– um monstrinho fofinho enquanto bebê e gigantesco quando adulto.
IA
Como é praxe nesse tipo de filme, a tenra relação entre o garoto e o animal é o
mote da história: são dois órfãos, cada um a seu modo, que encontram compa-
nhia e amadurecimento em sua convivência. Disponível em: <http://
M
www.adorocinema.com/
Os belos visuais das locações e a ágil narrativa, pontuada com humor e suspense, filmes/meu-monstro-
deixam em segundo plano os deslizes geográficos (como o inexistente encontro de-estimacao/meu-
do lago Ness com o oceano) e históricos (como a data da falsa foto do monstro). monstro-de-estimacao-
poster03.jpg>.
É um filme estritamente infantil e que certamente agradará aos pequenos – mas tam-
bém deve forçar os pais a negociarem, no mínimo, um peixinho de aquário pós-cinema.
CANÔNICO, Marco Aurélio. Amizade entre garoto e criatura rende bom infantil.
Folha de São Paulo, 01 de fevereiro de 2008. Disponível em: <http://www1.
folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0102200814.htm>. Acesso em: 4 jul. 2017. 23
A,
fofinho”; “Os belos visuais das locações e a ágil narrativa”; “certamente agradará
aos pequenos”.
IC
O ÓG
SÃ G
Função Conativa (ou Apelativa)
ES DA
PR PE
Todas as mensagens são elaboradas com a perspectiva de chegar até seu des-
IM ISE tinatário. Mas há um tipo de mensagem que, além de alcançá-lo, é produzida
com a intenção de fazer com que ele atenda aos interesses (ou às necessidades) do
emissor. Nesse caso, a função da linguagem denomina-se conativa ou apelativa:
AL
BI
• pede favores (“Por gentileza, pegue o livro que está em cima da mesa.”);
IA
Função Referencial
24
A,
IC
O ÓG
Texto chinês pode conter primeiro
SÃ G
ES DA
relato de aurora boreal, revela
PR PE
estudo
IM ISE
Presente nos “Anais de Bambu”, escritura possivelmente datada do século 4 a.C.
menciona “luz de cinco cores” vista no céu — três séculos antes do registro que se
AL
acreditava ser o mais antigo.
REDAÇÃO GALILEU
DO N
As auroras, fenômenos belíssimos que iluminam o céu nos polos do planeta, intri-
OI RA
A escritura faz parte dos chamados Anais de Bambu (ou Zhushu Jinian, em man-
BI
darim), que descrevem a história da China desde os tempos lendários até o perío-
do em que foram fabricados. Sua análise está detalhada em estudo publicado na
IA
acreditava ser o mais antigo. Esse está presente em tábuas cuneiformes contendo
inscritos de astrônomos assírios do período entre 679 e 655 a.C.
M
Outro possível registro primário de uma aurora é um pouco mais recente, de 567
a.C., e estava no diário astronômico do rei babilônico Nabucodonosor II.
Embora a crônica chinesa seja conhecida há muito tempo, os pesquisadores a
analisaram com um novo olhar, encontrando a menção de uma “luz de cinco co-
25
A,
O ano do ocorrido é incerto, mas a cronologia da China sugere que a aurora pode
ter acontecido em 977 a.C ou em 957 a.C., dependendo de como o reinado de
IC
Zhao é datado. Os cientistas apontam que o registro é consistente com o que teria
sido uma enorme tempestade geomagnética.
O ÓG
Como se sabe que o polo norte magnético da Terra estava inclinado para o lado
eurasiano em meados do século 10 a.C., cerca de 5° mais próximo da China central
SÃ G
do que atualmente, os pesquisadores estimam que a aurora pode ter sido visível
para os chineses daquela região durante perturbações magnéticas.
ES DA
Descobrir o relato da possível aurora nos Anais de Bambu demorou bastante, pois
o manuscrito original foi perdido, sendo redescoberto só no século 3 d.C. Ainda
PR PE
assim, ele ficou desaparecido novamente durante a Dinastia Song. A confusão só
aumentou no século 16, quando uma versão alterada do texto foi impressa e dizia
que o objeto no céu não era uma luz de cinco cores, mas um cometa.
IM ISE O novo estudo revela que essa leitura não era a original, mostrando o que seria a
descrição da aurora. Esse tipo de dado, segundo os pesquisadores, pode benefi-
AL
ciar a comunidade científica, ajudando a modelar padrões sobre o clima espacial
e a atividade do Sol.
DO N
analisaram com um novo olhar, encontrando a menção de uma “luz de cinco co-
res” vista ao norte do céu noturno, no final do reinado do rei Zhao, da dinastia
A
OI RA
Zhou.
“Relatórios históricos de auroras estendem nosso conhecimento sobre erupções
PR A
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2022/04/
ER
texto-chines-pode-conter-primeiro-relato-de-aurora-boreal-revela-
estudo.html. Consulta realizada no dia 19 de abril de 2022.
AT
organizada de tal forma que o leitor possa, com objetividade, conhecer como foi
realizada a pesquisa e descoberta. Destacam-se os verbos conjugados na terceira
pessoa.
Como exemplo de divulgação científica, leia a seguir os trechos de um artigo
publicado na revista Galileu.
26
A,
novos tipos de vírus de RNA nos
IC
oceanos
O ÓG
SÃ G
REDAÇÃO GALILEU
10 ABR 2022 - 14H08 ATUALIZADO EM 10 ABR 2022 - 14H08
ES DA
Em um estudo que coletou amostras de água do oceano em diversas partes do
mundo, um time internacional de pesquisadores desvendou novos achados so-
PR PE
bre os vírus de RNA — microrganismos cujo material genético é constituído pelo
ácido ribonucleico (RNA) — que vivem nos mares do planeta. As descobertas fo-
ram publicadas na última quinta-feira (7), na respeitada revista Science.
IM ISE
Com auxílio de técnicas de aprendizado de máquina, a equipe identificou 5,5 mil-
novas espécies de vírus desse tipo. Segundo os autores, elas representam todos
AL
os cinco filos de vírus de RNA existentes atualmente, mas não só: novas divisões
precisariam ser criadas para classificar corretamente todos os microrganismos
DO N
Achados de milhões
OI RA
(DNA) — nos oceanos. Se entre 2015 e 2016 apenas alguns milhares eram conhe-
LP
neira que pudesse lidar com bilhões de anos de divergência no genoma viral,
e validou o método mostrando que a técnica poderia classificar com precisão
M
https://revistagalileu.globo.com/Um-So-Planeta/noticia/2022/04/
pesquisadores-descobrem-55-mil-novos-tipos-de-virus-de-rna-nos-oceanos.
html. Consulta realizada em 19 de abril de 2022. (Fragmento)
27
A,
Função Fática
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
Será que toda e qualquer mensagem é elaborada com a intenção de opinar? De
persuadir? Ou de passar informações?
Veja, por exemplo, a transcrição de um trecho de bate-papo virtual:
PR PE
(19:44:57) Juno Entra na sala...
(19:45:19) Juno fala para Todos: nossa, que dahora.. isso ein
(19:45:36) ccelo fala para Juno: aihhiahiahiaa!!!!!!
A
BI
IA
Como este trecho transcreve a fase inicial de uma sessão de bate-papo pela
Foto: Wikimedia Commons
tato com o destinatário e, depois, manter esse canal aberto. Esta função pode se
apresentar de diferentes formas: ruídos, falar alto, repetição, recursos gráficos
(tais como tamanho da fonte, cores etc.).
Observe, por exemplo, na capa de uma revista, como se procura fazer conta-
to com um possível leitor.
28
A,
caracteriza a função fática está presente na imagem do escritor – o seu corpo
ocupa o primeiro plano do espaço da capa.
IC
O ÓG
Função Metalinguística
SÃ G
ES DA
PR PE
Quando ocorre a produção de uma mensagem que tem como objetivo utili-
IM ISE
zar a linguagem para explicar ou definir sua própria linguagem, caracteriza-se o
emprego da função metalinguística.
Você, certamente, já assistiu a um making of de algum filme. Qual é o objeti-
AL
algumas das cenas. Qual é o código utilizado para a produção de um making of?
A
O mesmo que foi empregado no filme: palavras faladas e/ou escritas; imagens em
A
movimento; música.
OI RA
Dicionário Michaelis:
LP
BI
IA
ER
In.ter.net
AT
sf (inter+ingl net, rede) Inform Rede remota internacional de ampla área geográfi-
M
29
BI
pa com o como deverá dizer, ele procura selecionar, dentro do código, elementos
que tenham maior efeito sobre o destinatário. Se a intenção do emissor é em-
ER
30
A,
Criar meu web site
IC
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
O ÓG
Se faz uma jangada
Um barco que veleje
SÃ G
Que veleje nesse infomar
ES DA
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé
PR PE
Um barco que veleje nesse infomar
IM ISE
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
AL
Num site de Helsinque
Para abastecer
DO N
A
BI
De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
IA
GIL, Gilberto. Pela internet. In: Gilberto Gil. Quanta. Warner Musica, 1997, CD, faixa 11
31
A,
a) Ao identificar seu texto com o título “Pela internet”, Gilberto Gil estabelece um
“diálogo” com outro texto significativo da Música Popular Brasileira: a música
IC
“Pelo telefone”, de autoria de Donga (Ernesto dos Santos) e Mauro de Almeida,
O ÓG
gravada em 1917. Essa relação vai além do título. Compare o trecho:
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
SÃ G
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar
ES DA
com este de “Pelo telefone”
O chefe da polícia pelo telefone manda lhe avisar
PR PE
Que na Carioca tem uma roleta para se brincar
BI
site, rede, acessar, hacker, vírus, programas, contactar). Esta escolha parece
ser óbvia, uma vez que o texto tem como referência a internet, porém, o pre-
domínio da língua inglesa revela a forte influência da cultura norte-ameri-
cana (dado que se trata de uma tecnologia desenvolvida a partir dos Estados
Unidos) e o caráter de contemporaneidade do autor do texto – mostra-se
como alguém preso ao seu tempo e preocupado com ele.
32
A,
municação, procurou elaborar seu texto de forma a fazer com que sua construção
tivesse maior relevância, ou seja, a mensagem concentrou-se na própria mensa-
IC
gem. Daí, neste texto, predomina a função poética ou estética.
O ÓG
Uma mensagem, várias funções
SÃ G
Para finalizar, deve-se destacar, ainda, que nas mensagens, raramente, é uti-
ES DA
lizada apenas uma função da linguagem. Quase sempre, há várias funções pre-
sentes. Contudo, sempre haverá uma função predominante que será determina-
da de acordo com a intenção com que a mensagem foi elaborada.
PR PE
Para melhor compreensão observe a reprodução da capa do livro “Iracema”,
de José de Alencar, publicado pela Edições Carambola. Perceba como nela estão
IM ISE
presentes várias funções. Mas qual delas é a predominante?
AL
1a edição
José de Alencar
BI
Roman�smo no Brasil.
Iracema
ER
AT
M
Carambola
Edições
Edições
Carambola
33
A,
• No alto da primeira capa, no centro, em tipos grandes, destaca-se o título da
obra e logo abaixo, o nome do autor. Abaixo do nome do autor, encontra-se
IC
a expressão “1ª edição”.
O ÓG
• Também à direita, na parte inferior, há um conjunto de linhas onduladas
brancas, na vertical, que lembram as ondas do mar, ambiente em que acon-
tece a história de Iracema.
SÃ G
• O espaço central e à esquerda é ocupado por uma imagem de figura indígena
ES DA
feminina, representando Iracema, personagem principal da história narrada
no livro.
PR PE
• Na parte inferior, há a identificação da editora que publicou o livro.
• A lombada reproduz as mesmas informações da primeira capa, exceto pelo
IM ISE número da edição. Os dizeres estão dispostos na verticalidade da lombada,
na ordem de cima para baixo, e encerrados pelo logotipo.
AL
um sol estilizado.
LP
BI
Dessa forma, pela descrição acima, evidencia-se que, tanto na primeira e quarta
capas, quanto na lombada, os destaques foram atribuídos ao código verbal (o nome
IA
do autor e o título) para que, de imediato, o público possa obter essas informações.
Eles foram elaborados de modo a fazer com que prevalecesse a função referencial.
ER
Os elementos não verbais, por sua vez, caracterizam-se como função poética.
Eles, em contraponto à regularidade presente na formatação dos códigos verbais,
provocam um efeito de estranhamento e, na primeira capa, a imagem reforça as
características do personagem principal do livro.
Claro que o conjunto dos enunciados presentes – na primeira capa, em especial
– pode revelar a presença da função conativa, ou seja, há a intenção de persuadir o
público, em uma livraria, a, pelo menos, tomar aquele livro em suas mãos, a folheá-
34 -lo e, talvez, a comprá-lo.
APLICAÇÃO
A,
IC
1. Leia:
O ÓG
No décimo andar de um prédio comercial, um homem aguarda o elevador. Quando
este chega, o homem abre a porta, entra, aperta o botão 3. No elevador, além dele,
SÃ G
há mais dois homens. O homem cumprimenta-os vagamente:
ES DA
– Boa tarde!
– Boa tarde! – respondem simultaneamente os outros dois passageiros.
PR PE
Silêncio. Alguns segundos depois, o homem diz:
– Que frio!
IM ISE
Um dos homens responde:
– É. Está insuportável.
AL
BI
O elevador reduz sua velocidade e para no terceiro andar. O homem despede-se: ocorre quando elas estão em
um mesmo ambiente. Se não
– Até logo! houver troca de comunicação
IA
a) Qual é a função da linguagem que predomina nos diálogos apresenta- ção de exemplos vividos no
cotidiano dos alunos.
dos na situação acima? Justifique sua resposta. b) Função referencial. Perce-
M
35
Angeli
A,
IC
O ÓG
ANGELI. Folha de S. Paulo, 4 set. 2007, caderno Ilustrada.
SÃ G
a) Função expressiva ou
ES DA
emotiva. Perceber que o
personagem expressa seus a) Qual é a função de linguagem predominante na fala do personagem? Justifi-
sentimentos e suas opiniões. que.
Ressaltar que, embora
PR PE
somente no final ocorra o uso b) Na construção da tira como um todo, que função da linguagem predo-
de verbo da primeira pessoa,
as expressões anteriores mina? Justifique.
revelam o pensamento do
personagem.
IM ISE
b) Função poética. Neste
caso, realçar que os traços
3. Leia o primeiro capítulo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis:
AL
elaborados por Angeli
procuram despertar o senso
estético do destinatário, em
DO N
Do Título
rística da tira. Além disso, há
A
atenção do destinatário).
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem
da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cum-
PR A
BI
recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem in-
teiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos
três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse
IA
os versos no bolso.
ER
Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; es-
tava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcu-
nhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos
e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei
a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bi-
lhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” –”Vou para Petrópolis, Dom
Casmurro; a casa é a mesma da Renania; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo,
e vai lá passar uns quinze dias comigo.” –”Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o
dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-
-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”
36
A,
O emissor expressa o seu
título para a minha narração – se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mes- sentimento
IC
mo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno c) Função conativa.
esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão Aqui o emissor tenta per-
suadir seu interlocutor a dar
O ÓG
isso dos seus autores; alguns nem tanto. continuidade à leitura dos
poemas. Neste caso, ressaltar
que não se trata de uma or-
dem, mas sim de um pedido
SÃ G
MACHADO DE ASSIS, J. M. Obras completas, v. 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
d) Momento 1: a explicação
ES DA
do apelido. O emissor conta
o episódio do trem para jus-
a) No início do capítulo, o narrador afirma “Uma noite destas, vindo da cida- tificar o apelido pelo qual é
conhecido. Mais significativo
de para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui
PR PE
ainda é o fato de que a expli-
do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu”. Identifique e explique a cação da palavra Casmurro
não corresponde àquela
função da linguagem que ocorre nesse trecho. encontrada em dicionários.
IM ISE
b) Depois que o apelido Dom Casmurro se espalha, o narrador diz “Nem por
isso me zanguei”. Nesta afirmação, é possível identificar qual função da
[Neste momento, o código
verbal é empregado para
explicar o próprio código]
AL
Momento 2: a explicação do tí-
linguagem? Justifique sua resposta. tulo do livro. Ou seja, narrador
“fala” do próprio livro quando
c) Quando o narrador, dirigindo-se ao rapaz que encontrara no trem, diz
DO N
e) Em “[...] dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou pressão “dou-lhe” e, ao final, a
moça.”, trecho de um dos bilhetes reproduzidos pelo narrador, que fun- enumeração dos elementos
LP
BI
um efeito de estranhamento
e de humor.
funções da linguagem, identifique qual é a função predominante neste
ER
f ) Função metalinguística.
capítulo. Explique sua resposta. Deixar claro que, desde o títu-
lo do capítulo, o narrador dei-
4. Traga para a sala peças de propaganda publicadas em revistas; tiras de qua- xa explícita com que intenção
AT
drinho e charges publicadas em jornal; letras de música brasileira e poemas ele foi elaborado. O uso da
expressão Do, já faz isso.
de autores brasileiros. Reúna-se em grupo e leiam todos os textos trazidos. Reforçar, com esta questão,
M
Com esse material, elaborem um painel exemplificando as funções da lin- a noção de que, embora haja
várias funções da linguagem,
guagem estudadas neste módulo. Afixem o painel na sala. Depois, leiam os o que caracteriza a elabora-
painéis produzidos pelos outros grupos da sua sala. ção de uma mensagem é a
sua intenção primordial e é
4. Orientações esta intenção que permitirá
Esta atividade pode ser plenamente realizada em sala de aula. Dessa forma, faz-se necessário verificar os exemplos identificar a função de lingua-
trazidos pelos alunos, acompanhando o processo de seleção e de produção do painel. Recomenda-se que sejam gem predominante.
favorecidos os exemplos mais diversificados, pois ficará mais compreensível o uso das funções da linguagem e que,
em um mesmo texto, podem ser encontradas várias funções e que, dentre elas, uma será predominante: aquela
que revela a intenção primordial que conduziu a elaboração de um texto.
Durante a exposição, propiciar momentos para que os alunos possam explicar seus trabalhos, bem como tirem
dúvidas quanto à aplicação dos conceitos estudados neste módulo.
37
3 TEXTO
NARRATIVO
A,
IC
REFLEXÃO
O ÓG
SÃ G
Leia:
ES DA
PR PE
IM ISE O compadre da morte
Diz que era uma vez um homem que tinha tantos filhos que não achava mais
quem fosse seu compadre. Nascendo mais um filhinho, saiu para procurar quem
AL
o apadrinhasse e depois de muito andar encontrou a Morte, a quem convidou. A
Morte aceitou e foi a madrinha da criança. Quando acabou o batizado, voltaram
DO N
O homem assim fez. Botou aviso que era médico e ficou rico do dia para a noite
BI
Ou então:
ER
Vai um dia adoeceu o filho do rei e este mandou buscar o médico, oferecendo
M
uma riqueza pela vida do príncipe. O homem foi e viu a Morte sentada nos pés da
cama. Como não queria perder a fama, resolveu enganar a comadre, e mandou
que os criados virassem a cama, os pés passaram para a cabeceira e a cabeceira
para os pés. A Morte, muito contrariada, foi-se embora, resmungando.
O médico estava em casa um dia quando apareceu sua comadre e o convidou
para visitá-la.
38
Tratou-o muito bem e mostrou a casa toda. O médico viu um salão cheio de velas
acesas, de todos os tamanhos, uma já se apagando, outras vivas, outras esmore-
PR A
BI
- É a vida do homem. Cada homem tem uma vela acesa. Quando a vela se acaba,
o homem morre.
IA
O médico foi perguntando pela vida dos amigos e conhecidos e vendo o estado das
vidas. Até que lhe palpitou perguntar pela sua. A Morte mostrou um cotoquinho no
ER
fim.
- Virgem Maria! Essa é que é a minha? Então eu estou morre-não-morre!
AT
A Morte disse:
M
- Está com horas de vida e por isso eu trouxe você para aqui como amigo, mas
você me fez jurar que voltaria e eu vou levá-lo para você morrer em casa.
O médico quando deu acordo de si estava na sua cama rodeado pela família.
Chamou a comadre e pediu:
- Comadre, me faça o último favor. Deixe eu rezar um Padre-Nosso. Não me leves
antes. Jura?
39
A,
3. O local onde a história se
passa não é claramente definido
e descrito, mas pode-se concluir - Vamos, compadre, reze o resto da oração!
IC
que se trata de um reino, já que
o narrador fala que o compadre - Nem pense nisso, comadre! Você jurou que me dava tempo de rezar o Padre-
O ÓG
foi procurado pelo rei quando o -Nosso mas eu não expliquei quanto tempo vai durar minha reza. Vai durar anos
príncipe ficou doente. e anos...
4. Observando-se a linguagem,
o modo de falar dos persona- A morte foi-se embora, zangada pela sabedoria do compadre.
SÃ G
gens, percebe-se que se trata
de uma época antiga, distante Anos e anos depois, o médico, velhinho e engelhado, ia passeando nas suas gran-
ES DA
no tempo.
des propriedades quando reparou que os animais tinham furado a cerca e estra-
5. A cronologia da história é li-
near: começa com o nascimento
gado o jardim, cheio de flores. O homem, bem contrariado, disse:
PR PE
do filho e o convite para que a
morte seja a madrinha; depois o
- Só queria morrer para não ver uma miséria destas!...
compadre se tornando médico,
enriquecendo e ficando famoso;
Não fechou a boca e a Morte bateu em cima, carregando-o. A gente pode enga-
IM ISE
o chamado do rei; mais tarde o
compadre visita a casa da mor-
te, descobre que sua vida está
no fim e engana a comadre para
nar a Morte duas vezes mas na terceira é enganado por ela.
demais atuam como secundá- 3. Em que local essa história acontece? Justifique com elementos do texto e/ou
rios e interagem, em especial, também com suas impressões.
com o Compadre
PR A
b) A rigor, o único traço descri- 4. Quanto ao tempo, em que época você situaria esta história? Justifique com
tivo (ainda assim muito tênue)
elementos do texto e/ou também com suas impressões.
LP
BI
descrições que serão apresen- a) Quais os personagens que participam dessa história?
tadas (provavelmente, será pos-
sível constatar que, esses traços b) Caracterize, fisicamente, esses personagens, com elementos do texto e/
AT
40
DA TEORIA À PRÁTICA
do Compadre é a esperteza,
já que enganou a morte duas
vezes. Já a Morte é paciente,
esperou o momento certo
para driblar a esperteza do
A,
Compadre.
No início deste módulo, você trabalhou com um texto que se denomina nar- 7. Sugere-se que, no momento
rativo. Sua característica principal é apresentar uma sucessão de acontecimentos
IC
de discutir esta questão, o/a
aluno/a “mostre” como seriam
envolvendo personagens. as vozes desses personagens.
O ÓG
Incentivar o contraste e as
Trata-se de um tipo de texto muito comum ao cotidiano de todas as pessoas. diversas justificativas, pois,
Basta que alguém diga algo como “Você nem imagina o que aconteceu comigo!” à semelhança do que se
orientou resposta à questão
SÃ G
ou “Sabe o que acabei de ver?” para se seguir uma história que poderá ser muito 4 b), isso evidenciará que o
ou pouco interessante, conforme quem a está contando ou como está contando.
ES DA
conhecimento de mundo
do/a aluno/a é elemento
Assim, um texto narrativo pode ser desde um relato ou uma fofoca que se fundamental na construção de
sentido para o texto.
conta oralmente até um romance com mais de 300 páginas. Um poema como
PR PE
8. Para a elaboração da síntese,
“Caso do Vestido”, de Carlos Drummond de Andrade, ou Os Lusíadas, de Luis orientar os alunos para que
de Camões, são exemplos de textos narrativos. Um filme, uma peça de teatro, leiam novamente o texto, sub-
linhando as palavras e frases
IM ISE
uma telenovela, uma história em quadrinhos também são exemplos de textos
narrativos elaborados com códigos verbais e não verbais (às vezes, um filme ou
que fazem mais sentido, que
expressam ideias que tenham
mais importância. Enfatizar
uma história em quadrinhos pode ser feita apenas com a utilização de código não
AL
que devem deixar de lado o
verbal). óbvio e os detalhes.
Nesta atividade, o impor-
Independentemente de como é produzido ou veiculado, um texto narrativo
DO N
BI
Quando se está fruindo um texto narrativo, é o que impulsiona o interesse por que os roteiristas de cinema e
de TV, muitas vezes, têm seus
ele, saber o que aconteceu (ou acontecerá) “depois” (E depois? E depois?). Há ti- roteiros pré-avaliados.
IA
pos de narrativa em que essa “impulsão” é mais manifesta: histórias policiais, de Uma sugestão de resposta
terror, de suspense, aventuras, por exemplo. Observe com atenção o texto “Conto Um homem, que se conside-
ER
41
A,
Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na
frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu
IC
numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.
O ÓG
Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro,
via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba
crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não
SÃ G
hesitou – porém – quando o homem que entrara na frente apontou para o que
entrara em seguida e disse: “É este”.
ES DA
O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este
passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de ca-
PR PE
beça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao
parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.
IM ISE Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou
uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda
pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois,
AL
entrava em casa a berrar para a mulher:
– Julieta! Ó Julieta… consegui.
DO N
dade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote
e verificou que o marido conseguira mesmo.
A
OI RA
BI
IA
Nesse conto, foi possível perceber a sequência de ações que levam a um des-
fecho surpreendente.
ER
2. Personagem
AT
podem ser semelhantes aos seres humanos (o compadre, a mãe, o pai) ou seres
que assumem características humanas (animais – como nas fábulas –; objetos –
por exemplo, Machado de Assis escreveu o conto “Um apólogo”, em cujo enredo
objetos de costura dialogam: agulha, linha e alfinete. Em animações ou histórias
em quadrinhos, isso ocorre com frequência: o filme Sing 2 é protagonizado por
42
A,
• Personagens simples. Geralmente, a construção desse tipo de persona-
IC
gem é feita de forma estereotipada (e, até mesmo, caricata). São persona-
gens que, de certo modo, agem de forma pouco ou nada surpreendente.
O ÓG
São descritas de forma convencional e suas características psicológicas,
superficiais. Por exemplo, nas histórias em quadrinhos mais comuns, há
SÃ G
um esquema de personagens constituído pela oposição entre herói (su-
ES DA
per-herói, muitas vezes) e vilão (ou vilões). Outra narrativa que, frequen-
temente, trabalha com personagens simples é a telenovela. No primeiro
texto (“O compadre da Morte”), pode-se perceber que os personagens são
PR PE
simples: mais “ilustram“ a história do que a constroem, ou seja, interessa
que, ao final do texto, o leitor aprenda algo ou se divirta em função do
IM ISE
efeito que se pretende atingir com aquela história.
• Personagens complexos. São personagens que fogem a uma modelização.
Suas ações são mais verossímeis, ou seja, convencem, pois se comportam
AL
como se estivessem em uma situação da vida real. Por isso são surpreen-
dentes já que podem revelar virtudes em algumas ocasiões e, em outras,
DO N
BI
gens, outros com menor destaque poderão participar de um enredo para aumen-
tar o efeito de realidade (verossimilhança) necessário a uma história.
AT
que está em primeiro plano. Muitas vezes, é o herói de uma trama – sobre quem
são depositadas todas as expectativas de solução dos conflitos presentes em um
enredo. Outra atuação relevante em uma trama é a do antagonista: aquele que se
opõe ao protagonista, criando-lhe dificuldades, tentando derrotá-lo ou prejudi-
cá-lo em suas ações.
43
A,
possível considerá-lo como um personagem. No filme, Um estranho no ninho, cuja
IC
trama se desenrola em um sanatório, o personagem McMurphy, interpretado pelo
ator Jack Nicholson, terá sua vida alterada em função desse ambiente e dos demais
O ÓG
personagens que vivem ou trabalham nesse sanatório.
Ainda, para fins de classificação, as ações podem acontecer em espaços
SÃ G
• Interiores (um apartamento) – por exemplo, o filme Eu sei que vou te
ES DA
amar, de Arnaldo Jabor. Outro bom exemplo, neste caso, é o conto “O
menino”, de Lygia Fagundes Telles).
PR PE
• Exteriores (uma rua, um jardim, um sítio) - por exemplo, o conto “Tarde
de sábado, manhã de domingo”, de José J. Veiga.
no ano 2000.
• Concretos (um ônibus ou trem, por exemplo). A história do conto “Apó-
M
44
A,
há o espaço histórico – ambiente do século XVII; concreto – os lugares
são apresentados conforme se apresentavam naquela época; alternam-se
IC
ambientes urbanos (a cidade de São Paulo) e rurais (nos embates entre
O ÓG
bandeirantes e índios), assim como ambientes internos e externos.
4. Tempo
SÃ G
ES DA
Corresponde ao quando das ocorrências de fatos em um enredo. Há duas
formas de o tempo estar registrado em uma narrativa:
• Cronológico: é o tempo objetivo. Pode ser marcado pelo relógio, pelo ca-
PR PE
lendário ou pelo ritmo natural – noite, dia; primavera, outono. No texto “O
compadre da Morte”, coletado por Câmara Cascudo, o tempo é cronológico e
IM ISE
seu fluxo é linear (começa no momento em que o homem procura uma ma-
drinha para seu filho e se encerra com a morte desse mesmo homem agora já
velho). Há narrativas, contudo, que podem apresentar tempo cronológico em
AL
BI
cruzada pode ser visto na peça Vestido de noiva, de Nélson Rodrigues, escrita em
ER
1943 e que teve sua primeira montagem nesse mesmo ano. Há o tempo crono-
lógico linear que corresponde ao atropelamento da personagem Alaíde e todas
as ações que decorrem a partir desse fato. No hospital, enquanto os médicos lhe
AT
prestam socorro, vão sendo apresentadas cenas que ora revelam o delírio (tempo
psicológico) de Alaíde, ora mostram suas lembranças (tempo cronológico não-
M
45
A,
Narrador em terceira pessoa: onisciente
IC
Onisciente – é do tipo “sabe-tudo”. Trata-se de um narrador que tem total
O ÓG
domínio da situação e escolhe o quê e como apresentará a história. Às vezes, pode
ser mais intruso, opina, dialoga com o receptor. Outras vezes, fica mais à distân-
cia, parecendo apenas registrar as cenas e transmitindo-as ao receptor.
SÃ G
Observe como no trecho do capítulo XXV, do romance O crime do padre
ES DA
Amaro, de Eça de Queiroz, o narrador apresenta com detalhes as reações das
pessoas, os seus movimentos, o que dizem (ou pensam). Ou seja, esse narrador
PR PE
“sabe tudo” e seleciona os detalhes que deseja mostrar ao leitor.
IM ISE
AL
Nos fins de maio de 1871 havia grande alvoroço na Casa Havanesa, ao Chiado, em
DO N
porta, e alçando-se em bicos de pés esticavam o pescoço, por entre a massa dos
chapéus, para a grade do balcão, onde numa tabuleta suspensa se colavam os
A
OI RA
até ao Magalhães, era, por aquele dia já quente do começo de verão, toda uma
gralhada de vozes impressionadas, onde as palavras – Comunistas! Versailles! Pe-
AT
46
A,
de uma ciência, e fazia saltar uma velha sociedade pelo petróleo, pela dinamite e
pela nitroglicerina! Uma convulsão, um fim do mundo – que vinte, trinta palavras
IC
de repente mostravam, num relance, a um clarão de fogueira.
O Chiado lamentava com indignação aquela ruína de Paris. Recordavam-se com
O ÓG
exclamações os edifícios ardidos, o Hôtel de Ville, “tão bonito”, a Rue Royale, “aquela
riqueza”. Havia indivíduos tão furiosos com o incêndio das Tulherias como se fosse
SÃ G
uma propriedade sua; os que tinham estado em Paris um ou dois meses abriam-
-se em invectivas, arrogando-se uma participação de parisienses na riqueza da
ES DA
cidade, escandalizados por a insurreição não ter respeitado os monumentos em
que eles tinham posto os seus olhos.
PR PE
– Vejam vocês! – exclamava um sujeito gordo. – O palácio da Legião de Honra destruído!
Ainda não há um mês que eu lá estive com minha mulher... Que infâmia! Que patifaria!
IM ISE
Mas espalhara-se que o ministério recebera outro telegrama mais desolador: toda
a linha do boulevard da Bastilha à Madalena ardia, e ainda a Praça da Concórdia,
e as avenidas dos Campos Elísios até ao Arco do Triunfo. E assim tinha a revolta
AL
arrasado, numa demência, todo aquele sistema de restaurantes, cafés-concerto,
bailes públicos, casas de jogo e ninhos de prostitutas! Então houve por todo o
DO N
museus: mas a saudade era sincera pela destruição dos cafés e pelo incêndio dos
OI RA
lhes são mostradas, desempenha esse papel de narrador (claro que seguindo as
determinações do roteiro bem como as do diretor).
M
47
Considerado o primeiro filme de ficção científica, a obra Viagem à Lua foi lançado
LP
BI
O filme foi sucesso de público em sua época e foi, provavelmente, além de ser o
AT
primeiro filme de ficção científica, o pioneiro sobre seres alienígenas. Uma de suas
famosas cenas é a imagem de um foguete no olho do rosto na Lua.
M
48
BI
IA
ER
AT
M
In: https://plenarinho.leg.br/index.php/2018/01/turma-do-plenarinho-
jovem/. Página 2. Consulta realizada no dia 27 de abril de 2022.
49
A,
No conto “O menino”, de Lygia Fagundes Telles, é esse o tipo narrador. Ob-
serve, no trecho transcrito a seguir, que o leitor tem uma visão da história, exclu-
IC
sivamente, a partir do foco concentrado no menino.
O ÓG
SÃ G
ES DA
O menino
PR PE
Sentou-se num tamborete, fincou os cotovelos nos joelhos, apoiou o queixo nas
mãos e ficou olhando para a mãe. Agora ela escovava os cabelos muito louros e
IM ISE curtos, puxando-os pra trás. E os anéis se estendiam molemente para em segui-
da voltarem à posição anterior, formando uma coroa de caracóis sobre a testa.
Deixou a escova, apanhou um frasco de perfume, molhou as pontas dos dedos,
AL
passou-os nos lóbulos das orelhas, no vértice do decote e em seguida umedeceu
um lencinho de rendas. Através do espelho, olhou para o menino. Sorriu. Ele sorriu
também, era linda, linda, linda! Em todo o bairro não havia uma moça linda assim.
DO N
– Ah, que pergunta! ... Acho que trinta ou trinta e um, por aí, meu amor, por aí...
A
OI RA
BI
olhando, achava maravilhoso ser afagado como uma criancinha. Mas era preciso
mesmo que não houvesse ninguém por perto.
ER
TELLES, Lygia Fagundes. O menino. In MONTEIRO, Leonardo (et al.). Lygia Fagundes Telles.
São Paulo: Abril Educação, 1980, p. 63 Coleção Literatura Comentada. (Fragmento)
Em narrativas televisivas ou cinematográficas, esse tipo de narrador também
pode ser utilizado, mas, raramente, em toda a narração O uso desse tipo de nar-
ração denomina-se câmera subjetiva, exatamente porque o espectador vê a cena
50
A,
alguém conta um fato que vivenciou, está utilizando a narração em primeira pessoa.
IC
Neste caso, o receptor recebe a história por meio do olhar, dos pensamentos, dos sen-
timentos, das opiniões do personagem central. A escolha por esse tipo de narrador
O ÓG
faz com que as ações do protagonista fiquem mais próximas, podem até parecer mais
verossímeis, porém limitadas à linguagem, à visão e à compreensão dele.
SÃ G
Um exemplo de personagem principal narrando sua própria história aparece
ES DA
no texto “No retiro da figueira”, de Moacyr Scliar. Observe alguns trechos.
PR PE
IM ISE
No retiro da Figueira
AL
Sempre achei que era bom demais. O lugar, principalmente. O lugar era... era ma-
ravilhoso. Bem como dizia o prospecto: maravilhoso. Arborizado, tranquilo, um dos
DO N
últimos locais – dizia o anúncio – onde você pode ouvir um bem-te-vi cantar. Verda-
de: na primeira vez que fomos lá ouvimos o bem-te-vi. E também constatamos que
A
Não fomos os primeiros a comprar casa no Retiro da Figueira. Pelo contrário; entre
LP
BI
nossa primeira visita e a segunda – uma semana após – a maior parte das trinta
residências já tinha sido vendida. O chefe dos guardas me apresentou a alguns dos
IA
compradores. Gostei deles: gente como eu, diretores de empresa, profissionais libe-
rais, dois fazendeiros. Todos tinham vindo pelo prospecto. E quase todos tinham se
ER
Moacyr Scliar. Os melhores contos de Moacyr Scliar. São Paulo, Global, 2000. (Fragmentos)
51
A,
Narrador em primeira pessoa – personagem secundário
IC
A narrativa que apresenta um personagem secundário como narrador, além
O ÓG
de possuir grande subjetividade, semelhante àquela encontrada quando persona-
gem central narra, limitará ainda mais a visão da história. O receptor saberá das
ações somente nos momentos em que o personagem secundário estiver presente
SÃ G
nelas ou quando algum outro personagem lhe contar algo.
ES DA
Exemplo desse tipo de narrador pode ser visto nas histórias policiais criadas
por Arthur Conan Doyle que têm o detetive Sherlock Holmes como protagonis-
PR PE
ta. Nesses enredos, a narração fica a cargo do Dr. Watson (assistente de Sherlock).
Veja abaixo dois pequenos trechos do “O cão dos Baskerville” e observe a narra-
Trecho 1
A
“MR. SHERLOCK HOLMES, que costumava se levantar muito tarde de manhã, exceto na-
A
OI RA
quelas não raras ocasiões em que passava a noite em claro, estava sentado à mesa do
desjejum. Postei-me no tapetinho junto à lareira e peguei a bengala que nosso visitante
esquecera ali na noite anterior. Era uma bela e grossa peça de madeira, de castão bul-
PR A
boso, do tipo conhecido como Penang lawyer. Logo abaixo do castão havia uma larga
LP
BI
faixa de prata, de cerca de dois centímetros e meio. Nela estava gravado: “Para James
Mortimer, M.R.C.S., de seus amigos do C.C.H.”, com a data “1884”. Era exatamente o tipo de
IA
Trecho 2
AT
“A aparência do nosso visitante foi uma surpresa para mim, já que esperava um típico
médico rural. Era um homem bem alto e magro; um nariz comprido e adunco projeta-
va-se entre dois penetrantes olhos cinza, muito juntos, que brilhavam detrás de um par
M
de óculos com aro de ouro. Vestia-se de maneira profissional, mas um tanto desmaze-
lada, pois sua sobrecasaca estava encardida e as calças, puídas. Embora jovem, tinha as
longas costas encurvadas e caminhava espichando a cabeça para a frente, com um ar
geral de perscrutadora benevolência. Quando entrou, deu com os olhos na bengala na
mão de Holmes e correu para ela com uma exclamação de alegria.”
52
A,
a) Obra: Romeu e Julieta –
Autoria: William Shakespeare
a) Dois jovens se apaixonam, porém suas famílias, que não mantêm rela-
IC
[Neste caso, observar que,
ções amistosas, vivem em litígio constante. Com a ajuda de um religioso, além de peça teatral, Romeu
e Julieta foi adaptada muitas
eles conseguem se aproximar. Porém, a história terá um final trágico.
O ÓG
vezes para o cinema
b) Obra: O incrível Hulk – Auto-
b) Um cientista é contaminado por substância radioativa quando tenta ria: Stan Lee [Destacar que Stan
salvar um jovem que se encontrava na área em que se realizava uma Lee é o roteirista e não o dese-
SÃ G
nhista. Característica comum
experiência científica. Posteriormente, como consequência dessa conta-
ES DA
nas histórias em quadrinhos é
minação, todas as vezes em que ele fica irritado ou estressado, seu corpo um mesmo personagem ser
representado com sensíveis di-
se agiganta e fica verde. ferenças, porque nem sempre
PR PE
é o mesmo ilustrador quem
c) Poderoso governante descobre a traição de sua mulher. Inconformado, desenha o personagem. Fato
ele a condena à morte. Depois, pede a um auxiliar que encontre uma semelhante (e mais facilmente
observável) ao que ocorre nas
mulher para desposar. Entretanto, após a primeira noite de núpcias, ele
IM ISEmanda matar a sua esposa. Segue-se um ritual em que, sucessivamente,
novas esposas são encontradas e mortas. Até que uma jovem desen-
representações teatrais, de TV
ou de cinema quando diferen-
tes atores/atrizes representam
o mesmo personagem
AL
volve uma estratégia, conseguindo fazer com que o governante não a c) Obra: As mil e uma noites
mate. Por mais mil noites, ela repete a mesma e bem-sucedida estraté- – Autoria: Vários autores (Trata-
se, a rigor, de uma grande
DO N
gia. Finalmente, governante se convence de que pode voltar a confiar compilação de narrativas orais
nas mulheres. tradicionais, do mundo árabe.
A
BI
ca, 1989), Marcos Rey propõe um exercício para a construção de um perso- sugere-se que o/a aluno/a seja
nagem. É com base nele que você irá realizar esta atividade. incentivado/ a a apresentar
narrativas elaboradas em
formatos diferentes (TV, foto-
Primeiro, reúna-se em grupo, que vai definir um personagem que será o novela, blogs narrativos etc.).
protagonista de uma história.
2. Ressaltar que, mais do que simplesmente desenvolver a história, espera-se que a criatividade seja um dos pontos altos
desta atividade (tanto em relação às soluções de enredo quanto à estrutura e à linguagem da narrativa).
Utilizar essas produções para trabalhar os conteúdos estudados neste fascículo, de modo a fazer com que fiquem com-
preensíveis os elementos que estruturam uma narrativa.
Sugestão: solicitar que a sala selecione as produções mais expressivas que, após uma boa revisão, podem compor um
pequeno livro (ou um blog), com ilustrações elaboradas pelos/as alunos/as da sala. 53
A,
– que ficará responsável pelo
registro das respostas – e um a) Onde você nasceu? Descreva alguns detalhes desse lugar.
ilustrador – que, a partir de
IC
algumas respostas, poderá es- b) A história acontece nesse local em que você nasceu? Ou você está de
boçar traços do personagem,
passagem por esta cidade?
O ÓG
figurinos, cenários etc.
SÃ G
a produção de forma a que
todos dela participem ativa-
ES DA
mente, de modo a valorizar a e) Você segue alguma religião? Qual?
colaboração entre os partici-
pantes do grupo. Sugere-se f) Você é uma pessoa agitada ou calma? Qual é seu temperamento? Sem-
que cada grupo apresente sua
pre se comporta do mesmo modo?
PR PE
produção de forma original
(por exemplo, ilustrada por
meio de colagens; além de g) Fale um pouco sobre sua família. Como você se relaciona com ela?
em áudio).
IM ISE
escrita que tenha uma versão
outras oportunidades.
A
a curto prazo:
OI RA
a médio prazo
PR A
a longo prazo:
LP
BI
p) E o que odeia?
q) Você tem algum (ou alguns) vício(s)?
AT
Agora os grupos irão trocar as entrevistas. Com base na entrevista que seu
grupo recebeu, desenvolvam uma história em que as características do per-
sonagem serão utilizadas para dar vida ao enredo.
54
A,
modo, auxiliá-lo/a a escolher
a proposta mais adequada e,
assim, desenvolvê-la com mais
IC
PRODUÇÃO DE TEXTO facilidade e maior qualidade.
A intenção é provocar refle-
O ÓG
xões e ações que levem o/a
aluno/a a produzir narrativas
Orientações gerais em diferentes formatos e a ex-
plorar recursos de linguagem
SÃ G
de maneira criativa e eficiente.
Você tem abaixo várias atividades. Escolha e desenvolva uma delas. Verifique que, Estimular o/a aluno/a a encarar
ES DA
para algumas delas, é recomendável ser trabalhada individualmente. Outras são esta proposta de forma ousada
– em que o como fazer deve
mais indicadas para pequenos grupos. E, por fim, aquelas que serão mais bem ter prioridade sobre o que
elaboradas por grupos maiores. O melhor é que você escolha fazer algo de que
PR PE
contar. Ou seja, evidenciar que,
neste momento, a função poé-
goste e que, por isso, poderá realizá-la com maior qualidade. tica deve predominar sobre as
demais.
1. Escolha um texto narrativo (pode ser conto, poema narrativo, filme etc.) e
IM ISE
reescreva-o de diferentes formas (alterando o foco narrativo; mudando final;
alterando o tempo – por exemplo, fazer a ação acontecer no século XXII). Ao
Sugestão: promover uma se-
mana de exposição dos traba-
lhos realizados para que sejam
apreciados e avaliados por
AL
final, edite seu trabalho no formato de um pequeno livro. alunos/alunas de outras salas
e de outras séries, bem como
2. Selecione um dos textos deste módulo e adapte-o para o formato de história professores/as e funcionários/
DO N
3. Selecione um dos textos deste módulo e adapte-o para o formato de radio- amplitude, estendendo o
convite a familiares e amigos/
A
teatro.
OI RA
as dos/das alunos/as.
55
4 CRÔNICA
A,
IC
REFLEXÃO
O ÓG
SÃ G
Leia o texto e responda às questões.
ES DA
PR PE
IM ISE Sobre o amor, etc.
Dizem que o mundo está cada dia menor.
AL
É tão perto do Rio a Paris! Assim é na verdade, mas acontece que raramente vamos
sequer a Niterói. E alguma coisa, talvez a idade, alonga nossas distâncias sentimentais.
DO N
Na verdade há amigos espalhados pelo mundo. Antigamente era fácil pensar que a vida
A
era algo de muito móvel, e oferecia uma perspectiva infinita e nos sentíamos contentes
A
achando que um belo dia estaríamos todos reunidos em volta de uma farta mesa e
OI RA
nos abraçaríamos e muitos se poriam a cantar e a beber e então tudo seria bom. Agora
começamos a aprender o que há de irremissível nas separações. Agora sabemos que
PR A
jamais voltaremos a estar juntos; pois quando estivermos juntos perceberemos que já
somos outros e estamos separados pelo tempo perdido na distância. Cada um de nós
LP
BI
terá incorporado a si mesmo o tempo na ausência. Poderemos falar, falar, para nos cor-
respondermos por cima dessa muralha dupla; mas não estaremos juntos; seremos duas
IA
outras pessoas, talvez por este motivo, melancólicas; talvez nem isso.
Chamem de louco e tolo ao apaixonado que sente ciúmes quando ouve sua ama-
ER
da dizer que na véspera de tarde o céu estava uma coisa lindíssima, com mil pe-
quenas nuvens de leve púrpura sobre um azul de sonho. Se ela diz “nunca vi um
AT
céu tão bonito assim” estará dando, certamente, sua impressão de momento; há
centenas de céus extraordinários e esquecemos da maneira mais torpe os mais
M
fantásticos crepúsculos que nos emocionaram. Ele porém, na véspera, estava den-
tro de uma sala qualquer e não viu céu nenhum. Se acaso tivesse chegado à janela
e visto, agora seria feliz em saber que em outro ponto da cidade ela também vira.
Mas isso não aconteceu, e ele tem ciúmes. Cita outros crepúsculos e mal esconde
sua mágoa daquele. Sente que sua amada foi infiel; ela incorporou a si mesma
alguma coisa nova que ele não viveu. Será um louco apenas na medida em que
o amor é loucura.
56
A,
são 7 inimigos: queremos analisá-los até o fundo, para destruí-los.
IC
Não nego razão aos que dizem que cada um deve respirar um pouco, e fazer sua
pequena fuga, ainda que seja apenas ler um romance diferente ou ver um filme
O ÓG
que o outro amado não verá. Tem razão; mas não tem paixão. São espertos porque
assim procuram adaptar o amor à vida de cada um, e fazê-lo sadio, confortável e
melhor, mais prazenteiro e liberal. Para resumir: querem (muito avisadamente, é
SÃ G
certo) suprimir o amor.
ES DA
Isso é bom. Também suprimimos a amizade. É horrível levar as coisas a fundo: a
vida é de sua própria natureza leviana e tonta. O amigo que procura manter suas
PR PE
amizades distantes e manda longas cartas sentimentais tem sempre um ar de
náufrago fazendo um apelo. Naufragamos a todo instante no mar bobo do tempo
e do espaço, entre as ondas de coisas e sentimentos de todo dia. Sentimos per-
IM ISE
feitamente isso quando a saudade da amada nos corrói, pois então sentimos que
nosso gesto mais simples encerra uma traição. A bela criança que vemos correr ao
sol não nos dá um prazer puro; a criança devia correr ao sol, mas Joana devia estar
AL
aqui para vê-la, ao nosso lado. Bem; mais tarde contaremos a Joana que fazia sol e
vimos uma criança tão engraçada e linda que corria entre os canteiros querendo
DO N
pegar uma borboleta com a mão. Mas não estaremos incorporando a criança à
vida de Joana; estaremos apenas lhe entregando morto o corpinho do traidor,
A
Assim somos na paixão do amor, absurdos e tristes. Por isso nos sentimos tão
felizes e livres quando deixamos de amar. Que maravilha, que liberdade sadia em
PR A
poder viver a vida por nossa conta! Só quem amou muito pode sentir essa doce
felicidade gratuita que faz de cada sensação nova um prazer pessoal e virgem
LP
BI
do qual não devemos dar contas a ninguém que more no fundo de nosso peito.
Sentimo-nos fortes, sólidos e tranquilos. Até que começamos a desconfiar de que
IA
velha besteira: você se lembra daquela tarde em que tomamos cachaça num café
que tinha naquela rua e estava lá uma loura que dizia, etc., etc. Então já não se
M
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. São Paulo: Círculo do Livro, 1977. p.115. (Fragmento)
57
A,
sentimental, que é marcada sível estar junto delas novamente?
pelo tempo em que as pes-
IC
soas ficam distantes umas das
outras. Esse distanciamento
3. Nos quarto e quinto parágrafos, para justificar seus argumentos, o autor apre-
físico provoca alterações nas senta uma situação envolvendo um casal.
O ÓG
pessoas e, por isso, mesmo
quando estiverem reunidas, a) Por que motivo o homem teria ciúmes de sua amada?
jamais estarão juntas, pois se-
rão outras pessoas. Segundo b) Como o autor justifica o fato de o homem sentir que sua amada teria
SÃ G
o autor, esse sentimento torna
as pessoas melancólicas.
sido infiel?
ES DA
b) A distância sentimental. c) Mais adiante no texto, o autor apresenta um exemplo semelhante. Sinte-
Praticamente a crônica inteira
desenvolve-se em torno desse tize-o em poucas linhas.
PR PE
sentimento. Nesse caso, obser-
var como o/a aluno/a recolhe, 4. Conforme o texto, quais seriam as vantagens de se suprimir o amor nas rela-
na própria crônica, elementos
que possam corroborar sua
ções amorosas?
resposta.
IM ISE
2. Porque as separações
provocam mudanças nas
5. Como o autor justifica a ideia de que se deve suprimir a amizade nas relações
entre amigos?
AL
pessoas. Entende-se que elas
se relacionarão com outras 6. De acordo com o texto, pode-se dizer que, quando alguém deixa de amar,
pessoas, vivenciarão situações será uma pessoa definitivamente feliz e livre?
diferentes e, inevitavelmente,
DO N
3. a) Ele teria ciúmes exa- “Sobre o amor, etc.” que o autor deu a esta crônica? Justifique sua resposta
tamente porque a amada
LP
maneira como ela lhe falaria da anos, você entende que ele se mantém atual? Justifique sua resposta.
visão do crepúsculo (“nunca
vi um céu tão bonito assim”)
ER
A,
lhada diante daquela visão).
Assim, o que fere o homem
Embora se dirija a um leitor médio – o que lê jornais e revistas –, muitas não é somente o fato de sua
IC
amada ter vivido um belo
vezes, o cronista sente-se livre para explorar as possibilidades lúdicas, seja pela momento, mas também o fato
O ÓG
escolha das palavras, seja pelos arranjos sintáticos. Também, por isso, pode-se de ela ter falado dele de modo
tão impressionante.
perceber que a literatura está presente na construção da crônica. c) Ele reitera o sentimento de
distância entre os apaixonados,
SÃ G
2. Crônica e jornalismo invertendo as posições. Agora
é o homem que vive uma si-
ES DA
tuação encantadora (a visão de
uma criança que corre ao sol),
mas Joana, a sua amada, não
Além do fato de ocupar um espaço determinado, a crônica se aproxima do
PR PE
está com ele para compartilhar
jornalismo por buscar em fatos noticiados – principalmente aqueles “menores”, dessa sensação de prazer puro.
O autor repete o sentimento
para os quais pouco espaço e pouca atenção são dados – o seu assunto. Opina de traição quando o amado
IM ISE
sobre eles e procura trazê-los ao leitor sob uma nova visão.
A regularidade com que é publicada – diária, semanal, quinzenal – produz
conta a Joana o que viu.
4. Aqui, o autor apresenta
a ideia de que respeitar a
uma aproximação com o leitor, tornando possível uma relação de familiaridade individualidade de cada um/
AL
uma corresponderia a suprimir
entre o cronista e quem o lê – o leitor abre seu jornal ou sua revista com a expec- o amor. Essa atitude “esperta”
tativa do que poderá ler na crônica publicada naquele veículo. traria, como vantagem a
DO N
possibilidade de fazer da
Observe como Antonio Candido, em prefácio ao volume 5 do livro Para gos- relação amorosa algo “sadio,
A
za, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas. Ela é amiga da verdade e leviano [inconstante] e, por
BI
passa do jornal ao livro, nós verificamos meio espantados que a sua durabilida-
de pode ser maior do que ela própria pensava. Como no preceito evangélico, o
que quer salvar-se acaba por perder-se; e o que não teme perder-se acaba por
se salvar. No caso da crônica, talvez como prêmio por ser tão despretensiosa,
59
A,
que de forma indireta, ressalta
que se deve viver [e, portanto,
Para melhor compreender alguns aspectos pertinentes à elaboração de uma
IC
amar], “pois a vida é curta e,
enquanto pensamos, ela se vai, crônica, veja como o cronista Luís Fernando Veríssimo responde a algumas ques-
e finda.”
tões referentes a esse tipo de produção textual. Trata-se de um trecho de entrevis-
O ÓG
9. Embora a resposta pareça
pessoal, espera-se que o/a ta concedida a Luiz Costa Pereira Júnior e publicada na revista Língua Portugue-
aluno/a revele ter compreen-
dido que a crônica tem o amor
sa, ano 3, nº 44, de junho de 2009, páginas 14 a 17.
SÃ G
como seu tema principal. O
Pergunta: Se você pudesse resumir a técnica da crônica, como seria?
ES DA
que causa mais estranheza
é o “etc.” que aparece no
título. Nesse caso, “essas outras
LFV: É difícil dar uma receita, pois a crônica é um gênero indefinido, desde
coisas” dizem respeito aos sen- sempre. Você pode falar do que quiser e chamar o que escreveu de “crônica”, e
PR PE
timentos contraditórios que o que sair será efetivamente uma crônica. Como sob esse rótulo cabe tudo, há
o amor provoca nas pessoas:
querer estar junto e, ao mesmo
também muito de invenção, muito exercício de estilo. Agora, tirando a geração
tempo, querer manter sua de cronistas, como Rubem Braga, Antonio Maria e Paulo Mendes Campos, não
IM ISE
individualidade. Querer não
amar e sentir-se abandonado.
Mesmo a amizade, quando
apresentada, reforça esses
sei se o termo “crônica” caberia ao que se escreve hoje com esse nome. A crô-
nica que eles faziam estava mais perto do lírico, sem ser alienada. Hoje em dia,
o que se escreve como “crônica” é muito mais factual do que antes. Paulo Men-
AL
sentimentos dúbios. Observar
se os elementos retirados do
des Campos podia fazer crônicas que eram genuínas peças literárias, o próprio
texto apoiam estes argumen- Rubem Braga escrevia um tipo de texto com aquele seu jeito despojado, mas
DO N
tos. Orientar para que a respos- ainda assim lírico. Hoje a ênfase do que se lê por aí é comentar, testemunhar o
ta tenha, além dos trechos do
momento.
A
10. Espera-se que a resposta Pergunta: Com o que você se preocupa quando vai escrever uma crônica?
OI RA
tempo. Mais do que do amor Fora essas, traço o tema que me ocorre. Já houve tempo em que me era indife-
BI
possa ampliar este tema, LFV: Podemos abordar qualquer assunto, desde que com leveza. Mas a ironia
tratando de outras questões é sempre perigosa no Brasil, pois nem sempre é entendida. [...] Parece que a
inerentes ao ser humano
ironia no Brasil não funciona por escrito. Pois há uma certa reverência com a
M
palavra impressa, uma ideia difusa de que está ali no papel um preto no branco
que, decerto, não pode ser brincadeira. Mas o importante, no fim, é escrever
com leveza.
60
A,
a) Exemplos de crônica dissertativa
IC
Observe, na crônica apresentada a seguir, como Luís Fernando Veríssimo produz
um texto dissertativo e caracteristicamente literário. Nesse texto, publicado na
O ÓG
década de 1980, Veríssimo aborda a questão dos desaparecidos durante o perío-
do em que a Argentina viveu sob a ditadura militar. Para melhor compreendê-lo,
SÃ G
reproduz-se, antes, uma notícia veiculada em 12 de março de 2009.
ES DA
PR PE
Notícia: Ossadas achadas podem ser de
IM ISE
desaparecidos da ditadura argentina
AL
sete pessoas em uma província de Neuquén, ao sul, que podem pertencer a pes-
soas desaparecidas durante a ditadura militar que governou o país entre 1976 e
A
ou 30 anos no que seria uma vala comum, segundo os primeiros estudos realizados.
LP
ditadura, mas há indícios que nos conduzem a esta conclusão”, disse à Reuters o
ministro de Justiça, Trabalho e Segurança da província de Neuquén, César Pérez.
IA
“Encontramos também um cartucho (de bala) que foi utilizado perto de onde esta-
vam os corpos”, acrescentou.
ER
Durante a última ditadura militar que governou a Argentina, cerca de 30.000 pes-
soas foram sequestradas, torturadas e assassinadas na Argentina, segundo denún-
AT
A,
lixo. As carcaças de automóveis, as latas de cerveja, os restos de matanças. O corpo boia.
O corpo vai dar na praia. O corpo brota da terra, como na Argentina. O que fazer com
IC
ele? O corpo é como o lixo atômico. Fica vivo. O corpo é como o plástico. Não desinte-
gra. A carne apodrece e ficam os ossos. Forno crematório não resolve. Ficam os dentes,
O ÓG
ficam as cinzas. Fica a memória. Ficam os parentes. Ficam as mães. Como na Argentina.
Seria fácil se o corpo se extinguisse com a vida. A vida é um nada, acaba-se com a
SÃ G
vida com um botão ou com uma agulha. Mas fica o corpo, como um estorvo. Os
desaparecidos não desaparecem. Sempre há alguém sobrando, sempre há alguém
ES DA
cobrando. As valas comuns não são de confiança. [...] Os corpos são devolvidos, mais
cedo ou mais tarde. [...] A terra não quer ser cúmplice. Tapar os corpos com escom-
PR PE
bros não adianta. Sempre sobra um pé, ou uma mãe.[...]
Os corpos brotam do chão, como na Argentina. Corpo não é reciclável. Corpo não é
reduzível. Dá para dissolver os corpos em ácido, mas não haveria ácido que chegas-
IM ISE se para os assassinados do século. Valas mais fundas, mais escombros, nada adianta.
Sempre sobra um dedo acusando. [...] Tentaram largar o corpo no meio do mar e
AL
não deu certo. O corpo boia. O corpo volta. Tentaram forjar o protocolo – foi suicídio,
estava fugindo – e o corpo desmentia tudo. O corpo incomoda. O corpo faz muito
silêncio. Consciência não é biodegradável.[...]
DO N
Os meios de acabar com a vida sofisticam-se. Mas ainda não resolveram como aca-
A
bar com o lixo. Os corpos brotam da terra, como na Argentina. Mais cedo ou mais
A
VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mãe de Freud. São Paulo: Círculo do Livro, 1985. p. 137-138
LP
BI
Outro tipo de crônica dissertativa ocorre quando se aborda um tema mais geral e
que apresenta uma espécie de “conselho” para o leitor. Veja isso no texto abaixo ela-
IA
Agendar a vida
M
Abro uma página da minha agenda para demarcar mais uma vez o território de mi-
nha liberdade e o dos meus deveres – que é onde ela começa a perder pé.
A fantasia não pede licença para se desenrolar: logo vejo uma infinidade de mesas
e escrivaninhas, cada uma com sua agenda, nela a floresta dos compromissos, mal
sobrando alguma trilha estreita para andar e respirar. (Nas folhas desta minha atual
quero abrir entrelinhas para contemplar a árvore em flor diante de minha janela, ou
pegar nos braços uma das crianças que povoam esta casa.)
62
A,
serto sem contornos.
IC
Nem uma miragem ao longe?
Pessoalmente não vivo sem uma agenda, aquelas de bloco, ao lado do computador.
O ÓG
Às vezes olhar a folhinha me dá alegria: um encontro bom, ou um dia inteiro só pra
mim. Em outras folhas, um engarrafamento de garatujas (minha letra, horror das
professoras desde os primeiros anos de escola) com mais compromissos do que
SÃ G
meu fundamental desejo de liberdade quereria.
ES DA
Agenda pode ser tormento e prisão. Mas pode ser liberdade, se a gente inventar bre-
chas: em plena tarde da semana, caminhar na calçada; sentar ao sol na varanda do apar-
PR PE
tamento; deitar na grama do parque ou jardim, por menor que ele seja, e como criança
olhar as nuvens, interpretando suas formas: camelo, coelho, árvore ou anjo.
IM ISE
Ou: quinze minutos para se recostar para trás na cadeira (pode ser do escritório mesmo)
e espiar o céu fora da janela; ir até a sala, esticar-se no sofá com as pernas sobre o braço
do próprio, e ouvir música, ver televisão, ler, ler, ler... ou simplesmente não fazer nada.
AL
O ócio é uma possibilidade infinita a ser explorada.
Não falo da inércia, do desânimo, do vazio melancólico. Jamais falarei de ficar de
DO N
robe velho e pantufas (vi numa vitrine algumas com cara de cachorro e até orelhas!)
A
Falo de viver.
“Parar, olhar, escutar”, dizia um aviso nos trilhos do trem quando havia trem entre
minha cidade e Porto Alegre. A gente passava de carro sobre o trilho, e eu imagina-
PR A
va o horror de alguém infringir isso e ser explodido pelo monstro de ferro e fumaça.
LP
BI
A vida há de rolar por cima da gente, reduzindo a poeirinha inútil quem se esque-
cer de às vezes parar pra pensar... mas sem se desmontar; olhar em torno ou para
IA
dentro: paisagens belas, ou áridas (sempre dá pra plantar um capim) ou quem sabe
coloridas (a alma pode brincar de esconde-esconde entre as folhas).
ER
mado da vida que nos convoca de mil formas: anda, sai do marasmo, viveeeeeeeeeee!!
Que nossas agendas (também as interiores) nos permitam muitas vezes a plenitude
M
LUFT, Lya. Pensar é transgredir. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004, p. 15-17.
b) Exemplos de crônica memorialista
Em texto publicado no livro A construção do futuro – crônicas da revista Bras-
motor, Fernando Morais apresenta a lembrança que tem das relações entre ele
e seu pai. 63
A,
Já ouvi de tudo sobre a internet. De uns, que é a oitava maravilha do mundo. De
outros, como Millôr Fernandes, que não serve para nada. Cá comigo, passei a ter um
IC
débito, digamos, afetivo com a Internet. Meu pai e eu tivemos, ao longo da vida,
uma relação complicada. Ele era um mineiro enérgico, linha-dura. Eu, um menino
O ÓG
insubordinado, aquilo que os padres do Colégio Santo Agostinho chamavam de
“um caso de polícia”. Nem as incontáveis surras que ele me aplicou foram suficientes
para enquadrar-me na rígida disciplina doméstica.
SÃ G
Rolaram meses, anos, décadas. Ele lá e eu cá. Sem grandes brigas, mas também sem
ES DA
maiores afagos. Nos últimos anos de sua vida, já passado dos oitenta anos, seu Duduca
encantou-se com computadores e com a Internet. Um programa novo surgia em Tó-
quio ou Nova York e dias depois já estava instalado em seu Pentium. E foi através do cor-
PR PE
reio eletrônico que passamos a nos comunicar todos os dias. Eu chegava de manhã no
meu estúdio de trabalho, abria a caixa postal e lá estavam duas, três, quatro cartas dele.
contando como ficara sabendo, na longínqua noite de 22 de julho de 1946, que minha
mãe acabara de ter um menino, eu mesmo.
A
Um dia, em outubro do ano passado, seu Duduca se internou no hospital para re-
A
OI RA
visar as safenas e desentupir uma coronária. Coisa de rotina, anestesia rápida, era
entrar às sete da manhã e sair ao meio dia. Entrou às sete da manhã e não saiu mais.
Saiu, mas morto, depois de três paradas cardíacas. Passada a dor inicial, qual não
PR A
foi minha surpresa ao abrir o micro para tentar recuperar nossa correspondência e
LP
BI
descobrir que tudo tinha sido apagado. Fui às caixas de entrada e de saída e não
encontrei nada. Revirei a wastebasket e nada. Corri à casa dele, abri a Internet, repeti
IA
a operação e a frustração foi igual. A alegria que a Internet me dera meses antes, ao
se converter em instrumento de recuperação de uma vida, se transformava agora
ER
em decepção. Se tivéssemos nos comunicado por carta, como todo mundo, estava
tudo aqui, guardado na gaveta. O frio mundo cibernético pulverizara no éter meu
namoro tardio com seu Duduca.
AT
Contei o caso para fulano, que contou para beltrano, que contou para sicrano, que
M
contou para o japonês (sempre eles...), que me ligou solícito: “Me mande seu e-mail
e o do seu pai, mais as senhas e as user id de ambos, que vou ver se descubro onde
está essa correspondência”. Descobriu. Em algum lugar do cosmos, o Tamura re-
capturou, uma por uma, as cartas perdidas. As minhas e as dele. Que já estão aqui,
devidamente guardadas na memória do micro. Por via das dúvidas imprimi tudo,
botei numa pasta de papelão e guardei num velhíssimo arquivo de metal. Seguro
morreu de velho, diria o seu Duduca.
A,
A QUEM TIVER CARRO
IC
O carro começou a ratear. Levei-o ao Pepe, ali na oficina da rua Francisco Otaviano:
O ÓG
— Pepe, o carro está rateando.
— Entupimento na tubulação. Só pode ser.
SÃ G
Deixei o carro lá. À tarde, fui buscar.
ES DA
— Eu não dizia? Defeito na bomba de gasolina.
— Você dizia entupimento na tubulação.
PR PE
— Botei um diafragma novo, mudei as válvulas.
Estendeu-me a conta: de meter medo. Mas paguei.[...]
IM ISE
— Pode ir sem susto, que agora está o fino.
— Fui sem susto. O caminho de Itaquatiara. O fino!
AL
Nem bem chegara a Tribobó, o carro engasgou, tossiu e morreu. Sorte a minha:
mesmo em frente ao letreiro de “Gastão, o eletricista”.
DO N
BI
— Então esse dínamo já deu o prego, tem de trocar por outro. Não pega de jeito
nenhum.
ER
65
A,
— Eu, se fosse o senhor, mandava fazer uma limpeza nesse carburador — insistiu
ainda: — Vamos até lá na oficina.
IC
Preferi ir embora. Perguntei quanto era.
O ÓG
— O senhor paga quanto quiser.
Já que eu insistia, houve por bem cobrar-me quanto ele quis.
SÃ G
Cheguei ao Rio e fui direto ao Haroldo, no Leblon, que me haviam dito ser um
ES DA
monstro no assunto:
— Carburador? — e o Haroldo não quis saber de conversa: — Isso é o platinado, vai
por mim.
PR PE
Cutucou o platinado com um ferrinho. Fui-me embora e o carro continuava se ar-
rastando aos solavancos.
IM ISE — O platinado está bom — me disse o Lourival, lá da Gávea: — Mas alguém andou
mexendo aqui, o condensador não dá mais nada. O senhor tem de mudar o con-
AL
densador.
Mudou o condensador e disse que não cobrava nada pelo serviço. Só pelo conden-
DO N
sador.
A
BI
ouvidos para ouvir, ouça, quem tiver carro para guiar, entenda. Fui à garagem, abri
o capô, e fiquei a olhar intensamente o motor do carro, fria e silenciosa esfinge
M
que me desafiava com seu mistério: decifra-me, ou devoro-te. Havia um fio solto,
coloquei-o no lugar que me pareceu adequado. Mas não podia ser tão simples. Era.
Desde então, o carro passou a funcionar perfeitamente.
66
A,
IC
Cara ou coroa
O ÓG
Chegou em casa de madrugada, e para não acordar a mulher, resolveu se despir no
SÃ G
banheiro. No que tirou a calça, uma dessas novas moedas de 20 cruzeiros, que havia
recolhido de troco não sabia onde, saltou do bolsinho junto ao cinto, descreveu
ES DA
uma parábola, e foi cair direto dentro do ralo.
No momento ele não deu importância, mal percebeu o que acontecera. Acabou de
PR PE
se despir calmamente e depois abriu a torneira, lavou o rosto, escovou os dentes,
mirou-se no espelho fazendo caretas, fechou a torneira. Só então viu que a água na
pia, com laivos de espuma de sabão e de pasta de dente, simplesmente não descia.
IM ISE
Com a ponta do dedo, verificou que a moeda era exatamente do mesmo calibre do
ralo, vedando por completo a passagem da água cano abaixo.
AL
Em vão tentou retirá-la com a unha do indicador: não havia o menor interstício en-
tre ela e a parede do cano. E de tanto mexer com a mão ali dentro, não só acabou
DO N
machucando a unha, como fez com que a água entornasse sobre as bordas da pia,
A
Desistiu logo: tinha mais é que ir dormir – na manhã seguinte daria jeito naquilo.
OI RA
Na manhã seguinte foi acordado pela mulher, quando estava no melhor do sono:
PR A
pela água adentro até os tornozelos: o chão estava completamente alagado. Dei-
xara a torneira mal fechada e a água transbordava da pia por todos os lados, como
IA
uma cachoeira.
ER
– Foi a moeda – e ele aproveitou a pia cheia para molhar o rosto, espantando o sono.
– Moeda? Que moeda?
M
– Uma moeda nova. Dessas de vinte cruzeiros. Pra você ver como o nosso dinheiro
anda desvalorizado.
Meteu a mão na água e, num gesto delicado de ginecologista, apalpou a moeda
com o dedo.
– Nada a fazer. Não sai de jeito nenhum.
– Deixa comigo – e a mulher o afastou com o braço, ar eficiente. Tirou da cabeça um
grampo, abriu-o e ficou a esgravatar com ele as entranhas da pia. Acabou desistindo:
67
A,
– Não sai de jeito nenhum.
– Foi o que eu disse, Só virando a pia de cabeça para baixo.
IC
– Podíamos usar um ímã.
O ÓG
– Um ímã? – ele se surpreendeu com a inesperada manifestação de inventiva da
mulher: – E quem é que disse que ímã funciona debaixo d’água? Além do mais, o
SÃ G
metal dessas novas moedas é tão ordinário, que ímã nenhum deve exercer atração
sobre elas.
ES DA
– Não custa experimentar.
– Não temos ímã aqui em casa. Só comprando um. E confesso que não tenho a mais
PR PE
longínqua ideia de onde é que se compra ímã neste mundo de Deus. Ainda mais
um tão pequeno que caiba no ralo da pia.
– Também, que diabo você tinha de voltar tão bêbado para casa, a ponto de jogar
A
Prudentemente, ele se afastou, indo tomar café, sem escovar os dentes. A mulher o
seguiu. Em pouco o filho, de sete anos, se acomodava também à mesa, todo lam-
PR A
– Eu desentupi.
– Como? – perguntaram os dois a um tempo.
ER
SABINO, Fernando. O gato sou eu. Rio de Janeiro: Record, 1983, p. 156-159.
Há algumas ocasiões em que o cronista conta uma pequena história com hu-
mor, mas que leva o leitor a refletir sobre algo.
68
A,
— Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher — quatro anos, no máximo, desabrochando na ultra-
IC
minissaia — entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava
de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O ÓG
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu
para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
SÃ G
— Meu bem, venha cá.
ES DA
— Quero lasanha.
— Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa.
PR PE
— Não, já escolhi. Lasanha.
Que parada — lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sen-
IM ISE
tar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
— Vou querer lasanha.
AL
— Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
DO N
— Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de
camarão. Tá?
A
OI RA
BI
A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por
que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam no seu rosto,
pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o ser-
M
69
A,
— O senhor providenciou a fritada?
— Já, sim, doutor.
IC
— De camarões bem grandes?
O ÓG
— Daqueles legais, doutor. [...]
Veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interes-
SÃ G
sado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrá-
ES DA
rio, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez, no mundo,
a vitória do mais forte.
— Estava uma coisa, hem? — comentou o pai, com um sorriso bem alimentado. —
PR PE
Sábado que vem, a gente repete…
Combinado?
IM ISE — Agora a lasanha, não é, papai?
— Eu estou satisfeito. Uns camarões tão geniais! Mas você vai comer mesmo?
AL
— Eu e você, tá?
DO N
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom, pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha,
bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garo-
tinha, impassível.
PR A
Se, na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultra-
LP
BI
jovem.
IA
Para mostrar que a crônica oferece total liberdade, veja um exemplo de Mário
AT
70
A,
No primeiro dia de aula, a professora de História da Economia, na velha USP da rua
Doutor Vilanova, Alice Canabrava, escreveu no quadro negro o nome de um livro
IC
sobre o mercantilismo e disse, seriíssima:
– Na próxima aula (dali a uma semana), prova sobre o livro.
O ÓG
Era o estilo dela, que eu já havia enfrentado no exame oral (é, tinha oral) do vestibu-
lar para economia em 1967. Me lembro que ela me perguntou qual era a diferença
SÃ G
entre uma nau e uma caravela. Na época, eu sabia.
ES DA
Mas o mundo é pequeno e trinta anos depois vim a descobrir que a Canabrava era
tia da minha amiga escritora-arquiteta Lúcia Carvalho. Era tia. Morreu há um mês,
já velhinha, aposentada e lúcida. Deixou sua casa – com tudo que tinha lá dentro,
PR PE
incluindo uma genial biblioteca – para a Lúcia.
E a Lúcia acaba de me mandar um e-mail que eu transcrevo na íntegra, sobre uma
IM ISE
velha máquina da catedrática tia. Vamos lá.
Ouve só. A gente esvaziando a casa da tia neste carnaval. Móvel, roupa de cama, louça,
AL
quadro, livro. Aquela confusão, quando ouço dois dos meus filhos me chamarem.
– Mãe!
DO N
– Faaala.
A
– A gente achou uma coisa incrível. Se ninguém quiser, pode ficar para a gente? Hein?
A
OI RA
– Depende. Que é?
Os dois falavam juntos, animadíssimos.
PR A
BI
Minha filha interrompeu o irmão mais novo, dando uma explicação melhor.
ER
– Deixa que eu falo: é assim, é uma máquina, tipo um... teclado de computador, sabe só
o teclado? Só o lugar que escreve?
AT
– Sei.
M
– Então. Essa máquina tem assim, tipo... uma impressora, ligada nesse teclado, mas as-
sim, ligada direto. Sem fio. Bem, a gente vai, digita, digita...
Ela ia se animando, os olhos brilhando.
–... e a máquina imprime direto na folha de papel que a gente coloca ali mesmo! É
muuuito legal! Direto, na mesma hora, eu juro!
Eu não sabia o que falar. Eu ju-ro que não sabia o que falar diante de uma explicação
dessas, de menina de 12 anos, sobre uma máquina de escrever. Era isso mesmo?
71
A,
de máquina, de ter que ter até estabilizador, comprar cartucho caro, de nada, mãe! É
muuuito legal, e nem precisa colocar na tomada! Funciona sem energia e escreve direto
IC
na folha da impressora!
O ÓG
– Nossa, filha...
–... só tem duas coisas: não dá para trocar a fonte nem aumentar a letra, mas não tem
SÃ G
problema. Vem, que a gente vai te mostrar. Vem...
ES DA
Eu parei e olhei, pasma, a máquina velha. Eles davam pulinhos de alegria.
– Mãe. Será que alguém da família vai querer? Hein? Ah, a gente vai ficar torcendo, tor-
cendo para ninguém querer para a gente poder levar lá para casa, isso é o máximo! O
PR PE
máximo!
Bem, enquanto estou aqui, neste “teclado”, estou ouvindo o plec-plec da tal máquina,
IM ISE que, claro, ninguém da família quis, mas que aqui em casa já deu até briga, de tanto que
já foi usada. Está no meio da sala de estar, em lugar nobre, rodeada de folhas e folhas
de textos “impressos na hora” por eles. Incrível, eles dizem, plec-plec-plec, muito legal,
AL
(a linguagem, a construção
do texto, por exemplo) ou sem tomada!
A
em aspectos do conteúdo
OI RA
(abordagem original de um
Céus. Que coisa. Um beijo grande, Lúcia.
tema, surpreende o leitor, por
exemplo).
É, Lúcia, a nossa querida Alice Canabrava deve estar descansando em paz e rindo
PR A
Sugestão muito. E dê uns beijos nos filhos e agradeça a crônica pronta-pronta, plec-plec-plec,
que eu ofereço aos meus leitores. E leitoras.
LP
um levantamento quantitativo
para verificar qual a crônica
que obteve maior escolha. PRATA, Mário. Cem melhores crônicas (que, na verdade, são 129).
IA
72
PRODUÇÃO DE TEXTO
informática, seria recomen-
dável que a atividade fosse
desenvolvida ou, ao menos,
finalizada nesse local.
Orientar o/a aluno/a a, previa-
PRIMEIRA PROPOSTA mente, planejar o seu texto,
produzindo rascunhos e revi-
Suponha que você tenha sido contratado/a por um jornal para escrever crônicas. sando sua produção. Porém,
A,
O jornal determina que seu texto tenha 450 palavras (esse tamanho corresponde, alertá-lo/a para o fato de que,
geralmente, o cronista, além
aproximadamente, a uma página do WORD, em fonte ARIAL, tamanho 11). Dadas
IC
de ter seu espaço pré-definido,
essas condições, elabore as propostas a seguir. trabalha sob a pressão do tem-
po, uma vez que sua coluna
O ÓG
não pode ficar em branco.
Crônica 1 Reiterar que a crônica deve ser
produzida tendo em conta os
Com base no episódio apresentado na na atividade 2 da página anterior, elabore possíveis leitores de um jornal
SÃ G
uma crônica que, além de contar a história, generalize o tema e possa ser com- ou de uma revista.
ES DA
Como as propostas tomam
preendida como uma espécie de “conselho” para o leitor. como base as crônicas
apresentadas na Pequena
Crônica 2 antologia, solicitar que os/
PR PE
as alunos/as as releiam e
Escolha uma das duas crônicas dissertativas e, com base no tema apresentado verifiquem suas características.
Além disso, incentivar que
por ela, elabore uma crônica narrativa que possa ilustrar esse tema. eles/elas leiam outras crônicas,
IM ISE
Crônica 3
de preferência, publicadas
em jornais e/ou revistas que
circulam em sua cidade (ou
AL
procurá-las na internet, em
Você se recorda de algum fato engraçado acontecido em sua sala de aula duran- sites que reproduzam edições
te este ano? Com base nesse fato, crie uma crônica humorística. de jornais e/ou revistas de
outras cidades). Nesse caso,
DO N
parte teórica.
Selecione, em um jornal ou uma revista, uma notícia recente. A partir dela, elabo-
A
BI
mas gramaticais, reorganizando e reestruturando parágrafos, reescrevendo ágil. Agora, como os/as alunos/
as submeterão suas crônicas
ER
livro de crônicas. Para isso, criem um título sugestivo, elaborem um texto de trabalho cooperativo em que,
mais do que avaliar as crônicas,
apresentação ou um prefácio, coloquem ilustrações (podem ser desenhos, todos/as se sintam compro-
M
metidos/as em produzir um
fotos, colagens, mas tudo criado por você). material sem erros e de boa
qualidade editorial.
Além do prefácio solicitado, orientar que os/as alunos/as deem atenção aos demais aspectos formais pertinentes a um livro: capa, folha de rosto (com os
créditos relativos à autoria dos textos e à das ilustrações) e sumário. Para familiarizar-se com esses aspectos, solicitar que os/as alunos observem diferentes
livros [de crônicas ou não] e vejam como eles se apresentam.
Depois de elaborados os livros, fazer com que eles circulem entre todos os grupos. Para finalização desta atividade, solicitar que cada aluno/a apresente dois
pequenos textos: - em um deles, que comente a experiência de ter que produzir textos obedecendo a condições que, de certa forma, parecem restringir
a criação. Quais os aspectos positivos e quais os negativos? Atenção, é preciso ressaltar que escrever sob certas condições é uma situação que o/a aluno/a
vivenciará quando se submeter a qualquer processo seletivo, seja o ENEM, seja como candidato a uma vaga no ensino superior.
SUGESTÃO
Para facilitar a circulação das produções, se possível, solicitar que cada grupo imprima exemplares que possam ser distribuídos aos demais
grupos. Outra solução que permite o acesso a todas as crônicas é a criação de um blog na internet.
73
5 POESIA E
POEMA
A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
Leia, silenciosamente:
PR PE
IM ISE Velha Anedota
AL
Artur de Azevedo
DO N
BI
AZEVEDO, Artur. Velha Anedota. In: NUNES, Cassiano; BRITO, Mário da Silva.
Poesia brasileira para a infância. São Paulo: Saraiva, 1968.
74
A,
IC Wikimedia Commons
O ÓG
Arthur Nabantino Gonçalves de
Azevedo foi um jornalista, poeta,
SÃ G
contista e teatrólogo nascido em São
ES DA
Luís, MA, em 7 de julho de 1855.
PR PE
IM ISE
1. Foi um dos grandes defensores da abolição da escravatura, tendo escrito as
AL
peças O Liberato e A Família Salazar, proibidas pela censura do Império e mais
tarde publicadas em um volume intitulado O escravocrata.
DO N
o ritmo adequado à sua expressão. Seu professor vai escolher alguns alu-
LP
BI
mais de uma pessoa que escreve (ou escreveu poemas), selecione uma delas
e a entreviste, de acordo com o roteiro a seguir.
AT
75
A,
escreve poemas, que faz versos.
IC
1. Poema e poesia
O ÓG
O poema é um texto que apresenta particularidades que o distinguem da
prosa.
SÃ G
O texto em prosa é caracterizado pela colocação das palavras em linhas – as
ES DA
palavras, dispostas em sequência, formam a linha cuja extensão vai de um lado
ao outro da página. Quando agrupadas, elas formam um parágrafo.
PR PE
Já o poema é composto em versos – a sua extensão é definida conforme o
ritmo (linha melódica) escolhido pelo autor. O agrupamento de versos forma
uma estrofe. Observe o poema de Carlos Drummond de Andrade, reproduzido
IM ISE a seguir. Drummond o compôs em 8 versos agrupados em apenas uma estrofe.
AL
DO N
A
Poesia
A
OI RA
BI
O título desse texto e o verso “Mas a poesia deste momento” permitem fazer
uma indagação: qual é a diferença entre poesia e poema?
Quando se designa a forma do texto (versos agrupados em estrofes), não há
grande diferença. Tanto se pode dizer “Li os poemas de Drummond” como “Li as
poesias de Drummond”. Assim é que, nos dicionários, poema diz respeito à obra
escrita em versos e poesia, à arte de escrever versos. As duas acepções remetem
ao aspecto formal da produção.
76
A,
poema (ou uma poesia) em que expressa seu sentimento (a poesia que inunda), to-
davia não revela o que teria despertado aquele sentimento poético.
IC
Em síntese: para a forma, para a obra em versos, podem-se empregar os ter-
O ÓG
mos poema ou poesia. Já para designar o sentimento poético, somente a palavra
poesia é a mais adequada.
SÃ G
2. Alguns aspectos formais
ES DA
Leia com atenção o poema abaixo. Trata-se da parte II do poema “A bomba atô-
mica”. Observe o ritmo dos versos, as palavras que, ao mesmo tempo, participam de
PR PE
um jogo sonoro e semântico, provocando efeitos estéticos e motivando reflexões.
IM ISE
AL
Vinícius de Moraes
A
OI RA
A,
populares, tanto que, se observarmos algumas letras de música, será possível en-
contrar diversas delas que utilizam tal metrificação. A seguir, com base nesse
IC
poema de Vinícius de Moraes, serão apresentados alguns aspectos formais que
O ÓG
podem estar presentes na construção de um poema.
3. Métrica
SÃ G
ES DA
A métrica de um verso corresponde à medida (quantidade de sílabas poéti-
cas), acento (alternância entre sílabas fortes e fracas) e ao seu ritmo. Para verifi-
car a métrica de um verso, realiza-se a escansão, ou seja, a divisão do verso em
PR PE
suas sílabas poéticas. Observe isso nos exemplos a seguir.
A/ bom/ba a/tô/mi/ca é/ tris/te
IM ISE * A contagem de
sílabas poéticas é
AL
1 2 3 4 5 6 7 X feita até a última
sílaba tônica do
A bom ba a tô mi ca é tris te* verso, desprezando-
DO N
-se, portanto, as
A
sílabas posteriores.
A
OI RA
quando se dá o quando se dá o
LP
Verifique que os demais versos também apresentam sete sílabas poéticas. Por
M
exemplo:
A/ni/mal/ e /ve/ge/tal
1 2 3 4 5 6 7
A ni mal e ve ge tal
78
1 2 3 4 5 6 7 X
Flor pu rís si ma do u râ nio
A,
IC
1 2 3 4 5 6 7
O ÓG
Ar can jo in sig ne da paz
SÃ G
ES DA
Ra/dio/sa/ ro/sa/ ra/di/cal
1 2 3 4 5 6 7 8
PR PE
Ra dio sa ro sa ra di cal
IM ISE
4. Acento e ritmo
AL
Ao ler em voz alta o primeiro verso, pode-se perceber que as sílabas 4 e 7
destacam-se, precisamente, porque são pronunciadas com mais força.
DO N
1 2 3 4 5 6 7 X
A
A
A bom ba a TÔ mi ca é TRIS te
OI RA
Essa mesma estrutura pode ser vista em outros versos, mas ela não é cons-
PR A
tante. Observe.
LP
BI
1 2 3 4 5 6 7 X
VI TER
ER
Que ma ta a da da ra
Desabrochada no chão
AT
1 2 3 4 5 6 7
M
Aterradora miragem
1 2 3 4 5 6 7 X
A ter ra DO ra mi RA gem
79
1 2 3 4 5 6 7
Vem ca IN do de va GAR
A,
1 2 3 4 5 6 7 X
IC
Bom ba a TÔ mi ca que a TER ra!
O ÓG
Observe como é diferente a acentuação dos dois versos reproduzidos abaixo
SÃ G
(um deles é o que foge à regularidade do poema).
ES DA
Lœlia mineral carnívora
1 2 3 4 5 6 7 X
PR PE
Lœ lia mi ne RAL car NÍ vora!
O ritmo do poema, além de ser marcado pela acentuação de cada verso, es-
tabelece-se pela sonoridade das palavras: suas repetições e suas proximidades
A
OI RA
sonoras. Observe como o ritmo, além de sua marca sonora, também dá força ao
significado do poema.
PR A
BI
1 2 3 4 5 6 7 X
IA
Embora a palavra cai venha repetida, perceba que, na segunda vez, em razão
da pausa, ela é lida como sílaba fraca. Com isso, ressalta-se, sonoramente, que a
AT
A,
Nunca mais, oh bomba atômica
Nunca, em tempo algum, jamais
IC
Seja preciso que mates Reitera-se: a rima é a
Onde houve morte demais:
O ÓG
coincidência sonora, por isso,
há rima entre a palavra paz
Fique apenas tua imagem [que, ao ser pronunciada, soa
Aterradora miragem como pais] e jamais/demais/
SÃ G
Sobre as grandes catedrais: catedrais.
ES DA
Guarda de uma nova era
Arcanjo insigne da paz!
PR PE
6. Poema e letra de música
IM ISE
As aproximações entre a poesia e a música são evidentes: ambas têm a so-
noridade como fator relevante em sua construção. Historicamente, é sabido que,
AL
BI
rença é que o poeta compõe seu texto para ser impresso em papel e para a leitura
e/ou a expressão em voz alta, enquanto o compositor popular tem como finali-
ER
dade expressá-la por meio do cantar. Tanto assim que, geralmente, em primeiro
lugar se elabora a música e, sobre ela, a letra.
AT
letrista, por sua vez, tem a música como sua matéria-prima e, daí, as palavras são
escolhidas para se harmonizar com a música.
81
A,
O mundo é um moinho
IC
Cartola [Angenor de Oliveira]
O ÓG
Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
SÃ G
Já anuncias a hora da partida
ES DA
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
PR PE
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
IM ISE Ouça-me bem amor
AL
Preste atenção: o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
DO N
A
Sugestão 1. Leia, a seguir, duas quadras (poema de uma estrofe só, com-
No decorrer das avaliações posta com quatro versos) do poeta Fernando Pessoa.
M
A,
somente verificar se elas
co quanto pelo seu aspecto visual. estão de acordo com o que
IC
foi solicitado, como também
Assim, os poemas concretos impuseram mudanças e inovações na poesia aprofundar o exercício de es-
candir versos, o que, valoriza
O ÓG
da época, possibilitando as palavras e expressões apresentarem sentidos di- ainda mais a expressividade
ferentes, inesperados e ambíguos. A partir de uma forma de apresentação do poema.
Sugestão
inusitada, criava-se uma ligação com as artes visuais trabalhando o aspecto
SÃ G
Nesta atividade, aproveitar
visual, focando uma nova maneira de expressar a obra poética. Veja, abaixo, para discutir as aproximações
ES DA
um exemplo de poema concreto. que pode haver entre as pro-
duções de Fernando Pessoa
e as dos/das alunos/alunas
com as poesias populares
PR PE
vem navio e, principalmente, a poesia
infantil.
vai navio
IM ISE vir
ver
navio
navio
AL
BI
a) Elabore uma síntese interpretativa do poema de Haroldo de Campos. frase-clichê: “ficar a ver
navios”. Assim, discutir as
b) Pesquise outros poemas concretos e perceba a diversidade de possibili- respostas com o propósito de
AT
Elabore um poema que, por meio da distribuição das palavras (e das le- porém, simultaneamente,
tras), componha uma imagem. como que ironiza e critica a
frase feita.
83
Os poemas
A,
IC
Os poemas são pássaros que chegam
O ÓG
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
SÃ G
Quando fechas o livro, eles alçam voo
ES DA
Como de um alçapão.
Eles não têm pouso
PR PE
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem.
se
nasce
M
morre nasce
morre nasce morre
renasce remorre renasce
remorre renasce
remorre
re
[...]
A,
( X ) No poema concreto, ocorre o abandono do discurso tradicional, privi-
IC
legiando os recursos gráficos das palavras.
5. Leia o trecho de “Meus oito anos”, um dos poemas mais populares da Litera-
O ÓG
tura Brasileira, escrito por Casemiro de Abreu.
SÃ G
ES DA
[...]
PR PE
Oh! Que saudades que tenho
IM ISE
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
AL
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
DO N
BI
ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. In: _____. As primaveras. p. 14. Disponível
em <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.
IA
Marque qual é.
AT
85
A,
IC
Ai que saudades que eu tenho
Dos meus doze anos
O ÓG
Que saudade ingrata
Dar banda por aí
SÃ G
Fazendo grandes planos
ES DA
E chutando lata
Trocando figurinha
PR PE
Matando passarinho
Escolha dois que, para você, tenham sido mais significativos. Escreva o título
e a autoria de cada texto. Para cada um deles, elabore um pequeno texto que
PR A
justifique a sua escolha. Nas justificativas, discutir se as motivações originam-se da aproximação com
o poema original ou do efeito humorístico (a rigor, muitos desses poemas,
LP
BI
Dentre os vários autores que trabalham o tema de forma irônica). Aproveitar para trabalhar os diferentes contextos em que os textos foram
dialogaram com o texto de produzidos. Por exemplo “Sabiá” e “Marginália II” foram compostas no período da ditadura militar (1964-1984).
Gonçalves Dias, estão: Casimiro
c) Agora é a sua vez de fazer um exercício de intertextualidade. Elabore o
IA
86
A,
IC
PIEDADE
O ÓG
O coração de todo o ser humano
SÃ G
foi concebido para ter piedade,
ES DA
para olhar e sentir com caridade,
ficar mais doce o eterno desengano.
PR PE
Para da vida em cada rude oceano
IM ISE
arrojar, através da imensidade,
tábuas de salvação, de suavidade,
AL
bas poéticas? Justifique. Sim. Justificativa: todos têm 10 sílabas poéticas. Versos decassílabos.
b) O que teria motivado os sentimentos expressados no poema? Elabore
um soneto que apresente uma situação que teria desencadeado esses
sentimentos. Um soneto deve apresentar duas estrofes de quatro versos e duas estrofes de três
versos, com rimas.
87
A,
b) Escolha um dos poemas relacionados em Antologia de poemas para leitura
IC
em voz alta (esta antologia está publicada ao final destas orientações).
c) Leiam o poema escolhido diversas vezes, procurando encontrar o ritmo
O ÓG
adequado à sua expressão em voz alta. Além disso, tente compreender
os sentidos do texto, pesquisando o significado de palavras ou expres-
SÃ G
sões desconhecidas, bem como entender as intencionalidades do texto.
ES DA
d) Experimentem a leitura de várias maneiras e, a partir daí, procedam à
divisão de vozes, de tal forma que seja obtida a melhor expressividade
do poema. Nesse caso, é possível que determinado verso ou trecho dele
PR PE
seja lido por duas, três ou, até mesmo, todas as vozes. O importante é
garantir tanto a expressividade quanto a inteligibilidade do poema.
IM ISE e) Apresentem para a sala a leitura do poema escolhido. Atenção: nessa
apresentação, não deve ser utilizado recurso sonoro (não usar música
AL
nem acompanhamento por instrumentos musicais) e tampouco realizar
dramatização. O que deve ficar em evidência é a voz das pessoas.
DO N
BI
IA
Digo sim
ER
Ferreira Gullar
AT
Poderia dizer
M
A,
de Clara Nunes
IC
no rodar
O ÓG
das cabrochas no Carnaval
da Avenida.
SÃ G
Mas não. O poeta mente.
ES DA
A vida nós a amassamos em sangue
e samba
PR PE
enquanto gira inteira a noite
sobre a pátria desigual. A vida
IM ISE
nós a fazemos nossa
alegre e triste, cantando
AL
sim –
OI RA
BI
GULLAR, Ferreira. Digo sim. In: BRAIT, Beth (Org.). Ferreira Gullar. São
Paulo: Abril Educação, 1981, p. 73 Coleção Literatura comentada.
89
A,
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
IC
e construindo novos poemas.
O ÓG
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
SÃ G
um poema.
ES DA
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
PR PE
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Navio Negreiro
LP
BI
I
IA
90
A,
‘Stamos em pleno mar... Abrindo as velas
IC
Ao quente arfar das virações marinhas,
O ÓG
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Esta produção poderá ser ini-
Como roçam na vaga as andorinhas... ciada com antecedência para
que haja tempo de realização
SÃ G
e, principalmente, possa haver
Donde vem? onde vai? Das naus errantes um acompanhamento mais
ES DA
detalhado de todo o processo
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço? de execução de cada proposta.
Neste saara os corcéis o pó levantam, Também antes, solicitar que
PR PE
sejam lidos os sonetos e,
Galopam, voam, mas não deixam traço. somente depois disso, registrar
Bem feliz quem ali pode nest’hora as escolhas de cada proposta.
IM ISE
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
Na escolha das propostas,
orientar para que ela seja feita
de acordo com o potencial e
as capacidades de cada aluno/
E no mar e no céu — a imensidade!
AL
aluna.
Proposta 1
Trata-se de uma proposta que
DO N
bv000068.pdf. Acesso em 21 de abril de 2022. ALVES, Castro. “O navio negreiro”. In: a solicitação de que o texto
produzido seja acompanha-
A
OI RA
do de ilustração [desenho,
pintura, foto, colagem etc.]. Ao
2. Com base na leitura dos quatro sonetos, que seguem, escolha uma das propostas. acompanhar o processo de ela-
boração, orientar o/a aluno/a
Proposta 1
PR A
intersemiótica – passagem de
Proposta 2 uma linguagem (aqui verbal)
para outra (audiovisual). Orien-
tar para que a criatividade seja
Atividade em grupo o ponto alto, de forma que a
seleção de imagens e/ou sons
a) O grupo deverá selecionar um dos SONETOS apresentados no final deste capítulo. permita dar maior amplitude
ao sentido do soneto.
b) Transformem o poema escolhido em um texto audiovisual. Para isso, o
grupo poderá utilizar recursos de computador (Power point ou flash, por
exemplo) ou filmar (captando imagens por filmadora e/ou por celular).
91
A,
cuidado, pois, conforme depoi-
mento de autores/autoras de a) Escolham um dos sonetos apresentados no final deste capítulo.
IC
letras de música é bem mais
difícil colocar música em um b) Elaborem, para esse poema, uma música.
poema. Geralmente, a letra é
O ÓG
feita depois da música. Por isso,
esta é uma proposta que será
c) Apresentem a produção para a sala, utilizando instrumentos musicais.
mais bem realizada por quem
tem habilidades musicais.
SÃ G
Soneto 1
ES DA
PR PE
IM ISE Inverno
Amanheceu – no topo da colina
AL
Um céu de madrepérola se arqueia
Limpo, lavado, reluzindo – ondeia
DO N
BI
Cruz e Sousa, Poesia Completa, org. de Zahidé Muzart, Florianópolis: Fundação Catarinense
de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. In: http://www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bv000075.pdf. página 27. Consulta realizada em 21 de abril de 2022.
92
Soneto 092
A,
IC
Mudam se os tempos, mudam se as vontades,
O ÓG
muda se o ser, muda se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
SÃ G
ES DA
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
PR PE
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
IM ISE
O tempo cobre o chão de verde manto,
AL
que já coberto foi de neve fria, e, enfim,
converte em choro o doce canto.
DO N
BI
Soneto 3
ER
AT
M
Soneto XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
93
A,
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
IC
Inda as procuro pelo céu deserto.
O ÓG
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
SÃ G
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
ES DA
E eu vos direi:”Amai para entende-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
PR PE
Capaz de ouvir e de entender estrelas”.
IM ISE BILAC, Olavo. Antologia : Poesias. São Paulo : Martin Claret, 2002. p. 37-55 : Via-Láctea.
(Coleção a obra-prima de cada autor). In: http://www.dominiopublico.gov.br/download/
AL
texto/bv000289.pdf. página 6. Consulta realizada em 21 de de abril de 2022.
DO N
Soneto 4
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
Soneto de separação
IA
94
A,
E de sozinho o que se fez contente
IC
Fez-se do amigo próximo, o distante
O ÓG
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente
SÃ G
ES DA
Vinicius de Moraes. Antologia poética. São Paulo, Cia. das Letras - Editora Schwarcz, 1999
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
95
COERÊNCIA E
COESÃO
6
A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
Leia o texto que foi publicado no jornal Folha de S. Paulo, de 30 de março
de 2001.
PR PE
IM ISE
O dragão invencível
AL
Era uma vez uma distante e bela floresta onde vivia um dragão invencível. Ele
A
tinha escamas de ferro que não eram perfuradas nem pelas mais pontiagudas
A
lanças, uma cauda cheia de espinhos que derrubava até as maiores árvores, asas
OI RA
que produziam verdadeiros tufões e, é claro, todos tremiam diante do calor das
chamas que saíam de sua garganta.
PR A
Muitos animais daquela floresta já tinham tentado derrotá-lo. A maioria deles vi-
LP
BI
rou churrasco. E bem passado. Não havia dente de tigre, patada de cavalo ou nariz
de tatu que conseguisse feri-lo, e assim a fama do dragão chegou até aos mais
IA
96
A,
com a expressão “era uma
vez”, a história se passa em um
IC
tempo e lugares distantes, tem
“Você está pronto para perder?”, perguntou o dragão. como personagens animais
com características humanas
O ÓG
Não há derrota antes da luta”, respondeu o felino. e termina com uma “moral da
“Logo se vê que você nunca ouviu as lendas que se contam sobre mim. E nem viu história”.
2. • Floresta: local onde viviam o
um VT.”
SÃ G
dragão e outros animais
A luta foi então marcada para o deserto e, após uma hora e meia de patadas, ocor- • Terra distante: de onde veio o
ES DA
tigre que desafiou o dragão
reu o inesperado: o tigre saiu vencedor.
Deserto: local que receberia a
Aquilo foi um terrível golpe para o renome do dragão invencível, mas – vejam luta entre o dragão e o tigre.
PR PE
como é estranho esse negócio de fama – muitos moradores de povos longínquos 3. “Era uma vez”, “durante lon-
gos e longos anos”, “certo dia”,
simplesmente não acreditaram na história. “O dragão foi derrotado? Isso é história “hoje até a pulga...”.
da carochinha. Conte outra.”
IM ISE
Foi preciso que um cavalo e um tatu também o derrubassem para que se come-
çasse a crer que o dragão invencível talvez não fosse tão invencível assim.
A ação é linear, começa com o
dragão invencível derrotando
todos os que o desafiavam,
depois desleixado, vivendo
AL
da fama e da glória que tinha
Então todos os animais da floresta começaram a desafiar o dragão. E, pior, conse- conquistado, até que, desafiado
pelo tigre para uma luta, perde
guiam vencê-lo. O elefante atirou-o longe com sua tromba, o bode deu-lhe tre-
DO N
questionada.
4. Fazer um cooper matinal,
A
Moral da história: sem esforço e dedicação, qualquer dragão acaba numa draga.
OI RA
esse levantamento, você diria que as ações obedecem a uma cronologia li-
near? Justifique.
4. Em face dos personagens e dos locais apresentados nesta narrativa, há, pelo
menos, seis elementos que causam estranheza. Cite alguns deles e explique
por que eles são mencionados.
5. Considerando o contexto apresentado, responda:
a) o que significa “acabar numa draga”?
b) como se denomina o jogo com as palavras “dragão” e “draga”? 97
b) Trocadilho. Sugestão: solicitar que sejam produzidas pequenas frases, utilizando esse recurso e, se possível, o jogo
entre denotação e conotação (ver orientação acima).
A,
também, ser associado a qual-
quer situação semelhante, tais 8. Pesquise histórias infantis e escolha uma que possa se relacionar a algum fato que
IC
como: uma pessoa (político,
celebridade, artista), uma em- foi noticiado recentemente. Anote o título da história, um pequeno resumo dela, o
presa que já teve momentos fato ao qual você está relacionando e as suas justificativas.
O ÓG
de glória e, atualmente, passa
por sérias dificuldades e tem 9. Apresente para seus colegas a história e, sem falar do fato ao qual você a
seu prestígio ameaçado.
8. Uma das finalidades desta
associou, peça que eles mencionem a que fato aquela história poderia ser
SÃ G
questão é promover a com- relacionada. Será que haverá outros fatos que se associam à história que você
ES DA
preensão de que as narrati-
vas infantis são textos que,
selecionou? Discuta quais aspectos do texto infantil e da(s) notícia(s) justifi-
além de contar uma história, cariam as relações existentes entre eles. Elabore uma síntese das discussões.
muitas vezes têm a intenção
PR PE
de aconselhar, de modificar
comportamentos. Ao fazer a
aproximação desse tipo de
texto com fatos cotidianos, é
DA TEORIA À PRÁTICA
IM ISE
possível perceber que ele se
renova e se apresenta ao leitor
de forma inusitada.
1. Coesão textual
AL
Orientar o/a aluno/a a registrar
a fonte em que obteve os tex-
tos selecionados. Importante A palavra coesão, em Física, conforme o Dicionário Houaiss, designa a “força
para que possa incorporar esse de atração entre átomos e moléculas que constituem um corpo, e que resiste a que
DO N
procedimento e, autonoma- este se quebre”. Em outro contexto, quando se faz referência a um grupo eficiente,
mente, o empregue em outras
A
situações. diz-se que isso ocorre porque é coeso, ou seja, a relação entre seus integrantes é
forte e há coesão entre eles. Por exemplo, um técnico de futebol pode justificar a
A
ainda, que o fato seja mencio- boa atuação do seu time, afirmando que a “equipe atuou de forma coesa”.
nado e a sala desafiada a indi-
car o texto infantil ao qual se Transferindo-se estas acepções para o processo pelo qual se dá a produção
PR A
de associação.
Conforme as sínteses vão
sendo apresentadas, solicitar
Entende-se, então, que o texto será o resultado das ações realizadas pelo
ER
que um/a aluno/a anote, no emissor, tais como: escolha de palavras; a ordem em que elas aparecem; o ta-
quadro ou em seu caderno, os manho das frases e dos parágrafos. No entanto, essas ações não são realizadas
aspectos considerados mais
aleatoriamente, já que o texto não é uma simples soma de palavras ou de frases. O
AT
Se, por acaso, o primeiro parágrafo do texto trabalhado no início desta uni-
dade, fosse escrito desta forma:
Era uma vez um distante e belo floresta onde vivia um dragão invencível. Ela
tinha escamas de ferro que não eram perfuradas nem pelas mais pontiagudas
lanças, uma cauda cheia de espinhos que derrubava até as maior árvores, asas que
produziam verdadeiros tufões e, é claro, todos tremia diante do calor das chamas
que saíam de sua garganta.
98
A,
feminino. Assim, “uma distante e bela floresta” mostra essa obediência.
IC
• “...um dragão invencível. Ela tinha escamas...”: dragão – substantivo mas-
culino – pede que as palavras com as quais ela se relaciona obedeçam à
O ÓG
concordância no gênero masculino. Assim, “ ... um dragão invencível. Ele
tinha escamas”.
SÃ G
• “...derrubava até as maior árvores...”: árvores – substantivo no plural –
ES DA
pede que as palavras com as quais ela se relaciona obedeçam à concor-
dância de flexão (plural). Assim, “...derrubava até as maiores árvores...”:
• “...todos tremia diante do calor...”: todos – sujeito, no plural, do verbo tre-
PR PE
mer – pede que o verbo concorde com o sujeito. Assim, “...todos tremiam
diante do calor...”.
IM ISE
Em todos os exemplos apontados, trabalhou-se um dos processos de coesão
textual: as relações gramaticais. Portanto, o conhecimento gramatical é um dos
AL
fatores significativos para a elaboração de um texto coeso.
Para conhecer outro fator importante, observe as palavras destacadas em ou-
DO N
Tudo corria tranquilamente até que, certo dia, um esforçado tigre de uma
A
OI RA
BI
Por que o autor, em lugar de usar a palavra tigre, empregou felino? Porque a
repetição de palavras e/ou expressões pode tornar o texto cansativo ou desinte-
IA
ressante à leitura. Para evitar isso, lança-se mão de outras palavras que as subs-
tituem de modo eficaz. A palavra felino – que designa a família a que o tigre
ER
pertence – substitui tigre. Como esta palavra foi apresentada antes, o leitor, desde
que saiba que o tigre é um animal daquela família, não terá dificuldade em com-
AT
gre) que foi substituído por outro mais abrangente, geral (felino). Porém, é pos-
sível fazer o contrário: apresentar antes um termo mais abrangente e substituí-lo
por outro particular.
Essas diferentes formas de substituição mostram o outro fator importante para
se estabelecer a coesão de um texto: as relações semânticas. Assim, além de possuir
bom conhecimento gramatical, é necessário dominar um bom vocabulário (conhe-
cer palavras e expressões e seus significados) para elaborar um texto coeso.
99
A,
Muitos animais daquela floresta já tinham tentado derrotar o dragão. A
maioria dos muitos animais daquela floresta virou churrasco.
IC
• “...tentado derrotar o dragão.”: como o dragão é o personagem central do
O ÓG
texto, é inevitável que essa palavra apareça constantemente. Assim, subs-
tituí-la por um pronome pode fazer o texto fluir com mais leveza – “...
tentado derrotá-lo.”.
SÃ G
ES DA
• “A maioria dos muitos animais daquela floresta...”: neste caso, observe
como uma expressão inteira pode ser substituída por um pronome – “A
maioria deles...”.
PR PE
A conjunção é também uma classe gramatical significativa nesse processo de
coesão textual. É por meio dela que o leitor pode compreender uma passagem do
IM ISE texto. Por exemplo, em “O dragão invencível”, quando o narrador apresenta a vi-
tória do tigre, é com a conjunção mas que o leitor entende que, apesar do terrível
golpe, o dragão manterá seu prestígio.
AL
escolha das palavras. Trata-se da coesão lexical. No caso do texto trabalhado des-
de o início deste módulo, basta verificar que boa parte do léxico empregado gira
A
Até aqui a coesão textual foi apresentada em textos elaborados com código
verbal. E nos textos em que, além do verbal, emprega-se também o não verbal?
PR A
BI
tas, fontes são alguns dos elementos textuais que atuam como elos coesivos.
Como uma das características dos textos midiáticos é a repetição, o processo de
ER
coesão textual é percebido não somente dentro do próprio texto como em outros
semelhantes veiculados em datas e/ou mídias diferentes.
AT
100
Veja nos três outdoors reproduzidos abaixo como se dá a coesão entre eles.
A,
MP Publicidade
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
MP Publicidade
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
https://www.detodaforma.com/2012/03/as-propagandas-divertidas-
e-criativas.html. Acesso em 3 de maio de 2022.
PR A
LP
BI
MP Publicidade
IA
ER
AT
M
https://institucional.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/
cascas/. Acesso em 3 de maio de 2022 .
101
A,
o qual se deseja entrar em contato. As ilustrações também apresentam
muita coesão quanto às cores, tamanho e localização no outdoor.
IC
O ÓG
Finalizando, destaca-se que, conforme a situação comunicativa e os seus par-
ticipantes, há textos em que, para garantir sua compreensão, é necessário utilizar
uma quantidade maior de elos coesivos. Isso ocorre, por exemplo, em mensagens
SÃ G
científicas, expositivas, em determinados textos jornalísticos e todas as vezes em
ES DA
que há maior distância entre emissor e destinatário (tais como, pessoas que não
se conhecem; diferenças hierárquicas – o presidente de uma empresa e um ge-
rente, por exemplo). Por outro lado, quando os participantes são mais próximos,
PR PE
quando há familiaridade no relacionamento entre eles, o mais comum é utilizar
menor quantidade de elos coesivos (basta observar os contatos entre amigos; en-
IM ISE tre parentes, por exemplo).
2. Coerência textual
AL
Enquanto a coesão diz respeito aos detalhes de um texto e como eles são
DO N
mita ser interpretado – elaborado de tal modo que o destinatário possa decodi-
ficá-lo e possa compreendê-lo. Por exemplo, a língua em que uma mensagem é
ER
elaborada deve estar em sintonia com o tipo de público ao qual pretende atingir.
É no aspecto inteligível que se verifica a coesão textual.
AT
102
A,
março de 2001.
IC
No dia 28 de março de 2001, em jogo pela classificação para a Copa do Mun-
do de 2002, a seleção brasileira de futebol havia sido derrotada pela equipe do
O ÓG
Equador. Acrescendo-se a informação de que aquela fora a primeira vez que a
seleção equatoriana derrotava a seleção do Brasil.
SÃ G
Além disso, a seleção brasileira, anteriormente, havia sofrido outras derrotas
ES DA
para Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Equador.
Diante desse contexto, verificando o caderno jornalístico em que a crônica
foi publicada e o seu público-destinatário, pode-se afirmar que
PR PE
– o emissor estava seguro de que o seu leitor compreenderia o texto e, mais
ainda, perceberia o seu lado irônico e
IM ISE
– o destinatário leria o texto, compreendendo o que estava além de suas
palavras, associando-o às derrotas sofridas pela seleção brasileira.
AL
3. Fatores de coerência
DO N
A
Denominam-se fatores de coerência, contudo não é necessário que todos eles es-
tejam, ao mesmo tempo, presentes em uma mensagem.
PR A
LP
Relevância
BI
Numa conversa informal, ouve-se, vez por outra; “Você está fugindo do as-
IA
sunto!”. O que se espera é exatamente que não se fuja do tema que se está abor-
dando. Denomina-se relevância ao fator que garante a manutenção do tema de
ER
um texto.
AT
Consistência
M
Ao elaborar uma mensagem, espera-se que seu autor não apresente ideias ou
fatos que se oponham a algo afirmado anteriormente. Consistência, então, é o
fator que garante não existir oposições frontais em uma mensagem.
103
A,
O lobo e o cordeiro
IC
O ÓG
Na água limpa de um regato,
matava a sede um cordeiro,
- Não importa. Guardo mágoa
SÃ G
quando, saindo do mato,
de ti, que ano passado,
veio um lobo carniceiro.
ES DA
me destrataste, fingido!
- Mas eu nem tinha nascido.
- Pois então foi teu irmão.
PR PE
Tinha a barriga vazia,
- Não tenho irmão, Excelência.
não comera o dia inteiro.
- Chega de argumentação.
- Como tu ousas sujar
Estou perdendo a paciência!
IM ISE a água que estou bebendo?
- rosnou o Lobo a antegozar
o almoço. - Fica sabendo
- Não vos zangueis, desculpai!
- Não foi teu irmão? Foi o teu pai
AL
ou senão foi teu avô.
que caro vais me pagar!
Disse o Lobo carniceiro.
E ao Cordeiro devorou.
DO N
Como em toda fábula o ponto alto é a moral da história (ou seja, a finalidade
AT
para a qual ela foi elaborada: neste caso, “aconselhar” o leitor de que sem lei os
fracos – ainda que tenham razão – são subjugados pelos mais fortes), percebe-se
M
104
A,
narrativa, o lobo invoca – aleatoriamente – outros argumentos, também refuta-
dos pelo cordeiro.
IC
Elementos Linguísticos
O ÓG
A mensagem deve ser elaborada em harmonia com a linguagem do seu des-
tinatário. Até porque, como já se viu anteriormente, o conhecimento linguístico
SÃ G
é porta de acesso ao texto. Aqui, entende-se que esse conhecimento, além de se
ES DA
referir ao código verbal (no nosso caso, a língua portuguesa), estenda-se também
ao código não verbal (por exemplo, a cor vermelha, no sinal de trânsito, significa
PR PE
pare!).
Conhecimento de mundo
IM ISE
O ser humano armazena seus conhecimentos em blocos – ou modelos cogni-
tivos. Assim, por exemplo, quando alguém ouve ou lê a palavra acidente, não se
AL
pensa apenas em seu significado conceitual, mas também em algo mais comple-
xo: um antes e um depois; causas e consequências; coisas e/ou pessoas envolvidas
DO N
BI
105
A,
Para o conhecimento linguístico de um leitor brasileiro, certamente, a pa-
IC
lavra “pau” não deve trazer problemas de compreensão. Porém, o inusitado é
vê-la em uma página de jornal e “formada” por um grupo de pessoas. Seria uma
O ÓG
manifestação ecológica? Seria uma provocação para uma briga (“quebrar o pau”).
Observe, agora, a notícia completa.
SÃ G
ES DA
Folhapress
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
Ao ver a notícia completa (pois, afinal, é assim que ela é publicada), a ideia de
manifestação se confirma (“Grupos convocam protestos contra a guerra”): esta
notícia foi publicada em março de 2001, no contexto da declaração de guerra dos
Estados Unidos contra o Iraque. A legenda da foto, por sua vez, esclarece que a
palavra “pau” não pertence à língua portuguesa: em catalão, “pau” significa paz.
Uma vez que um veículo jornalístico não recebe apenas uma foto para do-
cumentar suas notícias, por que foi exatamente esta a imagem escolhida para
106
Conhecimento partilhado
Ao elaborar sua mensagem, o emissor sempre deve ter em vista o “ideal” de leitor
A,
que será o destinatário daquela sua produção. Por esse motivo, terá que se preocupar
IC
com os limites de compreensão (para mais ou para menos) desse leitor.
Assim, se o texto for produzido com uma grande quantidade de “novidades”, o
O ÓG
destinatário terá dificuldade em compreendê-lo. Palavras incomuns; estrangeirismos
em excesso; conceitos inacessíveis e pouco explicados; imagens fora do comum são
SÃ G
alguns exemplos de escolhas que podem fazer do texto algo inatingível.
ES DA
Por outro lado, um leitor poderá ficar desestimulado a ler um texto elabora-
do de forma redundante, com grande quantidade de informações muito conhe-
cidas, com imagens estereotipadas.
PR PE
Aceitabilidade
IM ISE
Este é um fator de coerência que diz respeito à atitude do destinatário de uma
mensagem. Se ele deseja, ou não, participar do jogo da comunicação. Trata-se do
AL
esforço que o destinatário realiza para buscar a coerência do texto. Muitas vezes, é
necessário estar atento para a finalidade do texto e compreender suas peculiaridades.
DO N
A
Intencionalidade
A
OI RA
BI
Informatividade
IA
De um texto literário, por exemplo, espera-se que ele surpreenda mais, pois seu
compromisso é com o lúdico, com a criatividade. Essa mesma característica pode
AT
guagem terão maior presença, os códigos serão selecionados pelo caráter polissê-
mico. Dessa forma, a menor previsibilidade corresponde a um fator de informa-
tividade maior (o destinatário terá que se esforçar mais para participar desse tipo
de comunicação e, portanto, deve estar mais propenso a aceitá-lo).
Já um texto altamente previsível terá um fator de informatividade menor.
Embora exija menor esforço do seu destinatário, esse tipo de texto torna-se pou-
co atraente, porque redundante, e deixa o leitor menos atento.
107
Inferência
A,
Inferência corresponde à capacidade que o leitor de um texto tem de identi-
IC
ficar informações que não foram explicitadas pelo emissor. Para isso, o destina-
tário trabalha com elementos do texto ou da situação e emprega o seu conheci-
O ÓG
mento de mundo. Um exemplo está presente no texto trabalhado na questão 3
da página 113, quando o pai infere que seu filho quer tomar sorvete. A frase do
filho “Eu já sarei do resfriado”, a visão da sorveteria (contexto) e o conhecimento
SÃ G
que tem do filho, levam o pai a fazer aquela inferência.
ES DA
Inferir, contudo, não significa que o leitor poderá tirar qualquer conclusão.
Imagine a seguinte situação:
PR PE
Um grupo de pessoas está em uma festa e uma jovem é apresentada a esse
grupo. Num determinado momento, a jovem afirma: “Eu me casei com dezoito
IM ISE anos”. E uma pessoa do grupo, infere: “Você estava grávida?”. A jovem respon-
de: “Não, não estava grávida! Eu quis casar cedo!”
AL
A pergunta da pessoa revelou uma inferência que não encontrava apoio na pri-
meira afirmação da jovem e, pior ainda, expõe o preconceito presente na ideia de que
qualquer mulher que se casa cedo só o faz para contornar uma situação indesejada.
DO N
A
Intertextualidade
A
OI RA
guma forma, os utiliza em sua produção. Veja como o poema “Canção do exílio”,
LP
Paulo Paes.
IA
ER
AT
Canção do exílio
M
108
A,
Onde canta o Sabiá.
IC
O ÓG
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
SÃ G
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
ES DA
Onde canta o Sabiá.
PR PE
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
IM ISE
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
AL
Onde canta o Sabiá.
DO N
A
DIAS, Gonçalves. Canção do Exílio. In: _____. Primeiros cantos, p. 2. Disponível em <http://
www.dominiopublico.gov.br/download/ texto/bv000115.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017.
A
OI RA
PR A
LP
BI
lá? sofá...
ah! sinhá...
AT
M
sabiá... cá?
papá... bah!
maná...
109
A,
a outros textos que podem apoiar uma exposição ou um argumento de um emis-
sor. Um autor que se afirma racionalista pode escrever, por exemplo:
IC
Somente a razão guia nossas decisões, pois é o pensamento que nos mostra que
O ÓG
existimos. Por isso, concordo com Descartes, quando afirma: “Penso, logo existo!”.
Quanto ao destinatário, é preciso que ele, de alguma forma, conheça os textos
SÃ G
referidos para compreender com que intenção o emissor recorreu a esses textos.
ES DA
É o caso do poema de José Paulo Paes. Se, porventura, alguém que o ler não ti-
ver conhecimento do texto de Gonçalves Dias e dos diferentes contextos em que
cada poema foi elaborado, terá muita dificuldade em compreender plenamente a
PR PE
intencionalidade da produção de José Paulo Paes.
IM ISE Focalização
Este fator diz respeito à concentração necessária que tanto o emissor quanto
AL
o destinatário devem ter em relação ao tema e ao objetivo de uma mensagem. Ao
emissor, cabe a função de lançar “pistas”, sem perder o foco e, ao destinatário, a de
DO N
Fatores de contextualização
Há dois tipos de fatores de contextualização: os propriamente ditos e os pers-
PR A
pectivos.
LP
BI
APLICAÇÃO
A,
a) O tempo
O tempo é um ponto de
IC
vista. Velho é quem é um ano
mais velho que a gente.
1. Apresentam-se, a seguir, dois pequenos textos elaborados por
O ÓG
b) Triste passarinho es-
Mário Quintana. Porém, todas as palavras que compõem cada goelado em público pelas
declamadoras.
texto estão dispostas em ordem alfabética. Sua tarefa é, para cada grupo de
2. a) “Só duas tinham passa-
palavras, tentar reconstituir o texto original (detalhes: o título do texto tam-
SÃ G
gens pela polícia. Elas foram
bém está embaralhado). escolhidas aleatoriamente
ES DA
para morrer.”
a) a – ano – de – é – é – é – gente – mais – o – o – ponto – que – quem – b) O entendimento que se
tempo – tempo – um – um – velho – velho – vista tem é de que apenas as duas
PR PE
pessoas com passagem pela
b) declamadoras – em – esgoelado – lírico – passarinho – pelas – poeta – polícia foram escolhidas para
morrer.
público – triste
c) Elas foram escolhidas
IM ISE
2. No texto a seguir, publicado na primeira página do jornal Folha de S. Paulo,
do dia 02 de abril de 2005, ocorre um problema de coesão textual que pode
aleatoriamente para morrer.
Só duas tinham passagens
pela polícia.
dificultar a compreensão do texto.
AL
Chamar a atenção para dois
fatos relevantes:
• Trata-se de um texto
DO N
As vítimas do massacre foram, na maioria, pedreiros, garçons, pintores e peque- de de revisão. Porém, o
processo de fechamento
A
nos empreendedores que haviam saído de casa para fugir do calor e conversar
OI RA
que brincava no fliperama de um bar. Nove das pessoas que estavam no lugar produz seus textos sob
muita pressão. Sugestão:
LP
foram mortas.
BI
reduzido e dentro de um
Patrícia, irmã de uma vítima. espaço pré-definido (por
a) Indique em que parte do texto está o problema de coesão textual. exemplo, o texto deve ter
ER
A,
se pretendeu comunicar c) Compare a produção dos dois textos. Apresente as semelhanças e as
neste contexto, porque os
diferenças que há entre eles. Por que ocorrem as diferenças?
IC
participantes do diálogo são
pessoas que se conhecem
muito bem. 5. Leia:
O ÓG
Sugestão: solicitar que
sejam expostas situações
comunicativas cotidianas
que aprofundem a noção de
SÃ G
que os elos coesivos – nesses
ES DA
casos – são pouco marcados
linguisticamente. Ou seja,
Apareceu um canário
a comunicação parece ter
grandes “buracos” (a falta de
PR PE
elos) que devem ser “preen-
chidos” pelos participantes
envolvidos nessa situação. Mulher, às vezes, aparece alguma; vêm por desfastio ou imaginação, essas vo-
Atenção: essa mesma luntárias; não voltam muitas vezes. Assusta-as, talvez, o ar tranquilo com que as
IM ISE
reflexão pode ser estendida
aos textos midiáticos, em
especial, os da publicidade.
recebo, e a modéstia da casa.
Passarinho, desisti de ter. É verdade, eu havia desistido de ter passarinhos; distri-
AL
Como marcas e produtos são
anunciados de forma repeti-
buí-os pelos amigos; o último a partir foi o corrupião Pirapora, hoje em casa do
tiva, muitos deles tornam-se escultor Pedrosa. Continuo a jogar, no telhado de minha água-furtada, pedaços
“familiares” aos seus desti- de miolo de pão. Isso atrai os pardais; não gosto especialmente de pardais, mas
DO N
exploram “vazios”, mental- cos; nas tardes quentes, quando ameaça chuva, há um cruzar de andorinhas no ar,
A
mente, preenchidos pelos em voos rasantes sobre o telhado do vizinho. Vem também, às vezes, um casal de
OI RA
destinatários.
sanhaços; ainda esta manhã, às 5h15m, ouvi canto de sanhaço lá fora; frequentam
4. a) e b) Aqui o objetivo é
fazer com que se perceba ou uma certa antena de televisão (sempre a mesma) ou o pinheiro-do-paraná
PR A
que a mesma informação que sobe, vertical, até minha varanda. Fora disso, há, como em toda a parte, bem-
recebe tratamento linguístico
-te-vis; passam gaivotas, mais raramente urubus. Quando me lembro, mando a
LP
BI
predominar estruturação
e linguagem formais, em casa; o melhor de ser solteiro é ter sossego quando se viaja; viajar pensando
por conta da distância que ninguém vai enganar a gente nem também sofrer por causa da gente; viajar
ER
(hierárquica e de idade)
que existe entre emissor com o corpo e a alma, o coração tranquilo.
e destinatário. Isso requer,
Pois nesse dia eu ia mesmo viajar para Belo Horizonte; tinha acabado de arrumar
AT
portanto, a elaboração
de um texto com fortes a mala, estava assobiando distraído, vi um passarinho pousar no telhado. Pela cor
marcas de coesão. não podia ser nenhum freguês habitual; fui devagarinho espiar. Era um canário;
M
• No segundo, à semelhança
do que se viu na questão
não desses canarinhos-da-terra que uma vez ou outra ainda aparece um, muito
anterior, a proximidade raro, extraviado, mas um canário estrangeiro, um roller, desses nascidos e criados
entre os interlocutores em gaiola. Senti meu coração bater quase com tanta força como se me tivesse
levará à produção de um
texto em que a coesão será aparecido uma dama loura no telhado. Chamei a empregada: “Vá depressa com-
menos marcada. prar uma gaiola, e alpiste...”
112
A,
dentro; aproximei-me do telhado bem devagarinho, longe do ponto em que ele
IC
estava, murmurei baixo: “Entra, canarinho...” Pus um pires com água ali perto. Que
foi que o atraiu? Sei apenas que ele entrou; suponho que tenha ficado impressio-
O ÓG
nado com meus bons modos e com a doçura de meu olhar.
Dentro da sala fechada (fazia calor, estava chegando a hora de eu ir para o aeroporto)
ficamos esperando a empregada com a gaiola e o alpiste. O que fiz para que ele en-
SÃ G
trasse na gaiola também não sei; andou pousado na cabeça de Baby, a finlandesa (ter-
ES DA
racota de Ceschiatti); fiquei completamente imóvel, imaginando – quem sabe, a esta
hora, em Paris ou onde andar, a linda Baby é capaz de ter tido uma ideia engraçada,
por exemplo: “Se um passarinho pousasse em minha cabeça...”
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
Depois desceu para a estante, voou para cima do bar. Consegui colocar a gaiola (com
a portinha aberta, presa por um barbante) bem perto dele, sem que ele o notasse;
andei de quatro, rastejei, estalei os dedos, assobiei – venci. Quando telefonei para o
táxi ele já tinha bebido água e comido alpiste, e estava tomando banho. Dias depois,
quando voltei de Minas, ele estava cantando que era uma beleza.
113
A,
Isso leva a outras diferenças
(conhecimento de mundo; amigo, que não soube tomar conta dele. (Seria o milionário assassinado da Toneleros?
conhecimento linguístico).
IC
Um dos assaltantes carregou dois canários e depois os soltou, com medo.)
b) O texto é relevante já
que sua estrutura não foge Está cantando agora mesmo; como canta macio, melodioso, variado, bonito...
O ÓG
ao tema de que, para ser
solteiro, é preciso não ter pas- Agora para de cantar e fica batendo as asas de um modo um pouco estranho.
sarinhos. É consistente, pois Telefono para um amigo que já criou rollers, pergunto o que isso quer dizer. “Ele
não revela contradição.
está querendo casar, homem; é a primavera...”
SÃ G
Basta observar a construção
Casar! O verbo me espanta. Tão gracioso, tão pequenininho, e já com essas ideias!
ES DA
dos três primeiros parágrafos
em que o narrador traça o
paralelo entre a presença Abano a cabeça com melancolia; acho que vou dar esse passarinho à minha irmã,
de mulher (casar) e a de
de presente. É pena, eu já estava começando a gostar dele; mas quero manter
PR PE
passarinho em sua casa e,
por extensão, em sua vida. nesta casa um ambiente solteiro e austero; e se for abrir exceção para uma cana-
Esse raciocínio é “recuperado” rinha estarei criando um precedente perigoso. Com essas coisas não se brinca.
nos dois últimos. No final
Adeus, canarinho.
IM ISE
do texto quando o narrador
fala em abrir um preceden-
te perigoso, permitindo a
presença de uma “canarinha”, BRAGA, Rubem. Apareceu um canário. In: _____. 200 crônicas
AL
pode-se inferir seu temor:
escolhidas. São Paulo: Círculo do Livro, s/d, p. 372-373.
será que, depois disso, virá
uma esposa?
DO N
Outros fatores:
a) Este texto foi produzido no ano de 1960. Quando lido naquele ano e lido
A
entre os conhecimentos
de mundo do emissor e do
LP
dessa dificuldade.
AT
M
114
W/Brasil
alunos avaliem a coerência
e a coesão nas produções
realizadas, justificando os
argumentos e pontos de
vista.
• Pode-se produzir uma
A,
pequena publicação (im-
pressa ou eletrônica) com
IC
os textos mais significati-
vos e criativos.
O ÓG
• 6. a) O texto foi escrito com
a intenção de persuadir o
destinatário a comprar o
produto. É possível per-
SÃ G
ceber isso porque causa
certa surpresa, não tem
ES DA
característica meramente
informativa, como uma
notícia. O que traz mais
certeza a essa conclusão é
PR PE
a presença da marca Bom-
Bril. Trata-se de produto
que se incorporou ao ima-
ginário do destinatário e,
nalidade) de persuadir
o destinatário a comprar
A
os produtos BomBril,
por isso foi elaborado de
Fonte: http://www.meioemensagem.com.br/
A
maneira a surpreender
OI RA
Quando o destinatário
a) Com que intenção este texto foi produzido? O que há nele que justifique aceita essa “surpresa”
LP
BI
to de limpeza.
115
PRODUÇÃO DE TEXTO
dade longa sugere-se que,
enquanto os conceitos de
coesão e de coerência estão
sendo trabalhados, os grupos
estejam definidos e a propos-
ta de criação do blog já tenha Criação de um blog
sido apresentada. Os itens 2,
3 e 4 da proposta podem ser Você vai experimentar criar um blog.
A,
previamente apresentados e
desenvolvidos parte em sala Blog é uma página de um site no qual você publica rapidamente o que escreve,
de aula e parte fora dela.
IC
interagindo com pessoas via internet.
É muito importante que se
crie uma “rotina”. O/A profes-
Site é um conjunto de informações que podem ser acessadas por meio de um
O ÓG
sor/a precisa definir um dia
da semana em que irá avaliar computador, em qualquer parte do mundo.
os passos de construção
do blog, bem como dos A internet é uma rede de comunicação formada por computadores ligados entre
SÃ G
textos publicados. É nesse
momento que os conceitos
si, no mundo todo.
ES DA
de coesão e de coerência
deverão ser aplicados, Num blog as informações são organizadas cronologicamente, como num diário.
cabendo ao/à professor/a
Essas informações podem ser relatos, textos informativos, piadas, notícias, co-
PR PE
propor revisões ou reedições
dos blogs. Recomenda-se que mentários sobre algum assunto cotidiano ou qualquer outro tipo de texto. Os
os grupos sejam incentiva-
dos a divulgar seus blogs de assuntos também são muito variados e podem aparecer em textos produzidos
IM ISE
maneira a que outras pessoas
possam vê-lo e comentá-lo.
Esses comentários podem
e devem ser considerados
pelo autor do blog ou podem ser de outros autores escolhidos.
Qualquer pessoa pode ter um blog, contanto que tenha acesso à internet. Geral-
mente, artistas, desportistas, políticos, jornalistas, professores, grupos de alunos
AL
como momentos de avalia-
ção (observar, porém, eles de uma classe, possuem blogs que são visitados por seus admiradores, colegas,
possuem qualidade crítica).
amigos, etc.
DO N
Finalizado o processo de
acompanhamento, deve-se
A linguagem usada nos textos publicados em blogs é bastante diversificada, de-
A
valor ou emitido um parecer. textos de seu autor ou aqueles que apresentam suas ideias, críticas ou pontos de
LP
Recomenda-se que as ques- vistas favoritos. Há blogs produzidos só para quem gosta de animais, ou para os
BI
de encerradas as atividades
escolares. experimentar usar sua produção textual de uma maneira bem interessante.
M
Orientações gerais
1. Organize-se em grupos com seis integrantes cada um.
2. Seu grupo será responsável pela criação de um blog, obedecendo aos crité-
rios de coesão e de coerência textuais estudados neste módulo.
3. Em primeiro lugar, defina o tipo de blog que deseja publicar: literário (poe-
mas, contos, romance coletivo, crônicas etc.); jornalístico (notícias da sala de
aula, notícias da escola, da cidade, noticiário geral, política, esporte etc.); diá-
rio (expor o dia a dia de cada pessoa do grupo).
116
A,
mento dentro do grupo; o
que se aprendeu com esse
çados. Reflita sobre os casos malsucedidos e proponha soluções. trabalho; que perspectivas
IC
ele trouxe. Além dos grupos,
7. Após o primeiro mês de existência de cada blog, reúna-se com os demais recomenda-se que o/a pro-
O ÓG
grupos e discuta o trabalho que vem sendo realizado. Algumas sugestões fessor/a também elabore um
relatório (neste caso, sugere-
para essa discussão: quais as dificuldades vividas e como foram (ou não) -se que seja criado um “diário
resolvidas, quais as qualidades de cada blog; como os receptores externos de bordo” no qual, frequen-
SÃ G
temente, serão registrados
(pessoas que não estudam na sua sala e na sua escola) comentam cada blog. os diferentes momentos da
ES DA
atividade, as dificuldades, as
8. Passados dois meses, cada grupo terá autonomia para continuar a publicar soluções, as reflexões e as
seu blog ou para finalizar a experiência. Por fim, elabore um pequeno relató- descobertas.
PR PE
rio, expondo a trajetória do blog, a decisão tomada e suas justificativas.
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
117
DESCRIÇÃO
A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
Observe atentamente a ilustração.
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
118
A,
o/a aluno/a será solicitado/a
não vive aí. Você começa a observar, atentamente, diferentes aspectos do a observar uma imagem
ambiente. Registre essas observações, conforme as orientações a seguir. e a fazer listas de palavras
IC
relacionadas (cada lista) a um
a) VISÃO (O que você está vendo?). Relacione palavras que correspondam, órgão do sentido:
O ÓG
objetivamente, aos elementos que você vê no ambiente. a) VISÃO
b) AUDIÇÃO
b) AUDIÇÃO (O que você está ouvindo?). Relacione palavras que corres- c) OLFATO
pondam, objetivamente, aos sons que você ouve no ambiente.
SÃ G
d) PALADAR
e) TATO
ES DA
c) OLFATO (Que odores você percebe?). Relacione palavras que corres- Sugere-se que, depois de
pondam, objetivamente, aos odores que você sente no ambiente. feitas as listas e antes de
passar para a atividade 2, o/a
d) PALADAR (Que sabores você sente?). Relacione palavras que corres-
PR PE
professor/a peça que sejam
lidas as palavras de cada
pondam, objetivamente, aos sabores que você sente. item, destacando as muitas
coincidências que, certamen-
e) TATO (Que sensações você sente?). Relacione palavras que, objetiva-
IM ISEmente, expressem as sensações percebidas por sua pele.
te, ocorrerão e discutindo por
que razão isso acontece: são
pessoas de faixa etária seme-
2. Volte a observar a imagem. Com base nessa nova observação e utilizando lhante, vivem em um ambien-
AL
te também semelhante e
boa parte das palavras que você relacionou na questão 1, elabore um texto. tiveram a mesma imagem
Siga as instruções abaixo: para observar. Assim, seria
DO N
possa “ver” a ilustração por meio de seu texto. que as palavras devem ser
objetivas. Assim, ao verificar
• Escolha um ponto de partida para iniciar seu texto. Posteriormente, vá as respostas, atentar para que
isso ocorra, pois esta ativida-
PR A
ampliando as informações de tal forma que possa abranger quase toda de é o primeiro passo para
LP
organização das frases e dos parágrafos, predomine a “visualização” dos para que o leitor possa, men-
diferentes aspectos que compõem a imagem. talmente, construir e “sentir”
ER
um ambiente.
3. Apresente seu texto a duas pessoas (de preferência de idades bem diferen-
tes) que saibam desenhar, mas que não conheçam a imagem que você uti-
AT
lizou para compor seu texto. Peça a cada uma delas que leiam o seu texto e,
posteriormente, façam uma ilustração em uma folha de papel (não se esque-
M
A,
dar maior amplitude à reflexão
do/a aluno/a sobre seu próprio
c) Observando apenas as diferenças, explique por que elas ocorreram.
trabalho.
IC
5. Reúna-se em grupo. Apresente seu texto e leia os demais textos. Ao final, observe:
a) O ponto inicial, tomado como referência, foi o mesmo em todos os tex-
O ÓG
5. Nesta atividade, o ponto
central de reflexão será a tos? Mencione as diferenças que ocorreram.
produção textual do/a aluno/a
em confronto com as demais b) Dos textos, qual deles apresentou maior quantidade de detalhes? Será
SÃ G
produções.
Nos itens a) e b), orientar para
que, por esse texto, é possível ter uma visualização completa da ima-
ES DA
que a discussão não fique gem? Apresente sua resposta.
somente em avaliar se um
texto é melhor do que outro. c) Apresente as ilustrações que você obteve e veja as demais ilustrações.
PR PE
O importante é que sejam
compreendidas as causas para Compare-as e observe que semelhanças e diferenças há entre elas. Re-
haver diferenças (conforme se gistre suas observações.
afirmou nas orientações da ati-
IM ISE
vidade anterior). Destacar que,
mesmo quando houve pontos
de partida semelhantes, certa-
mente o desenvolvimento da
d) Das ilustrações, qual delas apresenta maior semelhança com a imagem
que foi utilizada para a produção do texto? Essa ilustração foi produzida a
partir do texto apontado na resposta b) da questão 5? Ou não? Registre
AL
descrição não foi o mesmo. Ou
seja, que prevaleça o respeito às suas observações abaixo.
diferenças quanto às soluções
6. Seu grupo apresentará o texto apontado na resposta b) da questão 5 e a
DO N
DA TEORIA À PRÁTICA
um texto por meio do qual seja
PR A
um cenário, de um ambiente.
No item c), sugere-se que se
faça uma pequena exposição Nas diferentes atividades realizadas até aqui, você teve como tarefa tentar,
IA
em sala, afixando as ilustrações por meio de palavras, fazer com que uma imagem pudesse ser visualizada e per-
em um mural. Os/as alunos
cebida. Destacou-se que se trata de uma tentativa, pois a linguagem verbal, por
ER
elaborar suas respostas. possível tentar visualizar e dar a perceber uma imagem, como também pessoas,
Nos itens c) e d), continuam os
animais, objetos. O texto produzido com essa intenção denomina-se descrição.
M
A,
essa característica. 7. Ao final desta primeira
parte, espera-se que o/a
IC
aluno compreenda que as
pessoas veem e sentem os
ambientes, as imagens, os
O ÓG
cenários de forma diferente,
precisamente, porque são
diferentes. Por isso, tanto o
registro escrito (descrição)
O silêncio da chuva
SÃ G
quanto o desenhado (ilustra-
ção) não os reproduzirão fiel
ES DA
e completamente.
A Galeria Torres Vasconcelos adquirira uma sólida reputação no meio das artes
plásticas graças à inteligência e sensibilidade de Elísio Sclar. A mesma reputação
PR PE
tinha junto aos bancos, mas nesse caso graças ao suporte e à garantia econômi-
ca da Gráfica Vasconcelos, um dos maiores fabricantes de agendas, calendários e
etiquetas do país.
IM ISE
A antiga casa de dois pavimentos, no Leblon, fora inteiramente reformada para
atender às necessidades da galeria. A sala de exposições ocupa todo o primeiro
AL
andar, correspondendo aos três amplos salões originais da casa cujas paredes di-
visórias foram derrubadas e as janelas laterais foram eliminadas. O ambiente é in-
DO N
banheiros e uma grande sala com porta reforçada, dotada de sofisticado sistema
OI RA
Uma entrada lateral para carros conduz ao sobrado situado na parte dos fundos
LP
BI
da casa. Na parte de baixo do sobrado fica a garagem, com espaço suficiente para
três carros, e na parte de cima o ateliê de Bia, com ampla janela lateral dando para
IA
de trabalho quase toda ocupada por potes contendo pincéis, espátulas, hidrográ-
ficas de todas as cores e caixas de lápis de cor de diferentes marcas. A única pare-
AT
de sem janelas ou portas é ocupada por uma estante repleta de revistas e livros de
arte. Sob a janela que dá para a entrada de carros fica um móvel com gavetas para
papéis de desenho. Um sofá de três lugares, suficientemente confortável para se
M
passar a noite, completa o mobiliário. Ao fundo, duas portas dão para o banheiro
e uma pequena cozinha. O ateliê tem telefone, secretária eletrônica e fax indepen-
dentes da galeria. O acesso é feito por uma escada lateral.
[...]
121
TIGRE: grande felino asiático (Panthera tigris), encontrado em uma grande varie-
dade de ambientes, como florestas tropicais, mangues ou savanas, com o corpo,
cabeça, cauda e membros listrados de negro, dorso e flancos variando do laranja
avermelhado ao ocre avermelhado e região ventral de cor creme ou branca.
A,
DICIONÁRIO HOUAISS. Versão on-line. Disponível na Internet no endereço < http://
IC
houaiss.uol.com.br/busca.jhtm?verbete=tigre&stype=k>. Acesso em: 8 jul. 2017.
O ÓG
Observe no trecho a seguir, um exemplo de descrição estática de uma pessoa.
SÃ G
Trata-se do primeiro encontro entre Olga Benário e Otto Braun.
ES DA
O trecho é significativo, uma vez que Otto surge para o leitor de duas formas:
a primeira, pela imagem que Olga (antes de conhecê-lo) constrói de Otto com
PR PE
base no que dele se falava; a segunda, a visão que Olga tem dele ao encontrá-lo.
IM ISE
AL
Olga
DO N
ela ouviu falar pela primeira vez no professor Otto Braun. A partir da descrição
A
OI RA
que faziam dele, sobretudo as mulheres, Olga passou a fantasiar, criando um mito
em torno do jovem, bonito e inteligente Otto que, comentavam em voz baixa,
trabalhava secretamente como agente dos soviéticos. Quando, por fim, uma ami-
PR A
ga comum promove o encontro dos dois, Olga tem uma surpresa. Na verdade,
LP
MORAIS, Fernando. Olga. 16. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 31. (Fragmento).
M
2. Descrição Dinâmica
O texto descritivo também pode se caracterizar pela apresentação de situa-
ções que permitem ao leitor compreender os movimentos praticados pelos seres
envolvidos em uma determinada situação. Observe como, no trecho a seguir, a
descrição auxilia o leitor a construir uma característica do personagem (a sua
disciplina).
122
A,
relho de televisão num dos ângulos da sala. Olhos fixos na tela, pegava o prato,
IC
borrifava álcool, enxugava, e formava outra pilha ao lado da primeira. Executava o
serviço sem pressa, de acordo com o ritmo do filme. Terminada a tarefa, dividiu os
O ÓG
pratos em duas pilhas rigorosamente iguais, momento em que teve que desviar
os olhos da tela. Passou então aos talheres. Retirava-os de uma bacia de plástico si-
tuada à sua esquerda, borrifava álcool, e após enxugá-los meticulosamente, joga-
SÃ G
va-os dentro de uma caixa à sua direita. Essa tarefa era mais difícil de conciliar com
a televisão porque a caixa era dividida em compartimentos para facas, garfos e
ES DA
colheres, e era quase impossível acertar no compartimento adequado sem olhar.
PR PE
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Vento sudoeste. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999, p. 7 (Fragmento)
IM ISE
Há exemplos em que o dinamismo pode ser ainda mais acentuado. É isso que
ocorre no exemplo que se apresenta a seguir.
AL
DO N
A
DitoW
A
OI RA
Dito acordou ainda tonto pelos efeitos da anestesia. Olhou o teto baixo, as paredes bran-
PR A
cas e sujas, a lâmpada acesa. Tentou mover-se, percebeu que um dos braços estava pre-
LP
BI
so à cama. O salão era uma espécie de enfermaria, embora as outras camas estivessem
desocupadas. Também, não havia ninguém transitando por ali, e a sede que sentia era
insuportável. Não se recorda de ter, anteriormente, tanta vontade de tomar água. Tivera
IA
um sonho, onde a terra ao seu redor estava ressequida, havia rachaduras no solo e ele
caminhava, caminhava, o sol queimando, as mãos agarrando-se aos arbustos que tam-
ER
bém haviam secado. Viu água entre as dunas, correu para lá. Era miragem. Livrou-se do
pesadelo, do sono, mas a sede não diminuíra e ali não havia um funcionário sequer.
AT
M
LOUZEIRO, José. Infância dos mortos. São Paulo: Abril Cultural, 1984, p. 99. (Fragmento).
3. Descrição psicológica
No trecho anterior, é possível perceber que, além das ações do personagem, apre-
sentam-se também seus sentimentos despertados pelas sensações provocadas pela si-
tuação em que ele se encontra e pelo sonho. Assim, o texto descritivo pode dar conta
dos aspectos psicológicos que envolvem uma pessoa em certa situação. Perceba, no
exemplo a seguir, como os traços psicológicos do personagem ficam evidentes.
123
A,
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada
IC
a rainha dos salões.
O ÓG
Tornou-se deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponi-
bilidade.
Era rica e famosa.
SÃ G
Duas opulências, que se realçavam como a flor em vaso de alabastro; dois esplen-
ES DA
dores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte
como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento
PR PE
que produzira seu fulgor?
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a co-
IM ISE nheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande no-
vidade do dia. [...]
Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da
AL
eriçavam a sua beleza aliás tão correta e cinzelada para a meiga e serena expansão
d’alma.
A
OI RA
Como acreditar que a natureza houvesse traçado linhas tão puras e límpidas da-
BI
quele perfil para quebrar-lhes a harmonia com o riso de uma pungente ironia?
Os olhos grandes e rasgados, Deus não os aveludaria com a mais inefável ternura,
IA
beleza, Aurélia bem longe de inebriar-se da adoração produzida por sua formosu-
ra, e do culto que lhe rendiam, ao contrário parecia unicamente possuída de uma
M
APLICAÇÃO
constrangimento de alguém
não ser escolhido/a, sugere-
-se que o/a professor/a indi-
que a cada aluno/a o nome
do/a colega a ser descrito/a.
1. Escolha algum ou alguma colega de sua sala. Observe-o(a) aten- Outro cuidado diz respeito
tamente. Em seguida, elabore um texto em três parágrafos, de à possibilidade de alguma
descrição caminhar para
tal modo que, no primeiro, sejam apresentadas as características físicas; no
A,
uma imagem caricaturesca
segundo, algumas ações típicas em sala de aula ou em outros espaços da da pessoa. Nada impede que
IC
isso aconteça desde que o/a
escola; por fim, no terceiro, apresente alguns traços psicológicos. Para não aluno seja orientado/a a pro-
haver constrangimentos, na descrição, escolha as características positivas e duzir um texto que expresse
O ÓG
respeito pela pessoa descrita.
utilize termos socialmente aceitáveis, evitando o bulling.
Sugere-se que, ao final, cada
grupo apresente, oralmente,
Detalhe importante: em nenhum momento diga o nome de seu (sua) co- uma pequena síntese das
SÃ G
lega. Não se esqueça de planejar seu texto. Antes de escrevê-lo, relacione discussões, ressaltando o
ES DA
trabalho da produção textual
palavras ou frases que possam ser utilizadas em cada parágrafo. (quais as dificuldades que se
evidenciam no momento de,
2. Leia seu texto em voz alta, sempre sem mencionar o nome do(a) colega. O pelas palavras, tentar compor
objetivo é precisamente que seus (suas) colegas, por meio de sua descrição
PR PE
um retrato).
consigam descobrir quem você descreveu.
Novamente, enfatiza-se a importância de se planejar o texto, bem como, no momento de sua produção, de se organi-
LP
zarem as informações. Assim, orientar para que, em cada parágrafo, haja um ponto de partida do qual a descrição se
BI
expanda.
Deixar claro que a proposta não é produzir um texto “enigmático”, mas sim um texto elaborado com o objetivo de
que, por seu intermédio, se possa, com relativa facilidade, reconhecer o/a aluno/a descrito/a.
IA
Este é um momento de reflexão crítica em que o/a aluno/a submeterá sua produção à avaliação de seus/suas
colegas. Orientar para que sejam observados os traços descritivos que mais bem retratam o/a autor/a do texto. São
ER
os elementos mais significativos dessa discussão/avaliação que o/a aluno/a deve registrar.
AT
M
125
8 TEXTO
DISSERTATIVO
A,
IC
1. O estudo do texto dissertativo se inicia pela relação de palavras – agora que
se relacionam às opiniões despertadas pelo ambiente. Ao final, podem ser lidas
as palavras para discutir a pertinência ou não de cada uma delas. Isso também
O ÓG
servirá para verificar as diferenças de visão e de vocabulário de cada aluno.
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
1. Observe atentamente a ilustração da página 118 e relacione pa-
lavras que expressem opiniões que esse ambiente desperta em
PR PE
você.
2. Com base nessa observação e utilizando boa parte das palavras que você
relacionou acima, na questão 1, elabore um texto em três parágrafos.
IM ISE No primeiro, apresente de forma breve, o cenário que motivou este texto.
AL
No segundo, devem ficar evidentes suas opiniões despertadas por esse ce-
nário. Para cada opinião, apresente suas justificativas.
DO N
No último, feche seu texto de modo a enfatizar a opinião que, para você, seja
a mais importante.
A
3. Reúna-se em grupo. Apresente seu texto e leia os demais. Observe que as-
A
OI RA
Depois de todos os textos serem apresentados, escolha aquele que lhe cau-
LP
BI
importância do adquirirá maior segurança para, mais tarde, produzir textos mais densos
planejamento Nome do(a) autor(a) e mais longos.
textual – tanto
ER
DA TEORIA À PRÁTICA
dade 1, quanto
AT
pela orientação
de que o texto
seja produzido
M
em três parágra-
fos e de forma O texto produzido por você com a finalidade de expressar opiniões com base
ordenada. Esta
estrutura pro-
na imagem da página 118 denomina-se dissertação. A dissertação pode ser ex-
posta utiliza o positiva ou argumentativa.
conceito básico
1. Dissertação expositiva
Expõe uma ideia, discorre sobre um assunto, apresenta um tema. Nesse caso, para
que o texto tenha relevância, seu autor precisa conhecer bem o assunto, não somente
com base em suas próprias experiências de vida bem como por meio de pesquisas.
126 4. Após a apresentação do texto de cada grupo, propicie uma discussão pautada pelas orientações apresentadas na
atividade 3. Solicitar que cada aluno/a vá fazendo breves anotações dessas discussões, pois elas serão úteis no mo-
mento em que deverá escolher o texto que mais o/a impressionou e suas justificativas. Espera-se que, após tantos
momentos de reflexão, estas justificativas ganhem profundidade e expressem um senso crítico aguçado.
A,
Em linhas gerais, pode-se dividir a história da TV brasileira em dois grandes suas colegas, além de ter a
oportunidade de conhecer
períodos: de 1950 a 1964 e de 1964 até hoje [...]
IC
diferentes pontos de vista,
o/a aluno/a poderá verificar
No primeiro período, de 50 a 64, a TV concentrava-se no Rio de Janeiro e em as diferenças que ocorrem na
O ÓG
São Paulo e grande parte de sua programação era transmitida ao vivo com for- forma de apresentar suas opi-
niões. Solicitar que avaliem
tes tonalidades locais. A partir de 1964, a televisão começa a se expandir por as opiniões e as justificativas,
todo o território nacional, mas o surgimento das gravações em videoteipe en- verificando profundidade e
SÃ G
gendra uma concentração da produção nas grandes cidades. Na primeira fase, originalidade. Será que elas
superam o senso comum?
ES DA
tinha-se uma situação de concorrência entre as grandes emissoras e as TVs Isso porque, diante de uma
Tupi e Record lideravam a audiência; na segunda fase, especialmente a partir situação, muitas pessoas não
da primeira metade da década de 1970, a Rede Globo de Televisão torna-se conseguem encontrar ângu-
PR PE
los ou explicações pessoais e/
hegemônica em termos de número de telespectadores. ou originais.
Acompanhe as discussões
REIMÃO, Sandra. TV no Brasil – ontem e hoje. In: REIMÃO, Sandra de forma a garantir um mo-
Defende um ponto de vista sobre um assunto ou tema e tem a intenção de ele conseguiu compreender
persuadir o seu leitor ou seu ouvinte. Para que o texto tenha consistência, seu todos os aspectos anterior-
A
mente.
autor pode estabelecer relações de causa e efeito, avaliar opiniões diferentes e/
A
OI RA
Quem não conhece Pixote, um clássico nacional dos anos oitenta? Contava a
LP
O garotinho que fez o Pixote, Fernando Ramos da Silva, era um genuíno mo-
leque de periferia.
IA
Para um moleque desses, que tem de pegar no batente logo cedo pra ajudar a
ER
família, esse lance de fama é um negócio mirabolante. Ela leva a dois caminhos:
ou ao sucesso, ou à total frustração. Foi passando o tempo e o sucesso do filme
AT
127
JOÃO GORDO et al. Consciência do Gordo. São Paulo: Jaboticaba, 2004, p. 22-23 (Fragmento)
A,
Dissertação objetiva e dissertação subjetiva
IC
A leitura dos dois exemplos revela que, além de se diferenciarem quanto aos
O ÓG
propósitos da dissertação, os textos apresentam estilos diferentes. O primeiro ca-
racteriza-se pela objetividade, enquanto o segundo tem a subjetividade como
traço preponderante.
SÃ G
Dissertação objetiva: o que marca esse tipo de dissertação (seja ela expositi-
ES DA
va, seja argumentativa) é a produção de um texto mais impessoal, apresentando
as ideias e/ou argumentos de modo racional, lógico. Veja como isso pode ser
PR PE
notado no trecho a seguir.
IM ISE
AL
A forma e as ideias
DO N
Restringe-se quase apenas à classe dos linguistas a expectativa pela estreia, hoje,
A
de mais uma reforma ortográfica no Brasil. As mudanças por ora são ignoradas
A
OI RA
fico produz muito barulho por quase nada. Seu impacto estará concentrado na
LP
BI
tar-se nos próximos anos para adaptar livros e dicionários ao novo padrão.
A ortografia que está sendo substituída não constitui barreira para a compreensão
ER
ções nacionais, regionais e históricas diversas podem levar à superação desses obstá-
culos. A nova ortografia altera algumas formas das ideias, jamais seu conteúdo.
Com ou sem reforma, milhões de jovens brasileiros continuarão saindo da escola
sem acesso a esse universo de conhecimento.
128
A,
IC
Para viver um grande amor
O ÓG
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita se-
SÃ G
riedade e pouco riso — para viver um grande amor.
ES DA
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de
muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
PR PE
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua
dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde
IM ISE
clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver
um grande amor.
AL
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o “velho amigo”, que
porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssi-
mo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está
DO N
existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu
amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível li-
berdade que traz um só amor.
PR A
LP
BI
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culi-
nária e de judô — para viver um grande amor.
IA
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso
também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-ama-
ER
da como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu fina-
do amor.
AT
muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o gran-
de amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um
tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor. In: MORAES, Vinicius de. Para
viver um grande amor. 17. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 130-131.
129
APLICAÇÃO
to vão sendo trabalhados
conteúdos e atividades
anteriores, o/a aluno seja
orientado/a a fazer as entre-
vistas e as pesquisas. Assim,
orientar para que tome nota 1. Escolha uma profissão (preferencialmente, aquela que futura-
de todas as informações obti-
das. Dessa forma, o/a aluno/a
mente você deseja seguir). Busque informações referentes a
essa carreira (entreviste pessoas que exerçam atividades relacio-
A,
começará a compreender
a importância da coleta de
dados e de informações para
nadas a ela e pesquise informações em livros ou na internet]).
IC
se produzir um texto. Ou seja,
sem conhecimento, torna-se
Com base nas entrevistas e nas informações obtidas, redija um texto dis-
sertativo expositivo objetivo, cujo tema seja essa profissão escolhida por
O ÓG
difícil (mesmo impossível)
desenvolver um determinado
assunto.
você. Para isso, estruture o texto em três parágrafos:
Optou-se por uma pesquisa – primeiro, faça uma introdução ao tema;
SÃ G
sobre carreira universitária
com o objetivo de, além de
– segundo, desenvolva-o de forma organizada;
ES DA
servir como tema, permitir – terceiro, elabore uma conclusão.
que o/a aluno/a perceba se
tem ou não afinidade por ela Lembre-se de colocar um título.
PR PE
e, de certo modo, propiciar
que suas escolhas possam se 2. Reúna-se em grupo. Leia o seu texto e os demais. Em que medida todos os
dar com base em dados obje-
tivos e com mais segurança.
textos permitiram que se compreendessem as características de cada pro-
fissão? Houve coincidências na escolha de carreira? Se houve, os aspectos
IM ISE
Como a proposta é que se
elabore um texto disser-
tativo expositivo objetivo,
abordados são semelhantes? Registre abaixo suas reflexões.
orientar para que se planeje o 3. Você conhece muitos provérbios?
AL
texto previamente de forma
a que as informações sejam a) Escolha um provérbio conhecido.
apresentadas quanto à sua
DO N
mente, adotou-se a estrutura tativa objetiva cujos argumentos demonstrem sua concordância
básica de três parágrafos (in- com o ponto de vista do provérbio. Ou seja, você terá que, de forma ra-
A
OI RA
trodução, desenvolvimento e
conclusão), porém, conforme cional, persuadir o seu leitor de que o provérbio deve ser tomado como
a quantidade de informa- uma boa referência para a sua vida.
ções obtidas o/a professor/a
PR A
desenvolvimento, permitindo tiva objetiva cujos argumentos demonstrem que você discorda do
maior abrangência do tema.
Todavia deve-se reiterar
ponto de vista do provérbio. Ou seja, você terá que, de forma racional,
IA
que somente os dados e as persuadir o seu leitor de que o provérbio não é uma boa referência para
informações relevantes sejam
utilizados.
a sua vida.
ER
2. Nesta atividade, o/a alu- 4. Escolha um dos textos que você produziu a partir do provérbio. Transforme-o,
no/a terá a oportunidade de
conhecer outras carreiras e/ agora, em uma dissertação argumentativa subjetiva. Ou seja, você ten-
AT
ou verificar outras aborda- tará persuadir o seu leitor por meio de apelos emocionais.
gens relativas à carreira por
ele/ela escolhido/a. Além, é 5. Forme dupla com um(a) colega de sua sala. Troquem os textos produzidos
M
PRODUÇÃO DE TEXTO
um provérbio como tema
a ser desenvolvido funda-
menta-se na ideia de que se
trata de um saber popular e,
portanto, de fácil apreensão
Você vai produzir uma dissertação com base no seguinte recorte temático: pelo/a aluno/a. Além do que
são “pequenos conselhos”,
O uso de animais em experimentação científica tem sido muito debatido porque muitas vezes, tomados como
A,
verdadeiros e definitivos
envolve reivindicações dos cientistas e dos movimentos organizados em defesa que, por isso, permitem ser
dos animais, assim como mudanças na legislação vigente. colocados em discussão e até
IC
polemizados
Para produzir seu trabalho, observe: 3. b) Orientação geral para as
O ÓG
atividades b e c (produção de
a) A parte inicial do texto será uma introdução que expressa a opinião prin- texto dissertativo expositivo
objetivo)
cipal a ser defendida.
Reitere que o texto deve obe-
SÃ G
b) Após a parte inicial, começam os argumentos que sustentam a opinião decer a uma lógica, deve ser
ES DA
racional. Portanto, a escolha
apresentada, formando o desenvolvimento da dissertação. de palavras e a organização
dos parágrafos devem ser
c) A parte final é a sua conclusão, em que será expresso claramente seu bem planejadas.
PR PE
ponto de vista e afirmada concretamente sua ideia a respeito do tema. Ressalta-se que, em ambas as
propostas, deve-se orientar
Não se esqueça de colocar um título que desperte o interesse do seu leitor. a que o/a aluno/a tenha em
mente um “provável” leitor
IM ISE
Depois de finalizado seu trabalho, peça ao seu professor para revisar seu texto e
reescreva-o, se for necessário. Escolha uma pessoa amiga, ou alguém que vive
que deverá ser persuadido
por meio de um texto. Por
isso, seus argumentos devem
com você e goste de animais para entregar seu texto para leitura e apreciação.
AL
ser consistentes e relevantes.
4. Aqui a preocupação é fazer com que o/a aluno/a perceba que um mesmo tema pode ter tratamento diferente. Nesta primeira elaboração,
A argumentação subjetiva também precisa ser planejada e seus argumentos convincentes. Todavia, como deverá o/a aluno/a assumirá o ponto
DO N
predominar o apelo emocional, a escolha lexical e a estruturação das frases e dos parágrafos também deverão de vista que explicite sua
expressar a subjetividade. Um dos aspectos em que isso fica mais evidente é na pontuação – o/a aluno/a poderá concordância com o sentido
A
lançar mão de interrogações, exclamações, reticências com mais desenvoltura. Além disso, frequentemente, nesse do provérbio. Provavelmente,
tipo de dissertação, o/a autor/a busca aproximar-se mais do leitor e, de certa forma, fazer com que ele adira com será difícil que ele/ela consi-
A
de crítica seja o resultado de uma reflexão pessoal – diferentemente do que se fez antes.
vérbio, coloca-se o/a aluno/a
Deve-se orientar, então, para que as críticas sejam responsáveis e embasadas, com o/a aluno/a avaliador/a obser- diante de uma situação nova,
LP
BI
vando tanto se a modalidade textual proposta foi seguida, como se os argumentos são relevantes e têm consistên- em que deverá apresentar
cia. Reitere a importância de se dar sugestões ao/à colega, reforçando o caráter colaborativo da atividade. argumentos que evidenciem
Depois que cada dupla terminar suas avaliações, é chegado o momento de, juntos/as, discutir os comentários e as a não aceitação do provérbio.
IA
sugestões. É importante que os alunos enumerem os acertos e erros em relação aos textos produzidos. Assim, pode ser que seja
mais difícil de encontrar tais
argumentos, por esse motivo
ER
anterior.
Acrescente-se que se trata de
um exercício mental impor-
M
131
9 TEXTO
JORNALÍSTICO
A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
Observe a reprodução de uma notícia publicada no site da Revista
Superinteressante, em 20 de abril de 2022.
PR PE
MÉDICOS VISITAM ESTAÇÃO ESPACIAL
INTERNACIONAL POR MEIO DE HOLOGRAMAS
IM ISE Em experimento histórico, equipe de médicos interagiu com astronauta
AL
Pela primeira vez, uma equipe médica visitou astronautas na Estação Espacial Internacional
A
OI RA
(ISS) por meio de hologramas. O experimento aconteceu em outubro e foi revelado este
mês pela Nasa, em comunicado oficial.
Sim, a telemedicina está indo longe demais – mais especificamente, a 400 quilômetros de
PR A
A cena que parece ficção científica foi protagonizada por Josef Schmid, cirurgião de voo
BI
da agência espacial americana, sua equipe e Fernando De La Pena Llaca, CEO da Aexa
Aerospace – empresa de tecno...
IA
para qualquer lugar. O projeto existe desde 2016 e é desenvolvido pela Microsoft – mas
nunca havia estabelecido comunicação entre pessoas tão distantes quanto agora.
O cirurgião da Nasa interagiu com Thomas Pesquet, astronauta francês da Agência Espacial
AT
Europeia (ESA). Os dois usaram um óculos especial, chamado Microsoft Hololens Kinect,
e um computador com software personalizado desenvolvido pela Aexa. Assim, o astronauta
que estivesse com os óculos veria uma imagem 3D da equipe médica e vice-versa.
M
132
A,
uma notícia e que, portanto,
permitiria que pessoas na Terra se locomovessem pela ISS e trabalhassem junto com tem a finalidade de transmitir
astronautas.
IC
informações.
“É uma maneira completamente nova de comunicação humana em grandes distâncias […] 2. As respostas poderão ser
e de exploração, a partir da qual nossa entidade humana é capaz de viajar para além do bem diferentes, pois cada
O ÓG
planeta”, disse Schmid. pessoa poderá encontrar
trechos diversos para jus-
tificar que se trata de uma
In:https://super.abril.com.br/ciencia/medicos-visitam-estacao-espacial-internacional-via-hologramas/. informação. O recomendável
SÃ G
Consulta realizada em 22 de abril de 2022. é que, após a leitura e discus-
ES DA
são de algumas respostas,
o/a professor/a coloque no
quadro as perguntas básicas
1. Com que finalidade esse texto foi produzido? que compreendem o lead
PR PE
de uma notícia: o quê?,
2. Aponte partes do texto que comprovem a resposta dada à questão 1. quem?, onde?, como? Se for
necessário, faça uma revisão
das características do gênero
1. Jornalismo impresso
Sua veiculação se dá em diferentes formatos, mas todos com a mesma carac-
PR A
BI
Local (assuntos pertinentes à região e/ou à cidade em que o jornal circula); Eco-
nomia (assuntos econômicos gerais); Esporte (relativos ao mundo esportivo em
M
geral); Cultura (temas relativos a livros, ao teatro, ao cinema, entre outros). Essa
divisão por editorias define outra divisão: os cadernos em que se concentram as
editorias. Assim, há o Caderno de Economia, o de Esporte etc.
133
A,
O jornal pode ser apresentado em periodicidade e formatos diferentes. Quan-
to à periodicidade, o jornal pode ser diário (uma das mais frequentes), semanal
IC
ou quinzenal. Já, quanto aos formatos, no Brasil, o standard tem sido usado com
O ÓG
mais frequência. Esse formato corresponde, em média, ao tamanho de 55 cm (no
sentido vertical) por 30 cm (no horizontal). Veja alguns exemplos.
SÃ G
Correio Braziliense, 18 de julho de 2016 / D. A Press
Capa do Jornal Extra, publicado em 28- 04-2013 / Licenciado pela Agência O Globo
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
134
GauchaZH/Grupo RBS
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
2. Revista
LP
BI
vertical, por 21 cm, na horizontal). Sua periodicidade pode ser semanal, quinze-
ER
nal ou mensal.
Trata-se de um tipo de publicação que se caracteriza por grande segmenta-
AT
135
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
Capa da revista Veja, de 24 de maio de 2017. Capa da revista Carta Capital,
Capital
Reprodução
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
136
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
Capa da revista Superinteressante, Capa da revista Medicina & Cia.,
IM ISE de dezembro de 2005. de junho de 2013.
AL
3. Jornalismo no rádio
DO N
e locais.
Os radiojornais podem ter variadas durações: boletins curtos com três minu-
PR A
tos, que destacam notícias mais relevantes; programas mais longos de meia hora
LP
BI
a duas ou três horas, que tratam as notícias com maior profundidade, acrescen-
tando entrevistas e comentaristas que opinam sobre os fatos apresentados.
IA
orientação sobre cuidados com a saúde pessoal, entre outros); propiciam a parti-
cipação do ouvinte (emitindo opiniões, contando histórias pessoais, apresentan-
AT
137
Reprodução
Reprodução
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
Logotipo da rádio Jovem Pan AM. Disponível Logotipo da rádio CBN. Disponível
em: <https://adonirando.wordpress. em: <http://noticiasderadios.
com/>. Acesso em 26 jul. 2017. blogspot.com/2009_05_01_archive.
IM ISE html>. Acesso em 9 jul. 2017.
AL
4. Jornalismo na TV
DO N
Reprodução
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
138
A,
Reprodução
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
Vinheta do Domingo espetacular.
PR PE
Disponível em: <http://entretenimento.
Vinheta do Globo Repórter. Disponível oportaln10.com.br/domingo-espetacular-
em: <http://joelisonjoe.blogspot.com. 18062017-viagem-especial-para-o-
IM ISE br/2011/10/ufsm-no-globo-reporter.
html>. Acesso em: 23 jun. 2017.
senegal-63030/>. Acesso em: 23 jun. 2017.
AL
Entrevista, exibido pela ESPN, ambas emissoras de TV a cabo, são exemplos des-
se tipo de programa. Já os talk shows, também programas de entrevistas, são
A
OI RA
LP
Reprodução
BI
IA
ER
AT
M
139
Reprodução
Reprodução
A,
Logotipo da SporTV. Disponível
em: <http://www.tracto.com.
IC
br/logo-sportv-3d-frontal/>.
Acesso em: 23 jun. 2017.
O ÓG
Logotipo da BandNews. Disponível em: <http://
feirasenegocios.com.br/>. Acesso em: 23 jun. 2017.
SÃ G
5. Jornalismo na internet
ES DA
Com a chegada da internet, muitas das atividades jornalísticas convergiram
PR PE
para esse novo veículo. Em alguns casos, o internauta tem acesso total ou parcial
a jornais e revistas impressos em versão digital, ou às emissoras de rádio (neste
caso, pode-se ouvir a transmissão on-line por meio de um software – player).
IM ISE Mesmo as TVs permitem acesso a trechos de suas produções jornalísticas.
Porém, existem produções elaboradas somente para a internet. São eles os
AL
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
140
Reprodução
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
Página inicial do blog do jornalístico de Esmael Morais – disponível na Internet
AL
em <http://www.esmaelmorais.com.br/>. Acesso em 17/07/2017.
DO N
6. O trabalho do jornalista
A
A
OI RA
Daí, o passo seguinte é a apuração dos fatos, momento em que verifica os da-
dos referentes aos acontecimentos. Para isso, ele pode trabalhar com documentos
LP
BI
e entrevistar pessoas. O ideal é procurar fontes diferentes para que os fatos pos-
sam ser compreendidos sob diversos ângulos. Costuma-se dizer que todo fato
IA
tem dois lados, quando, na verdade, pode haver muito mais do que dois.
ER
redigiu o texto, pode participar também o editor responsável pela área a que o
fato é pertinente.
M
141
A,
apenas para bovinos até 24 meses
IC
O ÓG
PECUÁRIA – Na região, existem mais de quatro mil pecuaristas e 300 mil cabeças
de gado
SÃ G
A partir do dia 2 de maio começa a etapa de vacinação contra a febre aftosa, que
deve ser realizada por todos os pecuaristas do estado de São Paulo. Na região
ES DA
de Ourinhos, formada por 17 municípios, são mais de 4 mil pecuaristas e 300
mil cabeças de gado, informa Valmor Fantinel, médico veterinário e diretor do
Escritório de Defesa Agropecuário de Ourinhos —EDAO.
PR PE
Nesta etapa de maio, serão obrigados a ser vacinados todos os bovinos com até 24
meses de idade. Até o ano passado era obrigatório vacinar todo o rebanho, ou seja,
IM ISE o gado de qualquer idade.
“A vacinação de todo o rebanho, gado de qualquer idade, ficou para novembro”,
AL
informa Fantinel.
Ainda de acordo com o médico veterinário, há 13 anos não é registrado nenhum
DO N
caso de febre aftosa no estado de São Paulo e, por isso, a imunização dos gados de
qualquer idade ficou para a etapa de novembro. Ou seja: em maio, gados até dois
A
O pecuarista que deixar de aplicar a vacina contra a febre aftosa poderá ser autuado
e multado no valor de cinco Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo) por
animal não vacinado, isto é, R$ 79,40 por cabeça de gado.
PR A
LP
BI
AFTOSA: vacinação em maio será apenas para bovinos até 24 meses. Debate Online,
Semana de 26/04/2009 a 03/05/2009. Disponível em: AFTOSA: vacinação em maio
IA
será apenas para bovinos até 24 meses. Debate Online, Semana de 26/04/2009
a 03/05/2009. disponível em: http://www2.uol.com.br/debate/1464/cidade/
ER
siva (ou emotiva) – isto é, o emissor elabora uma mensagem expressando suas
opiniões em relação a algum fato ou a alguma atitude tomada por personalidades
do mundo político, judiciário, cultural etc. Essa função será predominante, espe-
cialmente, em editoriais, em colunas (artigos assinados por comentaristas) e em
críticas de modo geral (por exemplo, avaliação de peças de teatro, de filmes, de
gastronomia, entre outros). Na TV e no rádio, há o âncora, jornalista que, além
de transmitir informações, faz comentários críticos. Veja pequeno exemplo de
função expressiva em texto jornalístico.
142
A,
nestes tempos, não há políticas públicas de reciclagem neste país. Campanhas de
conscientização induzem o cidadão a separar seu lixo, vidro com vidro, plástico
IC
com plástico e papel com papel.
E cadê coleta? Quando há, é deficiente e insuficiente.
O ÓG
OSTERMANN, Valther. Não há. Jornal de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.
SÃ G
clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,183,2543943,12515>. Acesso em 16 de junho de 2017.
ES DA
Em quantidade menor, há produções de textos que abordam a própria lingua-
gem jornalística. Nessa produção predominará a função metalinguística: a men-
sagem elaborada em uma linguagem que tem a própria linguagem como centro
PR PE
de atenção. Essa função será predominante em textos que discutem o trabalho do
próprio jornal (há alguns que têm ombudsman – pessoa responsável pela produção
IM ISE
de texto em que avalia o veículo em que trabalha). Veja exemplo no texto abaixo.
AL
Cobertura lenta e
DO N
improvisada da tragédia
A
A
OI RA
A Folha não fez jornalismo preventivo, como deveria, em nenhuma das situações.
LP
BI
e desabrigados que o anterior, o jornal lhe dedica muito menos espaço e destaque.
ER
SILVA, Carlos Eduardo Lins da. Cobertura lenta e improvisada da tragédia. Folha
de S. Paulo, 17 de maio de 2009. Disponível em: <http://www1.folha.uol.
com.br/fsp/ombudsma/om1705200902.htm>. Acesso em 9 jul. 2017.
143
A,
O que se recomenda é manter um distanciamento crítico em relação aos ele-
IC
mentos que seleciona para elaborar o seu texto. Não se deixar envolver por pes-
soas ou órgãos nem deixar-se levar pela emoção.
O ÓG
Imagens no texto jornalístico
SÃ G
Os veículos de informação (com exceção do rádio) utilizam imagens asso-
ES DA
ciadas às matérias e às notícias com a intenção de dar maior efeito de realidade
ao que está sendo informado, ou seja, elas documentam os fatos noticiados. Por
PR PE
esse motivo, as imagens não devem ser compreendidas como meras ilustrações.
Pode-se afirmar que, assim como o texto linguístico, as imagens também são
IM ISE notícias e assim devem ser tratadas pelos que as captam.
Atualmente, com os diversos recursos disponíveis, as imagens, tanto na im-
AL
prensa quanto na área da publicidade, podem receber tratamentos, seja para apa-
gar elementos que não interessam a alguém ou a alguma instituição, seja para
“melhorar ou embelezar” a aparência de uma pessoa.
DO N
O texto que você vai ler não apenas permitirá que essa questão seja mais bem
A
Ditadura do photoshop
BI
IA
usando uma placa de estanho, betume e uma câmara escura. Depois de oito horas de
exposição à luz, nascia a fotografia. Desde então, vimos o mundo através de fotos:
M
144
A,
Como fazemos com um filho rebelde que fugiu do nosso controle, os franceses
querem devolver à fotografia o seu valor fundamental: a fidelidade – apesar de
IC
utópica – da representação fotográfica. Em campanhas publicitárias e certos
nichos glamourosos da imprensa de moda, existem hoje dois processos distintos
O ÓG
na elaboração das imagens: fotografar e photoshopar (sim, já virou verbo). O
primeiro capta as imagens com a melhor luz possível. O segundo pode construir
corpos magérrimos e perfeitos, peles de plástico, livres de celulite ou qualquer
SÃ G
outra imperfeição natural. O resultado é, em casos extremos, uma ilustração que
ES DA
tem pouquíssimo a ver com o original. Da perseguição dessa beleza inatingível
podem provir sérios danos à autoestima, sobretudo em adolescentes, quando não
transtornos como a bulimia e a compulsão por cirurgias plásticas. Do outro lado
PR PE
do Canal da Mancha, parlamentares ingleses também propõem restrições ao uso
do Photoshop em campanhas publicitárias voltadas para menores de 16 anos. A
fundamentação é que fotografias manipuladas podem fazer mal à saúde.
IM ISE
A possibilidade de manipulação da fotografia existe desde a invenção da câmara
escura. No século XIX, os retratos encomendados passaram a ganhar correções
AL
feitas com a ajuda de retocadores, que com pincéis e tinta procuravam melhorar a
aparência dos fotografados. O mito de que a fotografia é a representação da realidade
DO N
foi usado de forma maquiavélica por ditadores, como Stálin, Hitler, Mao Tsé-tung
e Mussolini, que tentaram reescrever a história por meio da alteração criminosa de
A
a fotografia digital. Sexagenárias posam para capas de revista com pele e corpo de
OI RA
adolescente – mas sem espinhas, é claro. Até lipoaspirações digitais, como a feita
pela revista francesa Paris Match com o presidente Nicolas Sarkozy, são possíveis.
PR A
escritores partem de evento real mas o embelezam, eles são obrigados a avisar seus
BI
Por enquanto, podemos tudo. Nós definimos o limite. Como nos anúncios de
bebida alcoólica, a resposta está na quantidade: “Photoshop, use com moderação”.
ER
Essa parece ser a receita possível para não transformar todas as fotografias em
ilustrações.
AT
Manipulação criminosa
A alteração de imagens, tão antiga quanto a própria fotografia, já serviu aos mais
M
145
A,
contemporâneos e mais
próximos dos/as alunos/as. 2. Cada aluno/a apresentará sua resposta em sala. Anote as diferentes respos-
IC
Questões 1), 2) tas. Quantitativamente, qual veículo recebeu o maior número de respostas?
Estas questões têm o objetivo
3. Pelas justificativas apresentadas, por que esse veículo é o mais utilizado?
O ÓG
de conhecer em que medida
os/as alunos buscam se infor-
mar. Nelas, deve-se orientar 4. Você tem o hábito de utilizar alguma publicação segmentada (por exemplo:
a que sejam apresentados
ciências, esporte, surf, celebridades, saúde etc.)? Se você respondeu que sim,
SÃ G
os veículos que trazem infor-
mações gerais [até porque, mencione o nome da publicação. Por que você se interessa por esse assunto?
ES DA
na questão 4, será possível
trabalhar com veículos seg- 5. Apresente sua resposta. Veja as respostas dos/das colegas. Qual o assunto
mentados].
Discutir que veículos são os
que obteve maior resposta? E que publicação foi mais citada?
PR PE
mais utilizados. Orientar para
que o/a aluno/a compreenda 6. Selecione um jornal ou uma revista, impressa ou digital, cuja produção e vei-
que é fundamental consultar, culação ocorram em sua cidade (caso não haja nenhuma publicação em sua
IM ISE
na medida possível, diferen-
tes órgãos de imprensa para
que se possa ter diferentes
visões e opiniões sobre os
cidade, escolha uma de sua região).
a) Informe o nome da publicação e a data de circulação.
AL
fatos noticiados.
Propiciar, enfim, que seja
b) Relacione as editorias (os grandes assuntos) em que a publicação está
discutida a importância de dividida.
DO N
mundo, de se posicionar
diante de questões polêmicas
ocorre?
A
OI RA
e para a formação de um
cidadão crítico e consciente. 7. Reúna-se em grupo. O grupo acompanhará uma notícia (de qualquer área:
3. Oriente para que as res- política, esporte, economia etc.) de grande repercussão. Para isso, deverá se-
postas sejam elaboradas com lecionar jornais, revistas (impressos ou na internet), rádio e TV, que tenham
PR A
profundidade.
dado destaque a essa notícia. Em seguida, respondam às questões propostas.
LP
Questões 4) e 5)
BI
quantidade de publicações
que, atualmente, estão dispo-
b) os veículos que o grupo selecionou e as datas em que a notícia foi veicu-
níveis no mercado comu- lada (no caso de rádio e TV, mencionem também o horário).
ER
nicacional. Principalmente,
as revistas apresentam-se c) Em todos esses veículos, a notícia recebeu o mesmo tratamento? Mos-
de forma segmentada e há
trem que diferenças e semelhanças há na elaboração dos textos jorna-
AT
produções digitais disponí- d) Quanto às diferenças, elas ocorreram por conta das diferenças que há
veis na Internet.
entre os veículos ou por que a abordagem de cada texto privilegiou al-
Em todos os casos, discutir
a qualidade dessas publica- gum aspecto da notícia? Justifiquem.
e) Na visão do grupo, por qual dos veículos pôde-se obter uma informação
mais profunda e crítica da notícia? Justifiquem.
ções, uma vez que, muitas delas têm somente interesse mercadológico, tratando os temas de forma superficial ou
sensacionalista.
6. Peça aos alunos que tragam as publicações para mostrar aos colegas.
Nesta questão, itens “a” e “b”, evidencia-se a finalidade de trabalhar com a realidade mais próxima do/a aluno/a.
Caso, em sua cidade, há grande quantidade de publicações em circulação, pode-se orientar a que todos possam
146 ser trabalhados, distribuindo-se cada uma delas entre os/as alunos/as.
Por outro lado, se houver poucas, que o trabalho seja feito pelos dias da semana – a mesma publicação em diferen-
A,
editoria. Mas, o fundamental
nhem todas as apresentações, discutindo os diferentes aspectos relatados. é que o/a aluno/a compreen-
Por fim, elaborem um pequeno texto que expresse as reflexões propiciadas
IC
da que, mesmo dentro da
unidade da publicação, há
por esta atividade. grande segmentação (inclusi-
O ÓG
ve pela divisão em cadernos
e, em determinados dias da
SÃ G
c) O destaque pode se dar,
ES DA
obviamente, pela quantidade
de espaço ocupada por uma
editoria. Porém, em muitos
Primeira parte: atividade individual – entrevista casos, o destaque pode estar
PR PE
na forma de apresentar o
assunto (destaque na primei-
a) Localize um/a ex-aluno/a de sua escola. Converse com ele/ela e anote ra página, fontes grandes,
os seguintes dados: nome completo; idade; local de nascimento; local ocupar a parte superior da
foi marcante (porque foi constrangedor, ou foi engraçado, ou foi triste). Ou é uma forma de atrair a
atenção do público? Neste
c) Peça que ele/ela conte esse episódio e grave esse relato. Caso não seja
A
possível do que vai sendo relatado. 7. a), b), c), d), e).
Esta atividade pode ser
d) Transcreva a história numa folha avulsa. preparada com antecedência
PR A
BI
Reúna-se em grupo. Leiam todos os relatos. Utilizando todos esses textos, são apresentadas de forma
diferente e, portanto, pode-
elaborem um pequeno jornal. Pode ser impresso ou publicado na internet. Siga rão trazer visões diversas de
AT
A,
Segunda Parte:
A produção do jornal 3. Elaborem um pequeno editorial: escolham um tema relacionado a uma ou
colocará os/as alunos/as mais histórias e apresentem suas opiniões em relação a ele.
IC
em situação concreta de
produção de texto conforme 4. Elaborem o expediente do jornal (os créditos relativos às diferentes ativida-
O ÓG
as condições impostas pelas
características do veículo: des executadas por vocês).
diagramação, tamanho do
texto em conformidade 5. Criem um nome sugestivo para o jornal.
SÃ G
com o espaço disponível e a
hierarquia dos fatos. 6. Produzam o jornal e apresentem-no em sala.
ES DA
Dessa forma, espera-se que
os/as alunos/as compreen-
dam que escrever não é Terceira parte: individual – avaliação dos jornais produzidos
PR PE
somente uma capacidade
que depende de inspiração. Leia atentamente os jornais e elabore um pequeno texto avaliando cada produ-
Na formatação do jornal,
dimensionar a produção de
ção (que semelhanças e diferenças ocorreram; qual deles foi mais original e por
IM ISE
acordo com as condições
dos/as alunos/as. Assim,
ele pode ser totalmente
quê; qual deles chamou mais a sua atenção e por quê).
é que o design se aproxime você gostaria de trabalhar como jornalista? Elabore um texto, apresentando sua
de um veículo informativo.
A
Acompanhar e orientar a
resposta com argumentações que deem bom embasamento às suas opiniões.
A
qualidade informativa, os
aspectos de originalidade
estejam presentes – seja no
PR A
linguagem empregada na
redação das matérias.
IA
Terceira Parte
A proposta é desenvolver o
senso crítico do aluno, por
ER
Quarta Parte:
meio da comparação dos
diferentes jornais produzidos. Assim como na proposta anterior, o/a aluno/a será instigado/a produzir um texto argumentativo. Assim, verificar se
Orientar para que o texto os argumentos possuem força e relevância. Importante, ao final, discutir com a sala as peculiaridades da atividade
AT
revele que o/a aluno/a perce- de um jornalista, tais como: o trabalho nem sempre tem horário definido, não há uma rotina, geralmente, o jorna-
beu as diferenças e as razões lista vê sua profissão como uma espécie de aventura e cercada de um grande idealismo – a de que, por meio das
por que elas ocorreram e, informações, poderá esclarecer as pessoas, poderá denunciar injustiças.
M
em que medida, isso servirá Há também certa glamourização do fazer jornalístico: viajar, ser correspondente em outros países, conviver com
como orientação para sua personalidades do mundo político, artístico, esportivo. Por conta disso, nos últimos anos, as carreiras pertencentes
própria produção, indepen- à área da Comunicação têm atraído muitos candidatos aos cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda.
dentemente, do tipo de texto Porém, pequena parte deles terá essa oportunidade.
que vier a produzir.
148
TEXTO
PUBLICITÁRIO
10
A,
IC
REFLEXÃO
O ÓG
SÃ G
Observe e leia com atenção o texto publicitário da Frescarini, repro-
duzido abaixo.
ES DA
F/Nazca Saatchi&Saatchi/Fotógrafo: Freitas
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
Novo Frescarini.
Mais recheio, massa mais leve.
AT
149
A,
afirmativo. O anunciante
busca criar imagem positiva 8. O anúncio parece tratar o seu destinatário de forma próxima. Por que isso
ocorre?
IC
e mostrar que seus produtos
possuem qualidade e, por
isso, trazem benefícios ao seu
O ÓG
destinatário.
7. Afirmação de que é uma
receita caseira, que faz bem,
DA TEORIA À PRÁTICA
que tem mais recheio, massa
SÃ G
parece um travesseiro..
ES DA
8. Uma das características do
texto publicitário é se apro- O texto publicitário é produzido com o objetivo de persuadir alguém a fa-
ximar do seu destinatário de zer algo. Por meio desse tipo de texto, vendem-se produtos ou serviços, reco-
forma a dar-lhe a impressão
PR PE
de que participa de seu mun- mendam-se comportamentos. Ele está tão presente no cotidiano de todos de tal
do particular e, desse modo,
o anunciante mostra que só
modo que é praticamente impossível passar um dia sem ter contato com um
lhe traz benefícios. texto publicitário.
IM ISE
O uso da palavra você e a
imagem do prato pronto (e
apetitoso) são os recursos
A produção de uma peça publicitária, geralmente, é feita por uma agência de
propaganda a serviço de um anunciante. Raramente ele é o resultado de um tra-
AL
utilizados para essa aproxi-
mação. Além deles, o uso da balho individual. Dele participam redatores, ilustradores, fotógrafos, entre outros.
palavra novo e das expressões
DO N
mais leve e mais recheio dá a Outra peculiaridade de sua produção é que, geralmente, ela é precedida por
entender que o anunciante
uma pesquisa que dará elementos para a sua criação. Os dados obtidos nessa
A
trabalho”.
LP
BI
Emissor
ER
sua veiculação.
Destinatário
O texto publicitário não se destina a todos. Sempre é produzido pensando-
--se em um público específico. Por isso, na linguagem publicitária, o destinatário
recebe o nome de público-alvo. Por exemplo: um filme publicitário veiculado
durante a apresentação de um programa para adolescente, este será o seu públi-
co-alvo. E a elaboração desse texto procurará utilizar uma linguagem que dele se
150 aproxime.
A,
IC
Canal
O ÓG
O texto publicitário pode ser veiculado em diferentes canais: rádio, TV, ci-
nema, jornal, revista, internet, outdoor. A escolha desses canais não é feita de
qualquer forma, uma vez que os custos envolvidos na produção e veiculação de
SÃ G
uma peça publicitária são altos e a decisão por uma mídia errada levará a baixo
ES DA
retorno dos investimentos feitos.
PR PE
Jingle
IM ISE
O jingle é uma peça que se compõe de palavras e música. Por isso, sua ela-
AL
boração explora a sonoridade das palavras e o ritmo dos versos. Sua veiculação
é feita em rádio. Tem forte tradição na publicidade brasileira, havendo casos de
jingles que alcançaram tanta repercussão que se inscreveram no imaginário po-
DO N
É o Café Seleto
ER
Cafezinho gostoso
É o Café Seleto...
Café Seleto...
A,
Beleléu
IC
O ÓG
Efeito sonoro de trovão.
Trilha sonora em background (BG).
SÃ G
Efeito sonoro de carro em movimento, de derrapagens, a partir da palavra
“dançava” permanece em BG durante a locução até a palavra “estrada”.
ES DA
Loc. – Era meia-noite, e o carro corria pela estrada. Corria não, dançava, bailava
de um lado para o outro perigosamente. Os elementos estavam embaixo do
PR PE
carro, escondidos, sorrateiros, traiçoeiros. Eram todos desclassificados, uns tipos
ordinários, vagabundos. Então numa curva eles jogam o carro para fora da estrada
e mandam o motorista e toda a família pro beleléu...
IM ISE Efeito sonoro de colisão de automóvel.
Trilha sonora – BG.
AL
Loc. 2 – Não brinque com a sua vida colocando no seu carro amortecedores de
baixa qualidade. Exija Cofap. É Cofap, é de confiança.
DO N
A
SILVA, Júlia Lúcia de Oliveira Albano da. Rádio: oralidade mediatizada – o spot
A
OI RA
Outdoor
PR A
LP
Trata-se de peça produzida para veiculação nas ruas. São grandes painéis
BI
a que
gotinha salva.
M
Filme publicitário
Mais conhecido como comercial, o filme publicitário é a peça feita para ser
veiculada na TV e/ou no cinema e, atualmente, também na internet.
152
A,
IC
Folheto/Folder
O ÓG
Peça constituída por uma folha de papel que pode ter uma ou mais dobras. É
o tipo de texto, comumente, distribuído nas ruas ou que chega às casas das pes-
soas via correio (mala direta) ou por meio de entregadores. Em geral, os folhetos
SÃ G
distribuídos nas ruas são mais simples. Já os que chegam por mala direta podem
ES DA
ser mais sofisticados, produzidos com grande engenhosidade com o objetivo de
atrair a atenção do público.
PR PE
Banner
IM ISE
Trata-se de peça publicitária impressa em plástico, papel tecido (em um lado
ou nos dois) para ser pendurada em paredes ou postes. Ela é muito comum nos
pontos de venda (supermercados, bares, lojas etc.).
AL
ciante. Esse tipo de banner busca atrair o público, motivando-o a interagir com a
A
peça. Por esse motivo, quase sempre, ele se altera por três, quatro ou mais vezes.
A
BI
IA
ER
AT
M
153
PR PE
As possibilidades de
Lehigh Valley, PA/Creative Commons
LP
BI
IA
ER
AT
M
154
A,
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
BI
Funções da linguagem
IA
Não perca!
M
Aproveite!
155
A,
ENTRE NA LUTA CONTRA A DENGUE.
IC
• COLOQUE A TAMPA NA CAIXA D’ÁGUA.
O ÓG
• ESVAZIE GARRAFAS E RECIPIENTES QUE POSSAM
ACUMULAR ÁGUA, GUARDE-OS DE CABEÇA PARA
SÃ G
BAIXO.
ES DA
• LIMPE PERIODICAMENTE CALHAS, TELHADOS E
QUALQUER LUGAR QUE POSSA ACUMULAR ÁGUA.
PR PE
• NO INVERNO, CUBRA SUA PISCINA.
BI
Foto: Cleferson Comarela/Creative Commons
# PARTIU FÉRIAS
IA
ER
AT
lugares maravilhosos.
156
A,
Às funções apelativa e expressiva, associa-se também a função fática: utiliza-
IC
da para fazer contato com o destinatário, despertar sua atenção para a peça. Essa
função pode se manifestar de diferentes maneiras: no texto impresso, por exem-
O ÓG
plo, pode ser por meio do tamanho das fontes, pelas cores, por uma imagem; na
TV, a altura do som, a música, a entonação, um personagem. E por que a função
fática tem importância no texto publicitário? Simplesmente porque as pessoas
SÃ G
não compram jornal ou revista, não assistem à televisão, não ouvem rádio por
ES DA
causa da propaganda. Elas buscam informação e/ou entretenimento. Portanto,
para se destacar em meio a tantos outros textos, a peça publicitária precisa en-
PR PE
contrar uma forma de chamar a atenção do público.
Na peça publicitária, outra função presente é a referencial. Isso porque é
IM ISE
necessário informar o público: sejam características do que é anunciado, sejam
dados para contato – telefone, endereço, site, e-mail.
Pode-se afirmar que as funções apelativa (sempre predominante), expressi-
AL
va, fática e referencial são constantes nas peças publicitárias. Além delas, é pos-
sível encontrar a função poética (ou estética) e a metalinguística. Quando em-
DO N
pregadas, geralmente, atuam como extensão da função fática: servem para atrair
A
a atenção do destinatário.
A
OI RA
BI
W/Brasil
IA
ER
Recurso da
AT
intertextualidade (usar
referências de outros textos
M
na criação de um novo
texto). Aqui, a imagem foi
produzida à semelhança de
uma obra cubista do pintor
Pablo Picasso.
A,
outras funções poderão ser empregadas para, precisamente, garantir o alcance
desejado pelo emissor: persuadir o destinatário.
IC
O ÓG
4. Características da redação publicitária
Provavelmente, ao tomar contato com todos os exemplos de texto publici-
SÃ G
tário apresentados até aqui (e pelos tantos com os quais se mantêm contato co-
ES DA
tidianamente), foi possível notar o quanto a produção desse tipo de texto tem a
criatividade como um dos seus princípios básicos. Assim, serão apresentados
alguns recursos muito comuns na produção publicitária e que, não por acaso,
PR PE
muitos deles também estão presentes nas produções de textos literários (em es-
pecial, o texto poético).
BI
Jingle, criado em 2008, elaborado por Hélio Ziskind e produzido pela Agência Zeeg 2.
A,
Foto: Creative Commons
IC
O ÓG
SÃ G
ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
BI
A,
ses aspectos.
IC
Já numa sociedade capitalista, regida por uma economia que se assenta na
produção e na comercialização de bens e serviços, é certo que os valores presen-
O ÓG
tes nessa sociedade serão utilizados na construção de peças publicitárias.
E são esses valores que poderão ser notados nas peças produzidas no Brasil,
SÃ G
Veja, abaixo, alguns dos valores e das crenças que se podem notar.
ES DA
Mundo feliz
PR PE
Nas peças, imagens e palavras são selecionadas e organizadas para construir
a ideia de um mundo feliz, pois, para os anunciantes, seus produtos e seus ser-
viços, uma vez adquiridos, trarão benefícios ao consumidor. Observe que, nos
IM ISE textos publicitários, predominam palavras afirmativas (felicidade, alegria, satis-
fação, por exemplo) e as situações de uso do produto ou serviço mostram pes-
AL
soas felizes, sorridentes. Mesmo nas peças que procuram alterar comportamen-
tos, pode-se notar que o desejo é que, havendo a mudança de atitude, a pessoa
DO N
Individualismo
A
OI RA
BI
co-alvo, o texto publicitário parece se comunicar apenas com uma pessoa. Com
isso, reforça-se que o mundo feliz pode ser conquistado individualmente.
IA
Cria-se a sensação de que as pessoas, por meio do consumo, são livres – pois
AT
parece que têm a liberdade de escolher entre tantos produtos e serviços. Dessa
maneira, confundem-se conceitos de consumidor e de cidadão, como se um bom
consumidor fosse, por extensão, um bom cidadão. Porém, os direitos básicos de
M
A,
ainda, definir que, dentro dos
oferecido ataca apenas o sintoma. segmentos, sejam escolhidas
peças de diferentes mídias
IC
– uma de revista, outra de rá-
dio, outra de TV. Desse modo,
Norma de comportamento
O ÓG
haveria maior diversificação
de tipos de peças e de aplica-
O grande desejo de todo anunciante é que o público, ao solicitar um produto, ção dos recursos apresenta-
peça pela sua marca, isto é, torna-se uma norma (uma regra) agir dessa forma. dos na parte teórica.
SÃ G
A internet, atualmente, é
Por exemplo, para saciar a sede, muitas pessoas, em uma lanchonete, pedem a ótima fonte de pesquisa
ES DA
marca de um produto e não o produto em si. Verifique em seu cotidiano quantas Há sites que permitem que
elas sejam apreciadas e, até
vezes isso ocorre com você e com as pessoas com quem você convive. mesmo, podem ser baixadas
PR PE
em arquivos (por exemplo,
o Clube de Criação de São
IM ISE youtube.com).
Sugestão
Depois de realizada a tarefa,
1. Escolha uma peça publicitária. Pode ser impressa (revista, jornal,
AL
podem ser formados grupos
por segmento ou por tipo
folheto etc.), sonora (rádio) ou audiovisual (TV). Se for impressa, de mídia para que sejam
cole numa folha avulsa. Se for de rádio (jingle ou spot), transcre- comparadas as respostas e
DO N
aprofundados os conceitos.
va-a e, se de TV, descreva-a de forma sintética.
A
3. A função conativa (que sempre é a função predominante nos textos publici- pode haver mais de um
anunciante quando é o caso
tários) encontra-se explicitada ou não? Justifique. de propagandas “casadas”.
PR A
BI
8. Faça um pequeno texto, avaliando a peça. No geral, você considera que ela
foi bem elaborada ou não? Por quê?
M
4. Além da conativa, as funções mais comuns em textos publicitários são: emotiva – ressaltar positivamente as qua-
lidades do produto, serviço ou comportamento –; referencial – informações colocadas na peça –; fática – recursos
para atrair a atenção do público. A função poética estará evidente caso o texto explore recursos que acionem o
senso estético do público – para também atrair a atenção ou para fazer associação positiva com o que é oferecido
pelo anunciante. A função metalinguística é menos frequente, mas, quando utilizada, procura reforçar os laços de
aproximação com o público ou atraí-lo por meio do humor.
5. A resposta dependerá da peça com que o/a aluno/a estiver trabalhando. Na parte teórica, não foram apresenta-
das todas as figuras de linguagem, dessa forma, é preciso orientar para que seja aplicado conhecimento anterior
referente a esse conteúdo (ou promover uma pesquisa sobre ele). De modo geral, a metáfora e a metonímia são
muito comuns. Antítese e prosopopeia (personificação) também são bem utilizadas. As figuras de som e de sintaxe
(aliteração, onomatopeia, anáfora, epístrofe), provavelmente, serão bem observadas. O mais importante aqui é que
se compreenda como as peças publicitárias empregam linguagem conotativa e, por isso, se aproximam da litera-
tura. Detalhe significativo: o/a aluno/a deve perceber que essas figuras de linguagem também podem ser visuais
– imagens, desenhos, cores etc.
161
PRODUÇÃO DE TEXTO
esta resposta dependerá da
peça escolhida. Orientar a
que sejam explorados todos
os recursos expostos na parte
teórica (deixando claro que,
em uma mesma peça, nem
todos estarão presentes).
Detalhe importante: caso o/a Briefing
A,
aluno/a note uma construção
ou um recurso que não foi
apresentado na parte teórica,
A empresa
IC
pedir para que o apresente
e o explique. Por exemplo:
A empresa X (aqui a agência deverá criar um nome para a empresa, bem como ela-
borar uma logomarca que a identifique) produz bebidas gaseificadas não alcoó-
O ÓG
há peças que criam imagens
com letras e/ou palavras (ico-
nização da letra/palavra).
licas. Ela atua no mercado regional (aqui a agência definirá a região em que a
Sugestão empresa atua) há quinze anos, tornando-se uma referência de qualidade.
SÃ G
Os livros A linguagem da
Produtos
ES DA
propaganda (de Antonio
Sandmann, da editora Con-
texto) e A arte de argumentar: A empresa X produz quatro diferentes refrigerantes (substituir as letras pelos no-
gerenciando razão e emoção, mes dos produtos – a agência definirá esses nomes):
PR PE
(de Antonio Suarez Abreu, da
editora Ateliê) trazem muitos • A – sabor guaraná;
recursos empregados em
textos publicitários. Valeria a • B – sabor limão;
IM ISE
pena sugerir a leitura desses
livros. O segundo, em espe-
cial, é mais abrangente, pois
trabalha com a persuasão em
• C – sabor laranja e
• D – sabor uva
AL
várias situações de comuni-
cação.
Eles são oferecidos em várias embalagens: lata de 355 ml; garrafas pet de 350 ml;
7. Outra resposta que
DO N
propaganda), o/a professor/a Detectou-se que, há três meses, houve queda de 30% nas vendas do refrigerante
poderá orientar a que a res-
posta possa ser feita de forma
C.
PR A
te aceitáveis) e o estereótipo
(moldes de comportamento
• Fanta – refrigerante produzido pela Coca-Cola, que tem grande penetração
ou de personagens). em nosso mercado.
M
A,
do anunciante. Fundamental,
• Não atacar os concorrentes de forma direta. no momento em que esta
questão for apresentada, que
IC
• Evitar situações que possam evidenciar algum tipo de preconceito. se promova um debate entre
criatividade e eficiência na
O ÓG
Obrigações propaganda.
SÃ G
ES DA
• Mostrar que o refrigerante C é moderno e está sintonizado com os tempos
atuais.
Solicitação
PR PE
Com base nos dados fornecidos, a agência deverá elaborar uma peça de rádio
para ser veiculada na rádio F (a agência definirá o nome da emissora), da cidade
IM ISE
M (colocar o nome da cidade), uma peça impressa para ser veiculada na revista N
(revista regional cujo nome será definido pela agência) e um folheto de uma dobra.
AL
Estratégia
DO N
A agência definirá as estratégias de veiculação das peças, bem como por quanto
tempo elas serão exibidas.
A
Prazo
A
OI RA
163
11 TEXTO CIENTÍFICO
E DIDÁTICO
A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
Leia o texto e responda às questões.
PR PE
A relação entre girafas,
IM ISE árvores e formigas
AL
Tudo começou quando um grupo de ecologistas levou um susto ao estudar uma área
A
OI RA
que havia sido cercada para evitar a presença de girafas e elefantes. Eles esperavam
encontrar um aumento de acácias, as árvores preferidas pelos herbívoros, mas para
seu espanto elas pareciam mais sofridas e seu número havia diminuído. Como
PR A
BI
bem” praticamente não causam danos à árvore e na verdade são “sustentadas” pela
seiva secretada por ela. Na verdade, o que as formigas estão fazendo é defender
seu território de outras formigas (vamos chamá-las “do mal”) que ao, se instalar na
árvore, cortam as folhas e permitem que outros insetos cavem buracos nos troncos,
enfraquecendo a árvore. O que ocorre na savana é uma competição ferrenha entre
essas espécies de formigas, cada uma dominando um grupo de árvores e disputando
o espaço em cada uma. Mas e as girafas, o que elas têm a ver com isso?
164
A,
param de secretar a seiva que alimenta as formigas “do bem”. Provavelmente, Atenção
a secreção de seiva é uma reação da acácia à poda feita pelos herbívoros. Sem Para finalizar os trabalhos
IC
deste módulo, há a proposta
o suprimento de seiva, as agressivas formigas “do bem” acabam perdendo a de produção de texto que,
competição para as “do mal”.
O ÓG
para ser bem realizada, deve
ser preparada ao longo do
Nas áreas em que não existem herbívoros de grande porte, as formigas “do mal” tempo. Assim, recomenda-
acabam dominando um número maior de acácias. Como essas formigas são -se que o/a professor/a leia
prejudiciais para a acácia e, além disso, permitem que outros insetos as ataquem, o
SÃ G
essa proposta e enfatize
resultado é que as árvores se desenvolvem mais lentamente, o que explica porque os conceitos do gênero,
ES DA
durante o desenvolvimento
na ausência de herbívoros as acácias ficam mirradas. das atividades das seções
Reflexão e Da Teoria à prática.
O interessante desse estudo é que ele demonstra como são complexas as interações Isso poderá auxiliá-los na
entre seres vivos e como nossa primeira impressão (menos girafa, mais árvores)
PR PE
execução da produção do
muitas vezes está totalmente equivocada. Como sempre, a realidade é muito mais texto acadêmico.
complexa. Um dos principais erros de muitos conservacionistas é acreditar que
conhecem o suficiente sobre os ecossistemas para poder “manejá-los”. Por outro
IM ISE
lado, com a velocidade com que o homem está destruindo esses ecossistemas, eles
irão desaparecer muito antes que possamos compreender como eles são regulados.
AL
REINACH, Fernando. A relação entre girafas, árvores e formigas. Estadão, 21 de fevereiro de 1. Ele escreveu o texto com
DO N
BI
b) Que fato mostrou que a hipótese do grupo estava errada? pesquisa e cita, no final do
texto, a fonte onde se pode
4. Para encontrar uma explicação, os ecologistas retomaram as suas observações. saber mais sobre o estudo.
AT
b) Em que medida essa mudança ajudaria a encontrar uma resposta? as acácias, o número delas
aumentaria.
c) Para realizar essas novas observações, os ecologistas partiram de alguma b) Apesar da ausência dos
hipótese? animais, o número de árvores
havia diminuído e as que
existiam pareciam mais
4. a) Eles compararam as acácias presentes em duas áreas de savana, uma em que os herbívoros circulam livremen-
sofridas.
te e outra de onde eles haviam sido retirados havia quinze anos.
b) Eles poderiam observar o comportamento das acácias na presença e na ausência dos herbívoros.
c) A hipótese era a de que a presença de dois tipos de formigas disputando território nos troncos das árvores pode-
ria influenciar no desenvolvimento das acácias.
165
A,
ainda permitiam a presença
de insetos que também
8. Que aspectos do texto de Fernando Reinach chamaram a sua atenção? Es-
ajudavam a enfraquecer as creva uma pequena carta dirigida a algum(a) colega de sua sala, revelando
IC
árvores. Na falta da poda
pelos herbívoros, não havia
esses aspectos e por que eles foram significativos para você.
O ÓG
seiva para alimentar as for-
migas “do bem”, que perdiam 9. O texto apresenta uma pesquisa realizada no campo da Ecologia. Esta é uma
a batalha para as formigas área na qual você gostaria de trabalhar? Elabore um pequeno texto justifi-
“do mal”, o que prejudicava
cando sua opinião.
SÃ G
o desenvolvimento das
acácias, explicando o motivo
10. Pesquise em jornais ou em revistas notícias referentes a pesquisas científicas.
ES DA
de elas diminuírem e ficarem
mais fracas na ausência dos Selecione três delas e transcreva o título e o autor de cada uma; dados da
herbívoros.
publicação (o nome do jornal ou revista, a data e a página em que ela foi
PR PE
6. O autor usa uma imagem
de “guerra” entre as formigas. publicada); a área da ciência a que pertence e um pequeno resumo. Além
As formigas “do bem” eram
as que, além de não serem
disso, explique o que despertou sua atenção para que ela fosse selecionada.
IM ISE
prejudiciais às acácias, ajuda-
vam a defendê-las de outros
insetos. As formigas “do
mal” eram as que causavam DA TEORIA À PRÁTICA
AL
prejuízo às árvores porque
permitiam a presença de
outros insetos que as enfra-
O texto lido e as reflexões a partir dele tiveram como finalidade apresentar
DO N
queciam.
Aproveitar este momento um exemplo de texto científico. Trata-se de um texto que objetiva colocar à dis-
A
para mostrar as diferentes posição do leitor informações referentes à ciência em geral, bem como às suas di-
formas para enfatizar pala-
A
versas áreas. Observe que no final do texto, é mencionada a fonte em que o autor
OI RA
se deve ter cuidado com as Os textos científicos e didáticos, para serem publicados, precisam obedecer a
primeiras impressões, pois
podem ser equivocadas. São
uma série de características e normas técnicas.
IA
166
A,
cadas as mensagens mais
criativas – por sua linguagem
vros escolares, artigos científicos ou em suportes que têm o objetivo de esclarecer e/ou estrutura – e as mais
IC
assuntos e temas da cultura em geral. originais – pela escolha dos
argumentos.
Apresentam linguagem formal, objetiva, acessível ao nível de conhecimento
O ÓG
9. Orientar a produção de
do leitor. uma resposta que apresen-
te sólida argumentação.
A característica principal dos textos científicos é o seu objeto: o registro de Independentemente de ser
SÃ G
a Ecologia a área pretendida
uma investigação científica. Por conta disso, apresentam: pelo/a aluno/a, esta questão
ES DA
tem como objetivo propiciar
• Linguagem clara e objetiva uma reflexão quanto à
carreira que ele/ela pretende
• Estrutura argumentativa bem articulada
PR PE
abraçar. É fundamental que
as discussões quanto às di-
• Fundamentação sobre o conteúdo ferentes escolhas, levem em
conta a satisfação pessoal, a
IM ISE
Para serem publicados, cada um dos diferentes textos de divulgação científi-
ca obedece a normas que dizem respeito à sua função e ao público. Um livro, por
exemplo, deve apresentar um índice, prefácio, uma introdução, o texto principal
aptidão e os interesses que
devem guiar tais escolhas.
10. Ao consultar fontes
jornalísticas, o/a aluno/a terá
AL
e referências bibliográficas e virtuais, caso haja; um artigo já não apresenta essa a oportunidade de tomar
conhecimento das muitas
formatação, porém traz um resumo (em que são sintetizados seus principais ar- pesquisas que, contempo-
DO N
gumentos e ideias) e palavras-chave (lista de algumas palavras que indicam as raneamente, estão sendo
desenvolvidas. Trata-se, tam-
A
áreas do conhecimento
3. Importância do Fichamento científico e os temas que são
divulgados.
O fichamento de uma leitura caracteriza-se pela anotação de trechos da obra
PR A
poderão ser utilizados. O nome fichamento fixou-se, pois, durante muito tempo alcançar as variadas áreas.
Como devem ser obtidas
– e ainda hoje –, os pesquisadores utilizavam pequenas fichas em que transcre- três notícias, solicitar que
IA
viam os trechos selecionados. Atualmente, esse trabalho pode ser feito no com- cada uma seja de uma área
diferente.
putador e guardado em arquivos eletrônicos.
ER
de dados e de fontes.
Atenção: ativar o senso crítico
CHARTIER, R. A ordem dos livros. Brasília: UnB, 1994. do/a aluno/a de modo a per-
M
167
A,
está identificada pelas aspas e a paráfrase não. Porém, ambas são identificadas
IC
por meio do sobrenome do autor, o ano da obra lida e a página em que o trecho
pode ser encontrado.
O ÓG
• Exemplo de paráfrase e de citação direta
SÃ G
Conforme Chartier (1994, p. 96), uma resposta imediata poderia alinhar o
ES DA
eletrônico à invenção de Gutenberg, ao surgimento da imprensa que no
século XV, quando foram modificados “os modos de reprodução dos textos
e de produção dos livros”, porém, em sua materialidade, “o livro impresso
PR PE
mantém-se fortemente dependente do manuscrito até por volta de 1530,
imitando-lhe a paginação, as escrituras, as aparências e, sobretudo, o seu
IM ISE acabamento feito à mão.” Chartier (1994, p. 96) conclui afirmando que a “re-
volução da imprensa não consiste absolutamente numa ‘aparição do livro’.
AL
Doze ou treze séculos antes do surgimento da nova técnica, o livro oci-
dental teria encontrado a forma que lhe permaneceu própria na cultura do
impresso”.
DO N
A
colocada por Chartier (1994, p. 96): “como situar, na longa história do livro,
LP
BI
o conhecemos, com seus cadernos, suas folhas, suas páginas, para o texto
eletrônico e a leitura na tela?”.
ER
Exemplo de paráfrase
AT
não foi o único fator que garantiu uma grande circulação do livro impresso,
Chartier (1994, p. 97) lança seu olhar para o Oriente e explica que, embora
tenham inventado e utilizado os caracteres móveis em terracota no século
XI, na China, e em caracteres metálicos, na Coréia, no século XIII, ou seja, bem
antes de Gutenberg, porém, esse conhecimento ficou restrito aos poderes
do imperador ou dos mosteiros. Foi a xilografia que, no Oriente, teve a fun-
ção de disseminar os textos impressos.
168
A,
O nome do autor deve ser transcrito ABBAGNANO, N.
IC
pelo último sobrenome e pela (s) inicial
(is) do(s) prenome(s), em letras maiúscu- KANT, I.
O ÓG
AUTOR(es) las, seguidas de ponto.
Quando houver mais de um autor, se-
ADORNO, T.W.; HOR-
gue-se o procedimento acima, separan-
SÃ G
KHEIMEIR, M.
do-se cada autor com ponto e vírgula.
ES DA
Deve ser reproduzido com alguma for- Dicionário de filosofia.
ma de destaque tipográfico (itálico, gri-
PR PE
fado ou negrito). No caso destes exem- Crítica da razão pura.
plos, adotou-se o padrão negrito.
IM ISE
TÍTULO
Atenção: somente a letra inicial da pri-
meira palavra deve ser em maiúsculo (e
Elementos de semio-
logia.
El quinteto de Cam-
AL
os nomes próprios).
bridge.
A vida secreta da
DO N
funda.
OI RA
BI
A,
fica. São Paulo: Sulina, 1990.
IC
Explicação: O título da parte deve ser transcrito sem qualquer
destaque. Depois deve ser colocada a palavra In seguida de dois
O ÓG
pontos. Em seguida, colocar a referência ao livro conforme o mo-
delo LIVRO. Finalmente, colocar a página inicial e a final da parte.
SÃ G
PARTES DE LI- Modelo: AUTORIA DA PARTE DA OBRA. Titulo da parte. In: AUTO-
ES DA
VROS RIA DA OBRA. Título. Edição. Local: Editora, ano, página inicial-final
da parte.
PR PE
Exemplo: ACEVEDO, J. La historia popular: un movimiento de los
70. In PEIRANO, L. (ed.). Educación y Comunicación en el Perú.
2. ed. Lima: IPAL, 1988, p. 132-168.
IM ISE Modelo: AUTORIA. Título. Local, ano. Número de folhas. Tese, Dis-
sertação (Grau e área) – Unidade de Ensino, Instituição.
AL
PERIÓDICOS
Exemplo: FESTA, R. Mulher e comunicação alternativa: um proces-
so de resistência em explosão. Revista Comunicação e Socieda-
ER
ARTIGO DE
número de ordem da(s) coluna(s).
JORNAL
Exemplo: NOVAES, W. Visões entre as nuvens. O Estado de S.Pau-
lo, 20 nov. 1998, p. A2.
170
A,
de Sousa. São Paulo, 29 ago. 2001.
IC
Modelo: AUTORIA. Título. Fonte (se for publicado). Dispo-
nível em: <endereço eletrônico. Acesso em: data (dia, mês,
O ÓG
ano).
FONTES ELETRÔNI-
CAS ONLINE
Exemplo: BUENO, W. Os novos desafios do jornalismo
SÃ G
científico. Disponível em: <http://www.comtexto.com.br>
ES DA
Acesso em: 23 fev 2002.
PR PE
mento ou número especial (quando houver). Local: Editora,
número do volume, número do fascículo, data. Número total
PERIÓDICOS (con-
IM ISE
siderados em parte)
de páginas do fascículo, suplemento ou número/ edição es-
pecial. Nota indicativa do tipo de fascículo.
AL
Exemplo: COMUNICATION RESEARCH TRENDS. [Local]*:
[Editora]*, v. 6, n. 4, [data]*. ???p.*
DO N
A
Além disso,
A
OI RA
BI
171
A,
gir e ser elaboradas, é preciso pesquisar em livros, jornais, revistas – seja material
IC
impresso, seja por meio eletrônico. Nesse momento, todo cuidado é necessário
para que você não cometa plágio.
O ÓG
Mas o que é plágio? A princípio pode-se afirmar que se trata de um crime.
Tanto que, no Dicionário Houaiss1, a segunda acepção da palavra plágio vem an-
SÃ G
tecedida da seguinte rubrica: “termo jurídico”. E daí vem o significado: “apresen-
ES DA
tação feita por alguém, como de sua própria autoria, de trabalho, obra intelectual
etc. produzido por outrem”.
PR PE
Nesse mesmo dicionário, a primeira acepção2 do verbo plagiar diz: “apresen-
tar como da própria autoria (obra artística, científica etc. que pertence a outrem)”.
Se você utilizar o Dicionário Michaelis, encontrará também o caráter criminoso
IM ISE presente na ação de plagiar. Assim, na acepção 1: “Cometer furto literário, apre-
sentando como sua uma ideia ou obra literária ou científica, de outrem”. E, na
AL
acepção 2: “Usar obra de outrem como fonte sem mencioná-la”.3
Segundo Whitaker Salles4, originalmente, a palavra plágio significava “rapto
DO N
palavra voltou a ter um sentido mais restrito para denominar o “ladrão de textos
teatrais”. Por extensão, passou a nomear o “ladrão de músicas, literatura, tudo que
PR A
BI
Pode-se dizer que há três motivos que levam alguém a cometer plágio:
ER
sica de outra pessoa. Porém, quando se trata de trabalho acadêmico, nem sempre
esse mesmo procedimento tem tanto destaque na mídia. Desse modo, você pode
M
A,
da maneira correta e honesta. Recomenda-se, então, que você verifique atenta-
mente as orientações para elaboração da atividade e observe o prazo de entrega.
IC
Antecipe sua pesquisa, anote cuidadosamente as referências de suas fontes e vá,
aos poucos, redigindo seu trabalho. Além de cumprir com as exigências da disci-
O ÓG
plina, você terá a certeza de que produziu uma obra original.
Por sensação de incapacidade. Ou por medo da avaliação. São dois sentimen-
SÃ G
tos que criam obstáculos à produção de um trabalho. A sensação de que não se
ES DA
é capaz de realizar uma determinada tarefa e a pressão em obter uma nota que
o leve à aprovação na disciplina podem fazer com que alguém venha a cometer
PR PE
plágio. Neste caso, há que se ter um bom conhecimento de sua própria capaci-
dade e ter consciência de que o seu limite, necessariamente, será motivo para
reprovação – enquanto a descoberta do plágio, além de reprovar, poderá ocasio-
IM ISE
nar penalidades de ordem acadêmica e jurídica. Caso você tenha dificuldades
em uma determinada disciplina, recomenda-se maior dedicação a ela. Procure
AL
ler com maior atenção, consulte colegas que a dominem com maior facilidade
e, sempre, mantenha contato com o(a) professor(a) para obter esclarecimentos
DO N
e orientações.
A
A
OI RA
Orientações gerais
Como você viu no início deste texto, para apresentar a noção do que é plágio,
PR A
trechos selecionados – utilizados como citação – foram colocados entre aspas para
marcar que se trata de texto de outra pessoa. Há outros – utilizados como paráfrase
IA
–, que não foram colocados entre aspas, de cuja fonte também se dá o crédito.
ER
173
A,
Entenda o que é consumo
IC
sustentável
O ÓG
SÃ G
Escrito por: Equipe eCycle
ES DA
O consumo sustentável é uma expressão empregada com muita frequência em di-
ferentes meios de comunicação. Se você pesquisar em ferramentas de busca da in-
ternet surgirão milhares de resultados diferentes com artigos científicos, notícias,
PR PE
ofertas de produtos, entre outros. Cada um deles possui uma forma diferente de
definir o que é consumo sustentável – uma importante atitude que o consumidor
contemporâneo deveria assumir para ter uma pegada mais leve e preservar o meio
IM ISE ambiente.
As opções de consumo sustentável são variadas, basta procurar: um chocolate sus-
AL
tentável, um jeans sustentável e até uma escova de dentes sustentável. Mas o que
significa realmente consumir esse tipo de produto? […]
DO N
A
giu gradualmente ao longo das gerações. E, nesse percurso histórico, três fatores
LP
BI
meio ambiente.
AT
174
A,
significa que o consumo sustentável pressupõe sobretudo a redução do uso dos
IC
recursos naturais e da produção de lixo e outros materiais tóxicos. […]
O ÓG
Colocar em prática
Muitas pessoas acreditam que consumo sustentável é uma prática que diz respeito
SÃ G
somente à aquisição de produtos cuja fabricação teve um baixo impacto ambiental
ES DA
e que, por essa razão, são muito caros.
Conhecer bem as marcas de sua preferência, atentar para o rótulo dos produtos,
PR PE
planejar bem as suas compras, a fim de evitar o consumismo excessivo são, se-
gundo o Instituto Akatu, práticas de um consumidor sustentável. No entanto, ao
contrário do que se imagina, o consumo sustentável vai além disso e pode ser pra-
IM ISE
ticado a partir de mudanças de comportamento. […]
Por isso é importante que as pessoas entendam que consumo não é só compra de
AL
algum objeto no shopping. Consumo é também a água que você gasta, a energia
que você usa e os alimentos que você ingere.
DO N
A
BI
3. Ao lavar a louça, use uma bacia para deixar os pratos e talheres de molho por
alguns minutos antes da lavagem. Isso ajuda a soltar a sujeira. Depois, use água
ER
175
A,
o conceito de “consumo
sustentável”, além de sugerir
realizada em 23 de abril de 2022. (Fragmentos)
IC
a aplicação do conceito no
cotidiano, o que justifica
classificar o texto como
1. Após uma leitura silenciosa, copie as palavras que você tem alguma dúvida
O ÓG
“didático”, no sentido de levar quanto ao significado. Consulte um dicionário impresso ou digital e escreva
à aprendizagem do assunto
ao leitor.
um sinônimo para cada uma delas. Em seguida, releia o texto, substituindo
4. O texto está dividido em 4 as palavras pelos seus sinônimos.
SÃ G
partes, com uma introdução
A compreensão do texto ficou mais fácil? Mudou o sentido de alguma fra-
ES DA
e 3 subtítulos. Orientar os
alunos a citarem as partes e se ou parágrafo? Esclareceu algum conceito? Exemplifique ou justifique sua
resumirem a ideia principal
de cada uma delas. Essa conclusão.
PR PE
atividade é importante para
os alunos perceberem que o 2. Qual é a função do texto lido? Qual é o público-alvo? Onde foi publicado?
resumo possibilita uma refle- Pode ser considerado um texto didático? Por quê?
xão e fixação dos conceitos e
IM ISE
assuntos, levando à aprendi-
zagem e memorização.
6. As definições estão pre-
3. Qual é o assunto principal do texto?
O assunto principal é a definição de consumo sustentá-
vel e a importância dessa atitude, nos dias atuais.
empregada com muita 5. Releia a segunda parte do texto e responda: Quais termos são sinônimos de
frequência em diferentes
A
meios de comunicação”, ou consumo sustentável? Consumo verde, consumo consciente, consumo responsável.
A
a escolha de produtos que 7. Quais as características da linguagem e do vocabulário do texto lido? É for-
utilizaram menos recursos mal, informal, objetiva, subjetiva, apresenta gíria, apresenta vocabulário es-
naturais em sua produção,
IA
materiais tóxicos.”
A,
citações têm a intenção de
dar credibilidade e confiabi-
Quais considera mais difíceis? Permitir que os alunos discutam em pequenos grupos sobre
suas opiniões a respeito das dicas de consumo sustentável. lidade às definições, ideias e
IC
fatos apresentados.
10. No texto, há uma predo-
O ÓG
minância de verbos no tem-
PRODUÇÃO DE TEXTO
po Presente do Indicativo.
O uso desse tempo verbal é
adequado ao texto didático,
SÃ G
por causa das definições e ex-
plicações de conceitos sobre
ES DA
o assunto do texto.
Produção de texto didático
PR PE
Agora é a sua vez de pesquisar e de registrar os resultados em um pequeno texto
didático, com a função de permitir a aprendizagem de conceitos, definições ou
fatos. Para isso, siga as instruções a seguir.
IM ISE
1. Escolha um assunto de seu interesse (de preferência, ligado a uma área pro-
fissional que você gostaria de conhecer).
AL
2. Para definir melhor o que pesquisar na área escolhida, converse com profes-
sores (as) e profissionais que nela atuam.
DO N
que possam ampliar seu conhecimento sobre o tema que está pesquisando.
A
OI RA
4. Durante a leitura, faça fichamentos do material lido (veja, nas páginas 167 e
BI
do roteiro.
M
177
A,
– Objetivo geral. Qual é a visão global e abrangente da pesquisa. Por
exemplo: o que se está querendo caracterizar, traçar, descrever, expli-
IC
car, analisar ou avaliar.
– Objetivos específicos. Tem função intermediária e instrumental,
O ÓG
permitindo de um lado, atingir o objetivo geral, e de outro lado, apli-
cá-lo a situações particulares (o que devo ler).
SÃ G
– Justificativa. Elaborar dois ou três parágrafos, apresentando argu-
ES DA
mentos que justifiquem o seu envolvimento com a pesquisa e a área,
bem como a importância dessa pesquisa.
– Hipóteses. Antes de realizar a pesquisa, quais as suas expectativas
PR PE
quanto aos resultados a que poderá chegar?
– Metodologia. Apresentar, de forma bem detalhada, como será rea-
artigo.
OI RA
Agora, utilize o material da sua pesquisa para produzir o texto didático. Siga as
orientações abaixo.
PR A
BI
ser lido a qualquer tempo, portanto toda referência a datas, locais, nomes,
situações devem ser bem claras e objetivas (por exemplo, evitar o uso de
M
178
A,
d) Para quê? Apresente os objetivos que foram alcançados com esta pes-
quisa e a que resultados você chegou;
IC
e) Feche esta parte, indicando o que será apresentado no próximo subca-
O ÓG
pítulo.
4. Em seguida, no primeiro subcapítulo, faça uma breve explanação sobre a
SÃ G
área, o tema e o que já se escreveu sobre eles. Feche esta parte com indica-
ção do que será apresentado no próximo subcapítulo.
ES DA
5. Novo subcapítulo. Nele deve constar o desenvolvimento específico de sua
pesquisa: sua trajetória, detalhes do assunto que você pesquisou, as etapas
PR PE
percorridas etc. Feche este subcapítulo, apontando para a conclusão.
6. Conclusão. Nesta parte do texto, devem ser retomados os aspectos mais
IM ISE
relevantes obtidos na pesquisa. Apresente, também, como foi seu envolvi-
mento: quais contribuições pessoais podem ser notadas.
AL
7. Elencar as referências bibliográficas.
8. Se houver, colocar anexos.
DO N
A
ASPECTOS GRÁFICOS
A
OI RA
dos (das) alunos (as). A seguir, identificar o nome da disciplina e o do (a) profes-
sor (a). No rodapé e centralizado, colocar a cidade em que situa a sua escola e,
IA
usar tamanho 16, em caixa alta e negrito. Para os títulos dos subcaptítulos,
usar o tamanho 14, minúsculo, negrito.
5. Tipo de letra: Times New Roman ou Arial.
6. Parágrafo: 1 tab para iniciar os parágrafos.
7. Numeração: Em números arábicos, na margem superior, à direita.
Margens: superior: 3,0 cm; inferior: 2,0 cm; esquerda: 3,0 cm; direita: 2,0 cm
179
12 TEXTO
DRAMÁTICO
A,
IC
O ÓG
REFLEXÃO
SÃ G
ES DA
Leia:
Em 1963, a peça O santo milagroso, de Lauro César Muniz, foi ence-
PR PE
nada pela primeira vez. Leia, abaixo, as referências para a encenação
apresentadas pelo autor.
IM ISE
O santo milagroso
AL
Ação
A
Época
OI RA
Indeterminada
PR A
Cenário
LP
BI
fundo e central, é uma pequena ponte em forma de arco acentuado. Esta ponte
liga a parte anterior (sacristia) com a terceira parte do cenário, que é a casa do
M
pastor protestante. Pequena sala com algumas peças de móveis antigos. Livros
e figuras espalhados. A quarta parte do cenário desenvolve-se até o proscênio
e representa parte da praça onde está situada a igreja. Árvores e bancos.
Personagens
Padre José – velho de 60 anos.
Pastor Camilo – meia idade, atlético.
Teresinha – irmã do Pastor Camilo, 30 anos.
180
A,
Coronel Chiquinho – gordo, 50 anos.
Bispo – velho, alto, robusto.
IC
Jornalista.
O ÓG
Mascate.
Juca.
SÃ G
Mulher de Juca.
ES DA
Simão – judeu.
Takawa – japonês.
PR PE
Fiéis.
Banda de música.
IM ISE
A seguir, leia um trecho do primeiro ato dessa peça.
AL
DO N
BI
pastor olha para ele e dá a entender que ouviu. O padre também acaba por
olhar para o pastor. O olhar é de desafio. Voltam à atitude inicial de aparente
AT
indiferença. Dito rola pelo parapeito de um lado para o outro, numa torcida
respeitável. O pastor “sente” o peixe. Dito para, assustado. A vara se curva
M
181
A,
(A luta continua. As duas varas ao mesmo tempo curvam-se acentuadamente.
Os dois puxam os anzóis e as linhas convergem num mesmo peixe. Os três
IC
ficam perplexos e momentaneamente sem ação.)
O ÓG
DITO: (Boquiaberto.) O mesmo peixe! (Debruça-se para ver melhor.) Baita
peixão! (Os dois párocos estão embaraçados. Entreolham-se. Sorriem
discretamente.)
SÃ G
DITO: Metade para cada um!
ES DA
(Começam a recolher o peixe e automaticamente se aproximam do centro da
ponte.)
PR PE
PADRE JOSÉ: (Cedendo, aponta o peixe.) Tenha a bondade.
PASTOR CAMILO: Pode ficar com ele.
IM ISE PADRE JOSÉ: Obrigado, mas em casa somos só dois.
PASTOR CAMILO: Em casa não comemos peixe.
AL
DITO: Racha no meio! Eu vou buscar a faca! (Sai correndo. Os pescadores tiram
seus anzóis: primeiro o pastor, depois o padre.)
DO N
senhor?
BI
PADRE JOSÉ: Gosto também... (Sorri.) Mas já estou ficando velho para isso.
Outro dia fui pescar lá embaixo, perto da curva, e de tanto ficar agachado
IA
e jogava futebol aos sábados e domingos. Agora, só de dar uns chutinhos com
meu filho, já boto a língua de fora.
M
182
A,
PASTOR CAMILO: O senhor joga xadrez?
IC
PADRE JOSÉ: Jogar com quem? Eu faço de conta que jogo. Nesta cidade não há
um cristão que jogue xadrez!
O ÓG
PASTOR CAMILO: Eu jogo!
PADRE JOSÉ: O senhor joga?
SÃ G
PASTOR CAMILO: Quer dizer, jogava. Agora não existem adversários. 1. No texto, não há referên-
ES DA
cias às características físicas
(Embaraço. Pausa.) de cada personagem. Deve-
PADRE JOSÉ: Pois é... Nesta terra monótona não se tem o que fazer. --se observar, porém, que o
autor apresenta a idade de
PR PE
PASTOR CAMILO: Até há pouco tempo, ainda me divertia nadando um pouco. cada um deles [Dito: 20 anos;
Padre José: 60 anos e Pastor
Mas depois de um certo acontecimento, perdi a vontade. Camilo: meia idade – cerca de
IM ISE
PADRE JOSÉ: O que foi, senhor Camilo?
35 anos] e, no diálogo entre o
Padre José e o Pastor Camilo,
há elementos que permitem
compreender que o padre
AL
já mostra sinais de cansaço
MUNIZ, Lauro César. O santo milagroso. São Paulo: Nova Alexandria, 2006, p.3-7. e dores no corpo e o pastor
parece ser um tipo atlético. A
partir daí, o/a aluno/a poderá
DO N
Sudário – Mortalha, lençol utilizado para envolver o cadáver. Véu que, na alguns dos aspectos físicos,
A
e os dados apresentados no
Quaresma, nas igrejas católicas, as imagens dos santos são cobertas com pequenos diálogo mencionado acima.
véus roxos em sinal de luto pelo sofrimento e morte de Jesus Cristo. Os diálogos, por sua vez,
PR A
BI
psicológicas. Assim:
Genuflexório – Trata-se de um pequeno móvel em forma de cadeira utilizado nas Dito: sua agilidade e a forma
igrejas e em capelas. Ele possui um estrado baixo e um encosto alto. Nele, as como torce para que o Padre
IA
pessoas se ajoelham para fazer suas orações. José consiga pescar antes do
pastor revelam que ele é en-
Proscênio – No teatro, corresponde à parte da frente do palco. tusiasmado, jovial e “defende”
ER
abertamente o Padre.
Mascate – Vendedor ambulante. Padre José: aparenta ser dis-
creto e severo [em relação ao
AT
183
A,
tos de figurino, poderão ser
livremente apresentados. 3. Em relação às vozes dos personagens, como você as caracterizaria?
IC
Embora se trate de uma cena
em que os personagens estão Dito
pescando, provavelmente,
O ÓG
nas respostas, prevaleçam Padre José
figurinos estereotipados:
por exemplo, Dito, de batina Pastor Camilo
branca; Padre José, de batina
SÃ G
preta; Pastor Camilo, de terno 4. A maior parte das ações apresentadas no trecho mostra os personagens
e gravata. Nesse caso, propiciar
ES DA
uma discussão quanto a isso, pescando em um ribeirão. Considerando que os três são religiosos, explique
pois, na encenação, essa ima- como essa situação de pesca pode ser entendida metaforicamente.
gem-clichê auxilia na carac-
5. Nas ações envolvendo Padre José e Pastor Camilo, fica evidente que há gran-
PR PE
terização das personagens e,
mais ainda, permite que, mais
rápida e efetivamente, eles de simetria entre elas, culminando no fato de ambos pescarem o mesmo
possam ser identificados pelo peixe. Com base na analogia que você estabeleceu na resposta anterior,
IM ISE
público. Essa questão do este-
reótipo pode, posteriormente,
ser retrabalhada nas respostas
dadas às questões 4 e 5.
como essa simetria pode ser interpretada?
6. O trecho foi interrompido no momento em que o Pastor Camilo falaria ao
AL
3. Novamente, as respostas Padre José do acontecimento que fez com que ele perdesse a vontade de
podem ser livres. Porém,
é possível entender que a nadar. Elabore algumas falas de ambos os personagens, dando continuidade
DO N
ter momentos de gritos en- 7. Reúna-se com dois/duas colegas. Leia a continuação que eles/elas elabora-
tusiasmados. Já as vozes de
A
revelar mais firmeza. tor bem como de maneira coerente com as ações de cada personagem.
4. Denotativamente, a cena
mostra que os três persona- Em seguida, discutam em que medida a leitura dramática desse trecho con-
IA
A,
obrigatoriamente o público. Se ele quisesse prescindir da representação, preferiria 7. Esta atividade tem a
intenção de fazer com que
outro gênero literário. Pode o autor não se importar com a acolhida do público, mas
IC
os/as alunos/as possam se
nunca esquecer que as suas palavras precisam ser encontradas em função de uma posicionar, criticamente, em
audiência. relação ao texto individual,
O ÓG
bem como aos dos/as
colegas. Importante realçar
MAGALDI, Sábato. Iniciação do teatro. 2. ed. São Paulo: Ática, 1985, p. 16. que as diferenças propiciam
compreender que há outras
SÃ G
soluções para a mesma
situação.
Ao redigir, o dramaturgo – autor de um texto dramático – elabora seu texto
ES DA
8. Acompanhar cada grupo
atento aos diferentes aspectos necessários à colocação em cena de sua história. e verificar como as vozes e
suas inflexões são realizadas.
Um deles é a construção dos diálogos (sempre apresentados em discurso di-
PR PE
Orientar para que, nessa
reto: as falas dos personagens são reproduzidas de maneira literal), pois, quando leitura, sejam mantidas as
intenções do autor – nesse
o texto for representado, será por meio deles que o público conhecerá tanto os caso, observar as rubricas.
IM ISE
personagens – quem são eles, que relações há entre eles e o que os caracteriza
– quanto os conflitos, as intrigas, os motivos que fazem com que a história se
Se possível, selecionar dois
ou três grupos e solicitar que
apresentem suas leituras para
desenvolva. todos/as colegas. Discutir
AL
as diferenças que possam
surgir. Discutir também se
Outro é a elaboração das rubricas – geralmente, registradas entre parênteses as leituras trouxeram novas
DO N
e em itálico –, por meio das quais o autor transmite as instruções que orientam o compreensões ao texto.
Dessa forma, o/a aluno/a se
diretor, os atores e as atrizes quanto à forma de colocar a história em cena. Dentre
A
a seguir.
(música e efeitos sonoros), detalhes de iluminação, o figurino (o vestuário dos
Quanto à redação da síntese,
personagens) e o modo de falar e a gestualidade dos personagens. Necessariamen- espera-se que seja produ-
te, o dramaturgo não coloca todas as rubricas em seu texto. Até porque, quanto
PR A
argumentos justifiquem as
BI
Gêneros dramáticos
ER
• A tragédia diz respeito à elaboração de uma peça que busca seus temas
nas paixões humanas e nos conflitos provocados por ela. Na sua produ-
M
A,
• Drama – em que predomina a abordagem de assuntos mais sérios. Já,
IC
quando o drama é por demais sentimental, denomina-se melodrama.
O ÓG
• Tragicomédia – são abordados temas mais densos (mortes, violência, pai-
xões), mas entremeados por situações engraçadas.
SÃ G
• Musical – nele, além das falas convencionais, os personagens apresentam
diálogos “musicados” e, muitas vezes, durante esses diálogos, a represen-
ES DA
tação é coreografada à semelhança de um espetáculo de dança. Geralmen-
te, aborda temas mais leves, pois o propósito maior é o entretenimento.
PR PE
1Pela rubrica, o Exemplos de texto dramático
IM ISE
autor orienta o
local em que a cena
acontece – mas não
Observe, no trecho abaixo, como são registrados os diálogos e as rubricas em um texto
dramático.
AL
dá detalhes de como
o cenário deve ser A PRIMEIRA VALSA [fragmentos]
construído. Informa Cena 3
DO N
também quais os
(Na casa de Rodrigo. Rodrigo bate à máquina em seu quarto, enquanto sua mãe
A
personagens que
atuam e o que estão vaga pela casa e fala.)
A
OI RA
fazendo MÃE – (Vagando pela casa)... Sempre quis que você casasse cedo. Seu pai era
contra homem casar cedo, mas eu sempre quis. Você está gostando dessa menina,
PR A
não é Rodrigo? Para de bater nessa máquina, o que você escreve tanto aí? Uma
carta?
LP
A resposta de
BI
redor das chamas. Não conseguem sair dali, atraídos pela luz. Aproximam-se cada
vez mais e morrem queimados. Sobre isso.
AT
186
A,
Adriana.
MÃE – Desculpe os trajes. Eu já disse a Rodrigo pra não trazer ninguém sem me
IC
avisar, estou dando um jeito na casa. Desculpe, minha filha, não é contigo não. A fala da Mãe
ADRIANA – Nós podemos voltar outra hora. indicia que ela está
O ÓG
usando roupas não
MÃE – Já que veio, fique. Ele não me fala de você. Tem um café na cozinha, quer? adequadas para
ADRIANA – Não se incomode. receber Adriana.
SÃ G
Porém, observe
MÃE – O Bastos do seu sobrenome é o do cartório?
ES DA
que o autor preferiu
ADRIANA – Meu avô paterno teve um cartório. Não pertence mais à família. não colocar rubrica
orientando de que
PR PE
MÃE – Pena. Sempre quis que Rodrigo cursasse direito, é a melhor profissão. Mas forma ela deveria
ele preferiu engenharia. estar vestida nessa
cena.
RODRIGO ADULTO – (Off, narrando, enquanto a cena se modifica) ... minha
IM ISE
mãe morreu bem idosa, quase noventa. Ela resistiu, era forte. Sempre foi uma
pessoa egocêntrica. Talvez por isso, em seus últimos anos foi perdendo a memória, A fala da Mãe indicia
que ela dá pouca
o sentido das coisas, até não me reconhecer mais. Um dia avançou para mim e me
AL
atenção a Adriana.
mordeu! Ficou louca, minha mãe velhinha! No final, vivia num mundo só dela,
Aliás, observe que
onde ninguém penetrava, uma outra realidade. Foi essa a última concretude que
DO N
entender por que brigávamos tanto, por que cismei que ela me fazia tanto mal. desde o começo.
Bobagens da vida. Hoje sinto saudades, muitas, saudades de filho, só isso. Sei que
A
OI RA
é lugar-comum.
A rubrica orienta
OLIVEIRA, Domingos. A primeira valsa. In ______. Domingos Oliveira. que a narração de
PR A
São Paulo: Global, 2004, p. 133-135 – Coleção melhor teatro. Rodrigo Adulto é
feita em off, isto é,
LP
BI
narrador. No caso da peça de Domingos Oliveira, esse narrador contará partes de uma gravação ou
da história sempre em off. de um ator que está
AT
público como se fosse um mestre de cerimônia. Esse personagem (Palhaço), por Rodrigo, mas em
outro momento de
vezes, substitui as rubricas; outras, narra pequenas partes da história. Observe sua vida: Rodrigo,
alguns trechos que apresentam a intervenção do Palhaço. agora adulto, sua
mãe já morreu, e ele
fala da relação que
mantinha com ela.
187
A,
PALHAÇO
Muito bem, muito bem, muito bem! Assim se conseguem as coisas neste mundo, E
IC
agora, enquanto Xaréu se enterra “em latim”, imaginemos o que se passa na cidade.
Antônio Moraes saiu furioso com o padre e acaba de ter uma longa conferência
O ÓG
com o bispo a esse respeito. Este, que está inspecionando sua diocese, tem que
atender a inúmeras conveniências. Em primeiro lugar, não pode desprestigiar a
igreja, que o padre, afinal de contas, representa na paróquia. Mas tem que pensar
SÃ G
também em certas conjunturas e transigências, pois Antônio Moraes é dono de
ES DA
todas as minas da região e é um homem poderoso, tendo enriquecido fortemente o
patrimônio que herdou, e que já era grande, durante a guerra, em que o comércio
de minérios esteve no auge. De modo que lá vem o bispo. Peço todo o silêncio e
PR PE
respeito do auditório, porque a grande figura que se aproxima é, além de bispo, um
grande administrador e político. Sou o primeiro a me curvar diante deste grande
Aqui, sinto interromper a conversa de dois atores tão importantes, mas é preciso
A
continua. (Depois da saída dos dois atores.) Chicó arranjou uma rede e colocou nela
o corpo do amigo. Vamos enterrá-lo, ele e eu. Vai começar o quadro final da peça.
PR A
TRECHO 4
LP
BI
PALHAÇO
A história da Compadecida termina aqui. Para encerrá-la, nada melhor do que o
IA
verso com que acaba um dos romances populares em que ela se baseou:
Meu verso acabou-se agora,
ER
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 35. ed. Rio de Janeiro: Agir, 2005. p. 173.
188
A,
APLICAÇÃO
IC
O ÓG
1. Apresentam-se, a seguir, duas cenas de um texto dramático es-
crito por Artur Azevedo. Trata-se de O mambembe, peça repre-
sentada pela primeira vez no ano de 1904, no Rio de Janeiro.
SÃ G
Leia-as e responda as questões propostas:
ES DA
O MAMBEMBE
PR PE
Ato primeiro
Quadro 1
IM ISE (Sala de um plano só em casa de dona Rita. Ao fundo, duas janelas pin-
tadas. Porta à esquerda dando para a rua, e porta à direita dando para
AL
o interior da casa.)
Cena I
DO N
EDUARDO - Vai dizer a dona Rita que eu quero falar com ela.
MALAQUIAS - Sim, sinhô. (Puxando conversa.) Seu Eduardo onte tava
M
bom memo!
EDUARDO - Tu assististe ao espetáculo?
MALAQUIAS - Ora, eu não falho! Siá dona Rita não me leva, mas eu fujo
e vou. Fico no fundo espiando só!
EDUARDO - Gostas do teatro, hein?
189
A,
EDUARDO - Gostando, por quê? Cala-te!
IC
MALAQUIAS - Então Malaquia não sabe que seu Eduardo gosta de
dona Laudelina?
O ÓG
EDUARDO - E ela?... Gosta de mim?
MALAQUIAS - Eu acho que gosta... pelo meno não gosta de outro... eu
SÃ G
sou fino; se ela tivesse outro namorado, eu via logo. Aquele moço que
ES DA
mora ali no chalé azu, que diz que é guarda-livro, outro dia quis se en-
graçá com ela e ela bateu coa jinela na cara dele: pá... eu gostei memo
porque gosto de seu Eduardo, e sei que seu Eduardo gosta dela!
PR PE
EDUARDO - Toma lá quinhentos réis.
IM ISE MALAQUIAS - Ih! Obrigado, seu Eduardo. (Vai a sair pela direita. Entra
dona Rita.)
DONA RITA - Que ficaste fazendo aqui, moleque?
AL
guma coisa. (A Eduardo.) Não se passa um dia que este capeta não me
OI RA
Cena II
BI
EDUARDO - Diga antes: “O senhor não dormiu”, que diz a verdade. Ah,
dona Rita! Quem ama como eu amo não dorme!
AT
DONA RITA - Pois o senhor deve estar moído! Olhe que aquele papel de
Luís Fernandes não é graça! E o senhor representa ele com tanto calor!
M
190
A,
“Sempre, sempre esta visão fatal a perseguir-me! No sonho, na vigília,
IC
em toda a parte a vejo, a sigo, a adoro! Como me entrou no coração este
amor, que não posso arrancar sem arrancar o coração e a vida?” Tudo
O ÓG
isto é da peça, mas vem ao pintar da faneca.
[...]
SÃ G
DONA RITA - Acalme-se, seu Eduardo, o senhor não está em si. Vamos,
ES DA
sente-se nesta cadeira e me diga qual o motivo da sua visita à hora em
que não costuma entrar nesta casa outro homem senão o do lixo. (Sen-
tam-se ambos.)
PR PE
EDUARDO - Pois não adivinha o que aqui me trouxe? O meu amor! Se
vim tão cedo, foi porque tinha a certeza de que dona Laudelina ainda
IM ISE estava recolhida ao seu quarto.
DONA RITA - Naturalmente; o papel da morgadinha também é muito
AL
fatigante, e Laudelina é uma amadora: não é uma atriz, não se sabe pou-
par, como bem disse ontem o Frazão.
DO N
Janeiro.
IA
DONA RITA - Como o senhor sabe, Laudelina é órfã de pai e mãe... não
M
191
A,
DONA RITA - O senhor queixa-se de que ela não faz caso do senhor...
IC
EDUARDO - Não! Não é disso que me queixo; sim, porque, afinal, não
posso dizer que ela não faça caso de mim... Mas não é franca, de modo
O ÓG
que não sei se sou ou não correspondido, e é esta incerteza que me
acabrunha!
SÃ G
DONA RITA - É que Laudelina, por enquanto, só tem um namorado: o
ES DA
teatro; só tem uma paixão: a arte dramática. Ah! Mas eu sei o que devo
fazer...
PR PE
EDUARDO - Que é?
DONA RITA - Afastar-nos completamente do Grêmio Dramático Fa-
DONA RITA - Sempre há de haver algum em que não haja. Verá então
DO N
que, afastada desse divertimento, ela olhará para o senhor com outros
olhos, porque, francamente, seu Eduardo, eu bem desejava que o se-
A
EDUARDO - Ah!
DONA RITA - Onde poderá Laudelina encontrar melhor marido? O se-
PR A
nhor, não é por estar em sua presença, é um moço de boa família, esti-
LP
BI
perança e alegria! Peço-lhe que advogue a minha causa. Foi só para fa-
zer-lhe este pedido que vim à sua casa à hora do homem do lixo.
ER
DONA RITA - Já tenho falado a ela muitas vezes no senhor. Não posso
AT
esposa. (Levanta-se.)
EDUARDO (Levantando-se.) - A senhora é o meu bom anjo! Quero bei-
jar-lhe as mãos, e de joelhos!... (Ajoelha-se diante de dona Rita.)
192
A,
– sem conotação pejorativa – numa referência de que, talvez, seja um adolescente. gem romântico. Tem uma fala
Pela época em que o texto foi elaborado [1904], bem como pela sua fala peculiar, é mais formal. Parece muito
EDUARDO provável que ele seja visto como um pequeno garoto negro.
IC
decidido a alcançar seus ob-
DONA RITA Já Eduardo é jovem, idade entre 22 e 25 anos, provavelmente. Pela sua fala, por ser jetivos – tanto que se dá ao
ator e pelas evidências de que se trata do “galã”. trabalho de chegar bem cedo
O ÓG
c) Pelos diálogos, caracterize o comportamento de cada um dos persona- à casa de Dona Rita.
Dona Rita, em relação a
gens. E Dona Rita, a mais velha dos três, aparenta ter cerca de 50 anos. Já foi atriz e Malaquias, mostra-se autori-
representou importantes papéis femininos. tária. Esse traço também se
SÃ G
MALAQUIAS O/A aluno/a tem, então, liberdade para construir as características físicas de cada evidencia quando afirma que
um deles [Sugestão: se possível, solicitar que algum/a aluno/a desenhe esses per- poderá afastar Laudelina do
ES DA
EDUARDO sonagens e apresente para a sala]. Podem ser discutidas as diferentes concepções teatro para que esta, quem
e verificar que coincidências ocorreram. sabe, possa dar mais atenção
DONA RITA a Eduardo. Na relação com
Eduardo, mostra-se maternal
PR PE
e cúmplice das suas inten-
d) Ainda com base nos diálogos, como você compreende as relações que ções.
se estabelecem entre os personagens? d) Malaquias é o serviçal da
IM ISE
e) Nos diálogos, observa-se que um dos assuntos é o teatro. A que tipo de
teatro eles se referem? Justifique sua resposta com expressões presentes
casa. Uma vez que as ações
se passam em 1904, parece
que ele guarda certos resquí-
cios da época da escravidão:
AL
no texto. faz tudo na casa – atende à
porta, lava louças.
f) Em determinado momento, Dona Rita afirma haver preconceito em re- Eduardo é bem próximo de
DO N
g) Além do teatro, outro assunto diz respeito aos sentimentos amorosos de sua paixão a Dona Rita e as
OI RA
suas preocupações.
Eduardo. Dona Rita mantém uma
– Por quem ele é apaixonado? relação de “proprietária” de
PR A
BI
– Quanto a essa paixão, o que preocupa Eduardo? tenha muita intimidade com
as pessoas. Tanto que critica
– Como Dona Rita se posiciona quanto aos sentimentos amorosos de o fato de ele estar na sala
IA
se veja a atividade teatral como algo não recomendável, esse preconceito é bem menor. Até porque, além do das mais distintas amadoras
teatro, o ator e a atriz podem trabalhar em cinema e na televisão. Esta, em especial pelas telenovelas, é responsável do Rio de Janeiro”. O nome
por dar maior destaque aos artistas. do grupo de teatro: Grêmio
Sugestão: propiciar uma discussão a partir da seguinte questão: Caso você quisesse fazer teatro, como sua família Dramático Familiar do Ca-
reagiria? tumbi. E mesmo a expressão
g) Laudelina. “teatrinho”, expressa a ideia
Laudelina é apresentada como filha adotiva de Dona Rita de se tratar de uma atividade
[...] Laudelina é órfã de pai e mãe [...] veio para a minha companhia assinzinha e fui eu que eduquei ela. menor.
[...] prometo empregar toda a minha autoridade de mãe adotiva [...] Sugestão: aproveitar esta
Eduardo percebe que Laudelina lhe dá atenção, porém não tem certeza de que ela lhe corresponda ao amor dele. questão para verificar se,
[...] não sei se sou ou não correspondido, e é esta incerteza que me acabrunha! na sala, algum/a aluno/a
Dona Rita elogia Eduardo e o tem em alta conta. Entende que ele é o marido ideal para Laudelina. Promete-lhe participa de algum grupo de
fazer todo o empenho para convencê-la a se casar com Eduardo.
A resposta é livre. Porém, conforme o conhecimento de cada aluno/a, é possível que boa parte responda afirmati-
vamente, prevalecendo a ideia de que o texto deva ter um “final feliz”. Tanto a fala de Malaquias, quanto a de Dona
193
Rita revelam que há uma expectativa de que Eduardo se case com Laudelina. Aliás, a fala de Malaquias apresenta
de forma clara que Laudelina também gosta de Eduardo.
PRODUÇÃO DE TEXTO
do texto, seja apresentada
uma história e que ela se dê a
conhecer por meio das ações
e dos diálogos dos persona-
gens.
Orientar para que façam as Festival de peças curtas
rubricas necessárias.
Como sugestão para a
Atividade em grupo
A,
elaboração do texto, pode-se
indicar a adaptação de um
a) Reúna-se em grupo.
IC
pequeno conto ou de uma
letra de música. Notícias de b) Produzam um texto dramático que, colocado em cena, tenha a duração
jornal também podem forne- de, aproximadamente, quinze minutos.
O ÓG
cer temas e material para a
produção do texto. c) Posteriormente, preparem a apresentação desse texto: discutam que
Durante a preparação e os
elementos de cenário deverão ser utilizados; definam os figurinos, os
SÃ G
ensaios, acompanhar cada
grupo, observando se há coe- elementos sonoros (ruídos, música).
ES DA
rência entre a forma de repre-
sentar e a história. Apresentar d) Realizem alguns ensaios.
sugestões que solucionem
possíveis problemas. e) Durante a preparação e os ensaios, o texto poderá ser alterado de manei-
PR PE
Orientar para que os grupos ra a que ele fique mais adequado para sua apresentação.
não façam gastos desneces-
sários, construindo cenários f) Por fim, realizem o Festival de peças curtas, em que cada grupo apresen-
IM ISE
com materiais reciclados
ou aproveitando objetos
disponíveis na escola em suas
residências. O mesmo vale
ta sua peça para os/as colegas.
Atividade individual
AL
para a definição dos figuri-
nos. Quanto à sonoplastia, Depois da apresentação de todas as peças:
se possível, orientar para
1. Elabore um texto, comentando o trabalho realizado pelo seu grupo. Como
DO N
BI
possam fazer, ao menos, um preparação e sua apresentação. O importante é que sejam apontadas as dificuldades que surgiram e como foram
ensaio nesse local. Evitar que solucionadas. Apresentar, ainda, os aspectos positivos e os negativos que puderam ser observados, identificando
o Festival se realize em espa- que ações os provocaram.
IA
ço aberto [quadra, pátio]. 2. Antes de realizar o Festival, cada aluno/a poderá receber um pequeno roteiro do que pode ser observado em
Incentivar que os/as alunos/ cada peça. Por exemplo:
ER
194
CARTA 13
A,
IC
REFLEXÃO
O ÓG
SÃ G
Leia os textos e responda às questões:
ES DA
TEXTO 1
PR PE
Carta aberta de amor
IM ISE
despudorado
AL
Volte, Róbson, que é tempo, volte a sorrir, a ouvir a torcida gritando seu nome,
A
POR QUE você não volta para mim? Por que você não volta para nós? Eu sei que
você está infeliz nesta sua nova vida. Volta. Eu vou lhe receber de braços abertos.
PR A
Sim, você me abandonou, me trocou por outro mais rico, mais bonito, mas eu não
tenho mágoa. O verdadeiro amor perdoa. O verdadeiro amor não tem orgulho.
LP
BI
O verdadeiro amor não tem honra, decência nem pudor. O verdadeiro amor se
ajoelha, agarra joelhos, chora e implora. Eu não quero dignidade, só quero você
IA
mansão, com seu carro importado, se você está triste? O que adianta ficar longe
de mim se você não faz o que gosta, se não faz mais o que eu gostaria que você
fizesse? Deixa de bobagem e volta para casa.
AT
E daí que eu não sou rico? Aqui tem mar, aí não tem. Aqui você é amado, aí não
é. Aqui eu e todos ficamos à sua volta, aí nem ligam para você. É melhor o meu
M
copo de requeijão do que as taças de cristais daí. É melhor o meu fusca do que o
Mercedes dele. É melhor o nosso sambinha em caixa de fósforo do que qualquer
dessas sinfônicas que tem por essas bandas. Eu sei que você seria mais feliz do
meu lado, do nosso lado.
Deixa de bobagem e volta para cá. Nas fotos que saem nos jornais, eu não vejo
mais você sorrindo. E você sabia rir tão bem... Lembra de quantas risadas você
dava aqui? Aposto que lembra. E também por se lembrar delas é que você é infeliz
195
A,
lembraríamos os momentos maravilhosos que passamos juntos. Mas agora não
teremos mais esses momentos. Você está jogando fora nosso futuro. Volta, antes
IC
que seja tarde.
O ÓG
Muita gente cochicha em seu ouvido que o certo é ficar longe de mim, porque eu
sou pobre e moro numa cidadezinha à beira-mar. Mas essa gente não vai lembrar
de você para sempre. Eu vou.
SÃ G
Deixa de ser bobo e volta, Róbson. Volta a ser Robinho.
ES DA
Deixe esse Real Madrid e venha para o Santos, para os santistas, para os
brasileiros. Sim, eu sei, você vai ter que se contentar com um salário menor,
PR PE
mas dá para viver com R$ 500 mil (eu imagino). É claro que nas europas você
ganha mais que o dobro, mas e daí? Você nunca vai conseguir gastar tudo mesmo.
Lembra da torcida gritando seu nome quando você ainda estava no vestiário? Eu
IM ISE sei que lembra. Quando eu o entrevistei na Copa, seus olhos brilharam quando
você me contou isso. Lembra dos dribles em cima do Rogério? Das vitórias sobre
o Corinthians?
AL
Aqui você foi campeão, foi levantado nos ombros da torcida, enrolou-se na
bandeira do time, foi um deus. Aí, foi reserva. Um deus não pode se sentar no
DO N
banco de reserva, mesmo que ele seja coberto com couro de antílope e forrado com
A
Você vai ter mais uns dez anos de carreira. E vai lembrar desses dez anos por toda
a vida. E lembrarão, ou esquecerão, de você por conta destes dez anos. É a sua
eternidade que está em jogo. Você foi para Madri porque queria ser o melhor do
PR A
mundo. Aqui o pessoal já acha você o melhor do universo. Volta Róbson, volta a
LP
ser Robinho!
BI
IA
196
A,
Meus bons amigos: — Um cantinho em vosso jornal para responder duas palavras
ao Sr. Sílvio-Silvis, folhetinista do Correio Paulistano, a respeito da minha comédia
IC
o Caminho da Porta.
O ÓG
Não é uma questão da susceptibilidade literária, é uma questão de probidade.
Está longe de mim a intenção de estranhar a liberdade da crítica, e ainda menos a de
atribuir à minha comédia um merecimento de tal ordem que se lhe não possam fazer
SÃ G
duas observações. Pelo contrário eu não ligo ao Caminho da Porta outro valor mais
ES DA
que o de um trabalho rapidamente escrito, como um ensaio para entrar no teatro.
Sendo assim, não me proponho a provar que haja na minha comédia — verdade,
razão e sentimento, cumprindo-me apenas declarar que eu não tive em vista
PR PE
comover os espectadores, como não pretendeu fazê-lo, salva a comparação, o autor
da Escola das Mulheres.
IM ISE
Tampouco me ocuparei com a deplorável confusão que o Sr. Sílvio-Silvis faz
entre a verdade e a verossimilhança; dizendo: “Verdade não tem a peça que até é
inverossímil.” — Boileau, autor de uma arte poética que eu recomendo à atenção do
AL
Sílvio-Silvis, escreveu esta regra: Le vrai peut quelquefois n’être pás vraisemblable1.
O que me obriga a tomar a pena é a insinuação do furto literário, que me parece
DO N
fazer o Sr. Sílvio-Silvis, censura séria que não pode ser feita sem que se aduzam
A
provas. Que a minha peça tenha uma fisionomia comum a muitas outras do mesmo
A
gênero, e que, sob este ponto de vista, não possa pretender uma originalidade
OI RA
perfeita, isso acredito eu; mas que eu tenha copiado e assinado uma obra alheia, eis
o que eu contesto e nego redondamente.
PR A
Se, por efeito de uma nova confusão, tão deplorável como a outra, o Sr. Sílvio- Silvis
LP
chama furto à circunstância a que aludi acima, fica o dito por não dito, sem que eu
BI
não revelam mais do que a maravilhosa aptidão do teu espírito, a própria riqueza do
teu estilo.” E em outro lugar: “O que te peço é que apresentes neste mesmo gênero
ER
algum trabalho mais sério, mais novo, mais original, mais completo.”
É de crer que o Sr. Sílvio-Silvis se explique cabalmente no próximo folhetim.
AT
literária. Não é também para desarmar alguns inimigos que tenha aqui, apesar de
muito obscuro, porque eu me importo mediocremente com o juízo desses senhores.
Insisto em consideração ao público em geral.
Não terminarei sem deixar consignado todo o meu reconhecimento pelo agasalho
que a minha peça obteve da parte dos distintos acadêmicos e do público paulistano.
Folgo de ver nos aplausos dos primeiros uma animação dos soldados da pena aos
ensaios do recruta inexperiente.
1 A verdade, às vezes, pode ser improvável (tradução do editor).
197
A,
coletâneas de seus textos,
torna-se necessário identifi- MACHADO DE ASSIS. Carta à Redação da Folha Acadêmica. In: _____.
car a produção não literária.
IC
Obra Completa, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, V.III, 1994. Publicado
2. Há cartas públicas e carta originalmente na Imprensa acadêmica, Rio de Janeiro, 28/08/1864.
pessoais. É comum utilizar a
O ÓG
expressão aberta para qualifi-
car uma carta pessoal que se 1. Embora os dois textos sejam cartas, por que ambos apresentam título?
torna pública – exatamente
porque interessa ao emissor 2. Por que José Roberto Torero classifica sua carta como aberta?
SÃ G
que muitos conheçam o seu
teor. É o que ocorre nesse 3. Em que cidade estava Machado de Assis quando escreveu sua carta? Justifique.
ES DA
texto. Torero faz quase que
uma súplica a Robinho, ao 4. A quem a primeira carta é dirigida? E a segunda?
torná-la pública, não somen-
PR PE
te expressa o seu sentimento
como também pode deixar o
5. Quais as relações existentes entre os autores das cartas e os destinatários?
destinatário comprometido
em dar uma resposta tam-
6. Com que finalidade cada uma das cartas foi escrita?
bém pública.
IM ISE
3. Atentar para a palavra Cor-
te no início da carta. Trata-se
da cidade do Rio de Janeiro,
7. Cite as principais diferenças de estilo e linguagem entre as duas cartas.
8. As duas cartas poderiam ter sido escritas no mesmo estilo e linguagem? Jus-
AL
capital do Império naquela tifique sua resposta.
época.
4. A primeira carta é dirigida
DO N
ao jogador de futebol
Robinho e, a segunda, ao DA TEORIA À PRÁTICA
A
Imprensa Acadêmica.
5. A relação entre Torero e A carta é um instrumento de comunicação em que diversos gêneros podem
Robinho é a de um torcedor
estar presentes: descrição, narração, argumentação, protesto, confidência. Como
PR A
BI
6. A primeira carta foi escrita definem como ela vai ser elaborada, vamos observar três exemplos: a carta argu-
com a finalidade de pedir que mentativa, a carta comercial e a carta pessoal.
o jogador Robinho volte ao
M
198
A,
relação de intimidade entre
o autor e o destinatário; e a
na carta argumentativa o leitor aparece, já que o autor da carta está se di- linguagem utilizada é culta e
IC
rigindo a um destinatário determinado; polida, de caráter acadêmico.
Todavia é possível notar que
• cumprimento final, expressando gentileza: atenciosamente, cordialmente etc.;
O ÓG
Machado “disfarça” essa poli-
dez por meio de expressões
• assinatura. irônicas.
8. Atenção: Orientar o/a alu-
SÃ G
Quanto ao estilo e à linguagem, a carta argumentativa poderá ser no/a a elaborar sua resposta
levando em consideração
ES DA
• mais formal quando a relação entre emissor e destinatário for mais distante, a proximidade e a distância
que existe entre emissor e
sendo empregada uma linguagem objetiva e mais próxima do registro culto; destinatário de cada carta.
PR PE
Assim, as duas cartas não po-
• ou mais informal quando as pessoas envolvidas são mais próximas. Nesse deriam ter sido escritas com
caso, a linguagem ganhará subjetividade e mesmo a estrutura da carta o mesmo estilo e linguagem,
pois as relações entre autores
poderá ser diferente.
IM ISE
A seguir, apresenta-se um exemplo da estrutura que forma o corpo de uma
carta argumentativa objetiva e formal. Ela foi elaborada por um candidato que
e destinatários e a finalidade
das cartas são muito dife-
rentes. Seria muito estranho
dirigir-se de maneira formal a
AL
um ídolo do futebol ou falar
participou do processo seletivo realizado pela Unicamp, em 2006. No exame ha- de maneira descontraída e
via a possibilidade de o candidato escolher se queria fazer uma dissertação, uma coloquial em um ambiente
DO N
acadêmico.
narração ou uma carta argumentativa. O candidato escolheu a carta, e para pro- Sugestão: poderia solicitar
A
duzir seu texto recebeu como base uma pequena antologia de textos e as seguin- que fossem produzidos
tes orientações: textos invertendo as caracte-
A
OI RA
BI
mulo para essa atuação são os canais de comunicação direta com os usuários,
criados por agências reguladoras de transporte.
ER
Instruções
AT
199
A,
Janeiro. Minha empresa é tradicional e bem conhecida, chegando a transportar
IC
mais de dez mil toneladas de produtos agrícolas por mês. Meu contato com as
estradas do país é grande, fazendo-me conhecer o atual estado em que essas se
O ÓG
encontram. A grande maioria das rodovias estão sem manutenção há um bom tempo,
apresentando buracos, rachaduras, declives, ou não-apresentando acostamento e
postos policiais rodoviários. As rodovias de nosso país estão em estado lastimável.
SÃ G
Dirijo esta carta ao senhor porque sei do importante papel da ANTT frente à área
ES DA
de transportes. Tendo como principal objetivo a regulamentação dos transportes
rodoviários e outros, creio ser o senhor a melhor pessoa a quem devo remeter a
reivindicação de manutenção das rodovias e a construção de mais estradas. Espero
PR PE
convencê-lo de que algo deve ser feito a favor de minhas solicitações, com os
argumentos que irei expor ao longo dessa carta.
IM ISE Como trabalho diretamente com a produção agrícola brasileira para exportação,
tenho conhecimento de quanto se produz e quanto dessa produção se perde ao
longo do transporte dessa até os portos. Nada mais, nada menos que 3% de toda a
AL
safra brasileira se extravia no trajeto. Aparentemente é uma porcentagem pequena,
porém, em números absolutos é uma quantidade bastante grande, já que estamos
DO N
BI
principal produto gerador de renda são as comodities. Não podemos nos dar ao
luxo de permitir que 3% da nossa produção anual não seja vendida devido a falta
AT
gera sobre o número de acidentes e mortes nas rodovias. Pegar o carro para sair
de férias com a família ou para realizar uma viagem a trabalho, em qualquer
estado brasileiro, tornou-se um grande risco. É assustador o número de acidentes
comprovadamente causados pela precariedade das estradas. Só no estado de São
Paulo, onde a conservação das rodovias é considerada a melhor do país, houve
35.141 acidentes automobilísticos entre janeiro e junho de 2005. Sendo que esses
200
A,
construção de mais rodovias por parte do governo. Espero que o senhor torne-se
meu aliado a favor de melhores condições de transporte rodoviário, exigindo que
IC
o governo tome providências emergenciais quanto ao problema.
O ÓG
Atenciosamente,
R. M. C.
SÃ G
ES DA
UNICAMP. Vestibular - redação e questões, 2007. Disponível em: <http://www.comvest.
unicamp.br/vest_anteriores/2007/download/comentadas/1fase.pdf>. Acesso em 9 jul. 2017.
PR PE
2. Carta Comercial
IM ISE
A carta comercial é caracterizada por um estilo formal, com o uso de formas
de tratamento abreviadas, como V. Sa.. A linguagem é concisa, objetiva e impes-
AL
soal e, de acordo com o perfil da instituição comercial que a elabora, utiliza um
registro culto da linguagem. Observe:
DO N
BI
Prezado Senhor:
IA
Atenciosamente,
AT
Diretor Administrativo
201
A,
natário, mas a assinatura é pessoal, geralmente de um funcionário, como diretor
ou gerente.
IC
O ÓG
3. Carta Pessoal
A carta pessoal é aquela destinada a alguém com quem se tem um alto grau
SÃ G
de intimidade. Ela pode ser dirigida a um amigo, a um parente, ao namorado ou
ES DA
namorada. Por isso, ela terá diversas finalidades: mandar notícias, cumprimentar
alguém pelo aniversário, fazer uma declaração de amor.
PR PE
Assim, ela será caracterizada pelo tom informal, com linguagem mais co-
loquial, como um bate-papo entre o autor e o destinatário. E sua estrutura será
bastante livre, de acordo com o estilo e a criatividade do autor e com a cara que
IM ISE ele quiser se apresentar ao seu interlocutor. Observe:
Querida Carminha,
AL
Tudo bem com você? Por aqui vai tudo bem. Há quanto tempo não nos
vemos, menina! Acho que desde o casamento do Carlinhos e olha que a minha
DO N
neta, filhinha dele, já vai completar três anos. Ela está uma gracinha, muito esperta
A
e arteira também. Mês que vem ela vai começar na escolinha, está toda ansiosa
A
Mas não vai ser pra logo não, que os dois querem terminar a faculdade primeiro.
LP
BI
No mais as coisas vão indo. Agora entrei para um grupo da terceira idade,
você precisa ver que delícia. É curso de costura, hidroginástica, até de um concurso
IA
de dança eu participei, consegui arrancar o Osvaldo de casa e ele bem que gostou.
Você precisa aparecer por aqui qualquer hora, para botarmos os assuntos
ER
em dia, tomarmos aquele cafezinho com umas bolachinhas que eu aprendi a fazer
com uma vizinha que se mudou há pouco tempo pra cá, dona Luiza. Faz uns quatro
AT
meses que ela veio morar aqui ao lado, na casa que foi do Augusto, meu cunhado.
Bom, se eu ficar contando tudo, quando você vier quase não teremos assunto.
M
202
A,
cordância e regência, de coesão e coerência devem ser sempre respeitadas, mes-
mo quando a linguagem se aproxima mais do registro coloquial.
IC
Para que uma carta esteja sempre bem escrita, é muito importante conhecer
O ÓG
e utilizar com muito cuidado essas regras. Isso vai causar sempre uma boa im-
pressão no seu interlocutor.
SÃ G
ES DA
Para Além do Papel
Papel e caneta deixaram de ser os únicos apetrechos para se produzir uma carta.
Hoje, o teclado e a tela do computador vêm ganhando a preferência daqueles que
PR PE
gostam de trocar mensagens.
Com o surgimento do e-mail, as mensagens já não demoram tanto para chegar aos
IM ISE
seus destinatários. Em poucos segundos elas se apresentam diante dos olhos deles.
E já não é necessário esperar dias e dias para receber a resposta daquela declaração
de amor.
AL
DO N
A
APLICAÇÃO
A
OI RA
PR A
1. Leia e analise a carta a seguir quanto ao estilo e à linguagem, O estilo da carta é informal,
justificando com exemplos do texto. já que o poeta se dirige a al-
LP
BI
do coloquial, apesar de o
Porque veio a saudade poeta usar o tratamento na
Visitar meu coração segunda pessoa: “Escrevo-te
M
203
A,
Tanto tempo faz
IC
Que li no teu olhar
A vida cor-de-rosa
O ÓG
Que eu sonhava
E guardo a impressão
SÃ G
De que já vi passar
Um ano sem te ver
ES DA
Um ano sem te amar...
PR PE
Ao me apaixonar
Por ti não reparei
Que tu tivestes
IM ISE Só entusiasmo
E para terminar
Amor assinarei
AL
2. Trata-se de uma proposta 2. No texto, o poeta demonstra a esperança de uma “resposta imediata”. Escreva
PR A
Ridículas.
204
Mas, afinal,
A,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
IC
É que são
O ÓG
Ridículas.
SÃ G
Sem dar por isso
ES DA
Cartas de amor
Ridículas.
PR PE
A verdade é que hoje
IM ISE As minhas memórias
Dessas cartas de amor
AL
É que são
Ridículas.
DO N
São naturalmente
Ridículas.)
PR A
LP
BI
PESSOA, Fernando. Tabacaria e outros poemas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1996, p. 82-83.
IA
a) Por que o poeta afirma que todas as cartas de amor são ridículas?
ER
4. Traga para a classe um jornal ou uma revista e localize a seção Carta dos
M
leitores.
a) Anote o nome do jornal ou revista, o número da edição e o dia em que
foi publicada.
b) Sobre quais assuntos os leitores escreveram?
c) Procure cartas que tratem de um mesmo assunto sob pontos de vista
diferentes.
205
A,
pontos de vista? Eles são consistentes?
IC
c.5) Com qual dos pontos de vista você concorda? Por quê?
5. Ao se enviar um currículo, candidatando-se a uma vaga de emprego, uma
O ÓG
carta de apresentação pode ser um complemento muito significativo.
a) Procure nos classificados de jornal uma oferta de emprego. Transcreva,
SÃ G
abaixo, os dados mais importantes do classificado selecionado.
ES DA
b) Que tipo de formação você acha que o candidato precisaria ter para ocu-
par essa vaga?
PR PE
c) Que habilidades você supõe que a empresa espera que esse candidato
tenha?
IM ISE d) É necessário que o candidato tenha experiência ou pode ser alguém re-
cém-formado?
AL
e) Com base nas informações dos itens anteriores e na estrutura, estilo e
linguagem das cartas apresentadas nesta unidade, elabore uma carta de
DO N
em suas especificidades, no
OI RA
momento da apresentação,
será importante solicitar que Excelentíssimo Prefeito É um pátio, mas é via pública,
seja justificada a escolha do
Senhor Hildebrando de Góis, E estando ainda por calçar,
PR A
as questões semelhantes – e
produzir um texto da sala.
Este texto coletivo poderia Um poeta já sexagenário, Indiferentes ao capricho
ER
206
A,
que ano, aproximadamente,
A um distinto amigo europeu Mandai calçar a via pública ele teria escrito o poema. A
tempo: trata-se da cidade do
IC
Disse eu: — Não é no Paraguai Que, sendo um vasto lagamar, Rio de Janeiro, onde Bandeira
morava quando fez o poema.
Que fica o Grande Chaco, este é o Faz a vergonha da República
O ÓG
Hildebrando de Gois, em
janeiro de 1946 foi nomeado
Grande Chaco! Senão, olhai! Junto à Avenida Beira-Mar! prefeito do Rio de Janeiro (na
época, Distrito Federal, pois
SÃ G
era a capital do Brasil) presi-
dente Eurico Dutra (1946-
ES DA
1951). Hildebrando governou
BANDEIRA, Manuel. Carta-poema. In: _____. Antologia Poética até junho de 1947, quando
Rio de Janeiro: Nova Fronteira , 2001, p.. 221. foi exonerado.
PR PE
b) O autor protesta porque,
na falta de calçamento
a) A quem é dirigida a carta-poema? junto à avenida Beira-Mar,
o chão vira depósito de lixo
b) Qual é o motivo do protesto do autor?
IM ISE
c) O que o autor reivindica que seja feito?
e se transforma em atoleiro
quando chove, fazendo a
vergonha do lugar.
c) O autor reivindica, em prin-
AL
d) Que tipo de linguagem e de estilo o poeta utilizou para escrever sua cípio, uma vistoria no local e
carta? depois pede ao prefeito que
mande providenciar o cal-
DO N
e) Baseando-se nos dados levantados nas questões anteriores, transforme çamento da via pública para
acabar com os transtornos de
A
um protesto e um apelo,
sendo feita pela Unicamp: um tema geral, uma coletânea de textos e a aspectos formais e à correção
da linguagem – justamente
escolha de uma modalidade textual. por se tratar de carta dirigida
AT
A,
2. Incentivar uma discus-
são saudável de forma a e) No momento de fechar o trabalho, vocês definiram que não haveria es-
que a crítica seja feita com
colha de modalidade textual. Por isso, decidiram que a redação deveria
IC
o objetivo de melhorar o
trabalho. Pode-se comentar ser uma carta argumentativa.
O ÓG
como as redações poderiam
ser escritas para atender às f) Montem a folha de prova com todos esses elementos e as orientações
propostas feitas. Pode-se,
ainda, levantar que aspectos para o candidato.
SÃ G
dos textos forneceriam bons
subsídios para a elaboração
ES DA
da carta. 2. Troquem as propostas entre os grupos. Leiam e comentem cada proposta,
Sugestão: por fim, poderiam
ser discutidos quais os crité-
verificando as semelhanças e as diferenças encontradas.
rios de avaliação que cada
PR PE
proposta poderia ter. Será
3. Por fim, escolha uma das propostas que seja diferente daquela apresentada
que haveria muita diferença por seu grupo e escreva a sua carta.
entre elas?
IM ISE
3. Detalhe importante:
prepare esta atividade
como se fosse em um dia de
vestibular, fazendo-a em sala
AL
de aula e limitando o tempo
para a produção. Como ativi-
dade que encerra a unidade,
DO N
trata-se de um momento
oportuno para revisar pontos
A
fundamentais. Em especial,
os critérios de avaliação.
Pode-se solicitar que um/
uma aluno/a avalie a redação
PR A
nesse processo.
Ao apresentar os textos,
ER
discutir o processo de
produção – caso tenha sido
em situação que simulava o
AT
vestibular.
M
208
REDAÇÃO
OFICIAL
14
A,
IC
REFLEXÃO
O ÓG
SÃ G
Leia os textos:
ES DA
TEXTO 1
PR PE
Senhor Prefeito do Município de Ribeirão do Sul,
uso das praças e das ruas de seus arredores com segurança – o sono dos
vizinhos de toda vizinhança.
PR A
BI
atendidos, pelo menos com a precisão necessária para resolver a questão aqui
elencada.
IA
209
A,
tavo ano do Ensino Fundamental desta escola, vem respeitosamente solici-
IC
tar a V. Sª a expedição dos documentos necessários à sua transferência para
outro estabelecimento de ensino, por motivo de mudança de domicílio.
O ÓG
Nestes termos, pede deferimento.
SÃ G
ES DA
Petrolina, 10 de junho de 2014.
Izadora Ferreira
PR PE
TEXTO 3
IM ISE PROCURAÇÃO
AL
DO N
BI
belecer.
ER
1. Quais textos:
a) Apresentam local e data? Todos
210
A,
carta, memorando. formal de solicitação de pro-
vidências para a manutenção
IC
Identifique cada um dos textos que você leu e quais foram os momentos e conservação de praça
pública
formais apresentados neles.
O ÓG
TEXTO 2
4. Os pronomes de tratamento são indispensáveis nas redações oficiais. Que Requerimento – Momento
formal de solicitação de
pronomes foram usados nos textos que você leu e a quem eles se referem? expedição de documentação
SÃ G
para transferência
5. Indique para quem você escreveria e que texto você escolheria se precisasse: TEXTO 3
ES DA
Procuração – Momento for-
a) Solicitar que a iluminação da rua de sua casa fosse substituída, pois está mal de constituir procurador
parcialmente queimada. para encerramento de conta
PR PE
bancária.
b) Pedir para que um (a) colega possa receber um prêmio em seu lugar, 4. Senhor - Prefeito,
pois você está hospitalizado (a). Senhor - Diretor
IM ISE
c) Pedir uma comprovação de que você é aluno (a) regularmente matricu-
lado (a) na escola em que estuda para conseguir passagem de ônibus
5. a) Abaixo-assinado para
a Cia Elétrica que serve seu
bairro ou cidade.
b) Procuração para os respon-
AL
mais barata. sáveis pela premiação.
c) Requerimento para o
diretor da escola.
DO N
DA TEORIA À PRÁTICA
A
A
OI RA
1. O abaixo-assinado
PR A
BI
e solicita providências.
ER
211
A,
É o nome da cidade e a data em que foi elaborado o documento.
IC
• Assinaturas
O ÓG
É (são) a (s) assinatura (s) que identifica quem escreveu o documento.
2. O requerimento
SÃ G
ES DA
É o documento através do qual se pede ou se solicita a uma autoridade pú-
blica a execução de alguma coisa. Essa autoridade pode ser representada por
uma instituição como um estabelecimento de ensino, um Posto de saúde, um
PR PE
Consulado, por exemplo.
Um requerimento apresenta basicamente:
IM ISE • A quem se dirige o texto
AL
• Identificação do requerente
• O que se deseja
DO N
• A justificação
A
• Local e data
• Assinatura
PR A
LP
BI
3. A procuração
A procuração é um documento através do qual uma pessoa física ou jurídica
IA
procurador ou o outorgado.
A procuração deve ser lavrada em papel ofício, iniciando o texto com identi-
M
A,
Poderes especiais: o constituinte estipula no documento quais são os poderes.
IC
Partes da procuração
O ÓG
• Título
Escreve-se PROCURAÇÃO com todas as letras maiúsculas, no centro da
primeira linha do papel.
SÃ G
ES DA
• Qualificações do mandante e do mandatário
Informações como nome, nacionalidade, estado civil, profissão,
documentação e endereço de ambos.
PR PE
• Finalidade da procuração
APLICAÇÃO
A
OI RA
PR A
1. Leia o texto:
LP
BI
rua Belo Monte, nº 414, RG 4254748, nomeio meu PROCURADOR o Sr. Eduar-
do da Silva, brasileiro, natural de Fortaleza, CE, PARA FINS DE receber o meu
ER
Senhor
A,
Prefeito do Município de São Bento
IC
O ÓG
Antônio Carlos Silveira, sócio-proprietário da empresa Silveira Gomes
Ltda., CNJP nº 567.879.345.0001/ 54, situada à RUA Lins de Vasconcelos 34,
CEP36.600-000, telefone 23 23 455, e-mail silgomes@ind.com.br, vem por
SÃ G
meio deste, solicitar a Vossa Excelência a concessão de isenção de imposto
ES DA
predial da referida empresa, por se tratar de entidade dedicada à educação
de jovens e adultos com dificuldades de aprendizagem, para o que apresen-
ta a documentação anexa.
PR PE
Nestes Termos
IM ISE P. Deferimento
A C Silveira
AL
______________________________
Sócio-proprietário
DO N
A
b) Identificação do requerente;
a) Ao prefeito de São Bento
c) O que se deseja;
PR A
cio-proprietário da empresa
BI
CEP36.600-000, telefone 23
23 455, e-mail silgomes@ind.
3. Imagine que você vai viajar para o exterior e precisa fazer algumas solicita-
com.br ções por escrito. Analise as situações apresentadas a seguir e indique que
ER
c) Isenção de imposto predial texto seria usado em cada uma delas e quem seria o destinatário.
d) Por motivo de a entidade
Situação 1
AT
dedicada à educação de
jovens e adultos com dificul-
dades de aprendizagem. Você vai perder a prova que define sua nota bimestral de Matemática e pre-
M
PRODUÇÃO DE TEXTO
representar você para fins
específicos
Abaixo-assinado para o
responsável pela Companhia
aérea.
1. Criação de um abaixo-assinado
a) Como o abaixo-assinado é uma manifestação por escrito de um apelo
A,
coletivo, forme um grupo de trabalho e escolham uma das solicitações:
– Usar a quadra da escola nos finais de semana para jogos recreativos;
IC
– Usar o equipamento de som da escola para ouvir música durante os
intervalos de aulas;
O ÓG
– Instalação de paredões de escala e pistas para prática de skate em
espaços não utilizados do terreno da escola.
SÃ G
b) Redijam um rascunho escrevendo com clareza e objetividade sua solici-
tação e enfatizando os argumentos de suas justificativas.
ES DA
c) Avaliem o seu rascunho a partir da ficha a seguir:
PR PE
Aspectos a considerar Sim Não
1. O destinatário está identificado
IM ISE
2. Foi feita uma solicitação
AL
3. As justificativas estão bem explicitadas
6. Aparecem as assinaturas
PR A
BI
Imagine que você vai viajar com sua família e, durante sua ausência, será neces-
sário que um de seus colegas fique autorizado a receber suas notas finais e, se
necessário, requerer seus exames de recuperação.
AT
Escolha um de seus colegas e escreva uma procuração particular para ele agir em
seu nome nessa situação.
M
Para isso, sente-se com um colega e colete os dados necessários para sua qualifi-
cação como seu procurador. Ele fará o mesmo com você.
Escreva a procuração, não se esquecendo de colocar título, as informações
suas e de seu colega e a finalidade do documento. Termine seu texto com
local, data e sua assinatura e a de duas testemunhas.
Quando terminar, troque de trabalho com seu colega e corrija se for necessário.
Ele fará o mesmo com sua produção.
Compare seu trabalho com os das outras duplas.
215
A,
BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
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BI
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ES DA
PR PE
IM ISE
AL
DO N
A
A
OI RA
PR A
LP
BI
IA
ER
AT
M
219
A,
• Campo artístico-literário • Empregar, nas interações sociais, a variedade e o estilo de
• Todos os campos de atuação linguagem adequados à situação comunicativa, ao(s) interlocu-
IC
tor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual.
Práticas de linguagem:
• Analisar informações, argumentos e opiniões manifestados em
• Leitura
O ÓG
interações sociais e nos meios de comunicação, posicionando-
• Oralidade -se ética e criticamente em relação a conteúdos discriminató-
• Produção de textos rios que ferem direitos humanos e ambientais.
• Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com
SÃ G
COMPETÊNCIAS GERAIS objetivos, interesses e projetos pessoais (estudo, formação
pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.).
ES DA
• Reconhecer o texto como lugar de manifestação e negociação
de sentidos, valores e ideologias. • Envolver-se em práticas de leitura literária que possibilitem
o desenvolvimento do senso estético para fruição, valori-
• Compreender a língua como fenômeno cultural, histórico, zando a literatura e outras manifestações artístico-culturais
PR PE
social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso, como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário
reconhecendo-a como meio de construção de identidades de e encantamento, reconhecendo o potencial transformador e
seus usuários e da comunidade humanizador da experiência com a literatura.
a que pertencem.
IM ISE
• Apropriar-se da linguagem escrita, reconhecendo-a como
forma de interação nos diferentes campos de atuação da vida
social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de parti-
• Mobilizar práticas da cultura digital, diferentes linguagens,
mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de
produzir sentidos (nos processos de compreensão e produção),
aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes projetos
AL
cipar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive autorais.
escolares) e de se envolver com maior autonomia e protago-
nismo na vida social.
DO N
(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na (EF69LP06) Produzir e publicar notícias, fotodenúncias, fotorre-
leitura/escuta, com suas condições de produção e seu contexto portagens, reportagens, reportagens multimidiáticas, infográfi-
A
OI RA
sócio-histórico de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, cos, podcasts noticiosos, entrevistas, cartas de leitor, comentários,
pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, artigos de opinião de interesse local ou global, textos de apre-
gênero do discurso etc.), de forma a ampliar as possibilidades sentação e apreciação de produção cultural – resenhas e outros
de construção de sentidos e de análise crítica e produzir textos próprios das formas de expressão das culturas juvenis, tais como
PR A
adequados a diferentes situações. vlogs e podcasts culturais, gameplay, detonado etc.– e cartazes,
LP
(EF69LP02) Analisar e comparar peças publicitárias variadas (car- anúncios, propagandas, spots, jingles de campanhas sociais, den-
BI
tazes, folhetos, outdoor, anúncios e propagandas em diferentes tre outros em várias mídias, vivenciando de forma significativa o
mídias, spots, jingle, vídeos etc.), de forma a perceber a articu- papel de repórter, de comentador, de analista, de crítico, de edi-
lação entre elas em campanhas, as especificidades das várias tor ou articulista, de booktuber, de vlogger (vlogueiro) etc., como
IA
semioses e mídias, a adequação dessas peças ao público-alvo, forma de compreender as condições de produção que envolvem
aos objetivos do anunciante e/ou da campanha e à construção a circulação desses textos e poder participar e vislumbrar possi-
bilidades de participação nas práticas de linguagem do campo
ER
(EF69LP03) Identificar, em notícias, o fato central, suas princi- leitor e autor, de consumidor e produtor.
pais circunstâncias e eventuais decorrências; em reportagens e
fotorreportagens o fato ou a temática retratada e a perspectiva (EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos
expressivos da linguagem, da escolha de determinadas palavras
M
220
A,
gem, resenha, artigo de opinião, dentre outros –, tendo em vista reclamações e solicitações em situações que envolvam questões
sua adequação ao contexto de produção, a mídia em questão, relativas à escola, à comunidade ou a algum dos seus membros.
IC
características do gênero, aspectos relativos à textualidade, a rela- (EF69LP17) Perceber e analisar os recursos estilísticos e semióti-
ção entre as diferentes semioses, a formatação e uso adequado cos dos gêneros jornalísticos e publicitários, os aspectos relativos
das ferramentas de edição (de texto, foto, áudio e vídeo, depen- ao tratamento da informação em notícias, como a ordenação
O ÓG
dendo do caso) e adequação à norma culta. dos eventos, as escolhas lexicais, o efeito de imparcialidade do
(EF69LP09) Planejar uma campanha publicitária sobre questões/ relato, a morfologia do verbo, em textos noticiosos e argumen-
problemas, temas, causas significativas para a escola e/ou comu- tativos, reconhecendo marcas de pessoa, número, tempo, modo,
a distribuição dos verbos nos gêneros textuais (por exemplo, as
SÃ G
nidade, a partir de um levantamento de material sobre o tema
ou evento, da definição do público-alvo, do texto ou peça a ser formas de pretérito em relatos; as formas de presente e futuro em
ES DA
produzido – cartaz, banner, folheto, panfleto, anúncio impresso e gêneros argumentativos; as formas de imperativo em gêneros
para internet, spot, propaganda de rádio, TV etc. –, da ferramenta publicitários), o uso de recursos persuasivos em textos argumen-
de edição de texto, áudio ou vídeo que será utilizada, do recorte tativos diversos (como a elaboração do título, escolhas lexicais,
e enfoque a ser dado, das estratégias de persuasão que serão construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes
PR PE
utilizadas etc. de informação) e as estratégias de persuasão e apelo ao consumo
com os recursos linguístico-discursivos utilizados (tempo verbal,
(EF69LP10) Produzir notícias para rádios, TV ou vídeos, podcasts jogos de palavras, metáforas, imagens).
noticiosos e de opinião, entrevistas, comentários, vlogs, jornais
IM ISE
radiofônicos e televisivos, dentre outros possíveis, relativos a
fato e temas de interesse pessoal, local ou global e textos orais
de apreciação e opinião – podcasts e vlogs noticiosos, culturais
e de opinião, orientando-se por roteiro ou texto, considerando o
(EF69LP18) Utilizar, na escrita/reescrita de textos argumentativos,
recursos linguísticos que marquem as relações de sentido entre
parágrafos e enunciados do texto e operadores de conexão
adequados aos tipos de argumento e à forma de composição de
AL
contexto de produção e demonstrando domínio dos gêneros. textos argumentativos, de maneira a garantir a coesão, a coerên-
cia e a progressão temática nesses textos (“primeiramente, mas,
(EF69LP11) Identificar e analisar posicionamentos defendidos no entanto, em primeiro/segundo/terceiro lugar, finalmente, em
e refutados na escuta de interações polêmicas em entrevistas, conclusão” etc.).
DO N
progressão temática e variedade linguística empregada, os público, apresentadas ou lidas nos canais digitais de participação,
elementos relacionados à fala, tais como modulação de voz, en- identificando suas marcas linguísticas, como forma de possibilitar
LP
BI
tonação, ritmo, altura e intensidade, respiração etc., os elementos a escrita ou subscrição consciente de abaixo-assinados e textos
cinésicos, tais como postura corporal, movimentos e gestualidade dessa natureza e poder se posicionar de forma crítica e funda-
significativa, expressão facial, contato de olho com plateia etc. mentada frente às propostas.
IA
(EF69LP14) Formular perguntas e decompor, com a ajuda dos (EF69LP20) Identificar, tendo em vista o contexto de produção, a
colegas e dos professores, tema/questão polêmica, explicações e forma de organização dos textos normativos e legais, a lógica de
ou argumentos relativos ao objeto de discussão para análise mais
ER
(EF69LP15) Apresentar argumentos e contra-argumentos coeren- lisar efeitos de sentido causados pelo uso de vocabulário técnico,
tes, respeitando os turnos de fala, na participação em discussões pelo uso do imperativo, de palavras e expressões que indicam
sobre temas controversos e/ou polêmicos. circunstâncias, como advérbios e locuções adverbiais, de palavras
M
(EF69LP16) Analisar e utilizar as formas de composição dos que indicam generalidade, como alguns pronomes indefinidos,
gêneros jornalísticos da ordem do relatar, tais como notícias de forma a poder compreender o caráter imperativo, coercitivo e
(pirâmide invertida no impresso X blocos noticiosos hipertex- generalista das leis e de outras formas de regulamentação.
tuais e hipermidiáticos no digital, que também pode contar com (EF69LP21) Posicionar-se em relação a conteúdos veiculados em
imagens de vários tipos, vídeos, gravações de áudio etc.), da práticas não institucionalizadas de participação social, sobre-
ordem do argumentar, tais como artigos de opinião e editorial tudo àquelas vinculadas a manifestações artísticas, produções
(contextualização, defesa de tese/opinião e uso de argumentos) e culturais, intervenções urbanas e práticas próprias das culturas
das entrevistas: apresentação e contextualização do entrevistado juvenis que pretendam denunciar, expor uma problemática ou
e do tema, estrutura pergunta e resposta etc. “convocar” para uma reflexão/ação, relacionando esse texto/pro-
221
A,
do houver esse tipo de demanda na escola – regimentos e esta- enredo, conflitos, ideias principais, pontos de vista, universos
tutos de organizações da sociedade civil do âmbito da atuação de referência.
IC
das crianças e jovens (grêmio livre, clubes de leitura, associações (EF69LP29) Refletir sobre a relação entre os contextos de produ-
culturais etc.) – e de regras e regulamentos nos vários âmbitos ção dos gêneros de divulgação científica – texto didático, artigo
da escola – campeonatos, festivais, regras de convivência etc., de divulgação científica, reportagem de divulgação científica,
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levando em conta o contexto de produção e as características dos verbete de enciclopédia (impressa e digital), esquema, infográfico
gêneros em questão. (estático e animado), relatório, relato multimidiático de cam-
(EF69LP24) Discutir casos, reais ou simulações, submetidos a po, podcasts e vídeos variados de divulgação científica etc. – e
os aspectos relativos à construção composicional e às marcas
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juízo, que envolvam (supostos) desrespeitos a artigos, do ECA, do
Código de Defesa do Consumidor, do Código Nacional de Trânsi- linguística características desses gêneros, de forma a ampliar suas
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to, de regulamentações do mercado publicitário etc., como forma possibilidades de compreensão (e produção) de textos perten-
de criar familiaridade com textos legais – seu vocabulário, formas centes a esses gêneros.
de organização, marcas de estilo etc. -, de maneira a facilitar a (EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares,
compreensão de leis, fortalecer a defesa de direitos, fomentar a contos de suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma,
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escrita de textos normativos (se e quando isso for necessário) e crônicas, histórias em quadrinhos, dentre outros, que utilizem
possibilitar a compreensão do caráter interpretativo das leis e as cenários e personagens realistas ou de fantasia, observando os
várias perspectivas que podem estar em jogo. elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido,
tais como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utili-
IM ISE
(EF69LP25) Posicionar-se de forma consistente e sustentada em
uma discussão, assembleia, reuniões de colegiados da escola, de
agremiações e outras situações de apresentação de propostas
e defesas de opiniões, respeitando as opiniões contrárias e pro-
zando tempos verbais adequados à narração de fatos passados,
empregando conhecimento sobre diferentes modos de se iniciar
uma história e de inserir os discursos direto e indireto.
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postas alternativas e fundamentando seus posicionamentos, no (EF69LP30) Comparar, com a ajuda do professor, conteúdos,
tempo de fala previsto, valendo-se de sínteses e propostas claras dados e informações de diferentes fontes, levando em conta seus
e justificadas. contextos de produção e referências, identificando coincidências,
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(EF69LP26) Tomar nota em discussões, debates, palestras, apre- complementaridades e contradições, de forma a poder identifi-
sentação de propostas, reuniões, como forma de documentar o car erros/imprecisões conceituais, compreender e posicionar-se
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evento e apoiar a própria fala (que pode se dar no momento do criticamente sobre os conteúdos e informações em questão.
evento ou posteriormente, quando, por exemplo, for necessária (EF67LP31) Criar poemas compostos por versos livres e de forma
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a retomada dos assuntos tratados em outros contextos públicos, fixa (como quadras e sonetos), utilizando recursos visuais, semân-
como diante dos representados). ticos e sonoros, tais como cadências, ritmos e rimas, e poemas
(EF69LP27) Analisar a forma composicional de textos pertencen- visuais e vídeo-poemas, explorando as relações entre imagem e
tes a gêneros normativos/ jurídicos e a gêneros da esfera política, texto verbal, a distribuição da mancha gráfica (poema visual) e
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tais como propostas, programas políticos (posicionamento outros recursos visuais e sonoros.
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quanto a diferentes ações a serem propostas, objetivos, ações (EF69LP32) Selecionar informações e dados relevantes de fontes
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previstas etc.), propaganda política (propostas e sua sustenta- diversas (impressas, digitais, orais etc.), avaliando a qualidade e
ção, posicionamento quanto a temas em discussão) e textos a utilidade dessas fontes, e organizar, esquematicamente, com
reivindicatórios: cartas de reclamação, petição (proposta, suas ajuda do professor, as informações necessárias (sem excedê-las)
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justificativas e ações a serem adotadas) e suas marcas linguísticas, com ou sem apoio de ferramentas digitais, em quadros, tabelas
de forma a incrementar a compreensão de textos pertencentes a ou gráficos.
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esses gêneros e a possibilitar a produção de textos mais adequa- (EF69LP33) Articular o verbal com os esquemas, infográficos,
dos e/ou fundamentados quando isso for requerido. imagens variadas etc. na (re)construção dos sentidos dos textos
(EF69LP28) Observar os mecanismos de modalização adequados de divulgação científica e retextualizar do discursivo para o es-
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aos textos jurídicos, as modalidades deônticas, que se referem ao quemático – infográfico, esquema, tabela, gráfico, ilustração etc.
eixo da conduta (obrigatoriedade/permissibilidade) como, por – e, ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas,
exemplo: Proibição: “Não se deve fumar em recintos fechados.”; infográficos, ilustrações etc. em texto discursivo, como forma
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Obrigatoriedade: “A vida tem que valer a pena.”; Possibilidade: de ampliar as possibilidades de compreensão desses textos e
“É permitido a entrada de menores acompanhados de adultos analisar as características das multissemioses e dos gêneros em
responsáveis”, e os mecanismos de modalização adequados aos questão.
textos políticos e propositivos, as modalidades apreciativas, em (EF69LP34) Grifar as partes essenciais do texto, tendo em vista
que o locutor exprime um juízo de valor (positivo ou negativo) os objetivos de leitura, produzir marginálias (ou tomar notas em
acerca do que enuncia. Por exemplo: “Que belo discurso!”, “Dis- outro suporte), sínteses organizadas em itens, quadro sinóptico,
cordo das escolhas de Antônio.” “Felizmente, o buraco ainda não quadro comparativo, esquema, resumo ou resenha do texto lido
causou acidentes mais graves.” (com ou sem comentário/análise), mapa conceitual, dependendo
(EF67LP28) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionan- do que for mais adequado, como forma de possibilitar uma maior
do procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes compreensão do texto, a sistematização de conteúdos e informa-
objetivos e levando em conta características dos gêneros e ções e um posicionamento frente aos textos, se esse for o caso.
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de campo, tendo em vista seus contextos de produção, que com Y; De minha/nossa parte, penso/amos que”...) e os elementos
podem envolver a disponibilização de informações e conheci- de normatização (tais como as regras de inclusão e formatação de
mentos em circulação em um formato mais acessível para um
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citações e paráfrases, de organização de referências bibliográfi-
público específico ou a divulgação de conhecimentos advindos cas) em textos científicos, desenvolvendo reflexão sobre o modo
de pesquisas bibliográficas, experimentos científicos e estudos de como a intertextualidade e a retextualização ocorrem nesses
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campo realizados. textos.
(EF69LP36) Produzir, revisar e editar textos voltados para a divul- (EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e
gação do conhecimento e de dados e resultados de pesquisas, humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários,
tais como artigos de divulgação científica, verbete de enciclopé- reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos
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dia, infográfico, infográfico animado, podcast ou vlog científico, olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e consideran-
relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de
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do a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
campo, dentre outros, considerando o contexto de produção e
as regularidades dos gêneros em termos de suas construções (EF69LP45) Posicionar-se criticamente em relação a textos perten-
composicionais e estilos. centes a gêneros como quarta-capa, programa (de teatro, dança,
exposição etc.), sinopse, resenha crítica, comentário em blog/vlog
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(EF89LP36) Parodiar poemas conhecidos da literatura e criar cultural etc., para selecionar obras literárias e outras manifes-
textos em versos (como poemas concretos, ciberpoemas, haicais, tações artísticas (cinema, teatro, exposições, espetáculos, CD´s,
liras, microrroteiros, lambe-lambes e outros tipos de poemas), DVD´s etc.), diferenciando as sequências descritivas e avaliativas
explorando o uso de recursos sonoros e semânticos (como figu- e reconhecendo-os como gêneros que apoiam a escolha do livro
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ras de linguagem e jogos de palavras) e visuais (como relações
entre imagem e texto verbal e distribuição da mancha gráfica), de
forma a propiciar diferentes efeitos de sentido.
ou produção cultural e consultando-os no momento de fazer
escolhas, quando for o caso.
(EF69LP47) Analisar, em textos narrativos ficcionais, as diferentes
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(EF69LP37) Produzir roteiros para elaboração de vídeos de formas de composição próprias de cada gênero, os recursos
diferentes tipos (vlog científico, vídeo-minuto, programa de rádio, coesivos que constroem a passagem do tempo e articulam suas
podcasts) para divulgação de conhecimentos científicos e resul- partes, a escolha lexical típica de cada gênero para a caracteriza-
tados de pesquisa, tendo em vista seu contexto de produção, os
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(EF69LP38) Organizar os dados e informações pesquisados em de enunciação e das variedades linguísticas (no discurso direto,
painéis ou slides de apresentação, levando em conta o contexto se houver) empregados, identificando o enredo e o foco narrativo
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de produção, o tempo disponível, as características do gênero e percebendo como se estrutura a narrativa nos diferentes gêne-
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apresentação oral, a multissemiose, as mídias e tecnologias que ros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de
serão utilizadas, ensaiar a apresentação, considerando também cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico
elementos paralinguísticos e cinésicos e proceder à exposição e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no
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oral de resultados de estudos e pesquisas, no tempo determi- texto (do narrador, de personagens em discurso direto e indireto),
nado, a partir do planejamento e da definição de diferentes do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotati-
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formas de uso da fala – memorizada, com apoio da leitura ou fala vas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gra-
espontânea. maticais próprios a cada gênero narrativo.
(EF69LP39) Definir o recorte temático da entrevista e o entrevis- (EF69LP48) Interpretar, em poemas, efeitos produzidos pelo uso
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tado, levantar informações sobre o entrevistado e sobre o tema de recursos expressivos sonoros (estrofação, rimas, aliterações
da entrevista, elaborar roteiro de perguntas, realizar entrevista, etc), semânticos (figuras de linguagem, por exemplo), gráficoes-
a partir do roteiro, abrindo possibilidades para fazer perguntas a pacial (distribuição da mancha gráfica no papel), imagens e sua
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partir da resposta, se o contexto permitir, tomar nota, gravar ou relação com o texto verbal.
salvar a entrevista e usar adequadamente as informações obtidas, (EF69LP49) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de
de acordo com os objetivos estabelecidos. livros de literatura e por outras produções culturais do campo e
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(EF69LP42) Analisar a construção composicional dos textos per- receptivo a textos que rompam com seu universo de expectati-
tencentes a gêneros relacionados à divulgação de conhecimen- vas, que representem um desafio em relação às suas possibilida-
tos: título, (olho), introdução, divisão do texto em subtítulos, ima- des atuais e suas experiências anteriores de leitura, apoiando-se
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gens ilustrativas de conceitos, relações, ou resultados complexos nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e
(fotos, ilustrações, esquemas, gráficos, infográficos, diagramas, a temática e nas orientações dadas pelo professor.
figuras, tabelas, mapas) etc., exposição, contendo definições, des- (EF69LP50) Elaborar texto teatral, a partir da adaptação de
crições, comparações, enumerações, exemplificações e remissões romances, contos, mitos, narrativas de enigma e de aventura, no-
a conceitos e relações por meio de notas de rodapé, boxes ou velas, biografias romanceadas, crônicas, dentre outros, indicando
links; ou título, contextualização do campo, ordenação tempo- as rubricas para caracterização do cenário, do espaço, do tempo;
ral ou temática por tema ou subtema, intercalação de trechos explicitando a caracterização física e psicológica dos personagens
verbais com fotos, ilustrações, áudios, vídeos etc. e reconhecer e dos seus modos de ação; reconfigurando a inserção do discurso
traços da linguagem dos textos de divulgação científica, fazendo direto e dos tipos de narrador; explicitando as marcas de variação
uso consciente das estratégias de impessoalização da linguagem linguística (dialetos, registros e jargões) e retextualizando o
(ou de pessoalização, se o tipo de publicação e objetivos assim o tratamento da temática.
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ticos e paralinguísticos das falas (timbre e tom de voz, pausas e (EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da intera-
hesitações, entonação e expressividade, variedades e registros ção entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos
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linguísticos), os gestos e os deslocamentos no espaço cênico, o e cinésicos, como as variações no ritmo, as modulações no tom
figurino e a maquiagem e elaborando as rubricas indicadas pelo de voz, as pausas, as manipulações do estrato sonoro da lingua-
autor por meio do cenário, da trilha sonora e da exploração dos gem, obtidos por meio da estrofação, das rimas e de figuras de
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modos de interpretação. linguagem como as aliterações, as assonâncias, as onomatopeias,
(EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos – como dentre outras, a postura corporal e a gestualidade, na declamação
contos de amor, de humor, de suspense, de terror; crônicas líricas, de poemas, apresentações musicais e teatrais, tanto em gêneros
humorísticas, críticas; bem como leituras orais capituladas (com- em prosa quanto nos gêneros poéticos, os efeitos de sentido
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partilhadas ou não com o professor) de livros de maior extensão, decorrentes do emprego de figuras de linguagem, tais como
comparação, metáfora, personificação, metonímia, hipérbole,
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como romances, narrativas de enigma, narrativas de aventura,
literatura infantojuvenil, – contar/recontar histórias tanto da eufemismo, ironia, paradoxo e antítese e os efeitos de sentido
tradição oral (causos, contos de esperteza, contos de animais, decorrentes do emprego de palavras e expressões denotativas e
contos de amor, contos de encantamento, piadas, dentre outros) conotativas (adjetivos, locuções adjetivas, orações subordinadas
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quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e adjetivas etc.), que funcionam como modificadores, percebendo
interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens
e fluente, que respeite o ritmo, as pausas, as hesitações, a entona- e ações próprios de cada gênero narrativo.
ção indicados tanto pela pontuação quanto por outros recursos (EF69LP56) Fazer uso consciente e reflexivo de regras e normas da
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gráfico-editoriais, como negritos, itálicos, caixa-alta, ilustrações
etc., gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para
análise posterior, seja para produção de audiobooks de textos
norma-padrão em situações de fala e escrita nas quais ela deve
ser usada.
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